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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Universidade Federal do Maranhão, São Luís), novembro de 2010 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Características do jornalismo online em sites de telejornais brasileiros – um estudo preliminar Liana Vidigal Rocha 1 Resumo: Um dos grandes diferenciais da internet em relação aos demais veículos de comunicação é a informação em tempo real. Entretanto, isso não significa que os sites jornalísticos explorem todas as suas características, seja por razões econômicas ou por conveniência. As características do jornalismo na internet aparecem, majoritariamente, como potencialização e não como ruptura. Essa ruptura se dá no momento em que a internet não apresenta limites, nem de tempo e nem de espaço. Portanto, o objetivo do artigo é identificar as características do jornalismo online presentes na página da web do Jornal Nacional, da Rede Globo. O programa foi escolhido para dar início a esse estudo por ser o telejornal com maior índice de audiência em TV aberta. O artigo mostra ainda quais as características do jornalismo online já foram identificadas pelos pesquisadores. Palavras-chave: jornalismo online; características; sites; telejornais, Jornal Nacional Introdução A internet pode ser definida como uma rede de computadores conectados de forma transcontinental e que compartilham o mesmo conjunto de protocolos” 2 (2000). Para Castells (2001, p. 8), a internet é um “meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala global”. Motivada pela Guerra Fria, a rede nasceu no Pentágono, em Washington, e foi realizado pela agência norte-americana ARPA (Advanced Research Projects Agency Agência de Pesquisas em Projetos Avançados). O objetivo era criar uma malha de comunicação que não fosse centralizada e vulnerável no caso de um ataque nuclear. 1 Doutora e Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, jornalista diplomada, professora-adjunta do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Email: [email protected]. 2 VOLLTATH, Berenice. Recursos Audiovisuais em sala de aula. Rev. PEC, Curitiba, v.1. n.1, p.5-10, jul.2000- jul.2001. Disponível em http://www.bomjesus.br/publicacoes/pdf/revista_PEC/recursos_audiovisuais_em.pdf Acessado em 11 jul 2010.

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O objetivo do artigo é identificar as características do jornalismo online presentes na página da web do Jornal Nacional, da Rede Globo. O programa foi escolhido para dar início a esse estudo por ser o telejornal com maior índice de audiência em TV aberta. O artigo mostra ainda quais as características do jornalismo online já foram identificadas pelos pesquisadores.

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo

(Universidade Federal do Maranhão, São Luís), novembro de 2010

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Características do jornalismo online em sites de telejornais brasileiros – um estudo preliminar

Liana Vidigal Rocha 1

Resumo: Um dos grandes diferenciais da internet em relação aos demais veículos de

comunicação é a informação em tempo real. Entretanto, isso não significa que os sites

jornalísticos explorem todas as suas características, seja por razões econômicas ou por

conveniência. As características do jornalismo na internet aparecem, majoritariamente, como

potencialização e não como ruptura. Essa ruptura se dá no momento em que a internet não

apresenta limites, nem de tempo e nem de espaço. Portanto, o objetivo do artigo é identificar as

características do jornalismo online presentes na página da web do Jornal Nacional, da Rede

Globo. O programa foi escolhido para dar início a esse estudo por ser o telejornal com maior

índice de audiência em TV aberta. O artigo mostra ainda quais as características do jornalismo

online já foram identificadas pelos pesquisadores.

Palavras-chave: jornalismo online; características; sites; telejornais, Jornal Nacional

Introdução A internet pode ser definida como uma rede de computadores conectados de

“forma transcontinental e que compartilham o mesmo conjunto de protocolos”2 (2000).

Para Castells (2001, p. 8), a internet é um “meio de comunicação que permite, pela

primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala

global”. Motivada pela Guerra Fria, a rede nasceu no Pentágono, em Washington, e foi

realizado pela agência norte-americana ARPA (Advanced Research Projects Agency –

Agência de Pesquisas em Projetos Avançados). O objetivo era criar uma malha de

comunicação que não fosse centralizada e vulnerável no caso de um ataque nuclear.

1 Doutora e Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, jornalista diplomada, professora-adjunta do curso

de Comunicação Social da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Email: [email protected]. 2 VOLLTATH, Berenice. Recursos Audiovisuais em sala de aula. Rev. PEC, Curitiba, v.1. n.1, p.5-10, jul.2000-

jul.2001. Disponível em http://www.bomjesus.br/publicacoes/pdf/revista_PEC/recursos_audiovisuais_em.pdf

Acessado em 11 jul 2010.

