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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM - CIEPH
CURSO DE ESPECIALISTA EM ACUPUNTURA
FERNANDA TRAJANO DE VARGAS
ANÁLISE DA EFICÁCIA DA ACUPUNTURA COMO MÉTODO DE
TRATAMENTO PARA AS ALTERAÇÕES DO SONO
FLORIANÓPOLIS, JULHO DE 2009.
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FERNANDA TRAJANO DE VARGAS
ANÁLISE DA EFICÁCIA DA ACUPUNTURA COMO MÉTODO DE
TRATAMENTO PARA AS ALTERAÇÕES DO SONO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de especialista em Acupuntura do Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem, CIEPH. Orientadores Técnicos: Prof. Lee Gi Fan, Stella Maris de Souza e Kris Artieiro.
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FLORIANÓPOLIS, JULHO DE 2009. FERNANDA TRAJANO DE VARGAS
ANÁLISE DA EFICÁCIA DA ACUPUNTURA COMO MÉTODO DE
TRATAMENTO PARA AS ALTERAÇÕES DO SONO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de especialista em Acupuntura do Centro Integrado de Estudos e Pesquisa do Homem, CIEPH. Orientadores Técnicos: Prof. Lee Gi Fan, Stella Maris de Souza e Kris Artieiro.
Florianópolis, julho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
Presidente:
1° Examinadora:
2° Examinadora:
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Com todo meu carinho, dedico este trabalho à minha mãe Lorete, que sempre esteve ao meu lado e que é o motivo da minha dedicação e busca do trabalho e sucesso.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente e me iluminando pelos caminhos e de
onde tiro minha fé para alcançar meus ideais.
A minha família, por estar presente em todos os momentos e tornarem
possível a realização do meu sonho e pela confiança a mim dispensada.
Ao Leonardo, que mesmo estando longe, sempre teve paciência e me
deu forças para continuar nesta trajetória.
Aos meus orientadores Lee Gi Fan, Stella Maris e Kris Artieiro pela
atenção e contribuição.
Aos meus colaboradores Dra. Michelle Krás Alves, da Angiofisio Clínica
Médica e ao Dr. Fernando Moreira da Crifisio Fisioterapia e Estética, onde fui muito
bem recebida, incentivada e auxiliada para a conclusão deste trabalho.
Aos amigos que nesse período passaram por minha vida e que jamais
serão esquecidos em especial à que me hospedou na capital, Clarice Rabelo. Todos
vocês contribuíram de uma forma ou de outra para o meu crescimento pessoal.
Valeu!
O que tenho a dizer a todos vocês é Muito Obrigada!!!
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“Quero um dia poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... E que valeu a pena”. Mário Quintana
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RESUMO
Nos dias de hoje as queixas relacionadas ao sono são muito comuns. É um problema que acarreta conseqüências médicas, sociais e psicológicas que de forma crônica estão associadas ao cansaço, alterações de concentração e memória, diminuição do rendimento intelectual, da capacidade de realização das tarefas diurnas entre outras. A acupuntura continua em evolução até os dias atuais e vem crescendo o número de pesquisas científicas na área, o que já levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a criar uma lista de patologias que podem ser tratadas através da Acupuntura. A pesquisa caracterizou-se como básica, quali e quantitativa, de caráter exploratório e descritivo, ex post facto, bibliográfica e de levantamento de dados. O objetivo do trabalho foi analisar as influências da Acupuntura no tratamento dos distúrbios do sono. Os resultados obtidos permitiram evidenciar que a maioria dos pacientes relatou melhora na qualidade do sono e de suas alterações decorrentes após o tratamento através da acupuntura. Palavras-chave: Alterações do Sono. Qualidade do sono. MTC. Acupuntura.
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ABSTRACT
In the days today the complaints related to the very common healthy sleep. It is a problem that carts consequences medical, social and psychological that in a chronic way they are associated to the fatigue, concentration alterations and memory, decrease of the intellectual revenue, of the capacity of accomplishment of the tasks of the day among others. The acupuncture is one of the therapeutic procedures that compose the Chinese Traditional Medicine (MTC) and literatures of 500 exist–300 B.C. que já descreviam suas teorias básicas. The acupuncture continues in evolution until the current days and it is increasing the number of scientific researches in the area, what already took the World Organization of Health (OMS) to create a list of pathologies that you/they can be treated through the Acupuncture. It is also recognized as a specialty of the physiotherapist, being quite used as complement for other types of treatments fisioterapêutico. The research was characterized as basic, quali and quantitative, of exploratory character and descriptive, former post facto, bibliographical and of rising of data. The objective of the work was to analyze the influences of the Acupuncture in the treatment of the disturbances of the sleep. The obtained results allowed to evidence that most of the patients told improvement in the quality of the sleep and of your current alterations after the treatment through the acupuncture. Key-words: Alterations of the Sleep. Quality of the sleep. MTC. Acupuncture.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Símbolo do Yin e Yang ................................................................................. 38
Figura 2 – Princípio de Geração (regra “mãe-filho”) e de Dominância
(regra “avô-neto”) .......................................................................................................... 41
Figura 3 – Representação da Geração dos Cinco Elementos ...................................... 42
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Representações Yin e Yang ........................................................................ 39
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Fatores que Melhoram a Qualidade do Sono ............................................. 19
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Classificação Quanto à Idade e sexo .......................................................... 58
Gráfico 2 – Classificação Quanto ao Uso de Medicação Indutora do sono ................... 60
Gráfico 3 – Classificação Quanto ao Início do tratamento de Acupuntura e número de
sessões realizadas ........................................................................................................ 61
Gráfico 4 – Classificação Quanto à Percepção de Melhora no Sono e Período de
Término do tratamento .................................................................................................. 63
Gráfico 5 – Classificação Quanto ao Horário de Deitar-se e Dificuldade Para Iniciar o
Sono .............................................................................................................................. 64
Gráfico 6 – Classificação Quanto aos Sintomas Diurnos I ............................................ 65
Gráfico 7 – Classificação Quanto à Melhora dos Sintomas Diurnos I ........................... 66
Gráfico 8 – Classificação Quanto aos Sintomas Diurnos II ........................................... 67
Gráfico 9 – Classificação Quanto à Melhora dos Sintomas diurnos II ........................... 68
Gráfico 10 – Classificação Quanto à Qualidade do Sono ............................................. 69
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a.C. – Antes de Cristo.
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AVC – Acidente Vascular Cerebral
AVD’s – Atividades da vida Diária
COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
EEG – Eletroencefalograma
FC – Freqüência Cardíaca
FR – Freqüência Respiratória
HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica
MTC – Medicina tradicional Chinesa
NSQ – Núcleos Supraquiasmáticos
OMS – Organização Mundial de Saúde
PA – Pressão Arterial
SNC – Sistema Nervoso Central
SNAS – Sistema Nervoso Autônomo Simpático
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 18
2.1 Sono e Qualidade de vida ....................................................................................... 18
2.1.1 Considerações anátomo-fisiológicas .................................................................... 21
2.1.2 Arquitetura e Estágios do Sono ............................................................................ 23
2.1.3 O Ritmo Circadiano .............................................................................................. 25
2.2 Distúrbios do Sono .................................................................................................. 26
2.2.1 Fatores que Prejudicam o Sono ........................................................................... 28
2.2.2 Sono NREM ou sincronizado ............................................................................... 31
2.2.3 Sono REM ou dessincronizado ............................................................................ 32
2.2.4 Alterações do Sono e Tratamento Farmacológico ............................................... 33
2.3 Medicina Tradicional Chinesa ................................................................................. 35
2.3.1 Teoria Yin e Yang ................................................................................................. 37
2.3.2 Os Cinco Elementos ou Cinco Movimentos ......................................................... 40
2.3.3 Teoria dos Zang Fu (órgão e vísceras) ................................................................ 43
2.3.4 Teoria dos Meridianos ou Canais de Energia (Jing Luo) ...................................... 46
2.3.5 Conceito e História da Acupuntura ....................................................................... 47
2.3.6 Mecanismo de ação da Acupuntura ..................................................................... 49
2.3.7 Pontos de Acupuntura .......................................................................................... 51
2.3.8 A Origem das Doenças e o Diagnóstico na MTC ................................................. 52
2.4 A Acupuntura na Fisioterapia .................................................................................. 54
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3 METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................... 56
3.1 Tipo de Estudo ........................................................................................................ 56
3.2 População e Amostra .............................................................................................. 56
3.3 Técnicas de Coleta de Dados ................................................................................. 57
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................................... 58
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 72
APÊNDICES ................................................................................................................. 76
15
1 INTRODUÇÃO
Queixas relacionadas ao sono como não dormir tempo suficiente ou
dormir demais, dificuldade para iniciar ou manter o sono, sintomas que afetam o dia-
a-dia devido à noite mal dormida afetam quase que todas as pessoas em algum
momento da vida (REITE et al, 2004).
Todos os seres humanos necessitam dormir. Uns mais que outros, como
recém-nascidos e crianças mais que adolescentes e alguns adultos mais que outros.
A necessidade é diferente de acordo com cada pessoa, mas o fato é que o sono é
uma necessidade básica do organismo (FOULKES, 1970).
O sono também é uma resposta à fadiga e é quando corpo e mente
podem descansar. Nas últimas décadas vêm aumentando o número de pesquisas
que mostram as alterações de processos físicos durante o sono, mas este ainda é
um campo aberto para muitas especulações (LAVERY, 1998).
A insônia atualmente já é considerada um assunto de saúde pública e
com conseqüências médicas, sociais e psicológicas e quando crônica está
associada a déficits de memória e concentração, ansiedade e depressão,
irritabilidade, diminuição do rendimento profissional e até mesmo aumento do risco
de acidentes (PINTO JR, 2004).
A Medicina Tradicional Chinesa vem migrando fronteiras e hoje, mais de
um quarto da população mundial vem buscar nela cuidados com a saúde. Mas claro
que também não podemos viver sem a medicina moderna (CLAVEY, 2000).
A Acupuntura é uma especialidade do Fisioterapeuta, onde sua técnica
baseia-se na estimulação de certos pontos através da inserção de agulhas, e estes
estímulos provocam alterações no SNC. Hoje em dia a acupuntura está cada vez
16
mais com credibilidade e fundamentos científicos comprovados na cura de diversas
doenças (ALVES, 2004).
Tendo em vista os pressupostos teóricos, formulou-se a seguinte questão
problema: A acupuntura apresenta resultados como método de tratamento para as
alterações do sono?
Para responder provisoriamente a esta questão, foram formuladas as
seguintes hipóteses:
a) Incluem-se fatores como condições para dormir, ingestão de alimentos
e bebidas, atividades inapropriadas na cama, ambiente com ruídos e luminosidade
inadequada entre outros. Estes tipos de fatores são conhecidos como a higiene do
sono (LAVERY, 1998).
b) Sugere-se que a acupuntura seja um método de tratamento que
busque tratar em seus pacientes os sintomas e condições gerais. Através da MTC é
feito um diagnóstico e elaborado um plano de tratamento. As causas da insônia
podem ser um excesso de Yang no coração. Quando a vesícula biliar está
congestionada havendo estagnação de alimento onde o estômago não está em
harmonia o sono não está tranqüilo (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992).
c) Acredita-se que o tratamento através da acupuntura nos distúrbios do
sono beneficie as alterações decorrentes, como cansaço, alteração de memória e
concentração, diminuição do rendimento intelectual e da capacidade de realização
das tarefas diurnas, melhora da qualidade do sono e conseqüentemente uma
melhora da qualidade de vida.
O objetivo geral do trabalho é analisar as influências da Acupuntura no
tratamento das alterações do sono. Dentro desse objetivo geral, há objetivos
específicos como a analisar os fatores que contribuem para as alterações do sono;
17
identificar a importância da Acupuntura e seu mecanismo de ação; identificar o modo
que a acupuntura contribui para o paciente portador de alterações no sono; divulgar
os resultados obtidos, a fim de contribuir para a ampliação dos conhecimentos em
relação a esta que é uma especialidade do fisioterapeuta.
De acordo com as literaturas mais antigas estudadas pelo acupunturistas,
algumas das teorias da MTC são difíceis de acreditar devido à cultura atual que
modifica todo nosso intelecto. Mas cada vez mais as pesquisas vem demonstrando
os grandes valores e resultados obtidos com a técnica da acupuntura, com novas
pesquisas que buscam explicar os efeitos fisiológicos da acupuntura no corpo (VAL
HOPWOOD, 2001).
Alguns estudos afirmam que a estimulação dos pontos possibilita um
acesso direto ao SNC e estudos morfofuncionais identificaram que os possíveis
receptores destes pontos são plexos nervosos, elementos vasculares e feixes
musculares. Os órgãos Tendinosos de Golgi e os terminais de Krause também
teriam participação (SCOGNAMILLO-SZABÓ et al, 2001).
