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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA FRANCISCA LUCIVANDA DA SILVA A INDISCIPLINA NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE PEDAGOGIA

FRANCISCA LUCIVANDA DA SILVA

A INDISCIPLINA NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

FORTALEZA

2013

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FRANCISCA LUCIVANDA DA SILVA

A INDISCIPLINA NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Monografia submetida à aprovação

coordenação do Curso de Pedagogia do

Centro Superior do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do grau de

Graduação.

FORTALEZA

2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

S586i Silva, Francisca Lucivanda da

A indisciplina na escola: desafios e possíveis soluções /

Francisca Lucivanda da Silva. Fortaleza – 2013.

66f. Orientador: Prof.ª. Patricia Campelo do Amaral.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Pedagogia, 2013.

1. Indisciplina. 2. Limites. 3. Escola. I. Amaral, Patricia

Campelo. II. Título

CDU 371

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FRANCISCA LUCIVANDA DA SILVA

A INDISCIPLINA NA ESCOLA: DESAFIOS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Monografia submetida à aprovação

coordenação do Curso de Pedagogia do

Centro Superior do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do grau de

Graduação.

Aprovada em:___/___/___

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profa. Ms. Patrícia Campelo do Amaral (Orientadora)

________________________________________

Prof. Ms. Jefferson Falcão Sales

__________________________________________

Profa. Ms. Nívea Pinheiro

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Dedico esse trabalho, acima de tudo a Deus

e a minha mãe. Ao meu namorado, minha

família, aos meus amigos que sempre me

apoiaram e a todos os Pedagogos (as) que

dedicam seu trabalho a fim de conferir

qualidade à educação.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela força espiritual para a realização desse

trabalho. Ser inigualável, que me concebeu o dom da vida, sem o qual, nada seria.

A minha família que mesmo a distância sempre torceu para que tudo desse certo. A

minha mãe, pelo orgulho e força em todos os momentos de minha vida, e que

durante a trajetória do curso me apoiou fervorosamente.

Ao meu namorado Mário Alessandro pelo apoio incansável para que eu conseguisse

findar esse curso.

As minhas amigas da faculdade em especial, Adriana de Brito, Luciana Alencar,

Maria Simone, Suzana Sanches e Talita Freitas que juntas suportamos as angustias

das elaborações e apresentações dos trabalhos, pelos laços de amizades firmados e

os maravilhosos momentos compartilhados. Agradeço também, a todos que

indiretamente me ajudaram na elaboração desse trabalho, as pedagogas que

durante a pesquisa para monografia trocaram comigo suas experiências e a todos

os professores da FAC que contribuíram também para meu crescimento intelectual.

Destaco a professora Patrícia Campelo pela sua dedicação, paciência e carisma por

ter me orientado nesse trabalho tão minucioso e ao mesmo tempo prazeroso de

fazer, pois é a realização de um grande sonho e pela amizade consolidada durante

todos esses semestres que passamos juntas.

Deixo também meus agradecimentos aos professores se dispuseram a participar da

minha banca examinadora. Agradeço também a todos que não mencionei aqui, mas

que passaram por meu caminho e contribuíram no meu crescimento pessoal,

intelectual e profissional. Enfim, agradeço a todos por acreditarem em mim, nessa

profissão tão linda que é ensinar.

Muito Obrigada!

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“Ninguém nega o valor da educação e que o

professor é imprescindível. Mas, ainda que

desejem bons professores para seus filhos,

poucos pais desejam que seus filhos sejam

professores. Isso nos mostra o reconhecimento

que o trabalho de educar é duro, difícil e

necessário, mas que permitimos que esses

profissionais sejam desvalorizados. Apesar de

mal remunerados, com baixo prestígio social e

responsabilizados pelo fracasso da educação,

grande parte resiste e continua apaixonado pelo

seu trabalho. A data é um convite para que

todos, pais, alunos, sociedade, repensemos

nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas

demonstramos o compromisso com a educação

que queremos. Aos professores, fica o convite

para que não descuidem de sua missão de

educar, nem desanimem diante dos desafios,

nem deixem de educar as pessoas para serem

„‟águias” e não apenas “galinhas”. “Pois, se a

educação sozinha não transforma a sociedade,

sem ela, tampouco, a sociedade muda”.

(Paulo Freire)

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RESUMO

No século XXI estão acontecendo grandes mudanças na educação. Mas, ao mesmo

tempo em que a escola se desenvolve parece esquecer-se de um fator muito

importante: a indisciplina que toma conta de todo seu espaço, principalmente na sala

de aula. Sabe-se que tratar do termo indisciplina é muito delicado devido aos fatores

internos e externos que o influenciam. E isso de fato tem prejudicado o processo de

ensino-aprendizagem rompendo o sonho de um dia se ter uma educação de

qualidade. Este trabalho tem como título A indisciplina escolar: desafios e possíveis

soluções. O objetivo geral do mesmo é investigar a indisciplina na escola, seus

desafios e possíveis soluções. Discute-se aqui o problema da indisciplina através de

uma pesquisa bibliográfica e de uma pesquisa de campo de caráter quantitativo e

qualitativo em que é analisada a indisciplina dentro da realidade de professores que

lecionam no ensino fundamental I, mais precisamente no 2° ano de uma escola

particular de Fortaleza-CE. Foi traçado um breve histórico sobre a indisciplina e uma

discussão sobre os aspectos teóricos no que diz respeito a visão de vários teóricos

sobre a diferença entre indisciplina e violência na escola, as causas e

consequências da indisciplina escolar e o combate a indisciplina englobando o papel

de todos que fazem parte da educação (família, escola e sociedade). Defende-se

nesse trabalho, que a indisciplina é um problema sério nas instituições escolares e.

Desse modo, faz-se necessário buscar novos caminhos que levem a família, escola

e professores a assumirem o seu verdadeiro papel neste processo. A indisciplina é

um grande desafio para os docentes, representa um dos obstáculos na arte de

ensinar. Analisar as causas do problema, instalar limites e disciplina é uma tarefa

árdua, pois para isso é necessária uma autoridade saudável. É necessária uma

postura compartilhada em relação à disciplina, investindo na prevenção. À família

cabe assumir seu papel de principal educadora e participar da vida escolar de seus

filhos, à escola cabe reavaliar seu projeto político pedagógico no que se refere à

metodologia e conteúdos trabalhados em sala de aula e ao professor cabe rever sua

práxis e a relação que estabelece com seus alunos.

Palavras chave: Indisciplina; Limites; Escola.

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ABSTRACT

In the XXI century are big changes happening in education. But at the same time that the school develops seems to forget a very important factor: the discipline that takes care of all your space, especially in the classroom. We know that dealing with indiscipline term is very delicate due to internal and external factors that influence it . And this fact has hampered the process of teaching-learning breaking the dream of one day having a quality education. This work is titled School indiscipline: challenges and possible solutions. The overall objective is to investigate the same indiscipline in school, their challenges and possible solutions. We discuss here the problem of indiscipline through a literature review and a field study of quantitative and qualitative character which examined indiscipline within the reality of teachers who teach in elementary school, more precisely in the 2nd year of a private school of Fortaleza. Was traced a brief history of indiscipline and a discussion of the theoretical aspects regarding the vision of many theoretical about the difference between discipline and violence in school , the causes and consequences of school indiscipline and combat discipline encompassing the role of all that are part of education ( family, school and society ) . It is argued in this paper that indiscipline is a serious problem in schools and. Thus, it is necessary to pursue new ways to bring the family, school and teachers to play their true role in this process. Indiscipline is a major challenge for teachers is one of the obstacles in the art of teaching. Analyze the causes of the problem, install limits and discipline is an arduous task because a healthy authority to do so is required. A shared attitude to discipline, investing in prevention is needed. The family fits assume their role as primary educator and participate in the school life of their children, the school is responsible reevaluate your political pedagogical project with regard to the methodology and content learned in the classroom and it is up to the teacher to review their practice and the relationship established with their students. Keywords : Indiscipline ; limits ; School .

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PPP – Projeto Político Pedagógico

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 - da pesquisa UNESCO (2002) sobre a violência nas escolas. ............... 14

Gráfico 01 - Quanto ao olhar do professor em relação a indisciplina ........................ 45

Gráfico 02 - Quanto às causas dos comportamentos dos alunos ............................. 47

Gráfico 03 - Quanto à conduta do professor para minimizar a indisciplina ............... 50

Gráfico 04 - Quanto ao papel da escola em relação a indisciplina .......................... .52

Gráfico 05 - Quanto à família no processo de ensino aprendizagem dos alunos ditos

indisciplinados ........................................................................................................... 53

Gráfico 06 - A indisciplina e a responsabilidade do professor ................................... 55

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 UMA REFLEXÃO SOBRE A INDISCIPLINA ........................................................ 14

2.1 A indisciplina: um tipo de violência na escola? ............................................. 17

2.2 Indisciplina escolar: causas e consequências...............................................19

2.2.1Por que a criança se comporta mal? ................................................................ 22

2.3. O combate à indisciplina ................................................................................. 23

2.3.1 O papel da família no combate a indisciplina ................................................... 24

2.3.2 O papel da escola ............................................................................................ 26

2.3.3 O papel do professor no processo de ensino-aprendizagem de alunos

indisciplinados ........................................................................................................... 29

2.3.3.1 O ensino e a afetividade em sala de aula ...................................................... 36

2.3.3.2 O ensino de valores humanos ....................................................................... 38

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 41

3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................. .41

3.2 Cenário ............................................................................................................. .42

3.3. Participantes e período .................................................................................... 42

3.4. Coleta de dados ................................................................................................ 43

3.5 Análise de dados .............................................................................................. 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 44

4.1Observações em sala de aula ........................................................................... 44

4.2 Questionários aplicados aos educadores ....................................................... 45

4.2.1Quanto ao olhar do professor em relação a indisciplina .................................... 45

4.2.2 Quanto ás causas dos comportamentos dos alunos ........................................ 47

4.2.3 Quanto a conduta do professor para minimizar a indisciplina .......................... 50

4.2.4 Quanto ao papel da escola em relação a indisciplina .................................... .51

4.2.5 Quanto à família no processo de ensino aprendizagem dos alunos ditos

indisciplinados ........................................................................................................... 53

4.2.6 A indisciplina e a responsabilidade do professor .............................................. 54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59

APÊNDICE................................................................................................................ 63

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1 INTRODUÇÃO

Qualquer pessoa que esteja em contato com a educação seja ela familiar

ou escolar reconhece a indisciplina como uma crise na educação. Entende-se por

indisciplina todos os atos que fogem as regras do padrão da sociedade. A

indisciplina é hoje um assunto bastante discutido em diversas instituições. O que

fazer quando o professor se depara com crianças indisciplinadas? Muitas vezes

sabe identificar o problema, mas não as reais causas para resolvê-lo.

A indisciplina escolar é vista como um dos maiores problemas

enfrentados pela escola hoje, e vem preocupando professores e gestores de

diferentes instituições. Os educadores apenas caracterizam o aluno-problema e

levantam supostas causas para tal problema sem saberem ao certo a razão daquele

ato indisciplinado. As estratégias usadas pela maioria dos professores não resultam

em êxito, e esse discente passa a ser visto como um obstáculo para o desempenho

de sua aula.

O aluno-problema é considerado aquele que apresenta algum distúrbio

seja ele de natureza psicológica ou comportamental.

O que fazer então diante dessa situação? Os educadores precisam

diagnosticar as causas desses atos indisciplinados e aprenderem a lidar com eles

para então superá-los.

A indisciplina passa a ser preocupante e com isso surgem alguns

questionamentos: A família tem participação no processo educacional dessa criança

dita indisciplinada? A escola tem alguma responsabilidade em relação à indisciplina?

Os professores estão preparados para lidarem com a indisciplina em sala de aula?

Esse estudo buscar respondê-los a partir do referencial teórico realizado e de uma

pesquisa de campo em uma escola particular de Fortaleza-CE.

A necessidade de estudar e aprofundar a compreensão sobre a

indisciplina escolar partiu da realidade encontrada e vivenciada em sala de aula pela

autora, já que a mesma leciona para alunos do ensino fundamental.

