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1 CIEPH - CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES FLORIANÓPOLIS MAIO/2010

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CIEPH - CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM

A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES

FLORIANÓPOLIS MAIO/2010

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FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES

A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Florianópolis, maio de 2010

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialista em Acupuntura do Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem, como requisito à obtenção do título de

Especialista em Acupuntura.

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA

A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Elaborada por

FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________________________

Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp.

Orientador/ Presidente de Banca

___________________________________________________

Prof. Cleto Emiliano Pinho, Esp. Membro de Banca

___________________________________________________

Profa. Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC. Membro de Banca

Florianópolis, maio de 2010

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SUMÁRIO

RESUMO_________________________________________________6

1. INTRODUÇÃO_____________________________________________7

1.1 O PROBLEMA E A SUA RELEVÂNCIA_________________________7

1.2 OBJETIVOS______________________________________________11

1.2.1 GERAL__________________________________________________11

1.2.2 ESPECÍFICOS____________________________________________11

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO________________________________12

2. REVISÃO DE LITERATURA_________________________________12

2.1 PRINCÍPIOS EM QUE SE BASEIA A MEDICINA TRADICIONAL

CHINESA_____________________________________________________12

2.2 YIN E YANG NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA____________15

2.3 YING E YANG E ANATOMIA_________________________________16

3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ACUPUNTURA________________23

3.1 PRINCÍPIOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E

ACUPUNTURA_________________________________________________26

3.2 BREVE HISTÓRICO DA ACUPUNTURA_______________________ 28

3.3 SIGNIFICADO DOS MERIDIANOS NA ACUPUNTURA____________30

3.4 VASOS MARAVILHOSOS___________________________________34

3.5 MECANISMOS SEGUNDO A NEURO CIÊNCIAS DA AÇÃO DA

ACUPUNTURA_________________________________________________35

3.5.1 APLICAÇÃO DE AGULHAS DE ACUPUNTURA__________________35

3.5.2 AÇÃO SEGMENTAR DA ACUPUNTURA_______________________37

3.5.3 AÇÃO SUPRA-SEGMENTAR DA ACUPUNTURA________________37

3.5.4 AÇÃO CENTRAL DA ACUPUNTURA__________________________37

3.5.5 NEUROTRANSMISSORES NA ACUPUNTURA__________________38

3.5.6 OS PONTOS DA ACUPUNTURA (ACUPONTOS)________________ 39

3.5.7 CONTRA-INDICAÇÃO DA ACUPUNTURA______________________41

4. CONCEITO OCIDENTAL DO AVC____________________________41

4.1 CONCEITOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL- AVC_______ 41

4.2 FISIOPATOLOGIA DO AVC_________________________________ 44

4.2.1 O CÉREBRO E SEU FUNCIONAMENTO_______________________44

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4.2.2 PRINCIPAIS ARTÉRIAS QUE UNEM O CORAÇÃO E O

CÉREBRO____________________________________________________ 45

4.3 TIPOS DE AVC___________________________________________ 48

4.3.1 AVC ISQUÊMICO_________________________________________ 48

4.3.2 AVC HEMORRÁGICO______________________________________50

4.3.3 AVC TROMBÓTICO, EMBÓLICO E LACUNAR__________________ 55

4.4 SINTOMAS DO AVC_______________________________________ 56

4.5 CAUSAS DO AVC_________________________________________ 57

4.6 SINAIS QUE PODEM CARACTERIZAR A OCORRÊNCIA DO

AVC__________________________________________________________57

4.7 EXAMES COMUNS PARA DIAGNOSTICAR O AVC______________ 58

4.8 SEQÜELAS DO AVC_______________________________________58

4.9 TRATAMENTO DO AVC____________________________________ 60

4.10 REABILITAÇÃO RELATIVA AO AVC__________________________ 61

5. CONCEITO ORIENTAL DO AVC_____________________________ 61

5.1 FILOSOFIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA_____________ 61

5.2 OS CINCO ELEMENTOS___________________________________ 63

5.3 ATUAÇÃO DA ACUPUNTURA_______________________________67

5.3.1 ACUPUNTURA COM UTILIZAÇÃO ELETROMAGNÉTICA HAI-

HUN_________________________________________________________70

5.4 LÍNGUA: IMPORTANTE INDICADOR DO GOLPE DE

VENTO_______________________________________________________75

6. TRATAMENTOS POR ACUPUNTURA________________________77

6.1 TRATAMENTO POR MOXABUSTÃO _________________________77

6.2 MÉTODO DE AGULHAMENTO______________________________ 77

6.2.1 TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA ESCALPEANA_____________78

6.2.2 REFERÊNCIA ANATÔMICA DA SUPERFÍCIE DO ESCALPE E

CORRESPONDENTE AO CÓRTEX CEREBRAL______________________80

6.2.3 LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE AGULHAMENTO - USO

CORRESPONDENTE COM A FUNÇÃO DA ÁREA CORTICAL___________80

6.2.4 A REABILITAÇÃO E EFICÁCIA DO TRATAMENTO_______________84

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS__________________________________89

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________ 95

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RESUMO

Título: A Eficácia da Acupuntura em Pacientes com Acidente Vascular

Cerebral: Revisão Bibliográfica

Autor: MARQUES, Felipe Leonel Castelucci Orientador: Marcelo Fabián Oliva Esp

O presente estudo tem como objetivo, apresentar através de uma revisão

bibliográfica, a eficácia de métodos da Acupuntura em pacientes com Acidente

Vascular Cerebral, existentes na Medicina Tradicional Chinesa. A Medicina

Tradicional Chinesa conceitua o ser humano como uma forma harmônica, entre

o corpo, mente e espírito podendo assim diagnosticar e tratar assim o ser

humano como um todo. A utilização da Acupuntura mostra-se eficaz no

tratamento dos diferentes tipos de Acidente Vascular Cerebral, sendo uma

alternativa aos profissionais da área da saúde no tratamento não só do

Acidente Vascular Cerebral, como de outras patologias e enfermidades que

acometem o ser humano como um todo.

Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Tratamento, Acupuntura, Medicina

Tracional Chinesa.

CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM – CIEPH

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA

Florianópolis, de maio de 2010.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA E SUA RELEVÂNCIA

A República Popular da China (RPC) comumente conhecida como

China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais

de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente um quinto da população da

Terra. É uma república socialista governada pelo Partido Comunista da China

sob um sistema de partido único com jurisdição sobre 22 províncias tendo por

capital Pequim.

Atualmente é considerada a segunda maior economia do Planeta, sendo

a de maior crescimento nos últimos 25 anos.

Dentre as valiosas contribuições da China para a humanidade está a

chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também conhecida como

medicina chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué).

Medicina Chinesa é uma denominação dada ao conjunto de práticas de

Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvida ao longo de milhares de

anos da sua história.

Segundo o Hwang Ti Nei Jing, escrito há cerca de 700 a.C., os chineses

da Idade da Pedra descobriram que o aquecimento do corpo com areia ou

pedra quente aliviava as dores abdominais e articulares. Essa foi a origem da

moxa. (Wen,1985).

Também foram encontrados em várias partes da China Zhem Shih –

agulhas de pedra- também da Idade da Pedra. Essas agulhas, diferentes das

agulhas de costura, encontravam-se junto com outros instrumentos de cura.

Daí a conclusão da aplicação da Acupuntura, já nesta época.

A Medicina Chinesa que originou-se ao longo do Rio Amarelo e passou

por inovações ao longo de diferentes dinastias é considerada uma das mais

antigas do mundo oriental.

Para definir Medicina Tradicional Chinesa é adequada a definição

encontrada no Livro do Imperador Amarelo, uma citação de Quibo (WANG,

2001).

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“A razão pela qual o céu e a terra podem ser os pais de todas as coisas

é que o céu tem 8 termos para designar o tempo climático e a terra tem 5

elementos a fim de ser o princípio guia de todas as coisas. Todas as mudanças

do céu, yin, yang tem padrões regulares, todas as coisas aderem a lei regular

do nascimento, crescimento, maturidade e de se recolher. Somente o homem

sábio pode seguir a lei da energia lúcida e leve do céu, a fim de nutrir sua

cabeça que está acima e aprende com o fenômeno da energia turva da terra

para nutrir seus pés que estão abaixo.No meio ele pode regular seu comer e

beber, seguir seus movimentos e sua mente para nutrir 5 vísceras.

O pulmão está localizado na parte superior do corpo e se encarrega da

respiração; por isso a energia do céu se comunica com o pulmão. A laringo-

faringe é a saída do estômago, o qual recebe cereais e por isso a energia da

terra se comunica com a laringo-faringe.

Já a energia do vento produz o fígado madeira, por isso a energia do

fígado corresponde ao fígado, como o coração está associado ao fogo e o raio

também está associado ao fogo, assim como as gravuras que agradam, a

energia do raio faz parte do coração.

O baço se encarrega de transportar e digerir os cereais, por isso a

energia da substância essencial do cereal se comunica com o baço. O rim é

um sólido, de água, por isso a energia da chuva pode orvalhar os rins. Tome o

yin e o yang do céu e da terra para fazer analogia com o yin e yang do corpo

humano: quando o yin e yang da terra se combinam viram chuva; quando a

energia vital e o sangue do homem se unem fazem suar, por isso o suor de um

homem é chamado chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia

do vento se espalha pela terra, por isso a “energia do homem” é chamada de

vento do céu e da terra. A energia de temperamneto violento num homem é

como o ribombar de um trovão e a energia em contra corrente se parece com a

ascensão do yang. A atividade vital de um homem tem uma estreita

semelhança com a energia do céu. Ao se tratar da doença deve-se seguir a

disciplian do céu e da terra, senão a atividade vital do paciente pode ser

prejudicada, ocorrendo imediatamente calamidade”(SELBACH, 2003).

Essa fundamentação de que nosso corpo “imita” o universo e que tudo o

que fazemos na nossa vida reflete-se no nosso corpo (princípio da Medicina

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Chinesa) leva a necessidade de nos conhecermos e conhecermos os pacientes

para evitar danos.

Afirma o artigo : Medicina Chinesa: “A Medicina Chinesa fundamenta-se

numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. A base

é o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do

organismo humano e sua interação com o ambiente, observando-se os ciclos

da natureza.

A abordagem da Medicina Chinesa vai do tratamento das doenças à

manutenção da saúde através de diversos métodos.

Atualmente existem oito principais métodos de tratamento de Medicina

Tradicional Chinesa:

Fitoterapia chinesa (fármacos)

Acupuntura

Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)

Dietoteapia (terapia alimentar chinesa)

Auriculoterapia (tratamento pela orelha)

Moxabustão

Ventosaterapia

Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de

energia, e meditação (Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais)

considerados métodos profiláticos para a manutenção da saúde, ou

intervenções para recuperá-la.” (MEDICINACHINESAPT, 2010).

A acupuntura, método que faz parte da Medicina Tradicional Chinesa

(MTC). Teria se originado quando o primeiro homem (primitivo), na primeira dor

levou a mão instintivamente à área dolorida, massageando e apertanto o local

da dor, constituindo o primeiro digitopuntura.

Há mais de 5000 anos (3000 anos de registros escritos e mais de 2000

com achados arqueológicos) comprovam que os chineses utilizavam a

acupuntura como meio de cura e tratamento de diversos males.

A acupuntura, um dos métodos mais difundidos da Medicina Chinesa no

ocidente, conhece formas importante na dinastia Song (960 a.C. – 1279)

impulsionadas pelo médico Wang Weiyi ao publicar a obra: “Acupuntura e os

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pontos do Corpo Humano”. Ele moldou duas estátuas do corpo humano em

bronze, com a finalidade de ensinar seus alunos as técnicas de acupuntura.

No século XX Mao Tse -Tung oficializou nas universidades o ensino da

Medicina Chinesa, sendo a mesma divulgada em toda a China e usada em

hospitais.

A técnica consiste em encontrar a harmonia do corpo e mente através

de canais, conhecidos como “meridianos de energia”, que percorrem todo o

corpo.

O tratamento quando realizado por agulhamento, é feito através de

inserção de finíssimas agulhas em determinados pontos dos canais, que são

chamados de “pontos da acupuntura”. A estimulação desses pontos permite a

ativação ou sedação da energia que circula ao longo desse meridiano

(SELBACH, 2003).

Com a evolução da humanidade surgiram as primeiras agulhas feitas

em pedra. Hoje são feitas com liga de prata, ouro ou aço inoxidável.

Já a moxa, inicialmente feita com areia ou pedra aquecida, evoluiu para uso de

plantas, infravermelho, ultra-som, corrente elétrica e raio laser.

Durante muito tempo, a acupuntura foi vista com desconfiança por

médicos e paciente, adeptos da Medicina Ocidental. Atualmente aumenta a

cada dia o número de médicos e paciente que procuram na acupuntura uma

alternatica eficaz para o tratamento de diversas doenças.

A prática da Acupuntura é regulamentada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Saúde, através da Política

Nacional de Práticas Interativas e Complementares no SUS (PNPIC) que

estabelece as diretrizes para implantaçao dessas terapias na rede pública de

saúde.

Em 2005, após consulta as comunidades médica e científica, a PNPIC

foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Definem-se então as

responsabilidades dos gestores a nível federal, estadual e municipal na

implentação dessas novas terapias e serviços no SUS. Também foram

elaboradas normas na Vigilância Sanitária orientando sobre o uso de materiais,

eliminando o risco de transmissão de doenças (FARHAT, 2006).

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O estudo desenvolvido aborda a temática do tratamento da acupuntura

em pacientes acometidos por AVC (Acidente Vascular Cerebral),

especificamente nos casos de Acidente Vascular Isquêmico (AVCI) e Acidente

Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH).

O estudo têm relevância porque os acidentes vasculares cerebrais

constituem grande problema de saúde pública, sendo que as estatísticas

situam entre as quatro maiores causas de morte e doenças neurológicas em

muitos países.

Acidente Vasculares Cerebrais (AVC) são definidos pela Organização

Mundial de Saúde como “sinais de distúrbio focal (por vezes global) da função

cerebral de evolução rápida durando mais de 24 horas ou ocasionando a morte

sem outra causa aparente daquela de origem vascular” (SACCO, 2010).

Outra importante razão para o presente estudo, está no fato de ainda ser

reduzida a divulgação da eficácia da acupuntura no tratamento de doenças

neurológicas.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 GERAL

O objetivo do estudo realizado, a partir de revisão bibliográfica, é

reforçar conceitos básicos da acupuntura, mesmo aqueles considerados

“corriqueiros” para os estudiosos, para que leigos possam compreender como

a acupuntura age, visando através de sua divulgação fazer com que busquem

tratamentos com o uso da mesma.

1.2.2 ESPECÍFICO

O objetivo é ampliar os conhecimentos sobre efeitos do tratamento

utilizando-se a acupuntura, em Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), tanto

nos casos de Acidente Vascular Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) como

Acidente Vascular Hemorrágico (AVCH).

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1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esta pesquisa, do tipo bibliográfica baseou-se na leitura e coleta de

dados realizadas em bibliografias particulares, nas bibliotecas da CIEPH,

UNISUL, UFSC e UDESC, bem como utilizou sites da internet em endereços

eletrônicos citados nas referências bibliográficas. Foram consultadas 78 obras,

entre livros, periódicos e site.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 PRINCÍPIOS EM QUE SE BASEIA A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A história da Medicina Chinesa pode ser estudada de três maneiras:

1. Assumir que os conceitos chineses de doença e tratamento são

superiores aos ocidentais: Manfred Porkert.

2. Uma visão histórica que enfatiza os aspectos que seriam precursores do

pensamento médico ocidental atual, tomando este como verdade científica:

Joseph Needham.

3. Estudar a medicina como um aspecto da cultura chinesa: Paul Unschuld.

Uma das características da civilização chinesa é sua capacidade

sincrética. Contrariamente ao ocidente, na China os novos conceitos não

anulavam os anteriores e sim, conviviam ao mesmo tempo. Não havia um

processo dialético de síntese e nem a substituição do paradigma antigo por um

novo. Isto fez com que conceitos contraditórios fossem usados ao mesmo

tempo para explicar um fenômeno. Desta forma, podemos encontrar os

seguintes aspectos no que chamamos medicina chinesa:

Terapia oracular

Medicina sobrenatural ou dos demônios

Cura religiosa

Terapia farmacológica pragmática

Medicina budista

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Medicina de correspondência sistemática

“Com relação ao elo causal necessário à explicação da doença, podemos

encontrar duas formas de pensamento na medicina chinesa:

1. Relações de causa-efeito entre fenômenos correspondentes

2. Relações de causa-efeito entre fenômenos não correspondentes (visão

tradicional da MTC) está profundamente ligada a teorias baseadas no Taoísmo,

sobre a dualidade Yin/Yang, sobre meridianos e outros conceitos inicialmente

bastante “exóticos”para a ciência médica ocidental. Contudo, contribuições da

Antropologia Médica, vem facilitando o entendimento destes conceitos à luz da

interpretação lógica das explicações mítico-religiosas compreendidas como

sistemas etnomédicos capazes de dar respostas às demandas por cuidados de

saúde de uma determinada população” (WIKIPEDIA, 2010).

Na China antiga, as primeiras observações efetuadas levaram à

conclusão de que a estrutura básica do ser humano era a mesma do universo.

Então, todos os fenômenos da natureza eram classificados em dois pólos

opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo). Aqueles que apresentam como

característica: força, calor, claridade, superfície, grandeza, dureza, peso, etc.

pertencem ao Yang. Ao contrário, os que apresentam características às

opostas mencionadas, pertencem ao Yin (WEN, 1987).

No copo humano há órgãos de constituição mais fraca que necessitam

de proteção das vértebras e costelas. São cinco órgãos: coração, pulmão, rins

e baço – pâncreas. Eles pertencem ao Yin e seus pontos reflexos estão

localizados na região ventral do corpo. Ao contrário, as vísceras menos

protegidas e de constituição mais forte como o estômago, intestino delgado,

intestino grosso, bexiga, vesícula biliar e útero, são de natureza Yang.

Os órgãos que apresentam hiperfuncionalidade são classificados como

Yang; os que apresentam hipofuncionalidade são classificados como Yin

(WEN, 1985).

Para Wen (1985), “o Yin e Yang são aspectos opostos de todo o

movimento no universo. É um conceito hoje considerado quântico que os

médicos chineses antigos conseguiram adaptar para a medicina. No corpo do

homem existe o equilíbrio que pode ser alterado por diversos tipos de

influências, como alimentar, comportamental e muitas outras.

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Existem muitas formas de diagnóstico na medicina tradicional chinesa

(MTC). Algumas delas são a pulsação, a observação e aspectos da língua, a

cor e aspecto da pele. “Um médico chinês costuma dizer que não se deve olhar

apenas o paciente, mas escutá-lo, tocá-lo, cheirá-lo, provar sua urina e

conhecer suas fezes.”

Assim uma consulta baseada no modelo tradicional chinês pode levar de

vários minutos a algumas horas. Nela são questionados vários aspectos da

vida, desde a infância, expressões das emoções, alimentação, hábitos e

costumes.

A natureza das explicações tradicionais da medicina chinesa não tornam

essa prática essencialmente distinta de outros sistemas etno – médicos; tem

semelhanças com a medicina hipocrática (origem da moderna medicina). Não é

uma medicina mágica como foi considerada por um certo tempo, e sim a

incorporação do conhecimento empírico fruto de cuidadosas observação,

consolidado no paradigma do Yin e Yang e dos 5 movimentos (SCIELO, 2009).

