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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MARCIA PARANHOS DA SILVA
CASA DE EXCURSÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ:
Um estudo indicativo de um meio de hospedagem
Balneário Camboriú SC
2016
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
MARCIA PARANHOS DA SILVA
CASA DE EXCURSÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ:
Um estudo indicativo de um meio de hospedagem
Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTUR como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria Linha de Pesquisa: Gestão das Empresas de Turismo. Orientador: Profº. Dr. Luciano Torres Tricárico
Balneário Camboriú SC
2016
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Pró- Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
MARCIA PARANHOS DA SILVA
CASA DE EXCURSÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ:
Um estudo indicativo de um meio de hospedagem
Projeto de Dissertação avaliado e aprovado pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria.
Membros da comissão:
Presidente: __________________________________ Profº Dr. Luciano Torres Tricárico Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI Membro Externo: __________________________________ Profº Dr.Carlos Eduardo Silveira Universidade Federal do Paraná - UFPR Membro Interno: __________________________________ Profº Dr. Luiz Carlos da Silva Flores Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
Dedico este trabalho ao meu pais, Juarez (in
memorian) e Maria Clara, minhas grandes
inspirações para aprender.
AGRADECIMENTOS
A Deus onipresente, e aos meus pais, Juarez e Maria Clara, que me deram a
oportunidade de estar aqui e me ensinaram com exemplos a lutar . Mãe querida,
obrigada por me empurrar para frente sempre. Você é luz.
Aos meus filhos, Mariana e Miguel, e meu neto Antoni, que me instigam a não
desistir das batalhas com amor e energia.
A meu orientador Luciano Torres Tricárico, por acreditar no meu potencial e
manter o otimismo.
Aos professores Yára Christina Cesário Pereira e Paulo dos Santos Pires, pelo
auxílio indispensável com correções instigantes, na banca de qualificação.
Ao coordenador do Programa de Mestrado Acadêmico em Hotelaria e Turismo, Profº
Dr. Francisco dos Anjos, peça simplicidade e por nos encorajar sempre a buscar a
excelência.
Ao professor Thiago dos Santos, pelo pelas valiosas sugestões.
Ao professor Carlos Eduardo Silveira, por aceitar o convite para participar da
banca de defesa e contribuir com relevantes observações.
Aos queridos colegas de Mestrado Andrea Lima Barros, Luiz Ailil Vianna Martins
e Leonardo Garcia pela parceria.
A colega de estudos Fernanda Farias, alma generosa que em vários momentos me
estendeu a mão. Você é linda!
A minha turma de yoga, colegas e mestras Rô Pacheco, Aline Reipert e Nati
Nardom Schapinsky.
Ao Centro Espírita Kardecista Casa de Jesus, na pessoa de Nadir Dalla Nora e
irmãos, por toda energia positiva a mim dispensada.
Ao Isaque Borba Correa e Teresa Benvenutti, pela generosidade em dividir suas
histórias sobre as Casas de Excursão e Balneário Camboriú.
A minha irmã de alma Joelma Carvalho Feler, pelo o apoio com o Miguel para que
eu pudesse me dedicar a esta pesquisa.
A minha irmã, Maira Paranhos, pela torcida.
Nilce Nunes, desde a graduação, sempre uma inspiração de
luz.
Aos professores da Univali, que souberam transmitir da melhor forma possível os
seus conhecimentos, colaborando de forma direta ou indireta para a conclusão deste
projeto.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela
bolsa concedida.
Aos hóspedes e proprietários das Casas de Excursão de Balneário Camboriú, pela
atenção dispensada ao longo de toda a pesquisa.
Enfim, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a execução deste
trabalho e que não foram citados nominalmente,
MUITO OBRIGADA!
RESUMO
A atividade turística não para de crescer e nos últimos anos, em decorrência, principalmente das transformações da economia e do comportamento humano, tem modificado de forma relevante os modelos de práticas nas hospedagens turísticas. São as tipologias de meio de hospedagem que se adequam a realidade do cliente, do hóspede, do acolhido. Tem sido assim na classificação oficial e também nas opções de meios de hospedagem alternativos, extra hoteleiros. No Brasil este fenômeno se repete, aliando o custo mais competitivo em tempos de crise, a uma relação mais estreita entre quem fornece a hospedagem e quem a recebe, evidenciando que a hospitalidade- ato de bem receber- pode ser o diferencial na hora da escolha de um serviço ou produto. O objetivo principal do trabalho é conhecer a essência do meio de hospedagem Casa de Excursão, que há décadas existe na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O modelo não é usual apenas no município, mas como a pesquisa mostrará, também é consagrado em outras cidades brasileiras. Contudo, a Casa de Excursão não é reconhecida por órgãos oficiais de turismo como EMBRATUR e Mtur. A pesquisa caracteriza-se por possuir abordagem qualitativa e quantitativa, exploratória e descritiva. Responde a questionamentos sobre a identidade de consumo turístico dos excursionistas em Balneário Camboriú e aponta o denominador comum de áreas físicas das referidas Casas, identificando um possível modelo padrão destes estabelecimentos.
Palavras-chave: Hospitalidade. Meios de Hospedagem. Casa de Excursão.
ABSTRACT
Tourism activity has continued to increase in recent years, due mainly to the transformations in the economy and human behavior, which have significantly altered the models of practices in tourism accommodation establishments. These are the types of accommodation that adapt to the reality of the customer
the guest of the accommodation establishment. That is how it has been in the official classification, and also in the options of alternative accommodation i.e. establishments other than hotels. In Brazil, this phenomenon is repeated, linking the most competitive cost in times of crisis, and a closer relationship between those who provide the accommodation and those who receive it, demonstrating that hospitality the act of hosting well can be a competitive advantage when it comes to choosing a product or service. The main aim of this work is to determine the essence of the means of accommodation known as the Casa de Excursão (a house rented for large groups), which has existed in the town of Balneário Camboriú, Santa Catarina, for many decades. The model is not only common in this town, but as the research will show, it is common in other Brazilian towns and cities too. However, the Casa de Excursão is not recognized by the official tourism bodies, such as EMBRATUR and Mtur. The research is characterized by a qualitative and quantitative, exploratory and descriptive approaches. It responds to questions on the identity of tourism consumption of excustionists in Balneário Camboriú and indicates the common denominator of physical areas of the means of accommodation in question, identifying a possible standard model for these establishments.
Keywords: Hospitality. Means of Accommodation. Casa de Excursão.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Excursionistas em frente à Casa de Excursão em Balneário Camboriú (SC).......................................................................................................
16
Figura 02- Site divulga Casa de Excursão em Balneário Camboriú...................... 17
Figura 03- Anúncio do meio de hospedagem Bed and Breakfast ou Cama e café.........................................................................................................................
41
Figura 04 - Etapa 1: Levantamento de dados bibliográficos.................................. 46
Figura 05 Etapa 2: Levantamento na EBSCO com os três temas...................... 47
Figura 06 Levantamento base de dados Google Acadêmico............................. 47
Figura 07 Procedimento de Pesquisa................................................................. 52
Figura 08 - Casa de Excursão em Porto Seguro (BA)........................................... 61
Figura 09 - Casa de Excursão Praia do Forte (RJ)................................................ 62
Figura 10 - Casa de Excursão Aracaju (SE).......................................................... 62
Figura 11 - Casa de Excursão Itanhaém (SP)........................................................ 63
Figura 12 Turistas em Camboriú......................................................................... 64
Figura 13 - Mulheres tomam sol em Camboriú...................................................... 64
Figura 14 - Casa de veraneio em Camboriú.......................................................... 64
Figura 15- Praia central dos dias atuais................................................................. 64
Figura 17- Ônibus de Excursão no Posto de Informações Turísticas.................... 67
Figura 18 - Perfil do proprietário da Casa de Excursão......................................... 68
Figura 19 - Perfil do turista da Casa de Excursão.................................................. 69
Figura 20 - Imagem área da cidade com a distribuição das Casas de Excursão.. 75
Figura 21- A hora da refeição é momento de confraternizar................................... 76
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Localização das Casas de Excursão..................................................... 74
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Resultados dos Objetivos A e B........................................................... 70
Quadro 02 Serviços oferecidos pela tipologia Cama e café................................... 71
Quadro 03 - Grau de incidência das áreas físicas.....................................................71
Quadro 04 Identificação de áreas físicas comuns.................................................. 73
Quadro 05 Resultados do Objetivos C .................................................................. 76
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Literaturas sobre modelos extra hoteleiros............................................ 40
Tabela 02 Variáveis sociodemográficas dos pesquisados..................................... 53
Tabela 03 Identidade de Consumo Turístico.......................................................... 56
Tabela 04 Identidade de Consumo Turístico........................................................... 57
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14
1.1 Caracterização do objeto de estudo................................................................ 16
1.2 Problema de Pesquisa ..................................................................................... 18
1.3 Objetivos de Pesquisa...................................................................................... 20
1.3.1 Objetivo Geral................................................................................................... 20
1.3.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 20
1.4 Justificativa ....................................................................................................... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 23
2.1 Hospitalidade no turismo..................................................................................23
2.2 O vínculo da hospitalidade com a Casa de Excursão....................................31
2.3 Meios de Hospedagem: uma breve contextualização....................................32
2.4 Meios de Hospedagem no Brasil..................................................................... 35
2.5 Meio de Hospedagem domiciliar...................................................................... 38
3 ASPECTO METODOLÓGICO DA PESQUISA .....................................................43
3.1 Método, Abordagens e Estratégias de Pesquisa............................................43
3.2 Levantamento Bibliométrico............................................................................ 45
3.3 Universo e Amostra de Pesquisa..................................................................... 47
3.4 Instrumento para Coleta de Dados.................................................................. 50
3.5 Tratamentos dos Dados.................................................................................... 51
4 METODOLODIA PARA OS RESULTADOS......................................................... 53
4.1 Pesquisa quantitativa: características de amostras...................................... 53
4.2 Pesquisa quantitativa: fidedignidade dos dados........................................... 54
4.3 Pesquisa quantitativa: identidade do consumo turístico e as variáveis de
análise...................................................................................................................... 55
4.4 Pesquisa qualitativa: Oferta de Casas na internet......................................... 60
4.5 A Hospedagem local e as Casas de Excursão: um pouco da história......... 63
4.6 Perfil do proprietário da Casa de Excursão.................................................... 67
4.7 Perfil do turista da Casa de Excursão............................................................. 69
4.8 Denominador comum de áreas físicas............................................................ 70
4.9 Cruzamento dos dados das pesquisas .......................................................... 76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 78
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 82
APÊNDICES............................................................................................................. 87
APÊNDICE A Formulário de coleta de dados-entrevista semiestruturada............ 88
APÊNDICE B- Formulário Pesquisa de Demanda Turística..................................... 89
1 INTRODUÇÃO
O turismo ganha importância crescente em todo o mundo, em virtude do seu
papel relevante no desenvolvimento econômico das localidades, por gerar emprego
e renda e sendo assim, contribuir socialmente nas comunidades onde atua. O
objetivo do presente trabalho é analisar o fenômeno denominado Casa de Excursão
segmento ligado as hospedagens alternativas com características peculiares e
específicas de atuação, no segmento turístico de Balneário Camboriú (SC).
Crescer em uma cidade vocacionada para tal, faz de seus moradores
observadores e participantes da atividade turística, do que ela representa e a
consequência disto, é a experiência de testemunhar as transformações que o
turismo provoca na economia do lugar e no comportamento de quem transita no
meio.
Para a autora, a vivência de passar pelo menos trinta anos convivendo com
turistas, e principalmente os de Casa de Excursão por morar no bairro das Nações,
em Balneário Camboriú, localidade que possui muitas unidades das referidas Casas,
foi o mote desta pesquisa. Conhecer as peculiaridades que motivam milhares de
pessoas, há anos e não raras vezes, a viajarem milhares de quilômetros de seus
locais de origem para se hospedarem em Casas de Excursão e não em hotéis ou
em outro meio de hospedagem, era, para a mesma, um tema que merecia ser
estudado.
Uma realidade que é relevante não somente para este município, mas em
outras localidades do Brasil, como será demonstrado no decorrer deste estudo.
Para Barbosa (2002) as viagens sempre acompanharam o ser humano
como se fossem um movimento físico e de ideias. Elas aparecem na história
representando uma das mais remotas atividades humanas. Segundo Montejano
(2001), o fenômeno turístico é uma atividade humana fundamentada em disciplinas
relacionadas com as ciências sociais e humanas, interligado diretamente com o
tempo livre e com a cultura do lazer.
Vale entender nesse momento, como afirma Andrade (1998, p. 12), que
turismo o conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a
promoção e a execução de viagens, e os serviços de recepção, hospedagem e
atendimento aos indivíduos e aos grupos, fora de suas residências habituai . A
atividade turística é realizada pelos homens em sociedade e não há como pensá-la
sobre a ótica do isolamento ou solidão.
Conforme Lickorish e Jenkins (2000, p. 25) ligado às ciências sociais, o
turismo pode ser considerado a soma de fenômenos e relacionamentos que
surgem das viagens e de estadas de indivíduos não-residentes, na medida
em que não visam a uma residência permanente e não são ligados a atividades
remuneradas.
Na maioria da
e é aí que verificamos a relação entre os meios de hospedagem e a
hospitalidade, afinal, para que a atividade seja exercida faz-se necessária uma
organização no receber destes hóspedes, que ao se deslocarem de suas casas para
o evento turístico terão que alojar-se em algum local para desfrutar dos momentos
de lazer ou trabalho.
Para Dias (2002), o fenômeno hospitalidade
estranhas, ao conforto fisiológico e psíquico do hóspede, por meio de estruturas
A ideia que originou esta dissertação surgiu da convivência da autora, nascida
e residente na cidade de Balneário Camboriú (SC), com os grupos de excursionistas
que tantas vezes avistou circular pela rua onde reside, no centro da cidade, e nos
pontos turísticos do município. Estes visitantes, sempre reunidos em grupos
volumosos, dirigiam-se a estas Casas de Excursão, onde abrigavam-se por muitos
dias, vindos de vários cantos do Brasil e de países da América do Sul. Mais tarde, a
intenção de realizar a pesquisa, foi pautada pela curiosidade, agora da jornalista,
sempre em busca de notícias que informem sobre o cotidiano e da realidade que o
transforma. Alicerçada na pesquisa científica, a autora buscou por meio deste
trabalho descobrir os motivos pelos quais estes turistas escolhiam a cidade de
Balneário Camboriú e hospedavam-se em Casas de Excursão e não nos tradicionais
hotéis ou pousadas da cidade.
A Casa de Excursão, objeto deste estudo, não tem ligação direta com a
hotelaria, mas sim com os meios de hospedagem já que possui características e
serviços próprios que visam o bemestar do hóspede, caminhando assim, lado a lado
com a hospitalidade. Pode concluir-se, portanto, uma relação intrínseca entre a
hospitalidade e os meios de hospedagem.
1.1 Caracterização do objeto de estudo
Como definição prática, é importante compreender que as Casas de Excursão
são imóveis para locação, voltados aos viajantes que tem como objetivo desfrutarem
de momentos de lazer em grupo, sempre em um grupo de, em média, 50 pessoas.
Essas residências não costumam ser alugadas por imobiliárias, e sim diretamente
com o proprietário que também os assiste durante a estadia. Uma característica
comum: todas estão localizadas à no máximo, três quadras da praia central de
Balneário Camboriú, evidenciando tratar-se de imóveis com nobre localização e
valorização imobiliária. A curta distância da praia se dá, segundo os clientes, para
facilitar o acesso a mesma, não dependendo de transporte para tanto. Quando
necessário, é realizado nos ônibus como o da Figura 01, que mostra um grupo de
excursão em frente à uma destas casas.
Figura 01 - Excursionistas em frente à Casa de Excursão em Balneário Camboriú (SC).
Fonte: arquivo pessoal France Casa de Excursão (2015).
Por sua peculiaridade, pode-se dizer que estas Casas fazem parte das
chamadas hospedagens alternativas, um meio de hospedagem não-convencional
que complementa a oferta de leitos nos destinos turísticos, e tem como
característica ser mais econômica que a tradicional (GIARETTA, 2003). Para
comercializar este tipo de hospedagem, os proprietários lançam mão da divulgação
em sites, criados especialmente para este propósito, dispondo das informações para
a locação do imóvel como vemos na Figura 02.
Figura 02- Site divulga Casa de Excursão em Balneário Camboriú
Fonte: www.casadeexcursaoprada.com.br
A Prefeitura da cidade de Balneário Camboriú possui cadastradas na
Secretaria de Turismo, 57 Casas de Excursão, divididas por localização entre os
bairros Centro e Nações; bem como na Avenida Brasil e Avenida do Estado.
Entretanto, é informalmente sabido pelos proprietários destes estabelecimentos, que
há casas em funcionamento sem o devido cadastro, o que demostra que o universo
pode ser ainda maior. Todavia, esta pesquisa estará focada nas casas que estão em
acordo com as normas legais em vigência no município de Balneário Camboriú.
Para que esteja autorizada a funcionar, a Casa de Excursão necessita obter o
alvará de atividade temporária, cedido pela Secretaria Municipal da Fazenda de
Balneário Camboriú. Para a obtenção a casa sofre a fiscalização do Corpo de
Bombeiros e Vigilância Sanitária. Abaixo na Figura 03, o de alvará nº 108 397, do
proprietário Marcio Feler, que possui uma Casa de Excursão na rua Nepal, bairro
das Nações.