Pretendendo entender esse fenômeno que é a indisciplina, esse trabalho

tem como objetivo geral investigar a indisciplina na escola, seus desafios e possíveis

soluções. E como objetivos específicos:

Analisar as causas da indisciplina;

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Pesquisar sobre a responsabilidade do aluno, da família, da escola

e do professor nesse processo;

Buscar possíveis soluções e sugestões para essa problemática.

No intuito de entender a relação na sala de aula entre professor e aluno

viabilizando um ambiente harmonioso é que o referido trabalho foi feito. Para

aprofundar o tema vários autores aparecem no decorrer do texto, como: Aquino

(1996), Tiba (1996), Macedo (2005), Silva (2009), dentre outros dando sua

contribuição para o enriquecimento do tema abordado.

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2 UMA REFLEXÃO SOBRE A INDISCIPLINA

Se voltar um pouco no tempo, pode-se perceber que a educação evoluiu

bastante, são novas formas de ensinar, o uso das mídias digitais e os problemas em

sala de aula continuam os mesmos evoluindo de acordo com a época.

Uma pesquisa denominada Violência Na Escola realizada pela

Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO,

2000) no intuito de fornecer novos subsídios para nortear as escolas revelou vários

fatores que desencadeiam a violência na escola. Essa pesquisa teve como base 14

capitais brasileiras onde os professores apontam a violência escolar como um forte

aliado para a evasão escolar.

Os pesquisadores da UNESCO consideram como violência na escola

agressões, roubos e assaltos, estupros, depredações, armas e discriminação racial.

Em décadas passadas, a violência dentro das instituições de ensino era vista como

decorrência da rebeldia natural da adolescência.

"A violência no entorno da escola chegou a um ponto tão alarmante que

ultrapassou os portões e invadiu o ambiente escolar", diz a socióloga Miriam

Abramovay, coordenadora do estudo da UNESCO.

Fonte: Pesquisa UNESCO (2002) sobre a violência nas escolas.

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Sem perceber as escolas estão vivendo um momento crítico com o

problema da indisciplina, que possui diversas formas de se apresentar em sala de

aula, reunindo grandes grupos em torno de sua discussão, mas ainda não se

chegou a um denominador comum.

As escolas tratam o problema da indisciplina apenas como manifestações

no comportamento da criança, mas ela pode ser pensada como um fenômeno

cultural ou até mesmo institucional. Pode estar relacionada à falta de estrutura física

e despreparo por parte dos profissionais destas instituições.

Não se pode pensar em indisciplina sem ligar o termo ao limite e a

proibição, talvez aí esteja o problema: a busca incansável do limite e da obediência,

a busca da perfeição, de ter alunos quietos e robóticos ou a falta de limites dados

pelas famílias, quando há necessidade para tal.

As instituições escolares de antigamente adquiriam esse limite desejável

com o autoritarismo, com os castigos físicos, com a opressão. Mas será que esse

era o melhor caminho para desenvolver alunos exemplares? Alunos repreendidos e

sem criticidade?

Pode-se perceber que ainda nos dias atuais é muito comum o modelo

tradicional de ensino, no qual os alunos não participam das aulas e os professores

os consideram apenas ouvintes, o que consequentemente poderá inquieta-los

durante as aulas. Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que

os educandos são os depositários e o educador depositante. (FREIRE, 1987, p.58).

Hoje querem impor esse limite a todo custo, querem ver alunos

disciplinados, quietos em todo ambiente escolar à margem do respeito e da

educação, mas será que estão contribuindo, como educadores, para que esse

objetivo seja alcançado? É impossível pensar em disciplina sem se referir à

autoridade? Mas, a autoridade é diferente de autoritarismo.

Freire (1987, p.44) fala que a dialogicidade é a essência da educação. A

busca pelo diálogo, por um respeito entre professor e aluno, firmar acordos ainda é o

melhor caminho. Pois o estudante precisa se sentir fazendo parte da realidade

escolar para que se sinta responsável pelo que faz neste ambiente.

A indisciplina tornou-se tema do cotidiano, e sem perceber toma grande

proporção nas escolas. As crianças apresentam uma aversão a essa instituição

muitas vezes por conta da indisciplina desenfreada em seu ambiente.

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"Não podemos nos colocar na mesma posição do jovem", adverte Julio

Aquino, professor de Psicologia da Educação na Universidade de São Paulo (USP).

Quando a desordem se instala, diz ele, é fundamental agir com firmeza. Como fazer

isso? Não há fórmulas prontas, e nem uma maneira mais eficaz de ensinar. O modo

como a criança é abordada, é moldada em casa e na escola é que vai dizer como

prosseguir com aquela criança. (AQUINO, 2000).

Nesse contexto, a indisciplina aumenta cada vez mais, pois atualmente

muitos pais não sabem impor regras aos seus filhos deixando esse papel para a

escola que não dispõe de uma estrutura e formação para tal função e acaba não

sabendo lidar com esse tipo de aluno.

Tiba (1996, p. 168) afirma que:

Há pais que, por pagarem uma escola, acham que a mesma é responsável pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.

A escola é um reflexo da sociedade na qual está inserida. O problema da

indisciplina pode estar associado ao meio em que a mesma está e os problemas

externos podem repercutir dentro de seu espaço. Os educadores estão à mercê de

crianças e adolescentes que não querem obedecer aos adultos que os rodeiam.

Pois estão cada vez mais desinteressados em seguir regras, desejando serem

independentes.

Para Aquino (2003, p.8): “a indisciplina realmente não existe somente

atrás do meio sociocultural, ou econômico, ela nasce também através da falta de

afetividade, do resgate de valores.”

Fala-se tanto em disciplina, mas de fato o que esse termo significa?

Segundo o dicionário Aurélio, a disciplina é a boa conduta.

Para alguns autores o termo disciplina tem a ver com a palavra discípulo.

“Discípulo é uma pessoa que tem alguém como modelo e se entrega pelo valor que

atribui a essa pessoa.” (MACEDO, 2005, p. 25).

Segundo Içami Tiba (1996, p.173) “o maior estímulo para ter disciplina é o

desejo de atingir um objetivo.”

Antigamente se alcançava a disciplina de uma forma abusiva e autoritária

do poder e as crianças, talvez por medo de sofrerem represárias, seguiam à risca as

ordens dadas, mas em compensação havia alunos alienados e robóticos. Hoje com

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a modernidade surgem vários outros obstáculos para o desenvolvimento da

disciplina e as supostas causas são outras. Os professores cansados de baterem na

mesma tecla jogam a culpa nos alunos ou no próprio sistema de educação e estes e

suas famílias por sua vez, repassam a culpa para os professores e a escola. E aí o

problema só aumenta sem se encontrar uma real solução para o mesmo.

2.1 A indisciplina: um tipo de violência na escola?

Em todo o mundo a violência escolar é um assunto de grande porte e

debatido por todos. Atualmente a sociedade em geral vem se preocupando com

esse tema que descontroladamente está tomando conta das escolas.

Abramovay (2002) diz que a construção de uma visão crítica sobre o

fenômeno da violência, mostra-se fundamental na medida em que permeia todas as

relações sociais, em que os membros da comunidade escolar (alunos, professores,

pais, coordenação, diretoria, dentre outros) são profundamente afetados.

Pode-se então, caracterizar a indisciplina como um tipo de violência

escolar?

Para Garcia (2001, p. 376 apud BRITO e SANTOS, 2009) “devemos

conceber a indisciplina como fenômeno de aprendizagem, superando sua conotação

de anomalia, ou de problema comportamental a ser neutralizado através de

mecanismos de controle”.

Para ele, a indisciplina se refere apenas a uma questão de

comportamento não chegando a ser um ato de violência.

A violência, para Guimarães (1996, p. 73) “seria caracterizada por

qualquer ato [...] que, no sentido jurídico, provocaria, pelo uso da força, um

constrangimento físico ou moral”. Nesse contexto o autor refere que o ato de

desrespeito dentro da escola, vandalismo, agressões físicas e verbais dentre outros

atos não se configuram como indisciplina, mas sim como um ato de violência.

Nota-se que o conceito de indisciplina e violência se confundem e isso

torna mais difícil o seu tratamento.

De acordo com Brito e Santos (2009) essa confusão com respeito ao

entendimento do que é violência e indisciplina escolar também foi constatada por

Brito (2007, p. 12), que afirma que ao longo dos anos, “conversando com

professores [...] e observando algumas de suas aulas”, notou que havia uma

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diversidade de entendimentos conceituais a respeito da indisciplina, fato que

interferia e direcionava suas práticas pedagógicas, seus conteúdos, suas

metodologias e, até mesmo, seus processos de avaliação. Para aqueles docentes,

os conceitos de indisciplina escolar, violência e vandalismo tinham o mesmo

significado e, quando tais incidentes ocorriam, eram tratados, todos, como se

fossem indisciplina escolar, demonstrando como os conceitos de indisciplina e

violência, eram tratados como se fosse um mesmo fenômeno.

Entender o conceito de indisciplina é muito complicado, distinguir o que é

indisciplina e violência é mais ainda. Mas é importante atentar em diagnosticar esses

atos com mais precisão, pois talvez pela falta de compreensão do que é indisciplina

é que a violência se instala.

Definir a indisciplina no contexto educacional é uma tarefa muito difícil. Os

professores por não saberem o quanto é complexo esse tema atuam por imediato e

acabam por agravar ainda mais a situação. Ficar solucionando os problemas de

maneira imediata, de forma corretiva, não aproxima ninguém da compreensão de

fato do que seja a violência e indisciplina escolar.

E por fim entende-se que a indisciplina é um ato que foge às regras da

sociedade e depende muito do momento vivido. Sabe-se que a sociedade é um forte

fator para ocasionar a indisciplina, mas que não compete somente a ela a culpa.

Vasconcellos (2006, p. 111 apud BRITO e SANTOS, 2009) ressalta que

“o problema da indisciplina não é fruta que amadurece que se resolve „com o passar

do tempo‟”, com o “tempo” irá adquirir proporções superiores, portanto é preciso

fazer bom uso do tempo, marcando esses momentos com intervenções e interações.

Evidentemente é percebido que a escola é um espaço de interações e

também de vários conflitos. A violência escolar ganha grande êxito, pois é nesse

ambiente que os atos podem fugir às normas e condutas. O desafio agora é saber

na prática como diferenciar os atos de indisciplina dos da violência.

Charlot (2002) apud Souza e Queirós (2012) diz que:

A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando um bando entra na escola para acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro lugar. A violência na escola está ligada à natureza e às atividades da instituição escolar quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam, eles se entregam a violência que visa diretamente à instituição e aqueles que a representam.

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Essa violência contra a escola deve ser analisada junto com a violência da escola: uma violência institucional, simbólica, que os próprios jovens suportam através da maneira como a instituição e seus agentes os tratam (modos de composição das classes, de atribuição de notas, de orientação, palavras desdenhosas dos adultos de atos considerados pelos alunos como injustos ou racistas (...). (CHARLOT, 2002, p. 434/435).

Segundo o mesmo autor quando se sabe ao certo que tipo de ato o aluno

está cometendo, fica mais fácil aplicar as estratégias de ação.

Escolas superlotadas, população muito carente, pouco investimento na

educação dentre outros fatores colaboram para o aumento da violência no espaço

escolar. O professor, portanto, é o principal agente pacificador da violência na

escola, empregando em suas aulas uma cultura de paz, já que é a pessoa que está

diretamente ligada aos alunos. (PARRAT-DAYAN, 2010).

Barreto (2010, p. 440) apud Souza e Queirós (2012) diz que:

Os problemas de indisciplina e violência que penalizam um crescente número de escolas apontam para o fato de que hoje é o próprio professor que tem de se fazer respeitar e de conquistar o seu legitimidade junto aos alunos, condição fundamental para que possa exercer as suas funções pedagógicas. E para tanto ele precisa lançar mão de novas formas de convencimento, o que requer outra concepção de preparo e desempenho profissional.

