brasil de fato sp - edição 047

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SÃO PAULO 22 a 31 de agosto de 2014 • ano 1 nº 47 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Palmeiras comemora 100 anos com altos e baixos p.16 Sociedade se organiza para exigir reforma política Mudanças no clima geram preocupação em cientistas » Para integrante do movimento negro, é necessário criar um órgão com participação da sociedade civil para apurar as violações de direitos cometidas por policiais p.5 Juventude negra é alvo constante da violência policial ENTREVISTA Marcelo Camargo/ABr Rafael Correa centenário 2 centenário 1 plebiscito aquecimento global Cortázar Escritor argentino completaria 100 anos em agosto p.14 Ademir da Guia, craque palmeirense das décadas de 60 e 70 Entre 1º e 7 de setembro, organizações realizam plebiscito popular defendendo a convocação de uma Assembleia Constituinte p.7 Conferência da ONU que discutiu o futuro do planeta aponta cenário com aumento de catástrofes naturais em todo o mundo p.11 Carmen Salcedo Presidente do Equador “A imprensa latino- americana ultrapassa todos os recordes quanto à falta de ética” p.8

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Jornal Brasil de Fato SP - Edição 47 - 22 a 31 de agosto de 2014

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Page 1: Brasil de Fato SP - Edição 047

SÃO PAULO 22 a 31 de agosto de 2014 • ano 1 nº 47 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Palmeiras comemora 100 anos com altos e baixos p.16

Sociedade se organiza para exigir reforma política

Mudanças no clima geram preocupação em cientistas

» Para integrante do movimento negro, é necessário criar um órgão com participação da sociedade civil para apurar as violações de direitos cometidas por policiais p.5

Juventude negra é alvo constante da violência policial

ENTREVISTA

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Rafael Correa

centenário 2

centenário 1plebiscito aquecimento global

CortázarEscritor argentino

completaria 100 anos em agosto

p.14

Ademir da Guia, craque palmeirense das décadas de 60 e 70

Entre 1º e 7 de setembro, organizações realizam plebiscito popular defendendo a convocação de uma Assembleia Constituinte p.7

Conferência da ONU que discutiu o futuro do planeta aponta cenário com aumento de catástrofes naturais em todo o mundop.11

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Presidente do Equador

“A imprensa latino-americana ultrapassa todos os recordes quanto à falta de ética” p.8

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brasildefato.com.br2 editorial

Os partidos escolheram seus

candidatos. As alianças entre

eles foram feitas sem nenhum

critério ideológico ou compro­

misso com os tra balhadores.

O prag matismo da vitória nas

eleições falou mais alto. A cor­

rida eleitoral começou junto

com seus métodos manipula­

dores de sem pre.

Os três principais presiden­

ciáveis somam R$ 1 bilhão de

intenções de gastos em cam­

panhas. O conjunto dos can­

didatos a senado res e a depu­

tados registra R$ 4 bilhões de

gastos, destes, 85% vêm de 117

grandes empresas.

Mesmo sendo a oitava eco­

nomia mundial, o Brasil é o

terceiro pior em desigualdade

social no mundo. É irônico di­

zer que a sociedade brasileira é

tão rica que pode se dar ao luxo

de gastar essa dinheirama em

apenas dois meses de campa­

nha, com marqueteiros, shows

de músi ca, banners, santinhos,

contratação de “militantes

partidários”, entre outros.

Esses são apenas alguns si­

nais da fa lência do modelo

eleitoral brasilei ro e da crise

de representa ção política. Cri­

se e hipocrisia na escolha do

partidos por seus candi datos.

Crise na forma de financiar

campanhas, em que as gran­

des em presas sequestraram a

democracia com seus “caixas

2”. Crise porque os candidatos

não dis cutem os problemas do

povo brasilei ro, nem tratam de

pro jetos para o país.

Os movimen tos sociais, as

pastorais e o movimento sin­

dical estão conven cidos de

que somente uma reforma po­

lítica profunda pode recuperar

a demo cracia no Brasil. Para

isso, já estão organizados mais

de mil comitês em todo o ter­

ritório nacional para organizar

um Plebiscito Popular em que

o po vo possa se manifestar

sobre a convo cação de uma

assembléia constituinte sobe­

rana e exclusiva para debater

mu danças no sistema político

brasileiro. O Plebiscito Cons­

tituinte irá ocorrer na Semana

da Pátria, de 1 a 7 de setembro.

A partir dessa pressão popu­

lar, será encaminhada a pro­

posta de um de creto legislativo

que convoque, para o primei­

ro semestre de 2015, um ple­

biscito formal, legal, de uma

Assembleia Constituinte sobe­

rana. Ou seja, elei ta de acordo

com a vontade do povo, sem

dependência econômica das

em presas. E exclusiva, que

quer dizer indepen dente, se­

parada do Congresso.

O Brasil de Fato SP, como

veículo comprometido com a

classe trabalhadora e os movi­

mentos so ciais, se soma nessa

campanha por uma ampla re­

forma política e na luta popu­

lar para conquistá­la.

Conselho Editorial: Aton Fon Filho, Carla Bueno, Gabriel Sollero, Igor Felippe, Igor Fuser, João Paulo Rodrigues, Neuri Rossetto, Ricardo Gebrim, Ronaldo Pagotto e Vitor Polacchini • Diretores executivos: Igor Felippe e Ronaldo Pagotto • Editora: Vivian Fernandes • Repórteres: Luiz Felipe Albuquerque, Mariana Desidério e Rafael Tatemoto • Diagramação: Alvise Lucchese • Fotógrafo: Rafael Stedile • Jornalista responsável: Vivian Fernandes – Mtb 14.245/MG • Coordenação da distribuição: Laryssa Sampaio • Administração: Ana Karla Monteiro • Publicidade: [email protected] • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218­010 – Tel. (11) 2131­0800 / Fax: (11) 3666­0753 – São Paulo­SP

» O Brasil de Fato SP se soma na campanha por uma profunda reforma política através de uma Constituite

Campanha eleitoral e a necessária Constituinte

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país com uma edição nacional e em edições regionais,

no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país.

Contato: [email protected] | (11) 2131-0800

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FOTO DA SEMANA: Parque do Ibirapuera completou 60 anos

DAHMER - malvados.wordpress.com

Page 3: Brasil de Fato SP - Edição 047

3brasildefato.com.br 3

O campus da Unifesp (Uni­versidade Federal de São Paulo) em Itaquera, na zona leste da cidade, que deveria ser inau­gurada no primeiro semestre desde ano, ficará só para 2016, conforme anunciou a reitora da instituição, Soraya Soubhi Smaili, em coletiva de imprensa na prefeitura de São Paulo. As obras devem começar apenas no segundo semestre de 2015.

O ministro da Educação, Henrique Paim, anunciou du­rante o evento que o Ministé­rio liberou R$ 3 milhões para o projeto executivo da obra, que deverá começar nos próximos dias. O terreno localizado na Avenida Jacu­Pêssego foi cedi­do pela prefeitura de São Paulo em janeiro de 2013, depois de

seis anos de pressão da comu­nidade. Na sequência, a Secre­taria Municipal do Verde e do Meio Ambiente apresentou um laudo apontando a existência de contaminação no solo.

A reitora informou, no en­tanto, que a Cetesb (Compa­nhia de Tecnologia de Sanea­mento Ambiental) concluiu a análise da área e que apenas alguns locais precisarão pas­sar por processo de descon­taminação, que ficará a cargo da prefeitura. No restante do terreno já é possível começar o projeto. Segundo Soraya, a de­mora na obra garante que não ocorrerá com a Unifesp o mes­mo problema da USP Leste, que foi construída em um ter­reno contaminado. (Da RBA)

educação

Unifesp na Zona Leste será aberta com atraso de 2 anos

são paulo

A cidade de São Paulo vai inaugurar entre agosto e se­tembro o primeiro abrigo pú­blico do Brasil especializado na recepção e no atendimento de imigrantes. Chamado de Crai (Centro de Referência e Acolhi­da para o Imigrante), o prédio alugado pela Prefeitura na rua Japurá, na Bela Vista, abrigará pelo menos 120 estrangeiros.

O Crai vai oferecer serviços como documentação, interme­diação de trabalho, formação (profissional e em idiomas) e

» Local contará com diversos profissionais para o atendimento social

orientação jurídica, além de atendimento de saúde e apoio psicológico aos recém­chegados.

Segundo a Secretaria Mu­nicipal de Direitos Humanos, serão contratados profissionais para atender os imigrantes em quatro idiomas: inglês, francês, espanhol e árabe.

“O Crai será um centro de passagem. Ou seja, as pessoas não vão chegar no Brasil e mo­rar no abrigo. O serviço será para pessoas que chegam em situação vulnerável na cidade

e não têm para onde ir”, explica o secretário de Direitos Huma­nos e Cidadania, Rogério Sottili.

O secretário também desta­cou que viajou a Portugal para conhecer o Centro de Referên­cia para imigrantes local – refe­rência mundial de atendimen­to a refugiados – para servir de modelo ao abrigo paulistano.