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A Internet tem seus precedentes no contexto da Guerra Fria e do início da

corrida espacial, quando o presidente americano Dwight Eisenhower resolveu

criar a Arpa (Advanced Research Projects Agency), como resposta ao

lançamento do primeiro satélite espacial, o Sputinik, pela União Soviética,

em 1957. [...] A primeira missão da Arpa foi colocada em prática em 1962 ao

encarregar a Rand Corporation de desenvolver mecanismos que

assegurassem as comunicações do governo americano numa situação de

ataque nuclear.3 (FREITAS, 1999).

De acordo com Freitas (1999), no ano de 1967, “quatro universidades norte-

americanas seriam escolhidas para implementar a rede de pacotes”. Tal rede recebeu o

nome de Darpanet, mas, em seguida, foi rebatizada de Arpanet. Em 1972, acontece a

primeira demonstração pública da rede, poucos meses antes de ser anunciada a invenção

do e-mail. No ano seguinte, surge a primeira conexão internacional com a incorporação

da Universidade de Londres ao projeto.

Inicia-se um período de extraordinário avanço técnico e de

internacionalização da Arpanet, com as primeiras conexões com a University

College de Londres, na Inglaterra, e o Royal Radar Establishment, na

Noruega. O primeiro serviço comercial conectado à Arpanet, o Telenet da

BBN, entraria em operação em 1973 (FREITAS, 1999).

No início dos anos de 1980, a Arpanet se tornou “grande demais para atender os

requisitos de eficiência e segurança dos militares”4. A solução encontrada foi criar uma

rede privativa que recebeu o nome de Milnet. Nessa mesma época, a National Science

Foundation fundou a Csnet, uma rede voltada para a comunidade científica, e, em

parceria com a IBM, a Bitnet, direcionada para estudiosos de matérias não-científicas.

A conjunção destas e de outras redes levou o nome de Arpa-Internet, mais

tarde conhecida apenas como internet. Com a queda nos preços dos

equipamentos, a internet acabou se estendendo aos lares, formando a grande

teia de uso comum que conhecemos hoje. Em 1996, esta malha interligava

100 mil redes.5

No Brasil, as iniciativas começaram em 1988 com a reunião de pesquisadores,

representantes do governo e da Embratel para a discussão de uma rede nacional com

3 FREITAS, Hélio. Nem tudo é notícia – o Grupo Folha na Internet. Universidade Metodista de São

Paulo. Dissertação de Mestrado do curso de Pós-graduação em Comunicação Social. São Bernardo do

Campo, 1999. Disponível em http://www2.metodista.br/unesco/helio/capitulo2.htm. Acessado em: 10 de

julho de 2010. 4 Informações obtidas no site da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Disponível em:

http://www.rnp.br/noticias/imprensa/2002/not-imp-marco2002.html Acessado em 20 jul 2010. 5 Idem.

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fins acadêmicos. Nesse mesmo ano, o CNPq e a Fapesp ligaram-se a redes

internacionais (Bitnet e Hepnet) e, em 1989, a Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se conectaram à

Bitnet.

A RNP surgiu em 1989 para unir essas redes embrionárias e formar um

backbone de alcance nacional. Um ano antes, o Instituto Brasileiro de

Análises Econômicas e Sociais (Ibase) começou a testar o AlterNex, o

primeiro serviço brasileiro de internet não-acadêmica e não-governamental.6

Em 1995, o governo decide que a exploração comercial da Internet seria da

Embratel e da RNP (Rede Nacional de Pesquisas), sendo que os primeiros provedores

apareceram em julho desse mesmo ano. Até o momento a população mal sabia o que era

internet. Foi com a novela Explode Coração, veiculada pela Rede Globo em 1995, que

milhões de brasileiros viram como funcionava a comunicação em rede. O primeiro

boom da Internet no Brasil aconteceu em 1996. Em abril desse ano, foi criado o

Universo Online, do Grupo Folha, que, mais tarde, se transformaria em UOL, um dos

maiores provedores do país.7

Em 1999, o número de internautas ultrapassava a marca dos 2,5 milhões. Nesse

mesmo ano, o Yahoo! Brasil entra em operação, a Telefônica compra o ZAZ e lança o

Terra Networks. A rádio Jovem Pan inicia suas transmissões via web e o Grupo Globo

anuncia a criação do portal Globo.com (o objetivo era disponibilizar todo o conteúdo de

jornalístico e de entretenimento produzidos pelos veículos da empresa).

