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CARACTERIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO DE NÍVEL DE CRIÓGENO EM SCANNER MRI COM
CALIBRAÇÃO RESTRITA
PAULO A. AMARAL JR*, DANIELA C. L. SANTOS*, MÁRCIO F. D. MORAES†, HERMES A. MAGALHÃES*
CTPMAG – Centro de Tecnologia e Pesquisa em Magnetoressonância
* Departamento de Engenharia Eletrônica da Escola de Engenharia
† Núcleo de Neurociências do Instituto de Ciências Biológicas
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
Av. Antônio Carlos 6627, Campus Pampulha, Belo Horizonte, MG, Brasil, CEP 31270-901
E-mails: [email protected], [email protected], [email protected],
Abstract The present paper brings the matter of the MRI Scanner cryogenics level monitoring for liquid nitrogen. A
measurement modelling and uncertainty calculation is proposed for three measurement scenarios, under the condition of
continuous decay of measurand due to evaporation. Conventional calibration using an external standard is assumed impossible due to equipment´s current operational restrictions. The objective is to verify, under such restrictions, the measuring system’s
adequacy to be used in studies related to cryogen level decay alterations related to ambient temperature changes. The
measurement uncertainties are compared between scenarios to quantify system improvements and the effect of ambient temperature being included into the measuring model.
Keywords Cryogenics, Level Meter, Liquid Nitrogen, Uncertainty, Measurement Modeling, Magnetic Resonance,
Instrumentation, MRI.
Resumo O presente artigo contempla o problema do monitoramento de níveis criogênicos dentro do reservatório de um
scanner de imageamento por ressonância magnética. É proposta uma modelagem da medida e determinação de incertezas para
três cenários de medição, para a condição em que o mensurando, no caso o nível do criógeno nitrogênio líquido, apresenta decaimento contínuo por evaporação. Parte-se da premissa que a calibração convencional por um padrão externo é
impossibilitada por problemas operacionais do equipamento. O objetivo é verificar, diante de tal restrição, a adequação do
sistema de medição para a realização de estudos de alteração da taxa de decaimento do nível de criógeno em função da variação
de temperatura ambiente. As incertezas da medida são comparadas entre os cenários para quantificar as melhorias no sistema e o
efeito de se incluir a temperatura ambiente no modelo de medição.
Palavras-chave Criógenos, Sensor de Nível, Nitrogênio Líquido, Incerteza, Modelagem de Medição, Ressonância Magnética, Instrumentação, MRI
1 Introdução
O Scanner de Imageamento por Ressonância
Magnética (ou MRI Scanner) é uma ferramenta de
imageamento não invasivo que utiliza basicamente
três campos eletromagnéticos em seu
funcionamento: o campo estático , o Campo de
Gradiente e o campo de RF (McRobbie, et al.,
2006). A produção desses três campos é feita por
três subsistemas diferentes, dos quais abordaremos
aqui o primeiro, i.e. o magneto principal responsável
pelo campo . Trata-se de um campo magnético
estático e tão uniforme e homogêneo quanto
possível no núcleo do scanner, e cujo objetivo é
polarizar os spins atômicos em um objeto para que
precessionem na frequência de Larmor (Liang &
Lauterbur, 2000). Existem 3 tipos de magnetos
utilizados em sistema de ressonância magnética: os
resistivos, usados para campos de baixa intensidade
(< 0,15 T), magnetos permanentes que operam até
0,3 T e o mais utilizado, em mais de 90 % dos casos
é o magneto feito com um conjunto de bobinas de
fio supercondutor, geralmente nióbio-titânio (NbTi)
a 7,7 K ou aproximadamente -265ºC, que consegue
gerar campos de maior intensidade devido à maior
densidade de corrente. Nesse caso, o hiper-
resfriamento por criógenos é essencial para conferir
supercondutância à bobina, gerando assim um
campo de maior intensidade, que ao lado da
homogeneidade, é um dos principais fatores
contribuintes para uma melhor qualidade da
imagem.