A prefeitura vai pagar R$ 28 mil por mês pelo aluguel do prédio. O dinheiro é fruto de parceria com o Ministério da Justiça. (Da RBA)

Cidade será a primeira a ter centro para estrangeiros

A reitora Soraya Smaili afimra que erro da USP não será repetido

imigrantes

Haitianos são um dos povos que mais chegam a capital paulista

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Page 4: Brasil de Fato SP - Edição 047

brasildefato.com.br4

por Hélio Wicher Neto e Letícia LindenbergO impacto da simplicidadeQual o impacto de algo simples

como uma criança andando de bici-cleta a caminho da escola? Isso é pos-sível em São Paulo? Conhecida hoje como a terra dos congestionamentos, a cidade ostenta números de uma verdadeira guerra quando tratamos da violência no trânsito.

Por ano, morrem mais de mil pes-soas em “acidentes”. Segundo a CET, em 2011 foram 1.127 mil mortes, sendo 514 pedestres, 433 motociclis-tas, 134 motoristas e 46 ciclistas. Para comparar: o mais recente conflito entre Israel e Palestina, matou 2.170 – sendo 2.101 civis palestinos.

A última pesquisa Origem e Des-tino do Metrô, de 2007, apontou que mais de 300 mil viagens eram feitas de bicicleta na Região Metropolitana de São Paulo. Um au-mento de 90% com-parado a 1997. Tal número comprova o que vemos: milhares de pessoas utilizam a bicicleta como meio de transporte. Outras também poderiam fazê-lo, mas têm receio da violência do trânsito.

Outro número: mais de 30% dos deslocamentos diários para o traba-

lho, estudo e lazer são feitos a pé. Não é à toa que os números de pedestres mortos são tão altos.

Mas o que tudo isso tem a ver com as novas ciclovias ou ciclofaixas? Tudo! Elas são um dos elementos que “acalmam” o trânsi-to. Significa reduzir o espaço destinado aos carros, resul-

tando na diminuição da velocidade dos veículos motorizados e na melho-ria das condições de circulação para pedestres e ciclistas. Não se trata de

ser contra os carros, mas de uma dis-tribuição justa do espaço público.

São Paulo está muito atrasada no respeito aos pedestres e ciclistas. Me-didas rápidas e corajosas são neces-sárias. As ciclovias são parte do pro-cesso de retomada do espaço público e do respeito ao direito de ir e vir, com segurança e qualidade. As ciclovias demoraram, mas vem para ficar e tor-nar mais democrático o local em que vivemos. Boas vindas às ciclovias!

Hélio Wicher Neto é advogado e cientis-ta social; Letícia Lindenberg é arquiteta e urbanista.

» As ciclovias são parte do processo de retomada do espaço público e do respeito ao direito de ir e vir

são paulo

Represa do Sistema Cantereira: onde está a garça deveria haver água

O vereador Mário Covas Neto (PSDB) afirmou que a crise hídrica do estado de São Paulo tem São Pedro como único responsável – em uma referência à falta de chuvas na região. Ele ainda disse não ver ligação entre o governo estadual, que administra a Sabesp (Companhia de Sa­neamento Básico de SP), e a falta de água. “Não dá para você atribuir a alguém a res­ponsabilidade pela crise se você não tem a comprovação de que um ato que ele tenha feito tenha resultado nisso”, argumentou.

O fornecimento de água pela Sabesp para a prefeitura de São Paulo é investigado por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Munici­pal. A primeira audiência, no último dia 19, analisou as cau­

O diretor­presidente da ANA (Agência Nacional das Águas), Vicente Andreu, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmaram que a du­ração da crise de abastecimen­to em São Paulo é incerta.

“Considerando que hoje a crise no Paraíba do Sul e no Cantareira ganha contornos

sas da falta de água e o cumpri­mento do contrato da empresa com a prefeitura.

Na visão do presidente da comissão, Laércio Benko (PHS), a CPI é necessária para investigar o gerenciamento ineficaz dos recursos hídricos do estado nas últimas admi­nistrações. “Há muitos países em que chove muito menos do que está chovendo em São Paulo e não falta água. O grande problema é que nos últimos 20 anos nós não tive­mos um planejamento para estarmos preparados para essa situação absolutamente previsível.”

Em algumas regiões da ca­pital o fornecimento de água já foi interrompido e a Câma­ra Municipal tem recebido de­núncias sobre o racionamen­to em domicílios. (Da RBA)

Governo federal afirma que fim da crise é incerta

PSDB afirma que culpa é de São Pedro» Para presidente da CPI, entretanto, há falha de gerenciamento

que a gente nunca tinha visto. No caso do sistema Cantarei­ra, chegou a 70% abaixo da mínima histórica. É óbvio que a recuperação nesses reserva­tórios pode levar tempo em função das chuvas, tem uma incerteza”, afirmou a ministra.

Segundo ela, mesmo que chova, será necessário poupar.

“2015 e 2016 são anos em que se espera chuva, mas também se espera poupança de água, você vai ter que recuperar os reservatórios, que no caso do Cantareira já está no volume morto”, disse Izabella Teixeira.

Para Andreu, o prolongamen­to da crise pode “impor restri­ções talvez inéditas na história”.

O governo federal anunciou o lançamento do Plano Nacio­nal de Segurança Hídrica, que vai fazer um levantamento das necessidades prioritárias do Brasil nesse quesito. O diag­nóstico deve ser concluído em dois anos, mas está prevista a divulgação de resultados par­ciais durante o processo.

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5brasildefato.com.br 5

racismo

Beatriz Lourenço, do Levante Popular da Juventude, participa da Marcha contra o Genocídio do Povo Negro

são paulo

Violência contra a população negra é denunciada por organizações políticas» Segundo o Ministério da Saúde, 75% das vítimas, entre 15 e 29 anos, no ano de 2010, eram compostas por negros

“Muitos desses casos são resultado da atuação estatal, principalmente das forças poli­ciais”, afirma Beatriz Lourenço, integrante do Levante Popular da Juventude, uma das organi­zações que organizam a Mar­cha contra a violência sobre a população negra.

“As polícias surgiram justa­mente para perseguir os escra­vos que fugiam [no período co­lonial]. O papel continua sendo o mesmo até hoje”, diz Beatriz. “Nós falamos em genocídio pois há uma política sistemáti­ca de perseguição e tentativa de extermínio de um determinado povo, no caso, o negro. A vio­lência policial só é a expressão mais latente desse processo. A maior dificuldade de acesso a serviços de saúde e a condições dignas de moradia, por exem­plo, completam esse quadro.”

DESIGUALDADESegundo dados do IBGE, a

discriminação racial se mani­festa também no mundo do trabalho. Ainda que de 2003 a

A morte do jovem norte­­americano Michael Brown no último dia 9 (leia mais na maté­ria ao lado) colocou a questão racial novamente em evidência na mídia de todo o mundo. O caso, entretanto, não é exceção. A realidade brasileira, aliás, é bastante próxima ao fenômeno que se tornou explícito nos Es­tados Unidos.

Para denunciar a situação de violência cotidiana a que a po­pulação negra está submetida, diversas organizações realizam a 2ª Marcha Internacional Con­tra o Genocídio do Povo Negro, no dia 22 de agosto.

Dados levantados pelos órgãos governamentais con­firmam as preocupações dos organizadores da Marcha. A juventude negra e de periferia é um alvo preferencial da violên­cia. Em 2010, segundo informa­ções do Ministério da Saúde, metade das vítimas de mortes violentas tinham entre 15 e 29 anos, desses, 75% eram negros.

2013 a desigualdade salarial entre brancos e negros tenha diminuído – a renda dos últi­mos aumentou 51,4%, ao passo que dos primeiros, 27,8% – a distância permanece grande. Os ganhos dos afrodescenden­tes ainda são 42,6% menores que os da população branca.

Para combater esse quadro, Beatriz acredita que uma série de medidas é necessária. “É preciso tornar natural a pre­sença de negros em espaços de poder, através de medidas re­parativas, como na política ou nas universidades.” Especifica­mente quanto à violência, ela defende a criação de um órgão com participação da sociedade civil para apurar as violações policiais. “Hoje quem investiga é quem comete o crime. Deve­­se fazer um mapa racial das mortes cometidas pela polícia. Tem de ir mais a fundo, debater o modelo de instituição: as for­ças de segurança pública tem que servir ao cidadão, não atu­ar com base na lógica militar, de eliminação do inimigo.”

Entenda o caso

Laudo afirma que jovem negro norte-americano levou seis tiros

O jovem Michael Brown, de 18 anos, foi morto a tiros em plena luz do dia por um po­licial no dia 9 de agosto, na cidade de Ferguson, no esta­do do Missouri. Brown, que estava prestes a entrar para a faculdade, saiu desarmado de uma loja de bebidas de Fergu­son ­ onde, segundo a polícia, havia roubado um maço de cigarros ­ quando foi morto pelo oficial Darren Wilson.

As versões da polícia e de várias testemunhas divergem. Segundo a corporação, Brown tentou tirar a arma do poli­cial, que então atirou contra o jovem. Para outros, incluin­do um amigo que o acompa­nhava, a vítima estava com as

mãos para o alto.Segundo a necropsia so­

licitada pela família do jo­vem e pelo Departamento de Justiça do governo federal norte­americano, o jovem foi atingido por ao menos seis disparos.