Figura 3 Alvará do proprietário Marcio Feler.
Fonte: Marcio Feler
1.2 Problema de Pesquisa
Ao procurar um sinônimo da palavra excursionista no dicionário, encontra-se
o significado de turista. Já a palavra excursão, traduz-se como passeio, divagação,
viagem. Os termos e seus significados estão dispostos não só na língua portuguesa,
no âmbito de quem trabalha no setor, mas na atividade empírica de quem lida direta
ou indiretamente com turismo no mais popular balneário do sul do país.
A cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina, recebeu 3.763.207 turistas
em 2014, destes, 1.600.000 durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, com
média de ocupação hoteleira de 80%. O município é considerado o sétimo destino
mais procurado por turistas no país, e representa de 13 a 15% do PIB, Produto
Interno Bruto do estado de Santa Catarina (SECRETARIA DE TURISMO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ,2014)
Não há um controle de quantos destes turistas ficam hospedados em Casas
de Excursão, mas se levarmos em conta os três meses de lotação nas 57 casas
cadastradas juntos a Secretaria de Turismo, e que cada uma delas em capacidade
para 50 pessoas, poderíamos sugerir cerca de 256.500 (duzentos e cinquenta e seis
mil) hóspedes estiveram nas referidas Casas, só na temporada de verão que ocorre
normalmente, de dezembro a fevereiro. É importante ressaltar que, este total anual
não engloba a realidade das Casas não cadastradas e nem, as datas de locação
durante a baixa temporada, como os feriados nacionais.
Todo este quadro fica à margem de estatísticas oficiais, já que as Casas de
Excursão não são consideradas meios de hospedagem no Brasil. O Ministério do
elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da
que segmentar, nada mais é do que
dividir algo em pequenos grupos que atendam as mesmas características, sejam
elas decorrentes da demanda ou da oferta.
Para hospedar seus clientes, o segmento da hotelaria foi classificado pelo
Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). O Sistema Brasileiro de Classificação-
SBclass, estabeleceu sete tipologias de Meios de Hospedagem, para atender a
diversidade da oferta hoteleira nacional. São elas: Hotel, Resort, Hotel Fazenda,
Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart.
No entanto, nem a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) com o SBClass,
nem os mecanismos de avaliação e controle, usados como ferramenta para escolha
e indicação de um meio de hospedagem, como o Guia Quatro Rodas no Brasil, ou o
Guia Michelin na França, ou ainda os sites que permitem a avaliação dos
consumidores, como o Trip Advisor, por exemplo, não fazem referência acerca da
Casa de Excursão, o que evidencia a necessidade de obter dados sobre o tema,
comprovando a pertinência desta pesquisa.
A bibliografia é escassa. Tulik (2001) cita a existência de Casas de
Temporada, mas como opção de uma segunda residência da família, para férias, e
rem de uso corrente nos trabalhos de
especialistas em turismo. Assim, percebe-se que este tipo de empreendimento se
encontra à margem das pesquisas científicas e dos órgãos que regulam o setor. Não
encontramos estudos sobre este meio de hospedagem, o que evidencia a
necessidade de mais pesquisas e abordagens conceituais sobre o tema.
Diante do problema apresentado, surge a pergunta passível de análise. O
presente trabalho pretende gerar subsídios e indicadores para uma possível
categorização deste meio de hospedagem, o que conduziu a seguinte pergunta de
pesquisa: Qual o perfil do hóspede da Casa de Excursão e porquê a escolha por
este tipo de hospedagem?
Para responder a essa questão de pesquisa, foram definidos os seguintes
objetivos:
1.3 Objetivos de Pesquisa
Os objetivos desta pesquisa serão relatados neste tópico, no qual parte-se do
objetivo geral e, a seguir, apresentam-se os objetivos específicos.
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar o fenômeno Casa de Excursão como hospedagem alternativa sob a
ótica da hospitalidade.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Identificar o perfil sociodemográfico dos turistas de excursão de Balneário
Camboriú.
b) Apontar os principais fatores que impulsionam tais consumidores até a
cidade de Balneário Camboriú e às Casas de Excursão.
c) Identificar as características físico-estruturais comuns das Casas de
Excursão.
1.4 Justificativa
Atualmente existem meios de hospedagem para diferentes segmentações de
demanda. Meios de hospedagens alternativos surgem procurando atender diversos
públicos que encontram nessa modalidade, uma opção econômica viável para
praticar a atividade turística.
A demanda do segmento de hospedagens alternativas é crescente. Conforme
levantamento do Ministério do Turismo (Mtur) eram 114 albergues cadastrados, no
entanto, na Copa do Mundo de 2014 houve aumento de 33% no período. As
pousadas aumentaram em 20%, atingindo 1.946 registros durante o ano, e os hotéis
cresceram apenas16%, totalizando 4.473 registros (CADASTRO DOS
PRESTADORES DE SERVIÇOS TURIÍSTICOS, 2014).
No período da realização da pesquisa, o mês de novembro de 2015, o
Cadastur mantinha 7.232 prestadores de serviços turísticos. Apesar de ter
características de um meio de hospedagem mais econômico e de fazer parte do
mercado turístico, a Casa de Excursão não faz parte das opções disponíveis no
Cadastur, pois não é classificada como um meio de hospedagem pelo Ministério do
Turismo (Mtur).
Balneário Camboriú foi escolhido como o destino turístico a ser estudado pelo
fato de destacar-se na atividade em nível nacional. A cidade ocupa o sétimo lugar
entre os municípios de vocação turística mais visitados do Brasil (MINISTÉRIO DO
TURISMO, 2014). Durante os três meses de veraneio, adentraram na cidade neste
período, 2.457 ônibus de turismo (SECRETARIA DE TURISMO E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ,2014). São os
ônibus, o meio de transporte utilizado também pelos turistas que ficam em Casa de
Excursão.
É neste encontro, do prestador do serviço e do cliente, em outra ponta, que se
dá a oportunidade de negócio, a busca pela satisfação de ambos.
Entretanto, para conhecer os aspectos estéticos da Casa de Excursão,
tornou-se necessário além de percebê-los fisicamente, fundamental descobrir que
tipo de cliente opta por este meio de hospedagem e qual a demanda desse
consumidor turístico.
A pesquisa que leva em conta tipos diferentes de clientela, como a etnia, o
gênero, a idade, a renda e a profissão, juntamente com as distintas motivações que
estimulam as pessoas a viajar (prazer, cultura, negócios, esportes, relaxamento)
permitem definir, de forma abrangente, as necessidades para o planejamento da
Casa de Excursão.
Para o aperfeiçoamento de um modelo que busca uma gestão e oferta
eficazes, adaptar a
oferta às suas específicas e diferenciadas exigências (BUZZELLI, 1994, p.14).
Por conseguinte, o principal objetivo desse estudo é identificar os aspectos de
Casa de Excursão, e não menos relevante, entender o perfil do consumidor que
escolhe este meio de hospedagem alternativo. A partir da compreensão de tais
variáveis sociodemográficas, é que serão percebidos os aspectos de hospedagem e
hospitalidade, como forma de detectar os desejos das pessoas que se deslocam até
a cidade de Balneário Camboriú e, para casas de Excursão.
Por fim, vale apontar que esse estudo trará subsídios e informações em dois
grandes aspectos: teóricos e gerenciais. Uma vez que a análise bibliométrica
apontou a escassez de estudos voltados ao objeto desse trabalho, essa dissertação
poderá iniciar um processo de discussões acadêmicas e fornecerá materiais aos
futuros alunos e pesquisadores. Já para o segundo aspecto, as pesquisas aqui
realizadas trarão suporte aos proprietários das casas, com o intuito de melhor
entender o comportamento e as expectativas dos visitantes de Balneário Camboriú.
Além desse fator, os dados coletados na segunda etapa de pesquisa, formará uma
base de critérios para sugerir a equidade no atendimento dos turistas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo é abordada a fundamentação teórica que norteou todo o
desenvolvimento da pesquisa. O texto está subdividido em quatro partes. A primeira
parte refere-se à conceituação e compreensão de hospitalidade no turismo. A
segunda parte menciona como vem sendo estudado sobre os meios de
hospedagem e suas definições. A terceira parte aborda os meios de hospedagens
domiciliares e a quarta parte aborda as Casas de Excursão.
2.1 Hospitalidade no turismo
Hospitalidade, o ponto de vista analítico-operacional, pode ser definida como
ato humano, exercido em contexto doméstico, público ou profissional, de
recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas de
seu habitat (CAMARGO, 2002).
Apesar de ser um fenômeno muito estudado dos dias atuais, a hospitalidade é
uma preocupação antiga. A origem do termo hospitalidade deriva de asilo, albergue,
uma antiga palavra francesa que significa dar ajuda aos viajantes, com origem em
Roma e na Grécia, por volta de 1700 a.C, nas tavernas onde já se mencionava a
hospitalidade (WALKER, 2002). A palavra, de origem latina, provém de hospitalitas
atis, que significa ato de acolher, hospedar, gesto cortês, amabilidade. Já a palavra
latina hospes itus significa hóspede, forasteiro, estrangeiro.
A hospitalidade do século VIII, Carlos Magno construiu pousadas para
peregrinos, onde se identificou o início de hospitalidade em toda a Europa:
acomodações em mosteiros, casas de corporações medievais e estalagens para
proteger os viajantes e promover-lhes abrigo em suas rotas, gratuitos e afetuosos.
As construções eram modestas, mas atendiam às necessidades dos viajantes que
encontravam ao longo de suas viagens, na beira das estradas, acomodações muito
inferiores a estas (WALKER, 2002). Segundo Dias (1990, p. 28),
[...] as pessoas que dispunham dessa hospitalidade familiar, por manterem relações de amizade com pessoas de outras cidades, pertenciam a uma classe social superior, por isso apenas as pessoas de menores recursos e menos exigentes quanto à qualidade dos serviços oferecidos precisavam de hospedagem e / ou refeições profissionalmente.
Na Idade Média, a percepção da hospitalidade estava mais relacionada ao
bem receber, era como uma dádiva dos deuses. Diferentemente do que postulava
Roma e Grécia, que simplesmente acomodava seus hóspedes em acomodações
inferiores, contemplando normalmente os peregrinos em seus roteiros de viagens
religiosas.
Segundo Walker (2002), a hospitalidade medieval se completa com o
atendimento na área de alimentos e bebidas, observada por meio dos serviços;
relação à cortesia.
Nos séculos IX a XVII e a evolução do comércio e número de pessoas que
viajavam diariamente aumentando, os viajantes sentiam a necessidade de um local
para descansarem e até mesmo para passar a noite, assim, devido à falta de
instalações e contando apenas com a hospitalidade de moradores locais, as viagens
se tornavam longas e lentas. Os registros para o surgimento da hospitalidade são
muitos. Para Sparrowe e Chon (2003) os princípios da hospitalidade remetem a
3000 a.C em decorrência das viagens de negócios, em que comerciantes sumérios
viajavam pela mesopotâmia para vender grãos. Eles necessitavam de abrigo e
alimentação, e logo surgiram os meios de hospedagem.
Nesta época, a hospitalidade era sentida como necessária para o bem-estar
religioso, como obediência a uma ordem divina, motivada pela solidariedade e amor
ao próximo. O papel da religião segue apontado por Sparrowe e Chon (2003), como
importante no processo de desenvolvimento da hospitalidade, pois as peregrinações
dos cristãos à Jerusalém e Belém, bem como dos mulçumanos a Meca,
impulsionaram as viagens e estimularam a iniciação do processo de hospitalidade.
A maioria das pessoas que praticava essas viagens estava ligada à corte ou
de alguma forma à Igreja e esses preferiam acomodações melhores que as de beira
de estradas, então acabavam se acomodando em pousadas próximas a locais
religiosos.
Para Grinover (2002) as palavras hospitium I (hospício) e hospitale-icum
(hospital, hospedaria, casa de hóspedes) eram concorrentes na Europa a partir de
Século XI, e servia para designar local, as margens das antigas estradas romanas,
destinados a abrigarem peregrinos, oferecendo assistência variada, inclusive
tratamento médico.
A ligação com o sentido de atendimento médico percebe-se facilmente. A
visão do termo, na antiguidade, já tinha a atenção de quem hospedava e possui
estreita relação com a palavra hospital, que está ligada diretamente ao atendimento,
aos desejos e aos anseios do paciente.
entertainment for pilgrims, and the duty of hospitallers was to provide pilgrims with
hospitium (lodging and entertainment) 1, ou seja, um hospital era originalmente uma
peregrinos com hospitium (entretenimento e alojamento), host significa anfitrião,
derivado da palavra latina hostis (inimigo); convidado (guest) e de hopes (hospital).
Pode-se perceber que o entendimento de hospitalidade e hospital, nos autores
citados, são palavras que estabelecem acolhimento afetuoso, atender com atenção
e cortesia. Ou seja, é um conjunto de estruturas e ações visando sempre o bem-
receber.
É importante para o homem ser hospitaleiro, uma garantia de facilitar as
relações humanas. De acordo com Barreto (1995), a história da receptividade
começa com já nos primeiros deslocamentos do homem, quando as grandes
distâncias obrigavam os viajantes a pernoitar em lugares seguros. A razão dos
deslocamentos a princípio era migrar nos períodos pré-históricos, sendo que o mais
provável dos primeiros deslocamentos foram os caminhos do sal, que a partir do
litoral se espalharam terra adentro, gerando a necessidade de oferecer hospitalidade
ao visitante desde os primeiros intercâmbios.
O avanço da tecnologia e principalmente do setor de transportes no século
XX foi o principal propulsor do turismo. No entorno do mesmo, encontra-se o setor
de prestação de serviços, no qual a hospedagem tem um lugar privilegiado.
Observa-se a chegada do século XXI com um amplo leque de escolhas no
que tange à hospitalidade, incluindo em seus serviços além das acomodações
(única disponibilidade no início da atividade), alimentação e entretenimentos
variados, opções quanto ao nível de preços e quanto ao padrão de qualidade
(WALKER, 2002).
Investigando a fundo as estruturas hoteleiras, no entanto, verifica-se que as
mesmas apresentam uma diversidade tipológica ampla e complexa, resultante da
11 Um hospital foi originalmente uma casa de entretenimento para os peregrinos, bem como o dever de fornecer
combinação de inúmeras variáveis que influenciam a determinação da sua tipologia,
tanto no que se refere à finalidade principal ou especialização (de acordo com as
distintas necessidades e interesses do público-alvo) e quanto à sua localização.
Os estudos acerca da hospitalidade remetem a história das viagens, a criação
dos primeiros meios de hospedagem e a provisão de alimentação aos viajantes.
Estes apontamentos podem ser divididos em eixos. Camargo (2003, p.15, 16),
propõe a delimitação do mote, por meio de dos eixos de tempos/espaços: um
cultural e outro social.
O eixo cultural delineia a hospitalidade com base na recepção de pessoas,
hospedagem, alimentação e entretenimento, onde se entende:
� Recepcionar e receber pessoas - É a melhor representação da
hospitalidade, pois compreende o ato de acolher pessoas, que antes de tornar-se
um gesto da vida social, constitui um ritual da vida privada;
� Hospedar - Embora a noção de hospitalidade não envolva
necessariamente o ato de proporcionar abrigo, não pode ser dissociada da
hospitalidade, uma vez que o ato de hospedar está relacionado ao acolhimento;
� Alimentar - Algumas culturas acreditam que oferecer alimento
concretiza o ato da hospitalidade;
� Entreter - Ainda que todos os dicionários restrinjam a noção de
hospitalidade ao ato de hospedar e alimentar, receber pessoas implica em
entretê-las de alguma forma, proporcionando momentos aprazíveis, marcantes
no momento vivido.
O eixo social aponta quatro novas categorias:
A) Doméstica Historicamente, o ato de receber em casa é o mais
típico da hospitalidade, e que envolve maior complexidade do ponto de vista de
ritos e significados.
B) Pública É a hospitalidade que acontece em decorrência dos
deslocamentos, do direito de ir e vir, de ser atendido em suas expectativas de
interação humana, podendo ser entendida no contexto do cotidiano, turístico e
político.
C) Comercial Esta se resolve dentro das estruturas comerciais
contemporâneas, em função do turismo moderno, adequadas à designação
habitual de hotelaria e restauração.
D) Virtual É quase sempre associada as três instâncias anteriores,
vislumbram-se características específicas dessa hospitalidade, entre o emissor
e o receptor de mensagens eletrônicas.
Os estudos sobre os inúmeros aspectos da hospitalidade nas relações
humanas são infindáveis, porém, duas tendências de escola que se debruçam sobre
a temática que iremos abordar neste trabalho: a escola anglo-saxã, cujo eixo
principal é a hospitalidade comercial, mas vem integrando também a hospitalidade
doméstica e pública, embora ao menos na publicação mais recente Lashley e
Morrison- quase não se refira a hospitalidade.
E de outro lado há a escola francesa, que tem à frente nomes como os
filósofos Serrès e Derrida, da socióloga Anne Gotman e da equipe dirigida por Alan
Montandon, em Clermont Ferrand.