Sendo assim, se faz necessário que haja a elaboração de políticas

públicas para atuar na prevenção da violência das escolas para que então se dê

lugar ao diálogo.

2.2 Indisciplina escolar: causas e consequências

Apesar de o termo indisciplina ser um dos focos de toda comunidade

escolar, ainda é tratado de forma superficial, surreal.

Atualmente, esse tema é um dos grandes desafios nas instituições

escolares. Professores, diretores como também os pais e a sociedade de modo

geral sentem dificuldade em trabalhar esse fenômeno. Por ser um tema do dia a dia,

é tratada por todos de uma maneira imediata, sem buscar ao certo a causa daquele

ato indisciplinado. (AQUINO, 1998, p.20). Em todos os lugares há crianças ditas

indisciplinadas e as pessoas que estão ao seu redor não sabem interpretar ou

administrar tais atos e acabam por resolver esses de modo imediato.

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Parrat–Dayan (2008 apud SILVA, 2009, p. 2) não descarta a ideia de que

a indisciplina está ligada ao seguinte fator:

O problema de indisciplina pode ser provocado por problemas psicológicos ou familiares, ou da construção escolar, ou das circunstâncias sócio – históricas, ou então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua responsabilidade, pelo seu método pedagógico, etc.

Nas escolas, os profissionais da educação, estão acostumados apenas a

diagnosticar o aluno “problema”, aquele tido como o obstáculo em sua aula e na

maioria das vezes não estão preocupados em saber a razão de seus atos. Diante do

modelo de sociedade atual transferem-se as causas para o meio em que as crianças

estão inseridas, como por exemplo, um novo modelo de família, a falta de limites ou

até mesmo a liberdade demasiada dada aos filhos, que por sua vez acham que

podem fazer tudo do seu jeito e acabam por agir da mesma forma na escola.

(REGO, 1996, p. 97).

É necessário que se dê importância a esse assunto nas instituições

escolares para que se chegue às reais causas desse fenômeno. Dessa forma,

chega-se à seguinte reflexão: qual a melhor forma de agir, compreender os atos

indisciplinados ou puni-los? A vida em sociedade é feita de regras e normas que

precisam ser cumpridas e a escola, por sua vez, também funciona da mesma

maneira. Dessa forma, o termo indisciplina está ligado à moral, uma vez que a ideia

de autoridade se confunde com autoritarismo. (AQUINO, 1996, p.48).

Entende-se que a família é o primeiro contato social que a criança tem

desde o seu nascimento e que exerce grande influência na sua vida escolar. As

atitudes dos pais na criação de seus filhos, sendo autoritários ou permissivos,

interferem no desenvolvimento individual da criança, o que muitas vezes é levado

para a escola.

A ausência de limites, instituída na educação familiar por pais demasiadamente tolerantes, fecunda consequências desastrosas, produzindo crianças indisciplinadas, extremamente agressivas, insolentes, rebeldes, por conseguinte vivem sempre em conflitos internos, demonstram insegurança em tudo que realizam, crescem ampliando paralelamente sentimentos nada plausíveis, como o egoísmo e a intolerância, pois estão sempre convictos de que as pessoas que os rodeiam, que mantém contato independente de que seja sua mãe ou não, estarão a sua disposição para satisfazer suas necessidades. (SANTOS, 2002, p. 46).

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Não há duvidas de que pais ausentes impliquem em alunos complicados,

que acham que são donos do mundo já que, em grande parte, satisfazem todos os

desejos dos filhos na necessidade de suprirem a sua falta, sem se darem conta de

que os estão prejudicando. (POLY, 2006, p.44).

Como efeito da modernização, de uma nova estrutura familiar, e como

consequência um novo modelo social, as crianças se tornaram mais independentes

e com isso não obedecem às regras dos adultos por acharem que são donos de si e

que não precisam receber ordens de ninguém.

Essas crianças ditas indisciplinadas agem da mesma forma na escola

achando que podem fazer tudo o que querem, dando ordens aos colegas e até

mesmo ao professor, tornando o convívio escolar muito complicado.

Acredita-se também que os novos modelos de escola vividos hoje podem

contribuir para o surgimento de atos indisciplinados. Ora, desde a educação infantil,

os alunos têm de se adequar a um sistema educacional voltado para o status. A

maioria das instituições escolares é vista como empresa e estas não estão

interessadas em formar cidadãos críticos e ativos, mas sim objetivam formar adultos

competitivos para o mercado de trabalho.

Depara-se com inúmeras propagandas nos veículos de informação, uma

oferecendo um serviço institucional melhor que a outra, como se a educação fosse

mercadoria e não um instrumento de transformação da sociedade. Mas, se voltar ao

passado, pode-se perceber que este modelo de educação sempre existiu com a

burguesia, que era detentora de todo saber.

A indisciplina pode ser uma maneira que os alunos encontraram para

dizer que estão cansados desse modelo de educação. O tradicionalismo é uma

forma ultrapassada de dar aula, o aluno fica preso a uma cadeira e a um mesmo

espaço, sem o direito de opinar e de interagir com os outros. O comportamento

indisciplinado também está ligado a uma série de fatores que se configuram, desde

a postura do professor em sala de aula, no constante uso de ameaças para que

seus alunos fiquem bbsempre calados durante as aulas, à falta de dinamização no

repasse de seus conteúdos. (REGO, 1996, p.96).

Para Aquino (2003): “(...) a indisciplina se trata de um fenômeno escolar

que ultrapassa fronteiras socioculturais e também econômicas. (...) ela nasce

também através da falta de afetividade, do resgate de valores.”

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Em um ambiente em que não há diálogo, compreensão, amor é

impossível haver disciplina. O diálogo, segundo Cury (2008, p.33) é insubstituível

para construir uma relação saudável em qualquer ambiente.

Para Oliveira (2005, p.21):

Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará quase nada os conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo.

Sob essa visão, a indisciplina gera grandes transtornos ao processo de

ensino e aprendizagem, portanto compete ao corpo docente juntamente com o

núcleo gestor das escolas melhorarem essa situação no que tange às ações

necessárias no espaço escolar.

A crise na educação brasileira está ganhando força. Os pais por não

passarem o dia em casa junto de seus filhos acham que a escola é a salvação para

eles, ou seja, é o local que deve além de ensinar, educar seus filhos.

Entende-se que a educação é o verdadeiro resgate da sociedade. É o

único meio que transforma a humanidade. É necessário então trabalhar a

indisciplina de maneira que leve a pensar sobre as suas influencias na sociedade e

também sobre o melhor caminho para que se consiga amenizar esse problema nas

instituições de ensino.

2.2.1 Por que a criança se comporta mal?

Entende-se que a disciplina é identificada a partir de normas criadas para

diferenciar o certo do errado.

Os limites são extremamente importantes para a vida em sociedade e

cabe à escola e família saberem lidar com essa questão. Em muitos casos as

instituições de ensino sentem dificuldade em limitar algumas crianças. Vários são os

fatores pelos quais essas se comportam mal, dentre eles: chamar a atenção dos

pais ou professores, obter poder (eu posso fazer, eu consigo fazer) e se fazer de

vítima. E é acreditando na força de seus atos que os pequenos os usam para

conseguirem o que querem. (POLY, 2006, p.35).

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Desde o seu nascimento, a criança procura meios para testar o adulto e

com isso ela descobre os pontos fracos e fortes daqueles que a cercam. Nesse

sentido, o papel mediador do professor é de fundamental importância. (REGO, 1996,

p.99).

Geralmente elas não sabem falar sobre o que estão sentindo, sobre seus

anseios e suas angústias. Os problemas sociais estão demasiadamente presentes

em suas vidas e cansadas dessa situação, as crianças encontram nas birras, nos

choros uma maneira de dizer que têm algo de errado. Muitas ficam em casa

sozinhas e os pais na necessidade de suprirem sua ausência acabam por não

seguirem as próprias regras aplicadas em casa, o que as faz perceber na fraqueza

da família a possibilidade de fazerem tudo o que quiserem. Nesse contexto, a atitude

dos pais e suas práticas de criação e educação interferem diretamente no contexto

social. É bom salientar que a disciplina tem a ver com regras, mas não regras

impostas, e sim, em consenso.

De acordo com Tiba (2006, p. 21): “apesar de serem mais fortes, os pais

que não reagem à quebra de limites dos filhos acabam permitindo que estes, muito

mais fracos, os maltratem, invertendo a ordem natural de que o mais fraco deve

respeitar o mais forte”.

A fim de entender um pouco do universo infantil, vale ressaltar que é da

natureza humana tal comportamento, para que se sintam enxergadas por alguém,

mas se pode dizer que algumas delas fazem isso por que querem. Nesse contexto

os pais são os principais educadores já que é na família que se firmam laços de

afetividade e, no entanto, é onde se tem grande dificuldade no modo de educar,

sendo muitas vezes o agente causador de comportamentos indisciplinados na

escola.

2.3 O combate à indisciplina

A escola nos últimos tempos se tornou uma esfera da educação com

novos significados. Hoje seu papel vai muito além do ensinar.

Sabe-se que a sociedade em geral ampliou o sentido da palavra ensinar,

o que gerou uma quebra de paradigmas. As instituições escolares sem perceberem,

foram se tornando depositárias de crianças e estão crescendo na medida dessa

necessidade. Com o advento da modernidade, pais de todas as classes sociais

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tiveram que sair de casa a procura de trabalho e como consequência as escolas

ficaram também com a função de educar.

Não se pode negar que a escola deva prestar esse serviço, mas fazê-lo

sozinha é praticamente impossível.

Nesse século a violência tomou conta das instituições escolares. As

brigas, indiferenças, a competitividade e a falta de solidariedade são fatores que

imperam nas escolas e que se tornam fortes aliados no que diz respeito à violência.

Para ajudar no combate à indisciplina é preciso praticar a paz. A cultura

de paz ainda é a melhor saída.

De nada adianta ensinar as disciplinas convencionais se os alunos não

têm postura de estudantes e nem tampouco estão interessados em aprender. As

políticas educacionais devem se voltar para o processo educacional levando em

consideração o ensino e aprendizagem dos alunos sem perder de vista os valores

humanos. Afinal, a grande tarefa da educação é formar cidadãos ativos na

sociedade. Porém para que essa formação aconteça é necessário o envolvimento

de todos.

Martinelli (1996, p. 51) afirma que:

A mais importante busca humana é esforçar- se pela moralidade em nossa ação. Nosso equilíbrio interno, inclusive da existência, depende disso. Somente a moralidade em nossas ações pode dar beleza e dignidade à vida. Fazer disso uma força viva é trazê-la para a consciência é talvez a tarefa principal da educação.

O autor se refere que os valores precisam ser resgatados no indivíduo e

trabalhados individualmente. A escola precisa buscar soluções que contribuam para

a mudança dos estudantes.

2.3.1 O papel da família no combate a indisciplina

Toda família costuma definir regras para facilitar sua convivência o que

obviamente varia de lar para lar. É importante deixar claro para a criança que todo

comportamento tem uma consequência e que aquilo que ela fizer de bom ou de ruim

vai surtir num aprendizado.

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Segundo Poli (2006) “todas as crianças precisam de referenciais

colocados pelos pais para crescer de modo saudável, pois tranquilizam a criança,

melhoram sua autoestima e lhe dão segurança.”

Nesse contexto, a grande formadora do caráter de uma criança é a família

e muitas vezes os pais passam o dia fora, ausentes do processo educacional. Para

que a escola trabalhe na melhoria da indisciplina é importante ter essa instituição

como uma grande aliada nesse processo pedagógico. Na tentativa de equilibrar a

indisciplina, as duas maiores esferas da educação devem andar lado a lado nesse

processo.

Para Aquino (1996, p. 96) “é impossível negar, a importância e o impacto

que a educação familiar tem (do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral) sobre o

indivíduo.”

Escola e família devem trabalhar mantendo uma relação transparente em

suas funções, haja vista que a família é indispensável na aprendizagem junto à

escola, portanto inseparável. Ambas as instituições possibilitam ao indivíduo o

desenvolvimento de suas habilidades numa visão democrática. Essas instituições

quando trabalham juntas deixam as crianças mais seguras de si mesmas, portanto

tornando-as autônomas.

