caderno 7 - trânsito questão de cidadania

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Trnsito, questo de cidadania

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Novembro de 2004

Ministrio das Cidades

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL LUIZ INCIO LULA DA SILVA Presidente

MINISTRIO DAS CIDADES OLVIO DUTRA Ministro de Estado ERMNIA MARICATO Ministra Adjunta e Secretria-Executiva JORGE HEREDA Secretrio Nacional de Habitao RAQUEL ROLNIK Secretria Nacional de Programas Urbanos ABELARDO DE OLIVEIRA FILHO Secretrio Nacional de Saneamento Ambiental JOS CARLOS XAVIER Secretrio Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana JOO LUIZ DA SILVA DIAS Presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU AILTON BRASILIENSE PIRES Diretor do Departamento Nacional de Trnsito Denatran MARCO ARILDO PRATES DA CUNHA Presidente da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre Trensurb

APRESENTAO

A criao do Ministrio das Cidades representa o reconhecimento do Governo do presidente Luiz Incio Lula da Silva de que os imensos desaos urbanos do pas precisam ser encarados como poltica de Estado. Atualmente cerca de 80% da populao do pas mora em rea urbana e, em escala varivel, as cidades brasileiras apresentam problemas comuns que foram agravados, ao longo dos anos, pela falta de planejamento, reforma fundiria, controle sobre o uso e a ocupao do solo. Com o objetivo de assegurar o acesso moradia digna, terra urbanizada, gua potvel, ao ambiente saudvel e mobilidade com segurana, iniciamos nossa gesto frente ao Ministrio das Cidades ampliando, de imediato, os investimentos nos setores da habitao e saneamento ambiental e adequando programas existentes s caractersticas do dcit habitacional e infra-estrutura urbana que maior junto a populao de baixa renda. Nos primeiros vinte meses aplicamos em habitao 30% a mais de recursos que nos anos de 1995 a 2002; e no saneamento os recursos aplicados foram 14 vezes mais do que o perodo de 1999 a 2002. Ainda pouco. Precisamos investir muito mais. Tambm incorporamos s competncias do Ministrio das Cidades as reas de transporte e mobilidade urbana, trnsito, questo fundiria e planejamento territorial. Paralelamente a todas essas aes, iniciamos um grande pacto de construo da Poltica Nacional de Desenvolvimento Urbano PNDU, pautado na ao democrtica, descentralizada e com participao popular, visando a coordenao e a integrao dos investimentos e aes. Neste sentido, foi desencadeado o processo de conferncias municipais, realizadas em 3.457 dos 5.561 municpios do pas, culminando com a Conferncia Nacional, em outubro de 2003, e que elegeu o Conselho das Cidades e estabeleceu os princpios e diretrizes da PNDU. Em consonncia com o Conselho das Cidades, formado por 71 titulares que espelham a diversidade de segmentos da sociedade civil, foram elaboradas as propostas de polticas setoriais de habitao, saneamento, transporte e mobilidade urbana, trnsito, planejamento territorial e a PNDU.

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

Como mais uma etapa da construo da poltica de desenvolvimento, apresentamos uma srie de publicaes, denominada Cadernos MCidades, para promover o debate das polticas e propostas formuladas. Em uma primeira etapa esto sendo editados os ttulos: PNDU; Participao e Controle Social; Programas Urbanos; Habitao; Saneamento; Transporte e Mobilidade Urbana; Trnsito; Capacitao e Informao. Com essas publicaes, convidamos todos a fazer uma reexo, dentro do nosso objetivo, de forma democrtica e participativa, sobre os rumos das polticas pblicas por meio de critrios da justia social, transformando para melhor a vida dos brasileiros e propiciando as condies para o exerccio da cidadania. Estas propostas devero alimentar a Conferncia Nacional das Cidades, cujo processo ter lugar entre fevereiro e novembro de 2005. Durante este perodo, municpios, estados e a sociedade civil esto convidados a participar dessa grande construo democrtica que a Poltica Nacional de Desenvolvimento Urbano.

Olvio DutraMinistro de Estado das Cidades

TRNSITO SEGURO E HUMANO

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O TRNSITO NO BRASIL E NO MUNDO

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A POLTICA NACIONAL DE TRNSITO

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O SISTEMA NACIONAL DE TRNSITO

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O DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRNSITO

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RESOLUES DO CONTRAN 2003/2004

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CONCLUSO

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

TRNSITO SEGURO E HUMANO

O Ministrio das Cidades procura levar para a sociedade brasileira uma nova forma de ver, entender e fazer trnsito. Queremos introduzir novos conceitos para mostrar que trnsito uma questo de cidadania. uma ferramenta de gesto para a construo de cidades mais inclusivas e com maior qualidade de vida. O acidente de trnsito no existe, pois acidente algo inevitvel, como uma intemprie. Pensando dessa forma podemos concluir que o acidente de trnsito algo que podemos evitar e para tal necessitamos mostrar sociedade que as variveis que o envolvem so perfeitamente controlveis e esto sob domnio de qualquer cidado. Tentamos por intermdio de nosso trabalho, indicar que este governo quer entender o trnsito como conseqncia inevitvel de um conjunto de causas que, isoladamente ou agrupadas, justicam o acidente. Aqui comea nosso compromisso, pois quem no prepara as pessoas por meio de projetos de educao de trnsito desde o ensino fundamental at o superior: no habilita os candidatos a condutores a no serem meros operadores de mquinas; no capacita seus rgos e/ou entidades de trnsito, sejam urbanos ou rodovirios, na arte da engenharia de trfego; no cria critrios, procedimentos para operar, scalizar e policiar a circulao de pessoas e veculos e, no se comunica com a comunidade alertando para situaes de risco, ou ainda, no estimula posturas adequadas de segurana; s poder obter, com o crescimento da populao e do nmero de veculos, o crescimento inevitvel do nmero de acidentes e acidentados. Como veremos nesse caderno, o descolamento das curvas que indicam os crescimentos da populao e da frota, da curva de vitimas fatais, comea a ser observado somente aps a entrada em vigor do Cdigo de Trnsito Brasileiro, em 22 de janeiro de 1998. O trnsito neste governo est sendo tratado como uma das bases do trip formado pelo uso e ocupao do solo e pelo transporte de pessoas e de cargas. Desta forma, propomos uma nova estrutura ao SNT Sistema Nacional de Trnsito, uma forma que no apenas o operacionalize, mas tambm permita maior agilidade, comprometimento, conabilidade e qualidade nas suas decises. Vrias aes j foram empreendidas durante esta administrao visando aperfeioar a atuao dos rgos de trnsito componentes do SNT, dotando-os dos instrumentos para se integrarem tendo como foco o cidado e a cidad, e a construo de um ambiente seguro por meio do trnsito. As decises sobre os rumos do SNT agora so tomadas segundo um processo democrtico, com ampla participao dos rgos e entidades que compem o sistema, cujo perl institucional est assim delineado: Criao da Cmara Interministerial de Trnsito pelo Decreto n 4.710, de 29 de maio de 2003; Atribuio ao Ministrio das Cidades da coordenao mxima do Sistema Nacional de

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Trnsito, e redefinio da composio do Conselho Nacional de Trnsito Contran, presidido pelo dirigente do rgo mximo executivo de trnsito da Unio Denatran; Criao do Frum Consultivo do Sistema Nacional de Trnsito pela Resoluo n 142, de 26 de maro de 2003; Retomada das atividades das Cmaras Temticas, criadas pelo art. 13 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, que desde junho de 2003 vm se reunindo mensalmente, depois de uma paralisao de quase dois anos; Realizao de reunies sistemticas entre o Denatran e os Conselhos Estaduais de Trnsito, com as Secretarias Municipais e com os dirigentes dos Detran.

Cabe salientar que, alm das modicaes feitas institucionalmente, visando democratizar o Sistema Nacional de Trnsito, o novo Denatran procura alertar as autoridades e a sociedade civil para as conseqncias desastrosas da continuidade do modelo institudo no pas durante as ltimas dcadas. Os muitos projetos em curso nesse governo se apiam em grande parte na conscincia adquirida pelos cidados e pelas cidads de que responsabilidade de todos e de todas contribuir para aprimorar o convvio nas cidades e nas estradas e rodovias deste pas. Como principais programas e projetos podemos citar: Programa de Educao para a Cidadania no Trnsito PECT: o programa tem por base a relao educao-cidadania-trnsito e a necessidade de se modicar atitudes e comportamentos da populao brasileira para uma convivncia harmoniosa com o trnsito; Inspeo Tcnica de Segurana Veicular ITV: o Cdigo de Trnsito Brasileiro em seu artigo 104 estabelece a obrigatoriedade da inspeo tcnica veicular, delegando ao Conselho Nacional de Trnsito Contran a responsabilidade pela sua regulamentao. No artigo 131, o Cdigo estabelece a necessidade de aprovao dos veculos no programa de inspeo veicular como condio necessria para seu licenciamento anual; Identicao Automtica de Veculos IAV: Os veculos automotores para circularem em via pblica devem ser registrados e licenciados, cabendo aos rgos de trnsito estaduais a scalizao dessas condies. Hoje, as informaes fornecidas pelos Detrans do conta de que 30% da frota nacional de veculos no so licenciados anualmente, o que representa cerca de 10 milhes de veculos. O sistema de identicao automtica de veculos possui caractersticas tecnolgicas tais que permitem aos agentes de trnsito a identicao imediata dos veculos trafegando em condies irregulares na via pblica ou que estejam identicados no cadastro de roubo e furto; Municipalizao: As atribuies e competncias do rgo mximo executivo de trnsito da Unio, relacionadas no artigo 19 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, incluem o acompanhamento dos rgos integrados ao SNT, mediante visitas e aplicao de estratgias denidas segundo projeto especco; a programao de campanhas educativas; a organizao, elaborao, complementao e alterao de manuais e normas de projetos; a implementao da sinalizao dos dispositivos e equipamentos de trnsito aprovados pelo Contran; a elaborao e distribuio de contedos programticos para a educao de trnsito; Registro Nacional de Informaes Interestaduais Renainf: Comeou a ser implantado pela resoluo n 155 de 28 de janeiro de 2004, atualmente est implantado em 6 (seis) Unidades

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da Federao, e dever at o nal do ano estar implantado em mais 14 (quatorze) Unidades da Federao; Sistema Nacional de Estatsticas de Trnsito Sinet: As estatsticas de trnsito so fundamentais para a denio de prioridades nas aes de preveno dos acidentes e suas conseqncias para os trs nveis da Administrao Pblica e tambm para a sociedade civil. As estatsticas so necessrias para justicar a alocao de recursos e, uma vez executadas as aes, para a vericao de sua eccia; Programa de Capacitao para Prossionais do Sistema Nacional de Trnsito: A estruturao de um rgo executivo de trnsito exige a organizao de equipes para responder pela engenharia de trfego, pela operao e scalizao, pela administrao da arrecadao de multas, pela gesto de trnsito e para a implementao da educao de trnsito em suas respectivas reas de atuao. Por ausncia quase total do desenvolvimento das atividades de engenharia de trfego, operao e scalizao do trnsito em todo o pas, anteriores municipalizao do trnsito, a grande maioria dos recm-criados rgos municipais conta com prossionais com pouco ou quase nenhum tipo de capacitao especca para o exerccio de suas funes. Poucas foram as iniciativas nacionais voltadas para a formao de agentes de trnsito, dos engenheiros e tcnicos de trnsito, de educadores, gestores, etc.