Para estes, o que conta é a hospitalidade doméstica e pública, nesta, com
destaque para a reflexão sobre políticas públicas ligadas aos migrantes. A
hospitalidade comercial é descartada, tendo em vista que nela não existe o dom, o
sacrifício, apenas troca de serviço por dinheiro. E no presente estudo ela é parceira
da doméstica, já que uma Casa de Excursão é locada, ou seja, o proprietário recebe
o valor do aluguel do período. No entanto, essa conexão não se dá apenas pelo
negócio imobiliário, necessita da proximidade cortês ao cliente, em um movimento
hospitaleiro que provoque satisfação para ambos, não apenas para o empreendedor
da atividade turística.
Conforme Gotman (1997), para uma melhor compreensão do fenômeno, atos
relacionados com a hospitalidade, devem ser considerados como relações
transformadoras. Isto é, no fim de uma relação de hospitalidade, os anfitriões e os
hóspedes modificam-se, não sendo os mesmos de antes. A hospitalidade muda e
transforma estranhos em familiares, inimigos em amigos.
A função básica da hospitalidade é estabelecer um relacionamento ou
promover um relacionamento já estabelecido (LASHLEY; MORRISON, 2004). Para
estes autores, o entendimento mais amplo a respeito da hospitalidade sugere, em
primeiro lugar, que esta é, fundamentalmente, o relacionamento construído entre
anfitrião e hóspede. Entende-se assim, que para ser eficaz é preciso que o hóspede
sinta que o anfitrião está sendo hospitaleiro por sentimentos de generosidade, pelo
desejo de agradar e por ver a ele, hóspede, enquanto indivíduo. Em consequência, a
hospedagem calculista, em que o hóspede percebe um motivo oculto, pode ser
contraproducente.
Ser bem recebido pode estar ligado também ás vivências anteriores
dependendo ainda de onde se vem. Segundo Ramos (2003) sentir-se bem recebido
depende da cidade em qual circula o indivíduo e os valores que ele atribuía ou não,
aos espaços coletivos.
De acordo com Montandon (2004) a hospitalidade é sinal de civilização e de
humanidade, uma maneira de viver em conjunto, por meio de regras, ritos e leis.
Para o autor, chama atenção que a utilização do termo hospitalidade também para o
acolhimento comercial indica o quanto a hospitalidade continua uma referência, uma
perspectiva para uma interação bem-sucedida entre os homens, sejam clientes,
amigo ou simples estrangeiros.
Entre os inspiradores dos estudos filosóficos sobre hospitalidade, cabe
também lembrar Kant (2006), notadamente seus princípios e regras para a
conver
humano, como finalidade sem fim.
Entretanto, as definições de hospitalidade não se limitam a visão positivista e
promissora para o bem receber, apenas. Há autores que a entendem como uma
obrigação, nem sempre bem vista por quem tem a necessidade de praticá-la. Para
Praxedes (2004, p. 30),
Uma hospitalidade que faça com que o turista se sinta realmente bem vindo à localidade e seguro depende da qualidade de vida dos moradores locais. Não vá o empresário do setor turístico acreditar que terá um colaborador empenhado doando o melhor de si para o atendimento ao turista se o mesmo se sente desrespeitado e explorado, não teve acesso a uma educação adequada e está exposto ao estresse próprio daqueles que não controlam o próprio tempo nos momentos de descanso e lazer. É outro dilema da hospitalidade disponibilizar prazer, bem estar e segurança para o turista sem gerar sofrimento para os anfitriões e moradores locais.
Segundo Cruz (2002) a hospitalidade pode ser voluntária ou involuntária, ou
seja, nem sempre o anfitrião está recebendo o visitante de forma espontânea.
Quando se trata de turismo, esse é um aspecto que não pode ser negligenciado,
pois há ali também uma relação comercial.
A percepção da análise dos conceitos sobre a hospitalidade nos remete a
uma nova concepção do termo, por ele não estar desvinculado da ação de
receber, doar-se, dar alimentos e acomodações gratuitamente. Porém o conceito
de hospitalidade, no entanto, permaneceu o mesmo ao longo da história:
satisfazer e servir os hóspedes. Para Chon (2003, p. 9),
[...] hospitalidade é uma indústria de bens de serviço. Como qualquer indústria, possui suas características próprias de organização e sua finalidade principal é o fornecimento de hospedagem, alimentação, segurança, e vários outros serviços coligados à atividade de bem receber.
Na esfera comercial a hospitalidade também pode ser vista como um
complemento na prestação de serviços, sendo analisada de acordo com o modo
de atendimento e qualidade dos serviços prestados aos visitantes (hóspedes).
Trata-se da relação do empreendimento com as pessoas que podem ou não ser
hospitaleiras. Nesse caso, a hospitalidade pode ser medida de acordo com o
grau de satisfação do cliente e o retorno que o mesmo poderá estar dando ao
estabelecimento visitado/utilizado. Outra dimensão é as pessoas são
recebidas, ou seja, a hospitalidade no ambiente em que as pessoas são
recebidas. Assim, entende-se que para que exista a hospitalidade é preciso
existir uma somatória de pessoas hospitaleiras e lugares hospitaleiros.
Na visão de Go e Monachelo (1996, p. 2), o reconhecimento das práticas
mais efetivas na gerência de necessidades humanas são pré-requisitos para
melhorar a qualidade do serviço na Indústria do Turismo e Hospitalidade. É
baseada em duas explicações chave: Serviços na Indústria do Turismo e
Hospitalidade envolve uma transação interpessoal que toma lugar entre o cliente
e um complexo humano de um sistema de entrega. É a interação entre o
empregado da linha de frente e o cliente, conhecido como "encontro do serviço
de manutenção" ou o "momento da verdade", que tem o mais direto impacto
no nível de satisfação do cliente e uma percepção geral da organização.
Em todos os casos, todo empregado joga a regra dentro do processo
de serviço de entrega. Para ter certeza de um constante alto serviço, é
importante que esses interesses humanos sejam bem manejados e que os
talentos dele sejam todos bem utilizados; O gerenciamento dos interesses
humanos é a responsabilidade de todo o gerente e não apenas a preocupação
dos especialistas em interesses humanos. Todo gerente trabalha com pessoas
dentro de seus departamentos e tem responsabilidade por um grande número
dos interesses humanos do recurso do seu dia-a-dia. Mesmo porque todo
gerente - independente se eles trabalham em interesses humanos ou em
operações, marketing, contabilidade, finanças, engenharia, ou qualquer outro
departamento - são "gerentes de interesses humanos".
Para Fontana (2003), hospitalidade pode ser entendida como o conjunto
de ações e atividades individuais e coletivas de caráter pessoal ou comercial,
público ou privado, implicados na recepção das pessoas envolvidas nas relações
de acolhimento.
Segundo Lockwood e Jones (2006), a hospitalidade envolve uma
combinação de elementos tangíveis e intangíveis, combinados entre si, devendo
ainda, haver uma interação entre o receptor e o provedor da hospitalidade, para
que aconteça plenamente e para que todos os envolvidos saiam satisfeitos da
experiência realizada.
O que diferencia fundamentalmente a hospitalidade privada, da comercial,
é o fato de que ao falarmos em hospitalidade comercial, estamos nos referindo
ao comércio de bens e serviços, enquanto que, ao falarmos em hospitalidade
privada, estamos tratando do modo como recebemos e somos recebidos em
nossas casa , sem cobrarmos para oferecer tal serviço.
Assim entendeu-se que os conceitos relativos à hospitalidade foram
evoluindo com o passar do tempo, e os autores apresentam vários conceitos
de hospitalidade, que sugerem algumas variações entre si no que se refere às
variáveis envolvidas, mas no final, acabam convergindo para um conceito geral
de que o ato da hospitalidade está relacionado com satisfazer e servir o
hóspede.
Não às diferenças excludentes, como o são os nacionalismos e fanatismos
religiosos, mas ao deixar vir o outro, respeitando a sua multiculturalidade em seus
diz respeito, em primeiro lugar, às diferenças enquanto diferenças. A desconstrução
Este tema é bastante abrangente e passa por seguidas mudanças nas formas
de se pensar a hospitalidade como relação humana, pública e privada, permeada
por influências econômicas e sócio culturais de quem recebe e é recebido.
Para bem receber o anfitrião deve proporcionar acomodações que atendam a
necessidade do acolhido. Conforme Walker (20
hospitalidade medieval ajustam-se aos dias de hoje, tais como o serviço amigável, a
Segundo Dalpiaz (2015, p.
a qualidade dos bens e serviços oferecidos no Turismo. Isto equivale a dizer que a
qualidade oferecida no destino turístico vai influenciar diretamente no bom ou no
Deste modo, rever os serviços prestados e colocar o cliente como peça
fundamental do Sistema de Turismo, oferecendo a ele serviços diferenciados é
imprescindível para conquistá-los, mas deve-se sempre levar em consideração os
interesses da comunidade local, evitando assim, conflitos que possam vir causar a
inviabilidade do destino turístico. Casteli (2001), afirma que o aumento da
participação das pessoas no turismo fez com que as empresas hoteleiras, um dos
principais suportes do roteiro turístico, expandissem, exigindo uma formação
especializada dos recursos humanos para todos os setores que formam a estrutura
organizacional do hotel.
Segundo Beni (2001), a qualidade no Turismo refere-se ao serviço aliado ao
produto e que o fator qualidade é o único critério que se impõe de maneira natural
para determinar o êxito ou o malogro desses.
Cada época da história teve seu meio de hospedagem. No início eram
hospedagens gratuitas e só depois foram evoluindo para hospedagens pagas.
2.2 O vínculo da hospitalidade com a Casa de Excursão
A conexão da hospitalidade com a atividade da Casa de Excursão se dá
quando fomenta uma relação de troca de desejos entre o hóspede e o hospedeiro.
Tendo em vista que Casa de Excursão é peculiar, pois, demonstra características
próprias, especiais, prima pela liberdade de convivência com os outros hóspedes
incomum à alguns meios de hospedagem vigentes, como é o caso dos hotéis ,
resorts, pousadas, etc.
Analisando do ponto de vista da filosofia, o francês Jacques Derrida
(1997;1999) já citou que a hospitalidade pode ser considerada uma cruzada contra a
intolerância e o racismo. Seguindo a linha de raciocínio que pautava a hospitalidade
dos primórdios, quando apenas a elite era merecedora do bem receber.
De acordo com Jacques Derrida (2007), a palavra hospitalidade vem do latim
hospes, formado de hostis (estranho), que também significa o inimigo estranho
(hostilis) ou estrangeiro.
Não há pré-conceitos na identificação deste autor quando o assunto é o
hóspede. Seus textos mostram-nos, de um lado, a acolhida do estrangeiro que tem
um nome e status social mas mostra também a vinda do bárbaro, indigente, sem
status e sem documentação.
Encontra-se aí, analogia ao comportamento identificado no cliente do objeto
deste estudo. O usuário da Casa de Excursão não precisa se identificar na chegada,
dispensa documentos e detalhes pessoais. As formalidades burocráticas, a relação
do cliente com o proprietário se dá unicamente com o guia da excursão, que locou o
imóvel para o certo número de dias.
Um tem todos os quesitos esperados de um visitante formal. O outro é o
estrangeiro irreconhecível, aquele que é antes de tudo, estranho à língua do direito
na qual está formulado o dever de hospitalidade, o direito ao asilo, seus limites, suas
normas, sua polícia, etc. (DERRIDA, 2003, p. 15).
A hospitalidade pura e incondicional, a hospitalidade em si, abre-se para
alguém que não é esperado nem convidado, para quem quer que chegue, como um
visitante absolutamente estranho, não identificável e imprevisível, ou seja,
totalmente outro. Destarte, a questão da hospitalidade está, pois, ligada à questão
da diferença.
2.3 Meios de Hospedagem: uma breve contextualização
O segmento de hospedagem é um dos negócios mais antigos do mundo. De
acordo com Duarte (1996 apud
inicial básica de alojar aqueles que, por estarem fora de seus lares, necessitavam de
De acordo com Chon e Sparrowe (2003) há muito tempo quando os
comerciantes sumérios que viajavam de uma região a outra na Mesopotâmia, para
vender grãos, necessitavam de abrigo, comida e bebida. Entre a ascensão e a
queda dos impérios, na Mesopotâmia, na China, no Egito e mais tarde, em outras
partes do mundo, as rotas de comércio se expandiram assim como os
estabelecimentos de hospedagem.
Chon e Sparrowe (2003) ainda afirmam que as estalagens, tavernas,
hospedarias, como eram chamados antigamente, eram encontrados em beiras de
estradas conhecidas dos viajantes e tinham como produtos básicos daquela época a
hospedagem e alimentação. Com a queda do Império Romano, os números de
viagens diminuíram, já que as estradas não eram consideradas seguras e as
hospedarias praticamente extinguiram-se.
Candeia (2004) alega que as viagens se tornaram mais seguras e o comércio
aumentou gradualmente na Europa. Os monastérios permaneceram como os
principais estabelecimentos de hospedagem, tanto para os viajantes à negócios,
hospedagem passou a ser oferecida pelos monastérios e outras instituições
religiosas, bem mais
afirmam que durante os séculos IV e XI, a Igreja Católica Romana manteve a
indústria viva através do estimulo às viagens dos peregrinos aos monastérios e
catedrais da Europa, onde foram construídas estradas e mantidas pelos clérigos dos
monastérios locais existentes. Giaretta (2003) descreve que os alojamentos
construídos nas igrejas não eram cobrados e ofereciam um lugar para comer e
dormir.
As primeiras notícias sobre as estruturas físicas para hospedagem segundo
Campos (1998), remontam a à busca de melhores condições de vida e morada, à
realização de trabalhos específicos e temporários, a práticas de negócios, aos
contatos de natureza política, e à participação em atividades esportivas, como
quando da realização dos jogos olímpicos na Grécia Antiga.
O mais antigo registro a respeito da hospedagem organizada data da época
dos Jogos Olímpicos, que consistia de um abrigo de grandes dimensões, em forma
de choupana denominada Ásylon ou Asilo que era um local inviolável com a
finalidade de permitir o repouso, a proteção e a privacidade aos atletas de fora,
convidados a participar das cerimônias religiosas e das competições esportivas.
(ANDRADE, 2002).
Segundo Castelli (2003) as primeiras referências que se tem conhecimento
sobre o setor de hospedagem teriam ocorrido na Grécia Antiga, quando eram
realizados os jogos olímpicos e em virtude dessas viagens, fazia-se necessária a
existência de acomodações para passar a noite.
Logo após os gregos, com o surgimento do Império Romano, responsável
pela construção de estradas que proporcionaram o desenvolvimento de longas
viagens, as quais favoreceram o surgimento de abrigos para os viajantes,
desenvolvendo um sistema de acomodações fixas.
As primeiras hospedarias e pousadas surgiram ainda por uma necessidade
advinda das autoridades eclesiásticas que viajavam muito e sentiam o desconforto
de não terem onde pernoitar e se alimentar (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003).
Essas acomodações eram feitas em prédios, próximos aos monastérios, o
hóspede era responsável pela sua própria alimentação e também pela iluminação do
local (WALKER, 2002).
As viagens passaram a se tornar mais comuns, seguras e frequentes,
juntamente com a evolução dos meios de transportes que facilitaram esses
deslocamentos. O primeiro transporte foi a carruagem puxada por cavalos,
conhecida como diligências, logo após surgiu o trem.
A primeira forma de transporte favoreceu o crescimento das pousadas e
hotéis que se adaptaram a ela, porém com o surgimento das ferrovias, muitas delas
fecharam suas portas pelo fato do transporte ser mais rápido (WALKER, 2002).
Outra raiz histórica da construção de espaços com finalidade de acolher
visitantes são as termas romanas, cuja estrutura disponibilizava acesso às águas
quentes de composição mineral em grandes instalações com cômodos de diferentes
padrões de tamanho, luxo e condições de privacidade (MOURÃO, 1997). Segundo
com a introdução, em Londres, após 1760, do tipo de estabelecimento, então
comum em Paris, denominado Hotel Garni, uma grande casa, na qual os
apartamentos eram alugados por dia, semana ou mês. Seu aparecimento
representou uma mudança radical das formas tradicionais de acomodações ou
hospedarias similares, em algo mais luxuoso e mesmo ostentativo.
Foi no século XVII, que se consolidou na Europa um meio de transporte de
suma importância e influência na expansão hoteleira: as carruagens puxadas por
cavalos, chamadas diligências
pelas estradas européias, garantindo um fluxo constante de hóspedes par as
A invenção da estrada de ferro em 1825 provocou mudanças nas opções de
hospedagem, já que as viagens de trem diminuíram a duração da jornada e
melhoraram o conforto, facilitando assim a viagem das pessoas. No final do século
XIX os hóspedes tinham se tornado mais exigentes e surgiram então hotéis de
grande luxo, como os famosos Savoy, Ritz, Claridge, Carlton e outros
acompanhando a tendência dos fabulosos trens e navios de passageiros da época
(CANDEIA, 2004, p 15). A natureza das viagens mudou mais uma vez com a
introdução dos jatos comerciais, em 1958. Os hotéis dos centros da cidade entraram
em decadência quando o aeroporto se tornou o novo ponto para o desenvolvimento
de hotéis, motéis e restaurantes.
Os hotéis com gerentes, recepcionistas e staff uniformizados implantaram-se,
em geral, no início do século XIX e, até a metades deste, seu desenvolvimento foi
muda o conceito. Enquanto a tradicional hotelaria europeia se preocupava com o
requinte, luxo, extremo conforto, serviços de altíssima qualidade e atendimento
personalizado, surge a hotelaria americana que tinha como pontos fortes os
equipamentos e os aspectos funcionais.