É cada vez mais crescente a busca por terapias complementares para a
saúde, e as que mais se destacam são o uso de plantas, a homeopatia e a
acupuntura. Os relatos de cura são muitas vezes espetaculares e têm produzido
cada vez mais impactos nas pesquisas (PALMEIRA, 1990).
A insônia é uma queixa muito comum na população e um dos sintomas
mais relatados nos consultórios médicos. Mas ainda existem poucos estudos na
área e que detectem a prevalência da insônia (REIMÃO, 1999).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sono e Qualidade de vida
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De acordo com a lista da Classificação Internacional dos Distúrbios do
sono, existem 84 tipos de distúrbios, sendo prevalente a insônia. No Brasil, os dados
apontam que 25 a 35% da população adulta de grandes cidades apresenta insônia
(REIMÃO, 1999).
Atualmente, a Classificação Internacional dos Transtornos do sono
(American Academy of Sleep Medicine, 2000) relata mais de 170 alterações do
sono, testemunhando o avanço das pesquisas na área (REITE et al, 2004).
O sono produz efeitos fisiológicos sobre o sistema nervoso e sobre outros
sistemas funcionais do corpo. Um tempo de vigília prolongado pode causar um mau
funcionamento das atividades mentais e até comportamentos anormais, ficando a
pessoa irritada e nos casos mais graves até mesmo psicótica (GUYTON, 2002).
Cada vez mais as pessoas estão buscando um conhecimento do próprio
corpo e de seus cuidados. Geralmente o objetivo comum é reduzir o estresse físico e
emocional. O número de evidências científicas sobre a importância de um estilo de
vida saudável vem aumentando cada vez mais, mas ainda existe um número
significativo de pessoas desinformadas ou desinteressadas pelo assunto (SCHEMIN,
2003).
Os fatores que contribuem para a melhora da qualidade do sono estão
antes mesmo da pessoa ir para a cama, como evitar estimulantes (cafeína,
refrigerantes e medicamentos), que podem diminuir o sono profundo e levar a
despertares noturnos mais freqüentes. E existem também outros fatores como os
descritos no quadro a seguir:
Quadro 1 – Fatores que melhoram a qualidade do sono
19
Fonte: NIEMAN, 1999.
Privar-se do sono pode causar efeitos devastadores. Em experiências
com animais em laboratórios comprovou-se que quando privados do sono poderiam
ser levados à morte. O sono é tão essencial para nossas vidas como a alimentação
e a respiração (BEAR, 2002). Houve um estudo onde um grupo de ratos que foram
privados do sono morreram entre 10 e 20 dias, além de terem apresentado sintomas
como perda de peso, consumo excessivo de alimentos, aumento da FC e do gasto
energético (SIEGEL, apud MILIOLI, 2005).
Não existem dúvidas de que o estilo de vida afeta a qualidade do sono.
Os fatores que contribuem para a rotina do sono fazem parte da chamada higiene do
sono. Uma melhora da higiene do sono pode trazer benefícios na sua qualidade,
mas não resolve problemas crônicos. É muito raro também que fatores externos
exclusivamente causem doenças do sono (LAVERY, 1998).
Em vários países existem regulamentações específicas feitas através de
órgãos governamentais, que buscam identificar motoristas que possam vir a ter
alterações do sono. No Brasil, há um estudo feito com 1000 motoristas que
demonstra que 254 deles já se envolveram em um ou mais acidentes de trânsito
- Regularidade dos horários para manter o ritmo biológico em ordem;
- Dormir num bom colchão; - Não fumar, pois a nicotina é mais estimulante que a cafeína e não ingerir álcool, pois o álcool pode suprimir o sono REM e o sono profundo NREM e causa alterações entre os estágios do sono; - Tentar afastar as preocupações; - Não deitar-se com o estômago vazio ou mesmo muito cheio, pois o trabalho digestivo forçado à noite também pode interferir no sono; - Fazer exercícios físicos regularmente. É comprovado que o exercício melhora o sono e alivia as tensões acumuladas ao longo do dia. Mas deve salientar-se que o exercício não deve ser realizado até a exaustão. Atividades como caminhada ou pedalada de 20 a 30 minutos de duas a três vezes por semana já são suficientes, e o ideal seria que fossem realizadas no final da tarde.
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ocasionados por algum tipo de alteração do sono, como por exemplo, sonolência
excessiva e até mesmo certos “cochilos” ao volante (WEBER e MONTOVANI, 2002).
Os problemas do sono já são considerados como uma epidemia moderna,
sobrecarregando corpo e mente. Quando as pessoas tentam adaptar-se às
atividades cotidianas acabam diminuindo as horas de sono, e quando tentam dormir
já não conseguem porque o cérebro sofre as conseqüências do estresse diário.
Essa seqüência acaba comprometendo a saúde, reduzindo a produtividade,
alterando o humor e aumentando o risco de acidentes entre outros (REIMÃO, 1999).
Os indivíduos que apresentam queixas relacionadas ao sono geralmente
são acometidos por uma diminuição da qualidade de vida, alteração de
concentração e memória, diminuição da capacidade de realização das tarefas
diurnas e tem também suas relações interpessoais afetadas (REITE, 2004).
Todos sabemos da importância da saúde do nosso corpo, mas muitos só
se preocupam com isso quando já estão debilitados ou ameaçados. As pesquisas
vêm demonstrando que as mudanças comportamentais são bastante significativas
na prevenção e controle de doenças. O ideal seria que todos os jovens já tivessem
consciência de um estilo de vida saudável e bons hábitos, a fim de evitar influências
na meia idade e na velhice (NAHAS, 2001).
É comprovado que a prática de exercícios físicos contribuem na qualidade
do sono. Desde que sejam praticados moderadamente, caso contrário também
podem prejudicar o sono. O ideal seria que as atividades que elevam a temperatura
corporal e aumentam a sudorese não sejam praticadas próximo da hora de se deitar,
porque o corpo e cérebro não conseguirão atingir as temperaturas mais baixas que
são necessárias para um sono profundo (NIEMAN, 1999).
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2.1.1 Considerações anátomo-fisiológicas
Uma das definições para o sono é que ele seria um estado fisiológico
complexo, mas com uma interação cerebral completa, porém com alterações de
processos comportamentais e fisiológicos. É um estado onde a pessoa está
inconsciente, mas pode ser despertada através de estímulos, ao contrário do estado
do coma onde a pessoa não pode ser despertada. É organizado por fases que são
diferenciadas nos traçados eletroencefalográficos (GEIB et al, 2003; NIEMAN, 1999
e BEAR, 2002).
Antigamente o ciclo sono-vigília era atribuído apenas a estruturas do
tronco encefálico e tálamo. Atualmente, sabe-se que os sistemas hipotalâmicos
estão envolvidos neste estado complexo e que ainda tem muito a ser explorado
sobre o sono. As três subdivisões hipotalâmicas importantes no ciclo sono-vigília
são: hipotálamo anterior, responsável pelo início e manutenção do sono NREM e
ritmo circadiano e hipotálamo posterior e lateral, responsáveis por promover a vigília
(ALOÉ et al, 2005).
Quando estamos acordados, temos energia para atividades físicas e
mentais, um estado “catabólico” onde se gasta energia. E quando estamos dormindo
é como se estivéssemos num estado “anabólico”, onde ocorre a conservação de
energia, os níveis de adrenalina e corticoesteróides diminuem e o corpo começa a
produzir o hormônio de crescimento. Isso mostra a importância do sono para o
crescimento das crianças (LAVERY, 1998).
Estudos afirmam que a estimulação de algumas áreas do cérebro podem
produzir o sono comparável ao sono natural. Essa área é conhecida como núcleos
da rafe, situada na metade inferior da ponte e no bulbo. Suas fibras estão
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espalhadas em direção ao tálamo, hipotálamo, algumas áreas do sistema límbico e
ao neocértex do cérebro. Considera-se que muitas das terminações da rafe
secretam serotonina, substância transmissora que está associada à produção do
sono, mas sabe-se também que junto com ela existe outra substância que também
atua no sono, mas que ainda não está identificada (GUYTON, 2002).
Os núcleos supraquiasmáticos são estruturas localizadas no hipotálamo
anterior com aproximadamente 10.000 células e comandam o relógio biológico
capaz de gerar o ritmo a partir de influências internas ou do meio ambiente. O ciclo
claro-escuro é um fator ambiental de grande importância que muda a fase do relógio
circadiano através de eventos no interior das células do núcleo supraquiasmático
(NSQ) transmitindo a informação de claridade e escuridão através do trato retino-
hipotalâmico da retina (receptor da informação) para o NSQ (ALOÉ et al, 2005; GEIB
et al, 2003 e ALMONDES et al, 2003).
As hipocretinas (de origem do hipotálamo posterior) projetam para áreas
como o córtex, tronco encefálico e medula espinhal (exceto cerebelo) axônios
excitatórios que são responsáveis por regular o ciclo sono-vigília entre outras
funções. Possuem função na manutenção do alerta e ficam elevadas na privação do
sono. Apresentam atividade máxima durante a vigília e ausência no sono NREM e
REM (ALOÉ et al, 2005).
As pessoas e animais possuem um relógio biológico que atua
paralelamente aos ritmos externos. Por exemplo, mesmo num ambiente bastante
iluminado, este relógio interno sabe quando está chegando a noite e prepara o corpo
para o descanso. Para os pesquisadores do sono, este relógio é chamado de ritmo
circadiano (LAVERY, 1998 e ALMONDES et al, 2003).
23
O sono é tão importante quanto a alimentação e até mesmo quanto ao ato
de respirar. Mas muitas são as perguntas sobre qual a necessidade de dormirmos e
sobre as funções do sono. E a certeza comprovada é de que o sono vence a
sonolência. Ainda existe muita falta de consenso em relação aos estudos sobre o
sono, e com isso ocorre a abertura de um enorme campo de hipóteses e pesquisas
a respeito (BEAR, 2002).
2.1.2 Arquitetura e Estágios do Sono
Todos os seres humanos têm a necessidade de dormir. Uns mais do que
outros, assim como os recém-nascidos e crianças mais que os adolescentes e
alguns adultos mais que outros, sendo que é diferente a necessidade de cada
pessoa, mas é para todos uma necessidade básica do organismo (FOULKES, 1970).
Normalmente um adulto requer em média de 7 a 8 horas de sono por dia,
onde ocorrem alguns despertares noturnos que correspondem a apenas 5% do
tempo total na cama. Um adulto passa em média 30% do tempo sonhando, 20% em
sono profundo e 50% em sono leve (GEIB et al, 2003 e PINTO JR, 2001).
Algumas pesquisas realizadas recentemente sugerem que o tempo de
sono pode variar de 5 a 10 horas por noite. Depende da necessidade de cada
pessoa. A melhor medida seria a qualidade do sono e não sua quantidade (BEAR,
2002).
De acordo com a idade, a arquitetura do sono sofre alterações, como uma
diminuição da latência do sono REM, aumento de despertares noturnos e diminuição
da eficiência do sono (PINTO JR, 2001).
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A etiologia de alguns transtornos do sono, como transtornos primários,
não tem relação com uma afecção psiquiátrica ou dependência de fármaco,
sugerindo assim que pode ser uma alteração do mecanismo que regula o ciclo sono-
vigília, sendo que este pode ser agravado por alguns fatores (MONTI, 2000).
Alguns estudos mostram que existe uma porcentagem significativa de que
pessoas com queixas em relação ao sono apresentem algum tipo de transtorno
psiquiátrico primário. Por exemplo, o transtorno de humor, principalmente a
depressão, que está entre as patologias mais estudadas em relação aos fatores do
sono (REMESAR-LOPES e RIBEIRO, 2001).
Era pouco significativo o conhecimento sobre os ciclos do sono até a
introdução do monitoramento das ondas do cérebro. Este conhecimento foi obtido
com o desenvolvimento das máquinas de eletroencefalograma (EEG) para o registro
das atividades elétricas do cérebro, permitindo que os cientistas monitorassem os
tipos de sono e relacionassem com as atividades do cérebro e mudanças fisiológicas
nas diferentes fases do sono (LAVERY, 1998).
A polissonografia mostra alterações na indução, continuidade e estrutura
do sono. Mostra que o tempo de vigília após o início do sono é superior a 60-90
minutos e que geralmente a pessoa acorda com uma freqüência maior que 10 vezes
na noite, sendo assim o tempo total de sono é inferior a 80-85% do tempo que a
pessoa está na cama e dorme (MONTI, 2000 e PINTO JR, 2001).
