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  • 8/14/2019 Cincias Humanas (PCN+)

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    Cincias Humanas

    e suas Tecnologias

    O r i e n t a e s E d u c a c i o n a i s C o m p l e m e n t a r e sa o s P a r m e t r o s C u r r i c u l a r e s N a c i o n a i sPCNE n s i n o M d i o

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    A reformulao do ensino mdio

    e as reas do conhecimento 7A natureza do ensino mdio e as razes da reforma

    Como rever o projeto pedaggico da escola

    A escola como cenrio real da reforma educacional

    Novas orientaes para o ensino

    Conhecimentos, competncias, disciplinas e seus conceitos estruturadores

    A articulao entre as reas

    A articulao entre as disciplinas em cada uma das reas

    A rea de Cincias Humanas e suas Tecnologias 21

    O trabalho interdisciplinar e contextualizado

    Os conceitos estruturadores da rea

    O significado das competncias da rea

    A articulao dos conceitos estruturadores com as competncias geraisCritrios para a organizao dos contedos programticos no mbito

    das disciplinas que compem a rea

    Bibliografia

    Filosofia 41

    Os conceitos estruturadores da Filosofia

    O significado das competncias especficas da FilosofiaA articulao dos conceitos estruturadores com as competncias

    especficas da Filosofia

    Sugestes de organizao de eixos temticos em Filosofia

    Bibliografia

    Geografia 55

    Os conceitos estruturadores da GeografiaO significado das competncias especficas da Geografia

    A articulao dos conceitos estruturadores com as competncias

    especficas da Geografia

    Sugestes de organizao de eixos temticos em Geografia

    Bibliografia

    Sumrio

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    A reformulao do ensino mdioe as reas do conhecimento

    Este texto dir igido ao professor, ao coordenador ou dir igente escolar do

    ensino m dio e aos responsveis pelas redes de ed u cao bsica e pela formao

    prof iss ional p ermanente d e seus p rofessores . Pre tend e d iscut i r a condu o d o

    aprendizado, nos d i fe rentes contextos e condies de t r aba lho das e scolas

    bras i l e i r a s , de forma a r e sponder s t r ans formaes soc ia i s e cul tura i s da

    socieda d e contem p orn ea, levand o em conta as leis e diretrizes qu e redirecionam

    a educao bsica. Procura estabelecer um dilogo direto com professores e

    demais educadores que a tuam na escola , r econhecendo seu pape l cent ra l e

    insubs t i tu ve l na cond uo e n o ap e r fe ioamento d a ed ucao bs ica . Sem

    pretenso normat iva e de forma complementar aos Parmetros Curr iculares

    N acionais par a o Ensino Md io, as orientaes edu cacionais aqui apresentad as

    tm em v ista a escola em sua total idad e, aind a qu e este volum e se concentre nas

    d isciplinas da rea de Cincias Hu m anas e sua s Tecnologias.

    Buscand o contribu ir para a imp lementao das reform as edu cacionais, d efinidas

    pela n ova Lei de Diretrizes e Bases da Ed ucao N acional e regu lamentad as p or

    Diretrizes d o Conselho N acional d e Edu cao, a p resente p ub licao tem como m eta,

    entre seu s objetivos centrais, facilitar a organizao d o traba lho d a escola, em term os

    desta rea de conhecimento. Para isso, explicita a articulao entre os conceitos

    estruturad ores e as competncias gerais que se desejam prom over e apresenta u m

    conjun to de sugestes que, coerentes com aquela articulao, prop e temas do ensino

    d isciplinar na rea. Alm d e abrir u m d ilogo sobre o p rojeto ped aggico escolar e

    d e apoiar o p rofessor das d isciplinas em seu trabalho, o texto traz elementos p ara a

    continu idad e d a formao profissional d ocente n a escola.

    A natureza do ensino mdio e as razes da reformaA r e f o r m u l a o d o e n s i n o m d i o n o B r a s i l , e s t a b e l e c i d a p e l a L e i d e

    Dire t r izes e Bases d a Ed ucao N acional (LDBEN) d e 1996, regulam entad a em

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    1998 pelas Dire t r izes do Conselho N acional d e Edu cao e pe los Parm etros

    Cur r icula res Nac iona i s , procurou a tender a u ma reconhec ida necess idad e d e

    a t u a l iz a o d a e d u ca o b r a s i le ir a , t a n t o p a r a i m p u l si o n a r u m a d e m o -

    c r a t i z a o s o c i a l e c u l t u r a l m a i s e f e t i v a , p e l a a m p l i a o d a p a r c e l a d a

    ju ventu d e bras i le i ra que comp leta a edu cao bs ica , com o par a respond er ad esafios im po stos por p rocessos globais , qu e tm exclud o da v ida econm ica

    os t r aba lhadores no qu a l if icados , p or causa d a formao exig ida de todos os

    pa r t cipes do s is t ema d e prod uo e d e se rv ios .

    A expa nso d o ensino m dio brasi leiro, que cresce exponen cialmente, outra

    r a z o pe l a qua l e s s e n ve l de e s c o l a r i z a o de ma nda t r a ns f o r ma e s de

    qu al idad e , para ad equar-se prom oo hu man a de seu p b l ico a tual , di ferente

    d aquele de h t r inta anos , quan do suas ant igas di re t r izes foram elaboradas . A

    idia central expressa na n ova Lei, e qu e orienta a tra nsform ao, estabelece oens ino md io como a e tapa conclus iva da ed ucao bs ica de toda a pop ulao

    es tudan t i l e no m ais somente como e tapa prepara tr ia d e outra e tap a escolar

    ou d o exerccio profissiona l . Isso d esafia a com u nid ad e edu cacional a p r em

    pr tica prop ostas que sup erem as l imitaes do an tigo ensino m dio, organizad o

    em te rmos d e d uas pr inc ipa i s t r adies format ivas : a p r -un ive r si t r ia e a

    profissionalizante.

    Espec ia lmente em sua ve r so pr -unive r s i t r i a , o ens ino mdio t em-se

    caracterizado po r u ma n fase na estr i ta diviso d isciplinar d o ap rend izado. Seusobjetivos educacionais se expressavam e, usualmente, ainda se expressam

    em term os de l istas de tp icos, d os qua is a escola md ia deveria tratar , a par t ir

    da premissa de que o domnio de cada disc ipl ina era requis i to necessr io e

    suficiente para o prosseguimento dos estudos. Dessa forma, parecia aceitvel

    qu e s em um a e tapa sup er ior ta is conhecimentos d isc ipl inares adqu ir issem, d e

    fa to, sua ampl i tude cul tura l ou seu sent ido pr t ico. Por i sso, essa na tureza

    e s tr i t a me n t e p r ope d u t i ca n o e r a c on t e s t a da ou que s t i ona da , ma s h o je

    inaceitvel.Em contrap art id a, em su a verso profissionalizante, o ensino md io era, ou

    , caracterizado por um a nfase no treinam ento p ara fazeres p rticos, associad os

    por vezes a a lgumas d isc ipl inas gera is , mas sobretud o vol tados a a t ividad es

    produtivas ou de servios. Treinava-se para uma especialidade laboral , razo

    pela qual se prom ovia um cer to aprofund amento ou um a cer ta especia lizao

    de c a r t e r t c n i c o , e m de t r i me n t o de uma f o r ma o ma i s ge r a l , ou s e j a ,

    p romo viam -se com petn cias esp ecficas dissociad as de um a form ao cu ltural

    mais amp la . imp or tante qu e cont inuem exis t ind o e se d isseminem escolas quep r o m o v a m e s p e ci a li z a o p r o fi ss i o n a l e m n v e l m d i o , m a s q u e e s s a

    espec ia l i zao no comprometa uma formao ge ra l pa ra a v ida pessoa l e

    cul tura l , em qu alquer t ipo de a t ividad e .

    O n o v o e n s i n o m d i o , n o s t e r m o s d a l e i , d e s u a r e g u l a m e n t a o e

    encaminhamento, de ixa de ser , por tanto, s implesmente prepara tr io para o

    e n s i n o s u p e r io r o u e s t r it a m e n t e p r o f is s io n a l i z a n t e , p a r a a s s u m i r n e c e s-

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    sar iamente a responsabi lidad e d e comp letar a ed ucao bs ica . Em qu alquer d e

    suas m odalidad es, isso signif ica preparar para a vida, qu alif icar para a cid adan ia

    e capaci tar para o aprend izado perm anente , em eventu al prossegu imento dos

    estud os ou d i re tamente no mu nd o do t r aba lho.

    As t ran sform aes de car ter econm ico, socia l ou cul tu ra l , no Bras i l e nomu nd o, que levaram m od ificao dessa escola , no tornaram o conhecimen to

    huma no me nos d i s c i p l i na r e m ne nhuma da s t r s r e a s e m que s e de c i d i u

    organiza r o novo ens ino mdio , ou se ja , na de Cinc ias da Na tureza e da

    Matemt ica , na de Cincias Humanas e na de Linguagens e Cdigos . Essas

    reas , po r tant o, organizam e ar t iculam as disc ip l inas , mas no as d i luem nem

    as e liminam. N o entanto , a in teno de comp leta r u ma formao ge ra l nessa

    escola imp l ica uma ao ar t iculada , no inter ior d e cad a rea e no conjunto d as

    reas , que no compa t ve l com um t raba lho sol i t r io , de f in ido indepen-dentemente no inter ior de cada disc ipl ina , como acontec ia no ant igo ens ino

    d e segun do g rau , pa ra o qu a l haver ia out ra e tapa format iva que a r t i cula r i a os

    saberes e , eventua lmente , lhes d a r ia sent id o . No havend o n ecessa r iamente

    essa outra e tap a , a ar t iculao e o sent id o d evem ser garan t idos j no ens ino

    mdio .

    Mais do que reproduz ir dados, den omin ar classificaes o u ide ntificar

    smb olos , estar formado para a vida, num mund o como o atual, de to

    rpidas transformaes e d e to d ifceis contradies, sig nifi ca saber se

    informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir , enfrentar

    proble mas de q ualq uer natureza, participar so cialme nte, de fo rma prtica

    e so lid ria, ser capaz de elab orar crticas ou propo stas e, esp ecialme nte,

    adquirir uma atitude d e p ermanente aprendizado.

    Uma formao com ta l ambio exige mtod os de ap rend izado comp at veis ,

    o u s e j a , c o n d i e s e f e t i v a s p a r a q u e o s a l u n o s p o s s a m c o m u n i c a r - s e e

    a r g u m e n t a r , d e p a r a r - s e c o m p r o b l e m a s , c o m p r e e n d - l o s e e n f r e n t - l o s ,

    pa r t i cipa r d e um convvio socia l que lhes d op or tun idad e d e se r ea l iza rem

    c o m o c i d a d o s , fa z e r e m e s c o lh a s e p r o p o s i e s , t o m a r e m g o s t o p e l o

    conhecimento , aprend erem a ap render .