Polato (2009, p.29) afirma que: “(...) Família e escola são os principais

responsáveis pela educação. O que falta é uma relação mais estreita entre as duas.

Parece que a cada dia que se passa, menos limite os alunos recebem da família em

casa.”

Os pais são os referenciais na formação social de uma criança, e muitas

vezes, é nessa esfera da educação que a crise está instalada. Ambientes

desestruturados, filhos participando das brigas do casal, o que pode levá-los a um

universo de perturbações e maus exemplos. Num ambiente em que não existe amor,

respeito e compreensão tudo fica mais difícil e o educando pode apresentar um

sentimento de revolta se achando no direito de descontar em tudo e em todos.

Percebe-se que a indisciplina ganhou mais força no mundo atual, no qual

as famílias estão cada vez mais ocupadas e a educação dos filhos é relegada a

terceiros. As mães que antes apenas cuidavam dos filhos enquanto os pais

trabalhavam, hoje têm que sair também para trabalhar e ajudar no sustento da

família.

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Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que frequentam. (TIBA, 1996, p. 111).

Percebe-se que cada vez mais os alunos estão indo para a escola com

menos limites e se negando a seguir ordens. Os pais na necessidade de suprir sua

ausência fazem todas as vontades dos filhos, o que repercute na escola.

Segundo Aquino (1998, p.7): “(...) as crianças de hoje em dia não tem

limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade

por isso é dos pais, que teriam se tornado muito permissivo”.

2.3.2 O papel da escola

Na escola o problema da indisciplina não é diferente. Em muitos casos,

professores e gestores não sabem lidar com tal situação e acabam se

desesperando, ficam atordoados com tudo que está acontecendo em sua volta e a

grande crise se instala.

Parrat-Dayan em uma entrevista concedida para a Revista Nova Escola

Gestão Escolar em 2010 diz que: “Uma das maneiras mais eficientes de combater a

indisciplina é investir na socialização e na troca de experiências e de saberes tanto

entre os estudantes como entre eles e os membros da equipe escolar – docentes,

gestores e demais funcionários.”

De acordo com essa mesma autora, a escola erra ao querer apagar toda

a vivência de um aluno quando ele entra no sistema de ensino, em vez de buscar

conhecê-lo e respeitá-lo. Sabendo como meninos e meninas vivem e convivem fora

da escola, gestores e professores entenderão boa parte do que se passa dentro dos

muros. Porém, isso não basta. É preciso estar atento para entender os motivos que

levam a determinada conduta inadequada, sempre que ela acontece. E, claro, é

imprescindível que o diálogo aconteça com consideração e respeito pelo outro - e

sem preconceitos.

Combater a indisciplina é, portanto um exercício muito árduo, antes de

tudo uma aliança feita por toda comunidade escolar. A gestão da escola tem como

uma de suas funções integrar a disciplina e a ordem em sua instituição. É ainda

responsabilidade da mesma, adequar o seu projeto político à realidade de seus

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alunos e promover espaços de convivência entre pais e alunos dentro de seu

ambiente. Chalita (2004, p.182) fala que: “(...) Não basta reclamar da ausência dos

pais em reuniões. É preciso que se criem momentos mais formativos e lúdicos do

que as monótonas e antiquadas reuniões para motivá-los à participação”.

Tiba (2005, p.183) afirma que:

Se a parceria entre família e escola for formada desde os primeiros passos da criança, todos terão muito a lucrar. A criança, que estiver bem vai melhorar e aquela que tiver problemas receberá a ajuda tanto da escola quanto dos pais para supera-los

A escola por sua vez também deve ter regras e códigos de boa

convivência e segundo Piaget (1986 – 1980 apud PARRAT-DAYAN, 2008) ainda em

sua pesquisa afirma que: ”na escola em que há disciplina as normas não são

impostas ou definidas unilateralmente, mas são fruto da elaboração conjunta.”

E é essa interação que vai criar laços de afetividade nos espaços da escola. Criar

regras coletivas a fim de atender aos interesses de todos é uma forma de respeitar

as diferentes culturas e assim combater a indisciplina.

E essas regras precisam ser cumpridas por todos que fazem parte da

mesma, ou seja, pelos pais, professores, alunos e funcionários. Essa instituição tem

de criar valores para que o convívio seja agradável.

Tratar esse fenômeno não é de fato uma tarefa simples, e por sua vez só

cresce ainda mais.

Falar de indisciplina é de fato um assunto muito delicado, já que suas

causas podem estar ou não relacionadas à personalidade da criança, ou seja, a

criança já nascer “rebelde”, como também a fatores ligados ao meio social desde o

seu nascimento e ao longo de seu desenvolvimento. Segundo Vygotsky (1984, p.

32) é através de experiências repetidas que a criança aprende, de forma não

expressa (mentalmente), a planejar sua atividade. E é seguindo esse pensamento

que a indisciplina só terá controle quando a escola for um local aberto ao diálogo e

trabalhar na perspectiva de formar alunos autônomos e imbuídos de valores morais.

A escola é uma instituição complexa, que tem também como função a

socialização dos alunos para a formação desse ser. É um dos espaços mais

propícios para a educação moral. Assim, é necessário que haja uma parceria entre

todos os setores existentes para o aprimoramento da qualidade de ensino.

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Gotzens (2003, p.22) diz que:

A disciplina escolar não consiste em um receituário de propostas para enfrentar os problemas de comportamentos dos alunos, mas em um enfoque global da organização e a dinâmica do comportamento na escola e na sala de aula, coerente com os propósitos de ensino. [...] Para isso é preciso, sempre que possível, antecipar-se ao aparecimento de problemas e só em último caso reparar os que inevitavelmente tiverem surgido, seja por causa da própria situação de ensino seja por fatores alheios à dinâmica escolar.

A interação entre os alunos se dá coletivamente e com isso a construção

do conhecimento. Nesse contexto, as emoções colaboram para a formação do

caráter da pessoa.

A escola precisa rever seus conceitos, criar condições para que os alunos

sintam prazer de lá estarem e não por uma simples obrigação de estudar. O núcleo

gestor deve rever alguns aspectos que possam ajudar, no ensino-aprendizagem

daqueles que são dispersos, como por exemplo, revendo o Projeto Político

Pedagógico.

Segundo Filho (2009, p.274):

Precisamos deixar de ensinar “o que pensar” para começar a ensinar “como pensar” – como trabalhar em equipe. O que não faltam são ideias criativas e inovadoras para uma reforma escolar. Devemos escolher os programas que funcionam; devemos implementar as estratégias que já provaram sua eficácia.

Oliveira (2005, p. 51) diz que:

As crianças passam o dia todo sozinhas, em casa ou na rua. E os pais responsáveis transferem para a escola toda, ou quase toda, a responsabilidade da educação de seus filhos: estabelecer limites e desenvolver hábitos básicos. Fica a cargo do professor ensinar às crianças desde amarrar os sapatos, dar iniciação religiosa até colocar limites que já deveriam vir esclarecidos de casa

A indisciplina sempre existirá em sala de aula, o que se deve fazer é

encontrar meios que diminuam esse fenômeno. Em alguns casos a indisciplina

surge por alguns erros cometidos pelos próprios professores. Nesse contexto, a

busca pela disciplina torna a vivência escolar bem difícil e acaba sendo frustrante

por não se conseguir uma boa conduta dos alunos. Por isso se faz necessário

entender o papel do professor nesse processo.

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2.3.3 O papel do professor no processo de ensino-aprendizagem de alunos

indisciplinados

A indisciplina é assunto muito debatido por todos os professores. A cada

dia que passa, eles procuram lidar de uma forma diferente com esse fenômeno

assim que o mesmo surge em sala de aula. O que fazer então com esses alunos

que não querem assistir aula ou não estão felizes na escola? O que a comunidade

escolar em geral precisa fazer para mudar essa realidade? E ainda, como essas

crianças ditas indisciplinadas aprendem? Acredita-se que essas perguntas estão

quase sempre na mente desses educadores.

Sabe-se que trabalhar com alunos indisciplinados não é fácil, é preciso ter

muita criatividade para que eles não venham causar grandes danos em sala de aula.

Percebe-se que há um grande desafio, principalmente por parte do corpo

docente de enfrentar esse problema na escola, pois com a indisciplina dentro de

sala de aula o desenvolvimento educacional dos alunos pode ficar prejudicado.

Ser professor hoje ficou mais complicado, pois os obstáculos durante o

exercício de sua profissão aumentaram: é que a escola deixou de ser uma

instituição educacional e passou também a ser social. Os pais acham que a escola

tem o papel de educar seus filhos desde os conteúdos ministrados em sala de aula

até seu comportamento social.

A família está cada vez mais se afastando da escola e o problema mais

comum é que os pais não sabem usar sua autoridade e acabam sendo permissivos

demais, cobrando daquela instituição o que eles não conseguem fazer em casa. O

professor além de ter que dar conta de sua sala de aula, das atividades, dos

conteúdos, ainda tem que se preocupar com a educação moral dos alunos, ou seja,

estar atento àquele aluno que por algum motivo foge às regras e padrões sociais. O

problema é muito complexo e o mestre procura receitas prontas, esperando uma

situação desejável em relação ao comportamento dos mesmos.

A indisciplina traz uma grande consequência a todos da comunidade

escolar, pois na dificuldade de serem trabalhados esses alunos acabam por rejeitar

o ambiente escolar e os professores por se frustrarem diante da situação não

resolvida. (CURY, 2008, p. 33). Mais uma vez é preciso parar para pensar na prática

pedagógica e ter consciência que o educador não é apenas um pilar da escola

clássica, mas um pilar da escola da vida. (p. 34).

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O trabalho do educador vai muito além das paredes da sala de aula, pois

ele tem a missão de transformar as informações em conhecimentos que devem ser

levados para toda a vida de seus alunos. Saber estabelecer limites entre aquilo que

pode ou não pode também está na sua função. Afinal ele está formando cidadãos.

De acordo com Rios (1999, p.47 apud REBELO, 2002, p.88):

Falar em competência é falar em saber fazer bem [...]. Minha definição de saber fazer bem como sinônimo de competência, em principio, aproxima-se da posição dos educadores que apresentam esse saber fazer bem numa dupla dimensão: técnica e política [...] saber fazer bem tem uma dimensão técnica, a do saber e do saber fazer, isto é, do domínio dos conteúdos de que o sujeito precisa para desempenhar o seu papel [...]. mas é preciso saber bem, saber fazer bem, e o que me parece nuclear nesta expressão é esse pequeno termo - “ bem” - , pois ele indicará tanto a dimensão técnica [...] quanto uma dimensão política [...].

Durante o cotidiano escolar, os professores sentem a necessidade de

entender o surgimento da indisciplina, veem o termo como um problema atual e

ficam lamentando sobre o ensino de antigamente. Arroio (1995, p.64) faz um

questionamento sobre tal pensamento: “(...) como educar para o futuro, para a

realidade sócio – política, com esse olhar constante voltado para o passado

mitificado? Se dependesse da concepção pedagógica, se eternizaria o passado.

Não o passado real, mas o passado idealizado: voltar à infância da história social e

política como o ideal do convívio humano.” É importante ressaltar que o passado era

feito de atos bruscos disciplinares, e que não garantiram a disciplina por muito

tempo.

Então porque os docentes estão sempre comparando a educação

daquela época com a de hoje, se a intenção das punições era fazer com que a

criança ficasse com medo e os castigos lhe serviam como corretivo? Será que essa

era realmente a melhor forma de adquirir um bom comportamento na escola? As

crianças estavam felizes e satisfeitas na sala de aula? “O sistema punitivo visa

sempre à restauração da ordem: o como esta restauração vai ser feita depende da

época, ou melhor, da estratégia de poder dominante em uma determinada época.”

(AQUINO, 1996,).

É preciso motivação e competência para a erradicação desses atos

indisciplinados em sala de aula que tanto desafiam os professores e os gestores de

modo geral.

