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SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS Marcela C.A.C. Silveira 1 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país tropical que possui amplas vantagens para produção animal, principalmente devido às condições disponíveis para a transformação de energia solar pela fotossíntese em matéria verde disponível para a produção animal. Por essas vantagens tem sido destaque na produção e exportação de carnes de bovinos, aves e suínos. Segundo a FAO, o crescimento anual de consumo de carnes no mundo até o ano 2015 deve ficar em torno de 2%. Considerando ser a carne suína a mais produzida no mundo, uma parcela significativa deste percentual deverá ser atendida via expansão da produção de suínos. A posição dos principais países produtores de carne suína, (China, União Européia e Estados Unidos) não deve ser alterada pelo menos no curto e médio prazos. O Brasil ocupa atualmente a 4ª posição com 2.240 mil t. e concorre diretamente com o Canadá para manter essa classificação. As previsões indicam que a produção brasileira deverá crescer cerca de 6% enquanto a produção de carne suína em outros países crescerá menos que 2%. Tais níveis de produção solidificam a posição brasileira no ranking mundial (FÁVERO, 2003). Com base na análise dos problemas e potencialidades dos grandes produtores mundiais, fica claro que o Brasil apresenta ampla possibilidade de se firmar como grande fornecedor de proteína animal. Estudos recentes mostram que o Brasil apresenta o menor custo de produção mundial, cerca de US$0,55/kg, e produz carcaças de qualidade comparada a dos grandes exportadores. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado internacional sinaliza para o crescimento das exportações brasileiras, com possibilidades de abertura de novos mercados como da China, África do Sul, Chile e Taiwan. A abertura do Mercado Europeu para a carne suína brasileira deverá merecer atenção especial, assim como também o ingresso no Japão que é o maior importador mundial (FÁVERO, 2003). Além da exportação a produção de carne suína vem atendendo ao crescimento do consumo interno. Segundo Nogueira (1998) e Associação Brasileira de Criadores de 1 Médica Veterinária, Mestre em Agroecossistemas. 1

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Page 1: 78081039 Sistema de Producao de Suinos

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Marcela C.A.C. Silveira1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país tropical que possui amplas vantagens para produção animal,

principalmente devido às condições disponíveis para a transformação de energia solar

pela fotossíntese em matéria verde disponível para a produção animal. Por essas

vantagens tem sido destaque na produção e exportação de carnes de bovinos, aves e

suínos.

Segundo a FAO, o crescimento anual de consumo de carnes no mundo até o

ano 2015 deve ficar em torno de 2%. Considerando ser a carne suína a mais produzida

no mundo, uma parcela significativa deste percentual deverá ser atendida via expansão

da produção de suínos. A posição dos principais países produtores de carne suína,

(China, União Européia e Estados Unidos) não deve ser alterada pelo menos no curto e

médio prazos. O Brasil ocupa atualmente a 4ª posição com 2.240 mil t. e concorre

diretamente com o Canadá para manter essa classificação. As previsões indicam que a

produção brasileira deverá crescer cerca de 6% enquanto a produção de carne suína em

outros países crescerá menos que 2%. Tais níveis de produção solidificam a posição

brasileira no ranking mundial (FÁVERO, 2003).

Com base na análise dos problemas e potencialidades dos grandes produtores

mundiais, fica claro que o Brasil apresenta ampla possibilidade de se firmar como grande

fornecedor de proteína animal. Estudos recentes mostram que o Brasil apresenta o menor

custo de produção mundial, cerca de US$0,55/kg, e produz carcaças de qualidade

comparada a dos grandes exportadores. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado

internacional sinaliza para o crescimento das exportações brasileiras, com possibilidades

de abertura de novos mercados como da China, África do Sul, Chile e Taiwan. A abertura

do Mercado Europeu para a carne suína brasileira deverá merecer atenção especial,

assim como também o ingresso no Japão que é o maior importador mundial (FÁVERO,

2003).

Além da exportação a produção de carne suína vem atendendo ao crescimento

do consumo interno. Segundo Nogueira (1998) e Associação Brasileira de Criadores de

1 Médica Veterinária, Mestre em Agroecossistemas.

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Suínos (2007) o consumo de carne suína no Brasil aumentou 34% da década de 80 para

2006 (de 8,2 kg/per capta/ano para 12,5 kg/per capta/ano).

