cálculo de campos em em lt pelo mef - arthur farah
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Dissertação de Mestrado - Cálculo de Campos Eletromagnéticos em Linhas de Transmissão pelo Método dos Elementos Finitos - CEFET-MG - 2014 - Arthur FarahTRANSCRIPT
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i
Centro Federal de Educao Tecnolgica de Minas Gerais
Universidade Federal de So Joo del-Rei
Programa de Ps Graduao em Engenharia Eltrica
Arthur Arajo Maia Farah
CLCULO DE CAMPOS ELTRICOS E MAGNTICOS EM LINHAS DE TRANSMISSO PELO MTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS
Belo Horizonte
2014
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ii
Arthur Arajo Maia Farah
CLCULO DE CAMPOS ELTRICOS E MAGNTICOS EM LINHAS DE TRANSMISSO PELO MTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS
Dissertao submetida banca examinadora designada
pelo Colegiado do Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Eltrica, Associao Ampla entre a
Universidade Federal de So Joo Del-Rei e o Centro
Federal de Educao Tecnolgica de Minas Gerais,
como parte dos requisitos necessrios obteno do
grau de Mestre em Engenharia Eltrica.
rea de Concentrao: Sistemas Eltricos
Linha de Pesquisa: Eletromagnetismo Aplicado
Orientador: Prof. Dr. Mrcio Matias Afonso
Coorientador: Prof. Dr. Marco Aurlio de O. Schroeder
Belo Horizonte
2014
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iii
Folha de Aprovao a ser anexada
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Onde a mente destemida e a cabea se mantm erguida;
Onde o conhecimento livre;
Onde o mundo no foi dividido em fragmentos por estreitas paredes domsticas;
Onde as palavras brotam das profundezas da verdade;
Onde o esforo incansvel estende os braos para a perfeio;
Onde a torrente clara da razo no se perdeu no deserto entediante do hbito estril;
Onde a mente guiada por Ti para o pensamento e a ao sempre mais amplos;
Neste cu de liberdade, meu Pai, permita que minha ptria desperte!
Rabindranath Tagore
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v
Agradecimentos
Ao meu orientador Marcio Matias pela ateno, pacincia e confiana de sempre.
Expresso a ele minha gratido pela amizade e pelos sbios conselhos oferecidos, desde os
tempos de graduao, motivando as minhas escolhas e me oferecendo diversas
oportunidades de crescimento profissional.
Aos professores e funcionrios do Programa de Ps Graduao em Engenharia
Eltrica do CEFET-MG, pela colaborao sempre oferecida. Fica um agradecimento
especial Professora Patrcia Jota, pelo amparo oferecido em um momento de muitas
dvidas deste caminho; Professora rsula Resende, a quem muito admiro pela forma
esclarecedora e atenciosa de ensinar e contribuir; e Rosimeire Rocha, pela ajuda e
pacincia de sempre.
A CAPES que concedeu apoio financeiro nesta pesquisa, no incio da jornada.
Ao CEFET-MG, que desde sempre me ofereceu inumeradas oportunidades de vida.
Aos amigos adquiridos ao longo dessa jornada, ficando um obrigado especial s
queridas Ciby Rosa e Polyanna Pereira, as quais sempre foram uma amizade indispensvel.
Ao meu pai Roberto Farah, por sempre fazer de tudo para que no me faltassem as
condies essenciais. Condies que permitiram minha transformao em um homem
melhor. Agradeo por ele sempre ter sabido empreender, de maneira peculiar e criativa, a
sua luta frente a todas as adversidades.
As minhas irms Deborah e Roberta Farah, pelo carinho e ateno especial.
A Tainah Miranda e aos seus iluminados pais, Robson e Denise, que me ensinaram
um novo olhar de vida, baseado nos sentimentos mais sublimes de amor e compaixo,
juntamente de significados mais amplos de liberdade. Sem vocs, a tranquilidade para esta
conquista no seria possvel.
A Renata Garcia, que me deu apoio e amor imprescindveis para fazer deste e de
outros sonhos possveis.
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vi
Resumo
A crescente demanda por energia eltrica apresenta, na atualidade, inmeros
desafios ao setor de transmisso de energia, requisitando sistemas que possam ser, ao
mesmo tempo, menos onerosos, mais eficientes ao transporte de energia, e ainda, mais
seguros queles que convivem em suas proximidades. Neste contexto, o estudo apurado
dos campos eltricos e magnticos gerados pelas linhas de transmisso de grande
relevncia, estando relacionado s possibilidades de melhoria operacional e reduo
dos diversos impactos causados por estes sistemas. Embora as tcnicas numricas de
simulao computacional ofeream um melhor suporte a estes estudos, frente s
limitaes encontradas em modelos analticos usais, h ainda uma baixa
empregabilidade das mesmas nesta classe de problemas. Este trabalho, assim,
destinado aplicao do Mtodo dos Elementos Finitos na modelagem do campo
eletromagntico quase esttico de linhas areas de transmisso. Perante aos inmeros
desafios que tornam a tcnica pouco atraente na avaliao das linhas de transmisso,
so aqui reunidas as melhores prticas de implementao, de modo a explorar
detalhadamente aqueles aspectos relacionados preciso numrica e ao desempenho
computacional das solues. De maneira a encorajar uma maior empregabilidade da
tcnica nos sistemas de transmisso, so avaliados estudos de casos especficos, de
maior complexidade. Nestes estudos, o Mtodo dos Elementos Finitos permite atingir
resultados de grande interesse, quando em comparao as simplificaes postas pelos
mtodos analticos comumente empregados.
Palavras-chave: Linhas de Transmisso, Mtodo dos Elementos Finitos, Campos
Eltricos Quase-Estticos, Campos Magnticos Quase-Estticos.
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vii
Abstract
Currently, the growing of electricity demand presents new challenges to the
power transmission sector, in order to develop new systems that can be, at the same
time, more efficient for the energy transport, cheaper, and also, safer to the vicinity of
these systems. In this context, the study of the electric and magnetic fields generated by
power lines has great importance for its operational improvement and for the reduction
of several existing impacts. Although numerical techniques could provide better support
to these studies, compared with usual analytical models, that need to use some
simplifications, they are still having a low employability in this class of problems. This
research presents the numerical modeling to the quasi-static electromagnetic field of
overhead transmission lines, based on the Finite Element Method. In order to encourage
a greater use of this technique in power systems, this work presents the main aspects
related with the computational implementation, focusing in numerical precision and
improvement of performance of the results. Specific cases of studies are presented and
show that this technique allows a more faithful representation of physical systems, with
more fidelity and robustness than other methods commonly used.
Key-words: Power Lines, Finite Element Method, Quase-Static Eletric Field,
Quase-Static Magnetic Field
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viii
Sumrio
Resumo ................................................................................................................................................ vi
Abstract ............................................................................................................................................. vii
Sumrio ............................................................................................................................................ viii
Lista de Figuras ................................................................................................................................ xi
Lista de Tabelas ..............................................................................................................................xiv
Lista de Abreviaes ...................................................................................................................... xv
Lista de Smbolos e Constantes ............................................................................................... xvii
Captulo 1 Introduo ............................................................................................................... 20
1.1. Contextualizao da Dissertao ............................................................................................... 20
1.2. Objetivos .............................................................................................................................................. 25
1.3. Organizao do Texto ..................................................................................................................... 26
Captulo 2 Reviso Bibliogrfica ........................................................................................... 28
2.1. Mtodos para Cmputo de Campos Eltricos e Magnticos em LTs ............................ 28
2.2. Aplicao do Mtodo dos Elementos Finitos em Sistemas de Transmisso ............. 35
2.3. Comparativo das Tcnicas de Cmputo .................................................................................. 38
Captulo 3 Modelagem Eletromagntica de Linhas de Transmisso ........................ 40
3.1. Linhas de Transmisso .................................................................................................................. 40
3.2. Campos Eletromagnticos gerados por Linhas de Transmisso ................................... 42
3.2.1. Equaes de Maxwell .............................................................................................................................. 42
3.2.2. Formulao Clssica (ou Forte) dos Campos EM de uma LT .................................................. 44
3.2.2.1. Campo Eltrico .................................................................................................................................. 44
3.2.2.2. Campo Magntico ............................................................................................................................. 46
3.2.2.3. Formulao Generalizada ............................................................................................................. 48
3.2.3. Problema de Valor de Contorno ......................................................................................................... 49
Captulo 4 Formulao dos Campos Eltricos e Magnticos pelo MEF .................... 53
4.1. Forma Fraca pelo Mtodo de Resduos Ponderados .......................................................... 53
4.1.1. Mtodo de Galerkin .................................................................................................................................. 55
4.2. Discretizao em Elementos Finitos ......................................................................................... 57
-
ix
4.2.1. Elemento Triangular de Primeira Ordem ....................................................................................... 59
4.2.2. Elemento Triangular Subparamtrico de Segunda Ordem ..................................................... 61
4.3. Contribuio Geral dos Elementos ............................................................................................ 67
4.4. Condies de Contorno .................................................................................................................. 69
4.4.1. Tratamento do Domnio Aberto ......................................................................................................... 70
4.4.1.1. Truncamento ...................................................................................................................................... 71
4.4.1.2. Strategic Dual Image ....................................................................................................................... 73
4.4.1.3. Transformao Espacial Kelvin .................................................................................................. 74
4.5. Soluo dos Sistemas Matriciais ................................................................................................. 81
4.6. Estrutura Algortmica Implementada ...................................................................................... 82
Captulo 5 Resultados ............................................................................................................... 83
