charles g. finney - a conversÃo verdadeira e a falsa

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7/16/2019 Charles G. Finney - A CONVERSÃO VERDADEIRA E A FALSA http://slidepdf.com/reader/full/charles-g-finney-a-conversao-verdadeira-e-a-falsa-5634fb650618d 1/10 Pág. 1 / 10 A CONVERSÃO VERDADEIRA E A FALSA Por: Rev. Charles G. Finney TEXTO --"Mas todos vós que acendeis fogo, e vos cingis com tições acessos, ide, andai entre as chamas do vosso fogo, e entre os tições que acendestes. Isto é que recebereis da minha mão: Em tormentos jazereis."-- Isaías 50:11 É evidente pelo contexto destas palavras no capítulo, que o profeta se dirige àqueles que professam ser religiosos, que se dizem que estão salvos, mas que, na realidade, sua esperança era um fogo que eles mesmos tinham acendido, e as faíscas, criadas por este fogo. Antes de seguir adiante na discussão do tema, desejaria dizer que, como já me foi dada notícia de que minha intenção era discutir a natureza da conversão verdadeira e da falsa, não servirá de nada o escutá-lo, excepto para aqueles que sejam sinceros e o apliquem a si mesmos. Se você espera vi a beneficiar da mensagem, tem que resolver aplicá-lo fielmente, de modo tão sincero como se pensasse que estivesse no juízo solene. Se o fizer, pode esperar que o conduza a descobrir o seu verdadeiro estado, e se estiver enganado, dirigir-se ao verdadeiro caminho da salvação. Se você não quer faze-lo, estarei pregando em vão, e você ouvirá em vão. Espero mostrar a diferença entre a conversão verdadeira e a falsa, a apresentarei o tema na seguinte ordem: I. Mostrar que o estado natural do homem é o de puro egoísmo. II. Mostrar que o carácter do convertido é o de benevolência. III. Que o novo nascimento consiste numa mudança do egoísmo para a benevolência. IV. Contestar algumas objecções que podem resistir o ponto de vista que tomo e terminar com alguns comentários. I. Vou mostrar que o estado natural do homem, ou o estado em que se encontra o homem antes da conversão, é egoísmo puro e sem mistura. Com isso quero dizer que não conhece a benevolência do Evangelho. O egoísmo é considerar a felicidade própria como objectivo supremo, e buscar o bem próprio pelo fato de ser seu. O que é egoísta coloca sua própria felicidade e busca seu próprio bem porque é seu. De modo egoísta coloca sua própria felicidade por cima de outros interesses de maior valor; tais como a glória de Deus e o bem do universo. É evidente que a humanidade se encontra neste estado e digo isto por muitas considerações.  Todo o mundo sabe que os outros são todos egoístas. Todos os tratos da humanidade são conduzidos sobre este princípio. Se o homem o perde de vista e empreende tratos com a humanidade como se não fossem egoístas, senão desinteressados, os demais pensarão que aquele homem está louco. II. No estado do convertido, o carácter predominante é o de benevolência. Um indivíduo convertido é benevolente, e não egoísta, no essencial. Benevolente é uma palavra composta que propriamente significa desejar o bem, ou seja, escolher a felicidade suprema dos outros. Este é o estado e Deus. Nos é dito que Deus é amor; isto é, que é benevolente. A benevolência compreende todo seu carácter.  Todos seus atributos morais são apenas modificações da benevolência. Um indivíduo convertido se assemelha a Deus neste aspecto. Não quero que se entenda

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A CONVERSÃO VERDADEIRA E A FALSA

Por: Rev. Charles G. FinneyTEXTO --"Mas todos vós que acendeis fogo, e vos cingis com tições

acessos, ide, andai entre as chamas do vosso fogo, e entre os tições queacendestes. Isto é que recebereis da minha mão: Em tormentos jazereis."--

Isaías 50:11

É evidente pelo contexto destas palavras no capítulo, que o profeta se dirigeàqueles que professam ser religiosos, que se dizem que estão salvos, mas que, narealidade, sua esperança era um fogo que eles mesmos tinham acendido, e as

faíscas, criadas por este fogo. Antes de seguir adiante na discussão do tema,desejaria dizer que, como já me foi dada notícia de que minha intenção era discutira natureza da conversão verdadeira e da falsa, não servirá de nada o escutá-lo,excepto para aqueles que sejam sinceros e o apliquem a si mesmos. Se vocêespera vi a beneficiar da mensagem, tem que resolver aplicá-lo fielmente, de modotão sincero como se pensasse que estivesse no juízo solene. Se o fizer, podeesperar que o conduza a descobrir o seu verdadeiro estado, e se estiver enganado,dirigir-se ao verdadeiro caminho da salvação. Se você não quer faze-lo, estareipregando em vão, e você ouvirá em vão.

Espero mostrar a diferença entre a conversão verdadeira e a falsa, a apresentarei otema na seguinte ordem:

I. Mostrar que o estado natural do homem é o de puro egoísmo.II. Mostrar que o carácter do convertido é o de benevolência.