A produção de suínos no Brasil está concentrada na região sul, mas tem se

expandido para as regiões sudeste e centro oeste, principalmente devido a proximidade

com as áreas de produção de grãos. Os sistemas produtivos têm sido estudados,

adaptados e intensificados cada vez mais para atender a demanda de exportação e

aumento de consumo interno. Na seqüência do texto está a caracterização dos diferentes

sistemas de produção de suínos no Brasil.

2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Os sistemas de produção de suínos adotados no Brasil podem ser caracterizados

como intensivo, semi-intensivo e extensivo. Dentro dessa classificação no intensivo

encontra-se o sistema de criação intensivo confinado (SISCON), sistema de criação

intensiva ao ar livre (SISCAL) e variações dos dois, como a criação de determinadas

fases em cama sobreposta. O sistema de criação agroecológico e o orgânico estarão

separados em função da especificidade dessas criações, embora estejam incluídos como

intensivo.

2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO EXTENSIVO

O sistema extensivo é caracterizado pela manutenção permanente dos animais a

campo, durante todo o período produtivo, isto é, cobertura, gestação, lactação,

crescimento e terminação; pelo uso de pouca tecnologia; pelos baixos índices de

produtividade; pelo baixo uso de capital e força de trabalho e baseado no aproveitamento

de recursos naturais e pelo material genético nativo. As vantagens desse sistema são:

economia em instalações, mão de obra e alimentos e as desvantagens são a exigência de

grandes áreas, resulta em baixa produtividade e maior mortalidade na parição. Essa

caracterização foi apresentada pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC,

(2004).

O sistema extensivo é utilizado geralmente por produtores que tem relação

extrativista e de subsistência com a criação, o que é comum nas regiões norte e nordeste

do país. Até porque no Brasil a criação de suínos tem na Região Sul 43,70% dos animais,

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21,31% no Nordeste, 17,31% no Sudeste, 11,39% no Centro-Oeste e 6,30% no Norte

(IBGE, 2004).

Há poucos trabalhos destinados a caracterização desse tipo de sistema

produtivo, devido inclusive a sua pouca eficiência, entretanto como podem estar sendo

usados com material genético rústico que pode ser usado em cruzamentos para

desenvolvimento de raças mais adaptadas às variadas condições nacionais, alguns

pesquisadores tem se dedicado a estudá-los.

Um exemplo de sistema extensivo visualizado no Nordeste foi feito num estudo de

caracterização na Paraíba, cuja motivação foi o estímulo ao cuidado com material

genético rústico e potencial para melhoramento. Observou-se que 63,8% das unidades de

produção agrária familiar visitadas tinham menos de um hectare, 94% dos criadores

forneciam restos de comida aos suínos, 56,9% capim no cocho, 53,5% forneciam farelo

de milho e apenas 34,5% fornecia milho e 46% não realizava manejo sanitário. A maioria

não recebe assistência técnica nem inspeção de qualquer órgão. Mesmo assim, em 96%

das unidades os animais eram confinados muitas vezes alterando entre áreas fechadas e

presos com cordas ao pé de árvores para pastoreio. Em 31% das propriedades o

confinamento é restrito a terminação. A maioria dos produtores não separava os animais

o que dificulta o manejo reprodutivo e sanitário (SILVA FILHA et al, 2005).

2.2 SISTEMA DE PRODUÇÃO SEMI CONFINADO

O sistema semi-confinado tradicional (misto) é caracterizado por animais criados

separados, por categoria e por idade, com instalações por categoria e com acesso a

piquetes; realização de monta controlada; ocorrência de partos assistidos; uso de pastos

para animais de reprodução, crescimento e terminação totalmente confinados. É um

sistema misto entre o confinado e o extensivo (CAVALCANTI, 1996; CENTEC, 2004).

Embora haja o confinamento das fases finais antes do abate, o sistema semi-

confinado é caracterizado pelo baixo investimento em instalações e alimentação das

fases com acesso aos piquetes. Também são característicos em produções no norte e

nordeste do país.

Os sistemas de produção como o SISCAL, o agroecológico e orgânico são semi-

confinamentos, entretanto como tem características próprias serão abordados em item

específico.