A ocorrência foi seguida de uma série de protestos, repri­midos com o uso de armas letais – fuzis, granadas e até mesmo tanques de guerra – utilizadas pelas forças arma­das dos EUA. Em Ferguson, 67% da população é negra. A Polícia do local, entretanto, é composta por 90% de bran­cos. 85% dos detidos pela força policial são afrodescen­dentes.

Michael Brown, estudante de 18 anos, foi morto pela polícia

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por Rafael Tatemoto

Page 6: Brasil de Fato SP - Edição 047

brasildefato.com.br6 brasil

por Juliane furnoDomésticas e o direito à carteira de trabalhoJá completam-se mais de um ano

em que uma histórica e polêmica PEC (Proposta de Emenda Constitucional) percorreu o Plenário do Congresso Nacional. No entanto, a medida de alteração da Constituição – visando garantir a expansão de direitos às tra-balhadoras domésticas – ainda per-manece sem regulamentação.

O trabalho doméstico no Brasil tem origem no período da escravidão co-lonial. O sistema imperialista patriar-cal desembarcou no país junto com a família real e impôs uma dinâmica de trabalho doméstico que permanece nas famílias e no imaginário social.

O Brasil ainda parece ser um dos únicos países que adotou o “lugar” do

trabalhador doméstico, identificado pelo “elevador de serviço”, a “entrada dos fundos” e o recorrente “quarto da empregada” delimitando bem que o seu lugar é próximo a cozinha e com o ta-manho da valoriza-ção do seu trabalho: insignificante.

Traços da escra-vidão e da herança cultural da divisão sexual do trabalho estão presentes nas estatísticas. Segundo dados do IBGE, o trabalho doméstico remunerado é realizado por 93,6% de mulheres, ocu-pando 15,8% da mão de obra feminina no mercado de trabalho. Do total das

trabalhadoras em serviços domésti-cos, 61,7% são negras.

No entanto, na renda acumulada, as mulheres negras seguem na esteira da

história escravagista brasileira e - apesar de serem maioria entre as domésticas - são as que têm ren-dimento menor.

A PEC das Do-mésticas, como fi-

cou popularmente conhecida, avança muito no reconhecimento do trabalho reprodutivo doméstico, garantindo – entre outros direitos – o pagamento ao FGTS, o auxilio saúda, a jornada de trabalho de 44h bem como ao seguro

desemprego por demissão sem justa causa.

O Recesso “Branco” do Congresso Nacional - até as eleições de outubro - dificulta ainda mais a vida das mulhe-res, em especial das negras, maiores precarizadas entre as trabalhadoras domésticas. Enquanto o Congresso Nacional não regulamentar esse direi-to histórico ainda estaremos vivendo sob o manto da escravidão, aceitando que as trabalhadoras domésticas são “empregadas” e como tal merecem um tratamento menos profissional e regulamentado.

Juliane Furno é do partido Consulta Popular e mestranda na UNICAMP

» O recesso do Congresso Nacional dificulta ainda mais a vida das mulheras, em especial das negras.

você vê nos filmes mulheres negras de classe média. Os ambientes que elas ocupam, normalmente, são as favelas. O ambiente da favela é onde as mulheres negras e os ho­mens negros mais aparecem.

Há uma relação de perso-nagens negros com estere-ótipos ligados à pobreza e à criminalidade?Na maioria das vezes é es­tereotipado. Mas isso não acontece só com persona­gens negros. Quando os nor­destinos aparecem também são subrrepresentados, asso­ciados a ideia de atraso, do

Mesmo sendo a maioria da população brasileira, os negros não estão represen­tados nos filmes nacionais. Entre as produções cinema­tográficas de maior bilheteria dos anos de 2002 a 2012, os brancos compõem a maioria dos atores e atrizes, com 80%, enquanto os pretos e pardos totalizam apenas 20%.

No trabalho de direção e roteiro somente 2% dos fil­mes foram dirigidos por pre­tos ou pardos, e roteiristas to­talizam 4%. As constatações foram feitas pela pesquisa “A

Cara do Cinema Nacional” da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Em entrevista à Radioa-gência BdF, a pesquisadora Gabriela Moratelli fala como o cinema reproduz hierar­quias sociais e contribui na difusão de estereótipos.

Como as mulheres negras são representadas no cinema?Pelo que a gente pode obser­var nos trailers, normalmente as mulheres negras quando aparecem são empregadas domésticas. Em alguns fil­mes estão ligadas a escolas de samba, mas dificilmente

homem do sertão, o nordeste como ambiente da seca, da pobreza.

Quais as consequências desse cenário?O que a gente percebe é a produção de uma imagem que não corresponde à rea­lidade. Apesar de existir uma maioria da população negra, eles são sub­representados e isso é ruim para a própria imagem que os negros fazem de si mesmos.

Como é possível democrati-zar a produção audiovisual?Eu acho que através das leis seria uma forma. Como no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, que se um produ­tor quiser ter um patrocínio do governo municipal ele precisa ter pelo menos 40% de personagens negros. Mas que personagens são esses? Será que se ele colocar 40% dos figurantes negros ainda vai ter patrocínio? Dentro do ideário elitista brasileiro e ra­cista os negros vão continuar sendo sub­representados en­quanto não houver nenhum tipo de lei que veja isso.

Negros são poucos nas telas de cinema

Por Daniele Silveira

Cena do filme “Cidade de Deus”, do diretor Fernando Meirelles, de 2002

» Brancos representam 80% dos atores das produções cinematográficas de maior bilheteria

Div

ulg

ação

entrevista

Desemprego se mantém estável

trabalho

O IBGE avaliou como está­veis as taxas de desemprego nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (4,1%), Recife (6,6%), Rio de Janeiro (3,6%) e São Paulo (4,9%), na compara­ção de junho para julho.

Em relação a julho do ano passado, a taxa recuou no Rio e em São Paulo. Ainda faltam da­dos das regiões de Porto Alegre e Salvador, em função de greves recentes. Assim, as três últi­mas edições da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) está com dados incompletos. A divulga­ção dos dados parciais foram realizadas no último dia 21.

Segundo o instituto, o nú­mero de desempregados ficou estável, na comparação anual, em Belo Horizonte e Recife. E diminuiu tanto no Rio (­26,4%) como em São Paulo (­17,5%).

O total de trabalhadores com carteira assinada também ficou estável de junho para julho nas quatro regiões com dados dis­poníveis. Sobre o rendimento médio dos trabalhadores em São Paulo (R$ 2.102,70), hou­ve queda no mês (­0,5%) e alta (1,6%) na comparação em 12 meses. (Da Redação)

Page 7: Brasil de Fato SP - Edição 047

7brasildefato.com.br 7brasilMUDANÇAS

Organizações querem uma Constituinte exclusiva para mudar o sistema político

Movimentos sociais aumentam pressão por reforma do sistema político brasileiro» Sociedade civil prepara mobilização em favor de Assembleia Constituinte e de projeto de lei popular

Antes das eleições para pre­sidente, governadores e parla­mentares, marcadas para ou­tubro, outra consulta popular pretende recolher mais de 10 milhões de votos em favor de uma reforma política. A alian­ça entre as duas principais ini­ciativas em curso no país para

As medidas anunciadas no último dia 20 pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para facilitar o crédito imobiliário e reduzir a inadimplência, devem ampliar a capacidade econô­mica da sociedade, apontou o diretor do Dieese (Departamen­to Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Cle­mente Ganz Lúcio.

“A dinâmica econômica de um país como o Brasil, uma das maiores economias do plane­ta, em grande medida se dá por mantermos um mercado interno

transformar o atual sistema político completa uma mês e tem como objetivo realizar a Semana Nacional de Luta pela Reforma Política Democrática que já se aproxima e irá ocor­rer de 1 a 7 de setembro.

De um lado, a Coalizão pela Reforma Política e Eleições Limpas, que conta com apoio de 95 entidades, como a OAB

de consumo e de produção para toda a população em pleno vi­gor”, afirmou à Rádio Brasil Atual.

Clemente ressalta que a esti­mativa do governo é que esse tipo de movimento possa colocar cer­ca de R$ 40 bilhões na economia. “Esse tipo de medida é necessá­ria para a atividade econômica do país”, diz. As medidas visam a simplificar o acesso ao crédito, facilitando para o consumidor e para as empresas e bancos, redu­zindo custos e burocracias.

Com a mudança, o trabalha­dor agora pode autorizar para

(Ordem dos Advogados do Brasil) e a CNBB (Confede­ração dos Bispos do Brasil). Oriundo do mesmo grupo que levou adiante o projeto de lei da Ficha Limpa, em 2010, ago­ra eles propõem outra lei para estabelecer o financiamento democrático das campanhas eleitorais, fortalecimento dos mecanismos de participação

popular, entre outros. Para que possa ser apresentado ao Con­gresso Nacional, a iniciativa precisa recolher 1,5 milhão de assinaturas de eleitores.