Portanto, um dos principais problemas
enfrentados na operação de MRI Scanners é a
necessidade de reposição de criógenos perdidos por
evaporação. O eletroímã formado por fio
supercondutor é submerso em hélio líquido (He(l),
ponto de ebulição 4,2 K ou aproximadamente -269
ºC) e, para minimizar perdas contínuas do Hel,
extremamente caro, este passou a ser envolto por um
segundo reservatório contendo um criógeno mais
barato (Rajan, 1998), geralmente o nitrogênio
líquido (N2(l), ebulição a 77 K ou aproximadamente -
196 °C), havendo entre os reservatórios, e entre
estes e o ambiente exterior, camadas de vácuo que
funcionam como isolantes térmicos. Equipamentos
mais modernos eliminam a necessidade de N2(l) ao
usarem no lugar do segundo tanque resfriadores
criogênicos baseados na expansão controlada de
hélio gasoso (He(g)) em circuitos fechados
(McRobbie, et al., 2006). A medição de nível dos
tanques de criógenos é extremamente importante,
pois se o nível abaixar demais, basta que uma
pequena parte do enrolamento deixe de ser
supercondutor para que a energia armazenada seja
dissipada na forma de calor, o que por sua vez
aquece regiões vizinhas, retirando-as também da
supercondução e propagando o efeito em cascata por
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todo o circuito, ocasionando uma evaporação rápida
e expansiva dos líquidos criogênicos, um processo
catastrófico denominado quench (Liang &
Lauterbur, 2000) (McRobbie, et al., 2006).
Dentro da filosofia de operação do CTPMAG,
que se propõe não só a usar o seu Scanner MRI em
estudos de imageamento, mas também a investigar
do ponto de vista da engenharia seus aspectos
construtivos de forma a gerar conhecimento e
sugerir aprimoramentos, a ocorrência de um defeito
no sistema de medição de nível de nitrogênio
ocorrido em 2013 foi uma oportunidade a partir da
qual iniciou-se uma melhor caracterização desta
medição, visando verificar sua conformidade para
ser usada em propósitos que vão além da sua função
original de monitoração grosso modo do nível de
criógeno de forma a evitar um quench.
Objetivamos com este estudo verificar a
adequação da medida existente para ser usada na
realização de estudos mais detalhados do consumo
deste criógeno em função de aspectos como variação
da temperatura ambiente ou da dissipação de maior
ou menor potência nas bobinas de gradiente, que
para este scanner pode chegar ao valor significativo
de 24 kVA (Oxford, 1984). Ao longo do tempo
melhorias foram incorporadas ao sistema,
constituindo até o momento três cenários de
medição a caracterizar, que são detalhados nas
seções seguintes. No entanto, a verificação de
conformidade é dificultada devido a dois fatores
operacionais: (i) a comparação a um padrão não
pode ser realizada devido ao acúmulo de gelo no
topo do cabeçote, o que pode vir a danificar o sensor
durante sua remoção; (ii) o nível do criógeno não
pode abaixar demais sob o risco de ocasionar um
quench do scanner.
O trabalho a seguir compreende a modelagem
da medição com a determinação de incertezas,
realizada para um mensurando (nível de N2(l)) que
decai continuamente por evaporação, realizada para
os três cenários do medidor de nível de N2(l) do
CTPMAG, sendo os dois primeiros cenários de
coleta manual de leituras de nível antes e depois da
ocorrência do defeito relatado, e o terceiro cenário
mais recente de coleta automatizada por sistema de
aquisição de sinais recém-construído. O cenário 2
compreende ainda uma modificação na configuração
de ligação do sensor do tipo capacitivo pré-existente
em relação ao cenário 1 que proporcionou uma
expansão da faixa de capacitância do sensor para
uma mesma excursão de nível, contribuindo para um
aumento na resolução da medição. É realizada então
uma simulação do circuito pré-existente de
condicionamento do sinal do sensor, validada por
verificações de bancada, feita para quantificar a
alteração da faixa de capacitância do sensor a partir
da alteração da tensão da saída do circuito. Por fim,
diante dos dados coletados no cenário 3, mostramos
ser a medição apropriada para correlacionar
alterações na taxa de decaimento de nível do
criógeno a variações da temperatura ambiente.
2 Metodologia
O trabalho relatado aqui foi desenvolvido no
CTPMAG – Centro de Tecnologia e Pesquisa em
Magneto-ressonância da UFMG, que conta com um
MRI Scanner funcional de campo de 4,7 T e
diâmetro do núcleo de 330 mm, operando à
frequência de Larmor de 200,1 MHz para o próton.
Suas bobinas supercondutoras, de indutância
nominal 660 H, operam a uma corrente de 78 A,
acarretando em uma energia armazenada de 2 MJ.
Seus tanques de criógenos têm volumes de 345 litros
para He(l) e 269 litros para o N2(l). O nível
recomendado para reabastecimento dos tanques de
He(l) e N2(l) é respectivamente 30% e 20%, sendo o
nível mínimo antes do quench de 10% para o He(l) .
A temperatura ambiente de operação sugerida é de
17 °C a 24 °C (Oxford, 1986).
A massa de dados do cenário 1 é proveniente
de medições rotineiras visando apenas verificar a
necessidade de reabastecimento. Eram anotados o
dia e a hora em que foi feita a medição, bem como o
percentual do nível de nitrogênio no tanque (figura
1), conforme mostrava o indicador analógico.