5.1. Introduo .......................................................................................................................................... 83
5.2. Validao do Cmputo do Campo Eltrico ............................................................................. 84
5.2.1. Anlise de Sensibilidade ........................................................................................................................ 91
5.2.1.1. Considerao dos Cabos Para-Raios ......................................................................................... 92
5.2.1.2. Refinamento da Malha de Elementos ...................................................................................... 96
5.2.1.3. Tipo de Elementos .........................................................................................................................101
5.2.1.4. Tratamento da Fronteira Fictcia .............................................................................................104
5.3. Validao do Cmputo do Campo Magntico ..................................................................... 117
5.4. Estudo de Casos ............................................................................................................................. 121
5.4.1. Estudo de Linhas Naturais de Potncia Elevada ........................................................................121
5.4.1.1. Caso 1: LT 500kV - Presidente Dutra / Fortaleza .............................................................122
5.4.1.2. Caso 2: LT 500kV - Interligao Norte/Sul Trecho 2 ...................................................127
5.4.2. Estudo da Influncia da Geometria em Condutores Reais .....................................................129
5.4.2.1. Campo Eltrico Superficial em Condutores Reais ............................................................130
5.4.3. Estudo de Efeitos da Resistividade do Solo .................................................................................136
5.4.3.1. Anlise de Campo Eltrico ..........................................................................................................137
5.4.3.2. Anlise de Campo Magntico .....................................................................................................144
5.4.4. Estudo da Interao com Dutos Metlicos ...................................................................................149
5.4.4.1. Caso 1: LT 138kV, padro CEMIG ............................................................................................149
5.4.4.2. Caso 2: LT 275kV - Kuwait .........................................................................................................153
Captulo 6 Concluso ............................................................................................................... 159
6.1. Sntese e Principais Resultados ............................................................................................... 159
6.2. Propostas de Continuidade ....................................................................................................... 164
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x
Apndice A Aspectos Qualitativos dos Campos Eletromagnticos das LTs ......... 167
Apndice B Informaes e Desenvolvimentos Matemticos Auxiliares ............... 175
Apndice C Estrutura do Algoritmo Computacional .................................................... 186
Apndice D Resultados Grficos ......................................................................................... 190
Apndice E Informaes Auxiliares aos Estudos de Casos ........................................ 197
Apndice F Modelo Geral para Cmputo de Campo Magntico ............................... 204
Referncias Bibliogrficas ....................................................................................................... 210
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xi
ListadeFiguras
Figura 1.1 Potencial Hidreltrico Brasileiro por Bacias .................................................................................................... 21
Figura 3.1 Componentes de Linhas de Transmisso .......................................................................................................... 40
Figura 3.2 Detalhe para Componentes de Linhas de Transmisso .............................................................................. 41
Figura 3.3 Domnio Genrico com Presena de Potenciais Eltricos .......................................................................... 45
Figura 3.4 Domnio Genrico com Presena de Densidades de Corrente Transversais ..................................... 46
Figura 3.5 Fronteiras Fictcias ao Entorno da LT ................................................................................................................. 49
Figura 3.6 Problema de Valor de Contorno com Meios Fsicos Distintos ................................................................. 50
Figura 4.1 Esquema representativo de modelagem e soluo via MEF ..................................................................... 53
Figura 4.2 Domnio discretizado em vrios subdomos . ....................................................................................... 58 Figura 4.3 Elemento Triangular ................................................................................................................................................... 58
Figura 4.4 Mapeamento do Triangulo de Segunda Ordem no Elemento de Referncia ..................................... 62
Figura 4.5 Elemento Triangular Subparamtrico de Segunda Ordem......................................................................... 63
Figura 4.6 Pontos de Integrao no Elemento de Referncia ......................................................................................... 66
Figura 4.7 Truncamento de Fronteira Externa para Magnetosttica.......................................................................... 72
Figura 4.8 Truncamento de Fronteira Externa em LTs ..................................................................................................... 72
Figura 4.9 Transformao Espacial de Problemas Abertos em Problemas Fechados ......................................... 75
Figura 4.10 Transformao Kelvin aplicada a LTs Domnio Inteiro ........................................................................ 75
Figura 4.11 Transformao Kelvin aplicada a LTs com solo considerado CEP ...................................................... 79
Figura 4.12 Transformao Kelvin aplicada na proximidade dos cabos condutores .......................................... 80
Figura 4.13 Estrutura Algortmica Geral .................................................................................................................................. 82
Figura 5.1 Configurao Geomtrica LT 500kV Furnas ................................................................................................. 84
Figura 5.2 Malha de Elementos LT 500kV Furnas ........................................................................................................... 85
Figura 5.3 Campo Eltrico ao Nvel do Solo (MEF x MIS) LT 500kV Furnas ........................................................ 86
Figura 5.4 Distribuio de Potencial e Campo Eltrico ao Nvel do Solo LT 500kV Furnas .......................... 87
Figura 5.5 Campo Eltrico Superfcial - Feixe A (MEF x MIS) LT 500kV Furnas ................................................ 88
Figura 5.6 Distribuio de Potencial e Campo Eltrico para Regio dos Feixes LT 500kV Furnas ............ 89
Figura 5.7 Distribuio de Potencial e Campo Eltrico para o Domnio Completo LT 500kV Furnas ...... 90
Figura 5.8 Esparsidade do Sistema Matricial ......................................................................................................................... 91
Figura 5.9 Malha de Elementos com cabos Para-Raios ..................................................................................................... 92
Figura 5.10 Campo Eltrico ao Nvel do Solo Com e Sem Para Raios ........................................................................... 92
Figura 5.11 Campo Eltrico Superfcial Com e Sem Para-Raios .................................................................................... 94
Figura 5.12 Distribuio de Potencial e Campo Eltrico Com Para Raios .................................................................. 95
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xii
Figura 5.13 Campo Eltrico - Anlise de Sensibilidade por Nvel de Discretizao ............................................. 98
Figura 5.14 Esforo Computacional por Nvel de Discretizao ................................................................................... 99
Figura 5.15 Distribuio de Potencial Eltrico Anlise por Discretizao ......................................................... 100
Figura 5.16 Anlise de Sensibilidade Por Tipo de Elementos ..................................................................................... 102
Figura 5.17 Esforo Computacional Anlise de Sensibilidade Por Tipo de Elementos ................................ 103
Figura 5.18 Malha de Elementos Anlise de Sensibilidade por Tratamento de Fronteira.......................... 106
Figura 5.19 Campo Eltrico Superficial Condutor 1 / Feixe A Tratamento de Fronteira ........................ 108
Figura 5.20 Campo Eltrico ao Nvel do Solo Anlise de Tratamento de Fronteira ....................................... 109
Figura 5.21 Campo Eltrico Transformao Kelvin Prxima aos Condutores ................................................. 109
Figura 5.22 Transformao Kelvin considerando solo como CEP ............................................................................. 114
Figura 5.23 Transformao Kelvin considerando solo homogneo ......................................................................... 114
Figura 5.24 Transformao Kelvin com solo CEP e fronteira prxima a condutores ....................................... 115
Figura 5.25 Transformao Kelvin com solo homogneo e fronteira prxima a condutores ....................... 116
Figura 5.26 Configurao Geomtrica LT 500kV 5 Hydro-Qubec ....................................................................... 117
Figura 5.27 Malha de Elementos LT 500kV Hydro-Qubec ....................................................................................... 119
Figura 5.28 Campo Magntico ao Nvel do Solo (MEF x Carson) LT 500kV Hydro-Qubec ........................ 119
Figura 5.29 Distribuio de Potencial e Campo Magntico LT 500kV Hydro-Qubec .................................. 120
Figura 5.30 LT 500kV - Presidente Dutra/Teresina/Sobral/Fortaleza .................................................................. 123
Figura 5.31 Campo Eltrico Superficial Feixe A LPNE-FEX x LPNE ................................................................... 126
Figura 5.32 Campo ao Nvel do Solo LPNE-FEX x LPNE ............................................................................................. 126
Figura 5.33 Distribuio de Campos LPNE ....................................................................................................................... 127
Figura 5.34 LT 500kV Interligao Norte-Sul Trecho 2 .......................................................................................... 128
Figura 5.35 LT 500kV So Gonalo Ouro Preto........................................................................................................... 131
Figura 5.36 Seo Transversal de Condutores Reais de Linhas Areas de Transmisso ................................ 131
Figura 5.37 Malha de Elementos Condutor 1 Feixe de Fases B ............................................................................... 132
Figura 5.38 Campo Eltrico Superficial Analise de Condutores Reais ................................................................. 132
Figura 5.39 Campo Eltrico ao Nvel do Solo Analise de Condutores Reais ...................................................... 134
Figura 5.40 Comportamento dos Campos Eltricos Superficiais nos Fios de Condutores Reais ................ 134
Figura 5.41 Distribuio Espacial do Campo Eltrico em Condutores Reais ........................................................ 135