Do outro lado, o Plebiscito Popular por uma Constituin­te Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político vai mais além. Com adesão de 348 organizações e movimentos sociais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Traba­lhadores Sem Terra) e a UNE (União Nacional dos Estu­dantes), a proposta é convo­car uma Assembleia Nacional Constituinte para fazer a re­forma política que os atuais deputados e senadores não têm interesse em discutir.

VOTAÇÃONa primeira semana de se­

tembro, em milhares de cen­tros de votação espalhados pelo país, os organizadores da campanha do Plebiscito Cons­tituinte vão recolher votos em cédula com a pergunta: “Você é a favor da convocação de uma Constituinte Exclusiva e

Soberana do Sistema Político?”. A expectativa é contabilizar mais de 10 milhões de votos.

Com as duas campanhas unidas e nas ruas ao mesmo tempo, a pressão pela refor­ma política deve aumentar. “O efeito da mobilização vai ser bastante significativo. Te­mos amplas bases sociais que vão dialogar com a população sobre essas iniciativas”, argu­menta José Antônio Moroni, do Instituto de Estudos So­cioeconômicos, entidade que participa das duas iniciativas.

Mesmo sem ter vínculos com as candidaturas presi­denciais, as campanhas de re­forma política podem forçar o tema na agenda eleitoral. “Os candidatos a presidente não estão comprometidos exata­mente com essa pauta, mas vemos que já se começa a falar mais seriamente. A presidenta Dilma já mencionou a neces­sidade de reforma política. Se os demais candidatos come­çarem a falar disso, aí o tema será debatido e a população poderá se envolver mais”, aponta Moroni.

por Pedro Rafael Vilela, de Brasília

mercado interno

Crédito imobialiário deve ampliar economia

Ministério da Fazenda conduz mudanças no crédito imobiliário

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os bancos o desconto da parcela do seu financiamento quando a empresa deposita o salário em sua conta corrente, evitando possíveis extorsões.

Houve alterações também no acesso ao crédito para financia­mento habitacional no senti­do de reorganizar o registro de imóveis, concentrando em um único cartório todas as informa­ções. Para pessoas que querem fazer poupança e investir em le­tras e crédito imobiliário, as me­didas vão facilitar a capacitação de recursos. (Da RBA)

Page 8: Brasil de Fato SP - Edição 047

brasildefato.com.br8 entrevista

Emir Sader – Presidente, após sua primeira eleição (em 2007), o senhor disse que não era mais uma época de mudança, mas uma mudança de épo-ca para a América Latina e o Equador. O que isso significa?Rafael Correa – Existe uma mudança de época. Começamos um novo ciclo na América Latina, quando muitos go­vernos progressistas chegaram à região. As direitas nacionais e internacionais estavam atordoadas por sua falta de projeto, por esse fracasso estrondoso

fazem os pobres acreditarem que o que é bom para as elites é bom para eles, ao passo que seguem nessa condição de exploração histórica que sempre viveu nossa América.

Beto Almeida – Essa reunião que aconteceu aqui no Brasil, entre Brics e Unasul, pode reivindicar também uma articulação política? Devemos ser bem realistas. São boas notícias as conformações desses blo­cos alternativos que buscam romper a hegemonia de um ou dois países. Nem todos os governos do Brics ou da Unasul são progressistas, contudo, chegaremos a um consenso em função de nossos interesses, se é um governo de direita ou esquerda, buscando uma nova arquitetura financeira, buscando que os meios de pagamentos interna­cionais não passem pelos Estados Uni­dos, porque uma decisão dos Estados

do neoliberalismo, sobretudo, na nossa América Latina. Por isso, falei de uma mudança de época. Não eram simples reformas que se planejavam, mas mu­danças profundas, históricas. Mudanças nas relações de poder, nas transforma­ções de nossos Estados burgueses em Estados populares. Com a chegada de Hugo Chávez [Venezuela], Lula da Sil­va [Brasil], Tabaré Vasquez [Uruguai], Evo Morales [Bolívia], Michelle Bachelet [Chile], a revolução cidadã no Equador... Contudo, temos que estar muito atentos. Provavelmente, se inicia um novo ciclo conservador, no que chamam de restau­ração conservadora. Claramente se vê uma coordenação das forças reacioná­rias mundiais e nacionais. Eu creio que a América Latina jamais se permitirá re­tornar completamente ao passado. Mas muito do que foi ganho, sim, se pode perder. Com base nas mentiras transmi­tidas pelos meios de comunicação que

Em passagem recente pelo Brasil, o presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu entrevista exclusiva ao Bra-sil de Fato. Além do jornalista Beto Al­meida, que representava o jornal e a TV Cidade Livre, de Brasília, participaram o jornalista Valter Xéu, da página Pátria Latina, e o sociólogo Emir Sader.

Correa, que governa o Equador des­de 2007 e pretende concorrer à ree­leição em 2017, esteve no Brasil para participar da reunião da Unasul, que reúne países da América do Sul, com os Brics, integrado por China, Rússia, Brasil, África do Sul e Índia.

O presidente equatoriano, que de­fende a existência de leis que limitem o poder da mídia, também acredita que, no momento, está em marcha na Amé­rica Latina uma “restauração conser­vadora”, que tem como objetivo por fim ao ciclo de governos progressistas dos últimos anos. Leia a entrevista:

“O desenvolvimento é um processo político. O que alcançamos de melhorias no Equador é porque quem manda já é o povo equatoriano”

Rafael Correa, presidente do Equador

“Restauração conservadora ameaça América Latina”

por Beto Almeida, Emir Sader e Valter Xéu

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9brasildefato.com.br9 9brasildefato.com.br 9entrevista

“Aproveitando essa vantagem enorme que é a Amazônia, maior e melhor laboratório natural do mundo, criamos uma nova universidade na selva”

Unidos pode quebrar a Argentina, por exemplo. Então, buscando alternativas, apenas isso, já seriam passos gigantes­cos para um mundo menos injusto e para mais oportunidades às novas eco­nomias emergentes.

Valter Xéu – Durante o seu mandato [2007 até hoje], os índices de saúde e educação no seu país cresceram muito. Também a erradicação da po-breza. Como explicar o Equador, uma economia pequena, conseguir atin-gir índices que países de economia muito mais forte não conseguiram?O desenvolvimento é basicamente um processo político. O que alcançamos no Equador é porque já quem manda é o povo equatoriano. Porque de um Es­tado burguês, o estamos convertendo em um Estado popular. Muitos dos re­cursos estavam aí, como, por exemplo, o recurso petrolífero. De cada 100 bar­ris, 80 ficavam com as petroleiras. Em três anos, renegociamos os contratos e quatro petroleiras deixaram o país, que vão com Deus... Agora é exatamente a razão inversa. De cada 100, 80 ficam para o povo equatoriano. Se pagava uma dívida ilegítima, até por antecipa­ção. Então eram recursos que estavam aí, mas nas mãos erradas. E como al­cançamos isso? Agora há um governo e um Estado que reflete o bem comum. Funciona com base nas grandes maio­rias, houve uma mudança na relação

em mãos privadas. Claro que há toda uma propaganda de que o presidente do Equador tem acumulado meios de comunicação, e com isso se engana o povo. Mas a realidade é que nem 10% dos meios de comunicação são públi­cos, e não falo só do governo central, mas de municípios, assembleias, uni­versidades públicas. O resto segue em mãos privadas. Uma luta enorme na área da comunicação é uma contra­dição de base: a comunicação é um direito, é algo fundamental para a con­vivência. E de acordo com o modelo capitalista, esse direito é provido por negócios privados que visam o lucro. Uma contradição entre lucro e direito. Mas é claro que não se busca apenas lu­cro. Busca­se poder. Essa é uma forma de dominar. Todo poder deve ter con­trole social. Poder político, econômico, social, religioso, midiático. Mas quando se trata de colocar limites a esse poder midiático é um atentado à liberdade de expressão, e isso é totalmente inconsis­tente. Então, temos que falar claramen­te que isto é um problema planetário, mas, sobretudo, na América Latina, porque a imprensa latino­americana ultrapassa todos os recordes quanto à falta de ética, concentração de proprie­dade, falta de profissionalismo, mani­pulação política.

Beto Almeida – Como o senhor vê a necessidade de um outro tipo de jor-nalismo?Ter muito mais meios comunitários, sem fins lucrativos, que busquem realizar o verdadeiro jornalismo sem essa contradição fundamental entre o lucro e a garantia de um direito. Ter mais meios públicos, o que não signi­fica serem meios do governo, mas da sociedade, da cidadania, com con­trole social. Com a nova Constituição do Equador se regula que ao menos a frequência para meios audiovisuais no espectro radioelétrico se distribua um terço para o setor privado com fins lucrativos, um terço para o setor público e um terço para o setor comu­nitário, sem fins lucrativos. É uma das respostas, dentre outras medidas, que se pode tomar para termos um jorna­lismo muito melhor, que no lugar de desintegrar, integre; não desinforme; não manipule; comunique.

Emir Sader – Recentemente, vocês fundaram uma nova universida-de, baseada na ideia do “conhecer bem”, do saber comum. Qual é a na-tureza deste projeto que estão de-senvolvendo?

