boas praticas na prod, de suinos

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ISSN 0102-3713

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Boas Prticas de Produo de Sunos1 IntroduoA carne suna a fonte de protena animal mais consumida no mundo, representando quase metade do consumo e da produo de carnes. O Brasil foi responsvel, em 2006, por 2,9% da produo mundial, ou 2,87 milhes de toneladas. o quarto maior produtor, abaixo da China, da Unio Europia e dos Estados Unidos da Amrica. A suinocultura praticada com maior ou menor intensidade em todos os estados, sendo que a Regio Sul concentra 44% do rebanho e 61% do alojamento tecnificado de matrizes. A produtividade da suinocultura brasileira varivel, dependendo da regio e do tipo de produo, alcanando, como no caso de Santa Catarina, um desfrute de 170%, comparvel ao obtido por alguns dos pases produtores com maiores ndices produtivos. Contabilizando apenas 5% do total produzido o comrcio internacional de carne suna modesto quando comparado com a carne bovina e de aves. Mesmo assim, e apesar do acirramento da concorrncia internacional, o Brasil apresentou um desempenho excepcional na ltima dcada, atingindo em 2005 a marca recorde de US$ 1,2 bilho e 625 mil toneladas em exportaes, correspondendo a uma mdia de 20% da produo nacional. O dinamismo no mercado externo no tem sido acompanhado pelo mercado interno, com um consumo per capita de aproximadamente 12 kg/habitante/ano, praticamente estagnado desde o incio da dcada e inferior mdia internacional. Ao contrrio dos consumidores asiticos, europeus e norte-americanos, o brasileiro consome mais as carnes de frango e bovina do que a suna. Assim, a falta de uma base slida no mercado interno, a crescente dependncia nas exportaes ainda concentradas em poucos parceiros comerciais, os problemas sanitrios no rebanho bovino e as barreiras comerciais apontam para um quadro de incerteza futura e maior presso competitiva entre os suinocultores brasileiros.

Concrdia, SC Dezembro, 2006 AutoresArmando Lopes do AmaralBilogo, M.Sc. (Coordenador)

Paulo Roberto S. da Silveira Gustavo J. M. M. de Lima

Md. Vet., D.Sc (Coordenador) Eng. Agr., Ph.D (Coordenador) Biloga, M.Sc

Ctia Silene Klein Doralice Pedroso de PaivaMd. Vet., Ph.D Eng. Agric., M.Sc Md. Vet., D.Sc

Franco Martins

Jalusa Deon Kich Janice Reis Ciacci ZanellaMd. Vet., Ph.D

Jernimo FveroEng. Agr., M.Sc Eng. Agr., D.Sc

Jorge V. LudkeMd. Vet., Esp. Sanidade Economista, D.Sc

Luiz Carlos Bordin Marcelo MieleQumica, D.Sc

Martha M. Higarashi

Md. Vet., M.Sc Zootecnista, D.Sc Eng. Agric., Ph.D

Nelson Mors

Osmar A. Dalla Costa Paulo Armando V. de Oliveira Teresinha Marisa BertolMd. Vet., D.Sc Zootecnista, Ph.D

Virgnia Santiago Silva

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Este cenrio, aliado ao crescimento no alojamento tecnificado de matrizes, atualmente em 1,5 milhes de cabeas (s quais se somam 918 mil cabeas do rebanho de subsistncia), ao aumento dos custos ambientais e presso altista no preo dos gros em funo do avano das culturas energticas para a produo de lcool e biodiesel, coloca em primeiro plano a busca pela eficincia e pela qualidade. Dessa forma, torna-se essencial a produo de carne com padro de qualidade definido, que possa ser rastreada, que seja segura do ponto de vista alimentar, ambientalmente sustentvel, com respeito ao bem-estar animal e que atenda as expectativas do consumidor. Alm disso, a produo precisa atender no apenas s exigncias do mercado consumidor, mas da sociedade como um todo, a partir de critrios fundamentados na sustentabilidade da produo, o que tambm inclui a eficincia e a viabilidade econmica da atividade. As diretrizes de Boas Prticas de Produo de Sunos (BPPS) aqui descritas tem como objetivo enfatizar a busca de uma produtividade que torne a explorao de suno economicamente vivel, sem se descuidar da segurana do produto, da preservao do ambiente, do bem-estar animal e dos princpios da responsabilidade social vinculados aos fatores de produo. Esses objetivos servem de base para outros programas de fomento melhoria de qualidade do produto, difundidos em mbito mundial, como a Anlise de Perigo e Pontos Crticos de Controle (APPCC), ou para a implantao de programas de incentivo certificao agropecuria por meio de diversos protocolos com reconhecimento internacional. Este documento tambm objetiva atualizar a Circular Tcnica n. 39 acrescentando um roteiro para auditorias das granjas referente as boas prticas de produo de sunos (checklist). As BPPS podem beneficiar os sistemas de produo de sunos de ciclo completo (CC) em atividade, assim como orientar a ampliao ou a implantao de novos sistemas. Pelo fato de contemplar todas as etapas da produo, desde a aquisio do material gentico at a entrega dos sunos de abate na plataforma do frigorfico, as BPPS aplicam-se, ainda, a sistemas de produo que executam apenas parte das etapas de produo de sunos, como a Unidade de Produo de Leites (UPL), que produz leites at a sada da creche, e a Unidade de Terminao (UT), que recebe os leites de uma UPL e executa as fases de crescimento e de terminao, ou mesmo os sistemas ainda mais especializados, como so os crechrios (sistemas especializados para recria dos leites envolvendo apenas a fase crtica que vai desde o desmame at os leites alcanarem 22 kg).

O sistema intensivo de sunos criados ao ar livre (Siscal) no est contemplado nessas BPPS, que neste caso devem ser implantadas com o apoio de tcnicos especializados. Da mesma forma nos processos de tomada de deciso mais crticos, como a implantao e a manuteno de um sistema adequado de controle sanitrio nas granjas as orientaes de ordem tcnica devem ter o aval de profissional habilitado visando a obteno de xito nos programas implementados. As BPPS, aqui recomendadas, consideram as peculiaridades de sistemas comerciais de produo de sunos adotados no Brasil, podendo tambm contribuir para a melhoria dos sistemas de subsistncia. A adoo dessas BPPS deve obedecer s Legislaes Ambiental e Trabalhista e ao Estatuto da Criana e do Adolescente, vigentes no Brasil, bem como aos princpios ticos de igualdade de salrios entre trabalhadores urbanos e rurais quando no desempenho de atividades equivalentes.

2 Planejamento da atividadeO estabelecimento de uma nova atividade precisa, necessariamente, ser precedido de um planejamento com previso do potencial de comercializao do produto final, das disponibilidades de insumos, das implicaes ambientais do projeto, dos custos de implantao, do sistema de produo e dos pacotes tecnolgicos escolhidos e das metas de produo para prever a viabilidade do retorno econmico dos investimentos. Um bom planejamento contribui fortemente para garantir a sustentabilidade da atividade, a preservao ambiental e o conforto dos animais, alm de facilitar o manejo.

2.1 Projeto ambiental Considerar a disponibilidade dos recursos naturais da propriedade e da bacia hidrogrfica, planejando o monitoramento ambiental durante o desenvolvimento das atividades; Obter do rgo competente as licenas ambientais pertinentes, antes de iniciar a implantao e operao do sistema de produo; Respeitar o Cdigo Florestal Federal, a Legislao Ambiental e o Cdigo Sanitrio do Estado, especialmente, quanto s distncias mnimas das instalaes em relao estradas, casas, divisas de terreno, nascentes de gua, audes, rios e crregos; infra-estrutura para manejo dos dejetos; rea para disposio dos resduos da produo;

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O custo de transporte e aplicao de dejetos sunos como fertilizantes do solo aumenta com a sua diluio, com a distncia a ser percorrida e com a declividade do terreno, assim, deve-se avaliar a necessidade de alternativas de tratamento dos dejetos; Tecnologias alternativas podem reduzir o impacto ambiental da atividade e podem trazer renda adicional como o composto orgnico obtido em sistemas de criao em cama sobreposta ou em composteiras, ou a obteno de crditos de carbono e energia atravs de biodigestores e estaes compactas de tratamento. Planejar o balano e fluxo de nutrientes na propriedade viabilizando o uso racional de todos os dejetos produzidos, dispondo-os, preferencialmente, na rea de implantao do projeto, em lavoura anual, culturas permanentes, pastagem ou reflorestamento.

para atender perfeitamente s necessidades dos animais e evitar o desperdcio; O isolamento trmico adequado, que permita o armazenamento ou a dissipao de calor por meios naturais, como a ventilao, em todas as construes; A facilidade de execuo das rotinas de trabalho, de forma a aumentar a eficincia e a eficcia da mo-de-obra e a evitar atividades que prejudiquem a sade dos operadores; Aplicar tecnologias compatveis com o dimensionamento e o objetivo da explorao; Avaliar de forma crtica as diferentes possibilidades de manejo dos dejetos (sistema de cama sobreposta ou dejetos lquidos); Dimensionamento do sistema de tratamento de dejetos compatvel com a carga poluente gerada permitindo a sua readequao nos casos aumento ou diminuio do nmero de animais alojados. Manter um controle eficiente de produtividade e de custos por meio de fichas ou de programas informatizados, para o acompanhamento de todos os dados produzidos.

2.2 Projeto tcnico Dispor de rea bem drenada e compatvel com o nmero mdio de animais a serem utilizados; Dispor de abastecimento de gua potvel equivalente a 100 a 150 litros/dia por matriz instalada, dependendo do sistema de produo; Elaborar um projeto tcnico completo (civil, hidrulico, eltrico e ambiental), incluindo metas, fluxos de produo, equipamentos, manejo, memorial descritivo, oramento e prazo de execuo.

2.3 Escolha e preparo do terreno Selecionar uma rea plana ou ligeiramente ondulada (at 6% de declividade) para a locao do sistema de produo de sunos, de acordo com as exigncias do projeto e prevendo possveis ampliaes; Instalar os prdios com seu maior eixo no sentido Leste-Oeste, ou com um leve desvio, para um maior aproveitamento da incidncia de ventos predominantes, visando o conforto trmico dos animais e a reduo da radiao solar; Escolher um local que facilite o fluxo de pessoas, de animais e de insumos, com boas condies de trnsito em qualquer poca do ano; Permitir o afastamento entre as edificaes, para facilitar a ventilao natural; Gramar toda a rea adjacente ao sistema de produo de sunos e manter a cobertura vegetal constantemente aparada.

O planejamento das instalaes deve considerar os seguintes itens: A metragem quadrada necessria para cada fase da criao; Os detalhes das edificaes (tipo de maternidade, celas parideiras, creche, telhado, forro, paredes, pisos e cortinas ou janeles), de acordo com as exigncias dos animais, as caractersticas climticas da regio e as metas de produo estabelecidas; O tamanho dos prdios e o nmero de salas a serem construdas para cada fase, de acordo com a demanda de rea para abrigar os sunos em produo e em funo do manejo e cronograma adotados; Os tipos de bebedouros e de comedouros em funo do sistema de arraoamento a adotar,

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O sucesso econmico do empreendimento e a garantia da qualidade do produto final dependem fortemente de um controle completo dos insumos utilizados na propriedade; da compra e a venda de animais (sempre acompanhados do guia de trnsito de animais - GTA); dos controles reprodutivos individuais; dos dados de desempenho; do registro de qualquer medicao usada individualmente ou em grupos de animais.