III. Que o novo nascimento consiste numa mudança do egoísmo para abenevolência.

IV. Contestar algumas objecções que podem resistir o ponto de vista que tomo eterminar com alguns comentários.

I. Vou mostrar que o estado natural do homem, ou o estado em que se encontra ohomem antes da conversão, é egoísmo puro e sem mistura. Com isso quero dizerque não conhece a benevolência do Evangelho. O egoísmo é considerar a felicidadeprópria como objectivo supremo, e buscar o bem próprio pelo fato de ser seu. O queé egoísta coloca sua própria felicidade e busca seu próprio bem porque é seu. De

modo egoísta coloca sua própria felicidade por cima de outros interesses de maiorvalor; tais como a glória de Deus e o bem do universo. É evidente que ahumanidade se encontra neste estado e digo isto por muitas considerações.

 Todo o mundo sabe que os outros são todos egoístas. Todos os tratos dahumanidade são conduzidos sobre este princípio. Se o homem o perde de vista eempreende tratos com a humanidade como se não fossem egoístas, senãodesinteressados, os demais pensarão que aquele homem está louco.

II. No estado do convertido, o carácter predominante é o de benevolência.

Um indivíduo convertido é benevolente, e não egoísta, no essencial. Benevolente éuma palavra composta que propriamente significa desejar o bem, ou seja, escolhera felicidade suprema dos outros. Este é o estado e Deus. Nos é dito que Deus é

amor; isto é, que é benevolente. A benevolência compreende todo seu carácter. Todos seus atributos morais são apenas modificações da benevolência. Umindivíduo convertido se assemelha a Deus neste aspecto. Não quero que se entenda

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que ninguém é convertido a menos que seja pura e perfeitamente benevolente,como Deus é; mas sim que no equilíbrio de sua mente a característica queprevalece é a benevolência. Com sinceridade busca o bem dos outros por amor aeles. E, por benevolência desinteressada não sente interesse no objectivo quepersegue, senão que busca a felicidade dos outros por amor a eles e não com olhosa sua reacção a favor de si mesmo, que vai aumentar sua felicidade. Decide fazer

bem porque se alegra na felicidade dos outros, e deseja a felicidade deles por elaem si mesma para glória de Deus. Deus é benevolente de modo puro edesinteressado. Ele não faz as criaturas felizes para assim aumentar a sua própriafelicidade, senão que as ama por felicidade delas e as busca por amor às mesmas.Não que não se sinta feliz ao fomentar a felicidade das criaturas, mas não o fazpara sua própria satisfação. O homem desinteressado sente-se feliz em fazer obem. De outra maneira o fazer bem em si não teria nenhuma virtude e de outromodo o fazer bem não seria virtuoso em si. Noutras palavras, se não lhe fosseagradável fazer bem e não se alegrasse fazendo-o, não seria uma virtude nele.

A benevolência é a santidade. É o que a lei de Deus requer: Amarás ao Senhor teuDeus com todo teu coração, e com toda tua alma e com toda tua força, e a teupróximo com a ti mesmo. Com a mesma certeza que o convertido rende obediência

à lei de Deus, e de modo tão seguro como ele é de Deus, é benevolente. É o rasgomais saliente de seu carácter, o buscar a felicidade dos outros, e não a sua própria,como seu objectivo supremo.

III. A verdadeira conversão é uma mudança do estado de supremo egoísmo àquelabenevolência.

É uma mudança no objectivo da actividade, não uma mera mudança do meio dealcançar o seu fim. Não é verdade que os convertidos e os não convertidos difiramapenas nos meios que usam, enquanto perseguem o mesmo objectivo. Não éverdade que Gabriel e Satanás estejam tratando de alcançar o mesmo objectivo, osdois procurando sua própria felicidade, ainda que a busquem de modo distinto.Gabriel não obedece a Deus com olhos a incrementar sua própria felicidade. Umhomem pode mudar seus meios e contudo apontar a conseguir o mesmo objectivo,

sua própria felicidade. É possível que faça bem com os olhos postos num benefíciotemporário, terreno. Pode não crer na religião, nem na eternidade, e contudo fazerbem porque isto lhe é vantajoso neste mundo. Suponhamos, pois, que seus olhos seabrem, e vê a realidade da eternidade; e então torna-se religioso como meio deconseguir sua felicidade na eternidade. Pode-se ver bem que não há nenhumavirtude benévola nele. É a intenção que dá carácter ao acto, não o meio empregadopara realizar a intenção. O convertido verdadeiro e o falso diferem nisto. Overdadeiro convertido escolhe a glória de Deus e o bem de seu reino comoobjectivo de seus esforços. Este objectivo o escolhe por si, pelo que é, porque o vêcomo seu maior bem, como um bem maior que sua própria felicidade individual.Não que seja indiferente a sua própria felicidade, senão que prefere a glória deDeus, porque é um bem maior, supremo. Olha à felicidade de cada indivíduo emparticular segundo sua verdadeira importância, na medida que lhe é possível avaliá-

la, e ele é que escolhe o sumo bem como seu objectivo supremo.IV. Agora vou mostrar algumas coisas em que os verdadeiros santos e as pessoas

enganadas podem estar de acordo e algumas em desacordo.