Enfim, os objetivos e metas que pretendemos alcanar para o Sistema Nacional de Trnsito esto alicerados na Poltica Nacional de Trnsito, parte integrante desse caderno, preconizada em diversos dispositivos do Cdigo de Trnsito Brasileiro, e que finalmente aps 7 (sete) anos foi entregue a sociedade, no ltimo dia 23 de setembro de 2004 pelo Ministro das Cidades, Olvio Dutra. A Poltica Nacional de Trnsito considera como marco referencial todo um conjunto de fatores histricos, culturais, sociais e ambientais que caracteriza a realidade brasileira, e integra objetivos, diretrizes e estratgias que buscam traduzir valores, princpios, aspiraes e anseios da sociedade, em busca da promoo e da expanso da cidadania, da incluso social, da reduo das desigualdades e do fortalecimento da democracia. Enm, queremos propor um outro enfoque para o trnsito, queremos que ele seja uma meta dos governos federal, estaduais e municipais e de toda a sociedade. Assim como a esperana venceu o medo, a vontade de mudar precisa vencer a descrena; por isso, editamos o presente caderno e convocamos todos a se unirem a ns pela construo de um novo estgio de cidadania por intermdio de um trnsito mais seguro e mais humano.

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O trnsito no Brasil e no mundo

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Pgina anterior Prmio Denatran Rodrigo dos Santos de Souza Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais/Apae Lauro de Freitas/BA

O sistema de trnsito ocupa um papel de destaque sob o aspecto social e econmico, na medida em que envolve, no dia-a-dia, praticamente os cidados e cidads de todo o mundo, no exerccio do seu direito de ir e vir, de se locomover livremente para satisfao de suas necessidades, em busca de seu bem-estar e o da comunidade em que vive. Diversos so os meios de locomoo por via terrestre que envolvem diretamente o cidado e o transporte de vrios produtos em seu benefcio. Tais dinmicas, intensas e ininterruptas, caracterizam o trnsito em seus desdobramentos urbanos, regionais e nacionais, o qual se organiza em um sistema nacional que deve produzir resultados focados no cidado. Essas dinmicas geram inmeros problemas, desaando governos e toda a coletividade para a sua soluo. Tais problemas traduzem-se, por exemplo, em elevadas taxas de ocorrncia e de severidade de acidentes de trnsito, em congestionamentos e na degradao do ambiente urbano, inuenciando negativamente a qualidade de vida da populao. No estudo Impactos Sociais e Econmicos dos Acidentes de Trnsito nas Aglomeraes Urbanas Brasileiras (Ipea/Denatran/ANTP), publicado em 2003, citado que os acidentes so, no mundo, a principal causa de morte entre as pessoas de 16 a 24 anos. O custo total estimado em 162 bilhes de ECU1 (Ministry of Public Works and Water Management, 1996). Os dados europeus mostram ainda que o nmero de anos perdidos por acidentes de trnsito menor apenas que aqueles perdidos por doenas cardacas e vasculares e maior do que os anos perdidos por causa do cncer. Uma em cada dez pessoas envolvidas

em acidentes de trnsito apresenta sintomas psicotraumticos mais ou menos severos, que permanecem por um longo tempo aps o acidente (Swov, 1993). Nas reas urbanas, os nmeros so preocupantes. Sob a perspectiva social, estudos nos pases em desenvolvimento mostram que os pedestres, ciclistas e motociclistas representam 56% a 74% dos mortos no trnsito. Essa a maior diferena com respeito aos pases desenvolvidos, onde, de acordo com os dados do Banco Mundial, o percentual de mortes de pedestres em relao ao total de mortes no trnsito signicativamente menor (20% na Europa/EUA) do que o registrado na Amrica Latina (60%), na frica (45%), no Oriente Mdio (51%) e na sia (42%)2. De acordo com a Organizao Mundial de Sade3 OMS, os pases so diferentes em seus padres de utilizao das estradas e nos tipos de acidentes e seqelas, e tambm na realizao de aes de preveno e reduo. Na maioria dos pases desenvolvidos, os carros fazem a maior parte do trfego nas estradas. J nos pases subdesenvolvidos e em desenvolvimento, pedestres, motonetas, motocicletas so mais comuns. Nesses pases o transporte pblico, tais como vans, mininibus, nibus e outros de duas ou trs rodas so difundidos. Em alguns desses veculos, os passageiros permanecem em p ou sentados em locais no designados ou apropriados em termos de segurana. Essas diferenas tm um importante impacto na ocorrncia dos acidentes entre os diferentes tipos de usurios das estradas. Pedestres, ciclistas e motociclistas so menos protegidos. Correm maior risco do que

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European Currency Unit. Impactos Sociais e Econmicos dos Acidentes de Trnsito nas Aglomeraes Urbanas Brasileiras, Ipea/Denatran/ANTP 2003.

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The World Report on Road Trac Injury Prevention: Summary 2004. Publicao conjunta da Organizao Mundial de Sade e do Banco Mundial. Traduo livre.

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os motoristas e os passageiros de carros e grandes veculos sendo denominados pelos especialistas de trnsito de usurios vulnerveis das estradas. Em 2003, um estudo do Conselho Europeu de Segurana nas Estradas (European Road Safety Council) demonstrou que para cada quilmetro rodado nas estradas dos pases da Unio Europia, uma pessoa de bicicleta oito vezes mais propensa a ser morta do que uma pessoa em um carro; um pedestre nove vezes e um motociclista vinte vezes mais propenso a ser morto. Mais uma vez, esses padres so diferentes nos diversos pases. A OMS aponta ainda que os idosos e as crianas so os mais frgeis no contexto do trnsito. Os primeiros por serem menos alertas e mais lentos. Os idosos em geral apresentam grande chance de se envolverem em acidentes sendo mais propensos mortalidade ou a conseqncias mais graves. Outro aspecto ressaltado pela OMS a rede formada pelas pessoas diretamente relacionadas amigos, vizinhos, parentes, empregados, professores s vtimas fatais e aos gravemente feridos em acidentes de trnsito considerados vtimas primrias. Todos envolvidos na rede podem experimentar transtornos de sade fsica, psicolgica ou social de curta ou longa durao, todos podem ser afetados em maior ou menor grau. Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 100 milhes de famlias esto sofrendo com as mortes e seqelas irreversveis de seus membros vtimas de acidentes de trnsito, recentemente ou no passado.

composta por empresas multinacionais e nacionais montadoras e de autopeas, sendo que a produo de automveis corresponde a mais de 80% da produo. No obstante esses dados, nas reas urbanas onde reside a imensa maioria da populao o percurso a p somado ao uso do nibus constituem as formas dominantes de deslocamento.FROTA DE VECULOS NO BRASIL

Os ndices de acidentes de trnsito tm se mostrado uma grave questo. A incompatibilidade entre o ambiente construdo das cidades, o comportamento dos motoristas, o grande movimento de pedestres sob condies inseguras faz o Brasil deter um dos mais altos ndices de acidentes de trnsito em todo o mundo. A gravidade do problema se revela tanto no nmero absoluto de acidentes quanto nas taxas proporcionais frota veicular e s populaes consideradas. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trnsito, os acidentes no pas entre 1961 e 2000 multiplicaram-se por 15, enquanto o nmero de mortes aumentou 6 vezes. A taxa de bitos por habitantes cresceu nas duas primeiras dcadas do perodo em questo, apresentando tendncia de queda nas duas ltimas, assim como o ndice de mortes por veculo. No obstante tais quedas, os nmeros mantm-se preocupantes.

O TRNSITO NO BRASILNo Brasil, estima-se uma frota aproximada de 36 milhes de veculos 70% dos quais se concentram nas Regies Sul e Sudeste do pas. A indstria automotiva brasileira

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O IMPACTO DA RESTRIO DE MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE SOBRE A ECONOMIA EM DEZ CIDADES PESQUISADAS EM ESTUDO DA IPEA/ANTP ESTIMOU QUE OS GASTOS RESULTANTES DOS CONGESTIONAMENTOS CHEGAM A R$ 450 MILHES POR ANO

Os custos relacionados aos acidentes em reas urbanas (no incluindo, portanto, os casos que ocorrem em rodovias) foram estimados em cerca de 5,3 bilhes de reais, sendo 3,6 bilhes de reais somente nos 49 maiores conglomerados urbanos4. Disso decorreram situaes crnicas de congestionamento e suas conseqncias nas atividades urbanas. O impacto da restrio de mobilidade e acessibilidade sobre a economia em dez cidades pesquisadas em estudo da Ipea/ANTP (1998) estimou que os gastos resultantes dos congestionamentos chegam R$ 450 milhes por ano. Incluindo-se as demais cidades mdias e grandes brasileiras este valor chegaria casa de vrios bilhes de reais anuais. No tocante s ocorrncias em reas nourbanas a situao no , tampouco, confortvel. No obstante as diculdades igualmente signicativas na obteno de dados seguros sobre os acidentes nas estradas, o estado de boa parte da malha rodoviria brasileira sugere o quanto desfavorvel o cenrio. Estimase que o custo total dos acidentes no Brasil, incluindo, portanto, aqueles ocorridos em reas no-urbanas, aproxime-se de 10 bilhes de reais a cada ano. De acordo com os registros estatsticos do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica IBGE, o processo de crescimento das cidades brasileiras apresenta taxas altamente signi-

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Impactos Sociais e Econmicos dos Acidentes de Trnsito nas Aglomeraes Urbanas Brasileiras, Ipea/Denatran/ANTP 2003.

cativas. Nos ltimos 60 anos de 1940 a 2000 a taxa de urbanizao passou de 31,4% para cerca de 78% da populao. Nesse perodo 130 milhes de pessoas passaram a viver em cidades, e so responsveis por cerca de 90% do Produto Interno Bruto PIB. As cidades no Brasil passaram a ser vistas, portanto, como focos de concentrao de atividades e de irradiao de inovaes, funes essas essenciais no contexto do processo de desenvolvimento econmico e social do pas. Acompanhando o crescimento urbano, o fenmeno trnsito passou a ser visto como elemento de preocupao na gesto urbana, principalmente no que se refere melhoria da qualidade de vida nas cidades. Os acidentes de trnsito representam uma das mais freqentes causas de bitos no Brasil5. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, 55% das vtimas fatais situam-se na faixa etria economicamente ativa (de 20 a 49 anos). O ndice de vtimas fatais por 10.000 veculos apresentou uma reduo signicativa do ano de 1997 para 1998 ano em que o Cdigo de Trnsito Brasileiro entrou em vigncia passando de 8,3 para 6,5 vtimas fatais por 10.000 veculos. E, com exceo de 1999, este ndice tem apresentado uma sutil reduo chegando at 6,2 no ano de 2002. Comparando-se com outros pases, percebe-se que no obstante os esforos para reduo dos acidentes de trnsito, o ndice de mortalidade, de 6,8 mortos por 10.000 veculos, referente ao ano de 2000, ainda elevado, se comparado com os apresentados por pases desenvolvidos, inferiores a 3,0 mortes/10.000 veculos : Japo 1,32; Estados Unidos 1,93; Frana 2,35; Alemanha 1,46, conforme dados do Internacional5

Idem.