Figura 1: Acompanhamento do nível de criógeno, a partir de
leituras do mostrador % de nível (cenário 1, calibrado).
Após a ocorrência do defeito, surgiu então a
necessidade de recalibrar o sensor. Um
procedimento regular de recalibração exigia a
retirada do sensor, que estava impossibilitado de ser
removido devido à formação de gelo em seu
cabeçote, sendo grande o risco de danificá-lo. A
alternativa, segundo o manual (Oxford, 1985) seria
esvaziar o tanque, o que poderia nos aproximar da
ainda mais arriscada possibilidade de um quench.
Decidimos então estabelecer uma correspondência
entre o cenário inicial, equipamento previamente
verificado pelo fabricante, mas com capacitância
total menor, e o novo cenário com capacitância do
sensor aumentada, mas sem indicação em %
possível no mostrador analógico. Passamos então no
segundo cenário a anotar as medidas em um
voltímetro de bancada.
Uma vez solucionado o defeito mencionado
anteriormente, as anotações foram retomadas. A
leitura no mostrador de um voltímetro passou a ser
necessária, pois após a alteração da capacitância do
sensor, sua maior sensibilidade resultou em uma
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excursão maior do sinal de saída, que embora tenha
permanecido dentro da faixa de operação linear do
circuito de condicionamento, extrapolou a faixa de
operação do mostrador analógico pré-existente. Já
que o mostrador não mais podia ser utilizado, as
medidas foram coletadas em volts (figura 2). Como
anteriormente, cada medida de tensão foi registrada
juntamente com o dia e a hora da leitura.
Figura 2: Acompanhamento do nível de criógeno, a partir de
leituras do voltímetro (cenário 2, capacitância aumentada).
Bem antes de sermos capazes de observar nas
curvas a influência da temperatura ambiente,
observamos de forma simplificada que as leituras
manuais nos dois primeiros cenários exibiam um
decaimento aproximadamente linear, que pode ser
explicado pela grande diferença T entre a
temperatura do N2(l) e a temperatura ambiente.
Acreditamos que grande parte do calor é transferida
por convecção, e as parcelas de troca de calor
devidas à condução e radiação sejam menores frente
à convecção, respectivamente, pela existência das
camadas de vácuo isolantes entre tanques e deles
com o mundo exterior e pelas baixas temperaturas
envolvidas. A parcela do calor transferido por
convecção qc guarda uma relação linear com a
diferença de temperatura T, sendo h o coeficiente
convectivo e a área A de troca ambos constantes
(Munson, et al., n.d.) (Kreith & Bohn, n.d.):
Esta linearidade foi então usada para ratificar
uma nova relação de proporcionalidade entre
medida de nível em percentual do tanque, realizada
historicamente antes da ocorrência do defeito a
partir de leituras do mostrador analógico e com o
sistema verificado pelo fabricante, respeitando
portanto sua classe de exatidão, e o valor em volts
na saída do circuito de medição realizada em um
voltímetro – após remoção do defeito e aumento da
capacitância do sensor.
Diante do terceiro cenário, que consiste na
entrada em funcionamento do sistema de aquisição
de sinais com um conversor A/D de 10 bits, a
amostragem regular e de forma automática em ciclos
de 24 horas da medida em volts disponibilizou um
conjunto de dados maior e de melhor qualidade. No
período dos três cenários, os ensaios de RMI
realizados usaram baixas potências no campo de
gradiente, sendo seu impacto na alteração da
temperatura e, portanto, no consumo de criógenos,
foi considerado desprezível. Com a implementação
do sistema de aquisição de sinais, a taxa de
amostragem foi ajustada para vinte minutos, gerando
uma quantidade de leituras maior e coletada de
modo uniforme ao longo do tempo (figura 3).
Figura 3: Acompanhamento do nível de criógeno, a partir do sistema de aquisição de dados (cenário 3).
O modelo matemático de medição adotado é
dado pela seguinte equação:
Vx = Vm + zero + cal
onde Vx é o mensurando, Vm é o valor da grandeza
indicado pela escala do medidor, zero é o fator de
correção devido à resolução finita da escala e cal é o
erro de calibração, relacionado à classe de exatidão
do(s) equipamento(s).
Calculamos as incertezas associadas aos fatores
acima de acordo com o procedimento padrão
estabelecido em (JCGM, 2010) de forma a obtermos
a incerteza combinada uc e a incerteza expandida Uc,
esta última incorporando ainda a incerteza devida ao
tamanho limitado de amostras utilizadas no estudo.
O valor observado no medidor Vm tem sua incerteza
uA avaliada como como tipo A. A incerteza uBzero,
associada a zero, é aquela devida ao processo de
comparação usando escala finita. A incerteza uBcal,
associada a cal, é devida ao processo de calibração.
