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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ROSE MARY VERAS MEDINA CUNHA ORÇAMENTO PÚBLICO MUNICIPAL: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DE FORTALEZA, NA REGIONAL I FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ROSE MARY VERAS MEDINA CUNHA

ORÇAMENTO PÚBLICO MUNICIPAL: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DE

FORTALEZA, NA REGIONAL I

FORTALEZA

2013

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ROSE MARY VERAS MEDINA CUNHA

ORÇAMENTO PÚBLICO MUNICIPAL: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DE

FORTALEZA, NA REGIONAL I

Monografia apresentada à Faculdade Cearense, como requisito obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

FORTALEZA

2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

C972o Cunha, Rose Mary Veras Medina

Orçamento público municipal: análise da experiência de

Fortaleza, na regional I / Rose Mary Veras Medina Cunha.

Fortaleza – 2013.

45f.

Orientador: Profª. Esp. Francileite Cavalcante Furtado Remígio.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Ciências Contábeis, 2013.

1. Gestão pública. 2. Orçamento público – participação

comunitária. 3. Gastos governamentais I. Remígio, Francileite

Cavalcante Furtado. II. Título

CDU 658

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Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense - FAC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica. Aprovado em 25/06/2013.

__________________________________________________

Prof.Dra.Márcia Maria Machado Freitas (Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis)

__________________________________________________

Prof. Esp. Francileite Cavalcante Furtado Remígio (orientadora)

__________________________________________________

Prof. Ms. Michael Viana Peixoto (Membro da banca examinadora)

____________________________________________________

Prof. Esp. Jorge Fonseca Guimarães Filho (Membro da banca examinadora)

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AGRADECIMENTOS

A Deus que me deu a vida, a Nossa Senhora de Fátima que está comigo em

toda minha caminhada e principalmente me iluminando com sabedoria para vencer

mais um desafio, que para mim parecia impossível.

A minha mãe, Ana Veras Medina, que com muito esforço fez com que

chegasse até aqui, sempre me dando força em todas as minhas conquistas.

Aos professores que farão parte da banca examinadora, que Deus possa

iluminar a todos na hora da avaliação, não só da avaliação do meu trabalho mais

sim de todos que passarem pela banca.

Ao meu esposo José Arimateia Cunha pela compreensão e incentivo

prestada no decorre deste trabalho e aos meus filhos Laiana, Marilia e Matheus pela

compreensão de minha ausência e por ter sido uma das razões de meu empenho

em concluir este curso.

A minha camarada e amiga Ana Lucia de Oliveira pela força e incentivo dada

a cada semestre concluído.

Ao casal Fernando e Silvinha pelo sim ao meu FIES, somente assim

consegui concluir este curso.

A minha orientadora Francileite pela dedicação

Em especial a minha grande amiga Viviane e por fim a todos meus amigos

que contribuíram de forma direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

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" Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles.”

Augusto Cury

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RESUMO

O Orçamento Participativo constitui-se em um processo no qual a sociedade tem a oportunidade de debater, opinar e deliberar sobre matérias inerentes e despesas públicas. Esta modalidade de orçamento praticada no Brasil desde a década de 80 é hoje adotada em mais de 70 municípios brasileiros independente de partido político e é utilizada como parâmetro em países da Europa.Diante disso, esta pesquisa objetiva demonstrar aspectos importantes do Orçamento Participativo que possa contribui para a elaboração do Orçamento-Programa e demonstrar como a sociedade poderá participar ativamente da gestão pública municipal. Para atingir seus objetivos mais imediatos o Orçamento Participativo apesar de ter nascido através de uma ação governamental, torna-se evidente, que o mesmo depende da participação popular. Determinar formas particulares e interativas da cidadania, abrindo canais de interlocuções com a sociedade civil, levando ao certo, uma maior potencialidade na aplicação dos recursos públicos. Essa pesquisa teve por inicio estudar o instrumento de gestão democrática denominado Orçamento Participativo implementado pela gestão Municipal da Prefeitura de Fortaleza, no período de 2005-2008, entendo-se que esse mecanismo de participação popular contribui para o exercício da cidadania ativa de seus participantes. Palavras-chaves: Orçamento Público, Gestão Pública, Participação Comunitária, Gastos governamentais.

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ABSTRACT

Participatory budgeting is in a process in which society has the opportunity to discuss, opine and decide on matters inherent and expenditures. This type of budget practiced in Brazil since the 80s is now adopted in more than 70 municipalities independent political party and is used as a parameter in countries Europa.Diante, this research aims to demonstrate important aspects of participatory budgeting that can contribute for the preparation of the program budget and demonstrate how society can actively participate in the municipal public management. To achieve its goals more immediate Participatory Budgeting despite being born through government action, it becomes evident that it depends on people's participation. Determine the particular forms and interactive citizenship, opening channels for dialogues with civil society, leading to the right, the greater the potential use of public resources. This research aimed to study the democratic management tool called Participatory Budgeting implemented by management Municipal Prefecture of Fortaleza, in the period 2005-2008, I believe that this mechanism of public participation contributes to active citizenship of its participants. Keywords: Public Budget, Public Management, Community Participation, Government spending.

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LISTAS DE FIGURAS E QUADROS

FIGURAS

Figura 1 – Etapas do Ciclo Orçamentário......................................... 21

Figura 2 – Ciclo Orçamentário do PPA.............................................. 21

Figura 3 – Ciclo Orçamentário da LDO............................................ 22

Figura 4 – Ciclo Orçamentário da LOA............................................ 22

Figura 5 – Relação entre recebimento e aplicação dos recursos

financeiros orçamentário.................................................................

26

Figura 6 – Relação entre recebimento e aplicação dos recursos

extra-orçamentária..............................................................................

26

Figura 7 – Classificação das despesas quanto à natureza e

categoria econômica........................................................................

27

Figura 8 – Ciclo do orçamento participativo de Fortaleza............. 34

QUADROS

Quadro 1 – Eixo de infra-estrutura em 2005.................................... 37