Fenômenos seriam manifestações de um número variável de princípios;

fenômenos que são manifestações de um mesmo princípio são

correspondentes: mudança em um afeta o outro. Na correspondência

sistemática há um número limitado de princípios. Todos os fenômenos podem

ser classificados como um dos dois ("yin yang") ou um dos cinco ("Cinco

Fases" WU XING) princípios. Outra possibilidade seria a dos fenômenos

coexistirem independentemente e, sob determinadas condições, exercerem

influências mútuas benéficas ou prejudiciais.

“Segundo Unschuld, a pluralidade de conceitos envolvendo causalidade

da doença é inevitável numa sociedade onde grupos diferentes coexistem em

realidades socioeconômicas diferentes; mudança nestes conceitos é inevitável

numa sociedade onde ocorre mudança sociopolítica básica; conceitos de

saúde antigos sobrevivem em grupos sociais que continuam a seguir uma

ideologia sociopolítica coerente; um grupo que esteja em busca de influência

política ou de domínio criará ou apoiará um conjunto específico de conceitos

terapêuticos consistentes com suas normas sociais. Com estas noções em

mente podemos então passar para a história propriamente dita” (SCIELO,

2009).

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“Princípios norteadores da filosofia chinesa tem os conceitos Yin e Yang

presentes no mito de criação da Terra e humanidade, a história de Pan gu.

Atribui-se seu mais antigo uso sistemático ao I Ching. Porém não há dúvidas

que o cânone básico de sua aplicação à medicina é o Nei Ching “O Livro do

Imperador Amarelo” (Imperador Huang Tdi) cujo exemplar mais antigo foi

encontrado em um túmulo da dinastia Han (Fu Weikang).

Lê-se no Nei Ching:

“O Imperador Amarelo disse:

O princípio de Yin e do Yang – os elementos masculino e feminino da

Natureza- é o princípio básico de todo o Universo. É o princípio de tudo que

existe na Criação. Efetua a transformação para a paternidade; é a raiz e a fonte

da vida e da morte, e também encontra - se no tempo dos deuses”.

A fim de tratar e curar as doenças, é preciso investigar-se a sua origem.

O céu foi criado por uma acumulação de Yang, o elemento da luz; e a terra foi

criada por uma acumulação de yin o elemento das trevas.”

2.2 YIN E YANG NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Figura 1: O Imperador Amarelo Huang Tdi Fonte: Wikipédia ,2009

O Nei Ching consiste basicamente no diálogo de Qi-bai (também grafado

Chi Po) com o Imperador Amarelo mas é voltado para as questões práticas da

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adaptação ao clima, nutrição, emoções mas sobretudo numa segunda versão,

o Su Wen, concentra-se na prática clínica.

Para entendê-lo porém é preciso observar que traz em seu bojo

referências da época em que foi contado (tradição oral), escrito ou re-escrito

nas distintas dinastias (Han, Tang). A título de exemplo observe-se a seguinte

citação:

"O Imperador Amarelo pergunta: Ouvi dizer que o céu era Yang e a terra

era Yin, que o sol era Yang e a lua era Yin. Como concordam elas, no homem?

Qi-bai responde: O que está acima dos rins (região lombar) depende do

céu; o que está abaixo da região lombar depende da terra. os 12 vasos

principais ((Jing - mai) correspondem assim aos 12 meses (12 ramos

terrestres). A lua está em relação com a água. Eis porque está situada em

baixo é Yin"''

O livro traz a classificação dos meridianos em suas propriedades Yin e

Yang com nítida identificação da relação do processo de saúde e doença. Os

fatores patogênicos/terapêuticos estão organizados em forma de uma fisiologia

ou dinâmica vital (Madel Luz) onde se integram com os conceitos de

meridianos e a Teoria dos Cinco Movimentos ou Elementos (SCIELO, 2009).

2.3. YIN E YANG E ANATOMIA

A teoria do Yin e Yang passou (como toda a história dos fenômenos

científicos), por um processo de observação; análise; suposição; comprovação

e conclusão.

As primeiras observações levaram à conclusão de que a estrutura

básica do ser humano era a mesma do universo. Assim todos os fenômenos da

natureza foram classificados em dois pólos opostos: o Yin (negativo) e o Yang

(positivo) (WEN, 1985).

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As tabelas abaixo dão uma idéia da visão do Yin e Yang.

YIN

NATUREZA CORPO HUMANO CARACTERÍSTICAS DA

DOENÇA

Lua, noite, terra,mulher,

inverno,frio,leste,oeste

Região profunda

(interna), região

central, porção

infradiafragmática,cinco

órgãos,sistema

sanguíneo

Calma,

fria,úmida,hipofuncionante,crônica

Tabela 1:Visão do Yin e Yang

Fonte: WEN, 1985

YANG

NATUREZA CORPO HUMANO CARACTERÍSTICAS

DA DOENÇA

Sol,

dia,céu,homem,verão,calor,sul,

norte

Superfície (externa),

região dorsal,porção

supradiafragmática e

víceras energéticas

Agitada, forte,quente,

seca, hiperfuncionante,

aguda

Tabela 2: Visão do Yin e Yang

Fonte : WEN, 1985

A descrição e classificação anatômica na cultura chinesa descreve as

diversas partes, pontos, regiões, órgãos e sistemas do corpo onde os princípios

do Yin - Yang são aplicados, diferenciando tanto as formas como funções, por

exemplo:

O Chi circula através dos meridianos em um ritmo estabelecido pela

transformação do Yin e Yang

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Figura 2: Meridianos Fonte: Wikipedia, 2009

A -Yin : lado direito; parte anterior (ventral); parte palmar; interior do corpo;

membros inferiores; tronco; cheio (sólido); órgãos /meridianos zang: fígado,

coração, rim, pulmão, baço-pancreas, pericárdio.

B -Yang: lado esquerdo; parte posterior (dorsal); parte volar; exterior; membros

superiores; cabeça; oco, vazio (luz); órgãos/meridianos fu: intestino delgado,

intestino grosso, estômago, bexiga, vesícula - biliar, tríplice aquecedor (san

jiao), cérebro, útero.”

Essa classificação refere-se aos órgãos e aos processos fisiológicos

normais e patológicos. Cada uma das funções dos órgãos divididos em Yin e

Yang são por sua vez subdivididos em sucessivas classificações. Por exemplo

alguns órgãos como o coração e o rim possuem características Yang (Shao -

jovem Yin) enquanto que o pulmão e baço-pancreas características Yin (Tai -

grande Yin) apesar de todos em sua constituição serem classificados como

Zang (órgãos) de natureza Yin.Analisando-se o coração pode-se ainda

diferenciar o Yin cardíaco (a sístole - a massa muscular) do Yang cardíaco (a

diástole, as cavidades) e assim sucessivamente.

A teoria aponta que no corpo humano há órgãos de constituição mais

fraca que necessitam da proteção das vértebras e costelas(coração, pulmão,

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rins, baço/pâncreas) eles pertencem ao Yin e seus pontos reflexos estão

localizados na região ventraldo corpo. Já asvícerasmenos protegida, por serem

de constituição mais forte (estômago,intestinos delgado e

grosso,bexiga,vesícula biliar e útero) pertencem ao Yang. Já os órgãos que

apresentam hiperfuncionalidade são classificados como Yang e os de

hipofuncionalidadesão Yin (WEN, 1985).

Sinais e sintomas são observados no processo de diagnóstico da

medicina chinesa. Resumindo-os:

Yin: processos crônicos; tendência à obesidade; congestão; passiva;

hipotermia; tonus muscular diminuído; flacidez; sensibilidade diminuída; pele

úmida, fria; sonolência; voz apagada; pessimismo; olhar apagado; aspecto

alquebrado; timidez; depressão; inibição; distensão; contração; equilíbrio

estático; coma, estupor.

Yang: processos agudos; tendência ao emagrecimento; inflamação; febre;

tonus muscular aumentado; espasmo; sensibilidade aumentada; pele seca,

quente; insônia; voz vibrante; otimismo; olhar brilhante; aspecto arrogante;

desembaraço; ansiedade; excitação; tensão; dilatação; alteração dos

movimentos; convulsão. (MACIOCIA,2003.)

Figura 3:Yin e Yang

Fonte:site lininja,2010

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Para a MTC a teoria Yin e Yang abrange três itens:

A – Nos estados de tranquiliade, existe uma harmonia entre Yin e Yang; nos de

agitação desequilíbrio entre eles.

B - Em nenhuma substância observar-se-á desenvolvimento e endurecimento

se houver predomínio de Yin ou Yang isoladamente.

C – Em circunstâncias favoráveis o Yin poderá transformar-se em Yang e vive-

versa. Quando io Yin está em excessooYang estará em depleação. Ao

contrário,estando o Yin fraco, o Yangencontrar-se-á forte.

Na medicina chinesa as doenças surgem a partir da desarmonia e ou

interrupção da energia Yin e Yang que deixam vulneráveis os agentes

agressores externos: frio, calor. Chi impuro, etc. As síndromes Yin – Yang

causadas por esse desequilíbrio, podem ser basicamente subdivididas por

causas como:

A- tipo Xu (deficiência) ou seja aquelas provocadas por uma baixa resistência

corpórea devida a hipofunção ou insuficiência de certos materiais;

B- tipo Shi (excesso) indicando agressão por agente nocivo externo em

presença de uma resistência orgânica normal. (MACIOCIA,2003).

A preponderância do Yin sobre Yang em presença do fator patogênico

Yin caracteriza a síndrome frio do tipo Shi (excesso). A deficiência da energia

Yang com níveis adequados dos fatores Yin caracteriza a síndrome do frio tipo

Xu (deficiência).

A Medicina Chinesa sustenta que, por um lado, normalmente existe um

estado de equilíbrio relativo entre órgãos internos e os tecidos e, por outro,

entre o meio ambiente e o corpo humano. O equilíbrio não é estático, é um

estado de constante auto-ajuste. Dessa maneira, as atividades fisiológicas

normais do corpo estão asseguradas. Estando o corpo impossibilitado de se

ajustar às condições de mudança, o equilíbrio dinãmico se perde e ocorrerão

distúrbios. (YIN HUI, 1999).

Na Medicina Chinesa a causa da doença também é chamada de “qi

perverso” (xie qi) ou fatores patogênicos. Diversos são os fatores que podem

causar doenças: mudanças anormais do tempo, fatores epidêmicos nocivos,

excitação emocional abrupta, imprudência dietética, esforço físico excessivo,

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dano traumático, mordidas de insetos ou de animais, etc. Também a ocorrência

de uma doença poderá desencadear outra. (YIN HUI, 1999).

A ocorrência de uma doença significa, até certo ponto, esgotamento da

atividade fisiológica normal: sob influência de fatores patogênicos, podem

ocorrer alterações patológicas dos órgãos zang-fu e dos meridianos, distúrbios

do yin e yang, bem como do qi e do sangue.

“Para a Medicina Chinesa o início de uma doença geralmente ocorre por duas

causas:

1. À fraqueza do qi antipatogênico conseqüente a distúrbios funcionais

preexistêntes no corpo e,

2. À influência dos patores patogênicos ou qi perverso.”

A doença reflete o conflito entre o qi antipatogênico e os fatores

patogêncios. As condições do qi patogêncio, por sua vez são determinadas

pela constiução (herança genética), condição mental (ligada as emoções),

ambiente em que se vive, nutrição, estilo de vida (YIN HUI, 1999).

No processo diagnóstico da medicina chinesa, além da caracterização

do Yin e Yang é preciso, para que se restabeleça o equilíbrio no organismo,

identificar o fatores internos, meridianos e agentes patogênicos aos quais o

organismo está exposto.

Os agentes externos: vento, secura e fogo, calor de verão, umidade e

frio (os chamados “seis qi”) estão associados aos sentimentos ou estados

emocionais: raiva, medo, alegria, preocupação e tristeza (MACIOCIA, 2003).

Exemplo: o reumatismo denominado como “doença” do frio da tristeza e

da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do “fígado” (madeira) a

invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite.

Os seis qi não causam doenças, porém se ficarem anormais ou

excessivos, estando a resistência do corpo fraca para adaptar-se as variações,

eles podem tornar-se os “seis excessos (liu yin), fatores causadores de

doenças. Como são anormais são chamados de “seis qi insalubres (liu xie), ou

seis fatores patogênicos exógenos. Eles podem agir sozinhos ou associados.

Atacam o interiror do corpo pela superfície ou pela boca ou nariz. Esses

conceitos incluem a idéia de bactérias, vírus e fatores patogênicos químicos e

físicos (YIN HUI, 1999).

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O vento penetrante no mar de medula pode causar uma paralisia

equivalente ao que chamamos Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essas

combinações são explicadas, como alterações do fluxo habitual de Chi (Yin ou

Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos órgãos e

meridianos. Esses meridianos e suas relações são também explicadas pela Lei

dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra, metal e madeira

(MACIOCIA, 1996).

Ainda sobre processo diagnóstico e dimensão dos fatores exógenos Lê-

se no Nei Ching: "Quando o Yang é mais forte, as pessoas podem suportar o

inverno, mas não suportam o verão...quando o Yin é mais forte as pessoas

podem suportar o verão mas não suportam o inverno" O Ling Shu

complementa esclarecendo que as doenças Yang acontecem no inverno (no

caso tipo xu - deficiência) e as doenças Yin acontecem no verão identificando

ainda 5 agentes patogênicos, a saber:

O xié (fator patógeno) que penetra no Yang e provoca o Kuang (acesso

maníaco).

O xié (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi (bloqueio

de sangue).

O agente patogênico que penetra no Yang e se transforma na doença do

Dian (vértex), cefaléias, ou vertigens.

O agente patogênico que penetra no Yin e transforma-se em "Yin"

(afonia) perda da voz.

O agente patogênico do Yang que penetra no Yin suscita uma doença

do equilíbrio ática - o Yin representa o repouso). O agente patogênico saindo

pelo Yang, provoca uma doença de movimento (riso, cólera). O Yang configura

o movimento."(Ling Shu / Ming Wong)

Os sete fatores emocionais (qi qing) são: alegria excessiva, raiva, melancolia,

ansiedade, pesar, terror, susto. Em condições normais não são causadores de

doenças, porém quando ultrapassarem a capacidade normal do corpo humano

suportar.

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3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ACUPUNTURA

A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da

medicina chinesa tradicional que visa à terapia e à cura das doenças através

da aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas.

Esta ciência surgiu na china em plena Idade da Pedra, isto é, há

aproximadamente 4.500 anos. No entanto, apesar de sua antiguidade, continua

evoluindo. Com o moderno avanço tecnológico, outros instrumentos e técnicas

como o ultra-som, radiações infravermelhas, o raio laser e outros equipamentos

vieram enriquecer seus recursos fisioterápicos (WEN, 1997).

A milenar filosofia chinesa prega que a doença e a dor ocorrem devido a

um desequilíbrio entre as duas principais forças da natureza – o YIN e o YANG,

servindo a acupuntura para restaurar este equilíbrio. Muitos chineses e

seguidores acreditam que a acupuntura influencie uma força vital (chamada QI)

que flui ao longo de 12 meridianos (canais de energia que correm

longitudinalmente no corpo) parados e 2 não – pareados (CRDF, 2010).

Acupuntura deriva-se dos radicais latinos acus (agulha) e puntur

(punção). Assim a acupuntura visa a terapia e cura das enfermidades pela

aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos

chamados acupontos.

Acupuntura também pode ser definida como: “uma das técnicas da

Medicina Tradicional Chinesa que consiste de estimular pontos determinados

do corpo” (MEDICINACOMPLEMENTAR, 2010).

“É uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre

outras. Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo”

(SUSSMAN, 2000).

Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da

China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as

palavras latinas "Acum" (agulha) e "Punctum" (picada ou punção). A tradução

literal do termo chinês, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen

(agulha) e Jiu moxa ou seja "longo tempo de aplicação do fogo".

A tradução leva a concluir que o terapeuta só trabalha com agulha,

porém os pontos e meridianos também podem ser estimulados por outros tipos

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de técnicas. Os pontos de Acupuntura podem ser estimulados por: agulhas,

dedos (acupressão), stiper (do inglês Stimulation and Permanency -

Estimulação Permanente), ventosa ou pelo aquecimento promovido por moxa,

“longo tempo de aplicação do fogo", - um bastão de artemísia em brasa, que é

aproximado da pele para aquecer o ponto de acupuntura. Há, também, o

método de estimulação por laser, ainda em estudos.

“A acupuntura faz parte de um conjunto teórico-empíricos da milenar

Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que inclui técnicas de massagem (Tui-

Na), exercícios respiratórios (Chi-Gung), orientações nutricional (Shu-Shieh) e

a farmacopéia chinesa (medicamentos de origem animal, vegetal e mineral)

(ALTMAN, 1997).

“Acupuntura ou Acupunctura é um ramo da Medicina Tradicional

Chinesa e um método de tratamento considerado complementar de acordo

com a nova terminologia da OMS, Organização Mundial da Saúde ”

(WIKIPEDIA, 2010).

A acupuntura pode então ser definida em sentido restrito como sendo:

um agulhamento ou em sentido mais amplo como estímulo do acuponto,

seguindo várias técnicas disponíveis (agulhamento, alterações de temperatura,

pressão e outras).

Acupuntura consiste na aplicação de agulhas, em pontos definidos do

corpo, chamados de "Pontos de Acupuntura" ou "Acupontos", para obter efeito

terapêutico em diversas condições.

Os conhecimentos da acupuntura estiveram isolados do mundo

ocidental por cerca de 5000 anos, distanciando a forma de raciocínio e

linguagem. Além do empecilho semântico a prática dessa técnica se deparava

com deficiências no ensino e divulgação científica.

A ciência rejeita o princípio energético, linguagem metafísica e sistema

aparentemente primitivo da Medicina Tradicional Chinesa. Daí a dificuldade de

cientistas ocidentais buscarem investigarem e adotarem a acupuntura. A

necessidade de uma linguagem comum para facilitar o ensino, levou a

Organização Mundial de Saúde (OMS) a criar uma nomenclatura internacional

padrão (STANDARD, 2000).

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Na China, a acupuntura é utilizada rotineiramente para o tratamento de

diversas afecções. Em 1979, especialistas de 12 países presentes no

Seminário Inter- Regional da OMS publicaram uma listagem provisória de

enfermidades que podem ser tratadas utilizando-se a acupuntura

(BANNERMAN, 1997).

Nos últimos 20 anos a aceitação da acupuntura tem crescido e tem tido

grande aceitação nos países ocidentais (YAMAMMURA, 1995).

Figura 4: Ventosa Figura 5: Moxabustão Fonte: site graodeareia, 2010 Fonte: sitegraodeareia, 2010

Figura 6: Agulhamento Fonte: Sitestorminformatica, 2010

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3.1 PRINCÍPIOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA

O corpo humano é formado pela união das células que dão origem aos

tecidos e órgãos; estes associam - se entre si e colaboram para preservar as

funções de locomoção, digestão, defesa, respiração, etc. As conexões, de

modo geral, são estabelecidas pelo sistema nervoso, cujo centro é o cérebro.

Assim o organismo responde como um todo às alterações do meio (Wen,

1985).

Alguns fatores externos não têm importância em si, mas ao provocarem

uma resposta inadequada, podem provocar o desenvolvimento de uma doença.

Conforme a medicina chinesa, o tratamento através da acupuntura

busca a normalização dos órgãos doentes. Segundo a teoria da Acupuntura,

todas as estruturas do organismo se encontram originalmente em equilíbrio

pela atuação das energias Yin (negativas) e Yang (positivas). Por exemplo:

pelo principio de Yin e Yang é possível explicar os fenômenos que ocorrem nos

órgãos através dos conceitos de superficial e profundo, de excesso de

deficiência, de calor e frio. Desse modo, estando as energias Yin e Yang em

perfeita harmonia, o organismo, certamente, estará com saúde. Por outro lado,

um desequilíbrio gerara a doença.