Como precisamos modelar a medida para os
três cenários de um mensurando que decai
continuamente em seu valor observável devido à
evaporação contínua, estabelecemos uma
metodologia adaptada a este comportamento. Para o
cenário 1, escolhemos cinco pontos centrais “C” de
medição Pm,1 a Pm,5 em torno dos quais realizar a
modelagem da medida, iniciando em 85% e
finalizando em 45% do nível do tanque (Veja a
Tabela 2). Como as amostras históricas do cenário 1
foram colhidas esporadicamente, visando apenas
verificar a necessidade de abastecimento do tanque,
estabelecemos um período de 10 horas em torno dos
pontos de medição, o que para os dois primeiros
cenários nos deu três a quatro leituras por ponto, o
que determina os graus de liberdade da distribuição
t-Student na determinação da contribuição do valor
indicado no medidor Vm no cálculo da incerteza de
medição correspondente uA. Para o cenário 2,
adotamos os pontos 96%, 73% e 54%, em função
0 24 48 72 96 120 144 168 192 21650
60
70
80
90
Tempo [h]
Per
cen
tual
de
Niv
el [
%]
Região I
Região III
Região II
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também dos dados disponíveis.
No entanto, lembremos que o nível não fica
constante no período. A taxa de decaimento do nível
foi determinada em aproximadamente 0,3%/h, o que
no período de 10 horas nos dá uma variação de nível
de 3%. Este valor foi considerado aceitável, dadas as
restrições de coleta de dados a que estávamos
sujeitos. Estabelecemos então o seguinte
procedimento aproximado: calculamos por regressão
linear a reta que melhor descreve cada trecho nas
regiões de decaimento indicadas nas figuras 1 e 2.
Para um determinado ponto de medição Pm,x, cada
valor observado no medidor Vm foi então subtraído
do valor mais próximo da reta correspondente, i.e,
foi calculada a distância D(Vm, reta), o que nos
forneceu valores comparáveis, com tendência
removida por regressão linear da queda de nível
contínua pelo menos pontualmente em torno de Pm,x
±1,5%, e situados numericamente em torno de zero
para facilitar a comparação dentro de um mesmo
grupo e entre grupos Pm,x diferentes. Já para o
cenário 3, mantivemos o período de 10 horas para
podermos comparar com os dois primeiro cenários,
neste caso contando com 30 amostras por ponto de
medição. Os pontos de medição escolhidos para o
cenário 3 foram 78,6% e 72,9%, pois os níveis do
tanque não abaixaram demasiadamente no período
de coleta, devido a reabastecimentos frequentes.
A contribuição para a incerteza combinada uc
devido ao processo de comparação uBzero e ao
processo de calibração uBcal foram calculadas para
cada cenário, i.e., mostrador analógico, leitura no
mostrador do multímetro e, finalmente, no sistema
de aquisição de dados (Tabela 1).
Após observação e análise do sinal coletado
com mais qualidade no cenário 3 (figura 3), é
possível perceber visualmente nos dados uma
pequena alteração em relação à reta, devida à
influência da temperatura ambiente. A queda de
nível do criógeno foi então modelada em um
componente de decaimento linear e um componente
sazonal diário atribuído à variação da temperatura
ambiente. Este último aspecto não havia sido ainda
observado quando das leituras nos dois primeiros
cenários (figuras 1 e 2). Uma vez removida a
tendência sazonal combinada com a tendência
linear, calculou-se novamente a incerteza uA (duas
últimas linhas da Tabela 2). A dispersão da medida
remanescente foi expressa na forma de um
histograma e a gaussianidade do conjunto de dados
foi atestada usando o teste de Kolmogorov-Smirnov.
3 Medição do nível de nitrogênio líquido
Sabe-se que para diversos materiais a constante
dielétrica e a densidade estão relacionadas
aproximadamente pela equação de Clausius-
Mossotti (Jackson, n.d.). Este efeito tem sido
extensivamente utilizado como princípio de medição
para o sensoriamento de nível de criógenos e
medição de densidade: um capacitor pode ser usado
para achar a constante dielétrica, a partir da qual a
densidade pode ser calculada. Embora a equação
empírica de tais curvas exiba a presença de termos
de correção de ordem superior dependentes da
densidade, temperatura e pressão, as curvas são
aproximadamente lineares (Nurge, et al., 2003). Se
assumirmos um perfil de densidade homogêneo, a
massa total é simplesmente a densidade multiplicada
pelo volume. Portanto massa inserida entre as placas
de um capacitor vertical mergulhado no tanque irá
causar uma alteração proporcional na capacitância.