Quadro 2 – Eixo do meio ambiente em 2005................................. 37

Quadro 3 – Eixo de infra-estrutura em 2006................................... 38

Quadro 4 – Eixo de infra-estrutura em 2007.................................. 39

Quadro 5 – Eixo do meio ambiente em 2007................................. 39

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LISTA DE SIGLAS

AP – AREA DE PARTICIPAÇÃO

COP – CONSELHO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

DS – DEMOCRACIA SOCIALISTA

LDO – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTARIAS

LOA – LEI DE ORÇAMENTO ANUAL

LRF – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

OP – ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

POS – PLANO DE OBRAS E SERVIÇOS

PPA – PLANO PLURIANUAL

PT – PARTIDO DOS TRABALHADORES

SEFIN – SECRETARIA DE FINANÇAS DO MUNICIPIO

SISOP – SISTEMA GERENCIAL DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... ...................................................................................... 13 1.1 Tema e Problema ........................................................................ 14 1.2 Justificativa ................................................................................. 15 1.3 Objetivo Geral ............................................................................. 15 1.4 Objetivo Específico ..................................................................... 15 1.5 Metodologia ................................................................................. 16 1.6 Estrutura do Trabalho ................................................................. 16 2 ORÇAMENTO PUBLICO NO BRASIL ................................................... 17 2.1 Histórico ....................................................................................... 17 2.2 Conceito ........................................................................................ 18 2.3 Lei de Responsabilidade Fiscal .................................................. 19 2.4 Leis Orçamentárias ...................................................................... 20 2.5 Ciclo Orçamentário ...................................................................... 21 2.6 Princípios Orçamentários ........................................................... 23 3 RECEITAS E DESPESAS PÚBLICA......................................................... 25 3.1 Conceito da Receita ....................................................................... 25 3.2 Classificação Quanto a Natureza da Receita ............................... 25 3.3 Classificação Quanto as Categorias Econômicas da Receitas . 26 3.4 Conceito de Despesa ..................................................................... 26 3.5 Classificação Quanto a Natureza da Despesa ............................. 27 3.6 Classificação Quanto as Categorias Econômicas da Despesas 28 4 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ................................................................. 29 4.1 Conceito .......................................................................................... 29 4.2 Orçamento Participativo em Fortaleza ......................................... 32 4.3 Plano Plurianual Participativo ...................................................... 33 4.4 Forma e Experiência ...................................................................... 34 5 PESQUISA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO NA REGIONAL I EM FORTALEZA .................................................................................................. 38 6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 43 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Após a Constituição de 1988, o Brasil passou a conviver com novas

formas de participação nas decisões políticas. Foram introduzidas mudanças na

CF/88, pela Assembléia Constituinte que indicavam o revigoramento da sociedade

civil e a trajetória rumo a um sistema político mais plural, combinado de distintos

arranjos participativos. Nesse cenário, houve uma proliferação nos governos locais

foi o Orçamento Participativo - OP.

A expressão da democracia chama-se orçamento, simultaneamente, na

medida em que é elaborado por representantes da população e seus efeitos refletem

na vida dos cidadãos . No caso do Orçamento Participativo, o processo de

elaboração necessita da atuação mais direta do cidadão, independente de vínculos

associativos, na decisão dos investimentos populares.

O Orçamento Participativo é o resultante da evolução da democrática no

Brasil, onde a população é convocada a compartilhar a responsabilidade juntamente

com o governar e responde participando ativamente. Nos dias atuais, o Orçamento

Participativo é adotado em muitas cidades brasileiras, tendo se consolidado e

crescido, incorporando novas tecnologias e evoluindo em termos de participação e

volume orçamentário.

O chamado Orçamento Participativo é a grande novidade em termos de

democratização do processo orçamentário na forma de se planejar, elaborar e

acompanhar o orçamento público no Brasil.

Neste sentido, a contabilidade, de uma forma geral, compreende-se

como uma ciência que estuda, registra e interpreta todos os fenômenos, entre os

quais permeia o orçamento público. Este trabalho tem como objetivo geral, nos seus

contextos econômico e administrativo, ampliar os conhecimentos relativos ao

orçamento, sendo este um processo fundamental para uma administração eficaz e

competente. Um dos objetivos específicos é explicar como acontece o Orçamento

Participativo dentro de uma gestão; identificar e avaliar as demandas solicitadas.

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1.1 TEMA E PROBLEMA

O tema Orçamento Público no Município de Fortaleza, com foco no

Orçamento Participativo, é de grande importância no processo de uma boa

administração, pois como este processo envolve a participação da população, terá

toda uma organização, com reuniões para a coleta das necessidades naquela área,

além deste primeiro processo, terá que ter também um acompanhamento por parte

da Regional, quanto à execução das demandas.

Através de recursos financeiros adquiridos por tributos instituídos por lei,

o Estado tem como dever solucionar e satisfazer os interesses sociais, sendo eles

regulados e organizados com sua contra partida, exatamente os tributos.

O número de recursos disponíveis pelo poder público é desproporcional

aos números de demandas, para investimentos sociais e de crescimento econômico,

sendo este um dos desafios.

Com o princípio da participação popular, o orçamento público

governamental ficou diferenciado do conceito clássico, partindo das necessidades

da sociedade, acrescentou-se à peça contábil a programação das ações e tendo

como objetivo a efetividade das políticas públicas.

Na administração pública governamental, o Orçamento Participativo é um

projeto essencial na tomada de decisão.

Este trabalho busca demonstrar a experiência prática da aplicação do

Orçamento Participativo em uma Regional, no Município de Fortaleza. Quais os

fatores que interferiram para o êxito do Orçamento Participativo de uma Regional no

Município de Fortaleza?

1.2 JUSTIFICATIVA

Conforme a complexidade da administração pública, o orçamento público

é um planejamento de aplicações dos recursos esperados, em programas de

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custeios, investimentos, inversões e transferência durante um período

financeiro.(ANGELICO, 1987). Conforme a eficiência, a eficácia e a efetividade de

suas ações em maior ou menor grau que o governo modifica uma sociedade,

seguindo um plano com suas arrecadações e gastos. O governo não funciona sem

orçamento. O desenvolvimento da sociedade e a prestação de bons serviços

poderão ser realizados com um bom orçamento. Um orçamento, se feito na direção

certa ajuda, se errado atrapalha e até inibem o desenvolvimento, já que ele não é

um fim, é um meio de realizar ações de governo.

Justifica-se a escolha desse tema, como sendo um assunto para se

abordar as receitas, despesas e a participação popular dentro de uma Administração

Pública.

1.3 OBJETIVO GERAL

O objetivo principal do estudo é o Orçamento Participativo onde são

oferecidas condições básicas para a população debater as prioridades dos recursos

públicos.

1.4 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Apresentar uma revisão de conceitos do Orçamento Participativo;

demonstrar as demandas do Orçamento Participativo; comparar as demandas com

suas execuções.

1.5 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho quanto aos fins será descritiva e quanto

aos meios de investigação será bibliográfica.

Segundo Vergara (2009), em seu livro Projetos e Relatórios de Pesquisa

em Administração “A pesquisa descritiva expõe características de determinada

população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações

entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os

fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Pesquisa de

opinião insere-se nessa classificação.”

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Inicialmente, será realizada uma pesquisa bibliográfica que possuiu o

caráter exploratório, cujo objetivo é inteirar-se dos principais conceitos através de

consultas e análises críticas a livros que discorrem sobre o tema abordado neste

trabalho, além de pesquisa documental englobando:

Pesquisas a documentos físicos (livros, textos, artigos, revistas,

publicações e entre outros);

Pesquisa virtual com a utilização dos recursos disponíveis na internet

mediante consulta a sites relacionados ao assunto pesquisado.

A cidade de Fortaleza é composta por seis regionais, a minha escolha

pela Regional I, foi pelo fato de ter vivenciado o Orçamento Participativo da mesma.

A finalidade desta pesquisa é mostrar que com a população ativa, sempre

participando, será possível cobrar de nossos governantes mais ações.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. Iniciando-se com a

introdução, Tema e problema, justificativa, objetivos Geral e Específicos e a

Metodologia.

O segundo capítulo Orçamento Público no Brasil, seu histórico, conceito,

leis, ciclos e princípios.

O terceiro capítulo Receitas e Despesas Pública quanto a classificação.

O quarto capítulo Orçamento Participativo, conceito, forma e experiência.