A arte da Acupuntura visa, através de sua técnica e procedimentos,

estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o

equilíbrio, alcançando-se, assim, resultados terapêuticos (ALTMAN, 1997).

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Figura 7: Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura Fonte: site matosinhos, 2010

A acupuntura não se volta diretamente para os agentes agressores

externos. Por isso seu tratamento não visa apenas tratar o local comprometido.

Ao agir sobre o sistema nervoso, estimulando o mecanismo de compensação e

de equilíbrio em todo o corpo, para sanar a doença (WEN, 1985).

Diferentes estudos apontam que o mecanismo da ação da Acupuntura

sobre o organismo atua da seguinte forma:

1. Acupuntura altera a circulação sanguínea. Estimulando certos pontos,

pode ocorrer a alteração da dinâmica da circulação regional proveniente das

microdilatações. Outros pontos promovem relaxamento muscular, sanando o

espasmo, diminuindo a inflamação e a dor.

2. O estímulo de certos pontos provoca a liberação de hormônios, como o

cortisol e as endorfinas, provocando analgesia.

3. Acupuntura ajuda a aumentar a resistência do hospedeiro. Havendo

agressão externa, alguns sistemas orgânicos são prejudicados. Daí ao

promover uma regularização interna, faz com que ocorra resistência à doença

e restabelecimento da saúde.

4. Acupuntura regula e normaliza as funções orgânicas.

5. Promove o metabolismo, fundamental para a manutenção da vida.

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3.2 BREVE HISTÓRICO DA ACUPUNTURA

A acupuntura talvez tenha sido a primeira forma racional de medicina, se

contar que a herbática (ramo da medicina que adota o uso de ervas no

tratamento das doenças) é de origem remota e instintiva entre os seres

humanos. Agulhas de pedra e de espinha de peixe já eram utilizadas na China

durante a Idade da Pedra.

O "Homem de Pequim”, espécime humano que habitou nosso planeta há

cerca de 30 mil anos, já fazia uso de ervas. Porém, o uso de instrumentos,

como estiletes de pedra para estímulos cutâneos específicos, visando a

equilibrar a circulação energética do organismo foi feita racionalmente, usando

já a função oponente do dedo polegar (o homem é o único ser a possuir esse

privilégio) aliada ao seu desenvolvimento cerebelar e cortical, que são os

centros das funções racionais de pesquisa e coordenação de motricidade.

A acupuntura precisa ser compreendida levando em consideração e

respeito sua longevidade. Fatores que há apenas dez anos estão podendo ser

cientifica e tecnologicamente detectados, já eram manipulados com grande

intimidade por nossos antepassados!

Infelizmente houve um hiato entre esses primórdios de trinta milênios até

épocas mais próximas. Os registros que a civilização humana detém, sobre a

história de acupuntura, datam de 3.000 a.C.

“O grande empreendimento foi a elaboração do „NEI TSING”, primeiro

livro conhecido, e um clássico da Medicina Tradicional Chinesa, já tratam de

acupuntura. Foi encomendado pelo imperador amarelo Huang Ti e escrito pelo

médico Tsri Po (Ki Pa) com ajuda dos colegas Lei-Kong, Iu Fou, Po-Kao e

Chao-Iu. Era dividido em dois volumes: o "SO QUENN", que tratava do aspecto

teórico e o 'LING TSROU', que instruía sobre conhecimentos práticos da

acupuntura.

Descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e

terapêuticos das moléstias a luz da medicina oriental. Nesse tratado, já se

afirmava que o sangue flui continuamente por todo o corpo, sob controle do

coração.

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Cerca de 2000 anos depois, em 1628, William Harvey, proporia sua

teoria sobre a circulação sangüínea.

Um tratado descoberto no Sri Lanka há quase 3000 anos sobre o uso de

acupuntura, registra que os indianos já utilizavam a técnica da acupuntura para

o tratamento em elefantes. A introdução da acupuntura no Ocidente esta

vinculada a fundação da Companhia das Índias Ocidentais, em 1602

(ALTMAN, 1997). Disponível em: WIKIPEDIA, 2010).

É importante lembrar que a palavra "acupuntura", de origem latina, não

tem correspondência no vocabulário chinês. Nele a palavra está referida da

seguinte forma: "TCHENNTSIOU", que quer dizer, respectivamente, agulha e

moxa. Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da

China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as

palavras latinas “Acum” (agulha) e “Punctum” (picada ou punção).

Acrescenta o "NEI TSING" que as agulhas teriam vindo do sul da China

onde o clima era agradável. Aí as doenças geralmente eram causadas por

"excessos”, desse modo as agulhas eram usadas de modo a dispersar esse

efeito patológico... ”Já ao Norte, o clima era frio e "... as doenças advinham da

'insuficiência e vazio'. Daí a razão para usarem moxas (pequenos cones,

geralmente feitos de uma erva chamada artemísia que, provida de

propriedades de combustão lenta, uma vez acesas, provocavam pelo calor

estímulo aos pontos de acupuntura.

Os períodos que se sucederam foram empreendidos esforços para o

entendimento e adoção dos ensinamentos de "NEI TSING". No V século a.C.,

foi elaborado um livro por outro médico, chamado Pienn-Ts'io (também

conhecido por Tsrinn Iue-Jenn). Neste livro, cujo título significa ”A Regra das

Dificuldades”, procurava-se esclarecer as partes mais obscuras do "NEI

TSING", sendo utilizado até os dias de hoje. Acupuntura. Disponível em:

www.vivernatural.com.br/terapias/acup_hist.htm. Acesso em 30 jan. 2010.

O Ocidente teve sua atenção voltada para a acupuntura por causa do

artigo do jornalista James Reston, publicado em 1971, que descrevia o efeito

da acupuntura nas suas dores pós-operatórias depois de submetido a uma

apendicectomia de emergência, quando acompanhava a equipe norte-

americana de tênis de mesa. Desde então a acupuntura foi sendo adotada pela

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medicina ocidental, em princípio cercada de preconceitos, mas ultimamente

como uma especialidade médica, caso do Brasil, sendo reconhecida pelas

seguradoras da área da saúde (AUCPUNTURA, 2010).

3.3 SIGNIFICADO DOS MERIDIANOS NA ACUPUNTURA

“Na medicina chinesa a mais antiga referência à Teoria dos Meridianos

encontra-se no livro Hwang Ti Nei Jing que contém descrições precisas sobre

seus princípios. No entanto, até hoje se desconhece o modo como foi criada a

Teoria dos Meridianos, sendo muito provável que a Acupuntura e as Qi-Kung

(artes marciais) tenham contribuído para sua formação” (WEN, 1985).

Ao estimular certos pontos de Acupuntura constata-se que a sensação

de calor e parestesias seguem direções predeterminadas. Os antigos já

mencionavam uma sensação de calor que percorria certas vias do corpo,

durante a prática das Qi-Kung. Constatou-se também que numa doença os

sintomas podem manifestar-se em outros lugares, seguidos uma via precisa de

inter-relacionamento.

É possível que a Teoria dos Meridianos tenha sido formulada a partir das

observações acima.

“Podemos pressupor que a Teoria dos Meridianos é o fruto da

experiência e da observação de muitos desde os primórdios da medicina

chinesa” (WEN, 1985).

No corpo humano existem muitos pontos cujos efeitos, se aplicada à

acupuntura, têm efeitos semelhantes. Ao se traçarem linhas conectando esses

pontos análogos, obtiveram-se linhas ou trajetórias longitudinais chamadas de

Tin (meridiano) e trajetórias horizontais, denominadas Lo (comunicações).

Também foi comprovado pela experiência clínica a relação entre os órgãos e

meridianos do corpo. Foram então traçados doze meridianos ordinários

(relacionados diretamente com órgãos e vísceras). Também oito meridianos

denominados extrameridianos, usados em patologias diversas.

Dos doze meridianos nascem os doze meridianos distintos, que partem

deles e percorrem as cavidades do tronco do corpo. Também quinze

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meridianos ligando esses doze meridianos entre si (denominados Lo- Mai =

Meridianos conexos).

A Teoria do Yin Yang diz: “Yin visa estar em equilíbrio com Yan. Quando

e estabelecem diferenças de níveis entre as duas energias. Essa diferença de

nível pode ser dividida em três Yin e três Yang. Daí nascem os três meridianos

Yang da Mão (que vão até a cabeça) e da cabeça nascem três meridianos

Yang da Perna(que descem até as extremidades dos membros inferiores)”.

“O transporte das energias por todo organismo é feito através dos

“trajetos energéticos” chamados de Meridianos (jing-luo). São verdadeiros

vetores de energia que se propagam através do corpo. Consistem em

estruturas canaliculares distribuídas ordenadamente que conduzem a energia

vital, formando uma rede energética ligando o exterior com o interior do corpo

e interligando as diferentes estruturas do organismo” (LIMA, 2009).

A unidade estrutural canalicular é formada por um sistema de

meridianos. Em primeiro lugar acham-se os meridianos principais, que sulcam

a superfície, sendo em número de 12. Estes são simétricos, existindo um para

cada lado do corpo, onde cada um deles representa um órgão ou uma função.

A energia percorre esses meridianos com um sentido sempre constante e os

meridianos se unem uns aos outros mediante canais acessórios chamados

vasos secundários, de tal modo que a circulação de energia consiste um

sistema fechado de sentido constante.

Dentre os Meridianos Secundários temos: Meridianos Curiosos ou

vasos Maravilhosos, Meridianos Ligamentários ou tendíneo-musculares,

Meridiano Distinto e os Meridianos de Passagem (transversal e longitudinal).

Os doze meridianos principais são assim chamados, porque são

meridianos regulares que obedecem a uma ordem. O meridiano principal

recebe o nome do órgão interno ao qual está associado numa noção de

função meridiano, ao contrário dos vasos maravilhosos que são

extraordinários, fogem à regra, pois são virtuais. Os oito vasos maravilhosos

mobilizam as energias, dentre essas a ancestral, mantendo o equilíbrio

energético nos meridianos principais. Acham-se nos espaços vazios do corpo,

preenchidos de energia, ficando entre os meridianos e protegendo-os.

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De acordo com a milenar teoria da MTC, os Canais (Jing e Mei)

desempenham importante parte no trabalho de acupuntura (JOACIR, 2009).

Paralelamente, “chi”, “yin”, “yang” e os cinco elementos são a base para os

conceitos de diagnósticos e tratamentos para a maioria das doenças.

1. “Chi” significa “Energia da Vida”. Ela tem o poder de criar e de mudar a

matéria. Controla a vida e a morte do corpo humano. Em um corpo saudável, a

passagem da energia chi é completamente livre de obstáculos e interrupções,

flui. Começa nos pulmões e viaja através dos meridianos de maneira

sistemática.

2. Yin e Yang são duas matizes de energia existentes dentro da Energia da

Vida. Elas estão em equilíbrio, mas formam um par oposto e interdependente.

Qualquer desequilíbrio nesse sistema de forças resulta em doença. A energia

vital do ser humano é vulnerável a causas externas: meio-ambiente, clima, etc.

Alguns exemplos do desequilíbrio das energias Yin e Yang:

1. Yin deficiente produz, atrai, materializa doenças crônicas tais como

AIDS, malária, tuberculose e outras em órgãos sólidos (coração, pericárdio,

pulmões, fígado, baço e rins), na parte da frente do corpo e no meio das

extremidades laterais.

2. Yang deficiente atrai pneumonia, febre, taquicardia, doenças agudas

(“doenças relativamente graves de curta duração”) nos órgãos cavernosos

(intestino delgado, triplo aquecedor, intestino grosso, estômago, pâncreas e

baço) na parte de trás dos órgãos e suas extremidades.

As questões emocionais podem favorecer tanto o enfraquecimento da

energia Yin quanto da energia Yang.

Os cinco elementos da MTC são compostos de metal, água, madeira,

fogo (fogo principal e fogo secundário) e terra. Esses cinco elementos viajam

em dois ciclos diferentes: o criativo (Shen) e o destrutivo (Ko). Eles estão

ligados aos órgãos do corpo da seguinte forma:

1. Madeira: corresponde ao fígado, vesícula biliar e se manifesta nos olhos.

2. Fogo Principal: corresponde ao coração, intestino delgado, vasos e

língua. Fogo Secundário corresponde ao pericárdio, triplo aquecedor, vasos e

língua.

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3. Terra: corresponde ao baço, estômago, músculos e boca.

4. Metal: corresponde aos pulmões, intestino grosso, pele e nariz.

5. Água: corresponde aos rins, bexiga, ossos e ouvido.

Paralelamente aos cinco elementos, o sistema de canais é um

importante aspecto na MTC. Consiste de um Meridiano Regular (Jing) e um

Meridiano Extra (Mai). Esses canais energéticos funcionam como uma rede de

computador conectando os órgãos internos e as partes superficiais do corpo.

São responsáveis pela regularização e estabilidade das funções de todo o

corpo.

Os 12 meridianos viajam em posição vertical, bilateral e simetricamente

dentro do corpo, alguns bem próximos à superfície. A interrupção, o bloqueio

ou a estagnação do fluxo energético em um meridiano, às vezes com origem

no próprio órgão a que se relaciona (por congestão ou intoxicação, por

exemplo) e é resolvida com a inserção de agulhas de acupuntura, moxa ou

massagem. A fototerapia também é utilizada, tendo como objetivo o órgão

afetado.

Cada meridiano tem seu próprio trajeto, são invisíveis e cheios de

orifícios. Devido à complexidade da língua chinesa (mandarim, a principal),

para compreender os meridianos os nomes já são acrescidos de indicação

onde ficam (braço ou perna) e se é Yin ou Yang e também têm letras que

indicam o órgão principal a que correspondem em mandarim, o sistema de

órgãos se chama Zang-Fu. Há três pares de meridianos Yin e três pares de

meridianos Yang:

A – YIN: 1- Yin Grande Braço Meridiano do Pulmão (L); (Tai Yin) Perna

Meridiano do Baço (SP); 2 – Yin Menor Braço Meridiano do Coração

(H); (Shao Yin) Perna Meridiano do Fígado (K); 3 – Yin Absoluto Braço

Meridiano do Pericárdio (P); (Chueh Yin) Perna Meridiano do Fígado (Liv).

B - YANG: 1 – Luz Solar Yang Braço Meridiano do Intestino Grosso (LI); (Yang

Min) Perna Meridiano do Estômago (S); 2– Yang Menor Braço Meridiano do

Triplo Aquecedor (TW); (Shao Yang) Perna Meridiano da Vesícula Biliar

(GB); 3 – Yang Grande Braço Meridiano do Intestino Delgado (SI); (Tai

Yang) Perna Meridiano da Bexiga (B).

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“Existem oito meridianos extras: Vaso Governador (Doe Mai) e Vaso

Concepção (Jei Mai). Os meridianos Chong Mai, Dai Mai, Yin Wei Mai, Yang

Wei Mai são conectados aos principais meridianos mas não pertencem a

nenhum órgão interno especificamente. O Vaso Governador (VG) é conectado

aos três Meridianos Yang da Perna e do Braço no ponto GV-14. O Vaso

Concepção (VC) é conectado aos três Meridianos Yin da perna no ponto CV-3

e CV-4. Chong Mai é conectado com “Luz Solar Yang Perna Meridiano do

Estômago (S)”, com “Yin Menor (Shao Yin) Perna Meridiano do Fígado (K)” e

com o Vaso Concepção. Dai Mai tem o formato de um cinto e é conectado

tanto com o Vaso Concepção (CV) quanto com o Vaso Governador (GV) e com

o “Yang Grande (Tai Yang) Perna Meridiano da Bexiga (B)”. Os meridianos

extra são: Yang Wai Mai, Yin Wai Mai, Yang Chiao Mai e Yin Chaio Mei. Todos

esses nomes em mandarim foram padronizados pela Organização Mundial da

Saúde no livro: Standard Acupuncture Nomenclature.” (JOACIR, 2009).

3.4 VASOS MARAVILHOSOS

Além dos doze Meridianos principais, que representam a Grande

Circulação de Energia, temos também a Pequena Circulação de Energia

composta por dois Meridianos chamados de Vaso Governador (Yang – sistema

nervoso central) e Vaso da Concepção (Yin – sistema reprodutor):

1. Meridiano do Vaso Governador

Compõe-se de 28 pontos e tem início na bexiga, desce ao períneo, de

onde saem três ramos, um externo e os demais internos. Existe também um

quarto que vai até os hemisférios cerebrais (JOACIR, 2009).

2. Meridiano do Vaso da Concepção

Segundo JOACIR (2009): “O Meridiano do Vaso da Concepção está

intimamente associado ao processo de gestação, pois nutre e comanda o

útero. Compõe-se de 24 pontos e seu percurso começa no rim, desce até o

períneo de onde sobe pela linha mediana superior até a região inferior do lábio,

contorna-o para penetrar no maxilar superior e subir até o ângulo interno do

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olho. Possui ainda um ramo que vai dos rins até a coluna lombar, e outro, que

sobe do períneo até o útero.

São também conhecidos como Vasos Maravilhosos por se tratarem de

vias alternativas que o corpo dispõe nos casos em que a energia não consegue

fluir nos percursos normais. Deles se originam todos os demais Canais ou

Meridianos, pois são os primeiros pares de canais formados ainda na fase

embrionária. “Sendo assim neles circulam principalmente a energia ancestral,

que funciona tanto como energia de reserva quanto de defesa”.

Existem também outros seis vasos maravilhosos:

Vaso desobstrutor

Vaso cintura

Vaso de ligação do Yin

Vaso de ligação do Yang

Vaso do motilidade Yin

Vaso de motilidade Yang

3.5 MECANISMOS SEGUNDO A NEURO CIÊNCIAS DA AÇÃO DA

ACUPUNTURA

3.5.1 Aplicação de agulhas na acupuntura

Pelos conhecimentos atuais da fisiologia, a Acupuntura é um método de

estimulação neurológica em receptores específicos, com efeitos de modulação

da atividade neurológica em três níveis: local, espinhal ou segmentar e supra-

espinhal ou suprasegmentar.

Já em 1921, Goulden concluiu sobre a participação do Sistema Nervoso

Autônomo na Acupuntura, através do nervo simpático, observando também

que os pontos de Acupuntura possuem impedância menor entre si que os

pontos próximos ou circunjacentes.

CHING e COLS,em 1973, demonstraram que o efeito da acupuntura é

conduzido através dos nervos, ao constatarem que o estímulo acupuntural não

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surtia efeito quando aplicado em área bloqueada por anestésico local (BEAU,

1982).

Os 309 pontos da acupuntura estão localizados sobre terminações

nervosas e 286 pontos estão localizados sobre os principais vasos sanguíneos,

rodeados pelo Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos.

Alguns pontos de Acupuntura correspondem aos pontos gatilho (Trigger

points), que são pontos localizados na musculatura, sensíveis ao toque e que

condicionam o surgimento de sintomas à distância, como dores de cabeça, por

exemplo (BEUA, 1982).

Em 1985, foi descoberto que a aplicação de agulhas de Acupuntura

estimulava fibras nervosas específicas e que as sensações produzidas pelo

estímulo por acupuntura correspondem àquelas experimentadas pelo estímulo

das fibras nervosas do tipo A delta, como choque, sensação de peso ou

parestesia.

A Acupuntura aplicada em áreas de pele acometidas por Neuralgia pós -

herpética não se mostrou eficaz (embora tenha se conseguido um efeito

analgésico ao puncionar estas áreas). E foi também demonstrado que, na

Neuralgia pós- herpética, a sensação típica da estimulação das fibras A delta

está ausente.