Espera-se que o fluido coexista no tanque em pelo
menos dois estados distintos: líquido e gás
(Velichkov & Drobin, 1990). Ao assumirmos que o
fluido está estratificado em camadas de diferentes
densidades ao longo do eixo vertical, mas não varia
em densidade no plano horizontal a uma dada altura,
pode-se mostrar que a capacitância medida é
proporcional à massa total no tanque (Nurge, et al.,
2003).
Circuito de condicionamento do sinal
O processo de medição do nível de nitrogênio
líquido foi investigado pela simulação do circuito de
condicionamento do sinal previamente existente. Na
figura 4, é ilustrado o circuito eletrônico (localizado
bem próximo do sensor capacitivo, a fim de eliminar
efeitos capacitivos de cabeamento entre o sensor e o
circuito), que tem o propósito de converter a
capacitância do sensor em um sinal de tensão DC. O
sensor está representado pelo capacitor designado
“C_Sensor”, na parte inferior esquerda do diagrama.
O temporizador NE555, que opera em modo
astável, produz em seu pino de saída um sinal de
tensão com forma de onda quadrada (ou, trem de
pulsos), cuja frequência é função da capacitância do
sensor e, portanto, do nível de nitrogênio líquido
(Oxford, 1985).
O capacitor C2 é continuamente carregado
através do resistor R5, mas é rapidamente
descarregado pelo transistor Q1, quando este é
polarizado em sua região de saturação (o transistor
entra em condução) pelos pulsos de saída do
temporizador. Dessa maneira, o valor médio da
tensão em C2 é obtido por filtragem através do filtro
RC formado pelo resistor R6 e pelo capacitor C3.
Este valor médio, por sua vez, é levado, por R7, até a
entrada inversora do amplificador LM308, em
configuração inversora com realimentação negativa.
Em um estágio posterior, há o circuito do
mostrador do nível de nitrogênio que recebe o sinal
de tensão proveniente do sensor para mostrar o nível
em um indicador analógico com menor divisão da
escala em passos de 5%. Para que o mostrador
funcione adequadamente, o nível DC da saída do
amplificador deve estar compreendido entre 0 V
(tanque cheio) e -5 V (tanque vazio). Através dos
potenciômetros RV1, que permite o ajuste da tensão
de offset na entrada não-inversora do amplificador, e
RV2, que permite o ajuste do ganho do mesmo
amplificador, os pontos de ‘reservatório cheio’ e
‘reservatório vazio’, respectivamente, podem ser
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Figura 4: Circuito eletrônico pré-existente para condicionamento do sinal do sensor de nível de N2(l)
ajustados de forma a calibrar o sensor consoante as
condições operacionais do mostrador.
Figura 5: sinais obtidos em simulação no LTSpice: a curva inferior mostra tanque cheio (valor final médio 0V, cenário 1).
A figura 5 ilustra a simulação das tensões
internas do circuito de condicionamento do sinal
descritas para a condição de tanque cheio antes da
modificação do sensor. Podemos ver o valor de
saída (curva inferior) estabilizar-se em 16 ms e no
detalhe, seu valor oscila em torno de 0V, que
equivale ao tanque cheio (capacitância de 400 pF)
para o cenário 1. No outro extremo (tanque vazio,
não mostrado), a capacitância é 296 pF e a saída é
um sinal de tensão média em torno de -5,7 V. Estes
valores foram confirmados em testes de bancada
com o circuito eletrônico real e experimentações
com capacitores discretos, resultando portanto em
uma faixa de variação total de 104 pF no cenário 1.
Os valores dos potenciômetros na simulação foram
ajustados de acordo com os valores medidos no
circuito eletrônico real calibrado.
Quando do reparo do sistema, notamos a
possibilidade de incluir um terceiro terminal do
sensor na ligação ao circuito de condicionamento,
expandindo assim a faixa de variação da
capacitância, o que provavelmente não havia sido
feito porque a excursão de um dos potenciômetros
de ajuste chegava ao limite ao tentar ajustar o sinal
na faixa de operação do indicador analógico, o que
foi confirmado em simulação. Como não estamos
mais limitados a este mostrador, conectamos tal
terminal, o que causou um aumento da excursão de
capacitância do sensor, mas que ainda mantinha as
tensões na região linear de operação do circuito.
Em vista da irregularidade na coleta histórica
de dados, motivada apenas pela verificação da
necessidade de reabastecimento, e condicionada à
disponibilidade de pessoal no local, foi
desenvolvido um sistema de aquisição de sinais para
monitoramento on-line, composto por um módulo
USB DI-148U, do fabricante DataQ Instruments, e
por uma rotina desenvolvida no software LabVIEW.
Figura 6: tensão de saída para tanque cheio, cenários 2 e 3.
