ciclo orÇamentÁrio - princÍpios.pdf

2
Professor Paulo Lacerda Dúvidas: [email protected] facebook.com/PauloLacerda 1 CICLO ORÇAMENTÁRIO O ciclo orçamentário pode ser definido como uma série de passos, que se repetem em períodos prefixados, segundo os quais os orçamentos sucessivos são preparados, votados, executados, os resultados avaliados e as contas aprovadas. Constitui, portanto, a articulação de um conjunto de processos, dotados de características próprias, que se sucedem ao longo do tempo e se realimentam cada vez que estes são novamente implementados. A primeira destas, a cargo do Poder Executivo, envolve, além das tarefas relacionadas à estimativa da receita, um conjunto de atividades, normalmente referidas como formulação do programa de trabalho -- que compreende o diagnóstico de problemas, a formulação de alternativas, a tomada de decisões, a fixação de metas e a definição de custos --; a compatibilização das propostas à luz das prioridades estabelecidas e dos recursos disponíveis; e a montagem da proposta a ser submetida à apreciação do Legislativo. A segunda fase, compreende a tramitação da proposta de orçamento no Poder Legislativo, onde as estimativas de receita são revistas, as alternativas são reavaliadas, os programas de trabalho são modificados através de emendas e os parâmetros de execução (inclusive os necessários a uma certa flexibilidade) são formalmente estabelecidos. Na terceira fase, o orçamento é programado, isto é, são definidos os cronogramas de desembolso ajustando o fluxo de dispêndios às sazonalidades da arrecadação, executado, acompanhado e parcialmente avaliado, sobretudo por intermédio dos mecanismos e entidades de controle interno e das inspeções realizadas pelos órgãos de controle externo, notadamente pelos Tribunais de Contas. Finalmente, na fase de avaliação e controle, parte da qual ocorre concomitantemente com a de execução, são produzidos os balanços segundo as normas legais pertinentes à matéria , estes são apreciados e auditados pelo órgãos auxiliares do Poder Legislativo (Tribunal de Contas e Assessorias Especializadas) e as contas julgadas pelo Parlamento. Integram também esta fase, as avaliações realizadas pelos órgãos de coordenação e pelas unidades setoriais com vistas à realimentação dos processos de planejamento e de programação. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS UNIDADE OU TOTALIDADE Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2° da Lei n° 4.320, de 1964, determina existência de orçamento único para cada um dos entes federados União, Estados, Distrito Federal e Municípios com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual LOA. UNIVERSALIDADE Estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2° da Lei n° 4.320, de 1964, recepcionado e normatizado pelo §5° do art. 165 da Constituição Federal, determina que a Lei Orçamentária Anual de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. ANUALIDADE OU PERIODICIDADE Estipulado, de forma literal, pelo caput do art. 2° da Lei n° 4.320, de 1964, delimita o exercício financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação

Upload: ingridvan1

Post on 14-Nov-2015

38 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Professor Paulo Lacerda

    Dvidas: [email protected] facebook.com/PauloLacerda 1

    CICLO ORAMENTRIO O ciclo oramentrio pode ser definido

    como uma srie de passos, que se repetem em

    perodos prefixados, segundo os quais os

    oramentos sucessivos so preparados, votados,

    executados, os resultados avaliados e as contas

    aprovadas. Constitui, portanto, a articulao de um

    conjunto de processos, dotados de caractersticas

    prprias, que se sucedem ao longo do tempo e se

    realimentam cada vez que estes so novamente

    implementados.

    A primeira destas, a cargo do Poder

    Executivo, envolve, alm das tarefas relacionadas

    estimativa da receita, um conjunto de atividades,

    normalmente referidas como formulao do

    programa de trabalho -- que compreende o

    diagnstico de problemas, a formulao de

    alternativas, a tomada de decises, a fixao de

    metas e a definio de custos --; a compatibilizao

    das propostas luz das prioridades estabelecidas e

    dos recursos disponveis; e a montagem da

    proposta a ser submetida apreciao do

    Legislativo.

    A segunda fase, compreende a tramitao

    da proposta de oramento no Poder Legislativo,

    onde as estimativas de receita so revistas, as

    alternativas so reavaliadas, os programas de

    trabalho so modificados atravs de emendas e os

    parmetros de execuo (inclusive os necessrios a

    uma certa flexibilidade) so formalmente

    estabelecidos.

    Na terceira fase, o oramento

    programado, isto , so definidos os cronogramas

    de desembolso ajustando o fluxo de dispndios s

    sazonalidades da arrecadao, executado,

    acompanhado e parcialmente avaliado, sobretudo

    por intermdio dos mecanismos e entidades de

    controle interno e das inspees realizadas pelos

    rgos de controle externo, notadamente pelos

    Tribunais de Contas.

    Finalmente, na fase de avaliao e controle,

    parte da qual ocorre concomitantemente com a de

    execuo, so produzidos os balanos segundo as normas legais pertinentes matria , estes so apreciados e auditados pelo rgos auxiliares do

    Poder Legislativo (Tribunal de Contas e

    Assessorias Especializadas) e as contas julgadas

    pelo Parlamento. Integram tambm esta fase, as

    avaliaes realizadas pelos rgos de coordenao

    e pelas unidades setoriais com vistas

    realimentao dos processos de planejamento e de

    programao.

