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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 009.758/2009-3 GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC 009.758/2009-3 [Apensos: TC 029.549/2009- 0, TC 020.388/2009-7] Natureza: Relatório de Auditoria Entidade: Petróleo Brasileiro S.A. - MME Interessados: Congresso Nacional, Consórcio Conduto/Egesa, Consórcio Egesa/Tkk, Galvão Engenharia S/A, Consórcio Ses/Montcalm, Consórcio Construcap/Progen, Jaraguá Indústrias Mecânicas S/A, Alusa Engenharia Ltda., Consórcio Rnest O. C. Edificações, Consórcio Techint Confab UMSA, Consórcio Enfil/Veolia – Rnest, Consórcio Camargo Corrêa – Cnec, Consórcio Rnest-Conest, Consórcio CII - Ipojuca Interligações e Consórcio Tomé Alusa Galvão. Advogado constituído nos autos: Nilton Antônio de Almeida Maia (OAB/RJ 67.460), Alexandre Aroeira Salles (OAB/DF 28.108) e outros. SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES NO ANEXO CONTRATUAL PERTINENTE AO PAGAMENTO DE RESSARCIMENTO EM VIRTUDE DE PARALISAÇÃO DE FRENTES DE SERVIÇO EM RAZÃO DA OCORRÊNCIA DE CHUVAS E DESCARGAS ATMOSFÉRICAS. OITIVA DOS INTERESSADOS. DETERMINAÇÃO CAUTELAR À PETROBRAS. ANÁLISE DAS RESPOSTAS E VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR. ACATAMENTO PARCIAL DAS ALEGAÇÕES APRESENTADAS. ALTERAÇÃO DAS PREMISSAS CONSIDERADAS ADEQUADAS PARA O ANEXO DE CHUVAS. APRESENTAÇÃO DE NOVO ANEXO PELA PETROBRAS. NOVA OITIVA ANTES DA DECISÃO DE MÉRITO. AUTORIZAÇÃO PARA QUE A PETROBRAS EFETUE O PAGAMENTO DAS DESPESAS PERTINENTES SEGUNDO AS PREMISSAS INDICADAS PELA SECOBENERG. RELATÓRIO 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 009.758/2009-3

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC 009.758/2009-3 [Apensos: TC 029.549/2009-0, TC 020.388/2009-7]

Natureza: Relatório de Auditoria

Entidade: Petróleo Brasileiro S.A. - MME

Interessados: Congresso Nacional, Consórcio Conduto/Egesa, Consórcio Egesa/Tkk, Galvão Engenharia S/A, Consórcio Ses/Montcalm, Consórcio Construcap/Progen, Jaraguá Indústrias Mecânicas S/A, Alusa Engenharia Ltda., Consórcio Rnest O. C. Edificações, Consórcio Techint Confab UMSA, Consórcio Enfil/Veolia – Rnest, Consórcio Camargo Corrêa – Cnec, Consórcio Rnest-Conest, Consórcio CII - Ipojuca Interligações e Consórcio Tomé Alusa Galvão.

Advogado constituído nos autos: Nilton Antônio de Almeida Maia (OAB/RJ 67.460), Alexandre Aroeira Salles (OAB/DF 28.108) e outros.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES NO ANEXO CONTRATUAL PERTINENTE AO PAGAMENTO DE RESSARCIMENTO EM VIRTUDE DE PARALISAÇÃO DE FRENTES DE SERVIÇO EM RAZÃO DA OCORRÊNCIA DE CHUVAS E DESCARGAS ATMOSFÉRICAS. OITIVA DOS INTERESSADOS. DETERMINAÇÃO CAUTELAR À PETROBRAS. ANÁLISE DAS RESPOSTAS E VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR. ACATAMENTO PARCIAL DAS ALEGAÇÕES APRESENTADAS. ALTERAÇÃO DAS PREMISSAS CONSIDERADAS ADEQUADAS PARA O ANEXO DE CHUVAS. APRESENTAÇÃO DE NOVO ANEXO PELA PETROBRAS. NOVA OITIVA ANTES DA DECISÃO DE MÉRITO. AUTORIZAÇÃO PARA QUE A PETROBRAS EFETUE O PAGAMENTO DAS DESPESAS PERTINENTES SEGUNDO AS PREMISSAS INDICADAS PELA SECOBENERG.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de relatório de auditoria realizada, no âmbito do Fiscobras 2009, nas obras de construção da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), localizada no Município de Ipojuca, no Estado de Pernambuco.

2.Adoto como relatório excerto da instrução elaborada no âmbito da SecobEnerg, a qual contou com a anuência do corpo diretivo da unidade técnica (peças 167 e 168):

“2.O presente processo tem sua origem em levantamento de auditoria realizado pela Secob na Refinaria Abreu e Lima (Refinaria do Nordeste, ou, simplesmente, RNEST), no âmbito do Fiscobras 2009 (Fiscalização 105/2009 - Peça 2). Naquela oportunidade foram identificados os seguintes indícios de irregularidade:

a)Obstrução ao livre exercício da fiscalização pelo TCU;

b)Ausência de licitação autônoma para aquisição de equipamentos, embora técnica e economicamente recomendável;

c)Descumprimento de determinação exarada pelo TCU;

d)Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado;

e)Critério de medição inadequado ou incompatível com o objeto real pretendido; e

f)Licitação sem projeto básico ou com projeto básico sem aprovação pela autoridade competente.

3.Esta instrução está relacionada ao indício de irregularidade "critério de medição inadequado ou incompatível com o objeto real pretendido". Esse critério, definido no “Anexo XV – Procedimento para avaliação e pagamento por ocorrência de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências”, foi estabelecido em vários instrumentos contratuais no intuito de reduzir a parcela de contingenciamento por conta de chuvas nas propostas das licitantes. Conforme apontado pela equipe de auditoria, identificou-se a existência de inconsistências nesse anexo, as quais poderiam ocasionar pagamentos indevidos às contratadas, lesando os cofres da Petrobras.

4.Resume-se que a estatal, quando da efetivação das contratações para implantação da Refinaria Abreu e Lima, incorporou um anexo específico (“Anexo XV– Procedimento para avaliação e pagamento por ocorrência de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências”), criado para reger em detalhes como se dariam tais pagamentos em alguns contratos.

5.No Fiscobras 2009, os contratos em que se verificou a ocorrência desse anexo foram os seguintes: 0800.0045921.08.2 - CAFOR; 0800.0049742.02-2 - Edificações; 0800.0049716.09-2 – Tanques Lotes I; 0800.0049738.09-2 – Tanques Lotes II; 0800.0053457.09.2 - UCR; 0800.0053456.09-2 - UDA; 0800.0055148.09-2 – UHDT/UGH e 0800.0057000.10-2 – Tubovias.

6.Consoante o relatório do Acórdão 271/2011-TCU-Plenário, os custos para ressarcimento eram calculados da seguinte forma: (i) registravam-se o tempo (número de horas) e as frentes de serviço que ficaram impossibilitadas de trabalhar devido às chuvas ou descargas atmosféricas (discriminando a mão de obra direta, a mão de obra indireta relacionada à mão de obra direta e os equipamentos); (ii) multiplicavam-se as horas paradas registradas pelos custos unitários obtidos a partir do Demonstrativo de Formação de Preço (DFP) do contrato para remuneração dos equipamentos e da mão de obra; (iii) o custo final a ser pago era obtido pela soma dos custos da mão de obra e dos equipamentos, acrescidos de tributos e de encargos sociais e outros custos incidentes sobre a mão de obra, conforme DFP.

7.O DFP, em síntese, é um documento entregue pelo licitante melhor qualificado, que será contratado, no qual ele elenca os quantitativos e preços dos insumos, assim como BDI (Bonificação e Despesas Indiretas) e outros custos propostos que servirão de parâmetro para quantificar os valores devidos ao contratado quando da execução de serviços. Esse demonstrativo apresenta-se como um referencial de preço para serviços executados, correspondendo, desse modo, a custos operativos.

8.Considerando, então, que o Anexo contratual XV objetiva estabelecer um procedimento uniforme para avaliação e indenização dos custos decorrentes da paralisação na execução dos contratos de construção e montagem em função da ocorrência de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências, não seria condizente o pagamento das horas paradas dos equipamentos e da mão de obra pelos custos operativos, definidos no DFP.

9.Assim, foi constatado, pela equipe de auditoria do Fiscobras 2009, que o DFP não se mostra como um referencial adequado para se indenizar tais paralisações, uma vez que contempla os preços propostos e não necessariamente os custos incorridos. Tendo o Anexo XV um caráter indenizatório, o uso do DFP não seria acertado.

10.Quanto ao andamento do processo neste Tribunal, merecem ser citados os seguintes acontecimentos atinentes à questão da “verba de chuvas”:

i)Instrução da equipe da Secob (Peça 6 – p.33-49 e Peça 7 - p.1-6) que propôs, em outubro de 2010, alterações no Anexo de Chuvas originariamente contratado, em função da análise de documentos e audiências pertinentes à área temática constante no Anexo XV;

ii)Acórdão 271/2011-TCU-Plenário (Peça 7) que acolheu as considerações da Secob quanto as alterações no Anexo de Chuvas originariamente contratado;

iii) O Acórdão 2.077/2011-TCU-Plenário (Peça 8) anulou os itens 9.2 e 9.4 do aresto retromenciado, por entender que os fatos que os ensejaram não observaram os princípios do contraditório e da ampla defesa. Em consequência, nesse acórdão (2.077/2011) as empresas interessadas nesses fatos foram chamadas em oitiva, no intuito de que se manifestassem quanto às possíveis alterações no Anexo de Chuvas e pudessem exercer plenamente suas defesas. De toda forma, esta decisão não invalidou as premissas técnicas adotadas até então pela Secob;

iv) Apresentação do documento denominado 'Anexo de Chuvas' encaminhado em 10/06/2012 pela Petrobras por meio de oficio (fls. 500 a 502), mídia em CD (Peça 20, p. 175-178 do Anexo 14), contendo o ‘Anexo de Chuvas’ com alterações, de forma a atender à determinação constate no item 9.2 do Acórdão 271/2011-TCU-Plenário.

v)Em 8/8/2012, mediante o item 9.4 do Acórdão 2.056/2012-TCU-Plenário (TC 007.318/2011 1), determinou-se que, no presente processo, fosse apreciada proposta de oitiva relativa à mesma irregularidade do Anexo de Chuvas de demais contratos, todos também integrantes da construção da Refinaria Abreu e Lima: 0800.0055153.09.2 (Dutos), 0800.0053453.09.2 (ETDI), 8500.0000080.10.2 (Interligações Elétricas), 0800.0056431.10.2 (Caldeiras), 8500.0000058.09.2 (Infraestrutura civil), 8500.0000070.10.2 (Fornos UCR) e 8500.0000072.10.2 (Reformadores tubulares).

vi)Em 26/10/2012 o Ministro-Relator, mediante Despacho (Peça 111), determinou que se promovesse a oitiva das empresas e consórcios interessados nos contratos constantes do item 9.4 supra citado.