O quinto capítulo Orçamento Participativo na Regional I em Fortaleza.

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2 ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL

2.1 Histórico

Somente a partir de 1822 que o chanceler do Erário passou a apresentar

no Parlamento uma exposição que fixava as receitas e as despesas de cada

exercício, sendo assim considerado a partir desta data o início do orçamento,

plenamente desenvolvido, na Grã-Bretanha.

O orçamento público inglês, como instrumento básico da política

econômica e financeira do Estado, foi sendo aperfeiçoado e valorizado, tendo uma

trajetória histórica em dois importantes aspectos: primeiro, por delinear a natureza

técnica e jurídica desse instrumento e, segundo, por difundir a instituição

orçamentária para outros países. (GIANOMONI, James).

Na França, somente em 1831, o controle parlamentar sobre o orçamento

passou a ser completo. Segundo Burkhead, na sua fase inicial o sistema

orçamentário francês ajudou a consolidar algumas regras, aceitas até hoje como

básicas na concepção doutrinária do orçamento público que são elas: a anualidade

do orçamento; a votação do orçamento antes do início do exercício; o orçamento

deve conter todas as previsões financeiras para o exercício (princípio da

universalidade); e a não-vinculação de itens da receita a despesas específica

(princípio da não-efetação das receitas).

Nos Estados Unidos, depois de muitas discussões em relação a

orçamentos, somente em 1974 as relações entre a Presidência e o Congresso foram

significativamente alteradas com a aprovação da Lei de Orçamento e Retenção de

Recursos do Congresso, sendo a participação dos congressistas no processo global

do orçamento. O Congresso retomou forte ascendência sobre o orçamento,

retirando parte do poder que o Presidente vinha concentrando desde a Lei de 1921.

No Brasil, o primeiro orçamento brasileiro teria sido aprovado pelo

Decreto Legislativo de 15/12/1830, que fixava a despesa e orçava a receita das

antigas províncias para o exercício de 1931. Em cada nova constituição o orçamento

tinha uma interpretação diferente, até chegar a receber sua sétima constituição de 5

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de outubro de 1988, trazendo novidades no texto constitucional, no que diz respeito

à questão orçamentária de devolver ao Legislativo da prerrogativa de propor

emendas, ao projeto de lei do orçamento, sobre despesas e à explicitação do

sentido da universalidade orçamentária.

Tivemos outra inovação do texto constitucional, anualmente a exigência

do Executivo de encaminhar ao Legislativo projeto de lei das diretrizes

orçamentárias tendo como objetivo de orientar a elaboração da lei orçamentária,

dispor sobre a política de desenvolvimento a ser observada pelas agencias oficiais.

Segundo Giocomoni (1989: p.58):

A Constituição de 1988 reforçou a concepção que associa planejamento e orçamento como elos de um mesmo sistema, ao tornar obrigatório a elaboração de planos plurianuais abrangendo as despesas de capital e demais programas de duração continuada. Substituindo os orçamentos plurianuais de investimentos previstos na legislação anterior, os planos plurianuais orientarão a elaboração da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual, bem como a apresentação de emendas por parte dos legisladores.

2.2 Conceito

O Orçamento Público é um plano de governo que se expressa em forma

de lei, o qual se elabora, executa e avalia o nível do programa de governo para um

determinado período de tempo, geralmente, de um ano, onde se faz a estimativa de

receitas arrecadadas e se fixa a despesa de igual valor.

O orçamento clássico caracterizava-se como sendo uma mera peça

contábil com conteúdo financeiro, já que não tinha a preocupação com os planos

governamentais e com o interesse efetivo da população, e sim apenas a previsão de

receitas e a autorização das despesas.

A Constituição de 1988, mudou a sistemática de elaboração, com a

finalidade de apresentar o orçamento público com maior transparência, fixando a

obrigatoriedade da elaboração do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes

Orçamentárias (LDO) e da Lei do Orçamento Anual (LOA). Sendo assim, houve a

devolução aos Legisladores a prerrogativa de participar, de forma concreta, da

elaboração dos planos e dos orçamentos público nos três níveis de governo.

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2.3 Lei de Responsabilidade Fiscal

A Lei de Responsabilidade Fiscal, mesmo após doze anos de sua

publicação, se firma como um mecanismo importante de estímulo ao controle social,

que nada mais é do que a transparência nas contas públicas e do incentivo à

participação popular.

A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, é chamada Lei de

Responsabilidade Fiscal. Esta lei estabelece regras sobre o orçamento, e além

disso, terá punição quem o desrespeitar e exige transparência na sua execução. As

pessoas interessadas ficam sabendo o que e quanto está sendo gasto, e se este

gasto está dentro ou fora de limites legais. Ela estabelece normas de finanças

pública, por meio do § 1º do artigo 1º, que diz textualmente:

“§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renuncia de receitas, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, divida consolidada e mobiliária, operações de créditos, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.”

A partir desta lei, as regras de planejamento, transparência, controle e

responsabilidade, o tocante às finanças pública, passam a ser observadas em todas

as esperas de governo: Federal, estadual e municipal.

A LRF considera as influências e exigências internacionais e as

características políticas e financeiras do País. Para que a Lei alcance seus objetivos,

forma elaborados quatro pilares: o planejamento, a transparência, controle e a

responsabilidade.

2.4 Leis Orçamentárias

Será sempre do Executivo a competência para a elaboração dos planos

de ação governamental e do orçamento. Conforme a CF/88, nos incisos I, II e III, art.

165:

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20

Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

O Plano Plurianual- PPA é instrumento de planejamento de médio prazo,

onde se estabelecem as diretrizes, objetivos e metas do governo para os projetos e

programas de longa duração de quatro anos, com sua vigência até o final do

primeiro exercício financeiro do mandato da futura administração. Obrigatoriamente,

deve constar os orçamentos de investimentos que nortearão as diretrizes, objetivos

e metas da administração municipal para as despesas de capital e outras dela

decorrentes. Sob pena de crime de responsabilidade, nenhum investimento cuja

execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem previa inclusão

neste plano, ou em lei que autorize a inclusão, que deverá ser encaminhado até 31

de agosto ao Legislativo.

A Lei das Diretrizes Orçamentárias - LDO, se traduz em diretrizes e os

objetivos do PPA em um plano de curto prazo em metas e prioridades para o ano

seguinte, sendo esta servindo como orientação para elaboração do orçamento

anual. O projeto da LDO poderá receber emendas no Legislativo, desde que

compatíveis com o Plano Plurianual. A data de encaminhamento ao Legislativo é até

15 de abril.

A Lei Orçamentária Anual- LOA é onde se concretiza o planejado no PPA

e, obviamente, transformá-la em realidade, obedecendo metas e prioridades

estabelecidas pela LDO, onde se transforma em dotações orçamentárias efetivas.

Seu encaminhamento ao Legislativo é até 31 de agosto. As despesas do exercício,

são executadas com base na LOA. Conforme Kohama (1993; p. 57), diz que:

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A Lei Orçamentária Anual compreenderá: I – O orçamento Fiscal II – O Orçamento de Investimento III – O Orçamento da Seguridade Social

2.5 Ciclo Orçamentário

São diversas etapas do orçamento percorrido desde o surgimento de uma

proposta a qual se transformará em projeto de Lei a ser apreciado, emendado,

aprovado, sancionado e publicado, passando pela execução, no momento da

arrecadação da receita e a realização da despesa dentro do ano civil. O ciclo

orçamentário segue algumas etapas: elaboração; estudo e aprovação; execução e

avaliação.