    Diferentem ente d as caracters t icas n ecessrias para a n ova escola, esboadas

    anteriormente, nossa tradio escolar tem sid o, de um lado, a de comp artimentard isc ipl inas , em ementas es tanqu es , em a t ivid ades p adron izadas , no refer idas

    a contextos reais e , de ou tro lado, de p assividad e imp osta ao conjun to d os alunos,

    em fun o d os mtodos ad otados e tambm da prp r ia conf igur ao f s ica dos

    espaos e cond ies de ap rend izado qu e, em parte, refletem a pou ca part icipao

    do a luno ou mesmo do professor na def inio das a t ividades format ivas . As

    p erspectivas profissional , social ou p essoal d os alunos n o tm feito par te das

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    preocupaes escolares, assim como as questes e problemas da comunidade,

    d a cidad e , do p as ou d o mu nd o s tm recebido a teno marginal no ens ino

    md io que , tambm por i sso, precisar ia ser reformu lado.

    Es ta fa l t a d e s in tonia ent re r ea l idad e escola r e necess id ad es format ivas se

    re fle te nos p roje tos ped aggicos d as e scolas , f r eq entem ente inad equ ad os era ram ente expl ici t ados , com o obje to de re f lexo consc iente d a comu nid ad e

    escola r. Qu and o essa r e f lexo ocor re , cada p rofessor conhece po r qu e razes

    a e s co l a op t ou p or p r om ove r qua i s a t iv i da d e s pa r a os a lun os , e m f un o do

    d e s e n v o l v i m e n t o d e q u e c o m p e t n c i a s , e m n o m e d e q u e p r i o r i d a d e s o s

    r e c u r s o s m a t e r i a i s f o r a m u t i l i z a d o s e a c a r g a h o r r i a f o i d i s t r i b u d a e ,

    sobretud o, qua l sent ido e r e levnc ia t em seu t r aba lho, em su a d i scip l ina , p a ra

    se a lcana rem as m e tas form at ivas ge ra i s de f in id as pa r a os a lun os da e scola .

    Sem i s so , p od e fa l t a r cla reza sobre com o cond uz i r o aprend izado, no sent id od e p r omov e r no c on jun t o d os a lun os a s qua l if ica e s hum a na s p r e t e nd i d a s

    pe l o novo e ns i no m d i o .

    Como rever o projeto pedaggico da escola

    Independentemente das reformas a implementar em decorrncia da nova

    legi s lao, out ras t r ans formaes e s to ocor rendo na quase to ta l idade dasescolas, como resultado d e p rocessos sociais e cultu rais mais am plos. Quem vive

    o cot idiano escolar percebe que velhos paradigmas educacionais , com seus

    currculos estr i tamente disciplinares, revelam-se cada vez menos adequados,

    com ref lexos no aprend izado e n o p rpr io convvio, mu dan as qu e a escola nem

    sempre consegue ad minis t rar ou sabe como t ra tar. Por i sso, a t ransformao d e

    qu al idad e que se p rocur a prom over na formao dos jovens i r conviver com

    ou tras m od ificaes, quan ti tat ivas e qu alitat ivas, que p recisam ser considerad as

    e comp reend idas .Talvez a mais impor tante t ransformao pela qual tem passado a escola

    bras i l e i r a sua enorme ampl iao numr ica . O ens ino bs ico no Bras i l j

    ul t rapassou c inq enta m ilhes d e matr culas , das qu ais cerca d e d ez milhes

    no ens ino mdio , que dobrou de t amanho em uma dcada . Por conta desse

    processo, boa par te dos a lunos desse ens ino mdio vem de faml ias em que

    poucos completaram sua educao fundamental , ou seja, a escola precisa se

    p r e pa r a r pa r a r e c e be r a de qua da me nt e um c on t i nge n t e r e a l me n t e novo de

    es tudantes .Em passado n o mu i to dis tante , a quase tota lidad e dos que f req entavam a

    escola regular d e ens ino md io estavam al i de passagem p ara o ens ino su per ior.

    Essa parce la correspond e, na a tu al idad e , a no m ais do q ue u m em cada qu atro

    alun os, frao fcil de calcu lar, quan d o se com p ara o n m ero de m atrculas em

    tod o o ensino su p erior cerca d e do is e m eio milhes com as d e cerca d e dez

    m i l h e s d e m a t r c u l a s n o e n s i n o m d i o . A s s i m , m a i s f r e q e n t e m e n t e , a

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    p erspectiva d os joven s brasileiros qu e ho je esto n essa escola obter qu alificao

    m ais amp la para a vida e par a o trabalho, j ao longo d e sua escolarizao bsica

    e imedia tamente d epois . Isso exige a reviso d e um a escola que era sobretud o

    prep ara tr ia para a ed ucao sup er ior.

    A d e q u a r a e s c o l a p a r a r e c e b e r s e u p b l i c o a t u a l t o r n - l a c a p a z d ep romov er a r ea li zao pessoa l , a qu a l if icao pa r a um t raba lho d igno, pa ra

    a par t icipao socia l e pol t ica , enf im, para u ma c idad ania p lena da tota l idad e

    d e seus a lun os e a lun as , f a to que condu z necess idad e de se r eve r o projeto

    pe d a gg i co d e mu i t as e s co l a s que n o s e r e nova m h d ca da s , t e ndo s i do

    c r i a d a s e m o u t r a s c i r c u n s t n c i a s , p a r a o u t r o p b l i c o e p a r a u m m u n d o

    d i fe r en t e d o d e nos s os d i a s .

    Com essa persp ectiva, preciso iden tificar os pon tos de p artid a par a constru ir

    essa nova escola, e reconhecer os obstcu los que d ificultam sua im p lementao,pa ra aprender a contorn - los ou pa ra super - los . Um ponto de pa r t ida a

    consc inc ia c rescente da impor tnc ia da educao, que t em resul t ado em

    p erman ente crescimento qu anti tat ivo, d e form a qu e no m ais ser preciso trazer

    o povo para a escola, mas sim adequar a escola a esse povo. A rede escolar

    e x i s t e n t e , me s mo c om i ns t a l a e s e pe s s oa l a i nda i ns u f i c i e n t e s , t a mb m

    cer tamente cons t itui outro p onto d e par t ida .

    Esses bons pontos de pa r t ida , no entanto , e s to ce rcados de obs tculos

    d ifceis, com o a trad io d e ensino estr i tamente d isciplinar d o ensino m dio, det r a ns mi s s o de i n f o r ma e s de s p r ov i da s de c on t e x t o , ou de r e s o l u o de

    exerccios pad ronizados , heranas do ens ino condu zido em funo de exames

    de ingresso no ens ino super ior . Outro obs tculo a expecta t iva dos a lunos ,

    qu and o no d e suas famlias e das p rpr ias ins t ituies escolares, de qu e os

    a ge n t e s no p r oc e s s o e duc a c i ona l s e j a m os p r o f e s s o r e s , t r a ns mi s s o r e s de

    conhecimento, d e qu e os aluno s sejam os pa cientes, receptores, e de qu e escola

    seja s imp lesmente o local em qu e ocorre essa transm isso. Essas expectativas

    e q u i v o c a d a s , s o m a d a s a o e n s i n o s e m c o n t e x t o , a c a b a m r e s u l t a n d o e md esinteresse, em baixo desemp enho e em u m ciclo de desentend imentos, no qual

    os alunos ou seu s pais consid eram os p rofessores fracos ou d esinteressados, no

    qu al professores pensam exatamente o m esmo d e seus a lun os , nu ma escola em

    qu e o bom d esafio do ap rendizad o e a a legr ia do convvio do lu gar ap at ia,

    t e n s o , d i s p l i c n c i a o u v i o l n c i a , e m p r o p o r e s q u e v a r i a m c o m a s

    circunstncias.

    Ident i f icar pontos de par t ida e obs tculos fac i l i ta o desenvolvimento de

    es t ra tgias e a mobi l izao d e recursos p ara emp reend er a cons t ruo da n ovaescola de nvel mdio que no h de ser mais um prdio, com professores

    agentes e com alun os pacientes, mas u m projeto d e realizao hu man a, recproca

    e dinm ica , de a lunos e p rofessores , em qu e o aprend izado es teja p rximo d as

    ques tes rea is , apresentadas pela vida comuni tr ia ou pelas c i rcuns tncias

    econmicas , socia is e ambienta is . Mais do que tudo, quando fundada numa

    p rtica mais solidr ia, essa nova escola estar atenta s p erspectivas de vid a d e

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    seus pa r t c ipes , ao desenvolvimento de suas compe tnc ias ge ra i s , de suas

    hab il id ad es pessoais , d e suas preferncias cultu rais .

    A escola como cenrio real da reforma educacionalAs reformas ed ucacionais t iveram incio h p ouco m ais de m eia d cada e

    p o d e s e r q u e l e v e m a i s u m a d c a d a p a r a p r o m o v e r a s t r a n s f o r m a e s

    p retend idas, em escala nacional . Mas j se percebem experincias im p ortan tes

    em muitas escolas brasi leiras, que desenvolvem novos projetos pedaggicos e

    novas pr t icas educacionais , nas quais le i turas , inves t igaes , discusses e

    p r o je t os, r ea l iz a dos p or a l unos , s up e r a m ou comp l eme nt a m a d i d t i ca d a

    t ransmisso e a p edagogia d o d iscurso. Essas novas p r t icas , usualmente , soresul tad o de u m t rabalho d e toda a comu nidad e, em cooperao com a di reo

    escolar, em ap oio transio entre o velho e o no vo m od elo de escola.

    As escolas que, em d iferentes ambientes e condies, esto construind o n ovos

    e bem-sucedidos p aradigm as edu cacionais , no so n ecessar iamente as m ais

    r icas ou mais bem equipad as . O que as d ist ingue a s intonia entre p rofessores ,

    a lunos e sua comunidade , a a teno sol id r ia dada s me tas de d i fe rentes

    conjun tos de a lunos , como a or ientao p rofiss ional p ara a lgun s , o preparo p r-

    univers i t r io para outros , e a rea l izao cul tura l e socia l , fe i ta no prpr ioconvvio escolar, e no ad iada p ara u m futuro d istante .

    Ao identificar propsitos e necessidades diferentes entre os estudantes, essas

    escolas associam ao trabalho d e promoo d o aprend izado geral, comum , atividad es

    complementares, de interesse amp lo ou particular. Nessas ativid ades, a p resena

    d a comu nid ade tem sido essencial, pela p articipao em conselhos, em parcerias

    com diferentes organizaes da sociedade civil e pelo uso de outros espaos e

    equipamentos sociais alm daqueles disponveis na escola. Em contrapart ida,

    freqentemente, essas escolas se interessam p or p roblemas da comu nidad e, usand oseus conhecimen tos e recursos h um anos p ara d iagnostic-los e encaminh -los.