Observando a nova excursão do sinal de tensão
nos cenários 2 e 3 e sabendo-se que um aumento na
capacitância do sensor provoca um aumento no nível
DC da saída, é possível encontrar via simulação a
nova faixa de variação da capacitância. A saber, 490
pF é o valor que resulta em uma tensão de saída com
valor médio próximo de 4 V (figura 6), sendo esta,
portanto, a nova capacitância de tanque cheio (90 pF
a mais, com relação à situação anterior).
Figura 7: tensão de saída para tanque vazio, cenários 2 e 3.
Usando a relação % de nível (cenário 1) versus
volts (cenário 2) de 14,26 %/V determinada adiante
R1
47K
1K
R3
100
R4
R5
10k
R6
68k
R7
68k
R8
100k
R9
82k
R10
18K
R11
1000k
R12
470
C2
10n 47n
C3
10µ
C6
Q1
2N2907
R2
270k
RV1_A
1.25k
RV2_A
800
BZX84C6V2L
D1
1N750
D2
GND
TRIG
OUT
RSTCV
THRS
DIS
Vcc
U1
NE555
RV1_B
3.45k
RV2_B
3.9k
C5
10µ
U2
V2
PULSE(0 10 0 0.1u 0 1s)
V3
PULSE(0 20 0 0.1u 0 1s)
R13
470
C1
10n
C_sensor
400p
SAIDA
C
OUT_ASTSensor
DISB
MEDIA INV
N_INV
Rail_11
Rail_0
Rail_10
.tran 0 60ms 0 1u
8 1
2
3
4
7
6
5
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6
(eq. 4), determina-se que -2,77 V é o nível médio de
saída quando o criostato está vazio. Novamente, em
simulação (figura 7) é possível verificar que, para tal
valor, a capacitância do sensor é 350 pF (54 pF a
mais, com relação à situação anterior), o que resulta
em uma faixa total de 140pF no cenário 2, ou seja,
uma expansão da faixa de capacitância de 34,6%.
4 Resultados
Análise das taxas de decaimento do nível
Para se validar uma relação aproximada % de
nível do tanque versus tensão de saída após a
modificação, foram considerados nos gráficos dos
cenários 1 e 2 (figuras 1 e 2, respectivamente), os
trechos com maior linearidade no decaimento e
perceptivelmente com menor incidência de erros de
leitura, e por períodos de decaimento mais longos
(evitando trechos com muitos reabastecimentos). Os
trechos escolhidos estão indicados com círculos e
numerados de I a IV.
A partir dos fragmentos do gráfico da figura 1
(cenário 1), é possível fazer uma aproximação por
regressão linear dos pontos e estimar taxas de
decaimento percentual médio de nível por hora Ai.
Através da média ponderada das taxas calculadas,
considerando como peso xi o número de amostras
por hora, é possível calcular pela equação (1) um
decaimento médio do nível de criógeno no
reservatório igual a 0,34 %/h. Esta taxa mostra que o
tanque de N2(l), quando completamente abastecido,
leva aproximadamente doze dias para esvaziar
totalmente, enquanto alcança o nível de 30% em 8
dias.
Com os fragmentos extraídos da figura 2
(cenário 2), pode ser realizado o mesmo
procedimento de análise. Calculando a média
ponderada, equação 2, como anteriormente, obtém-
se uma taxa de queda de tensão média por hora de
aproximadamente 0,02 V/h.
Por fim, analisamos o cenário 3 (figura 3),
onde usamos os dados obtidos a partir do sistema de
aquisição de sinais. A média aritmética (a média
ponderada foi desconsiderada, uma vez que a
quantidade de pontos para análise não é mais um
fator limitante) das taxas de decaimento de tensão
calculadas nas regiões I, II e III é
Esse valor está de acordo com o valor obtido com os
dados coletados manualmente (Eq. 2).
Considerando constante o regime de
funcionamento do scanner, bem como a geometria
do tanque, é razoável inferir que, apesar de
calculadas em períodos diferentes, as taxas de
decaimento de nível, AMédio, e de tensão, CMédio,
podem ser correlacionadas, pois descrevem o
mesmo fenômeno físico: o esvaziamento do tanque.
No entanto, como veremos adiante, a temperatura
ambiente é capaz de influenciar na taxa de
decaimento do nível do criógeno. Por enquanto
vamos efetuar uma simplificação e desconsiderar
este desvio, de forma a realizar o cálculo de
incerteza proposto para a medida em questão.
(4)
Além disso, sabendo que 4 V correspondem a
tanque cheio (100%) nos cenários 2 e 3, a equação
de conversão y = m*x + c pode ser obtida, em que y
corresponde ao nível, em %, e x corresponde ao
sinal de saída do circuito em V, onde m = 14,26 %/V
e c = 42,96 %. Esta equação foi usada para traduzir
o sinal de saída do circuito em um valor de nível
percentual do tanque.