A um passo do século XXI, o Brasil começa a utilizar a conexão banda larga e o

IG lança o primeiro provedor de acesso grátis à internet. Em 2004, o país já tinha cerca

de 30 milhões de internautas e era líder mundial de inscritos no Orkut, um dos sites de

comunidades virtuais mais procurados do mundo e que rapidamente se tornou

extremamente popular no Brasil.

6 Idem.

7 FREITAS, Hélio. Nem tudo é notícia – o Grupo Folha na Internet. Universidade Metodista de São

Paulo. Dissertação de Mestrado do curso de Pós-graduação em Comunicação Social. São Bernardo do

Campo, 1999. Disponível em http://www2.metodista.br/unesco/helio/capitulo2.htm. Acessado em: 10 jul

2010.

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Características e gerações

Segundo J. B. Pinho (2003, 49-55), a internet é uma “ferramenta de

comunicação bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio,

cinema, jornal e revista”. E por esse motivo possui peculiaridades que a diferenciam

como instrumento de informação. De acordo com o pesquisador, as características da

internet que podem ser destacadas são:

Não-linearidade: as estruturas de informação disponíveis nos sites não implicam

em uma sequência pré-determinada, ou seja, o internauta não precisa seguir um único

caminho. A internet oferece diferentes trajetórias de leitura e o principal responsável por

essa facilidade é o hipertexto.8

Fisiologia: a leitura de conteúdo na tela do computador é mais cansativa que no

suporte papel, fazendo com que a leitura no meio online seja feita de forma mais

vagarosa. Por este motivo, a recomendação era que o texto para a internet fosse um

pouco mais curto. Com o desenvolvimento da internet e das suas potencialidades, essa

indicação foi colocada em xeque. De acordo com Abreu9 (2009), “o ideal é darmos

condições aos usuários, por meio dos hiperlinks, para decidirem o quão curta ou extensa

será a leitura de acordo com os interesses e repertórios de cada um”.

Dirigibilidade: Os veículos eletrônicos e impressos sofrem com a falta de tempo

e espaço, além de terem editores que decidem o que será ou não notícia. No caso da

internet, a vantagem é que a informação pode ser dirigida para o público-alvo sem a

necessidade de se utilizar determinados filtros.

Qualificação: para Pinho (2003, p. 53), o público da internet era jovem e

qualificado (com alto nível de instrução)10. Porém, na época em que o autor escreveu o

livro, essa característica se aplicava bem à internet. Com o passar dos anos, o que se viu,

foi a presença do computador e da internet no cotidiano da população, independente de

8 Segundo Primo e Recuero (apud Aquino, 2007), o hipertexto passou por três momentos: no primeiro são

processos hipertextuais praticados nos textos impressos; no segundo as páginas web, criadas por

programadores, os usuários comuns da Internet podem, na maioria das vezes, realizar uma navegação

não-linear por entre as trilhas hipertextuais; e no terceiro, finalmente, seria a prática convergente e

também a prática de um hipertexto construído de forma colaborativa, que se concretiza na web 2.0 cuja

principal característica é a cooperação. 9 ABREU, André. O mito do texto curto. Fevereiro de 2009. Texto disponível em

http://imezzo.wordpress.com/2009/02/17/o-mito-do-texto-curto/#comments Acessado em 20 jul 2010.

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sexo, idade e classe social. Além disso, programas de inclusão digital foram criados no

Brasil, permitindo que um maior número de pessoas tivesse acesso às tecnologias.

Instantaneidade: a velocidade da internet faz com que as notícias sejam

publicadas de forma mais rápida, permitindo a transferência de som, cor e movimento

para qualquer parte do mundo em questão de segundos. Além disso, a internet

proporciona ainda, ao jornalismo, a chance das informações serem atualizadas.

- Custos de produção e de veiculação: sem dúvidas, em relação a outros veículos

de comunicação (televisão e jornal, por exemplo), “a internet é pouco dispendiosa”.