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É no desejo de quererem enfrentar esse problema em sala de aula, que

os educadores deveriam se unir para achar uma solução para tal situação e acabar

com as lamentações da educação do passado, pois isso não levará a nada.

Talvez a conscientização da mudança nos atos e posturas de todos que

fazem a comunidade escolar, quem sabe um dia, possa auxiliar na identificação das

causas da indisciplina em sala de aula, buscando estimular a presença na escola

pelo prazer de estudar. Ou quando entenderem que a disciplina não tem relação

com atos grotescos. Dessa forma, o lugar do professor pode tornar-se um lugar de

passagem, de fluxo da vida. Se não, o aluno desaparece, torna-se plateia silenciosa

de um monólogo sempre igual, estático, à espera. (AQUINO, 1996).

O modo como o aluno indisciplinado é interpretado, é visto pelo professor,

é sem dúvida, a grande questão desse fenômeno que acarreta várias vezes em uma

série de implicações para a prática pedagógica. Antunes (2002, p. 25) destaca que

"ensinar não é fácil e educar mais difícil ainda; mas não se ensina quem não constrói

democraticamente as linhas do que é e do que não é permitido."

Giancanterino (2007, p. 87) afirma que:

A indisciplina em sala de aula e na escola tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos entre os educadores. Os grandes responsáveis pela educação de jovens, como a família e a escola, não estão sabendo ou conseguindo cumprir o seu papel.

Com base no pensamento do autor, constata-se que a crise da

indisciplina se dá em um âmbito geral envolvendo todas as esferas da educação e

não somente a escola.

Cury (2008) e a sua pesquisa desenvolvida no instituto Academia da

Inteligência com professores no Brasil apresenta que 92% destes estão com três ou

mais sintomas de estresse e 41% com dez ou mais. Esse resultado revela que

esses profissionais estão cada vez mais perdendo sua qualidade de vida por não

conseguirem resolver os problemas dentro da sala de aula e esse autor indaga: “que

tipo de educação se está construindo, que vem eliminando a boa qualidade de vida

de nossos queridos mestres?”

Nunca se falou tanto de disciplina como nos últimos tempos, e se está a

todo custo querendo impor limites às crianças. O professor reconhece a fragilidade

no sistema educacional devido à falta de investimentos na educação e procura, por

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si só, por métodos que amenizem essa disfunção em sala de aula e muitas vezes

encontra no autoritarismo a melhor forma de conter a indisciplina.

Por isso se diz que ser professor é muito difícil mesmo. Os alunos buscam

na figura deste a segurança em sala de aula.

Vasconcellos (2001, p. 127) diz que:

O professor desempenha neste processo o papel de modelo, guia, referência (seja para ser seguido ou contestado); mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também com os colegas. Uma coisa é o conhecimento “pronto”, sistematizado, outro, bem diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender.

O autor também fala que o grande referencial do aluno na escola é o

professor. Não há duvida que a sala de aula seja um grande palco de aprendizagem.

Um artigo publicado na revista Pátio Educação Infantil diz que os

professores manifestam diferentes estilos de personalidades em sala de aula.

(PLEHAN e SCHONOUR, 2010). Segundo esse artigo, podem-se descrever quatro

estilos de ensino fundamentais: autoritário, permissivo, desinteressado e

democrático.

O autoritário pode ficar chocado e raivoso quando os alunos não

seguem suas instruções.

O permissivo é legal demais e busca agradar sempre os alunos

permitindo que eles façam tudo dentro de sala de aula.

O desinteressado não está preocupado com a turma e, portanto não é

exigente.

O democrático, que é caloroso e exigente, sabe equilibrar as duas

coisas.

A pesquisa faz pensar em que tipos de professores estão em sala de

aula. Ela revela que o professor democrático é o modelo ideal. É aquele que se

preocupa com seus alunos e mantém uma boa relação com os mesmos.

O ato de ensinar não possibilita receitas prontas, é no dia a dia que as

relações vão se firmando.

As interações sociais (entre alunos e professores) no contexto escolar passam a ser entendidas como condição necessária para a produção de conhecimentos por parte dos alunos, particularmente aquelas que permitem

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o diálogo, a cooperação e troca de informações mútuas, o confronto de pontos de vista divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada um tem uma responsabilidade que, somadas resultarão no alcance de um objeto comum. Cabe, portanto, ao professor não somente permitir que elas ocorram, como também promove-las no cotidiano das salas de aula. (VYGOTSKY, 1987 apud REGO, 1995, p.110).

Outra forma de tentar entender e compreender a indisciplina é se

esquecer do passado e encará-la de modo criativo, ou seja, na reinvenção das aulas

com a utilização do lúdico, fazendo da sala de aula um ambiente de discussão e

aprendizagem. (AQUINO, 1996).

Ao iniciar a sua aula, o professor deve elaborar juntamente com seus

alunos, algumas regras de convivência para melhor interação em sala de aula.

Caberá também ao mestre delegar as responsabilidades aos seus alunos em caso

de alguém não cumprir as regras impostas por todos. Cabe a ele ter uma postura em

sala de aula que favoreça a aprendizagem dos alunos minimizando os contratempos

existentes.

Tiba (2006) fala que:

Para poder ensinar é preciso saber o que se ensina. Isso se aprende no currículo profissional. E saber como ensinar. O professor precisa conseguir transmitir o que sabe. Pode ser um comunicador nato ou vir a desenvolver essa qualidade treinando ou por meio da própria experiência.

Por isso é importante que o educador saiba lidar com os problemas em

sala de aula.

A aprendizagem dos alunos é um fator muito cobrado pelos gestores e

pais, que na sua maioria são ausentes, mas quando os filhos estão com dificuldades

no rendimento escolar cobram dos professores essa aprendizagem significativa.

É obvio que cabe a esses favorecerem a aprendizagem de forma

satisfatória, mas com o apoio da família tudo fica mais fácil. É comum se ouvir em

reuniões pedagógicas as queixas em relação a esse tema, como por exemplo, a

criança não presta atenção nas aulas, brinca o tempo todo, bate nos colegas, se

recusa a fazer as tarefas. Portanto a parceria entre família, escola e professor é

fundamental para o bom andamento do processo de ensino e aprendizagem dos

alunos.

Para Vasconcelos (2009, p. 240):

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É muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar, respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

Ainda de acordo com o autor, a situação se agrava mais porque os pais

delegam à escola a função de educar sozinha e não de ensinar e educar em

parceria. José e Coelho (1991, p. 210) também afirmam que:

Muitas das funções educacionais da família vêm sendo delegadas à escola, devido às alterações que ocorrem em nossa sociedade. O trabalho da mulher fora do lar, deixando a educação dos filhos bem antes dos 7 anos a cargo da escola, foi o fator decisivo de uma sobrecarga de responsabilidade para o professor.

Não adianta cobrar dos alunos uma postura que não é praticada dentro

da escola por todos que lá trabalham. O ato de educar, de mostrar boa conduta não

compete somente aos professores e sim a todos aqueles que convivem na

instituição de ensino. Quando a escola passa a refletir sobre o papel do professor,

sua formação continuada, e tem a família como uma aliada no processo de ensino-

aprendizagem, o problema tende a diminuir e a se resolver.

Saber lidar com essa questão é uma tarefa difícil para as instituições de

ensino. Não se pode negar que a escola acima de tudo tem seu papel de disciplinar

e os alunos de obedecer. Nesse sentido, a mediação do professor é de fundamental

importância para um bom convívio escolar e tornar a aula mais prazerosa. É

necessário também que os educadores repensem as suas práticas escolares, as

suas atitudes e comportamentos. Afinal, é também através da imitação dos modelos

externos que a criança aprende. (VYGOTSKY, 1984, p. 149).

Como abordado anteriormente, a prática pedagógica é uma arte que se

desvenda na prática em sala de aula. Quando o professor prepara sua aula com

prazer, com cuidado e se preocupa para este momento, o aluno se sente mais

motivado a aprender. Tiba (2006, p.132) faz uma comparação entre o mestre do

saber ao preparar suas aulas e um cozinheiro apaixonado pelo que faz:

O professor deve ter muita criatividade para tornar sua aula apetitosa. Os temperos fundamentais são alegria, bom humor, interação, respeito humano e disciplina. (...) os requisitos para um professor ser amado são combinar senso de humor e movimentação cênica: falar não só com a boca, mas com o corpo inteiro; saber estabelecer o limite entre o adequado e o inadequado; saber ouvir e exigir quando necessário.

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Assim o educador não tem que se preparar apenas para transmitir

conteúdos, mas acima de tudo para motivar o seu aluno a estar na escola. Despertar

seu interesse e buscar conscientizá-lo que a escola é um lugar bom, de trocas de

experiências. O docente tem que levar para sua sala de aula grandes doses de bom

humor para superar os problemas surgidos na mesma.

Assim observa-se que o problema dos atos indisciplinados nos principais

pilares da educação, escola e família só se erradicará quando os responsáveis pela

educação de tais crianças mudarem sua maneira de ensinar, saindo da agressão,

dos atos grotescos, dando lugar ao diálogo e a compreensão.

O professor na sua grande luta diária, além de identificar o “aluno-

problema”, deve se preocupar em saber as reais causas que o levam a se comportar

desse jeito. O processo de ensino-aprendizagem depende dos dois principais atores

para dar certo: o professor e o aluno, sempre unidos para que a educação dê certo.

Chalita (2001, p. 161) pondera que:

O professor - eis o grande agente do processo educacional. A alma de qualquer instituição de ensino é o professor. Por mais que se invista em equipamentos, em laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras esportivas, piscinas, campo de futebol - sem negar a importância de todo esse instrumental -, de tudo isso não se configura mais do que aspectos materiais se comparados ao papel e a importância do professor.

Segundo o mesmo autor só o ser humano é capaz de passar afetividade

a outro ser humano em sua arte de ensinar. As máquinas nunca substituirão os

valores sentimentais de um professor por mais sofisticadas que sejam, pois somente

o ser humano é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista de

cada aluno, de interagir com a dificuldade ou facilidade da aprendizagem. “(...) o

mestre tem de transbordar afeto, cumplicidade, participação no sucesso, na

conquista de seu educando; o mestre tem de ser o referencial, o líder, o interventor

seguro, capaz de auxiliar o aluno em seus sonhos, em seus projetos.” (p. 182).

Nesse contexto a afetividade ocupa posição importante no combate à indisciplina.

2.3.3.1 O ensino e a afetividade em sala de aula

Ultimamente tem-se dado muita ênfase à afetividade em sala de aula e é

vista hoje como uma grande aliada no processo de ensino-aprendizagem.

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Segundo Wallon, (1879-1962) a emoção é o primeiro e mais forte vínculo

entre os indivíduos e tem papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por

meio dela que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são

manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco

estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.

A tarefa de educar envolve muito mais do que uma simples troca de

conhecimento, envolve dedicação e também afetividade. O afeto é de extrema

importância nas relações, é nesse dado momento que o professor ganha a

confiança do aluno e gera um ambiente de diálogo.

Falar de afetividade é falar da essência da vida. Afinal, tudo se inicia com

as relações múltiplas e dentro da sala de aula não é diferente.

Mostra-se necessário estabelecer vínculos afetivos com os alunos

aceitando-os do jeito que são cheios de desejos, vontades e sentimentos e não do

jeito que se deseja que eles sejam.

Para Cunha (2008, p.51):

Em qualquer circunstancia, o primeiro caminho para a conquista da atenção de um individuo é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares, que muitas vezes, estão fechados às possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos na escola agressivos hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxilio ao professor mais eficaz.

A afetividade é de suma importância no processo de ensino –

aprendizagem. É principalmente na escola que as crianças vão desenvolver seu

lado emocional nas vivencias e nas trocas de experiências com o outro. Pode-se

dizer também que essa instituição é o lugar em que também se forma o ser.

Nesse espaço educacional, as crianças precisam se sentir apoiadas pelo

professor para que possam desenvolver suas aptidões. Quando em uma sala de

aula não há um ambiente afetuoso, esse espaço se torna de vez palco da

indisciplina como forma de protesto a esse modelo de ensino.