Na atualidade todos os meios de hospedagem que querem continuar no
mercado, e fazer frente a esta concorrência acirrada que a globalização impõe,
estão voltados para a hospitalidade, ou seja, buscam constantemente treinar seus
funcionários para a arte de bem receber.
Novos resorts foram construídos em locais facilmente acessíveis por via
aérea. De acordo com Proserpio (2007), atualmente a tendência no setor de
hospedagem tem se afastado dos hotéis independentes e familiares e tem avançado
no sentido de redes e franquias, que vem crescendo e expandindo-se mais e mais a
cada ano.
2.4 Meios de Hospedagem no Brasil
A necessidade de hospedar pessoas no Brasil iniciou logo depois do
descobrimento, na instalação das capitanias hereditárias quando os mandatários
dessas capitanias instalaram as primeiras hospedarias, pela necessidade de abrigar
viajantes que se deslocavam constantemente. As hospedarias ou pensões da época
passaram a ser exploradas por portugueses instalados em imóveis pequenos,
geralmente edifícios de três ou quatro andares (COUTINHO; PEREIRA, 2015).
Em meados do século XIX, período de grande desenvolvimento econômico
devido à expansão das indústrias e a mercantilizarão, ocasionou também um
significativo desenvolvimento urbano no Brasil, principalmente na cidade do Rio de
Janeiro, que era na época capital do Brasil. Essas transformações econômicas e
sociais levaram ao aumento pela procura de hospedagem na cidade, dando início
aos meios de hospedagem modernos no Brasil, ou seja, estabelecimentos que
ofereciam não apenas acomodações simples e serviços essenciais às necessidades
fisiológicas, como as estalagens que abrigavam e ofereciam refeições modestas,
mas o desenvolvimento de meios de hospedagem mais sofisticados que além dos
serviços básicos, ofereciam também conforto, lazer, entretenimento, dentre outros
serviços voltados a atender uma demanda em busca de lazer, diversão, descanso e
outras necessidades mais subjetivas dos seres humanos.
Juntamente com essas transformações nos padrões da sociedade brasileira,
ocorreram também os desenvolvimentos tecnológicos, como, por exemplo, os
avanços dos sistemas de transportes criação dos transportes movidos a vapor na
segunda metade do século XIX. A criação da companhia de navegação Amazonas
em 1852 e, a inauguração do o primeiro trecho de linha férrea que cortava o Rio de
Janeiro em 1858, (IGNARRA, 2003).
Essa grande evolução no sistema de transporte, sem dúvida, gerou um
aumento no deslocamento de pessoas para outras áreas, e com isso um grande
número de meios de hospedagem foram surgindo na metade do século XIX. Nessa
época já existiam cerca de 200 meios de hospedagem na cidade do Rio de Janeiro,
que variavam entre hotéis e hospedarias (IGNARRA, 2003). No ano de 1908, surge
no Brasil o hotel Avenida, possuindo 200 UH, e era considerado o maior meio de
hospedagem do Brasil.
Porém com o passar dos anos o número de viagens aumentou, e com isso
crescendo também a busca por meios de hospedagem. Contudo devido à
necessidade de regulamentação da atividade turística, em 1968 o governo criou os
primeiros instrumentos de regulamentação, o CNTUR (Conselho Nacional de
Turismo), o FUNGETUR (Fundo Geral de Turismo), e a EMBRATUR (Instituto
Brasileiro de Turismo). Estes foram os órgãos responsáveis por criar a primeira
matriz de classificação hoteleira, com o objetivo de melhorar os serviços e oferecer
transparência em seus serviços, e maior conforto comodidade e segurança aos
hospedes, e também para garantir que os serviços sejam cobrados de forma justa
(IGNARRA, 2003).
No final do século XIX, muitas das capitais e cidades principais do país
ganhavam grandes e elegantes hotéis. No entanto, a expansão da atividade
hoteleira só foi intensificada depois da II Guerra Mundial, e hoje está em níveis bem
próximos dos vigentes na hotelaria internacional.
A EMBRATUR estabelece o significado de meios de hospedagem: considera-
se meio de hospedagem o estabelecimento que satisfaça, cumulativamente, as
condições básicas: licenciado pelas autoridades competentes, administrado e
explorado comercialmente por empresa hoteleira que se disponha a prestar serviços
de hospedagem e oferecer alojamento para uso temporário do hóspede, em
unidades habitacionais específicas, além de serviços de portaria e recepção, guarda
de bagagem e de objetos de uso pessoal dos hóspedes, conservação, manutenção,
arrumação e limpeza das áreas, instalações e equipamentos (VIEIRA, 2003).
O Ministério do Turismo (Mtur) promoveu de1978 até 2011, quatro
reformulações na classificação dos meios de hospedagem, para adequar as
tipologias as mudanças ocorridas em cada modelo de hospedar, ocorridas com o
passar dos anos.
A primeira, promulgada em 2007, estabeleceu o selo de qualidade e a
necessidade de qualificar os serviços turísticos. A segunda, do ano seguinte, criou a
normas de qualidade, eficiência e segurança na prestação de serviços por parte dos
O Ministério do Turismo optou em tornar voluntária a classificação hoteleira,
ao contrário do cadastramento (CADASTUR), previsto no artigo 21, que é
obrigatório. Tais elementos, em conjunto com os fatores socioeconômicos, culturais
e ecológicos da localidade, determinarão o porte do MHT, as suas características
físico construtivas, a diversidade e complexidade de instalações e serviços a serem
disponibilizados, e os preços a serem praticados, de acordo com a categoria ou
padrão do estabelecimento. Tudo em compatibilidade com o poder aquisitivo e com
as demais características que determinam o perfil do público-alvo, futuro usuário do
estabelecimento.
Foi construído por meio de uma parceria entre o Ministério do Turismo (MTur),
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), Sociedade
Brasileira de Metrologia e Sociedade Civil, a definição de tipos de meio de
hospedagem reconhecida formalmente pelo Mtur. São sete as Tipologias de Meios
de Hospedagem hoje no Brasil: Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Cama & Café, Hotel
Histórico, Pousada e Flat/Apart-Hotel, e utiliza a simbologia de estrelas para
diferenciar as categorias.
Segundo informações coletadas junto ao Instituto Brasileiro de Turismo
(2015), os meios de hospedagem devem satisfazer algumas condições específicas,
tais como: possuir alvarás e documentações necessárias, fornecidas pelos
municípios e estados, sendo licenciados pelas autoridades competentes para prestar
serviços de hospedagem; ser administrado e explorado por empresa hoteleira;
oferecer alojamento para uso temporário em unidades habitacionais; ter portaria ou
recepção para controle permanente de entrada e saída de hóspedes; possuir espaço
para guardar bagagens de hóspedes; promover a manutenção, limpeza e arrumação
das áreas e equipamentos de uso do hóspede; manter os padrões previstos no
Regulamento dos Meios de Hospedagem Brasileiro conforme deliberação normativa
nº 387, de 28 de janeiro de 1998 Empresa Brasileira de Turismo.
2.5 Meio de Hospedagem domiciliar
O meio de hospedagem denominado co
hospedagem domiciliar é usualmente definida como uma residência particular onde
se oferece aos hóspedes uma cama para o pernoite e um café da manhã antes de
BASTTELI, 2009, p. 23). A Hospedagem Domiciliar é uma adaptação
brasileira do sistema bed and breakfast, de origem irlandesa, em que o visitante se
hospeda na casa de um habitante da localidade, que pode lhe oferecer ou não café
da manhã, mas se for oferecido será incluído na diária. Esse novo sistema de
hospedagem se encaixa perfeitamente na personalidade do brasileiro, naturalmente
cativante e hospitaleiro.
hóspedes é reconhecidamente um dos principais motivos que atraem o turista para o
-se dizer
então que é o que diferencia a hospedagem domiciliar de outros meios de
hospedagem. A grande diferença no entanto, se dá na capacidade de carga das
Casas de Excursão e dos modelos cama e café. Enquanto uma acomoda até 52
pessoas, a outra em média um hóspede apenas.
Assim como na Casa de Excursão, os anfitriões do cama e café ao acolherem
um visitante em sua residência, veem no turismo a possibilidade de melhoria da
qualidade da vida, pois essa atividade proporciona uma renda complementar aos
residentes receptores, assim, os hospedeiros descobrem no turismo novas
oportunidades econômicas e se tornam cada vez mais conscientes de sua
importância dentro da sociedade.
Apesar de ser uma atividade pouco conhecida, a hospedagem domiciliar vem
ganhando cada vez mais simpatizante devido sua maneira diversificada de hospedar
os visitantes, dessa forma, toda e qualquer pessoa que se hospeda em uma
residência se sente mais acolhida e protegida, pois o visitante tem a oportunidade de
participar de forma direta da vida da comunidade local.
Diversificar a oferta de meios de hospedagem com simplicidade e primando
pela hospitalidade, dão a tônica da hospedagem domiciliar. Os anfitriões que
integram esse tipo de hospedagem ao acolher um visitante em sua residência, veem
no turismo a possibilidade de melhoria da qualidade da vida, pois essa atividade
proporciona uma renda complementar aos residentes receptores, assim, os
hospedeiros descobrem no turismo novas oportunidades econômicas e se tornam
cada vez mais conscientes de sua importância dentro da sociedade.
O dicionário de geografia Humana (JOHNSTON, 1989, p.302) conceitua
residência secundária (second Home) como propriedade que pode ser própria,
alugada, ou arrendada por uma família, cuja residência principal está situada em
outro local
Para Ragatz (1970, p.447), a residência de férias (vacation home)
compreende um domicílio familiar, e ocupantes devem ter algum outro lugar como
residência principal. O mesmo autor destaca ainda, que a residência de férias deve
ter sido construída, originalmente, com o propósito de realizar atividades no tempo
de lazer.
Para Giaretta (2005), hospedagem alternativa é a não convencional que
complementa a oferta de leitos e destinos turísticos, tem característica econômica,
de menor custo e variação na prestação de serviços. Para o autor, outra
característica comum é ser de propriedade de pequenos empreendedores.
Segundo Beni (1997), a classificação dos meios de hospedagem pode ser
dividida em três tipos:
Classificação privada: são normas criadas por órgãos e empresas
privadas.
Classificação formal: são as normativas implantadas por órgãos oficiais
como a EMBRATUR, caso do meio de hospedagem Bed and Breakfast.
Autoclassificação, ou sem classificação: se encaixa para meios de
hospedagem que possuam uma administração familiar, onde as normas são criadas
pelos próprios proprietários, sem seguir nenhuma normativa. Na percepção da
autora, esta, atende as características da Casa de Excursão.
A literatura sobre estes modelos extra hoteleiros ainda é carente de definições
entre as diferenças entre eles. Na Tabela 01 são identificados alguns modelos:
Tabela 01 - Literaturas sobre modelos extra hoteleiros.
BENI (2000) GIARETTA (2005)
Pensão Pensionato
Pensionato Pensão
Colônia de Férias Colônia de Férias
Albergue de Turismo Albergues da Juventude (HI Hostels)
Pousada Pousada
Acampamento de Férias Acampamentos
Alojamento de Turismo Rural Camping
Imóvel locado Residências Secundárias
Segunda residência Imóveis locados
Camping Alojamento de Turismo Rural
Hospedaria Bed and Breakfast
Parador
Flat
Apart Hotel
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Essa nova forma de hospedar através do turismo contribui significativamente
para uma expressão de desenvolvimento econômico e cultural local, despertando
em cada um deles o interesse e o desejo de preservação e conservação do lugar
onde residem, pois eles passam a perceber os benefícios da atividade turística por
meio dos meios de hospedagem.
Este tipo de hospedagem pode assumir quatro diferentes modalidades: 1.Casas construídas e mantidas prioritariamente para aluguel de temporada. Neste caso elas só são ocupadas ocasionalmente pelos proprietários, que tanto podem habitar na mesma cidade, quanto serem de fora e usarem a casa eventualmente, principalmente durante feriados ou férias. 2. Casas habitadas que são alugadas para temporada; os moradores deixam temporariamente suas casas para deixar espaço para receber os turistas. 3. Casas onde os moradores disponibilizam um cômodo para os turistas, mas não se preocupam em oferecer serviços, como limpeza, arrumação e café da manhã. 4. Casas onde os moradores disponibilizam um cômodo da casa e se encarregam dos serviços. (PIMENTEL, 2009, p 225).
Com isto, fica claro que as ideias sobre hospedagem domiciliar vão ganhando
outras formas de nomenclaturas dependendo das características e das condições de
cada anfitrião, assim, vai se formulando uma melhor compreensão com relação ao
seu significado à medida que se vai tentando buscar novas maneiras de hospedar.
No Brasil o site www.camaecafe.com.br oferece a modalidade de hospedagem,
conforme Figura 03.
Figura 03- Anúncio do meio de hospedagem Bed and Breakfast ou Cama e café
Fonte: http:www.camaecafe.com.br (2015).
Dessa forma, o principal fator de motivação que leva os visitantes a se
hospedarem em casas de moradores da região e não em hotéis tradicionais é a
experiência única que se adquire no decorrer da hospedagem, pois conhecer a
comunidade anfitriã é conhecer a cultura da localidade visitada. A hospedagem
domiciliar é basicamente uma atividade de pequena escala, em que os moradores
da localidade são os proprietários desses produtos, gerando renda complementar, e
novas oportunidades de empregos estão sendo criadas dentro dessas comunidades.
3 ASPECTO METODOLÓGICO DA PESQUISA
Após a apresentação dos objetivos e da revisão de literatura deste estudo, a
metodologia de pesquisa é disposta e dividida em quatro blocos: métodos,
abordagens e estratégias de pesquisa; levantamento bibliométrico, universo e
amostra; instrumento para coleta de dados e os tratamentos que foram aplicados
para a obtenção dos resultados.
3.1 Método, Abordagens e Estratégias de Pesquisa
A pesquisa científica caracteriza-se por ser uma busca exaustiva, metódica,
de resposta a uma pergunta visando preencher uma lacuna de conhecimento (LEAL,
2011). Para alcançar os objetivos propostos por esta pesquisa, utiliza-se o método
científico. De acordo com Gil (1999), o método científico é um conjunto de
procedimentos técnicos e intelectuais utilizados para atingir o objetivo final, o
conhecimento.
Para encontrar os resultados desse estudo, foram aplicados dois momentos
de pesquisa, com abordagem quanti-qualitativa. A primeira abordagem, enquadrada
na visão positivista das ciências sociais, pode ser caracterizada por Malhotra (2001,
uma
forma a análise estatística ustifica o autor que, na maioria das vezes, essa
abordagem deve anteceder a pesquisa qualitativa, pois ajuda a contextualizar e
compreender os fenômenos sociais. Já a segunda abordagem, qualitativa, Malhotra
(2001, p.155) d -estruturada, exploratória, baseada
em pequenas amostras, que proporcionam insights e compreensão do contexto do
problema sta abordagem ocorreu para melhor entender os aspectos e atributos
das Casas de Turismo de Balneário Camboriú.
Vale destacar que os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa
opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as
ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma
metodologia própria. Segundo Richardson (1999b) a abordagem qualitativa de um
problema, justifica-se por ser uma forma adequada para entender a natureza de um
fenômeno social, que exige diferentes enfoques. Ela é utilizada quando os
fenômenos sociais não são solucionados pela teoria, pois se tratam de problemas de
conhecimento profundo, sendo considerados casos específicos.
Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de
suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do
pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações
aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela
seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58). A
pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade.
Quanto a natureza, a presente dissertação é básica, que objetiva gerar
conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática
prevista. Envolve verdades e interesses universais.
Quanto aos objetivos, essa investigação se caracteriza como exploratória,
descritiva. A investigação em nível exploratória procura descobrir novas ideias,
perspectivas e aspectos da realidade, enquanto que a descritiva busca delinear as
características de uma população ou área de interesse de forma sistemática,
objetiva e precisa. Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento
bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão
(GIL, 2007).
Entende-se que tal investigação se caracteriza como exploratória por
desvendar uma área de estudos científicos, no caso o indicativo de um novo meio de
hospedagem, a casa de excursão, a fim de descobrir ideias, avaliações, gerar
explicações e também, identificar áreas para um estudo mais aprofundado. Já a
pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que
deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de
determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987).
Quanto aos procedimentos, será feita a pesquisa bibliográfica e o estudo de
caso. A análise bibliográfica será desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros, teses, dissertações e artigos científicos
(GIL,1991). Esta modalidade de pesquisa é amplamente usada nas ciências
biomédicas e sociais (GIL, 2007, p. 54).
Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. 33).
Finalmente, deve-se lembrar que, conforme lembra YIN (2005, p. 24), referido
estudo constitui técnica apropriada para as situações em que o pesquisador precisa
e deve-se organizar e redigir o relatório,
segundo critérios predefinidos. Para GIL (1987, p. 57) o estudo de caso estimula o
pesquisador a novas descobertas, justamente devido à flexibilidade do
planejamento. Lembra que é comum, ao longo da pesquisa, descobrir-se aspecto
diverso do esperado (e mais relevante para a solução do problema). Por fim, aponta-
nos a simplicidade dos procedimentos como ponto favorável à técnica. Segundo o
estudioso, os relatórios possuem linguagem e forma mais acessíveis.