Figura: 8 Esquema das conexões neurais da Ação Segmentar da Acupuntura Fonte: Wikipedia, 2010

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3.5.2 Ação Segmentar da Acupuntura

Ação segmentar da Acupuntura: conjunto de mecanismos fisiológicos

que ocorrem do local do estímulo com agulha até a medula espinhal. O

estímulo de fibras nervosas "A δ" por agulhas de Acupuntura ativa o

interneurônio inibitório, ou célula pedunculada, na lâmina II do corno posterior

da medula espinhal. A célula pedunculada, com a liberação de metencefalina,

bloqueia, na área conhecida como Substância Gelatinosa, a transmissão do

sinal da dor conduzido pelas fibras tipo "C" para os tratos ascendentes da

medula. Por outra via ascendente, o Trato espino talâmico, o estímulo da fibra

"A δ" é conduzido ao Córtex cerebral, onde são interpretadas, ou "percebidas"

as sensações de peso, distensão, calor ou parestesia que ocorrem durante o

estímulo por acupuntura.

3.5.3 Ação supra-segmentar da Acupuntura

O estímulo das fibras A δ prossegue através do Trato espino talâmico

até o córtex cerebral, onde é percebido conscientemente e à medida que segue

neste trajeto, há colaterais para os diversos níveis da medula espinhal, com

liberação de Beta - endorfina, um dos tipos de Morfina do próprio organismo, e

afetando vias neurológicas descendentes que terminam por reforçar a

estimulação da célula pedunculada, com efeito analgésico sobre o estímulo das

fibras tipo C, e que usam o neurotransmissor Serotonina, o chamado

"Hormônio do bem-estar", o que explica bem os efeitos da Acupuntura não só

no tratamento da dor, como também da Depressão e dos estados de

Ansiedade.

3.5.4 Ação Central da Acupuntura

O estímulo da agulha de Acupuntura atinge áreas do encéfalo mais

elevadas, como o Hipotálamo e a Hipófise, promovendo o equilíbrio do

funcionamento destes centros. Como a Hipófise é uma Glândula,

ocasionalmente chamada de Glândula Mãe, que coordena a função de

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diversas outras glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre este órgão

afeta o funcionamento das Glândulas supra renais, da Tireóide, dos ovários,

dos testículos, e assim tem ação terapêutica sobre a Hipertensão arterial,

Dismenorréia, Tensão pré-menstrual, disfunções da Libido, e outras patologias.

3.5.5 Neurotransmissores na Acupuntura

As pesquisas realizadas demonstram que a acupuntura afeta a

expressão e ou liberação de serotonina, e dos peptídeos opióides beta-

endorfina, meta-encefalina, e dinorfina. A colecistocinina, peptídeo envolvido no

processo digestivo, é antagonista da acupuntura. Considerando que a

colecistocinina é estimulante da secreção ácida do estômago, temos daí a

compreensão do efeito benéfico da acupuntura sobre as gastrites, úlceras e na

Doença de refluxo gastroesofágico. A Naloxona, inibidor da ação de opióides,

muito utilizada em Medicina antagoniza os efeitos da Acupuntura. Em dado

momento, postulou-se que a ação da acupuntura seria fruto apenas da

liberação de endorfinas, entretanto, a rápida instalação da analgesia e sua

duração maior que o tempo de aumento da quantidade de opióides pela

acupuntura liberados demonstra que outros mecanismos estão envolvidos

(BEAU, 1982).

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3.5.6 Os pontos da Acupuntura (acupontos)

Figura 9: Acupontos Fonte: Site matosinhos, 2010

Figura 10: Acupontos – e Meridianos:Mapa Fonte: Site Spacozen, 2009

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Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de

milhares de anos de prática médica.

Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de

terminações nervosas sensoriais. Essa região está íntima com nervos, vasos

sangüíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares (SCOGNAMILLO &

BECHARA,2001).

Sua estimulação possibilita acesso direto ao Sistema Nervoso Central

(SNC) (FARBER & TIMO-IARIA, 1994). Estudos morfofuncionais identificaram

plexos nervosos, elementos vasculares e feixes musculares como sendo os

mais prováveis sítios receptores dos acupontos.

Outros receptores encapsulados, principalmente o Órgão de Golgi do

tendão e bulbos terminais de Krause também podem ser observados (HWANG,

1992).

Diversos trabalhos têm demonstrado grande número de mastócitos nos

acupontos. Neste sentido. Zhai apud HWANG (1992) verificou que ratos

adultos possuem contagem de mastócitos significativamente mais altas nos

acupontos que em outros locais.

Os acupontos possuem propriedades elétricas diversas das áreas

adjacentes: condutância elevada, menor resistência, padrões de campo

organizados e diferenças de potencial elétrico (ALTMAN, 1992).

Por isso, são denominados pontos de baixa resistência elétrica da pele

(PBRP) e podem ser localizados na superfície da pele através de um

localizador de pontos. KENDALL (1989) verificou que, em acupontos de ratos e

humanos, podem ser observadas junções entre mastócitos e fibras nervosas

aferentes e eferentes imunorreativas para o neurotransmissor substância P

(SP).

Segundo HWANG (1992), junções específicas mastócito- célula nervosa

foram observadas nos acupontos, bem como relatos de granulação de

mastócito no acuponto após sua estimulação com agulha. Funcionalmente, os

mastócitos estão intimamente relacionados às reações de hipersensibilidade

imediata, inflamação neurogênica e enfermidades parasitárias.

Devido a gama de estímulos e agentes capazes de ativar o mastócito,

tem sido também sugerida sua participação como adjuvante ou amplificador de

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respostas inflamatórias agudas não relacionadas com hipersensibilidade

imediata (Galli apud ABEL, 1995). Sabe-se, por exemplo, que mastócitos

produzem interleucina 8 (IL-8), um potente agente quimiotático para neutrófilos

(MÖLLER, 1993).

As combinações das características descritas tornam o ponto de

acupuntura extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela inserção

da agulha (KENDALL, 1989).

Conforme Kendall (1999), os acupontos podem ser divididos em:

• Tipo I ou pontos motores

• Tipo II, localizados nas linhas medianas posterior e anterior (ou dorsal e

ventral) do Organismo

• Tipo III, que apresentam leitura difusa com neurômetro

Quanto a sua localização, os acupontos dos membros estão situados

sobre linhas que seguem o trajeto dos principais nervos e vasos sangüíneos,

os do tronco, ao nível da inervação segmentar, local onde nervos e vasos

sangüíneos penetram a fascia muscular e os da cabeça e face, próximos aos

nervos cranianos e cervicais superiores (KENDALL, 1999).

3.5.7 Contra- Indicação da Acupuntura

Normalmente a “Acupuntura proporciona excelentes resultados no

tratamento de qualquer patologia” (MACIOCIA, 1996).

Apesar da eficácia, existem algumas contra-indicações como por

exemplo: durante a gestação (podendo acelerar a contração uterina), sobre

áreas tumorais, sobre dermatites, pacientes com insuficiência renal e em

portadores de marca-passo (AGENCIACENTRALSUL, 2010).

4. CONCEITO OCIDENTAL DO AVC

4.1 CONCEITOS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como

“derrame”, é caracterizado por um súbito aparecimento de deficiências

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neurológicas, decorrentes da perturbação do suprimento sangüíneo para uma

região do cérebro chamada encéfalo. As conseqüências neurológicas dessa

interrupção de fluxo sangüíneo dependem da localização e do tamanho da

isquemia (déficit na irrigação sangüínea) ou hemorragia, extravasamento de

sangue (CARVALHO, 2008).

“Trata-se de doença com aparecimento súbito, mas com fatores de risco

conhecidos, sendo o principal deles a hipertensão arterial sistêmica, mais

conhecida como pressão alta. As conseqüências do “derrame” são muitas

vezes para o resto da vida, como as deficiências motoras, com paralisia de

partes do corpo principalmente braços e pernas.”

“O derrame já era conhecido desde a Grécia Antiga com o nome de

apoplexia, palavra grega que significa “golpeado com violência”. No latim, a

palavra apoplexia foi adaptada com o significado de “fulminado”. No século

XVI, na Inglaterra, a expressão que se usava era “stroke of God´s hands”,

mostrando que nos tempos antigos o derrame era visto como uma doença

causada pelos deuses sem possibilidade de tratamento pelos médicos. O nome

em inglês “stroke” vem do verbo “strike” (derrubar) e significa “derrubado”,

mostrando um dos efeitos da doença” (CARVALHO,2008).

O AVC (acidente vascular cerebral), corresponde a ocorrência de

oclusão de pequenos vasos cerebrais (trombose, AVC Isquêmico), ou derrame,

AVC Hemorrágico, quando ocorre ruptura de um vaso (LUCHESE, 2001).

Existem ainda o espamo de um vaso cerebral que ocorre quando este,

temporariamente se contrai. Isto pode ser proveniente da passagem de um

êmbolo que causa um estreitamento temporário ou obstrução do lúmen,

causando conseqüentemente, anóxia temporária do tecido cerebral

circundante. Este é o menos grave dos quadros, e geralmente é curado por

completo (MACIOCIA,1996).

O AVC (acidente vascular cerebral) ocorre por embolia, ou seja, um

coágulo que se forma dentro do vaso cerebral ou migra de outro lugar do corpo

(tromboembolismo) principalmente do coração (LUCHESE, 2001).

Conhecido popularmente como “derrame cerebral”, o Acidente Vascular

Cerebral, segundo o dicionário Aurélio, significa acúmulo de líquidos em

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cavidades naturais. Como não existe cavidade natural no cérebro o uso deste

termo porém é inadequado.

Conforme definição da Organização Mundial de Saúde, o AVC é

provocado por uma interrupção no suprimento de sangue ao cérebro e ocorre

quando uma artéria que fornece sangue ao cérebro fica bloqueada ou se

rompe (OMS, 2003).

Se as células cerebrais perdem o suprimento de oxigênio e de nutrientes

por conseqüência elas param de trabalhar temporariamente ou então, morrem.

Esta morte resulta em áreas de necrose localizada e são designadas como

enfartes cerebrais. Porém com tratamento adequado, as células

remanescentes podem fazer ressurgir os movimentos.

Conforme Lomba (2000), “o AVC pode ser compreendido como uma

dificuldade, em maior ou menor grau, de fornecimento de sangue e seus

constituintes a uma determinada área do cérebro, determinando o sofrimento

ou morte desta (neste caso, chamado infarto) e, conseqüentemente, perda ou

diminuição das respectivas funções.”

www.acidentevascularcerebral.com/causas-do-avc.html

A definição de Acidente Vascular Cerebral (AVC) do Dicionário Médico é

uma manifestação, muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de

origem arterial: espasmo, isquemia, hemorragia, trombose (MANUILA &

NICOULIN, 2003).

Figura 11 –Artéria Vertebral Fonte: Wikipedia,2010

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4.2 FISIOPATOLOGIA DO AVC

4.2.1 O Cérebro e seu funcionamento

O cérebro é envolto por umas peles “bem finas” que lhe dão proteção.

São chamadas meninges. A mais extensa é a dura-mater, depois vem a

aracnóide e a pia –mater. Todas localizam-se dentro da caixa óssea – crânio.

Normalmente para fins de estudo divide-se o cérebro em duas metades: direita

e esquerda. Cada metade apresenta regiões com determinadas funções:

movimentos (motricidade), sensações, coordenação dos movimentos,

expressão verbal (fala) c compreensão da mesma, etc. (SAUDE EM

MOVIMENTO, 2010).

Geralmente as funções motoras e sensitivas são “cruzadas”, ou seja, a

metade direita do cérebro comanda a metade esquerda do corpo e vice-versa.

Assim ocorrendo lesão numa das partes afeta a oposta.

Existem regiões que apresentam muitas funções diferentes, como o

“tronco cerebral”. Nele, por exemplo estão centro que comanda a nossa

respiração,além de passar todos os comandos para o cérebro.

O cérebro, como o restante do organismo necessita de oxigênio e

“alimento” para trabalhar normalmente. Essas substâncias chegam a ele

através do sangue, que circula dentro dos vasos sangüíneos (artérias e veias).

(SAUDE EM MOVIMENTO, 2010).

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Figura 12: Cérebro

Fonte: Site Malucoutinho

Figura 13: Diagrama da Metade Esquerda do Cérebro e áreas

Fonte: Site Malu Coutinho

4.2.2 Principais artérias que unem Coração e Cérebro

As principais artérias que unem o coração ao cérebro são:

Carótida: uma de cada lado do pescoço, enviando sangue para a respectiva “metade”

do cérebro, mas na parte da frente.

Cerebrais médias: uma década lado,dentro do cérebro ( nascem das carótidas).

Vertebrais: uma de cada lado do pescoço (por “dentro”) dos ossos da coluna vertebral.

Enviando sangue para a parte de trás do cérebro.

Essas artérias apresentam ramificações. Para que o sangue fornecido ao cérebro seja

adequado é preciso: um bom funcionamento do coração, rins, pulmões, etc. Que a

pressão seja adequada; que o sangue tenha livre passagem através dos vasos; que os

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constituintes do sangue estejam adequados (glóbulos vermelhos, glicose, oxigênio,

colesterol, etc.).

Assim, quaisquer alterações para mais ou para menospodem afetar a circulação

cerebral e determinar um AVC. (SAUDE EM MOVIMENTO, 2010).

Figura 14: Principais Artérias

Fonte: Site Saúde emMovimentos

“O tecido nervoso depende totalmente do aporte sanguíneo para que as

células nervosas se mantenham ativas, uma vez que não possui reservas. A

interrupção da irrigação sanguínea e consequente falta de glicose e oxigénio

necessários ao metabolismo, provocam uma diminuição ou paragem da

atividade funcional na área do cérebro afetada” (ROCHA,2003).

Se a interrupção do aporte sanguíneo demorar menos de 3 minutos, a

alteração é reversível, no entanto, se ultrapassar os 3 minutos, a alteração

funcional pode ser irreversível, provocando necrose do tecido nervoso.

O AVC pode ser causado por 2 mecanismos distintos, por uma oclusão

ou por uma hemorragia (COHEN,2001).

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Figura 15- AVC por oclusão Fonte: Site Oataque, 2010

Figura 16: AVC por Hemorragia Fonte: Site Oataque, 2010

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Figura 17 : AVC Fonte: Site Saude, 2009

4.3 TIPOS DE AVC

4.3.1 AVC Isquêmico

AVC Isquémico ocorre quando um vaso sanguíneo é bloqueado,

frequentemente pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela presença

de um coágulo que chega através da circulação de uma outra parte do corpo

(COHEN,2001).

A arteriosclerose produz a formação de placas e progressiva

estenose do vaso. As suas sequelas são então a estenose,

ulceração das lesões arterioscleróticas e trombose (SULLIVAN,1993).

“A trombose cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento

de um coágulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais,

ou de seus ramos. Os trombos podem ser deslocados, “viajando” para

outro local, sob a forma de um êmbolo” (SULLIVAN,2003).

Os êmbolos cerebrais são pequenas porções de matéria como

trombos, tecido, gordura, ar, bactérias, ou outros corpos estranhos, que

são libertados na corrente sanguínea e que se deslocam até as

artérias cerebrais, produzindo a oclusão e enfarte.

O AVC pode ainda ocorrer por um ataque isquémico transitório. Este,

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refere-se à temporária interrupção do suprimento sanguíneo ao cérebro

(SULLIVAN, 1993).

“O Acidente Vascular Isquêmico pode ser causado por uma trombose de

uma artéria cerebral de pequeno ou de grande calibre. A trombose em geral

acontece na região da artéria que tem uma placa de aterosclerose.

O acidente vascular cerebral isquêmico também pode ser causado por

um êmbolo. Se a pessoa tiver uma placa de aterosclerose em uma das artérias

carótidas, que são as artérias que levam o sangue oxigenado do coração para

o cérebro, pode-se soltar um pedacinho da placa de ateroma que migra na

circulação cerebral até que ele entupa um vaso. Os tecidos que receberiam o

oxigênio por esse vaso morrem e essa parte do cérebro pára de funcionar.

Dependendo do tamanho do êmbolo, pode ser uma artéria de pequeno ou

grande calibre que fica obstruída.

A Imagem da esquerda mostra um AVC isquêmico visto pela tomografia de crânio: a área

da lesão é a mais clara do lado esquerdo

Figura 18: AVC Isquêmico Fonte: Site Saude, 2010

Resumindo, o Acidente Vascular Cerebral lsquêmico pode ocorrer nas

seguintes situações:

A - Trombose arterial: é a formação de um coagulo de sangue (como se

o sangue “endurecesse”, ficando semelhante a uma gelatina) dentro do vaso,

geralmente sobre uma placa de gordura (aterosclerose), provocando uma

obstrução total ou parcial. Os locais mais freqüentes são as artérias carótidas e

cerebrais. Havendo obstrução total da carótida direita, por exemplo, haverá um

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comprometimento da parte da frente da metade direita do cérebro, provocando

paralisia, perda de sensibilidade, etc. na metade esquerda do corpo.

B - Embolia cerebral: surge quando um coágulo (formado num coração

doente por arritmia, problema de válvula, etc) ou uma placa de gordura

(aterona), que se desprende ou se quebra geralmente da artéria carótida. Eles

correm através de uma artéria até encontrar um estreitamento, ficando

bloqueado e obstruindo a passagem do sangue.

Figura 19- Esquema do processo de trombose e embolia Fonte: NETTER, 1998.

4.3.2 AVC Hemorrágico

“AVC hemorrágico (acontece em 10% dos AVC‟s) ocorre devido à

ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele

se rompa devido à hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou

subaracnoideia. Em ambos os casos, a falta de suprimento sanguíneo causa

enfarto na área suprida pelo vaso e as células morrem” (COHEN, 2001).

Neste tipo de acidente, pode ocorrer extravasamento de sangue para

dentro do cérebro (hemorragia intracerebral) ou para o lado de fora entre o

cérebro e a aracnóide, ocasionando hemorragia subacnoidea.

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Ambos podem ocorrer por crise de hipertensão ou por alterações

sanguíneas em que haja dificuldades de realziar a coagulação normal

(hemofilia, diminuição de plaquetas, algumas doenças reumáticas).

Também uma má formação congênita de um vaso como um aneurisma

cerebral, pode levar a hemorragia subaracnoidea. Já a hemorragia

intracerebral também pode ser causada por doenças como a Angiopatia

amiloide (mais frequente em pessoas idosas) (LOMBA,2000).

O acidente vascular hemorrágico acontece quando algum vaso do

cérebro se rompe e extravasa sangue para dentro do cérebro ou para dentro

do liquor.

O sistema nervoso central é composto por várias partes incluindo uma

caixa de proteção - a caixa craniana, que tem a função de proteger o cérebro -

e a coluna vertebral, que protege a medula óssea que também faz parte do

sistema nervoso central. Embaixo da estrutura óssea e envolvendo todo o

sistema nervoso central ficam as meninges que são três: a mais externa se

chama dura-máter, a intermediária se chama aracnóide e a mais interna se

chama pia-máter. Entre as duas meninges mais internas, aracnóide e pia-máter

há um espaço que fica completamente preenchido por um líqüido chamado de

líqüido céfalo- raquidiano ou simplesmente liquor. No acidente vascular

hemorrágico o sangue também pode vazar para dentro do liquor (LEITE, 2006).

A imagem do meio mostra AVC hemorrágico em tomografia do crânio: a

área da lesão é a região com coloração mais densa e brilhante

Figura 20: AVC Hemorrágico : Tomografia de crânio Fonte: Site Saude, 2010

Imagem da direita mostra Hemorragia meníngea em tomografia:imagem

mais densa e brilhante dentro das cisternas cheias de líquor

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Figura 21: AVC Hemorrágico : Tomografia – hemorragia meníngea Fonte: Site Saude, 2010

A fraqueza na parede das artérias acontece sempre nos mesmos

lugares. As artérias que irrigam o cérebro formam uma estrutura como um

sistema de canais (Polígono de Willis), que comunica as artérias do lado direito

do cérebro com o lado esquerdo pelas artérias comunicantes, anterior e

posterior. Justamente na junção das comunicantes com as artérias é que

acontecem freqüentemente os aneurismas.

