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COISA COISA COM COISA COM COISA É OUTRA É OUTRA COISA COISAAntonio Arney Antonio Arney 90 anos 90 anos

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Page 1: CCOISA OISA CCOM COISA OM COISA ÉÉ OUTRA OUTRA … · sem falta”, pinturas de 1966, nasce o nome do presente texto. De título descontraído, 90: daqui a sete meses mais ou menos

““COISA COISA COM COISA COM COISA

É OUTRA É OUTRA COISACOISA””

Antonio Arney Antonio Arney 90 anos90 anos

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Artista infatigável e que se renova constantemente, Antonio Arney foi o es-colhido pelos alunos da Disciplina de História da Arte no Brasil II, do Curso de Artes Visuais, da Universidade Federal do Paraná, para uma Exposição come-morativa aos seus 90 anos que ocorre neste ano de 2016.

É um dos exercícios de Conclusão de Curso realizado pelo grupo de estudan-tes e orientados pelo professor da disciplina, mas é uma obra profi ssional como o título que acabam de receber seja este de bacharéis em Artes Visuais e prontos para executar curadorias, textos críticos, montagens de exposições, ou de licen-ciados, para praticarem as orientações e monitorias, comprovando a excelência do seu aprendizado.

Este artista que durante os anos 60 e 70 do século passado foi um dos pionei-ros da contemporaneidade no Paraná, trabalhando o suporte da obra de arte e se aproximando, quase como um precursor, do movimento da Arte Povera, embora os seus olhos e ouvidos estivessem ligados a questões bem próprias das pesqui-sas paranaenses na arte abstrata. Largou a tinta e o pincel e agiu na direção construtiva ao se apropriar de materiais banais e descartáveis. Depois de ter sido homenageado, inclusive com sala especial, na XI Bienal de São Paulo, Ar-ney fi cou obscurecido por alguns anos e agora, a partir do ano 2000, retoma com força as suas criações, quase como um divertimento, no sentido musical, sobre aquilo que havia feito no passado, mas não deixando de renovar, como ele mes-mo diz, agora além de manipular os materiais, madeira, metal e papel, através de operações físicas e de tingimentos ele acrescenta também as costuras.

Estes jovens profi ssionais, formandos da turma 2012-2015, querem assim nos mostrar que o trabalho artístico é uma renovação constante, o artista põem fre-quentemente em crise o seu trabalho e ao inovar na sua obra, nos ajuda a revi-gorar a nossa visão de mundo.

Fernando Bini

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90: daqui a sete meses mais ou menos

Memória e temporalidade. Duas características que podemos reconhe-cer no trabalho do artista paranaense Antonio Arney. Sem afi nidade com o pincel e tinta à óleo, não se interessou em aprender a pintura acadêmica. Suas vontades em arte sempre surgiram de maneira natural e instintiva. Materiais alternativos que podem ser considerados inúteis para muitos ganham força em suas pinturas. Seus trabalhos rompem com a conven-cionalidade do pincel e tela, criando assim pinturas objetos. De persona-lidade simples, parece não ter ideia de sua tamanha importância na arte paranaense. Revolucionário, substitui a tela pela madeira, a qual pode ser aglomerada a outros elementos, formando uma pintura escultural.

Arney demonstra-se atento à vida da matéria, sinônimo de histórias, de trajetórias. Apaixonado pela temporalidade aliada a geometria e simetria, utiliza de princípios básicos da linguagem visual: a densidade, seja na cor ou no objeto, se materializa nas pinturas em forma de gravidade estética. O peso visual é a base que sustenta seus trabalhos. Acréscimo de objetos metálicos como parafusos e porcas procuram tratar também sobre a ação do tempo. Interferências são feitas pelo próprio artista, outras, como ele mesmo diz, pela sua “equipe de cupins”. As cores são simples, verde, ver-melho, preto, aqui e ali, nada que comprometa a memória do material. A materialidade é o ponto principal de suas pinturas.

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Aprendeu o ofício de marcenaria com o seu pai, e foi a partir de suas vivências que criou a relação de proximidade com a madeira. Cresceu no campo observando a natureza, não poderia ser diferente. Humildade no material, humildade na personalidade. A natureza e o tempo fazem a sua parte, Arney reaproveita. A aceitação da deterioração dos materiais, da ferrugem dos metais, e o rastro deixado pelos cupins são de extrema importância em seu processo artístico. Olhar para suas obras é olhar para o passado, é dar valor às coisas que no primeiro momento parecem descartáveis. Suas pinturas são uma união de histórias, cada objeto adicionado possui a sua. Histórias pregadas, coladas, memórias interfe-ridas, Arney age espontaneamente sobre os materiais.

Além de pintor, Arney também é amante da literatura. Para ele a palavra tem importância e traz isso de maneira imagética em alguns trabalhos. Utilizando folhas de seus próprios livros, ele as tinge, fura e dá uma nova característica ao material. Esses trabalhos deixam de ser papel e se transformam ao olhar do espectador, trazendo requinte, textu-ras e uma elaboração maior ao comum.

Relembrando os títulos “Uma hora mais ou menos” e “Para amanhã sem falta”, pinturas de 1966, nasce o nome do presente texto. De título descontraído, 90: daqui a sete meses mais ou menos é uma homenagem aos noventa anos de idade do artista Antonio Arney, à sua vasta carreira artística e ao seu espírito humorado.