3.2 Levantamento Bibliométrico
A primeira etapa, conforme pode ser visualizado na Figura 04, demonstra a
realização do levantamento bibliográfico de dados através das principais bases de
dados, EBSCO (Elton B Stephens Company), SCIELO (Scientific Electronic Library
Online), BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações), Periódicos CAPES,
SPELL e Google Acadêmico. Através desse levantamento foi possível coletar
artigos, dissertações, teses e periódicos científicos para conhecimento sobre o tema
estudado. A pesquisa foi realizada entre durante o mês de novembro de 2015,
utilizando as palavras-chave: Hospitalidade e Meios de Hospedagem, Hospedagem
em Residências Particulares e Casa de Excursão, para se chegar a uma busca
satisfatória nos temas propostos.
Figura 04 - Etapa 1: Levantamento de dados bibliográficos.
Fonte: elaborado pela autora (2015)
O material coletado apontou um volume maior de publicações no periódico
científico EBSCO, com 189 publicações nos três temas propostos. Juntamente com
o Google Acadêmico com um total de 21.850 resultados. Por se tratar de um
periódico internacional no caso EBSCO, utilizou- Owners of
lodging in particular residence”, “Hospitality and Lodging Facilities” e Tour home” no
campo reservado para palavra-chave. Essa primeira pesquisa resultou em um total
de 96 artigos com o Tema 1, 58 com o Tema 2 e 45 com o Tema 3, mas como se
trata de uma pesquisa científica, optou-se por limitá-la utilizando as opções
recorte resultou em 08, 09 e 02 artigos respectivamente. Após a análise dos títulos e
resumos, concluiu-se que nenhum era relevante para pesquisa, porque não tratavam
do tema pesquisado. Ao refinar a pesquisa por assuntos foram encontrados tópicos
como: hospitality industry, hotels, tourism, resorts, lodging-houses, service industries.
O levantamento realizado na plataforma EBSCO pode ser visualizado na Figura 05.
Figura 05 Etapa 2: Levantamento na EBSCO com os três temas.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Na base de dados SCIELO colocado os três temas na busca, também na
língua inglesa, não foram encontradas publicações com o Tema 01, mas com o
Tema 02 foi localizado sete artigos e com o Tema 03, três publicações com um
recorte temporal apontado pela base de 2001 a 2014. Os temas mais presentes
foram hospitalidade, lazer, turismo e gerenciamento. Também nessa base de dados
nenhum artigo se referia ao tema da pesquisa.
Na base de dados de periódicos da CAPES não foram apontados nenhuma
publicação com nenhum dos três temas propostos. Já na base do Google
Acadêmico que reúne as mais diversas referências e citações, foi encontrado um
número considerável de registros, conforme se pode observar na Figura 06. Apesar
do grande número de publicações, há de se levar em consideração que a base de
dados Google Acadêmico é uma base com plataforma livre, o que proporciona o
rastreamento de vídeos, fotos, textos e citações dos mais diversos, nem sempre
vinculados aos temas de pesquisa propostos. Na base de dados SPELL a busca foi
realizada com os termos em inglês e português e não foi apontado nenhum registro.
Figura 06 Levantamento base de dados Google Acadêmico.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
3.3 Universo e Amostra de Pesquisa
Para encontrar os objetivos desse trabalho duas aplicações de pesquisa
(quantitativa e qualitativa) foram aplicadas. No entanto o Universo e Amostra de
Pesquisa são diferentes entre si. Na pesquisa quantitativa, este estudo optou pelo
método não probabilístico que, de acordo com Hair Júnior e colaboradores (2005, p.
mentos para a amostra não é
necessariamente feita com o objetivo de ser estatisticamente representativa da
população . Ainda, a amostragem por conveniência, segundo Malhotra (2001,
convenientes. A seleção das unidades amostrais é deixada a cargo do
entrevistador .
Para primeira bateria de entrevistas, utilizou-se o cálculo de erro amostral
tolerável para a pesquisa. Da fórmula de Barbetta (2003) tem-se:
no = 1 / Eo², onde o Eo retrata o erro amostral da pesquisa.
Que para o universo deste trabalho, utilizando o erro amostral de 5%, sendo
0,05, tem-se:
no = 1 / Eo²
no = 1 / 0,05²
no = 389 (trezentos e trinta e nove) entrevistados.
De acordo com a mensuração anterior, foram utilizados 389 questionários
aplicados entre 20 de dezembro de 2015 e 15 de janeiro de 2016 no Posto de
Informações Turísticas (PIT) de Balneário Camboriú, caracterizados por: turistas que
se hospedariam em Casas de Excursão, vindo de todo o país, indiferentes classes
econômicas e escolaridades, ambos os gêneros e idade igual ou superior a 18 anos.
Já no segundo momento de pesquisa, o universo é composto por as 57
(cinquenta e sete) Casas de Excursão. O levantamento foi feito por pesquisa por
meio do Cadastro de Controle da Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú
(SECTURB) que regulamenta a atividade e que informou a pesquisadora os
endereços e telefones dos proprietários das Casa de Excursão.
Para proceder a coleta de dados, foi escolhida a amostra não probabilística
por julgamento. Amostragem não probabilística é aquela em que a seleção dos
elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo. (MATTAR, F. p. 132).
Segundo Aaker, Kumar e Day (p. 375), a amostragem não probabilística é usada
tipicamente nas seguintes situações de um projeto de pesquisa;
1. Quando se trata de uma população homogênea;
2. Quando o pesquisador não possui conhecimentos estatísticos
suficientes;
Nas amostras intencionais enquadram-se os diversos casos em que o
pesquisador deliberadamente escolhe certos elementos para pertencer à amostra,
por julgar tais elementos bem representativos da população (COSTA NETO, 1977,
p. 45). Um exemplo prático deste tipo de amostragem é ao se almejar investigar
variáveis inerentes a uma comunidade, no caso da presente pesquisa, os
proprietários da Casa de Excursão e os clientes. Portanto, a pesquisadora procedeu
à aplicação dos questionários junto aos principais interessados no negócio, por
julgar que estes sejam representativos do mesmo.
A abordagem da amostragem por julgamento pode ser útil quando é
necessário incluir um pequeno número de unidades na amostra, no caso são 57
Casas de Excursão na cidade. A amostra foi definida em duas etapas: foram
escolhidas uma casa de cada localidade já repartida no cadastro da Prefeitura que
inclui avenidas e bairros, avenida brasil, avenida do estado, bairro das nações e
bairro centro onde estão as Casas de Excursão. Por intenção foi feita a seleção de
quatro (4) casas onde foram coletadas informações de cinco (5) hóspedes de cada
casa e de quatro (4) proprietários um (1) de cada estabelecimento por entrevista
semiestruturada, totalizando com vinte e cinco (25) entrevistas válidas.
Para a autora, o método não probabilístico por julgamento, atende à
investigação proposta, pois, a intencionalidade torna uma pesquisa cokm este
objetivo, mais rica em termos qualitativos. Estas informações não são generalizáveis
para totalidade da população, mas podem proporcionar os elementos necessários
para identificação da dinâmica do movimento. O emprego deste tipo de amostra
requer conhecimento da população e dos elementos selecionados (MASSUKADO-
NAKATANI, 2009). Como todos os entrevistados desempenhavam a mesma função,
no caso dos proprietários, e desfrutavam de momento de férias, no caso dos
hóspedes, entende-se que a amostra era válida e daria um confiável grau de
fidedignidade a pesquisa.
Já para se obter as características físicas comuns das Casas de Excursão
foram visitados e analisados pela autora, pessoalmente ou por telefone, vinte e nove
(29) Casas de Excursão, com de vinte e nove (29) entrevistas válidas com os
proprietários das casas, tendo a amostra representativa de 51% do universo
estudado.
3.4 Instrumento para Coleta de Dados
Com o emprego de dois métodos diferentes de pesquisa, novamente, dois
instrumentos diferentes foram utilizados nesse trabalho. Na pesquisa quantitativa,
optou-se pelo levantamento survey com a utilização de questionário impresso. Esta
aplicação presencial, impressa e autopreenchível conteve 2 (duas) baterias de
perguntas: consumo turístico e características sociodemográficas dos entrevistados,
usuários das Casas de Excursão.
As escalas que mediram o construto neste estudo são baseadas na medida
métrica, ou seja, escalas intervalares com 7 itens no padrão Likert, partindo de
discordo totalmente até concordo totalmente. Demais dados foram avaliados por
questões dicotômicas, nominais, numerais e textuais.
O questionário (Apêndice 02) aplicado com estes turistas foi pré-testado com
10% (dez porcento) da amostra, que resultou em 40 pessoas. Como nenhuma
dificuldade para o preenchimento foi encontrada, os demais 349 instrumentos foram
coletados. Vale reforçar que as pesquisas foram aplicadas entre 08:00h e 20:00h,
entre os dias 20 de dezembro de 2015 e 15 de janeiro de 2016 na faixa de areia da
praia e a Avenida Brasil da cidade de Balneário Camboriú.
O roteiro de entrevistas utilizado na etapa qualitativa desse estudo foi
baseado em variáveis que mensuravam aspectos relevantes às Casas de Excursão,
como por exemplo: a capacidade e lotação de visitantes, o método de hospedagem
e o formato de atendimento. Todas as entrevistas aconteceram em um local isolado,
sem a circulação de pessoas ou qualquer outro tipo de interferência, afim de criar
um ambiente agradável para obter o melhor desempenho dos pesquisados nas
entrevistas. Vale destacar que as variáveis foram baseadas no escopo quantitativo
do trabalho, ou seja, buscou-se as mesmas afirmações montadas na segunda etapa
dessa pesquisa. O roteiro de entrevistas pode ser encontrado na Apêndice 01 desse
estudo.
Sobre as características físico estruturais das casas, a autora relatou em uma
listagem, quais cômodos se repetiam no universo pesquisado, que foi de 51% das
Casas. Ambas, foram realizadas nos meses de Outubro e Novembro de 2015.
3.5 Tratamentos dos Dados
Para a análise dos dados quantitativos deste levantamento survey foram
utilizados os softwares: Statistica 8.0, Statistical Package for the Social Sciences
SPSS 17.0 e Microsoft Excel 2007. As análises descritivas das amostras e dos
construtos estudados foram demonstrados por meio das: frequências, porcentagens,
médias, medianas, desvios padrão e tabelas comparativas.
Já para as pesquisas qualitativas, optou-se pelo emprego de interpretações
diferentes: a quantificação das respostas repetidas dos atributos das casas de
excursão e a análise de conteúdo com os dados do roteiro de entrevista.
Durante a análise das entrevistas, buscaram-se elementos que
evidenciassem as percepções de hospitalidade dos turistas de Casa de Excursão de
Balneário Camboriú, sustentadas pelos princípios da análise de conteúdo.
Segundo Kaplan (1943), análise de conteúdo trata-se de uma análise
estatística de um discurso político. Para Bardin (2001), o termo análise de conteúdo
designa procedimentos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos.
Optou-se por esta técnica por sua adequabilidade e oportunizarão a
verificação de características implícitas, como compreensão e expressão de
emoções, significados, motivos, valores, atitudes e situações inusitadas do
fenômeno pesquisado.
Por fim, para melhor compreender as formas de pesquisa, optou-se por
apontar a Figura 07 a seguir, que ilustra tais procedimentos.
Figura 07 Procedimento de Pesquisa
Pesquisa Quantitativa
Entre 12/2015 e 01/2016 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3
Questionário Impresso
389 Entrevistados Roteiro Semiestruturado Roteiro Semiestruturado Roteiro Semiestruturado
Resultados Estatísticos Hóspedes das Casas (20 pessoas) Proprietários das Casas (4 pessoas) Proprietários das Casas (29 casas)
î íê
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Fundamentação Teórica
Metodologia de Pesquisa
ê
Resultados
Pesquisa Qualitativa
Entre 10 e 11/ 2015
ê
ê
ê
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Diante da imagem, pode-se perceber que a partir dos objetivos desse estudo,
dois caminhos diferentes aconteceram para encontrar os resultados. A pesquisa
quantitativa oportunizou conhecer melhor os consumidores e turistas da cidade de
Balneário Camboriú, e a segunda, compreender os aspectos e atributos de Casa de
Excursão locados na cidade litorânea. Vale relatar que, embora a pesquisa
qualitativa tenha acontecido anterior a pesquisa quantitativa, optou-se por inverter tal
situação nesse estudo, uma vez que o melhor momento para a coleta dos dados
estatísticos (com a aplicação dos questionários) acontecia no verão pelo maior
volume de pessoas na cidade.
4 METODOLODIA PARA OS RESULTADOS
Os resultados e as discussões deste estudo são apresentados em dois
grandes grupos: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. Na primeira
(quantitativa), os dados foram divididos em outras três partes: Característica da
amostra; os Procedimentos realizados para a análise dos dados e a Identidade de
Consumo Turístico. Já a segunda (qualitativa) em outras quatro partes: Histórico das
Casas de Excursão, Perfil do proprietário da Casa de Excursão; Perfil do cliente da
Casa de Excursão e Denominador comum de áreas físicas.
4.1 Pesquisa quantitativa: características de amostras
Para entender quem são os turistas que se hospedam na cidade de Balneário
Camboriú, buscou-se interrogar as principais variáveis sociodemográficas dessas
pessoas. A Tabela 02 a seguir aponta tais resultados.
Tabela 02 Variáveis sociodemográficas dos pesquisados Características Frequência Porcentagem
Idade
Até 20 anos completos 30 7,71% Entre 21 e 40 anos completos 128 32,90% Entre 41 e 60 anos completos 199 51,16% Mais de 61 anos completos 32 8,23% Total 389 100,00%
Gênero Feminino 231 59,38% Masculino 158 40,62% Total 389 100,00%
Estado Civil Solteiro (a) / Separado (a) Viúvo (a) 272 69,92% Casado (a) / Mora Junto (a) 117 30,08% Total 389 100,00%
Ocupação Profissional
Conta Própria / Autônomo (a) 88 22,62% Empregado (a) Assalariado (a) 211 54,24% Empresário (a) 27 6,94% Estagiário (a) 2 0,51% Funcionário (a) Público (a) 41 10,54% Não Trabalha / Desempregado (a) 20 5,14% Total 389 100,00%
Escolaridade
Fundamental Incompleto 1 0,26% Fundamental Completo 11 2,83% Médio Incompleto 25 6,43% Médio Completo 103 26,48% Superior Incompleto 136 34,96% Superior Completo 101 25,96% Pós Graduação 12 3,08% Total 389 100,00%
Renda Familiar Mensal (Critério IBGE)
Classe A 97 24,94% Classe B 103 26,48% Classe C 150 38,56% Classe D 37 9,51% Classe E 2 0,51% Total 389 100,00%
Estado Origem
AL 3 0,77% BA 16 4,11% CE 1 0,26% DF 13 3,34% ES 2 0,51% GO 19 4,88% MG 7 1,80% MT 18 4,63% PA 2 0,51% PB 6 1,54% PE 3 0,77% PI 8 2,06% PR 97 24,94% RJ 19 4,88% RN 3 0,77% RS 99 25,45% SC 29 7,46% SP 32 8,23% Demais Somados 12 3,08% Total 389 100,00%
Fonte: pesquisa aplicada pela autora.
A partir da Tabela 02, é possível identificar o predomínio de pessoas com
idade entre 41 e 60 anos completos (51,16%), do gênero feminino (59,38%),
solteiras, separadas ou viúvas (69,92%), empregadas assalariadas (54,24%), com
ensino superior incompleto (34,96%), de renda familiar enquadrada na classe C
(38,56%) e, em sua grande maioria, vindas do Rio Grande do Sul (25,45%). Vale
destacar que, embora tenha-se feito um perfil a partir dos resultados mais altos de
entrevistas, não houve predomínio relevante estatístico a ser considerado, exceto o
grande volume de pessoas vindas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
4.2 Pesquisa quantitativa: fidedignidade dos dados
Para verificar a confiabilidade e a consistência interna dos construtos utilizou-
se a análise do Alfa de Cronbach. O alfa de Cronbach, também conhecido como
indicador de fidedignidade dos dados, analisa o grau de convergência das
informações, ou seja, verifica o grau de concordância dos respondentes em relação
a um construto teórico aplicado. Dessa forma, índices superiores a 0,60 são
considerados aceitáveis para validação da convergência interna da dimensão
(CRONBACH, 1951).
Destaca-se que nesse estudo gerou-se o índice de 0,891. A partir das
descrições de Cronbach (1951), Hair e colaboradores (2005), Malhotra (2001) esse
escore possui alta validade para dar continuidade no estudo estatístico, pois os
autores indicam que devem ser acima de 0,60, 0,70 e 0,80 respectivamente.
4.3 Pesquisa quantitativa: identidade do consumo turístico e as variáveis de
análise
A partir da confiabilidade do estudo e do instrumento de pesquisa, as
variáveis de análise de Destino Turístico são apresentadas. No ano de 2010, os
autores Pérez-Nebra e Torres adaptaram um modelo capaz de mensurar a imagem
de um destino turístico, a partir das variáveis já utilizadas pela Organização Mundial
do Turismo. De acordo com os autores que adaptaram o modelo, esse instrumento
foi foi construído com o objetivo de mensurar a imagem que turistas fazem a respeito
do destino turístico Brasil, composto de duas partes: a primeira sobre imagem, a
segunda de dados pessoais.