11.Assim, a presente análise decorre de determinações exaradas nos Acórdãos 271/2011-TCU-Plenário e 2.270/2011-TCU-Plenário, bem como no Acórdão 2.056/2012-TCU-Plenário e em despacho do Ministro-Relator exarado em 26/10/2012 (Peça 111), todos prolatados no âmbito deste processo.

12.Quanto ao primeiro aresto citado, Acórdão 271/2011-TCU-Plenário, cabe destacar o inteiro teor dos seus itens 9.2 e 9.4:

9.2 determinar à Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) que se utilize da análise efetuada nos presentes autos, bem como, no que for aplicável, no Acórdão 3.077-Plenário, para corrigir o Anexo XV – ‘Procedimento para avaliação e pagamento por ocorrências de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências” dos Contratos 0800.0045921.02-2 (CAFOR), 0800.0049742.02-2 (Edificações), 0800.004716.09-2 (Tanques Lote I), 0800.0049738.09-2 (Tanques Lote II), 0800.0049741.09-2 (ETA), 0800.0053457.09-2 (UCR), 0800.0053456.09-2 (UDA), 0800.0055148.09-2(UHDT/UGH) e 0800.0057000.10.2 (Tubovias) e, no prazo de 45 (quarenta e cinco dias a contar da ciência desta deliberação, efetue adequação na forma de apropriação do tempo parado e nos custos unitários empregados pela hora parada para cada um dos insumos (mão de obra direta, mão de obra indireta associada à direta e equipamentos), encaminhando ao TCU, nesse mesmo prazo, a comprovação do atendimento dessa determinação;

9.4 determinar, ainda, à Secob-3 que monitore, em processo específico, o cumprimento pela Petrobras das medidas indicadas no subitem 9.2 supra.

13.Já quanto ao segundo, Acórdão 2.270/2011-TCU-Plenário, prolatado em razão de Embargos de Declaração opostos pelos Consórcios Ipojuca Interligações e Camargo Corrêa contra a decisão anterior, cabe citar os seguintes itens mais relevantes:

9.1. anular, de ofício, nos termos do art. 174 do Regimento Interno de TCU, os subitens 9.2 e 9.4 do Acórdão nº 271/2011-Plenário, por não terem sido observados, em sua plenitude, os princípios do contraditório e da ampla defesa, diante da ausência de oitiva da empresa e dos consórcios interessados. (grifos acrescidos);

9.3 determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno do TCU, à Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) que somente realize pagamentos a título de verba indenizatória de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências nos contratos (...), com base nos critérios propostos nas análises constantes no relatório e no voto que fundamentaram o Acórdão 271/2011-Plenário e, no que couber, no Acórdão nº 3.077/2010-Plenário, adequando a forma de apropriação do tempo parado e os custos unitários empregados pela hora parada para cada um dos insumos (mão de obra direta, mão de obra indireta associada à direta e equipamentos). (grifos acrescidos);

9.4 determinar a oitiva da Petrobras e das seguintes empresas/consórcios, para que, se desejarem, apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação, manifestação acerca do mérito das análises efetuadas nos autos a respeito do achado de auditoria concernente à adoção de critério de medição inadequado ou incompatível com o objeto real pretendido (“verba de chuvas”), bem como acerca da medida cautelar objeto do item 9.3 supra : Alusa Engenharia Ltda. (Contrato nº 0800.0045921.08-2 - CAFOR); Consórcio Rnest O. C. Edificações (Contrato nº 0800.0049742.09-2 - Edificações); Consórcio Techint Confab Umsa (Contrato nº 0800.0049716.09-2 - Tanques Lote I); Consórcio Tome Alusa Galvão (Contrato nº 0800.0049738.09-2 - Tanques Lote II); Consórcio Enfil-Veolia - Rnest (Contrato nº 0800.0049741.09-2 - ETA); Consórcio Camargo Corrêa - Cnec (Contrato nº 0800.0053457.09-2 - UCR); Consórcio Rnest-Conest (Contratos nºs 0800.0053456.09-2 - UDA e 0800.0055148.09-2 - UHDT/UGH); e Consórcio CII - Ipojuca Interligações (Contrato nº 0800.0057000.10-2 - Tubovias);

9.6 determinar à Secob-3 que avalie, na instrução sobre o mérito do processo, se as alterações realizadas pela Petrobras no “Anexo de Chuvas” (fls. 175/178 do Anexo 14) incorporaram as análises feitas neste processo sobre a irregularidade indicada no item 9.3 retro. (grifos acrescidos).

14.Relativo ao citado Despacho (Peça 111), originado no TC 007.318/2011-1, processo originado no Fiscobras 2011 relativo ao mesmo empreendimento (Rnest), cabe destacar a determinação constante do seu item 4:

4.

Sendo assim, acolhendo proposta formulada no âmbito da 3ª Secretaria de Fiscalização de Obras (Secob-3), a qual foi anuída pelo titular da unidade técnica (Peças 101 e 102), determino à unidade técnica:

4.1. promover, em conformidade com o art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, a oitiva das seguintes empresas e consórcios interessados, a fim de que se manifestem, no prazo de 15(quinze) dias, sobre o mérito das análises efetuadas com relação às irregularidades apontadas no item 9.2, do Acórdão nº 271/2011-TCU-Plenário, a respeito do achado de auditoria concernente à adoção de critério de medição inadequado ou incompatível com o objeto real pretendido ("verba de chuvas"):

(i) Consórcio Conduto/Egesa (CNPJ 11.207.104/0001-98) - contrato nº 0800.0055153.09.2 – Dutos;

(ii) Consórcio Egesa/Tkk, sob sua empresa líder, Egesa Engenharia S.A. (CNPJ 17.186.461/0001-01) - contrato nº 0800.0053453.09.2 - ETDI;

(iii) Galvão Engenharia S/A (CNPJ 01.340.937/0001-79) - contrato nº 8500.0000080.10.2 - Interligações Elétricas;

(iv) Consórcio Ses/Montcalm (CNPJ 11.406.160/0001-51) - contrato nº 0800.0056431.10.2 - Caldeiras;

(v) Consórcio Construcap/Progen (CNPJ 11.040.123/0001-72) - contrato nº 8500.0000058.09.2 - Infraestrutura civil; e

(vi) Jaraguá Indústrias Mecânicas S/A (CNPJ 60.395.126/0001-34) - contrato nº 8500.0000070.10.2 - Fornos UCR e nº 8500.0000072.10.2 - Reformadores tubulares.

15.Além disso, conforme determinado nesses Acórdãos, sobre os estudos de aderência entre a proposta metodológica da Secob e a revisada da Petrobras atinente ao ressarcimento devido às chuvas, ainda se aplica, parcialmente, o Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário, prolatado no âmbito do TC 021.324/2008-6, que trata de Representação acerca de irregularidades verificadas nas obras de implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

16.No âmbito desse TC 021.324/2008-6, foi analisado o cumprimento das determinações estabelecidas no Acórdão 3.077/2010-PL-TCU, em especial às relacionadas aos valores pagos indevidamente (superfaturamento), por conta dos equipamentos parados, a título de ressarcimento em função das chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências. Atualmente, o processo encontra-se na Secob Energia para análise de novos elementos apresentados pelos responsáveis, após a então Secob3 ter se posicionado pela existência de um indício de superfaturamento de R$ 138 milhões decorrente de valores indevidamente ressarcidos em função desse evento climático.

17.Desse modo, a presente instrução objetiva:

a)Analisar as oitivas determinadas no subitem 9.4 do Acórdão 2.270/2011-TCU-Plenário e no item 4 de Despacho exarado pelo Ministro-Relator (Peça 111);

b) avaliar se as alterações realizadas pela Petrobras no “Anexo de Chuvas” (fls. 175/178 do Anexo 14) incorporaram as análises feitas neste processo, considerando no que couber, o Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário; e

c)examinar o atendimento à medida cautelar constante no item 9.3 do Acórdão 2.270/2011-TCU-Plenário, já transcrito.

18.Cabe pontuar que, visando facilitar a leitura, o documento entregue pela Petrobras com as alterações no “Anexo de Chuvas” (fls. 175/178 do Anexo 14), objetivando atender os indigitados decisums, será a partir desse ponto tratado como “Novo Anexo de Chuvas”, ou, simplesmente de “Minuta”.

19.A fim de colaborar numa acepção, inicialmente, mais generalista deste relatório, esclarece-se que o exame técnico realizado foi dividido em 2 partes:

III. Da análise do “novo anexo de chuvas”

IV. Da análise das oitivas

20.No tópico III - Da Análise do “Novo Anexo de Chuvas”, após as considerações iniciais, será apresentada, para cada insumo analisado (mão de obra e equipamentos), uma síntese do que foi proposto pela Petrobras na minuta desse documento, seguida da análise relativa a tal insumo.

21.Em cada um dos subtópicos inseridos no tópico “IV - Da Análise das Oitivas” será apresentado um resumo da manifestação de cada empresa chamada em oitiva e, posteriormente, a sua respectiva análise efetuada pela equipe.

22.Encerrada a análise das oitivas (tópico IV), passar-se-á ao exame quanto ao atendimento à medida cautelar constante no item 9.3 do Acórdão 2.270/2011-TCU-Plenário.

III.DA ANÁLISE DO “NOVO ANEXO DE CHUVAS”

III.1

Do objetivo do “Anexo de Chuvas”

23.Preliminarmente à análise propriamente dita, é mister expor alguns pontos de real interesse acerca do anexo contratual – Procedimentos para avaliação e pagamento por ocorrências de descargas atmosféricas, chuvas e suas consequências (aqui tratado como “Anexo de Chuva”), vez que tal medida facilita o entendimento da contenda em comento desde o seu início.

24.O Anexo de Chuva tem por finalidade regulamentar o ressarcimento, pela Petrobras, em seus contratos de obras, dos custos decorrentes de atividades paralisadas em virtude da ocorrência de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências.

25.Estes custos, por imposição do anexo de chuva atualmente vigente, não estariam incluídos nos preços propostos, conforme item 2.2 do anexo contratual:

2.2 – O custo decorrente de atividades paralisadas devidas à ocorrência de chuvas, descargas atmosférica e suas consequências não deverão ser considerados nos preços propostos. (grifos acrescidos).

26.Entende-se, portanto, que a Petrobras almejou por meio dessa estratégia contratar a “preços secos” e “prazos secos”, haja vista que estava previsto o ressarcimento em função das chuvas. A estatal assumiu pra ela um contingenciamento que usualmente constava nas propostas comerciais das contratadas intentando contratações mais “enxutas”.

