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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM - CIEPH PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA ACUPUNTURA E HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO GRAZIELA DOS SANTOS PEREIRA ZAPPELINI Florianópolis, novembro de 2010.

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM - CIEPH

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA

ACUPUNTURA E HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO

GRAZIELA DOS SANTOS PEREIRA ZAPPELINI

Florianópolis, novembro de 2010.

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ACUPUNTURA E HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO

Monografia apresentada ao Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Acupuntura.

Florianópolis, novembro de 2010.

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM - CIEPH

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA

ACUPUNTURA E HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO

Elaborada por

GRAZIELA DOS SANTOS PEREIRA ZAPPELINI

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________________________

Prof. Marcelo Fábian Oliva, Esp. Orientador / Presidente de Banca

_________________________________________________________

Prof. Cleto Emiliano Pinho, Esp. Membro de Banca

_________________________________________________________

Profa. Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC Membro de Banca

Florianópolis, novembro de 2010.

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 7 1.1 OBJETIVO..................................................................................................................... 8 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 9 2.1 ACUPUNTURA............................................................................................................ 9 2.2 HOMEOPATIA............................................................................................................. 9 2.2.1 Miasmas...................................................................................................................... 11 2.2.1.1 Miasma Psora.......................................................................................................... 11 2.2.1.2 Miasma Sicose.......................................................................................................... 12 2.2.1.3 Miasma Sífilis ou Luetismo..................................................................................... 13 2.2.1.4 Miasma Tuberculínico............................................................................................. 13 2.3 CONSTIPAÇÃO NO OCIDENTE................................................................................ 14 2.3.1 Fisiologia..................................................................................................................... 14 2.3.2 Etiologia...................................................................................................................... 15 2.3.2.1 Auto induzidas.......................................................................................................... 15 2.3.2.2 Ambientais............................................................................................................... 15 2.3.2.3 Idade avançada, doenças, medicações.................................................................... 16 2.3.2.4.Idiopáticas................................................................................................................ 16 2.3.3 Diagnóstico.................................................................................................................. 16 2.3.4 Complicações.............................................................................................................. 17 2.3.5 Tratamento Padrão Ocidental...................................................................................... 18 2.3.5.1 Medicamentos Convencionais.................................................................................. 18 2.4 CONSTIPAÇÃO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (M.T.C)................... 20 2.4.1 Funções do Intestino Grosso segundo a M.T.C.......................................................... 20 2.4.2 Etiopatogenia e Sintomatologia.................................................................................. 20 2.4.2.1 Constipação por Plenitude....................................................................................... 20 2.4.2.2 Constipação por Deficiência ou Vazio..................................................................... 21 2.4.3 Tratamento da Constipação pela M.T.C...................................................................... 22 2.4.3.1 Tratamento da Constipação por Plenitude.............................................................. 22 2.4.3.2 Tratamento da Constipação por Deficiência ou Vazio............................................ 23 2.5 CONSTIPAÇÃO NA HOMEOPATIA.......................................................................... 24 2.5.1 Patogenesias dos Principais Medicamentos Homeopáticos Utilizados no Tratamento da Constipação..................................................................................................

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2.5.1.1 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Tuberculínico..................................... 25

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2.5.1.2 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Psora.................................................. 25 2.5.1.3 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Sifilinismo.......................................... 26 2.5.1.4 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Sicose................................................. 27 3 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 28 4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 31 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 32

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RESUMO

Título: Acupuntura e Homeopatia no Tratamento da Constipação

Autor: ZAPPELINI, Graziela dos Santos Pereira.

Orientador: Marcelo Fábian Oliva

O presente trabalho tem como objetivo relacionar o uso da Acupuntura e da Homeopatia

como recurso de tratamento no controle da constipação intestinal, possibilitando ao paciente

realizar um tratamento sem fazer o uso de fármacos (laxantes), a fim de controlar a

constipação.

Através do estudo das patogenesias dos Medicamentos Homeopáticos procurou-se classificá-

los de acordo com a Acupuntura, comparando a patogenesia da Homeopatia com a

etiopatogenia e sintomatologia na Acupuntura, classificando em suas respectivas síndromes.

Observando que através desta classificação constatou-se que as duas ciências têm um núcleo

em comum, que é ver o ser humano como um todo, e que uma terapia pode complementar a

outra aumentando a eficácia do tratamento, diminuindo assim o uso de laxantes para tratar a

constipação.

Palavras-chaves: Acupuntura, Homeopatia, Constipação, Patogenesia, Sintomatologia.

CENTRO INTEGRADO DE ESTUDO E PESQUISA DO HOMEM

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA

Florianópolis, novembro de 2010.

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1 INTRODUÇÃO

A Acupuntura como terapia é parte integral da Medicina Tradicional Chinesa. É uma

antiga técnica chinesa utilizada para tratar tanto de problemas do corpo como da mente.

Baseia-se na idéia de que a saúde, assim como tudo o mais no universo, é regida pelos cinco

elementos: água, madeira, fogo, terra e metal, pela teoria yin/yang e pela teoria Zang / Fu. A

restauração do equilíbrio desses elementos no corpo, diz a teoria, irá trazer boa saúde

(NAKANO, YAMAMURA, 2008).

A mais antiga menção ao termo Acupuntura pode ser encontrada no "The Nei Jing

Yellow Emperors Classic of Internal Medicine", de Huang Di, que data de cerca de 300 a.C.

Segundo Mann (1962), a Acupuntura consiste no estímulo, usualmente por meio de

uma fina agulha, de certos pontos estratégicos da pele, denominados pontos de acupuntura.

Estes pontos estão reunidos sob um sistema, por sua vez, denominados de “meridianos”, que

se relacionam com os órgãos internos do corpo.

A Homeopatia é uma terapia que se baseia no princípio do similia similibus curantur

("os semelhantes curam-se pelos semelhantes") (BAROLLO,1998).

Ela segue a frase: “Para obter curas suaves, rápidas, certas e duradouras, deve-se

eleger em cada caso individual de doença um medicamento capaz de produzir por si só uma

doença semelhante a que se pretende curar (introdução do “Organon”).

Os primeiros indícios da origem da Homeopatia se encontram em Hipócrates,

Paracelso e outros. A especificação dos princípios da Homeopatia se deu por Christian

Friedrich Samuel Hahnemann, pela primeira vez em 1810 onde publicou seu livro mestre,

chamado "O Organon da Ciência Médica Racional", que foi aperfeiçoado em 1819, mudando

o nome para "O Organon da Arte de Curar" (BAROLLO,1998).

A Homeopatia consiste em ministrar ao doente doses mínimas do medicamento para

evitar a intoxicação e estimular a reação orgânica (FONTES, 2001; NASSIF, 1997).