Um grande artista é um grande homem numa grande criança.” Victor Hugo

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Colagem com rejeitos, 2015, madeira, metais, papel. dimensão: 60x40cm

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Colagem com rejeitos, 2015, madeira, papel. dimensão: 64x40cm

Colagem com rejeitos, 2014, madeira, dimensão: 57x29cm

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Serrote, 2014, dimensão: 18x51cm

Comparação de valores, 2015, madeira, metais, couro, papel. dimensão: 60x50cm

Colagem com rejeitos, 2015, madeira, metais, papel. dimensão: 60x40cm

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Antonio Arney“O meu currículo de pintor está quase completo: mecânico, car-

pinteiro, marceneiro e fi nalmente sou também costureiro”.

Antonio Cordeiro dos Santos, Piraquara/PR, 29 de setembro de 1926.Se muda para Curitiba em 1957, é autodidata, mas frequentou o atelier do Cír-

culo de Artes Plásticas do Paraná desde o fi nal dos anos 1950 e fez parte do Movi-mento de Renovação da arte paranaense.

Abandonou a pintura pela colagem e pela assemblage de matérias precários e inusitados como a madeira, jornais, parafusos e objetos recuperados.

Recebeu oito prêmios no Salão Paranaense. Participou da Pré-Bienal de São Paulo (1970) e da Bienal Internacional de São Paulo (edição XI, 1971). Duas vezes fez parte do Salão Nacional de Artes Plásticas (1978 e 1980).

Orientou o atelier de Madeira, estudos e pesquisa dos Materiais do Centro de Criatividade da Fundação Cultural de Curitiba (1973/1979) e foi orientador do Curso de Colagem na Arte no Atelier do Museu Alfredo Andersen.

Possui onze obras em acervos de museus públicos de Curitiba: uma obra no acervo do Museu de Arte da UFPR (MusA), duas no Museu Municipal de Arte (MuMA), três no Museu Oscar Niemeyer (MON) e cinco no Museu de Arte Con-temporânea do Paraná (MAC/PR). Inúmeros trabalhos em coleções particulares.

Realizou várias exposições individuais e participou de inúmeras exposições co-letivas no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul, incluin-do as cidades de Aarau, na Suiça, e de Himeji, no Japão.

Realizou exposição individual no Museu Guido Viaro, em Curitiba, em 2014, e em 2015 (Museu de Arte Sacra – MASAC, Curitiba/PR).

Para 2016, festejando o aniversário de 90 anos do artista, foi prevista esta expo-sição no MusA, Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ReitorZaki Akel Sobrinho

Vice-ReitorRogério Andrade Mulinari

Pró-Reitora de Extensão e CulturaDeise Cristina de Lima Picanço

Coordenador de CulturaRonaldo de Oliveira Corrêa

MUSEU DE ARTE DA UFPR

MuseólogaLidiane Nascimento

Produtor CulturalRonaldo Santos Carlos

Assistente em AdministraçãoDeise Colucci

RecepçãoLucas Bastos de AlmeidaMaria Zeli Alves RibeiroZuleica Ribeiro dos Santos

Bolsistas Cultura 2015Carolina Tokars WernickWillian Dolberth

Período expositivo:11 de fevereiro a 09 de abril de 2015

MontagemEllen Patrícia de OliveiraErica Storer de AraujoEvelly Caroline Rodrigues da SilvaIuska Volski MotaLarissa Nepomuceno Mo-reiraLeonardo Silva RossiMonique Harms SchuartsTereza Bossler Pinto

Design Gráfi coEstela Ribeiro KuntzWilson M. Voitena, PROEC

Imprensa e divulgaçãoEllen Patrícia de Oliveira

Coordenação da exposiçãoProf. Fernando A. F. Bini

Agradecimentos:Antonio ‘‘Arney’’ dos San-tos; Paulo Reis; Ronaldo de O. Corrêa; Stephanie D. Batista; Lidiane Nasciemn-to; Museu de Arte Contem-porânea do Paraná; Museu Oscar Niemeyer; Conselhei-ros do Museu de Arte da UFPR.

CuradoriaCarolina WernickErica Storer de AraujoIuska Volski MotaMarina Ramos da Silva

Texto do catálogoAmanda Taborda SchefferLaís Ribeiro MarcelinoMariana Kreusch FrancoYasmin Tatiana Kozak de Almeida

PesquisaGloria Maria Dutra WolffLuiza Ferreira Gusi

EducativoAna Beatriz Marion ValariniBruno Ferreira de SouzaEllen Patrícia de Oliveira

EntrevistasLarissa Paula SetimMatheus Henrique Alves

Audio VisualCarolina StonogaGustavo RibeiroMurilo Stupak de AzevedoThais Fernanda Steff Peixe

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Antônio Arney trabalha o tempo dos ma-teriais que encontra, ora trazendo a tona a história na deterioração, ora produzindo um novo tempo sobre eles. Ao resgatar a madei-ra em decomposição ele suspende o envelhe-cimento neste material, concomitantemen-te cria a ilusão de durabilidade nos papéis que transforma visualmente em couro. A destreza do artista em unir elementos tão diversos, trabalhando tempo, peso, cor e es-paço cria objetos harmônicos e provocativos. Como diz o próprio Arney: ‘‘Coisa com coisa é outra coisa’’

R. XV de novembro - 6951º andar - Centro - Curitiba - PR2ª a 6ª feira das 9h às 18hsábados das 9h às 13hEntrada franca(41)3310-2603 - [email protected]