Figura1: Etapas do Ciclo Orçamentário Fonte: Adaptada (FURTADO 2006)

Veremos agora os ciclos orçamentários das três leis orçamentárias

estudadas anteriormente, PPA, LDO e LOA.

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22

Figura2: Ciclo Orçamentário do PPA Fonte: Adaptado (MOTA 2006).

Ao observamos o ciclo orçamentário do Plano Plurianual (PPA), existe um

total de 5 anos, sendo 1 ano para elaborar e aprovar e 4 para executar e avaliar.

Figura3: Ciclo Orçamentário da LDO Fonte: Adaptado (MOTA 2006

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Ao observamos o ciclo orçamentário da LDO é de apenas um ano,

porém como uma das funções da LDO é orientar a execução da lei do orçamento,

LOA, fato que ocorre no decorrer do ano seguinte, então seu ciclo passa a ser de

dois anos.

Figura4: Ciclo orçamentário da LOA Fonte: Adaptado (MOTA 2006)

Observando o ciclo orçamentário da Lei Orçamentária Anual (LOA), de

sua elaboração até a avaliação, teremos dois anos.

2.6 Princípios Orçamentários

A Constituição Federal de 1988, no Caput do art. 37 determina que a

Administração Pública de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência.

Para que o orçamento seja a expressão fiel do programa de um governo e

um elemento importante para a solução dos problemas da comunidade, é

indispensável que obedeça aos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição

Federal citados, bem como aos seguir enumerados, os quais são usados nos

processos orçamentários, sendo eles:

Princípio da Unidade - onde só deverá existe um orçamento para cada exercício

financeiro, e, o mais importante, permite-se ao Poder Legislativo o controle racional

e direto das operações financeiras de responsabilidade do Executivo. É um princípio

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respaldado legalmente por meio do Art. 2º da Lei 4.320/64 e pelo § 5º do art. 165 da

CF 88.

Princípio da Uniformidade - é a homogeneidade nos dados apresentados nos

exercícios, no que se refere à classificação e metodologia de elaboração do

orçamento, permitindo comparações ao longo do tempo.

Princípio da Universalidade - não poderá ter omissão de receitas e de despesas,

pois todas têm que constarem na lei orçamentária.

Princípio da Exclusividade - à fixação das despesas e à previsão das receitas não

poderá conter matéria estranha a lei orçamentária. (Art. 165, § 8º da CF/88).

Princípio da Legalidade - as limitações legais em relação aos gastos e às receitas

e, em especial, deverão observar a elaboração do orçamento, ao que se segue

quanto às vedações impostas pela Constituição.

Princípio da Publicidade - sobre a utilização dos recursos arrecadados dos

contribuintes, terá que ter a garantia da transparência e pleno acesso a qualquer

interessado às informações necessárias ao exercício da fiscalização.

Princípio do Orçamento - Bruto na peça orçamentária devem constar todas as

receitas e despesa com seus valores brutos e não líquidos.

Principio da Anualidade - o orçamento deve ser elaborado e autorizado em período

determinado de tempo, limitando-se a um exercício financeiro, o qual precisa

coincidir com o ano cívil. As obrigações assumidas, dentro do exercício devem

compatíveis com os recursos financeiros obtidos no mesmo exercício, é o que vem

reforçar a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.

Principio da Clareza - o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a

qualquer individuo.

Princípio do Equilíbrio - Segundo Furtado (2008), o princípio do equilíbrio

estabelece que o total da despesa orçamentária não pode ultrapassar o da receita

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orçamentária prevista para cada exercício financeiro, ou seja, o total das receitas

deve ser suficiente para pagar as despesas.

Principio da Impessoalidade - restará como o princípio que impõe á Administração

Pública o dever de respeitar o direito de igualdade dos Administrados e de não se

valer da máquina pública para lograr proveito pessoal ou de outrem; o dever de

proceder com objetividade na escolha dos meios necessários para a satisfação do

bem comum.

Princípio da Moralidade – entende se que o agente público paute sua conduta por

padrões éticos que têm por fim último alcançar a consecução do bem comum,

independentemente da esfera de poder ou do nível político-administrativo da

Federação em que atue.

3 RECEITAS E DESPESAS PÚBLICA

3.1 Conceito Receitas

É o recolhimento de bens aos cofres públicos, arrecadados para atender às

despesas públicas. A definição de receita pública, segundo o livro de Contabilidade

Pública: Teoria e Prática (Kohama, 1993, pag.78) afirma que

Receita Pública todo e qualquer recolhimento feito aos cofres públicos, quer seja efetivado através de numerário ou outros bens representativos de valores – que o Governo tem o direito de arrecadar em virtude de leis, contratos ou quaisquer outros títulos de que derivem direitos a favor do Estado -, quer seja oriundo de alguma finalidade especifica, cuja arrecadação lhe pertença ou caso figure como depositário dos valores que não lhe pertencerem.

3.2 Classificação Quanto à Natureza

Na sua classificação, segundo à natureza, a receita pode ser classificada

como: Receita Orçamentária e Receita Extra-orçamentária.

Receita Orçamentária - são embolsos de recursos financeiros nos

cofres públicos, sendo aplicados na aquisição de bens e serviços em prol da

população, como sendo: saúde, educação, segurança, infra-instrutora. Segundo

Angélico (1987, p.78), a receita orçamentária

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[...] São os tributos, as rendas, as transferências, as alienações, os

retornos de empréstimos e as operações de créditos por prazo superior a dose meses. A arrecadação das receitas deste grupo depende de autorização legislativa que é a própria Lei Orçamentária. Realizam-se estas receitas pela execução do orçamento.

Com a lei orçamentária em vigor, poderá acontecer a aplicação dos recursos

financeiros. Há duas divisões de receita orçamentária, em categoria econômica,

desta: receita corrente e receita de Capital.

3.3 Classificação Quanto à Categoria Econômica

Receitas correntes - geram fatos modificativos aumentativos, onde há

um aumento do ativo sem acréscimo do passivo, fatos estes que aumentam o

resultado patrimonial positivamente. As receitas correntes ocorrem mediante à

arrecadação de tributos, contribuições, exploração econômica do patrimônio,

agropecuária, industrial, prestação de serviços. Tais receitas não geram bens

incorporáveis ao patrimônio, por estarem atreladas às despesas correntes, pois

visam execução de despesas rotineiras da administração.

Receita de Capital - são os recursos transferidos de outra esfera de

governo ou particulares sendo provenientes da alienação (venda) de bens

incorporados ao patrimônio da administração pública e de empréstimos e

financiamentos.

Receitas Extra-orçamentárias – são provenientes de créditos de

terceiros, que não integram o orçamento público, não dependem de autorização

legislativa. Tendo como exemplo: cauções recebidos de créditos; fianças; salários

não reclamados, depósitos de terceiros; operação de créditos a curto prazo, da

dívida ativa etc.