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2.3 SISTEMA DE PRODUÇÃO CONFINADO

O sistema intensivo confinado é caracterizado pela produção realizada em

galpões especializados; pelo confinamento total de todas as fases animais. As vantagens

de sua utilização são: uso de pequenas áreas, uso de animais de alto padrão genético e

controle sobre todos os aspectos do manejo. As limitações são: a exigência de mão de

obra especializada, custo elevado de construções e alimentação (FÁVERO, 2003;

CAVALCANTI, 1996).

Os produtores de suínos no Brasil, na sua maioria, utilizam o sistema confinado

dividido em três fases, reprodução, recria e engorda, podendo ocorrer todas as fases na

mesma granja, como cada fase em uma granja separada, isto é, uma granja somente com

produção de leitão (UPL), outra somente com recria (Creche) e outra somente com

engorda (Terminadores). No passado, o sistema mais comum era o de ciclo completo

com produção de alimentos na própria unidade de produção. Nos sistemas especializados

muitos produtores adquirem todos os ingredientes para o fabrico da ração, tornando a

atividade uma monocultura sem possibilidade de reciclar os nutrientes (FIGUEIREDO,

2002)

As características desse sistema estão sintetizadas na tabela 10.

No sistema intensivo os índices zootécnicos críticos e a meta a ser alcançada

estão descritos na tabela 1:

Tabela 1 índices zootécnicos da produção intensiva de suínos

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Nº leitões nascidos vivos/parto <10,0 >10,8

Peso médio dos leitões ao nascer (kg) <1,4 >1,5

Taxa de leitões nascidos mortos (%) >5,0 <3,0

Taxa de mortalidade de leitões (%) >8,0 <7,0

Leitões desmamados/parto <9,2 >10,0

Média leitões desmamados/porca/ano <19,3 >23,0

Ganho médio de peso diário dos leitões (g) <200 >250

Peso dos leitões aos 21 dias (kg) <5,6 >6,7

Fonte: Fávero (2003)

2.4 MOTIVAÇÕES PARA MODIFICAÇÃO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

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Page 5: 78081039 Sistema de Producao de Suinos

As adaptações dos sistemas de produção surgiram em função de problemas

ambientais e pressão da sociedade (principalmente de mercados externos) para a

aquisição da carne brasileira.

Embora tenha sido citado na introdução deste trabalho que o Brasil tem potencial

para se estabelecer como exportador de carne suína, o complexo agroindustrial tem

enfrentado nos últimos anos barreiras que estão dificultando ou restringindo um maior

incremento no comercio exterior. O principal entrave com respaldo legal por parte da

Organização Mundial do Comércio e que atualmente impede maior exportação, são as

alegações de ordem sanitária. Vencidas essas barreiras sanitárias através de

negociações justas com os grandes importadores internacionais de carnes a restrição às

exportações ocorre através de novas barreiras tais como meio ambiente, segurança

alimentar via questão de resíduos e exigência de rastreabilidade total e o bem-estar

animal (DALLA COSTA et al, 2005). Dentre as barreiras relacionadas ao bem estar animal

está a legislação de alguns países importadores, descritas no quadro 1.

Quadro 1 - Comparação entre legislação na União Européia (UE) e Reino Unido (RU) e o comumente praticado em granjas brasileiras tecnificadas. Para a UE, se não de outro modo especificado, trata-se de exigência a partir de 01-jan-2013

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(a) Se em grupos de 6 ou menos, área deve ser aumentada em 10%; se em grupos de 40 ou mais, área pode ser diminuída em 10%.(b) Se cobrição é feita na baia do macho, mínimo de 10m2.

Fonte: DALLA COSTA et al (2005)

O interesse da sociedade e, no caso do Brasil, as barreiras impostas,

estimularam os pesquisadores a adaptarem os sistemas de produção adotados até então

para sistemas com menor impacto ambiental, melhores condições de bem estar animal e

de menor custo de produção total (computando-se a produtividade e externalidades

ambientais).

O bem estar animal surge não só pelo interesse da sociedade no consumo de

carne produzida de forma a não causar sofrimento aos animais, mas também por uma

questão econômica.