27.De tal forma, ao se avaliar o referido anexo contratual, não se deve olvidar do seu propósito, qual seja, ressarcir apenas os custos incorridos.

28.Reforça esse entendimento o item 2.1 do referido documento contratual, que estipula que a ocorrência de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências e seu impacto sobre os prazos e custos de execução das obras será objeto de ajustes de forma a preservar uma relação contratual equânime e equilibrada.

29.O termo “equânime”, segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, significa, entre outros, “que tem ou denota igualdade de ânimo tanto na desgraça quanto na prosperidade”. E, ainda nesse mesmo glossário, o vocábulo “equilibrada” significa, “que tem ou denota igualdade, absoluta ou aproximada, entre forças opostas”.

30.Tendo em vista esses conceitos extraídos, verifica-se que os pagamentos em decorrência do Anexo de Chuvas não devem contemplar vantagens indevidas às partes, atendendo, assim, o seu caráter puramente indenizatório.

31.Dessa forma, o ressarcimento dos custos por conta do Anexo de Chuvas não deve compreender valores não gastos pela contratada, mormente os lucros ou quaisquer acréscimos patrimoniais. Além disso, deve se pautar por avaliação criteriosa dos valores a pagar, que passa pelo levantamento das quantidades de insumos afetados pelas chuvas (horas de equipamentos e mão de obra) e dos respectivos custos unitários.

32.Por outro lado, aos montantes aferidos, impende-se acrescentar os encargos e tributos relacionados, de forma a não trazer danos à contratada, já que tais rubricas compõem os custos incorridos pelas contratadas.

33.Portanto, em razão de seu caráter indenizatório, os valores a serem ressarcidos por conta do Anexo de Chuvas devem cobrir os custos incorridos pelas contratadas, incluindo os encargos e tributos, mas não devem contemplar valores não relacionados aos custos, tal como o lucro.

34.No próximo tópico, precedendo a análise propriamente dita do “Novo Anexo de Chuvas”, descrevem-se os critérios estipulados nos Acórdãos pertinentes, que orientaram tal exame.

III.2. Critérios estipulados nos Acórdãos

35.A presente instrução tem como 1º objetivo avaliar se as alterações realizadas pela Petrobras no “Anexo de Chuvas” (fls. 175/178 do Anexo 14) incorporaram as análises feitas neste processo, considerando no que couber, o Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário.

36.Em que pese o subitem 9.1 do Acórdão 2.270/2011-TCU-Plenário ter anulado o subitem 9.2 do Acórdão nº 271/2011-TCU-Plenário (que determina à Petrobras que corrija o Anexo XV -Anexo de Chuvas), continuam válidos os critérios propostos nas análises constantes no relatório e no voto que fundamentaram este último Acórdão (271/2011-TCU-Plenário), nos termos daquele indigitado aresto:

9.3 determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276 do Regimento Interno do TCU, à Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) que somente realize pagamentos a título de verba indenizatória de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências nos contratos (...), com base nos critérios propostos nas análises constantes no relatório e no voto que fundamentaram o Acórdão 271/2011-Plenário e, no que couber, no Acórdão nº 3.077/2010-Plenário, (...);

(...)

9.6 determinar à Secob-3 que avalie, na instrução sobre o mérito do processo, se as alterações realizadas pela Petrobras no “Anexo de Chuvas” (fls. 175/178 do Anexo 14) incorporaram as análises feitas neste processo sobre a irregularidade indicada no item 9.3 retro. (grifos acrescidos).

37.Verificado que o relatório e voto que fundamentaram o Acórdão 271/2011-TCU-Plenário devem balizar este trabalho de verificação da implementação de melhorias na metodologia de ressarcimento da Companhia, apresenta-se a seguir um epítome desses documentos.

38.Após isso, este mesmo procedimento é feito com relação aos itens do Acórdão 3.077/2010-Plenário (que trata de ressarcimento devido às chuvas na obra de terraplenagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj), em função da possibilidade aventada de consideração das premissas de ressarcimento atinentes aquela obra aos contratos da RNEST.

39.Destarte, relacionam-se a seguir os principais critérios propostos no relatório e voto do Acórdão 271/2011-TCU-Plenário relacionados à questão das chuvas (esses mesmos critérios subsidiaram também as determinações proferidas no âmbito do Acórdão 2.270/2011-Plenário).

40.Atinente ao ressarcimento de mão de obra, é suficiente citar os seguintes trechos do referido voto:

i) com relação aos custos envolvidos com a mão de obra indireta, devem ser empregados como limite superior os salários constantes nas folhas de pagamento ou no DFP, o que for menor, de modo a respeitar a relação contratual (quando o menor valor for o DFP) e o custo incorrido (quando o menor valor corresponder à folha de pagamento);

j) para mão de obra direta, cabe adotar o menor dentre os valores presentes nas bases do Sicro e do Sinapi; e

k) o emprego de uma fonte distinta deve ser justificado em relatório técnico circunstanciado, sendo que a utilização de acordos coletivos de trabalho ou de folhas de pagamentos configura-se como justificativa aceitável.

41.Ainda quanto à mão de obra, no relatório que subsidiou o indigitado aresto, indicou-se que, aos seus valores, hão de ser acrescidos tributos, encargos sociais e outros custos incidentes sobre a mão de obra, conforme estabelecido nos DFP.

42.Por sua vez, quanto aos equipamentos parados, determina-se ressarcir apenas o custo relativo à parte da depreciação e juros atribuíveis aos custos improdutivos, nos termos do voto que subsidiou o do Acórdão 271/2011-TCU-Plenário:

f) nos contratos em apreço, há necessidade de se aferir o custo efetivo incorrido quando das paralisações por chuvas, excluindo-se as parcelas que não incidem quando os equipamentos estiverem parados, com os motores desligados, ou que já tenham sido contabilizadas nos custos operativos, devendo a Petrobras comprovar qual parcela dos custos de depreciação e juros é absorvida pelo custo operativo e qual é absorvida pelo custo improdutivo; (grifos acrescidos)

43.O relatório referente ao voto clarifica e complementa o revelado retro, destacando que a remuneração máxima seria dada pelas parcelas de depreciação e de juros, calculadas conforme disposto no Sicro2:

83.Assim, de acordo com a exposição acima, eliminando-se os custos relativos aos itens (iii) manutenção, (iv) combustível, (v) lubrificante e (vi) operador (evitando-se duplicidade), percebe-se que a remuneração máxima para o tempo parado seria composta, somente, de parcela da depreciação e juros. Registre-se que o operador é glosado aqui, sendo incluso na apropriação para ressarcimento de mão de obra.

84.Desta maneira, para se chegar ao ‘custo horário de disponibilidade’, mencionado pela Petrobras, seria necessário calcular a depreciação e os juros, tal qual metodologia estabelecida no Sicro2, respeitando simultaneamente os limites (SINAPI, SICRO, ABEMI ou DFP) da forma como já explicitado neste relatório. (grifos acrescidos)

44.Da leitura dos trechos citados do voto e, em complemento, do relatório, é possível sintetizar o exposto até esse ponto quanto à remuneração dos equipamentos, da seguinte forma:

a)O máximo a se indenizar pelo tempo parado dos equipamentos corresponde aos valores dos custos de depreciação e juros (calculados tal qual metodologia estabelecida no Sicro2); e

b)A Petrobras deve comprovar qual parcela dos custos de depreciação e juros é absorvida pelo custo operativo e qual é absorvida pelo custo improdutivo.

45.Adicionalmente ao exposto, o aludido voto particulariza a questão dos equipamentos de grande porte, nos termos:

g) a entidade também deve comprovar, para equipamentos de grande porte, como guindastes de grande capacidade de carga, se as paralisações por motivo de chuvas de fato requerem a permanência adicional dos equipamentos em campo além do tempo inicialmente previsto, para posterior ressarcimento dos custos;

h) há que se observar, ainda, se os equipamentos estavam programados para utilização nas atividades impactadas pelas chuvas e suas consequências, e se estavam mobilizados na frente de serviço, devendo ser utilizado o valor para os equipamentos adequados aos serviços paralisados, e não necessariamente aqueles disponíveis no canteiro da contratada;

46.O relatório dispõe, ainda, de forma diversa da descrita para equipamentos próprios, quanto à remuneração de equipamentos locados, com a seguinte síntese:

ii)Equipamento locado do SICRO, SINAPI, ABEMI ou DFP (o menor) – tempo a mais do que o planejado (que tenha sido impactado pelas chuvas) multiplicado pelo custo horário encontrado nessas bases (valor do aluguel de referência), retirando os custos decorrentes de operação do equipamento;

47.Além dos itens acima, cabe elencar alguns outros procedimentos recomendados no relatório e voto do Acórdão 271/2011-Plenário:

a)Sobre cada uma das situações deverão ainda incidir os tributos conforme previsto no DFP;

b)Para validação dos valores medidos deverão complementarmente ser apresentados todos os memoriais de cálculo capazes de justificar os valores que virão a ser empregados;

c)Quando a natureza do serviço e as condições de mercado exigem que o equipamento utilizado seja alugado (e não da própria contratada), devem ser verificados (i) o tempo inicialmente previsto para a utilização deste equipamento e (ii) o tempo adicional em que esse equipamento deverá permanecer, para só assim ser verificada a ocorrência de custo com a parcela de locação.

d)Ao se apropriar em campo o tempo paralisado para cada equipamento há que se exigir a presença de algumas condicionantes:

d.1) o equipamento deverá estar programado para ser utilizado naquelas atividades que forem impactadas pelas chuvas e suas consequências;

d.2) além de programado, deverá também estar mobilizado na frente de serviço;

d.3) deverá ser considerado para fins de ressarcimento, o custo do equipamento necessário ao serviço paralisado e não o custo do disponível no canteiro da contratada;

e)A análise realizada trata de proposta para reduzir os riscos de prejuízos à Petrobras para o caso concreto dos contratos em apreço, não se tratando, portanto, de proposta que deva ser adotada para outras contratações, cuja economicidade do pagamento de verba indenizatória deve ser demonstrada, caso a caso, pela Companhia, anteriormente à contratação.

48.Terminada a síntese do que se refere ao Acórdão 271/2011-Plenário, passa-se ao Acórdão 3.077/2010–Plenário, conforme anunciado anteriormente.