3.4 Conceito de Despesa Publica

São despesas públicas, ou seja, gastos que são fixados na lei

orçamentária ou por leis especiais, em que sua execução destina-se aos serviços

públicos e dos aumentos patrimoniais, à satisfação dos compromissos da dívida

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pública; ou ainda à restituição ou pagamento de importâncias recebidas a títulos de

cauções, depósitos, consignações etc. (KOHAMA, 1993).

O entendimento de hoje sobre o orçamento é de uma maneira técnica

especializada de administração do dinheiro público, onde se procura a melhor

aplicação dos recursos financeiros, através de um processo de elaboração,

execução e avaliação de programas, previamente formulados.

A classificação quanto à natureza pode ser: categorias econômicas;

afetação patrimonial e regularidade.

3.5 Classificação quanto á Natureza da Despesa

. Despesa Orçamentária depende de autorização legislativa, não

podendo se realizar sem créditos orçamentários correspondentes, a qual terá que

ser integrada ao orçamento, despesas discriminadas e fixadas no orçamento

público. São divididas em despesas correntes e de capital.

Figura5: Relação entre recebimento e aplicação dos recursos financeiros orçamentários Fonte: ADAPTADO MOTA 2006

Despesa Extra-Orçamentária independe da autorização legislativa,

que não estão vinculados ao orçamento público e compreendem as diversas saídas

de numerário decorrentes de fianças, devolução de cauções, salários e vencimentos

não reclamados, pagamento de restos a pagar, resgate de operações de créditos

por antecipação de receita e etc.

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Figura 6: Relação entre recebimento e aplicação dos recursos financeiros extra-orçamentários Fonte: ADAPTADO MOTA 2006

3.6 Classificação Quanto às Categorias Econômicas da Despesa

Despesas Correntes são gastos de natureza operacional, para a

manutenção e o funcionamento dos seus órgãos realizadas pela administração

pública. Estas despesas correntes são de acordo com a Lei 4.320/64.

Despesas de capital são gastos cujo propósito é o de criar novos

bens de capital ou mesmo de adquirir bens de capital já em uso, resultando no

acréscimo do patrimônio do órgão ou entidade que a realiza, aumenta sua riqueza

patrimonial. Conforme a Lei 4.320/64 elas se dividem em: investimentos, inversões

financeiras e transferências de capital.

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Figura7: Classificações da despesa quanto à natureza e categoria econômica Fonte: FURTADO 2008

O próximo capítulo ira tratar especificamente do Orçamento Participativo,

como instrumento teórico para compreendermos a experiência do OP de Fortaleza e

da cidadania, sendo o foco o espaço público e a relação entre Poder Público e

Sociedade Civil.

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4 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO 4.1 Conceito

É um orçamento municipal onde há a participação direta da sociedade,

apontando as demandas mais urgentes para aquela população. Possível de ser

praticado pelo Poder Executivo na esfera municipal, mesmo sendo uma nova

modalidade de administração da coisa pública. Proporcionando a qualquer cidadã

um contato direto com os gestores da sua cidade, apontando, assim, suas

necessidades mais relevantes e de forma mais transparente e aberta.

Segundo a jurista Dayse Coelho de Almeida,

O orçamento participativo e as audiências públicas são formas de participação que tem sido bastante enaltecidas e servem para embasar a afirmativa de que o povo quer e pode participar do processo de tomada de decisões, e sabe sim discernir o que deseja dentre várias opções, o que esvazia o discurso preconceituoso que só o povo educado pode decidir sobre seus rumos (ALMEIDA, 2009, p. 2).

No art.1º da Constituição de 1988 compatibilizou a soberania popular em

pro do exercício da democracia, a existência da democracia representativa e da

democracia participativa, mas completa e harmônica, sem exclusão ou concorrência.

Art.1º, parágrafo único. “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, termos desta Constituição”.

A participação da sociedade na elaboração do orçamento no País é um

fato recente, pois antes era realizado de uma forma técnica-administrativa. Com o

fim da ditadura, o fortalecimento da sociedade civil organizada com movimentos

sociais urbanos e as associações civis, tal como os sindicatos, associações e o

próprio posicionamento da Igreja em ações político-sociais, e com a promulgação da

Constituição Federal de 1988, a população teve a necessidade da participação, da

fiscalização e da cobrança de transparência por parte dos administradores públicos,

principalmente, no que tange às finanças públicas.

O Orçamento Participativo não tem sua regulamentação instituída por lei,

mas pela própria sociedade organizada, de maneira autônoma.

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Cada município deve ter seu formato de Orçamento Participativo

compatível a características de sua política, sociedade e cultura, pois a inclusão

popular na gestão pública é complexa e delicada, podendo não ser bem interpretada

caso algo saia errado.

A implantação do Orçamento Participativo requer a negociação entre

várias secretarias; definição de objetivos a curto, médio e longo prazo, a equação do

potencial de arrecadação e dos gastos públicos, para apresentar propostas à

população. Deverá a administração municipal:

a) elaborar critérios de solução das demandas apresentadas;

b) elaborar critérios de participação popular;

c) descentralizar a discussões, dividindo o município em regiões;

d) definir instâncias de participação e suas competências especificas.

O gestor público tem a informação mais rápida e precisa das

necessidades da sua população por meio do Orçamento Participativo. Sendo assim,

direcionar melhor os recursos do município.

O Orçamento Participativo de uma forma geral funciona da seguinte

maneira: o Poder Executivo cria uma metodologia a ser aplicada junto com a

sociedade, competências, definindo critérios, definição de metas, capacitação,

definição de recursos a serem aplicados para a solução das demandas prioritárias a

serem apontadas pela população, onde serão eleitos delegados para representá-los

diretamente com os gestores públicos. As demandas e os delegados são

apresentados em plenárias regionais, ou seja, a cidade é dividida pela administração

municipal em algumas regionais. Os planos de investimentos advêm de reuniões

entre agentes públicos do município e os delegados ou conselheiros eleitos. É

encaminhada para o legislativo depois da definição das propostas orçamentárias. O

acompanhamento e a fiscalização já ficam definidos por um grupo previamente

escolhido.

Hoje o Orçamento Participativo não é exclusividade de administrações do

Partido dos Trabalhadores - PT, cerca de 70 municípios adotam este mecanismo,

pela qual a população elege suas obras prioritárias que devem ser incluídas na

proposta orçamentária.

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Segundo Pires (2001, p 46),

A idéia de participação popular, de planejamento e de Orçamento Participativo não nasceu por aqui e aqueles que procurarem implementa-las se beneficiaram dos seus resultados e, em muitos casos, levaram benefícios também às populações envolvidas. Por fim tratar-se de uma proposta ainda em fase embrionária, tanto no que diz respeito à concepção quanto no que tange à implementação. Portanto uma eventual briga declarada, pública, entre supostos pais só poderá provocar problemas ao desenvolvimento da “criança”. O conveniente, para todos, nesse momento, é tomar a proposta de orçamento Participativo como patrimônio coletivo da sociedade civil brasileira, construído ao longo das jornadas de luta pela democracia e ao longo da experiência recente da administração municipal para resgatar a dívida social do país e para novamente trazer o movimento popular e sindical para dentro do processo público e estatal de tomada de decisões.