Para esse estudo, optou-se pela redução das variáveis que não se
enquadravam com a realidade dessa pesquisa, uma vez que já se havia aplicado
entrevistas qualitativas com os proprietários das Casas de Excursão. O instrumento
inicial de Pérez-Nebra e Torres (2010) possui 69 variáveis de análise para medir a
imagem de turismo, distribuídas em cinco dimensões: i) cenário específico do país
como destino turístico; ii)Infra-estrutura turística; iii) luxo e conforto; iv) cultura local;
e, v) recreação e entretenimento. Para esse estudo optou-se pelo uso de 25
variáveis, também distribuídas em cinco dimensões, conforme os autores originais
que deram base para esse trabalho. O questionário utilizado para encontrar os
objetivos desse estudo pode ser visualizado nos apêndices.
A Tabela 03 a seguir identifica esses valores.
Tabela 03 Identidade de Consumo Turístico
Variáveis Média Moda Mediana Desvio Padrão
Variância Lo
calid
ade
Lindas Paisagens 5,414 7 6 1,5204 2,3115
Lindas Praias 6,034 7 7 1,4259 2,0333
Florestas Tropicais 3,655 4 4 1,3964 1,9501
Coisas Novas, diferentes e interessantes
5,464 6 6 1,2387 1,5344
Cidade limpa e organizada 6,022 7 7 1,8765 1,7654
Pessoas hospitaleiras 5,31 7 6 1,9494 3,8002
Destino seguro para turistas 6,207 7 7 1,3488 1,8193
Um clima bom 5,828 7 6 1,44 2,0737
Fácil acesso e deslocamento 4,552 6 5 1,7138 2,937 Facilidade para uso de táxi e ônibus 5,586 7 6 1,7911 3,2081
Excelentes opções de lugares para nadar 3,655 3 3 1,9168 3,6742
Ent
rete
nim
ento
Comidas, refeições e bebidas 4,586 5 5 1,5204 2,3115 Excelentes lugares para dançar
4,655 5 5 1,5817 2,5018
Boates, festas e bares 5,69 7 6 1,8024 3,2485 Casas de shows, peças teatrais e musicais
5,828 7 6 1,1163 1,2461
Localidade para criar relacionamentos 5,759 7 6 1,381 1,9073
Con
sum
o
Boas opções de hotéis e resorts 6,034 7 7 1,4735 2,1712
Boas casas de excursão 5,321 7 6 1,8137 3,2895 Variedade de produtos para compra
5,483 7 6 1,632 2,6635
Produtos típicos 3,069 1 3 1,7406 3,0297
Custo de vida baixo 5,345 7 6 1,7075 2,9156
Opção de viagem econômica 5,828 7 6 1,44 2,0737
Shoppings, lojas e outlets 5,63 7 6 1,3095 1,7147
Comida típica 4,607 3 4 1,8193 3,3099
Parques temáticos 4,103 4 4 2,0231 4,0927 Fonte: pesquisa aplicada pela autora.
Diante da Tabela 03, pode-se perceber que existem algumas variáveis que
são mais importantes que outras para os turistas de Balneário Camboriú (destaques
em cinza). Na dimensão Localidade, 8 (oito) variáveis se mantiveram com altas
médias e ultrapassaram o número 5 (cinco) e são: Destino seguro para turistas
(6,207); Lindas Praias (6,034), Cidade limpa e organizada (6,022); Um clima bom
(5,828); Facilidade para uso de táxi e ônibus (5,586); Coisas Novas, diferentes e
interessantes (5,464); Lindas Paisagens (5,414) e Pessoas hospitaleiras (5,31).
Já a dimensão que tratava dos aspectos de entretenimento, outras 3 (três)
variáveis se mantiveram altas, e são: casas de shows, peças teatrais e musicais
(5,828); Localidade para criar relacionamentos (5,759) e Boates, festas e bares
(5,69).
Por fim, o Consumo, ficou melhor caracterizado pelas variáveis: Boas opções
de hotéis e resorts (6,034); Opção de viagem econômica (5,828); Shoppings, lojas e
outlets (5,63); Variedade de produtos para compra (5,483); Custo de vida baixo
(5,345) , Boas casas de excursão (5,321).
Como é possível perceber com os dados, os entrevistados se mantiveram
muito críticos quanto aquilo que procuravam/esperavam da cidade de Balneário
Camboriú. Nos aspectos de Localidade, 8 (oito) variáveis se mantiveram altas na
escala que variavam entre 1 e 7 pontos. Esse mesmo escore foi encontrado em 3
(três) na dimensão Entretenimento e 6 (seis) na dimensão Consumo. O atributo mais
importante nesse estudo acontece pela avaliação das Casas de Excursão. Com o
dado encontrado, os entrevistados indicaram estar contentes com a oferta
recebida/esperada, uma vez que parte expressiva busca uma viagem mais
econômica e barata.
Para melhor compreender as opiniões e os aspectos de consumo de cada
perfil pesquisado nessa bateria de entrevistas, optou-se por cruzar os dados e
entender as opiniões individualmente. Para isso, cruzou-se as características
sociodemográficas das pessoas e as opiniões acerca das variáveis do construto
utilizado na pesquisa. A Tabela 04 aponta esses valores.
Tabela 04 Identidade de Consumo Turístico
Variáveis Gênero Estado Civil Classe Econômica Masculino Feminino Solteiros Casados
Classe Alta
Classe Média
Classe Baixa
Loca
lidad
e
Lindas Paisagens 5,72 4,95 3,71 4,70 3,21 4,70 5,20 Lindas Praias 4,84 3,88 6,52 6,52 3,61 5,98 4,51 Florestas Tropicais
4,56 4,95 3,33 2,33 5,33 2,33 4,33
Coisas Novas, diferentes e interessantes
4,79 4,76 3,73 5,23 6,23 3,21 3,73
Cidade limpa e organizada 5,67 5,26 5,34 5,51 6,52 4,72 6,01
Pessoas hospitaleiras 4,86 5,22 4,16 3,66 3,16 4,66 6,16
Destino seguro para turistas 4,83 4,83 6,60 5,60 6,60 4,60 5,60
Um clima bom 5,19 4,16 4,41 4,91 6,65 5,41 4,65
Fácil acesso e deslocamento 5,07 5,81 4,28 4,28 4,78 3,28 5,28
Facilidade para uso de táxi e ônibus
4,62 5,09 5,29 6,29 6,43 3,29 4,29
Excelentes opções de lugares para nadar
4,12 4,43 3,33 2,83 4,33 2,33 3,83
Ent
rete
nim
ento
Comidas, refeições e bebidas
4,62 4,50 5,76 3,79 4,29 2,53 3,79
Excelentes lugares para dançar
5,17 4,98 4,33 3,33 4,31 5,33 4,33
Boates, festas e bares
5,76 4,19 4,85 3,35 5,85 5,85 3,75
Casas de shows, peças teatrais e musicais
5,79 5,79 6,41 4,91 5,91 6,41 4,91
Localidade para criar relacionamentos
4,26 3,35 5,88 4,88 6,38 3,38 3,38
Con
sum
o
Boas opções de hotéis e resorts
5,68 5,42 5,52 4,02 6,52 3,52 6,52
Boas casas de excursão 5,40 4,67 6,16 5,66 3,16 4,66 6,16
Variedade de produtos para compra
4,28 4,05 6,24 5,74 3,24 4,74 6,24
Produtos típicos 4,21 5,47 4,03 2,53 4,53 2,03 5,03 Custo de vida baixo 4,41 4,16 4,17 4,67 5,67 4,67 4,67
Opção de viagem econômica 5,73 5,07 5,41 4,41 6,41 3,41 3,41
Shoppings, lojas e outlets 5,12 5,30 4,82 4,32 6,32 4,32 4,32
Comida típica 4,36 3,98 3,80 4,30 4,30 3,80 3,30 Parques temáticos 4,31 4,31 4,05 4,55 5,55 2,55 4,05
Fonte: pesquisa aplicada pela autora.
Como é possível identificar na Tabela anterior (destaques em cinza), alguns
turistas se demonstraram mais críticos que outros. Na primeira dimensão
Localidade os homens se demonstraram mais interessados por uma cidade bonita,
limpa e organizada. Já as mulheres indicaram se interessar mais pelas pessoas
hospitaleiras, um fácil acesso e deslocamento e florestas tropicais. Essas diferenças
também são encontradas nos demais perfis. Os entrevistados que eram casados
mantiveram as maiores médias de em quase todas as variáveis, uma vez que os
solteiros indicaram que tinham interesse em praias, florestas, pessoas hospitaleiras,
uma cidade segura e fácil acesso e deslocamento. Por fim, as classes econômicas.
Como esperado as classes mais altas obtiveram as maiores médias em quase todas
as variáveis da dimensão Localidade. Essa classe é caracterizada por maior
criticidade e avaliação dos atributos de turismo.
Novamente os homens se mantiveram mais críticos com a segunda dimensão
chamada Entretenimento. Apenas uma variável se equilibrou com o consumidor
feminino (casas de shows, peças teatrais e musicais), quando para todas as demais
os homens obtiveram os maiores escores. Essa mesma característica foi encontrada
com as pessoas solteiras. Esse fato foi curioso para essa bateria de pesquisa, uma
vez que parte das variáveis que estavam nessa dimensão também poderiam se
enquadrar para os consumidores casados. Finalmente as classes econômicas. Em
todos os aspectos as classes mais altas foram mais criteriosas. Vale entender aqui
que, a classificação foi somada, ou seja, Classe A + Classe B (classe alta), Classe C
(classe média) e Classe D e E (classe baixa).
Na última dimensão, nomeada Consumo, os homens perderam em apenas
dois aspectos quando comparado com as mulheres: Produtos típicos e Shoppings,
Lojas e Outlets. Nas demais variáveis os escores masculinos foram mais altos que
os femininos. Os solteiros, comunicaram que buscam produtos típicos, opções
baratas de viagem e lojas para comprar produtos. Por fim, as classes sociais se
mantiveram diferentes novamente. As classes mais altas se mantiveram com os
maiores escores nos produtos e lojas para compras, já as classes mais baixas
indicaram que gostariam de encontrar maior variedade de produtos e objetos típicos
da região.
Como é possível perceber no destaque em verde, quando questionados sobre
as casas de excursão, os entrevistados se mantiveram com escores diferentes entre
si. O consumidor masculino se demonstrou mais interessado, bem como os solteiros
de classe média-baixa.
Os dados encontrados nessa etapa de pesquisa permitem responder dois dos
quatro objetivos propostos pelo estudo, sendo: a)Identificar o perfil sociodemográfico
dos turistas de Casa de Excursão de Balneário Camboriú, bem como relatar as
diferenças de opiniões e necessidades entre esses perfis; e, b) Apontar os principais
fatores que impulsionam tais consumidores até a cidade de Balneário Camboriú.
Para o primeiro, identifica-se um perfil ativo economicamente, com
predomínio de pessoas com idade até 60 anos completos, mulheres, solteiras,
separadas ou viúvas, que são empregadas assalariadas ou autônomas, com
predomínio de superior incompleto e completo, das classes B e C, vindas do Rio
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. O Quadro 01 resume os resultados desses
objetivos.
Quadro 01 Resultados dos Objetivos A e B Objetivos Resultados a) Identificar o perfil sociodemográfico dos turistas de C.E de Balneário Camboriú, bem como relatar as diferenças de opiniões e necessidades entre esses perfis
Predomínio de pessoas com idade entre 41 e 60 anos completos (51,16%), do gênero feminino (59,38%), solteiras, separadas ou viúvas (69,92%), empregadas assalariadas (54,24%), com ensino superior incompleto (34,96%), de renda familiar enquadrada na classe C (38,56%) e, em sua grande maioria, vindas do Rio Grande do Sul (25,45%).
b) Apontar os principais fatores que impulsionam tais consumidores até a cidade de Balneário Camboriú.
O construto possui 3 (três) dimensões diferentes, e as variáveis: Destino seguro para turistas; Lindas Praias; Cidade limpa e organizada e boas opções de hotéis e resorts ultrapassaram o escore 6 (seis).
Fonte: pesquisa aplicada pela autora.
Já para o segundo objetivo, como aponta o Quadro 01, outros dados se
demonstraram importantes para esse estudo. O construto, que foi dividido em 3
(três) dimensões diferentes, apontou algumas variáveis que são relevantes para as
pessoas que se deslocam para Balneário Camboriú, como por exemplo: Destino
seguro para turistas (6,207); Lindas Praias (6,034); Cidade limpa e organizada
(6,034) e Boas opções de hotéis e resorts (6,034).
4.4 Pesquisa qualitativa: Oferta de Casas na internet
A hospedagem domiciliar vem se mostrando como um instrumento de
desenvolvimento local, quando pensado sob a perspectiva de inclusão da
comunidade anfitriã no segmento turístico, isto é, de maneira planejada e de forma
que atenda às necessidades dos turistas bem como das comunidades receptoras.
Praticada segundo o modo de vida da comunidade local, a hospedagem domiciliar
pode priorizar experiências comunitárias e a participação efetiva dos visitantes em
todas as etapas da atividade do turismo, que partilha os valores característicos da
região.
A experiência de hospedagem em Casa de Excursão pode ser encontrada em
outras cidades brasileiras. A autora buscou pesquisar a atividade em outros estados
com turismo voltado para o público de sol e mar, além de Santa Catarina e também
outros destinos que tivessem este meio de hospedagem como opção.
Por limitação financeira da autora optou-se em realizar uma busca na internet
e posterior contato por telefone, onde localizou-se casas que oferecem o mesmo tipo
de hospedagem e com a mesma característica de serviços encontrada nas casas
visitados em Balneário Camboriú.
No site www.casaferias.com.br, há centenas de opções quando selecionamos
a busca de Casas de Excursão ou Casas Temporada.
A seguir foi demonstrado nas Figuras 08, 09, 10, 11, algumas das ofertas que
possuíam anúncios que descrevem as características da residência, as datas
disponíveis, valor da locação, entre outras informações.
Figura 08 - Casa de Excursão em Porto Seguro (BA). Porto Seguro (BA)
“ Casa localizada no centro de Porto Seguro/BA ao lado da Passarela do álcool, composta por onze (11) suítes e mais dois (02) quartos com ar condicionado, TV e frigobar, distribuídos em cinquenta e três (53) acomodações. Uma cozinha toda montada com freezer, geladeira, fogão industrial, forno a gás e todos os utensílios para uso do grupo e área de lazer com piscina e churrasqueira” .
Fonte: http:www.casaferias.com.br (2015).
Figura 09 - Casa de Excursão Praia do Forte (RJ). Casa Cabo Frio (RJ)
“ Casa há 100m da praia do forte, com oito (8) quartos e sete (7) banheiros, cozinha industrial, sala, copa, área de serviço, churrasqueira. Capacidade: cinquenta (50) pessoas”
Fonte: http:www.casaferias.com.br (2015).
Figura 10 - Casa de Excursão Aracaju (SE). Aracaju (SE)
streetbask, quiosque, churrasqueira, campo de futebol, mobiliada, cozinha completa, Mil e quinhentos metros quadrados
Fonte: http:www.casaferias.com.br (2015).
Figura 11 - Casa de Excursão Itanhaém (SP). Casa Itanhaém (SP)
banheiros, sala e todo
Fonte: http:www.casaferias.com.br (2015).
Durante a busca, apenas no site www.casaferias.com.br, é importante
destacar, foram identificadas casas similares ainda nos estados do Paraná, Espírito
Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, entre
outros. O propósito foi demonstrar que o meio de hospedagem Casa de Excursão
está presente em outros pontos do país e mantém similitudes com o objeto de
estudo do presente trabalho, o que vem comprovar que é uma espécie de
hospedagem muito comum entre os turistas.
4.5 A Hospedagem local e as Casas de Excursão: um pouco da história
Até 1925, conforme salienta Côrrea (1985, p.26), a Praia de Camboriú
pertencente ao município de Camboriú, manteve-se praticamente deserta, [...]
emoldurada apenas por árvores e centenas de gaivotas que sobrevoavam e
descansavam tranquilamente sobre as areias macias da maravilhosa praia, tão
somente habitada por modestos pescadores, únicos que denotavam interesse por
da praia, as primeiras casas de veraneio construídas por teuto-brasileiros vindos do
Vale do Itajaí, principalmente de Blumenau, o mais importante núcleo emissor de
A época marca um novo período para a região de Balneário Camboriú, com o
crescente interesse pela faixa litorânea, principalmente por alemães do Vale do Itajaí
que trouxeram para a região o hábito de ir à praia. Surgiam as primeiras casas de
veraneio, e em 1928, o primeiro hotel e o segundo, em 1934. Iniciava-se, assim, o
processo crescente de implantação de infraestrutura turística e comercial, dando
novo e diferenciado impulso econômico ao município. Os primeiros veranistas de
Balneário Camboriú, pertenciam às classes mais abastadas do Vale do Itajaí
(PEREIRA, 2003, p.117), responsáveis por investir no comércio e na hotelaria. Em
1954, atendendo a reivindicações da população que se estabelecia nesta faixa
litorânea, é sanc
somente em 1959 é aprovada a resolução que dispõe sobre a divisão territorial do
município. A partir daí, a movimentação de turistas só cresceria, como podemos
observar nas figuras 12, 13, 14 e 15.