49.No item 9.2, do Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário, esta Corte determina à Petrobras que, com vistas à repactuação do Contrato 0800.0040907.08.2 (Contrato de Terraplenagem do Comperj), corrija as inconsistências apuradas no pagamento da verba indenizatória, consignadas no voto condutor do indigitado aresto, de forma a suprimir o dano identificado nos autos, e, em consequência, proceda ao desconto dos pagamentos já incorridos, por conta da aplicação das seguintes diretrizes:

9.2.1. adoção dos custos improdutivos obtidos com base nos valores da Tabela Abemi, com os devidos descontos, para o ressarcimento dos custos dos “equipamentos paralisados durante a ocorrência de chuvas” e dos “equipamentos operando em condições adversas a normal, realizando serviços de mitigação das consequências das chuvas” (serviços de retomada), retroativamente à 1ª medição contratual;

9.2.2. incorporação, no cômputo dos custos improdutivos dos equipamentos obtidos com base nos valores da Tabela Abemi, do índice de consumo e preço dos combustíveis definidos pelo Sicro, devendo demonstrar, ainda, as composições de custos unitários dos equipamentos que não constam desse sistema e dos equipamentos cujos parâmetros estejam superiores aos definidos por ele, hipótese que deve ser devidamente justificada, conforme determina a lei de diretrizes orçamentárias;

9.2.3. expurgo, no cômputo dos custos improdutivos dos equipamentos, tanto para os “equipamentos paralisados durante a ocorrência de chuvas” como para os “equipamentos operando em condições adversas a normal, realizando serviços de mitigação das consequências das chuvas” (serviços de retomada), de margem de lucro em percentual igual ao incidente sobre os custos operativos dos equipamentos, informados no DFP apresentado pelo consórcio contratado (Tabela 1-A), ou seja, 10%;

50.No item 9.3 do referido acórdão, é informado que a aceitação dos custos improdutivos com base na tabela Abemi é restrita à obra em questão (terraplenagem do Comperj) é condicionada à demonstração da compatibilidade desses valores com os previstos pelo Sicro:

9.3. informar à Petrobras que a aceitação, estritamente para a obra ora em análise, da adoção dos custos improdutivos dos equipamentos obtidos com base nos valores da Tabela Abemi para indenizar o consórcio contratado no caso de paralisação dos serviços está condicionada, também, à devida demonstração da compatibilidade desses valores com os previstos pelo Sicro, comprovando-se, para os itens que apresentam custo improdutivo incompatível com o custo operativo estabelecido por esse referencial, os motivos que justificaram essa incompatibilidade, conforme previsto na lei de diretrizes orçamentárias, devendo incluir na repactuação do Contrato nº 0800.0040907.08.2, caso não haja essa comprovação, os ajustes necessários para que tais valores tornem-se compatíveis, promovendo, igualmente, o desconto dos pagamentos indevidos porventura incorridos nas medições a serem efetuadas no futuro; (grifos acrescidos)

51.Já no item 9.5, o Tribunal determina à estatal que a utilização futura da metodologia de ressarcimentos do chamado “Anexo de Chuvas” deve estar condicionada ao atendimento de determinados requisitos:

9.5. determinar à Petrobras que, doravante, somente utilize a metodologia para pagamento da verba indenizatória decorrente de paralisações da obra em função de chuvas, descargas atmosféricas ou resgate arqueológico após a adoção das seguintes medidas:

9.5.1. definição, com base em critérios objetivos, das parcelas efetivas a serem consideradas no ressarcimento dos custos dos equipamentos impactados, demonstrando de forma clara as metodologias empregadas na apuração dos custos dos “equipamentos paralisados durante a ocorrência de chuvas” e dos “equipamentos operando em condições adversas a normal, realizando serviços de mitigação das consequências das chuvas”, baseando-se, para tanto, no que couber, na referência de preços dos sistemas usualmente adotados (Sicro e Sinapi) ou, para os quais não seja possível ajustar as composições de preços desses sistemas às peculiaridades das obras, justificando as composições adotadas, com elementos suficientes que comprovem os preços unitários dos insumos e dos serviços que integram o orçamento;

9.5.2. definição de parâmetros mais objetivos para apuração das situações que realmente ensejam paralisação dos serviços e, por conseguinte, pagamento de indenização, a fim de se ressarcir somente o valor real e justo, em respeito aos princípios basilares que regem as ações da Administração Pública, notadamente os da legalidade e economicidade;

9.5.3. aprimoramento da metodologia de orçamentação utilizada para se estimar o valor da verba indenizatória a ser ressarcida, tomando-se por base os critérios efetivamente estabelecidos para medição e pagamento da aludida verba;

52.Sucedida a descrição dos critérios utilizados nos julgados pertinentes ao caso concreto, passa-se à análise propriamente dita do “Novo Anexo de Chuvas” (CD anexo à Peça 20, p. 178-179) apresentado pela estatal.

53.Adicionalmente a esses critérios, tendo em vista o entendimento quanto ao caráter indenizatório do anexo de chuvas, apresentado no tópico “III.1. Do objetivo do “Anexo de Chuvas”, torna-se necessário a esta análise a quantificação dos reais custos incorridos.

54.Enfim, visando atender a todo exposto, a análise ora empreendida tem como base: : (i) a jurisprudência diretamente envolvida no caso (Acórdãos 271/2011 e 2.077/2011 - ambos do Plenário do TCU); (ii) a jurisprudência que, respeitando-se determinadas condicionantes, foi aproveitada nesse trabalho (Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário); (iii) o caráter indenizatório conferido ao Anexo de Chuvas; (iv) a metodologia do Sicro; (v) o documento entregue pela Petrobras com alterações realizadas no “Anexo de Chuvas” (CD anexo à Peça 20, p. 178-179) e por fim; (vi) os avanços oriundos das discussões técnicas entre gestores da Petrobras e técnicos da Secob-3 no tocante à metodologia de ressarcimento de chuvas.

III.3Da Análise da minuta do “Anexo de Chuvas” revisado pela Petrobras

55.Visando atender à decisão do Plenário desta Corte de Contas (item 9.2 do Acórdão 271/2011-TCU-Plenário posteriormente anulado consoante o item 9.1 do Acórdão 2270/2011-TCU-Plenário, e substituído pelo item 9.6 desse último aresto), a Petrobras apresentou documento com as alterações realizadas no “Anexo de Chuvas” (CD anexo à Peça 20, p. 178-179).

56.Segundo a estatal, o anexo de chuva fora aperfeiçoado por um grupo de trabalho interno, buscando atender às determinações e orientações deste Tribunal.

57.Em suma, esse documento traz as regras a serem seguidas no caso de previsão contratual de indenização às contratadas pelas ocorrências de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências, tratadas nessa instrução simplesmente “por ocorrências de chuvas”, ou “por chuvas”.

58.Visando a uma melhor organização das ideias, esta análise está dividida em 4 itens:

III.3.1. Considerações gerais

III.3.2. Indenização de mão de obra impactada pelas chuvas

III.3.3. Indenização de equipamentos impactados pelas chuvas

III.3.4 Conclusão acerca da análise do “Novo Anexo de Chuvas”

59.Em cada um destes itens exibe-se um resumo do que foi apresentado pela estatal no “Novo Anexo de Chuvas”. Posteriormente, segue a respectiva análise efetuada pela equipe.

60.Frise-se que constam comentários mais detalhados somente para os tópicos em que houve algum ponto de divergência ou de necessária complementação teórica a fim de se reunir os melhores critérios para a apuração dos reais custos de ressarcimento em virtude das chuvas.

III.3.1.

Considerações gerais

III.3.1.1.

Considerações gerais constantes da Minuta

61.Iniciando o “Novo Anexo de Chuvas”, são apresentadas orientações gerais acerca do documento. Nesse ponto, dois questões devem ser relatadas.

62.O primeiro diz respeito à utilização discricionária do anexo. A Petrobras enfatiza que a definição pelo seu uso dependerá de decisão gerencial para cada contratação de acordo com a avaliação das condições climáticas no local da obra.

63.O segundo ponto a destacar é que a minuta é taxativa quanto à vedação de pagamento por atividades de retomada de serviços. Cabe registrar que “serviços de retomada” encontram-se definidos, no item 9.2.1 do Acórdão 3.077/2010-TCU-Plenário, como sendo os serviços de mitigação das consequências das chuvas por equipamentos operando em condições adversas às normais.

64.Mais à frente na minuta, são apresentados fatos e princípios que serviram de base à sua elaboração. Dentre eles, são apresentados a seguir os mais importantes para esse trabalho.

65.Vale ressaltar o entendimento dado ao termo “consequências”. Esse vocábulo, para o anexo, é considerado como “a impossibilidade ou impedimento de tráfego ou operação, em condições normais de uso dos equipamentos e de segurança das operações nas frentes de serviços ou fases”. Ou seja, a própria paralisação é compreendida como a consequência das chuvas. Realçando esse juízo, é alertado que a definição do termo “consequências” não inclui os custos decorrentes de retomadas de serviços.

66. Com relação às paralisações de frentes de serviços causadas pela incidência de chuvas, informa-se que poderão gerar custos e estes não foram considerados nos preços contratados. Dessa forma, “serão pagos pela Petrobras à contratada nos limites e na forma indicados nesse documento e nos seus apêndices”.

67.Declara-se, ainda, que, além do ressarcimento, a contratada terá direito à extensão do prazo contratual correspondente ao período relativo às paralisações causadas por chuvas, conforme orientação no apêndice A da minuta.

68.Ainda com relação às premissas, cabe apresentar alguns itens e situações encontrados no texto da minuta em que se proíbem pagamentos em razão das chuvas:

a)Ferramentas manuais;

b)Veículos de transporte de passageiros (o custo de transporte é considerado no custo horário de mão de obra);

c)Equipamentos alugados cujos custos de operação ou locação deixam de ser devidos pela contratada aos seus fornecedores quando da ocorrência de paralisações por chuvas, como, por exemplo, caminhões caçamba cuja remuneração se dê por viagens;

d)Equipamentos para os quais a contratada não tenha que arcar com custos devido a paralisações por chuvas, como, por exemplo, máquinas e equipamentos “especiais” (de grande capacidade de carga) cujo tempo de permanência na obra não seja afetado pela ocorrência de chuvas.

e)Inexistência de comunicação imediata à Fiscalização da ocorrência de frentes ou fases paralisadas, independente dos registros nos Relatórios de Ocorrências (RDO) ou nos Relatórios de Ocorrências por Fase (RDF), que devem ser apresentados em 24 horas;

f)Serviços desenvolvidos em locais abrigados;

g)Serviços não programados, mesmo que impactados pelas chuvas;

h)Paralisações ocorridas durante extensão de prazo contratual motivada pela contratada;

i)Paralisações que poderiam ter sido evitadas ou mitigadas mediante a adoção, pela contratada, de medidas e soluções construtivas específicas, a exemplo de: coberturas provisórias, estruturas portáteis, entre outros.

69.As situações elencadas nos itens de “e” a “i”, além do não pagamento de custos, também não são consideradas para efeito de extensão de prazo.

70.No Apêndice “A” do documento entregue pela Petrobras, descreve-se a metodologia a ser adotada no registro e apropriação dos recursos paralisados em função das chuvas. Enfatiza-se que os dados a serem obtidos por pluviômetros e por sistema confiável de detecção de descargas atmosférica aprovado pela Petrobras, devem servir de base para os registros necessários.