Segundo Machado Filho e Hotzel (2000), animais selecionados geneticamente

para alta especialização e colocados em ambientes pressionados para alta produtividade

podem experimentar grande sofrimento. Porcas selecionadas para alta prolificidade,

parindo em jaulas parideira, podem produzir facilmente 25 leitões desmamados por ano, e

ainda apresentar comportamentos estereotipados e anômalos - o que é evidência de

sofrimento psicológico; e sérios problemas físicos - nas articulações, contusões nas

juntas, problemas respiratórios, úlceras gástricas - a tal ponto que as matrizes têm sido

descartadas cada vez mais jovens.

A falta de bem estar afeta economicamente todas as fases da produção. Leitões

em sistema confinado em baias de piso ripado têm menor ganho de peso, maior

mortalidade e pior conversão alimentar se comparados com os criados em cama

sobreposta (HIGARASHI et al, 2005). A falta de bem estar no transporte e abate causa

lesões ou modificações fisiológicas que alteram as características organolépticas da carne

e diminuem o tempo de prateleira (SOUZA, 2005).

Um dos resultados da demanda por sistemas menos agressivos, mas produtivos,

foi o surgimento na década de 70 do plain air e na década de 80 a adaptação para o

sistema intensivo de criação ao ar livre – Siscal.

2.5 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS AO AR LIVRE

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O Siscal é caracterizado pela manutenção dos animais de reprodução,

maternidade e creche em piquetes; pelo confinamento nas fases de crescimento e

terminação e pelo uso de rotação da área de pasto ocupada. Embora haja o uso de

pastagem e que essa seja aproveitada pelos animais na alimentação são utilizadas as

mesmas rações balanceadas do confinado.

Recomenda-se que o SISCAL não seja instalado em terrenos com declividade superior

a 20%, dando-se preferência a solos com boa capacidade de drenagem e poucas pedras; os

piquetes sejam equipados com comedouros, bebedouros, cabanas e sombreadores. A área

utilizada por cachaço será de 800 m2. A área utilizada para as porcas será de 800 m2 /animal. Na

fase de creche será utilizado 50 m2/ leitão.

Embora o sistema seja aparentemente mais confortável para os animais Abreu,

Abreu e Dalla Costa (2001) não identificaram diferença na temperatura das cabanas

quando compararam 1) cabana de maternidade coberta com fécula de isopor 2) cabana

de maternidade coberta com isolamento de alumínio 3) cabana de maternidade coberta

com tela e capim na cobertura 4) cabana de maternidade coberta com lona e capim na

cobertura 5) ambiente ao ar livre e 6) à sombra da árvore. Todos os tratamentos

obtiveram valores médios de temperatura acima da zona de conforto térmico,

recomendada por PERDOMO et al. (1985) para porcas em lactação (12 a 16C). Isso

demonstra que é necessário mais pesquisas com relação a estrutura de cobertura das

cabanas para que o sistema seja adotado com eficiência em regiões tropicais.

Uma das vantagens do sistema é o custo de implantação. A tabela 2 resume os

resultados econômicos do estudo dos pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, e

mostra que o custo de implantação do sistema ao ar livre representou cerca de 44% do

custo do sistema confinado. Para se ter uma idéia o custo total por quilo de suíno

produzido ao desmame (~10,0 Kg) foi aproximadamente 33% menor no sistema ao ar

livre. Enquanto ao ar livre o sistema teve uma rentabilidade anual de aproximadamente

U$ 2.067,00, no sistema confinado a rentabilidade variou de U$ 342,00 a U$ 469.

Tabela 2 - indicadores econômicos para sistemas de criação de suínos ao ar livre (SISCAL) e confinado (SISCON)

ITENS SISCAL (U$) SISCON (U$)

custos fixos médios (/Kg) 0.120 0.325

Custo variável médio (/Kg) 0.964 1.320

custo total médio (/Kg) 1.103 1.645

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Custo total das instalações 4990,83 11160,15

custo por matriz alojada 311,93 697,51

lucratividade anual 2067,00 342,00 – 469,00

Fonte: DALLA COSTA el. al. (1995)

Em outro trabalho foi verificado o baixo custo de implantação do sistema. O custo

total de implantação do SISCAL, excluindo o valor da terra, foi de US$ 6862,80, ou seja,

US$ 490,20 por matriz instalada, em julho de 1997. A construção e os equipamentos da

fábrica de ração foram os itens mais caros do custo de implantação. O custo total de

produção por kg de leitão desmamado produzido foi US$ 0,617, em junho de 1999

(LEITE, et al, 2000).