Para atender a necessidade do nmero de porcas na semana de cobrio, seja qual for o intervalo entre os lotes utilizado, deve-se prever com antecedncia a incluso de leitoas de reposio em cada lote de porcas desmamadas (cerca de 15% de leitoas por lote para uma taxa de reposio anual de 40%).

2.5 Estudo da viabilidade econmicaPara um novo investimento o produtor dever estar atento aos seguintes aspectos relacionados ao estudo da viabilidade econmica: Levantar com maior detalhamento possvel as informaes que interferem no valor do investimento inicial, o que implica em dispor de um estudo tcnico bem fundamentado; Conhecer bem o planejamento da produo para verificar o tempo em que o projeto no gera receitas e gera apenas despesas, o que corresponde necessidade de capital giro; Utilizar na avaliao econmica indicadores que considerem o custo de oportunidade do capital, ou seja, indicadores que permitam comparar a rentabilidade do dinheiro investido no projeto com aquela possvel de ser obtida no mercado financeiro (poupana ou fundos de renda fixa) ou com as taxas de juros de financiamentos tomados; Os indicadores mais adequados para isso so os Valores Presente Lquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR); O tempo de retorno do investimento conhecido como pay-back (calculado pela diviso do investimento inicial pelo lucro lquido anual) no um indicador adequado por no levar em conta o custo do capital e por se tratar de um indicador de liquidez e no de rentabilidade; Tomar decises baseadas neste indicador pode levar ao comprometimento financeiro e a escolhas de investimento equivocadas; importante que o produtor conte com uma assessoria devidamente capacitada para fazer uma anlise econmica consistente e estabelecer o planejamento financeiro da atividade; O custo desta assessoria pode se tornar acessvel quando dividido entre diversos produtores, medida que as associaes de produtores estejam engajadas na prestao de servios desta natureza ou, atravs da contratao de consultores com o pagamento baseado nos resultados do projeto.

2.4 Planejamento da produoA organizao do fluxo de produo de sunos na granja, depende do planejamento das instalaes. A granja deve ser construda em salas por fase de criao, considerando o tamanho do rebanho, o intervalo entre lotes de porcas que se pretende trabalhar e o perodo de ocupao de cada sala (perodo em que os animais permanecem na sala, mais o vazio sanitrio) principalmente nas fases de maternidade, creche e crescimento-terminao. Desta forma, ser possvel produzir animais em lotes com idades semelhantes na mesma sala e viabilizar a realizao de vazio sanitrio entre eles. A produo em lotes visa reduzir a presso infectiva, o uso de medicamentos e a transmisso de doenas entre os animais de diferentes idades, bem como, melhorar o desempenho dos animais, a gesto da granja e organizar a mo de obra. Os intervalos entre os lotes, mais utilizados em nossa suinocultura so de 7, 14, 21 ou 28 dias. Para calcular o nmero de salas necessrias em cada fase de produo e o nmero de lotes de matrizes no rebanho para atender o fluxo de produo com o intervalo entre os lotes desejado, podemos utilizar as Frmulas 1 e 2, respectivamente. Frmula 1Clculo do nmero de salas em cada fase de produoNmero de salas = Perodo de ocupao + vazio sanitrio Intervalo entre os lotes

Frmula 2Clculo do nmero de lotes de porcas no rebanhoNmero de lotes = Intervalo entre partos Intervalo entre os lotes

Para planejar a produo de uma granja, sugere-se consultar o Comunicado Tcnico Embrapa Sunos e Aves N. 325 (Mores & Amaral 2003). Para melhor eficincia do vazio sanitrio, as salas devem ser independentes, tendo apenas uma porta de acesso e a circulao entre elas deve ser realizada atravs de corredor externo.

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3. Gesto do estabelecimento suincolaAs decises administrativas e econmicas na implementao de uma nova granja ou na administrao de uma granja j instalada dependem dos recursos disponveis ao suinocultor (humanos, naturais, tecnolgicos e financeiros), das ameaas e oportunidades que surgem fora da porteira, bem como do risco que ele est disposto a assumir. fundamental destacar a necessidade de buscar e analisar informaes acerca do estabelecimento suincola, bem como do ambiente no qual ele se insere, sobretudo das suas relaes com o restante da cadeia produtiva (fornecedores, agroindstrias e consumidores). Por isso necessrio que o produtor utilize ferramentas gerenciais para administrar o seu negcio. O grau de sofisticao destas ferramentas pode variar em funo do porte e das necessidades de cada um, as quais podem ser utilizadas de forma individual, mas, sobretudo, em conjunto com parceiros (vizinhos, associaes, assistncia tcnica, etc.). Alm de tornar mais segura a tomada de deciso, esses instrumentos deixam o produtor mais preparado nas negociaes com compradores e fornecedores.

Assistncia tcnica, rgos de pesquisa e representantes comerciais; Participao em feiras e eventos; Internet.

A partir destas fontes de informao e do debate com outros suinocultores: Acompanhar as tendncias de preo do suno e dos gros nas principais regies produtoras; Acompanhar as mudanas nos fatores que influenciam na remunerao do suinocultor; Tentar compreender como isso interfere na remunerao e nos custos do suinocultor e seus concorrentes; Acompanhar as discusses sobre os principais pases importadores e tentar compreender como isso afeta o volume de animais a serem comercializados; No tomar decises com base em situaes de euforia de mercado;

3.1 Viso estratgica do negcio importante que o suinocultor tenha uma viso estratgica do seu negcio. Para tanto deve: Ter uma viso de longo prazo (cerca de dez anos) estabelecendo metas de produo, produtividade, faturamento, lucro e condies adequadas para a aposentadoria e transferncia da administrao para os herdeiros no caso das pessoas idosas; Saber quanto o suinocultor est investindo na atividade e quais so as possibilidades de perdas (noo de risco); Sempre ter uma viso de cadeia produtiva, ou seja, compreender a relao do estabelecimento suincola com os fornecedores, os compradores e as exigncias do consumidor final no Brasil e nos pases importadores da carne suna brasileira.

3.2 As receitas do suinocultor importante conhecer quais so os resultados a serem alcanados em cada tipo de sistema de produo, tendo em vista que o preo obtido na venda dos animais e, portanto, a remunerao do suinocultor depender da forma como o comprador avalia e valoriza os animais vendidos. Os critrios de remunerao dependem em grande parte do vnculo do suinocultor com o elo de abate e processamento (independente, contrato de compra e venda ou contrato de parceria) e o sistema de produo (ciclo completo, produo de leites ou terminao). O principal indicador de desempenho utilizado para calcular a remunerao dos parceiros que fazem a terminao a converso alimentar. A mortalidade tambm afeta a remunerao tendo em vista que altera a converso alimentar final do lote e reduz o volume de animais entregues. A maioria das agroindstrias remunera o suinocultor comparando o seu desempenho com os demais integrados, hvendo portanto uma concorrncia entre estes. Assim, a receita do parceiro em terminao depende do volume produzido e do preo do suno (vivo ou carcaa), sobre o qual aplicado um percentual relativo ao desempenho obtido pelo suinocultor. A receita dos produtores de leito tambm depende do volume produzido e do preo do leito ou do suno (vivo ou carcaa), sobre o qual aplicado um percentual relativo ao desempenho obtido pelo suinocultor (ndices de produtividade).

A partir dessa viso estratgica, fundamental ter e analisar informaes externas propriedade, tais como: Produtores vizinhos; Associaes e cooperativas; Revistas especializadas; Programas de rdio e televiso;

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Os trs principais indicadores de desempenho so a produtividade das matrizes, a converso alimentar (dos reprodutores e dos leites) e a mortalidade. Alm disso, tendo em vista a necessidade de padronizao dos animais que seguem para terminao, fundamental ter como objetivo a entrega de leites na faixa de peso com maior remunerao (geralmente entre 17 e 24 kg, dependendo da agroindstria). No caso dos estabelecimentos em ciclo completo que so geralmente independentes, pesa mais a definio do peso ideal de abate, que est relacionado ao preo do suno (vivo ou carcaa), ao preo da rao e converso alimentar. Alm disso, algumas agroindstrias utilizam programas de tipificao de carcaa, o que exige uma boa compreenso entre os critrios que iro valorizar a carcaa (espessura do toucinho, por exemplo) e as decises produtivas (sobretudo em relao escolha da gentica).

Os preos recebidos; Os custos levantados por diversas instituies (a Embrapa Sunos e Aves em conjunto com a Conab calculam o custo de produo para vrias regies). fundamental manter o acompanhamento dos custos de produo, que podem ser calculados pela assistncia tcnica ou por profissionais especializados. Entretanto, o prprio suinocultor pode realizar esta tarefa, levando em conta os fatores a seguir relacionados, que dependem do vnculo do suinocultor com o elo de abate e processamento (independente, contrato de compra e venda ou contrato de parceria) e do sistema de produo (ciclo completo, produo de leites ou terminao).

3.3. Gesto de custos de produoOs custos de produo dependem dos preos dos fatores de produo (mo de obra, gentica, rao e demais insumos), da quantidade utilizada e da eficincia tcnica. Algumas aes gerenciais podem ajudar na reduo dos custos, tais como: Realizar levantamento de preo em dois ou mais fornecedores; Negociar o preo do transporte dos insumos em funo das distncias percorridas, do volume e da freqncia das entregas; Adquirir gros em perodos de safra, nos quais geralmente os preos so mais baixos; Quando for necessrio adotar uma nova tecnologia, novo equipamento ou nova marca de produto deve-se avaliar quais so os impactos nos custos de produo e, quando isso ocorre, avaliar se o maior custo compensado por ganhos de produtividade. Comparar os resultados atuais com: Os custos obtidos nos anos anteriores (de preferncia organizados em tabelas e grficos que mostrem a sua evoluo ao longo do tempo); Os indicadores tcnicos obtidos pelo suinocultor como converso alimentar, mortalidade, produtividade das matrizes etc. (podem ser acompanhados por tabelas e grficos); Os resultados atuais obtidos por outros suinocultores;

3.4. Fatores a levar em considerao para o clculo do custo da produo de leites (UPL) e de sunos em ciclo completo (CC)Nos contratos de compra e venda para produo de leites e nos estabelecimentos independentes que produzem em ciclo completo, cabe ao suinocultor adquirir ( vista ou a prazo) os reprodutores, rao e demais insumos, assim como realizar os investimentos em instalaes e equipamentos. Nestes casos, deve-se considerar no custo de produo os itens listados a seguir: Custos fixos (no so despesas, mas devem ser considerados): Depreciao das instalaes (vida til entre 15 e 20 anos) e equipamentos (vida til de 8 anos); Juros sobre capital investido (no mnimo a poupana); Juros sobre reprodutores (no mnimo a poupana). Custos variveis: Alimentao; Aquisio de leites (quando for o caso); Reposio de reprodutores; Aquisio de doses de smen; Mo-de-obra e seus encargos (incluir a familiar); Produtos veterinrios; Energia, gua e combustveis; Transporte (quando for o caso); Manejo e tratamento dos dejetos; Manuteno e conservao; Funrural, despesas financeiras e eventuais.