71. Definiram-se dois tipos de registros necessários, conforme o caso, à apropriação dos recursos paralisados por chuvas:

a)para obras industriais: Relatório de Ocorrências (RDO) e;

b)para obras dutoviárias: Relatório de Ocorrências por Fase (RDF).

72.A exigência desses dois tipos de registros (RDO/RDF) se deve às diferentes condições das citadas obras. As obras industriais se desenvolvem em uma mesma área geográfica. As dutoviárias, por outro lado, exigem frentes de serviços frequentemente distribuídas em áreas distintas, sendo comum a incidência de chuvas em partes dos serviços, com impactos diferenciados nas diversas fases construtivas. Esse fato exige que se tenha, para esse tipo de obra, um registro para cada frente de serviço. É exigido que todos os registros (RDO/RDF) sejam preenchidos diariamente pelo(s) representante(s) de campo da Contratada e da Petrobras de cada Fase/Área.

73.Para quantificação do prazo da obra a ser acrescido por motivo de chuvas, a minuta considera sistemática diferenciada, conforme os dois tipos citados de obras.

a)para obras industriais:

EPDAC=HNT x K/8,8

sendo:

EPDAC = Extensão do Prazo, em dias úteis, devido a paralisações decorrentes de descarga atmosférica ou de chuva e suas consequências;

HNT = Quantidade total de horas não trabalhadas, devido a paralisações decorrentes de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências;

K = MDP/TMD, onde

MDP = Quantidade total da Mão de Obra Direta que não trabalhou, por paralisações devidas a chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências em tal dia;

TMD = Quantidade total de Mão de Obra Direta mobilizada em tal dia.

b)para obras dutoviárias:

EPDAC = Extensão do Prazo, em dias úteis, devido a paralisações decorrentes de chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências ;

MDPi = Quantidade total de Mão de Obra Direta que não trabalhou, por paralisações devidas a chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências em tal dia, por fase construtiva (Unidade = Homem);

HNTi = Quantidade total de horas não trabalhadas, devido a chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências em um determinado dia, por fase construtiva (Unidade = Hora);

TMD = Quantidade total de Mão de Obra Direta mobilizada em tal dia, para as fases construtivas (Unidade = Homem);

Fn = Fase construtiva impactada.

74.Ao final da minuta encontra-se a definição do valor final a ser ressarcido à contratada, configurado como o resultado da soma das parcelas de equipamentos e de mão de obra: direta; indireta relacionada à direta; e relativa à administração local; adicionando os valores de tributos aplicáveis, conforme percentual e forma de cálculo indicados no DFP.

75.Por fim, a Petrobras alerta que não devem ser incluídos no valor a ser pago à contratada qualquer espécie de lucro, contingências e custos com administração central, bem como quaisquer outros custos adicionais que a contratada incorra e cuja assunção pela PETROBRAS tenha sido excluída pelo contrato.

III.3.1.2.

Análise das considerações gerais constantes da Minuta

76.Em linhas gerais, aquiesce-se com as considerações gerais existentes na minuta. Entretanto, cabe pontuar uma questão.

77.Em que pese o Novo Anexo de Chuvas não trazer um item específico tratando das rubricas do BDI (Bonificação e Despesas Indiretas) a serem consideradas nas indenizações por chuvas, considerando a importância deste assunto e visando seu melhor juízo, esta análise adentra um pouco mais neste ponto.

78.Primeiramente, cumpre informar que o BDI é representado por uma taxa percentual que se aplica aos custos diretos visando à obtenção do preço final de venda de uma obra. Essa taxa engloba, além do lucro, custos indiretos a serem incorporados ao preço como: tributos, administração central, custos financeiros.

79.Em suma, o documento entregue pela Petrobras informa que não serão incluídos no custo final a ser pago à contratada qualquer espécie de lucro, contingências e custos com administração central, bem como quaisquer outros custos adicionais que a contratada venha a incorrer e cuja assunção pela Petrobras tenha sido excluída pelo Contrato.

80.Em relação às parcelas integrantes do BDI para as quais a Companhia entendeu cabível o ressarcimento em função das chuvas, basta repisar que há convergência de entendimentos com a Unidade Técnica, haja vista que tais rubricas não aumentam o patrimônio das contratadas, o que é condição necessária para se caracterizar uma operação de ressarcimento e não de remuneração.

81.Entretanto, quanto às despesas financeiras, rubrica integrante do BDI, entende-se que, pelo menos para a parcela indenizatória dos equipamentos, tal índice não é devido, já que se prevê o pagamento de juros nas horas paradas por chuvas, como se verá mais a frente neste relatório (subitem III.3.3).

82.Em suma, aquiesce-se com a exclusão do lucro, das contingências, da administração central parados e com a inclusão dos tributos (Pis, Cofins) nos custos a serem ressarcidos. Além disso entende-se que deva, também, serem excluídas as despesas financeiras para o caso do ressarcimento dos equipamentos.

III.3.2. Indenização de mão de obra impactada pelas chuvas

83.O Apêndice B do “Novo Anexo de Chuvas” trata das questões relacionadas aos pagamentos dos custos decorrentes das paralisações. Para melhor compreensão, e ante a relevância desta parte para as análises vindouras, divide-se esse apêndice em quatro grupos:

a)custos de mão de obra direta;

b)custos de mão de obra indireta relacionada à direta;

c)custos de administração local e;

d)custos de equipamentos

84.Os 3 primeiros itens retrocitados serão tratados neste subtópico, enquanto o relativo aos custos de equipamentos será tratado mais adiante, no subtópico III.3.3.

III.3.2.1 Indenização de mão de obra impactada pelas chuvas segundo a Minuta

III.3.2.1.1. Custos horários de mão de obra direta segundo a Minuta

85.Com relação à mão de obra direta, na minuta, relata-se que seu custo será o resultado do produto do valor unitário dos custos horários de mão de obra direta (CHD) pela quantidade de horas de mão de obra não trabalhadas em decorrência das chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências (obtida conforme os registros nos RDO/RDFs).

86.O custo horário (CHD) do profissional de mão de obra é definido pela seguinte fórmula:

CHD = SHD x (1 + ESD + PER) + AL + CHT

Sendo:

SHD = salário-hora do profissional conforme a Folha de Pagamento do mês da ocorrência das paralisações. Para efeito do cálculo do salário hora do profissional, considera-se 220 horas de trabalho por mês sobre o salário base mensal;

ESD = encargos sociais (em %) para mão de obra direta;

PER = adicional de periculosidade (em %, quando aplicável);

AL = custo “horário” da alimentação, igual ao valor unitário total das refeições diárias dividido por 8,8 horas;

CHT = custo “horário” do transporte, igual ao valor unitário total do transporte diário de pessoal direto, dividido por 8,8 horas.

III.3.2.1.2.Custos horários de mão de obra indireta relacionada à direta segundo a Minuta

87.A apropriação dos custos da mão de obra indireta relacionada com a mão de obra direta, segundo o “Novo Anexo de Chuvas”, limita-se às categorias profissionais pertinentes à mão de obra indireta que seja imprescindível à equipe que executa os trabalhos, nos locais afetados por chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências, ou seja, naqueles locais onde o trabalho foi impedido, devido a tais condições meteorológicas, de acordo com o mesmo conceito de mão de obra direta.

88.Seguindo a mesma metodologia da mão de obra direta, o custo horário (CHI) do profissional de mão de obra indireta relacionada à direta é calculado da seguinte forma:

CHI = SHI x (1 + ESI + PER) + AL + TRI

Sendo:

SHI = salário-hora do profissional, igual ao salário base mensal dividido por 220 horas. O salário base mensal do profissional será o indicado na Folha de Pagamento do mês da ocorrência das paralisações;

ESI = encargos sociais (em %) para mão de obra indireta;

PER = adicional de periculosidade (em %, quando aplicável);

AL = custo “horário” da alimentação, igual ao valor unitário total das refeições diárias dividido por 8,8 horas;

TRI = custo “horário” do transporte, igual ao valor unitário total do transporte de pessoal indireto, dividido por 8,8 horas.

III3.2.1.3.Custos horários de administração local segundo a Minuta

89.Alusivo aos custos de mão de obra indireta relativa à administração local, a Petrobras prevê sua indenização nos casos de sua permanência adicional em virtude de prorrogação do prazo contratual devido às paralisações por chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências.

90.No documento, adverte-se que esse pagamento é devido somente aos recursos humanos necessários ao período de extensão do prazo e relativos à manutenção, administração e gerência das obras. Ademais, assevera-se que somente serão consideradas as categorias profissionais pertinentes a mão de obra indireta imprescindível às equipes que executam os serviços.

91.Adiante, nesse novo anexo determina-se que a contratada tenha definida no DFP (Demonstrativo de Formação de Preços) tabela específica para as categorias administrativas, de manutenção e de gerência relacionadas com a administração local. Nessa esteira, as categorias profissionais não indicadas na tabela referida acima são excluídas do pagamento de custos decorrentes de paralisações.

92.De acordo com o novo anexo, o custo diário (CDI) do profissional da administração local deverá ser calculado da seguinte forma:

CDI = SDI x (1 + ESI + PER) + AL + TRI

Sendo:

SDI = salário-dia do profissional, igual ao salário base mensal dividido por 22 dias. O salário base mensal será o indicado na Folha de Pagamento do mês da ocorrência das paralisações;

ESI = encargos sociais (em %) para mão de obra indireta;

PER = adicional de periculosidade (em %, quando aplicável);

AL = custo “diário” da alimentação, igual ao valor unitário total das refeições diárias;

TRI = custo “diário” do transporte, igual ao valor unitário total do transporte diário de pessoal indireto.

III.3.2.2 Análise da indenização proposta na minuta para mão de obra impactada pelas chuvas

III.3.2.2.1 Análise dos custos horários propostos na Minuta para mão de obra

93.Para a definição dos valores de indenização da mão de obra parada, prevê-se na minuta (vide subitem anterior) diferentes fórmulas de cálculo para cada tipo de mão de obra (direta, indireta e relativa à Administração Local).

94.Seja qual for o tipo de mão de obra a ser ressarcida, as fórmulas consideram, no cômputo dos custos horários, os valores constantes da folha de pagamento, acrescidos dos encargos sociais, adicional de periculosidade (quando aplicável), alimentação e transporte.

95.Levando-se em conta o caráter indenizatório do anexo contratual em comento, conforme evidenciado no item 3.1 - Do objetivo do “Anexo de Chuvas”, o ressarcimento dos dispêndios ocorridos em função das chuvas deve se pautar pela quantificação mais precisa possível dos custos incorridos. Nesse sentido, de forma a se obter valores justos a serem ressarcidos pelos custos incorridos com mão de obra em decorrência das chuvas (CHMO), é suficiente uma consulta às folhas de pagamento, pois contém os reais valores desembolsados pelas contratadas.