Figura 5.42 LT 230kV circuito duplo - CTEEP .................................................................................................................... 137
Figura 5.43 Anlise de Resistividade - Campo Eltrico a 1m do Nvel do Solo .................................................... 138
Figura 5.44 Anlise de Resistividade - Potencial Eltrico a 1m do Nvel do Solo ............................................... 139
Figura 5.45 Representao do Solo Estratificado .............................................................................................................. 141
Figura 5.46 Anlise de Resistividade - Campo e Potencial Eltrico na Superfcie do Solo ............................. 142
Figura 5.47 Anlise de Resistividade - Campo e Potencial Eltrico a Meio Metro do Solo ............................. 143
Figura 5.48 Anlise de Resistividade - Campo Magntico - Modelo Esttico ....................................................... 145
Figura 5.49 Anlise de Resistividade - Campo Magntico - Modelo Quase-Esttico ......................................... 146
Figura 5.50 Distribuies de Densidades de Correntes pelo MEF ............................................................................. 147
Figura 5.51 Anlise de Resistividade - Campo Magntico - Modelo de Solo Multicamadas........................... 148
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xiii
Figura 5.52 Anlise de Resistividade Distribuies de Campo Eltrico e Magntico .................................... 148
Figura 5.53 LT 138kV circuito duplo - CEMIG .................................................................................................................... 150
Figura 5.54 Campo Eltrico na Presena de Dutos - LT 138kV CEMIG ................................................................... 151
Figura 5.55 Acoplamento Capacitivo na Presena de Dutos - LT 138kV CEMIG................................................. 152
Figura 5.56 Campo Eltrico na Presena de Dutos - LT 275kV Kuwait .................................................................. 154
Figura 5.57 Campo Eltrico Superficial do Duto - LT 275kV Kuwait ....................................................................... 155
Figura 5.58 Constituio de Dutos Reais .............................................................................................................................. 156
Figura 5.59 Distribuio de Campo Eltrico - LT 275kV Kuwait .............................................................................. 157
Figura 5.60 Campo Magntico na Presena de Dutos - LT 275kV Kuwait ............................................................. 158
Figura A.1 Representao Fasorial ........................................................................................................................................... 168
Figura A.2 Campo Vetorial U Polarizado Elipticamente................................................................................................. 170
Figura A.3 Condutores Suspensos Entre Torres com Altura de Solo Varivel ..................................................... 174
Figura B.1 Elemento Triangular de Primeira Ordem ...................................................................................................... 177
Figura B.2 Funes de Forma do Elemento Triangular de Primeira Ordem ........................................................ 179
Figura B.3 Funes de Forma do Elemento Triangular de Segunda Ordem ......................................................... 181
Figura C.1 Estrutura Algortmica Detalhada ....................................................................................................................... 189
Figura D.1 Ajuste de Curva de Campo ao Nvel do Solo ................................................................................................. 191
Figura D.2 Ajuste de Curva de Campo Superficial ............................................................................................................ 192
Figura D.3 Campo Eltrico Superfcial (MEF x MIS) LT 500kV Furnas ................................................................ 194
Figura D.4 Campo Eltrico Superfcial Com e Sem Para-Raios LT 500kV Furnas ........................................... 196
Figura E.5 Condutores Reais de Linhas Areas de Transmisso - ACSR x TW.................................................... 202
Figura E.6 Dutovias e Linhas de Transmisso .................................................................................................................... 203
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xiv
ListadeTabelas
Tabela 3.1 Grandezas Generalizadas Associadas ao Cmputo dos Campos Eltricos e Magnticos ............ 48
Tabela 4.1 Relao Entre Coornedandas Reais e Locais ................................................................................................... 62
Tabela 4.2 Pontos de Integrao de Gauss no Elemento de Referncia ..................................................................... 66
Tabela 5.1 Dados Geomtricos LT 500kV 4 Furnas ......................................................................................................... 84
Tabela 5.2 Campo Eltrico ao Nvel do Solo (MEF x MIS) LT 500kV Furnas ........................................................ 86
Tabela 5.3 Campo Eltrico Superfcial (MEF x MIS) ........................................................................................................... 89
Tabela 5.4 Campo Eltrico ao Nvel do Solo Considerao de Cabos Para-Raios ............................................... 93
Tabela 5.5 Campo Eltrico Superfcial Considerao de Cabos Para-Raios .......................................................... 94
Tabela 5.6 Anlise de Sensibilidade por Refinamento de Malha................................................................................... 96
Tabela 5.7 Esforo Computacional por Nvel de Discretizao e Funao Algortmica ........................................ 99
Tabela 5.9 Anlise de Sensibilidade Tratamento de Fronteira Fictcia ............................................................... 110
Tabela 5.10 Dados Geomtricos LT 500kV Hydro-Qubec ....................................................................................... 118
Tabela 5.11 Campo Magntico ao Nvel do Solo (MEF x Carson) LT 500kV Hydro-Qubec ...................... 119
Tabela 5.12 Dados Geomtricos LT 500kV Presidente Dutra-Fortaleza ............................................................ 124
Tabela 5.13 Impedncia de Surto e Potncia Natural LPNE-FEX/LNPE (MEF x ATP) ................................. 124
Tabela 5.14 Dados Geomtricos LT 500kV Interligao Norte-Sul ....................................................................... 128
Tabela 5.15 Impedncia de Surto e Potncia Natural Linha Compacta/LNPE (MEF x ATP) ..................... 129
Tabela 5.16 Dados Geomtricos LT 500kV 3 Condutores/Fase ............................................................................. 131
Tabela 5.17 Campo Eltrico Superficial Analise de Condutores Reais ................................................................ 133
Tabela 5.18 Campo Eltrico ao Nvel do Solo Analise de Condutores Reais ..................................................... 133
Tabela 5.19 Dados Geomtricos LT 230kV 2 Condutores/Fase Circuito Duplo .............................................. 137
Tabela 5.20 Anlise de Resistividade - Campo Eltrico a 1m do Nvel do Solo ................................................... 138
Tabela 5.21 Dados Geomtricos LT 138kV Circuito Duplo - CEMIG ..................................................................... 150
Tabela 5.22 Dados Geomtricos LT 275kV Circuito Duplo - Kuwait .................................................................... 153
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xv
ListadeAbreviaes
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ACSR Cabo de Alumnio com Alma de Ao
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
ATP/EMTP Alternative Transients Program/Eletromagnetic Transient Program
BPA Bonneville Power Administration
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contnua
CEP Condutor Eltrico Perfeito
CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Eltrica
CHESF Companhia Hidroeltrica da Bacia do So Francisco
CSR Compressed Sparse Row
CTEEP Companhia de Transmisso de Energia Eltrica Paulista
EDP Equao Diferencial Parcial
ELETROBRAS Centrais Eltricas Brasileiras
EPRI Electric Power Research Institute
ICNIRP International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
LNC Linhas No Convencionais
LPNE Linha Natural de Potncia Elevada
LPNE-FEX Linha Natural de Potncia Elevada por Feixes Expandidos
LT Linha de Transmisso
MATLAB MATrix LABoratory
MDF Mtodo das Diferenas Finitas
MEC Mtodo dos Elementos de Contorno
MEF Mtodo dos Elementos Finitos
MMQ Mtodo dos Mnimos Quadrados
MoM Mtodo dos Momentos
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xvi
MSC Mtodo de Simulao de Cargas
MSCS Mtodo de Simulao das Cargas Superficiais
MSCS Mtodo de Simulao de Cargas Superficiais
PVC Problema de Valor de Contorno
RI Radio Interferncia
RMS Valor Mdio Eficaz (Root Mean Square)
SDI Strategic Dual Image
SEP Sistema Eltrico de Potncia
SIN Sistema Interligado Nacional
TEM Onda Transversal Eletromagntica
TW Cabo Compacto Trapezoidal (Traped-Wired)
PSO Otimizao por Enxame de Partculas (Particle Swarm Optimization)
SIL Potncia Natural (Surge Impedance Loading)
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xvii
ListadeSmboloseConstantes
A Fasor Potencial Magntico [Ae]
Az Componente Longitudinal de Potencial Magntico [Ae]
B Fasor Densidade de Fluxo Magntico [T] B Vetor Densidade de Fluxo Magntico [T] B, B Componentes Direcionais de Dens. de Fluxo Magntico [T] H Fasor Campo Magntico [A/m]
V Potencial Escalar Eltrico Complexo [V] Valor Mximo (Pico) de Potencial Eltrico [V] D Fasor Densidade de Fluxo Eltrico [C/m2]
E Fasor Campo Eltrico [V/m] E Vetor Campo Eltrico [V/m] E, E Componentes Direcionais de Campo Eltrico [V/m] I Corrente Eltrica [A]
J Fasor Densidade de Corrente de Conduo [A/m2]
Jz Componente Longitudinal Densidade de Corrente [A/m2]
Js Densidade de Corrente de Conduo [A/m2]
Je Densidade de Corrente de Induzida [A/m2]
k Fasor densidade linear de corrente [A/m]
L Indutncia [H]
C Capacitncia [F]
Permissividade Eltrica [F/m]
o Permissividade Eltrica do Espao Livre =10/36[F/m] r Permissividade Relativa
Permeabilidade Magntica [H/m]
o Permeabilidade Magntica do Espao Livre = 4 10 [H/m] r Permeabilidade Relativa
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xviii
Relutividade Magntica [m/ H] Condutividade Eltrica [S/m]
Densidade de Carga Eltrica [C/m2]
t Tempo [s] Frequncia [Hz] Frequncia Angular [rad/s]
ngulo de Fase Caracterstico [rad]
We Energia Associada ao Campo Eltrico [J]
Wm Energia Associada ao Campo Magntico [J] !" Impedncia de Surto [] SIL Potncia Natural da Linha de Transmisso [W]
e rea Elementar [m2]
Ni Funes de Forma ou de Aproximao
Wi Funes de Peso
K Matriz de Contribuies Globais
x, y Coordenadas Cartesianas Reais
, Coordenadas Naturais
Domnio de Estudo
Fronteiras do Domnio
1 Fronteiras de Dirrichlet
2 Fronteiras de Neumann
d Fronteiras de Interface entre Meios # Campo Vetorial Genrico U, U Componentes Direcionais do Campo Vetorial Genrico b Fonte ou Excitao do Campo Vetorial Genrico
Funo Incgnita (Potencial Genrico Complexo)
Parmetros associados s propriedades do meio %& Vetor unitrio de direo normal superfcie p Potencial imposto na Fronteira de Dirrichlet
g Variao normal de potencial na Fronteira de Neumann '& Vetor unitrio na direo x (& Vetor unitrio na direo y
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xix
) Vetor unitrio na direo z Operador produto escalar Operador produto vetorial Operador Nabla
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20
Captulo 1 Introduo
1.1. Contextualizao da Dissertao
Nas ltimas dcadas os sistemas de transmisso eltrica vm enfrentando
inmeros desafios e estmulos, os quais apontam para a necessidade de desenvolver
novas tcnicas que propiciem tanto a otimizao operacional quanto a reduo de
impactos diversos (econmicos, sociais e ambientais), porm, de uma forma confivel e
a um baixo custo.