1. Podem estar de acordo em levar uma vida estritamente moral.

A diferença está nos seus motivos. O verdadeiro santo leva uma vida moral poramor à santidade; a pessoa enganada, por considerações egoístas. Usa amoralidade como um meio para alcançar um fim, com olhos na sua própriafelicidade. O verdadeiro santo tem moralidade como um objectivo singular.

2. Os dois podem orar igualmente, pelo menos quanto à forma.

A diferença está nos motivos. O verdadeiro santo ama a oração; o outro o faz

porque espera conseguir algum benefício para si da oração. O verdadeiro santo

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espera um benefício para si da oração, mas este não é o motivo principal. O outroora sem ter nenhum outro motivo.

3. Os dois podem ser diligentes na religião.

Um porque pode ter uma grande diligência, porque sua diligência é segundo seuconhecimento, deseja sinceramente e ama fomentar a religião, por amor à mesma.

O outro pode mostrar uma diligência idêntica, com olhos de assegurar sua própriasalvação e nada mais, ou porque tem medo de ir para o inferno se não faz a obra doSenhor, ou para aquietar sua consciência e não porque ama a religião em si.

4. Os dois podem ser conscientes no cumprimento do dever; o verdadeiroconvertido porque quer e ama fazer este dever, o outro porque não se atreve adescuida-lo por mero egoísmo de conveniência.

5. Os dois podem prestar a mesma atenção a praticar a rectidão; o verdadeiroconvertido porque ama a rectidão, o outro porque sabe que não pode ser salvo amenos que o faça. É sincero em suas transacções e negócios, porque isto é o únicoque assegura seu próprio interesse. Verdadeiramente, "já receberam suarecompensa". Conseguem a reputação de serem pessoas sinceras, mas não hámotivo superior, e não haverá recompensa de Deus que sobre para eles.

6. Podem estar de acordo em seus desejos em muitos aspectos. Podem estar deacordo em seu desejo de servir a Deus; o verdadeiro convertido porque ama oserviço de Deus, e a pessoa enganada, pela recompensa, como o servo assalariadoserve a seu senhor.

Podem estar de acordo em seus desejos de serem úteis, o verdadeiro convertidoporque deseja ser útil em si; o enganado porque este é o meio de obter o favor deDeus. Na proporção em que tem sido despertada a importância de ter o favor deDeus será a intensidade de seus desejos em ser útil e prestável.

Em seu desejo pela conversão das almas, o verdadeiro santo porque quer glorificara Deus; o enganado para ganhar o favor de Deus. Aquilo que o move a isto omesmo, também o faz dar dinheiro às Sociedades Missionárias ou à Sociedade

Bíblica. Motivos egoístas somente, para procurar a felicidade, o aplauso ou obter ofavor de Deus.

E quanto a glorificar a Deus, o verdadeiro convertido porque ama ver a Deusglorificado, a pessoa enganada porque sabe que este é o meio de ser salvo. Overdadeiro convertido pôs seu coração na glória de Deus, como seu grandeobjectivo, e o deseja como um fim, pela glória de Deus. O outro deseja esta glóriacomo um meio para seu grande fim, o benefício próprio.

Com respeito ao arrependimento, o verdadeiro convertido aborrece o pecado porsua natureza odiosa, porque desonra a Deus. O outro, porque sabe que sem oarrependimento vai ser condenado.

E quanto ao crer em Jesus Cristo, o verdadeiro santo o deseja para glorificar a Deus,

porque ama a verdade por si só. O outro o faz porque assim pode ter umaesperança maior de chegar ao céu.

Com respeito a obedecer a Deus, o verdadeiro santo o faz para aumentar suasantidade; o que professa falsamente, porque deseja a recompensa da obediência enão a obediência por si só.

7. Podem estar de acordo não só nos desejos, senão também nas resoluções.Podem decidir renunciar ao pecado e obedecer a Deus, procurar o progresso dareligião e o reino de Cristo; e fazê-lo com grande energia de propósito, mas movidospor motivos opostamente distintos.

8. Podem estar de acordo também em seus desígnios. Fazem planos para glorificara Deus, converter aos homens e estender o reino de Cristo; o verdadeiro santo por

amor a Deus e a santidade; o outro por sua própria felicidade. Para o primeiro é umfim, para o outro um meio para perseguir o objectivo egoísta.

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Podem tentar ser santos; o verdadeiro convertido porque ama a santidade porque asantidade glorifica a Deus, o enganado porque sabe que não pode ser feliz de outramaneira.

9. Eles podem concordar não somente nos seus desejos, decisões e desígnios, mastambém em seus afectos para muitas coisas.

Podem os dois amar a Bíblia; o verdadeiro santo, porque é a verdade de Deus, sedeleita nela e é um banquete para sua alma; o outro porque crê que lhe favorece efomenta suas esperanças.

Podem servir os dois a Deus; o primeiro porque vê o carácter de Deus em suasuprema excelência e amor; o outro porque pensa em Deus como um amigoparticular, que vai faze-lo feliz para sempre e relaciona a ideia de Deus com seupróprio interesse.

Os dois podem amar a Cristo. O verdadeiro convertido porque ama seu carácter; oenganado, porque lhe salva do inferno e lhe dá a vida eterna, então porque nãoamá-lo?