96.Cabe pontuar que este entendimento não se coaduna com o disposto no voto que fundamentou o Acórdão 271/2011 – Plenário. Naquela oportunidade foram adotados os seguintes critérios acerca do valor horário para ressarcimento de mão de obra:

a)Para mão de obra indireta: devem ser empregados como limite superior os salários constantes nas folhas de pagamento ou no DFP, o que for menor;

b)Para mão de obra direta: adotar o menor dentre os valores presentes nas seguintes bases: Sicro, Sinapi. O emprego de uma fonte distinta carece de justificativa em relatório técnico circunstanciado. A adoção de ACT (Acordos Coletivos de Trabalho) ou de Folhas de Pagamentos configuram-se como justificativas aceitáveis;

97.Em que pese esses critérios citados acima, entende-se que ao se utilizarem os valores de salários obtidos nas folhas de pagamentos dos funcionários estarão sendo quantificandos os reais custos incorridos, o que está mais condizente com o caráter indenizatório do Anexo de Chuvas. Devido a essa evolução de entendimento, propõe-se que seja revisto o posicionamento do Tribunal, deixando-se de obrigar a Petrobras em seguir a metodologia advinda do aresto citado.

98.Adicionalmente, de forma a completar o custo horário da mão de obra a ser ressarcido, concorda-se em considerar os gastos inerentes à alimentação, periculosidade (quando aplicável) transporte e encargos sociais, visto que tais rubricas têm seus custos independentes das condições de trabalho (operativo ou paralisado), consoante o “Novo Anexo de Chuvas”.

III.3.2.2.2 Análise da apropriação das horas proposta na Minuta para mão de obra

Apropriação das horas de mão de obra direta

99.Em relação à quantificação da variável “número de horas paradas” referente à mão de obra não se faz necessário tecer qualquer comentário adicional em relação às premissas suscitadas no “Novo Anexo de Chuvas” da Petrobras.

100.A estatal apenas terá que atentar para que a apropriação rotineira das horas paradas por meio das anotações nos RDO/RDF seja feita da forma mais precisa e eficiente possível, de forma a se evitar duplicidades e a propagação de erros sistemáticos ao longo de cada empreendimento.

101.Cumpre-se alertar que não há que se admitir apropriação de horas extras de pessoal na indenização das horas paradas em virtude das chuvas.

Apropriação das horas de mão de obra indireta

102.Aproveitam-se na íntegra os comentários postados acima neste caso.

103.Em acréscimo, reforça-se a condição já contemplada pela Petrobras em seu “Novo Anexo de Chuvas”, qual seja, de apenas contabilizar, as categorias profissionais pertinentes à mão de obra indireta alocada exclusivamente nas atividades impactadas pelas chuvas e imprescindíveis à equipe que executa os trabalhos afetados, ou seja, naqueles locais onde o trabalho foi impedido, devido a tais condições meteorológicas, de acordo com o mesmo conceito de mão de obra direta.

Apropriação das horas de mão de obra relativa à Administração Local

104.Atinente aos quantitativos de horas a serem ressarcidos relativos à mão de obra pertencente a Administração Local repete-se, por concordância técnica, a diretriz contida no “Novo Anexo de Chuvas” da Petrobras, qual seja, a de somente apropriar os recursos humanos estritamente necessários ao período de extensão do prazo e relativos à manutenção, administração e gerência das obras, tal qual previsto no subitem 2.7, a seguir transcrito.

2.7 – Os custos da Equipe de Administração Local serão apurados e medidos mensalmente durante o período de prorrogação e serão pagos de acordo com os recursos humanos efetivamente mobilizados pela CONTRATADA ao longo da prorrogação de prazo decorrente das paralisações devidas às chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências.

105.Entretanto, cabe ressaltar que essa extensão de prazo deve ser devidamente comprovada e exclusivamente decorrente de atrasos devido às chuvas.

106.Terminada a análise da parte de mão de obra (custos horários e apropriação de horas), exibe-se, na tabela abaixo, uma apertada síntese do disposto no “Novo Anexo” sobre esse assunto, com pequenos acréscimos propostos:

(...)

III.3.3.Indenização de equipamentos paralisados

III.3.3.1.Indenização de equipamentos paralisados segundo a Minuta

107.Nessa parte, para definir as formas de ressarcimento dos equipamentos, a minuta os diferencia em equipamentos considerados “especiais” e os demais ou usuais, a partir daqui intitulados de “normais”.

108.Para apropriação dos custos relativos a esses demais equipamentos (os “normais”), são apresentadas na minuta as seguintes diretrizes:

a)o equipamento deverá estar programado para utilização nas atividades impactadas pelas chuvas;

b)estando programado, o equipamento deverá estar efetivamente mobilizado na frente de obra e ser compatível com o serviço programado.

c)será considerado o valor horário relativo ao equipamento adequado ao serviço paralisado e não, necessariamente, aquele disponível no canteiro da contratada;

d)as quantidades de horas em que o equipamento ficou paralisado conforme registros no RDO/RDF devem ser comprovadas pela contratada e submetidas à aprovação da Petrobras.

109.Observados os pontos acima listados, o valor da indenização desses equipamentos é o obtido pelo produto das quantidades de horas paradas apropriadas pelos respectivos custos horários.

110. Na minuta, o valor do custo horário do equipamento parado é estipulado como sendo o resultado da multiplicação de um valor base (explicado mais a frente) por um fator multiplicador (definido para cada família de equipamentos e considerando ou não a inclusão do operador), definido no apêndice C da minuta entregue pela estatal (Vide Figura 1).

111.Constata-se que os valores desses fatores multiplicadores variam de 0,32 e 0,36 (respectivamente com e sem operadores para motoniveladoras) a 0,39 e 0,51 (com e sem operadores para vibroacabadoras). Para as famílias de equipamentos não constantes da tabela há previsão de se adotar o valor médio dos fatores indicados, no caso 0,36 e 0,41 (valores com e sem operadores).

112.Ainda segundo o novo anexo de chuvas, esse fator multiplicador é calculado de forma a excluir os custos dos insumos que somente são utilizados quando o equipamento está operando.

113.Além desses, o custo de operador também não é considerado no custo horário do equipamento parado, em virtude de já ter seu ressarcimento previsto junto aos demais ressarcimentos de mão de obra.

114.A seguir reproduz-se a tabela constante do Apêndice C do “Novo Anexo de Chuvas” que traz relação dos referidos fatores multiplicadores:

Figura 1 - Fatores considerados para cálculo do custo de disponibilidade de equipamentos

QUADRO RESUMO

FATOR PARA CÁLCULO DO CUSTO DE DISPONIBILIDADE DE EQUIPAMENTOS

Fator Multiplicador (1)

Sem operador

com operador

1

TRATORES DE ESTEIRA

0,42

0,38

2

MOTOSCRAPERS

0,38

0,36

3

PÁS CARREGADEIRAS

0,42

0.36

4

ESCAVADEIRAS HIDRÁULICAS

0,47

0.43

5

ROLOS COMPACTADORES

0,44

0.38

6

MOTONIVELADORAS

0,36

0,32

7

CAMINHÕES

0,27

0.23

8

VIBRO-ACABADORAS

0,51

0,39

9

DEMAIS EQUIPAMENTOS (2)

0,41

0,36

(1)=Fator multiplicador a ser aplicado sobre o Custo Horário Operativo (sem operador/motorista se em conformidade com o DFP )

(2) = Média dos fatores dos itens anteriores

115.O valor base a ser aplicado tal multiplicador é representado pelo valor indicado: (i) no Demonstrativo de Formação de Preços – DFP; ou (ii) nas tabelas oficiais publicadas, como Sicro, Sinapi ou Abemi, o que for menor. Para equipamentos não constantes no DFP ou nas referidas tabelas, esse valor base deverá ser negociado entre a contratada e a Petrobras, a partir das melhores condições e informações disponíveis no mercado.

116.Já quanto às citadas máquinas e equipamentos “especiais”, vale pontuar que o “Novo Anexo de Chuvas” traz o seguinte esclarecimento:

c.5.1 - Máquinas e equipamentos “especiais” são aqueles mobilizados com tempo de permanência pré-estabelecido (“janela”) por força de contrato entre a CONTRATADA e seu fornecedor de máquinas e equipamentos. Para fins de aplicação deste Documento, são consideradas máquinas e equipamentos “especiais” aqueles cuja capacidade de carga é maior que a maior capacidade de carga das máquinas e equipamentos listados nas tabelas SICRO, SINAPI ou ABEMI do mês de assinatura do Contrato.

117.Para esses equipamentos especiais o novo anexo traz as seguintes observações:

a)os pagamentos serão devidos somente se o tempo de permanência dessas máquinas e/ou equipamentos “especiais” na obra for comprovadamente estendido em decorrência de paralisações por chuvas, descargas atmosféricas e suas conseqüências;

b)é responsabilidade da contratada comprovar, antes do início dos serviços, o tempo de permanência original das máquinas e equipamentos “especiais” a serem mobilizados para execução dos serviços, caso contrário estes não estarão sujeitos ao ressarcimento em questão.

118.No caso de máquinas e equipamentos “especiais” o valor a ser pago pela permanência adicional da máquina na obra (CME), segundo o documento, é calculado como indicado a seguir:

CME = CMO x HMO + CMP x HMP

Sendo:

CMO = custo horário da máquina especial em operação obtido do Demonstrativo de Formação de Preços da CONTRATADA ou nas tabelas oficiais publicadas, como SICRO, SINAPI ou ABEMI, o que for menor;

HMO = quantidade de horas em que a máquina especial operar durante o período de permanência adicional, conforme apropriação a ser apresentada pela CONTRATADA, diariamente, e aprovada pela Fiscalização;

CMP = custo horário da máquina especial parada;

HMP = quantidade de horas em que a máquina especial estiver parada, durante o período de permanência adicional, conforme apropriação a ser apresentada pela CONTRATADA, diariamente, e aprovada pela Fiscalização.

III.3.3.2 Análise da indenização proposta na minuta para equipamentos impactados pelas chuvas

119.Preliminarmente à análise dos equipamentos, cabe registrar que a minuta contempla, em seu bojo, vários pontos considerados alinhados ao determinado no Acórdão 271/2011-TCU-Plenário, e no que cabe do Acórdão 3.077/2010–Plenário:.