Se por um lado o aumento da demanda de transmisso de energia sempre
requisitado, uma vez que o crescimento econmico dos pases fica diretamente atrelado
alta disponibilidade de energia, por outro lado, tambm crescente a necessidade de
melhor utilizao dos recursos naturais disponveis. Isto, aliado s restries impostas
pelas novas regulamentaes dos setores de energia, impe dificuldades que precisam
ser balanceadas neste segmento.
A utilizao racional da matriz energtica intimamente dependente de um
adequado sistema de transmisso, o qual transporte a energia explorada de maneira
eficiente (sem grandes perdas) at os grandes centros de consumo. Tal condio
especialmente crtica e preponderante em pases de longa extenso territorial, os quais
dependem de amplos sistemas de transmisso, necessrios confiabilidade da demanda
energtica em todas as regies. No caso do Brasil, que dispe de recursos naturais
limpos e renovveis no explorados em regies demasiadamente remotas dos grandes
centros consumidores, o setor de transmisso acaba sendo uma parcela decisiva para a
viabilizao da explorao de recursos. No entanto, tal setor ainda carece de
perspectivas para sistemas de transmisso que possam ser, ao mesmo tempo, eficientes
ao transporte de energia, e viveis do ponto de vista econmico (constituindo projetos
pouco onerosos) e ecolgico (minimizando impactos de desmatamentos) (DART,
JNIOR e ESMERALDO, 2005) (PORTELA, SILVA e ALVIM, 2007).
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Isto destacado na figura (1.1), que demonstra as regies de maior potencial
hidreltrico do pas (em azul escuro de 15 a 30 TW), juntamente com a representao
grfica do percentual utilizado e daquele ainda disponvel (respectivamente, em amarelo
e em verde), distinguidos pelas bacias hidrogrficas. claramente percebido o
abundante potencial hidreltrico ainda disponvel nas bacias da regio amaznica, as
quais esto relativamente distantes das regies de maior populao e industrializao,
na regio sudeste; bem como isoladas das demais regies do pas, dificultando
interligaes com o Sistema Interligado Nacional (SIN), que conecta o sistema de energia
de todo o pas.
Figura 1.1 Potencial Hidreltrico Brasileiro por Bacias
(PORTELA, SILVA e ALVIM, 2007)
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Para os sistemas de transmisso ainda residem outras preocupaes recentes, as
quais dizem respeito necessidade de reduo de desmatamentos para a constituio
das faixas de passagem e servido. Tais faixas so constitudas tanto para a manuteno
operacional permanente dos sistemas de energia quanto para restringir as atividades e a
circulao de pessoas aos seus arredores, uma vez que existe a possibilidade dos campos
eltricos e magnticos gerados por estas linhas afetarem a sade humana, alm de
interferirem sobre outros elementos alheios ao sistema eltrico, tais como: linhas de
comunicao, linhas frreas, oleodutos, gasodutos, cercas, dentre outros (COSTA,
RUEDA, et al., 2001), (PORTELA e TAVARES, 2002).
Tais preocupaes tm gerado recentemente inmeras discusses entre
governos, institutos de pesquisa e comunidades, culminando em normatizaes para o
setor, tal como a resoluo normativa 398 da ANEEL de 2010, que regulamenta os
procedimentos para que as concessionrias de energia eltrica realizem medies
peridicas dos campos eltricos e magnticos gerados em todas as suas instalaes, e os
quais devem estar dentro de limites mximos de referncia permitidos (MARCOS SILVA,
2010).
Para lidar com os casos acima citados, o uso de novos tipos de estruturas de
transmisso no convencionais, compactas e de feixe expandido, em faixas de servido
reduzidas, inexistentes, ou em meio de ambientes urbanos, se torna cada vez mais
explorado. Muitos desenvolvimentos tm sido realizados nas ltimas dcadas,
possibilitando a utilizao de novas configuraes de linhas de transmisso (LT) que
permitam tanto a melhoria de eficincia na transmisso de energia, viabilizando
tecnicamente os investimentos realizados em empreendimentos, como garantindo a
segurana operacional atravs de um melhor ajuste do ambiente eletromagntico
(PAGANOTTI, 2012).
A investigao acerca destas novas possibilidades, tanto para a concepo de
novas LTs, quanto para a recapacitao ou readequao a baixo custo das linhas
existentes, necessita da anlise detalhada acerca das distribuies de campos eltricos e
magnticos gerados ao entorno destes sistemas. Estes campos esto intimamente
relacionados ao estudo de perdas ao longo do processo de transmisso, tambm
precisando ser adequadamente enquadrados em nveis de intensidade estabelecidos
pelas normas regulamentadoras.
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No entanto, o cmputo de campos eltricos e magnticos nem sempre trivial,
pois o emprego de mtodos analticos mais usuais fica limitado somente s geometrias
de linhas tradicionais, encontrando dificuldades para aplicao em configuraes
complexas, que exploram os arranjos de subcondutores de forma assimtrica (IEEE
WORKING GROUP, 1979) (PAGANOTTI, 2012). Estes ainda so limitados para analisar
situaes mais reais nas quais necessrio considerar a influncia de outros aspectos da
linha, tais como: a geometria real dos cabos; a influncia de estruturas suportes dos
condutores; a considerao da presena de objetos de interferncia na faixa de
passagem, como vegetao ou dutos metlicos, os quais podem afetar e serem afetados
pelos campos originais da linha (GIUDICE FILHO, 2005) (SILVA FILHO, 2008).
Dentre as tcnicas possveis de serem utilizadas na soluo de problemas de
distribuio de campo eletromagntico, de maneira geral, visto que (MARCOS SILVA,
2010):
- Os modelos analticos, apesar de conferirem solues matemticas exatas,
somente so aplicveis a uma gama muito pequena de problemas prticos.
- Os modelos experimentais necessitam da construo de prottipos, sendo,
portanto, onerosos, demorados e incertos. Os mesmos no permitem uma variao
sistemtica de parmetros, dificultando a compreenso fsica dos fenmenos envolvidos.
- Os modelos numricos permitem explorar solues aproximadas em uma maior
diversidade de problemas prticos mais complexos, com erros razoveis do ponto de
vista de engenharia.
No contexto da pesquisa de campos eltricos e magnticos em LTs, a explorao
de cenrios diferenciados atravs de mtodos numricos robustos, ante a utilizao dos
modelos analticos e experimentais usuais, se faz assim atraente, podendo propiciar uma
investigao de possibilidades mais ampla, com configuraes de linha menos
conservadoras.
Este trabalho realiza a aplicao do Mtodo dos Elementos Finitos (MEF) em
problemas de cmputo de campo eletromagntico em linhas de transmisso. O MEF
uma das tcnicas numricas mais eficazes e populares, utilizadas para simulao
computacional, sendo aplicada em diversos problemas de engenharia devido facilidade
de lidar com estruturas de grande complexidade geomtrica, na presena de meios
fsicos diversos e at mesmo no lineares (JIN, 2002).
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Embora este mtodo demonstre grande versatilidade, relativamente poucos so
os estudos encontrados na literatura destinando a sua aplicao em sistemas eltricos
de potncia (SEP), cuja operao realizada em baixas frequncias (50/60 Hz), uma vez
que, para a maioria das questes e problemas clssicos, existem solues dadas por
mtodos analticos menos complexos e os quais necessitam de menor aparato
computacional. Isto pode ofuscar possibilidades de novos tratamentos, mais atraentes,
em questes mais desafiadoras.
Ainda, dos estudos mais recentes possveis de serem encontrados abrangendo a
aplicao numrica em SEP, estes comumente utilizam, em sua maioria, aplicaes dadas
atravs de pacotes de softwares comerciais, os quais, apesar de terem utilizao fcil e
atraente, via interfaces grficas, apresentam a desvantagem de no esclarecerem muitos
dos detalhes dos modelos implementados. Tal fato inibe a arguio de possveis
melhoramentos na metodologia de clculo numrico, impedindo novos
desenvolvimentos de carter cientfico, com anlises de erros mais apuradas, bem como
a expanso desses mtodos numricos para a aplicao em outros casos derivados.
Para o estudo especfico dos sistemas de transmisso, recaem algumas
dificuldades especficas de aplicao do MEF, devido a necessidade de considerar um
amplo domnio de estudos, sem existncia de fronteiras delimitadoras reais, e com alta
diferena de escala entre os elementos de anlise (quando comparado o pequeno
tamanho das bitolas dos condutores em relao s dimenses das torres e do domnio).
Tais caractersticas acarretam, principalmente, na necessidade de um alto tempo para a
soluo computacional dos problemas, alm de causar erros de instabilidades numricas
nos resultados, deixando o MEF pouco favorvel e atraente, nesta classe de problemas.
Fica assim evidente a necessidade de realizar um estudo orientativo mais
apurado para aplicao da tcnica em sistemas de transmisso, de modo a indicar as
melhores prticas de implementao computacional, ao mesmo tempo em que possa
enaltecer outras potencialidades oferecidas, como o favorecimento da qualidade dos
resultados e a melhoria de interpretao dos sistemas fsicos reais, uma vez no
havendo necessidades de assumir simplificaes nas anlises.
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1.2. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo geral estudar o emprego do Mtodo de
Elementos Finitos na determinao das intensidades de campo eltrico e magntico no
entorno de linhas de transmisso trifsicas reais, operando em regime permanente, em
baixas frequncias. Assim, so apuradas formas de tornar a utilizao do MEF mais
atraente nesta classe de problemas, frente s diversas dificuldades existentes, agregando
contribuio para a soluo de problemas de maior complexidade.