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3.5. Fatores a levar em considerao para o clculo do custo da produo da terminao (UT) em parceria Nos contratos de terminao em parceria, o fornecimento de leites, rao e a maioria dos medicamentos so fornecidos pela agroindstria, cabendo ao suinocultor os demais itens. Neste caso, deve-se considerar no custo de produo: Custos fixos (no so despesas, mas devem ser considerados): Depreciao das instalaes (vida til entre 15 e 20 anos) e equipamentos (vida til de 8 anos);

A margem bruta o resultado da diferena entre as receitas (faturamento) e os desembolsos em um dado perodo (ms, trimestre ou ano). o dinheiro que fica com o produtor; O lucro a diferena entre as receitas e os custos totais (desembolsos + depreciao + juros sobre capital investido); Assim, sempre que possvel, o produtor dever retirar da margem bruta um valor equivalente depreciao, esta reserva servir para manter a capacidade de investimento e os nveis de produtividade desejados na granja; Alm disso, importante verificar se, no curto prazo, o capital que vem sendo investido na produo aufere rendimentos superiores queles obtidos em poupana ou fundo de renda fixa para que no haja o comprometimento financeiro do produtor (perda de capital).

Juros sobre capital investido (no mnimo a poupana). Custos variveis: Mo-de-obra e seus encargos (incluir a familiar); Produtos veterinrios (quando for o caso); Energia, gua e combustveis; Manejo e tratamento dos dejetos; Manuteno e conservao; Funrural, despesas financeiras e eventuais.

3.7 Aspectos financeiros Quando possvel, alongar ao mximo o prazo de pagamento das despesas (desde que isso no implique em juros acima da poupana) e reduzir ao mximo o prazo de recebimento das receitas, reduzindo assim a necessidade de capital de giro; Obter financiamento pode ser necessrio, entretanto, o endividamento no pode comprometer o seu caixa, ou seja, os gastos com o pagamento das prestaes no pode comprometer a disponibilidade de capital de giro para continuar produzindo (compra de rao e insumos); As linhas de financiamento mudam muito, necessrio se informar a cada plano de safra sobre as condies e prazos disponveis, alm disso, importante consultar mais de um banco; Manter reserva financeira a fim de cobrir eventuais gastos e a depreciao das instalaes e equipamentos.

3.6 Anlise de resultadosPara analisar resultados econmicos da rotina de operao de uma granja de sunos importante que o produtor considere: Estar atento aos indicadores zootcnicos e de produtividade que interferem nos custos e na remunerao da produo conforme j comentado; Distinguir a diferena entre custo de produo e desembolsos; Os desembolsos so as despesas rotineiras do sistema de produo que implicam em pagamentos efetivos ( vista ou a prazo). Alm dessas despesas, existem elementos que compem o custo de produo que no implicam em pagamentos efetivos (depreciao das instalaes e dos equipamentos e juros sobre capital investido e reprodutores).

3.8 Associativismo e cooperativismo Fortalecer as organizaes de representao dos suinocultores no mbito federal (ABCS), estadual (associaes estaduais) e municipal (clubes, associaes e sindicatos), atravs da participao efetiva nas assemblias, reunies e votaes;

Esses elementos devem ser considerados porque as instalaes e equipamentos devero ser repostos ao final de sua vida til, alm disso, os recursos investidos poderiam estar rendendo juros se aplicados na poupana ou em um fundo de renda fixa ( o chamado custo de oportunidade do capital):

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Quando membro de uma cooperativa, acompanhar a gesto da mesma atravs da participao efetiva nas assemblias, reunies e votaes; Exercitar a troca constante de informaes e experincias com outros suinocultores, a assistncia tcnica e os fornecedores, tentando comparar preos, custos, desempenho tcnico, problemas no rebanho, adequao ambiental etc.; Sobretudo entre os suinocultores independentes buscar formas para reduzir o custo da rao e dos insumos atravs de compras conjuntas que podem ser feitas por uma associao, clube ou pequena cooperativa.

As aes tomadas na granja com o objetivo de impedir a entrada e disseminao de doenas so denominadas de biossegurana. Este conceito tambm se amplia se pensarmos na produo como um todo, sendo assim, a compra e a venda de animais e aquisio de insumos e o manejo dos dejetos, devem ser estudados juntamente no plano de biossegurana, pois a menor veiculao de agentes causadores de doenas pode auxiliar para diminuir a presso de infeco no somente na granja alvo como tambm em um determinado territrio. As aes tomadas neste sentido, visam a otimizao da produo, adequao ambiental e melhoria da qualidade do produto final.

3.9 Registros e documentao Manter a identificao dos animais (tatuagem, brinco ou mossa), fichas individuais de acompanhamento, Guia de Trnsito de Animais (GTA) e nota fiscal dos reprodutores; Manter cpia dos borders e outros demonstrativos de desempenho disponibilizados pelas agroindstrias; Manter cpia dos contratos, seus aditivos e correspondncia recebida das agroindstrias, dos fornecedores ou da assistncia tcnica e dos rgos de fiscalizao e controle; Manter registro das receitas, despesas, contas a pagar, contas a receber e dvidas se for o caso; Manter documentao sobre previdncia social e contrato de trabalho quando for o caso.

4.1 Localizao das granjas e isolamentoOs sistemas de produo estaro mais protegidos estando localizados o mais distante possvel de outros sistemas, de estradas, de outras espcies animais e de pessoas que tenham acesso a outras granjas. Na prtica, alguns pontos importantes devem ser estudados antes da construo de um sistema de criao: Evitar distncias inferiores a 1 km de estradas e outras granjas; Plantio de rvores que possam criar uma barreira vegetal; Cercar a granja com tela de alambrado que impea a entrada de outras espcies animais, de animais selvagens e de pessoas desautorizadas; Construir portaria de entrada na granja, carregador/descarregador externo (junto cerca de limite) para que veculos de transporte de animais e insumos no adentrem as instalaes. Veculos de visitantes e assistncia tcnica devem permanecer estacionados fora da cerca perimetral; Permitir somente a entrada de visitas e pessoal tcnico, aps banho e troca de roupa. Solicitar tambm que os mesmo tenham estado sem contato com sunos por um perodo mnimo de 48 h; Desinfetar qualquer produto suspeito de contaminao antes de introduzi-lo no sistema.

4 BiosseguranaUm rgido controle dos fatores de risco de transmisso de doenas e de possveis fontes de contaminao de alimentos fundamental para garantir bons ndices de produtividade e a qualidade do produto final. Dispor de um veterinrio para inspecionar o sistema de produo pelo menos uma vez por ano; No caso de ocorrncia de um surto de doena de notificao obrigatria no sistema de produo, comunicar imediatamente Agncia Oficial de Defesa Sanitria, que orientar sobre as providncias a serem tomadas.

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4.2 Introduo de animais na granjaA entrada de animais na granja o principal meio de transmisso de doenas entre os plantis. Sendo assim, aes neste sentido a chave de um programa de biossegurana. O produtor deve observar alguns pontos importantes neste sentido: Adquirir animais de reproduo de mesma origem em Granjas de Reprodutores Sudeos Certificadas (GRSC), conforme a legislao da Secretaria de Defesa Agropecuria do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; As granjas de reprodutores devem comercializar animais obrigatoriamente livres de doenas como a Peste Suna Clssica, Aujeszky, Sarna, Brucelose, Tuberculose e livres ou controlados para Leptospirose. E podem tambm trabalhar com doenas opcionais como Pleuropneumonia e Pneumonia Enzotica, Disenteria Suna e Rinite Atrfica. A instruo normativa 019/2002 do MAPA, poder ser consultada, pois trata da legislao pertinente ao assunto. Dispor de quarentenrio, distante das construes principais e onde os ventos dominantes no soprem em direo s mesmas. Neste local, os animais que entram na granja devem ser examinados e tratados por um mdico veterinrio e somente serem introduzidos no plantel, aps serem considerados aptos pelo mesmo; Separar as leitoas recm-chegadas na granja dos animais j existentes, alojando-as em baias com seis a dez animais, propiciando um espao 2 mnimo de 2 m por animal; Separar os machos recm-chegados na granja em baias individuais com um espao mnimo de 2 6m ; Adotar procedimentos para adaptao dos animais recm chegados flora microbiana do rebanho atravs de manejo de exposio de uma ou duas ps de fezes de porcas velhas e restos de pario em cada baia, durante 20 dias consecutivos; Fazer a adaptao das leitoas flora do plantel a partir de 5,5 meses de idade; Iniciar a imunizao dos animais logo aps sua acomodao na granja; Fazer um programa de vacinao com orientao de um veterinrio;

Aplicar um programa de limpeza e desinfeco das salas durante o vazio sanitrio. indispensvel a adoo de um esquema de vacinao para a preveno das principais doenas, alm de um controle rgido de moscas e roedores e a manuteno de todos os ambientes de criao limpos.

4.3 Qualidade dos alimentos ofertado aos animaisDiversos agentes com potencial patognico podem ser introduzidos nas granjas atravs dos alimentos. Neste sentido, o produtor deve observar em especial os seguintes pontos: Adquirir insumos somente com origem conhecida; Observar a presena de gros quebrados, fungados, brotados e carunchados, alm da quantidade de impurezas, onde possa haver potencial de presena de micotoxinas; Armazenar em local onde no haja a possibilidade de acesso de insetos e roedores; A gua deve ser oriunda de fontes protegidas, armazenada em caixas apropriadas e tratadas com cloro na dose de 8 ppm; O fornecimento de gua dever ser em bebedouros com vazo adequados idade animal.

4.4 Controle de ratosOs roedores so problemas comuns em criaes de sunos pela fartura de alimento, pela presena de gua e pela oferta de abrigo. Os ratos podem causar grandes prejuzos, pois consomem rao e contaminam o restante no consumido. Trs espcies causam problemas: o rato preto, habitante dos telhados (Ratus ratus), a ratazana comum que se abriga em tocas no cho (Ratus novergicus) e o camundongo que se abriga em qualquer lugar (Mus musculus).

O controle dessa populao tem sucesso quando integra as diferentes tcnicas, no chamado de controle integrado, que incluem aes mecnicas, qumicas e biolgicas.

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Como controle mecnico pode-se atuar no ambiente onde o rato vai buscar alimento e abrigo e inclui: As estruturas das construes que devem dificultar ou impedir o acesso dos ratos ao interior das instalaes como: construes de alvenaria de tijolos; a vedao das portas com chapas de lata ou o uso de portas e janelas metlicas, ou revestidas com chapas de lato; a colocao de abas de lata, como chapu chins, nos pilares dos paiis de madeira construdos a mais de um metro do solo; A rea de depsito de insumos e preparo de rao deve ser organizada, sem entulhos, tendo um estrado de madeira (gradeado) com altura que permita a limpeza da parte de baixo e instalado distante no mnimo meio metro das paredes, usado para empilhamento de sacos de insumos; essa rea deve ser varrida a cada preparo de rao, no deixando atrativos para os ratos; A limpeza das instalaes em desuso, por vezes transformadas em depsito de mveis velhos e outros objetos descartveis, por se tornarem locais de abrigo para os ratos; A remoo de entulhos (restos de construes) dos arredores das instalaes; A roada da vegetao do entorno ou plantio de vegetao rasteira (ex.: grama).