Ambas terapias, a Acupuntura de origem oriental e a Homeopatia de origem ocidental,

tem um núcleo em comum, elas partem da existência de uma energia vital. Ambas creem que

alterações ou desvios da força vital produzem sinais que são chamadas de doenças e através

deste conceito ambas veem a forma terapêutica da cura.

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1.1 OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo relacionar o uso da Acupuntura e da

Homeopatia como recurso de tratamento no controle da constipação intestinal, possibilitando

ao paciente realizar um tratamento sem fazer o uso de fármacos (laxantes), a fim de controlar

a constipação.

1.2 JUSTIFICATIVA

A constipação intestinal, ou simplesmente a prisão de ventre atinge cerca de 20% da

população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e entre os mais

queixosos estão as mulheres e os idosos.

E a constipação intestinal crônica produz complicações como o fecaloma ou a

compactação fecal no reto (SOUTO, 1999). Outras complicações que podem estar presentes

são: megacólon, câncer do intestino grosso e o volvo do sigmóide. E também devemos

lembrar que o uso abusivo de laxantes pode levar a uma inflamação colônica difusa,

acarretando em dor abdominal e retenção prolongada de fezes. O uso prolongado de laxantes,

torna os reflexos de defecação mais fracos com o passar do tempo, com isso o cólon fica

atônito (GUYTON e HALL, 1997).

Segundo Dulcetti Junior (2001), para uma melhora de todo o organismo pode-se

utilizar recursos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Segundo a MTC a acupuntura é

uma parte que aborda holisticamente a saúde, seu uso não é apenas para alívio de sintomas, já

que também auxilia na regulação do organismo e promove os mecanismos homeostáticos.

A homeopatia tem uma visão integrada do ser humano, vendo-o como um todo onde

corpo e psique são indissociáveis. Neste aspecto aproxima-se das medicinas clássicas oriental

como a acupuntura (CARDOZO, 2005).

Tendo em vista o elevado número de pessoas que apresentam constipação, serão feitos

comparações entre as patogenesias dos medicamentos homeopáticos com as síndromes de

constipação na Acupuntura, visto que estas duas ciências têm em comum a visão do ser

humano como um todo e não em partes.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ACUPUNTURA

A acupuntura originou-se na China, sendo milenar o seu desenvolvimento, embora

práticas semelhantes à acupuntura sejam encontradas em outros povos antigos. Mas em

nenhum lugar do mundo se deu o significado filosófico profundo à acupuntura como na antiga

China (NAKANO, YAMAMURA, 2008).

A Medicina Tradicional Chinesa concentra-se na observação dos fenômenos da

Natureza e no estudo e compreensão dos princípios que regem a harmonia nela existente. Na

concepção chinesa, o Universo e o Ser Humano estão submetidos às mesmas influências,

sendo este parte integrante do Universo como um todo. Desse modo, observando-se por

analogia estendê-lo à filosofia do corpo humano, pois nele se reproduzem os mesmos

fenômenos naturais (NAKANO, YAMAMURA, 2008).

A concepção filosófica chinesa a respeito do Universo está apoiada em três princípios

básicos: a teoria do Yin/Yang, a dos Cinco Movimentos e as do Zang Fu (Órgãos e Vísceras)

os quais estão descritos a seguir (NAKANO, YAMAMURA, 2008; PEREZ, 2007).

· Teoria Yin/Yang: corresponde à condição primordial e essencial para a origem de

todos os fenômenos naturais, como por exemplo, o princípio da energia e da matéria.

· Teoria dos Cinco Movimentos: por meio deste conceito, procura-se explicar os

processos evolutivos da Natureza, do Universo, da saúde e da doença.

· Teoria do Zang Fu: aborda a fisiologia energética dos Órgãos, e das Vísceras e

das Vísceras Curiosas do ser humano e constitui o alicerce para a compreensão da fisiologia e

da propedêutica energética e da fisiopatologia das doenças e seu tratamento.

A Acupuntura e Moxabustão é uma ciência e como tal tem sua própria fisiologia,

anatomia, etiopatogenia, diagnóstico e tratamento, sendo ela estritamente individualizada para

cada paciente, devido à própria condição energética de cada paciente (PEREZ, 2007).

2.2 HOMEOPATIA

Segundo os defensores da Homeopatia destacam o fato de que alguns princípios gerais

da Homeopatia já teriam sido enunciados por Hipócrates há cerca de 2500 anos como o

princípio da analogia e da similitude, mas Christian Friedrich Samuel Hahnemann em 1790

foi quem estudou profundamente esta ciência (CARDOZO, 2005; NASSIF, 1997).

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A palavra Homeopatia que vem do grego ómoio = semelhante e pathos = doente,

termo criado por Samuel Hahnemann, para designar um método terapêutico cujo princípio

está baseado na similia similibus curantur ("os semelhantes curam-se pelos semelhantes")

(CARDOZO, 2005; NASSIF, 1997).

A Homeopatia é uma especialidade que consiste em ministrar ao doente doses

mínimas do medicamento para evitar a intoxicação e estimular a reação orgânica (FONTES,

2001; NASSIF, 1997).

Segundo Hipócrates os contrários são curados pelos contrários. A doença é produzida

pelos semelhantes, e pelos semelhantes que fizeram com que fosse ela contraída, o doente

passará da doença à saúde, a febre é suprida pelo que produz e produzida pelo que suprime

(NASSIF, 1997).

Além da visão holística impressa em toda a obra de Samuel Hahnemann, ou seja, a

visão do todo sobre as partes, há quatro princípios que orientam a prática homeopática, os

quais são (BAROLLO, 1998; CARDOZO, 2005; FONTES, 2001; NASSIF, 1997):

· Lei dos Semelhantes: Resultado de suas releituras dos Clássicos e, sobretudo, de

suas próprias experiências, anuncia esta Lei universal da cura: similia similibus curantur.

Exemplificando, um medicamento capaz de provocar, em uma pessoa sadia, angústia

existencial que melhora após diarréia e febre, curaria uma pessoa cuja doença natural

apresente essas características.

· Experimentação na pessoa sadia: A fim de conhecerem as potencialidades

terapêuticas dos medicamentos, os homeopatas realizam provas, chamadas patogenesias; em

geral são eles mesmos os experimentadores. Tipicamente não se fazem experiências com

animais. Uma condição básica para a escolha dos provandos é que sejam saudáveis. Esses

medicamentos são capazes de alterar o estado de saúde da pessoa saudável e justamente o que

se busca são os efeitos puros dessas substâncias.

· Doses infinitesimais: A preparação homeopática dos medicamentos segue uma

técnica própria que consiste em diluições infinitesimais seguidas de sucussões rítmicas, ou

seja: mistura-se uma pequena quantidade de uma substância específica em muita água e/ou

álcool e agita-se bastante. A tese é de que essa técnica "desperte" as propriedades latentes da

substância. Isso é chamado de "dinamização" ou "potencialização" do medicamento. Toma-se

o cuidado de prescrever a menor dose possível, porquanto o poder do medicamento

homeopaticamente preparado é grande e há pessoas sensíveis a ele.