A polissonografia registra as mudanças fisiológicas durante o sono como
a FC, esforço respiratório, saturação de oxigênio, estadiamento do sono, quantifica
os movimentos oculares, verifica o fluxo aéreo entre outros. Num conjunto é possível
fazer uma avaliação detalhada do sono do paciente (REITE et al, 2004).
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São as características funcionais, elétricas e comportamentais que
classificam o sono em fases NREM e REM. As características do sono NREM são
ondas lentas ou sincronizadas. Nesta fase inicia-se o sono que vai aprofundando-se
gradativamente e com isso as ondas cerebrais vão se tornando mais lentas. E as
características do sono REM ou sono ativo é que ele ocorre em intervalos regulares
após um ciclo completo de sono NREM. É nessa fase que ocorrem os sonhos e
corresponde a 20-25% do tempo total de sono (GEIB et al, 2003).
Quando nos deitamos para dormir passamos pelo estágio 1 que é o de
vigília relaxada. Após para o estágio 2 onde o sono vai aprofundando-se até o
estado delta que é o estágio 3 e 4, tudo isso a mais ou menos de 30 a 45 minutos
após o início do sono. Esse estágio dura mais ou menos uma hora, retorna ao
estágio 2 e após inicia-se o sono REM (STEIN e COSTA apud MILIOLI 2005).
Fase I: (adormecimento): corresponde ao desaparecimento do ritmo alfa e
uma atividade de dessincronização. Diminui a atividade cerebral e sinais vitais.
Ocorrem pensamentos parecidos com sonhos (CAMBIER et al, 1999 e NIEMAN,
1999).
Fase II: (sono leve): atividade cerebral lenta (CAMBIER et al, 1999).
Fase III e IV: lentificação acentuada do traçado no EEG. Sono profundo
(CAMBIER et al, 1999 e NIEMAN, 1999).
2.1.3 O Ritmo Circadiano
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Circadiano vem do latim circa diem e significa quase um dia. Trabalha
num ciclo de 24 horas regulando os ritmos do corpo que vão desde ingestão,
eliminação e temperatura corporal agindo através de nervos e transmissores
químicos do SNC distribuindo as atividades biológicas, sofrendo influências de
fatores ambientais e sociais (LAVERY, 2003 e GEIB et al, 2003).
O ritmo circadiano do ciclo sono vigília, quando em condições naturais
apresenta sincronização com fatores ambientais. A alternância entre claro e escuro,
que resulta da rotação da Terra, horários de trabalho, lazer e escola, atividades
familiares são fatores exógenos que fazem parte dessa sincronização (ALMONDES
et al, 2003 e BEAR, 2002).
Os mecanismos do sono são bastante complexos, mas os estudos
descrevem dois sistemas neuroanatômicos que interagem reciprocamente na
sincronização do ciclo sono-vigília que são os Sistemas Indutores do Sono, que
mantém o estado de alerta e capacidade de concentração, e o Sistema Indutor da
Vigília que atua na alternância dos diferentes estágios do sono (GEIB et al, 2003).
Estudos indicam que o sono é regulado por um mecanismo distinto do
ritmo circadiano, pelo fato também de que para que ocorra uma regulação do
mecanismo claro-escuro deve haver um mecanismo fotossensível para regular o
relógio encefálico, o NSQ o faz através do tracto retino-hipotalâmico, onde os
axônios das células ganglionares da retina realizam a conexão com os dendritos dos
neurônios dos NSQ, então essa aferência da retina é necessária para arrastar os
ciclos do sono e vigília para o dia e a noite (BEAR, 2002).
2.2 Distúrbios do Sono
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O conceito de insônia nos parece claro, mas algumas noções fazem parte
de um consenso para sua definição, como o tempo de sono necessário para que o
organismo se sinta preparado para a vigília do dia seguinte, sendo que este é um
tempo individual, e também as conseqüências diurnas da insônia, além das
alterações cerebrais mostradas no EEG (REIMÃO, 1999).
Os transtornos primários do sono são subdivididos em dissonias que
podem ser sonolência excessiva diurna ou dificuldade para iniciar e/ou manter o
sono, presença de sono não reparador, e em parassonias, que são condutas
anormais relacionadas ao sono, como por exemplo, o sonambulismo. Um sono não
reparador, que é insuficiente, pode comprometer as atividades diurnas e mentais
durante o dia (MONTI, 2000 e SOUZA, 2004).
Os distúrbios do sono estão cada vez mais comuns, tanto quanto a asma,
por exemplo. Porém, poucas pessoas mencionam aos médicos suas dificuldades
para dormir ou mesmo não procuram os cuidados da saúde para isso, dificultando o
diagnóstico e tratamento. E a insônia quando crônica pode refletir em distúrbios
psicológicos e comportamentais causando prejuízos à saúde do indivíduo (MCCALL
apud SOUZA, 2004).
E as parassonias são manifestações durante o sono que não levam à
sonolência diurna ou sono não reparador. E requer apenas uma orientação aos
pacientes. Podem ser caracterizadas com o sono de ondas lentas com
sonambulismo, terror noturno e estado de confusão ao despertar. E relacionadas ao
sono REM podem estar os pesadelos, paralisias (PINTO JR, 2001).
A dificuldade de iniciar ou manter o sono insônia, que pode ser
classificada de diversas formas podendo ser inicial (dificuldade para iniciar o sono),
intermediária (dificuldade para manter o sono) e final (acordar precocemente).
28
Também pode ser classificada como de curta duração (inferior a três semanas),
transitória (algumas noites) e crônica (superior a três semanas). E além dos
distúrbios que envolvem o ritmo circadiano, fatores ambientais como inadequada
higiene do sono e o consumo de substâncias psicoativas podem interferir num
padrão de sono normal (GEIB et al, 2003; REMESAR-LOPES e RIBEIRO, 2001;
PINTO JR, 2001 e REIMÃO, 1999).
Podem ser enquadrados na insônia: demora em conseguir dormir, acordar
várias vezes na noite ter dificuldade para retornar ao sono, sono leve, acordar muito
cedo pela manhã e não ter um sono revigorante. São alguns dos sintomas que cada
vez mais vem levando as pessoas a fazerem uma intoxicação no organismo com o
uso de drogas soníferas (NIEMAN, 1999 e YWATA, S/D).
Sintomas cognitivos como alteração de humor, déficit de concentração e
memória e irritabilidade são comuns na insônia crônica e podem acarretar problemas
como o aumento da fadiga que pode inclusive gerar acidentes domésticos, de
trânsito e no trabalho e também existe uma interação entre o sono e a ansiedade
(SOUZA, 2004 e ALMONDES et al, 2003; PINTO JR, 2001; YWATA, S/D e REITE et
al, 2004).
2.2.1 Fatores que Prejudicam o Sono
A insônia e a ansiedade são sintomas freqüentemente associados um ao
outro. Assim como os transtornos de ansiedade podem aparecer os transtornos de
humor, esquizofrenias e até mesmo o abuso e dependência de álcool e drogas.
Podem interferir na capacidade motora, capacidade de concentração, raciocínio e
também afetar o convívio social (REIMÃO, 1999).
29
Na depressão geralmente ocorrem a insônia ou sonolência excessiva. A
insônia geralmente é intermediária (acordar no meio da noite e ter dificuldade para
voltar a dormir) ou terminal (acordar muito cedo pela manhã) e também pode ocorrer
insônia inicial (DEL PORTO, 1999).
Fatores como preocupação e mal estar relacionados ao desejo de dormir
originam um círculo vicioso, onde quanto mais a pessoa tenta dormir e não
consegue maior a frustração, o que acaba dificultando ainda mais o sono (MONTI,
2000 e NIEMAN, 1999).
Incluem-se na adequada higiene do sono: condições para dormir como
luminosidade, ruídos, temperatura, companheiro de quarto, atividades inapropriadas
na cama, ingestão de alimentos e certos tipos de bebidas anteriormente e também
alterações comportamentais e psicossociais. Uma boa avaliação e um planejamento
das rotinas poderão auxiliar ao profissional da saúde para uma melhora na
sincronização dos fatores (GEIB et al, 2003; PINTO JR, 2001 e YWATA, S/D).
Um estudo realizado na suíça mostrou que a insônia nos homens, numa
amostra de 2.602 pessoas, estava relacionada a fatores como obesidade,
sedentarismo e álcool e não apresentava relação com a idade dos indivíduos
participantes, que era de 30 a 69 anos de idade (SOUZA, 2004).
Fatores como idade, sexo, situação financeira e conjugal são atenuantes
da insônia. Com o decorrer da idade aparecem as alterações do tipo aumento de
despertares noturnos, diminuição do tempo total de sono e da sua eficiência, sendo
que ocorrem diferentes formas de insônia, principalmente entre as mulheres
(REIMÃO, 1999).
É constatado também que fatores fisiológicos, HAS e depressão, uso
indevido e abusivo de medicação e hábitos de vida aumentam as possibilidades de
30
distúrbios do sono. E medicações como estimulantes do SNC, anti-hipertensivos,
broncodilatadores, esteróides e outros podem causar insônia. Assim como o café à
noite pode causar a dificuldade para iniciar o sono e o álcool dificulta para mantê-lo
(SOUZA et al, 2002).
Existem dados publicados pela National Commission on Sleep Disorders
Research, que afirmam que cerca de 80 milhões de norte-americanos possuem
graves problemas de sono e 20 a 40% declaram ter insônia. Acredita-se também de
200 a 400 mil acidentes automobilísticos que ocorrem anualmente, a perda ou
distúrbios do sono possuam um papel importante, representando cerca de 13% das
mortes ao volante. (NIEMAN, 1999).
Problemas como febre, arteriosclerose, lesões cerebrais, distúrbios
vasculares e digestivos podem provocar a insônia, mas é o estresse que está
presente na maioria dos casos. Não só a insônia, mas qualquer outro distúrbio do
sono indica que está ocorrendo uma debilidade física, psíquica, mental e espiritual
(YWATA, S/D)
Dados que afirmam que a insônia é mais comum em pessoas de renda
baixa, de estado civil divorciada, separada ou viúvas. A insônia é rara em crianças e
adolescentes e pode haver predisposição familiar, mas sem uma causa genética
comprovada e apresenta-se mais comum no sexo feminino. Mas ainda faltam muitos
estudos nessa área, bem como dados para uma contribuição na criação de
programas preventivos (REIMÃO, 1999).
Existem condições clínicas que estão associadas a um sono perturbado,
entre elas, doenças cardíacas, neoplasias do SNC, doenças degenerativas do SNC,
insônia familiar fatal, diabetes, distúrbios pulmonares primários, fibromialgia, artrite,
insuficiência renal, anorexia nervosa, cefaléia crônica e AIDS (REITE et al, 2004).
31
Geralmente acomete jovens de 20 a 30 anos e intensifica-se aos poucos.
Normalmente a pessoa procura ajuda tardiamente. A insônia primária acomete mais
freqüentemente mulheres (MONTI, 2000).
Alguns psicólogos consideram o sono como um período que se lida com
assuntos emocionais reprimidos. Também acreditam que doenças psicossomáticas
justificam hipertensão, dores de cabeça e úlceras do estômago e que lidar com
emoções reprimidas através dos sonhos pode provocar reações físicas (LAVERY,
1998).
2.2.2 Sono NREM ou sincronizado
O sono NREM parece ser projetado para que o organismo repouse,
havendo uma redução da tensão muscular e dos movimentos. O corpo até é capaz
de movimentar-se, mas raramente e apenas para ajustes de posição. Nessa fase
também o encéfalo não é capaz de gerar sonhos complexos (BEAR, 2002).
É dividido em quatro estágios e é caracterizado por uma atividade elétrica
cerebral de ondas lentas e de grande amplitude no eletroencefalograma, diminuição
da atividade do sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e aumento do tônus
parassimpático. Ocorre também redução do tônus muscular e o mínimo de atividade
mental (DANTAS et al, 2002 e ALOÉ et al, 2005).
O sono NREM é considerado um restaurador de funções orgânicas do
corpo, associado a uma restituição da estrutura protética neuronal e aumento do
hormônio de crescimento (GEIB et al, 2003 e BEAR, 2002).
32
Corresponde também a cerca de 70 a 80% do período de duração do
sono e geralmente, a sonolência diurna é resultado de uma insuficiência do sono
lento profundo (CAMBIER et al, 1999).
Na fase NREM os músculos e todos os sistemas do corpo relaxam, ocorre
uma diminuição do tônus muscular, diminuição da FC, FR e PA e a atividade mental
atinge seu mínimo, todos os sinais vitais vão diminuindo à medida que vai se
instalando um estado de repouso completo e profundo havendo uma relativa
inatividade do cérebro. No monitoramento, as ondas que eram ágeis vão tornando-
se cada vez mais lentas e profundas (LAVERY, 1998; DANTAS et al, 2002;
NIEMAN, 1999 e GUYTON, 2002).