Manter uma página na internet com conteúdo atualizado requer um investimento muito

menor se comparado a outras mídias, por exemplo, a televisão. Com o surgimento dos

blogs, então, é possível manter uma página com conteúdo jornalístico na internet a um

custo baixíssimo. O blog é considerado uma ferramenta dinâmica, informativa, com alto

poder de comunicação e democrático (qualquer pessoa com acesso à internet pode criar,

escrever e publicar informações).

Acessibilidade: basta estar conectado à internet para o usuário acessar um site a

qualquer hora do dia, qualquer dia da semana ou do ano.

Interatividade: as formas de interatividade na internet são diversificadas.

Contudo, é importante ressaltar que o internauta pode interferir na informação, auxiliar

na construção do conteúdo e interagir com diferentes pessoas ao mesmo tempo. No caso

do jornalismo, o usuário pode sugerir pautas, criticar e/ou elogiar conteúdos, entrar em

contato com a redação (jornalista), participar de fóruns de discussão e de enquetes, etc.

Pessoalidade: diretamente ligada à interatividade, esta característica prevê uma

comunicação não somente pessoal como também interpessoal. Envio e recebimento de

e-mails, chats e canais de comunicação são exemplos de interação por meio do

computador.

Recepção ativa: ao contrário do rádio e da TV, a audiência na internet precisa

“buscar a informação de maneira mais ativa”, isto é, com o número elevado de dados

disponíveis na rede, o internauta é o principal responsável pela busca da informação,

fazendo com que a internet seja uma mídia pull (que puxa a atenção e o interesse do

usuário).

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No que se refere ao jornalismo, é possível afirmar que, ao longo dos anos, os

pesquisadores elaboraram um conjunto de características que sintetizam as

especificidades da prática jornalística nas redes digitais (PALÁCIOS e RIBAS, 2007, p.

35). As principais propriedades são:

Hipertextualidade: é a possibilidade de interconectar textos, sites, arquivos e etc

por meio de links. Por meio da hipertextualidade o internauta pode acessar informações

contextualizadas e mais aprofundadas, visto que os links podem ser compostos por

conteúdo multimídia ou, até mesmo, dados resgatados de material mais antigo.

Multimidialidade: pode ser entendida como a convergência das mídias

convencionais (texto, imagem e som) na narração do fato jornalístico. Contudo,

Baldessar, Antunes e Rosa (2009) afirmam que:

A multimidialidade no computador deve ser entendida como uma

sobreposição de mídias feita com uso de hipermídia aliada ao controle do

usuário e interatividade do mesmo. No jornalismo, a multimidialidade é vista

em reportagens especiais onde são utilizados vários tipos de mídias: vídeos,

imagens, infográficos, sons, ilustrações, hiperlinks, hipermídias e texto.

Interatividade: o meio online faz com que o usuário possa fazer parte do

processo de produção da notícia por meio dos chats, das enquetes e do e-mail. Além

disso, a própria navegação pelos hipertextos também pode ser considerada uma

circunstância interativa;

A interatividade busca a inclusão do usuário/leitor como participante do

processo jornalístico através de troca de e-mails (leitor/jornalista); da

participação com comentários, enquetes e opinião; discussão em fórum e

chats; e da navegação livre e seletiva de conteúdos (TOLDO E

GONÇALVES, 2008).

Personalização de conteúdo: o internauta, agora, tem a chance de configurar os

produtos jornalísticos de acordo com seus interesses, descartando material maçante. Um

exemplo de personalização de conteúdo é a newsletter, espécie de boletim informativo

cujo conteúdo é enviado por e-mail para usuários cadastrados.

Memória: a internet tem a capacidade de acumular um elevado número de

informações que, geralmente, são colocadas à disposição do usuário para que possa ter

acesso, com maior facilidade, ao material mais antigo. Também chamada de banco de

dados, a memória pode ser considerada coletiva na medida em que está conectada (ou

interconectada) com outras diferentes informações e/ou usuários.

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Atualização contínua (instantaneidade): Essa característica refere-se ao acesso

rápido, a facilidade de produção e a disponibilização do conteúdo jornalístico na

internet. O diferencial do jornalismo na internet é que o material pode ser atualizado

constantemente (até mesmo várias vezes ao dia). Entretanto, por ser atualizado

constantemente, um site de notícias pode oferecer ao usuário muito mais conteúdo do

que ele é capaz de assimilar.