Tabela 3 - Comparação entre o desempenho de porcas confinadas e ao ar livre em sistemas criatórios na Inglaterra

Ao ar livre Confinadas Média nº porcas/rebanho 466 218

Parto/porca/ano 2,23 2,26 Intervalo 42 35

Nº de leitões

nascidos/parto

11,72 11,82

Nº leitões criados/parto 9,58 9,59 Leitões criados/porca/ano 21,4 21,7

Fonte: McMahon, 1997, citado por Machado Filho e Hötzel (2005).

Segundo Machado Filho e Hötzel (2005) esse sistema de produção de suínos

quando bem implantados e manejados adequadamente os suínos terão as “cinco

liberdade” proposta pelo Conselho de Bem-Estar Animal da Fazenda da Comunidade

Européia (FAWC) aprovada em 1992:

• Liberdade psicológica (de não sentir medo, ansiedade ou estresse),

• Liberdade comportamental (de expressar seu comportamento de normal),

• Liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede),

• Liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças, injúrias ou dor),

• Liberdade ambiental (de viver em ambiente adequado com conforto).

Contudo esse sistema ainda apresenta índices de produção abaixo dos

desejáveis (alta taxa de retorno ao cio, baixa número de leitões desmamados porca ano

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associados a altas taxas de mortalidade dos leitões do nascimento do desmame devido

ao esmagamento dos leitões pela porca em lactação) (DALLA COSTA; LUDKE;

PARANHOS DA COSTA, 2005).

A cadeia produtiva de suínos está alicerçada no sistema de confinamento

intensivo, onde pouco se valoriza o bem-estar dos suínos e sim os índices de

produtividade. Entretanto se o Brasil quiser manter ou incrementar os volumes de carne

exportado terá que rever os seus sistemas de produção com uma maior ênfase ao bem-

estar dos suínos através dos “enriquecimentos ambientais” dos sistemas de produção que

consiste em introduzir melhorias no próprio sistema confinado, com o objetivo de tomar o

ambiente mais adequado ás necessidades comportamentais dos animais. (DALLA

COSTA; LUDKE; PARANHOS DA COSTA, 2005).

Os índices zootécnicos obtidos com sistema no norte do país, estado do

Tocantins especificamente, ainda não foi publicado. Projeto com esse objetivo está sendo

realizado pela UFT de Araguaína (SILVA, 2007).

Outra alteração no sistema de produção é o uso da cama sobreposta nas fases

de crescimento e terminação.

2.6 SISTEMA DE PRODUÇÃO COM USO DE CAMA SOBREPOSTA

O sistema de criação de suínos em unidades com cama sobreposta consiste na

utilização de um leito profundo composto por um substrato (maravalha, palha, casca de

arroz, entre outros) que irá absorver os dejetos produzidos pelos animais, durante o

período de permanência desses na unidade.

A grande vantagem do sistema se deve ao fato de que o mesmo constitui-se em

uma alternativa em que as unidades de produção dispensam a necessidade de

instalações destinadas ao manejo do dejeto líquido, tais como canaletas, esterqueiras

e/ou lagoas, entre outros, reduzindo os custos na construção das instalações e no

transporte de dejetos. Outra importante vantagem do sistema de cama sobreposta é a

redução substancial do mau odor e da proliferação de vetores nas unidades produtoras,

visto que os dejetos absorvidos e o substrato sofrem uma fermentação aeróbia in situ o

que resulta em um material que poderá ser, posteriormente, utilizado ou comercializado

como adubo orgânico. (HIGARASHI, et al, 2005).

As desvantagens estão associadas ao maior consumo de água no verão, maior

cuidado e necessidade de ventilação nas edificações, disponibilidade de maravalha,

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serragem ou outro tipo de substrato e, principalmente aspectos sanitários relacionados

com a ocorrência de infecções por Mycobacterium avium-intracellulare (MAI) (MORÉS,

2000).

A Embrapa iniciou pesquisas com cama sobreposta ou deep bredding em 1993 e

desde então alguns estudos tem sido feitos para avaliar a possibilidade de adoção do

sistema no Brasil.

