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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 03-2016– Julho- Setembro- 2016 CARRANCA

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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 03-2016– Julho-

Setembro- 2016

CARRANCA

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Nosso nome é Folclore

No dia 22 de agosto do ano de 1846, um tal deWilliam John Thoms resolveu levar à pia batismal– ou ao Cartório de Registro Civil – uma criançajá bem crescida. A tal da criança fora conhecidapor muitos apelidos e já contava com quase cemanos. Era filha, de um lado do movimentoromântico que embalava a fundação de naçõesno interior da formação dos Estados Modernosna Europa. E de outro lado, tinha como pai umjovem velhíssimo chamado “Povo”. A mãe“Nação” e o pai “Povo”, deram muitos apelidosà criança embalada pelo movimento romântico.Até que William John Thoms resolveu registrá-lae reivindicou direitos autorais. Deu-lhe o nome deFOLK-LORE. E o nome pegou. Chegaram atéelevar esse cidadão às honras de nobreza, chegoua obter o status de científico.Porém, em determinado momento, esse nome setornou objeto de chacota. Tornou-se incômodopara seus irmãos científicos. Quiseram que fosseapelido!Dar nome a pessoas e coisas nem sempre éempresa fácil. Diz a Bíblia que Adão e Evareceberam esse nome de Deus e foramautorizados, depois, a dar nomes a todas as coisas.É um belo mito que celebramos todos os dias.Os nomes “Bem” e “Mal” erigiram-se em guiapara a orientação dos costumes e da moralidade,da conveniência ou inconveniência das açõeshumanas. Às vezes, acontecem equívocos. O quese pensa ser um bem torna-se um grande mal, ouum Belo Mal, como diz Hesíodo – kalón kakón,ant’hagathoio (tradução: um Belo Mal, o contráriode um Bem: Teogonia, vers. 585).Quanto ao nome Folclore (Saber popular, the loreof people como afirmou William John Thoms),no Brasil vários nomes foram dados a essa velhacriança: Demosofia, Poramduba, e muitos mais.Para inventar álibis e contornar o “bulling”, aspautas dos programas de políticas culturais têmconvocado esse saber popular com o nome de

“cultura popular tradicional”. Há efeitos nessaescolha. O primeiro deles é que o nome seesconde na descrição do fenótipo. Vale fixarque nomes instituem celebração de mitos. Nasmais diferentes formações sociais, a escolhade nomes é componente de rituais que instituemo primeiro momento de celebração de um mito.Nomes são criados para que os seres sereconheçam ao serem chamados como tais.Nomes são conferidos para celebrar o Ser.Não designam situações passageiras nem longase imprecisas descrições. Nomes instituem edeterminam a celebração das diferenças.Foi exatamente o que quis e insistiu no quererWilliam John Thoms ao sintetizar no nome FolkLore os estudos das “antiguidades populares”.Contudo, hoje, está em moda o estudo degenealogias. Há sites especializados nessa fainade estabelecer as origens nobres quase sempreplebeias das famílias. Algumas ficam restritasà sociedade secreta, outras impõem o respeitode todos às grandes linhagens. Nobiliarquias evelhos troncos tornaram-se referênciasbibliográficas; porém, merece destaque umaobra situada nas encruzilhadas de tudo isto.Refiro-me a Moinho, esmola, moeda, limão:conversa em família de Bolívar Lamounier.Pode-se concluir que nomes próprios estão nacontramão da modernidade? Nosso sistema decódigos avançados, únicos e exclusivos podemdispensar esses nomes discriminadores? Háalgo mais folclórico do que um nome de família,ou as ávidas homenagens que os políticosbuscam ao denominar os logradouros públicoscom seus nomes?Nesta edição do Carranca, celebramos 50 anosininterruptos de respostas da Comissão Mineirade Folclore à celebração desse nomedeterminado pela lei que criou, no dia 21 dedezembro de 1965 a Semana Mineira deFolclore.

José Moreira de Souza

Editorial

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

Semana Mineira de Folclore CinquentaAnosÉ um feito a Comissão ter cumprido o compromisso queassumiu há cinquenta anos. Há uma lei da qual ninguém selembra que instituiu a Celebração de Semanas Mineiras deFolclore no mês de agosto de cada ano. Lei nº 3.899 de 21de dezembro de 1965 prescreve a realização anual daSemana Mineira de Folclore sob responsabilidade doCentro de Tradições Mineiras. Pois bem, essa Leipermaneceu letra morta até o ano de 2001, quando,finalmente, o Secretário de Estado de Cultura, ÂngeloOswaldo deliberou regulamentar a Lei e instalar o referidoCentro de Tradições Mineiras em amplo andar localizadonos fundos da “Serraria Souza Pinto”. Nesse momento aComissão Mineira de Folclore viveu anos de glória sem sepreparar, contudo, para os novos anos de desolação quese seguiram.Mas, não é o que importa. Neste ano de 2016, pudemoscelebrar a quinquagésima edição da Semana Mineira deFolclore. Cinquenta anos sem atenção à Lei que inventouessa data. Isto é que se chama tradição. O dever se fixa namemória das pessoas sem exigir obrigação. Realizar feitospor pura Liberdade, segundo o conceito que Jean PaulSartre aplica ao uso da palavra Liberdade.O exame desse percurso, ao longo de cinquenta anos, nosmostra que não nos obrigamos a nada, apenas fomosmovidos pelo imperativo categórico de colocar o Povo quesomos na berlinda de nossas meditações. O povo segundonosso saber viver juntamente com todas as nossascontradições.Com efeito, o movimento dos folcloristas detém uma daschaves mais importantes para a compreensão do saber viverno que tem sido chamado de modernidades. Modernidadeé sempre plural e aí contradições, desavenças, conflitos,acordos e consensos passageiros se explicitam. O saberpopular logo se apresenta no plural: Saberes Populares. Háresistências convenientes e inconvenientes. Há profundossaberes eruditos na raiz dos saberes populares e profundasincrustações na contramão de visões adequadas àconvivência pacífica.Já se afirmou neste Boletim “Carranca” que o Folclore,enquanto movimento que afirma a categoria “Povo” comorealidade objetiva tem como interlocutores dois outrosprocessos discursivos: as ideologias incorporadas nasdeterminações dos Estados Nacionais e as doutrinasemanadas das elaborações eruditas exibidas muitas vezescomo teorias utilizadas para reforçar as ideologias.O movimento dos folcloristas insere como cunha acontestação desses processos discursivos. Ele surge, comotemos lembrado, dos movimentos que ensejaram a