Essa fase do sono também é dividida em estágios. No estágio 1 ocorrem
movimentos oculares lentos e atividade mental diminuída. No estágio 2 as
freqüências cardíacas e respiratórias são mais lentas e o estágio 3 e 4 é o sono
profundo (ROWLAND apud MILIOLI, 2005).
A sincronização e dessincronização dessas ondas são promovidas pela
atividade neural decorrente dos núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral
(circuitos tálamo-corticais) que são decorrentes da interação dos núcleos
monoaminérgicos e colinérgicos do tronco encefálico (ALOÉ et al, 2005).
33
2.2.3 Sono REM ou dessincronizado
É caracterizado por dessincronização e baixa amplitude de ondas no
eletroencefalograma, considerando-se um cérebro ativo em um corpo paralisado.
Corresponde a cerca de 20 a 30% da duração total do sono e geralmente dura de 15
a 20 minutos e repete-se esporadicamente (DANTAS et al, 2002; ALOÉ et al, 2005 e
CAMBIER et al, 1999).
É nessa fase que ocorrem os sonhos. Uma curiosidade é que nessa fase
do sono o EEG parece de um encéfalo totalmente ativo e em vigília. Nessa fase
também ocorre uma paralisia do corpo, ou atonia, que o deixa quase que incapaz de
qualquer movimentação. Muitas áreas corticais estão ativadas enviando estímulos
que tentam comandar o corpo, mas sem êxito. Somente permanecem alguns
essenciais para a respiração, ouvido interno e pequenos músculos dos olhos (BEAR,
2002).
Nessa fase ocorre um aumento do fluxo sanguíneo cerebral trazendo
benefícios como o desenvolvimento para as crianças e restabelecimento para os
adultos. Ocorre aproximadamente após 90 minutos do adormecimento e com
intervalos, onde a cada intervalo ele corresponde a um tempo maior de duração e
finalizando cerca de 30 minutos antes do despertar (LAVERY, 1998).
Um distúrbio do sono REM pode ser caracterizado por um comportamento
violento durante o sono e com movimentos que podem estar associados aos sonhos.
Mas geralmente este fenômeno ocorre a partir da sexta ou sétima década da vida e
é mais freqüente no sexo masculino. Também é nessa fase do sono que ocorrem os
pesadelos, que requerem tratamento quando se tornam freqüentes (PINTO JR,
2001).
34
2.2.4 Alterações do Sono e Tratamento Farmacológico
As alterações do sono podem ter causas neurológicas, psiquiátricas,
podem ser decorrentes de distúrbios respiratórios, do uso crônico de hipnóticos e à
fatores desencadeantes como hábitos inadequados, influência genética,
enfermidades entre outros. Muitas pessoas procuram ajuda com a queixa de insônia
ou sono não reparador, com a queixa principal de não ter um sono satisfatório. Mas
essa queixa pode não ser constatada no exame polissonográfico e geralmente está
associado a fatores psiquiátricos ou psicológicos (PINTO JR., 2001).
O paciente deve receber uma abordagem que busque tratar em sua
totalidade e que sempre que possível busque um tratamento para as causas do
problema, melhorando condições psicológicas e sociais e um tratamento
farmacológico para aliviar os sintomas quando necessário (PINTO JR, 2001).
Para se obter uma melhor noite de sono é importante adotar estratégias
antes de dormir e prestar atenção também em fatores do dia. O tratamento da
insônia primária deve combinar medidas farmacológicas e não farmacológicas
(LAVERY, 1998 e MONTI, 2000).
O uso de hipnóticos são indicados por um curto período e sempre deve se
levar em conta os efeitos colaterais e benefícios. Como métodos não farmacológicos
pode ser citada a técnica de modificações comportamentais (SOUZA, 2002).
Os benzodiazepínicos são os medicamentos mais consumidos para
promover o sono. Estudos mostram que seu uso prolongado (por mais de seis
meses) leva à perda da eficácia na insônia e há também relatos do aumento do risco
de mortalidade por seu uso crônico (POYARES et al, 2005).
35
O hormônio secretado pela glândula pineal, a melatonina, atua no ciclo
sono-vigília e alguns autores tem demonstrado seu efeito hipnótico. Mas o
mecanismo pela qual ela exerce essa função ainda não é esclarecido e seus
resultados ainda geram controvérsias (PINTO JR, 2001 e POYARES et al, 2005).
Algumas literaturas vêm referindo-se à prática da acupuntura, yoga e
meditação para aumentar a produção da melatonina e melhorar fatores como
ansiedade e insônia (POYARES et al, 2005).
O uso de alguns benzodiazepínicos pode trazer efeitos colaterais como
sonolência no dia seguinte, fadiga, fraqueza e confusão. Além de que podem levar à
dependência física e psíquica se utilizados por um período prolongado, e ainda
efeitos como a redução do sono REM entre outros (PINTO JR, 2001).
2.3 Medicina Tradicional Chinesa
Acredita-se que as primeiras literaturas na China iniciaram por volta de
200 a.C. e hoje já é praticada em países como Vietnã há mais ou menos 2000 anos
e nos últimos 150 anos vem se espalhando por muitos países. Documentos
importantes e que são estudados por acupunturistas até hoje são o Huang Di Nei Su
Wen, o Huang Di Nei Jing Ling Shu (200 a.C.) e o Nan Jing (100 d.C.) (ERNST et al,
2001).
A teoria da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é completamente
diferente da medicina moderna. É difícil de traduzir e expressar alguns termos
exatamente com seu real significado. Às vezes o conceito transmite apenas em
parte a tradução exata e original (MAIKE; 1995).
36
O termo chinês mais complicado para ser traduzido é o Qi. De acordo
com a física, energia é a medida da atividade de um sistema, portanto ela não pode
fluir. Seria adequado dizer que é um campo eletromagnético que está em todas as
substâncias (CLAVEY, 2000).
É difícil também para a classe médica ocidental aceitar de imediato a
MTC, que possui características próprias como nomenclatura, fórmulas e diferentes
conceitos sobre as doenças que são diferentes da medicina moderna, mas que são
resultado de uma experiência milenar (WEN, 1985).
É preciso adaptar a MTC às circunstâncias ocidentais. Mas para essa
adaptação é necessário um profundo conhecimento, pois sem uma real
compreensão a respeito poderá ocorrer um descrédito da MTC e pobres resultados
terapêuticos (MACCIOCIA; 1996).
Um conhecimento básico da MTC inclui as teorias Yin e Yang, Os Cinco
Elementos, Zang-Fu, Canais e Colaterais, Qi, sangue e Fluidos corporais e Métodos
de diagnóstico (MAIKE; 1995).
Existe um conjunto de conhecimentos da MTC que incluem técnicas de
massagem, exercícios respiratórios, orientações nutricionais, tratamento por ervas.
O principal objetivo da MTC é a prevenção da doença e manutenção da saúde. Para
a MTC a doença é um desequilíbrio e desarmonia, e a MTC visa estimular o
organismo para que ele volte a sua tendência normal (PALMEIRA, 1990 e
SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001).
São cinco a principais substâncias básicas da MTC: o Qi que significa
energia e tem atributo energético e material que fazem a composição do universo. O
Xue que é o sangue. O Jing que é a essência ou energia ancestral. O Shen que
corresponde espírito ou consciência e tem a função de vitalizar o corpo e a
37
consciência e o Jin Ye que são os líquidos orgânicos ou fluidos corporais que inclui
as secreções do corpo como suor, secreção nasal, gástrica, genital entre outras
(ROSS, 1994).
A MTC não separa mente e corpo, espírito e matéria. Para eles há uma
intercomunicação e não uma distinção. Por isso os conceitos chineses não são
apenas o significado exato da palavra, eles dependem de um contexto da situação e
por isso, para os leigos, podem parecer vagos, ou confusos e ambíguos. O objetivo
da MTC é a harmonia dentro do indivíduo. Por isso, o profissional da MTC busca
restaurar os padrões de desarmonia, visando um todo e não apenas o agente
causador da doença (ROSS, 1994).
2.3.1 Teoria Yin e Yang
O conceito de yin e yang é a base da MTC. O pensamento chinês traz a
conotação de que os termos são relativos, por exemplo, preto e branco seria mais
preto e mais branco ou vice-versa, enfatizando uma continuidade de transformação
e nunca um extremo estático. Diferente da medicina ocidental que tenta buscar um
único fator causador e trata somente a doença e não o paciente (ROSS, 1994).
A teoria Yin e Yang diz que tudo consiste em dois opostos: yin e yang.
Consiste numa lei universal do mundo material. O Yin e Yang são princípios de toda
existência no universo, são aspectos opostos e complementares que também podem
representar uma única coisa. Yin e Yang estão em constante transformação e
mutação na procura do equilíbrio. A saúde é o equilíbrio entre Yin e Yang e a
doença o desequilíbrio, visando a terapêutica da MTC buscar este equilíbrio
energético. O Yin pode ter características Yang e vice-versa. Tudo é relativo e deve
38
ser comparado dentro do contexto, por exemplo, sem o dia não haveria noite, e o dia
que é Yang está no processo de se tornar noite, que é Yin (YAMAMURA, 2001; MIN
et al, 2004; VAL HOPWOOD, 2001; MAIKE, 1995 e WEN, 1989).
Pode-se dizer que o conceito de Yin e Yang seja o mais importante da
MTC. É um conceito de dualidade, alternância entre opostos, onde todos os
fenômenos da natureza passam por essa alternância, num processo de
transformação e mudança, um exemplo disso é a água que vira vapor e pode voltar
a seu estado líquido. Embora sejam opostos, Yin e Yang também formam uma
unidade e um contém o outro, ou seja, nada é totalmente Yin ou Yang e eles estão
sempre em constante processo de transformação (MACCIOCIA, 1996).
Figura 1 – Símbolo do Yin e Yang
Fonte: MACCIOCIA, 1996.
De acordo com a relação de transformação, o consumo de Yin, por
exemplo, resultará no ganho de Yang e vice-versa. Esse processo de consumo e
ganho do Yin e Yang trabalha nas atividades funcionais do organismo. Em
condições normais Yin e Yang estão equilibrados, quando houver desequilíbrio, este
será o fator causador da doença (MAIKE, 1995).
39
Na relação de interdependência, um não pode existir isoladamente do
outro. Por exemplo, não haveria calor se não houvesse frio, não haveria dia se não
houvesse a noite e daí por diante (WEN, 1989 e MACCIOCIA, 1996).
Na fisiopatologia o desequilíbrio do Yin e Yang pode ser pelo predomínio
ou excesso de um dos dois, a deficiência e transformação de ambos ou a deficiência
de Yin levando a deficiência de Yang ou vice-versa. No tratamento os princípios
terapêuticos gerais são: no excesso se deve sedar, na deficiência tonificar e no
excesso de Yin por deficiência de Yang, tonificar yang e vice-versa (MIN et al, 2004).
É uma teoria fácil de ser assimilada. Devemos tentar compreender a visão
chinesa de que nada é puramente Yin ou Yang, mas tudo sempre contém uma
característica oposta, assim se torna mais fácil compreender a teoria (VAL
HOPWOOD, 2001).
Tabela 1 – Representações Yin e Yang
YANG YIN
Lado ensolarado da montanha Lado de sombra da montanha
Sol Lua
Dia Noite
Homem; masculino Mulher
Verão Inverno Calor Frio
Claro Escuro
Leve Pesado
Partes externas Partes internas
Excesso Deficiência
Metade superior do corpo Metade inferior do corpo
Metade posterior do corpo Metade anterior do corpo
Elevar Cair
Vísceras Fu Órgãos Zang
Fonte: (ERNST; 2001; WEN; 1989; MAIKE, 1995 e MIN et al, 2004).
40
O Yang representa tudo que tem atividade, calor, movimento, expansão
entre outros. E o Yin o oposto do Yang, sendo a pouca atividade, o repouso, a
escuridão. Mas não tem como isolar um aspecto do outro, por exemplo, só vamos
distinguir o escuro se soubermos a comparação com o claro (ALVES, 2004).
2.3.2 Os Cinco Elementos ou Cinco Movimentos
O termo Cinco Elementos constitui-se das substâncias básicas da
natureza. Os fenômenos naturais possuem características próprias. Estes cinco
Elementos têm sua correspondência no homem e na natureza (YAMAMURA, 2001;
MIN et al, 2004 e AUTEROCHE e NAVAILH, 1992).