Modelagem da medida e incertezas
No cenário 1, o erro máximo admissível
intrínseco ao circuito de condicionamento do sinal
do sensor é ±2% do FSD (full scale deflection). A
resolução do display analógico é 5%. No cenário 2,
há que se considerar o erro máximo admissível
intrínseco ao multímetro utilizado para fazer as
leituras da tensão de saída do circuito do sensor, que
é ±0,5% na escala utilizada (20 V), com resolução
do multímetro de 10 mV. No cenário 3, o
multímetro é substituído pelo módulo DataQ DI-
148u, que tem resolução de 19,5 mV e erro máximo
admissível de ±0,25% na escala de 10 V. Note que
a resolução do módulo A/D é pior do que a
resolução do multímetro. No entanto, o erro máximo
admissível correspondente ao módulo A/D é melhor.
A incerteza nos cenários 2 e 3, que foram
originalmente obtidas em volts, traduzidas para
incertezas em nível percentual, por um fator de 100
% / 7 V (excursão estendida de tensão devida ao
aumento da capacitância do sensor), de forma a
possibilitar a comparação entre os cenários. Os
resultados das incertezas Tipo B correspondentes
aos valores mencionados acima, conhecidos a priori,
estão na Tabela 1, mostrados com quatro casas
decimais para permitir comparação com a melhoria
obtida na incerteza de observação uA (Tabela 2).
Tabela 1: Incertezas - Avaliação do Tipo B
uBzero Resolução da
escala
uBcal1
Conjunto sensor + circ. condicion.
uBcal2
Exatidão medidor
Cenário 1 ± 1.4434 % ± 1.1547 % - Cenário 2 ± 0.0412 % ± 1.1547 % ± 0.8248 %
Cenário 3 ± 0.1614 % ± 1.1547 % ± 0.2057 %
As médias das amostras e as incertezas uA
associadas ao processo de observação do valor
medido Vm para cada ponto de observação “C”
escolhido com N amostras disponíveis cada e para
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os três cenários estão mostradas na Tabela 2, As dez
primeiras linhas foram calculadas com ajuste apenas
por regressão linear. As duas últimas linhas
correspondem ao cenário 3 recalculado para incluir
também o ajuste da sazonalidade devida à variação
diária da temperatura ambiente, como descrito
adiante. Esta tabela também traz as incertezas
combinada uc e expandida Uc
Tabela 2: Incertezas uA, uC e UC p/ cenários 1, 2 e 3
Pontos de medição ± % Nível de N2(l)
C N Média uA uC Uc
Cen
ário
1 85 4 85,41 % 0.7048 1.9782 3,9564
Aju
ste
po
r re
gres
são
lin
ear
75 4 73,73 % 0.3657 1.8842 3,7684
65 3 64,32 % 1.0594 2.1305 4,4314
55 4 55,45 % 0.8850 2.0494 4,1500
45 4 44,94 % 0.5447 1.9270 3,8540
Cen
ário
2
95 3 95,11 % 0.0733 1.4215 2,8430
75 3 73,98 % 0.5849 1.5354 4,1149
55 3 53,36 % 0.4960 1.5038 3,0076
Cen
ário
3 79 90 78,59 % 0.0197 1.1841 2,3682
73 90 72,67 % 0.0124 1.1840 2,3680
79 90 78,59 % 0.0066 1.1840 2,3680
Saz.
73 90 72,67 % 0.0050 1.1840 2,3680
Tabela 3: Comparativo de incertezas Uc no ponto 73%
Nível Cenário I Cenário II Cenário III
73% 73,7±3,8% 74,0±4,1% 72,7±2,4%
74±4% 74±4% 73±2%
Um primeiro exame na Tabela 2 nos revela a
melhoria nas incertezas quando caminhamos do
cenário 1 e 2 para o cenário 3. Podemos separar
como exemplo o valor em torno de 73%, que é um
ponto de medição existente nos três cenários, como
mostra a Tabela 3. A incerteza expandida caiu pela
metade, especialmente pela melhoria no processo de
medição, que reflete em uA , embora tenha havido
também um componente de melhoria devido a uBzero
(resolução da escala - Tabela 1).
Considerando agora a influência da tempe-
ratura na taxa de decaimento do nível, observe a
figura 8, que ilustra no detalhe a região I destacada
na figura 3. A aproximação linear dos dados está em
vermelho na curva superior. A observação com a
linearidade removida é mostrada na curva inferior.