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· Medicamento único: Usa-se um medicamento por vez, levando-se em conta a

totalidade sintomática do paciente. Só assim é possível ver seus efeitos, a resposta terapêutica

e avaliar sua eficiência ou não. Após a primeira prescrição é que se pode fazer a leitura

prognóstica, ver se é necessário repetir a dose, modificar o medicamento ou aguardar a

evolução.

De fato, o tratamento homeopático consiste em fornecer a um paciente sintomático

doses extremamente pequenas dos agentes que produzem os mesmos sintomas em pessoas

saudáveis, quando expostas a quantidades maiores. A droga homeopática é preparada em um

processo que consiste em diluição sucessiva da substância, sucussão e "dinamização" (ou

"potencialização"), em uma série de passos (CARDOZO, 2005).

2.2.1 Miasmas

Hahnemann diante de tratamentos insatisfatórios de alguns doentes crônicos usando a

homeopatia supôs a existência de algum obstáculo à ação da força vital. Supôs que este

obstáculo teria um poder superior ao poder do medicamento. Denominando este impedimento

de miasmas os quais são classificados em: Tuberculinum, Psora, Syphyllis e Sicose.

Miasmas é um modo de reagir. Seria como um modo de ser pré-patológico, pois

influência na aparição de um quadro patológico. O miasma expressa a tendência a ter

determinadas respostas que se reiteram no tempo e refletem uma predisposição mórbida.

Um miasma não é uma doença, mas sim um fator que desequilibra a energia vital e,

por isso, predispõe o organismo às enfermidades ao mesmo tempo em que condiciona as

manifestações desse desequilíbrio.

Os principais miasmas: Psora, Sicose, Sífilis e Tuberculinico

2.2.1.1 Miasma Psora

O miasma psora é a perturbação primordial da energia vital. É a psora que predispõe o

organismo para todas as enfermidades, pois coloca a energia vital num estado de

hipersensibilidade aos agentes agressores de qualquer natureza (emocional, microbiano,

climático).

A palavra psora = sarna está relacionada a todas as enfermidades cutâneas que

resultam em erupção. A idéia principal de Hahnemann era que a Psora se expressava como

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uma sintomatologia local ou ponto de inoculação que consiste em uma erupção localizada

evitando assim lesões em órgãos mais internos.

Portanto qualquer medida supressiva desta manifestação local é ruim, pois permite a

progressão da Psora. Esta progressão continuará lesionando o organismo internamente.

Quadro geral do psorismo:

· Predisposição à alergia sob todas as suas formas: cutânea, digestiva, respiratória ou

genital;

· Manifestações cutâneas, problemas articulares (artrite) e tendência a parasitoses;

· Convalescências longas;

· Não para de comer quando está doente;

· Quadro psíquico com predomínio de ansiedade negativa e vivacidade positiva;

· Prurido, coceira, ansiedade:

· A presença de sintomatologia pertencente ao aparelho digestivo. Constipação,

funcionamento intestinal comprometido, desejo de açúcares e alterações do apetite.

· Todas as secreções e excreções apresentam um odor forte e desagradável.

· Problemas das faneras, especialmente das unhas.

· Problemas ginecológicos – prurido vulvar, leucorréias nauseabundas e irritantes.

· Astenia e tristeza exacerbadas.

2.2.1.2 Miasma Sicose

Miasma da enfermidade condilomatosa originária da toxina da gonorréia. Atualmente

a Sicose é descrita como uma inflamação crônica do tecido reticuloendotelial.

A palavra “sicose” se refere a “tumor”, pois as manifestações externas principais desse

miasma crônico são as tumorações (verrugas, pólipos, tumores), além das secreções

patológicas.

A energia vital, que na psora expressa hiperfunção (para preservar o organismo

através da exoneração) e produz sintomas funcionais, passa a produzir, na sicose, sintomas

proliferativos (tanto mentais quanto físicos) que expressam uma disfunção.

Quadro geral da Sicose:

· Tendência a retenção hídrica

· Tendência a produção de lesões cutâneas e de mucosas: verrugas, condilomas,

tumores;

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· Quadro psíquico dominado por idéias fixas e obsessivas tendência a depressão

psíquica obsessiva;

· Corrimentos genitais.

· Diarréias de cor esverdeada.

· Neoformações cutâneas.

· Tumoração volumosa, lenta, regular e benigna.

· Agravamento das enfermidades pela umidade, especialmente pelo frio úmido.

2.2.1.3 Miasma Sífilis ou Luetismo

Hahnemann considerou esta diátese como conseqüência das seqüelas da Sífilis

herdada ou adquirida. Atulamente é um miasma de reação. Enquanto que a Psora é de

exaltação a sicose é de inibição o sifilinismo é de destruição.

O miasma psora é caracterizado pela hipersensibilidade do organismo. O miasma

sicose é caracterizado pela disfunção do organismo. Já o miasma da sífilis leva à deficiência

ou falta de reação natural do organismo.

Quadro geral do Sifilinismo:

· Tendência a ulceração cutânea e mucosa;

· Agressão ao tecido ósseo, linfático e conjuntivo;

· Tendência a esclerose;

· Quadro psíquico agressivo, ambição orgulho insatisfação. "Tudo imediatamente";

· Insônia, medo;

· Varizes e úlceras varicosas.

· Amigdalites, anginas recidivantes e repetidas, parodontoses.

2.2.1.4 Miasma Tuberculínico

Este miasma não foi descrito por Hahnemann e sim pelo suiço Nebel e posteriormente

por seu aluno francês Léon Vannier. É fruto da tuberculose e os seus órgãos alvos são os

respeitantes ao aparelho respiratório.

É uma mistura entre a Psora e a Sífilis. Da primeira tem a exaltação e da segunda tem

a destruição.

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Caracterizado por sensibilidade ao frio e as correntes de ar e por intolerância e

inadaptação ao ambiente e as outras pessoas.

Infecções respiratórias e otorrinolaringocócicas repetitivas em crianças de gênio

difícil.

Quadro geral do Tuberculismo:

· Tendência a infecções respiratórias freqüentes;

· Magro e delgado apesar de comer bem;

· Tendências as cefaléias, diarréias e otalgias

· Psiquismo com intolerância e irritabilidade

· Sensibilidade reativa aumentada a todas as agressões do aparelho respiratório.

· Insuficiência respiratória.