120.Dentre esses pontos, cabe relacionar alguns mais importantes:

a)Itens e situações em que se proíbem pagamentos em razão das chuvas:

a.1) ferramentas manuais;

a.2) veículos de transporte de passageiros (o custo de transporte é considerado no custo horário de mão de obra);

a.3) equipamentos alugados cujos custos de operação ou locação deixam de ser devidos pela contratada aos seus fornecedores quando da ocorrência de paralisações por chuvas, como, por exemplo, caminhões caçamba cuja remuneração se dê por viagens;

a.4) equipamentos para os quais a contratada não tenha que arcar com custos devido a paralisações por chuvas, como, por exemplo, máquinas e equipamentos “especiais” (de grande capacidade de carga) cujo tempo de permanência na obra não seja afetado pela ocorrência de chuvas.

b)Para apropriação dos custos relativos aos equipamentos “normais”, são apresentadas na minuta as seguintes principais premissas:

b.1) o equipamento deverá estar programado para utilização nas atividades impactadas pelas chuvas;

b.2) estando programado, o equipamento deverá estar efetivamente mobilizado na frente de obra e ser compatível com o serviço programado.

b.3) as quantidades de horas em que o equipamento ficou paralisado conforme registros no RDO/RDF, devem ser comprovadas pela contratada e submetidas à aprovação da Petrobras.

121.Quanto à definição da indenização, vale ressaltar, inicialmente, que, visando ao adequado ressarcimento dos custos horários dos equipamentos paralisados, há de se verificar se os valores a serem ressarcidos já não estão contemplados nos pagamentos dos serviços previstos nos Demonstrativos de Formação de Preços, ou nas Planilhas de Preços Unitários, sob pena de se ter duplicidade de pagamentos.

122.Concernente à definição do equipamento a ser considerado para efeito de ressarcimento, na minuta, considera-se como valor horário o relativo ao equipamento adequado ao serviço paralisado e não, necessariamente, aquele disponível no canteiro da contratada.

123.Contudo, tendo em vista que a indenização deve ser justa e que, nem sempre o equipamento programado é o mais adequado ao porte do serviço (por questões construtivas, administrativas, gerenciais, ou mesmo por indisponibilidade), mas foi o equipamento planejado com o objetivo de executar tal tarefa, não se vê justificativa para não remunerá-lo. Assim, entende-se que deva ser ressarcido o custo do equipamento que esteja planificado para executar o serviço paralisado pela chuva, desde que devidamente justificado. Com essa medida, acredita-se coibir eventuais desvios, uma vez que depende da fiscalização da Petrobras a aprovação do equipamento planejado para operação em determinada tarefa.

124.O valor a ser indenizado para equipamentos paralisados, de qualquer forma, é obtido por meio do produto das quantidades levantadas desses insumos pelos respectivos custos unitários, conforme fórmula:

, sendo que:

CHEP = Custo horário a ser aplicado, devido ao “Anexo”, aos equipamentos paralisados por chuvas; e

HEP = Quantidades de horas apropriadas de equipamentos paralisados a serem ressarcidos

125.Nessa esteira, uma adequada avaliação dos custos recai sobre essas duas parcelas: (i) Custo horário a ser aplicado aos equipamentos paralisados por chuvas (CHEP) e; (ii) Quantidades de horas apropriadas de equipamentos paralisados a serem ressarcidos (HEP).

126.De forma simplificada, o que é proposto na minuta, pela Petrobras, no que tange ao ressarcimento dos equipamentos paralisados, é representado na Figura 2 – Indenização dos equipamentos paralisados segundo o “Novo Anexo de Chuvas”.

Figura 2 – Indenização dos equipamentos paralisados segundo o “Novo Anexo de Chuvas”

MINUTA PETROBRAS

Equipamentos Especiais

Demais Equipamentos

Custo horário a ser aplicado aos equipamentos paralisados por chuvas (CHEP)

CME = CMO x HMO + CMP x HMP

CHEP = VB x FC sendo: FC = fatores de correção e VB = valor base (O menor entre DFP e tabelas oficiais (ex.: Sicro, Sinapi, Abemi))

Quantidades de horas apropriadas de equipamentos paralisados(HEP)

Tempo de prorrogação comprovada de permanência do equipamento na obra em virtude das chuvas

Registro de horas paradas

Total Indenização Equipamentos = ∑[(CHEP x HEP)] 

Fonte: Minuta do novo anexo de chuvas apresentado pela Petrobras (CD anexo à Peça 20, p. 178-179)

Obs: CMO = custo horário em operação obtido do DFP ou nas tabelas como Sicro, Sinapi ou Abemi, o que for menor;

HMO = quantidade de horas em que a máquina especial operar durante o período de permanência adicional

CMP = custo horário da máquina parada obtido da mesma forma que o custo parado dos demais equipamentos;

HMP = quantidade de horas em que a máquina estiver parada, durante o período de permanência adicional.

127.Como se verifica nas figuras acima, a nova metodologia disponibilizada pela Companhia considera tratamentos díspares para os equipamentos ditos “especiais” e os demais (ou “normais”).

128.Relembrando, segundo o “Novo Anexo”, para fins de sua aplicação, são considerados máquinas e equipamentos “especiais” aqueles cuja capacidade de carga é maior que a maior capacidade de carga das máquinas e equipamentos listados nas tabelas SICRO, SINAPI ou ABEMI do mês de assinatura do Contrato.

129.Cabe pontuar que o relatório que subsidiou o Acórdão 271/2011-Plenário, apesar de não utilizar o termo “especiais”, faz menção a procedimentos específicos a serem adotados no caso de equipamentos de grande porte, bem como no de equipamentos utilizados em serviços cuja natureza e condições de mercado exijam que estes sejam alugados.

130.Esses procedimentos específicos são, em suma, os mesmos constantes da minuta do anexo para apropriação das horas a serem indenizadas (HEP) para os equipamentos especiais, qual seja, as considera como sendo equivalentes ao tempo de prorrogação comprovada de permanência do equipamento na obra em virtude das chuvas.

131.Para-se, neste ponto, para particularizar uma forma de indenização, não prevista na Minuta, mas considerada mais justa e objetiva no sentido de recompor os custos dos equipamentos locados.

132.O próximo subtópico trata desse caso. Posteriormente, retorna-se à análise da indenização dos demais equipamentos, ou seja, dos equipamentos considerados “Próprios”.

III.3.3.2.1 Análise da indenização proposta na minuta para equipamentos LOCADOS impactados pelas chuvas

133.Visando à avaliação da devida indenização, tendo em vista diferenciação nos custos incorridos, há de se distinguir duas situações: a de equipamentos próprios e a de locados.

134.No caso de locação de equipamentos, não há dúvida que a justa indenização se verifica quando são restituídos os valores pagos a título de aluguel, conforme as condições contratadas com o locador das máquinas, não havendo, portanto, necessidade de se estimar tais custos. Dessa forma, excetuando alguns casos tratados mais a frente, estaria se garantindo ressarcir os valores realmente desembolsados pelas contratadas.

135.Nesse contexto, as notas fiscais e os contratos de locação firmados entre as contratadas e as empresas locadoras de equipamentos delimitariam as regras a reger as indenizações e condições de pagamento desses equipamentos.

136.Esclarece-se que podem existir diferentes formas de contratação de equipamentos, as quais, por consequência, implicam diferentes formas de ressarcimentos. A título de ilustração, são apresentadas algumas condições de mercado, comuns nos contratos de locação, bem como os respectivos impactos sobre a remuneração das horas paradas dos equipamentos:

(i)É usual estipular o pagamento pelo equipamento mediante a aplicação de um determinado custo horário ao número de horas trabalhadas, porém exigindo-se um número mínimo de horas mensais a serem pagas:

- nesse cenário, o ressarcimento dos custos em função das chuvas só será devido caso as horas paradas devido às chuvas tenham influenciado os serviços de tal forma que não se atinja o número mínimo de horas trabalhadas a serem pagas exigido pelo contrato. Nesse caso, as horas a serem indenizadas desse equipamento serão o número de horas paralisadas devido às chuvas limitadas às horas faltantes para se atingir o mínimo de horas contratualmente exigidas;

(ii)Há tipos de contratações com pagamento por produção, como no caso de caminhões caçamba que são remunerados por viagens:

- nessa situação, não devem ser considerados custos para efeito de ressarcimento devido a paralisações por chuvas;

(iii)Há, ainda, modelos de contratações com custos diferenciados conforme o tipo de aplicação horária do equipamento: horas trabalhadas, nulas ou paralisadas por culpa não atribuída ao locador (como é o caso das horas paralisadas por chuvas):

- nessa hipótese o valor a ser ressarcido deve levar em conta o valor de custo horário diferenciado para as horas paralisadas.

137.Nesse compêndio, como se asseverou, o valor a ser indenizado nos casos de equipamentos locados deve seguir o estipulado nos contratos com as locadoras. Esse raciocínio é válido tanto para a definição dos devidos custos horários, quanto para a apropriação do número de horas a serem indenizadas, o que conduzirá a um produto (custo X quantidade) que retratará com justeza os reais valores a serem ressarcidos.

138.Em que pese ser a forma mais exata de se encontrar os verdadeiros custos incorridos pelos equipamentos, algumas situações devem ser evitadas para que não haja distorções ou desvirtuamentos desse propósito: (i) disponibilização, pela contratada, apenas de contratos e notas fiscais, a ela, favoráveis; (ii) contratos efetuados com empresas ligadas à contratada que poderiam levar em conta fatores não necessariamente ligadas à obra, como ajustes contábeis, prioridades gerenciais, finalidades atribuídas aos centros de custos, políticas administrativas internas das contratadas, etc.

139.Visando à eliminação de tais possíveis distorções, algumas condições devem ser implementadas:

a) Para comprovação das locações, as contratadas hão de disponibilizar à Petrobras todos os comprovantes de pagamentos, notas fiscais e contratos de locação de equipamentos referentes à obra contratada, durante toda a permanência dessas máquinas na obra (tanto os documentos pretéritos quanto daqueles a serem firmados);

b) Na avaliação dos dados fornecidos não se deve considerar contratos e notas fiscais oriundos de filiais, integrantes do consórcio contratado, ou empresas: coligadas e controladas, ou, ainda, demais casos em que a Petrobras vislumbrasse possibilidade de existência, ou facilidade, de ajustes nos valores de forma a não refletirem os reais valores e condições praticadas pelo mercado.

140.Cabe ressaltar que, caso, por desinteresse da contratada ou qualquer outra razão, não se comprove locação de qualquer equipamento, os valores horários de indenização deverão ser calculados como equipamentos de propriedade da contratada (próprios). Perdida a oportunidade de comprovação dos valores despendidos com as locações, entende-se inadmissível se acatar alegações advindas das contratadas com relação à especificidade de contratos locatícios ou regras desse mercado, com vistas a se pleitear aumento dos quantitativos ou dos custos horários, ou mesmo que se calculem tais valores por meio de premissas diversas das utilizadas para equipamentos próprios, propostos pelo TCU.

141.Isto posto, caso não sejam apresentados os documentos relativos às locações dos equipamentos, entende-se que os custos horários dos equipamentos paralisados devam sejam calculados por meio da metodologia descrita para os equipamentos próprios, da forma apresentada nesta instrução. Dessa forma, todo restante deste subtópico (III.3) tratará exclusivamente de custo de equipamentos próprios quer sejam “normais” ou “especiais”.