A MTC caracteriza todos os fenômenos de acordo com a natureza o os
liga a um dos cinco elementos. A partir daí se estabelece as relações com as
vísceras e o estado do organismo e a relação com a vida. Essa teoria explica todas
as influências encontradas com relação aos órgãos e as patologias (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992). A teoria dos Cinco Elementos é muito utilizada por alguns
acupunturistas que acreditam na compreensão dos sintomas e síndromes de
diagnóstico através dela, enquanto outros não a utilizam. Os Cinco Elementos são
água, terra, fogo, metal e madeira. Estes não existem independentemente um do
outro, mas numa relação cíclica (VAL HOPWOOD, 2001).
Existe uma seqüência onde um elemento gera o outro. Madeira gera
Fogo, que gera Terra, que gera Metal, que gera Água e que por fim gera Madeira.
Esse tipo de geração é chamado de relação Mãe-Filho. Água é mãe da Madeira e
assim por diante. Os órgãos do corpo humano são classificados de acordo com os
41
Cinco Elementos, portanto quando um órgão estiver enfraquecido devemos tonificar
sua mãe, por exemplo, o coração corresponde ao elemento Fogo, sua mãe é o
Madeira (correspondente ao fígado), no caso de um coração enfraquecido
tonificamos mãe Madeira (WEN, 1989).
Figura 2 - Princípio de geração (regra “mãe-filho”) e de dominância
(regra “avô-neto”)
Fonte: Yamamura, Ysao. Acupuntura Tradicional – A Arte de Inserir, 2001.
Deve-se considerar no tratamento a relação de um elemento aos outros.
Quando houver desequilíbrio em um elemento, deve-se considerar que este
elemento pode estar sendo afetado por outro, que secundariamente por outro e
assim por diante, num ciclo (MACCIOCIA, 1996).
Outro tipo de relação entre os elementos é de inibição, na seguinte
ordem: Madeira inibe a Terra, que inibe a Água, que inibe o Fogo, que inibe o Metal
que inibe a Madeira e assim retorna o ciclo (WEN, 1989).
42
Figura 3 – Representação da Geração dos Cinco Elementos
Fonte: Yamamura, Ysao. Acupuntura Tradicional – A Arte de Inserir, 2001.
Água: corresponde aos órgãos rins e bexiga, ao clima frio, estação do
inverno, direção norte, cor preto, sabor salgado, emoção do temor e som do gemido
(MIN et al, 2004; AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e YAMAMURA, 2001).
Madeira: corresponde aos órgãos fígado e vesícula biliar, ao vento,
estação da primavera, direção leste, sabor ácido, odor rançoso, emoção da raiva,
som do grito e cor azul (MIN et al, 2004; AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e
YAMAMURA, 2001).
Fogo: corresponde ao órgão coração, estação verão, direção sul, ao
calor, cor vermelha, sabor amargo, emoção do prazer, som do riso e odor do
queimado (MIN et al, 2004; AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e YAMAMURA, 2001).
Terra: corresponde ao baço e estômago, umidade, verão prolongado,
direção do centro, cor amarela, sabor doce, a emoção corresponde ao pensamento,
o som é o canto e o odor perfumado (MIN et al, 2004; AUTEROCHE e NAVAILH,
1992 e YAMAMURA, 2001).
43
Metal: corresponde aos pulmões e intestino grosso, secura, estação do
outono, direção oeste, cor branca, sabor picante, emoção é a tristeza, o som é o
choro e o odor de carne crua (MIN et al, 2004; AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e
YAMAMURA, 2001). Na MTC todos os fenômenos em tecidos, órgãos,
fisiologia e patologia do corpo são interpretados através da teoria dos Cinco
Elementos (WEN, 1989).
2.3.3 Teoria dos Zang Fu (órgão e vísceras)
Os chineses nunca realizaram autópsias, mas com a observação
descobriram aspectos que são familiares no ocidente, como o funcionamento de
órgãos e sistemas. Os órgãos Zang são seis e as vísceras Fu são cinco (VAL
HOPWOOD, 2001). Os órgãos Zang (são yin) têm a função de produção,
armazenamento e interação direta com os canais. Geram e transformam a energia
do Shen (consciência). São os órgãos Zang: coração (Xin), pulmões (Fei), fígado
(Gan), baço (Pi), Rim (Shen) e pericárdio (Xin Bao) (MAIKE, 1995; VAL HOPWOOD,
2001; YAMAMURA, 2001).
O coração é o órgão que abriga a mente, por isso está relacionado ao
sono. Segundo a MTC, se o coração estiver fraco, o sono ficará perturbado ou com
excesso de sonhos,insônia, agitação mental pois a mente não estará em equilíbrio
com seu abrigo, já se estiver em plenitude (cheio) os pensamentos serão vivos e
espírito claro (MAIKE, 1995 e VAL HOPWOOD, 2001).
A energia entre órgão e víscera é responsável pela harmonia e equilíbrio
do organismo. Nos Zang Fu estão as origens dos desequilíbrios energéticos
(YAMAMURA, 2001).
44
Coração (Xin)
O meridiano do coração está localizado no tórax e em parte do MS. Tem
como função comandar os vasos e abrigar a mente. Tem influência sobre o sono e
sonhos, também controla a sudorese. É de natureza Yang. É considerado como o
principal órgão para as atividades mentais. Domina o espírito, memória, consciência,
raciocínio e sono (MAIKE, 1995, AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e MIN et al, 2004).
Fígado (Gan)
Seu meridiano conecta-se com a vesícula biliar e suas principais funções
são de armazenamento de sangue e manutenção do fluxo de Qi, além de controlar
os tendões. O fígado está diretamente relacionado ao emocional. A raiva enfraquece
o fígado e pode afetar na circulação do Qi (MAIKE, 1995 e AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992).
Baço (Pi)
Seu meridiano conecta-se com o estômago e sua principal função é de
controle, transporte e transformação das matérias nutritivas. Controla o sangue
dentro dos vasos e domina os músculos. Abriga o pensamento, nossa capacidade
de pensar, estudar e de concentração. Portanto, se estas forem realizadas
continuamente podem enfraquecer o baço (MAIKE, 1995; AUTEROCHE e NAVAILH,
1992 e VAL HOPWOOD, 2001).
Pulmões (Fei)
Seu meridiano está conectado ao intestino grosso. Tem a função de
governar o Qi, controlar a respiração e regular a passagem de água. Governa a
superfície do corpo, o cabelo e a pele. O pulmão abriga a alma corpórea e pode ser
45
lesado pelas emoções, sendo extremamente sensível à tristeza (VAL HOPWOOD,
2001 e MAIKE, 1995).
Rins (Shen)
Armazena a essência (jing), promove a função reprodutora, o crescimento
e desenvolvimento, controla a função da bexiga, tem a função de recepção do Qi e
de combate ao fator patogênico e controla o medo (MIN et al, 2004).
Pericárdio (Xin Bao)
É a membrana que envolve o coração. Sua principal função é de proteção
ao coração. Não é considerado como um órgão independente, mas uma conexão
com o coração. Os pontos deste canal são usados freqüentemente no tratamento de
problemas emocionais, pois o pericárdio desempenha muitas das mesmas funções
do coração (VAL HOPWOOD, 2001 e MIN et al, 2004).
As vísceras Fu são estruturas ocas que têm a função de receber,
transformar, assimilar e eliminar. São elas: intestino delgado (Xiao Chang), intestino
grosso (Da Chang), estômago (Wei), bexiga (Pang Guang), vesícula biliar (Dan) e
triplo aquecedor, mas quanto à vesícula biliar há controvérsias na literatura
(YAMAMURA, 2001 e ALVES, 2004).
Intestino Delgado (Xiao Chang)
Seu meridiano conecta-se com o coração. E sua principal função é de
receber e armazenar temporariamente os alimentos recebidos no estômago.
Também influencia nos sonhos pois tem relação com o coração (MIN et al, 2004 e
VAL HOPWOOD, 2001).
Vesícula biliar (Dan)
Contribui na digestão e junto com o fígado controlam a liberdade de
energia vital. Tem ação no julgamento de decisão e coragem, por isso distúrbios
46
como perda de sono, pavores e excesso de sonhos podem ser tratados também
pela vesícula biliar (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 e MAIKE, 1995).
Estômago (Wei)
Seu meridiano conecta-se com o baço e sua principal função é de receber
e decompor o alimento. Baço e estômago são a fonte de saúde (Qi Pós Celestial).
Também influencia em estados mentais (VAL HOPWOOD, 2001 e MAIKE, 1995).
Intestino Grosso (Da Chang)
Seu meridiano conecta-se com os pulmões. Sua principal função e
transportar o material ao ânus e absorver os fluidos deste material e excretar as
fezes. É por ele que passa o produto da digestão já digerido (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992 e MAIKE, 1995).
Bexiga (Pang Guang)
Conecta-se com os rins. Principal função é armazenar temporariamente a
urina. Age com a assistência do qi (função) dos rins, se este for defeituoso, a
expulsão da urina será difícil (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992).
2.3.4 Teoria dos Meridianos ou Canais de Energia (Jing Luo)
Sua origem é desconhecida, mas acredita-se que ela venha de muita
observação para que fosse descoberto que a estimulação de certos pontos
seguissem certas direções (WEN, 1989).
É nos meridianos que circulam Qi e sangue conduzidos no corpo e eles
têm relação direta com os Zang Fu (órgãos e vísceras). Os meridianos localizam-se
nos membros, cabeça e tronco (MIN et al, 2004 e WEN, 1989). Nos membros:
três canais yin da mão, três canais yang da mão, três canais yin da perna, três
47
canais yang da perna (WEN, 1989 e ALVES, 2004). Na cabeça: é o local aonde
chegam todos os meridianos yang e no tronco: alguns meridianos sobem até o
tronco e vão para as extremidades dos membros superiores, outros percorrem áreas
laterais (WEN, 1989). O desequilíbrio de um meridiano está relacionado a
desequilíbrio de um órgão e sistema, por isso está relacionado com a fisiologia,
patologia, diagnóstico e terapêutica da acupuntura (WEN, 1989 e ALVES, 2004).
Sobre os meridianos principais existem: vesícula biliar possui 44 pontos,
fígado 14, pulmão 11, intestino grosso 20, estômago 45, baço-pâncreas 21, coração
9, intestino delgado 19, bexiga 67, rim 27, pericárdio 9 e triplo aquecedor 23
(REQUENA, 1990).
2.3.5 Conceito e História da Acupuntura
A acupuntura surgiu na China na Idade da Pedra, há mais ou menos
4.500 anos e continua evoluindo até os dias atuais. Não há documentos precisos
sobre o seu desenvolvimento, mas sabe-se que foi muito difundida entre os
chineses. Na Era do Imperador Amarelo (2704-2100 a.C.) sabe-se que a acupuntura
já possuía suas bases e apresentava um certo desenvolvimento (WEN, 1985).
Desde a Idade da Pedra as pessoas utilizavam agulhas de pedra com fins
terapêuticos e posteriormente foram substituídas por metais. Inicialmente eram de
pedra, hoje são de ligas de prata, de ouro ou aço inoxidável. Existem literaturas de
500-300 a.C. que já descrevem teorias básicas, pontos de acupuntura e uso de
agulhas (MAIKE, 1995 e WEN, 1989).
O “Clássico da Medicina Interna” do Imperador Amarelo é o texto mais
antigo referente à prática da acupuntura. Imperador Amarelo viveu por volta de 2600
48
a.C. e seu trabalho deu início ao desenvolvimento da acupuntura. E por volta de 259
d.C. houve o estabelecimento dos nomes e funções dos pontos que estão descritos
no “O Clássico da Acupuntura” (ERNST et al, 2001).
Houve uma época na China (depois de 1644) onde houve certo desuso
da acupuntura, onde chegou a ser considerada por alguns como banal e
insignificante. Em 1822, o Imperador da Cidade Proibida baniu a prática da
acupuntura e da moxabustão alegando que não eram técnicas adequadas. E a partir
do século XX a acupuntura passou por períodos de altos e baixos na China. Foi
introduzida novamente nos anos 50 e hoje, na China o tratamento ocidental e
oriental são oferecidos juntos (ERNST et al, 2001).
Muitas pessoas têm a dúvida do que a acupuntura cura. Ela tem uma
grande reputação na cura e alívio das algias, onde realmente apresenta efeitos
incontestáveis. Na década de 70 a acupuntura começou a progredir no ocidente
principalmente pelos resultados que ela obtinha com a anestesia. A acupuntura
através de várias sessões busca tratar a etiologia dos problemas e não apenas os
sintomas (REQUENA, 1990).
A eficácia da acupuntura levou a OMS a criar uma lista de enfermidades
que podem ser tratadas através da acupuntura. São algumas delas: sinusite, rinite,
gastrite, bronquite, conjuntivite aguda, etc. Existem estudos que têm comprovado
que em pacientes vítimas de AVC a acupuntura é capaz de promover uma melhora
funcional mais intensa do que com os métodos utilizados pela fisioterapia, onde
nesse estudo, o grupo de pacientes apresentou melhora significativa do equilíbrio,
realização das AVD’s e na qualidade de vida (SCOGNAMILLO-SZABÓ e BECHARA,
2001).