Figura 12 Turistas em Camboriú Figura 13 - Mulheres tomam sol em Camboriú.
Fonte: acervo de Eduardo Azambuja(195). Fonte: acervo Antônio Espíndola(1960) Figura 14 - Casa de veraneio em Camboriú. Figura 15- Praia central dos dias atuais.
Fonte: arquivo histórico de Balneário Camboriú (2015).
Fonte: http:/www.globo.com
O município de Balneário Camboriú/SC fica localizado no litoral norte de
Santa Catarina e integra, juntamente com outros municípios, a microrregião da Foz
do Rio Itajaí. É considerado o principal balneário do Sul do Brasil, recebendo na alta
temporada um enorme fluxo de turistas nacionais e estrangeiros, o que estimulou a
instalação de serviços urbanos, entre os quais o setor hoteleiro, para atender à
demanda turística. Percebendo o interesse de outros moradores e turistas em locar
as residências para passar períodos de descanso, outros proprietários iniciaram a
prestação da locação de imóveis a partir da década de 70. Nessa época possuir um
turismo é a porta de entrada para essa ocupação que seguem até os dias atuais.
-se que muitos moradores alugam suas
residências permanentes para turistas e temporariamente se transferem para a casa
,
2001).
Como não há registro em livros ou na produção acadêmica sobre o início da
atividade de Casa de Excursão em Balneário Camboriú, foi através de entrevistas
feitas pessoalmente e por telefone, que buscou-se descobrir mais sobre o assunto.
De acordo com o historiador Isaque Borba Correa, a primeira proprietária de
Casa de Excursão na cidade foi Jurema Silva, já falecida. A residência, ainda em
atividade de locação, fica localizada na rua Noruega, esquina com a Avenida do
Estado.
De acordo com Teresa Benvenutti, irmã de Jurema, foi incentivada pela
habilidade do pai um comerciante que mantinha um bar na Avenida Atlântica, que
Jurema resolve alugar a residência em que morava para grupos de turistas que
procuravam a cidade para descansar.
A primeira excursão a hospedar-se na casa teria sido de uma grande família
de japoneses, vindos da cidade de Londrina, no Paraná. Dali em diante, cada família
que vinha indicava a casa para conhecidos e familiares, seguindo assim, até a
década de 90.
De acordo com a irmã da proprietária, eram poucas as opções de hotéis na
época e a Casa de Excursão se firmou como uma opção mais econômica e familiar
para se hospedar. Ela relata que entre tantos clientes, uma marcou a memória de
todos na família: a atriz Vera Fischer, que residia em Blumenau, cidade há 50km de
Balneário Camboriú. Na Figura 16, observa-se a primeira Casa de Excursão da
cidade, que segue erguida na avenida do estado, e hoje, abriga uma farmácia no
andar térreo. No segundo andar verificou-se estar desabitado e com aspecto de
abandono.
Figura 16 Casa de Excursão de Jurema Silva nos dias atuais.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Para Grinnover (2006), a hospitalidade é uma relação especializada entre
dois atores, aquele que recebe e aquele que é recebido, ela se refere à relação
entre um ou mais hóspedes, e uma instituição, uma organização social, isto é, uma
organização integrada a um sistema, que pode ser institucional, público ou privado
ou familiar. Nesse último aspecto, a Casa de Excursão demonstra integração com a
proposta da hospitalidade, oportunizando uma forma de hospedar familiar.
A regulamentação das Casas de Excursão se deu na década de 90, segundo
a Prefeitura de Balneário Camboriú. Na Secretaria de Turismo de Balneário
Camboriú, localiza-se o Ponto de Informações Turísticas (PIT) onde fica portal de
entrada da cidade. Nele é feito o controle dos ônibus de turismo que entram no
município, o que inclui os de grupos de excursões que são identificados por meio de
uma placa que é fixada no para-brisa do ônibus. Durante este registro, também é
obrigatório informar o local de hospedagem, a Casa de Excursão em que ficarão
hospedados, e o período de locação.
Figura 17- Ônibus de Excursão no Posto de Informações Turísticas.
Fonte: secretaria de turismo de Balneário Camboriú (2015).
O poder público municipal reconhece este tipo de hospedagem e possui
normativas para liberar o alvará de funcionamento, além de exigir a vistoria seguindo
os padrões de segurança do Corpo de Bombeiros e de higiene, da Vigilância
Sanitária municipal. A fiscalização é feita pela Secretaria de Planejamento.
4.6 Perfil do proprietário da Casa de Excursão
Para aprofundar a análise sobre a motivação destes empreendedores e
turistas sobre a preferência pela Casa de Excursão foram realizadas entrevistas
semiestruturadas. Nelas, foram abordados temas pertinentes a este estudo e
informações sobre os clientes (APENDICE A).
Foram ouvidos quatro (4) proprietários, um de cada casa definida pelas
localidades em que estavam, e com os dados coletados é que se apresentam os
resultados.
Desses 4 (quatro) entrevistados, 2 (dois) exercem a atividade a até 30 (trinta)
anos e outros 2 (dois), há mais de 30 (trinta) anos. Todos os 4 (quatro) entrevistados
indicaram que mantém a Casa de Excursão com o objetivo de conseguir uma renda
extra para a sua família. Conforme a Figura 18 a seguir, pode-se identificar um perfil
de proprietário das Casas de Excursão de Balneário Camboriú.
Figura 18 - Perfil do proprietário da Casa de Excursão.
Fonte: pesquisa aplicada pela autora.
Quando essas pessoas foram questionadas sobre algum serviço extra
locação, todos os entrevistados indicaram que oferecem algum tipo de serviço
dentro da casa (não especificado nessa situação). Dois outros aspectos foram
positivos nessa pesquisa: modificação/melhora no ambiente e se pretendem
continuar com o negócio. Para a primeira situação, apenas 01 (um) entrevistado
apontou que não faria melhorias no seu negócio, no entanto, os demais 3 (três)
apontaram que fariam ampliações e melhoras na prestação serviço. Já para o futuro
desse tipo de acomodação, todos foram e se mantiveram unânimes em apontar que
pretendem continuar com a atividade de Casa de Excursão.
Outros fatos importantes foram encontrados nas entrevistas com os
proprietários. Dentre o fato de receber pessoas, 2 (dois) deles indicaram que
mantinham a casa pois achavam atraente receber os turistas e outros
complementaram que a renda extra também é atraente para as tais famílias
proprietárias das casas. Os serviços extras mais citados na pesquisa, foram:
consertos 24 horas no caso de problemas elétricos e hidráulicos e dicas de pontos
turísticos.
2 estão menos de 30 anos 2 estão mais de 30 anos
Renda Extra para a Família
Prestam Serviços Extras dentro da Casa de Excursão
Pretendem continuar no negócio futuramente
1 não fará melhorias na casa 3 farão melhorias na casa
2 estão menos de 30 anos 2 estão mais de 30 anos
Renda Extra para a Família
Prestam Serviços Extras dentro da Casa de Excursão
Pretendem continuar no negócio futuramente
1 não fará melhorias na casa 3 farão melhorias na casa
4.7 Perfil do turista da Casa de Excursão
A vinda de turistas para este tipo de meio de hospedagem, a Casa de
Excursão, e não para outra modalidade alternativa existente na cidade como:
campings, hostels, pousada, entre outras, é um dos temas pertinentes deste estudo.
Para se traçar um perfil foram ouvidos quatro (4) hóspedes em cada casa sorteada
na amostra, portanto, dezesseis (16) usuários responderam as questões que
versaram acerca da motivação, além do perfil socioeconômico. A Figura 19 a seguir
demonstra a características dos entrevistados.
Figura 19 - Perfil do turista da Casa de Excursão
Fonte: pesquisa aplicada pela autora (2015).
Na pergunta 01 (um) foi questionado o porquê da escolha da estada na Casa
de Excursão e não em um hotel. Conforme os resultados, é possível perceber que o
preço mais barato das diárias teve incidência em grande parte das respostas. Nos
outros, as respostas foram: por escolha da família, por ouvir falar das viagens de
conhecidos. Já para a segunda pergunta do roteiro, foi questionado o porquê de
viajar em grupo e não individualmente. Parte expressiva dos entrevistados disseram
que o maior motivo era estar em contato direto com os familiares.
A preferência por Balneário Camboriú e não por outro destino turístico foi a
pergunta 3 (três). Com os resultados é possível perceber motivações diferenciadas.
Instalação de wifi Mais banheiros
Preço menor que o dos hotéis Viaja em grupo para estar com familiares
Homens entre 20 e 49 anos Mulheres entre 20 e 60 anos
Entre os temas mais citados estão: a limpeza e a segurança e o reconhecimento
nacional que a cidade tem no setor turístico e a infraestrutura de serviços com 31%.
Outras respostas citaram a natureza preservada e a diversão em parques com
12,50% e o acesso viário de qualidade e por ser uma cidade agradável de se visitar
totalizaram 6,25% das respostas. Já na pergunta 4 (quatro) foi questionado o que
poderia ser melhorado nas instalações e serviços da Casa de Excursão.
Os entrevistados foram enfáticos em responder que faltava internet wifi,
outros reclamaram da falta de espaço no local, demais disseram que a construção
de mais banheiros era necessária. No entanto, ainda apontaram a falta de ar
condicionado e de TV a cabo.
4.8 Denominador comum de áreas físicas
O terceiro objetivo do presente estudo é identificar um modelo característico
comum exercido atualmente nas Casas de Excursão. Para a análise, foram
destacadas apenas as características físicas comuns das Casas, como número de
quartos, banheiros, entre outros cômodos relevantes para o funcionamento da
residência. A capacidade de carga foi outro item registrado com precisa semelhança
entre os imóveis pesquisados.
Para identificar os denominadores comuns das áreas físicas, primeiramente, o
estudo levou em conta a matriz classificatória do SBClass, que define as
características dos meios de hospedagem oficiais do Brasil, que são: hotel, resort,
hotel fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada, flat/apart.
Dentre estes, para a autora, o que mais se assemelha em características
similares a Casa de Excursão é o cama e café. As outras tipologias oficiais mantem
similitudes às de um hotel, exceto pela característica da capacidade de carga, que
na Casa de Excursão é consideravelmente maior.
Na tipologia cama e café, assim como na Casa de Excursão, há maior
integração com o proprietário, menos regras rígidas de convivência, não há
recepção, é possível preparar as próprias refeições e conta-se com um nível de bem
receber, calcado na hospitalidade, entre outras convergências.
Segundo o Ministério do Turismo (Mtur) Cama e Café ou como é conhecido
no exterior, Bed and Breakfast, é um meio de hospedagem oferecido em
residências, com no máximo três unidades habitacionais para uso turístico, em que o
dono more no local, com serviços de café da manhã e limpeza.
Quadro 02 Serviços oferecidos pela tipologia Cama e café
O anfitrião deve ser acessível por telefone durante 24 horas
Cama com colchão solteiro ou cama com colchão casal Banheiros individuais ou coletivos
Área externa Fonte: Mtur (2015)
É o intuito desta dissertação, sistematizar as características da Casa de
Excursão devido suas peculiaridades, para tanto, foi comparada a matriz de
classificação do meio de hospedagem Cama e Café ou Bed and Breakfast, esta, no
entanto, possui apenas alguns itens encontrados na Casa de Excursão, como
quartos com banheiros individuais ou coletivos. Na avaliação foram checados os
cômodos de 29 Casas de Excursão. Nas colunas onde há o X, confirma-se a
existência de uma unidade do item. Nas outras colunas, os números correspondem
as quantidades de itens encontrados, conforme o Quadro 03.
Quadro 03 - Grau de incidência das áreas físicas.
Casas de Excursão
Quartos coletivos
sem Banheiro
Quartos coletivos
com Banheiro
Banheiros Avulsos
Cozinha Industrial
Sala de
Estar Refeitório
Área Externa Lavanderia Capacidade
Casa 01
11 0 05 x x x x x 50
Casa 02
11 X X X X X 50
Casa 03
11 X X X X X 52
Casa 04
11 07 X X X X X 50
Casa 05
14 X X X X X 52
Casa 06
10 07 X X X X X 50
Casa 07
10 06 X X X X X 50
Casa 08
09 06 X X X X X 50
Casa 09
08 06 X X X X X 50
Casa 10
11 08 X X X X X 52
Casa 11
09 08 X X X X X 52
Casa 12
12 X X X X X 52
Casa 09 X X X X X 50
13 Casa
14 13 X X X X X 50
Casa 15
11 X X X X X 50
Casa 16
08 06 X X X X X 50
Casa 17
08 X X X X X 50
Casa 18
09 06 02 X X X X X 50
Casa 19
12 05 X X X X X 50
Casa 20
24 18 X X X X X 102
Casa 21
09 07 X X X X X 50
Casa 22
10 09 X X X X X 50
Casa 23
08 06 X X X X X 50
Casa 24
14 12 X X X X X 50
Casa 25
10 07 X X X X X 50
Casa 26
12 06 X X X X X 50
Casa 27
08 06 X X X X X 49
Casa 28
06 X X X X X 52
Casa 29
09 06 08 X X X X X 52
Fonte: elaborado pela autora (2015).
O grau de incidência corresponde à quantificação dos itens (áreas físicas) em
comum aos vinte e nove estabelecimentos quando uma área física for comum a
todos as Casas de Excursão.
Segundo o levantamento, todas as Casas possuíam cozinha industrial, sala
de estar, refeitório, área externa e lavanderia e capacidade para 50 (cinquenta)
hóspedes ou mais. A diferença relevante encontrada com relação aos quartos
coletivos com ou sem banheiro e ao número de quartos das residências.
Na comparação entre as casas verificou-se que as Casas de Excursão
possuíam no mínimo 08 (oito) quartos coletivos e no máximo 24 (vinte e quatro)
quartos coletivos. No mínimo 02 (dois) banheiros avulsos e no máximo (18) dezoito
banheiros avulsos. No mínimo (0) quarto coletivo com banheiro e no máximo (14)
quatorze quartos coletivos com banheiro, o que demonstrou certa disparidade entre
os modelos de Casas de Excursão.
Sendo assim, as áreas físicas que podem ser consideradas como primordiais
estando presentes em todos os estabelecimentos e atendendo as expectativas
mínimas dos usuários, seriam oito, conforme Quadro 04.
Quadro 04 Identificação de áreas físicas comuns
Áreas físicas comuns
Banheiro para cada dormitório
Banheiro coletivo
Cozinha industrial
Dormitórios coletivos com beliches
Sala de Estar
Lavanderia
Refeitório
Capacidade para cinquenta (50) pessoas ou mais
Opcionais: wifi, tv a cabo, piscina, quadra de futebol, etc.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Além das análises realizadas para o Quadro 04, existem algumas outras que
devem ser levadas em conta
em nenhuma instância analisada não entrando, pois, na sugestão de matriz
classificatória inicial. O que denota que o modelo de instalações coletivas
predomina.
A diversificação dos serviços também atende as novas exigências do
mercado. Alguns imóveis possuiam serviços que agregam conforto a estadia como:
conexão de internet wifi, TV a cabo e a piscina, conforme Figura 21.
Figura 21 - Grupo se diverte na piscina de uma Casa de Excursão.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
O local que mais concentra as Casas de Excursão em Balneário Camboriú é
o Centro, com 66% dos imóveis ofertados. Isto se dá pela proximidade com a praia
central, segundo os proprietários dos imóveis. O cliente demanda fácil acesso aos
pontos turísticos pois se locomovem, na maioria das vezes, a pé. O segundo local
mais casas é o bairro das nações com 24,5%, seguido da Avenida do Estado com
0,14%e da Avenida Brasil com 0,5%. Abaixo no Gráfico 01, a distribuição das casas
em porcentual.
Gráfico 01 - Localização das Casas de Excursão
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Entre as características próprias, diferentes de um hotel, citamos como a
principal a informalidade, trazendo para o ambiente receptivo, ares de uma
hospedagem doméstica, algo semelhante a uma casa de aluguel onde pequenos
grupos familiares se juntam para passar as férias. Só que nesse caso, com um
número de 50 (cinquenta) pessoas ou mais por residência.
Um guia do grupo, que é o locador da casa, também é responsável pelo
transporte, alimentação e estada do grupo, assim como a venda do pacote de
viagem e dos passeios turísticos no local. A distribuição das casas é heterogênea,
sendo encontradas em praticamente todas as regiões centrais da cidade de
Balneário Camboriú, conforme visualização aérea da Figura 20.
Resultados em percentual
Figura 20 - Imagem área da cidade com a distribuição das Casas de Excursão.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Durante as visitas às Casas de Excursão pode-se verificar que todas
possuem área de convivência na sala de estar, mesa externa para refeições,
cozinha industrial, de seis (6) a onze (11) quartos coletivos de quatro (4) a (15)
banheiros e recebem grupos de até 50 pessoas por semana. São servidas três
refeições diárias, produzidas pelo grupo de excursionistas. É possível ouvir música,
realizar festas, circular livremente pela casa com horários de entrada e saída
flexíveis, sem limitação.
Outro diferencial é a forma de cobrança das diárias, sempre iniciando no dia
da chegada até o dia da saída, com horários acordados individualmente para cada
locação. De acordo com os proprietários, os pagamentos são realizados durante o
ano, em parcelas, e são negociados cliente a cliente. A variação no preço depende
dos serviços e itens oferecidos na Casa de Excursão. Na figura abaixo, o registro de
uma das refeições do grupo de turistas.