Podem os dois amar aos cristãos: o verdadeiro convertido porque lê neles a imagem

de Cristo, e o enganado porque pertencem à sua própria denominação, ou porqueestão do seu lado, sentindo que têm os mesmos interesses e esperanças que ele.

10. Podem estar de acordo em odiar as mesmas coisas. Podem odiar a infidelidadee oporem-se a ela extremamente; o santo porque isso se opõe a Deus e àsantidade, e o enganado porque prejudica os interesses a que se dedica e destróisuas próprias esperanças para a eternidade. Podem também odiar o erro; oprimeiro porque é detestável em si e contrário a Deus, o outro porque é contrário aseus pontos de vista e opiniões.

Lembro de ter visto escrito faz algum tempo um ataque a um ministro por publicarcertas opiniões, "porque &endash; dizia o escritor &endash; estes sentimentosdestruiriam todas as minhas esperanças para a eternidade". E esta é uma boarazão, a melhor que uma pessoa egoísta necessita para opor-se a uma opinião.

Os dois odeiam o pecado; o verdadeiro convertido porque é odioso a Deus, a pessoaenganada porque lhe prejudica. Tem ocorrido casos em que um indivíduo temodiado seus próprios pecados, mas não os tem abandonado. Quantas vezes umbêbado, olhando para trás ao que era, e contrastando sua degradação presentecom o que tinha sido, aborrece a bebida; mas não pela bebida em si, o que ela é,senão porque tem causado sua desgraça. E todavia segue bêbado, ainda que aoconsiderar os efeitos da mesma se sente cheio de indignação.

Os dois podem se sentir opostos aos pecadores. A oposição do verdadeiro santo éuma oposição benevolente, com miras a aborrecer seu carácter e conduta, já queestas subvertem o reino de Deus. O outro se opõe aos pecadores porque estes seopõem à religião que ele defende, porque não estão do seu lado.

11. Ou mesmo, os dois podem alegrar-se nas mesmas coisas. Ambos se alegram naprosperidade de Sião, e na conversão das almas; o verdadeiro convertido porquetem o coração posto nisso, e o considera o maior bem possível, e o enganadoporque isto, em particular, crê que faz prosperar seus interesses.

12. Os dois podem se chatear e se sentirem angustiados pelo baixo estado dareligião nas igrejas; o verdadeiro convertido porque Deus é desonrado, e a pessoaenganada porque sua própria alma não está feliz, ou porque a religião não está emseu favor.

Os dois podem desfrutar da sociedade dos santos; o verdadeiro convertido porquesua alma se alegra na conversa espiritual, o outro porque espera tirar algumasvantagens da companhia. O primeiro desfruta porque "a boca fala do que o coraçãoestá cheio"; o outro porque lhe gosta falar sobre o grande interesse que sente na

religião, e a esperança que tem de chegar ao céu.

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13. Os dois podem desfrutar assistindo a reuniões religiosas; o santo porque seucoração se deleita nos actos de adoração, oração e louvor, e ouvindo a palavra deDeus em comunhão com Deus e com os santos, e o outro porque pensa que umareunião religiosa é um bom lugar para fomentar sua esperança. Pode ter cemrazões para querê-las, e delas nenhuma é pelas reuniões em si, pelo serviçoprestado a Deus.

14. Os dois podem encontrar prazer em seu dever na oração. O santo porque oaproxima de Deus, se deleita na comunhão com Deus, onde se encontra livre paradirigir-se directamente a Deus, sem estorvos e conversar com Ele. A pessoaenganada encontra uma espécie de satisfação nela, porque é um dever orar a Deusem segredo e sente a satisfação própria de cumpri-lo. Pode inclusive sentir umcerto prazer nela, uma espécie de emoção que confunde com a comunhão comDeus.

15. Os dois podem amar as doutrinas da graça; o verdadeiro santo porque são tãogloriosas; o outro porque as considera a garantia de sua própria salvação.

16. Os dois podem amar os preceitos da lei de Deus; o santo porque são tãoexcelentes, santos, justos e bons; o outro porque crê que lhe fará mais feliz se os

ama, e portanto são um meio para sua felicidade.Ambos podem consentir no castigo da lei. O verdadeiro santo porque considera queserá justo em si que Deus lhe envie para o inferno. O enganado porque se regozijapensando que ele está fora de risco. Sente respeito para o feito, porque sabe que érecto e sua consciência o aprova, mas nunca consentiria nele em seu próprio caso.

17. É possível que sejam iguais em sua generosidade para dar às sociedades debeneficência. Sem dúvida que os dois podem dar somas iguais, mas os motivos sãodiferentes. Um dá para fazer bem e o mesmo daria se soubesse que não haviaoutra pessoa viva que desse. O outro para conseguir um mérito, para aquietar suaconsciência e para inclinar para si o favor de Deus.