    Os obje t ivos d a nova ed ucao pre tend ida so cer tamente m ais amp los do

    qu e os d o velho p rojeto ped aggico. Antes se d esejava tran smitir conh ecimentos

    d isciplinares pad ronizados, na forma de informaes e procedim entos estanques;

    agora se deseja promover competncias gerais , que art iculem conhecimentos

    d i s c i p l i n a r e s o u n o . E s s a s c o m p e t n c i a s d e p e n d e m d a c o m p r e e n s o d e

    p rocessos e d o desen volvimen to de l ingu agens, a cargo d as discip linas, e estas

    d evem, por sua v ez , ser t ra tadas como camp os dinm icos de conhecimento e deinteresses, e no com o listas de saber es oficiais.

    Ao l id ar com as Cincias Hu man as, este volum e estar enfatizand o prop ostas

    r e l a t i v a s s d i s c i p l i n a s d e s s a r e a , m a s g r a n d e p a r t e d a s a n l i s e s e

    recomend aes envolvem tod o o proje to ped aggico d a escola , t ranscend end o

    o t rabalho das d isc ipl inas e mesmo aqu ele que d eve ser condu zido es t r itamente

    p or p rofessores. Por exemp lo, especialmente p ara jovens, cujas famlias estejam

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    marginalizadas economicamente ou apartadas de part icipao social , a escola

    d e ens ino mdio pod e cons t i tui r uma op or tun idad e nica de or ientao para a

    vid a comu nitria e pol t ica, econm ica e financeira, cultur al e despor tiva.

    Boa p ar te d esses temas e a t ividad es no eram reconh ecidos como fun es da

    escola, no tem p o em qu e ela s atend ia a um p blico que, por m eios e iniciat ivasp rp rios, se inform ava d esses assun tos fora do am biente escolar. Mesmo hoje,

    esses outros papis da escola sociais , cvicos e comunitrios podem ser

    essenciais para algu m as escolas, m as men os relevan tes para ou tras. preciso,

    enf im, cons ide ra r a r ea l idade do a luno e da e scola , e evi t a r suger i r novas

    disciplinas ou complicar o trabalho das j existentes, at porque esse t ipo de

    a p r e n d i z a d o n o s e d e s en v o l v e n e c es s a r ia m e n t e a s s i st i n d o a a u l a s, m a s

    sobretud o em ou tras prticas. O que m otiva essas sugestes lemb rar a p rimeira

    f ina l idade da educao bs ica , de acordo com o ar t igo 22 da LDBEN 96, aformao comu m indispensvel para o exerccio da cidadania. .. e , d iante d a obrigao

    do cumpr imento dessa f ina l idade , o educador no t em di re i to de ignora r a

    condio extra-escolar do educando.

    A diss eminao de um conceito mais generoso de edu cao depe nde de

    toda a sociedade, e no s de medi das oficiais.

    Constitui u m alento p erceber qu e mu itas escolas brasileiras j esto realizand oesse t rabalho de forma exemp lar, conscientes de qu e devem prom over tod os os

    seus alunos e n o selecionar algun s; qu e d evem em ancip-los para a p art icipao

    e n o dome s t i c - l os pa r a a obe d i nc i a ; que de ve m va l o r i z - l os e m s ua s

    d iferenas ind ivid uais e no n ivel-los por ba ixo ou pela md ia . Par te do que

    f o i s i n t e t i z a do a c i ma e t a mb m do que s e r e xpos t o a s e gu i r r e s ume um

    aprendizado da nova escola brasi leira, no como receita para ser seguida sem

    espri to crt ico, e sim como su gesto d o qu e fazer, de como criar o nov o.

    Novas orientaes para o ensinoNo sent ido d e encaminh ar um ens ino comp at vel com as nov as pre tenses

    educat ivas e ampl iar as or ientaes cont idas nos PCN para o ens ino mdio,

    adiantand o elementos qu e ainda n o estavam explici tados, este volum e ded icado

    especia lmente s Cincias Hum anas p rocura t razer e lementos d e ut i l id ade p ara

    o p rofessor d e cada d isciplina, na ar t iculao entre comp etncias e conceitos d a

    qual emergem sugestes temticas que sejam facil i tadoras para a construod os processos de ens ino e de ap rendizagem.

    No mbito de cada disciplina, os conceitos estruturadores com os quais se

    pod e organizar o ens ino cons t ituem um a composio d e e lementos curr iculares

    d a Filosofia, Geografia, Histria e Sociologia, com comp etncias e h abil id ad es,

    no sent ido em que esses te rmos so ut i lizados nos PCN d o Ensino Md io ou no

    Exame Nac iona l do Ens ino Mdio (ENEM). Dessa forma , cada d i sc ip l ina

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    a p r e s e n t a u m c o n j u n t o d e c o n c e i t o s e s t r u t u r a d o r e s a r t i c u l a d o s c o m

    conhecimen tos, que n o so s tp icos d isciplinares nem s competncias gerais

    ou h abil id ad es, ma s sugestes de snteses de amb as as inten es formativas. Ao

    s e a p r e s e n t a r e m d e s s a f o r m a , e s s e s c o n c e i t o s e s t r u t u r a d o r e s d o e n s i n o

    d i s c i p l i na r e de s e u a p r e nd i z a do n o ma i s s e r e s t r i nge m, de f a t o , a o quetradic ionalmente se cons idera respon sabil idad e d e um a nica d iscipl ina , p ois

    incorporam metas edu cacionais comu ns s vr ias discipl inas d a rea e s das

    d emais reas, o qu e im plica mo d ificaes em p rocedimen tos e mtod os, qu e j

    s ina l izam na d i reo d e um a nov a a t i tud e d a escola e do p rofessor .

    As suges tes t emt icas que se ro apresentadas de r ivadas que so dos

    conceitos es t rutu radores e d as comp etncias suger idas p ara a rea em gera l e

    para cada d iscipl ina qu e a comp e em par t icular no devem ser entend idas

    como lis tas de tpicos que possam ser tomad as por u m currculo mnimo, porque s imp lesmente um a prop osta , nem obr igatr ia nem n ica , d e um a viso amp la

    d o t rabalho em cada d isc ipl ina . Sob ta l perspect iva , o aprend izado condu zido

    d e form a qu e os saberes disciplinares, com suas n om enclaturas esp ecf icas, no

    se separam do d omnio das l inguagens d e ut i l idad e mais gera l, ass im como os

    saberes prticos no se apart am d e aspectos gerais e abstratos, de v alores t icos

    e estt icos, ou seja, esto tam bm associados a v ises de m un do. N essa p roposta,

    p ortan to, os conceitos, as com petn cias e os conh eciment os so desenv olvidos

    em conjun to e se reforam reciprocamen te.Tendo em vi s ta a s pr t i cas t r adic iona lmente adotadas na e scola mdia

    br a s il ei r a, o que e s t s end o p r opos to d e pe nde d e mu da n a s de a t i tud e na

    organizao de novas prticas. Por isso, as sugestes de temticas derivadas

    dos c onc e i t os e s t r u t u r a dor e s e da s c ompe t nc i a s , que s e p r e t e nde que os

    edu candos venham a cons t rui r / desenvolver em cada discipl ina , no devem ser

    burocra t icamen te divididas ao longo d e um dad o ano le t ivo, e sim amp l iadas

    e/ ou redu zidas d e acordo com as necessidad es locais de cada escola , bem como

    de acordo com as normas ins t i tuc ionais que regulamentam cada s is tema deensino. Assim, o nmero de aulas por disciplina, que varia s ignif icativamente

    no i n t e r i o r de r e de s pb l i c a s e p r i va da s de e ns i no , e x i ge c o r r e s ponde n t e

    ad equao e red uo no conjun to d e metas em sua organizao. Imp orta lembrar,

    no entanto, que poss veis redues , mesmo que no dese jveis , demandam

    cri tr ios que preservem aspectos disc ipl inares essencia is , tanto quanto no

    d escartem a s com p etncias e conceitos estrutu rad ores centrais .

    Nessa nova compreenso do ensino m dio e d a edu cao bsica, a organizao

    d o aprend izado no ser ia cond uzid a d e forma sol it r ia pe lo professor de cadad i s c i p l i na , po i s e s c o l ha s pe da gg i c a s f e i t a s numa d i s c i p l i na n o s e r i a m

    indep end entes d o t ra tamento dad o s demais disc ipl inas da rea e mesmo das

    outras d uas reas, um a vez que u ma ao de cunh o interdisciplinar qu e art icula

    o t r a ba l ho da s d i s c i p l i na s , no s e n t i do de p r omove r e m c ompe t nc i a s . As

    l ingu agens , as cincias e as hu man idad es cont inu am sendo d isc ipl inares, mas

    preciso desenvolver seus conhecimentos d e forma a constiturem, a um s tempo,

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    cul tura gera l e ins t rumento para a vida , ou se ja , desenvolver , em conjunto,

    conhecimentos e competncias. Contudo, assim como a interdisciplinaridade

    surge d o contexto e d epend e d a d iscipl ina , a comp etncia no r iva l iza com o

    conhecimento; pelo contrrio, s se fun d a sobre ele e se desenvo lve com ele.

    Conhecimentos, competncias,disciplinas e seus conceitos estruturadores

    O nov o ens ino md io deve es tar a tento p ara sup erar contrad ies rea is ou

    ap arentes entre conh ecimen tos e comp etncias.

    Para quem possa temer que se es te jam violando os l imi tes disc ipl inares ,

    qu and o es tes se compem de conhecimentos e comp etncias, va le lembrar q ueas prpr ias formas de organizao do conhecimento as disc ipl inas tm

    passado por cont nuos rea r ranjos . Mui ta s d i sc ip l inas acadmicas e mui tos

    campos da cultura so resultados de processos de sis tematizao recentes de

    conhecimentos p r t icos ou ter icos , reun indo e lementos qu e , em ou tra p ocas ,

    es tavam d ispersos em dis t intas especia lidad es .