É possível afirmar que o jornalismo online passou por estágios que contribuíram

para o seu desenvolvimento. Na primeira geração, chamada de reprodução, o conteúdo

das publicações impressas era transposto para o meio online sem qualquer alteração. As

redações jornalísticas ainda não dispunham também de recursos dedicados

exclusivamente à edição digital do material.

A segunda geração do jornalismo online refere-se à introdução do hipertexto, a

utilização do e-mail e a incorporação de elementos audiovisuais, como arquivos de

áudio e vídeo, caracterizando-se como uma etapa em que a configuração física de um

jornal eletrônico começa a separar-se do impresso.

A terceira geração pode ser entendida como a de incrementação dos conteúdos

multimídia (imagem, texto, som e vídeo). Foi nesse momento que a oferta de serviços

orientados ao entretenimento, a criação de comunidades e o comércio eletrônico tiveram

um considerável aumento. É a fase do desenvolvimento de conteúdo exclusivo para a

web. As empresas jornalísticas, exclusivas ou não da web, tiveram que incorporar

elementos interativos (chats, fóruns, enquetes, comentários etc) e contratar profissionais

especializados no trabalho da edição digital.

Finalmente, a quarta geração do jornalismo online está ligada à fase do

jornalismo participativo, que pode ser entendido como “o ato de um cidadão ou grupo

participar ativamente no processo de busca, análise, produção e disseminação de

notícias e informações” (GILLMOR, 2004).

Telejornalismo e Internet: tempos de convergência

De acordo com Squirra (2002, online), o telejornalismo é um “gênero

jornalístico que representa uma prática de difusão de informações conhecida, estudada e

já bem familiar para a sociedade”. Em contrapartida, a internet é uma mídia recente,

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atraente e que chama a atenção de pesquisadores, “apesar de configurar-se como recurso

exclusivo de parte da população”.

A migração de conteúdos das redes e emissoras de televisão para a internet com

a criação de portais e sítios próprios marca um momento peculiar do telejornalismo,

pois desperta um novo relacionamento com o telespectador - internauta. A partir da

definição proposta por Silva Júnior (2001) ao analisar o desenvolvimento de sites de

jornais, Amaral (2007) apresenta modelos de classificação para o telejornalismo na web:

MODELOS DE TELEJORNALISMO VIRTUAL

Modelo I - Transpositivo em Tempo

Real

Simples transposição do telejornal para o ciberespaço

via transmissão pela Internet em tempo real;

Transmissão simultânea na televisão e na Internet,

mantendo o mesmo conteúdo. Modelo II - Transpositivo On Demand

Os telejornais são colocados em menus on demand

em que o internauta acessa de acordo com seu

interesse e no momento que preferir.

Modelo III - Transpositivo On demand e em tempo

real

Os telejornais são disponibilizados na Internet ao

vivo, em tempo real e também permanecem no menu

de arquivos on demand para que o internauta acesse

quando quiser.

Modelo IV - Semi-Transpositivo

Os telejornais são disponibilizados pela Internet com

sua estrutura modificada, diferente do que foi

transmitido pela televisão. Geralmente, as

reportagens são fracionadas por assunto e a

disposição das matérias nas páginas do website segue

o padrão de importância editorial atribuída à notícia.

Algumas emissoras disponibilizam os telejornais na

ìntegra somente para assinantes.

Modelo V –

Convencional

Hipermidiático

Os telejornais são apresentados exclusivamente pela

Internet, utilizando a linguagem tradicional do

jornalismo de televisão. Este modelo pode ser

subdividido em outros dois sub-modelos: o

convencional hipermidiático original, produzido

inteiramente pelo portal ou site, e o modelo

hipermidiático terceirizado que utiliza material de

terceiros, notadamente de agências de notícias.

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Modelo VI -Hipermidiático

Convergente Interativo

Os telejornais são apresentados somente pela

Internet, por empresas de televisão que produzem

conteúdos exclusivos para a rede. Esse modelo reúne

todos os elementos interativos possibilitados no

ambiente virtual como chats, entrevistas ao vivo,

envio de e-mails, vídeos, áudios e dados

disponibilizados numa convergência de mídias.

Quadro 1- Fonte: AMARAL (2007, p. 8 -9).