Na verdade, criamos quatro novas universidades. Acredito que você se refira à Ikiam [Universidade Regio­nal Amazônica], na selva. Aprovei­tando essa vantagem enorme que é a selva amazônica, maior e melhor laboratório natural do mundo, e dife­rentemente do Brasil onde a floresta amazônica fica bastante distante das grandes cidades, aqui no Equador, em três horas e meia, a partir de Qui­to [capital do país], pode­se estar em plena selva amazônica. Criamos essa nova universidade, chamada Ikiam, que na língua shuar, uma das tan­tas línguas ancestrais que têm nosso país, significa “selva”, que fica no meio de uma reserva natural de cerca de 900 km², para ser uma universidade de nível mundial, basicamente, para no caso nacional atender a região ama­zônica que, praticamente, carecia de universidades ou eram universidades de péssima qualidade. Posso lhes ga­rantir que será uma universidade úni­ca e com vantagens irrepetíveis nessa classe de estudo: de biodiversidade, de bioconhecimento.

de poder em função do poder popular. Contudo, esse processo tem limites ex­ternos. Quando virem que o sucesso do Equador é perigoso, seremos atacados por todos os lados. Existem restrições externas que só poderemos enfrentar com a integração. Um primeiro passo no nosso processo tem sido assegurar da melhor maneira os recursos exis­tentes. Já uma seguinte etapa, criar mais recursos, criar mais riquezas. E aí é onde o socialismo sempre falhou um pouco. O socialismo falou muito em justiça social, mas falou pouco em eficiência. E o socialismo moderno tem que falar em eficiência.

Emir Sader – No Equador, vocês avan-çaram bastante na democratização dos meios de comunicação. Qual o modelo atual de formação de opinião pública democrática?Nossos principais adversários são os grandes meios de comunicação que têm tomado, descaradamente, o lugar dos partidos políticos de direita. Por­que a quem pertencem os meios de comunicação na América Latina? Aos pobres ou às oligarquias? Esse é um instrumento para manter a estrutura social desigual. Mas temos que avan­çar com muito cuidado. Tem sido uma luta enorme. Não conseguiram vencer o governo, devido à credibilidade que esse tem, mas mais de 90% dos meios de comunicação no Equador estão

“A imprensa latino-americana ultrapassa todos os recordes quanto à falta de ética, concentração de propriedade, falta de profissionalismo, manipulação política”

“Meios comunitários, sem fins lucrativos, buscam fazer um novo jornalismo”

Correa é presidente de 2007 até hoje

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brasildefato.com.br10 fatos em foco

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“Assim como na vida há casais gays, nas novelas também têm. É um reflexo da realidade.”

O MST, em parceria com es­pecialistas, enviou um abaixo­­assinado pedindo o apoio do papa Francisco para a proibi­ção do cultivo e produção de sementes transgênicas no Bra­sil. O documento foi apresen­tado na sede da CNBB (Confe­rência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília, e encami­nhado para o Vaticano.

Rubens Nodari, professor e especialista em biosseguran­

ça, participou do documento e explicou que há várias pes­quisas apontando os efeitos danosos dos transgênicos para a saúde e o meio ambiente.

O secretário­geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, afirma que o papa tem interes­se pelo tema. “Sabemos que ele realmente estuda os do­cumentos, ele procura tam­bém ouvir muito e tomar a suas decisões.” (Da RBA)

Combate aos transgênicos

Plano de Educação é debatido Redução no consumo de sal

O Ministério da Saúde des­mentiu o boato que se espa­lhou pelas redes sociais de que o ebola está fazendo vítimas no Brasil. “Não há caso sus­peito ou confirmado da doen­ça no país”, afirma o ministé­rio, em comunicado oficial. “O risco de transmissão para o país é considerado baixo.”

De acordo com os dados di­vulgados pela OMS (Organi­zação Mundial da Saúde), os

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, divulgou os primeiros resultados do acordo assinado com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação para reduzir a concentração de sódio nos alimentos industrializados. 

“Os resultados expressivos mostram que é possível traba­lhar em conjunto pelo plano contra as doenças crônicas não transmissíveis, no qual o sal é um ponto importante, funda­

As audiências públicas para de­bater o novo Plano Municipal de Educação de São Paulo começa­ram no último sábado (16).

O projeto de lei tramita agora na Comissão de Educação, Cul­tura e Esportes da Câmara Mu­nicipal e estabelece mudanças no financiamento da educação pública, como a descentraliza­ção de recursos e a destinação anual de 30% da receita de im­postos municipais para  manu­

países afetados pelo surto do vírus Ebola são Guiné, Libéria e Serra Leoa, todos situados na África Ocidental.

Como a doença é transmi­tida pelo contato direto com sangue, secreções, órgãos e outros fluidos corporais de pessoas ou animais infecta­dos, a contaminação de pes­soas em outros continentes é considerada pouco provável. (Da RBA)

mental para a população”, dis­se o ministro.

Desde 2011, quando o acor­do passou a vigorar, as indús­trias deixaram de usar cerca de 1.800 toneladas do ingrediente apenas nas linhas de macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinhas. A previsão é de que até 2020 sejam retiradas mais de 28 mil toneladas. O acordo engloba 16 categorias de alimentos. (Da RBA)

tenção e desenvolvimento do ensino, prevendo estratégias de gestão democrática e de comba­te a desigualdades sociais, raciais e de gênero. 

As metas estabelecidas no texto do plano irão vigorar na cidade nos próximos dez anos. As da­tas, locais e temas das audiências públicas podem ser consultados no site da Câmara Municipal e no endereço  www.deolhonoplano.org.br/saopaulo. (Da RBA)

Disse Gilberto Braga, autor da próxima novela da nove, que terá um casal de lésbicas formado por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg.

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Falso Caso de Ebola

O movimento “Ciclofaixa na Santa Cecília” marcou no dia 25 uma “bicicleta-da” em apoio à criação de ciclovias no bairro, com-batendo a posição dos comerciantes, que eram contrários à implemen-tação.

ciclovias

A mais de três anos fora-gido, o ex-médico Roger Abdelmassih foi preso em Assunção, capital do Paraguai. Ele foi conde-nado a 278 anos de prisão por 52 estupros de suas pacientes.

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O governo federal prorro­gou até 2018 a renúncia fiscal na venda de computadores, smartphones, tablets, mode­ms e roteadores digitais.

O incentivo consta no Pro­grama de Inclusão Digital desde 2005. De acordo com o Ministério da Fazenda, a desoneração do varejo foi integralmente repassada para o consumidor. Apenas no caso dos smartphones, a queda no preço chegou a 30% logo após a inclusão dos produtos no programa, em 2012.

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11brasildefato.com.br 11mundoPrevisão

Chuvas causaram danos, mortes e deixaram famílias desabrigadas na Bolívia, no início do ano

Unicef

Duas de cada cinco crianças viverão na África em 2050

Duas em cada cinco crian­ças do mundo estarão viven­do na África nos próximos 35 anos, estima relatório do Uni­cef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Diante desta perspectiva, o órgão apela por investimentos com foco a ga­rantir o desenvolvimento de gerações mais novas do con­tinente.

“As elevadas taxas de fecun­didade e o número crescente de mulheres em idade re­produtiva significam que, ao longo dos próximos 35 anos, perto de 2 milhões de bebês vão nascer na África”, destaca o documento   Geração 2030/Relatório sobre África.

As projeções do Unicef mos­tram que, em 2050, cerca de 40% de todos os nascimentos devem ocorrer na África, onde o número de crianças chegará perto de 1 bilhão.

“O futuro da humanidade é cada vez mais africano”, des­taca o Unicef, classificando o previsível aumento sem pre­cedentes da população infan­til como oportunidade única para os responsáveis políticos definirem “uma estratégia de investimento centrada na criança”, que se traduza em benefícios para África e o res­tante do mundo.

Em 2015, mais da metade da população de 15 países africa­nos terão menos de 18 anos, incluindo Angola (54%) e Mo­çambique (52%).

Na África, uma em cada 11 crianças morre antes dos 5 anos, taxa 14 vezes superior à média dos países de ren­dimento elevado. Estima­se que, mantendo­se esse pano­rama, a mortalidade infantil “pode subir para próximo dos 70% em 2050.” (Com ONU)

Mudanças climáticas podem gerar futuro caótico» Especialistas apontam efeitos de temperaturas mais extremas

Aumento das turbulências aéreas, temperaturas cada vez mais extremas e ondas gigantes nos mares: especialistas inter­nacionais desenharam uma imagem apocalíptica para as próximas décadas devido às alterações no clima. A análise ocorreu em uma conferência mundial, em Montreal, no Ca­nadá, em agosto. No evento da OMM (Organização Meteoroló­gica Mundial), uma agência da ONU, mil cientistas discutiram o futuro do planeta.

Quase dez anos depois da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, que buscou reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a pergunta não é mais se

a Terra sofrerá com o fenômeno do aquecimento, mas como isso acontecerá.

Na primeira década do século 21, a temperatura média da su­perfície do planeta aumentou 0,47 grau Celsius. Um aumento de apenas 1 grau gera 7% mais de vapor d’água e, como a eva­poração é o motor da circulação das massas de ar, é possível pre­ver a aceleração dos fenômenos meteorológicos.