    A diviso de ter r i tr ios ent re as dis t intas c incias hu man as u m exemp lo de

    c omo, na o r ga n i z a o d i s c i p l i na r do c onhe c i me n t o , n o h de ma r c a e s

    absolutas , pois h mesmo aspectos comuns da geograf ia e da sociologia , outambm d a his tr ia e da antrop ologia , tanto d a perspect iva conceitua l e / ou

    tem tica qu anto d e instrum entos an alt icos. A fi losofia pa rt i lha algun s de seus

    temas centrais com diferentes disciplinas das cincias humanas e com outras

    d as cincias da n atu reza. As l ingu agens, por su a vez, dos idiom as s artes , tm

    seus recortes temticos e d isciplinares em p erma nen te transform ao, alm d o

    que , em um mesmo loca l e pe r odo, convivem vi ses d i fe rentes ou mesmo

    d ivergentes sobre qu ais so seus temas centrais de aprend izado e sobre as form a

    mais recomend veis para seu ens ino.Aind a qu e as disciplinas no sejam sacrrios imu tveis do saber, no h averia

    nenhum interesse em redefini- las ou fundi-las para objetivos educacionais .

    preciso reconhecer o carter disciplinar do conhecimento e, ao mesmo tempo,

    o r i e n t a r e o r g a n i z a r o a p r e n d i z a d o , d e f o r m a q u e c a d a d i s c i p l i n a , n a

    especificidad e de seu ensino , possa desenv olver com petn cias gerais . H nisso

    uma contradio aparente, que preciso discutir , pois especf ico e geral so

    adje t ivos que se cont rapem, dando a impresso de que o ens ino de cada

    d isciplina no p ossa servir aos objetivos gerais da edu cao preten d ida.H habi l idades e competncias cujo desenvolvimento no se res t r inge a

    qu alquer tema, por mais amp lo que seja, pois imp lica um d omnio conceitual e

    pr t ico, para a lm de temas e de disc ipl inas . A prpr ia competncia de dar

    contexto social e histrico a um conhecimento cientfico um exemplo que no

    es t r e s t r i to a nenhuma di sc ip l ina ou rea em par t i cula r . O que prec i so

    compreender que, precisamente por transcender cada disciplina, o exerccio

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    d essas competncias e d essas habil id ades est p resente em todas elas, aind a qu e

    com d iferentes nfases e abran gncias. Por isso, o carter interd isciplinar d e um

    currculo escolar no resid e nas p ossveis associaes temticas entre d iferentes

    disc ipl inas , que em verdade , para sermos r igorosos , cos tumam gerar apenas

    integraes e/ ou aes mu ltidisciplinares. O interd isciplinar se obtm por outravia, qual seja, por uma prtica docente comum na qual diferentes disciplinas

    mobilizam, por meio da associao ensino-pesquisa, mltiplos conhecimentos e

    competncias, gerais e part iculares, de maneira que cada disciplina d a sua

    contribuio para a construo de conhecimentos por parte do educando, com

    vistas a qu e o mesmo d esenvolva p lenamente sua au tonom ia intelectual . Assim,

    o fato de diferentes disciplinas trabalharem com temas tambm diversos no

    implica a inexistncia de trabalho interdisciplinar , desde que competncias e

    habi lidades se jam perman entemente mobi li zadas n o m bi to d e u ma pr t i cad ocente, como d issem os acima, centra d a na associao ensinopesqu isa.

    No h receita nem def inio nica ou un iversa l para as comp etncias, que

    so qu alificaes hu ma nas am plas, m lt iplas e qu e no se exclu em entre s i . Por

    exemplo, os PCN p ara o Ensino Md io explicitam trs conjun tos de comp etncias:

    o d e comunicar e representar, o de investigar e compreender, ass im como o de

    contextualizar social ou historicamente os conhecimentos. Por sua vez, de forma

    semelhan te mas no id ntica, o Exame N acional d o Ensino Mdio (EN EM) ap onta

    c inco competncias gera is : dominar diferentes linguagens, desde id iomas a trep resentaes matem ticas e artsticas; compreender processos, sejam eles sociais,

    na tura is , cul tura is ou tecnolgicos ; diagnost icar e enfrentar problemas reais;

    construir argumentaes; e elaborar proposies solidrias.

    Informar e inform ar-se, comu nicar-se, expressar-se, argum entar logicamen te,

    aceitar ou rejei tar argumentos, manifestar preferncias, apontar contradies,

    fazer uso adequado de di ferentes nomencla turas , de di ferentes cdigos e de

    d iferentes meios de com u nicao, so comp etncias gerais que fazem par te dos

    recursos de todas as disc ipl inas , e que , por i sso, devem se desenvolver noaprendizado de cada uma de las . Ass im, l ado a l ado com o aprendizado de

    competncias, qu e, prim eira vista , pod eriam p arecer m ais disciplinares como

    comp reend er p rocessos natu rais , sociais e tecnolgicos, assim como interp retar

    man i fes taes cul tura i s e a r t s t icas , pod em se r ap rendid as comp e tncias

    ap arentem ente m ais gerais com o fazer avaliaes qu anti tat ivas e qu ali tat ivas,

    em term os pr ticos, ticos e estticos, equ acionar e enfrentar p roblem as pessoais

    ou coletivos, part icipa r socialmen te, de forma solid ria, ser capaz d e elaborar

    crt icas ou p ropostas.Algum as d essas comp etncias pod em ter u m apelo m ais tcnico-cientfico, outras

    mais artstico-cultu ral, mas h um arco de qu alid ades hu man as que, aind a que em

    d oses distintas, tomaro p arte nos fazeres de cada ap rend izado especfico. H ou tras

    qualidades como desenvolver apreo pela cultura, respeito pela diversidade e

    atitud e d e perman ente aprendizado, questionamento e disponibilidad e para a ao

    qu e so valores hum anos am plos sem qu alquer especificid ad e disciplinar e qu e,

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    por tanto, devem estar integrad as a tod as as pr ticas edu cativas. Mas isso s acontece

    se a formao for concebida como um conjunto, em termos d e objetivos e formas d e

    aprendizado. Aprende a comunicar , quem se comunica; a argumentar , quem

    argumenta; a resolver problemas reais, quem os resolve; e a participar de um

    convvio social, quem tem essa oportu nidad e. Disciplina algu ma desenvolve tu doisso isoladamente, mas a escola as desenvolve nas disciplinas que ensina e nas

    p rticas de cada classe e de cada p rofessor.

    Por essa razo, qu and o forem t rabalhadas as vr ias discipl inas d a rea de

    conhecimento, jun tamente com a apresentao d as competncias no m bi to da

    rea e das disciplinas, sero apresentados conceitos estruturadores do ensino

    dessa rea, assim como das disciplinas que a compem, com vistas a facil i tar

    u ma organ izao do ap rend izado comp atvel com a ambio form ativa expressa

    anter iormente . A par t i r d a , apresentaremos a lgum as suges tes de organ izaotemt ica . c laro que os concei tos es t ruturadores , ass im como as suges tes

    temticas, qu e sero ap resentad os no so a n ica forma p ossvel d e organizao,

    podendo e devendo, por tanto , se r modi f i cados de acordo com o r i tmo e a s

    caracters t icas da escola ou d a tu rm a. So, enfim, su gestes de trab alho, e no

    mod elos fechados. No entanto, a ad oo d essas sugestes, ou outras equ ivalentes

    do mesmo ponto de v i s t a t er ico-metodolgico , pe rmi tem no apenas uma

    organizao d iscipl inar d o aprend izado mas tam bm d o margem a a l ternat ivas

    de organizao do aprendizado na rea e no conjunto das reas . No mbi toescolar, essa organizao p or rea p ode tam bm contr ibuir p ara u ma melhor

    es t ruturao d o p roje to p edaggico d e escola .

    A articulao entre as reas

    A art icu lao inter-reas u ma clara s inalizao para o pro jeto p eda ggico

    d a escola . Envolve um a s intonia d e t ra tamentos m etodolgicos e , no p resentecaso, pressu p e a comp osio de um ap rend izado d e conh ecimentos d isciplinares

    com o d esenvolvimen to de comp etncias gerais . S em p arte essa integr ao de

    metas formativas pod e ser realizada p or projetos concentrados em d eterminad os

    perodos, nos qu ais diferentes d isciplinas tratem ao m esmo temp o d e temas afins.

    Mais imp or tante d o qu e isso o es tabelecimento d e metas comuns envolvendo

    cada uma das d i sc ip l inas de todas a s reas , a se rv io do desenvolvimento

    h u m a n o d o s a l u n o s ( c e n t r a d o n o d e s e n v o l v i m e n t o d e c o m p e t n c i a s e

    habi l idad es) e tambm dos professores .De forma consciente e clara, disciplinas da rea de l inguagens e cdigos

    devem tambm t ra ta r de t emt icas c ient f i cas e humans t i cas , a s s im como

    d isc ipl inas d a rea c ient fica e m atemt ica , ou da hu man is ta , devem tambm

    d esenvolver o d omnio d e l ingu agens . Expl ic itamente , d iscipl inas d a rea d e

    l inguagens e cdigos e da rea de c incias da natureza e matemt ica devem

    tambm tratar de aspectos histrico-geogrficos e culturais e , vice-versa, as

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    cincias humanas devem tambm tratar de aspectos cientf ico-tecnolgicos e

    d as l ingu agens . No se t ra ta d e d escaracter izar as d iscipl inas , confun dind o-as

    todas em pr t icas comu ns ou indis t intas ; o qu e interessa prom over u ma ao

    c onc e n t r a da do s e u c on j un t o e t a mb m de c a da uma de l a s , a s e r v i o do

    de s e nvo l v i me n t o de c ompe t nc i a s ge r a i s que de pe nde m do c onhe c i me n t od iscipl inar e , por tanto, d o d omnio d e seus concei tos es t rutur adores .

    As suges tes qu e apresentaremos visam ind icar a p oss ibi lidad e de qu e um a

    disc ipl ina da rea venha a t ra tar , com contexto e interdisc ipl inar idade via

    mobi l izao d e conceitos e competncias , de u m tema qu e lhe pr pr io, sem a

    necess id ade d e que , no m esmo per odo, outras d iscipl inas es tejam t ra tand o d os

    m esmos tem as. Isso no significa que p rojetos integrad ores coletivos no p ossam

    ser desenvolvidos n em qu e cada professor deva ser d e ixado isolado, na procura

    e no d esenvolvim ento d e temas especf icos d e sua d isciplina. Alm d o esforode qua l i f i c a o doc e n t e , pa r a f a c i l i t a r ou me s mo pos s i b i l i t a r t a i s de s e n-

    v o l v i m e n t o s , im p o r t a n t e u m a a t i t u d e c o l et i v a d o s p r o fe s so r e s e d a

    comun idad e, est imu lada e ap oiada p ela d ireo escolar, no sentido d e se elaborar

    e desenv olver um p rojeto ped aggico da escola no qu al os objetivos edu cacionais,

    ent re os quais o d e prom oo d e comp etncias hum anas m ais amplas , es te jam

    tradu zidos em p rticas formativas de cada u ma d as disciplinas e de seu conjun to.

    Um dos domnios dessa ar t iculao o que se d entre di ferentes reas do

    conhecimento. O ou tro dom nio o d a ar t iculao no inter ior de cada rea .