A presença dos telejornais na internet interfere também na rotina de produção,

uma vez que cria a necessidade de se produzir conteúdos que respeitem as

características principais de cada mídia, televisão e Internet, e ao mesmo tempo sejam

complementares entre si. Esta constatação esbarra na dificuldade de aliar o que Fachine

(2009) chama de “lógica” de cada meio. Para a autora, a televisão operaria com a

“escala coletiva e a lógica da oferta”, enquanto que a Internet com a “escala individual e

a lógica da demanda”, e que o respeito a essas especificidades evitaria “os equívocos

provocados pela „importação‟ de formatos interativos da Internet pela TV sem que

sejam levadas em consideração as características próprias a cada dispositivo.”

Como conciliar os desejos de „assistir‟, que remete a uma situação

espectatorial de caráter mais contemplativo e coletivo e de „interagir‟, que

apela à ação e à individualidade? A busca por respostas a tais questões deve

começar pela compreensão da interatividade como forma de comunicação

ancorada, essencialmente, na participação. Pode ser pensada tanto como

procedimento (tecnológico), quanto como processo (comunicacional) de

troca de conhecimento, ideias, sentimentos movidos pelo desejo de intervir.

(FACHINE, 2009, p. 153).

Na avaliação de Médola (2006, p. 189), na transposição de produtos

audiovisuais dos suportes analógicos para o digital ainda são mantidos muitos aspectos

relacionados às formas de recepção anteriores, muito embora sejam criadas estratégias

para que o telespectador - internauta tenha uma programação adaptável:

Locar um vídeo ou DVD para assistir em casa é substituído pelo banco de

dados de vídeos e programas colocados à disposição na rede pelo site Globo

Media Center. Delegar ao enunciatário a ação de organizar uma programação

própria, com o recurso de play list, remete certamente ao tipo de autonomia

conferido pelo efeito zapping, possibilitado pela introdução do controle

remoto. Condutas semelhantes a atos anteriores, mas que diferem

basicamente na facilidade de acesso e velocidade temporal.

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Elementos identificados no site do telejornal

O site do Jornal Nacional pode ser acessado através do portal Globo.com.

Editada por Alfredo Bokel, a página do telejornal oferece ao internauta o conteúdo das

edições do programa, além de um blog com os bastidores das reportagens (JN Especial)

cujos posts são escritos pelo próprio editor e invariavelmente pelos profissionais que

produziram as matérias.

A página é dividida, basicamente, em três colunas: duas exclusivas para

conteúdo jornalístico veiculado pelo telejornal (localizadas à esquerda e no centro da

página) e uma terceira, à direita da página, que mescla material jornalístico (notícias do

G1) com publicitário (Globo Shopping, Bradesco e Natura).

No alto da página, há duas barras de navegação: a primeira com botões do portal

Globo.com (notícias, esportes, entretenimento e vídeos) e a segunda com botões para

navegação no próprio site (JN Especial; Redação; História; Fale Conosco; Vídeos;

Telejornais e G1.com.br). No final da página, é possível acessar, por meio de pequenas

fotografias e ícones, as aberturas que marcaram o JN, os detalhes do telejornal, a equipe

que faz o programa e o contato com a redação11

.

O site trás sempre uma reportagem em destaque no centro da página e logo

abaixo as demais matérias com uma imagem e uma pequena chamada sobre o assunto.

O internauta pode assistir ao vídeo já na homepage ou então clicar na tela e ter acesso

ao vídeo e ao texto ao mesmo tempo. Um detalhe importante é que o texto

disponibilizado para o usuário refere-se à descrição do texto da reportagem, ou seja, não

há qualquer modificação ou adaptação da informação para a web, confirmando a idéia

da transposição de conteúdo específica da primeira geração do jornalismo online. A

seguir, uma descrição das características do jornalismo online encontradas no site do

Jornal Nacional.

Hipertextualidade – Essa é uma das características mais exploradas no site do

JN. Na homepage, o internauta pode acessar as principais notícias do dia veiculadas

pelo telejornal com apenas um click. As manchetes, os vídeos e, inclusive, o material

publicitário estão disponíveis no formato de hiperlink. Apenas as chamadas do vídeo em

11

Na verdade, ao clicar neste ícone para entrar em contato com a equipe do jornal, o usuário é remetido à

Central de Atendimento ao Telespectador.