Segundo Cury (2008, p. 48):

[...] a afetividade deve estar presente na práxis do educador [...] os educadores, apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos

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altruístas, enfim, todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humano.

Baseando-se no que o autor disse, a afetividade deve estar presente na

sala de aula, aliás, deve ser o carro chefe para o processo de ensino –

aprendizagem.

Freire (1997, p.60) afirma que:

A afetividade por parte do professor não o abdica de sua responsabilidade e de sua autoridade. Ressalta que a prática educativa vivida com alegria e afetividade não prescinde da formação científica séria e da clareza política dos educadores. Enquanto os professores não perceberem que é, também através da dinâmica relacional do docente com a turma e da análise detalhada do que se passa no seio do grupo que podem melhorar o ambiente da sala de aula, não obterão grandes resultados.

Não somente o professor é o responsável pelo controle da indisciplina da

escola, todos que fazem a comunidade escolar também precisam estar envolvidos

nesse processo. A função do docente não é somente ensinar, é também levar os

alunos ao conhecimento, prepará-los para o exercício da cidadania e desenvolve-los

com valores humanos.

Para Vygotsky (1996, p. 78)

A relação professor/aluno não deve ser uma relação de imposição, mas, sim de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um ser interativo e ativo no seu processo de construção do conhecimento. O professor por sua vez deverá assumir um papel fundamental nesse processo, como um sujeito mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural é muito importante para a construção da aprendizagem. O professor é o mediador da aprendizagem facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais.

A construção do relacionamento mútuo é fundamental para a aquisição do

conhecimento. Um ambiente interativo se faz necessário nesse processo. É

importante compreender que as emoções compõem o ser humano e é necessário

saber lidar com elas.

Chalita (2004, p. 230) afirma que “o grande pilar da educação é a

habilidade emocional”, portanto no ambiente escolar é impossível desenvolver as

habilidades cognitivas e sociais sem trabalhar a emoção.

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As emoções estão presentes na sala de aula, portanto em cada momento

do processo educativo. Cabe ao professor saber lidar com as emoções das crianças

para melhor poder estimular seu crescimento individual.

A escola constitui-se num espaço essencialmente de educação e para

que essa educação seja de qualidade e as trocas sejam significativas é preciso ter

afeto. Segundo a teoria walloniana, emoção e cognição são dois aspectos

inseparáveis no desenvolvimento e se apresentam de forma antagônica e

complementar.

Além da afetividade, faz-se necessário o trabalho com os valores

humanos em sala de aula.

2.3.3.2 O ensino de valores humanos

Antigamente as escolas traziam um modelo de educação em que cabia

aos alunos a mera função de ouvir e aos professores a de ensinar. Não se tinha na

sala de aula uma interação no processo de ensino- aprendizagem.

As relações de afetividade eram muito restritas e com isso os valores

humanos eram ignorados. O único objetivo naquele tempo era preparar os alunos

para o mercado de trabalho.

Falar de valores humanos está atualmente muito presente nas instituições

de ensino. Já há uma grande preocupação quanto à formação do caráter da criança.

Sabe-se que a violência está crescendo e os gestores com medo de uma

grande catástrofe trabalham em suas instituições os valores éticos em sala de aula.

Apesar de se entender que esses valores deveriam ser trabalhados

principalmente pela família é na escola que o individuo vai descobrir a sua função e

a sua importância. O ser humano como protagonista desse processo deve ser bem

trabalhado para que possa intervir na sociedade de forma correta.

Com isso, Cury (2003, p. 72) expõe:

Bons professores são mestres temporários, professores fascinantes são mestres inesquecíveis e procurados pelos alunos. Um professor fascinante é amado, preocupa-se em transformá-los em engenheiros de ideias, ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão a diferença no mundo. Suas lições de vida marcam para sempre os solos conscientes e inconscientes dos seus alunos, o tempo pode passar e as dificuldades podem surgir, mas as sementes jamais serão destruídas.

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A ética e os valores humanos ganharam força no discurso dos

professores em geral, tendo como visão o novo modelo de sociedade. Pode-se

perceber professores mais engajados a trabalhar esses temas em suas aulas, a fim

de contribuir para uma sociedade mais humana.

Os valores humanos não devem ser encarados como um código da

conduta humana, pois devem ser vistos com uma conscientização do que é certo e

errado. Nesse sentido, passam a ser importantes para o Projeto Político Pedagógico

de uma escola.

A escola é um espaço de socialização, não há como ter um bom convívio

sem pregar a conscientização e prática de valores humanos.

Sabe-se que trabalhar os valores é algo subjetivo e seus resultados só

são vistos em longo prazo, pois são construídos na vivencia do dia a dia e

necessitam de muita dedicação. É fundamental que sejam trabalhadas com os

alunos atividades específicas que lhes tragam a reflexão sobre o comportamento

humano.

O processo educativo deve ser, portanto, responsável por levar os

sujeitos envolvidos a perceberem a importância de suas ações diante do mundo e as

capacidades que devem desenvolver para exercitar essas práticas no decorrer da

vida.

A educação é vista como um instrumento de mudança da sociedade,

onde o educador deve motivar os seus alunos a serem cidadãos ativos na

sociedade. Considerando que os princípios norteadores são os valores humanos,

deve-se inserir na educação uma valorização maior na aplicação dos princípios

morais.

Torna-se cada vez maior a preocupação de se ter uma educação que

prepare além do mercado de trabalho, que prepare para a vida. Uma educação

baseada em desenvolver habilidades sociais e pautada em valores éticos que forme

indivíduos comprometidos com a cidadania.

Concorda-se com Silva (2004, p.274) quando ele diz:

É preciso dar visibilidade, encontrar lugar para a preocupação com uma ética para a vida, onde a ciência se encontra com a espiritualidade, a razão

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com a emoção e a compaixão, o interesse individual com o coletivo, emergindo daí um fazer humano imbuído de sentido transcendente, complexidade e diversidade, e não apenas de um pragmatismo imediatista e embrutecedor.

Deve-se dar oportunidades ao aluno para que ele desperte o seu lado

mais humano para construir uma sociedade mais solidaria.

Percebe-se também que o uso da tecnologia transforma as relações

sociais em virtuais e com isso a socialização se torna mais distante.

Segundo Freire (2002, p.47) apud Bittar (2004, p. 74):

É fundamental, contudo, partirmos de que o homem ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que faz ser o ente de relações que é.

O ser humano está sempre em construção. A ética e os valores que o

autor fala são baseados na educação, haja vista que a mesma é de extremo valor

para a vida em sociedade e para a formação moral dos alunos.

Dessa forma a escola oportuniza a relação do conhecimento científico

com a visão de mundo atuando também em seu desenvolvimento ético.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

Inicialmente a pesquisa desenvolvida foi de caráter qualitativo que

segundo Denzin e Lincoln (2000, p.1):

(...) envolve uma abordagem interpretativa e naturalista de seu objeto de estudo. Isso significa que pesquisadores qualitativos estudam coisas em seu cenário natural, buscando compreender e interpretar o fenômeno em termos de quais os significados que as pessoas atribuem a ele.

Esse envolvimento se deu através da pesquisa bibliográfica, realizada em

livros, artigos, revistas, publicações, e textos disponibilizados na internet,

possibilitando um aprofundamento teórico, em autores que abordam, em seus

trabalhos, a história da indisciplina, as supostas causas da indisciplina e ao seu

surgimento em sala de aula.

Bastos (2002) esclarece que a pesquisa bibliográfica explica um problema

a partir de referências teóricas, fazendo-se uma análise da literatura já publicada em

forma de livros, revistas, imprensa escrita e disponibilizadas na internet.

Nesse sentido, Köche (1997, p. 122) reforça que o objetivo da pesquisa

bibliográfica é: “conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes

sobre um determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a

qualquer tipo de pesquisa”.

Foi realizada também pesquisa de campo que Bastos (2008) define como

um tipo de pesquisa que requer uma investigação bibliográfica inicialmente para

saber quais os trabalhos e opiniões já existentes sobre o assunto, e para se definir

técnicas e instrumentos a serem utilizados na coleta de dados, sendo realizada uma

análise posterior da mesma.

A pesquisa tem também uma abordagem quantitativa por trabalhar com

porcentagem e gráficos na análise dos dados coletados.

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3.2 Cenário

A pesquisa de campo foi realizada em uma escola particular no bairro da

Maraponga, na cidade de Fortaleza-CE. Essa instituição mescla a forma tradicional

de dar aula com a forma construtivista de ensinar brincando. Mas se preocupa

quando os professores escolhem a forma mais cômoda de ministrar sua aula devido

à falta de estímulos. Essa escola oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental e

Ensino Médio. É uma instituição de grande porte e atende crianças e adolescentes

de classe média.

A escola tem uma ampla estrutura física e um diversificado quadro de

professores graduados e especialistas.

Inicialmente procurou-se buscar não só conhecer a escola, mas

apresentar a proposta da pesquisa e pedir a permissão para a realização da mesma.

O colégio foi fundado no ano de 1982. O mesmo existe faz vinte e seis

anos com mais de 100 educadores e colaboradores que trabalham com

envolvimento e atenção nesse processo de ensino-aprendizagem.

Tem como objetivo geral formar integralmente seus alunos, a fim de torná-

los seres humanos autônomos, críticos e criativos.

A direção da escola afirma proporcionar ao educando o desenvolvimento

de sua identidade por meio de uma aprendizagem diversificada realizada por meio

da interação. Mas também segue uma linha tradicional de ensino que por sua vez, é

a mais utilizada.

Sob o objetivo de estudar as causas da indisciplina essa pesquisa traz a

tona esse tema que é tão presente no dia a dia escolar com o propósito de melhorar

o clima em sala de aula.

3.3 Participantes e período

Nesta pesquisa foram investigados tanto os alunos do 2º ano do

fundamental, assim como professores da mesma série da referida escola.

No mês de junho de 2013 foram realizadas as primeiras observações na

escola estudada, assim como algumas sondagens sobre as dificuldades

encontradas pelo professor em relação à indisciplina.

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Nos meses de agosto e setembro, foi realizada a pesquisa de campo e a

coleta de dados, tendo o questionário como ferramenta aplicada com as professoras

do 2º ano.

3.4 Coleta de dados

Nesta pesquisa foi feita a observação direta e sistemática em uma sala de

aula do 2º ano do ensino fundamental I no intuito de analisar o comportamento dos

alunos, como também as metodologias usadas pelo professor para evitar a

indisciplina.

O instrumento utilizado na pesquisa de campo foi o questionário, com

perguntas abertas e fechadas (APÊNDICE A) aplicado com seis professoras da

referida série. Nos questionários constam perguntas claras e objetivas sobre o tema

proposto, com o intuito de conhecer o que levaria ao surgimento dos atos

indisciplinados em sala de aula, as dificuldades enfrentadas pelos professores para

combater a indisciplina e o que deve ser feito para diminuir tal fenômeno.

3.5 Análise de dados

No final do mês de outubro foram realizadas as análises dos dados,

utilizando-se uma análise quantitativa e qualitativa, com base nas respostas dos

questionários. Ou seja, os dados foram representados na forma de gráficos e por

meio da exposição das respostas dadas no questionário.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Observações em sala de aula

Inicialmente se conversou informalmente com as professoras que

ensinam o 2°ano do Ensino Fundamental I e foi assistida a aula de uma destas no

período da manhã. Na sala de aula havia 26 alunos que possuíam idade de 6 a 7

anos.

Notou-se que a sala de aula tem algumas regras de convivência afixadas

na parede, como por exemplo: jogar lixo no lixo, respeitar a professora e os colegas,

entre outras.

A professora apresenta o conteúdo sempre levando em consideração o

conhecimento prévio do aluno. Percebeu-se que os alunos são bastante

participativos.

Foi observado que a educadora apropria-se do conteúdo com

tranquilidade e busca sempre inserir o aluno nesse processo.

Os alunos estavam sempre ocupados em atividades e afazeres

diversificados, mas foi notória a inquietação de alguns devido ao grande tempo que

passaram fazendo tarefas.