142.Por derradeiro, interessante reparar que, para esta instrução, um equipamento locado pode ser tanto um equipamento especial, quanto um “normal”. Aquele é “locado” por ter sido alugado de terceiros, estes têm suas classificações determinadas em função do tipo de uso.

III.3.3.2.1 Análise da indenização proposta na minuta para equipamentos “ESPECIAIS” impactados pelas chuvas

143.Para os equipamentos “especiais” a minuta do novo anexo contratual de chuvas prevê procedimento diverso dos demais equipamentos.

144.Cabe lembrar que, para a minuta do “Novo Anexo de Chuvas”, o termo equipamentos “especiais” representa as máquinas e equipamentos cujas capacidades de carga são maiores que a maior capacidade de carga das máquinas e equipamentos listados nas tabelas SICRO, SINAPI ou ABEMI do mês de assinatura do Contrato.

145.Frisa-se que, nessa instrução, consideram-se, contidos nessa classificação, também os equipamentos mobilizados com tempo de permanência pré-estabelecido (“janela”) por força de contrato entre a contratada e seu fornecedor de máquinas e equipamentos.

146.Segundo a minuta do novo anexo de chuvas, o valor a ser pago pela permanência adicional das máquinas consideradas especiais na obra (CME) é calculado como indicado a seguir:

CME = CMO x HMO + CMP x HMP

Sendo:

CMO = custo horário da máquina especial em operação obtido do Demonstrativo de Formação de Preços da CONTRATADA ou nas tabelas oficiais publicadas, como SICRO, SINAPI ou ABEMI, o que for menor;

HMO = quantidade de horas em que a máquina especial operar durante o período de permanência adicional, conforme apropriação a ser apresentada pela CONTRATADA, diariamente, e aprovada pela Fiscalização;

CMP = custo horário da máquina especial parada obtido do mesmo modo que o calculado para os equipamentos normais, ou seja, por meio da por meio da multiplicação de um valor base por um fator multiplicador definido para cada família de equipamentos (vide esclarecimentos no tópico anterior - dos equipamentos normais)

HMP = quantidade de horas em que a máquina especial estiver parada, durante o período de permanência adicional, conforme apropriação a ser apresentada pela CONTRATADA, diariamente, e aprovada pela Fiscalização.”

147.Seguindo a análise, apreciando a fórmula acima, verifica-se que esta considera o pagamento do tempo de permanência adicional.

148.Pondera-se que esse procedimento de se considerar para fins de ressarcimento somente o tempo de permanência adicional dos equipamentos especiais é plenamente satisfatório e segue o entendimento exarado no relatório e voto que subsidiou o Acórdão 271/2011-Plenário. Constata-se que esse tipo de equipamento é normalmente utilizado para uma determinada tarefa e, em seguida, fica aguardando até que lhe seja exigido outro serviço programado.

149.Assim, deve-se verificar se esse equipamento permanece mais do que o programado devido a ocorrências de chuvas, apropriando, dessa forma, o tempo e, por conseguinte, o verdadeiro impacto que as chuvas ocasionaram nos custos da contratada.

150.Quanto à fórmula de cálculo, verifica-se que é composta de duas parcelas:

a)a parcela (CMO x HMO) – que remunera as horas operativas, durante o período adicional, ao custo horário, também, operativo e;

b)a parcela (CMP x HMP) – que remunera as horas paradas, durante o período adicional, ao custo horário calculado da mesma forma que para o custo parado dos equipamentos “normais”.

151.Atinente à aplicação da parcela “a”, por remunerar as horas operativas, configura-se como duplicidade de pagamento. O valor relativo ao serviço, seja em horas programadas, seja em horas adicionais, já está considerado nos pagamentos dos serviços que o equipamento executa, pois fazem parte do contrato da obra. O que é acrescido aos custos da contratada em virtude das chuvas são somente os custos por paralisação, sendo assim, não há qualquer justificativa para restituição à contratada de qualquer custo relativo à operação.

152.Quanto à segunda parcela da fórmula, que remunera as horas paradas, verifica-se que ela corresponde exatamente ao que a Petrobras propõe para os equipamentos normais. Desse modo, remete-se a finalização desta análise dos “especiais” à parte da análise relativa aos equipamentos “normais”, por seguir os critérios verificados para equipamentos “normais”, ponderando que tais equipamentos, por definição, não constam dos referenciais do Sicro/Sinapi.

153.Por fim, ao se comparar a definição dos equipamentos “especiais’ presente no “Novo Anexo de Chuvas” da Petrobras, com os referencias de preços mencionados nesse mesmo documento, conclui-se que a única fonte disponível para o cálculo do custo de propriedade é o DFP. Explica-se: como esse tipo de equipamento reflete aqueles cuja capacidade supera o maior valor da Abemi, Sicro e Sinapi, é límpida a conclusão que somente resta o DFP como referencial válido. Disso, resulta a necessidade de que a Petrobras confira uma especial atenção aos valores insertos no DFP, que nortearão direta e indiretamente a obtenção das variáveis necessárias ao cálculo do custo de propriedade.

154.A seguir passa-se ao exame do ressarcimento dos demais equipamentos (“normais”), cujas conclusões, como informado neste tópico, servirão, também, para os equipamentos “especiais”, englobando, dessa maneira, todos os equipamentos “próprios”.

III.3.3.2.1 Análise do ressarcimento dos demais equipamentos (“normais”) paralisados

155.Com relação às horas a serem indenizadas para os equipamentos “normais” (HEP), a estatal estipula na minuta que suas quantidades levarão em conta os registros dos equipamentos paralisados no RDO/RDF, devendo ser comprovadas pela contratada e submetidas à aprovação da Companhia.

156.Quanto à forma de apropriação das horas (HEP) informada na nova metodologia, entende-se que atende às citadas decisões desta Corte.

157.No tocante ao custo horário a ser aplicado aos equipamentos paralisados (CHEP), na minuta, informa-se que seu valor é obtido por meio da multiplicação de um valor base por um fator multiplicador definido para cada família de equipamentos, conforme indicado no apêndice C do anexo de chuvas.

158.Já o fator multiplicador, segundo a estatal, é calculado de forma a excluir, do valor base, os custos dos insumos que somente são utilizados quando o equipamento está operando.

159.Portanto, segundo a minuta (“Novo Anexo de Chuvas”): CHEP = Valor Base x Fator Multiplicador, sendo: o Valor Base o menor entre DFP, Sicro, Sinapi, Abemi ou negociado; e o Fator Multiplicador, conforme apêndice C da minuta.

160.Importante relembrar, nesse ponto, alguns critérios a serem seguidos nesta análise (subitem III.2), relacionados à remuneração para equipamentos próprios, que de forma sintética podem ser assim apresentados:

a)O máximo a se indenizar pelo tempo parado dos equipamentos corresponde aos valores dos custos de depreciação e juros (calculados tal qual metodologia estabelecida no Sicro2); e

b)A Petrobras deve comprovar qual parcela dos custos de depreciação e juros é absorvida pelo custo operativo e qual é absorvida pelo custo improdutivo.

161.Cabe acrescentar que, consoante o Acórdão 3.077/2010-Plenário, é exigido que se defina parâmetros mais objetivos para apuração das situações que realmente ensejam paralisação dos serviços e, por conseguinte, pagamento de indenização, a fim de se ressarcir somente o valor real e justo.

162.Nessa esteira, verifica-se que a forma de remuneração (máxima) dos equipamentos “normais” apresentada pela Companhia (utilização de fatores de correção), segue os critérios exigidos nos indigitados decisums, principalmente por ser objetiva e evitar grandes distorções quando se parte de valor base extraído de referenciais distintos dos referenciais do Sicro.

163.Em que pese essa aparente compatibilidade, alguns inconvenientes técnicos nessa forma de avaliação de ressarcimento dos equipamentos “normais” devem ser citados:

a)Para os equipamentos do Sicro, a obtenção dos custos por paralisação via cálculo direto dos custos de propriedade, conforme indicado no Acórdão 271/2011-TCU-Plenário não é complexa e é suficientemente precisa, prescindindo da utilização de fatores estimados, conforme minuta. Ou seja, nesses casos, é mais adequado construir o valor devido de ressarcimento, obtendo os custos de propriedade, do que se chegar ao CHEP (Custo horário a ser aplicado aos equipamentos paralisados por chuvas) via glosa do custo horário operativo por meio de algum fator, como intentou a Petrobras;

b)Os fatores de multiplicação estabelecidos no documento são fixos e levaram em conta uma relação custos de equipamentos paralisados/operativos obtida em determinada época no Sicro2. Essa relação pode, na prática, sofrer alterações no tempo devido a oscilações dos custos de propriedade (paralisados) de determinada máquina em descompasso com os seus custos de operação (operativos);

c)Os fatores de multiplicação foram obtidos para famílias de equipamentos constantes do Sicro, que podem não refletir a realidade dos equipamentos encontrados na maior parte das obras da Petrobras (obras industriais). Como exemplo, pode-se citar o caso dos guindastes, com alto índice na razão custo parado/custo operativo, o que gera fatores bem diferentes da média calculada na minuta, haja vista que essa mesma razão tende a se comportar de maneira expressivamente destoante ao se sopesar o maquinário do Sicro 2.

164.Por essas razões, considera-se mais adequado calcular os valores dos Custos Horários de Equipamentos Paralisados de forma direta (cálculo dos custos de depreciação e juros - Anexo I, ao final da instrução). Todavia, adiantando o que será vislumbrado mais à frente, isso nem sempre é possível, o que obrigará, como solução nesses casos, lançar mão de fatores de multiplicação seguindo o aventado pela estatal no “Novo Anexo de Chuvas”.

165.Em face da complexidade do assunto, um estudo minucioso acerca do ressarcimento dos custos de equipamentos próprios paralisados em virtude de intempéries, encontra-se segregado no Anexo I, ao final deste relatório.

166. A seguir é apresentado breve sumário do que foi tratado nesse Anexo. Para melhor entendimento, aconselha-se a sua leitura, previamente ao prosseguimento nesta instrução.

III.3.3.2.1.2 Síntese da metodologia de cálculo do ressarcimento de equipamentos próprios paralisados

167.Decorrente de premissas distintas, o valor do Custo horário, específico para o “Anexo” (CHEP), a ser aplicado aos equipamentos paralisados por chuvas, não se confunde com os valores de custos definidos no referencial do Dnit (Custos Horários Operativos e Improdutivos).

168.O CHEP deve corresponder, no máximo, ao valor horário dos custos de depreciação e juros, como já salientado no subitem III..2 - Critérios estipulados nos Acórdãos para esta análise.

169.Da forma que foi concebido, para o cálculo do CHEP, os valores totais de depreciação e juros devem ser rateados a todas as horas apropriáveis (Hap