    A articulao entre as disciplinas em cada uma das reas

    Aparentemente, seria bem mais fcil estabelecer uma art iculao entre as

    disc ipl inas de uma mesma rea do que entre as de reas di ferentes , pois h

    elementos d e ident idad e e proximidad e no inter ior de cada rea . H concei tos

    es t rutu rad ores comu ns d ecorrentes disso, como as d i ferentes noes de cul turanas Cincias Hu man as . H, a ind a , procedim entos comu ns , como as tcnicas d e

    entrevis tas e levantamento de dados e informaes de a lgumas das c incias

    hu man as , e h aspectos metod olgicos comun s , como as a t ivid ades d e anl ise e

    interp retao geral de fenm enos sociais .

    A despei to de todas essas convergncias para se compor um programa de

    t raba lho a r t i culado em uma rea , h d i f ce i s obs tculos que prec i sam se r

    transpostos. Primeiro, preciso encontrar os pontos de contato reais entre as

    d isciplinas d a rea. Em segu ida, a pa rt ir d esses p onto s, preciso estabelecer aspon tes e o t rns ito entre as discipl inas , que n em semp re inter l igaro d a m esma

    forma todas essas disc ipl inas . Finalmente , prec iso ident i f icar , anal isar e

    d esfazer falsas semelhan as, trad u zir lingu agens d iferentes u sada s para o mesmo

    obj e t o ou d i s t i ngu i r l i ngua ge ns i gua i s us a da s pa r a i de n t i f i c a r c onc e i t os

    di fe rentes . Em suma , h que se compreender e t r aba lha r convergnc ias e

    d ivergncias, reais ou ap arentes, d eterminar e d esenvolver temticas e mtod os

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    comun s e , com esse conhecimento, p reparar o t rabalho d e cada discipl ina e d e

    seu conjun to.

    Ta l a r t i cu lao in t ra - rea no dever ia se r v i s t a s implesmente como um

    prod uto n ovo, a ser apresentado escola, pois , sob certos aspectos, um a d vid a

    ant iga que se tem com o a lun o. Uma p arcela d essa d vida pod er ia ser paga coma apresentao de um a l ingu agem e da n omencla tura rea lmente comun s entre

    vrias da s disciplinas.

    Nas Cincias Hum anas , a problemt ica d a ident idad e , por exemp lo, ob jeto

    d e estud o d a Psicologia, d a Sociologia, d a Filosofia e da H istria e pelo estud o

    d a l ing ua gem esp ecf ica com qu e tais reas d e conh ecimen to a d efinem . Ela vai

    es tar presente nas qu es tes d e af irmao e au to-es t ima do jovem es tud ante , no

    es tudo antropolgico das organizaes famil iares , das cul turas a l imentares ,

    m u s i c a i s o u r e l i g i o s a s , n a s q u e s t e s d e i d e n t i d a d e n a c i o n a l d i a n t e d aglobalizao cultural . Seu tratam ento art iculad o, resultante d e u m entend imento

    entre professores de u ma m esma escola, pod eria prom over u m reforo recproco

    no t rabalho d essas e de ou tras discipl inas d a rea .

    Ta mb m por me i o de um t r a ba l ho c ompa r t i l ha do , Ge ogr a f i a , H i s t r i a ,

    Sociologia e Fi losofia pod em d esenvolver u m t ra tamento ar t iculad o d a qu es to

    d as dispar idad es econm icas e socia is , em sua a tu al idad e e em su a gnese , a

    par t i r do es tudo de di ferentes temt icas e no necessar iamente de um tema

    c o m u m , v i s t o q u e o e s t u d o d e d i f e r e n t e s t e m a s p o d e m g e r a r a n l i s e srelacionadas s questes ci tadas acima. Ao serem revistas as razes de nossa

    s o ci ed a d e , p a r a l e la m e n t e a o e s tu d o d a h i s t r ia d e o u t r o s p o v o s , a o s e

    comp ararem evo luo de mo vimen tos sociais e ordens econm icas com a histria

    das id ias pol t icas , poss vel desenvolver ins t rumentos que permitam aos

    es tudan tes discut i r a a ind a to pou co comp reendida sociedad e ps- ind ust r ia l,

    neste mundo em que Internet , cereais transgnicos e veculos informatizados

    convivem com interminveis guerras tnicas e re l igiosas , com a extremada

    p obreza qu al esto relegadas p artes s ignificativas da s pop ulaes afr icanas, ar e e s t r u t u r a o d o L e s t e E u r o p e u , o s c o n f l i t o s d o O r i e n t e M d i o e t c .

    Comp reender o sent ido d os grand es blocos econm icos e da velha e d a nova

    e c onomi a pode s e r pa r t e de um me s mo e s t udo , que pe r mi t i r i a f o r mul a r

    hipteses, prop ostas e a lte rnat ivas de soluo, em torn o d a p oss ibi lidad e d e se

    sup erar a excluso socia l e econm ica , dom inante em grand e par te d o mu nd o.

    So incontveis as p ropostas d e ar t iculao no inter ior de cada rea ou d e

    cruzamento d e f ronte i ras ent re as t rs reas, a servio do d esenvolvimento d e

    competncias mais gera is. Os exemp los ci tados aqu i so apenas u ma pequ enaamostra d e que p ossvel construir essa art iculao, que s um a d as dim enses

    em qu e pr eciso atuar, par a subsid iar a reform a edu cacional , iniciada h algun s

    anos , e que a inda tem um longo caminho a percorrer para mudar a rea l idade

    das escolas bras i le i ras . O t rabalho apresentado a seguir com suges tes de

    poss ve i s organizaes cur r i cula res e t em t icas em cada d i scip l ina p od e

    au xiliar a d ar p assos significativos nessa d ireo.

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    A rea de Cincias Humanas

    e suas Tecnologias

    O trabalho interdisciplinar e contextualizadoAntes de tratarmos d e forma m ais particularizada d os conceitos estrutu radores

    d a rea d e Cincias Hu ma nas e su as Tecnologias, bem como d a articu lao d esses

    conceitos com as comp etncias gerais d a referid a rea, imp ortant e esclarecermo s,ainda que de forma sinttica, algumas questes que consideramos fundamentais

    para a comp reenso d a conceituao de interd isciplinaridad e d e qu e faremos u so

    neste docum ento.

    Entendemos que o esclarecimento sobre as questes terico-metodolgicas

    relacionad as conceituao de interdiscip linarid ad e deve ser processad o antes de

    se definir qu al tip o de trab alho u m a escola pretend e realizar. comu m o equ voco

    qu e deixa de lado tal discusso sob a alegao d e que tem os qu e ir direto prtica.

    Tal condio inexiste, uma vez que toda e qualquer prtica antecedida por ump ensar e p lanejar sobre o qu e se pretend e realizar.

    Esse alerta importan te para qu e no enveredemos por p ropostas supostamente

    interd isciplinares que, na realidad e, costumam ap enas integrar d iferentes disciplinas

    no m bito de algum projeto cu rricular. Um trabalho interd isciplinar, antes de garantir

    associao temtica entre d iferentes d isciplinas ao possvel mas no imp rescind -

    vel , deve bu scar u nidad e em term os de p rtica d ocente, ou seja, ind epend entemente

    d os temas/ assuntos tratados em cada d isciplina isolad amente. Os edu cadores d e

    determinad a unid ade escolar devem comu ngar de uma p rtica docente comu m voltadapara a construo de conhecimentos e de autonomia intelectual por parte dos

    edu candos. Em nossa proposta, essa prtica docente comu m est centrad a no trabalho

    permanentemente voltado para o desenvolvimento de competncias e habilidades,

    apoiado n a associao ensinopesqu isa e no trabalho com d iferentes fontes expressas

    em d iferentes lingu agens, que comp ortem d iferentes interp retaes sobre os temas/

    assuntos trabalhados em sala d e aula. Portanto, esses so os fatores que d o u nidad e

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    ao trabalho das diferentes disciplinas, e no a associao das mesmas em torno de

    temas sup ostamente comu ns a todas elas.

    Ou tro aspecto a ser lemb rad o que, sob tal persp ectiva, o trabalho d ocente deve

    fazer com que as chamadas aulas meramente discursivas ou expositivas se

    tornem coadjuvantes e secundrias em relao s posturas de mediao que oedu cador deve assum ir em re lao aos t rabalhos rea lizados pelos edu cand os

    (ind ividu almente, em gru pos ou coletivamente). O subp rodu to natu ral dessa opo

    ser a red uo drstica d os cham ados conted os programticos, que n o pod em ser

    vistos como um fim em si, mas ap enas como m eios para qu e os ed ucand os construam

    conhecimen tos. Afinal, no se deve pretend er form ar jovens historiadores; joven s

    gegrafos; joven s filsofos; joven s socilogos etc., na escola de Ensino M d io.

    N o so essas as finalidad es desse segmen to d e ensino.

    Ter discernimen to para perceber as f rontei ras exis tentes entre os chamados

    conhecimentos e saberes acadmicos e os conhecimentos e saberes es colares

    , portanto, um pressuposto fundamental e uma competncia profissional

    que n ecessita ser desen volv ida e aplicada no fazer didtico e ped aggico de

    nossos educadores.

    Alm disso, tambm devemos deter nossa ateno em um outro aspecto: a

    contextualizao. A tradio existente, seno em todas mas ao menos na maioriad as prop ostas de trabalho que envolvem as d isciplinas da rea de Cincias H um anas

    e suas Tecnologias, costum a vincular a n oo de contexto condio de conjunto d e

    aspectos gerais, que sup ostamente fazem as vezes de p ano d e fun d o ou cenrio

    no qu al se d esdobr am os acontecimen tos sociais apresentad os com o relevantes p or

    e s s a me s ma t r a d i o . No e n t a n t o , qua ndo a qu i nos r e f e r i mos no o de

    contextualizao como p arte necessria da p rtica d ocente comu m, qu e alicera um

    trabalho efetivamen te interd isciplinar, estamos apon tand o para um a outra d ireo,

    qual seja, a d a significao d os temas/ assun tos a serem estud ados p elos edu cand os,no m bito do viver em sociedad e amp lo e particular d os mesmos.

    Nesse sentido, a noo de contextualizao deixa de ser ditada por tradies

    externas e mesmo estranhas aos edu candos e passa a ser comp reendid a como a soma

    de espaos de v ivncias sociais diretas e indiretas, nas qu ais os edu candos identificam

    e constroem / reconstroem conh ecimentos a partir d a mobilizao de conceitos,

    comp etncias e habilidades p rprios de u ma determinada rea e/ ou disciplina

    escolar. Dessa form a, as escolhas de temas/ assun tos, qu e sero mo tivo de estud o e

    estruturao de atividades problematizadoras frente realidade social, no ficamsujeitas s determinaes meramente acadmicas, que circundam e conferem

    sup ostas escalas de rigor analtico aos conhecimen tos constru dos/ reconstru dos

    p elos edu cand os no fazer cotid iano d as ativid ad es escolares.