Manter esses produtos fora do alcance de crianas e animais domsticos. Uso Correto dos Raticidas (apresentados no comrcio na forma de p de contato, iscas em p, iscas peletizadas ou iscas em blocos): O p de contato deve ser colocado nos carreiros e entradas de tocas, sempre a mais de meio metro de qualquer alimento, protegidos da chuva e da ingesto por outros animais e humanos; As iscas em p devem ser distribudas pelos locais mais usados pelos ratos; As iscas em blocos, tanto parafinados quanto resinados, com emprego de cereais modos ou inteiros, ou com os dois tipos misturados, assim com as iscas peletizadas, devem ser colocadas em locais de passagem dos ratos, protegidas do acesso a outros animais e humanos.

Estabelecer um programa de controle, que leve em considerao o tamanho da populao a ser combatida, as habilidades desses animais e o comportamento das diferentes espcies de ratos, da a importncia da identificao da espcie. Rato preto: fazer a primeira aplicao nas vigas do telhado, usando isca em p ou em bloco, fixando-as firmemente no caso dos blocos ou fixando o recipiente, no caso de isca em p, sempre sobre reas de corredor ou outras, aonde restos do produto no venham a cair em local que possa ser ingerido pelos sunos; a segunda e a terceira aplicao devem ser feitas com intervalos de sete dias; Ratazana: tomar o cuidado de fechar as tocas no dia anterior aplicao, com uma p de terra ou uma bola de jornal, para facilitar a identificao das tocas em uso garantindo o consumo da isca. Fazer aplicaes como as para o rato preto; Camundongos: colocar as iscas ao alcance dos mesmos, junto s paredes. Usar as iscas por um a trs meses, para atingir os nveis de toxicidade necessrios.

O uso de inimigos naturais, como os gatos, desaconselhada por serem esses portadores de agentes causadores de doenas em animais e nos humanos. Os gatos so os hospedeiros definitivos do Toxoplasma spp. e por isso, devem ser excludos da criao. Desta forma o controle de ratos, sem o uso de produtos qumicos, fica restrito s prticas de controle mecnico. O uso de venenos no controle qumico, dentro da tcnica de controle integrado, tem sido a alternativa mais usada no controle dos ratos. Nesse caso: Usar produtos qumicos com ao anticoagulante, de preferncia de atuao lenta; Cuidar para que o veneno seja ingerido pelos roedores, sem entrar em contato com os sunos; Usar produtos com concentrao alta para ratos e baixa para humanos e outros animais; Cuidar para que os produtos raticidas sejam guardados em local fechado e seco, longe de inseticidas e herbicidas para no alterar o cheiro;

Ateno: as iscas colocadas no cho devero ser protegidas com telha goiva ou serem colocadas nos furos de um tijolo, ou dentro de cano de barro, evitando, dessa forma, que venham a ser ingeridas por animais no alvos ou por crianas.

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Inspecionar a propriedade para identificar sinais da presena de ratos, como: O aparecimento de carreiros (trilhas) sem vegetao prxima s instalaes; Sons de movimento dos ratos, noite, em paiis e casas; Presena de fezes, urina e plos nas instalaes; Roeduras (buracos nas paredes, sacaria); Marcas de patas na poeira; Marcas de gordura nas paredes e vigas; Odor caracterstico; Presena de ninhos com restos de alimento; A agitao dos predadores ao entrarem nesses ambientes (ces e gatos).

Adquirir machos cerca de 2 meses mais velhos que as leitoas que iro cobrir; Dispor de, no mnimo, dois machos na granja; Dar preferncia inseminao artificial; Quando no utilizar a inseminao artificial manter a proporo de 1 macho para cada 20 fmeas (leitoas e porcas) do plantel; Repor os machos na taxa de 80% ao ano (idade aproximada de descarte 24 meses); Utilizar leitoas de linha fmea cruzadas, preferencialmente de raas brancas, com capacidade de produzir 12 ou mais leites por leitegada; Adquirir leitoas com idade entre 5 e 6 meses, que apresentem um ganho de peso mdio dirio mnimo de 650 g (100 kg aos 154 dias de idade) e espessura de toucinho, entre os 90 e 100 kg, prximo de 15 mm; As leitoas devem ser adquiridas em lotes equivalentes aos grupos de gestao, acrescidos de 15%, para compensar retornos e outros problemas reprodutivos; Em complementao aos dados de produtividade, ateno especial deve ser dada qualidade dos aprumos, a integridade dos rgos reprodutivos, ao nmero e distribuio das tetas (mnimo 12) e as condies sanitrias apresentadas no momento da aquisio; Repor as fmeas na taxa de 40% ao ano (idade aproximada de 36 meses).

Determinao do tamanho de uma colnia: A observao visual de ratos noite, com o uso de lanterna, indica a presena desses animais na rea; A visualizao deles durante o dia, pode ser sinal de infestao alta, quando o instinto de preservao da espcie superado pela necessidade de busca de alimento.

5. Material gentico (reprodutores)A base de toda a explorao agropecuria o material gentico, razo pela qual se deve dar toda a ateno sua escolha e aquisio. A garantia de uma boa produtividade tem como ponto de partida os reprodutores, os quais devem responder positivamente s condies ambientais que lhes sero impostas, gerando animais de abate que atendam s exigncias do mercado. Adquirir os reprodutores, leitoas e machos, de uma mesma origem, de granjas de reprodutores sudeos certificadas (GRSC); Utilizar machos de raa pura ou sinttica ou ainda cruzados que apresentem um ganho de peso mdio dirio mnimo de 690 g (100 kg aos 145 dias de idade) com percentual de carne na carcaa acima de 60%, converso alimentar inferior a 2,3 e com bons aprumos; Os machos devem ser de raas ou linhagens de linha macho, diferentes, portanto, daquelas que deram origem s leitoas; Adquirir os primeiros machos com idade entre 7 e 8 meses;

6 Manejo dos animais6.1 Pr-cobrioQuando as prticas recomendadas de prcobrio no so adotadas, aumenta os riscos de diminuio do desempenho reprodutivo dos animais e da vida til de reprodutores, o que pode levar ao comprometimento da produtividade do rebanho de sunos e perda de benefcios econmicos para o produtor.

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6.2 Manejo dos machos Fornecer aos machos de 2 a 2,5 kg de rao de crescimento ou rao especfica de reposio por dia dependendo do seu estado corporal, at iniciarem a vida reprodutiva. Aps o incio de vida reprodutiva fornecer dieta especfica para cachaos, ou, na sua falta, dieta de gestao, ao redor de 2 kg/dia; Passar por um perodo de adaptao de, no mnimo, 4 semanas antes de realizar a primeira monta; Treinar os machos entre 7 e 8 meses de idade, usando uma fmea que j teve mais de um parto (plurpara), dcil, com reflexo de tolerncia e de tamanho semelhante ao do macho; Realizar a primeira monta com o peso mnimo de 140 kg.

Recomenda-se trabalhar com grupos pequenos de leitoas (entre 6 e 10 leitoas/baia), o que facilita o manejo e permite contato eficiente do macho com cada uma das leitoas pr-pberes; Estimular o cio, colocando o macho por 20 minutos na baia das leitoas duas vezes ao dia, com um mnimo de 8 horas de intervalo, cerca de uma hora aps a alimentao; No alojar o macho utilizado no estmulo do cio em local que permita contato constante com as leitoas; Anotar quando o cio foi detectado na ficha correspondente, para prever a data de cobrio; Duas semanas antes da data provvel de cobrio, fornecer s leitoas rao de lactao vontade para estimular a ovulao (tcnica conhecida como flushing).

A freqncia de salto semanal deve ser ajustada de acordo com a idade do cachao: No mximo duas montas por semana entre 7 e 11 meses de idade; At quatro montas por semana com idade acima 11 meses de idade;

6.4 Manejo das porcas Agrupar as porcas desmamadas em lotes de cinco a dez porcas, em baias ou em boxes individuais de pr-cobrio, localizadas prximas s dos machos; Manter um espao de 3 m por porca; Utilizar mtodos para reduzir as agresses tais como: agrupar as porcas por tamanho e lav-las com gua e creolina; introduzir macho junto com as porcas por um ou dois dias e reduzir o estresse; Estimular o cio das porcas no mnimo duas vezes ao dia, com um intervalo mnimo de 8 horas, colocando-as em contato direto com o macho; Fornecer rao de lactao vontade, do desmame at a cobrio; Dispensar ateno especial para as porcas que demorarem mais de 6 dias para manifestar o cio aps o desmame. As fmeas com intervalo desmama cio (IDC) maior do que 6 dias costumam ser menos frteis, manifestando estro de menor durao em horas e em conseqncia ovulam mais precocemente.2

Machos doadores de smen para IA so manejados com 1 a 2 saltos por semana e excepcionalmente 3 saltos semanais, enquanto que o ritmo ideal de 3 saltos a cada 2 semanas.

6.3 Manejo das leitoas Fornecer diariamente s leitoas de 2,5 a 3,0 kg de rao de crescimento ou rao especfica de reproduo, visando a reduo da variabilidade de peso do lote, em duas refeies, at duas semanas antes da cobrio. Os produtores que no formulam essas dietas podem substitu-las por rao de lactao; No permitir o contato direto ou indireto das leitoas com o macho antes de completar 5 meses de idade; Iniciar o estmulo do cio aps 5 meses de idade, utilizando um macho com bom apetite sexual, acima de 10 meses de idade, dcil e no muito pesado e registrar a data do cio em ficha especfica; Fazer o rodzio de machos para o estmulo e a deteco do cio;

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6.5 Cobrio e gestaoAdotar medidas para que a cobrio seja praticada no momento mais adequado, para que o ambiente em que so mantidas as fmeas esteja limpo e bem arejado, e para que lhes seja fornecida uma alimentao de qualidade e em quantidade precisa o que contribui para o aumento da produtividade do rebanho e para a economicidade do sistema de produo. Manejar as instalaes da cobrio e da gestao, segundo o sistema de uso contnuo; Realizar limpezas dirias com cuidadosa raspagem e varredura das baias; Desinfetar semanalmente as baias de cobrio e as dos cachaos;

Adotar duas montas ou inseminaes por leitoa ou porca, mantendo um intervalo de 24 horas entre elas. A porca com intervalo desmame-cio de at 4 dias pode-se realizar uma terceira cobertura 12 a 24 horas aps a segunda; Alojar as fmeas, preferencialmente, em baias individuais aps a cobrio e no caso de alojamento coletivo, mant-las no mesmo grupo de cobrio; O manejo da cobrio e os cuidados durante a gestao tm influncia decisiva na produo de leites, pois nessas fases ocorrem a fecundao dos vulos e o desenvolvimento e a fixao dos embries no tero.