constituição dos Estados Nacionais. Tem sua origem,consequentemente, nos desafios à dominação quevalorizava a expansão imperialista relatada pelo menos apartir da obra “Historia” de Heródoto e a esperança deuma Paz territorial sonhada pela Nação fundando o Estadopelo reconhecimento do Povo que detém um saber viverno território soberano.PAZ é categoria chave para a compreensão do processo.POVO com seu saber torna-se sinônimo de NAÇÃO;soberania e território são nomes inerentes à constituiçãodos ESTADOS. Sob esse prisma, o movimento dosfolcloristas confere outra concepção ao conceito deDemocracia tão venerada pelos discursos das formas deconstituição dos Estados. Atribui-se às democracias o seremLiberais como adjetivo principal. Examinada segundo a matrizdos movimentos dos folcloristas a Democracia é Popular;ou seja, tem de se fundar necessariamente noreconhecimento da existência de um POVO que conformaa Nação. Os dirigentes desse povo devem necessariamentereconhecer os valores que fundam a NAÇÃO, ou seja, osaber viver em determinado território.Como se sabe, e isto é da maior importância, os movimentosde formação dos Estados se deram na Europa, no interiorda luta contra os escombros do Sacro Império RomanoGermânico e tiveram origem entre os povos germânicosmuito antes de Willian John Thoms determinar um nomepara esses movimentos. Levados às últimas consequências,um povo que funda uma nação exige que o poder dosEstados se faça em nome desse povo e não contra ele.Uma das consequências é que qualquer que seja o poderconferido ao Estado sobre a Nação que se apresente comodominação sobre o povo jamais poderá ser democrático.Democracia Liberal fica a meio caminho dessa realidade edeve muito mais ao conceito de Império do que de EstadoNacional.Há uma consequência perversa no interior dos EstadosNacionais bem revelada pelo Fascismo e o Nazismo. Sobesse aspecto, o movimento dos folcloristas resvala no riscoconstante de retorno ao pré-estado tribal. Esse “grande atode amor à pátria” insistido por Saint’Ives aprisiona o povoconstituindo uma grande aldeia étnica, com absolutaproibição da existência do “outro”. Constitui-se uma “Pazpara a guerra”. Sob esse ponto de vista, há que reconhecerque o movimento dos folcloristas abre sendas para umacrítica radical à consolidação dos estados nacionais e abresendas importantíssimas para conversar sobre a conformaçãoétnica no interior dos estados.Há que reconhecer, portanto, que a invenção do nome Folk-Lore por William John Toms, em 22 de agosto de 1846,aponta para realidade diferente do movimento que buscava

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclorefundar os Estados na busca de identidade étnica, mas defazer com que o Estado com pretensão de Império, comoera o britânico, guardasse pelo menos na memória seu pas-sado como herança étnica. Cuidasse de não perder a me-mória do saber que estava fadado ao desaparecimento.Existem, pelo menos, três matrizes que inserem as tradi-ções étnicas no interior da formação nacional como alertaà consolidação dos Estados modernos. A matriz germânicados folkunds – traduzida como antiguidades populares, amatriz britânica do folk-lore e a matriz francesa de“enobrecimento” do povo, entendida como atenção ao“Gênio” que ausculta e interpreta a alma popular. De tudoisto resulta a impossibilidade de compreender o movimen-to dos folcloristas sem atenção às categorias Povo, Naçãoe Estado e, consequentemente, das correntes discursivasque enfatizam o povo como realidade objetiva, o estado,ou a nação e os conflitos inerentes à afirmação de cada umdos conceitos como explicativos dos demais.Na Comissão Mineira de Folclore, um de nossos “pais fun-dadores”, Saul Martins, preceituava constantemente: Nãoexiste folclore mineiro, não existe folclore brasileiro, nãoexiste folclore francês, mas folclore em Minas Gerais, fol-clore no Brasil. Folclore não obedece às fronteiras dosEstados. A consequência disto é que folclore não se prestapara defender identidades nacionais, não se põe a serviçodos estados. Trata-se, portanto, de um novo movimento,voltado para a Paz, não mais como recurso para fixar iden-tidades étnicas, hegemonias nacionais, mas de compreen-são da humanidade. Há interlocutores privilegiados paraeste diálogo; de um lado, o clássico, James Frazer, comsua Rama dourada e o Folclore no antigo testamen-to, Stith Thompson com The folk tales e, de outro, VladimirPropp com as obras Édipo à luz do Folclore eMorfologia do Conto maravilhoso. Frazer ocupa-se emmostrar como, nos mais diferentes povos, as lendas quenarram mitos como Adão e Eva, Caim e Abel, ou o dilúviouniversal conformam visões de mundo; Stith Tompson vale-se do sistema de classificação de contos de Antii Aarne e oamplia por sua vez; Propp defende que os contos maravi-lhosos, independentemente dos Estados revelam um está-dio de desenvolvimento das forças produtivas. O esforçode catalogar as raízes arcaicas favoreceu essas interpreta-ções.O esforço de catalogar as manifestações entendidas comoFolclore é fruto também do movimento enciclopedista edos cuidados de classificar em categorias as conquistashumanas em gêneros, espécies e subespécies. A obra deStith Tompson é o melhor exemplo desse esforço. Assu-me-se a celebração do poder conferido a Adão e Eva. Mas,há que ter presente este aforismo de Nietsche:

Nada existe além do Todo. Porém, o Todo nãoexiste!

Bela recomendação para todos os esforços empreendidospelas assim chamadas Ciências do Homem, especialmente,as ciências históricas e sociais. Melhor ainda para quem militano movimento dos folcloristas. Armadilhas dos nomes!Em meio a esse esforço, tornam-se categorias chaves Esta-do, Povo e Nação. Estado que determina quem é seu povoe Povo que determina quais valores confere aos Estados amarca de unidade nacional. Ora, em meio a essa aparenterealidade objetiva, a categoria Território exibe o constran-gimento crucial sobre as representações de povo e de na-ção. É o Estado que determina quem é seu povo e exigeque esse povo se identifique com seu território e valorizeviver nesse território. Identificação e valorização do viverdeterminam por sua vez o desconhecimento da diversidadedos repertórios do saber viver. Um dos resultados dessasincompatibilidades é o não casamento do povo com a na-ção. Uma rápida atenção para os conflitos étnicos no interi-or dos estados nos dias atuais põe à mostra a fragilidade dodiscurso ideológico e as consequências de sua prática.As Semanas Mineiras de Folclore são oportunidade paraconversar sobre esses assuntos. Há que descobrir uma Mi-nas Pernambucana, uma Minas Baiana, uma Minas Paulista,uma Minas Goiana, uma Minas Fluminense, uma MinasBotocuda, uma Minas Italiana, uma Minas Africana – bantoe iorubá, nagô – enfim, as Minas são muitas e não são nada!O Todo das Minas exige afirmar: Esse todo não existe anão ser no sonho de um governo que busca a unidade doterritório.

Garimpeiro do artista Gonzaga - Gouveia MG

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

O Doutor Edelweiss Teixeira e asSemanas Mineiras de Folclore

José Moreira de Souza

Quando Aires da Mata Machado Filho se reuniu a outros27 membros para responder a Renato Almeida e criar aComissão Mineira de Folclore, no dia 19 de fevereiro doano de 1948, certamente, esperava grande animação emMinas Gerais em torno da compreensão do Folclore. Afinal,no ano anterior, Aires já ministrara o 1º Curso de Folcloreno, então, Conservatório Mineiro de Música, a convite doprofessor Levindo Lambert, diretor daquela instituição. Ocurso teve novas edições na Fazenda do Rosário e,posteriormente a convite do Diretório dos Estudantes daUniversidade de Minas Gerais – futura UFMG.Nesse primeiro momento, havia oportunidade para espaçosde reunião no Conservatório Mineira de Música e foi nestelocal emblemático de Belo Horizonte que foi fundada aComissão Mineira de Folclore. Ao entusiasmo da reuniãode fundação seguiu-se o compromisso de os membros sereunirem no mesmo local a cada 15 dias a partir das 20horas.Imagino que Aires sonhava com uma grande animação doorgulho de conhecer Minas Gerais, porque, já em abril de1949, em correspondência endereçada a Renato Almeida,lamenta “a apatia mineira que constitui a mais frisantemanifestação da nacional carência de espírito associativo”constatada pelo “arrefecimento do relativo entusiasmoinicial”.Luís Rodolfo Vilhena que reproduz este trecho da carta,certamente, acreditou nisto para afirmar “A ComissãoMineira não promoveu qualquer semana ou congresso, e onúmero de Documentos produzidos pelos folcloristas locais,colocando-a em oitavo lugar é muito pequeno, levando-seem conta sua posição de segundo estado mais desenvolvidoda federação. [Projeto e Missão: o movimento folclóricobrasileiro 1947-1964. Rio de Janeiro: Funarte: FundaçãoGetúlio Vargas, 1997]