2.3 CONSTIPAÇÃO NO OCIDENTE

A definição de constipação intestinal é ampla, envolvendo uma série de queixas

relacionadas à dificuldade de evacuar, desde sua freqüência, passando pela eliminação de

fezes de volume reduzido ou de menor calibre ou endurecidas, que exijam grande esforço para

sua eliminação. Inclui também a sensação subjetiva de evacuação incompleta ou aquela que

requer manobras manuais para facilitar a saída do bolo fecal (PEREZ, 2007; ROSS, 2003;

SILVEIRA, 2009).

A constipação pode começar como uma reação de retenção ao hábito forçado de ir ao

banheiro, estar associado com a depressão, se agravar por medos de contaminação em

assentos de banheiros, principalmente em banheiros públicos, pode estar concomitante ao

estresse, tensão nas pessoas que são apressadas ou incapazes de relaxar durante a defecação

(ROSS, 2003).

2.3.1 Fisiologia

As principais funções do cólon são absorver água e eletrólitos, conduzir as fezes a

partir do intestino delgado e armazenar as fezes, especialmente no sigmóide, antes da

evacuação. Após as refeições podem ocorrer contrações colônicas de grande amplitude,

denominadas reflexo gastrocólico, que se propagam a partir do sigmóide proximal em direção

a sua porção terminal, empurrando a massa fecal para o interior do reto. A continência fecal e

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as evacuações dependem do funcionamento perfeito da musculatura pélvica. (SILVEIRA,

2009).

Os esfíncteres internos e externos envolvem o ânus, sendo o primeiro um

espessamento da musculatura lisa circular do intestino e o segundo de musculatura estriada

sob controle voluntário. Quando as fezes chegam ao reto, receptores sensíveis ao estiramento

determinam o relaxamento reflexo do esfíncter interno do ânus, permitindo que o conteúdo

retal ao atingir a região anodérmica seja percebido de modo discriminado para gases, líquidos

ou fezes pastosas. Neste momento, o indivíduo pode decidir pela eliminação de flatos ou pela

contração voluntária do esfíncter externo até chegar ao local apropriado para ultimar a

defecação (MORAIS e MAFFEI, 2000).

É possível interromper esta seqüência de forma consciente, voluntária, desde que se

comande o não relaxamento do esfíncter anal externo, ocasionando, o retorno da massa fecal,

presente no reto, de volta para o sigmóide. Qualquer disfunção de órgãos que comprometa

essa coordenação de movimentos, pode ser responsável pelo desencadeamento da constipação

intestinal. (DUNCAN, SCHMIDT e GIUGLIANI, 1996).

2.3.2 Etiologia

Segundo Ambrogini Júnior (2000), Silveira (2009) as causas da constipação intestinal

crônica pode se classificada em:

2.3.2.1 Auto induzidas

A mais freqüente esta associada com uma dieta rica em alimentos refinados e pobres

em fibras, frituras em excessos, baixa ingestão de líquido, sedentarismo, retenção voluntária e

não obediência ao reflexo da evacuação e a lesão dos nervos do cólon pelo uso crônico e

abusivo laxantes.

2.3.2.2 Ambientais

Associada a condições momentâneas de indisponibilidade de um banheiro ou a

condições de trabalho desfavoráveis ou viagens ou ainda em pacientes acamados pela

imobilidade. Constituem a causa mais comum da constipação transitória e geralmente

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resultam em normalização do hábito intestinal assim que se remova a condição ambiental

desfavorável.

2.3.2.3 Idade avançada, doenças ou medicações

Em idosos devido à flacidez da parede do cólon e diminuição da resposta aos

estímulos; as doenças metabólicas ou sistêmicas como doenças da tireóide, doenças do

metabolismo do cálcio, diabetes, insuficiência renal, doença de Chagas, Parkinson, traumas

no sistema nervoso central e medula e a outras; doença diverticular dos cólons; os

medicamentos como antidepressivos, antiespasmódicos, analgésicos opiáceos (codeína,

morfina), anticonvulsivantes, antiácidos contendo alumínio, anti-hipertensivos,

antiinflamatórios, antiparkinsonianos, preparados com cálcio.

Especial atenção de ser dada aos idosos, principalmente os acamados e internados,

quando a falta de atividade e o decúbito prolongado provocarão uma diminuição da atividade

do intestino grosso. Deve ser acrescentado, a estas situações, os estados de má-nutrição, o

efeito inibidor das doenças da tireóide, da depressão e da demência senil. Geralmente

agravados pela dificuldade de evacuar quando desejam. O problema terapêutico mais

importante é evitar a compactação fecal e a formação de um fecaloma retal (acúmulo no reto

de fezes desidratadas).

2.3.2.4 Idiopáticas

De causa desconhecida, como os distúrbios motores do megacólon chagásico e não

chagásico e da inércia colônica ou as que ocorrem na síndrome do intestino irritável ou

secundárias a um defeito no mecanismo da evacuação que envolve a musculatura pélvica e o

esfíncter anal (prolapso retal, anismo, retocele, descida perineal e outras).

2.3.3 Diagnóstico

Segundo os Critérios de Roma II descritos por Silveira (2009) o diagnóstico requer a

presença de dois ou mais dos sintomas abaixo por pelo menos três meses, consecutivos ou

não, no último ano.

· Esforço em pelo menos 25% das evacuações.

· Fezes endurecidas ou fragmentadas em pelo menos 25% das evacuações.

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· Sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das evacuações.

· Sensação de a obstrução ou interrupção da evacuação em pelo menos 25% das

evacuações.

· Manobras manuais para facilitar em pelo menos 25% das evacuações.

· Menos de 3 evacuar ações por semana.

Uma vez definido o sintoma de constipação intestinal, a etapa inicial consiste na

exclusão de causas orgânicas intestinais e sistêmicas.

Um início recente de constipação em pacientes idosos torna necessária a investigação

de causas orgânicas como o câncer colorretal, a presença de dor ou sangramento anorretal

podem ser um indicativo. É necessário investigar se o início da constipação coincidiu com a

introdução de algum medicamento, se uma história longa, sem a associação precisa a nenhum

fator específico é sugestiva de maus hábitos alimentares e comportamentais.

A avaliação deve sempre se basear na alteração em relação ao hábito intestinal prévio

de cada indivíduo.

A anamnese, o exame físico geral, o exame proctológico completo e a coloscopia

apontam o diagnóstico etiológico em uma grande maioria dos casos. O toque retal, além de

afastar causas orgânicas, permite uma avaliação inicial do estado funcional do aparelho

esfincteriano e do esvaziamento retal. Esse exame deve ser realizado em repouso, durante

contração voluntária do esfíncter e até mesmo durante o esforço evacuatório, quando

distúrbios como retocele, prolapso retal e síndrome da contração paradoxal do músculo

puborretal (anismo) poderão ser diagnosticados ou suspeitos (DUNCAN, SCHMIDT e

GIUGLIANI, 1996).