4.2. Orçamento Participativo em Fortaleza

Fortaleza é um município brasileiro, capital do estado do Ceará. Teve seu

desenvolvimento às margens do riacho Pajeú, no nordeste do pais, 2.285

quilômetros de Brasília. O lema da cidade (presente em seu brasão) é a palavra em

latim “Fortitudine”, que em português significa: “força, valor, coragem”. Esta

localizada no litoral Atlântico, com 34 Km de praia, a uma altitude média de 21

metros e é centro de um município de 313,8 Km² de área e 2.500.194 habitantes,

com a capital de maior densidade demográfica do pais, com 7.815,7 hab/km², sendo

a mais populosa do Ceará, a quinta do Brasil e a 91ª mais populosa do mundo.

Fortaleza limita-se ao Norte com o oceano Atlântico e Caucaia, ao sul

com os municípios de Pacatuba, Eusébio, Maracanaú e Itaitinga. Ao leste com o

município Eusébio, Aquiraz e oceano Atlântico e a Oeste com o município de

Caucaia e Maracanaú. A altitude da sede de Fortaleza é de 16 m em relação ao

nível do mar.

A cidade não tem somente áreas prósperas de ordenado valor estético,

apresenta também zonas conhecidas por elevados índices de pobreza,

insalubridade e deterioração ambiental.

Organizou-se um Seminário sobre Orçamento Participativo para os

militantes logo após o período eleitoral de 2004, no período dos trabalhos de

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transição da equipe do Governo, a Democracia Socialista (DS), corrente interna do

Partido dos Trabalhadores (PT), à qual então Prefeita Luiziane Lins fazia parte.

Tinha como objetivo neste evento o debate de um modelo de OP para ser

executado na cidade de Fortaleza. Foram vários debatedores deste evento entre

eles Félix Rui Sanchez, sociólogo, Professor da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo–PUC/SP, Coordenador do Orçamento Participativo daquela cidade,

durante a gestão da Prefeita Marta Suplicy (PT), entre os anos 2001 e 2004, e

membro da DS de São Paulo-SP, e Joaquim Soriano, Sindicalista do Sindicato dos

Bancários do Rio Grande do Sul (RS) e integrante da Coordenação Nacional da

Democracia Socialista.

Foi formado durante o supracitado evento um grupo de trabalho o qual

seria responsável para propor a então prefeita eleita da cidade, um modelo de

Orçamento Participativo. Tinha neste grupo de trabalho uma advogada

especializada na área de direitos humanos como coordenadora.

Foi apresentada pela coordenadora do grupo de trabalhos à Prefeita, e à

equipe de transição, o projeto de orçamento participativo para Fortaleza,

aproximadamente, após cinco reuniões, nas quais foram debatidas modelos de

Orçamento Participativo de varias cidades do Brasil entre ela Porto Alegre, Belo

Horizonte, São Paulo.

Fico acordado, após a apresentação do modelo à Prefeita, que a

metodologia pensada para o Orçamento Participativo seria testada em um processo

político que lhe seria anterior, o Plano Plurianual Participativo (PPA Participativo).

4.3 .PPA participativo: novo instrumento de democracia participativa

O primeiro PPA Participativo em Fortaleza, foi realizado em dois ciclos

(preparatório e deliberativo) entre os meses de maio e julho de 2005, reuniu 6.860

participantes, o qual foram apresentados 650 propostas de programas para a

Prefeitura de Fortaleza. Nas reuniões do Fórum Municipal de Delegados e

Delegadas do PPA Participativo foram discutidas entre 168 delegados e delegadas

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eleitos nas assembléias deliberativas e os Secretários Municipais as propostas

apresentadas. A prefeitura Municipal de Fortaleza incorporou ao PPA 2006-2009,

141 propostas, aprovada pela Câmara Municipal de Fortaleza através da Lei 9.044

de 30 de novembro de 2005.

A cidade foi dividida em 14 áreas para a realização das assembléias do

PPA Participativo, sendo realizadas duas assembléias para cada área, chamadas de

assembléias territoriais: uma preparatória e uma deliberativa. A função da

assembléia preparatória era mobilizar os moradores para o processo e esclarecer a

metodologia. Nas assembléias deliberativas a população apresentava e priorizava

as propostas de programas prioritários por meio de uma votação e elegia os(as)

delegados(as) do PPA Participativo, onde sua função era defender junto ao Fórum

Municipal de Delegados(as) do PPA Participativo, as propostas onde tinham sido

eleitos.

A idéia da Prefeitura Municipal de Fortaleza ao implementar o PPA

Participativo, era a de, já no primeiro ano de governo, tornar a cidade uma referência

em planejamento de políticas públicas e de democracia participativa.

4.4 Orçamento Participativo em Fortaleza: formas e experiência

Na primeira gestão da Prefeita Luizianne Lins (PT), 2005 a 2008, o

processo do OP de Fortaleza foi realizado entre os meses de julho e setembro de

2005. Se consegui reunir no primeiro ano de assembléias deliberativas cerca de 7

mil pessoas, onde foi escolhido cerca de 330 delegados e delegadas para os Fóruns

Regionais de Delegados e Delegadas do Orçamento Participativo e o Fórum

Municipal de Delegados e Delegadas de Segmentos Sociais do Orçamento

Participativo. São escolhidos entre estes delegados (as), 66 pessoas que se tornar-

iam conselheiros (as) do orçamento participativo, com a função de representá-los no

Conselho do Orçamento Participativo – COP.

Assim como no PPA Participativo, a organização do OP de Fortaleza

divide-se em dois momentos: assembléias preparatórias e assembléias

deliberativas. Tendo as assembléias preparatórias o objetivo de mobilizar a

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população para as assembléias deliberativas e esclarecer os participantes sobre: o

orçamento público da cidade de Fortaleza (através de palestras de um técnico da

Secretaria de Finanças do Município - SEFIN); as etapas do processo do OP; e o

andamento das obras e serviços deliberados no OP do ano anterior. Já a função das

assembléias deliberativas é encaminhar as propostas da população para o Fórum

Municipal de Delegadas e Delegados do Orçamento Participativo e encaminhar a

eleição dos delegados(as) do Orçamento Participativo da Área da Participação – AP.

As propostas das assembléias deliberativas podem ser de obras ou

serviços, dentre uma das áreas especifica de políticas públicas de responsabilidade

do poder público municipal. As áreas são conhecidas dentro do processo do OP

como Eixos Temáticos que são: Direitos Humanos, Educação, Assistência Social,

Cultura, Habitação, Infra-instrutora, Esporte e Lazer, Saúde, Segurança, Meio

Ambiente, Transporte e Turismo, Trabalho e Renda.

Dos treze Eixos Temáticos, cada participante das plenárias deliberativas

pode fazer uma proposta, e cada proposta inscrita recebe um numero de

identificação. Uma célula com espaços para votação e priorização de três propostas

de sua escolha é entregue a cada participante. A priorização das propostas feitas

nas assembléias tem uma metodologia própria desenvolvida pela Prefeitura

Municipal de Fortaleza: durante a apuração da votação, cada proposta que é

marcada em primeiro lugar, na cédula de votação, recebe três pontos; a que é

votada em segundo lugar, recebe dois pontos; e a que fica em terceiro lugar recebe

um ponto. O somatório de pontos que cada proposta recebe indica a prioridade

daquela proposta naquela determinada assembléia. Ao final desta, o resultado da

votação (priorização) das propostas é apresentado para os participantes.