49
2.3.6 Mecanismo de ação da Acupuntura
Os chineses não obtiveram conhecimentos mais aprofundados de
anatomia e fisiologia devido à falta de recursos. Mas através da observação eles
possuíam um vasto conhecimento que transcendia a anatomia, considerando a
influência dos órgãos sobre o comportamento humano, sendo assim tendo relação
com o sistema nervoso e vascular, sistema músculo-esquelético e com o encéfalo
(YAMAMURA apud ALVES, 2004).
Durante muito tempo acreditou-se que o mecanismo de ação da
acupuntura fosse apenas energético. No entanto, com a difusão da MTC houve uma
busca de novas pesquisas sobre o assunto, na busca da participação de estruturas
orgânicas do corpo. Foi assim que se evidenciou a relação dos efeitos da
acupuntura com o SNC e periférico e também com vários tipos de
neurotransmissores (ALVES, 2004).
Isso se dá pelo fato de que os pontos de acupuntura estão localizados
onde há grande quantidade de receptores, fusos musculares, complexo de Golgi e
capilares. Sendo assim a inserção das agulhas gera um potencial de ação,
originando um estímulo que é conduzido por fibras A delta e C (ALVES, 2004; VAL
HOPWOOD, 2001 e YAMAMURA, 2001).
A acupuntura consiste num estímulo em pontos determinados que estão
espalhados pelo corpo, que são regiões que possuem uma grande quantidade de
terminações nervosas e que quando estimulados acessam diretamente o SNC
(SCHOBER, 2003).
50
A determinação dos pontos de acupuntura está descrita nas atuais
pesquisas de eletrofisiologia e neurofisiologia que comprovam que o potencial
elétrico da pele é diferente de acordo com sua área, e esse potencial pode ser
influenciado por fatores externos e internos (BACKER e REICHMANIS e COLS apud
YAMAMURA, 2001). Com a inserção da agulha o estímulo chega à coluna posterior
da medula espinal e dependendo do tipo de fibras que o conduzem (A delta ou C),
causam excitação ou inibição e conduzem o estímulo ao encéfalo (GUYTON, 2002).
O arco reflexo que ocorre estimula as fibras somáticas aferentes,
explicando a sensação de Te Qi, que é a sensação esperada na inserção da agulha,
que pode ser de adormecimento, sensação de peso, queimação ou formigamento
(GARFUNKEL apud ALVES, 2004 e FOCKS, 2005).
É contra indicado o tratamento da acupuntura antes de um elaborado
diagnóstico através dos princípios da MTC, pois há o risco de afetar os sinais
clínicos. Sendo assim, é necessário um bom conhecimento anatômico para o exame
físico e de indicações de ângulos e profundidade das agulhas (BABINSKI, 2005).
Também é comum que os terapeutas principiantes busquem a cura do
paciente logo na primeira sessão, perdendo a confiança em si quando isto não
ocorre. Mas é importante lembrar que no primeiro tratamento não devem ser
pioradas as condições do paciente e esperar um resultado com mais atendimentos
(MORI, 1994). Há um vasto número de relatos que tratam dos efeitos da acupuntura
nas mais diversificadas doenças, porém o número de pacientes destes estudos e o
número de grupos controle é pequeno, por isso ainda são poucas as comprovações
científicas (VAL HOPWOOD, 2001).
51
2.3.7 Pontos de Acupuntura
Selecionar os pontos é ao mesmo tempo fácil e difícil, pois é necessário
conhecimento e habilidade na terapêutica. Os pontos são selecionados de acordo
com os sintomas, mas eles podem ser confusos e contraditórios, por exemplo, um
mesmo ponto pode ser usado para diarréia ou constipação, para isso é necessário
conhecimento técnico para a aplicação e obtenção do resultado esperado (VAL
HOPWOOD, 2001).
São denominados Hsue que significa “buraco” em chinês. Num total são
quase 2000 e localizam-se em depressões ao longo dos meridianos. São dolorosos
e sensíveis à palpação e são também os locais de resposta para as doenças (MIN et
al, 2004 e WEN, 1989).
Esses pontos foram descobertos através de prática milenar e cada um
tem uma função específica. Apresentam efeitos sistêmicos, locais e a distância e
possuem um nome com sentido figurado para caracterizá-lo de acordo com os
princípios dos chineses (WEN, 1989).
Os pontos chineses estão bem determinados. Estão sob a pele e são,
muitas vezes detectáveis à palpação. O conhecimento dos meridianos surgiu a partir
da descoberta dos pontos (LING-SHU, 1995).
Os pontos localizam-se em depressões existentes, encontram-se ao longo
dos meridianos e são dolorosos ou sensíveis à palpação, sendo o local de resposta
para as doenças e as vias de acesso para as cavidades internas do corpo (MIN et al,
2004).
52
2.3.8 A Origem das Doenças e o Diagnóstico na MTC
A teoria Yin e Yang explica que a doença surge quando ocorre o seu
desequilíbrio. Segundo a MTC, o fator patogênico é chamado de energia perversa
(Xie Qi). Por isso, na hora do diagnóstico é importante saber discernir o Yin e Yang
para perceber a natureza das doenças (AUTEROCHE e NAVAILH, 1992)
A doença é seguida de uma perturbação de Qi (energia) e do Xue
(sangue). É preciso que o tratamento vise a causa da doença, ou seja, o
desequilíbrio energético. Numa literatura do Imperador Amarelo há a afirmação de
que inicialmente as doenças são produzidas pelo vento, chuva, frio, calor, umidade,
alegria e cólera, que quando em excesso causam a lesão dos órgãos (LING-SHU,
1995).
Os padrões de desarmonia são o conjunto das alterações patológicas
internas e externas que quando associados a fatores da doença provocam o
desequilíbrio, que é a doença na visão chinesa. Os fatores da doença podem ser
externos como o clima, vento, frio, calor, umidade, secura e calor de verão. E os
fatores internos que são as sete emoções: alegria que está relacionada ao vento,
raiva relacionada ao frio, calor relacionado à preocupação, mágoa relacionada à
umidade, medo relacionado à secura e temor relacionado ao calor de verão (ROSS,
1994). Para a MTC um Qi correto será uma barreira para o fator patogênico que
pode levar à doença. Um diagnóstico da doença se dá por um profundo
conhecimento de manifestações clínicas produzidas no corpo que são o reflexo da
doença (MIN et al, 2004).
No diagnóstico através da MTC, o corpo é considerado como um todo e
são levados em conta os fatores etiológicos, localização dos sintomas e possíveis
53
alterações nos locais dos sintomas, alterações de pulso e língua são importantes. E
como na medicina moderna, os procedimentos de ouvir queixas, questionar os
dados e de exame físico são parecidos (WEN, 1989).
Numa inspeção geral observa-se a expressão do rosto, cor da pele e
aspecto geral do corpo. Depois se inclui a inspeção da língua, das diferentes partes
do corpo e das excreções. Também devem ser questionados dados referentes aos
sintomas de frio e calor, de suor, da alimentação e menstruação (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992 e WEN, 1989).
As emoções são importantes para o diagnóstico segundo a MTC. São as
sete emoções: fúria, alegria, tristeza, preocupação e abstração, medo e choque.
Cada uma delas afeta um determinado sistema. E as causas externas das
patologias decorrem dos fatores climáticos: vento, frio, calor de verão, umidade,
secura e fogo (MACCIOCIA, 1996).
De acordo com o diagnóstico da MTC um sono com agitação mental e
pesadelos pode ser uma hiperatividade do elemento fogo do coração. Uma insônia
inicial uma deficiência de sangue do coração. Sonolência excessiva deve-se a calor
no pericárdio ou deficiência de yang generalizada (MIN et al, 2004).
Queixa de pouco sono ou incapacidade de dormir bem pode estar
relacionado a fatores externos e temporários, como clima, ingestão de bebidas,
preocupação e outros. E indivíduos que apresentam asma, algum tipo de dor e que
sofrem alterações do sono por estes motivos não devem ser enquadrados na
insônia, pois o sono volta ao normal logo que a doença for tratada (MACCIOCIA,
1996).
As causas da insônia podem ser um excesso de Yang no coração.
Quando a vesícula biliar está congestionada havendo estagnação de alimento onde
54
o estômago não está em harmonia o sono não será tranqüilo. O sono excessivo
ocorre por um bloqueio do Yang Qi, que fica impedido de elevar-se. Na insônia o
yang não penetra no yin e o shen está fora de sua morada, o coração (AUTEROCHE
e NAVAILH, 1992).
Insônia com irritabilidade é deficiência de Yin do coração (excesso de
Yang), com agitação mental e pesadelos hiperatividade do Fogo do coração, uma
insônia inicial representa deficiência de sangue no coração e sonolência excessiva
representa Calor no pericárdio ou deficiência de Yang generalizada (MIN et al,
2004).
Dificuldade em iniciar o sono geralmente indica deficiência de Sangue e
quando o indivíduo dorme com facilidade, mas acorda várias vezes durante a noite
indica deficiência de Yin. Essas duas condições podem coexistir e o individuo ter
dificuldade para iniciar o sono e acordar durante a noite. E quando o indivíduo
acorda muito cedo indica deficiência do coração e da vesícula biliar (MACCIOCIA,
1996).
As causas da insônia podem ser: calor excessivo de yang que perturba o
shen do coração, por exemplo, na angústia há vazio de yin do coração, rim, e Fogo
do coração ardente levando à insônia. Quando o coração e baço pâncreas estão em
estado vazio o sangue não alimenta o coração e insônia acompanha palpitações
cardíacas. Quando o sangue e o Qi do coração são abundantes, o pensamento é
vivo, o espírito claro. Em compensação, uma diminuição do sangue do coração pode
suscitar insônia, abundância de sonhos, amnésia e agitação mental (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992).
55
2.4 A Acupuntura na Fisioterapia
Foi reconhecido a Acupuntura como especialidade do Fisioterapeuta no
ano de 2000 com a resolução n° 218 devido ao trabalho ético e profissional exercido
pelo fisioterapeuta. Entretanto devem-se cumprir algumas exigências do COFFITO
como a formação e qualificação em instituição que cumpra os critérios das
resoluções n° 97/88 e 201/99 e com carga horária de atividades teóricas e práticas
não inferior a um total de dois anos (ALVES, 2004).
O COFFITO legaliza ao Fisioterapeuta exercer a especialidade de
acupunturista, por meio da resolução COFFITO-60, desde que o curso de
especialização tenha uma carga horária mínima de 1200 h/a. Sabe-se que o
Fisioterapeuta possui um vasto conhecimento de anatomia, fisiologia e outras
disciplinas fundamentais ao acupunturista, além de o profissional Fisioterapeuta ter
um toque aguçado (FAN, 2004).
A prática da Acupuntura vem crescendo entre os Fisioterapeutas, sendo
que está sendo bastante usada como complemento para outros tipos de tratamento.
Deve ser lembrado que a Acupuntura requer estudo contínuo e Fisioterapeutas
trazem na bagagem um vasto conhecimento de anatomia e neurofisiologia,
complementar à prática da Acupuntura (VAL HOPWOOD, 2001).
É importante lembrar que o Fisioterapeuta é um profissional da saúde que
deve agir nas fases primárias, secundárias e terciárias da saúde, também
esclarecendo ser a Acupuntura uma habilidade que pode ser exercida na atuação do
Fisioterapeuta (FAN, 2004).
56
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos que
foram utilizados no presente estudo: tipo de pesquisa, população, amostra,
instrumentação, coleta e análise de dados.
3.1 Tipo de Estudo
Conforme a classificação, esta pesquisa caracteriza-se do tipo básica,
onde busca novos conhecimentos, mas sem aplicação prática. Quanto à abordagem
do problema é quali e quantitativa.
O estudo objetiva um caráter exploratório e descritivo. Busca aproximar o
problema às hipóteses da pesquisa e descreve as características da população. É
também ex post facto, pois é um experimento que se realiza posterior ao fato
investigado, bibliográfica e de levantamento de dados (LUCIANO, 2001).
3.2 População e Amostra
A amostra foi composta por homens e mulheres, com idade entre 25 e 83
anos, com alterações no sono e que já tivessem feito tratamento por acupuntura
para o mesmo.
A população inicial da pesquisa foi constituída por 25 pacientes, sendo
que não foi possível o contato com cinco deles, indicados por duas clínicas
especializadas da cidade de Criciúma (Crifisio Fisioterapia e Estética e Angiofisio
Clínica Médica) todos portadores de alterações do sono.