Os cenários usados pela co­munidade científica estimam um aumento de 2 graus na tem­peratura média da Terra em 2050. A previsão é de que a for­mação de nuvens será mais fácil e rápida, os ventos mais fortes e,

portanto, a chance de inunda­ções repentinas será maior. De forma geral, a ideia é que a alta das temperaturas amplificará a dinâmica meteorológica atual.

Assim, até a aviação poderá ser prejudicada. Concluiu­se que as mudanças climáticas amplificarão a força das corren­tes de ar que giram ao redor do planeta. Isso significará mais turbulência durante voos.

No mar, além da expectativa de que o degelo das regiões po­lares signifique uma elevação de seis metros dos oceanos, estu­dos indicam que a ocorrência de ondas gigantes deve aumentar, o que poderá prejudicar a circula­ção de navios. (Da Redação)

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Em 2050, o número de crianças na África chegará a 1 bilhão

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» Entidade pede investimentos para o continente

México tem 53 mil pessoas desaparecidas em 8 anosNos últimos oito anos, 52.941

pessoas desapareceram no Mé­xico. Familiares de 22.322 deles ainda esperam resposta sobre o paradeiro dos parentes, segun­do dados da Secretaria de Go­verno do Sistema Nacional de Segurança Pública.

Todos os anos são feitas mi­lhares de denúncias por familia­res, mas dificilmente os casos de desaparecimento são investiga­dos e solucionados e há grande dificuldade na contagem.

De acordo com o órgão es­tatal, durante os governos de

Felipe Calderón (2006­2012) e Enrique Peña Nieto, presidente desde 2012, ambos de manda­tos de direita, 52.941 casos de desaparecimento foram denun­ciados. 30.619 pessoas foram encontradas com vida e 1.524 morreram. (Do Opera Mundi)

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brasildefato.com.br12

Nosso DireitoAposentadoria por idade

A aposentadoria por idade é um benefício devido ao se­gurado que, cumprida a ca­rência, completar 65 anos de idade, no casos dos homens, e 60, para as mulheres. O requi­sito etário é comprovado pela apresentação de documento de identificação válido.

Quanto à carência, a le­gislação exige, como regra, o pagamento de 180 contri­buições mensais. Todavia, para os segurados filiados à Previdência Social até 24 de julho de 1991, o art. 142 da Lei 8.213/91 estabeleceu uma tabela progressiva de período de carência, que varia de 60 até 180 contribuições, consi­derando o ano em que a ida­de mínima for completada.

O objetivo do legislador foi

aumentar gradativamente o número de contribuições ne­cessárias para esse tipo de apo­sentadoria, minorando os pre­juízos ao segurado que estava próximo a completar a idade, tendo em vista que a regra an­terior exigia apenas 60 meses.

Assim, para o segurado saber a carência exigida, no seu caso, deve verificar na tabela o nú­mero de contribuições indica­das no ano em que completar a idade mínima. Por exemplo, se o trabalhador completou 60 anos em 2007, precisará de 156 contribuições para se aposen­

tar. Todos os segurados que completarem a idade a partir do ano de 2011 devem contri­buir por 180 meses, incidindo a regra geral.

Vale destacar que o Judiciá­rio já firmou entendimento de que os requisitos idade e ca­rência não precisam ser imple­mentados ao mesmo tempo. Tal posicionamento tem grande importância para os trabalha­dores que completaram a ida­de mínima até o ano de 2010, pois o número de contribuições exigidas será menor do que o previsto na regra geral, mesmo que o benefício seja requerido posteriormente. Assim, se o segurado fez 65 anos em 2002, mesmo que requeira o benefí­cio apenas em 2014, necessitará comprovar 126 contribuições.

por MICHELE MENEZES

por DENISE MORAES

juíza federal no Rio de Janeiro

da Fiocruz

» A malária, a doença de Chagas e a hanseníase são exemplos de doenças negligenciadas

» Quem completar 65 ou 60 anos a partir de 2011 deve contribuir por 180 meses por benefício

Nossa SaúdeDoenças deixadas de lado

Certamente você já ficou do­ente algumas vezes na sua vida. Isso acontece com todos, pois somos seres humanos e esta­mos sujeitos a uma quantida­de enorme de bactérias, vírus, protozoários e outros agentes causadores de doenças.

Esses agentes espalham do­enças por todo o mundo. Para algumas delas, os cientistas já descobriram vacinas ou a cura por medicamentos. Para outras, os estudos prosseguem e apenas se sabe como prevenir. Também existem aquelas doenças que ainda estão por ser descobertas.

Muitas pessoas trabalham para a descoberta, a prevenção e a cura de doenças. Inclusive das chamadas doenças negli­genciadas. Você sabe o que são doenças negligenciadas?

É o seguinte: todo dia ficam doentes adultos e crianças, mu­lheres e homens, pobres e ricos.

Muitas vezes, dependendo de onde moram e de sua condição financeira, as pessoas podem comprar os medicamentos ne­cessários para seu tratamento.

Em outros casos, principal­mente em regiões mais po­bres do planeta, a compra dos remédios é quase impossível por falta de dinheiro ou mes­mo pela falta do remédio. Nes­tes lugares onde o tratamento é mais difícil, as doenças não são controladas e se espalham mais rapidamente, matando milhares de pessoas.

São chamadas de doenças negligenciadas algumas do­

enças infecciosas que afetam principalmente pessoas pobres, e para as quais as indústrias far­macêuticas normalmente não se interessam em pesquisar e produzir remédios, já que essas pessoas não têm dinheiro para comprá­los. Ou seja, são doen­ças para as quais não existem tratamentos eficazes.

A malária, a doença de Cha­gas, a leishmaniose, a hanse­níase e a doença do sono são exemplos de doenças negli­genciadas. Todo ano elas ma­tam muitas pessoas, inclusive aqui no Brasil.

Não é um absurdo? Ain­da bem que existem pessoas comprometidas, que buscam salvar todas essas vidas. Quer exemplos? Conheça o trabalho desenvolvido na Fiocruz e na DNDi (Sigla em inglês para Ini­ciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas).

serviços

Mensagens recebidas por e-mail sobre as reportagens “Volume morto do Alto Tietê também será utilizado” e “Manifestante já está preso há um mês”.

JORGE ANDRADE SOUZA

É muito bom saber que temos um veículo que está de olho na crise da água em São Paulo.

Laís Rocha

Até quando vamos aceitar de braços cruzados o cinismo de Alckmin e da Sabesp?

Marcelo Duarte

É absurda a situação de Fábio Hideki. Chega de prisões ilegais em São Paulo!

Os juros cobrados pelos bancos subiram para 43% ao ano, atingindo um recorde. Desde 2013, os juros básicos da economia subiram 3,75 pontos percentuais. Já os juros co-brados pelos bancos aumentaram 8,1 pontos.

Carta do leitor

Clara Ribeiro– Ocupação por moradia em frente à estação da Luz.

jUROS BANCÁRIOS

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13brasildefato.com.br 13variedades

BOLO DE BANANA COM AVEIAPor Amanda Rossi

O frio parece que não vai dar trégua tão cedo. Por isso, a receita dessa semana é uma ótima opção para se comer junto com uma xícara bem quente de chá ou café. Esse delicioso bolo de banana com aveia é rápido e fácil de fazer, além de ser uma boa alternati­va para usar aquelas bananas da fruteira que já estão um pouco maduras demais. Em vez de jogá­las fora, você pode aproveitá­las nesta receita, na qual as ba­nanas bem maduras são super bem­vindas! Sirva o bolo no café da manhã, no lanche da tarde ou mes­mo num lanchinho da noite, antes de dormir.

Ingredientes– 2 xícaras (chá) de açúcar mascavo (você pode usar um pouco menos de açúcar e adicionar mel) – 3 xícaras (chá) de aveia– 1 xícara (chá) de óleo – 4 bananas picadas ou amassadas (quanto mais maduras, melhor) – 4 ovos (caipiras, se tiver) – Castanha­do­pará triturada– 1 colher (sopa) de fermento – Canela a gosto

Modo de preparoEm um recipiente grande, misture o açúcar masca­vo, o óleo, as bananas e os ovos. Misturando na mão, a massa fica mais rústica, com jeito de bolo caipira artesanal. Se preferir uma massa mais homogê­nea, bata tudo no liquidificador. Depois, adicione a aveia, a castanha e a canela, e misture bem usando uma colher ou o fuê. É importante que a aveia e a castanha não sejam batidas no liquidificador, para que seus flocos sejam preservados na massa final. Adicione o fermento e misture um pouco mais. Co­loque a massa em uma forma untada e leve ao for­no. Não deixe o fogo muito alto para não queimar embaixo. O bolo estará pronto quando você espetar o garfo e ele sair limpinho da massa. Sirva ainda quente com chá ou café.

Áries - 21.03 a 20.04Estará um tanto rebelde e poderá confrontar seus superiores, pois não está interessado em seguir regras e imposições. Bom período para se colocar no lugar dos outros e refletir as consequências de suas ações.