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destaque não oferecem essa possibilidade, visto que tratam-se de resumos para a

reportagem a ser exibida ao lado. Os textos que acompanham os vídeos não possuem

hipertextos, fato que poderia ser revisto pelo editor do site, na medida em que as

Organizações Globo produzem material mais do que suficiente para oferecer ao usuário

como complementação e, até mesmo, contextualização. O site também não oferece, ao

final dos textos das reportagens, links relacionados com o tema acessado. Esse recurso,

caso existisse, auxiliaria o internauta a encontrar mais de uma informação (ou

reportagem) referente ao assunto.

Multimidialidade – Representada nos formatos de texto, vídeo e fotografia a

página do JN não oferece arquivos de áudio, ilustrações ou infográficos. É possível

perceber que a preocupação do site resume-se à transposição dos vídeos apresentados

nas edições do telejornal. O mesmo acontece com os textos que são apenas uma

reprodução do material veiculado na reportagem. Em contrapartida, no blog do

telejornal é possível encontrar posts com acervo de fotografias de reportagens e seus

bastidores.

Interatividade – O canal de interatividade mais visível na página do JN está

localizado na barra de navegação. O Fale Conosco, por meio do CAT (Central de

Atendimento ao Telespectador), oferece ao internauta a possibilidade de enviar

“elogios, críticas e sugestões, assim como tirar as dúvidas sobre a programação”.

Entretanto, para entrar em contato é necessário cadastrar-se no site. Se quiser uma

forma mais rápida, pode seguir a @rede_globo no Twitter e ficar por dentro das

novidades da emissora. Por outro lado, se o internauta estiver disposto „a gastar um

pouco‟ poderá conversar com a central por meio de um número de telefone. Para que

não pairem dúvidas em relação ao serviço, a empresa disponibiliza na página as regras

da “Política de Relacionamento com o telespectador”, cujo conteúdo é assinado pela

Central Globo de Comunicação.

Ao final de cada vídeo, há também outras formas de interatividade: o

compartilhamento de informações e o contato com a redação. Para enviar o conteúdo da

reportagem, o internauta pode clicar no ícone de enviar para um amigo ou então, clicar

nos ícones das mídias sociais disponíveis no site (Twitter, Facebook e Orkut). No caso

de querer e/ou precisar falar com a redação, o usuário pode clicar no ícone Entre em

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(Universidade Federal do Maranhão, São Luís), novembro de 2010

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contato. É necessário preencher algumas informações, como nome, e-mail, cidade onde

reside, Estado, sexo, assunto e, finalmente, a mensagem. Não se trata de um longo

questionário, mas essa formalidade pode afugentar internautas menos pacientes. O site

não disponibiliza um endereço de e-mail direto, nem da redação e muito menos dos

profissionais do programa.

Outra forma de interatividade encontrada no site foi a atribuição de notas. Cada

vídeo postado no site está sujeito a ser avaliado pelo internauta. Ao marcar a figura de

uma estrela, o internauta vota no conteúdo do material. Esse serviço, caso seja

contabilizado e avaliado por parte da equipe técnica do site, pode vir a ser uma fonte de

pesquisa no que diz respeito à qualidade e à importância das notícias apresentadas pelo

telejornal. Em relação às enquetes, não foram detectados qualquer exemplo.

Já o blog do telejornal oferece um espaço para comentários dos internautas.

Todos os posts possuem, ao menos, um comentário sobre as informações. Porém, um

detalhe chama a atenção: os comentários analisados para esta pesquisa apresentaram

apenas elogios ao material postado. Não foram detectadas críticas ou palavras de baixo

calão tão comuns em outros blogs e sites que oferecem este canal de

comunicação/interatividade.

Personalização de conteúdo – A página do JN não oferece conteúdo

personalizado ao internauta. No pé da página, está disponibilizada a newsletter do G1,

mas este estudo não aborda o portal de notícias, apenas a página específica do telejornal.

Memória – Na página inicial do telejornal, há o botão Buscar. Ao inserir uma

palavra-chave, como “Nardoni”, são disponibilizados os vídeos sobre o caso Isabella

Nardoni, que podem ser acessados de três formas diferentes: relevantes, recentes ou

antigos. Ao clicar em Vídeos, na barra de navegação, o internauta pode procurar a

reportagem desejada em seções diferenciadas: „Edições‟, „Arquivo JN‟ e „Caso Bruno‟.