Apesar da lamentação do nosso mestre Aires, pessoas comoSaul Martins e Henriqueta Lisboa, além de professores doConservatório Mineiro de Música frequentaram o cursode Folclore, a Comissão Mineira de Folclore iniciou nessemesmo ano de 1948 o primeiro levantamento sistemáticodo Congado em Minas Gerais com apoio da RádioInconfidência e cada membro de acordo com suaspossibilidades desenvolveu projetos nas regiões em queresidiam. Antônio Joaquim de Almeida no Museu do Ourode Sabará, Mário Lúcio Brandão, no Museu da Cidade[atual Museu Histórico Abílio Barreto], João Dornas Filhoe Lúcia Machado de Almeida sempre atentos para SemanasNacionais e congressos Brasileiros de Folclore. Sílvio doAmaral Moreira, atento em Lavras parar criar o maioracervo de Folclore em um museu excepcional. Nem se háde esquecer a animação dos professores do ConservatórioMineiro de Música de que é exemplo Flausino do Vale.Quanto às Semanas Mineiras de Folclore um nome sesobressai entre todos. Edelweiss Teixeira. No ano de 1951,Edelweiss promoveu a primeira festa folclórica na cidadede Ituiutaba. Em 1962 inventou a 1ª Semana de Folcloreem Uberaba, e a segunda no ano seguinte na mesma cidadee criou o Instituto de Folclore Brasil Central. Com essaanimação, tornou-se o primeiro membro a propor ainstituição das Semanas Mineiras de Folclore e publica “Oque é Folclore” e “Folclore e suas manifestações culturais”.Foi a maior surpresa encontrar informações que situam opioneirismo de Edelweiss Teixeira como inspirador dasSemanas de Folclore. Até então, a memória dessas semanasfixava o empenho de Nelson de Figueiredo e MaristelaTristão.Vale a pena chamar a atenção desse personagem na históriada Comissão Mineira de Folclore.Edelweiss nasceu no dia 29 de maio de 1909, na cidade dePouso Alegre e faleceu em 02 de novembro de 1986. EmBelo Horizonte, formou-se em odontologia em 1925 e emregência de canto orfeônico e violino no ano de 1929.Graduou-se em medicina em 1934. Com tamanhocredenciamento, Edelweiss aprofunda-se na documentaçãodo Arquivo Público Mineiro por longos doze anos. Atentopara a Educação, submete-se a concurso público e énomeado Inspetor Federal do Ensino Médio e passa aresidir na cidade de Prata no Triângulo Mineiro. Em 1948,torna-se membro efetivo fundador da Comissão Mineirade Folclore tendo já publicado obras como “Santa Luzia –um pouco de seu passado” e “Contribuição para a históriade Minas Gerais”.Em Edelweiss temos o participante típico do movimentodos folcloristas. Insisto que a marca do pertencente aomovimento é não ser especialista, mas atento ao saber viveronde quer que esteja. Edelweiss é esse homem. Santa Luzia,Prata, Ituiutaba, Uberaba, Minas Gerais, merecem suaatenção. É onde vive.

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Quinquagésima Semana Mineira de FolcloreNeste ano de 2016, com empenho do secretário de Cul-tura Ângelo Oswaldo, veio à Luz Comemorações do 1ºcentenário da Revolução Liberal e da Ação Pacifica-dora de Caxias. Belo Horizonte: Secretaria de Estado deCultura de Minas Gerais, Arquivo público Mineiro e As-sociação Cultural Comunitária de Santa Luzia, obra deEdelweiss.A Comissão Mineira de Folclore louva essa iniciativa exa-tamente no ano em que celebra 50 anos de Semana Mi-neira de Folclore.Edelweiss é sempre lembrado nas Semanas de Folcloreem Uberaba. No ano de 2009, na celebração do centená-rio de seu nascimento, Marilu Teixeira publicou esta men-sagem:Semana do Folclore homenageará centená-rio de Edelweiss TeixeiraUm dos maiores expoentes da área cultural, EdelweissTeixeira completaria hoje (29 de maio) 100 anos de idade,se estivesse vivo. Médico, odontólogo, folclorista e historia-dor, Edelweiss nasceu em Pouso Alegre(MG), em 1909, efaleceu em Uberaba em 2 de novembro de 1986.

Para lembrar a data natalícia, a família se reúne neste fimde semana em Uberlândia, mas as homenagens serão ren-didas a ele, de forma oficial, em agosto deste ano.

Segundo a filha Lélia Inês Teixeira, uma parceria com aFundação Cultural de Uberaba irá viabilizar as comemora-ções do centenário de seu pai. A Semana do Folclore deveadotar o tema do Erudito ao Popular e terá, em sua abertu-ra, atividades voltadas para os 100 anos de Edelweiss.

A intenção da família é fundar um Instituto que tambémdeverá ser viabilizado através de parceria com o ArquivoPúblico, onde já existe uma sala com o nome de Edelweiss.Nela estão guardados documentos originais, cartas, recor-tes de jornais, revistas que colecionava, cadernos de quan-do ele era aluno do curso de Medicina e muitos outros ma-teriais sobre folclore e música, que comprovam o valor quedava à cultura e educação. Mas, de acordo com Lélia, épreciso aguardar decisão judicial sobre ação de reintegra-ção de posse de documentos doados ao Arquivo de MinasGerais.

Lélia descreve seu pai como um homem multimídia, dos tem-pos atuais, por ter despertado, por onde passou, a valoriza-ção da cultura, seja na implantação de conservatórios, deorquestras sinfônicas ou de grupos folclóricos. “Ele foi umbaluarte na área da educação e da cultura”, pontua Lélia,lembrando da colaboração nas artes nas cidades do Prata,de Ituiutaba e Uberlândia, onde seu centenário também serácomemorado. Em Ituiutaba, Edelweiss fundou a universida-de e em Uberlândia, o conservatório de música.

Quinquagésima SemanaMineira de FolcloreO imaginado e o realizadoNa preparação da 50ª Semana Mineira de Folclore, imagi-namos, em primeiro lugar, o retorno ao útero, o local queabrigou por muitos anos reuniões e possibilitou a consolida-ção da Comissão Mineira de Folclore:

Conservatório Mineiro de Música – hoje,

Escola de Música da UFMG.Em seguida, brotaram de nossa imaginação as instituiçõessurgidas de movimentos da sociedade civil voltadas para oque é, atualmente, núcleo das políticas de cultura:

Academia Mineira de Letras e InstitutoHistórico e Geográfico de Minas Gerais.A intenção era de retomar um possível diálogo com essasinstituições de cultura, tendo em vista que inúmeros mem-bros fundadores da Comissão Mineira de Folclore pertenci-am a esses sodalícios.Em terceiro lugar, tivemos como intenção desenvolver me-sas de conversa com instituições estatais – federais, estadu-ais e municipais – com foco em temas que nos são comuns:

Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional – IPHAN – e InstitutoEstadual do Patrimônio Histórico eArtístico – IEPHA.