    Para que a contextualizao se ja de fato alcanada, devemos nos desv encilhar

    das amarras di tadas pe la tradio e repensar as noes de contedo curricular.

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    Para alm simp lesmente d os conted os programticos, que se trad uzem quase

    sempre p elos temas e assuntos existentes em um dad o p rograma escolar, devemos

    lembrar que contedo curricular todo e qualquer aspecto e/ ou varivel que d e

    algum a man eira interfere na construo de conh ecimentos por p arte dos edu candos.

    Assim, se tem os como certo qu e os conceitos de d eterminad a d isciplina, os m ateriaisu t i l i zados em sa la de aula , a s a t iv idades propos tas pa ra os educandos , os

    procedimentos utilizados, as competncias e habilidades a serem desenvolvidas

    e/ ou mobil izadas, alm d os prp rios temas e assuntos selecionados, entre outros,

    so aspec tos e / ou v a r ivei s que in te r fe rem n a cons t ruo/ recons t ruo de

    conhec imentos por pa r te dos educandos , todos e s ses e lementos devem se r

    considerados como sendo contedo curr icular , e no nos l imi tarmos, como

    dissemos acima, a acreditar que apenas os ditos contedos programticos que

    m erecem tal d efinio.Assim, uma prtica docente centrada no desenvolvimento de competncias e

    hab ilidad es e na realizao d e atividad es escolares sign ificativas e contextualizadas

    qu e mobilizem e auxiliem na construo/ reconstruo d e d iferentes conhecimentos

    por parte d os edu cand os, no m bito dos trabalhos de uma dad a d isciplina associa-se,

    necessar iamente , a um a nova pos tura d o edu cador . Uma pos tura centrada na

    m ediao d os processos d e constru o/ reconstru o d os conh ecimentos escolares

    por pa r te dos educandos , e no na condio de mero re t r ansmissor desses

    conh ecimentos para os mesmos.Se tais prem issas forem d esenvolvidas e pra ticad as por ed ucad ores de d iferentes

    d isciplinas concom itantemen te, inclusive no qu e se refere prtica de p rocessos de

    avaliao centrados na observao d o d esenvolvimento d os edu cand os em relao

    s competncias , habi l idades e concei tos que es tes mobi l izam, cons t roem e

    reconstroem ao longo d os processos de ensino e d e aprend izagem, a teremos u m

    trabalho efetivamente interdisciplinar, independentemente do fato de disciplinas

    d iversas trabalharem com temas/ assun tos diferenciad os entre si. Isso porqu e teremos

    diferentes disciplinas contribuindo, cada qual no mbito dos objetos de estudos,conceitos, procedimentos, competncias e habilidades que lhes so prprios, para

    que os ed ucandos construam / reconstruam conhecimentos e desenvolvam auton omia

    intelectu al. A ao conju gad a e p lanejad a d e d iferentes disciplinas em tal direo

    somente ocorre pela comun ho d e prticas e no d e temas. Vem d a que a primeira

    situao cria uma perspectiva de trabalho interdisciplinar, enquanto a segunda

    confere aos trabalhos escolares to somente u m carter integrad or n um a p erspectiva

    m ultidisciplinar. Um a p erspectiva qu e, com o j d issemos, pod e ser facilitad ora p ara

    que algumas questes relacionadas aos processos de ensino e de aprendizagemvenham a ser equacionad as, mas qu e no se constitui, por si s, em um a pr tica

    escolar, docente e curricular efetivamente interdisciplinar.

    Mais adiante, retomaremos as questes sobre as quais acabamos de nos deter.

    Antes, porm, vejamos quais so os conceitos que estruturam a rea de Cincias

    H u ma nas e suas Tecnologias e de qu e man eira esses conceitos se articulam com as

    comp etncias gerais d a rea.

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    Os conceitos estruturadores da rea

    Em termos gerais, o que um conceito? A pergunta em si pode nos revelar

    m uitas e com plexas respostas, mas fiquem os com u m a das p ossibilid ad es, aqu ela

    que nos diz que um conceito a representao das caracters t icas gerais de

    d eterminad o objeto p elo pensam ento. Nesse sentido, conceitu ar significa a ao

    de formular uma id ia que permita , por meio de palavras , es tabelecer uma

    definio, uma caracterizao do objeto a ser conceituado. Tal condio implica

    reconh ecer qu e um conceito no o real em si, e sim um a representao d esse real,

    construda p or m eio d o intelecto hu man o.

    Dessa form a, o conceito construdo pelo intelecto com b ase na an lise qu e

    realizamos d a realidad e. Sua f inalidad e m aior , digamos, servir de ferramenta

    intelectual que p ossa ser reuti lizada p ara qu e novas an lises sejam processadas.No entanto, nem toda anl ise gera novos concei tos , na medid a em que m ui tas

    d as at ividad es anal t icas lanam m o d e conceitos j construd os e qu e, como j

    d i s s e m o s , s o r e u t i l i z a d o s p a r a q u e o p e r c u r s o h u m a n o d e c o n s t r u o /

    r e c ons t r u o de c onhe c i me n t os s e j a a mpl i a do e m e s c a l a s c a da ve z ma i s

    comp lexas e abrangentes.

    Embora, em term os gerais, esses aspectos amp los presentes na construo de

    conceitos possam ser identif icados em d iferentes reas de conh ecimento, cada

    um a d essas reas bem como as discipl inas qu e as comp em ap resentam qu adrosconceituais que lhes conferem identidade e as caracterizam de modo a que se

    consiga diferenciar umas das outras. Assim, para que possamos identif icar as

    p e c u l i a r i d a d e s c o n c e i t u a i s d e d i f e r e n t e s r e a s , e t a m b m d e d i f e r e n t e s

    d isciplinas, necessrio iden tificarm os, m esmo qu e de forma p arcial e, p ortan to,

    incomp leta, os aspectos que caracterizam o s objetos de estud o e de conhecimento

    dessas reas e disciplinas.

    Em termos globais, a rea sobre a qual nos detemos aqui, ou seja, a rea de

    Cincias Hu man as, tem p or objeto amplo o estud o d as aes hum anas no m bitodas relaes sociais , que so construdas entre diferentes indivduos, grupos,

    segmentos e classes sociais , bem como as construes intelectuais que estes

    elaboram nos p rocessos d e constru o d os conh ecimentos qu e, em cada m omen to,

    se mostram necessrios para o viver em sociedade, em termos individuais ou

    coletivos.

    Dessa forma, reafi rmamos que , qu and o fa lamos em conceitos es trutu radores

    de uma de t e r mi na da r e a , e s t a mos nos r e f e r i ndo a os c on j un t os de r e p r e -

    sentaes d o rea l qu e caracter izam, em term os bs icos , de terminad a rea e adi fe renc ia de out ras . E pa ra que possamos ident i f i ca r qua i s conce i tos so

    estrutu rad ores de u ma d ad a rea, necessrio, com o fizemos acima, estabelecer

    qu al o seu obje to centra l . Dele der ivam as d emarcaes qu e i ro nos fornecer

    as r e fe rnc ias pa ra de te rminar , a inda que de forma incomple ta , os p i l a res

    concei tua is de u ma rea .

    No entanto, convm lembrar que uma rea de conhecimento s pode ser

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    caracterizada a part ir das partes que a compem, em um processo de anlise

    que, ao desmontar o objeto central da rea, nos conduz percepo de outros

    objetos que caracterizam os segmento s d a rea. Tais segm entos so as d isciplinas,

    com seus objetos prp rios, qu e trazem em seu bojo aspectos qu e form am a rea

    como um todo.Por causa dessa condio, os concei tos es t ruturadores de uma rea es to

    p resentes de forma tran sversal, por tanto, de m aneira explcita e/ ou im plcita, em

    tod as as disciplinas que a comp e, embor a no m bito de cada d isciplina possam

    ser percebidos conceitos m ais p articulares, qu e no fazem p arte da s representaes

    do rea l presentes em outras disc ipl inas da mesma rea . Ass im, demarcar os

    conceitos estrutu rad ores de u ma rea imp lica id entificar qu ais representaes do

    real so suficientemente amplas para servirem de ferramentas intelectuais que

    pod em ser u ti lizadas/ reuti lizadas d e forma global nos processos de an lise queenvolvem os objetos centrais das d iferentes disciplinas de u ma d ad a rea, mesm o

    que n o sejam part iculares a nenhu ma delas.

    A id entificao d esses conceitos gerais, no entan to, no significa afirmar qu e

    determinados conceitos no possam apresentar a dupla condio de serem, ao

    mesmo tempo, conceitos estrutu radores gerais de um a rea e tambm assumirem

    formas p articu lares no m bito do objeto d e d isciplinas especficas que comp em

    essa rea, tornand o-se, assim, conceitos estrutu rad ores tambm dessas d isciplinas.

    Tal o caso, por exemplo, do conceito de cultura: em termos gerais esse umconce i to e s t ru turador da rea de Cinc ias Humanas , mas , t ambm, quando

    formulad o d e forma especfica, identificad o como um conceito estrutu rad or tanto

    d a d isciplina H istria qu anto d a d isciplina Sociologia.

    No sentido inverso, temos conceitos que s podem ser identif icados como

    estrutu rad ores d e um a dad a disciplina. Um exemp lo dessa cond io o conceito

    de t e r r i t r i o que , e mbor a s e j a u t i l i z a do por e mpr s t i mo por d i f e r e n t e s

    d isciplinas, u m conceito estrutu rad or especfico de u ma disciplina em par ticular,

    qu al seja, a Geografia.J dissemos antes que o obje to centra l da rea de Cincias Humanas o

    estud o d as aes e das elaboraes intelectua is que os seres hu m anos constroem

    no mbi to das re laes socia is que t ravam entre s i . Tambm af i rmamos que

    d e s s a c o n d i o p r i m e i r a d e r i v a m a s r e p r e s e n t a e s g e r a i s d o r e a l q u e

    caracter izam a rea de Cincias H um anas , e que , por tanto, d aro or igem a u m

    conju nto d e conceitos que, por p ermearem tra nsversalmente tod as as disciplinas

    q u e f a z e m p a r t e d e s s a r e a , s e r o d e f i n i d o s c o m o s e n d o o s c o n c e i t o s

    es tru tu radores da mesma .Observem os, ento, o segu inte: adm itir q ue as aes e elaboraes intelectuais

    hu man as so construdas no m bito de relaes sociais variad as, imp lica reconhecer

    que tais relaes se desenvolvem em escalas de similarid ade e/ ou igu aldade e/ ou

    s ubor d i na o e n t r e d i f e r e n t e s i nd i v duos , t a n t o e m t e r mos p r opr i a me n t e

    ind ividu ais quan to coletivos, e, tambm, qu e envolvem conflitos de interesses e

    formas de persuaso variadas. Assim, independ entemente d e tais variaes, um a

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    situao geral est sem pre p resente nas relaes sociais: a existncia de d om inao,

    qu e por su a vez imp lica o exerccio de algu m tip o de p od er.