18. É possível que se neguem os dois as mesmas coisas. A abnegação não estáconfinada aos verdadeiros santos. Para dar-nos em conta dele basta olharmos aosmahometanos, indo para suas peregrinações a Meca. Olhe aos pagãos, atirando-sedebaixo do carro de Juggernaut. Ou mesmo aos pobres ofuscados, dentro domesmo mundo chamado cristão, os católicos que sobem degraus de escadarias de joelhos, derramando sangue. Um protestante dirá que não há religião aqui, mas nãopoderá negar que há um negar-se a si mesmo, seja qual seja o objectivo. Overdadeiro santo se negará a si mesmo para fazer mais bem a outros, não a elemesmo. A pessoa enganada o fará por motivos egoístas de modo exclusivo.

19. Os dois podem estar dispostos a sofrer o martírio. Leia a vida dos mártires e nãofica a menor dúvida que estavam dispostos a sofrer, mas alguns deles o faziam coma ideia errónea da recompensa do martírio e se lançavam à destruição porqueestavam persuadidos que isto lhes assegurava o caminho livre para a vida eterna.

Em todos estes casos, os motivos de uma classe estão em directa oposição aos daoutra. A diferença encontra-se nos objectivos. O primeiro escolhe seu própriointeresse, o outro o interesse de Deus como seu objectivo final. O que diz que osdois têm o mesmo objectivo diz que um pecador impenitente é tão benevolentecomo um cristão real; ou que um cristão não é benevolente, como Deus é, senãoque busca sua própria felicidade, e que a procura na religião, não no mundo.

E este é o lugar apropriado para a resposta a uma pergunta que se costuma fazer:"Se estas duas classes de pessoas são tão semelhantes em tantos pontos, comovamos conhecer nosso próprio carácter real, a qual dos grupos pertencemos?Sabemos que o coração é enganoso sobre todas as coisas e perverso, e comovamos saber se amamos a Deus e a santidade por si mesmos ou bem se buscamoso favor de Deus e procuramos chegar ao céu como um benefício próprio?"

Vou responder:

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1. Se você é verdadeiramente benevolente, aparecerá em seus tratos diários. Estecarácter, se é real, mostrar-se-á em seus assuntos, em todas as suas facetas. Se oegoísmo rege a sua conduta, é absolutamente certo que é verdadeiramenteegoísta. Se nos nossos tratos com os homens somos egoístas, também o somos emnossos tratos com Deus. "Porque quem não ama a seu irmão que pode ver, comopode amar a Deus que não se pode ver?" A religião não é meramente amar a Deus,

senão também amar o homem. Se em nossas transacções diárias mostramos quesomos egoístas, não somos convertidos; de outro modo a benevolência não éessencial à religião, e um homem pode ser religioso sem amar a seu próximo comoa si mesmo.

2. Se você não tem interesse na religião, os deveres religiosos não lhe interessam.Você acercar-se-á da religião como um trabalhador vai a sua tarefa, por amor aganhar a vida. O que trabalha encontra prazer em seu trabalho, mas não é por eleem si. Preferiria não fazê-lo se pudesse. Em sua natureza é uma tarefa, e se temalgum prazer nela é porque espera de antemão os resultados, ele sustém o bem-estar da família, ele incrementa a sua propriedade.

Este é precisamente o estado de algumas pessoas com respeito à religião.Aproximam-se dela como um enfermo toma sua medicina, porque desejam seus

efeitos e eles sabem que a necessitam, senão perecerão. É uma tarefa que nuncafariam pelo seu próprio valor. Suponhamos que um homem amasse trabalhar, comouma criança ama brincar. Eles fariam isto o dia todo e nunca ficariam cansados defazê-lo, sem nenhum outro motivo senão o prazer que eles auferem. Então, assim éna religião, onde a amam pelo seu próprio valor, não haverá desanimo nela.

3. Se o egoísmo é o carácter prevalecente da sua religião, tomará às vezes umaforma, às vezes outra. Por exemplo: se for um período de frieza geral na igreja, osconvertidos verdadeiros ainda desfrutariam em sua comunhão secreta com Deus,ainda que isto não chegará ao conhecimento dos demais. Mas a pessoa enganadanestes casos sente-se atraída pelo mundo. Agora, se os verdadeiros santos selevantam e fazem ruídos, falam da alegria em voz alta, de modo que a religiãocomeça a ser um tema de conversação outra vez; talvez algum destes enganados

comece a mover-se e parecerão mais diligentes que um verdadeiro santo. Ver-se-áimpelido por suas convicções e não por seus afectos. Quando não há interessepúblico, não sente a convicção; mas quando a igreja se desperta sente a convicçãoe vê-se impelido a mover-se, para ter quieta a sua consciência. É só um egoísmoem outra forma.

4. Se você é egoísta, a sua alegria na religião dependerá principalmente da firmezadas suas esperanças acerca do céu e não do exercício pleno de seus afectos. Seusgozos não são aplicar-se às coisas religiosas, senão a de uma natureza muitodistinta daquela dum verdadeiro santo. São em sua maioria meras antecipações.Quando se sente seguro para ir para o céu, então alegra-se muito na religião;depende tudo da esperança que sente ou não, não do amor, pelas coisas queespera. Ouve-se pessoas que perdem seu gozo na religião quando decresce sua

esperança. A razão é evidente. Amam a religião não por ela em si, senão que seugozo depende de sua esperança. Se os deveres da religião não sãos as coisas emque se alegra e se todos os gozos dependem da sua esperança, não tem umaverdadeira religião; tudo não passa de egoísmo.