Centros Culturais da FundaçãoMunicipal de Cultura de Belo Horizonte– Centro Cultural Salgado Filho eCentro de Referência da CulturaPopular e Tradicional “Lagoa do Nado”.Secretaria Municipal de Cultura, Lazer eEsportes do Município de Vespasiano –Museu de Folclore “Saul Martins”Movimentos da Sociedade Civil contemplados porpolíticas de Cultura:

Conselho Nacional de Capoeira, Associa-ções e Federações de Nossa Senhora doRosário, Federações de Folias de Reis,

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

União das Festas Juninas de Belo Hori-zonte.O relatório das atividades desenvolvidas registra a dife-rença entre o imaginado – Sonhos são postos para se-rem sonhados – e o realizado – Projetos são feitos paraserem realizados.

Reuniões PreparatóriasForam realizados alguns encontros preparatórios(Junho e Agosto) com membros da Comissão Mi-neira de Folclore, representações das manifesta-ções de tradição e representações das autarquiasculturais e poder público (SEC MG, IEPHA,IPHAN MG, CRCP Lagoa do Nado, CC SÃOGERALDO, CC SALGADO FILHO) - parcei-ros das atividades abaixo descritas.

Além da busca, integração e mobilização, tal açãoteve como objetivo demonstrar e dar relevância aparticipação dos folcloristas na constituição e his-tória de ações focadas na valorização e reconheci-mento das manifestações da cultura popular emBelo Horizonte e no Estado de Minas Gerais.Temática e foco abordados durante toda 50ª Se-mana Mineira de Folclore.

ProgramaçãoData: 13/08/2016 -Sábado - Abertura 50ª Semana doFolclore

Local: Centro Cultural Salgado Filho - Horário:9h00 as 12h30Temática abordada - O Saber fazer a Festa

Arte: Adão Rodrigues

Foram convidadas associações da Regional Oeste do Mu-nicípio de Belo Horizonte com destaque para Associaçõesde Nossa Senhora do Rosário dos bairros Alto dos Pinhei-ros, Cabana do Pai Tomás e Jardinópolis.A Sessão de abertura esteve sob coordenação da associa-ção “Art Quilombo Capoeira” da Cabana do Pai Tomás,direção de Mestre Buleia.

Público da atividade: 25 pessoas.

Data: 17/08/2016 - Quarta FeiraLocal: Centro de Referência da Cultura Popular eTradicional Lagoa do NadoHorário: 19h30 as 22h00Temática abordada - Um Olhar das FestasJuninas

Arte: Adão Rodrigues

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

Ação Integrada com representações desta mani-festação. Um diálogo sobre história, perspectiva,integração e futuro das festas Juninas.Realizou-se uma roda de conversa proveitosa compessoas diretamente comprometidas com políticaspúblicas relacionadas às festas juninas em BeloHorizonte. Fez-se avaliação da importância doapoio institucional de governos e instituições – Pre-feitura Municipal de Belo Horizonte e SESC – Ser-viço Social do Comércio – e dos efeitos da padro-nização e “profissionalização” das quadrilhas nasmanifestações espontâneas da solidariedade local.Fixou-se ainda a relação entre grupos que promo-vem festas juninas e o carnaval em Belo Horizonte.

• Jadison Nantes (UJM - União JuninaMineira)

• Vera Lúcia (Quadrilha Brejo Grande)• Carlos Felipe (CMFL - Comissão Mi-

neira de Folclore)• Luis Trópia (CMFL - Comissão Minei-

ra de Folclore)• Tadeu Martins (CMFL - Comissão Mi-

neira de Folclore)

Tradição Musical de Minas Gerais - 50ª Se-mana Mineira de Folclore

Não aconteceu

Diretoria de Patrimônio Cultural / DIPCData: 18/08/2016 - Quinta feiraHorário: 15h00 as 18h00Espaço: Auditório

Temática - Tradição Musical de Minas Ge-rais

Ação Integrada com representações das corporações mu-sicais de tradição. Uma proposição de valorização da tra-dicional musica mineira e seus compositores.

Convidados / previstos:

• Comissão Mineira de Folclore• Corporações Musicais de Belo Horizonte• UFMG• PMMG

Cultos Afro Brasileiros em Minas Gerais -50ª Semana do Folclore

Não aconteceu

Centro de Referência da Cultura Popular eTradicional Lagoa do NadoData: 19/08/2016 - Sexta FeiraHorário: 19h30 as 22h00Espaço: Arena e ou Teatro de Bolso / tendasde Circo

Temática - Atualidade dos Cultos AfroBrasileiros em Minas Gerais

Ação Integrada com representações desta manifestação.Um diálogo sobre história, perspectiva e integração.Jeje-nagô, congo-angola e umbanda.[Base para a conversa: SERRA, Ordep. Águas do Rei.Petrópolis: Vozes, 1995.]“Tenho certo, pois, que: os cultos religiosos afro-brasileiros primeiro instalados na Bahia foram de matriz“banto”; o mais antigo candomblé (a mais antiga forma deculto chamado candomblé) aqui conhecido foi criação decongos e angolas ou protagonizada por eles”. p. 38.LIMA, Bento de: Malungo, decodificação daUmbanda.Rio de Janeiro: Bertrando do Brasil, 1997]

A atenção para os Cultos afro-brasileiros é da maiorimportância para a compreensão de Minas Gerais como

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

formação espacial, juntamente com os movimentos quedisseminam a Capoeira em nosso estado.