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POPULAO BRASILEIRA

ACIDENTES COM VTIMAS

Road and Traffic Accident Database IRTAD , 2000.6 O crescimento da frota numa velocidade bem superior quela da populao explica o aumento de cerca de 56% no grau de motorizao entre 1990 e 2001, intensificando a possibilidade de ocorrncia de acidentes. Em consonncia ao descrito pela OMS, no Brasil a mortalidade no o nico indicador de profundos impactos humanos, sociais e econmicos de longo prazo engendrados pelas causas externas. A maior parte das vtimas de acidentes e violncias sobrevive a esses eventos, demandando ateno dos servios de sade. Na ltima dcada, a ttulo de exemplo, para cada morto em acidente de trnsito no Brasil, as estatsticas ociais registraram cerca de 13 feridos. Pouco se sabe e quase nada se fala do expressivo contingente de vtimas nofatais dos vrios acidentes e violncias. Analisar em que circunstncias ocorrem seus ferimentos, em que condies de sade essas pessoas sobrevivem aos eventos traumticos dos quais so vtimas deve ser uma

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Impactos Sociais e Econmicos dos Acidentes de Trnsito nas Aglomeraes Urbanas Brasileiras, Ipea/Denatran/ANTP 2003.

preocupao permanente do gestor pblico. No se dispe de informaes seguras sequer para afirmar que parcela dessas vtimas torna-se portadora de graves incapacidades fsicas e depender, por conseguinte, da assistncia de servios de sade para o resto de suas vidas. Segundo o Ipea, h divergncias entre as estatsticas de acidentes de trnsito utilizadas pelos rgos envolvidos com tais nmeros, bem como entre os rgos locais de trnsito, a Polcia Militar e os rgos locais de sade; divergncias essas que evidenciam a precariedade do registro, coleta e tratamento dos dados de acidentes de trnsito nas reas urbanas. A inexatido das informaes tanto quantitativa, pelo no registro dos acidentes de pequena monta, como qualitativa. comum ocorrer preenchimento incompleto ou incorreto dos boletins de ocorrncia de acidentes de trnsito. Sem falar do desconhecimento das caractersticas e dos custos dos acidentes de trnsito. preciso estabelecer um padro metodolgico para adequada coleta de informaes; e empregar um sistema nacional para coletar e processar essas informaes.

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VTIMAS FATAIS/10.000 VECULOS

ESTIMA-SE QUE O CUSTO TOTAL DOS ACIDENTES NO BRASIL, INCLUINDO, PORTANTO, AQUELES OCORRIDOS EM REAS NO-URBANAS, SE APROXIME DE 10 BILHES DE REAIS A CADA ANO

(DER), normalmente vinculados s Secretarias de Transporte. Ao lado das atividades administrativas de licenciamento de veculos e habilitao de condutores que permanecem no mbito estadual com o novo CTB cada Detran era responsvel pelo planejamento, operao e fiscalizao do trnsito em todas as cidades do seu estado, funes que agora passaram para o mbito municipal, exceo do policiamento ostensivo que prerrogativa da Polcia Militar e da vistoria de segurana dos veculos. Os DERs foram e continuam sendo responsveis pelo planejamento, operao e fiscalizao das rodovias estaduais, estas ltimas em conjunto com a Polcia Rodoviria. Estabeleceu o Cdigo de Trnsito Brasileiro, em 1997, a obrigatoriedade de uma Poltica Nacional de Trnsito que incorporasse os desejos da sociedade brasileira para um trnsito seguro e uma melhor qualidade de vida das pessoas e que trouxesse, em seu bojo, diretrizes para aes concretas de mudana da trgica realidade. Coube a este Governo a vontade poltica de propor, discutir com a sociedade e agora apresentar a Poltica Nacional de Trnsito. Para tanto, ouviu-se toda a sociedade brasileira, a partir de uma ampla discusso em que foram protagonistas entes dos trs nveis de governo federal, estadual e municipal, representantes de entidades da sociedade civil organizada e cidados, que em reunies, fruns e audincias pblicas em todas as unidades da federao puderam, democraticamente, oferecer suas contribuies.

QUADRO INSTITUCIONAL DO TRNSITO NO BRASILA responsabilidade institucional sobre as questes de trnsito e transporte no Brasil dividida entre os nveis de governo federal, estadual e municipal, dependendo das caractersticas da infra-estrutura e dos modos de transporte. Os governos estaduais so responsveis pelas rodovias e ferrovias estaduais, pelo sistema de nibus intermunicipal e de longo percurso e pelo transporte metropolitano. Os governos municipais so responsveis pelo transporte pblico e pelo trnsito dentro dos seus limites geogrcos. A Unio tem a prerrogativa constitucional de legislar sobre transporte e trnsito, cabendo aos demais nveis de governo a regulamentao nas suas reas de competncia. Na rea do trnsito, os governos estaduais at a entrada em vigor do novo Cdigo de Trnsito Brasileiro (CTB) em 1998 eram integralmente responsveis por todas as aes, por intermdio dos seus Departamentos Estaduais de Trnsito (Detran), na maioria dos casos vinculados s Secretarias de Estado de Segurana Pblica, e pelos Departamento de Estradas de Rodagem

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

A Poltica Nacional de Trnsito, apresentada a seguir, cria caminhos e condies para a abordagem das questes do trnsito de forma integrada ao uso do solo, ao desenvolvimento urbano e regional, ao transporte por via terrestre em diferentes modalidades, ao sistema virio, educao, sade e ao meio ambiente. Considera-se como marco referencial todo

um conjunto de fatores histricos, culturais, sociais e ambientais, que caracterizam a realidade brasileira e integra objetivos, diretrizes e estratgias que buscam traduzir valores, princpios, aspiraes e anseios da sociedade, com vistas promoo e expanso da cidadania, da incluso social, da reduo das desigualdades e do fortalecimento da democracia.

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A poltica nacional de trnsito

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Pgina anterior Prmio Denatran Daniel Wellington Torres Grego Arapongas/PR

A segurana no trnsito um problema atual, srio e mundial, mas absolutamente urgente no Brasil. A cada ano, mais de 33 mil pessoas so mortas e cerca de 400 mil cam feridas ou invlidas em ocorrncias do trnsito. Nossos ndices de fatalidade na circulao viria so bastante superiores aos dos pases desenvolvidos e representam uma das principais causas de morte prematura da populao economicamente ativa. Consideradas apenas em reas urbanas, as ocorrncias trgicas no trnsito, sendo grande parte delas previsveis e, portanto, evitveis, causam uma perda da ordem de R$ 5,3 bilhes por ano, valor esse que, certamente, inibe o desenvolvimento econmico e social do pas. Desde a promulgao do Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB em 1997, houve um despertar de conscincia para a gravidade do problema. No entanto, o estgio dessa conscientizao e sua traduo em aes efetivas ainda so extremamente discretos e insucientes para representar um verdadeiro enfrentamento da questo. Para se reduzirem as ocorrncias e implementar-se a civilidade no trnsito, preciso trat-lo como uma questo multidisciplinar que envolve problemas sociais, econmicos, laborais e de sade, na qual a presena do Estado de forma isolada e centralizadora no funciona. O verdadeiro papel do Estado assumir a liderana de um grande e organizado esforo nacional em favor de um trnsito seguro; mobilizando, coordenando e catalisando as foras de toda a sociedade. A Poltica Nacional de Trnsito tem o cidado brasileiro como seu maior benecirio.

Traa rumos e cria condies para a abordagem do trnsito de forma integrada ao uso do solo, ao desenvolvimento urbano e regional, ao transporte em suas diferentes modalidades, educao, sade e ao meio ambiente. A Poltica Nacional de Trnsito tem por base a Constituio Federal; como marco legal relevante o Cdigo de Trnsito Brasileiro; como referenciais a Conveno de Viena7 e o Acordo Mercosul8 ; por agente o Sistema Nacional de Trnsito SNT, conjunto de rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, cuja nalidade o exerccio das atividades de planejamento, administrao, normalizao, pesquisa, registro e licenciamento de veculos, formao, habilitao e educao continuada de condutores, educao, engenharia, operao do sistema virio, policiamento, scalizao, julgamento de infraes e de recursos e aplicao de penalidades. A gesto do trnsito brasileiro responsabilidade de um amplo conjunto de rgos e entidades, devendo os mesmos estarem em constante integrao, dentro da gesto federativa, para efetiva aplicao do CTB e cumprimento da Poltica Nacional de Trnsito, conforme descrio sucinta e diagrama a seguir: a) Ministrio das Cidades: os assuntos de sua competncia so o saneamento ambiental, os programas urbanos, a habitao, o trnsito, o transporte e mobilidade urbana. O Ministrio das Cidades o coordenador mximo do Sistema Nacional de Trnsito SNT e a ele est vinculado o Conselho Nacional de Trnsito Contran e subordinado o Departamento Nacional de Trnsito Denatran. Cabe ao Ministrio presidir o

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Conveno sobre o Trfego Virio de Viena, qual o Brasil aderiu, por meio do Decreto 86.714, de 10 de dezembro de 1981.

Acordo sobre a Regulamentao Bsica Unicada de Trnsito, entre Brasil, Argentina, Bolvia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, autorizado por Decreto de 3 de agosto de 1993.