Não digo que os verdadeiros santos não se gozam em sua esperança. Mas isto nãoé o principal neles. Pensam muito pouco em suas esperanças. Seus pensamentos seempregam e ocupam doutra coisa. A pessoa enganada, ao contrário, dá-se sempreconta de que não goza nos deveres da religião; só os cumpre porque confia que háum céu. Só tem o gozo nele como o homem que trabalha espera encontrar arecompensa de seu trabalho.

5. Se você é egoísta na religião, seus gozos serão principalmente em forma deantecipação. O verdadeiro santo desfruta já da paz de Deus e o céu começa já em

sua alma. Não somente tem a perspectiva da mesma, senão que a vida eterna jácomeçou realmente nele, em si. Tem fé, a que é a mesma substância das coisasque se esperam. Mais, tem já verdadeiros sentimentos celestiais nele. Goza de

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antemão gozos inferiores em grau, mas não distintos em natureza. Sabe que o céu já começou para ele e não está obrigado a esperar para provar os gozos da vidaeterna. Seu gozo está em proporção à sua santidade e não em proporção a suaesperança.

6. Outra diferença pela qual podemos saber se somos egoístas na religião é esta: apessoa enganada tem o propósito de obedecer, enquanto que o outro prefereobedecer. Esta é uma importante distinção e eu temo que poucas pessoas a façam.Multidões têm o propósito de obedecer e não preferem obedecer. Preferência é aescolha verdadeira, ou obediência do coração. Você frequentemente ouveindivíduos falarem que têm o propósito de fazer esse ou aquele acto de obediência,mas não o fazem. E eles contarão o quanto é difícil executar seus propósitos. Overdadeiro santo, por outro lado, realmente prefere e seu coração escolhe obedecere ele acha fácil obedecer. O primeiro tem o propósito de obedecer, como o quePaulo tinha antes de ser convertido, como nos conta no capítulo sete de Romanos.Ele tinha um propósito firme de obedecer, mas não obedecia, porque seu coraçãonão estava nisso. O verdadeiro convertido prefere obedecer pelo próprio valor daobediência; ele realmente escolhe isso, e faz isso. O outro se propõe a ser santo,porque ele sabe que é o único caminho para ser feliz. O verdadeiro santo escolhe a

santidade pelo seu próprio valor, pois ele é santo.7. O verdadeiro convertido e a pessoa enganada diferem também em sua fé. Overdadeiro santo tem confiança no carácter geral de Deus, que o conduz a umasubmissão a Deus sem atenuantes. É falado muito de classes de fé, sem muitosentido. A verdadeira confiança nas promessas especiais de Deus depende daconfiança no carácter geral de Deus. Só há dois princípios pelos quais se obedece aqualquer governo, humano ou divino, o temor e a confiança. Não importa se tratado governo da família, um barco, uma nação ou um universo. Num caso osindivíduos obedecem pela esperança à recompensa e o temor ao castigo. No outro,pela confiança no carácter do governo, que obra por amor. O outro cede numexterno de obediência, por esperança e por temor. O verdadeiro convertido tem afé e a confiança em Deus que lhe conduz a obedecer porque ama a Deus. Estaobediência é fé. Tem confiança em Deus, pelo que se submete totalmente à mão deDeus.

O outro tem só uma fé parcial, e só uma submissão parcial. O diabo tem esta féparcial. Crê e treme. Uma pessoa pode crer que Cristo veio para salvar aospecadores e baseando-se nisto submete-se para ser salvo; ao fazê-lo não sesubmete a ele, para ser governado por ele. Sua submissão é só uma condição paraser salvo. Nunca tem a confiança sem reservas no carácter de Deus que lhe conduza dizer: "Seja feita a tua vontade." Só se submete para ser salvo. Sua religião é areligião da lei. A do outro é a do Evangelho. A primeira é egoísta, a outrabenevolente. Aqui está a verdadeira diferença entre as duas classes. A religião deum é externa e hipócrita. A do outro é santa e aceitável a Deus.

8. Só mencionarei uma diferença mais. Se a sua religião é egoísta, você alegrar-se-

á de modo particular na conversão dos pecadores quando você tem participaçãonela, mas encontrará pouca satisfação quando tem lugar pela intervenção deoutros. A pessoa egoísta alegra-se quando tem actividade e êxito na conversão depecadores, pois pensa que terá recompensa como resultado. Mas não se deleitaquando é a obra de outros, na verdade o que sente é inveja. O verdadeiro santodeleita-se de modo sincero em que outros sejam úteis, regozija-se quando ospecadores se convertem graças à intervenção dos outros como se fosse pela suaprópria. Há alguns que tomam interesse num avivamento só enquanto lhes afectaem suas actividades, mas são indiferentes se os pecadores ficam sem se converterquando são salvos por obra dum evangelista ou um ministro que pertence a outradenominação. O verdadeiro espírito dum filho de Deus é dizer: "Senhor, envia aquem quiser, apenas que estas almas sejam salvas e teu nome seja glorificado."

V. Vou contestar a algumas objecções que se fazem contra este ponto de vista notema.

OBJEÇÃO 1. "Não tenho que ter interesse em minha própria felicidade?"