As pessoas que têm o Polígono de Willis perfeito, uma isquemia (falta de

sangue oxigenado) do lado direito do cérebro, pode, por exemplo, ser coberta

pelas artérias do lado esquerdo.

Figura 22: Polígono de Willis Fonte: Site Saude, 2010

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As imagens abaixo mostram dois aneurismas respectivamente da artéria

comunicante posterior (mais comum) e da artéria comunicante anterior, vistos a

angiografia cerebral.

Figura 23: Aneurisma da artéria comunicante posterior Fonte: Site Saude, 2010

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Figura 24: Aneurisma da artéria comunicante anterior Fonte: Site Saude, 2010

A determinação do tipo de AVC depende do mecanismo que o originou.

Os dois tipos de AVC: AVC isquémico e o AVC hemorrágico por sua vez

apresentam alguns subtipos.

TIPOS E SUBTIPOS DE AVC

Tipos de AVC Subtipos de AVC

Isquémico Lacunar

Trombótico

Embólico

Hemorrágico Cerebral (Intracerebral)

Meníngeo (Subaracnóide)

Tabela: 3 Fonte: Site Saude

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4.3.3 AVC Trombótico Embólico e Lacunar

O AVC trombótico é o mais comum (40% dos AVC‟s) e é causado pela

aterosclerose – trombose cerebral. Há o desenvolvimento de um coágulo de

sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais ou dos seus ramos, o que

vai originar enfarto ou isquemia.

O AVC embólico ocorre em 30% dos casos AVC‟s e é criado por

êmbolos cerebrais. São pequenas porções de matéria como trombos, tecido,

gordura, ar, bactérias ou outros corpos estranhos, que são libertados na

corrente sanguínea e que se deslocam até às artérias cerebrais, produzindo

oclusão ou enfarto (doenças cardiovasculares).

O AVC lacunar é provocado em 20% dos AVC‟s e é ocasionado por

enfartes muito pequenos com menos de 1cm cúbico de tamanho, que ocorrem

somente onde arteríolas perfurantes se ramificam directamente de grandes

vasos. É comum o défice motor puro ou sensitivo puro.

Os utentes irão apresentar determinados sinais clínicos, de acordo com

a artéria cerebral envolvida. As artérias que podem ser afectadas são: artéria

cerebral anterior, artéria cerebral média, artéria cerebral posterior, artéria

carótida interna, artéria basilar, artéria vertebrobasilar (LEITE, 2006).

Figura 25:Tipos de AVC: Isquêmico e Hemorrágico Fonte: Site O ataque, 2009

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4.4 SINTOMAS DO AVC

A sintomatologia depende da localização do processo isquémico, do

tamanho da área isquémica, da natureza e funções da área atingida e da

disponibilidade de um fluxo colateral (SULLIVAN, 1993).

Os sintomas do AVC são muito variados, resultando daí dificuldade em

reconhecê-los e, portanto, maior é a demora para buscar atendimento num

hospital, o que agrava o problema.

“De modo geral, acidentes vasculares cerebrais provocam alterações motoras,

assim como dormência e formigamento que, com freqüência, acometem

apenas um lado do corpo. A pessoa pode sentir ainda súbita fraqueza muscular

(total ou parcial) ao segurar um objeto, mexer a mão, a perna ou o rosto.

Podem ocorrer também alterações da visão como redução do campo visual, ou

enxergar um lado meio nebuloso ou escuro ou a perda total da visão de um dos

olhos. Também pode ocorrer alteração da fala”(VARELLA, 2009).

Dor de cabeça, vômitos ou perda de consciência são sintomas que

podem ocorrer ou não, e são mais comuns nos quadros hemorrágicos do que

nos isquêmicos.

Também:

A – Fraqueza: o início agudo de uma fraqueza em um dos membros (pernas ou

braços) bem como na face, é o sintoma mais comum do início de um AVC.

B- Distúrbios visuais: a perda da visão em um dos olhos, principalmente aguda,

tendo a sensação de “cortina” ou ainda apresentar cegueira transitória.

C- Perda sensitiva: a dormência normalmente aparece associada à fraqueza

muscular (diminuição da força).

D – Linguagem e fala (afasia). Pode ocorrer alterações tanto provocando falas

curtas e com esforço ou longas e fluentes mas sem sentido.

E – Convulsões: no caso de hemorragia intracerebral, do AVC hemorrágico,

além dos sintomas descritos acima, pode ocorrer uma hemiparesia (oposta ao

lado do sangramento) além do desvio do olhar. O hematoma (inchaço) pode

crescer, atingindo estruturas adjacentes e em poucos minutos levar ao coma.

Disponível em: www.abcdasaude.com.br/artigo.php?6. Acesso em: 15 fev.

2010.

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4.5 CAUSAS DO AVC

As causas geralmente estão associadas a: hipertensão arterial; doenças

cardíacas; taxa alta de colesterol; malformação dos vasos sanguíneos;

fibrilação atrial; hiperlipedemia; doenças que aumentam o estado de

coagulobilidade; tabagismo; uso de pílulas anticoncepcionais; abuso de

bebidas alcoólicas; idade (até os 51 anos os homens tem uma incidência

maior, após igualam-se homens e mulheres);história de doenças vasculares

anteriores.

Também: idade avançada, diabetes mellitus, hipertensão arterial

sistêmica, obesidade, sedentarismo, traumas e outras situações diversas.

As causas mais comuns de AVC são os trombos, o embolismo e a

hemorragia secundária ao aneurisma ou a anormalidades do desenvolvimento.

E advoga que as outras causas menos comuns são os tumores cerebrais, os

abcessos, os processos inflamatórios e os traumatismos (SULLIVAN,1999).

Os enfartes cerebrais resultam de dois processos patológicos, a

trombose, que é o bloqueio de uma artéria do cérebro, causado por um coágulo

sanguíneo sólido ou trombo que se forma dentro do sistema vascular; e a

embolia, que é um bloqueio causado por um fragmento destacado do trombo

que se formou em outro local e é levado para o cérebro pela corrente

sanguínea (OMS, 2003).

4.6. SINAIS QUE PODEM CARACTERIZAR A OCORRÊNCIA DE AVC

AVC manifesta-se de modo diferente em cada paciente, pois depende

da área do cérebro atingida, do tamanho da mesma, do tipo (Isquêmico ou

Hemorrágico), do estado geral do paciente.

De maneira geral, a principal característica é a rapidez com que aparece

as alterações; em questão de segundos a horas (de maneira abrupta ou

rapidamente progressiva). Podemos chamar a atenção para aquelas mais

comuns:

Fraqueza ou adormecimento de um membro ou de um lado do corpo,

com dificuldade para se movimentar;

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a. Alteração da linguagem, passando a falar "enrolado" ou sem conseguir

se expressar, ou ainda sem conseguir entender o que lhe é dito;

b. Perda de visão de um olho, ou parte do campo visual de ambos os

olhos;

c. Dor de cabeça súbita, semelhante a uma "paulada, sem causa aparente,

seguida de vômitos, sonolência ou coma; perda de memória, confusão mental

e dificuldades para executar tarefas habituais (de início rápido).

Estas alterações não são exclusivas do AVC. Apenas servem de alerta

de que algo está acontecendo, devendo procurar auxílio médico

imediatamente. (DAMIANI & YOKOO, 2009).

4.7 EXAMES COMUNS PARA DIAGNOSTICAR AVC

a. Exames laboratoriais de sangue, urina, líquido cefalorraquiano (líquor).

b. Avaliação cardíaca e pulmonar, eletrocardiograma, ecocardiograma,

radiografia do tórax.

c. Exames de imagem do crânio (cérebro), tomografia computadorizada,

ressonância nuclear magnética, angiografia cerebral.

4.8. SEQÜELAS DO AVC

“As principais seqüelas provenientes de um AVC são os défictes

neurológicos que vão se refletir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, como

consequência da localização e da dimensão da lesão cerebral, podendo

apresentar como sinais e sintomas perda do controlo voluntário em relação aos

movimentos motores, sendo a disfunção motora mais comum, a hemiplegia

(devido a uma lesão do lado oposto do cérebro); a hemiparésia ou fraqueza de

um lado do corpo é outro sinal.Existindo assim um comprometimento ao nível

das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e

cognitiva/comportamental” (RESCK, 2004).

Seqüelas relacionadas a oclusões segundo o tipo das artérias cerebrais:

A - Artéria Carótida Interna

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Esta artéria é qualificada pela hemianópsia, afasia (se for o hemisfério

dominante), hemiplegia contra lateral e hemianestesia contra lateral. “Pode

ocorrer um extenso edema cerebral, levando frequentemente ao coma e à

morte” (SULLIVAN, 1993).

B - Artéria Cerebral Anterior

“As lesões nesta artéria são mais raras. Sua característica é a confusão

mental, afasia (se for o hemisfério dominante), hemiplegia contra lateral (com

predomínio do membro inferior), hemianestesia contra lateral (com predomínio

do membro inferior), e pode haver apraxia de marcha, reflexo de sucção,

reflexos de preensão e incontinência urinária e fecal” (SULLIVAN, 1993).

C- Artéria Cerebral Média

Esta artéria é o local mais comum de AVC. É responsável pelo coma,

hemianópsia, hemiplegia (com predomínio do membro superior), hemianestesia

(com predomínio do membro superior), afasia (se for o hemisfério dominante),

e agnosia visual (SULLIVAN, 1993).

D- Artéria Cerebral Posterior

Esta artéria é representada pela hemianópsia, afasia, agnosia visual,

alexia, hemiplegia e hemianestesia, muitas vezes são sintomas temporários

(SULLIVAN, 1993).

E- Artéria Vértebro – Basilar

“Esta artéria quando atingida provoca o coma, diplopia, hemiplegia,

paralisia pseudo bulbar, tetraplegia e anestesia completa.

Quando a lesão é no Hemisfério Esquerdo (Hemiplegia Direita) ocorrem

afasias, apraxias ideomotoras e ideacionais, alexia para números,

descriminação direita/esquerda e lentidão em organização e desempenho.

Quando é no Hemisfério Direito (Hemiplegia Esquerda) ocorre alteração

viso espacial, auto negligência unilateral esquerda, alteração da imagem

corporal, apraxia de vestuário, apraxia de construção, ilusões de abreviamento

de tempo e rápida organização e desempenho" (SULLIVAN, 1993).

Os déficits nerológicos produzidos por esta patologia estão relacionados

então a alteração nos movimentos e em alguns casos a um certo grau de

déficit cognitivo e sensitivo, que dificultam as atividades da vida diária (AVDS)

como andar, escrever e pegar objetos. A manifestação neurológica mais

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comum no AVC é então a hemiparesia, levando o indivíduo a ter dificuldades

em movimentar um lado do corpo. Exemplo: braço e perna esquerda.

4.9. TRATAMENTO DO AVC

Na suspeita de estar ocorrendo um AVC é preciso evitar a auto

medicação e buscar um atendimento imediato. Inicia com tratamento

medicamentoso para estabilizar o quadro clínico, seguido de reabilitação

através de exercícios orientados por uma equipe multifuncional composta por

fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicólogo. (DAMIANI &

YOKOO, 2009).

No hospital o médico deverá se preocupar, com vários parâmetros,

como: respiração e hidratação adequada, dieta adequada (via oral ou sangue);

cuidado para evitar escaras (feridas); controle da pressão e temperatura;

prevenção de tromboses nas veias das pernas. Além desses cuidados existem

tratamentos específicos: correção dos distúrbios de coagulação sangüínea,

prevenção de vaso espasmo, evitar o aumento da zona de penumbra (devido

ao edema), combater radicais livres e outros procedimentos específicos que

variam de caso a caso.

Podem ocorrer ainda: tratamento cirúrgico, como drenagem de um

hematoma (coagulo) ou para a correção de uma má formação, exemplo um

aneurisma. (DAMIANI & YOKOO, 2009).

Hoje estudos demonstram a possibilidade de áreas do cérebro não

afetadas por uma lesão, assumirem determinadas funções das que “morreram”.

É um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. Medicamentos podem

potencializar este fenômeno.

Após a alta hospitalar o tratamento continua, com medicamentos,

neurologista, fisiatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, terapias

ocupacionais.

A família precisa observar sintomas que referem a possíveis complicações:

Dor no peito ou respiração curta

Sangramento, principalmente se estiver tomando medicamentos

anticoagulantes

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Dor de estômago, indigestão, soluços freqüentes

Convulsões ou perda de consciência

Dor para urinar

Febre

Alterações de comportamento, agressividade, depressão

Piora da força

Prisão de ventre prolongada (DAMIANI & YOKOO,2009).

4.10 REABILITAÇAO RELATIVA AO AVC

São procedimentos que visam restabelece, quando possível, uma

função perdida pelo paciente, temporária ou permanente.

No AVC os objetivos da reabilitação são:

a) Prevenir complicações

b) Recuperar o máximo as funções cerebrais comprometidas pelo AVC

c) Devolver o paciente ao convívio social

d) Motivar o paciente evitando:

Que durma o dia todo;

Colocando roupas confortáveis, fáceis de serem colocadas ou retiradas;

Colocando sentado, levando a passeios;

Estimulando a voltar as atividades profissionais;

Adaptando o interior da casa, com corrimões, rampas, pouca mobília;

Adaptar o banheiro para suas necessidades e banho.

Utilizando uma dieta adequada (pouco sal, pouca gordura, leve, rica em

fibras). (DAMIANI & YOKOO, 2009).

5. CONCEITO ORIENTAL DO AVC

5.1. FILOSOFIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)

Para entender a tradição terapêutica chinesa é necessário abordar a

filosofia taoísta e com a cultura chinesa, ou pelo menos estar preparado para

adentrar em uma concepção da saúde e da doença, assim como do corpo e

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seu funcionamento, totalmente distinta do pensamento ocidental a que estamos

acostumados.

Em primeiro lugar, para os chineses existe a noção de que tudo no

mundo está interligado por uma força motriz, o Qi, que circula por todo o

universo, inclusive dentro de nós mesmos através dos Canais ou Meridianos.

Desta forma, fica evidente neste pensamento que os Seres Humanos não

estão separados entre si, nem tampouco separados do meio ambiente

(CARVALHO, 2008).

Dentro deste ponto de vista, um princípio básico do Sistema Terapêutico

Chinês é o enfoque holístico, ou seja, a noção de que as partes somente

podem ser compreendidas em relação ao todo e vice-versa.

Seguindo este raciocínio, o terapeuta tem a tarefa de unir e interpretar

toda informação relevante colhida na avaliação – a qual é construída a partir de

uma complexa exploração que inclui a observação (do corpo como um todo, da

postura, da atitude, da língua, entre outros), a palpação (pulsos, estruturas do

corpo) e o escutar as queixas e direcionar questionamentos precisos (acerca

do funcionamento geral do organismo, assim como do estado anímico e outras

sutilezas) com a finalidade de se encontrar um padrão de funcionamento

específico. Este padrão, ou pauta, será o pilar sobre o qual todo o tratamento

se apoiará, sendo mais importante a harmonização do indivíduo como um todo

do que o combate a uma “doença” específica ou a busca linear da causa que

originou determinado efeito (CARVALHO, 2008).

Nesta direção, o terapeuta deve compreender as relações entre os

sinais e os sintomas apresentados pela pessoa em questão, mais do que

chegar a uma causa partindo de um transtorno pontual. O tratamento deve ter

a intenção de harmonizar os sistemas dentro do conjunto, o que,

possivelmente, ativaria os mecanismos intrínsecos de auto-regulação.

Dentro desta lógica, as técnicas terapêuticas são aqui utilizadas com o intuito

de ajudar o próprio indivíduo a encontrar seu caminho (Tao) de harmonização.

A acupuntura e moxabustão (Jin Huo), o Tui Na (massoterapia), a alimentação

energética, o uso de ervas e outras substâncias, o Qi Gong (exercícios

terapêuticos) são recursos complementares que favorecem o processo de

equilíbrio, conceito este que é bastante importante no pensamento chinês, e

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que difere da noção ocidental de equilíbrio estático, já que a regra da vida para

os taoístas é a mutação.

Sendo assim, o maior desafio é sempre a adaptação às diferentes

situações da vida para encontrar a balança dinâmica de cada momento,

adequando às respostas e as atuações segundo a demanda. Este é o

verdadeiro conceito de saúde desta corrente filosófica, sendo a perda deste

potencial de equilíbrio um sinal de não-saúde que seria rapidamente percebido

por meio das alterações – o que no ocidente chamamos de doença, a qual

deve ser combatida, e os orientais, por outro lado, chamam de desequilíbrio, o

qual é a pista ou a primeira oportunidade para se alcançar a plenitude (IVO,

2009. Disponível em: SCIELO, 2010)

“Na medicina chinesa as doenças são vistas como um desequilíbrio

causado por agentes externos (vento, secura, calor, umidade e frio) associados

a sentimentos ou estados emocionais (raiva, medo, alegria, preocupação,

tristeza). Por exemplo: o reumatismo é denominado “doença” do frio e da

tristeza e da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do fígado

(madeira) a invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite; e ainda o vento

penetrante no mar da medula causar uma paralisia equivalente aos que

chamamos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Essas combinações são explicadas como alterações do fluxo habitual de

Chi (Yin ou Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos

órgãos e meridianos. Esses meridianos e suas relações são também

explicadas pela Lei dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra,

metal e madeira. O xie (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi

(bloqueio de sangue) (STANDARD, 2000).

5.2. OS CINCO ELEMENTOS

Originalmente na China, designava-se os cinco elementos de Wu-Hsing.

Wu = cinco e Hsing = andar.

Os cinco elementos básicos: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água são os

cinco elementos básicos que constituem a natureza, existindo uma

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interdependência e interrestrição que determinam seus estados de constante

movimento e mutação (WEN, 1985).

A MTC ao constatar esta realidade, fez correlação entre a fisiopatologia

dos órgãos e tecidos e alguns fenômenos da natureza.

CLASSIFICAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS NA NATUREZA

Cinco

Elementos

Direção Estação Fator

Clima

Cor Gosto

Madeira Leste Primavera Vento Verde Azedo

Fogo Sul Verão Calor Vermelho Amargo

Terra Centro Inicio e fim

do Verão

Úmido Amarelo Doce

Metal Oeste Outono Seco Branco Apimentado

Água Norte Inverno Frio Preto Salgado

Tabela: 4 Fonte: WEN 1985

CLASSIFICAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS NO CORPO HUMANO

Cinco

elementos

Órgãos Vísceras Órgãos Tecido Emoção Som

Madeira Fígado Vesícula

biliar

Olhos Tendão Zanga Grito

Fogo Coração Intestino

Delgado

Língua Vascular Alegria Riso

Terra Baço/Pâncreas Estômago Boca Músculo Pensamento Canto

Metal Pulmão Intestino

Grosso

Nariz Pele e

Pêlos

Preocupação Choro

Água Rins Bexiga Ouvidos Osso Medo Gemido

Tabela: 5

Fonte (WEN, 1985)

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Na seqüência de seis gerações, temos que a madeira é a mãe do fogo e

filha da água, ou seja, o Fígado é mãe do coração e filho do Rim (MACIOCIA,

1996).

Aponta a noção de geração envolvendo o processo de produzir, crescer

e promover. Seguindo esta ordem, a Madeira gera o Fofo, o Fogo gera a Terra,

a Terra gera o Metal, o Metal gera a Água e a Água gera a Madeira (WEN,

1985).