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b)

c)

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f)

g)

h)

Conselho das Cidades e participar na Cmara Interministerial de Trnsito. Cmara Interministerial de Trnsito: constituda por dez Ministrios, tem o objetivo de harmonizar os respectivos oramentos destinados s questes de trnsito. Conselho Nacional de Trnsito: constitudo por representantes de sete Ministrios, tem por competncia, dentre outras, estabelecer as normas regulamentares referidas no Cdigo de Trnsito Brasileiro e as diretrizes da Poltica Nacional de Trnsito. Conferncia Nacional das Cidades: prevista no Estatuto das Cidades, realizada a cada dois anos e tem por objetivo propor princpios e diretrizes para as polticas setoriais e para a poltica nacional das cidades. Conselho das Cidades: colegiado constitudo por representantes do estado em seus trs nveis de governo e da sociedade civil 71 membros titulares e igual nmero de suplentes, e mais 27 observadores , tem por objetivo estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento urbano e regional com a participao social. Departamento Nacional de Trnsito: rgo executivo mximo da Unio, cujo dirigente preside o Contran e que tem por nalidade, dentre outras, a coordenao e a superviso dos rgos delegados e a execuo da Poltica Nacional de Trnsito. Cmaras Temticas: rgos tcnicos compostos por representantes do estado e da sociedade civil e que tem a nalidade de estudar e oferecer sugestes e embasamento tcnico para decises do Contran. So seis Cmaras Temticas, cada qual com treze membros titulares e respectivos suplentes. Frum Consultivo de Trnsito: colegiado constitudo por 54 representantes, e igual nmero de suplentes, dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, e que

tem por nalidade assessorar o Contran em suas decises. i) Sistema Nacional de Trnsito: conjunto de rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, que tem por nalidade o exerccio das atividades de planejamento, administrao, normalizao, pesquisa, registro e licenciamento de veculos, formao, habilitao e reciclagem de condutores, educao, engenharia, operao e scalizao de trnsito, policiamento, julgamento de recursos a infraes de trnsito e aplicao de penalidades. Conta, atualmente, com cerca de 1.244 rgos e entidades municipais, 162 estaduais e 7 federais. Congregando mais de 50. mil prossionais. A Poltica Nacional de Trnsito, como marco referencial, considera um conjunto de fatores histricos, culturais, sociais e ambientais que caracteriza a realidade brasileira. A partir do cenrio assim constitudo, a Poltica em questo integra objetivos e diretrizes que buscam traduzir valores, princpios, aspiraes e anseios da sociedade, em busca do exerccio pleno da cidadania e da conquista da dignidade humana e da qualidade de vida plena. A Poltica Nacional de Trnsito, prevista no Cdigo de Trnsito Brasileiro, que incumbe o Sistema Nacional de Trnsito de propor e o Conselho Nacional de Trnsito de estabelecer suas diretrizes, deve se harmonizar com as polticas estabelecidas por outros Conselhos Nacionais, em especial com o Conselho das Cidades, rgo colegiado que rene representantes do poder pblico e da sociedade civil e que tem por foco o desenvolvimento urbano e regional, a poltica fundiria e de habitao, o saneamento ambiental, o trnsito e o transporte e mobilidade urbana, alm do Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama, e do Conselho Nacional da Sade.

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POLTICA NACIONAL DE TRNSITO Marco referencialA Poltica Nacional de Trnsito instrumento da Poltica de Governo expressa no Plano Brasil para Todos e que tem por macro-objetivos: a) Crescimento com gerao de trabalho, emprego e renda, ambientalmente sustentvel e redutor de desigualdades regionais. b) Incluso social e reduo das desigualdades sociais. c) Promoo e expanso da cidadania e fortalecimento da democracia.

Segurana de trnsitoO trnsito em condies seguras um direito de todos e um dever dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, aos quais cabe adotar as medidas necessrias para assegurar esse direito. Considera-se trnsito a utilizao das vias por pessoas, veculos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou no,

para ns de circulao, parada, estacionamento e operao de carga ou descarga (Art. 1 2 do CTB). Estatsticas de acidentes de trnsito indicam a ocorrncia de cerca de 350 mil acidentes anuais com vtimas em todo o pas, dos quais resultam cerca de 33 mil mortos e 400 mil feridos. Estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada Ipea em parceria com a Associao Nacional de Transportes Pblicos ANTP e o Departamento Nacional de Trnsito Denatran, com a nalidade de mensurar o custo social decorrente do acidente de trnsito em aglomerados urbanos, aponta um montante anual de 5,3 bilhes de reais. Projetando-se esse valor para incluir os acidentes ocorridos nas vias rurais9, estima-se um custo social total anual da ordem de 10 bilhes de reais. Segundo o Informe Mundial sobre Preveno de Acidentes causados no Trnsito, publi9

Vias rurais estradas e rodovias, CTB Anexo I.

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cado pela Organizao Mundial de Sade em 2004, estudos demonstram que os acidentes de trnsito tm um impacto desproporcional nos setores mais pobres e vulnerveis da populao. Estatsticas brasileiras indicam que cerca de 30% dos acidentes de trnsito so atropelamentos, e causam 51% dos bitos. A estatstica nacional de acidentes de trnsito no Brasil, que deveria representar a consolidao das informaes de todos os rgos e entidades de trnsito, mesmo aps a implantao, pelo Denatran, do Sistema Nacional de Estatsticas de Trnsito (Sinet), ainda imprecisa e incompleta, dada a precariedade e falta de padronizao da coleta e tratamento das informaes.

Educao para o trnsitoA educao para o trnsito direito de todos e constitui dever prioritrio dos componentes do Sistema Nacional de Trnsito (CTB, captulo V). A educao para o trnsito deve ser promovida desde a pr-escola ao ensino superior, por meio de planejamento e aes integradas entre os diversos rgos do Sistema Nacional de Trnsito e do Sistema Nacional de Educao. Segundo o Cdigo de Trnsito Brasileiro, mediante proposta do Conselho Nacional de Trnsito e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, cabe ao Ministrio da Educao, promover a adoo, em todos os nveis de ensino, de um currculo interdisciplinar sobre segurana de trnsito, alm de contedos de trnsito nas escolas de formao para o magistrio e na capacitao de professores e multiplicadores. A educao para o trnsito ultrapassa a mera transmisso de informaes. Tem como foco o ser humano, e trabalha a possibilidade de mudana de valores, comportamentos e atitudes. No se limita a eventos espordicos e no permite aes descoordenadas. Pressupe

um processo de aprendizagem continuada e deve utilizar metodologias diversas para atingir diferentes faixas etrias e clientela diferenciada. A educao para o trnsito tem como mola mestra a disseminao de informaes e a participao da populao na resoluo de problemas, principalmente quando da implantao de mudanas, e s considerada ecaz na medida em que a populao alvo se conscientiza do seu papel como protagonista no trnsito e modica comportamentos indevidos. Uma comunidade mal informada no reage positivamente a aes educativas. A educao inclui a percepo da realidade e a adaptao, assimilao e incorporao de novos hbitos e atitudes frente ao trnsito enfatizando a co-responsabilidade governo e sociedade, em busca da segurana e do bem-estar. O governo e a sociedade brasileira vm se mostrando a cada dia mais sensveis e atentos ao investimento e participao em aes educativas de trnsito. preciso fomentar e executar programas educativos contnuos, junto s escolas regulares de ensino e junto comunidade organizada, centrados em resultados e integrados aos outros aspectos da gesto do trnsito, principalmente com relao segurana, engenharia de trfego e scalizao. A formao e a capacitao de condutores e instrutores dos Centro de Formao de Condutores CFC outro campo a se priorizar, para que as exigncias do Cdigo de Trnsito Brasileiro possam ser cumpridas com ecincia e possa fazer parte do currculo dos cursos a discusso da cidadania e de valores.

Mobilidade, qualidade de vida e cidadaniaA mobilidade do cidado no espao social, centrada nas pessoas que transitam e no na

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A SEGURANA NO TRNSITO UM PROBLEMA ATUAL, SRIO E MUNDIAL, MAS ABSOLUTAMENTE URGENTE NO BRASIL. A CADA ANO, MAIS DE 33 MIL PESSOAS SO MORTAS E CERCA DE 400 MIL FICAM FERIDAS OU INVLIDAS EM OCORRNCIAS DO TRNSITO. NOSSOS NDICES DE FATALIDADE NA CIRCULAO VIRIA SO BASTANTE SUPERIORES AOS DOS PASES DESENVOLVIDOS E REPRESENTAM UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE PREMATURA DA POPULAO ECONOMICAMENTE ATIVA

qncia direta dos problemas de mobilidade e ordenamento, leva necessidade de adoo de novos modelos de desenvolvimento urbano e de transporte, e da introduo, nas polticas pblicas, dos preceitos de sustentabilidade e desenvolvimento. Longe dos grandes centros, tambm vivem pessoas que se locomovem, muitas vezes em condies precrias, sobre lombos de animais, em carrocerias de pequenos veculos, a p, em vias inadequadas, muitas vezes sem condies mnimas de segurana.O TRANSPORTE E O TRNSITO

maneira como transitam, ponto principal a ser considerado, quando se abordam as questes do trnsito, de forma a considerar a liberdade de ir e vir, de se atingir o destino que se deseja, de satisfazer as necessidades de trabalho, de lazer, de sade, de educao e outras. Sob o ponto de vista do cidado que busca melhor qualidade de vida e o seu bem estar social, o trnsito toma nova dimenso. Deixa de estar associado, de forma preponderante, idia de uidez, de ser relacionado apenas aos condutores de veculos automotores e de ser considerado como um fenmeno exclusivo dos grandes centros urbanos, para incorporar as demandas de mobilidade peculiares aos usurios mais frgeis do sistema, como as crianas, os portadores de necessidades especiais e os idosos. O direito de todos os cidados de ir e vir, de ocupar o espao pblico e de conviver socialmente nesse espao so princpios fundamentais para compreender a dimenso do signicado expresso na palavra trnsito. Tal abordagem, ampliando a viso sobre o trnsito, considera-o como um processo histricosocial que envolve, principalmente, as relaes estabelecidas entre as pessoas e o espao, assim como as relaes das pessoas entre si. A violncia no trnsito e a drstica reduo da qualidade de vida no meio urbano, conseO transporte por modo rodovirio ocupa um papel fundamental na matriz do transporte brasileiro e constitui fator relevante na abordagem integrada das questes do trnsito. Estima-se que 96% das distncias percorridas pelas pessoas ocorram em vias urbanas e rurais, 1,8% em ferrovias e metrs e o restante por hidrovias e meios areos. Em relao s cargas, 60,5% so transportadas em vias urbanas e rurais, 21% em ferrovias, 14% em hidrovias e o restante por gasodutos/oleodutos, ou meios areos (Geipot, 2001). Nas reas urbanas, os deslocamentos a p e o uso do nibus so as formas dominantes de deslocamento. Estima-se que no ano de 2001 estavam em circulao cerca de 115.000 nibus, transportando 65 milhes de passageiros por dia. Os sistemas metrovirios e ferrovirios em operao nas regies metropolitanas e grandes cidades transportam um volume dirio da ordem de 5 milhes de passageiros. Os automveis, cuja produo anual gira em torno de 1,5 milho de veculos, correspondem a mais de 80% da produo de veculos automotores sendo que a maioria movida a gasolina (93,1% em 2003 e 78,4% at julho de 2004 com a incluso dos automveis com combustvel exvel gasolina/lcool Anfavea). Observa-se, ainda, a produo anual de