2.3.4 Complicações

Se a constipação intestinal não for tratada adequadamente, a longo prazo, pode evoluir

e gerar novas e grandes complicações para o organismo, como: diverticulose, hemorróidas,

fissuras anais, câncer de intestino, incontinência, fecaloma ou a impactação fecal no reto,

megacólon, dolicólon e o volvo do sigmóide (SOUTO, 1999).

Segundo Guyton e Hall (1997), o uso prolongado de laxantes, torna os reflexos de

defecação mais fracos com o passar do tempo, com isso o cólon fica atônito podendo levar a

uma inflamação colônica difusa, acarretando em dor abdominal e retenção prolongada de

fezes.

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2.3.5 Tratamento Padrão Ocidental

O tratamento deve ser individualizado, levando-se em consideração a duração e a

severidade da constipação, a idade e suas expectativas. (DUNCAN, SCHMIDT e GIUGLIANI,

1996).

As dietas ricas em fibras estão indicadas em todos os tipos de constipação, juntamente

com a prática de exercícios físicos. As dietas ricas em fibras podem promover metereorismo de

modo geral acomodável, não se constituindo em limitação a este tipo de dieta. Os efeitos da dieta

rica em fibras costumam iniciar a partir da segunda semana de uso (DUNCAN, SCHMIDT e

GIUGLIANI, 1996).

A reeducação intestinal consiste em encorajar o paciente a permanecer sentado no vaso

sanitário por alguns minutos diariamente, mesmo sem sucesso, preferentemente após as refeições,

para aproveitar o refluxo gastrocólico. (DANI, 1988).

Quando todas as medidas terapêuticas consideradas curativas já tiverem sido usadas sem

resultados, pode-se pensar em outros tratamentos convencionais que é a prescrição de laxativos.

2.3.5.1 Medicamentos convencionais

Os medicamentos convencionais utilizados na terapêutica da constipação são inúmeros e

com diferentes mecanismos de ação os quais seguem abaixo (KOROLKOVAS, 2000; SILVEIRA,

2009):

· Incrementadores do bolo fecal: são substâncias que retêm água, aumentam o

volume fecal, diminuindo sua consistência e facilitando a evacuação. Podem ser usadas

mesmo na presença de um intestino inflamado. São as fibras alimentares e podem ser usado

por tempo indeterminado. As fibras podem ser solúveis e insolúveis. Esta recomendação deve

ser sempre acompanhada pela advertência, de que a ingestão de preparados de fibras, deve ser

sempre acompanhada de um aumento no consumo de líquidos até atingir os 1,5 a 2 litros por

dia, para evitar a impactação fecal e conseqüente agravamento da constipação. A ingestão de

fibra alimentar recomendada em um adulto é de aproximadamente 25 a 30 g por dia.

· Lubrificantes: são substâncias oleosas que facilitam o deslizamento das fezes.

Risco de aspiração nos de idosos e diminuir a absorção de vitaminas e lipossolúveis. Não são

recomendadas para o uso prolongado. O mais comum é o óleo mineral.

· Agentes osmóticos: são substâncias que retiram a água do sangue e da luz

intestinal. Sais de magnésio e os açúcares inabsorvíveis como a lactulose, o sorbitol e o PEG

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4.000. Os inconvenientes são o custo e o risco de desenvolvimento de distensão e flatulência

devido à fermentação destes açúcares pelas bactérias do cólon.

· Laxantes: são substâncias que aumentam a motilidade intestinal. Tais como senna,

cáscara sagrada, fenolftaleína e bisacodil, pode levar a complicações, como a destruição do

plexo mioentérico e o cólon catártico e portanto devem ser evitados.

· Probióticos: Lactobacillus casei Shirota, Bifidobacterium breve, Lactobacillus

acidophilus e o Lactobacillus bifidus ajudam a criar uma flora intestinal favorável.

Tabela 1. Principais produtos comercialmente disponíveis na terapêutica da constipação

(KOROLKOVAS, 2000).

Nome Comercial Classe terapêutica Composição

Agiofibra® Incrementador do bolo fecal Fibras solúveis e insolúveis

Benefiber® Incrementador do bolo fecal Fibras solúveis e insolúveis

Metamulcil® Incrementador do bolo fecal Fibras solúveis

Plantaben® Incrementador do bolo fecal Fibras solúveis

Trifibra Mix® Incrementador do bolo fecal Fibras

Nujol®, óleo mineral Lubrificante Óleo mineral

Lactulona® Agente osmótico Lactulose

Leite de Magnésia de

Phillips®

Agente osmótico Sais de magnésio

Minilax® Agente osmótico Sorbitol

Manitol® Agente osmótico Manitol

Tamarine®, Naturetti® Laxante, Agente osmótico Sene

Angiolax® Laxante, Incrementador do bolo

fecal

Sene, fibras solúveis e insolúveis

Agarol® Laxante (estimulante químico),

lubrificante

Fenolftaleína, óleo mineral

Lacto-purga® Laxante (estimulante químico) Fenolftaleína e lactose

Dulcolax®, Humectol D® Laxante (estimulante químico) Bisacodil

Guttalax Laxante (estimulante químico) Picossulfato de sódio

Yakurt LB® Probiótico Lactobacillus casei Shirota,

Bifidobacterium breve

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2.4 CONSTIPAÇÃO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)

Constipação é a diminuição do trânsito intestinal, com evacuação dificultosa e às

vezes fezes dolorosas, duras e secas. É uma manifestação de estase, geralmente provocada por

retenção de alimentos, estagnação de sangue ou parasitas, levando a uma obstrução de energia

(Qi) e distúrbio funcional do intestino grosso (PEREZ, 2007; SANTOS, 1995).

2.4.1 Funções do Intestino Grosso segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC)

O Intestino Grosso é a via de passagem, é por aí que transita o produto da digestão. A

função do Intestino Grosso é de receber os resíduos alimentares, provenientes do Intestino

Delgado, e após ter absorvido a água excedente, de expulsá-los. Se essa função estiver

desregulada, observa-se constipação ou diarréia, ou pode levar a uma deposição de sangue na

parede intestinal causada pela lesão dos vasos sangüíneos do Intestino Grosso (AUTEROCHE

e NAVAILH, 1992; CHONGHUO,1993).

2.4.2 Etiopatogenia e Sintomatologia

A Medicina Tradicional Chinesa distingue dois tipos de constipação: a constipação por

plenitude e a constipação por deficiência ou vazio (CHONGHUO,1993; PEREZ, 2007).

2.4.2.1 Constipação por Plenitude

A constipação por plenitude produz-se por um acúmulo de calor no Triplo Aquecedor

Médio e Inferior. Clinicamente a constipação por plenitude se apresenta com inquietude,

halitose, língua vermelha e com sede, pulso rápido e sensação de plenitude torácica e

abdominal. São três as causas da constipação por plenitude (CHONGHUO,1993; PEREZ,

2007):

· Energias Perversas: causado por calor ou vento calor. Estas energias lesionam o

líquido orgânico e provocam uma obstrução na circulação energética no estômago e no

intestino grosso. Os sintomas são hálito fétido, língua vermelha com saburra amarela, fezes

secas, fragmentadas, com odor fétido, dificuldades em evacuar, distensão abdominal, urina

escassa e amarela, sede, desejo por bebidas frias, afta, tosse.