So considerados objetivos especficos:
- realizar uma reviso bibliogrfica sobre o uso de mtodos numricos, com foco
no MEF, em sistemas de transmisso eltrica;
- agregar de maneira didtica os passos necessrios para a modelagem dos
campos eltricos e magnticos em LTs atravs do MEF;
- explorar diferentes possibilidades na modelagem pelo MEF, de forma a verificar
as dependncias e as melhorias na qualidade das solues, tanto em relao exatido
numrica, quanto em relao ao tempo computacional, tornando a utilizao prtica do
mtodo mais palpvel e atraente;
- realizar uma discusso a respeito do tratamento de domnios abertos pelo MEF,
uma vez sendo tal assunto escasso e pouco explorado na literatura;
- comparar os resultados obtidos com aqueles de outras abordagens analticas ou
numricas disponveis;
- validar alguma das simplificaes comumente assumidas por modelos
analticos, atravs da simulao de cenrios pelo MEF;
- realizar aplicaes para situaes mais complexas, cuja utilizao de um modelo
numrico mais robusto seja mais adequada, ante ao emprego das tcnicas analticas ou
semi-analticas usuais;
Atravs desses objetivos estabelecidos, elaborada uma ferramenta
computacional, utilizando o software MATLAB, pela qual possvel realizar o cmputo
e a representao grfica bidimensional dos nveis de campo eltrico e magntico em
LTs com configuraes geomtricas quaisquer, e ainda com possibilidades de se
considerar: a geometria real dos condutores da linha, representao de modelos de solos
estratificados, a presena de objetos no domnio de estudo, dentre outros.
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Assim, tal estudo pode constituir a base de um sistema computacional maior e
mais complexo, a continuar em desenvolvimento, destinado tanto otimizao de linhas
de transmisses reais, quanto anlise prtica de interferncia destas linhas em
sistemas diversificados (biolgicos ou no).
1.3. Organizao do Texto
Este trabalho est organizado em 6 captulos, incluindo este captulo
introdutrio, o qual situou o contexto do trabalho, expondo a importncia do tema
abordado e os objetivos da presente pesquisa.
O captulo 2 apresenta uma reviso bibliogrfica a respeito do clculo dos campos
eltricos e magnticos gerados nos sistemas areos de transmisso de energia;
primeiramente de maneira geral, demonstrando a evoluo histrica das tcnicas
aplicadas, e posteriormente, com foco especfico na aplicao do MEF.
O captulo 3 aborda a modelagem matemtica dos campos eltricos e magnticos
em LTs. O modelo clssico para esses campos desenvolvido a partir das equaes de
Maxwell, atravs das quais so derivadas as equaes de Poisson, aqui aplicadas aos
fenmenos quase estticos. Por fim, o problema de cmputo desses campos colocado
sob a forma de um problema de valor de contorno (PVC) generalizado.
O captulo 4 destinado aplicao do MEF na resoluo do PVC obtido. Para
isso, a equao diferencial parcial (EDP) do PVC desenvolvida pelo mtodo de Galerkin,
resultando em uma forma fraca passvel de soluo aproximada. discutida a
discretizao de domnios de estudos bidimensionais, com a apresentao dos
elementos triangulares de primeira e segunda ordem. Os desenvolvimentos algbricos
para a interpolao de grandezas fsicas no interior destes elementos fornecida para a
constituio de funes de forma. So abordadas tambm as condies de contorno, com
importncia especial ao tratamento das fronteiras fictcias, as quais so impostas para a
delimitao dos domnios abertos do problema. Mtodos diferentes so explorados para
realizar este tratamento, dentre os quais: o truncamento, o Strategic Dual Image (SDI) e
a Transformao Espacial Kelvin. Por fim, apresentada uma estrutura algortmica para
a implementao computacional do mtodo atravs do software MATLAB.
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O captulo 5 apresenta os resultados para a aplicao da modelagem proposta.
Tais resultados so obtidos atravs de simulaes computacionais pelo programa
desenvolvido. O modelo numrico validado atravs da aplicao em linhas reais,
comparando os resultados gerados com outros encontrados na literatura, e dados
atravs de outras metodologias de clculo. So realizadas anlises de sensibilidade, de
forma a demonstrar influncias que afetam a eficcia dos resultados e a eficincia
computacional. Por fim so analisados alguns casos de aplicao, acrescentando
relevncia ao estudo, sendo estes:
- anlises de linhas no convencionais, com distribuio de feixes em
configuraes geomtricas assimtricas, e destinadas ao transporte mais eficiente de
energia;
- anlise do campo eltrico superficial em condutores de formatos geomtricos
reais;
- anlise em modelos de solo diferenciados (homogneos e estratificados), sem
assumir os mesmos como condutores eltricos perfeitos (CEP);
- anlise de interferncias eltricas em dutos metlicos presentes na faixa de
passagem;
O ltimo captulo sintetiza os principais resultados obtidos, confrontando-os aos
objetivos inicialmente propostos. Tambm so indicadas possibilidades de continuidade
desta pesquisa para a realizao de futuros trabalhos.
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Captulo 2 Reviso Bibliogrfica
2.1. Mtodos para Cmputo de Campos Eltricos e Magnticos em Linhas de Transmisso
O clculo das distribuies de campos eltricos e magnticos ao redor de LTs
operando em regime permanente no uma atividade de interesse recente. Desde a
dcada de 60, com a crescente utilizao de sistemas de energia em extra alta tenso
(230 a 750 kV), surge a necessidade de desenvolver tcnicas apuradas, destinadas ao
clculo e medio fsica desses campos. Desta maneira, as influncias geradas sobre os
objetos e pessoas presentes nas proximidades das LTs podiam ser mais bem avaliadas,
precavendo possibilidades de danos e prejuzos (DENO e ZAFFANELLA, 1982).
Assim, na dcada de 70, institutos e empresas relacionadas ao segmento de
energia (dentre os quais EPRI, IEEE, BPA) desenvolveram diversos projetos de pesquisa
com o objetivo especfico de definir procedimentos claros para a medio e para o
clculo desses campos, estipulando valores de segurana para a intensidade mxima de
exposio ao nvel do solo. Alguns trabalhos que sintetizam resultados destes projetos
so: (DENO, 1976), (BRACKEN, 1976), (TELL, NELSON, et al., 1977), (IEEE WORKING
GROUP, 1978), (DENO e ZAFFANELLA, 1982).
O surgimento de trabalhos epidemiolgicos (WETHEIMER e LEEPER, 1979),
(FULTON, COBB, et al., 1980) sugerindo a ocorrncia de casos de leucemia infantil e
cncer cerebral para residentes das proximidades das LTs, bem como para
trabalhadores de manuteno dos sistemas eltricos, reforaram a necessidade de
estudar e desenvolver estas tcnicas (ICNIRP, 1998).
Historicamente, o cmputo de campos eletromagnticos gerados pelas tenses e
correntes variveis dos sistemas de transmisso realizado atravs de mtodos
analticos. Tais mtodos so tomados diretamente das equaes de Maxwell, a partir das
consideraes da quase-esttica e do desacoplamento dos campos eltricos e
magnticos existentes. Assim, todos os condutores existentes so analisados, de modo a
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determinar a contribuio dada ao valor dos campos vetoriais em um determinado
ponto do espao. O valor final de campo assim tomado a partir do princpio da
superposio (OLSEN e WONG, 1992), (GUIMARES, 2005).
O clculo dos campos eltricos realizado a partir da Lei de Gauss,
posteriormente quantificao das cargas nos condutores, que so obtidas em funo
dos valores de tenso aplicada em cada condutor e dos coeficientes potenciais de
Maxwell (cujos termos so dependentes dos posicionamentos e distncias entre
condutores). As cargas em cada condutor so tidas como distribuies uniformes.
Devido necessidade de considerar os efeitos da presena do solo, o mtodo das
imagens tambm aplicado. Ento, as contribuies dos campos respectivos aos
condutores e s suas imagens no plano do solo so sobrepostas, quantificando o campo
eltrico total em um determinado local. A aplicao destes procedimentos pode ser
obtida mais detalhadamente em diversos trabalhos, antigos e recentes, dentre os quais
(ADAMS, 1955), (HUNT, 1976), (HART e MARINO, 1977), (WIGDOR, 1980),
(GUIMARES, 2005), (PERRO, 2007), (TZINEVRAKIS, TSANAKAS e MIMOS, 2008).
Por sua vez, a obteno do campo magntico realizada diretamente a partir da
Lei de Biot-Savart. Nesta, a densidade de fluxo magntico, respectiva a cada condutor,
calculada em funo das correntes eltricas e das distncias at o ponto de interesse,
sendo ento combinadas (vetorialmente somadas). Os seguintes trabalhos fornecem
algumas aplicaes deste procedimento: (OLSEN, DENO e BAISHIKI, 1988), (IYYUNI e
SEBO, 1990), (YANG e DAWALIBI, 2002), (MARCOS SILVA, 2010), (ASSIS, COUTINHO, et
al., 2011).
Ambas as metodologias analticas acima citadas requisitam a simplificao da
geometria das linhas. Assim, o solo considerado como sendo um plano condutor
eltrico perfeito (CEP) de extenso infinita; os condutores so tidos lineares, paralelos
entre si, e situados a uma altura fixa; a influncia das estruturas suportes ou de outros
objetos existentes desprezada; e a contribuio de correntes de retorno pelo solo so
tambm negligenciadas (DENO, 1976) (BRACKEN, 2010). Embora tais condies de
simplificao no ocorram em linhas reais existindo, dentre outros fatores, a vibrao
dos condutores, a presena de vegetao e variaes de topografia do terreno a
validade dos clculos utilizando estes pressupostos tm resultados satisfatrios, quando
comparado aos resultados das medies fsicas (GUIMARES, 2005). Ainda, estas
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30
abordagens so normalmente utilizadas para estimar os campos em condies de pior
caso (situaes de tenso e corrente mxima, computadas no ponto de altura mnima
dos condutores). Assim as avaliaes dos campos so tidas com uma margem de
tolerncia adequada aos valores reais encontrados, em comparao com exigncias
dadas por regulamentaes (BRACKEN, 2010). Logo, do ponto de vista de engenharia,
em diversas aplicaes, os erros obtidos pelas abordagens dadas so irrelevantes.