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1,0 milho de motocicletas (Abraciclo). O nmero de veculos no Pas tem crescido rapidamente nas ltimas dcadas: de 430.000 em 1950, para 3,1 milhes em 1970, chegando a 36,5 milhes em 2003. O uso de combustveis fsseis e o crescimento da demanda do transporte rodovirio incidem diretamente na emisso de poluentes pelos veculos motorizados. Embora compensado em parte pelo fato de os novos veculos produzidos pela indstria nacional emitirem menor quantidade de poluentes por quilmetro rodado, a gravidade do problema se expressa por meio dos prejuzos sade da populao em geral e, em particular, das pessoas idosas e das crianas. O crescimento da populao urbana e da frota de veculos tende a agravar mais a situao. Admitindo-se um crescimento anual de 2% a 3% da populao urbana e de 4% da frota de veculos, pode-se estimar que at o

Av. Getlio Vargas Manaus / AM

ano 2010 podero ser acrescentados cerca de cinqenta milhes de habitantes s reas urbanas e vinte milhes de veculos frota nacional. O grande desao como acomodar, com qualidade e ecincia, esses contingentes populacionais adicionais e os deslocamentos que eles faro, considerando que o aumento da frota de automveis, de seu uso e da mobilidade tendem a agravar os problemas de congestionamento e poluio. Tradicionalmente, as aes dos tcnicos e decises das autoridades tm privilegiado a circulao do automvel, exigindo contnuas adaptaes e ampliaes do sistema virio, freqentemente a custos elevados. Considerando que a ocupao per capita do espao virio pelo automvel bem maior do que em relao ao nibus, esta prioridade ao transporte individual consome recursos que, em muitos casos, poderiam ser orientados para a melhoria do transporte pblico. A adaptao das cidades para o uso intensivo do automvel tem levado violao da natureza, das reas residenciais e de uso cole-

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tivo, bem como degradao do patrimnio histrico e arquitetnico, devido abertura de novas vias, ao remanejamento do trfego para melhorar as condies de uidez e ao uso indiscriminado das vias para o trnsito de passagem.A CIDADANIA, A PARTICIPAO E A COMUNICAO COM A SOCIEDADE

Historicamente, o trnsito foi tratado como uma questo policial e de comportamento individual dos usurios, carecendo de um tratamento no campo da engenharia, da administrao do comportamento e da participao social. De um lado um trnsito ruim e no limite criminoso, por falta de conscincia dos seus perigos e por falta de punio, aproxima-nos da barbrie e do caos. Por outro lado, um trnsito calmo e previsvel estabelece um ambiente de civilidade e de respeito s leis, mostrando a internalizao da norma bsica da convivncia democrtica: todos so iguais perante a lei e, em contrapartida, obedec-la dever de todos. O conceito de cidadania implica conitos, j que, de um lado, est a idia fundamental de indivduo, e de outro, regras universais um sistema de leis vlido para todos em todo e qualquer espao social. Assim considerando, fundamental destacar a dimenso de cidadania inserida no trnsito, uma vez que este congura uma situao bsica de diferena, diversidade, eqidade, tolerncia e de direitos humanos. Diferentemente de algumas outras normas sociais, que podem ser rompidas ou ignoradas sem que ningum perceba, as normas de trnsito produzem um efeito imediato, levando, se observadas, manuteno da qualidade de vida do cidado e da coletividade, ou, se derespeitadas, a resultados desastrosos. Com isso, o trnsito congura-se em uma notvel escola de e para a democracia.

No sentido do exerccio democrtico que se coloca a pertinncia e a legitimidade da participao da sociedade na discusso e na proposio de aes referentes ao trnsito, tido como fenmeno resultante da mobilidade dos cidados. crescente a movimentao da coletividade buscando organizar-se. Por sua vez, os governos, nos diversos nveis, paulatinamente, vm abrindo espaos e oportunidades participao popular. Priorizar e incentivar a participao da sociedade e promover a produo e a veiculao de informaes claras, coerentes e objetivas, signica, assim, construir um ambiente favorvel implantao de uma nova cultura, orientada ao exerccio do trnsito cidado e da qualidade de vida.

Sistema Nacional de Trnsito: desempenho, integrao e relaes com outros setoresA INTEGRAO DOS MUNICPIOS AO SISTEMA NACIONAL DE TRNSITO

O Cdigo de Trnsito Brasileiro e a legislao complementar em vigor vieram introduzir profundas mudanas no panorama institucional do setor. Para sua real implementao em todo o Pas, muito preciso ainda investir, principalmente no que diz respeito capacitao, ao fortalecimento e integrao dos diversos rgos e entidades executivos de trnsito, nas esferas federal, estadual e municipal, de forma a produzir efeito nacional, regional e local e buscando contribuir para a formao de uma rede de organizaes que constituam, verdadeiramente, o Sistema Nacional de Trnsito. O Cdigo de Trnsito Brasileiro estabelece que o Sistema Nacional de Trnsito compe-se de rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, estendendo at estes as competncias executivas da gesto do trnsito.

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SEGUNDO O INFORME DA ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE, ACIDENTES DE TRNSITO TM UM IMPACTO DESPROPORCIONAL NOS SETORES MAIS POBRES E VULNERVEIS DA POPULAO. ESTATSTICAS BRASILEIRAS INDICAM QUE CERCA DE 30% DOS ACIDENTES DE TRNSITO SO ATROPELAMENTOS, E CAUSAM 51% DOS BITOS

O atendimento a algumas exigncias condio indispensvel integrao de cada municpio ao Sistema Nacional de Trnsito. Tais exigncias esto expressas no Cdigo, artigos 24 e 333, e em Resoluo do Contran. A integrao do municpio ao Sistema Nacional de Trnsito independe de seu tamanho, receitas e quadro de pessoal. exigida a criao do rgo de trnsito e da Junta Administrativa de Recursos de Infraes Jari, qual cabe julgar os recursos interpostos pelos presumidos infratores. Atualmente, encontram-se integrados ao SNT, cerca de 620 Municpios, mas inmeros outros encontram-se carentes de orientao e preparo para a introduo das mudanas exigidas. Para implantao das orientaes legais relativas municipalizao do trnsito, torna-se importante validar e implantar princpios e modelos alternativos para estruturao e organizao dos sistemas locais, passveis de adequao s diferentes realidades da administrao municipal no Brasil, bem como viabilizar apoio tcnico-legal e administrativo aos municpios que buscam engajar-se nesse movimento de mudana. Entretanto, o investimento em fortalecimento e desenvolvimento institucional requerido no isolado nem se restringe gesto do trnsito, mas abrange outras reas da gesto municipal. Os municpios, de forma geral, necessitam estruturar-se e capacitar-se para planejar e controlar o desenvolvimento dos espaos urbanos. O crescimento, nessas

reas, ocorre em muitos casos sem controle, com regulamentaes sobre o uso e ocupao do solo precrias ou inexistentes, guiado de acordo com as leis de mercado referentes ao valor da terra e aos nveis relativos de acessibilidade. As reas perifricas das cidades so, freqentemente, ocupadas por populao de baixa renda e nelas so, em geral, decientes os servios pblicos como educao, sade e transporte coletivo, alm de existirem problemas ambientais relativos eroso do solo, esgotamento sanitrio e outros. A gesto integrada do trnsito e do transporte local mais um fator impulsionador da administrao municipal ecaz j praticada nos municpios brasileiros. Por m, necessrio ter-se em mente a relao biunvoca do uso do solo com o trnsito e o transporte, pois cada edicao gera uma necessidade diferente de deslocamento, que deve ser atendida e, por outro lado, a movimentao de veculos, pessoas e animais interfere na implantao e utilizao das edicaes.A AVALIAO DOS RESULTADOS INSTITUCIONAIS E ORGANIZACIONAIS

A diculdade das organizaes para analisar sua performance, seus resultados efetivos, de forma a realimentar processos de planejamento estratgico, ttico e operacional e corrigir rumos, origina-se, normalmente, na carncia de orientaes metodolgicas claras e prticas de avaliao de resultados organizacionais. Pode-se armar, a priori, que este panorama no diferente no setor de trnsito. Alm da carncia de dados conveis sobre as ocorrncias de trnsito, faltam indicadores ecazes para mensurao dos resultados e equipes preparadas para a prtica da avaliao continuada. Neste particular, torna-se necessrio investir na concepo, validao e aplicao de

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metodologias alternativas para a avaliao de resultados institucionais e organizacionais especcas para o setor, inclusive na denio de indicadores de resultados adequados ao Sistema Nacional de Trnsito em sua totalidade.CAPACITAO E APERFEIOAMENTO PROFISSIONAL

A capacitao de prossionais no setor de trnsito condio indispensvel para a efetiva gesto com qualidade das organizaes do Sistema Nacional de Trnsito. A necessidade de capacitao e aperfeioamento abrange as funes gerenciais, tcnicas, operacionais e administrativas.

Fortalecimento do Sistema Nacional de TrnsitoO setor de trnsito em geral conta com receitas provenientes de vrias fontes, entre as quais dotaes oramentrias, multas, convnios, pedgios, IPVA, financiamentos, taxas de estacionamento, licenciamento e habilitao. O setor vem sendo garantido, em grande parte, pela receita proveniente das multas, o que constitui um grande risco, uma vez que o desejvel um trnsito disciplinado com reduzido nmero de infraes. Assim, a gesto nanceira do sistema trnsito deve orientar-se pela independncia nanceira com relao ao resultado de multas, a partir da constatao de que a arrecadao de tais recursos varivel e desejavelmente decrescente. O Fundo Nacional de Segurana e Educao para o trnsito Funset, previsto no artigo 320 do Cdigo de Trnsito Brasileiro e criado pela Lei n 9.602, de 21 de janeiro de 1998, tem por nalidade custear as despesas do Departamento Nacional de Trnsito relativas operacionalizao da segurana e educao para o trnsito. Sua constituio inclui o per-

centual de 5% do valor das multas de trnsito arrecadadas pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios. Com relao receita proveniente das multas de trnsito, sua aplicao deve ser destinada exclusivamente melhoria do trnsito, conforme dispe a lei, sendo proibido qualquer desvio de nalidade. Outra fonte refere-se s receitas, que cabem Unio, relativas repartio de recursos provenientes do Seguro Obrigatrio de Danos Pessoais causados por Veculos Automotores de Vias Terrestres DPVAT. De acordo com o Decreto n 2.867, de 08 de dezembro de 1998, dos recursos arrecadados pelo DPVAT, cabem Unio: 45% do valor bruto recolhido do segurado a crdito direto do Fundo Nacional de Sade, para custeio da assistncia mdico hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trnsito; 5% do valor bruto recolhido do segurado ao Denatran, para aplicao exclusiva, pelos Ministrios da Sade, da Educao, do Trabalho, dos Transportes e da Justia, em programas destinados preveno de acidentes de trnsito, nos termos do artigo 78 do Cdigo de Trnsito Brasileiro e da Resoluo do Contran n 143/03. A chamada Lei de Responsabilidade Fiscal veio reforar a disciplina no emprego dos recursos com vinculao legal em sua aplicao, inclusive daqueles destinados melhoria do trnsito.