Outro relacionamento entre os cinco elementos é o da inibição que traz

implícita a idéia de combate, restrição e controle.

Assim os órgãos do corpo humano podem ser classificados conforme os

Cinco Elementos.

Para Wen (1985) ”O coração, por exemplo, é de Fog; sua Mãe é o

fígado (Madeira) e seu Filho é o Baço (e pâncreas), que é Terra. No caso do

coração estar enfraquecido, devemos fortalecê-lo ou então tonificar o fígado,

sua Mãe. Se o coração está excessivamente energético,devemos diminuir as

sua energia, ou a do baço/pâncreas, seu Filho”.

É uma explicação que tem lógica até os nossos dias. Em muitas

situações, o pulmão pode ajudara função dos rins; como o caso do controle do

ácido básico do organismo.

Ao ir estabelecendo as correlações entre as doenças, defendidas pela

Teoria dos Cinco Elementos, podem surgir guias para tratamentos, controle

dos efeitos e estancamento da propagação de determinadas doenças para

outras partes do corpo, chegando mais rápido a cura.

Na seqüência de controle temos que o Fígado controla o

Baço/Pâncreas; o Coração controla o Pulmão; o Baço/Pâncreas controla o

Rim; o Pulmão controla o Fígado e o Rim controla o Coração (MACIOCIA,

1996).

Assim sendo no AVC ou Golpe de Vento tem-se todo sistema alterado

como pode-se ver a seguir em um trecho do livro: “Acupuntura Clássica

Chinesa”.

“Se o Coração está em excesso ele inibe o Pulmão que, por sua vez,

inibe o Fígado, fornecendo glicose, fornecendo também energia vital ao

trabalho do miocárdio. As energias e, com isso, invade o Baço/Pâncreas,

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inibindo-o. Deste modo o desequilíbrio que atinge um determinado órgão pode

ter sua causa em outro órgão e, da mesma forma uma doença pode propagar-

se ou mesmo transformar-se em outro tipo de doença.

Na seqüência da geração temos que no AVC (MACIOCIA, 1996):

O Fígado é a mãe do Coração: se o Fígado está em excesso o fogo do

Gan consome o Yin do Coração gerando mais fogo.

O Coração é mãe do Baço/Pâncreas: se está em excesso causa uma

deficiência do Pi gerando mucosidade ou fleuma.

O Baço/Pâncreas é a mãe do Pulmão: se está deficiente não fornece Qi

dos alimentos para o Fei, que por sua vez, não descende seu Qi para encontrar

o Qi do Rim.

O Pulmão é a mãe do Rim: se o Fei está deficiente, a uma deficiência do

Yin do Shen, por excesso de Yang (caminho das águas).

O Rim é a mãe do Fígado: o Shen estando em excesso, e sendo

responsável pela nutrição do Xue do Gan, causa estase do mesmo.

Na seqüência do controle temos, segundo Maciocia, (1996):

O Fígado (Gan) controla o Estômago (Wei) e o Baço (Pi): se o Gan está

em excesso, invade o Wei e o Pi, obstruindo suas funções e causando

deficiência.

O Baço (Pi) controla o Rim (Shen): se o Pi está deficiente suas funções

de transformação e transferência do Rim e excreção do fluidos também está

deficiente. Com isso, o Yang do Rim ascende e o Baço retém Umidade que

pode se transformar em fleuma.

O Rim (Shen) controla o coração: eles estão relacionados ao longo do

eixo vertical. É uma relação fundamentada entre água e o fogo sendo o

equilíbrio mais importante e básico do organismo, pois reflete o equilíbrio entre

Yin e Yang. Se o Yin do Shen estiver deficiente, o Yin Qi não será suficiente

para atravessar o Coração e, com isto, o Yin do Xin ficará deficiente

aumentando o Calor Vazio do Coração.

O Coração (Xin) controla o Pulmão (Fei) governa o Qi. Se o Fogo do Xin

está em excesso, obstrui a função do Fei e este não consegue enviar o Qi em

descendência. Por sua vez, se o Qi do Pulmão está deficiente poderá levar a

estagnação do sangue ao coração, aumentando o Fogo do Coração.

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O Pulmão (Fei) controla o Fígado (Gan): O Fei envia o Qi em

descendência para que o Gan dissemine o Qi em ascendência. Se o Qi do Fei

estiver deficiente e não puder descender, o Qi do Gan tende a ascender muito

– há uma ascendência exagerada do Yang do Fígado ou uma estagnação do

Qi do Fígado.

Estas análises e relacionamentos realizados pela MTC demonstram a

influência entre os elementos e a necessidade de que os tratamentos sejam

realizados num todo, para que tenham eficácia.

Os problemas neurológicos sempre existiram e, na China já eram

tratados com sucesso há milênios pelos acupunturistas. O sucesso deve-se ao

fato de que a acupuntura trabalha com energia (eletricidade do nosso corpo) e

os impulsos neurológicos usam também a eletricidade.

Ao estimular um ponto de acupuntura, de alguma forma, com ou sem

agulhas (como o raio laser), estamos equilibrando a eletricidade do nosso

corpo, que foi alterada pela doença ou por acidente. O equilíbrio desta energia

faz com que o organismo tenha uma melhor atividade bioquímica.

No caso específico de problemas neurológicos, como o AVC, onde

acontecem lesões em alguma(s) parte(s) do cérebro, bloqueando a

comunicação com determinada(s) parte(s) do corpo a acupuntura ajuda “esta

comunicação”, mesmo que isso possa acontecer de modo mais lento e

progressivo (AGOSTINHO, 2009).

A acupuntura, por estimular o sistema nervoso central, vem sendo

considerada hoje um tratamento eficiente, junto a uma equipe multidisciplinar,

para a reabilitação de pacientes acometidos pelo AVC.

5.3 ATUAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO AVC

O movimento madeira permite a transformação de Yin (água) em Yang

(fogo), circunstância necessária para a existência da vida.

Dentro da Medicina Tradicional Chinesa, a madeira é responsável através

da sua Thim (energia inicial) da produção bioquímica específica. Através de

seu Qi (energia média) da alimentação da “carne roxa” (músculos), tendões,

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unhas e olhos e através de seu Shen (energia superior) da visão e do Houn

(imaginação) (PÉREZ,2007).

São muitas as doenças que podem ter relação com este movimento de

acordo com sua projeção holística, no entanto, veremos os mais freqüentes

como motivo de consulta:

Patologia hepato-biliar;

Patologia músculo-tendinosa;

Patologia ocular.

As funções mais importantes do Fígado são representadas pela:

a) Expansão;

b) Impulsão;

c) Depuração.

O fígado representa à madeira. É como a árvore cuja tendência faz a

expansão e o crescimento. Representa o movimento e o dinamismo, a

expansão e a sua causa natural.

Por isso sua função básica é manter livre as vias circulatórias orgânicas que

permitem uma adequada nutrição tisular, isto é, que exista um fluxo circulatório

de Qi, dos Yinye e do Xue.

a) O fígado faz circular o Qi permitindo os movimentos de ascensão,

depressão, entrada e saída da energia e conseqüentemente do Xue. Por isso o

Fígado junto com o músculo armazena o glicogênio do qual a energia permite o

movimento muscular.

b) O fígado depura o sangue, pois é o provedor do C. (Ciclo de assistência)

que o distribuirá logo a todo o organismo através da estrutura vascular.

A maior parte da patologia do Fígado produz quando tratamos de reduzir

sua tendência a expansão; contudo também pode haver patologia de plenitude

produzida por uma excessiva excitação do Fígado (verdadeiro yang de

Fígado). Ou um déficit do Yin de R. (falso Yang do Fígado) isto provoca os

sinais de Ascensão do Qi como: cefaléia, olho roxo, aumento da tensão ocular,

insônia, irritabilidade, hipertensão arterial, rubor facial, etc.

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O excessivo Yang hepático se converte em vento-hepático produzindo:

convulsões, perda de consciência, epistaxe, tics, hemorragia cerebral, etc.

Dentro da função de armazenar o sangue, devemos interpretar a função de

regular o fluxo sanguíneo já que a verdadeira função de armazenamento cai

sobre o BP (controla a volemia e envolve o sangue). Se alterar o Fígado, pode

reduzir o fluxo gerando estase sangüíneo que repercute nos olhos (visão turva,

cansaço visual, seqüela ocular, etc...) e nos músculos e tendões que perdem a

elasticidade (dor, contratura, retração tendinosa, parestesias, etc...).

O Fígado é um órgão onde se acumula o sangue e onde se produz a maior

parte das reações bioquímicas da mesma; e o sangue é Yin. No entanto, sua

função é a dispersão ou elevação da energia do Mingmen (fogo vital) ao

coração e conseqüentemente ao cérebro. Por sua vez, o Fígado é a penúltima

etapa na formação da energia expansiva (wei) que a eleva aos olhos, e a

energia é Yang.

Sua função de expandir-se e estender-se deve manifestar-se na área tisular

que está embaixo de seu controle, como são os tendões e os músculos, e

decidir a estrutura dinâmica que permite o movimento e a expansão. Assim

como o Rim comandará os tecidos Yin (profundos, concretos, compactos),

como são os ossos e a medula, o coração mandará sobre os tecidos a máxima

extensão como são os vasos e toda a estrutura vascular.

Síndrome de vento interno do Fígado:

Acidentes cerebrovasculares:

Perda de conhecimento;

Desvio das comissuras da boca e dos olhos;

Rigidez da língua;

Tremor;

Hemiplegia;

Pulso tenso e de corda,

Língua rocha.

Patologia muscular: tremor, convulsões, etc.

Tratamento:

-Abrir Yinweimai: 6 MC (Neiguan);

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-Tonificar R Yin e H.Y 7R (Fuliu), 25 VB (Jingmen), 8 F (Ququan) e 14F

(Qimen).

- O bom é sedar o Yang de F: 3 F (taichong) – 2 F (Xingjian) y 18 B (Ganshu).

- Reduzir o vento: 12B (Fengmen), 16 DM (Fengfu), 17 TR (Yifeng).

-Tonificar o sangue: 6 BP (Sanyinjiao), 13F (Zhangmen) e 17 B (Geshu)

(PÉREZ, 2007).

5.3.1 Acupuntura com Utilização Eletromagnética Hai – Hua

No Brasil, apesar dos poucos estudos estatísticos disponíveis, existem

dados sugerindo que as doenças cérebro- vasculares estejam entre as maiores

causas de mortalidade As taxas de mortalidade são elevadas situando-se entre

as mais altas do mundo. Além dos custos médicos com hospitalização, os anos

perdidos precocemente e dificuldades enfrentadas pelos pacientes, geram um

alto custo social (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).

Sendo assim, a sua alta incidência e o seu alto custo fazem da redução

do AVC uma prioridade nacional e salienta a necessidade de métodos mais

exatos para identificar nos pacientes os prognósticos e as formas terapêuticas

adequadas para a reabilitação.

Os déficits neurológicos focais que resultam de um AVC, seja embólico,

trombótico e/ ou hemorrágico, e um reflexo do tamanho e localização da lesão

e da quantidade de fluxo sangüíneo colateral. (OLIVEIRA, A.P.R&

ARAÚJO,F.L.B, 2010).

Os déficits neurológicos agudos apresentados pôr esses pacientes

incluem a hemiparesia, ataxia, deficiências visuo-perceptivas, afasia, disartria,

deficiências sensoriais e mnésicase problemas com o controle vesícula.

(OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).

Dentre os distúrbios do movimento encontrados, a hemiplegia ou

hemiparesia a um dos sinais clínicos mais óbvios da doença. Embora o local e

o tamanho da lesão vascular cerebral inicialmente determine o grau de função

motora, a presença concomitante de comprometimento sensorial soma-se ao

problema de disfunção motora. Esses pacientes geralmente apresentam perda

da força muscular, destreza e coordenação. Em adição ao déficit motor, há

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freqüentemente exacerbação dos reflexos tendíneos e aumento da velocidade-

dependente dos reflexos tônicos e fásicos de estiramento (isto e,

espasticidade). A velocidade com a qual esses padrões de função

muscular retornam é ditada pelo local e gravidade da lesão e, ainda,

pelo enfoque do processo de reabilitação.

Após o AVC, a perda da função do membro superior (MS) é uma das mais

comuns a desafiantes seqüelas, sendo limitante para a autonomia do paciente

em atividades da vida diária e, ainda, podendo levar a permanente

incapacidade (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).

A busca da Acupuntura para auxiliar no tratamento das seqüelas do AVC

tem aumentado. A estimulação manual ou elétrica das agulhas e mais

recentemente os aparelhos de estimulação eletromagnética Hai – Hua, tem

favorecido o tratamento.

Descrevem OLIVEIRA & ARAÚJO (2010) o tratamento que realizaram

em pacientes portadores de AVC, utilizando a estimulação eletromagnética Hai

–Hua:

“Participaram deste procedimento 3 sujeitos, com seqüelas crônicas

entre 3 e 10 anos, que não mais respondiam ao tratamento fisioterapêutico

convencional. Dois pacientes receberam 30 minutes de estimulação diária,

durante 8 semanas. O outro paciente recebeu 3 semanas de estimulação

eletromagnética, 3 semanas de estimulação FES e mais 3 semanas de

estimulação eletromagnética. Para compararmos as respostas produzidas

pelos dois procedimentos. Os pontos utilizados foram IG15, IG11 e TA15. A

avaliação aconteceu na primeira sessão e posteriormente semana a semana.

Para quantificarmos o ganho motor, foi realizada uma goniometria ativa de três

tentativas para os movimentos de flexão e abdução de ombro e extensão de

punho e cotovelo. Os dados foram submetidos a uma analise de variância de

uma via (ANOVA), a diferença entre as semanas foi evidenciada pólo teste

Student-Newman-Keuls. As 8 semanas ininterruptas geraram um aumento

estatisticamente significativo para extensão do punho (F7,23: F19,11; P<0,05),

extensão do cotovelo (F7,23: FI0,97; P<0,05), abdução do ombro (F7,23:

F21,27; P<0,05) o flexão do ombro (F7,23: F9,45; P<0,05). Para a estimulação

eletromagnética intercalada com FES, o ganho motor se deu a partir da 8º

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semana de tratamento para flexão do ombro (F8,26: F9,52; P<0,05), na 3º

semana e interrompida até a 6º (período de estimulação FES) para extensão

do punho (P8,26: F I8,69; P<0,05) a não significativa para abdução do ombro.

Nossos dados sugerem que a acupuntura eletromagnética HAI-HUA foi efetiva

para aumentar a função motora nestes pacientes que não mais respondiam ao

tratamento convencional. A associação FES com HAI-HUA gerou efeitos

inferiores aos apresentados pela estimulação exclusivamente eletromagnética”.

O Ocidente voltou sua atenção para a acupuntura a partir do artigo do

jornalista James Reston, publicado em 1971. No artigo ele descrevia o efeito da

acupuntura nas suas dores pós-operatórias depois de submetido a uma

apendicectomia de emergência, quando acompanhava a equipe norte-

americana de tênis de mesa. Desde então a acupuntura foi sendo adotada pela

medicina ocidental, em princípio cercada de preconceitos, mas ultimamente

como uma especialidade médica, caso do Brasil, sendo reconhecida pelas

seguradoras da área da saúde.

Em 1979 a Organização Mundial de Saúde passou a considerar

condição clínica possível tratar a paresia (diminuição de força) pós AVC com

acupuntura, porque ela demonstrou efetiva para reduzir a paresia tanto em

casos agudos como crônicos.

A acupuntura apresenta melhor resultando quando utilizada entre as

primeiras 24 a 3 horas após a ocorrência do AVC do tipo isquêmico. Já no

hemorrágico é recomendado esperar até que o sangramento tenha sido

controlado e o quad3. Vaso Governador

Estudos referenciam as relações do Vaso Governador ao AVC:

Quando o Vaso Governador está afetado ele apresenta inúmeras

manifestações clínicas. Segundo o Golden Mirror of Medicine (Yi Zong Jin

Jian,1742) apresenta: “contração das mãos e dos pés, tremores dos membros,

afasia decorrente de acidente vascular dcerebral (...)”. A doença do Vaso

Governador é citada como causada pelo Vento Interior e Exterior.

Também refere o VASO Yang do Caminhar e membros: “pode ser

utilizado especialmente na síndrome Bi decorrente do Vento e provocando

espasmos dos músculos e tendões dos aspectos laterais dos músculos e dos

membros.

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(...) ao usar o Vaso Yang do Caminhar para tratar a Síndrome Bi

decorrente do Vento, utilizo os pontos de abertura e associado (B-62 e ID -3)

em combinação com VB -20 (Fengchi), E-43 (Xiangu) e IG-11 (Quchi), mais

pontos locais dos membros afetados (MACIOCIA, 1996).

O autor refere-se também que a hemiplegia é, em geral, conseqüência

do ataque de AVC o qual é decorrente de Vento Interior. O Vento contrai os

músculos e os tendões e provoca paralisia. Como isso é unilateral, o Vaso

Yang do Caminhar é indicado para tratá-lo.

Na opinião de Maciocia, (1996) o uso do Vaso Yang do Caminhar é

indicado nos estágios iniciais de hemiplegia seguida de AVC, quando a

influência do Vento Interior nos membros ainda é predominante. Como este

Vaso pode extinguir o Vento Interior, é indicado nos estágios iniciais das

seqüelas de AVC.

Ao utilizar o Vaso Yang do Caminhar para tratar hemiplegia decorrente

de AVC, sugere-se os pontos de abertura e associados (B-62 e ID-3) usando

B-62 no lado afetado e ID-3 no outro lado (independentemente do sexo do

paciente), em combinação co VB-20 (Fengchi), Du -16 (Fengfu), IG-11(Quchi) e

F-3 (Taichong), mais os pontos locais no membro afetado.

73i clínico se estabilizado. Isso ocorre em torno de duas a três semanas.

Para maior eficácia são recomendadas pelo menos 3 sessões semanais

nos casos agudos e 2 nos crônicos, totalizando 20 a 40 tratamentos durante

mais ou menos dois meses. Pode ser potencializado com estimulação elétrica.

O Dr Wu Tu Hsing em 2001 defendeu tese de doutoramento na

Faculdade de Medicina da USP sobre o uso de acupuntura escalpeana

(agulhamento do couro cabeludo), em pacientes com seqüelas crônicas de

AVCI (KOTTKE, 2002).

O AVC na Medicina Tradicional Chinesa enquadra-se na situação de

“Golpe de Vento” que corresponde a quatro possíveis quadros se relacionados

a Medicina Ocidental: hemorragia cerebral; trombose cerebral;embolia cerebral

e espasmo de um vaso cerebral (SANTOS, 2009).

A etiologia do Golpe de Vento assim como na visão ocidental é muito

complexa. Embora ocorra repentinamente é uma patologia que vem se

formando ao longo dos anos. Existem fatores etiológicos fundamentais:

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Excesso de trabalho, estresse emocional e atividade sexual excessiva.

Em seres humanos, este é um fator relevante que esgota o Yin do Rim e é a

causa mais comum da deficiência do Rim na atualidade.

A deficiência do Yin do Rim causa, muitas vezes, um descontrole do

Fogo e do Yang, que acende. O excesso de Yang no Fígado (excesso relativo,

pois é causado por uma deficiência do Fígado em função de uma Deficiência

do Yin do Rim) causa Vento principalmente em idosos. O Vento, por sua vez,

causa apoplexias, coma, obscurecimento mental e paralisia. A língua fica

imóvel, desviada ou rígida. É como se houver um padrão de hiperexcitabilidade

prolongada e hiperestimulação estressante do Shen do Coração ou se houver

estagnação crônica do Qi do Coração pode haver desenvolvimento do Fogo no

coração, aumento do calor interno e pode agitar o Fígado e fazer surgir o Vento

(MACIOCIA, 1996).