    Devemos comp reend er tambm que q ualquer exerccio de p oder q ue efetiva

    alguma forma d e dom inao no se d d e man eira aleatria, e sim como parte d e

    u m conjunto d e valores, atitud es e aes, qu e, mesmo em estado d e conflito e tensoindividu al e/ ou coletiva, so de algum a man eira aceitos e/ ou p raticados p or parte

    s ignifica t iva d os membros d e d eterminada comu nidad e e / ou sociedad e. Esse

    conjun to d e valores, at itud es e aes comp e o campo d a t ica d ominante em um a

    comu nidad e e / ou sociedad e. Mas a t ica dom inante no a n ica forma d e

    r e pr e s e n t a o e j us t i f i c a o dos va l o r e s , a t i t ude s e a e s p r a t i c a dos por

    determinad a comu nidad e e/ ou sociedad e, j que as mesmas esto inseridas em

    u m u niverso aind a mais amp lo, qu al seja, o d as rep resentaes e construes da

    cultura entend ida aqu i com o send o toda s as formas d e man ifestao simblica ed e comu nicao (como a escrita, as artes, e, em term os m ais recentes, os meios d e

    comu nicao d e massa, como o rd io, a TV e a internet), bem com o os hbitos e

    r i tos cons t ru dos / recons t ru dos por de te rminada comun idade ou soc iedad e

    (PCN EM, 1999, p . 301).

    De s s a s r e p r e s en t a e s cu l t u r a i s e t i ca s d e r i va m d i f e re n t e s f o r ma s d e

    aproximao e de aceitao que os seres humanos se utilizam para conseguir se

    situar socialmente frente s relaes sociais amp las e/ ou par ticulares. no m bito

    d esse processo qu e se d esenvolvem os sentimentos d e ser e de perten cer, tradu zidospela identidade social que cada indivduo constri para si. Convm lembrar, no

    entan to, qu e essa constru o d a identida d e no est subm etida apen as s escolhas

    ind ividu ais, mas tam bm, e talvez sobretud o, s diferentes influn cias coletivas

    s quais cad a indivdu o est subm etido. De qu alquer m od o, essa som a de escolhas

    individuais e influncias coletivas molda indivduos nicos, apesar de serem,

    pertencerem e se identificarem com a cultura e a tica que prevalecem em dada

    comu nidad e e/ ou sociedad e. Enfim, so sujei tos sociais semelhantes n o p lano

    coletivo mas diferentes no plano ind ividu al.A esses contextos construdo s como d esdobr amen tos d as relaes sociais que

    os seres humanos contraem entre si, no cotidiano de suas vidas em sociedade,

    soma-se um ou tro em relao ao qu al no pod emos d eixar d e voltar nossas atenes:

    o contexto d a sobrevivn cia fsica e mater ial.

    Sem pretendermos estabelecer escalas de subordinao, j que as relaes

    sociais no derivam to somente das formas como os seres humanos buscam

    satisfazer suas necessidades de sobrevivncia, devemos, no entanto, perceber

    que todas as sociedades humanas trazem em seu bojo essa necessidade. Delad eriva a existncia d e at ivid ad es que visam su pr i-la . E tais at ivid ad es, por sua

    vez , impl icam a rea l izao de a lguma forma de t rabalho. No impor ta se o

    trabalho m anu al de um tipo ma is s imp les, tal qu al a coleta de frutos em estado

    na t u r a l , ou o t r a ba l ho que e nvo l ve a a p l i ca o a mp l a e / ou p a r t i cu l a r de

    conhecimentos sofist icados. Essas formas de trabalho vm se juntar a outras,

    nem sem pre reconh ecidas ou m esmo identif icadas com o sendo trabalho, como,

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    po r exemplo, o trabalho d e um art is ta . Portanto, o trabalho, seja nas at ividad es

    d e satisfao d as necessidad es de sobrevivncia, seja nas ativid ad es relaciona d as

    s diversas constru es intelectu ais e cultu rais, outro contexto semp re presente

    nas socied ad es de d iferentes pocas e lu gares.

    Com isso comp letamos o quad ro qu e nos fornece a p arte mais substancial d asreferncias indicativas qu e, a nosso v er, iro n os au xiliar a d efinir em term os gerais

    quais contextos reais esto sempre presentes, no importa em qual sociedade.

    Enfim, esse o quad ro qu e estabelece os indicativos bsicos que em d eterminad a

    poca pud eram ser agrupad os para qu e se definisse qual o camp o d e anlise das

    Cincias Hu m anas d e form a geral e, p or conseguinte, qu al o objeto qu e caracteriza

    essa rea de conhecimen to.

    J dissemos que os conceitos so representaes do real. Por isso, devemos

    observar que a existncia de relaes sociais, dominao, poder, tica, cultura,ident idade e t rabalho, como contextos amplos presentes em toda e qualquer

    sociedade, no implica necessariamente a conceituao dos mesmos desde o

    momento em que esses contextos passaram a existir, no importa se em escalas

    m ais simp les ou m ais com plexas.

    A escala conceitual de tais contextos acompanha o prprio desenvolvimento

    do conhecimento humano acerca do meio social e natural. Como representaes

    do real que so, os conceitos foram construdos gradativamente, vindo a ser

    d efinidos como instrum entos de anlise apenas a partir do ad vento d a dem arcaod o conhecimento h um ano em reas e discip linas esp ecficas, fato esse recente na

    histria da hum anidad e.

    Assim, a existncia de relaes sociais , dominao, poder, t ica, cultura,

    ident id ad e e t rabalho foi por mu i to temp o um conjunto d e contextos presentes

    em todas a s soc iedades sem, no entanto , se rem representados por me io de

    a l g u m a c o n s t r u o d o i n t e le ct o h u m a n o . Er a m c o n t ex t o s p r a t i ca d o s

    socialmen te, emb ora n o existissem representa es intelectu ais dos m esmos com

    a f ina l idade de se rv i r de f e r ramentas in te lec tua i s pa ra se rem apl icadas aqu alquer t ipo d e anl ise , a fim d e comp reender d e que man eira as sociedad es

    se organizam e so construd as/ reconstru das em funo das aes de diferentes

    su jeitos sociais.

    Foi, portan to, com d esenvolvimento d e conh ecimentos e, posteriormen te, com

    o agrupamento destes em diferentes campos de saber, entre os quais aquele que

    veio a ser denom inado d e cincias hum anas, que os seres hum anos lapidaram e

    deram forma s representaes inte lec tuais a serem apl icadas nas anl ises

    relacionad as aos estud os sobre os m eios natu rais e sociais reais.Assim, identificar o objeto qu e caracteriza um a rea tam bm identificar as

    representaes intelectua is, logo, conceitu ais, qu e d erivam d esse objeto e qu e se

    fazem presentes, de forma geral, em tod a e qualqu er disciplina qu e comp e essa

    rea. Mas a mobilizao d esses instrum entos d e anlise que so os conceitos no

    se faz p or m eio da simp les ap licao m ecnica dos m esmos. Comp lexos esqu emas

    d e pensam ento so mobilizados par a aplic-los, em conjun to com conh ecimentos

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    j ap reendid os, em variados processos de resoluo d e problemas. Esses esquemas

    d e p e n s a m e n t o s o a s c o m p e t n c ia s q u e c a r a ct e r iz a m u m a d a d a r e a d e

    conhecimen to. E para selecionar/ formu lar de m aneira no aleatria qu ais delas

    assumem uma condio central , em termos de trabalho pedaggico escolar ,

    necessrio identificar, como fizemos, o objeto da rea, bem como seus conceitosestruturadores.

    No entanto, antes de identificar quais so as articulaes existentes entre os

    conceitos estruturadores da rea de Cincias Humanas e suas Tecnologias e as

    competncias centrais da mesma, da forma como esto expressas nos Parmetros

    Cur ricu lares Nacionais para o Ensino Mdio/ MEC, vejamos, ainda qu e brevemente,

    qu al o significad o de cada u ma d essas comp etncias.

    O significado das competncias da reaAs indicaes oferecidas aqui buscam esclarecer o significado das diversas

    competncias que se pretende que o educando venha desenvolver ao longo dos

    processos de ensino e de aprendizagem que envolvem os trabalhos didtico-

    ped aggicos das diferentes disciplinas qu e compem a rea de Cincias Hu man as e

    suas Tecnologias. No item seguinte d este docum ento bu scaremos iden tificar algum as

    das art iculaes existentes entre os conceitos estruturadores, sobre os quais

    d iscorremos n o item anterior, e as comp etncias gerais d a rea de Cincias Hu man as

    e suas Tecnologias.

    As competncias sobre as quais iremos nos d eter agora esto agrup adas em trs

    camp os de comp etncias gerais:

    representao e comu nicao;

    investigao e compreenso;

    contextualizao sociocu ltural.

    Ve jamos , por tanto , qua i s s igni f i cados podemos a t r ibui r a cada uma das

    comp etncias no interior de cada u m dos camp os citados acima.

    Representao e comunicao

    Esse campo de competncias relaciona-se com as linguagens, entendidas aqui

    como instrumentos de produo de sentido para toda e qualquer formulao do

    intelecto humano, alm de referir-se tambm s diferentes formas de acesso,

    organ izao e sistem atizao d e con hecimen tos. (PCN EM, 1999, p.296).

    Entender a importncia das tecnologias contemporneas de comunicao e informao para

    planejamento, gesto, organizao e fortalecimento do trabalho de equipe.

    Essa competncia relaciona-se diretamente com a possibil idade de que os

    educandos venham a se r capazes de processa r e comunica r informaes e

    conhecimentos de forma ampla , a lm de compreender que no h saber sem

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    ap licao e tran sposio para si tuaes ind itas.

    Ou tro aspecto a ser destacado refere-se perspectiva d e que os edu candos venham

    a ser capazes de d esenvolver d iferentes habilidad es de comu nicao (oral, escrita,

    grf ica , pic tr ica e tc . ) . Essa competncia tambm se re lac iona de maneira

    fund amental para o desenvolvimento d e atitud es e valores que reconheam qu e oconhecimen to hu man o no se constri pelo esforo meram ente individ ual e isolado,

    e sim p ela som a, pela ao coletiva. Tal cond io um fund am ento bsico para qu e

    o ind ivdu o p ossa se situar socialmente, bem como valorizar suas p rodu es e a d e

    ou tros, aspectos essenciais para a construo d e sua id entidad e social.