A existncia de outras situaes de interesse prtico, cujos mtodos citados no
so satisfatrios ou mesmo aplicveis, motivaram o aperfeioamento e a derivao em
outras tcnicas mais adequadas.
Para o campo eltrico, quando na avaliao das regies mais prximas
superfcie dos condutores ou em configuraes de linhas mais complexas, com feixes
expandidos em mltiplos subcondutores, as distribuies de cargas necessitam de
aproximaes mais condizentes, uma vez no sendo suficiente admitir distribuies
uniformes e filamentares de cargas no interior dos condutores. Esta deficincia conduziu
ao desenvolvimento das seguintes tcnicas, ainda nas dcadas de 60-70: o Mtodo de
Markt e Mengele, o Mtodo das Imagens Sucessivas (MIS), o Mtodo de Simulao de
Cargas (MSC), e o Mtodo de Simulao de Cargas Superficiais (MSCS).
Todas estas tcnicas operam atravs de consideraes fsicas para,
primeiramente, obter distribuies espaciais de cargas eltricas que possam produzir
efeito aproximadamente equivalente s distribuies de cargas no uniformes reais
existentes nos condutores da LT. Posteriormente, os campos eltricos so computados
pelo mesmo modo analtico (por uso da Lei de Gauss e do mtodo das imagens). Por este
motivo, tais tcnicas so denominadas semi-analticas.
O Mtodo de Markt e Mengele (KING, 1963) (PAKALA e TAYLOR, 1968)
aplicado atravs da simplificao dos sistemas de feixes de condutores, os quais so
resumidos considerao de um nico condutor disposto na proximidade do centro dos
feixes. A posio exata depende das distncias entre os todos os condutores do sistema.
A densidade de cargas ento avaliada conforme o procedimento dos coeficientes
potenciais de Maxwell, considerando apenas um nico condutor por feixe, a qual
posteriormente dividida, de maneira igual, dentre todos os subcondutores existentes.
Conforme (IEEE WORKING GROUP, 1979) e (LI, ROWLAND e SHULTLEWORTH, 2014),
esta tcnica somente produz bons resultados para feixes simtricos com poucos
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subcondutores (menor do que 4), para classes de tenses menores, e sendo a distncia
entre os subcondutores dos feixes relativamente pequena em comparao com a
distncia entre as fases.
Suprindo as deficincias dadas pela simplicidade do mtodo anterior, o MIS
(SARMA e JANISCHEWSKYJ, 1969) substitui sucessivamente as cargas em cada condutor
por uma srie de cargas lineares equivalentes, as quais so posicionadas no interior do
mesmo. Cada processo de imagem sucessiva guarda a equipotencial natural da
superfcie de outro condutor do sistema. Assim, as distribuies de carga so dadas em
funo do posicionamento dos vrios condutores do resto do sistema, e so localizadas
de maneira a manter as superfcies equipotenciais de todos os condutores. Tal artifcio
permite assim obter distribuies de campos eltricos no uniformes ao redor dos
condutores. O trabalho de (PAGANOTTI, 2012) oferece uma boa reviso acerca deste
mtodo, com aplicaes em linhas de feixes expandidos de diferentes configuraes,
incluindo feixes assimtricos.
Embora o MIS possa fornecer resultados satisfatrios para o campo eltrico
superficial em configuraes de LTs diversificadas, tal mtodo realiza procedimentos
iterativos para alocar as cargas no interior dos condutores, at produzir resultados
satisfatrios, sendo ineficiente para a realizao de anlises em pontos de observao
longe da linha, e no servindo para a considerao da presena de outros objetos no
domnio de estudos. Sua aplicao , assim, mais adequada apenas para a anlise de
campo eltrico superficial dos condutores (IEEE WORKING GROUP, 1979).
A deficincia do MIS suplantada pelo MSC, que se tornou mais popular, sendo
amplamente utilizado no clculo de campos eltricos desde meados da dcada de 70.
Seu uso na anlise da distribuio de campo eltrico em componentes de isolamento de
alta tenso bastante comum (LI, ROWLAND e SHULTLEWORTH, 2014).
O MSC baseado na simulao da distribuio real das cargas eltricas
superficiais dos condutores por um conjunto de cargas discretas colocadas em pontos do
interior dos mesmos. Estas cargas discretas so ento calculadas de forma que os
potenciais gerados em alguns pontos da superfcie dos condutores (pontos de
amostragem) sejam iguais aos potenciais especificados para estes condutores (ASSIS,
COUTINHO, et al., 2011). Alguns estudos aplicando o MSC em diferentes situaes so
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(SINGER, STEINBIGLER e WEISS, 1974), (DENO e ZAFFANELLA, 1982), (MALIK, 1989),
(SANTOS, SCHROEDER, et al., 2010) e (SALAMA, ABDELSATTAR e SHOUSH, 2012).
Por fim, o MSCS uma tcnica semelhante ao MSC, mas cuja distribuio das
cargas simuladas dada atravs da superfcie dos condutores, com maior flexibilidade
para as formas de distribuio (que no MSC so resumidas a linhas de cargas
filamentares uniformes) e, consequentemente, com maior liberdade para assumir as
densidades de cargas em cada regio. Por conta disto, o MSCS mais geral do que o MSC,
sendo aplicvel em uma gama maior de problemas (SATO, 1987), (LU, 2009), como por
exemplo, em problemas de eletrodos finos com diferentes composies de materiais
(ZHOU, 1993).
Para o campo magntico, a principal limitao do modelo analtico descrito
anteriormente reside na desconsiderao das correntes de retorno pelo solo. Mesmo
que, em geral, estas correntes no influenciem significantemente os resultados de campo
magntico acima da superfcie do solo, seu efeito sobre as impedncias de linha acaba
sendo expressivo, sobretudo em fenmenos eletromagnticos de maior frequncia
(ASSIS, COUTINHO, et al., 2011).
A correo do modelo analtico pode assim ser adequadamente realizada atravs
das equaes de Carson (CARSON, 1926). Nestas, a avaliao do campo magntico
requer o clculo de integrais imprprias, que devem ser expandidas em uma srie
infinita ou avaliadas utilizando mtodos de integrao numrica. Devido complexidade
envolvida, muitos trabalhos tentaram obter aproximaes mais simples. Destes, o mais
comum e empregado o de (DERI, TEVAN, et al., 1981), no qual proposto que o
retorno de corrente atravs de um solo homogneo pode ser adequadamente
representado atravs de um plano ideal colocado abaixo da superfcie do solo, a uma
distncia igual profundidade de penetrao complexa das ondas planas geradas pela
LT. Tal abordagem produz resultados praticamente equivalentes queles obtidos a
partir dos termos de correo de Carson (GLOVER e SARMA, 2007). Alguns trabalhos
que aplicam de maneira mais detalhada esta metodologia podem ser analisados atravs
de (DENO e ZAFFANELLA, 1982), (IEEE WORKING GROUP, 1988), (PERRO, 2007),
(MORA, M., et al., 2009), (VINTAN, MIHU e BORLEA, 2011) e (VIEIRA, 2013).
Uma vez que as distribuies reais de correntes no interior dos condutores no
so homogneas, em sistemas com mltiplos condutores ou ainda, quando analisando
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pontos de interesse muito prximos aos condutores da LT, o clculo dos campos
magnticos pode ser melhorado atravs do MSC. Assim a considerao de mltiplas
correntes filamentares, simuladas no interior dos condutores, so dadas para produo
de resultados mais coerentes (MARCOS SILVA, 2010).
Embora os mtodos analticos e semi-analticos supracitados tenham se
estabelecido como ferramentas robustas para o clculo de campos eltricos e
magnticos em questes de interesse prtico das LTs, nas ltimas dcadas observado
um crescente interesse pela utilizao dos mtodos numricos em problemas reais mais
complexos.
A partir da dcada de 80, com o rpido declnio no custo dos computadores e com
o aumento dos recursos de memria e processamento, as simulaes computacionais
por mtodos numricos tornaram vivel a soluo de problemas mais vastos, antes
pouco palpveis, sem a necessidade de idealizaes. Em aplicaes industriais e
cientficas, estas permitiram reduzir consideravelmente o tempo, os custos e os recursos
de desenvolvimento (BRABO PEREIRA, 2009).
Assim, em situaes complexas, envolvendo, por exemplo, a anlise
tridimensional das LTs, com a interao dos campos eltricos e magnticos atravs de
outros objetos existentes, tais como trilhos de trens, sistemas de comunicao ou dutos
enterrados, os mtodos numricos recaem como uma ferramenta essencial de anlise,
pois permitem buscar solues aproximadas diretamente, minimizando a necessidade
de simplificao de geometrias e das condies fsicas existentes.
Diferentes mtodos numricos tm sido utilizados para a anlise desses
problemas, dentre os quais se destacam: o Mtodo dos Momentos (MoM); o Mtodo dos
Elementos de Contorno (MEC); o Mtodo das Diferenas Finitas (MDF); e o Mtodo dos
Elementos Finitos (MEF).
O MoM e o MEC so mtodos de computao numrica destinados soluo de
equaes diferenciais parciais lineares, formuladas em formato integral. Apesar de
serem diferenciados por motivos histricos, o MoM pode ser englobado como um
esquema particular do MEC (GIBSON, 2008). Para a aplicao em LTs, em ambos os
mtodos, as fronteiras do problema (superfcies dos condutores) so divididas em
elementos nos quais as densidades de cargas ou correntes so tidas como funes
polinomiais de coeficientes desconhecidos. As equaes integrais de contorno
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relacionadas aos potenciais e campos, eltricos ou magnticos, podem ento ser
resumidas a sistemas algbricos que so ajustados de acordo com as condies de
contorno existentes (potenciais ou correntes nos condutores e no solo). Finalmente,
aps a soluo dos coeficientes desconhecidos, as equaes integrais podem ser
novamente utilizadas para calcular, de forma numrica, a soluo em qualquer ponto do
espao (MORITA, KUMAGAI e MAUTZ, 1990) (HARRINGTON, 1993).