57
3.3 Técnicas de Coleta de Dados
Para tanto houve um termo de consentimento livre e esclarecido
(Apêndice A) entregue aos pacientes sobre o estudo e onde também estava
garantida a privacidade do paciente quanto à sua participação no estudo, sendo
também orientados a procurar pela pesquisadora no caso de eventuais dúvidas.
Para coleta de dados desta pesquisa, foi utilizado um questionário
aplicado pela pesquisadora (Apêndice B) que foi validado por docentes do curso de
Fisioterapia da UNESC - Criciúma (Apêndice C).
Inicialmente houve um contato prévio com os responsáveis pelas clínicas
especializadas para expor os objetivos do estudo e obter a assinatura no termo de
compromisso para a realização do estudo. O passo seguinte foi um contato prévio
com os pacientes portadores de alterações do sono que foram indicados pelas
respectivas clínicas.
Em um contato prévio com os pacientes, por telefone, foi agendada uma
visita de acordo com as possibilidades. Nessa visita houve maiores esclarecimentos
sobre o estudo em questão e o paciente assinou um termo de consentimento livre e
esclarecido (Apêndice D) e após foi aplicado o questionário com as questões
referentes ao estudo, que geralmente levava cerca de 30 minutos. As visitas
realizaram-se nas instituições onde o paciente realizava o tratamento ou no domicílio
do paciente, de acordo com as possibilidades dos mesmos.
Os dados foram analisados através de estatística descritiva.
58
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A amostra deste estudo foi constituída de 20 (vinte) pacientes com
alterações do sono que já tivessem realizado tratamento através da Acupuntura. A
idade média foi de 54 anos, enquanto que a menor idade foi de 25 anos e a maior foi
de 83 anos, sendo que 17 indivíduos eram do sexo feminino e 3 indivíduos eram do
sexo masculino. Destes, 16 possuíam idade superior a 50 anos e 4 idade inferior a
50 anos. A cor predominante foi branca, que correspondeu a 100% dos indivíduos
que fizeram parte da amostra.
Gráfico 1 – Classificação Quanto à Idade e Sexo
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
sexo feminino sexo
masculino
acima de 50
anos
abaixo de 50
anos
sexo feminino
sexo masculino
acima de 50 anos
abaixo de 50 anos
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
O sono sofre mudanças de acordo com a idade. Geralmente com o
avanço da idade começam a ocorrer um aumento no número de despertares
noturnos e uma fragmentação e diminuição da qualidade do sono (PINTO JR, 2001).
Um sono não reparador é distinguido na polissonografia por alterações para iniciar,
59
manter e pela estrutura do sono que é alterada. Geralmente mulheres são mais
acometidas pela insônia e têm um desenvolvimento crônico (MONTI, 2000).
Num estudo populacional realizado na Suíça, com uma amostra de 2.602
homens, o autor concluiu que a insônia nos homens estava relacionada a outros
fatores e não à idade. Fatores de estilo de vida como obesidade, sedentarismo e
álcool. No mesmo estudo a definição de insônia era caracterizada pela presença de
sono não reparador, ou seja, dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, gerando um
sono de má qualidade com comprometimento para a vigília do dia seguinte (SOUZA,
2004).
Outros autores relatam serem fatores de risco para a insônia: sexo
feminino, avanço da idade, transtornos mentais e o trabalho em turno. E dentre os
idosos, aposentados e viúvos é ainda maior o risco de insônia e do uso de
medicamentos indutores do sono (POYARES et al, 2005).
Em relação ao estado civil, observou-se que 14 indivíduos eram casados,
3 relataram ser divorciados, 2 relataram ser solteiros e apenas 1 relatou ser viúvo.
Quanto ao uso de medicação indutora do sono, 4 dos indivíduos relataram que
fazem uso desse tipo de medicação freqüentemente (de seis a sete vezes por
semana), 5 relataram que fazem uso esporadicamente (duas a três vezes por
semana) e 11 relataram não fazer uso de nenhum tipo de medicamento indutor do
sono.
60
Gráfico 2 – Classificação Quanto ao Uso de Medicação Indutora do Sono
0
2
4
6
8
10
12
Usam
medic
am
ento
frequente
mente
Usam
espora
dic
am
ente
Nenhum
tip
o d
e
medic
am
ento
Usam medicamento
frequentemente
Usam esporadicamente
Nenhum tipo de
medicamento
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Os benzodiazepínicos estão entre as drogas mais prescritas
mundialmente e geralmente sua prescrição torna-se um uso crônico. A dependência
desse tipo de medicamento pode instalar-se em semanas ou até mesmo em dias. A
síndrome da abstinência pode fazer com que os sintomas retornem e possam
retornar ainda mais agravados. É comprovado que seu uso prolongado (período
superior a seis semanas) pode perder a eficácia na insônia, ocorrer uma diminuição
no sono de ondas lentas e outras alterações na estrutura do sono (POYARES et al,
2005).
O uso de sedativos pode beneficiar os pacientes durante a sedação
noturna e também reduzem a ansiedade, mas estes medicamentos apresentam
efeitos colaterais que vão também aumentar a fadiga diurna destes pacientes. A
insônia secundária ao uso dos benzodiazepínicos é muito comum. E com a retirada
destes sedativos é comum também observarmos uma insônia de rebote, ansiedade
ou sonolência e uma abstinência mais grave que pode levar a uma convulsão
(REITE et al, 2004).
61
A ocorrência de pesadelos, geralmente de forte conteúdo emocional que
levam o indivíduo a despertar e que geralmente requerem tratamento quando
ocorrem freqüentemente está associada após a utilização de medicamentos que
atuem no sono (PINTO JR, 2001).
Esta pesquisa demonstrou que 14 dos indivíduos afirmam ter histórico na
família de pessoas com algum tipo de alteração no sono e 6 negaram tal histórico. O
gráfico 3 demonstra que 9 dos pacientes iniciaram o tratamento com Acupuntura há
mais de seis meses e 11 iniciaram há menos de seis meses. Mostra também que 9
já realizaram mais de dez sessões e 11 realizaram menos de dez sessões.
Gráfico 3 – Classificação Quanto ao Início do Tratamento de Acupuntura e o Número de Sessões Realizadas
0
2
4
6
8
10
12
mais de
seis
meses
menos de
seis
meses
mais de
dez
sessões
menos de
dez
sessões
mais de seis meses
menos de seis meses
mais de dez sessões
menos de dez sessões
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Ainda existe certa descrença em relação a Acupuntura e as poucas bases
científicas dão margem para que isso ocorra. Diante disto é evidente que são
necessários mais estudos que comprovem a eficácia da Acupuntura pra sua maior
credibilidade (ROSSA, 2005).
62
É necessária muita cautela ao iniciar um tratamento. Deve-se primeiro
conhecer as reações corporais do paciente para depois julgar a terapia mais
conveniente da MTC. É muito comum que os iniciantes busquem curar o paciente
logo na primeira sessão e ficam frustrados quando isso não ocorre. Mas é
importante lembrar que nas primeiras sessões, se não houver resultados, o
essencial é que o quadro do paciente não piore (MORI, 1994).
Vêm crescendo cada vez mais a busca pelas ditas Terapias
Complementares para diversos tipos de tratamentos. E a acupuntura tem se
mostrado um método bem aceito pelos profissionais e pacientes (FAN, 2004).
O gráfico 4 demonstra que 3 dos pacientes afirmaram já ter percebido
melhora a partir da primeira sessão de Acupuntura em relação ao sono; 9 afirmaram
ter percebido melhora a partir da segunda sessão em relação ao sono; e 8
afirmaram perceber melhor a partir da terceira sessão e 3 afirmaram não perceber
melhora em relação ao sono. Demonstra também que 6 pararam com o tratamento
há mais de três meses; 2 pararam há menos de três meses e 12 continuam em
tratamento.
63
Gráfico 4 – Classificação Quanto à Percepção de Melhora no Sono e Período do Término do Tratamento
0
2
4
6
8
10
12
14
a p
art
ir d
a
prim
eira
sessão
segunda
sessão
terc
eira
sessão e
m
dia
nte
não
perc
ebera
m
melh
ora
para
ram
o
trata
mento
há m
ais
de
há m
enos
de t
rês
meses
continuam
em
trata
mento
a partir da primeira sessão
segunda sessão
terceira sessão em diante
não perceberam melhora
pararam o tratamento há mais de
três meses
há menos de três meses
continuam em tratamento
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Dos pacientes submetidos ao tratamento acupuntural, um número
significativo relatou melhora no sono, isso se comprova pela análise estatística
obtida neste estudo, onde apenas três pacientes não relataram nenhum tipo de
melhora.
Existem relatos de cura considerados espetaculares com o uso da
Acupuntura, como o sucesso da anestesia em cirurgias que provocam impacto
desde a década de 70, casos estes que provam o valor da Acupuntura (PALMEIRA,
1990).
De acordo com os aspectos do sono, 12 dos indivíduos relataram que
após terem iniciado o tratamento por Acupuntura continuaram indo deitar-se no
horário habitual e 8 deles afirmaram iriam deita-se mais cedo após o início do
tratamento. Dez dos indivíduos relataram que após terem ido deitar-se levavam o
tempo mínimo de uma hora para iniciarem o sono e 10 relataram que adormeciam
logo em seguida. Destes 10 indivíduos que relataram dificuldade para iniciar o sono,
8 deles relataram que esta dificuldade não persistiu após terem iniciado o tratamento
de Acupuntura e 2 afirmaram não terem tido melhora e continuaram a ter dificuldade
em iniciar o sono.
64
Gráfico 5 – Classificação Quanto ao Horário de Deitar-se e Dificuldade Para Iniciar o Sono
0
2
4
6
8
10
12
14
deitavam-
se no
horário
habitual
deitavam-
se mais
cedo
levavam
mais de
uma hora
para
iniciarem o
sono
levavam
menos de
uma hora
deitavam-se no horário
habitual
deitavam-se mais cedo
levavam mais de uma
hora para iniciarem o
sono
levavam menos de uma
hora
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Destes sintomas apresentados nestas estatísticas da pesquisa, o
percentual de melhora foi bastante significativo, pois apenas dois pacientes
relataram que não houve diferença nenhuma em relação a estes sintomas. Com isso
evidencia-se a influência da Acupuntura em grande parte da amostra.
O gráfico 6 e 7 mostram que dos 20 indivíduos da amostra, em relação
aos sintomas diurnos, 16 relataram apresentar cansaço logo ao acordar e destes, 14
afirmaram melhora; 9 relataram dificuldade de concentração e destes, 5 afirmaram
melhora; 9 relataram alteração de memória e destes, 6 afirmaram melhora; 13
afirmaram apresentarem alterações de humor freqüentes destes, todos afirmaram
melhora; 11 pacientes relataram dificuldade na realização das tarefas diurnas
comuns e destes, 8 afirmaram melhora ; 5 relataram dores de cabeça logo ao
acordar e destes, 4 relataram melhora.
65
Gráfico 6 – Classificação Quanto aos Sintomas Diurnos I
02
468
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ao
aco
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cansaço ao acordar
dificuldade de concentração
alterações de memória
alterações de humor
diminuição das capacidades de
tarefas
dores de cabeça ao acordar
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
As queixas dos indivíduos relacionadas às alterações do sono são:
diminuição da qualidade de vida, déficit de memória e concentração, diminuição da
realização de tarefas diurnas comuns e também interfere nas relações interpessoais.
É importante investigar os impactos destas queixas sobre a vida dos pacientes, se
existe história familiar, se fazem uso de medicamentos indutores do sono e sobre a
higiene do sono (REITE et al, 2004).
De acordo com as estatísticas da pesquisa no gráfico 7 (abaixo), pode-se
observar que o tratamento acupuntural causou uma melhora significativa em relação
aos sintomas diurnos relatados pelos pacientes. Sendo esta, mais uma evidência
positiva em relação à Acupuntura.
66
Gráfico 7 – Classificação Quanto à Melhora dos Sintomas Diurnos I
0
2
4
6
8
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16
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cansaço
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melh
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na
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are
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melh
ora
das
dore
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e
cabeça
melhora do cansaço
melhora na concentração
melhora da memória
melhora do humor
melhora na capacidade de
tarefas
melhora das dores de cabeça
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Os gráficos 8 e 9 mostram que dos 20 indivíduos da amostra, ainda em
relação aos sintomas diurnos, 17 relataram dores musculares e destes, 12 relataram
melhora; 5 relataram que sentiam mal estar e destes, 4 relataram melhora; 12
relataram que sentiam sensações de inchaço pelo corpo e destes, 9 relataram
melhora; 14 relataram fraqueza muscular e destes, 10 relataram melhora; 7
relataram que sentiam câimbras e formigamentos de MMII e destes, 5 relataram
melhora. Ainda não foi identificado o processo fisiológico restaurado pelo sono.