Data: 20/08/2016 - SábadoLocal: ACADEMIA MINEIRA DELETRAS - Horário: 15h00 às 18h00Lançamento de Publicação - 50ªSemana Mineira de Folclore

• Apresentação e lançamento daobra Reinado e Poder

o Autora Maria José de Souza –Tita de Poços de Caldas

Este acontecimento tinha dois objetivos: o primeiro depromover o lançamento solene em Belo Horizonte de umaobra da maior importância para a compreensão das Festasde Nossa Senhora do Rosário no Sul de Minas. Para talforam convidados como apreciadores estudiosos do“Congado” pertencentes à Comissão Mineira deFolclore:Antônio de Paiva Moura, que fez o prefácio daobra, Frei Francisco van der Poel que estudou a fundo oRosário no Vale do Jequitinhonha e autor do Dicionário daReligiosidade Popular e Romeu Sabará da Silva, autor deO Drama de um campesinato negro no Brasil, obra queresulta do empenho em compreender a comunidade dosArturos de Contagem.O segundo objetivo teve a ver com a importância daAcademia Mineira de Letras como uma das origens dosmembros fundadores da Comissão Mineira de Folclore.

Infelizmente, este objetivo não foi compreendido e a diretoriada Academia entendeu que a Comissão queria apenas utilizaro espaço nobre dessa instituição para uso próprio.

Público da atividade: 30 pessoas.

Data: 22/08/2016 - Segunda - DIAMUNDIAL DO FOLCLORELocal: Auditório da Biblioteca Luiz deBessa - Horário: 19h30 às 22h00SOLENIDADE - 50ª SEMANAMINEIRA DE FOLCLORE

Foram convidados para mesa da solenidade eestiveram na atividade:

Arte: Adão Rodrigues

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Quinquagésima Semana Mineira de Folclore

• Secretaria de Estado da Cultura deMinas Gerais - Secretário Adjunto

• - Representação das Manifestações deCultura Popular

• Representação do Minc• Representação do IPHAN MG• Representação do Iepha• Representação da Fundação Municipal

de Cultura de Belo Horizonte• Representação da AFAGO –

Associação dos Filhos e Amigos deGouveia

• Representação da FundaçãoGuimarães Rosa

Atividade composta pela apresentação dos novosmembros da CMFL - ao todo 11 pessoas. Eapresentação espontânea de vários companheiros(membros) da CMFL - Rubinho do Vale, TéoAzevedo, Carlos Farias, Frei Chico e outros.Lançamento do Boletim Carranca edição 02_2016da Comissão Mineira de Folclore.Lançamento da obra Tempos de Diamantina deLuís Santiago, membro efetivo da Comissão Mineirade Folclore.Apresentação da edição 29 da Revista ComissãoMineira de Folclore

Lançamento das obras de Antônio Oliveira Mello:As origens sociológicas do Alto Paranaíba eMineração, Pecuária e Agricultura no Noroestede Minas.

Público da atividade: 90 pessoas.

Data: 23/08/2016 - TerçaLocal: IPHAN MG - Horário: 19h00 às22h00Temática - Congado e os 70 anos dePesquisa em Minas Gerais

O evento foi oportunidade para a promoção de diálogocom o IPHAN e a Comissão Mineira de Folclore sobreos levantamentos promovidos para o registro do“Congado” como bem imaterial de Minas Gerais.

Arte: Adão Rodrigues

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Quinquagésima Semana Mineira de FolcloreNessa oportunidade, os técnicos do IPHAN discorreramsobre o Modo artesanal de fazer queijo em Minas..Serro, Serra da Canastra e Serra do Salitre / AltoParanaíba. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional, 2008 como um dos modelos deregistro do Patrimônio Imaterial.

Público da atividade: 09 pessoas.

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Data: 24/08/2016 - QuartaIEPHA MG - Horário: 15h00 às 18h00Temática - Folias e os 70 anos de Pesquisaem Minas Gerais

Da mesma forma que se dialogou com o IPHAN sobre oreconhecimento do “Congado” como bem do patrimônioimaterial de Minas Gerais, foi a vez de a Comissão Mineira

de Folclore desenvolver conversa proveitosa sobre as Foliasem Minas. Nessa oportunidade, os técnicos do IEPHAapresentaram o relatório dos estudos sobre as manifestaçõesda Folias em Minas Gerais. Entre os membros presentes háque destacar o nome de Edileila Portes que se deslocou dacidade Governador Valadares para prestigiar a conversa.

Presentes: 7 pessoas

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Data: 25/08/2016 - Quinta FeiraCentro de Referência da Cultura Popular eTradicional Lagoa do NadoHorário: 19h30 as 22h00Temática - Arte figurativa e a Poesiapopular

• Saraucizada Especial - 50ª SemanaMineira de Folclore

Esse encontro teve como objetivo prosseguir a con-versa sobre dois temasmuito valorizado pelomovimento dosfolcloristas: o artesana-to e as artes popularesfigurativas e a poesiapopular com atençãopara os instantes decriação. Antônio de

Arte: Adão Rodrigues

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Paiva Moura (CMFL - Comissão Mineira de Fol-clore) coordenou a conversa sobre o primeiro temae Ricardo Evangelista (CMFL - Comissão Mineirade Folclore) sobre o segundo. Escolheu-se o espa-ço da Lagoa do Nado tendo em vista a presençaconstante da Comissão Mineira de Folclore no Cen-tro de Referência da Cultura Popular e Tradicionaldesde sua inauguração.