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Contestação. É próprio e justo que cada um se interesse em sua própria felicidade,desde que possa coloca-la numa escala relativa. Posta na balança com a glória deDeus e o bem do universo e apenas então decidir qual aquele valor que lhepertence. Isto é precisamente o que faz Deus. E isto é o que quer dizer quando nosmanda que amemos ao próximo como a nós mesmos.

Mais, de fato você vai fazer aumentar sua própria felicidade precisamente naproporção em que a deixe fora dos seus objectivos. A sua felicidade será emproporção do seu desinteresse. A verdadeira felicidade consiste principalmente nasatisfação dos desejos virtuosos. Pode haver prazer nas satisfações que sãoegoístas, mas não é uma felicidade verdadeira. Para serem virtuosos os desejosdevem ser desinteressados. Suponhamos que um homem vê um mendigo na rua;está ali sentado deprimido, sem amigos e vai perecer. O homem sente-se comovidoe compra-lhe um pão. O rosto do pobre brilha e seu olhar demonstra gratidão. Éevidente que a satisfação do homem que praticou o acto será em relação à purezade seu propósito. Se o fez só por benevolência, sua santificação é completa no actoem si. Se o fez por caridade em parte somente, não basta, necessita que seu actoseja reconhecido por outros. Suponhamos que se trata de um pecador no lugar domendigo. E que alguém, movido pela compaixão o conduz ao Salvador. O homem é

salvo. Se os motivos do que faz o acto são obter honra dos homens e assegurar-seo favor de Deus, este homem espera que seu acto seja feito público. Se seusmotivos são totalmente desinteressados, a satisfação é completa e a alegria semmistura. Nos deveres religiosos a felicidade está em proporção ao desinteresse.

Se o seu objectivo é fazer o bem em si mesmo e por si, logo você é feliz naproporção em que o faz. Mas se você persegue a própria felicidade, fracassará. Écomo a criança que persegue a sua sombra: nunca a alcança, sempre está adiantedele. Suponhamos pelo exemplo que dei, que você não tem o desejo de aliviar omendigo, mas considera simplesmente o provável aplauso de certos indivíduos queouvem sobre o que fez e comentam; só assim fica contente. Mas você não ficacontente pelo fato dele estar aliviado em si. Ou suponha que você aponta para aconversão de pecadores; mas se não é o amor aos pecadores que o leva a fazeristo, como pode a conversão de pecadores faze-lo feliz? Isso não tende a satisfazer,pois o desejo impulsionou o esforço. A verdade é que Deus constituiu a mente dohomem de tal forma que deve buscar a felicidade dos outros como seu objectivo,pois de contrário falha em sua intenção de poder encontrá-la. Aqui tem averdadeira razão pela que o mundo, mesmo buscando a sua própria felicidade enão a dos outros, não alcança o seu objectivo.

OBJEÇÃO 2. "Não considerou Cristo o gozo posto diante dele? Não teveconsideração Moisés à recompensa do premio: Não diz a Bíblia que amamos a Deusporque Ele nos amou primeiro?"

Resposta numero 1. É verdade que Cristo desprezou a vergonha e sofreu a cruz, econsiderou o gozo posto diante dele. Mas, Qual era este gozo posto diante dele?Não sua própria salvação nem sua própria felicidade, senão o grande bem que

resultaria da salvação do mundo. Ele era perfeitamente feliz em si. Seu objectivoera a felicidade dos outros. Este é o gozo proposto a Cristo. E o alcançou.

Resposta número 2. Moisés tinha considerado a recompensa do prémio. Mas, erapara seu próprio bem-estar? De modo algum. A recompensa do prémio era asalvação do povo de Israel. O que disse? Quando Deus lhe propôs destruir a nação efazer dele uma grande nação, se Moisés tivesse sido egoísta teria dito: "Bem,Senhor, seja feito segundo aquilo que dizes." Mas, porque contestou? Seu coraçãoestava posto na salvação de seu povo, na glória de Deus e não quis pensar nem ummomento em si mesmo. "Se queres, perdoa-lhes seu pecado; e se não, tira-me deteu livro em que escreveu meu nome." E agregou: "Se os destróis, os egípciossaberão e todas as nações dirão: Jeová não pôde levar seu povo a uma terraprometida." Moisés não podia consentir na ideia de que seus próprios interessesfossem exaltados às custas da glória de Deus. Para sua mente benevolente, o maiorpremio era a glória de Deus e a salvação dos filhos de Israel, antes de qualquervantagem pessoal que pudesse cair sobre ele.

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Resposta número 3. Na expressão "amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro" éevidente que cabem duas interpretações: pode ser que seu amor nos tenhaproporcionado o caminho para que o devolvamos e a influência que nos foi feitaque lhe amemos, ou talvez que o amemos pelo favor que tenha feito a nós. Éevidente que o sentido não é este último, pois Jesus Cristo mesmo reprovou demodo expresso o princípio em seu sermão no monte: "Se amardes os que vos

amam, que recompensa tereis? Não fazem os cobradores de impostos também omesmo?" Se amamos a Deus não por seu carácter, senão por seus favores, JesusCristo mesmo nos reprova.