Como resultados de pesquisas realizadas com a implantação desse sistema

Higarashi et al (2005) observou que houve maior mortalidade (figura 1), maior ganho de

peso (figura 2) e melhor conversão alimentar (figura 3) em animais criados em piso ripado

que em cama sobreposta. A figura 4 mostra a dispersão dos animais em cama

sobreposta.

Figura 1: Mortalidade média de 4 lotes de 70 leitões em fase de creche, criados sobre leito de maravalha (1) e criados sobre piso ripado suspenso (2).

Figura 2: Ganho de peso médio de 4 lotes de 70 leitões em fase de creche, criados sobre leito de maravalha (1) e criados sobre piso ripado suspenso (2).

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Figura 3: Conversão alimentar média de 4 lotes de leitões em fase de creche, criados sobre leito de maravalha (1) e criados sobre piso ripado suspenso (2).

Fonte: Higarashi, et al, 2005Figura 4: Unidade de produção de leitões sobre cama sobreposta de maravalha.

Tabela 4 Porcentagem de lesões de almofada plantar/pés e de lesões pulmonares em suínos alojados sobre cama ou concreto ripado.

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Fonte: Gentry, Miller e McGlone, 2001

Há trabalhos, entretanto mostrando que em termos de ganho de peso o uso da

cama sobreposta não difere do piso de concreto. O desempenho animal foi similar entre

todos os sistemas de criação nas duas primeiras fases, mas, na terceira fase, foi maior no

sistema de criação com piso de concreto e, na quarta fase, foi superior em ambos os

sistemas de criação com cama. O desempenho animal final não foi influenciado pelos

sistemas de criação. Na fase de 25 a 75 kg, o sistema de criação com cama sobreposta

mostrou-se satisfatório como alternativa ao sistema tradicional de piso de concreto

(CORDEIRO, et al, 2007).

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TABELA 5 Consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar de suínos nos sistemas de criação em cama sobreposta de maravalha ou casca de arroz e no sistema de piso de concreto

Fonte: Cordeiro, et al (2007)

Outros trabalhos citados por Morés (2000) demonstram dificuldades sanitárias

relacionadas ao uso da cama sobreposta.

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Tabela 6 Freqüência de animais condenados por linfadenite no frigorífico criados sob diferentes tipos de piso: nas épocas 1, 2 e 3 são apresentados o número de suínos condenados por linfadenite.

Fonte: Corrêa, K.C., (1998) citado por Morés (2000)

Tabela 7 Resultados em porcentagem, das contagens de espirro e tosse e o número de contagens (N) em suínos alojados em diferentes tipos de piso.

Fonte: Corrêa, K.C., (1998) citado por Morés (2000)

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Tabela 8 Médias das contagens das lesões nos cornetos nasais, estômagos e pulmão em suínos alojados em diferentes tipos de piso (tratamentos).

Fonte: Corrêa, K.C., (1998) citado por Morés (2000)

Tabela 9 Comparação das lesões de úlcera no estômago de suínos criados em cama sobreposta e em piso totalmente ripado (freqüência em % em cada graduação).

Fonte: de Oliveira, P.A.V. (1999). Citado por Morés 2000

Ainda em estudos relacionados a sanidade, a percentagem de hepatite

parasitária em rebanhos estudados na Alemanha, aumentou de 15,8% no primeiro lote

para 72,2% no quarto lote nos suínos criados em cama de maravalha sobreposta,

enquanto que nos controle mantidos em piso metálico ripado, a incidência de lesões

permaneceu estável, com prevalência ao redor de 15,3% (Hoy; Stehmann,1994 citado por

Morés, 2000).

Morés (2000) também apresentou dados sobre infecção parasitária e maior

porcentagem de artrite causada por Mycoplasma hyosynoviae.

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Figura 6: Sistema de Produção de suínos em cama sobreposta

Fonte: Oliveira e Diesel (2000).

2.7 SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO

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Hoje sugere-se a adaptação de tecnologias que configurem na produção

agroecológica de suínos também para atender a demanda crescente por uma agricultura

sustentável ou seja, que tenha efeitos negativos mínimos no ambiente, que não cause

liberação de substâncias tóxicas, na atmosfera, água, que preserve e recomponha a

fertilidade dos solos, que previna a erosão e mantenha a saúde ecológica do solo, que

use a água permitindo recarga dos depósitos aqüíferos mesmo satisfazendo a

necessidade do ambiente, animais e das pessoas, que dependa cada vez mais de

recursos gerados no próprio sistema, que valorize a diversidade biológica e garanta

igualdade de acesso a tecnologia pelos produtores (GLIESSMANN, 2000).