Figura 21- A hora da refeição é momento de confraternizar.
Fonte: elaborado pela autora (2015).
Diante dos dados apresentados, responde-se os dois finais objetivos desse
trabalho: Identificar as características físico-estruturais comuns das Casas de
Excursão. O Quadro 05 relata tais considerações.
Quadro 05 Resultados do Objetivos C Objetivos Resultados
c) Identificar as características físico-estruturais comuns das Casas de Excursão
Algumas variáveis se mantiveram em comum nas casas entrevistadas, como: Área social externa, Banheiro para cada dormitório, Cozinha industrial, Dormitórios coletivos com beliches, Sala de Estar, Lavanderia, Refeitório e Capacidade para cinquenta (50) pessoas ou mais
Fonte: pesquisa aplicada pela autora (2015).
Conforme percebido no Quadro 05, o último objetivo desse estudo foi
completado, no qual 8 (oito) variáveis se mantiveram em destaque nas entrevistas.
4.9 Cruzamento dos dados das pesquisas
Após apresentar os dois momentos de pesquisa, tanto a quantitativa quanto a
qualitativa, os confrontos dos dados serão realizados. A primeira aplicação tinha o
objetivo de identificar o perfil do turista de Balneário Camboriú e a Identidade de
Consumo. Já a segunda aplicação, qualitativa, manteve o objetivo de interagir com
os proprietários das casas de excursão bem como os consumidores dessas tais
casas.
Com os dados é possível identificar que tais turistas se mantiveram muito
críticos com as variáveis descritas no questionário que foi aplicado. Em três
dimensões, algumas afirmações se mantiveram com o escore superior a nota 6,
quando a escala variava entre 1 e 7 pontos. É relevante destacar nesse estudo o
quanto turistas procuram um ambiente seguro para visitar, pois essa variável marcou
6,207 pontos na medida métrica. Quando confrontado com o momento qualitativo, é
possível apontar que as Casas de Excursão, de fato, oferecem esse ambiente do
qual os turistas procuram. Embora não se tenham um conforto que, por vezes é
encontrado em hotéis e resorts, os consumidores se demonstraram muito satisfeitos
com tal afirmação, tanto na parte quantitativa quanto na qualitativa.
Opções de viagem econômica também ganhou destaque no primeiro
momento de interrogação. Parte significativa das pessoas indicaram que essa
situação é importante nos atuais momentos econômicos. Esse pode ser um
pressuposto importante na característica das casas que foram analisadas, uma vez
que com essa opção se consegue um valor reduzido de hospedagem. Continuando
com essas variáveis, a afirmação Casa de Excursão marcou um índice expressivo
na escala, uma vez que chegou a marca de 5,321. Esse valor indica que os turistas
entrevistados na pesquisa quantitativa conhecem essa opção e indicaram boa
aceitação.
Algumas afirmações se repetiram nos dois momentos de pesquisa:
quantitativo (com as variáveis lindas praias, cidade limpa e organizada e um bom
clima) e qualitativo (com a busca de casas próximas as praias e os critérios de
escolha pela limpeza e organização dos ambientes).
Outras variáveis se mantiveram isoladas nas respostas, ou com menos
importância para os entrevistados. Parques Temáticos, Florestas Tropicais,
Excelentes Lugares para Nadar e Produtos Típicos obtiveram baixos escores na
primeira pesquisa e não apareceu em nenhum comentário dos hóspedes das casas
de excursão. Como o objetivo desse estudo não eram tais avaliações, não foi
inserido no roteiro de entrevista, porém causou curiosidade à pesquisadora.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha do tema Casa de Excursão em Balneário Camboriú: um estudo
indicativo de um meio de hospedagem- objetivou responder os questionamentos
deste trabalho, que consistiam em compreender e analisar quais as características
do meio de hospedagem Casa de Excursão em Balneário Camboriú, sua demanda
turística e os perfis de quem atua no segmento: consumidores e proprietários.
O estudo da hospedagem alternativa em residências particulares sob a ótica
da hospitalidade, é de suma importância, pois são estabelecimentos que em muitos
casos a utilizam como diferencial no processo de recepção e manutenção dos
hóspedes.
A fundamentação teórica, pautada nos temas: hospitalidade, meios de
Hospedagem e Casa de Excursão teve como fio condutor a temática da
hospitalidade. Foram citados,entre outros, autores da escola francesa que tem à
frente nomes como os filósofo Derrida, da socióloga Anne Gotman e da equipe
dirigida por Alan Montandon, em Clermont Ferrand, onde o que o que conta é a
hospitalidade doméstica e pública. A hospitalidade comercial é descartada, tendo em
vista que nela não existe o dom, o sacrifício, apenas troca de serviço por dinheiro.
No presente estudo confirma-se, em parte, a experiência da hospitalidade
doméstica, já que uma Casa de Excursão é alugada pelo proprietário que recebe o
valor do monetário referente ao período.
No entanto, essa conexão não se dá apenas pelo negócio imobiliário,
necessita da proximidade cortês ao cliente, em um movimento hospitaleiro que
provoque satisfação para ambos, não apenas para o empreendedor da atividade
turística. O diferencial da hospedagem mais comercial ocorre na relação do cliente
com proprietário e do comportamento usual no local, menos rígido em regras de
convivência.
Conforme Gotman (1997), para uma melhor compreensão do fenômeno, atos
relacionados com a hospitalidade, devem ser considerados como relações
transformadoras. Isto é, no fim de uma relação de hospitalidade, os anfitriões e os
hóspedes modificam-se, não sendo os mesmos de antes. A hospitalidade muda e
transforma estranhos em familiares, inimigos em amigos.
A função básica da hospitalidade é estabelecer um relacionamento ou
promover um relacionamento já estabelecido (LASHLEY; MORRISON, 2004). Para
estes autores, o entendimento mais amplo a respeito da hospitalidade sugere, em
primeiro lugar, que esta é, fundamentalmente, o relacionamento construído entre
anfitrião e hóspede. Entende-se assim, que para ser eficaz é preciso que o hóspede
sinta que o anfitrião está sendo hospitaleiro por sentimentos de generosidade, pelo
desejo de agradar e por ver a ele, hóspede, enquanto indivíduo. Em consequência, a
hospedagem calculista, em que o hóspede percebe um motivo oculto, pode ser
contraproducente.
De acordo com os objetivos propostos por esse estudo, optou-se por utilizar
diversas metodologias de pesquisa diferentes. Como descrito anteriormente, esse
estudo se envolveu com três objetivos específicos capazes de mensurar o atual
cenário de turismo nas Casas de Excursão em Balneário Camboriú, sendo: a)
Identificar o perfil sociodemográfico dos turistas de excursão de Balneário Camboriú,
bem como relatar as diferenças de opiniões e necessidades entre esses perfis; b)
Apontar os principais fatores que impulsionam tais consumidores até a cidade de
Balneário Camboriú e às Casas de Excursão; c) Identificar as características físico-
estruturais comuns das Casas de Excursão.
Para os dois primeiros objetivos de pesquisa, foi empregada a metodologia
quantitativa de entrevista, com questionário estruturado, aplicado somente com
usuários de Casa de Excursão de Balneário Camboriú. Essa pesquisa entrevistou
389 pessoas no período de 20/12/2015 e 15/01/2016, totalizando 26 dias de coleta
de dados. Já para o terceiro objetivo, foi aplicada a metodologia qualitativa de
pesquisa, uma vez que se utilizou um roteiro não estruturado de entrevistas com os
proprietários e clientes das Casas de Excursão e a amostragem não probabilística
por julgamento, com coleta realizada nos meses de Outubro e Novembro de 2015.
Na pesquisa quantitativa q resultado mostrou que no perfil do turista de Casa
de Excursão houve predomínio de pessoas com idade entre 41 e 60 anos completos
(51,16%), do gênero feminino (59,38%), solteiras, separadas ou viúvas (69,92%),
empregadas assalariadas (54,24%), com ensino superior incompleto (34,96%), de
renda familiar enquadrada na classe C (38,56%) e, em sua grande maioria, vindas
do Rio Grande do Sul (25,45%). O construto possui 3 (três) dimensões diferentes, e
as variáveis: Destino seguro para turistas; Lindas Praias; Cidade limpa e organizada
e boas opções de hotéis e resorts ultrapassaram o escore 6 (seis).
Já a pesquisa qualitativa destacou como resultado que entre os motivos
apontados pelos usuários do serviço de Casa de Excursão para a escolha deste
meio de hospedagem, está a forma de receber mais familiar sem as regras de
convivência já pré-estabelecidas pelos hotéis, condição imprescindível para a
escolha entre um e outro tipo de estada. Foi possível perceber que o preço mais
barato das diárias teve incidência em grande parte das respostas. Outras respostas
foram: por escolha da família, por ouvir falar das viagens de conhecidos. Já para a
segunda pergunta do roteiro, foi questionado o porquê de viajar em grupo e não
individualmente. Parte expressiva dos entrevistados disseram que o maior motivo
era estar em contato direto com os familiares.
A preferência por Balneário Camboriú e não por outro destino turístico foi a
pergunta 3 (três). Com os resultados é possível perceber motivações diferenciadas.
Entre os temas mais citados estão: a limpeza e a segurança e o reconhecimento
nacional que a cidade tem no setor turístico e a infraestrutura de serviços com 31%.
Outras respostas citaram a natureza preservada e a diversão em parques com
12,50% e o acesso viário de qualidade e por ser uma cidade agradável de se visitar
totalizaram 6,25% das respostas. Já na pergunta 4 (quatro) foi questionado o que
poderia ser melhorado nas instalações e serviços da Casa de Excursão.
Os entrevistados responderam que muitas casas necessitam de
investimentos como internet wifi, outros reclamaram da falta de espaço no local e
que a construção de mais banheiros, em algumas residências, era oportuna.
No que diz respeito aos proprietários, verificou-se que estão há mais de uma
década a frente do negócio, e que a manutenção da casa como meio de
hospedagem representa renda extra e todos prestam serviços de atendimento ao
hóspede na casa.
Mesmo não sendo citado na pesquisa, ficou evidente na análise de conteúdo
das entrevistas que o fato de o cliente ter a vontade reconhecida pelo proprietário da
casa, transformou a relação, muitas vezes prioritariamente comercial em uma
possível amizade. Tanto que é comum verificar a fidelização do cliente, que por anos
se hospeda na mesma casa.
Ademais, como resultado das entrevistas qualitativas foi possível confirmar o
de Balneário Camboriú, regularmente à disposição do
hóspede.
Tal atitude, ultrapassa a barreira do administrador do negócio concretiza a
ligação interpessoal, uma das tônicas da hospitalidade.
Aprofundar um estudo que se pretenda ainda mais a detalhado deste meio de
hospedagem é relevante para o turismo brasileiro, já que nas entrevistas aplicadas,
pode-se concluir que a manutenção do negócio Casa de Excursão passa de pai para
filho, e deve ser mantido ainda por muitas gerações. Isto, apesar de Balneário
Camboriú ter um dos metros quadrados mais caros do Brasil, de acordo com o
Sindicato da Indústria da Construção Civil de Balneário Camboriú (SINDUSCON) e
tais residências serem o foco de investidores deste segmento. Entretanto, as Casas
de Excursão se mantém ativas e relativamente adequadas as expectativas dos
usuários, como pode demostrar o presente estudo.
A identificação do negócio Casa de Excursão ultrapassou a limitação
geográfica de balneário Camboriú. Uma pesquisa feita por buscadores na internet,
motivado por limitação espacial e financeira da autora, demonstrou que em outros
estados brasileiros igualmente existe o modelo Casa de Excursão, porém nem
sempre com esta nomenclatura. Realidade que confirma a necessidade de
aprofundamento da pesquisa bibliográfica e de campo, para superior averiguação
dos dados levantados.
Pesquisar o que há de novo no segmento turístico de meios de hospedagem,
preenche lacunas, fomenta a discussão no meio acadêmico e possibilita que,
setores público e privado sejam munidos de conhecimento, agregando formação
técnica aos envolvidos.
Assim sendo, o estudante ou prestador de serviço do turismo permite-se
interagir com os outros atores locais preparando-se adequadamente para receber os
que vem de fora, almejando compreender a essência de um meio de hospedagem
como a Casa de Excursão, que há décadas desenvolve a função de hospedar quem
se interessa em conhecer, e deste modo, valorizar a cidade de Balneário Camboriú.
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APÊNDICES
APÊNDICE A Formulário de coleta de dados-entrevista semiestruturada.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
Pesquisa sobre motivação para se hospedar em Casa de Excursão
O objetivo dessa pesquisa é analisar o motivo da escolha para se hospedar em casa
de excursão, e a atual realidade do negócio, pela opinião dos proprietários. Esta
pesquisa está sendo desenvolvida pela mestranda Marcia Paranhos da Silva, sob
orientação do Prof. Dr Luciano Torres Tricárico, como parte integrante de sua
Dissertação de Mestrado CASA DE EXCURSÃO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ:
Um estudo indicativo de um meio de hospedagem do curso de Mestrado
Acadêmico em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI.
Agradecemos sua colaboração!
Turistas:
1-Porque ficar em Casa de Excursão e não em hotel?
2-Porque escolheu Balneário Camboriú para visitar?
3-O que poderia ser melhorado na Casa de Excursão?
4-Renda aproximada (até dois salários mínimos, de dois a quatro, acima de cinco
salários mínimos)
5- Favor informar idade e gênero.
Proprietários:
1-Como começou a atividade de aluguel de sua casa para excursões?
2- Como é a relação com o turista, além da locação, você presta algum auxílio na
manutenção do imóvel em caso de problema?
3- Pretende fazer algum investimento na estrutura física ou de conforto da casa?
4- Pretende continuar com o negócio nos próximos anos?
APÊNDICE B- Formulário Pesquisa de Demanda Turística
Circule a Nota que melhor representa a sua opinião nas variáveis quando você viaja,
Sendo Nota 1 – Nada Importante e 7 Muito Importante.
Variáveis NOTA
1 NOTA
2 NOTA
3 NOTA
4 NOTA
5 NOTA
6 NOTA
7
Lindas Paisagens 1 2 3 4 5 6 7
Lindas Praias 1 2 3 4 5 6 7
Florestas Tropicais 1 2 3 4 5 6 7
Coisas Novas, diferentes e interessantes
1 2 3 4 5 6 7
Cidade limpa e organizada 1 2 3 4 5 6 7
Pessoas hospitaleiras 1 2 3 4 5 6 7
Destino seguro para turistas 1 2 3 4 5 6 7
Um clima bom 1 2 3 4 5 6 7
Fácil acesso e deslocamento 1 2 3 4 5 6 7
Facilidade para uso de táxi e ônibus
1 2 3 4 5 6 7
Excelentes opções de lugares para nadar
1 2 3 4 5 6 7
Comidas, refeições e bebidas 1 2 3 4 5 6 7
Excelentes lugares para dançar 1 2 3 4 5 6 7
Boates, festas e bares 1 2 3 4 5 6 7
Casas de shows, peças teatrais e musicais
1 2 3 4 5 6 7
Localidade para criar relacionamentos
1 2 3 4 5 6 7
Boas opções de hotéis e resorts 1 2 3 4 5 6 7
Boas casas de excursão 1 2 3 4 5 6 7
PESQUISA
Esta é uma pesquisa com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o comportamento do consumidor. Não existem respostas certas ou erradas. O que importa é sua percepção a respeito de cada item da pesquisa. Asseguro que os dados serão analisados de forma agregada, sem identificação dos respondentes. Os itens relacionados ao seu perfil, constantes do final do questionário, serão utilizados, apenas, para análises de tendências de respostas. Muito obrigado por sua participação.
Variedade de produtos para compra
1 2 3 4 5 6 7
Produtos típicos 1 2 3 4 5 6 7
Custo de vida baixo 1 2 3 4 5 6 7
Opção de viagem econômica 1 2 3 4 5 6 7
Shoppings, lojas e outlets 1 2 3 4 5 6 7
Comida típica 1 2 3 4 5 6 7
Parques temáticos 1 2 3 4 5 6 7
Qual a sua IDADE? _____________ anos completos. Cidade: _____________________________________. Estado: ________________________________________________. Gênero: [_____] Masculino [_____] Feminino Estado Civil: [_____] Solteiro (a) / Separado (a) / Desquitado (a) / Viúvo (a). [_____] Casado (a) / Mora junto. Escolaridade (Assinale apenas 1 Alternativa): [_____] Analfabeto | Até 3ª. Série Fundamental. [_____] Superior Incompleto. [_____] Até a 4ª. Série Fundamental. [_____] Superior Completo. [_____] Fundamental Completo. [_____] Pós Graduado (a). [_____] Médio Completo. Ocupação Profissional (Assinale apenas 1 Alternativa): [_____] Não Trabalho. [_____] Empregado(a) Assalariado(a). [_____] Conta própria ou autônomo(a). [_____] Funcionário(a) Público(a). [_____] Empresário(a). [_____] Estudante. [_____] Estagiário(a). [_____] Outra função. Qual? ______________. Renda Mensal Bruta FAMILIAR Aproximada (Assinale apenas 1 Alternativa): [_____] Até R$1.090,00. [_____] De R$1.091,00 até 2.725,00. [_____] De R$ 2.726,00 a R$5.450,00. [_____] De R$5.451,00 a R$13.625,00. [_____] Mais de R$13.626,00.