Alimentação irregular ou esforço físico excessivo: a irregularidade

alimentar bem como a ingestão excessiva de doces, laticínios, alimentos

gordurosos, frituras, açúcar enfraquece o Baço/Pâncreas e gera mucosidade,

causa formigamento nos membros, obscuramento mental, fala inteligível ou

afasia e língua inchada com revestimento pegajoso e com brilho. Alimentos

gordurosos também provocam estagnação do Qi no estômago que invade o

Baço/Pâncreas.

Atividade sexual excessiva e repouso inadequado: esta combinação

enfraquece o Rim e gera Deficiência da Medula que, por sua vez falha na

nutrição do sangue e, eventualmente pode gerar estase do mesmo, causando

rigidez e dor nos membros e língua púrpura (MACIOCIA, 1996).

Esforço Físico excessivo e repouso inadequado: o excesso de esforço

físico seja como carregar muito peso ou praticar atividades físicas exagerados,

enfraquece o Baço/Pâncreas, os músculos e os Meridianos. O Vento interno

pré-existente penetra nos Meridianos aproveitando a deficiência do Qi do

sangue nos mesmos. Por outro lado, a exposição ao Vento externo interage

com o Vento interno dos Meridianos, gerando paralisia dos membros.

(MACIOCIA, 1996).

Os estresses psicológicos que predispõem o Golpe de Vento surgem

basicamente dos sistemas do Fígado, Rins e Coração onde a Raiva,

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Ansiedade e o Medo serão os responsáveis pelo desequilíbrio entre o Yin e

Yang, estagnação ou deficiência do Qi e Xue, fatores responsáveis pelo Golpe

de Vento (MACIOCIA, 1996).

É possível então sintetizar o Golpe de Vento em quatro palavras: Vento,

Mucosidade, Fogo e Estase.

Na patogenia do Golpe de Vento estes fatores estão presente. Podem

não ocorrem todos eles, mas pelo menos três estarão associados para a

ocorrência da doença. Quanto a intensidade do Golpe de Vento, é variável.

Também as deficiências de Qi, Sangue ou Yin, especialmente o Yin do Rim e

ou Fígado. (MACIOCIA, 1996).

Tratando-se de AVC, a MTC aponta que no caso de deficiência, deve-se

tonificar a Mãe e no caso de excessos sedar o Filho. No excesso do meridiano

do Fígado, podemos escolher o ponto sobre o meridiano do Fígado relacionado

ao seu Elemento-Filho, ou seja, o Fogo: este é o ponto XingJian F2. Na contra

dominância, usamos o ponto do elemento que controla o elemento em

excesso.

No caso do AVC com Madeira (Gan) e Vesícula-Biliar afetados

podemos aplicar Metal R10 e E36 (a Terra está sendo dominada por Madeira).

O Coração afetado, Fogo, estimula-se o Filho (Terra- Ponto BP3), com o fim

deficiente utiliza-se F8 (Ponto Água e Madeira).

Outro modo de tratamento usando os pontos dos cinco elementos seria

para expelir os fatores patogênicos. No caso do AVC, temos Madeira que

corresponde ao Vento, o Fogo ao Calor, a Terra, à Umidade.

Assim, o Ponto Madeira seria usado para expelir o fator patogênico

Vento; o Ponto Fogo para expelir o Calor e o Ponto Terra para expelir a

Umidade (WEN, 1985).

5.4 LÍNGUA IMPORTANTE INDICADOR DO GOLPE DE VENTO

A observação da língua é importante indicador que pode apontar a um

possível Golpe de Vento, servindo então sua observação como preventivo e

sinalizador da necessidade de tomada de providências.

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A língua rígida, assim como o adormecimento dos três primeiros dedos

de uma das mãos são indicadores de um Golpe de Vento. O calor interno e

externo pode agitar o Fígado e fazer surgir o Vento. A língua rígida é sinal de

desarmonia dos órgãos internos. Quando causado por Vento interno ela poderá

apresentar coloração pálida ou normal sendo freqüente sua observação em

pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral para a Medicina Ocidental) e

apresentam hemiplegia com ou sem assimetria da face (MACIOCIA, 2003).

A aparência da língua pode referir diferentes patologias e apresentar

características diferenciadas. Por isso sua observação não pode ensejar um

diagnóstico único e definitivo. Deve ser usado associado a demais sintomas.

Tendo este cuidado, é possível referenciar que os perímetros da língua

correspondem ao exterior do corpo, enquanto as áreas centrais o interior. Da

ponta a raiz: ponta corresponde o exterior e a raiz o interior (MACIOCIA, 2003).

Aparência da Língua no Golpe de Vento – AVC

COR CORPO SABURRA

Deficiência do Yin do Fígado e do

Rim

Vermelha e

descascada

Rígido

(presença do

Vento

Interno)

Ausência

(deficiência

do Yin e do

Rim)

Fogo no Fígado Roxa

avermelhada

Aumentado

(calor/estase)

Sem raiz

aeras,

descascada

na raiz

(deficiência

do

Estômago

Vento no Fígado / Umidade /

Fleuma/ deficiência de Qi do Baço e

Pâncreas

Pálida ou

normal

Aumentado

Umidade/

Fleuma

Com desvio

nítido

Pegajoso

Tabela: 6

Fonte: MACIOCIA , 2003

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6. TRATAMENTOS POR ACUPUNTURA

6.1. TRATAMENTO POR MOXABUSTÃO

A moxabustão faz parte da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e

consistem no aquecimento dos pontos de acupuntura. Este método terapêutico

consiste em utilizar determinadas substâncias ou ervas para queimar ou

defumar os pontos ou áreas do corpo a serem tratadas. O calor resultante

deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas do

corpo, por intermédio dos canais de Energia (WEMBU, 1993).

São várias as matérias-primas disponíveis para esta modalidade de

tratamento. Uma das mais utilizada e a folha da planta Artemísia Vulgaris, por

possuir propriedade anti-inflamatória.

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a ação do moxabustão é

aquecer os canais de energia, dispersar o frio e a umidade, regular a circulação

do sangue (77ik), aumentando a energia yang.

A utilização do moxabustão pode ser executada através de várias

técnicas: aplicação de cones de moxa de diferentes tamanhos colocados

acesos sobre os pontos ou áreas selecionadas na pele (moxa direta), ou

bastões posicionados sobre as áreas selecionadas sem tocá-las (moxa

indireta), aquecendo-as (GUIMARAES & RODRIGUES, 1998).

6.2 MÉTODO DE AGULHAMENTO

No método de agulhamento procede-se da seguinte maneira:

1. Inserção das agulhas: insere-se a agulha rapidamente fazendo um após de

15 com a pele. Empurra-se a agulha com um movimento de rotação e pressão

através da camada localizada entre o periósteo e a aponeurose.

2. Estimulação e Manipulação das Agulhas: insere-se a agulha em rotação, de

2 a 4 cm ao longo do subcutâneo e posteriormente colocam-se os eletrodos

nas agulhas; um par em área motora suplementar, um par em área motora de

membro superior e membro inferior, e um terceiro par na área de linguagem 2 e

3. Utiliza-se estimulador elétrico WQ-IOC 2 fabricado na China, numa

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freqüência de 2 Hz alternado com 100Hz, com uma potencia de 0,2 a 0,4m A,

conforme a tolerância do paciente, utilizando as ondas quadradas, acoplando

os eletrodos na base das agulhas de Acupuntura (ALTMAN, 1997).

”Outro jeito de causar um acidente vascular isquêmico por êmbolo é quando,

por exemplo, uma pessoa tem um infarto do miocárdio. O infarto do miocárdio

provoca a morte de uma parte do músculo do coração que deixa de se contrair.

O sangue parado perto dessa parede do coração que não se contrai pode

formar um coágulo. Um dos segredos do sangue não se coagular é ele estar

sempre em movimento. Um pedacinho de um coágulo formado na parede do

coração pode migrar pela artéria carótida até entupir um vaso da circulação”

(ALTMAN, 1997).

Figura: 26 Agulhamento Fonte: site cidadedsaopaulo AVC – tratamento

6.2.1 Tratamento pela acupuntura escalpeana

O tratamento pelo agulhamento escalpeano e uma técnica antiga na

acupuntura já citada no livro mais antigo sobre acupuntura, o Lin Shu Jing,

Todos os canais e meridianos conectam-se na cabeça, especialmente os seis

canais ordinários Yang e os oitos canais extraordinários.

São utilizados especialmente nos tratamentos das cefaléias; problemas

oftalmológicos; doenças dos ouvidos; diversos distúrbios mentais; algumas

disfunções dos órgãos genitais. A técnica se utiliza de agulhas inseridas nos

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pontos tradicionais dos meridianos localizados na região escalpeana (KOTTKE,

2002).

Na atualidade pela eficácia da técnica no tratamento dos distúrbios do

sistema nervoso central, houve um avanço desta forma de abordagem.

A Acupuntura Escalpeana representa uma técnica importante no

tratamento de várias patologias, principalmente as neurológicas. Como a

localização das áreas escalpeanas é dificultada pela presença do cabelo, foi

desenvolvido o Localizador Escalpeano.

O Localizador Escalpeano é um instrumento que define com mais

precisão as áreas de Acupuntura Escalpeana, possibilitando melhores

resultados terapêuticos.

É um instrumento constituído de uma fita suporte e de quatro fitas

móveis que são articuladas na primeira, Todas feitas de material flexível,

graduada em milímetros e de cores diferentes. O conjunto tem ainda triângulos

que deslizam sobre fios plásticos ligados à fita suporte. Essas fitas,

movimentadas, vão marcando os Pontos de Acupuntura. (LAUTZ, 2010).

Figura: 27 Áreas Escalpeanas da Acupuntura Fonte: Site Lautz

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6.2.2 Referências anatômicas da superfície do escalpe - correspondência

ao córtex cerebral

1. Linha Mediana Longitudinal Ântero-Posterior: do ponto médio entre as

sobrancelhas, na região frontal ate a margem inferior da protuberância

occipital.

2. Protuberância Parietal: localiza-se traçando um ponto que esta após

mais ou menos 6 cm acima e 1,5 a 2 cm posteriormente do ápice das orelhas.

3. Tuberosidade Occipital: projeta-se uma área na região posterior do

crânio, na proeminência óssea do osso occipital, na linha mediana.

4. Fissura de Sylvius: de acordo com a localização neuroanatômica, pode-

se delimitar esta fissura a partir de um ponto localizado a uma polegada e meia

posterior e 5/8 polegadas rostralmente do canto do olho ate a Protuberância

Parietal.

5. Sulco Central: na linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior,

estabelece-se o ponto médio. O ponto mais rostral do Sulco Central deve

localizar-se exatamente no ponto médio (GV-20). O sulco pode ser localizado

traçando-se uma linha do GV-20 até o aspecto 25 antero lateral do crânio,

obliquamente, formando um após de 67,5 com a Linha Mediana Antero-

Posterior. A extremidade inferior do Sulco Central esta localizada quando ele

se encontra com a Fissura de Sylvius. Pode-se dividir o escalpe facilmente em

diferentes áreas funcionais e utilizá-las para a aplicação clinica.

6.2.3 Localização das áreas de agulhamento - uso correspondente com a

Função da área cortical

1. Área Sensitiva: localizada a 1 cm posterior e ao longo do Sulco Central,

inicia-se na Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior ate o sulco cerebral

lateral (Fissura de Sylvius). É uma área utilizada para o tratamento de:

distúrbios sensitivos do lado contralateral do corpo. O 1/5 superior e utilizado

no tratamento da área cervical, tronco e extremidades inferiores, o 2/5 a seguir,

para o tratamento do membro superior e o 2/5 inferior, para a face e a língua.

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2. Área Motora: área esta localizada a 1 cm anterior e ao longo do Sulco

Central.A extremidade superior esta na Linha Mediana Longitudinal Antero-

Posterior e a inferior quando se encontra com o sulco cerebral lateral. Esta

área e utilizada no tratamento de distúrbios motores do lado contralateral do

corpo. O quinto superior e utilizado para o tratamento do tronco e extremidades

inferiores, o 2/5 do meio, para o segmento cervical e membro superior e o 2/5

inferior, para os distúrbios na face, faringe e língua.

3. Área do Controle do Tremor e do Tônus Muscular: área esta localizada a

3 cm do ponto médio da Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior, anterior

e paralela a área

motora,que e correspondente ao córtex pré-motor (giro 6). E utilizada para o

tratamento de espasticidade, torção da cabeça, torção do corpo, movimentos

involuntários, tremor dos membros, mão em garras, entre outros.

4. Área Sensitiva e Fortalecimento das Pernas: localizada bilateralmente, a

1 cm de distância e paralela a Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior,

atravessa as áreas motoras e sensitivas. Estas linhas (bandas) são utilizadas

para lombalgia, ciatalgia contralteral, distúrbios do “Jiao” inferior englobando

distúrbios da micção, impotência, ptoses do útero, colon irritável e neuro

dermatite, entre outros.

5. Área do Controle dos Vasos Sangüíneos: área esta a 2 cm anterior e

paralela a Área do Controle do Tremor e do Tônus Muscular. A estimulação

desta área é útil ao tratamento de hipertensão essencial e a promoção da

circulação sanguínea periférica.

6. Área de Zumbido: esta área esta localizada no topo das orelhas, cerca

de 2 cm anterior a linha mediana longitudinal da orelha, descendo da linha de

Fissura de Sylvius. E útil para o tratamento de zumbidos e distúrbios da

audição.

7. Área Auditiva e Vertigem: área esta localizada no topo das orelhas, junto

a linha mediana longitudinal da orelha, descendo da Linha de Fissura de

Sylvius. E útil para o tratamento de labirintite, vertigem, zumbido e distúrbios da

audição.

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8. Área de Vertigem: área esta localizada no topo das orelhas, cerca de 2

cm posterior a linha mediana longitudinal da orelha. E útil para o tratamento

de labirintite e vertigens.

9. Área do Balanço: áreas estão localizadas a 4,0cm lateralmente a

Tuberosidade Occipital e tem cerca de 4cm de extensão. Estão paralelas à

Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior. E utilizada no tratamento de

desequilíbrio.

10. Área Visual: áreas estão localizadas a 1,5 cm bilateral e paralelamente a

Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior, ao nível da Tuberosidade

Occipital tendo uma extensão de cerca de 4 cm rostralmente.

11. Áreas Associadas à Visão: localizadas em ambos os lados do osso

occipital, a 1/3 lateral da distancia entre a margem do cabelo e a Linha

Mediana Longitudinal Antero- Posterior, ao nível da tuberosidade occipital.

12. Área de Linguagem I: localizadas anteriormente a extremidade lateral

inferior das áreas pré-motoras (correspondendo a porções do triangulo e do

82ikipédi do giro frontal inferior). Estas áreas são utilizadas no tratamento de

afasias motoras.

13. Área de Linguagem II: localizadas na região postero- inferior da

proeminência parietal. Utilizadas no distúrbio da função mnemônica do som

(82ikipé sensitiva).

14. Áreas de Linguagem III: áreas são denominadas áreas de formação da

linguagem, localizadas no aspecto postero-inferior da área da fala II.

15. Área Frontal: esta é uma grande área localizada na região anterior a

Área do controle Vascular. Pode também ser denominada de Área das 5

agulhas frontais. Insere- se uma agulha na Linha Mediana Longitudinal Antero-

Posterior, cerca de 2 cm posterior a linha de inserção do cabelo, aprofundando

cerca de 3 cm. Inserem-se duas agulhas nos aspectos laterais do osso frontal,

cerca de 2 cm posterior aos pontos Tou-Wei (ST-8). As outras duas agulhas

ficam entre os pontos referidos. Esta área pode ser também chamada de Área

da Sedação, utilizada no tratamento de estresse, ansiedade, baixa

concentração, insônia, dor refrataria ao tratamento e outros problemas

psíquicos.

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16. Área Pré-Frontal: há sete linhas (bandas) na área pré-frontal cujos

limites se localizam a 2 cm anterior e 2 cm posteriormente a linha de inserção

do cabelo (totalizando 4 cm de extensão). As bandas são:

a) Banda Central: esta banda esta localizada na Linha Mediana Longitudinal

Antero-Posterior. E utilizada no tratamento de distúrbios nasais, da boca, língua

e da região faríngea. Esta linha e útil também para a sedação e aumento de

imunidade.

b) Jiao Superior, Área Pulmonar (primeira banda lateral à Banda Central): esta

banda esta cerca de 1 a 2 cm lateral e paralelamente a Linha Mediana

Longitudinal Antero- Posterior. Utilizada no tratamento de patologias

pulmonares, brônquicas e cardíacas.

c. Jiao Médio, Área do Estômago e vesícula Biliar (segunda banda lateral): esta

banda está em cima da linha pupilar, paralela a Linha Mediana Longitudinal

Antero-Posterior.

E utilizada nos distúrbios gástricos, pancreáticos, hepáticos e da

vesícula biliar.

d. Jiao Inferior, Área Genital e do Intestino (terceira banda lateral): esta banda

esta localizada no após frontal do cabelo, paralela a Linha Mediana

Longitudinal Antero- Posterior. A área posterior a linha de inserção do cabelo e

utilizada no tratamento de patologias vesicais e genitais externas. E sempre

associada com a estimulação da Área Sensitivo-Motora dos Membros

Inferiores. A região anterior a linha de inserção do cabelo e utilizada no

tratamento de distúrbios intestinais.

17. Linha Mediana Longitudinal Ântero-Posterior. (Banda):

a) Banda Fronto-Parietal: esta banda esta localizada na linha mediana, tem

cerca de 2 cm de largura. Inicia-se na linha frontal de inserção do cabelo e

segue-se rostralmente até o ponto médio da Linha Mediana Longitudinal

Antero-Posterior. Pode ser dividida em quatro porções. O primeiro ¼ anterior e

utilizado para aliviar tensões, aumentar a imunidade em geral e tratar as

inflamações nasofaringeas. O segundo ¼ e utilizado para o tratamento de

problemas do Jiao Superior e no tratamento de patologias pulmonares (inclui

as patologias dos seios da face). O terceiro1/4 e útil no tratamento de

patologias do Jiao Médio (incluem as disfunções dos órgãos abdominais

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superiores). O ¼ posterior é utilizado no tratamento de problemas do Jiao

inferior (incluem as disfunções dos órgãos abdominais inferiores e da genitália

externa).

b. Banda Parieto-Occipital: esta banda esta localizada na linha mediana, tem

cerca de 2cm de largura. Inicia-se no ponto médio da Linha Mediana

Longitudinal Antero-Posterior e estende-se posteriormente ate a altura da

tuberosidade occipital. Divide-se em quatro porções: a porção do ¼ anterior e

utilizada no tratamento de problemas no segmento craniano, cervical; o

segundo ¼ é utilizado para tratar região dorsal superior; o terceiro ¼ para

problemas lombares e o ¼ inferior para problemas sacrococcígeos (KOTTKE,

2002).

6.2.4 A reabilitação e eficácia do tratamento

A reabilitação e o conjunto de procedimentos diagnósticos e terapêuticos

que visam restaurar o nível funcional físico ótimo assim como o psicossocial e

o vocacional para permitir que o paciente se torne uma pessoa produtiva,

participante na comunidade. Para cuidados a pacientes com AVCI, define-se

reabilitação como:

“Ensinar o paciente a cuidar de sua própria vida a despeito das

limitações decorrentes da lesão do sistema nervoso central (SNC), evidencia

varias implicações desta filosofia, destacando que a reabilitação não consiste

somente na execução de exercícios; o tratamento envolve a recuperação do

controle do paciente assim que possível” (BOBATH, 1998).