Sabe-se que a conduta do professor é de grande relevância para a

disciplina em sala de aula, mas o que se percebeu foi que as aulas em sua grande

maioria eram feitas dentro de sala de aula mesmo, podendo ser uma das causas de

surgimento da indisciplina.

Visto a aula toda, foi perguntado à professora se há um índice elevado de

indisciplina e ela respondeu que a escola emprega a metodologia tradicional, mas

dentro de sala de aula o professor tem total autonomia para propor atividades e

metodologias que achar necessário aos seus alunos.

E ainda ressaltou que o índice de indisciplina é maior nas turmas que

estudam no período da tarde, por ser mais quente e não se adequarem ao ritmo da

escola. Segundo a professora, são turmas que precisam de movimento, aulas mais

dinâmicas, e com isso as aulas fora da sala devem ocorrer com mais frequência.

Mas informou também que com a chegada de uma nova supervisora pedagógica

muita coisa mudou em relação às metodologias usadas em sala de aula, pois ela

tem uma visão construtivista do modo de ensinar.

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É sabido que a didática em sala de aula é relevante para uma boa

convivência nesse espaço. Trabalhar com jogos e experiências, introduzir novas

técnicas didáticas consistindo uma prática inovadora e prazerosa colaboram para

obter um ensino mais eficiente estimulando o aluno a ser pensador, questionador e

não um repetidor de informações.

Gilda Rizzo (2001, p.40) apud Monalisa Lisboa (2011) diz o seguinte: “(…)

A atividade lúdica pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador,

interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua

ação intelectual.”

Dando continuidade à análise, foi aplicado o questionário que foi

respondido por professores do 2° ano do Ensino Fundamental I. Foram feitas seis

perguntas em relação ao que é considerada indisciplina e sobre a postura do

professor, da escola e da família no processo de ensino aprendizagem desses

alunos considerados indisciplinados.

4.2 Questionários aplicados com os educadores

O questionário aplicado foi tranquilo e bem recebido pelas professoras

participantes. Foi possível uma conversa com elas, o que gerou um grande debate

sobre o tema abordado. As que participaram da pesquisa se mostraram

interessadas em respondê-la. Pode-se perceber que em quase todas as perguntas

as respostas foram parecidas. O mais interessante foram as justificativas dadas a

cada item analisado. Seguem abaixo os resultados da pesquisa.

4.2.1 Quanto ao olhar do professor em relação à indisciplina

Na primeira pergunta foi questionado aos professores quais

comportamentos são considerados indisciplina. Os dados estão representados no

gráfico 01.

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Gráfico 01 – Quanto ao comportamento dos alunos considerados

indisciplinados

Fonte: elaborado pela autora (2013).

De acordo com gráfico 01 os comportamentos mais mencionados foram

os alunos se levantarem do lugar (16%), levantar-se do lugar e conversar com o

colega (16%) e responder de forma agressiva aos colegas (16%) e professores

(16%).

Há também outros dois comportamentos que valem a pena ressaltar que

são: não atender as solicitações do professor (13%) e conversar durante as aulas

(13%).

De um modo geral, para os professores a indisciplina é algo que precisa

ser dado ênfase na escola. É um assunto ainda pouco trabalhado e diante da

filosofia da escola que segue uma linha tradicional de ensino pouco se faz para

melhorar essa situação. Na visão desses educadores, a indisciplina se refere aos

comportamentos que não estão ligadas a uma boa conduta e oriundos de fatores

externos. Os métodos e técnicas tradicionais precisam ser deixados de lado e a

escola enquanto instituição deve acreditar que o lúdico é eficaz como estratégia do

desenvolvimento na sala de aula.

Segundo Rego (1996 apud AQUINO, 1998), a indisciplina é caracterizada

por comportamento inadequado, sinal de rebeldia, que se traduz como rebelião ao

que lhes é imposto de forma abrupta.

8%

13%

4%

16%

16%

10%

16%

13%

4%

0%

Gráfico 1 – Comportamento dos Alunos Considerado Indisciplina

NÃO PRESTA ATENÇÃO A AULA

CONVERSAR DURANTE AS AULAS

NÃO PARTICIPA DAS AULAS

LEVANTAR-SE DO LUGAR ECONVERSARRESPONDER DE FORMAAGRESSIVA O PROFESSORCAÇOAR DOS COLEGAS

RESPONDER DE FORMAAGRESSIVA O PROFESSORNÃO ATENDER AS ORIENTAÇÕESDO PROFESSORS

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Pode-se perceber que de uma maneira geral, os educadores tem a

dificuldade de disciplinar seus alunos para uma aula mais prazerosa. Talvez pelo

fato desta serem quase todas ministradas dentro da sala de aula ou até mesmo pela

quantidade de conteúdos dados em um mesmo dia dificultando assim a motivação

dos alunos em participarem e socializarem nas aulas.

A dificuldade de comportamento enfrentada pelos profissionais é muito

grande, mas percebem que as aulas ministradas fora do ambiente da sala de aula

contribuem para enriquecer os conhecimentos de seus alunos pelo fato de serem

mais concretas e estimulantes.

Ainda ligado à pergunta feita aos educadores verificou-se que a escola

poderia se posicionar e dar um melhor aparato aos educadores de como trabalhar

com seus alunos mesmo dentro de sala de aula de uma forma lúdica investindo em

palestras, oficinas, enfim contribuindo para a formação continuada de seus

profissionais.

4.2.2 Quanto às causas do comportamento dos alunos indisciplinados

Na segunda pergunta foi indagado aos professores que causas são

atribuídas por eles ao comportamento indisciplinados dos alunos. Esse resultado

pode ser visto no gráfico 02.

Gráfico 02 – Quanto às causas da indisciplina

Fonte: elaborado pela autora (2013).

25%

25% 25%

25%

Gráfico 2 - Causas da Indisciplina

Família

Escola

Professor

Todos

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O gráfico 02 mostra uma divisão na visão dos professores em relação às

causas da indisciplina: 25% dos entrevistados aponta que as causas da indisciplina

estão ligadas a família. Eles apontam que é no âmbito familiar que a indisciplina se

instala. A família que não dá limites a seu filho acaba por estimular esse

comportamento. Se a criança convive no meio indisciplinado, o mesmo vai

apresentar esse comportamento também na escola. O que piora quando os pais são

ausentes nas reuniões e solicitações por parte da escola.

É sabido que a participação da família no processo escolar de seus filhos

é imprescindível. É nesse núcleo que as crianças desenvolvem a vida em

sociedade, aprendem a obedecer às regras e a ter responsabilidades. Diante disso,

cabe à família estimular seu filho a ser um bom estudante de modo a complementar

o trabalho da escola.

Como ressalta Freire (1996, p.106): “É indispensável que os pais tomem

parte das discussões com os filhos em torno desse amanhã. Não podem nem

devem omitir-se, mas precisam saber e assumir que o futuro é de seus filhos.”

A família precisa consolidar a ideia de que a responsabilidade na vida

escolar de uma criança é dela também. A parceria entre a família e a escola é

necessária para que ambas trabalhem a criança como um todo, nas suas

habilidades e limitações. É interessante essa boa relação entre escola e família, pois

favorece o desempenho escolar. É importante que a família esteja engaja no

processo de aprendizagem, haja vista que a escola deva caminhar exercendo sua

função ativa junto aos pais, informando, discutindo e orientando para que a

reciprocidade seja mutua.

O interesse e participação familiar são fundamentais. A escola necessita saber que é uma instituição que completa a família, e que ambos precisam ser um lugar agradável e afetivo para os alunos/filhos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno (TIBA, 1996, p.140).

.

Os pais são os pioneiros na educação de seus filhos e devem se fazer

presentes no processo de aprendizagem. A parceria entre a família e a escola é de

grande importância para juntas driblarem os obstáculos referidos à indisciplina.

Dos professores pesquisados 25% acredita que as causas da indisciplina

têm a ver com a escola. A seu ver a instituição escolar é despreparada e não dá o

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apoio necessário aos professores no sentido de uma qualificação mais voltados para

os problemas provenientes da indisciplina.

A escola deve apresentar seu Projeto Político Pedagógico (PPP) aos

professores e todos que fazem a comunidade escolar e realizar encontros com a

coordenação pedagógica para sensibilizá-la e informá-la da realidade encontrada

em sala de aula.

Acerca do que foi apresentado verificou-se que a disciplina é algo

almejado por todos e a escola por sua vez deve criar mecanismos que viabilizem

essa prática.

O autor Vasconcelos (1995, p. 59) diz que: “só se alcança a disciplina

através do trabalho consequente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno

se sinta feliz e co-responsável pelo êxito escolar.”

Ainda 25% das professoras responderam que a causa da indisciplina está

associada à dificuldade de conduta encontrada pelo professor. O educador, por sua

vez, precisa se conscientizar que também a sua postura em sala de aula é de

grande influencia no comportamento de seus alunos, e não somente os fatores

externos em que estão inseridos.

O profissional da educação deve refletir sobre a sua prática pedagógica,

afinal é o maior exemplo a ser seguido em sala de aula mostrando satisfação em

desempenhar seu papel. Tiba (2006, p. 130) expõe: “Quanto maior for o número de

“fios invisíveis” tecidos entre o professor e os alunos, maior será a integração dele

com a classe.”

E finalmente os outros 25% acredita que a causa da indisciplina está

associada à família, à escola e ao professor. O compromisso deve ser de todos. Não

adianta o professor sozinho tentar reduzir a indisciplina. Todos os envolvidos devem

criar meios para disciplinar o aluno.

Escola e família devem caminhar sempre juntas a fim de desenvolver no

aluno uma nova conduta. E o professor se torna um elo de ligação entre as duas

instituições e o aluno.

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4.2.3 Quanto à conduta do professor para minimizar a indisciplina

A terceira pergunta feita foi sobre a conduta do professor em sala de aula

para minimizar a indisciplina. Sobre os critérios analisados são várias as respostas

dadas. Nesse sentido, procurou-se selecionar as mais comuns. Seguem no gráfico

03.

Gráfico 03 – Quanto à conduta do professor para minimizar a indisciplina

Fonte: elaborado pela autora (2013).

De acordo com o gráfico 03, 30% dos entrevistados alega que o diálogo é

um grande fator que leva ao controle da indisciplina. Conversar com o aluno sobre

seus atos, mostrando suas consequências influenciando no bom convívio escolar

pode sim ajudar a manter um bom clima de convivência em sala de aula.

É de grande relevância ressaltar que os acordos firmados, relatados por

30% dos pesquisados, com as crianças também contribuem para minimizar a

indisciplina. Uma das professoras salienta que: “Tudo aquilo que é dito deve ser

realizado, os alunos precisam confiar em você.”

De acordo com Tiba (2006, p. 15):

Disciplina não é a obediência cega às regras como um adestramento, mas um aprendizado ético, para se fazer o que deve ser feito, independentemente da presença de outros. Aliada à ética, a

30%

20% 20%

30%

Gráfico 3 - Conduta do Professor Para Minimizar a Indisciplina

Dialogo

Interação

Dar responsabilidades ao aluno

Firmar acordos

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disciplina gera confiança mútua nas pessoas – um dos fortes componentes do amor saudável que traz progresso a humanidade.

É importante ressaltar que a disciplina está relacionada às regras, mas

não regras impostas. Para que haja o cumprimento dessas, elas precisam ser

construídas por todos e aqueles que não as seguirem sofrerão as consequências

definidas em grupo. Isso é um exercício de cidadania em sala de aula.

As interações e as responsabilidades dadas aos alunos também foram

apresentadas na entrevista. Educadores (20%) alegam que essas formas de agir

tornam o ambiente mais harmonioso.

Ter uma relação de amizade e reciprocidade é uma boa estratégia para o

combate a indisciplina. A participação dos alunos nas decisões em sala de aula os

torna participantes ativos do processo de ensino e aprendizagem, e ainda

desenvolve a sua autonomia.