Na seção Edições, é possível acessar o material procurado pelo dia, mês ou ano

em que foi ao ar. Inclusive, há um calendário interativo para facilitar o acesso. Na seção

Arquivo JN, o usuário pode clicar nos vídeos disponibilizados na página. O que chama a

atenção é que as reportagens são colocadas de forma aleatória. Não há uma organização

específica das datas em que foram veiculadas. Por exemplo, matérias apresentadas pelo

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telejornal no ano de 1989 (Morte do ator Lauro Corona) estão ao lado de material mais

recente, como A tragédia do avião da TAM, em 2007.

A terceira seção disponibilizada pelo telejornal trata de um fato atual intitulado

Caso Bruno. Nela, é possível encontrar todos os vídeos que foram veiculados pelo

telejornal sobre o acontecimento, que estão organizados de forma cronológica, do mais

recente para o mais antigo. Por fim, o JN oferece ao internauta a possibilidade de buscar

vídeos de forma específica, inserindo palavras-chave que servirão como filtros. Ao

inserir “Copa do Mundo da África”, foram disponibilizados todos os vídeos referentes

ao evento, desde os fatos que antecederam a competição até a grande final. No total,

foram 132 vídeos divididos em nove páginas.

Atualização contínua – O site do Jornal Nacional é atualizado de segunda a

sábado, dias em que vai ao ar na Rede Globo. Assim que o programa é apresentado na

televisão, seu conteúdo é inserido na internet. Na edição do dia 23 de julho, a primeira

reportagem foi publicada às 21h03 e a última às 21h46. Não há atualização de conteúdo

até o horário da edição seguinte do telejornal.

Considerações Finais

É possível afirmar que o site do Jornal Nacional é basicamente transpositivo, ou

seja, praticamente não há conteúdo feito para a Internet. O que na verdade existe é uma

organização do conteúdo (entenda-se vídeos) na página do telejornal e informações

sobre os bastidores de determinadas reportagens. O site oferece mais de uma

possibilidade de busca de conteúdo jornalístico, no entanto, o material refere-se apenas

às reportagens veiculadas na televisão.

Dentre os modelos de classificação para o telejornalismo na web propostos por

(Amaral, 2007), é possível dizer que o Jornal Nacional se encaixa no modelo

Transpositivo On Demand, ou seja, o telejornal é colocado em menus on demand e o

internauta acessa o conteúdo de acordo com seu interesse e no momento que preferir.

O fato do telejornal ser disponibilizado na rede somente após sua veiculação na

TV significa que não existe a possibilidade do internauta assistir ao telejornal pelo site

em tempo real. Caso o telespectador não tenha acesso a um aparelho de TV no momento

da exibição do programa, o site não supre essa necessidade.

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Outra questão detectada nessa pesquisa foi a falta de conteúdo personalizado. É

sabido que o portal Globo.com oferece todos os vídeos da emissora de televisão,

contudo, o acesso ao telejornal na íntegra é fornecido somente para assinantes. No caso

da personalização de conteúdo, é possível dizer que essa característica poderia ser

facilmente oferecida. Caso uma lista de reprodução de vídeos (playlist) fosse criado, por

exemplo, o internauta teria a chance não somente de armazenar material de seu interesse

como organizar um conteúdo que atendesse as suas necessidades.

Há ainda a questão da memória (banco de dados) não ser permanente. Os

telejornais antigos não podem ser acessados na íntegra, apenas os vídeos de reportagens,

cuja pesquisa precisa ser feita de maneira criteriosa a fim de obter o resultado desejado.

O site do Jornal Nacional também não oferece “pesquisa avançada”, isto é, não há como

refinar a pesquisa com o intuito de conseguir um resultado mais preciso.

A multimidialidade também é pouco explorada no site. Não há infográficos,

ilustrações ou arquivos de áudio. O elemento de destaque realmente são os vídeos,

principal produto do telejornal. As fotografias aparecem somente no blog do programa e

referem-se mais aos bastidores da reportagem que ao fato noticiado. Foi possível

observar ainda que apenas as notícias do G1 têm destaque na página do Jornal Nacional.

Portanto, as características do jornalismo na internet aparecem,

majoritariamente, como potencialização e não como ruptura. No entanto, a ruptura se dá

no momento em que a internet não apresenta limites, nem de tempo e nem de espaço.

Contudo, isso não significa que os sites jornalísticos explorem todas essas

características seja por razões econômicas ou por conveniência.

Referências

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