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· Transtornos Emocionais, Estagnação de Qi: é produzido pela liberação de yang

hepático produzidos por um componente psicoafetivo como: ansiedade, frustração, raiva

reprimida, mágoa, stress, depressão. O yang hepático liberado, através do ciclo Ke (controle)

reprime o movimento Terra retardando todo o trânsito no Triplo Aquecedor Médio,

produzindo também um ciclo patológico de inversão (Wu) inibindo o trânsito do Intestino

Grosso e secando os líquidos orgânicos dos mesmos. Em conseqüência, os resíduos são

retidos dentro e ficam incapacitados de mover-se para baixo, causando a constipação. Os

sintomas são enxaqueca, vômitos biliares, náuseas, em alguns casos hemorróidas, distensão

abdominal e dor no hipocôndrio direito, anorexia, arrotos, dificuldade em evacuar apesar da

urgência, flatos, borborigmos, língua vermelha nas bordas laterais.

· Transgressão Dietética: dieta excessiva de yang tanto qualitativa quanto

quantitativa como alimentos refinados, especialmente açucares, excesso de alimentação,

álcool, alimentos picantes, gordurosos entre outras produzem uma sobrecarga no estômago

que lesiona a raiz Yin do Baço Pâncreas. O excesso de yang no Estômago é transmitido

também ao Intestino Delgado e ao Intestino Grosso levando a secura dos líquidos orgânicos

assim como das fezes. Os sintomas são língua com saburra grossa e úmida, inchaço

epigástrico, refluxo, distensão e desconforto na região epigástrica, sensação de água na boca,

constipação com diarréia pela manhã.

2.4.2.2 Constipação por Deficiência ou Vazio

A constipação por vazio aparece freqüentemente depois de uma doença prolongada ou

depois do parto em que não houve a recuperação da Energia Vital e do Sangue. Manifesta-se

também em pacientes idosos e especialmente em mulheres de meia idade. A constipação por

vazio pode ser dividida em dois grupos (CHONGHUO,1993; PEREZ, 2007):

· Insuficiência de Qi no Triplo Aquecedor Médio e Inferior: esta situação esta

ligada a diversas situações como enfermidades agudas ou crônicas, pela menopausa, por

circunstâncias de desgaste energético entre outras. Uma insuficiência de Qi conduz a uma

insuficiência de líquido orgânico principalmente no Intestino Grosso. Os sintomas são

constipação com distensão abdominal, desconforto na região epigástrica, eructação, desejo em

evacuar mais incapaz de fazê-lo, dor na hora da evacuação.

· Insuficiência de Xue e de líquidos orgânicos: a deficiência de sangue e Qi,

resultante de doenças principalmente crônica, pós-parto ou em idosos, causam duas condições

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subseqüentes de deficiência. A deficiência de Qi leva a fraqueza do Intestino Grosso em

transmitir, enquanto a deficiência do sangue promove uma má nutrição da tênia do colo

(musculatura responsável pelo peristaltismo do Intestino Grosso) e essa deficiência do

umedecimento do Intestino Grosso tem como conseqüência a diminuição ou inatividade total

do peristaltismo. Os sintomas são boca seca e sede, insônia, anorexia, fezes secas, vertigem.

2.4.3 Tratamento da Constipação pela Medicina Tradicional Chinesa

Segundo Perez, 2007 há um tratamento base para qualquer tipo de constipação

independente da etiologia que segue abaixo:

· BP 6: melhora o fluxo sangüíneo no Triplo Aquecedor (TA) interior;

· B25, E 25: técnica shu-mu;

· E 37: ponto Roé do Intestino Grosso (IG);

· TA 6: ponto fogo do Triplo Aquecedor (TA) que em plenitude se dispersa e em

vazio se estimula;

· BP 15: atua como ponto purgante;

· R 6: ponto de abertura do Yin Qiao Mai, é estimulante dos líquidos orgânicos;

· E 44: ação laxante. Ponto água do Estomago (E) e equilibra a umidade a nível

yang ming.

2.4.3.1 Tratamento da Constipação por Plenitude

· Energias Perversas: causado por calor ou vento calor (PEREZ, 2007);

§ IG 4 e IG 11: purificar o calor;

§ R 7: tonificar a água orgânica por ser um ponto de tonificação do Rim (R);

§ ID 12, B12, IG 16, VB 20: pontos de liberação do vento que atua como fator de

transporte necessário para que o calor chegue ao Yang Ming.

· Transtornos Psicoafetivos, Estagnação de Qi (PEREZ, 2007):

§ MC 6: ponto de abertura do Yin Wei Mai, ponto barreira interna, que regula o

fogo ministerial do Xin Bao;

§ F 2, F 3: pontos de sedação do Fígado (F) e portanto do Fogo Ministerial;

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§ B 18, B 20, B 21: ponto Shu do Fígado (F), Baço/Pâncreas (BP) e Estômago

(E) em dispersão diminuem o yang a nível Triplo Aquecedor Médio e Inferior;

§ E 36: regulariza o Estômago (E) e fortalece sua ação para evitar a excessiva

incidência de yang hepático através do ciclo Ke.

· Transgressão Dietética (PEREZ, 2007):

§ BP 6: ponto de reunião dos três yin do pé, estimula o yin geral e facilita uma

boa metabolização dos líquidos orgânicos;

§ VC 12: ponto de concentração de energia Baço/Pâncreas (BP), o qual estimula

sua função impulsora, ponto Mu do Estômago (E), estimula o yin desta víscera e

neutraliza o yang;

§ F 13: ponto Mu Baço/Pâncreas (BP) que estimula sua função yin;

§ BP 3, E 40: técnica luo-yuan de Estômago (E) e Baço/Pâncreas (BP) que

permite regulação e atuam como anti- fleumas;

§ B 20, B 21: ponto Shu do Baço/Pâncreas (BP) e do Estômago (E), regularizam

o yang de ambos.

2.4.3.2 Tratamento da Constipação por Vazio

· Insuficiência de Qi no Triplo Aquecedor Médio e Inferior (PEREZ, 2007):

§ VC 4: comando do sangue, ponto Mu do Intestino Delgado (ID);

§ VC 6: mar das energias a nível Triplo Aquecedor Inferior;

§ B 17: ponto Shu do diafragma e Roé do sangue;

§ R 2: ponto fogo do Rim (R), aumenta o yang renal;

§ BP 6: luo de grupo do yin zu, estimula o yin inferior.