Lianza (2001,), cita que após duas maneiras diferentes, porem

correlacionadas, para a melhora após o AVCI:

1 “O primeiro tipo da recuperação, a redução na extensão da

incapacidade neurológica, pode resultar de um processo natural espontâneo de

recuperação neurológica; dos efeitos das intervenções terapêuticas que limitam

a extensão do AVCI ou de outras intervenções que melhorem a função

neurológica. “Esta forma de recuperação caracteriza-se pela melhora no

controle motor, na habilidade de expressão da linguagem ou de outras funções

neurológicas primarias.”

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2 “O segundo tipo de recuperação observada em pacientes com

AVCI é a melhora da habilidade para realizar funções diárias no seu ambiente,

dentro das suas limitações físicas. O paciente com déficit sensitivo motor,

cognitivo ou do comportamento resultante de AVCI pode recuperar a

capacidade de alimentar-se, vestir-se, banhar-se, controlar as eliminações,

andar e realizar as atividades de vida diária independentemente. “A habilidade

de realizar estas tarefas pode ser obtida através de adaptação e de

treinamento, na presença ou na ausência de recuperação neurológica

espontânea.” E nesse elemento da recuperação que a reabilitação exerce o

seu maior efeito.

O grau de recuperação espontânea da função neurológica e variável,

entretanto a magnitude do déficit neurológico, durante os períodos precoces e

tardios pós AVCI, oferece alguma previsão quanto a extensão da recuperação

que poderá ser observada. Estes déficits geralmente diminuem em freqüência

de um terço a metade.

A prevalência da hemiparesia diminui de 73% durante a apresentação

inicial para 37% no final do primeiro ano de seguimento; a afasia de 36% para

20%; a disartria de 48% para 16%; a disfagia de 13% para 4% e a

incontinência de 29% para 9% (ROTH & HARVEY,1999).

O tempo da recuperação também e variável. A maior parte da melhora

da função física ocorre nos primeiros três a seis meses, embora se tente

especificar um prognostico definido para o paciente após Altman (1997), AVCI,

e importante reconhecer a multiplicidade de variáveis que determina a evolução

final. Deste modo, a expectativa da magnitude da recuperação freqüentemente

não e precisa, mas a recuperação tardia também e possível (LIANZA, 2001).

Em 1999 o Dr Ling Shu realizou um estágio no General Veterans

Hospital em Taipei, Taiwan, com o objetivo de encontrar novos procedimentos

capazes de beneficiar pacientes com diferentes graus de incapacidade

provocas pelo AVCI crônico. Concluiu que os pacientes submetidos a

acupuntura aplicada no couro cabeludo apresentavam inexplicável melhora

clínica, o que o levou a considerar esta modalidade como uma nova e eficaz

alternativa.

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“O tratamento correto do AVCI requer a previsão, o conhecimento sobre

o futuro do paciente, ou seja, sobre seu prognostico.” Apenas quando o medico

tem uma idéia precisa sobre o futuro do paciente e que ele pode decidir por

uma estratégia terapêutica. E obviamente improvável investir altas somas na

reabilitação de pacientes que não melhorarão. Do mesmo modo, também e

improvável que se sujeite o paciente a riscos de cirurgias corretivas, se a

deficiência não será alterada devido a outros fatores associados a sua

condição.

A autora Lianza (2001) ainda acrescenta que: “o prognostico especifico

ajuda também a orientar familiares do paciente a planejar a adaptação gradual

a nova situação e também será o suporte para uma relação de confiança com o

médico.” O propósito acadêmico do prognostico assegura uma nova forma de

terapia é possível comparar a evolução atual com uma evolução projetada

baseada em prognósticos tradicionais, permitindo uma inferência estatística

valida a respeito do tratamento numa população pequena que ira atingir

diretamente uma população maior quando comparada a esse menor grupo.”

Outros fatores a serem considerados são o prognostico para a

recorrência de um novo AVC e o prognostico quanto à função do paciente.

Logo, muito dos novos fatores reconhecidos estão sendo considerados como

de valor preditivo para sobrevida, recorrência, função neurológica e

recuperação do paciente depois do AVC. Fatores associados a um prognostico

pobre tais como: incontinência, desorientação, imobilidade, obesidade, historia

previa de AVC, diabetes, visão pobre, afasia, idade avançada, devem ser

considerados antes que o individuo seja aceito para uma terapia intensiva ou

cirurgias corretivas.

Mann (2001) através de um estudo de caso, acompanhou durante 1 ano,

de modo sistemático na cidade de São Paulo, um grupo pequeno de pacientes

com afasia global, três meses após o AVCI tratado com terapia de linguagem

intensiva durante o primeiro ano após o Hector. Todos os pacientes

melhoraram principalmente na compreensão auditiva. O menor índice de

melhora ocorreu no discurso proposicional. Houve um aumento do uso de

padrões não lingüísticos de comunicação, como os gestos, que são

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observados após seis meses. As maiores alterações ocorreram entre seis e

doze meses de tratamento. Apesar da melhora, os pacientes ainda

apresentaram defeitos graves de comunicação. Demonstrando deste modo,

que o tempo de inicio desde o íctus e uma variável critica na evolução da afasia

global.

Bobath (1998) também avaliou, através de estudos, a recuperação da

fala, da deambulação, do uso funcional do membro superior e da habilidade

funcional geral em um grande grupo de pacientes encaminhados a uma

unidade de AVCI do Hospital das Clinicas em São Paulo, e após a conclusão

da pesquisa observou que na maioria das modalidades, a recuperação ocorreu,

principalmente, no período inicial de três meses após a lesão inicial.

Apesar da observação de melhora após este período, as diferenças não

são estatisticamente significantes.

Deste modo, os autores através de estudos de casos, examinaram a

taxa e a recuperação dessas anormalidades comportamentais em 41 pacientes

com AVCI hemisférico direito, e evidenciam que a recuperação e melhor nas

lesões menores do que nas maiores e também sugerem que a recuperação e

melhor nas funções com substrato neural difuso, ou seja, na prosopagnosia,

negligencia e anosognosia.

Lomba (2000) avaliou o grau de autocuidado em 120 doentes com o

acidente vascular cerebral unilateral, no Hospital das Clinicas na cidade de São

Paulo nos diferentes estágios de recuperação. Os resultados demonstraram

que a função nas atividades de vida diária melhora entre a admissão e a alta

hospitalar; porem piora após o retorno ao domicilio. Há uma relação significante

entre a função nas atividades de vida diária no hospital e a apraxia.

Mann (2001), fez um estudo questionando se a acupuntura pode

melhorar ou acelerar a recuperação da função motora em pacientes com AVCI

e se pode melhorar a qualidade de vida de pacientes com AVCI. Para testar a

eficácia do tratamento, em novembro de 2000, os autores acompanharam 22

pacientes (11 do grupo de controle e 11 do grupo com AVC) que eram tratados

num Hospital de Nova York, através da acupuntura, e puderam observar que:

A acupuntura é utilizada por quatro a dez dias, media de 6,5 dias, após o

inicio do AVCI e continuada duas vezes por semana, durante dez semanas. As

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agulhas são inseridas tanto no lado paretico quanto no não paretico, nos

pontos de acupuntura tradicional chinesa, no total de dez agulhas, que são

mantidas por 30 minutos de cada vez. Associam a estimulação elétrica, com

freqüência de 2 a 5Hz, em quatro agulhas do lado paretico. A intensidade do

estimulo e determinada pela obtenção da contração muscular.

● Os pacientes recebem tratamentos de reabilitação individuais padronizados,

que além da acupuntura, incluía fisioterapia diária e terapia ocupacional.

● A melhora no grupo de “tratamento e no grupo controle” durante os três

primeiros meses após o AVCI está de acordo com os estudos prévios, mas há

pouca evidência de que qualquer terapia de reabilitação para AVCI em

particular seja superior que as outras.

● Os pacientes tratados com acupuntura melhoram mais rápido quanto à

função motora, equilíbrio, atividade de vida diária e qualidade de vida, do que

os pacientes não tratados com acupuntura. A diferença na atividade diária em

alguns itens e na qualidade de vida permanece doze meses após o inicio do

AVCI.

A internet por sua vez apresenta sites contendo estudos sobre a eficácia

do uso da acupuntura nos pacientes com AVC. Exemplo:

Eficácia do Tratamento de AVC com uso de Acupuntura

AVC – seqüela: hemiplegia recuperação em 66% dos

casos

AVC – seqüela: perda da força muscular recuperação em 75% dos

casos

AVC – seqüela: desvio da boca e paralisia da

fala

recuperação em 76% dos

casos

AVC – seqüela: dificuldade de articular

palavras eficácia em 90% dos casos

Tabela; 7 Fonte: Acupuntura.Site: pro.bromsdoencas-trataveis, (2010)

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A Acupuntura têm-se mostrado eficaz na recuperação ou minimização

do sofrimento dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral (AVC).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo a “Eficácia da Acupuntura em Pacientes com Acidente

Vascular Cerebral AVC, uma Revisão Bibliográfica”, permite, após a análise

baseada em referencial teórico, chegar a conclusões.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como

“derrame”, pode ser definido como: “ um súbito aparecimento de deficiências

neurológicas, decorrentes da perturbação do suprimento sangüíneo para uma

região do cérebro chamada encéfalo. As conseqüências neurológicas dessa

interrupção de fluxo sangüíneo dependem da localização e do tamanho da

isquemia (déficit na irrigação sangüínea) ou hemorragia, extravasamento de

sangue (CARVALHO, 2008).

O AVC (acidente vascular cerebral), corresponde a ocorrência de

oclusão de pequenos vasos cerebrais (trombose, AVC Isquêmico), ou derrame,

AVC Hemorrágico, quando ocorre ruptura de um vaso (LUCHESE, 2001).

O AVC pode ser causado por 2 mecanismos distintos, por uma oclusão

ou por uma hemorragia (COHEN,2001).

“De modo geral, acidentes vasculares cerebrais provocam alterações

motoras, assim como dormência e formigamento que, com freqüência,

acometem apenas um lado do corpo. A pessoa pode sentir ainda súbita

fraqueza muscular (total ou parcial) ao segurar um objeto, mexer a mão, a

perna ou o rosto. Podem ocorrer também alterações da visão como redução do

campo visual, ou enxergar um lado meio nebuloso ou escuro ou a perda total

da visão de um dos olhos. Também pode ocorrer alteração da fala”(VARELLA,

2009).

As causas mais comuns de AVC são os trombos, o embolismo e a

hemorragia secundária ao aneurisma ou a anormalidades do desenvolvimento.

E advoga que as outras causas menos comuns são os tumores cerebrais, os

abcessos, os processos inflamatórios e os traumatismos (SULLIVAN,1999).

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O AVC é uma das enfermidades responsável por grande número de

óbitos entre a população. Também acarreta altos custos sociais por ser, na

maioria das vezes incapacitantes.

No Brasil, apesar dos poucos estudos estatísticos disponíveis, existem

dados sugerindo que as doenças cérebro- vasculares estejam entre as maiores

causas de mortalidade As taxas de mortalidade são elevadas situando-se entre

as mais altas do mundo. Além dos custos médicos com hospitalização, os anos

perdidos precocemente e dificuldades enfrentadas pelos pacientes, geram um

alto custo social (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).

Por ser uma enfermidade que causa muitos danos à população, além do

tratamento convencional praticado pela Medicina Ocidental, grande número de

médicos estão buscando nas práticas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC),

principalmente na Acupuntura alternativas para o tratamento do AVC.

Dentre as valiosas contribuições da China para a humanidade está a

chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também conhecida como

medicina chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué).

Medicina Chinesa é uma denominação dada ao conjunto de práticas de

Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvida ao longo de milhares de

anos da sua história.Originou-se ao longo do Rio Amarelo e passou por

inovações ao longo de diferentes dinastias é considerada uma das mais

antigas do mundo oriental.

Para definir Medicina Tradicional Chinesa é adequada a definição

encontrada no Livro do Imperador Amarelo, uma citação de Quibo (WANG,

2001):

Afirma o artigo : Medicina Chinesa: “A Medicina Chinesa fundamenta-se

numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. A base

é o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do

organismo humano e sua interação com o ambiente, observando-se os ciclos

da natureza.

A abordagem da Medicina Chinesa vai do tratamento das doenças à

manutenção da saúde através de diversos métodos.

Atualmente existem oito principais métodos de tratamento de Medicina

Tradicional Chinesa:

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Fitoterapia chinesa (fármacos)

Acupuntura

Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)

Dietoteapia (terapia alimentar chinesa)

Auriculoterapia (tratamento pela orelha)

Moxabustão

Ventosaterapia

Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de energia, e

meditação (Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais) considerados

métodos profilátiocs para a manutenção da saúde, ou intervenções para

recuperá-la.” (MEDICINACHINESAPT,2010).

Em primeiro lugar, para os chineses existe a noção de que tudo no

mundo está interligado por uma força motriz, o Qi, que circula por todo o

universo, inclusive dentro de nós mesmos através dos Canais ou Meridianos.

Desta forma, fica evidente neste pensamento que os Seres Humanos não

estão separados entre si, nem tampouco separados do meio ambiente

(CARVALHO, 2008).

Um princípio básico do Sistema Terapêutico Chinês é o enfoque

holístico, ou seja, a noção de que as partes somente podem ser

compreendidas em relação ao todo e vice-versa.

Os chineses chegaram a conclusão de que a estrutura básica do ser

humano era a mesma do universo. Assim todos os fenômenos da natureza

foram classificados em dois pólos opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo)

(WEN, 1985). Yin e Yang são utilizados para definir ações e procedimentos

relativos a doenças e sua cura.

Na medicina chinesa as doenças são vistas como um desequilíbrio

causado por agentes externos (vento, secura, calor, umidade e frio) associados

a sentimentos ou estados emocionais (raiva, medo, alegria, preocupação,

tristeza). Por exemplo: o reumatismo é denominado “doença” do frio e da

tristeza e da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do fígado

(madeira) a invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite; e ainda o vento

penetrante no mar da medula causar uma paralisia equivalente aos que

chamamos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

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Essas combinações são explicadas como alterações do fluxo habitual de

Chi (Yin ou Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos

órgãos e meridianos. Esses meridianos e suas relações são também

explicadas pela Lei dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra,

metal e madeira. O xie (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi

(bloqueio de sangue) (STANDARD, 2000).

Para a MTC, as doenças ocorrem quando existe um desequilíbrio entre

o Yin e Yang.

Assim sendo no AVC ou Golpe de Vento tem-se todo sistema alterado

como pode-se ver a seguir em um trecho do livro: “Acupuntura Clássica

Chinesa”.

“Se o Coração está em excesso ele inibe o Pulmão que, por sua vez,

inibe o Fígado, fornecendo glicose, fornecendo também energia vital ao

trabalho do miocárdio. As energias e, com isso, invade o Baço/Pâncreas,

inibindo-o. Deste modo o desequilíbrio que atinge um determinado órgão pode

ter sua causa em outro órgão e, da mesma forma uma doença pode propagar-

se ou mesmo transformar-se em outro tipo de doença.

A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da

Medicina Tradicional Chinesa, que visa à terapia e a cura das doenças através

da aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas.

Esta ciência surgiu na china em plena Idade da Pedra, isto é, há

aproximadamente 4.500 anos. No entanto, apesar de sua antiguidade, continua

evoluindo. Com o moderno avanço tecnológico, outros instrumentos e técnicas

como o ultra-som, radiações infravermelhas, o raio laser e outros equipamentos

vieram enriquecer seus recursos fisioterápicos (WEN, 1997).

“É uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre

outras. Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo”

(SUSSMAN, 2000).

Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da

China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as

palavras latinas "Acum" (agulha) e "Punctum" (picada ou punção). A tradução

literal do termo chinês, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen

(agulha) e Jiu moxa ou seja "longo tempo de aplicação do fogo".

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A técnica consiste em encontrar a harmonia do corpo e mente através

de canais, conhecidos como “meridianos de energia”, que percorrem todo o

corpo.

O tratamento quando realizado por agulhamento, é feito através de

inserção de finíssimas agulhas em determinados pontos dos canais, que são

chamados de “pontos da acupuntura”. A estimulação desses pontos permite a

ativação ou sedação da energia que circula ao longo desse meridiano (

SELBACH, 2003).

A acupuntura utiliza-se de princípios como: Estudo dos Elementos,

fazendo uma intererlação entre os elementos da natureaza e o que ocorre no

corpo humano. Também elabora um mapa do corpo humano, no qual identifica

pontos e meridianos. Estes são utiizados para que, ao serem estimulados

procoquem uma reação favorável ao tratamento da enfermidade.

No corpo humano existem muitos pontos cujos efeitos, se aplicada à

acupuntura, têm efeitos semelhantes. Ao se traçarem linhas conectando esses

pontos análogos, obtiveram-se linhas ou trajetórias longitudinais chamadas de

Tin (meridiano) e trajetórias horizontais, denominadas Lo (comunicações).

Já a moxa, inicialmente feita com areia ou pedra aquecida, evoluiu para

uso de plantas, infravermelho, ultra-som, corrente elétrica e raio laser.

Durante muito tempo, a acupuntura foi vista com desconfiança por

médicos e paciente, adeptos da Medicina Ocidental. Atualmente aumenta a

cada dia o número de médicos e paciente que procuram na acupuntura uma

alternatica eficaz para o tratamento de diversas doenças.

A busca da Acupuntura para auxiliar no tratamento das seqüelas do AVC

tem aumentado. Hoje, os avanços tecnológico já utilizam, além da estimulação

manual, agulhas elétricas e mais recentemente os aparelhos de estimulação

eletromagnética Hai – Hua, com grande favorecimento ao tratamento.

A prática da Acupuntura é regulamentada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Saúde, através da Política

Nacional de Práticas Interativas e Complementares no SUS (PNPIC) que

estabelece as diretrizes para implantaçao dessas terapias na rede pública de

saúde.

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Em 2005, após consulta as comunidades médica e científica, a PNPIC

foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Definem-se então as

responsabilidades dos gestores a nível federal, estadual e municipal na

implentação dessas novas terapias e serviços no SUS. Também foram

elaboradas normas na Vigilância Sanitária orientando sobre o uso de materiais,

eliminando o risco de transmissão de doenças (FARHAT, 2006).

O terapeuta tem a tarefa de unir e interpretar toda informação relevante

colhida na avaliação – a qual é construída a partir de uma complexa exploração

que inclui a observação (do corpo como um todo, da postura, da atitude, da

língua, entre outros), a palpação (pulsos, estruturas do corpo) e o escutar as

queixas e direcionar questionamentos precisos (acerca do funcionamento geral

do organismo, assim como do estado anímico e outras sutilezas) com a

finalidade de se encontrar um Padrão de Funcionamento específico.

É preciso que a Civilização Ocidental, em especial as áreas da saúde,

destituam-se de possíveis preconceitos em relação às práticas adotadas pela

Medicina Tradicional Chinesa.

A China, por possuir uma cultura milenar,.com pilares filosóficos, não

significa que seus preceitos não estejam embasados em conhecimentos

científicos, uma vez que, se feita uma “leitura” dos mesmos percebe-se que

princípios defendidos e usados por séculos pelos chineses, tem uma

comprovação científica no ocidente, porém com uma outra nomenclatura.

Em relação ao Acidente Vascular Cerebral, buscando a melhora da

qualidade de vida do paciente, todos os recursos e técnicas utilizados são

válidos.

Dentre os procedimentos pode-se concluir que a Acupuntura tem sido

eficaz na maioria dos casos.

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