A Coordenadoria do Orçamento Participativo desenvolveu um sistema

informatizado próprio chamado de Sistema Gerencial do Orçamento Participativo –

SISOP para que à apuração dos votos de priorização das propostas pudessem

acontecer de maneira mais rápida e serem apresentados o resultado da votação no

final da assembléia. Com este sistema, a Coordenadoria do OP consegue distribuir

as propostas que são priorizadas nas Assembléias Deliberativas para os respectivos

órgãos competentes, conforme o “Eixo Temático” no qual a proposta foi encaixada.

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Nas Assembléias Deliberativas do Orçamento Participativo além da

votação e priorização de propostas, também são eleitos(as) os(as) delegados(as).

As funções destes representantes da população são: o Plano de Obras e Serviços –

POS; fiscalizar a execução das obras e serviços que são incluídos no documento

final do processo do OP; eleger entres eles, durante a primeira reunião do Fórum

Regional de Delegados e Delegadas do Orçamento Participativo, os representantes

daquela regional que irão compor o Conselho do Orçamento Participativo – COP;

fiscalizar as ações destes conselheiros; e divulgar nas suas comunidades todas as

ações relativas ao OP.

Cada participante das assembléias deliberativas recebe uma célula de

votação para que possa votar em um(a) candidato(a) de sua escolha, para se elege

os delegados do OP. A proporção para a eleição dos delegados é a seguinte: a

cada vinte pessoas que participam dessa votação, um(a) representante é eleito(a)

como delegado(a). A proporção é feita em relação ao número de votantes por ter

sido observado, durante o primeiro ano do OP (2005), que o número de pessoas que

se cadastrava para participar da assembléia era, muitas vezes, superior ao número

de pessoas que ficavam até o fim para poder votar nos(as) candidatos(as) a

delegados(as).

Organizativamente o Orçamento Participativo de Fortaleza, divide-se em

três processos: o Orçamento Participativo Criança e Adolescente, o Territorial, e o

de Segmentos Sociais, com funções e características diferentes.

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Figura 8: Ciclo do Orçamento Participativo de Fortaleza Fonte: Coordenadoria do Orçamento Participativo, 2006. Da Prefeitura Municipal de Fortaleza

Entre os anos de 2005 a 2011 envolveu-se 146.634 cidadãos e cidadãs

no planejamento das políticas públicas da cidade desde sua implantação. Mas de

2.700 participaram das atividades de formação cidadã.

O Orçamento de Fortaleza foi a única nova experiência brasileira

selecionada e premiada através do concurso internacional de Boas Práticas em

Democracia Participativa, pelo Observatório Internacional da Democracia

Participativa (Barcelona, Espanha). Neste prêmio, Fortaleza concorreu com outras

39 nova experiência em participação.

Foi criada uma Comissão de Participação Popular, vinculada ao Gabinete

da Prefeita, demonstra o compromisso e a centralidade desta administração para

integrar os diferentes mecanismo de participação, entendendo que somente ao lado

dos fortalezenses, compartilhando decisões, será possível alcançar a Fortaleza

Bela.

No próximo capitulo irei explicar o orçamento dentro da Regional I,

depois de ter exposto de uma forma geral o que é o Orçamento Participativo.

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5 PESQUISA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO NA REGIONAL I DE

FORTALEZA

A Secretaria Executiva Regional I (SER I), é uma das 7 (sete)

subprefeituras (Secretaria Executiva Regionais) da cidade de Fortaleza localizada na

Zona Norte do município, na Rua Dom Jerônimo nº 20, no bairro Farias Brito. Tendo

como Secretário o Senhor Guilherme Teles Gouveis Neto. Composto por 15 bairros:

Barra do Ceará, Pirambu, Jacarecanga, Farias Brito, Jardim Iracema, São Gerardo,

Floresta, Vila Velha, Cristo Redentor, Álvaro Weyne, Jardim Guanabara, Carlito

Pamplona, Monte Castelo, Moura Brasil, Ellery. Nesta região, moram cerca de 360

mil habitantes. Localizada no extremo Oeste da cidade, foi nesta área que nasceu a

nossa Capital.

O momento que antecede as reuniões de preparação acontece nas

comunidades. São reuniões nas quais se apresentam à população, o passo a passo

das Assembléias Eletivas e Decisivas, dando inclusive detalhes sobre o período de

avaliação das demandas. Nas reuniões também são informadas as datas das

atividades. Qualquer lugar pode ser sede dessas reuniões (escolas, praças,

associações, Ong's etc), basta agendarem com a equipe de mobilização do OP.

As propostas elaboradas pela comunidade são avaliadas, técnica e

juridicamente pela Prefeitura. Depois, são levadas para a segunda etapa, que são as

Assembléias Decisivas. Onde a população vota e decide quais demandas serão, de

fato, realizadas, a partir do orçamento municipal e do valor de cada obra ou serviço

classificado para esta etapa de elaboração da proposta. É também, nesta etapa, que

acontece a eleição dos (as) delegados (as) do OP.

Existem vários eixos temáticos, entre eles: Assistência Social, Cultura,

Direitos Humanos, Educação, Esporte e Lazer, Habitação, Infra-Estrutura, Meio

Ambiente, Saúde, Segurança, Trabalho e Renda, Transporte. Contudo iremos focar

apenas os eixos infra-instrutora e eixo meio ambiente.

Após serem feitas todas as reuniões preparatórias, apresentadas várias

propostas, no final de cada ano, os resultados são materializados no Plano de Obras

e Serviços (POS). Sendo que o Plano de Obras e Serviços do OP para 2006 foi

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definido pelo Conselho do Orçamento Participativo e indica todas as demandas e

recursos aprovados no OP. Este documento está baseado na cumplicidade e

colaboração de todos com o desafio de criarmos alternativas que possibilitem o

aprofundamento da democracia em nossa Cidade. Com o OP, garantimos

transparência e racionalidade no uso dos recursos públicos e apostamos na

democratização dos processos de gestão da cidade.

A construção desse importante documento é consequência de um

profundo processo de diálogo entre representantes do governo municipal e da

população, baseado na cumplicidade e colaboração de todos com o desafio de

criarmos alternativas que possibilitem o aprofundamento da democracia em nossa

Cidade.

Além disso, o POS é um instrumento que permite à população fiscalizar e

acompanhar o andamento da execução orçamentária, impulsionando o controle

social sobre os gastos públicos e garantindo maior transparência às ações da

Administração Municipal.

Este documento reafirma o compromisso da atual gestão da Prefeitura

Municipal de Fortaleza com a participação popular, um direito da cidadania e motor

fundamental na busca por uma cidade mais bela, justa e democrática.

O OP Fortaleza não se restringe à administração dos recursos de

investimentos, seu processo contribui para uma mudança na cultura de controle e

fiscalização das verbas públicas e de definições estratégicas sobre a Cidade.