Segundo Altieri (2001), a agroecologia é uma abordagem que integra os

princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do

efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo,

utilizando os agroecossistemas como unidade de estudo, ultrapassando a visão

unidimensional – genética, agronomia, edafologia – incluindo dimensões ecológicas,

sociais e culturais (FIGUEIREDO, 2002)

O sistema de produção agroecológico é semelhante ao orgânico, embora haja

diferenças entre dois. A produção orgânica caracteriza-se pela criação animal em que são

proibidos antibióticos e promotores de crescimento. Sua dieta, além de não apresentar

ingredientes de origem animal, é composta unicamente de grãos e vegetais cultivados em

sistema orgânico, ou seja, produzidos sem a utilização de defensivos e fertilizantes

químicos. Já no agroecológico não são somente características técnicas que estão

embutidas na produção. O conceito de sustentabilidade e aspectos relacionados a

valorização da cultura, desenvolvimento social, economia justa, permeiam o sistema de

produção.

Segundo Machado Filho et al (2001), a produção agroecológica no Brasil está

regulamentada pela Instrução Normativa 007 de 17/05/99, que dispõe sobre normas para

a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. Desde que o clima assim o

permita, os animais devem ficar ao ar livre todo o tempo com sombra em todos os

piquetes (o que inclusive poderia possibilitar associações com cultivos arbóreos), acesso

a chafurdar-se, e evitar a pele branca na seleção de animais para o ar livre. Nem sempre

é possível ter-se todas as categorias animais no sistema ao ar livre. Uma alternativa que

parece adequada a esse sistema e a realidade de Santa Catarina, é que os animais

reprodutores (machos e fêmeas) fiquem ao ar livre, bem como as respectivas leitegadas

até, pelo menos, os 70 dias.

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No caso do sistema orgânico, esse período é de 40 dias conforme Figueiredo

(2002). Daí em diante, os animais que serão destinados ao abate poderiam ser criados

estabulados em cama sobreposta. Os suínos devem ter acesso a uma área para

exercício, e a área mínima por animal estabulado deve variar de 1,4 m2 (50 kg) a 2,3 m2

(110kg). Os suínos não devem permanecer mais do que 20% de sua vida útil no

confinamento convencional (MACHADO FILHO et al, 2001).

Para evitar a contaminação ambiental, a taxa de ocupação de animais na criação

orgânica de suínos (segundo UE) tem como referência o total de dejetos/ha aplicados na

granja. Seja no sistema ao ar livre, seja com animais estabulados, o total de dejetos

aplicados na granja não pode exceder os 170kg/ha. Isto representa, para as diferentes

categorias animais, a seguinte lotação máxima de indivíduos/ha: leitões, 74; porcas 6,5;

terminação, 14; outros suínos, 14.

Sugere-se o uso da pastagem como complementação da alimentação. A ração

do suíno orgânico deve ter origem em lavouras orgânicas, e preferencialmente da própria

unidade de produção, que deve ser integrada. Entretanto, tanto a legislação européia

quanto a brasileira permite o uso de até 20% da dieta provindo de produtos não

orgânicos. A utilização de alimentos oriundos de organismos geneticamente modificados

(OGM) e promotores do crescimento são proibidos, a adição de vitaminas e minerais é

permitida apenas para cobrir deficiências.

Apesar da pressão de infecção ser menor nos sistemas de criação ao ar livre,

este ainda é um sistema de confinamento e exige mudanças de manejo que contribuam

para o equilíbrio patógeno - animal. A princípio, as vacinas são a melhor forma de

prevenção. Medicamentos convencionais são permitidos excepcionalmente e quando a

saúde ou a vida dos animais estiver em risco. Nestes casos há que se observar os

períodos de carência. Os tratamentos de parasitos e doenças devem se basear em

métodos preventivos de manejo ou que não utilizem produtos de síntese química. É,

portanto aceito o uso de produtos homeopáticos, fitoterápicos e a prática da acupuntura

na criação orgânica.