· Insuficiência de Xue e de líquidos orgânicos (PERES, 2007):

§ R 3, R 7, R 10, VB 25: tonificar o yin do Rim para aumentar os líquidos

orgânicos e o sangue;

§ B 18, B 20, B 21: em sedação, para diminuir o yang a nível Triplo Aquecedor

Médio e Inferior, que são os pontos Shu dorsais do Fígado, Baço/Pâncreas e

Estômago.

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2.5 CONSTIPAÇÃO NA HOMEOPATIA

A relação fisiopatológica da constipação na Homeopatia é diferenciada em cada

miasma. Segue abaixo as diferenças entre eles (SILVEIRA, 2009).

· Miasma Tuberculínico: a constipação no miasma tuberculínico ocorre devido à

disfunção fagocitária das células de Kuppfer nos sinusoidais hepáticos e conseqüentemente

pela disseminação das toxinas entéricas, e os mecanismos que levam os tuberculínicos a se

constiparem encontram explicação na alteração da bomba de cloro e enxofre, que ocasionam

o ressecamento das fezes (pequenas e endurecidas), no déficit do sistema mononuclear

fagocitário do fígado somado ao fator temperamental de baixa tonicidade encontrada

principalmente na infância (tuberculinismo infantil). Atua juntamente a estes fatores o

funcionamento da glândula tireóide que se encontra aumentado alterando o equilíbrio dos íons

cálcio e fósforo.

· Miasma Psórica: no miasma psórico a constipação está mais relacionada a um

aumento da simpaticonia, conseqüentemente ocorre um aumento no tônus do esfíncter anal

externo. E também aos quadros de auto e hetero intoxicação crônica agravando a insuficiência

hepática pelo acometimento de seu parênquima; às reações alérgicas do tipo I de Gell e

Coombs (intolerância à proteína do leite de vaca mediada por IgE ) e à tendência às

parasitoses.

· Miasma Sífilis: a constipação no miasma sifilinismo se dá devido aos distúrbios

do Sistema Nervoso Central e Periférico, congênitos ou adquiridos, (Hirchsprung, Chagas,

trauma de medula) e ulcerações de origem arterial (teoria da natureza isquêmica na

etiopatogenia da fissura anal).

· Miasma Sicótico: as causa da constipação no miasma sicótico é causados pelos

tumores intestinais; transtornos evacuatórios provocado por hemorróidas decorrentes da

congestão portal passiva; atonia dos ligamentos e da musculatura pélvica; edema de alça; e

por atonia do SNA.

2.5.1 Patogenesias dos Principais Medicamentos Homeopáticos Utilizados no Tratamento da

Constipação.

O tratamento da constipação através da Homeopatia deve seguir os princípios básicos

como observar a patogenesia (o que o medicamento homeopático provoca em um homem

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sadio e comparar o que o homem doente está sentindo). Dado isto se segue a lei do

semelhante cura o semelhante, isto é, o paciente deve tomar o medicamento homeopático

semelhante aos sintomas que ele está sentindo.

Segue abaixo os principais Medicamentos Homeopáticos utilizados no tratamento da

Constipação, suas patogenesias e classificados de acordo seus miasmas (BACH, 2005; KENT,

1996; SILVEIRA, 2009).

2.5.1.1 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Tuberculínico

· Magnésia muriatica: é um medicamento eficaz em casos de ventre inchado e

distendido com borborigmo e eliminação de flatos. Dor no hipocôndrio direito. Constipação

com fezes secas, escassas, nodosas, fezes que saem com dificuldade e despedaçam-se ou

fragmentam-se na borda do ânus. Constipação com desejos ineficazes, com ardência durante e

depois da evacuação.

2.5.1.2 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Psora

· Bryonia alba: a constipação da Bryonia é devido a secura. A pessoa que necessita

deste medicamento sente muita sede e por grandes quantidades de liquido frio. Esta secura

também produz tosse seca. A constipação é com fezes duras, secas, grandes e com inatividade

retal.

· Carduus marianus: é eficaz em casos de constipação com distensão abdominal,

plenitude do hipocôndrio direito. As fezes são duras, negras, em pequenos pedaços, difíceis de

expulsar, escassas. A constipação alterna-se com diarréia. Outras características são

irritabilidade e tristeza, enxaqueca biliosa, vômitos biliosos, gosto amargo na boca e

hemorróida.

· Gratiola officinalis: constipação com desejos urgentes e ineficazes de evacuar. As

fezes são duras, escassas, difíceis de expulsar. Dor no ânus, enquanto defeca ou depois. Tem

tendência à hemorróida. Apresenta perturbações gástricas com distensão gástrica após ter

comida ou bebido, que melhora após eructações. Regurgitações amargas e vômitos biliosos,

ácidos e amargos. Vertigens durante e após as refeições e cefaléia.

· Nux vomica: constipação com necessidades urgentes e ineficazes de evacuar,

apresenta distensão abdominal e flatulência, a constipação é alternada com diarréia.

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· Lycopodium clavatum: Constipação crônica com necessidades ineficazes; fezes

duras, pequenas e insuficientes, difíceis de evacuar devido a uma contração espasmódica

dolorida do ânus. Distensão abdominal, flatulência.

2.5.1.3 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Sifilinismo

· Alumen: constipação das mais graves, sem desejos durante muitos dias, sem

capacidade ou força para mover as fezes ou com desejos violentos, mas ineficazes. Quando

consegue evacuar, as fezes são muito duras como pedras, como bolinha preta e mesmo depois

de saírem sente o reto cheio. Dores intolerantes no reto depois de evacuar. Hemorróidas

sangrantes.

· Ambra grisea: distensão abdominal com grande flatulência, borborigmos e cólicas

intestinais; sensação que a parede abdominal interna está fria. Constipação inveterada em

pessoas idosas, principalmente quando alguém está próximo no momento de evacuar. Desejos

freqüentes e ineficazes de evacuar.

· Causticum: grande fraqueza por paresias ou paralisias, durante muito tempo. Há

uma perturbação da evacuação com um embotamento da sensibilidade da mucosa retal ou do

reflexo evacuatório. Com isso, há uma necessidade de fazer grandes esforços e só resultam

em pequenas defecações.

· Plumbum metallicum: constipação intensa e crônica por paresia ou paralisia retal,

com contínuos e ineficazes desejos de evacuar; fezes duras, negras como de carneiro;

defecação difícil e dolorosa. Melhora pela pressão forte, por fricções.

· Alumina: constipação com fezes secas, duras e em pequenos pedaços cobertos de

muco. Impossibilidade de evacuar até que haja um grande acúmulo de fezes. Mesmo as fezes

moles demandam grandes esforços para serem eliminadas. Fezes retrocedem. Escoriação após

evacuação. Agrava com o frio e melhora com o calor. Secura nas mucosas o que explica a

dispepsia por hiposecreção, faringo laringite seca e constipação.