Mas dormir é algo mais que um simples repouso, o sono nos prepara para o dia
seguinte. Permitindo ao corpo e mente para recuperarem-se (BEAR, 2002).
67
Gráfico 8 - Classificação Quanto aos Sintomas Diurnos II
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2
4
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I
dores musculares
mal estar
sensações de inchaço
fraqueza muscular
cãimbra ou formigamento de
MI
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Uma vigília prolongada está associada a um déficit dos processos mentais
podendo até mesmo causar comportamentos anormais como irritabilidade. O sono
produz tanto efeitos sobre o SNC quanto sobre os sistemas funcionais do corpo
(GUYTON, 2002).
Sabe-se que pacientes que fazem uso de medicamentos como os
benzodiazepínicos podem sofrer os efeitos colaterais desta medicação. Um deles é
a fadiga diurna em algumas pessoas que pode ser aumentada (REITE et al, 2004).
68
Gráfico 9 – Classificação Quanto à Melhora dos Sintomas Diurnos II
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2
4
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8
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fraqueza
muscula
r
melh
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das
cãim
bra
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form
igam
ento
s
melhora das dores
musculares
melhora do mal estar
melhora da sensação de
inchaço
melhora da fraqueza muscular
melhora das cãimbras e
formigamentos
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Os gráficos 8 e 9 também trazem estatísticas positivas à pesquisa. Pois
um número significativo de pacientes apresentou melhora em relação a outros
sintomas diurnos referidos pelos pacientes.
O gráfico 10 mostra que da amostra dos 20 indivíduos, 12 relataram que
acordavam durante a noite; 10 relataram que passaram a dormir mais horas por
noite; 3 relataram que não houve alteração e 7 relataram que continuam dormindo o
mesmo número de horas porém com melhora na qualidade do sono. Dos 12
indivíduos que relataram acordar durante a noite 8 deles relataram melhora após o
tratamento por Acupuntura.
69
Gráfico 10 – Classificação Quanto à Qualidade do Sono
0
2
4
6
8
10
12
14
acordam
durante a
noite
passaram a
dormir mais
não houve
alterações
dormem o
mesmo
número de
horas porém
com mais
qualidade
acordam durante a noite
passaram a dormir mais
não houve alterações
dormem o mesmo número
de horas porém com mais
qualidade
Fonte: Dados da Pesquisadora/2006
Para a MTC, a qualidade e quantidade de sono dependem da mente, que
tem ligação com o coração. Se o Coração estiver saudável, a mente será acalmada
e o sono será profundo. Se houver fatores patogênicos como o Fogo, o sono será
afetado (MACCIOCIA, 1996).
Nas estatísticas deste gráfico, observa-se que as melhoras foram
relevantes. Sendo que houve uma melhora na qualidade do sono em grande parte
dos indivíduos, mesmo que acordar durante a noite ainda continue um sintoma
persistente. Sabe-se que um melhora na qualidade do sono interfere em fatores para
a vigília do dia seguinte e como já visto, tem relação também com melhora dos
sintomas diurnos que apresentou um resultado significativo nesta pesquisa.
70
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre o sono ainda são recentes e o diagnóstico das
alterações ainda depende da descrição do paciente, com uma história detalhada
sobre seus sintomas e com estudos laboratoriais do sono. É importante investigar
sobre a higiene do sono, se há história familiar, uso de medicamentos e se há
fatores que aliviam ou agravam os sintomas (REITE et al, 2004).
Um sono não reparador leva a mudanças de humor, déficit de atenção e
memória, diminuição do rendimento intelectual, diminuição da força motora entre
outras que puderam ser relatadas na pesquisa. Os estudos em relação aos déficits
recorrentes da privação do sono ou de um sono de má qualidade deveriam ser
incentivados, pois têm uma grande repercussão em parte significativa da população.
O sono é uma função restauradora do organismo. Restaura corpo e
cérebro. Observa-se também que o sono está relacionado à imunidade, sendo que a
privação do sono pode afetá-la. A melhor evidência sobre os benefícios do sono
pode ser descrita por uma pessoa que pela manhã acorda tendo experimentado
uma boa noite de sono (REITE et al, 2004).
Fatores como preocupação, stress, idade, sexo, situação conjugal,
condições para dormir, ingestão de alimentos e bebidas estimulantes, ruídos,
luminosidade inadequada entre outros, conhecidos como higiene do sono são os
fatores que contribuem para que o paciente sofra de alterações no sono (LAVERY,
1998).
No entanto, uma melhor da qualidade do sono depende de vários fatores.
Entre eles uma adequada higiene do sono, que inclui algumas mudanças de hábitos,
na medicina moderna o tratamento inclui medicação, e de uma forma holística a
71
busca por Terapias Complementares como a Acupuntura se mostrou eficaz nessa
pesquisa. O Fisioterapeuta é um profissional responsável pelo físico e também
psíquico dos pacientes (FABRIS, 2000), sendo assim, um Fisioterapeuta que exerce
a Acupuntura tem muito a contribuir nas mais diversas patologias, inclusive nas
alterações do sono.
Está sendo descartada a concepção de mundo fragmentado, mecânico,
individualista e competitivo. Pois a humanidade vem buscando a humanização, um
conceito holístico de ser humano. A Fisioterapia é uma das profissões que mais
busca a qualidade de vida do ser humano (FABRIS, 2000).
Os pacientes que fizeram uso da Acupuntura como método de tratamento
nas alterações do sono, em grande parte relataram melhora do quadro anterior
presente, isso se comprova pela análise estatística dos dados obtida neste estudo.
Foi comprovada também a melhora na qualidade do sono, no desempenho das
atividades da vida diária e conseqüentemente uma melhora na qualidade de vida.
A eficácia da Acupuntura vem sendo reconhecida, tanto que a OMS já
criou uma lista de enfermidades que podem ser tratadas através da Acupuntura e
recentemente também foi reconhecida como especialidade veterinária no Brasil,
sendo que já existem alguns estudos na área (SCOGNAMILLO-SZABBÓ et al,
2001).
A Acupuntura também vem se mostrando uma técnica cada vez mais
aceita pela população e pelos profissionais da área da saúde devido aos seus
ótimos resultados obtidos, e com isso também vem crescendo o número de
pesquisas na área.
A Acupuntura parte do princípio neuroquímico da liberação de
neurotransmissores que dão a sensação de bem estar, entre eles as endorfinas.
72
Parte também do princípio energético da distribuição correta da energia vital pelo
corpo, sendo que o desequilíbrio leva à doença. Vem sendo crescente a procura
pela Acupuntura, sendo uma técnica complementar da Fisioterapia tradicional
(sendo exercida após especialização na área), que possibilita um trabalho
autônomo, com baixo custo de instalação, possível ser realizada em ambiente
domiciliar e de boa rentabilidade.
“Não é importante somente adicionar anos à vida. Mas vida aos anos
conquistados” (autor desconhecido).
73
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78
TERMO DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL
Eu, Fernanda Trajano de Vargas, acadêmica do curso de especialização em Acupuntura pelo Centro Integrado de Estudos e Pesquisa do Homem - CIEPH – estou realizando uma pesquisa sobre a ação da acupuntura nos distúrbios do sono com o título de “Os efeitos da acupuntura como método de tratamento para os distúrbios do sono”, com o objetivo de analisar as influências e benefícios que a acupuntura apresenta para pacientes portadores de distúrbios do sono.
Este estudo apresenta-se relevante, pois cada vez mais pesquisas demonstram que a técnica da acupuntura tem um grande valor.
Fica assegurado à Clínica xxxxxxxx, e ao Dr. xxxxxxxx, fisioterapeuta, que seu nome só será divulgado na publicação e apresentação deste trabalho.
Faz-se necessária essa autorização por escrito do responsável pela instituição, através do termo de autorização institucional, consentindo que a acadêmica realize a pesquisa na qual os indivíduos serão indicados por esta instituição e terão o direito de aceitarem ou não de participar dessa pesquisa.
A pesquisadora responsável por este trabalho é Fernanda Trajano de Vargas, cujos telefones para contato são 99275107 e 34374327. E-mail: [email protected]
A instituição, após devidamente esclarecida sobre os objetivos do estudo autoriza a acadêmica Fernanda Trajano de Vargas a realizar a pesquisa com seus pacientes sob a orientação do professor Lee Gi Fan.
________________________ Instituição
_______________________ Ac. Fernanda Trajano
_______________________ Orientador
80
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Meu nome é Fernanda Trajano de Vargas e estou desenvolvendo a pesquisa “O efeito da acupuntura como método de tratamento para os distúrbios do sono” com o objetivo de analisar as influências e benefícios encontrados pelos pacientes que fizeram o tratamento da acupuntura para os distúrbios do sono.
O paciente irá apenas responder a um questionário com questões referentes aos efeitos no sono após o tratamento de acupuntura realizado. Se você tiver alguma dúvida em relação ao estudo pode ser esclarecida pelo telefone 99275107. Se você estiver de acordo em participar, posso garantir que as informações fornecidas serão confidenciais e só serão utilizadas neste trabalho.
Assinaturas: Pesquisador principal: Pesquisador responsável:
Eu, ______________________________________, fui esclarecido sobre a pesquisa e concordo que meus dados sejam utilizados na realização da mesma. Assinatura: RG:
84
QUESTIONÁRIO
Dados Iniciais
1.1 Identificação Nome: Idade: Sexo: Estado civil: Número de filhos: Profissão: Tabagismo: 1.2 Reside com quantas pessoas? Qual o grau de parentesco? 1.3 Toma algum medicamento? Há quanto tempo? Especifique. 1.4 Cite os problemas de saúde que você já teve até hoje. 1.5 Possui histórico na família de pessoas que sofrem algum tipo de alteração no
sono? ( )Sim ( )Não 1.6 Quando iniciou o tratamento com acupuntura? Delimitar o tempo 1.7 Quantas sessões já fez? Delimitar o número (variável) 1.8 Após quantas sessões começou a perceber melhora? Delimitar número
85
1.9 Há quanto tempo parou o tratamento com acupuntura? Delimitar tempo 1.10 Após o término do tratamento, voltou a apresentar alterações do sono? 2. Aspectos do sono 2.1 Antes de iniciar o tratamento você costumava deitar-se habitualmente a que horas nos dias de semana? _____h _____min e após ter iniciado o tratamento? _____h ____min 2.2 E nos fins de semana? ____h _____min e após ter iniciado o tratamento? _____h _____min 2.3 Quanto tempo você demorava para dormir após ter se deitado? 2.4 E após ter iniciado o tratamento? 2.5 Você tinha dificuldade para começar a dormir? 2.6 Se sim, esta dificuldade persiste após o início do tratamento? 2.7 Assiste televisão deitado? 2.8 Seu sono é perturbado por: Calor? Frio? Luz? Barulho? Pesadelos? Outros? Qual? 2.9 Após ter iniciado o tratamento algum destes fatores tem persistido?
86
3. Sintomas Diurnos 3.1 Antes de iniciar o tratamento você sentia-se cansado logo ao acordar? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.2 E após ter iniciado o tratamento? 3.3 Você percebia, antes do tratamento diminuição do seu rendimento intelectual? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.4 E após ter iniciado o tratamento? 3.5 Sentia dificuldades de concentração? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.6 E após ter iniciado o tratamento? 3.7 Sentia alterações de memória? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.8 E após ter iniciado o tratamento? 3.9 Você apresentava alterações de humor freqüentes? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.10 E após ter iniciado o tratamento? 3.11 Você percebia algum tipo de diminuição na sua capacidade de realização das suas tarefas diurnas comuns? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.12 E após ter iniciado o tratamento? 3.13 Sentia dores de cabeça ao acordar? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.14 E após ter iniciado o tratamento? 3.15 Apresentava dores musculares? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência e especifique a localização da dor: 3.16 E após ter iniciado o tratamento? 3.17 Mal estar era um sintoma comum? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência:
87
3.18 E após ter iniciado o tratamento? 3.19 Tinha sensações de inchaço pelo corpo? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.20 E após ter iniciado o tratamento? 3.21 Apresentava episódios de fraqueza muscular? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.22 E após ter iniciado o tratamento? 3.23 Você sentia câimbras ou formigamento nas pernas? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes. Freqüência: 3.24 E após ter iniciado o tratamento? 4. Enquanto Dorme 4.1 Acordava durante a noite? 4.2 E após ter iniciado o tratamento? 4.3 Tinha congestão nasal? 4.4 E após ter iniciado o tratamento? 4.5 Acordava com sonhos? 4.6 E após ter iniciado o tratamento? 4.7 Geralmente dormia quantas horas por noite? 4.8 e após ter iniciado o tratamento?