Em aplicao, o MSC pode ser considerado como uma verso simplificada do
MoM (IEEE WORKING GROUP, 1979), envolvendo, no entanto, uma quantidade reduzida
de equaes lineares, com menor custo computacional (FAIZ e OJAGHI, 2002). Assim,
apesar dessas tcnicas terem suas primeiras aplicaes em LTs relativamente na mesma
poca, na dcada de 70, isto justifica o fato do MSC ter se tornado mais popular do que o
MoM. Alguns trabalhos com aplicaes para o MoM em problemas de cmputo de
campos eltricos e magnticos em LTs podem ser consultados atravs de (SPIEGEL,
1977), (SIMPSON e BRICE, 1987), (CHENG e CAO, 2000), (LIU, RUAN, et al., 2002), (YU,
SHAN e DAI, 2007) e (TIH, TRKULJA e BERBEROVI, 2013). J para o MEC, os seguintes
trabalhos podem ser consultados (GUTFLEISH, SINGER, et al., 1994), (KRAJEWSKI,
1995), (EL-MAKKAWY, 2007), (SILVA FILHO, 2008), (SERTELLER, 2011) e (OLIVEIRA,
2011).
Enquanto o MEC e o MoM solucionam numericamente o problema dado atravs
de seu formato integral, analisando apenas as fronteiras dos condutores, os demais
mtodos numricos apontados, o MDF e o MEF, buscam a soluo atravs da sua forma
diferencial, tratando grande parte do espao envolvendo a LT.
O MDF consiste em admitir uma grade de ns no espao ao entorno dos
condutores, nos quais a equao diferencial parcial do problema (equao de Poisson)
aproximada por coeficientes de diferenas (diferenas finitas). Aps considerar as
condies de contorno (potenciais conhecidos nos condutores e solo) no sistema
algbrico obtido, os potenciais em todos os ns podem ser solucionados, e seus
gradientes novamente aproximados por diferenas finitas para determinao dos
campos eltricos ou magnticos em todo o domnio ao redor das linhas (SADIKU, 2001).
Apesar do MDF ser a mais antiga dentre as tcnicas numricas indicadas, no
tratamento de campos eltricos e magnticos em LTs a sua utilizao bastante escassa
na literatura. A justificativa para isso que, uma vez sendo necessrio pelo mtodo
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35
solucionar os potenciais de toda a regio espacial ao entorno dos condutores, e no
somente nos locais desejados, a eficincia de soluo bastante baixa. Em comparao
ao MEF, cuja eficincia de soluo equiparvel, o MDF tem maior dificuldade em
considerar objetos com complexidades geomtricas ou compostos por materiais
diferentes, sendo, portanto, preterido. Algumas aplicaes para o MDF so fornecidas
atravs dos trabalhos de (ELHIRBAWY, NGUYEN, et al., 2002), (RAMLI, ABD-
ALHAMEED, et al., 2011), (RAMLI, ABD-ALHAMEED, et al., 2013).
Das tcnicas numricas indicadas, resta ainda apresentar o MEF, o qual tem seu
histrico de aplicao em sistemas de transmisso evidenciado de maneira mais
detalhada no prximo tpico, uma vez que este o mtodo tratado no restante do
trabalho.
2.2. Aplicao do Mtodo dos Elementos Finitos em Sistemas de Transmisso
Dentre os mtodos empregados em simulao numrica, de maneira geral, o MEF
tido como o mais popular, devido a sua versatilidade em lidar com problemas
complexos de diversas naturezas, envolvendo meios fsicos com materiais no lineares e
em domnios com maior complexidade geomtrica (JIN, 2002). No entanto, com exceo
a sua utilizao para o designe de isoladores, tal como retrata (SILVA, OLIVEIRA, et al.,
2013), em sistemas de transmisso a sua aplicao acanhada, comparativamente aos
demais mtodos analticos e semi-analticos relatados.
O MEF foi utilizado inicialmente no campo da anlise estrutural, motivado pela
soluo de problemas da engenharia civil e aeronutica na dcada de 50, sendo aplicado
em problemas eletromagnticos somente nos fins da dcada 60, com os trabalhos de
(WINSLOW, 1965), relativo ao cmputo de campos magnetostticos, e de (SILVESTER,
1969), aplicado modelagem de guias de ondas na presena de meios homogneos. O
desafio de adequar o MEF s aplicaes quase-estticas aparece, inicialmente, na
resoluo de problemas de mquinas eltricas (SILVESTER, CABAYAN e BROWNE,
1973).
At a dcada de 90, embora o MEF j tivesse se estabelecido como uma robusta
ferramenta numrica para resoluo de problemas eletromagnticos de grande
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36
complexidade, conforme contextualizado em (MESQUITA, 1990), comparativamente s
outras possibilidades de aplicaes, poucos so os estudos encontrados na literatura
sobre a utilizao prtica do MEF em problemas de cmputo de campo eltrico ou
magntico em LTs.
No estudo de (ANDERSEN, 1977) o clculo de potenciais eltricos complexos em
alta tenso realizado pelo MEF. Em (TAKUMA, IKEDA e KAWAMOTO, 1981), efetuado
o clculo da distribuio do campo eltrico e do fluxo de ons ao redor dos condutores de
linhas de alta tenso mono e bipolar, em corrente contnua, sendo levada em
considerao a incidncia de ventos. J o clculo de campos eltricos para o designe de
isoladores encontrado no trabalho de (CROWLEY, HURWITZ, et al., 1985).
A partir da dcada de 90, devido a maior disponibilidade dos recursos
computacionais, o nmero de publicaes utilizando o MEF no estudo eletromagntico
das LTs passa a ser maior, com a ocorrncia crescente de aplicaes.
Assim, o uso do MEF no clculo dos campos eltricos e magnticos ao entorno de
LTs de alta tenso em CA, operando em regime permanente e em baixas frequncias,
pode ser encontrado em (HAMEYER, MERTENS e BELMANS, 1995), (PASARE, 2008 (1)),
(PASARE, 2008 (2)) e (RAZAVIPOUR, JAHANGIRI e SADEGHIPOOR, 2012). Nos trabalhos
de (HAMEYER, MERTENS e BELMANS, 1996) e (MARCOS SILVA, 2010) ainda realizado
o cmputo tridimensional desses campos, atravs da composio de solues
bidimensionais, em planos transversais da linha, segundo a catenria dos cabos. Em
todos os trabalhos, os resultados de campo a uma altura de 1 metro do nvel do solo so
validados atravs da comparao com outros mtodos analticos, ou ainda por meio de
medies fsicas em linhas reais. Os estudos revelam boa preciso para os resultados
alcanados pelo MEF, indicando que este pode ser til ao designe de LTs com diferentes
configuraes geomtricas.
Em (MATIAS e RAIZER, 1997), a anlise tridimensional do campo eltrico das
LTs realizada atravs do clculo de potenciais escalares complexos, utilizando
elementos tetradricos pelo MEF. Os resultados obtidos so validados atravs do MSC.
Tal modelo ento utilizado para computar o campo eltrico em situaes de
cruzamento de linhas de transmisso e de distribuio, ou ainda analisando a presena
de residncias embaixo da linha. destacado neste trabalho que nenhum outro estudo
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37
pde ser localizado na literatura, com resultados para situaes similares s analisadas,
revelando potencialidades do MEF em novas aplicaes das LTs.
Em (SATSIOS, LABRIDIS e DOKOPOULOS, 1998), pesquisado o campo
magntico e a corrente induzida em gasodutos subterrneos paralelos s linhas de
transmisso, com anlises para ocorrncias de curto-circuitos. O solo considerado a
partir de modelos no homogneos. Os resultados demonstram que o MEF capaz de
modelar problemas diversificados com maior facilidade.
Em (MUFTI, AL-HAMOUZ e ABDEL-SALAM, 1999), o efeito corona em linhas de
transmisso CC monopolares analisado pelo MEF. A variao da carga inica espacial e
a densidade de corrente induzida no solo so tomados para avaliao dos perfis de
campo eltrico. Os resultados obtidos so compatveis aos valores medidos
experimentalmente, sendo o fluxo de carga por efeito corona menor do que aquele
obtido por outros mtodos empricos, que consideram a carga inica espacial constante.
Em (TRIANTAFYLLIDIS, PAPAGIANNIS e LABRIDIS, 1999), o MEF utilizado para
calcular a matriz de impedncias de uma LT, considerando as irregularidades do solo e
analisando a dependncia com a frequncia de operao. As variveis de campo so
relacionadas com a matriz de impedncia das componentes simtricas da LT, e os
resultados so comparados com aqueles obtidos atravs do software EMTP. A
possibilidade de considerar modelos de solo mais realsticos e a adequada topografia
dos terrenos, revela ser interessante ao estudo de transitrios eletromagnticos das LTs
pelo MEF.
Em (LU, FENG, et al., 2007), a anlise de cargas inicas ao redor dos condutores e
os campos eltricos ao nvel do solo produzidos por LTs com feixes mltiplos de ultra
alta tenso (>800 kV), em corrente contnua (HVDC), so analisados atravs do MEF.
Este tipo de linha bastante atraente para transmisses de energia a longas distncias,
sendo que os aspectos de eficincia e segurana da LT adequadamente avaliados e
garantidos pelos resultados obtidos, para a configurao de linha avaliada.