Público da atividade: 30 pessoas.

*** *** ***Data: 26/08/2016 - Sexta FeiraCentro Cultural São Geraldo -Horário: 19h30 às 22h00

• II Encontro Nacional de Capoeira -Amec e a 50ª Semana Mineira deFolclore

Temática do 1º dia - Opanijé, Capoeira,Mestres e Histórias

A Capoeira como manifestação popular em Minastem chamado a atenção da Comissão Mineira deFolclore desde o ano de 1970, data em que GilgalGonçalves – membro efetivo da CMFL – criou noespaço da FAFICH - UFMG o grupo Opanijé. Aatenção se desdobra a partir do momento em queessa manifestação é reconhecida como PatrimônioImaterial Mundial.

Por gentileza da Associação Mineira de Estudosda Capoeira, a abertura do II encontro Nacionalde Capoeira foi incorporada à programação da50ª Semana Mineira de Folclore.

Pesquisadores e Mestresconvidados:

• Mestre Toninho Cavaliere (Capoeira)• Mestre Noventa (Capoeira)• Mestre Rasta Lua (Capoeira - Bahia)• Mestre Ivanir (Capoeira - Bahia)• Mestre Agnaldo - Preguiça (Capoeira)• Mestre Manso (Capoeira)• Mestre Beto (Capoeira - Responsável pelo

projeto e Evento)• José Moreira de Souza (CMFL - Comissão

Mineira de Folclore)• Daniel Porto (CMFL - Comissão Mineira de

Folclore)

Público da atividade: 80 pessoas.

RELATÓRIO - ETAPA VESPASIANO -50ª Semana Mineira de FolcloreCoordenação Ione Amaral – membro efetivoda Comissão Mineira de Folclore

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Como etapa de preparação para as duas ações realizadasem Vespasiano, houve encontros de representante da CMFLcom capitães e diretorias das Irmandades de Rosário e umencontro coletivo na Igrejinha do Rosário e ainda, contatose encontros com a diretoria da Folia dos Santos Reis deVespasiano e com o mestre Hélio Alves da Caravana dosSantos Reis de Vespasiano, hoje inativa, mas ainda refe-rência quando se fala em Folia de Reis de Vespasiano..

A intenção desses encontros foi debater e avaliar juntossobre a possibilidade e pertinência da participação dos gru-pos em ações integrantes da 50ª Semana de Folclore, aserem realizadas em Vespasiano MG.

Ao final desses encontros, foi firmada a decisão coletiva darealização das duas ações que serão descritas mais a fren-te.

Estabelecemos como objetivo o fortalecimento sócio-polí-tico-cultural de todos os envolvidos, estabelecendo comoeixo orientador inverter certos modelos de relação, já cris-talizados e tomados como ordinários, entre o poder públi-co e representantes da sociedade civil.

Dessa forma foi se delineando a aproximação da CMFLcom esses grupos e fortalecendo sua presença no municí-pio ao reafirmar sua relação de parceria com o poder pú-blico municipal, presença essa já institucionalizada por meiodo MFSM - Museu de Folclore Saul Martins, situado naCasa da Cultura de Vespasiano desde 1991.

Foram escolhidos como locais para o desenvolvimento dasações, a ASPAV - Ação Social da Paróquia de Vespasiano,local de encontros e deliberações comunitárias, de sólidaimportância histórica e a Câmara Municipal de Vespasiano,ambos locais que tem presença e força simbólica na me-mória social. Além disso nos permitiu estabelecer novasparcerias que esperamos serem transformadas em relaçõesmais extensas, para realização de ações futuras da CMFLno município.

Dia 24 de agosto Sala da ASPAVE - Açãosocial da Paróquia de Vespasiano - Horário19:00 às 22:00Tema: Identidade, Cultura de Redes ePolíticas Públicas Possíveis

Como etapa de preparação para as duas ações realizadasem Vespasiano, houve encontros de representante da CMFLcom capitães e diretorias das Irmandades de Rosário e umencontro coletivo na Igrejinha do Rosário.

Foram realizados, também, contatos e encontros com a di-retoria da Folia dos Santos Reis de Vespasiano e com omestre Hélio Alves da Caravana dos Santos Reis deVespasiano, hoje inativa, mas ainda referência quando sefala em Folia de Reis de Vespasiano.

Lançamento da Rede Vespa Cultural [Rede Social]Ação Integrada com representantes das manifestações detradição do município e convidados de outros municípios

José Moreira de SouzaGibran MullerJoão Carlos PioPúblico: 25 pessoas

Dia 25 de agostoCâmara Municipal de VespasianoHorário: 18:30 às 22:30Cerimônia Comemorativa da 50ª SemanaMineira de FolcloreCerimônia de Doação de peças para o Acervoda CMFL

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Quinquagésima Semana Mineira de FolcloreAção Integrada com as manifestações detradição do municípioAuditório da Câmara Municipal de Vespasianoe Praça JKMuseu de Folclore Saul Martins

Com a presença da senhora secretária municipalde Cultura, vereadores, associações de Foliasde Reis e de Nossa Senhora do Rosário, foramapresentadas ações das instituições que celebramo saber viver em Vespasiano. O ponto alto dacerimônia foi a entrega para o acervo daComissão Mineira de Folclore de três peças quesintetizam a história das Associações de NossaSenhora do Rosário nesse município:fotografias, indumentárias e a coroa de umarainha perpétua. A Comissão Mineira de Folclorese comprometeu nessa oportunidade a manteressas peças em espaço nobre do Museu deFolclore Saul Martins para celebrarperpetuamente o momento em que foi acolhidapor essa cidade e o compromisso de fixar amemória do saber viver em Vespasiano e suascondições. Destacou-se que o surgimento doReinado do Rosário em Vespasiano data dosprimeiros anos de chegada da estrada de ferroao pequeno povoado que se formou em tornoda estação ferroviário.