· Opium: constipação devido à inércia absoluta dos intestinos, uma paralisia regular

do movimento peristáltico, há uma ausência de desejo de evacuar, e assim as fezes tornam-se

duras, secas, como bolas pretas, a inatividade e ressecamento intestinal, é uma das causas da

constipação do idoso.

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2.5.1.4 Patogenesia dos Medicamentos do Miasma Sicose

· Thuya occidentalis: constipação com fezes duras, grande, escuras, cobertas de

sangue, com desejos ineficazes de evacuar e dificuldade para evacuar, as fezes retrocedem.

Ânus fissurado, doloroso com hemorróidas e constipação com distensão abdominal e

flatulência.

· Collinsonia canadensis: constipação alternada com diarréia, evacuações lentas e

difíceis, com dor e grande flatulência. Hemorróidas crônicas, dolorosas, sangrantes.

Evacuações volumosas, nodosas e muito dolorosas.

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3 DISCUSSÃO

Observando as patogenesias dos Medicamentos Homeopáticos descritos

anteriormente, pode-se classificá-los de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa,

comparando a patogenesia da homeopatia com a sintomatologia na MTC, classificando em

suas respectivas síndromes.

A tabela abaixo classificará os medicamentos homeopáticos de acordo com as

Síndromes de Constipação na MTC.

Tabela 2. Medicamentos Homeopáticos e a sua classificação segundo a MTC.

Medicamento Homeopático Classificação por Síndrome

Magnésia muriatica: borborigmo, flatos, dor no

hipocôndrio direito, fezes secas, escassas, nodosas, fezes

saem com dificuldades, constipação com desejos

ineficazes, ardência durante e depois da evacuação.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Bryonia Alba: sede intensa por liquido frio, tosse seca,

fezes duras, secas, grandes e com inatividade retal.

Plenitude (Calor)

Carduus marianus: distensão abdominal, plenitude do

hipocôndrio direito, fezes duras, negras, em pequenos

pedaços, difíceis de expulsar, escassas. A constipação

alterna-se com diarréia, irritabilidade e tristeza, enxaqueca

biliosa, vômitos biliosos, gosto amargo na boca e

hemorróida.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Gratiola officinalis constipação com desejos urgentes e

ineficazes de evacuar, fezes são duras, escassas, difíceis

de expulsar, dor no ânus, enquanto evacua ou depois,

tendência à hemorróida, distensão gástrica após ter comida

ou bebido, que melhora após eructações, regurgitações

amargas, vômitos biliosos, ácidos e amargos, vertigens

durante e após as refeições e cefaléia.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Nux vomica: constipação com necessidades urgentes e

ineficazes de evacuar, apresenta distensão abdominal e

flatulência, a constipação é alternada com diarréia.

Plenitude (Estagnação de Qi)

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Lycopodium clavatum: constipação crônica com

necessidades ineficazes, fezes duras, pequenas e

insuficientes, difíceis de evacuar devido a uma contração

espasmódica dolorida do ânus, distensão abdominal,

flatulência.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Alumen: sem capacidade ou força para mover as fezes ou

com desejos violentos, mas ineficazes, fezes duras, dores

intolerantes no reto depois de evacuar, hemorróidas

sangrantes.

Deficiência (Insuficiência de

Qi)

Ambra grisea: distensão abdominal, flatulência,

borborigmos, cólicas intestinais. Constipação inveterada

em pessoas idosas, principalmente quando alguém está

próximo no momento de evacuar. Desejos freqüentes e

ineficazes de evacuar.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Causticum: grande fraqueza por paresias ou paralisias,

durante muito tempo. Há uma perturbação da evacuação

com um embotamento da sensibilidade da mucosa retal ou

do reflexo evacuatório. Com isso, há uma necessidade de

fazer grandes esforços e só resultam em pequenas

defecações.

Deficiência (Insuficiência de

Xue e Líquidos Orgânicos)

Plumbum metallicum: constipação intensa e crônica por

paresia ou paralisia retal, com contínuos e ineficazes

desejos de evacuar; fezes duras, negras como de carneiro;

defecação difícil e dolorosa. Melhora pela pressão forte;

por fricções.

Deficiência (Insuficiência de

Qi)

Alumina: constipação com fezes secas, duras e em

pequenos pedaços cobertos de muco. Impossibilidade de

evacuar até que haja um grande acúmulo de fezes. Mesmo

as fezes moles demandam grandes esforços para serem

eliminadas. Fezes retrocedem. Escoriação após evacuação.

Agrava com o frio e melhora com o calor. Secura nas

mucosas o que explica a dispepsia por hiposecreção,

faringo laringite seca e constipação.

Deficiência (Insuficiência de

Xue e Líquidos Orgânicos)

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Opium: constipação devido à inércia absoluta dos

intestinos, uma paralisia regular do movimento

peristáltico, há uma ausência de desejo de evacuar, e

assim as fezes tornam-se duras, secas, como bolas pretas,

a inatividade e ressecamento intestinal, é uma das causas

da constipação do idoso.

Deficiência (Insuficiência de

Qi)

Thuya occidentalis constipação com fezes duras, grande,

escuras, cobertas de sangue, com desejos ineficazes de

evacuar e dificuldade para evacuar, as fezes retrocedem.

Ânus fissurado, doloroso com hemorróidas e constipação

com distensão abdominal e flatulência.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Collinsonia canadensis: constipação alternada com

diarréia, evacuações lentas e difíceis, com dor e grande

flatulência. Hemorróidas crônicas, dolorosas, sangrantes.

Evacuações volumosas, nodosas e muito dolorosas.

Plenitude (Estagnação de Qi)

Visto a tabela acima, pode-se observar que as duas ciências podem ser trabalhadas em

conjunto, potencializando o tratamento contra a constipação, pois tanto a Homeopatia quanto

a Acupuntura observa o ser humano como todo, buscando sempre a causa do problema, sendo

que o tratamento é sempre individualizado.

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4 CONCLUSÕES

Com base neste trabalho observou-se que através do estudo das patogenesias dos

Medicamentos Homeopáticos utilizados no tratamento da Constipação é possível classificá-

los de acordo com a Acupuntura, comparando a patogenesia da Homeopatia com a

etiopatogenia e sintomatologia na Acupuntura, classificando em suas respectivas síndromes.

E através desta classificação pode ser observado que as duas ciências têm um núcleo

em comum, que é ver o ser humano como um todo, e que ambas as terapias partem da

existência de uma energia vital, elas creem que alterações ou desvios da força vital produzem

sinais que são chamadas de doenças e através deste conceito veem a forma terapêutica da

cura.

Sendo assim uma terapia pode complementar a outra aumentando a eficácia do

tratamento, diminuído o uso dos laxantes como tratamento da Constipação.

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