Dos ltimos desenvolvimentos disponveis na literatura para o MEF,
apresentado um modelo de cmputo de campos eltricos e magnticos, o qual
realizado diretamente atravs da equao de onda (equao de Helmholtz) nos
trabalhos de (PAO-LA-OR, ISARAMONGKOLRAK e KULWORAWANICHPONG, 2008),
(TUPSIE, ISARAMONGKOLRAK e PAO-LA-OR, 2009) e (DHANALAKSHMI, KALAIVANI e
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SUBBURAJ, 2011). Tal modelo empregado, dentre outras aplicaes, para orientao
das sequncias de fases na transposio das linhas, bem como na anlise dos campos
eltricos e magnticos em situaes de curto-circuito. No fica claro pelos trabalhos
como as consideraes de condio de contorno nos condutores tomada pela
metodologia sugerida.
2.3. Comparativo das Tcnicas de Cmputo
Diante das diferentes possibilidades de tcnicas para a soluo dos campos
eltricos e magnticos das LTs, necessrio empreender uma comparao entre as
metodologias descritas.
De modo geral, cada uma das tcnicas apresentadas tm caractersticas prprias,
com vantagens e desvantagens inerentes. As tcnicas analticas e semi-analticas so
conceitualmente mais simples, com implementao computacional eficiente (baixo
tempo de processamento), mas ao mesmo tempo em que no so aplicveis ou
conduzem a resultados no eficazes em um nmero maior de situaes mais complexas.
As tcnicas numricas integrais permitem solucionar uma gama maior de casos, com
razovel eficincia (mdio tempo) de soluo, e apenas tratando as fronteiras do
domnio, enquanto que no so aplicveis no tratamento de problemas envolvendo
composies de materiais mais complexos, no lineares. Por fim, as tcnicas numricas
diferenciais tm maior facilidade de lidar com geometrias complexas, em uma
diversidade ainda maior de problemas, porm com um custo computacional de soluo
bastante ineficiente quando comparado aos demais mtodos. Assim, apenas com base
nos detalhes dos problemas existentes, uma tcnica pode ser preferida, e mesmo ainda,
ter possibilidades de soluo vivel (a mesma pode no ser aplicvel, ou pode no ser
precisa quanto aos resultados, ou pode demandar um tempo muito grande de soluo).
No presente trabalho o MEF escolhido devido necessidade de avaliar
possibilidades para uma implementao computacional mais eficiente, atravs de
estudos de sensibilidade mais apurados, sugerindo a utilizao da tcnica em situaes
em que os mtodos analticos so impraticveis. Nenhum trabalho encontrado na
literatura serviu a este intuito orientativo, ofuscando a viabilidade de aplicao prtica
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do MEF no cmputo de campos eltricos e magnticos das LTs, uma vez que o mesmo se
mostra dispendioso em relao ao tempo de processamento computacional, para
apresentao de bons resultados, quando em comparao as demais tcnicas.
importante frisar ainda que uma tendncia atual a de combinar duas tcnicas
distintas, culminando em alternativas que possam ser ao mesmo tempo eficientes e
eficazes, em casos de estudo mais complexos. Exemplos dessas possibilidades podem ser
vistos entre o MDF e o MSC em (ABDEL-SALAM e EL-MOHANDES, 1989); entre o MEC e
o MSC em (KRAJEWSKI, 1998) e (KRAJEWSKI, 2010); e tambm entre o MEF e o MSC
atravs de (AL-HAMOUZ, 1998) e (LI, ROWLAND e SHULTLEWORTH, 2014).
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Captulo 3 Modelagem Eletromagntica de Linhas de Transmisso
3.1. Linhas de Transmisso
As linhas de transmisso so elementos fundamentais do SEP, sendo
responsveis pelo transporte de energia desde as usinas de gerao (usinas hidreltricas
e termeltricas, dentre outras) at os centros de consumo, interligando o sistema
eltrico de regies distintas e oferecendo confiabilidade ao fornecimento de energia.
O desempenho e o comportamento eltrico de uma linha area de transmisso
dependem de sua geometria e das caractersticas fsicas (portanto, tambm geogrficas)
do meio no qual a mesma est inclusa (FUCHS, 1979). A figura (3.1) apresenta os
principais itens componentes das LTs (feixe de condutores das fases, cabos para-raios,
espaadores, cadeia de isoladores e torre), enquanto a figura (3.2) oferece uma viso
detalhada a respeito de alguns destes componentes.
Figura 3.1 Componentes de Linhas de Transmisso
Linha de Transmisso 500KV, 4 Condutores por Fase, Adaptado de (FURNAS S.A.)
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Figura 3.2 Detalhe para Componentes de Linhas de Transmisso
(a) Cabo Condutor, (b) Espaador, (c) Cadeia de Isoladores (FURNAS S.A.)
Os cabos condutores das fases constituem os elementos ativos das LTs. Estes so
sustentados pelas estruturas das torres por meio de cadeias de isoladores, cuja funo
a de manter os condutores suspensos e isolados eletricamente das estruturas suportes,
principalmente durante a ocorrncia de sobretenses advindas de manobras de curta
durao ou por ocorrncia de descargas atmosfricas, evitando assim dissipao da
energia atravs das estruturas da linha.
Em situaes onde se tem mais de um condutor por fase, existe a necessidade de
utilizao de ferragens ou espaadores, conforme ilustra a figura (3.2b). Estes ditam o
formato dos feixes de fase, mantendo certa distncia entre os subcondutores. Na parte
superior das estruturas das LTs podem tambm estar localizados cabos para-raios, os
quais se destinam a proteo dos condutores de fase contra a incidncia direta de
descargas atmosfricas.
Para o transporte de energia, nos sistemas de transmisso, o nvel de tenso
necessita ser elevado por meio de transformadores nas subestaes. Isto reduz
substancialmente a corrente de linha e proporciona a diminuio de perdas de energia,
bem como, possibilita a reduo da seo de bitola dos cabos. A diminuio das bitolas
dos cabos, por sua vez, responsvel por grande economia na construo das linhas,
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devido diminuio dos esforos mecnicos sob as estruturas do sistema (FUCHS e
ALMEIDA, 1982).
As instalaes de transmisso de energia eltrica so fontes de campos eltricos e
magnticos devido presena, respectivamente, de correntes e tenses eltricas
operando em regime alternado senoidal. Portanto, o conhecimento dos nveis destes
campos gerados um fator importante de sua modelagem, fornecendo informaes
essenciais para a segurana das pessoas e equipamentos existentes em sua proximidade,
bem como garantindo um bom desempenho do transporte de energia. Estes campos so
entendidos e descritos atravs das equaes de Maxwell.
3.2. Campos Eletromagnticos gerados por Linhas de Transmisso
3.2.1. Equaes de Maxwell
As Equaes de Maxwell constituem um conjunto de quatro leis fundamentais do
eletromagnetismo, e as quais so apresentadas abaixo em sua forma diferencial,
considerando campos harmnicos no tempo (HAYT JR. e BUCK, 2012):
Lei de Faraday: . = j12 (3.1)
Lei de Ampre: 3 = 4 + j16 (3.2)
Lei de Gauss do Magnetismo: 2 = 0 (3.3)
Lei de Gauss: 6 = 7 (3.4)
Nestas equaes, todas as grandezas denotadas em negrito correspondem a
quantidades fasoriais complexas, as quais so funes apenas da posio espacial. A lei
de Faraday (3.1) descreve como densidades de fluxo magntico 2 produzem distribuies espaciais de campos eltricos .. A lei de Ampre (3.2) descreve como densidades de correntes de conduo 4 e densidades de fluxo eltrico 6 produzem distribuies espaciais de campos magnticos 3. A lei de Gauss do magnetismo (3.3)
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afirma a no existncia de cargas ou monoplios magnticos, sendo o campo magntico
caracterizado por um campo vetorial solenoidal. Por fim, a lei de Gauss (3.4) associa a
densidade de fluxo eltrico s densidades espaciais de cargas eltricas 7 existentes. ainda percebido que as equaes (3.1) e (3.2) demonstram a interdependncia dos
campos eltricos e magnticos, quando em suas formas harmnicas temporais.
Para associar o comportamento dos campos eltricos e magnticos nos diferentes
meios materiais, algumas relaes ainda so adicionadas. Assim, a condutividade
eltrica 8, a permeabilidade 9 e a permissividade : dos meios influenciam, respectivamente, as densidades de corrente de conduo, e de fluxo magntico e eltrico
conforme as seguintes relaes constitutivas, escritas para meios lineares, homogneos
e isotrpicos (HAYT JR. e BUCK, 2012):
4 = 8. (3.5)
2 = 93 (3.6)
6 = :. (3.7)
Por fim, na fronteira entre dois materiais com caractersticas constitutivas
diferentes, o comportamento do campo eletromagntico obedece s condies de
interface (HAYT JR. e BUCK, 2012):
n& (2= 2>) = 0 (3.8)
n& (3= 3>) = @ (3.9)
n& (4= 4>) = j18 (3.10)
n& (.= .>) = 0 (3.11)
Nestas equaes, os subscritos 1 e 2 identificam dois meios materiais distintos.
A equao (3.8) estabelece a continuidade da componente normal das densidades de
fluxo magntico na passagem entre os meios. Por sua vez, a equao (3.9) estabelece
que, na presena de uma densidade linear de corrente @ sobre a interface de separao
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entre os meios, as componentes tangenciais do campo magntico so descontnuas por
essa mesma quantidade. A equao (3.10) equivalente equao de continuidade, a
qual afirma a conservao de cargas na superfcie entre os dois meios. Por fim, a equao
(3.11) estabelece a continuidade da componente tangencial campo eltrico na fronteira
entre meios com propriedades constitutivas diferentes.
A soluo das equaes de Maxwell, juntamente das relaes constitutivas e de
interfaces, em cada problema especfico no trivial, devido necessidade de
dese