OBJEÇÃO 3. "Não oferece a Bíblia a felicidade como recompensa pela virtude?"

Resposta. A Bíblia fala da felicidade como resultado da virtude, mas nunca diz que avirtude consiste em perseguir a própria felicidade. A Bíblia em seu espírito é opostaa isto e representa a virtude como fazer o bem a outros. Se a pessoa deseja o bemdos outros, será feliz em proporção da satisfação desse mesmo desejo. A felicidadeé o resultado da virtude, mas a virtude não consiste na busca da própria felicidade,o qual seria uma incoerência.

OBEJEÇÃO 4. "Deus procura nossa própria felicidade, e temos nós que ser mais

benevolentes que Deus? Não temos que ter como objectivo o mesmo objectivo deDeus? Não deveríamos buscar o mesmo que Deus busca?"

Contestação. Esta objecção não só é enganosa, senão fútil e tortuosa. Deus ébenevolente para outros. Ele procura a felicidade de outros, a nossa. Se formoscomo Ele, temos que procurar isto mesmo, deleitar-nos em sua felicidade e glória ea glória e honra do universo, segundo seu valor real.

OBEJÇÃO 5. "Porque é que a Bíblia apela continuamente às esperanças e temoresdos homens, se o considerar a própria felicidade não tem como ser motivo paratal?"

Resposta número 1. A Bíblia apela à constituição mental do homem, mas não apelaao seu egoísmo. O homem teme o dano e não há nada de mal em evitá-lo. Podemoster o devido respeito pela nossa felicidade, segundo seu valor.

Resposta número 2. Novamente, a humanidade tem sido embrutecida pelo pecadoe Deus não pode conseguir que os homens considerem seu verdadeiro carácter e asrazões que tem para amá-lo, a menos que apele às suas esperanças e temores. Masquando são despertados, então se apresenta-lhes o Evangelho. Quando um ministroprega sobre os terrores do Senhor até que tenha conseguido alarmar a seusouvintes e desapertá-los, então eles prestarão atenção; mas assim que haja sidoentendido, deve-lhes então apresentar o carácter de Deus completo diante de seusolhos, para conseguir que seus corações O amem por sua própria excelência.

OBJEÇÃO 6. "Não dizem os autores inspirados: Arrependam-se e creiam noEvangelho e sereis salvos?"

Resposta. Sim, mas requer-se o "verdadeiro" arrependimento; isto é, o abandonar o

pecado porque é odioso em si. Não é um arrependimento verdadeiro abandonar opecado como condição do perdão, ou dizer: "Vou sentir remorso pelos meuspecados, se me perdoares." Do mesmo modo que se requer verdadeira fé everdadeira submissão; não uma fé condicional, ou uma submissão parcial. Isto é oque a Bíblia diz. Diz que seremos salvos mas deve ser por meio do arrependimentodesinteressado, a submissão desinteressada.

OBJEÇÃO 7. "Não apresenta o Evangelho o perdão como um motivo para asubmissão?"

Resposta. Depende do sentido em que se usa a palavra motivo. Caso se queiradizer que Deus apresenta diante dos homens o seu carácter e toda a verdade, comorazões para motivar o pecador ao amor e ao arrependimento, digo: Sim. Suacomparação e sua boa vontade para perdoar são razões para amar a Deus, porquefazem parte da sua gloriosa excelência, que temos que amar. Mas se queremos terpor "motivo" uma condição, que o pecador está arrependido sobre a condição de

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ser perdoado, então digo que a Bíblia não defende em nenhum lugar este ponto devista sobre o assunto. Nunca autoriza o pecador a dizer: "Vou-me arrepender se meperdoares" e não oferece o perdão como motivo para o arrependimento nestesentido.

Vou terminar com dois comentários.

1. Vemos, ao falar deste tema, porque é que os que professam religião têm pontosde vista tão diferentes a respeito a natureza do Evangelho.

Alguns o consideram como um mero assunto de acomodação ou facilitação para ahumanidade, por meio do qual Deus se faz menos restrito do que era através da lei;e que assim podem seguir a moda e viver como mundanos e que o Evangelho virápara compensar as diferenças e salvá-los. Os outros vêem o Evangelho como umaprovisão da benevolência divina, cuja principal intenção é destruir o pecado epromover a santidade e que portanto, em vez de tornar possível o ser menos santosdo que eram sob a lei, todo o valor consiste no poder de torná-los mais santos.

2. Vemos o porquê de que algumas pessoas têm muito mais interesse em converteros pecadores, do que em ver a igreja santificada e a glorificar Deus através dasboas obras do seu povo.

Muitos sentem uma simpatia natural pelos pecadores e querem salva-los do inferno;e se são ganhos já não terão com que se preocupar. Mas os verdadeiros santossentem-se mais afectados pelo pecado como uma desonra a Deus. E estes estãomais afligidos ao ver que os cristãos pecam, porque ainda desonram mais a Deus.Parece que alguns não se preocupam muito com como vive a igreja tantoconquanto a obra da conversão siga adiante. Há os que não sentem ânsias de queDeus receba honra acima de tudo. Mostram que não são activados por amor àsantidade, senão por mera compaixão pelos pecadores.