O Orçamento Participativo de 2005 teve 8.020 pessoas que participaram,

1.456 pessoas participaram das assembléias preparatórias de 20 a 27 de agosto,

6.384 pessoas participaram das assembléias deliberativas de 29 de agosto a 9 de

setembro, 180 crianças participaram da assembléia específica, 35 assembléias

realizadas, 637 propostas apresentadas, 332 propostas aprovadas, R$

148.626.906,00 é o total de recursos destinados ao OP.

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Após descriminar como foram realizadas as demandas, apresentaremos

uma análise da demanda x execução, referente aos eixos de infra-estrutura e meio

ambiente nos anos de 2005, 2006 e 2007, conforme o Plano de Obra e Serviço.

DEMANDAS EXECUTADAS

Limpeza do canal riacho da Barra do

Ceará

Concluída

Posto de reciclagem de resíduos

sólidos do Jardim Iracema

Concluído

Preservação do Morro de São Thiago Concluído

Urbanização e despoluição do riacho

e do Açude João Lopes

Em andamento, previsão 09/12

Urbanização da lagoa do Alvaro

Weyne

concluído

Quadro 1: Eixo de infra-estrutura em 2005 Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza – Plano de Ações – Adaptação Autora.

ANÁLISE: Das cinco demandas de 2005 do eixo de infra-instrutura,

apenas uma ficou para ser concluída em setembro de 2012. Isso nos leva a concluir

que as demandas elaboradas pela comunidade foram na sua quase totalidade

atendidas, mostrando que a governança local foi eficiente nos gastos do erário

público.

DEMANDAS EXECUTADA

Asfaltamento da Travessa São Luis Concluído

Rebaixamento do meio fio Concluido

Quadro 2: Eixo do Meio Ambiente em 2005 Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza – Plano de Ações – Adaptação Autora.

ANÁLISE: Das duas demandas do eixo do meio ambiente no ano de

2005, foram concluídas em sua totalidade, mostrando o compromisso do Governo

com a comunidade.

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O resultado do diálogo entre representantes do governo municipal e da

população está materializado no Plano de Ações do OP 2006. Quadro de analise na

infra-estrutura e no meio ambiente no ano de 2006.

DEMANDAS EXECUTADA

Limpeza do canal da rua Belém

Figueiredo na Barra do Ceará

Concluída. Limpeza de canais são

permanentes

Alargamento, pavimentação e asfalto

para a rua Araquém, da avenida

Francisco Sá até a rua São Bernardo,

na Barra do Ceará.

Concluída (asfalto realizado 2010)

Recuperação da iluminação do campo

do Parque Costa Oeste

Concluída

Limpeza da Lagoa do Mel no Cristo

Redentor, condicionada à análise

técnica da Semam e a aporte de

recursos externos

Concluída

Quadro 3: Eixo da Infra-estrutura em 2006 Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza – Plano de Ações – Adaptação Autora.

ANÁLISE: Das quatro demandas realizadas no eixo da infra-estrutura,

foram quase todas concluídas, ficando somente um asfalto posteriormente e sendo

informado que as limpezas dos canas são permanentes. Mostra-nos efeito das

reivindicações da comunidade.

No meio ambiente não houve propostas aprovadas para a Regional I.

No ano de 2007, foram realizadas algumas demandas, conforme quadro

abaixo:

DEMANDADA EXECUTADA

Pavimentação para rua J, no trecho

da avenida G até a rua Alfa e para a

rua do canal, no trecho da rua J até a

Concluída

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rua Paulo Rubens

Melhoria da infra-estrutura da Av. 20

de janeiro e da rua Estevão de

Campos

Concluída

Iluminação pública na Costa Oeste

com o Coqueiro Verde

Concluída

Limpeza da faixa litorânea que vai do

Pirambu à Barra do Ceará

Concluída

Limpar a praia do Pirambu Concluída

Limpeza das ruas do Pirambu Concluída

Limpeza da rua Marcílio dias no Pirambu.

Concluída

Quadro 4: Eixo da Infra-estrutura em 2007 Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza – Plano de Ações – Adaptação Autora.

ANÁLISE: Das sete demandas realizadas no eixo da infra-estrutura de

2007, foram executadas em sua totalidade, mostrando à comunidade o

compromisso e seriedade dos nosso governantes.

Urbanização da área verde que existe entre o conjunto Pe. Santana e Conj. João da Cruz, no Jardim Iracema e construção de calçadão para caminhada, condicionada ao cadastro da área verde

Concluída com a ordem de serviço nº

12/2011 no valor de R$ 252.139.000

Quadro 5: Eixo do Meio Ambiente em 2007 Fonte: Prefeitura Municipal de Fortaleza – Plano de Ações – Adaptação Autora

ANÁLISE: Somente uma demanda foi realizada no eixo do meio ambiente

no ano de 2007, concluída em 2011, mostrando o valor da obra, para que exista

mais transparência no gasto do dinheiro público.

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6. CONCLUSÃO

Concluo este trabalho acreditando ter alcançado um grau de confirmação

de minha hipótese inicial de que o Orçamento Participativo é instrumento de

efetivação de uma cidadania ativa.

Os dados obtidos por meio de pesquisa documental em documentos

oficiais e extra-oficiais, bem como todo referencial teórico utilizado nesta pesquisa,

permitiram-me constatar que o processo participativo, implementado pelo OP de

Fortaleza vem auxiliando na formação cidadã dos participantes e a democratização

entre Governo e Sociedade Civil.

Observa se com frequência que o OP para os participantes significa

mudanças nas relações entre Governo e Sociedade, na medida em que tiverem

mais acesso aos representantes do Poder Público, sem intermediários.

Conforme análises feitos nos quadros acima, foi verificado que as

demandas foram quase todas executadas em sua totalidade, o que faz crescer a

credibilidade dos governantes e a comunidade.

Há muito ainda que se avançar na Gestão Participativa, implementada por

meio do OP de Fortaleza. Tem-se muito a caminhar rumo à independência e

autonomia do processo, que, se houver continuidade, deverá depender cada vez

menos da vontade de gestores, vinculados a essa ou àquela bandeira política.

Mesmo sendo necessário que o Governo seja estimulador, apoiador e facilitador do

processo.

O sentido que enfatizo é que o OP de Fortaleza deva depender cada vez

mais dos próprios participantes para que não venha a desaparecer.

A perspectiva é que o enfoque do objeto desta pesquisa possa sugerir

caminhos para um aprofundamento do tema em futuras pesquisas, contribuindo

assim para o processo de construção da cidadania e alargamento do processo

democrático.

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Para encerrar, verifique que o caminho para a prática de uma cidadania

ativa se faz, no dia-a-dia e nos espaços de atuação dos cidadãos.

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7. Bibliografias

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FURTADO, Fábio. Apostila Orçamento e Contabilidade Pública. 2. ed. Rio de

janeiro: Academia do Concurso, 2008.

GIACOMONI, J. Orçamento Público 3ª Ed – São Paulo: Atlas, 1989. (p.58).

Kohama, H. – Contabilidade Pública 3ª Ed – São Paulo: Atlas, 1993.

MOTA, Francisco Glauber Lima; Curso Básico de Contabilidade Pública. 2. ed.

Brasília, 2006.

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