    PRINCPIOS ORAMENTRIOS

    UNIDADE OU TOTALIDADE

    Previsto, de forma expressa, pelo caput do

    art. 2 da Lei n 4.320, de 1964, determina

    existncia de oramento nico para cada um dos

    entes federados Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios com a finalidade de se evitarem mltiplos oramentos paralelos dentro da

    mesma pessoa poltica. Dessa forma, todas as

    receitas previstas e despesas fixadas, em cada

    exerccio financeiro, devem integrar um nico

    documento legal dentro de cada esfera

    federativa: a Lei Oramentria Anual LOA.

    UNIVERSALIDADE

    Estabelecido, de forma expressa, pelo

    caput do art. 2 da Lei n 4.320, de 1964,

    recepcionado e normatizado pelo 5 do art. 165

    da Constituio Federal, determina que a Lei

    Oramentria Anual de cada ente federado dever

    conter todas as receitas e despesas de todos os

    poderes, rgos, entidades, fundos e fundaes

    institudas e mantidas pelo poder pblico.

    ANUALIDADE OU PERIODICIDADE

    Estipulado, de forma literal, pelo caput do

    art. 2 da Lei n 4.320, de 1964, delimita o

    exerccio financeiro oramentrio: perodo de

    tempo ao qual a previso das receitas e a fixao

  • Professor Paulo Lacerda

    Dvidas: [email protected] facebook.com/PauloLacerda 2

    das despesas registradas na LOA iro se

    referir.Segundo o art. 34 da Lei n4.320, de 1964,

    o exerccio financeiro coincidir com o ano civil e,

    por isso, ser de 1 de janeiro at 31 de dezembro

    de cada ano. Cada Pessoa Poltica da federao

    elaborar a sua prpria LOA.

    EXCLUSIVIDADE

    Previsto no 8 do art. 165 da

    Constituio Federal, estabelece que a Lei

    Oramentria Anual no conter dispositivo

    estranho previso da receita e fixao da

    despesa. Ressalvam-se dessa proibio a

    autorizao para abertura de crditos adicionais e

    a contratao de operaes de crdito, nos termos

    da lei.

    ORAMENTO BRUTO

    Previsto pelo art. 6 da Lei n 4.320, de

    1964, obriga registrarem-se receitas e despesas

    na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer

    dedues.

    LEGALIDADE

    Apresenta o mesmo fundamento do

    princpio da legalidade aplicado administrao

    pblica, segundo o qual cabe ao Poder Pblico

    fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei

    expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos

    ditames da lei. A Constituio Federal de 1988, no

    art. 37, estabelece os princpios da administrao

    pblica, dentre os quais o da legalidade e, no seu

    art. 165, estabelece a necessidade de formalizao

    legal das leis oramentrias:

    Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero:

    I o plano plurianual; II as diretrizes oramentrias; III os oramentos anuais.

    PUBLICIDADE

    Princpio bsico da atividade da

    administrao pblica no regime democrtico esta

    previsto pelo caput do art. 37 da Magna Carta

    de 1988. Justifica-se especialmente pelo fato de o

    oramento ser fixado em lei, sendo esta a que

    autoriza aos Poderes a execuo de suas despesas.

    TRANSPARNCIA (LRF)

    Aplica-se tambm ao oramento pblico,

    pelas disposies contidas nos arts. 48, 48-A e 49

    da Lei de Responsabilidade Fiscal LRF, que determinam ao governo, por exemplo: divulgar o

    oramento pblico de forma ampla sociedade;

    publicar relatrios sobre a execuo

    oramentria e a gesto fiscal; disponibilizar,

    para qualquer pessoa, informaes sobre a

    arrecadao da receita e a execuo da despesa.

    NO-VINCULAO (NO-AFETAO) DA

    RECEITA DE IMPOSTOS

    Estabelecido pelo inciso IV do art. 167

    da CF/88, veda vinculao da receita de

    impostos a rgo, fundo ou despesa, salvo

    excees estabelecidas pela prpria Constituio

    Federal, in verbis:

    Art. 167. So vedados: [...]

    IV - a vinculao de receita de impostos a

    rgo, fundo ou despesa, ressalvadas a

    repartio do produto da arrecadao dos

    impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a

    destinao de recursos para as aes e servios

    pblicos de sade, para manuteno e

    desenvolvimento do ensino e para realizao de

    atividades da administrao tributria, como

    determinado, respectivamente, pelos arts. 198,

    2, 212 e 37, XXII, e a prestao de

    garantias s operaes de crdito por

    antecipao de receita, previstas no art. 165, 8

    o, bem como o disposto no 4 deste artigo;

    (Redao dada pela Emenda Constitucional n

    42, de 19.12.2003);

    [...]

    4 permitida a vinculao de receitas

    prprias geradas pelos impostos a que se

    referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de

    que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II,

    para a prestao de garantia ou

    contragarantia Unio e para pagamento de

    dbitos para com esta. (Includo pela Emenda

    Constitucional n 3, de 1993). As ressalvas so estabelecidas pela prpria

    Constituio e esto relacionadas repartio do

    produto da arrecadao dos impostos (Fundos de

    Participao dos Estados (FPE) e Fundos de

    Participao dos Municpios (FPM) e Fundos de

    Desenvolvimento das Regies Norte, Nordeste e

    Centro-Oeste) destinao de recursos para as

    reas de sade e educao, alm do oferecimento

    de garantias s operaes de crdito por

    antecipao de receitas.