Fazer uma desinfeco completa por ano; Manter a temperatura interna da instalao na faixa de 16 a 22C, por meio de um correto manejo de janeles, cortinas, aspersores ou ventiladores e das portas e forros das salas, controlando com um termmetro instalado na parte central da instalao, a uma altura aproximada de 1,50 m, para facilitar a leitura; Realizar as cobries em baias especficas, cujo piso mantm cobertura de 20 cm de maravalha ou alternativas que evitem a abrasividade e o tornem no escorregadio; Conduzir, as fmeas e os machos para a baia de cobrio, evitando qualquer procedimento passvel de causar estresse, usando uma tbua de manejo; Realizar as cobries sempre aps o fornecimento de rao (arraoamento) aos animais e nas horas mais frescas do dia, no incio e no fim da jornada de trabalho; Realizar a cobrio das leitoas no terceiro ou no quarto cio, com idade mnima de 7 meses e 135 a 140 kg de peso; Realizar a cobrio das porcas de acordo com a recomendao baseada no intervalo entre o desmame e a ocorrncia do cio; Antes da cobrio deve-se proceder a adequada limpeza do posterior das porcas; Realizar a inseminao artificial na presena do macho, com durao mnima de 4 minutos, evitando que seja forada a entrada do smen no interior do trato reprodutivo da fmea;

Manter as fmeas em ambiente calmo e com o mnimo de movimento possvel, durante os 30 primeiros dias de gestao; Alimentar as fmeas em gestao em duas refeies dirias, de acordo com a fase de gestao. Em geral, fornecer as fmeas 2,0 kg/dia de rao de gestao at os 85 dias aps a cobrio e 3,0 kg/dia dos 86 dias de gestao at transferncia para a maternidade; Para o controle das infeces urinrias, fornecer mensalmente a fmea rao de gestao contendo 3,0 kg de acidificante por tonelada, durante 10 dias consecutivos; Aps a cobrio, fazer trs diagnsticos de gestao, nos intervalos abaixo: - Aos 18 a 23 dias, na presena do macho; - Entre 30 e 40 dias, usando um ultra-som; - Visualmente, aos 90 dias de gestao; Fornecer gua vontade, de boa qualidade e o com temperatura mxima de 20 C, as fmeas, estimulando o consumo; Fornecer gua em abundncia s porcas, pois, durante a gestao, o consumo individual pode atingir 20 litros por dia.

Aplicar as vacinas recomendadas para a fase de gestao; Descartar as fmeas que apresentarem qualquer uma das seguintes ocorrncias: - Ausncia de cio (anestro) em leitoas que no entraram na puberdade nos prazos previstos para o lote durante o perodo de induo com o macho; - Danos severos nos aprumos;

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Duas repeties seguidas de cio; Dificuldades no parto; Vulva infantil (leitoas); Qualquer ocorrncia de doena; Baixa produtividade em pelo menos duas paries;

Transferir as fmeas para a maternidade 7 dias antes do parto previsto, aps lav-las antes de serem alojadas na sala de maternidade. Evitar situaes de estresse, sempre utilizando tbua de manejo e realizando esta tarefa em horrios de temperatura mais amena.

Valores crticos e metas na fase de cobrio e gestao (1) Indicador Valor Crtico Taxa de partos (%) < 80 Taxa de retorno ao cio (%) > 13 Intervalo mdio desmame cio (dias) > 08 Taxa de reposio anual de matrizes 1 ano (%) < 12 Taxa de reposio anual de matrizes 2 ano (%) < 20 Taxa de reposio anual de matrizes 3 ano (%) < 30 Taxa de reposio anual de machos (%) < 50 Relao fmeas por macho 18:1(1)

Meta > 86 < 10 < 06 15 25 40 > 80 20:1

Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas

6.6 Parto e lactaoO parto e a lactao so as fases mais crticas da produo de sunos. Portanto, todos os esforos dedicados nas fases anteriores podem ser perdidos se ateno e cuidado especiais no forem dedicados aos recm-nascidos. Por melhor que seja o ambiente fornecido aos leites aps o parto, nunca ser melhor do que aquele oferecido pelo tero da me. Na maternidade, portanto, o produtor encontra um verdadeiro desafio para garantir bons resultados na sua atividade. A seguir so descritos os principais pontos de manejo que devem ser seguidos nesta fase de criao. Manejar as salas da maternidade segundo o sistema todos dentro, todos fora, ou seja, entrada e sada de lotes fechados de porcas, e proporcionar o vazio sanitrio considerando o planejamento de uso das instalaes da granja; Alojar as porcas na maternidade cerca de sete dias antes da data prevista do parto (considerar a data mdia de previso de parto do lote); As salas de maternidade devem fornecer dois ambientes distintos: para as porcas, manter as salas com temperatura interna o mais prximo possvel de 18C, usando como referncia um termmetro localizado ao centro da sala; para os leites, os escamoteadores com a temperatura interna prximo de 34,0 na primeira C semana, reduzindo-se 2,0 por semana at o C desmame, a qual deve ser controlada por um termostato instalado no interior de um escamoteodor em cada sala; Certificar-se de que todos os equipamentos e produtos necessrios para o parto estejam disponveis e limpos;

Fornecer rao de parto, contendo 3,0 a 5,0 kg/ tonelada de sulfato de magnsio (sal amargo) e um antibitico de largo aspectro, a partir do alojamento das porcas na maternidade at cinco dias aps o parto; Logo que iniciar o parto, limpar o bere da porca com um pano umedecido em soluo desinfetante base de iodo, antes de colocar os leites para mamar, como medida preventiva para diarria dos leites; No dia do parto, no fornecer rao para as porcas, deixando apenas gua disponvel. No dia seguinte ao parto, fornecer cerca de 2,0 kg de rao e aumentar gradativamente at o terceiro. A partir da fornecer rao vontade; As fmeas que no se alimentarem no dia seguinte ao parto, medir a temperatura retal. Se apresentar temperatura acima de 39,8C medic-las sob orientao do veterinrio com 10 a 15 UI de ocitocina, antibitico injetvel e antitrmico. E quando possvel fornecer pasto verde para fmea; Normalmente no se deve interferir no parto, a no ser quando a fmea no conseguir expulsar os leites. Nesse caso, deve-se introduzir no canal vaginal uma mo enluvada para explorao, e caso necessrio retirar os leites. Na hiptese de no ter leito no canal e a porca no apresentar contrao uterina, aplicar de 10 a 15 UI de ocitocina;

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Quando a porca entra em trabalho de parto, dar ateno especial aos recm-nascidos, limpando e secando as narinas e a boca, massageando a regio lombar e fazendo-os mamar o colostro. O leito que nasce com o cordo umbilical curto amarr-lo imediatamente aps o nascimento, enquanto que os demais aguardar 15 a 20 minutos para reduzir a possibilidade de sangramento. Aps o corte do cordo umbilical importante fazer a desinfeco mergulhando-o em iodo glicerinado num frasco de plstico. Porm, o mais importante durante o parto auxiliar os leites nas primeiras mamadas. Quanto mais colostro os leites ingerirem nas primeiras horas de vida, maior ser a proteo contra doenas e a chance de sobrevivncia. Jamais permitir o resfriamento dos leites nos dias frios, colocando aquecimento extra, se necessrio. O leito que sofre resfriamento reduz a ingesto de colostro e facilmente torna-se vtima de esmagamento ou inanio; Logo aps o parto, recolher a placenta e os leites mortos, destinando-os para a cmara de compostagem; Dar ateno especial aos leites mais leves e os que nasceram por ltimo, principalmente quanto a ingesto de colostro, mantendo-os bem aquecidos, para que no sofram resfriamento. Eliminar os leites com peso inferior a 700 g; O leito com 12 a 24 horas aps o nascimento, realizar os seguintes procedimentos: desgastar os dentes com limas apropriadas, cortar/cauterizar cerca de 50% da cauda e, caso necessrio, pesar e identific-los; No segundo ou terceiro dia de vida, aplicar 200mg de ferro dextrano; As enxertias de leites podem ser feitas para homogeneizar o peso e/ou o nmero de leites por leitegada. Devem ser feitas at o segundo dia de vida e se limitar a no mximo 2 leites por leitegada. Normalmente seleciona-se uma porca com bom aparelho mamrio e no primpara para amamentar os leites mais leves de um lote. Nos leites dessa leitegada aplicar uma dose de modificador orgnico ou ADE e orientar as mamadas dos leites por dois ou trs dias fechando-os nos escamoteadores e soltando-os para mamar a cada hora. Geralmente retira-se um ou dois leites das porcas que possurem leites leves, trocando-os com leites mais pesados; A enxertia de leites mais velhos, com baixo desenvolvimento, em outras porcas at o segundo dia do parto, pode ser feito, porm somente entre leitegadas do mesmo lote (mesma sala);

Em maternidade com piso compacto, usar uma camada de maravalha na baia ou na cela de pario, pelo menos at uma semana aps o parto, para propiciar conforto aos leites, evitar leses nos joelhos e facilitar a higienizao da baia; Cuidar para que as baias e principalmente os escamoteadores permaneam sempre limpos e secos. Se os escamoteadores no possurem piso aquecido, manter permanentemente espessa camada de cama (maravalha) ou estrado de madeira; Limpar as salas de maternidade com p e vassoura, no mnimo duas vezes ao dia; Na maternidade, o auxilio para que os leites mamem suficiente quantidade de colostro essencial para evitar mortes por esmagamento ou inanio e para preveno de doenas.

Fornecer rao pr-inicial aos leites, em comedouro prprio, a partir do stimo dia de vida, cuidando para que no fique rao mida ou suja no comedouro; Durante a lactao vacinar as porcas, de acordo com o programa de vacinao estabelecido; Limpar as salas de maternidade duas vezes ao dia, com p e vassoura; Usar vassoura, p e botas especficas para cada sala de maternidade, com o objetivo de prevenir diarrias nos leites e a transmisso de outras doenas; Castrar os leites antes de completarem os 7 dias de idade, seguindo as instrues especficas; Desmamar os leites entre 21 e 28 dias de idade, de uma nica vez, e sempre no mesmo dia da semana (quinta-feira), seguindo as datas do fluxo de produo implantado na granja; Caso necessrio, pesar os leites ao desmame, e transferi-los para a creche; No desmame reunir os leites com baixo desenvolvimento e coloc-los em uma porca desmamada que ser eliminada do plantel (me de leite para refugo). Aplicar 3ml de modificador orgnico ou uma dose de ADE para cada leito; Fazer induo do parto para as fmeas que no parirem at um dia aps a previso do parto.