Touro - 21.04 a 20.05Há compreensão por causas e dores alheias. Porém, poderá se perder em extravagâncias, vaidade e superestimar suas capacidades. Cuidado com o lado profissional, que pode estar instável e propenso a enganos.

Gêmeos - 21.05 a 20.06Tendência à vaidade, abuso de confiança e falsa humildade. A sorte está quase sempre ao seu lado, mas prevenir é sempre melhor que remediar. Cuidado com assuntos de or-dem legal, jogos de azar e outros vícios.

Câncer - 21.06 a 22.07Muito magnetismo pessoal, romantismo e pitadas de intuição. Estará fazendo amizades com facilidade. No entanto, há grande carga emotiva, então exercite a leveza nos pensa-mentos e atitudes ao se relacionar.

Leão - 23.07 a 22.08Estará exalando magnetismo pessoal, o que poderá lhe render elogios, alta popularidade e gerar novos contatos. Bom relacionamento especialmente com pessoas mais velhas ou mais experientes que você.

Virgem - 23.08 a 22.09Sentimentos em harmonia com as pessoas de seu convívio. Sentirá facilidade em expressar sua intimidade para os outros e em relação a eles devido a sua comunicação agradável, criativa e com um toque de bom humor.

Libra - 23.09 a 22.10Facilidade no relacionamento com crianças e todos que tenham atitudes mais abertas e sinceras perante a vida. Não há paciência para desvendar as intenções alheias, preferin-do a transparência neste momento.

Escorpião - 23.10 a 21.11Fase positiva para por em prática os projetos anteriores. É hora de praticar tudo que apren-deu na teoria e testar seus métodos e planos. Esteja atento e crítico para captar as falhas e aperfeiçoar suas criações.

Peixes - 20.02 a 20.03O desejo altruísta está ainda mais forte. Há vontade de ser generoso e ajudar as pessoas que não tiveram tanta sorte na vida como você, mas seja ponderado e avalie seus recur-sos antes de iniciar qualquer ação.

Aquário - 21.01 a 19.02Vontade e sentimento andam harmoniosa-mente. Estará otimista, forte, com vontade de trabalhar, produzir e se transformar, sempre atrás da evolução pessoal. Não tem medo de inovar e tira proveito disso.

Capricórnio - 22.12 a 20.01Cuidado com o pessimismo e crítica destruti-va, estará tratando a si e aos outros de forma extremamente rígida e até punitiva. Comece desde já a trabalhar esses hábitos para não se prejudicar futuramente.

Sagitário - 22.11 a 21.12 Passa por conflitos de forma tranquila e pro-dutiva. Se utilizar sua intuição e originalidade para resolver as situações complicadas, num piscar de olhos elas se tornarão muito simples e até divertidas de serem vividas.

BOA & BARATA • [email protected]

Semana de desafios físicos e testes de paciência. Passaremos por situações onde é necessário muito mais força de vontade e confiança que resistência física para ultrapassá­los. Além disso, é possível que haja vontade também de desafiar as pessoas e levá­las à ultrapassar seus próprios limites.

Keka Campos, astróloga | [email protected]

Horóscopo • 22 A 31 DE AGOSTO DE 2014

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EUA

"Avó", nalinguagemcarinhosados netos

Designa ja-ponês quemigrou àAmérica

Serviço àsvezes ofe-recido por lavanderias

Utensílio para pintar

tetos eparedes

Construçãoque dividiuBerlim por28 anos

O tipo de refeição in-dicada pa-ra a noite

Classifi-cação dosangue

mais raro

Área desalinas

Mapa, eminglês

Conjun-ção com-parativa

Três vezes

Postar,em inglêsDesfile de

carrosRecheioopcional

do acarajéBurburinho

Deusa daLua, na

mitologiatupi

Os doisúltimospapas

(Catol.)

Recorrem(?) Sabin, virologistados EUA

Moinho

Ferra-menta dequeijeiros

Passar doestado

líquido aogasoso

Amolar;aguçar

A corda doequilibrista

Patriarcasalvo noDilúvioFechar

SantosDumont,

inventor eaviador

brasileiro

Onda, emespanholDo-(?),

massagem

"Terra",em "Geo-

grafia"

Veia (?): leva o sangue"usado" pe-lo miocár-dio (Biol.)

5, em romanosAguada (a sopa)

Divulgação ilegal de fotospessoais, que levou à aprovaçãoda lei que criminaliza a invasãode aparelhos eletrônicos (BR)

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de Falcão

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brasildefato.com.br14 cultura

Julio Cortázar (1914-1984) produziu em 1966 o romance “Rayuela”, uma das obras centrais do “boom latino-americano” nas letras

literatura

» Figura importante da literatura latino-americana, Cortázar escreveu romances, contos e poemas

Se não tivesse falecido devi­do à leucemia em 1984, com 69 anos, e permanecesse vivo, Julio Cortázar comemoraria seu centésimo aniversário na terça­feira (26). Além de fazer parte da geração que se sa­grou, durante as décadas de 1960 e 1970, naquilo que fi­cou conhecido como “boom latino­americano”, também é tido, junto a Jorge Luis Borges, como um dos maiores escrito­res argentinos.

Nascido em Bruxelas, na Bélgica, filho de um funcioná­rio da embaixada argentina no país, Cortázar foi para a Argen­tina com sua família quando tinha quatro anos de idade. Uma vez instalados em Bue­nos Aires, no subúrbio de Ban­field, viveria o resto da infância no local, não sem antes passar por uma reviravolta familiar – seu pai os abandonaria quan­do Julio tinha seis anos.

As dificuldades enfrentadas

a partir de então fizeram com que renunciasse aos estudos universitários – mais comum na Argentina do que entre nós. Em 1951, mesmo ano em que publicou seu primeiro livro de contos “Bestiário”, o desejo de conhecer a Europa e o desgos­to com o governo da época, le­varam Cortázar à Paris, cidade na qual morou o resto da vida.

O ano de 1963 seria um divi­sor de águas em sua vida. Seu maior feito literário, o romance “O Jogo da Amarelinha”, publi­cado naquele ano, inscreveria seu nome de forma definitiva entre os maiores escritores do século 20.

O livro foi um grande expe­rimento. Dividido em duas partes, o leitor pode lê­lo sem interrupções até o capítulo 56 ou, tal como na brincadeira in­fantil, intercalar com os outros 99 capítulos, de acordo com as orientações dadas. O enredo, que narra a relação amorosa entre dois personagens latino­­americanos vivendo em Paris,

é apenas um dos elementos do livro quando lido de forma in­tegral.

Como um todo, há diversas referências culturais, como ou­tros escritores, músicos de jazz (gênero preferido de Cortázar) e filósofos. Há até mesmo “co­

mentários” a respeito do pró­prio livro.

É interessante notar que a mais famosa de suas obras, na verdade, é pouco representati­va do todo de seus escritos. A maior parte de sua produção é composta de contos, ou seja, de narrativas curtas, muito dis­tintas de seus romances, não só em tamanho, mas também em estilo.

O mesmo ano de publicação de sua obra maior marcaria a vida de Cortázar de outra for­ma. Foi em 1963 que ele visi­tou Cuba, consolidando um processo de admiração pela revolução socialista na ilha – experiência que o politizou intensamente – e, a partir de então, passa a demonstrar seu apoio público a diversos movi­mentos políticos de esquerda.

Ícone de uma geração e de um momento histórico, Cor­tázar e sua literatura ainda são, para nós latino­americanos uma grande e especial referên­cia artística e política.

Cem anos de nascimento do escritor argentino Julio Cortázar são celebrados

por Rafael Tatemoto

evento

Quem visitar esta edição da Bienal do Livro de São Paulo, com início na sexta­feira (22), poderá entrar em contato com obras trazidas por 300 exposito­res e com livros vindos de cerca de 70 países.

Além dos livros expostos, a Bienal também contará com apresentações de teatro, cine­ma, dança, shows musicais, além de cursos e palestras. A proposta é que haja atrações para todas as idades. Momen­tos de contação de histórias para crianças, apresentações de grandes escritores e até mesmo atividades gastronômicas. As tradicionais sessões de autógra­fos também foram mantidas.

Como é usual, ícones dos li­vros voltados para as crianças, como Maurício de Sousa e Zi­raldo, também estarão presen­tes. Entre os músicos previstos para se apresentarem estão Ellen Oléria, os rappers Rapin’ Hood e Emicida, Zeca Baleiro e Zélia Duncan.

Segundo os organizadores, em dez dias de funcionamento, a Bienal espera receber cerca de 700 mil visitantes. A progra­mação completa, bem como os participantes desta edição, podem ser encontrados no site www.bienaldolivrosp.com.br.

23 ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Onde: Pavilhão de Exposições – Parque Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209 ­ Santana)Quando: Seg à sex, das 9h às 22h; Sáb, das 10h às 22h; Dom, das 11h às 21h, até 31 de agostoEntrada: R$ 14,00

Bienal do Livro vai até dia 31

Os livros vêm de 70 países

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centro

Aniversário da Freguesia do ÓA Casa de Cultura Salvador Ligabue vem com programação especial em comemoração aos 434 anos da Fregue-sia do Ó. Serão promovidas atrações nas áreas de artes visuais, dança, música e teatro. O público pode conferir a exposição “Freguesia do Ó – 434 Anos de História e Tradição”, até 1º de setembro, com fotos antigas.