ObjetivosA Poltica Nacional de Trnsito busca atingir cinco grandes objetivos, priorizados em razo de seus signicados para a sociedade e para o cidado brasileiro e de seus efeitos multiplicadores, em consonncia com as demais polticas pblicas. So eles:

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1. Priorizar a preservao da vida, da sade e do meio ambiente, visando reduo do nmero de vtimas, dos ndices e da gravidade dos acidentes de trnsito e da emisso de poluentes e rudos; 2. Efetivar a educao contnua para o trnsito, de forma a orientar cada cidado e toda a comunidade, quanto a princpios, valores, conhecimentos, habilidades e atitudes favorveis e adequadas locomoo no espao social, para uma convivncia no trnsito de modo responsvel e seguro; 3. Promover o exerccio da cidadania, incentivando o protagonismo da sociedade com sua participao nas discusses dos problemas e das solues, em prol da consecuo de um comportamento coletivo seguro, respeitoso e no agressivo no trnsito, de respeito ao cidado, considerado como o foco dos esforos das organizaes executoras da Poltica Nacional de Trnsito; 4. Estimular a mobilidade e a acessibilidade a todos os cidados, propiciando as condies necessrias para sua locomoo no espao pblico, de forma a assegurar plenamente o direito constitucional de ir e vir, e possibilitando deslocamentos geis, seguros, confortveis, conveis e econmicos. 5. Promover a qualicao contnua de gesto dos rgos e entidades do SNT, aprimorando e avaliando a sua gesto.

Detalhamento das diretrizes gerais em especficas1. Aumentar a segurana de trnsito

Intensicar a scalizao de trnsito. Combater a impunidade no trnsito. Promover a melhoria das condies de segurana dos veculos. Promover a melhoria nas condies fsicas e de sinalizao do sistema virio, considerando caladas e passeios.

Concluir e aprimorar a regulamentao do Cdigo de Trnsito Brasileiro. Incentivar o desenvolvimento de pesquisas tecnolgicas na gesto de trnsito. Intensicar a scalizao de regularidade da documentao do condutor, do veculo e das condies veiculares.

Padronizar e aprimorar as informaes sobre vtimas e acidentes de trnsito no mbito nacional.

Estabelecer bases legais para scalizao de infraes por uso de bebida alcolica e substncias entorpecentes.

Aprimorar o atendimento s vtimas, no local do acidente de trnsito. Disciplinar a circulao de ciclomotores, bicicletas e veculos de propulso humana e de trao animal.

Aprimorar a gesto de operao e de scalizao de trnsito. Intensicar a scalizao sobre a circulao dos veculos de transporte de carga, de transporte de produtos perigosos e de transporte de passageiros.

Diretrizes gerais1. Aumentar a segurana de trnsito 2. Promover a educao para o trnsito 3. Garantir a mobilidade e acessibilidade com segurana e qualidade ambiental a toda populao 4. Promover o exerccio da cidadania, a participao e a comunicao com a sociedade 5. Fortalecer o Sistema Nacional de Trnsito

Tratar o trnsito, tambm, como uma questo de sade pblica. Incentivar o desenvolvimento tecnolgico dos veculos para aumento da segurana passiva e ativa.

2. Promover a educao para o trnsito

Promover a educao para o trnsito abran-

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gendo toda a populao, trabalhando princpios, cidadania, valores, conhecimentos, habilidades e atitudes favorveis locomoo. Promover a adoo de currculo interdisciplinar sobre segurana no trnsito, nos termos do CTB. Promover a adoo de contedos curriculares relativos educao para o trnsito, nas escolas de formao para o magistrio, e a capacitao de professores multiplicadores. Promover programas de carter permanente de educao para o trnsito. Promover a capacitao e o aperfeioamento tcnico dos prossionais da rea de trnsito. Promover a melhoria contnua do processo de formao e habilitao dos condutores. Intensicar a utilizao dos servios de rdio e difuso de sons e imagens para veiculao de campanhas educativas.

3. Garantir a mobilidade e acessibilidade com segurana e qualidade ambiental a toda a populao Priorizar a mobilidade de pessoas sobre a de veculos, incentivando o desenvolvimento de sistemas de transporte coletivo e dos no motorizados. Priorizar a mobilidade e acessibilidade das pessoas considerando os usurios mais frgeis do trnsito, como: crianas, idosos, pessoas com decincias e portadores de necessidades especiais. Promover nos projetos de empreendimentos, em especial naqueles considerados plos geradores de trfego, a incluso de medidas de segurana e sinalizao de trnsito, incentivando para que os planos diretores municipais faam referncia a sua implantao e prevejam mecanismos que minimizem os efeitos negativos decorren-

tes, inclusive com nus ao empreendedor, quando couber. Promover a atuao integrada dos rgos executivos de trnsito com rgos de planejamento, desenvolvimento urbano e de transporte pblico. Promover a atuao integrada de municpios no tratamento do trnsito em regies metropolitanas e nas cidades conurbadas. Estimular a previso na legislao municipal, estadual e federal de mecanismos que exijam a construo, manuteno e melhoria de caladas e passeios. Fomentar a construo de vias exclusivas para pedestres e ciclistas. Incentivar o desenvolvimento tecnolgico de veculos para reduo de emisso de poluentes e de rudo. Incentivar o desenvolvimento tecnolgico de propulso veicular menos poluente. Implementar a scalizao e o controle dos nveis de emisso de poluentes e de rudo veicular na frota em circulao. Incentivar a realizao de convnios entre os rgos executivos de trnsito e os rgos municipais executivos rodovirios, para o tratamento conjunto nas vias rurais que atravessam reas urbanas. Minimizar os efeitos negativos causados pelo trnsito no meio ambiente e melhorar a qualidade dos espaos urbanos. Estimular a scalizao para coibir o transporte ilegal de passageiros.

4. Promover o exerccio da cidadania, a participao e a comunicao com a sociedade Estimular a participao da sociedade em movimentos voltados segurana e cidadania no trnsito. Estimular a criao de ouvidorias e outros canais de comunicao da populao com os rgos e entidades do SNT.

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

Fomentar a divulgao das aes de planejamento, projeto, operao, scalizao e administrao do trnsito. Divulgar e disponibilizar sociedade estudos tcnicos, estatsticas, normas e legislao. Desestimular a utilizao de situaes condenadas pela legislao de trnsito, na veiculao de publicidade em geral. Promover a sensibilizao da opinio pblica para o tema trnsito, por intermdio da mobilizao dos meios de comunicao social, com engajamento dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito.

O CONCEITO DE CIDADANIA IMPLICA CONFLITOS, J QUE, DE UM LADO, EST A IDIA FUNDAMENTAL DE INDIVDUO, E DE OUTRO, REGRAS UNIVERSAIS UM SISTEMA DE LEIS VLIDO PARA TODOS EM TODO E QUALQUER ESPAO SOCIAL. ASSIM CONSIDERANDO, FUNDAMENTAL DESTACAR A DIMENSO DE CIDADANIA INSERIDA NO TRNSITO, UMA VEZ QUE ESTE CONFIGURA UMA SITUAO BSICA DE DIFERENA, DIVERSIDADE, EQIDADE, TOLERNCIA E DE DIREITOS HUMANOS

5. Fortalecer o Sistema Nacional de Trnsito Promover a estruturao organizacional, o dimensionamento de recursos humanos e materiais adequados, a modernizao e a melhoria de desempenho dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito. Promover a capacitao dos prossionais que atuam nos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito. Difundir e disponibilizar experincias exitosas entre os rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito. Promover a integrao dos Municpios ao Sistema Nacional de Trnsito. Criar mecanismos de avaliao institucional e organizacional, avaliar os rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito e divulgar os resultados. Criar formas e mecanismos que garantam a sustentabilidade financeira do Sistema Nacional de Trnsito, no vinculados arrecadao provenientes de multas de trnsito. Estimular a criao de Conselhos Gestores dos fundos de arrecadao previstos na legislao de trnsito. Aplicar os recursos de multa exclusivamente em sinalizao, engenharia de trfego,

de campo, policiamento, scalizao e educao de trnsito. Promover a criao de indicadores que permitam avaliar a qualidade do trnsito. Promover o amplo acesso s informaes de trnsito por todos os rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito. Estimular o relacionamento e articulao dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito entre si. Gerar e disponibilizar, aos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, documentao e manuais tcnicos de trnsito. Aprimorar a interpretao uniforme da legislao de trnsito para ns de sua aplicao.

MetasA Poltica Nacional de Trnsito aprovada pelo Contran expressa, por meio dos anunciados objetivos e diretrizes, rumos e caminhos para se atender ao anseio maior da populao brasileira de reduo da violncia no trnsito e melhoria do bem estar social. Traados os objetivos e as diretrizes e estabelecidos assim os rumos para uma grande mudana de atitude em relao ao trnsito, mister se faz a formulao do Programa Nacional de Trnsito, consubstanciado em um conjunto de metas e aes voltadas para todo

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o Sistema Nacional de Trnsito, com alcance em todos os rinces brasileiros, de forma que, num horizonte de alguns anos, sejam, enm, revertidos os nmeros to negativos de acidentalidade e mortes no trnsito no Brasil. O Programa Nacional de Trnsito no obra de um rgo ou entidade apenas do Sistema Nacional de Trnsito, mas sim de todos eles, cada qual no seu mbito de atuao.

9.

Metas gerais do Programa Nacional de Trnsito para atendimento s Diretrizes da Poltica Nacional de TrnsitoSo metas para o horizonte 2006: 1. Concluir a regulamentao do Cdigo de Trnsito Brasileiro, at dezembro de 2005. 2. Implantar um projeto piloto de scalizao automtica de veculos em cada unidade da federao, at dezembro de 2005. 3. Reduzir para dezessete mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2006, tendo como referncia o ndice nacional de acidentes de 18 mortes para cada 100.000 habitantes; 4. Implementar as diretrizes de funcionamento dos Cetrans e do Contrandife, at janeiro de 2005. 5. Implantar o Frum Consultivo Estadual em todas as unidades da federao, at dezembro de 2005. 6. Implantar o Programa de Educao para a Cidadania no Trnsito em mil municpios, at dezembro de 2006. 7. Capacitar 12.000 (doze mil) prossionais de rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, sendo 2.000 (dois mil) at dezembro de 2004, 4.000 (quatro mil) at dezembro de 2005 e 6.000 (seis mil) at dezembro de 2006. 8. Iniciar a realizao de programas educativos permanentes, de mbito nacional

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pelo Governo Federal, com 30 (trinta) campanhas avaliando sua eccia, at dezembro de 2006. Fomentar, com aplicao de recursos do Funset, a elaborao de projetos de sinalizao de trnsito em: 30 (trinta) municpios das regies Norte, Nordeste e Centro Oeste com ndices de acidente de trnsito acima de 18 mortes para cada 100.000 habitantes (mdia nacional), at dezembro de 2006. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndices de acidente de trnsito acima de 15 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2006. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndice de acidente de trnsito acima de 10 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2006. Iniciar a implantao do programa de inspeo tcnica veicular at dezembro de 2005, concluindo sua implantao, at dezembro de 2006. Implantar a segurana eletrnica de emisso de documentos de veculos, at dezembro de 2005. Implantar a segurana eletrnica de emisso de documentos de habilitao de condutores, at dezembro de 2005. Implantar por intermdio do Denatran um sistema nacional eficaz de estatstica de acidentes de trnsito, que contemple todas as unidades da federao e que represente 100% dos acidentes com vtimas registrados no pas, at dezembro de 2006. Implementar um banco nacional de questes de trnsito para exame de candidatos habilitao, at junho de 2005. Iniciar a implementao de um provo nacional para exame de instrutores de Centros de Formao de Condutores, at junho de 2005.