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Valores crticos e metas na fase de maternidade (1) Indicador Valor Crtico N. leites nascidos vivos/parto < 10,5 Peso mdio dos leites ao nascer (kg) < 1,4 Taxa de leites nascidos mortos (%) > 5,0 Taxa de mortalidade de leites (%) >10,0 N. Leites desmamados/parto 1,5 < 3,0 10,5 > 23,0 > 230 > 6,7 >7,7

6.7 CrecheA transferncia dos leites da maternidade para a creche (desmame) representa um perodo crtico para os leites, pois eles deixam a companhia da me e de receber leite materno, passando a se alimentar exclusivamente de rao, so transferidos para um novo ambiente e, geralmente, so reagrupados formando um novo grupo social. Por essa razo, os cuidados dedicados aos leites, principalmente nos primeiros dias de creche, so fundamentais para evitar diarria, queda no desempenho e mortes, conforme segue: Manejar as salas da creche segundo o sistema todos dentro, todos fora, ou seja, com a entrada e a sada de lotes fechados de leites e realizar vazio sanitrio entre cada lote. A sala onde os leites sero alojados deve estar limpa desinfetada, com temperatura controlada (26 e C) livre de correntes de ar; Alojar os leites na creche no dia do desmame, formando grupos de acordo com a idade, sexo e peso. Caso as baias de creche permitam, manter a mesma famlia de leites da maternidade em cada baia; Fornecer espao suficiente para os leites, con2 forme o tipo de baia (3 leites/m em baias sus2 pensas e 2,5 leito/m nas demais baias). Caso a creche seja de piso compacto de alvenaria, proporcionar cama de maravalha pelo menos nos primeiros 14 dias de alojamento; Manter a temperatura interna na sala prxima de 26 durante os primeiros 14 dias e prxima C de 24 at a sada dos leites da creche; C Fornecer rao vontade aos leites, de acordo com os seguintes critrios: - Rao pr-inicial 1: do desmame at os 35 dias de idade; - Rao pr-inicial 2: dos 36 at os 45 dias de idade;

- Rao inicial: dos 45 dias de idade at a sada da creche; Fornecer rao diariamente, no deixando rao mida, velha ou estragada nos comedouros; No caso de eventuais surtos de diarria ou de doena do edema, retirar imediatamente a rao do comedouro e iniciar um programa de fornecimento gradual de rao at controlar o problema, alm de medidas especficas que devem ser tomadas sob orientao veterinria; Dispor de bebedouros de fcil acesso para os leites, com altura, vazo e presso corretamente reguladas e gua potvel; Se necessrio, vacinar os leites, de acordo com a recomendao do programa; Inspecionar cada sala de creche pelo menos trs vezes pela manh e trs vezes tarde, para observar as condies dos leites, dos bebedouros, dos comedouros, da rao e da temperatura ambiente, tomando cuidado para no assustar os leites; Nas creches com piso compacto limpar as baias e corredores das salas com p e vassoura diariamente; Lavar as salas da creche com baias suspensas, esguichando gua, com lava-jato de alta presso e de baixa vazo, no mnimo a cada trs dias no inverno e a cada dois dias nas demais estaes do ano; Programar aes corretivas imediatamente, quando for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitrios, e caso necessrio, transferir os leites doentes para a sala hospital;

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Registrar em cada sala as medicaes usadas individualmente ou em grupos de animais; Pesar e transferir para as baias de crescimento os leites com idade entre 56 e 63 dias; Prever uma caixa dgua por sala para medicamento/tratamentos coletivos, caso haja necessidade;

Sempre manter as cortinas ou janeles com alguma abertura na parte superior, para manter ventilao de higiene na sala; Grande parte do desempenho dos leites na creche depende da quantidade de gua e rao que eles consomem nos primeiros cinco dias aps desmame. Por esta razo, o conforto ambiental e a facilidade de acesso a gua e ao alimento e de boa qualidade so fundamentais.

Valores crticos e metas na fase de creche (1) Indicador Valor Crtico Taxa de mortalidade de leites (%) > 2,5 Converso alimentar (kg rao/kg de ganho) >1,7 Peso mdio de referncia dos leites na sada da creche (kg) Aos 56 dias < 18,5 Aos 58 dias < 19,5 Aos 60 dias < 20,5 Aos 63 dias < 22,0(1)

Meta < 1,5 < 1,5 > 20,0 > 21,0 > 22,0 > 23,5

Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas

6.8 Crescimento e terminaoO sucesso nas fases de crescimento e de terminao depende de um bom desempenho na maternidade e na creche. Nesta fase deve-se realizar os seguintes procedimentos: Manejar as salas de crescimento e de terminao segundo o sistema todos dentro, todos fora, ou seja, com a entrada e a sada de lotes fechados de leites de mesma idade; Alojar os leites nas baias de crescimento e de terminao no dia da sada da creche, mantendo os mesmos grupos formados na creche, ou refazendo os lotes por tamanho e sexo; Utilizar a lotao mnima de 1 animal/m ; Manter a temperatura das salas entre 16 e C 18 de acordo com a fase de desenvolvimento C, dos animais, monitorando-a com o uso de um termmetro; Fornecer rao de crescimento vontade aos animais at os 105 dias de idade, rao de terminao 1 dos 105 at os 126 dias de idade e rao de terminao 2 dos 126 dias de idade at o abate, ou alimentar os animais no sistema de restrio alimentar seguindo o protocolo de cada programa alimentar;2

Quando os sunos, ao sarem da creche, apresentam um peso compatvel com a idade e boas condies sanitrias, as fases de crescimento e de terminao transcorrem sem problemas.

Dispor de bebedouros de fcil acesso para os animais, com altura, vazo e presso corretamente reguladas atendendo a especificao do fabricante; Inspecionar cada sala de crescimento e de terminao pelo menos duas vezes pela manh e duas vezes tarde, para observar as condies dos animais, dos bebedouros, dos comedouros, da rao e da temperatura ambiente; Limpar, diariamente, as baias de crescimento e de terminao com p e vassoura; Esvaziar e lavar, semanalmente, as calhas coletoras de dejetos. Depois de lav-las, manter, no fundo, uma lmina de 5 cm de gua, de preferncia reciclada; Implementar aes corretivas imediatamente, quando for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitrios; Registrar as medicaes usadas individualmente ou em grupos de animais;

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Fazer a venda dos animais para o abate por lote, de acordo com o peso exigido pelo mercado;

No deixar eventuais animais refugo (com desempenho prejudicado) nas instalaes, esses animais devem ser vendidos junto com o lote ou transferi-los para a sala hospital;

Valores crticos e metas nas fases de crescimento e terminao (1) Indicador Valor Crtico Taxa de mortalidade de animais (%) > 1,0 Converso alimentar (kg rao/kg de ganho) > 2,6 Peso mdio de referncia dos animais na sada para o abate (kg) Aos 133 dias < 78,0 Aos 140 dias < 85,0 Aos 147 dias < 92,0 Aos 154 dias < 98,0(1)

Meta < 0,6 < 2,4 > 83,0 > 90,0 > 97,0 > 103,0

Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

7 Manejo sanitrioA preveno de doenas na suinocultura deve ser feita baseada em biosseguridade, uso correto de vacinas e, principalmente, atravs do planejamento de produo que privilegiam o bem estar animal e evitam os fatores de risco. Na suinocultura, as doenas que afetam os animais podem ser alocadas em dois grandes grupos: Doenas epizoticas So doenas infecciosas causadas por agentes especficos que se caracterizam por apresentar alta contagiosidade e altas taxas de morbidade e mortalidade, a exemplo da peste suna, doena de Aujeszky e sarna sarcptica. Para preveno dessas doenas as aes devem ser direcionadas contra o agente causador. Objetiva-se que esses agentes estejam ausentes na granja desde sua implantao. Doenas multifatoriais So doenas de etiologia complexa que tendem a persistir nos rebanhos de forma enzotica, afetando muitos animais, com baixa taxa de mortalidade, mas com impacto econmico acentuado, devido a seu efeito negativo sobre os ndices produtivos. Neste grupo citam-se como exemplo a circovirose suna, a cistite das porcas, a coccidiose, as pneumonias crnicas e a sndrome da diarria ps desmame. As aes para preveni-las devem ser direcionadas tanto para os agentes infecciosos como para as BPPS. Para isto, deve-se fazer uso de vacinas, usar corretamente as instalaes, usar equipamentos adequados, utilizar boas prticas de manejo e higiene para evitar os fatores de risco. O objetivo de tais medidas manter estas doenas num nvel de ocorrncia baixo que no afetem significativamente os ndices produtivos.

7.1 Uso de vacinasA deciso de quais vacinas devem ser usadas depende do acompanhamento veterinrio para verificar quais doenas esto afetando o rebanho. As vacinas tm por objetivo, estimular o sistema de defesa do organismo, para que ele esteja mais bem preparado a lutar contra as doenas. Portanto, so instrumentos de preveno e isso no quer dizer que com o uso das mesmas, o animal vacinado estar totalmente protegido. Atualmente existem vacinas no mercado para a maioria das doenas infecciosas dos sunos.

De modo geral, recomendam-se o uso de vacinas nas porcas para proteger as leitegadas contra a colibacilose neonatal, rinite atrfica e pneumonia enzotica no seguinte esquema: Leitoas de reposio devem receber duas doses a durante a primeira gestao, sendo a 1 entre a 60 a 70 dias e a 2 entre 90 a 100 dias de gestao; nos partos subseqentes basta aplicar a somente a 2 dose entre 90 a 100 dias de gestao. Outra opo aplicar a 1 dose da vacina com 10 a 15 dias aps a introduo da leitoa no rebanho e a 2 entre 90 a 100 dias de gestao; Tambm, recomenda-se o uso da vacina contra a parvovirose para proteger os embries e fetos durante a fase de gestao, no seguinte esquema: - Leitoas: duas doses a partir dos 160 dias de idade de forma que a segunda dose seja aplicada cerca de 15 dias antes da cobrio; - Porcas: uma dose 10 dias aps o parto;

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Os machos normalmente so vacinados contra a parvovirose e rinite atrfica uma vez a cada 6 meses; Outras vacinas, atualmente disponveis no mercado, contra erisipela, leptospirose, pleuropneumonia sunas e mesmo vacinas autgenas, podem ser usadas, mas sua utilizao depende de uma avaliao feita pelo veterinrio; Acredita-se, porm, que a aplicao de muitas vacinas no seja necessria em criaes pequenas que privilegiam o bem estar devido baixa presso infectiva. Recomendaes:

7.2 Prticas que privilegiam o bem estar animal e o controle dos fatores de riscoEstudos ecopatolgicos foram realizados com o objetivo de identificar fatores de risco que favorecem a ocorrncia de doenas multifatoriais nas diferentes fases de criao dos sunos, bem como estabelecer medidas para corrigi-los ou evit-los. Fator de risco representa uma caracterstica do indivduo ou do seu ambiente que quando presente aumenta a probabilidade de aparecimento e/ou agravamento de doenas de rebanho ou outros problemas patolgicos. No Brasil, foram identificados fatores de risco na maternidade, associados ocorrncia de diarria, mortalidade e baixo desempenho dos leites; na creche, associados diarria ps-desmame e vcio de suco; no crescimento-terminao, associados s doenas respiratrias, s micobacterioses e s artrites; e na reproduo associados ao tamanho das leitegadas e a infeco ps-parto. Os resultados obtidos nesses estudos, somados queles obtidos em outros pases, formam uma base de conhecimento para a produo de sunos, evitando-se os fatores de risco e consequentemente menor uso de medicamentos.

