tudo é sempre outra coisa

Diapositivo 1

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C:\Users\Graa\Documents\Scan0006.jpgA leitura deste livro pode comear

por qualquer pgina. Mas, se se

comear pelo princpio, descobre

se que h aqui algum que gosta

de ver o que h do outro lado. E

que lado esse? Talvez o outro

lado do que se v, o outro lado do

que se ouve, o outro lado do que

se sente. At o outro lado de cada

palavra, que as palavras s vezes

tm vrios lados, como as coisas. E

h prosa que parece poesia, poesia

que parece prosa... Porque nem

tudo s o que parece ser. Como

dizia certo poeta, tudo sempre

outra coisa...

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O teclado do computador guarda, ningum sabe onde,

um ba cheio de poemas. De vez em quando, quase

sem se dar por isso, um deles emerge e aparece no ecr.

Se os lpis afiados tivessem nome, chamar-se-iam

Domenico , Domingos ou Dominique. Dependia da

nacionalidade.

Para no se tornar intil, o pesa-papis recusa-se a fazer

dieta.

Qual a pessoa, animal ou paisagem perdo! qual o objeto que reclama mais ateno de tanta gente? o telemvel!

At quando entoa uma melodia alegre, a voz do

violoncelo soa um pouco triste.

Certos espirros soam como pratos numa orquestra.

Os badalos batem mais nas paredes da cabea do que

nas campnulas dos sinos.





C:\Users\Graa\Documents\Scan0016.jpgC:\Users\Graa\Documents\Scan0016.jpg










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Borracha

Como um bombeiro

de apagar cinza em vez de fogos,

a borracha apaga, apaga.

E quanto mais apaga

mais a si mesma se apaga

at ser nada.
(Pg. 18)

A sombra quieta

Era uma vez uma sombra

que no parava de estar quieta.

Quanto mais quieta estava

mais o pobre corpo

se mexia

e saltava, esbracejava, corria.

Tomado pelo medo,

o corpo acabou por fugir

daquele sinistro lugar.

Nunca mais ningum o viu.

E a sombra?

Ainda l est.

Ali, naquele lugar.

(Pg. 9)

Chama

Dana a chama, aquece, queima,

prende o olhar e o pensamento.

A chama extingue-se sempre,

mas o seu mistrio nunca.
(Pg. 33)

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