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

16. Iniciar a implementao de auditoria nos exames de habilitao realizados pelos Detrans, at dezembro de 2005. 17. Implementar um sistema de scalizao automtica de veculos em todas as unidades da federao, at dezembro de 2006. 18. Elaborar e implantar um programa de comunicao social e um programa de marketing de trnsito, at junho de 2005. 19. Reduzir, para menos de 15% (quinze por cento), a taxa de veculos no licenciados com inadimplncia em taxas, IPVA e multas de trnsito, at dezembro de 2006. 20. Fiscalizar 10% (dez por cento) da frota do pas quanto s condies fsicas e documentais do veculo em circulao, bem como as condies de habilitao dos respectivos condutores, at dezembro de 2006. 21. Iniciar a implantao do curso previsto no CTB para renovao da CNH, at dezembro de 2005. 22. Incentivar a elaborao de proposta de Projeto de Lei para criar base legal para medio de alcoolemia previsto no CTB, at junho de 2005. 23. Regulamentar a habilitao de condutor e o registro de ciclomotores, at dezembro de 2005. 24. Disciplinar a circulao de motocicletas na via pblica, at dezembro de 2005. 25. Fomentar, em conjunto com o Ministrio do Meio Ambiente, um programa de proteo e melhoria da qualidade ambiental, at dezembro de 2005. 26. Fomentar, em conjunto com o Ministrio dos Transportes, um programa de segurana rodoviria, at dezembro de 2005. So metas para o horizonte 2010: 1. Implantar o Programa de Educao para a Cidadania no Trnsito em outros

2.000 (dois mil) municpios, at dezembro de 2010. 2. Implantar tecnologia de identicao automtica em veculos novos, fabricados a partir de 2008. 3. Antecipar a substituio de todas as carteiras de habilitao expedidas entre 1968 e 1998, durante a vigncia do Cdigo Nacional de Trnsito PGUs, at dezembro de 2008. 4. Capacitar 50.000 (cinqenta mil) prossionais de rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, at dezembro de 2010. 5. Implementar a rede nacional de formao de condutores como forma de controle e acompanhamento do processo de formao, at dezembro de 2007. 6. Reduzir, para menos de 10%, a taxa de veculos no licenciados com inadimplncia em taxas, IPVA e multas de trnsito, at dezembro de 2010. 7. Concluir sistema nacional nico de avaliao de candidatos ao primeiro documento de habilitao e implement-lo em todas as unidades da federao, at dezembro de 2007. 8. Reduzir o ndice nacional de mortes para cada 100.000 habitantes para 14 (quatorze) mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2010. 9. Fiscalizar 20% (vinte por cento) da frota do pas quanto s condies fsicas e documentais do veculo em circulao, bem como as condies de habilitao dos respectivos condutores, at dezembro de 2010. 10. Implantar uma rede nacional de controle das caractersticas dos veculos automotores e dos atos de registro, at dezembro de 2010. 11. Disciplinar a circulao de bicicletas em todas as vias pblicas do pas, at 2010. 12. Adotar, em todos os nveis de ensino, um

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currculo interdisciplinar com contedo programtico sobre segurana no trnsito, at dezembro de 2008. 13. Realizar programas educativos permanentes de mbito nacional pelo Governo Federal, com 48 (quarenta e oito) campanhas, at dezembro de 2010. 14. Fomentar, com aplicao de recursos do Funset, a elaborao de projetos de sinalizao de trnsito em: 30 (trinta) municpios das regies Norte, Nordeste e Centro Oeste com ndices de acidente de trnsito acima de 18 mortes para cada 100.000 habitantes (mdia nacional), at dezembro de 2010. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndices de acidente de trnsito acima de 15 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2010. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndice de acidente de trnsito acima de 10 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2010. 6. So metas para o horizonte 2014 1. Reduzir o ndice de mortes no trnsito para 11 (onze) mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2014. 2. Colocar no mercado brasileiro veculos novos nacionais com padro de segurana ativa e passiva e ambiental, compatvel com os melhores padres observados internacionalmente, at dezembro de 2014. 3. Implantar o Programa de Educao para a Cidadania no Trnsito em todos os Municpios, at dezembro de 2014. 4. Reciclar 12.000 (doze mil) prossionais de rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, at dezembro de 2014. 5. Realizar programas educativos permanentes, de mbito nacional pelo Governo Federal, com 48 (quarenta e oito) campanhas, at dezembro de 2014.

Faixa exclusiva de nibus esquerda Belo Horizonte / MG

Fomentar, com aplicao de recursos do Funset, a elaborao de projetos de sinalizao de trnsito em: 30 (trinta) municpios de todos o pas, com ndices de acidente de trnsito acima de 18 mortes para cada 100.000 habitantes (mdia nacional), at dezembro de 2014. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndices de acidente de trnsito acima de 15 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2014. 30 (trinta) municpios de todo o pas, com ndice de acidente de trnsito acima de 10 mortes para cada 100.000 habitantes, at dezembro de 2014. Reduzir, para menos de 5% (cinco por cento), a taxa de veculos no licenciados com inadimplncia em taxas, IPVA e multas de trnsito, at dezembro de 2014.

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

O Sistema Nacional de Trnsito

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

Pgina anterior Prmio Denatran Educao 1 e 2 sries / Sudeste / 1 lugar Lucas Henrique Arajo So Carlos/SP

SISTEMA NACIONAL DE TRNSITO FINALIDADE, COMPOSIO E OBJETIVOS FinalidadeO Sistema Nacional de Trnsito o conjunto de rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios que tem por nalidade o exerccio das seguintes atividades, conforme artigo 5 da Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997 que instituiu o Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB: Planejamento;

Administrao; Normatizao; Pesquisa; Registro e licenciamento de veculos; Formao, habilitao e reciclagem de condutores; Educao, engenharia, operao do sistema virio, policiamento, scalizao, julgamento de infraes e de recursos e aplicao de penalidades.

O Conselho Nacional de Trnsito Contran, de mbito da Unio, coordenador do Sistema e rgo mximo normativo e consultivo; Os Conselhos Estaduais de Trnsito Cetran e o Conselho de Trnsito do Distrito Federal Contrandife, rgos normativos, consultivos e coordenadores em cada unidade da federao; Os rgos e entidades executivos de trnsito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; Os rgos e entidades executivos rodovirios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; A Polcia Rodoviria Federal; As Polcias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e As Juntas Administrativas de Recursos de Infraes Jari.

ComposioCompem o SNT os seguintes rgos e entidades (artigo 7 do Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB):SISTEMA NACIONAL DE TRNSITO INSTNCIA RGOS CONSULTIVOS Contran Cetran/ Contrandife RGOS EXECUTIVOS TRNSITO Federal Estadual Denatran Detran

O Sistema Nacional de Trnsito composto, atualmente, por 1.413 rgos e entidades de trnsito em todo o pas (ver tabela abaixo). Os Conselhos Estaduais de Trnsito Cetran (Contrandife para o Distrito Federal) so compostos, cada qual, por no mnimo nove membros, sendo trs deles representantes da sociedade. Assim, dos 243 membros, 81 so indicados pela sociedade.

AGENTES DE FISCALIZAO RODOVIRIO DNIT DER Polcia Rodoviria Federal e DNIT Polcia Militar, agentes dos Detrans e DER Polcia Militar e agentes dos rgos municipais

RGOS JULGADORES Jari (*) Jari (*)

TOTAL

7 162

Municipal

rgo municipal de trnsito e rodovirio

rgo municipal de trnsito e rodovirio

Jari (*)

1.244

TOTAL(*) Considerada apenas uma Jari vinculada a cada rgo executivo de trnsito.

1.413

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

As Jaris so constitudas por, no mnimo, trs membros, sendo um deles representante da sociedade. H, atualmente, pelo menos, 2.034 membros de Jari, dos quais 678 so representantes da sociedade. A expectativa de que o Sistema Nacional de Trnsito venha a contemplar mais de 11.000 rgos e entidades de trnsito, assim que todos os Municpios brasileiros estejam a ele integrados e praticando a gesto do trnsito com suas respectivas Jaris.

de competncia do Contran, dentre outras: Coordenar os rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito objetivando a integrao de suas atividades; Estabelecer as normas regulamentares referidas no Cdigo de Trnsito Brasileiro; Estabelecer as diretrizes da Poltica Nacional de Trnsito.

Cmara Interministerial de TrnsitoA Cmara Interministerial de Trnsito, criada pelo Decreto n 4.710, de 29 de maio de 2003, tem por nalidade harmonizar e compatibilizar polticas e oramentos que interram ou repercutam na Poltica Nacional de Trnsito. A Cmara Interministerial de Trnsito presidida pelo Ministrio das Cidades e composta pelos seguintes Ministrios: das Cidades; da Cincia e Tecnologia; da Defesa; da Educao; da Justia; do Meio Ambiente; do Planejamento, Oramento e Gesto; da Sade; do Trabalho e Emprego, e dos Transportes.

ObjetivosDentre os objetivos bsicos do Sistema Nacional de Trnsito (artigo 6 do CTB), destaca-se o de estabelecer diretrizes da Poltica Nacional de Trnsito, com vistas segurana, uidez, defesa ambiental e educao para o trnsito, e scalizar o seu cumprimento.

Conselho Nacional de Trnsito Contran (art. 10 e 12 do CTB)O Decreto n 4.711, de 29 de maio de 2003, estabelece que o Ministrio das Cidades tem a coordenao do Sistema Nacional de Trnsito, ao qual est ligado o Conselho Nacional de Trnsito Contran, presidido pelo dirigente do rgo mximo executivo de trnsito da Unio Denatran. O Conselho Nacional de Trnsito, subordinado ao Ministrio das Cidades, composto pelos seguintes Ministrios: da Cincia e Tecnologia; da Educao; da Defesa; do Meio Ambiente; dos Transportes; das Cidades; e da Sade.