Diariamente até 6/9, das 9h às 18h – Entrada Gratuita – Casa de Cultura Salvador Ligabue –Rua José de Siqueira, 215, Freguesia do Ó

Fotos latinasA exposição “Elemento Latente: 10 Fotógrafos da América Latina” recebe brasileiros, mexicanos e venezuelanos.

Até 21/9, Ter a Sáb das 10h às 21h, Dom das 10h as 19h – Entrada Gratuita – Sesc Santana – Ave-nida Luiz Dumont Villares, 579, Jardim São Paulo

zona sul zona leste

Estéticas da periferiaDe 26 a 31 de agosto, a quarta edição do Estéticas das Periferias realiza mais de 30 atrações. O evento atua no fortalecimento da produção cultural das periferias paulistanas. Na sexta (29), no CEU Tiquatira, show com o vocalista e compositor Ba Kimbuta.

Sex (29), às 20h – Entrada Gratuita – CEU Tiquatira – Par-que Anhangabaú, s/n

Mira SchendelEstá em cartaz a exposição retrospectiva da artista suíça natu-ralizada brasileira. Ao lado de Lygia Clark e Helio Oiticica, ela reinventou a linguagem do Modernismo Europeu no Brasil.

Até 19/10; Ter a Dom, das 10h às 18h; Qui das 10 às 21h – R$ 6 (inteira); R$ 3 (meia-entrada) – Pinacoteca do Estado de São Paulo – Praça da Luz, 2, Bom Retiro

zona norte

A exposição “Maranhão - Tambores para reencantar” mostra diversas manifesta-ções da cultura maranhense, como a Fes-ta do Divino, o Bumba-boi e o Tambor de Crioula, por meio de fotografias. A ativi-dade ocorre no Quixote - Espaço Comu-nitário.

Diariamente até 30/8, das 9h às 18h – Entrada Gratuita – Funsai Quixote - Espaço Comunitário – Rua Clóvis Bue-no de Azevedo, 145, Ipiranga

DinossaurosDireto da Era Mesozoica vem a exposição “O Mundo dos Dinossauros”, com mais de 10 réplicas em tamanho real dos extintos répteis. O evento ainda conta com sala de cinema 7D e caminhada sobre os dinossauros, estas atrações por R$ 10.

Até 14/9, Seg a Sáb, das 10h às 22h, Dom, das 14h às 20h – Entrada Gratuita – Shopping Anália Franco – Avenida Regente Feijó, 1739, Vila Regente Feijó

Co_operarArtemídia e cultura digital estão no projeto “Co_operar“, com performances audiovisuais, oficinas de arte e vídeo e debates.

Até 26/9, Ter a Sex, das 13h às 20h – Entrada Gratuita – Sesc Belenzinho – Rua Padre Ade-lino, 1000, Quarta Parada

zona oeste

Nordeste ReinventadoA exposição de xilogravuras “Nordeste Reinventado na Imagem Gravada” conta com 27 gravadores e cerca de 200 obras de artistas como Stênio Diniz, Gilvan Samico, José Lourenço, Francisco de Almeida, Mes-tre Noza e João Pedro do Juazeiro.

Até 12/10; Ter a Sex, das 10h às 20h; Sab e Dom das 10h às 18h – Entrada Gratuita – Centro Cultural de São Paulo – Rua Vergueiro, 1000

MultitalentosAlém de poeta e escritor, Guilherme de Al-meida (1890 – 1969) era advogado, jornalista, crítico de cinema e tinha um forte vínculo com as artes visuais. A Casa Guilherme de Almeida apresenta a exposição “Esboços” com uma parte dos desenhos desse artista de multitalentos.

Diariamente até 12/10, das 10h às 18h – Entrada Gratuita – Casa Guilherme de Almeida – Rua Macapá, 187, Sumaré

Artes visuaisCom cores vibrantes, formas e partes humanas, assim são as obras de Ara Teles. Segundo a pintora, o trabalho parte de uma autorreflexão corporal, que explora emoções em movimentos e expressões.

Diariamente até 16/10, das 10h às 22h – Entrada Gratuita – Uvaia Hostel – Rua Morgado de Mateus, 273, Vila Mariana

Cultura Maranhense

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Palmeiras chega a seu centenárioFundado por imigrantes italianos, clube conquistou o país

Novo do estádio do Palestra Itália está previsto para ser inaugurado ainda este ano

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Fifa 2015

Corinthians

Jogo não terá times do Brasil

A Eletronic Arts, empresa res­ponsável pelo videogame Fifa, anunciou que a edição 2015 do jogo não terá equipes brasilei­ras. É a primeira vez que a de­cisão é anunciada desde que a série surgiu, nos anos 1990.

Segundo a empresa, mu­danças no processo de licen­ciamento de imagem fez com que a produtora não viabili­zasse um acordo com os de­tentores do direito dos jogado­res que atuam no Brasileirão.

Aparentemente, ao contrá­

O atacante do Corinthians Paolo Guerrero está na mira do West Ham e do Sunder­land. Os clubes da Inglatera têm o desejo de contratá­lo por empréstimo.

Apesar de o Corinthians negar ter recebido qualquer proposta oficial, o camisa 9 admitiu que foi informado da sondagem e manifestou a von­tade de voltar para a Europa.

rio do que acontece em outros países, as negociações não são centralizadas em uma entida­de, o que levou a empresa a “não estar segura do uso dos direitos em todos os casos”.

A seleção brasileira e os atle­tas que jogam no exterior estão garantidos na próxima edição do jogo. O último título da sé­rie, deste ano, incluía todos os times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro e até mesmo o Palmeiras, que se en­contrava na segunda divisão.

O contrato do peruano vai até julho de 2015. Assim, na próxima janela de transfe­rências ele poderá assinar um pré­contrato com outro clube.

O Timão vai procurá­lo em breve para tentar a renovação do vínculo, já tendo declarado há tempos que pretende man­tê­lo e que sua permanência é a prioridade no elenco.

Game não terá equipes do país por dificuldades na negociação

Ingleses miram Guerrero

O atacante admitiu que está sendo sondado por europeus

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Um dos mais tradicionais clubes de São Paulo comple­ta seu centésimo aniversário. Fundado como Palestra Itália, em 26 de agosto de 1914, por operários italianos, virou So­ciedade Esportiva Palmeiras às vésperas da final do Cam­peonato Paulista de 1942. E já nasceu campeão. Em seu pri­meiro jogo com o novo nome, o time, que representava a imensa colônia italiana em São Paulo, subiu ao gramado com a bandeira do Brasil e ba­teu o São Paulo por 3 a 0, so­mando mais um Campeonato Paulista a suas taças.

Os títulos só aumentaram com o passar dos anos. Assim, o Palmeiras chega ao seu cen­tenário como o maior vence­dor de títulos nacionais (oito Campeonatos Brasileiros e duas Copas do Brasil), cam­peão da Libertadores da Amé­rica (em 1999, após eliminar o rival Corinthians nas quartas­­de­final – feito que seria re­petido no ano seguinte, desta

vez nas semifinais, com direi­to ao histórico pênalti de Mar­celinho Carioca que transfor­mou o goleiro palmeirense em São Marcos) e com a Copa Rio de 1951, reconhecida pela Fifa como um Mundial de Clubes.

Com uma história de es­quadrões memoráveis, dois se destacam: a Academia, for­mada entre os anos de 1960 e 1970, era o único time paulis­ta capaz de bater o Santos de Pelé, conquistando Campe­onatos Paulistas e seis Cam­peonatos Brasileiros, além de ter sido liderada por craques como Djalma Santos, Leão, Leivinha, Luis Pereira, Dudu e o “divino” Ademir da Guia.

Nos anos 90, outra seleção se formou e, no dia 12 de ju­nho de 1993, apaixonou todos os palmeirenses com o fim da fila de 16 anos sem títulos. Durante a década de 90, Mar­cos, Evair, Rivaldo, Edmundo, Alex, Cesar Sampaio, Zinho, Arce, Djalminha e os técnicos Vanderlei Luxemburgo e Luis Felipe Scolari levaram o Pal­meiras a três títulos paulistas,

por Pedro Bocca* dois brasileiros e a tão sonha­da Libertadores.

Nem tudo foi festa nessa história, especialmente na época recente. Péssimas ad­ministrações endividaram o clube e levaram o Palmeiras a dois rebaixamentos na­cionais, em 2002 e 2012. No momento, o time (em refor­mulação) tenta se distanciar da zona de rebaixamento do Brasileirão. Porém, a história de superações e reinvenções do clube de raízes italianas que se tornou um dos maiores para os brasileiros diz que es­tes momentos serão, em bre­ve, páginas viradas.

O Palmeiras deve ainda fe­char 2014 com mais um pre­sente: o Estádio Palestra Italia, em reformas desde 2010, de­verá ser reinaugurado ainda este ano, e promete ser um dos mais modernos estádios do mundo – condizente com a história centenária desta pai­xão alvi­verde compartilhada por milhões em todo o país.

*Palmeirense fanático