    Investigao e compreenso

    Esse campo de competncias refere-se aos diferentes procedimentos, mtodos,

    conceitos e conhecimentos que so mobilizados e/ ou construdos/ reconstrud os nos

    variados processos de interveno no real , que so sis tematizados a part ir da

    resoluo de problemas relacionad os s anlises acerca d a realidad e social. (PCNEM,

    1999, p.296).

    Compreender os element os cognit ivos, afetivos, sociais e culturais que constit uem a ident idade

    prpria e a dos outros.

    Essa comp etncia refere-se s possibilidad es dos ed u cand os virem a reconh ecer

    e aceitar diferenas, man tendo e/ ou tran sformand o a prp ria identidad e, no m bito

    d as diferentes relaes sociais e representa es da cultur a das qu ais so p articipa ntes

    e constru tores, no cotidiano d o viver em socied ad e geral e particular.

    Compreender a sociedade, sua gnese e transformao, e os mlt iplos fatores que nela in tervm,

    como produtos da ao humana; a si mesmo como agente social; e os processos sociais como

    orient adores da dinmica dos diferentes gru pos de indiv duos.

    Essa competncia refere-se possibil idade de que os educandos venham a

    comp reender q ue as sociedad es so prod utos d as aes de d iferentes su jeitos sociais

    sendo, portanto, construdas e transformadas em razo da interveno de vrias

    aes e vrios fatores. Nesse sentido, o desenvolvimento e a mobilizao desta

    comp etncia contribu em p ara qu e seja percebid a parte d as diferentes form as com o

    as relaes sociais so constru das/ reconstru das, bem como os processos d e

    d omin ao e de relaes de p od er existentes no interior d as relaes sociais.

    Entender os princpios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivduo, da sociedade

    e da cultura, entre as quais as de planejamento, organizao, gesto, trabalho de equipe, e

    associ-las aos problemas que se propem resolver.

    Essa competncia, que aponta para a necessidade de os educandos virem a

    d esenvolver capacid ad es relacionad as obteno e organizao d e inform aes

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    contidas em d iferentes fontes e expressas em d iferentes lingu agens, associand o-as

    resoluo de situaes-problem a de natu reza variada, perm eia tod a e qu alquer

    ao voltada para a anlise e a compreenso dos diferentes contextos nos quais

    so constru das/ reconstru das as relaes sociais , entre os quais , a t tulo de

    exemplo, pod emos lembrar : as relaes d e dom inao, as relaes d e pod er e osvalores ticos e cu lturais presentes nas m esmas.

    Contextualizao sociocultural

    Esse camp o d e comp etncias refere-se d iversid ad e e, portan to, constituio

    dos diferentes s ignif icados que saberes de ordem variada podem assumir em

    d iversos contextos sociais. (PCN EM, 1999, p.296).

    Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupao de espaos fsicos e

    das relaes da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos polticos, culturais,

    econmicos e humanos.

    Essa compe tnc ia indica que os educandos podero desenvolve r conhe-

    cimen tos que lhes perm itam perceber e comp reend er que as aes hum anas so

    const rudas / reconst rudas em tempos e espaos diversos , que se man ifestam no

    mbito das relaes sociais de que so fruto e, ao mesmo tempo, promovem

    d esdobram entos variados m otivados p or fatores diversos, o qu e signif ica d izer

    que n o s o c ond i c i ona dos de f o r ma de t e r mi n i s t a po r a l gum a s pe c t o e m

    pa rticu lar. Outra q uesto relacionad a a essa com petncia diz respeito s m ltiplas

    relaes que os seres hum anos trav am com os meios social e natu ral , de man eira

    a d efinir as formas como , entre outra s, as constru es culturais e as relaes d e

    t r a b a l h o se r o es t a b el ec id a s n o i n t e r io r d e u m a d a d a co m u n i d a d e e/ o u

    sociedade.

    Compreender a produo e o papel histrico das instituies sociais, polticas e econmicas,

    associando-as s prticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princpios que regulam a

    convivncia em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, justia e distribuio dos

    benefcios econmicos.

    Essa competncia aponta para a compreenso de que as instituies sociais,

    p olticas e econm icas so historicam ente constru das/ reconstru das por d iferentes

    sujeitos sociais, em processos influenciados p or fatores variados, qu e so prod uto

    d e d iferentes projetos sociais. Tal comp reenso imp lica perceber/ reconh ecer qu eas relaes sociais, os valores ticos, as relaes de dominao e de poder, as

    representaes cultu rais e as formas d e trabalho, que contribuem para a construo

    da identidade social de u m indivdu o, no so imu tveis ou ausentes de conflitos

    nem tam pou co decorrentes d e um nico fator bsico, qu e sup ostamente determ ine

    as form as como d iferentes sociedad es se organizaram n o passad o ou se organizam

    no presente.

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    Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as prticas sociais e

    cult urais em condu tas de in dagao, anlise, problematiz ao e protagoni smo diant e de

    situaes novas, problemas ou questes da vida pessoal, social, poltica, econmica e

    cultural.

    Essa comp etncia apon ta para a n ecessid ad e de os edu candos virem a reconhecer

    qu e so agentes e p rotagon istas d a constru o/ reconstru o d os processos sociais,

    e no meros espectad ores passivos d os mesm os. Nesse sentido, p reciso que, a p artir

    d a prob lematizao de situaes novas basead as em referncias concretas e diversas,

    romp endo-se, portanto, com posturas imobilistas e/ ou deterministas, os edu cand os

    possam ser de fato agentes da construo de sua autonomia intelectual, que a

    forma m ais aperfeioada daq uilo que o senso comu m d enomina d e senso crtico.

    Perceber-se como su jeito pro d u tor de cultur a e qu e atua socialmente no m bito derelaes sociais conflitantes, porta nto, d iversas, e em contextos va riados, como, p or

    exemp lo, o do trabalho, um fun dam ento das Cincias Hu man as que no p ode ser

    d eixado d e lado ao longo d o percurso escolar dos edu cand os.

    Entender o impacto das tecnologias associadas s Cincias Hu manas sobre sua vida pessoal, os

    processos de produo, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social.

    Essa comp etncia apon ta para a p ossibilidade d e que os edu cand os venham aser capazes de trabalhar com diferentes interpretaes acerca de uma mesma

    situao-problema, relacionando o desenvolvimento dos conhecimentos com os

    suje i tos soc ia i s que os produzem, de forma a sabe r : quem se apropr ia dos

    conhecimen tos. Mas como se aprop riar dos conhecimen tos? Quais os impa ctos sociais

    p rovocados pelos d iferentes conhecimentos prod uzidos pelos seres hu man os? Nesses

    termos, compreender quais relaes de poder e de dominao se estabelecem no

    mbito da produo e da apropr iao dos conhecimentos , ent re os quais os

    tecnolgicos, tambm uma maneira de perceber quais padres ticos e culturaisaliceram tais relaes ou servem de justificadores para a constituio de outras,

    como, por exem plo, as relaes de tra balho.

    A plicar as tecnologias das Cincias Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em out ros

    cont extos relevantes para sua vida.

    Essa comp etncia apon ta para a p erspectiva de qu e os edu cand os venham a se

    apropriar de diferentes linguagens e instrumentais de anlise e ao, para aplicarna sociedad e, de forma au tnom a e cooperativa, os conh ecimentos qu e construram/

    reconstru ram ao longo d os processos de ensino e de ap rend izagem. Esse processo

    de transposio tanto implica protagonismo frente s relaes sociais amplas e

    pa r t i cula res nas qua i s os educandos e s to imersos , quanto se cons t i tu i em

    fund amento essencial que contribui para qu e os mesmos construam / reconstruam

    suas iden tidad es sociais.

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    Ao longo d as consideraes que acabamos de m ostrar na seqncia da enu nciao

    d as comp etncias ind icadas n o PCNEM p ara a rea de Cincias Hum anas e suas

    Tecnologias, apresentamos vrios destaques que indicam alguns dos conceitos

    estruturadores da rea que esto explcitos na significao de cada uma dessas

    comp etncias. Isso nos mo stra, preliminar men te, que as comp etncias e os conceitosgu ard am u m a estreita relao entre si, razo p ela qu al, embor a outr as comp etncias

    pudessem ser enunciadas para a rea, privilegiou-se parte daquelas que esto

    relacionadas d e forma mais amp la com o qu adro conceitual que d forma e d efine

    de m aneira estrutural a rea de Cincias Hum anas.

    No entanto, como conceitos e competncias esto articulados entre si, e no

    so, portanto, formulaes aleatrias, vamos ag ora nos d eter um pou co sobre como

    e s s a a r t i c u l a o oc or r e . Ta mb m ve r e mos , ma i s a d i a n t e , que c onc e i t os e

    comp etncias so um a d as faces de u ma moed a qu e inexiste sem a outra, na q ualesto os conh ecimentos. Assim, n o h construo/ reconstruo d e conhecimentos

    sem a m obilizao/ desenvolvimento d e comp etncias e a construo/ reconstruo

    de conceitos.

    A articulao dos conceitos estruturadorescom as competncias gerais

    Vimos, anteriormen te, que o trabalho interd isciplinar aqu i prop osto centra-se

    no d esenvolvimento de competncias e h abilidad es, na associao ensino-pesquisa

    como pr t i ca docente pe rmanente e na r ea l i zao de a t iv idades e scola res

    contextua l i zadas , que cont r ibuam de forma e fe t iva pa ra que os educandos

    construam/ reconstruam conh ecimentos e d esenvolvam au tonom ia intelectual .

    Tam bm observ amos qu e os conceitos estrutu rad ores da rea e as comp etncias

    gerais da m esma gu ardam estreita relao entre si, p articu larmente gr aas ao fato

    d e qu e as comp etncias ind icad as nos PCN EM no so su gestes aleatrias, e simd erivadas d os fun d amen tos bsicos qu e caracterizam a rea de Cincias Hu man as

    representad os por seu objeto e por seus conceitos estrutu rad ores.

    Dessa forma, pretender art icular conceitos e competncias no mbito das

    atividades escolares uma ao intimamente vinculada aos procedimentos que

    envolvem tais atividad es, visto que na interao sujeito/ objeto, realizad a no

    m bito de atividad es diversas, que as comp etncias e conceitos so mob ilizados

    e/ ou construd os/ reconstrudos, com a f inalidade d e servirem d e ferramentas

    i n t e le ct ua i s que p e r mi t a m a os e du c a ndos c ons t r u i r / r e cons t r u i r s a be r es econhecimen tos. Assim, atuar d e form a intencional e perm anen te nesse sentido

    tambm reconhecer que conceitos e competncias so parte fundamental dos

    processos d e construo/ reconstru o de conh ecimentos por parte d os ed ucand os.

    No i t em ante r ior des te d ocum ento , des tacamos q ue d i ferentes conce itos

    estrutu rad ores da rea d e Cincias Hu man as e suas Tecnologias so explicitados

    na s ignif icao das diversas competncias da mesma. Sinte t icamente , essas