Ainda é pertinente observar que:

É essencial à educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina. E para isso é necessária a presença de uma autoridade saudável. E o segredo que diferencia o autoritarismo do comportamento de autoridade, adotado para que a outra pessoa se torne mais educada ou disciplinada, está no respeito à autoestima. (TIBA, 2006, p.24).

Nesse contexto, o autor é peça fundamental no que se refere à motivação

e participação dos alunos de forma tranquila e saudável.

4.2.4 Quanto ao olhar da escola em relação à indisciplina

Foi perguntado aos entrevistados o que a escola deve fazer para ajudar

no combate a indisciplina. Esta resposta está representada no gráfico 04.

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Gráfico 04 – Quanto ao papel da escola na aprendizagem de alunos

indisciplinados.

Fonte: elaborado pela autora (2013).

Segundo os dados do gráfico 04, na opinião dos professores (75%) a

melhor forma da escola se posicionar em relação à indisciplina é entrar em contato

com a família dos alunos ditos indisciplinado, sempre buscando o diálogo com esses

pais. Os pais são os pioneiros na educação dos filhos, é o primeiro grupo em que a

criança faz parte e estes devem estar atentos ao comportamento de seus filhos.

Outro fator mencionado por 25% dos pesquisados é dar atenção

especializada a esses alunos. A escola deve disponibilizar um acompanhamento

pedagógico e psicológico para trabalhar nesses alunos a conscientização sobre as

suas ações.

Em um artigo divulgado pela Revista ÉPOCA se encontrou um educador

português preocupado com a indisciplina. José Pacheco coordenador a 28 anos da

Escola da Ponte quebra paradigmas e lança uma instituição em que não há series e

todos estudam juntos. Os alunos, muitos deles violentos, transferidos de outras

instituições - definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de

pesquisa, tanto em grupo como individuais. Os alunos constroem as regras em

assembleia. É um projeto que até hoje vem dando grandes resultados, pois na visão

de Pacheco:

75%

25%

Gráfico 4 - O papel da Escola na Aprendizagem de Alunos Indisciplinados

Dialogar com a família

Ter acompanhamentoespecializado

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As escolas ditas tradicionais mantêm-se presas às necessidades sociais do século XIX. Naquele tempo, era preciso haver segmentação, uniformização, padronização industrial. Agora estamos no século XIX e as exigências são outras. (PACHECO, 2008, p.55).

Por isso a necessidade de se trabalhar bem de perto as ações e reações

das crianças principalmente se puderem interferir de uma maneira positiva na

educação das mesmas. O papel da escola está no fato de articular essa construção

educacional.

4.2.5 Quanto à família no processo de ensino aprendizagem dos alunos ditos

indisciplinados

Foi questionado na pesquisa aos professores se os pais de seus alunos

se fazem presentes na vida escolar de seus filhos. O que pode ser observado no

gráfico 05.

Gráfico 05 – Quanto à presença da família no processo de aprendizagem

de crianças indisciplinadas

Fonte: elaborado pela autora (2013).

De acordo com os dados do gráfico 05, 75% das famílias só vai à escola

de vez em quando, nas reuniões. Para as professoras a maioria das famílias se

25%

25% 75%

Gráfico 5 - As Famílias no Processo de Ensino-Aprendizagem de Alunos Indisciplinados

Sim

Não

Às vezes

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omite da responsabilidade sobre a educação de seus filhos. Acham que a culpa do

comportamento indisciplinado dos mesmos se deve a escola e professores.

As educadoras apontam a família como principal agente do fracasso

escolar. A participação da mesma é uma necessidade contemporânea para todos

que fazem a comunidade escolar. A sua efetivação na escola deve ser constante e

consciente.

Em contrapartida alguns profissionais afirmam que essa instituição se

nega a participar da vida escolar de seus filhos. Percebem que os pais usam

desculpas, que não têm tempo e deixam os filhos fazerem tudo o que querem sem

nenhuma cobrança. Dessa maneira, para Içami Tiba (2007, p.63):

As crianças precisam ser protegidas e cobradas de acordo com suas necessidades e capacidades, protegidas nas situações das quais não conseguem se defender, e cobradas naquilo que estão aptas a fazer.

Portanto é necessário que a família assuma seu papel de principal

educadora e participe da vida escolar de seus filhos.

4.2.6 A indisciplina e a responsabilidade do professor

Para finalizar foi perguntado se o professor pode ser um dos causadores

da indisciplina. Esses dados podem ser vistos no gráfico 06.

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Gráfico 06 – Quanto à responsabilidade do professor no processo de

indisciplina

Fonte: elaborado pela autora (2013).

De acordo com o gráfico 06 pode-se verificar que 50% dos entrevistados

apontam o educador como também responsável pela indisciplina. Já os demais 50%

discordam dessa afirmativa apontando outros fatores, tais como: a família e os

fatores externos, como por exemplo, a falta de uma boa estrutura na sala de aula.

Percebe-se que alguns aspectos da conduta do professor podem ser

geradores da indisciplina, como por exemplo: a desorganização, o mau humor e até

mesmo o despreparado e a falta de conhecimento do assunto a ser estudado em

sala de aula que podem contribuir para o surgimento da indisciplina em sala de aula.

Segundo Tiba (2006, p. 132 e 135):

O professor deve ter muita criatividade para tornar sua aula apetitosa. [...] o professor precisa provocar, captar atenção dos alunos para o que esteja falando. O que a gente vê não esquece, o que nem sempre ocorre com o que lemos.

Com os resultados que foram mencionados, pode-se afirmar que alguns

professores se esquivam de suas responsabilidades relacionando as causas a

outros fatores.

50% 50%

Gráfico 6 - A responsabilidade do professor no processo de indisciplina

Concorda

Discorda

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De acordo com Palato (2009, p. 102-104), “seria positivo se a família em

conversas com professores e coordenadores explicasse sua situação e qual seria a

melhor forma de participação para a educação de seu filho, com certeza tudo

poderia ser bem melhor”.

É importante que o professor se veja como uma ponte que pode ligar

família e escola, assim como um imã que atrai para si alunos interessados em seus

ensinamentos.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que com esta pesquisa os objetivos traçados foram

atingidos e os questionamentos iniciais respondidos. Tratar a indisciplina em sala de

aula se as suas causas são desconhecidas é muito difícil. Trabalhar o tema de

imediato, sem saber o porquê do ato torna a vida dentro da sala de aula muito difícil.

O que se torna preocupante é o fato da escola seguir uma filosofia pedagógica de

cunho tradicional, pois as crianças passam muito tempo dentro da sala de aula e

acabam por não experimentarem vivências especiais, como as aulas lúdicas. O que

chamou atenção foi o fato dos professores quererem mudar sua metodologia para

amenizar a problemática em sala de aula, mas muitas vezes não é possível por

terem que dar conta dos conteúdos exigidos pela escola.

A pesquisa realizada, os questionários aplicados, os dados analisados

fizeram compreender que as crianças precisam de regras e limites para viverem

harmoniosamente no ambiente escolar, mas regras acordadas, concedidas e

elaboradas em conjunto com a escola e educadores.

A família é fator de grande relevância na educação, é uma esfera de

grande contribuição para um ensino de qualidade.

A escola deve participar ativamente no combate aos atos indisciplinados

de seus alunos, porém na maioria das vezes se coloca erradamente diante dos

fatos, algumas vezes com atitudes autoritárias, excludentes ou fingindo que não

existem tais atos, o que prejudica ainda mais o andamento da boa convivência no

espaço escolar.

A partir dos dados obtidos pode-se afirmar que as práticas pedagógicas

quando desenvolvidas juntamente com toda a comunidade escolar tendem a

alcançar os objetivos positivamente. O desenvolvimento humano e cognitivo

trabalhado a partir de uma visão integral e ética poderá diminuir significativamente o

índice da indisciplina em sala de aula.

A equipe pedagógica deve dar assistência aos alunos em consonância

com o projeto político pedagógico procurando não somente diagnosticar os

chamados “alunos problemas”. Esta deve adequar o PPP a realidade da escola e

trabalhar frente aos problemas que ocorrem. Essa instituição também deve trabalhar

com projetos a fim de resgatar nos alunos a boa conduta, e acima de tudo, valorizar

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a figura dos professores. É importante também o investimento e incentivo na

qualificação de formação de seu corpo docente.

Além disso, o suporte técnico de psicólogos e psicopedagogos se faz

necessário para o acompanhamento e auxílio dos alunos que apresentam

frequentemente comportamentos indisciplinados.

Propiciar um ambiente de interação com todos os funcionários é uma

maneira de amenizar os conflitos na escola, os alunos precisam se sentir bem

tratados por todos, o que remete a uma reflexão sobre o resgate da afetividade e

dos valores humanos. Afinal, ensinar é muito delicado. Ensinar é para vida. Ter

compromisso e competência é muito mais do que simplesmente transmitir

conteúdos. E em todo processo que envolve vidas é preciso desenvolver aptidões e

explorar habilidades.

A indisciplina sempre existirá em sala de aula, o que se deve fazer é

encontrar meios que diminuam esse fenômeno. Em alguns casos ela surge por

alguns erros cometidos pelos próprios professores, daí a importância de refletirem a

sua práxis diariamente. A aula precisa ser mais dinâmica e interessante, com a

utilização de diversos meios que façam surgir naquele o gosto e o prazer pelo

conhecimento. Faz-se necessário que o professor conheça a realidade de seus

alunos para então promover a mediação pedagógica de forma consciente e a melhor

técnica para conduzir a aprendizagem dos conteúdos.

Por isso a necessidade do uso de ferramentas lúdicas, de aulas

realizadas fora de sala, dentre outras técnicas que deverão ser analisadas e

aplicadas no dia a dia com o intuito de estimular os alunos a investigar, levantar

hipóteses, formular seus próprios conceitos para chegarem de fato à aprendizagens

significativas.

Por fim, a crise educacional se instala a partir do momento em que

família, escola e professores cruzam os braços para a realidade e ficam procurando

os culpados. Compete aos grandes pilares da educação se unirem e juntarem forças

para mudar esse quadro deixando a educação se tornar um grande instrumento de

mudança da sociedade e a escola um espaço de convivência prazeroso. Fazer uma

escola de qualidade significa envolver todos os participantes para dar e escolher

juntos possíveis soluções para seus problemas e desafios. Acredita-se que mais

estudos são necessários para uma maior compreensão da indisciplina, inclusive de

soluções para a mesmo.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO COM AS PROFESSORAS

FACULDADE CEARENSE – FAC

CURSO DE PEDAGOGIA ALUNA: FRANCISCA LUCIVANDA DA SILVA Caro professor estamos elaborando essa pesquisa para a realização do trabalho de conclusão de curso (TCC), com o tema relecionado a indisciplina em sala de aula. Sabendo que o questionário é um instrumento básico para a elaboração desse trabalho, venho pedir sua colaboração para que possa responder as questões que seguem abaixo. Vale ressaltar que sua identificação será sigilosa e serão usadas apenas as informações dadas. Desde já agradecemos a sua participação.

1º Quais os comportamentos por parte dos alunos são considerados indisciplina? ( ) Não prestar atenção a aula

( ) Conversar durante as aulas

( )Não participar das aulas

( ) Levantar-se do lugar e conversar com o colega

( ) Brigas em sala de aula

( )Responder de forma agressiva ao professor

( ) Caçoar dos colegas

( ) Responder de forma agressiva aos colegas

( ) Não atender ás solicitações do professor

( ) Outros _____________________________________________________

2º Que causas você atribui ao comportamento dos alunos indisciplinados?

( ) Dificuldade de condução por parte da família.

( ) Dificuldade de condução por parte da escola

( ) Dificuldade de condução por parte do professor

( ) Outros ________________________________________________________

3° Que conduta você tem em sala de aula para minimizar os problemas oriundos da

indisciplina?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4º O que a escola pode fazer para ajudar no processo de aprendizagem de crianças

indisciplinadas?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5º Em relação aos alunos ditos indisciplinados, as famílias se fazem presentes no

processo de ensino aprendizagem dos mesmos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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6° Você concorda ou discorda quando dizem que o professor pode ser um dos

causadores da indisciplina? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________