Cmaras Temticas (art. 13 do CTB)As Cmaras Temticas so rgos tcnicos vinculados ao Contran, integradas por especialistas, e tm o objetivo de estudar e oferecer sugestes e embasamento tcnico sobre assuntos especcos para decises daquele rgo colegiado. As Cmaras Temticas so constitudas por especialistas representantes de rgos e entidades executivos da Unio, dos Estados, ou do Distrito Federal, e dos Municpios, alm

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de especialistas representantes dos diversos segmentos da sociedade relacionados com o trnsito, todos indicados segundo resoluo do Contran e designados pelo ministro ou dirigente coordenador mximo do Sistema Nacional de Trnsito. So as seguintes as Cmaras Temticas: de Assuntos Veiculares; de Educao para o Trnsito e Cidadania; de Engenharia de Trfego, da Sinalizao e da Via; de Esforo Legal: infraes, penalidades, crimes de trnsito, policiamento e scalizao de trnsito; de Formao e Habilitao de Condutores; de Sade e Meio Ambiente no Trnsito. As Cmaras Temticas so compostas por 13 membros titulares e 13 membros suplentes, totalizando 156 membros, sendo 84 representantes da sociedade.

rgos executivos rodovirios dos Estados e do Distrito Federal; Conselhos Estaduais de Trnsito Cetran; Polcias Militares PM; rgos e entidades executivos municipais.

Participao da sociedadeAs questes do trnsito so discutidas, atualmente, num amplo espectro da sociedade, seja pela ao dos 1.413 rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, nos quais se observa a participao direta de autoridades pblicas dos trs nveis de governo e de 824 representantes da sociedade, assim distribudos: Cmaras Temticas: 84 representantes. Cetran / Contrandife: 81 representantes. Jari: 678 representantes.

Conferncia Nacional das CidadesA Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada de Estatuto das Cidades, estabelece as diretrizes da poltica urbana, que tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e da propriedade urbana. O Estatuto das Cidades dedica um captulo especco Captulo IV gesto democrtica da cidade, estabelecendo os seguintes instrumentos: rgos colegiados de poltica urbana, nos nveis nacional, estadual e municipal; Debates, audincias e consultas pblicas; Conferncias sobre assuntos de interesse urbano, nos nveis nacional, estadual e municipal; Iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. Pelo Decreto Presidencial de 22 de maio de 2003, convocada a 1 Conferncia Nacional

Frum Consultivo do Sistema Nacional de TrnsitoO Frum Consultivo, criado pela Resoluo Contran n 142, de 26 de maro de 2003, tem por nalidade assessorar o Contran em suas decises, buscando atender ao disposto no artigo 6 do Cdigo de Trnsito Brasileiro. O Frum Consultivo composto por 54 membros titulares e 54 membros suplentes, todos titulares dos seguintes rgos e entidades, distribudos regionalmente e contemplando todo o pas: rgo mximo executivo de trnsito da Unio Departamento Nacional de Trnsito Denatran; rgo executivo rodovirio da Unio Departamento Nacional de Infra-estrutura de Trnsito DNIT; Polcia Rodoviria Federal PRF; rgos ou entidades executivos de trnsito dos Estados e do Distrito Federal;

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

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das Cidades, ocorrida de 23 a 26 de outubro de 2003 e que teve por lema Cidade para Todos. A nalidade da 1 Conferncia Nacional das Cidades foi denida pela Portaria de n 170, de 26 de maio de 2003, do Ministrio das Cidades, assim denidas: Propor princpios e diretrizes para as polticas setoriais e para a poltica nacional das cidades; Identicar os principais problemas que aigem as cidades brasileiras trazendo a voz dos vrios segmentos e agentes produtores, consumidores e gestores; Indicar prioridades de atuao ao Ministrio das Cidades; Propor a natureza e novas atribuies, bem como indicar os membros do Conselho das Cidades; Propor as formas de participao no processo de formao do Conselho das Cidades; Avaliar programas em andamento e legislaes vigentes nas reas de Habitao, Saneamento Ambiental, Programas Urbanos, Trnsito, Transporte e Mobilidade Urbana, desenvolvidas pelos Governos Federal, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal nas suas diversas etapas, com base nos princpios e diretrizes denidos; Avaliar o sistema de gesto e implementao destas polticas, intermediando a relao com a sociedade na busca da construo de uma esfera pblico-participativa; Avaliar os instrumentos de participao popular na elaborao e implementao das diversas polticas pblicas.

Conselho das CidadesO Conselho das Cidades, eleito na Conferncia Nacional das Cidades, homologado pelo Presidente da Repblica pelo Dec. n 5.031, de 2 de abril de 2004 e integrado ao Ministrio das Cidades pela Lei 10.683, de 28 de maio de 2003, um rgo colegiado que rene representantes do poder pblico e da sociedade civil, e integra a estrutura do Ministrio das Cidades. O Conselho das Cidades tem por nalidade assessorar, estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento urbano e regional com a participao social e integrao das polticas fundiria e de habitao, saneamento ambiental, trnsito, transporte e mobilidade urbana. responsvel pela formulao da poltica urbana nacional, articulado com as cmaras setoriais e os conselhos estaduais e municipais. O Conselho tem uma estrutura bsica composta por Plenrio e Comits Tcnicos. O Plenrio composto por 71 membros e respectivos suplentes, sendo que 30 so representantes dos trs nveis de governo federal, estadual e municipal e 41 so representantes do movimento popular, da classe empresarial, dos trabalhadores, das entidades prossionais e acadmicas e das organizaes no governamentais. Compem ainda o Conselho, 27 observadores. O Conselho possui 4 Comits Tcnicos, de carter permanente:

Habitao; Saneamento ambiental; Trnsito, transporte e mobilidade urbana; Planejamento territorial urbano.

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Departamento Nacional de Trnsito Denatran

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

Pgina anterior Prmio Denatran 1 e 2 srie / Centro-Oeste / 2 lugar Guilherme Henrique Oliveira Sotrio Planaltina/DF

Subordinado Secretaria Executiva do Ministrio das Cidades, o Departamento Nacional de Trnsito Denatran rgo mximo executivo de trnsito da Unio responsvel pelo cumprimento das atribuies determinadas pela Lei n 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB, com as alteraes promovidas pela Lei n 9.602, de 21 de janeiro de 1998: I cumprir e fazer cumprir a legislao de trnsito e a execuo das normas e diretrizes estabelecidas pelo Contran, no mbito de suas atribuies; II proceder superviso, coordenao, correio dos rgos delegados, ao controle e scalizao da execuo da Poltica Nacional de Trnsito e do Programa Nacional de Trnsito; III articular-se com os rgos dos Sistemas Nacionais de Trnsito, de Transporte e de Segurana Pblica, objetivando o combate violncia no trnsito, promovendo, coordenando e executando o controle de aes para a preservao do ordenamento e da segurana do trnsito; IV apurar, prevenir e reprimir a prtica de atos de improbidade contra a f pblica, o patrimnio, ou a administrao pblica ou privada, referentes segurana do trnsito; V supervisionar a implantao de projetos e programas relacionados com a engenharia, educao, administrao, policiamento e scalizao do trnsito e outros, visando uniformidade de procedimento; VI estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem e habilitao de condutores de veculos, a expedio de documentos de condutores, de registro e licenciamento de veculos; VII expedir a Permisso para Dirigir, a Car-

VIII IX X

XI

XII

XIII

XIV

XV

XVI XVII

teira Nacional de Habilitao, os Certicados de Registro e o de Licenciamento Anual mediante delegao aos rgos executivos dos Estados e do Distrito Federal; organizar e manter o Registro Nacional de Carteiras de Habilitao Renach; organizar e manter o Registro Nacional de Veculos Automotores Renavam; organizar a estatstica geral de trnsito no territrio nacional, denindo os dados a serem fornecidos pelos demais rgos e promover sua divulgao; estabelecer modelo padro de coleta de informaes sobre as ocorrncias de acidentes de trnsito e as estatsticas do trnsito; administrar fundo de mbito nacional destinado segurana e educao de trnsito; coordenar a administrao da arrecadao de multas por infraes ocorridas em localidade diferente daquela da habilitao do condutor infrator e em unidade da Federao diferente daquela do licenciamento do veculo; fornecer aos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito informaes sobre registros de veculos e de condutores, mantendo o uxo permanente de informaes com os demais rgos do Sistema; promover, em conjunto com os rgos competentes do Ministrio da Educao e do Desporto, de acordo com as diretrizes do Contran, a elaborao e a implementao de programas de educao de trnsito nos estabelecimentos de ensino; elaborar e distribuir contedos programticos para a educao de trnsito; promover a divulgao de trabalhos tcnicos sobre o trnsito;

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CADERNOS MCIDADES TRNSITO

CADERNOS MCIDADES TRNSITO

elaborar, juntamente com os demais rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito, e submeter aprovao do Contran, a complementao ou alterao da sinalizao e dos dispositivos e equipamentos de trnsito; XIX organizar, elaborar, complementar e alterar os manuais e normas de projetos de implementao da sinalizao, dos dispositivos e equipamentos de trnsito aprovados pelo Contran; XX expedir a permisso internacional para conduzir veculo e o certicado de passagem nas alfndegas, mediante delegao aos rgos executivos dos Estados e do Distrito Federal; XXI promover a realizao peridica de reunies regionais e congressos nacionais de trnsito, bem como propor a representao do Brasil em congressos ou reunies internacionais; XXII propor acordos de cooperao com organismos internacionais, com vistas ao aperfeioamento das aes inerentes segurana e educao de trnsito; XXIII elaborar projetos e programas de formao, treinamento e especializao do pessoal encarregado da execuo das atividades de engenharia, educao, policiamento ostensivo, scalizao, operao e administrao de trnsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa cientca e o ensino tcnicoprossional de interesse do trnsito, e promovendo a sua realizao; XXIV opinar sobre assuntos relacionados ao trnsito interestadual e internacional; XXV elaborar e submeter aprovao do Contran as normas e requisitos de segurana veicular para fabricao e montagem de veculos, consoante sua destinao;XVIII

estabelecer procedimentos para a concesso do cdigo marca-modelo dos veculos para efeito de registro, emplacamento e licenciamento; XXVII instruir os recursos interpostos das decises do Contran, ao ministro ou dirigente coordenador mximo do Sistema Nacional de Trnsito; XXVIII estudar os casos omissos na legislao de trnsito e submet-los, com proposta de soluo, ao Ministrio ou rgo coordenador mximo do Sistema Nacional de Trnsito; XXIX prestar suporte tcnico, jurdico, administrativo e nanceiro ao Contran.XXVI

Das atribuies cometidas ao Denatran decorre um vasto conjunto de atividades direcionado para toda a populao brasileira e atingindo diretamente um universo de 38 milhes de condutores, 36 milhes de veculos, 622 rgos executivos municipais (at outubro de 2004), 27 rgos executivos estaduais, 27 rgos rodovirios estaduais, 8.000 centros de formao de condutores, mais de 676 juntas administrativas de recursos e 25 rgos estaduais normativos de trnsito. O Denatran tem atuado no sentido de desenvolver programas, projetos e sistemas de mbito nacional voltados para a educao e segurana no trnsito e apoiando os rgos e entidades do sistema nacional de trnsito no desempenho de suas atribuies. A seguir sero apresent