Adotar um programa mnimo de aplicao de vacinas em cada fase de produo, para a preveno das doenas mais importantes da suinocultura, respeitando as instrues do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento para doenas especificas, como o caso da vacina contra a peste suna clssica e a doena de Aujeszky, que podero ser utilizadas apenas com a permisso do rgo oficial de defesa sanitria; Conservar as vacinas, mantendo-as em geladeira com temperatura entre 4C e 8 ou conforC, me a recomendao dos fabricantes. Na aplicao das vacinas, seguir os seguintes procedimentos: Conter os animais para ter segurana do trabalho realizado; Usar uma caixa de isopor com gelo, para manter os frascos de vacina refrigerados; Usar uma agulha para retirar a vacina do frasco e outra para aplicar a vacina nos animais; Desinfetar o local antes da aplicao; Usar agulhas adequadas para cada tipo de animal e para cada via de aplicao (intramuscular ou subcutnea), de acordo com recomendao do fabricante; Desinfetar a tampa de frascos contendo sobras de vacina e retorn-los imediatamente para a geladeira aps o uso; Aplicar as vacinas com calma, seguindo as orientaes tcnicas, para evitar falhas na vacinao e a formao de abscessos no local da aplicao.

A seguir sero relacionados os principais fatores de risco ou procedimentos, por fase de produo, que devem ser considerados no controle de doenas multifatoriais e proporcionar maior conforto aos animais. 7.2.1 Maternidade O aspecto mais importante na produo de sunos na maternidade a mortalidade de leites, cujas causas principais so o esmagamento e a inanio. Alm disso, as diarrias, principalmente a colibacilose neonatal e coccidiose, so importantes, pois prejudicam o desenvolvimento dos leites e, s vezes, tambm provocam mortes como o caso da colibacilose. Os principais fatores a serem observados para reduzir ou evitar a ocorrncia desses problemas so: Uso de um programa de vacinao contra a colibacilose neonatal nas matrizes; Transferncia da porca para a maternidade 7 dias antes do parto, utilizando-se tbuas de manejo; Uso de celas parideiras com rea mnima de 3,6 2 a 4,0 m ;

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Uso de escamoteador com fonte de aquecimeno to para os leites (32 a 26 C); Instalaes bem ventiladas com no mnimo 20% de aberturas laterais, onde devero ser instalados cortinados ou janeles para evitar correntes de ar no frio; Sala de maternidade com forro (madeira ou cortina) para proporcionar melhor conforto trmico o (18 a 22 C), reduzindo-se a amplitude trmica na sala; Uso de desinfeces sistemticas da sala com vazio sanitrio entre cada lote; Assistir aos partos proporcionando os cuidados aos recm nascidos e, principalmente, orientando os leites nas mamadas durante os dois primeiros dias de vida; Proporcionar ambiente limpo e desinfetado nos primeiros dias aps o nascimento, limpando as baias 3 vezes ao dia; Alimentar bem as porcas durante a gestao para que estejam em bom estado corporal por ocasio do parto e produzam leites com peso mdio maior que 1,5 kg; e fornecer rao vontade durante a fase de lactao; Fornecer gua vontade para a porca, utilizando bebedouros de reprodutor com vazo maior que 3 litros por minuto. Outros fatores de risco associados ocorrncia de natimortalidade so: Porcas velhas, com 6 ou mais partos; Leitegadas grandes, com 13 ou mais leites; Partos prolongados, com mais de 6 horas de durao.

Desmamar os leites com peso mnimo de 7,3 kg e com idade no inferior a 25 dias; Evitar fatores de estresse como mistura de o animais, variaes trmicas superiores a 6 C, correntes de ar frio, manter boa ventilao no interior dos galpes pelo manejo correto das aberturas; Evitar a superlotao das baias e das salas: 2 mximo 2,5 leites/m (baia com piso compacto) 2 e 3,0 leites/m (baias suspensas e com piso 3 ripado) e no mnimo de 1,4m de ar/leito; Incentivar o consumo de rao durante o perodo de aleitamento, a partir dos 7 dias de idade; Usar dieta adequada para a idade de desmame dos leites. Lembrar que somente a partir dos 42 dias de idade que os leites podero receber rao contendo apenas milho, farelo de soja e ncleo; Usar bebedouros adequados para leites de creche (tipo concha ou chupeta/bite ball com regulagem de altura), de fcil acesso, na altura correta e com vazo de 1,0 a 1,5 litros/minuto).

Com o aparecimento de sndromes distribudas mundialmente, afetando a sade dos leites a partir do desmame, as prticas de manejo na fase de creche vem sofrendo incrementos destinados ao controle ou reduo de seus efeitos. Esse o caso da Sndrome Multissistmica do Definhamento e do vcio de suco. Sndrome multisistmica do definhamento (SMD) E difcil controlar a SMD ou circovirose suna porque o vrus muito resistente, no existe um tratamento efetivo para os sunos afetados. As vacinas comerciais estaro disponveis no Brasil provavelmente no final de 2007. Esta sndrome pode ocorrer nos sunos desde a maternidade at o abate. Os melhores resultados de controle da mortalidade e perdas por refugagem so obtidos com mudanas de manejo, baseadas num plano de correo de fatores de risco e de reduo de fatores de estresse estabelecido por pesquisadores de outros pases, denominado como "20 pontos de Madec", os quais auxiliam no controle da circovirose num plantel de sunos.

7.2.2 Creche Nesta fase, as diarrias, a doena do edema e a infeco por estreptococos so os principais problemas sanitrios. Muitos fatores de risco que favorecem a ocorrncia dessas patologias j foram identificados. Para evit-los sugere-se: Em regio com relevo acentuado construir a creche na encosta norte ou topo de morro; Produo em lotes com vazio sanitrio de 7 dias para granjas mdias e grandes;

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Os 20 pontos de Madec podem ser resumidos em 4 regras bsicas, listadas abaixo: 1. Reduo do estresse especialmente ambiental (variaes de temperatura, correntes de ar e excesso de gases) e na densidade animal. 2. Limitar contato suno suno evitar enxertias e misturas de lotes (idade, origem), diminuir a densidade. 3. Boa higiene adotar o sistema todos dentro todos fora de forma rigorosa, uso de desinfetantes eficazes para o PCV2, exercer medidas de biossegurana. 4. Boa nutrio para auxiliar o bom funcionamento do sistema imune (uso de anti-oxidantes, por exemplo). Tambm importante fazer manejo adequado do colostro.

doenas necessrio observar recomendaes:

as

seguintes

Em produtores que s terminam os sunos, adquirir os leites de um nico fornecedor; Realizar vazio sanitrio de 7 dias entre lotes, com lavagem e desinfeo das instalaes; No usar galpes com capacidade para abrigar mais de 500 sunos; Usar espao de no mnimo 1m /suno na terminao; Manter boa ventilao no interior dos galpes, mesmo nos dias frios, mas evitar variaes o trmicas superiores a 6 C e correntes de ar frio sobre os animais, atravs do correto manejo das cortinas ou janeles; isso importante para reduzir a quantidade de poeira e de microorganismos em suspenso; Evitar temperaturas inferiores a 15 C na fase de crescimento; Proporcionar no mnimo 3m de ar/suno alojado; Realizar controle integrado de moscas na propriedade.3 o 2

Os circovirus so muito resistentes a desinfetantes de uma maneira geral, principalmente por ficarem protegidos na matria orgnica. Desta forma importante uma limpeza geral com uso de detergentes antes do uso de desinfetante efetivos contra o vrus. O vcio de suco uma alterao psquica que leva os leites ao hbito de sugar umbigo, vulva ou prega das orelhas logo aps o desmame, com prejuzo ao desempenho dos animais, sendo, portanto considerada uma doena multifatorial. Os principais fatores a serem observados para reduzir ou evitar a ocorrncia desse vcio so: Peso mdio ao desmame maior de 7,3 kg; Bebedouro especfico para os leites na maternidade; Ausncia de diarria na primeira semana aps o desmame; O mesmo tipo de bebedouros para os leites na maternidade e creche; Orientao do eixo do prdio adequado; Ausncia de sarna no lote; Fornecer rao vontade aps o desmame; Realizar vazio sanitrio na creche.

Linfadenite Uma das doenas de importncia econmica que ocorrem na fase de crescimento e terminao a linfadenite granulomatosa, provocada por Mycobacterium do complexo avium (MAC) onde os principais fatores que devem ser observados so: Evitar o transporte de insumos e/ou raes, no mesmo caminho que transporta animais; Quando produzir rao na propriedade seguir as boas prticas de produo; Evitar o acesso de animais (gatos, galinhas, ces, dentre outros) a fabrica de rao; Acondicionar a rao pronta em embalagem e depois fech-la; Tratar a gua para fornecer aos sunos; Manejar a instalao com vazio sanitrio entre lotes; Manter os comedouros e bebedouros limpos;

7.2.3 Crescimento e terminao Os problemas sanitrios mais importantes nessas fases so as doenas respiratrias (rinite atrfica e pneumonias) e as infeces por estreptococos, mas as diarrias como a ilete e as coltes tambm merecem ateno. Para prevenir essas

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Manter as instalaes em bom estado de conservao.

Em rebanhos de ciclo completo os principais fatores associados com linfadenite foram: Dimenso do rebanho igual ou maior de 25 matrizes; No ter piso ripado ou parcialmente ripado na creche; M qualidade da higiene da creche por ocasio da visita, atravs de uma avaliao subjetiva feita pelo tcnico, considerando a higiene dos animais, das baias, dos comedouros e das instalaes. Dois dos fatores de risco acima esto diretamente relacionados m qualidade da higiene na creche, que podem ser corrigidos atravs de programas adequados de limpeza e desinfeco. O piso ripado na creche protege contra a doena, pois impede que os sunos entrem em contato permanente com matria orgnica da baia, como fezes, urina, restos de rao, por exemplo. Portanto, a ausncia de piso ripado na creche um fator de risco associado m qualidade da higiene. Rebanhos com mais de 25 matrizes um fator de risco, porm praticamente impossvel intervir neste fator, pois dificilmente os criadores aceitam uma reduo de sua capacidade produtiva, o que estaria se contrapondo tendncia de produo em escala que a indstria suincola tem apresentado.

Transportar os animais para o frigorfico usando a densidade padro de 238 a 285 kg de peso 2 vivo/m de carroceria; Formar lotes com menos de 250 animais alojados no mesmo galpo; Formar lotes de leites com menos de 10 origens.