É interessante notar que a sazonalidade apre-
senta um comportamento oscilatório com período,
não por acaso, igual a 24 horas. A figura 9 mostra a
coleta para três dias consecutivos com perfil de
temperatura similar de acordo com órgãos de
meteorologia, e evidencia uma correlação temporal
entre os erros calculados e, não obstante a ausência
de informações a respeito da temperatura ambiente
na sala onde se encontra o scanner, evidencia a
relação que a taxa de evaporação do nitrogênio
líquido tem com a temperatura ambiente. Este é um
achado importante, pois esta influência ainda não
havia sido observada.
A componente sazonal diária sugere uma
variação na taxa de evaporação, antes considerada
constante, devida à temperatura ambiente. Ela foi
então incluída no ajuste do modelo, onde a média
dos três dias foi somada à regressão linear para o
cenário 3, resultando nos valores das últimas duas
linhas da Tabela 2. Note que embora isto tenha
diminuído consideravelmente a incerteza uA, esta
melhoria não resultou em melhorias significativas
em uc e Uc devido às demais incertezas envolvidas
em seu cálculo. Isto sugere que para alcançar
melhorias significativas de agora em diante, o
melhor é trabalhar nos demais componentes do
sistema, especialmente no conjunto sensor/condi-
cionameno do sinal.
Figura 8: Aproximação linear e sazonalidade na região I
Figura 9: Flutuações sazonais na taxa de evaporação do criógeno
devidas à variação da temperatura ambiente
Ao realizarmos a remoção desta tendência pela
média dos três trechos coletados, alinhados pela
hora do dia (figura 9) e levando em conta a
população de dados das três regiões I, II e III,
obtivemos o histograma da figura 10, onde a
gaussiana equivalente está plotada como referência
visual (em vermelho). Esta abordagem nos dá uma
idéia da dispersão da medida, uma vez removida a
componente sazonal, com desvio padrão (medido
em % de nível do tanque) de:
Desvio padrão = 0,07 % do nível
12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78
70
75
80
85
90
% d
e N
ível
Tempo Decorrido [h]
Consumo do Criógeno
Leitura
Aproximação Linear
12 18 24 6 12 18 24 6 12 18 24 6-1
-0.5
0
0.5
1
% d
e N
ível
Hora do Dia [h]
Detalhe: Flutuação do Consumo
12 18 24 6 12 18 24 6 12 18 24 6-1
-0.5
0
0.5
1
Hora do Dia [h]
% d
e N
ível
Flutuação no consumo para 3 períodos
Regiao I
Regiao II
Regiao III
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Figura 10: Caracterização da dispersão da medida de nível no
cenário 3 para a base de dados disponível
5 Conclusão
A partir do aumento da faixa de capacitância do
sensor de nível, aliada à simulação do circuito,
validada com medições reais e, finalmente, com a
entrada em operação de um sistema de aquisição de
sinais, mostramos ser possível estabelecer um
paralelo entre um sistema previamente verificado e
um sistema modificado que pode ser confiável em
suas medidas. Partimos de um conjunto de medidas
de nível, simulações e medições no circuito de
condicionamento de sinal e da suposição de que as
características geométricas do Scanner
permaneceram inalteradas ao longo do período do
estudo. O resultado foi que conhecemos melhor a
medida entregue pelo sensor e as incertezas
envolvidas. Esta verificação possibilitará planejar
experimentos de correlação entre a temperatura
ambiente, potência dissipada nos gradientes, etc. e o
consumo do criógeno.
Como consequência natural da observação do
comportamento sazonal diário do decaimento do
nível, o que sugere sua relação com a temperatura
ambiente, incluímos no sistema de aquisição a
medição de temperatura, e vamos prosseguir
aumentando a base de dados do nível de criógeno
N2(l), vamos incluir monitoração do He(l), integrar
tais medidas com o sinal TTL de temporização do
MRI Scanner e correlacionar o consumo dos
criógenos com a potência dissipada nas bobinas de
gradiente.
A relação existente entre a taxa de evaporação
de N2(l), He(l) e a temperatura ambiente poderá então
ser determinada, auxiliando ainda em uma análise
quantificada do custo-benefício entre os gastos com
reabastecimento de criógenos e uma eventual falha
na refrigeração do sistema de ar condicionado e das
bobinas de gradiente.
A caracterização do sistema de medição foi útil
para verificar sua adequação ao uso no estudo do
aspecto de consumo do criógeno versus temperatura
ambiente.
Agradecimentos
Agradecemos às agências de fomento CAPES,
FAPEMIG, CNPq e PRPq-UFMG e FUMP pelo
auxílio financeiro para execução deste projeto.
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-0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.30
5
10
15
20
25
Dispersão em torno do % de Nível [%]
Fre
quên
cia
de
Obse
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%]
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