Público: 90 pessoas

Santa Luzia – Pinhões – 7 de setembroCongraçamento: CMFL, Afago, Gustavoda Silveira, Pinhões e ParaopebaO foco no tema “Saber fazer a festa” permeou a maioriados eventos programados para a 50ª Semana Mineira deFolclore. Desse modo, nada mais importante do quevivenciar a preparação para uma festa de verdade; o que édiferente de conversar sobre festa. Assim, os membros daComissão Mineira de Folclore e seus principais parceiros:Afago – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia -,Associação dos antigos moradores da Estação de Gustavoda Silveira – Curvelo -, e a senhora Maria Stella Rates,promotora há cinquenta nos da festa de Nossa Senhora doRosário na cidade de Paraopeba,anuíram ao convite departicipar de um momento festivo de preparação da festamaior de Pinhões.Há que contextualizar. No ano de 2015, na oportunidadede lançamento da obra [A]gosto do folclore: conversar

pode dar certo desenvolvida pelos membros da ComissãoMineira de Folclore a convite do SESC/MG, nossocompanheiro, Edimilson de Almeida Pereira, discorreu sobreo tema “Educação em Festas Populares”. Nessaoportunidade, Edimilson contrastou as festas de aniversárioa que comparece sua filha e as festas tradicionais. Umdestaque: os pais levam os filhos ao local do evento. Deixam-nos na porta de um centro de convenções. Lá tem pessoascontratadas para entreter as crianças. Os promotores dafesta contratam tudo. Local, definem quantos convidados,os serviços que serão oferecidos e preço da festa. Pagam àvista, a prazo ou a prestação. O trabalho – vale sublinhartrabalho – dos promotores da festa se resume em contratar,receber e se despedir com sorrisos os convidados, e pagar

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conforme as reservas do caixa da família. A festa é avaliadapelos convidados de acordo com a performance – aí é queentra essa categoria de avaliação – dos atores contratados.Tudo é representação. É claro, o efeito de uma festa comessa marca pode ser o mesmo das festas tradicionais

confirmar vínculos de sociabilidade, porém, a marca maioré do poder aquisitivo dos promotores. Há também umcomponente adicional, uma festa de aniversário, ou decasamento, é avaliada pelos promotores pela equivalênciaem presentes recebidos.Em contraste, a festa em Pinhões é da comunidade. Ela seinicia um ano antes de acontecer a celebração solene dacomunidade. Começa com a coroação do novo rei que serápara sempre Rei Perpétuo. Desse modo, o povoado celebraanualmente dezenas de reis perpétuos. Ao rei do anocompete mobilizar diariamente a comunidade para a festado ano seguinte.O momento em que convidamos a Afago, os membros daComissão Mineira de Folclore, a senhora Maria Helena

Martins Ribeiro de Gustavo da Silveira e a dona Maria StellaRates para a festa preparatória da festa, visava a essaparticipação. O povoado foi dividido em 7 setores. A cadamês um dos setores se responsabilizava pela promoção deuma festa preparatória. Todos os moradores do setor em

pauta desenvolviam atividades convidando os moradoresdos demais setores. Ornamentação, acolhida e alimentaçãoficava a cargo dos moradores do setor, sob supervisão eapoio da família do rei do ano. Desse modo se garantia odia maior de celebração da Comunidade, o dia de NossaSenhora do Rosário.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃOCarranca aceita artigos, notas, comentários, informes em geralde interesse dos estudiosos de Folclore e da Cultura Popular,desde que encaminhados em meio digital.Formato em Word, fonte arial ou times new roman, corpo 12,espaço 1,5. Identificação do autor.As fotos devem ser encaminhadas já escaneadas em formatojpg.

Artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

CARRANCA

Órgão Informativo da Comissão Mineira de Folclore – CMFLNúmero 03-16– Julho- Setembro 2016.Acessível em www.afagouveia.org.br/ComissaoMineiraFolclore.htm ou www.folcloreminas.com.br

Diretor Responsável – José Moreira de SouzaFotos: José Moreira de Souza, Antônio de Paiva Moura,

Editoração Gráfica: José Moreira de Souza

Diretoria da CMFL - 2014 - 2017Presidente de Honra: Domingos DinizPresidente: José Moreira de SouzaVice-presidente: Míriam Stella BlonskiSecretária: Juliana Correa de Carvalho GarciaTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesConselho Fiscal da CMFLAntônio de Paiva MouraEdméia da Conceição de Faria OliveiraLuiz Fernando Vieira Trópia

IMPRESSORemetenteComissão Mineira de FolcloreRua Pires da Mota - 202Bairro Madre Gertrudes

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Agradecimentos:Prefeitura Municipal de Belo Horizonte -

Fundação Municipal de Cultura

Artista Adão Rodrigues