7.2.4 Reproduo Os principais problemas sanitrios que afetam a reproduo da fmea suna so as infeces inespecficas do aparelho genital e urinrio e a parvovirose. Fatores importantes a serem observados na preveno dessas infeces e para aumentar o tamanho das leitegadas so: Para formao do plantel e reposio de porcas, escolher leitoas filhas de porcas cuja mdia de nascidos totais/parto seja de pelo menos 11 leites; Utilizar um bom programa de vacina contra a parvovirose; Realizar a cobrio em local adequado (baia com espessa camada de cama ou areia); e com tempo de cobrio ou inseminao artificial superior a 4 minutos; Evitar temperaturas acima de 28 C no primeiro ms aps a cobertura; Manter as porcas bem nutridas com escore visual de 3 a 4 antes do parto e de 2 a 3 no desmame; Manter uma taxa de reposio anual de fmeas 40% para estimular a imunidade de rebanho, mas com o cuidado de no manter porcas improdutivas no plantel para no comprometer a produtividade geral do rebanho; Evitar brigas entre as porcas no ps desmame: usar celas individuais ou criar reas de fuga; Evitar infeces no aparelho geniturinrio; Manter boa higiene das porcas e machos no perodo de cio e cobertura; Limpar as baias 3 vezes ao dia onde as porcas so alojadas aps o desmame; Manter as porcas com bons aprumos e sem leses de casco;o

Artrite no abate Nos ltimos anos as condenaes de carcaas por artrites do tipo serosanguinolentas, encontradas pela inspeo no abate tem causado grandes prejuzos ao setor suincola. Um estudo epidemiolgico realizado no meio-oeste de Santa Catarina identificou os seguintes fatores a serem observados para reduzir a ocorrncia de artrites nos lotes de sunos terminados: Evitar sunos de granjas com histrico de condenaes por artrite em lotes anteriores; Manter os piso das baias em bom estado de conservao; Sunos do sexo feminino tm menor predisposio ao problema; Colocar forro no teto das instalaes; Realizar duas limpezas dirias nas baias;

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Cuidado especial deve ser dado ao sistema de fornecimento de gua para as porcas fornecendo bebedouros adequados, vazo de 3 litros/ minuto, com canalizao no exposta ao sol.

Um dos problemas que interferem diretamente no desempenho e sobrevivncia dos leites recm nascidos a sade da porca. Os principais fatores de risco identificados que favorecem a ocorrncia de problemas com a porca no parto e puerprio so: Densidade da urina maior que 1012, indicando baixa ingesto de gua; Porcas excessivamente gordas, com estado nutricional visual maior ou igual a 4 (escala de 1 a 5) ou espessura de toucinho maior 19 mm; Intervalo entre a transferncia da porca da gestao para maternidade e o parto menor ou igual a 4 dias.

7.3 Controle de endo e ectoparasitosEndoparasitos Manter um programa de controle evitando perdas. Principalmente em leites na fase de maternidade e creche, para Isospora suis (coccidiose) prevenir com higiene dos escamoteadores e baias, e controlar com administrao de anticoccidianos via rao ou aplicao oral. A administrao de antihelmnticos via rao para adultos, nas diferentes fases, deve ser suspensa no perodo pr-abate de acordo com o produto utilizado. Ectoparasitos Manter vigilncia no plantel atendendo as mudanas de comportamento (coar) indicando a presena de parasitos. Vistoriar regularmente o plantel para detectar a presena de piolhos, pulgas e outros parasitos. Em animais alojados em terminao oriundos de criao ao ar livre observar a presena de pulgas (Tunga penetrans bicho de p).

Sala hospital um local apropriado e separado das outras instalaes, destinada a tratar os animais doentes da granja. Os sunos doentes da creche e/ou crescimento-terminao e/ou da gestao coletiva, quando deixados na mesma baia, sofrem competio e so intimidados pelos companheiros. Nessas condies eles tm poucas chances de recuperao, mesmo que sejam medicados individualmente. Tambm, sunos doentes sob estresse que sofrem na baia de origem, potencialmente excretam mais agentes patognicos, facilitando a disseminao da doena entre os companheiros de baia. A separao destes animais numa sala hospital, com menor densidade animal e ambiente mais confortvel, alm de propiciar maior chance de recuperao, auxilia na preveno e disseminao da doena no rebanho. A sala hospital pode permitir o alojamento de trs categorias de sunos: leites de creche, sunos de crescimentoterminao e opcionalmente reprodutores. Por isso deve proporcionar trs tipos de baias: algumas pequenas para tratamento de sunos doentes com at cinco meses de idade (com capacidade para dois a quatro sunos cada), outras maiores para manuteno dos animais recuperados (com capacidade para seis a oito sunocada) e caso necessrio baias para alojamento de reprodutores. Nas baias menores fornecer espao de 1,5m/animal, nas maiores 1,2m/ animal e para reprodutores 3,0m /animal.

Essencialmente a sala hospital deve ser o local mais higinico e confortvel da granja, ser livre de correntes de ar, ter um ambiente trmico que satisfaa as exigncias dos animais, ter boa higiene, permitir limpeza adequada e desinfeco das baias e fcil acesso dos sunos gua e alimento, porque ali sero alojados animais doentes. A seguir so listadas algumas recomendaes vinculadas s caractersticas dessa instalao: O piso deve ser bem drenado aquecido ou revestido com espessa camada de maravalha ou em cama sobreposta com 50 cm de altura; Instalar uma caixa dgua exclusiva para a sala hospital, para facilitar a adio de medicamento na gua dos animais; Cada baia deve dispor de um bebedouro e um comedouro de fcil acesso pelos sunos; Os comedouros devem permitir o fornecimento de pequenas quantidades de alimento duas vezes ao dia, para no deixar sobras de alimento (preferencialmente no devem ser automticos ou semi-automticos).

7.4 Sala hospitalA sala hospital deve fazer parte da granja e pode ser construda no interior da cerca perifrica de isolamento, porm respeitando uma distncia de 10m da mesma. O local dessa instalao deve ser seco, com boa insolao e do lado oposto aos ventos predominantes. Opcionalmente a sala hospital pode ser anexa a outra instalao, porm com parede cega e rea de circulao independente.

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Nesta instalao, algumas questes de biossegurana devem ser atendidas: Uso exclusivo de materiais de limpeza (ps e vassouras); Seringas e agulhas para medicaes; Cachimbo para conter os sunos e calados para o operador; Recomenda-se a instalao de um sistema de nebulizao que permita fazer desinfeces areas.

Verificar a freqncia respiratria com o animal deitado (normal 25 a 30 vezes/minuto numa temperatura ambiental de 20 C); Se necessrio trat-lo de acordo com protocolo estabelecido pelo veterinrio; Analisar o ambiente (conforto, competio) e decidir se ele pode ficar na baia ou se necessrio remov-lo para a sala hospital; Inspecion-lo duas vezes ao dia, com tomada da temperatura retal, e havendo necessidade remov-lo para a baia hospital. Quanto ao manejo na sala hospital sugere-se:

7.4.1 Capacidade da sala hospital em uma granja Em uma granja de 200 matrizes de ciclo completo (desmame de 400 leites/ms) a sala hospital deveria ter capacidade de alojar cerca de 32 leites ou seja, 8% da mdia de leites desmamados. Em unidades de produo de leites at a creche, prever lugares para alojar cerca de 5% de leites desmamados/ms. (Ex. desmame mensal de 400 leites, prever espao para 20 leites). Em uma unidade de terminao com produo em lotes e vazio sanitrio, a sala hospital deve permitir o alojamento de 6 a 8% dos sunos alojados. Nesse caso, se forem alojados um total de 500 sunos a sala hospital deve possuir espao para alojar entre 30 a 40 animais. Se na sala hospital for considerada tambm o alojamento de reprodutores doentes, preciso considerar tambm lugares individuais para alojar cerca de 2 a 4% de reprodutores do plantel.

Os sunos devem ser examinados duas vezes ao dia; As baias devem estar secas, limpas, quentes e com boa cama no local de descanso; Apenas uma pessoa deve cuidar dessa instalao (preferencialmente a mesma que cuida do crescimento-terminao); A gua deve ser limpa e estar disponvel em bebedouro adequado; Fornecer rao duas vezes ao dia em pequenas quantidades, aps retirar as sobras; Manter um sistema de registro das medicaes realizadas e dos destinos dos animais tratados nesta sala; Se o problema for entrico fornecer rao com no mximo de 16% de protena bruta, e se necessrio medicada sob orientao veterinria; O tempo mdio de recuperao de sunos de creche, crescimento e terminao na sala hospital de quatro dias, mas muitos leites podem levar de 1 a 3 semanas, dependendo do problema patolgico, do estado em que o animal se encontra e, principalmente, do cuidado e tratamento individualizado fornecido pelo produtor. Vale salientar que para o sucesso na recuperao dos sunos doentes na sala hospital, alm do ambiente adequado a ser fornecido, essencial seguir orientaes de tratamento medicamentoso correto, orientado por veterinrio.

7.4.2 Manejo da sala hospital Transferir para a sala hospital os sunos com dificuldade de locomoo, leses, prolapsos, canibalismo, com sinais clnicos de doena e/ou que esto sendo hostilizados ou agredidos pelos companheiros da baia e com limitaes para terem acesso gua, rao ou rea de descanso. Na verificao de algum proceder da seguinte forma: suno doente

Identificar o animal com basto marcador, spray ou brinco; Examin-lo cuidadosamente; Tomar a temperatura retal (normal 38,6C a 39,5 C);

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Para sunos com dificuldade de locomoo, deve-se prever o fornecimento da gua diretamente na boca, utilizando garrafa plstica ou mangueira (a hidratao fundamental na recuperao de sunos doentes); Se necessrio, fornecer aquecimento extra e/ ou usar abafadores nas baias para manuteno da temperatura de conforto; Na sala hospital fazer desinfeces por nebulizao da sala (aparelho costal ou nebulizadores automticos) 2 a 3 vezes por semana e por pulverizao sempre que uma baia estiver vazia. Isto importante para reduzir a contaminao local e reduzir as chances de disseminao do problema para outras instalaes da granja; Os sunos recuperados, dependendo da disponibiidade de baias podem ser mantidos at o peso de abate (cerca de 100 kg) ou serem comercializados, depois de expirado os perodos de carncia dos medicamentos utilizados. Aqueles que no apresentarem melhora clnica em trs dias, o tratamento deve ser modificado sob orientao do veterinrio, ou caso no tenham chance de recuperao devem imediatamente ser eliminados (sacrifcio humanitrio) e destinados para um sistema de compostagem de carcaas. A sala hospital no deve ser vista como um local de depsito de animais doentes, onde os sunos so alojados apenas para serem descartados ou sacrificados e sim como local apropriado para recuperao de animais doentes. Experincias prticas indicam uma taxa de recuperao que pode chegar at 80%, com significativo retorno econmico para o produtor.

Antimicrobianos: so produtos com capacidade de destruir ou inibir o crescimento de microorganismos. As primeiras substncias descobertas, denominadas antibiticos, eram produzidas por fungos e bactrias. Atualmente, so sintetizados em laboratrios farmacuticos e incluram outros compostos que no so originados de microorganismos. Sua ao pode ser bactericida matando a bactria ou bacteriosttico quando inibe seu crescimento e reproduo. Usos: Na suinocultura, os antimicrobianos, so correntemente usados com trs propsitos: teraputico, preventivo e como promotores de crescimento (melhoradores de desempenho). Teraputico: o antimicrobiano usado em doses curativas (altas) quando a doena j est instalada. Preventivo: so usadas em rebanhos contaminados com bactrias patognicas para evitar o aparecimento da doena. As doses so intermedirias. Promotor de crescimento: so usadas em qualquer tipo de rebanho para melhorar o desempenho dos animais. As doses so baixas.

8.1. Uso teraputicoO uso teraputico de antibitico depende do diagnstico