Quanto a raça dos animais, a legislação brasileira proíbe o uso de animais

transgênicos. É recomendado que se utilizem raças / cruzamentos "compatíveis com a

condição ambiental e com estímulo à biodiversidade". Na Europa se aplica basicamente a

mesma recomendação, sendo que a preferência deve ser para raças e linhagens nativas

ou locais.

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3. COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSITCAS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Tabela 10 Comparação entre os sistemas de produção quanto a características de área disponível, tipo de instalações, aspectos de manejo relacionados a sanidade, alimentação e reprodução

SISTEMAÁREA DISPONÍVEL PARA OS

ANIMAIS (m2)TIPO DE INSTALAÇÕES SANIDADE ALIMENTAÇÃO REPRODUÇÃO

EXTENSIVOObjetivo: subsistência

Reprodutores

Não há área definida. Os animais permanecem juntos.

Uso de pastagem sem controle ou rotação e geralmente há um “chiqueiro” ode os animais ficam abrigados (madeira, com ou sem piso).

Não se usa vacina e usa vermífugos ou antibióticos eventualmente

Baseada no aproveitamento de recursos naturais, lavagem ou mistura de alimentos alternativos, sem controle de qualidade nutricional.

Como as fases estão juntas, a reprodução ocorre sem qualquer controle de data de cobrição, parto ou desempenho de machos e fêmeas.

Maternidade e creche

Crescimento e terminação

SEMI INTENSIVO (semi confinado)

Objetivo: subsistência e comércio

ReprodutoresAnimais ficam soltos em piquetes

Uso de áreas de pastagem separada por sexo

Vacinas e antibióticos usados eventualmente

Aproveitamento de recursos naturais

Uso da monta controlada, já que há necessidade de programar a entrada de leitões para o confinamento.

Maternidade e creche

Animais fechados para facilitar o manejo dos leitões

Área com baia que tem tamanho variável, geralmente não obedece a técnica de produção.

Matriz e leitões consomem o mesmo alimento, geralmente inicia-se aqui o fornecimento de grãos ou farelos aos leitões.

Crescimento e terminação

Fechado, geralmente em baias sem área definida.

Animais fechados em lotes que correspondem a poucas leitegadas, portanto não excede 1 m 2/animal.

Geralmente é utilizado vermífugo, já que o objetivo é a venda dos leitões.

Uso de alimentos energéticos e protéicos, embora nem sempre balanceados.

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SISTEMAÁREA DISPONÍVEL PARA OS

ANIMAIS (m2)TIPO DE

INSTALAÇÕESSANIDADE ALIMENTAÇÃO REPRODUÇÃO

INTENSIVO (confinado)

Objetivo: subsistência e comércio

Reprodutores

Macho – baia de 6 m2 com paredes de 1,10mGestação coletiva (baia): 3m2/animal – máximo 4 a 6 animais por baia.

De preferência de alvenaria, pé direito com 3 a 3,4m, cobertura com telhas de barro. Largura máxima de 12 m para facilitar a ventilação. Se for separar as fases, cada galpão deve ser construído a mais de 5 m do outro. Se for sitio isolado a gestação e maternidade ficarão isoladas da creche, crescimento e terminação.

Vacinação de fêmeas contra colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica, micoplasmose e parvovirose, erisipela e leptospirose. Vacinação dos machos contra parvo anual e rinite semestralUso do sistema todos dentro e todos fora e vazio sanitário (maternidade)

Ração com 12% de proteína, 3200 a 3400 kcal, 0,75% de cálcio, 0,6% de fósforo0,45% de sal, 0,43% de lisina, 0,23% de metionina e cistina, 0,09% de triptofano. Consumo de 1,5 a 2kg para cachaço, 2kg para gestantes

Dirigida e controlada – fêmea encaminhada a baia do macho e a monta com controle do criador

Relação macho x fêmea = 15 a 20 fêmeas.

Varrões de 8 a 10 meses podem cobrir 10 fêmeas.

Varrões de 10 a 18 meses podem cobrir 15 fêmeas.

Varrões de mais de 18 meses podem cobrir 20 fêmeas

Tempo médio da fêmea em reprodução = cerca de 6 parições

Tempo médio do macho em reprodução = 2,5 anos

Maternidade

Baia - 6 m2, com protetor do leitão há 0,2m do chão e 0,12m da parede. Escamoteador (0,8x0,8x0,8m)Gaiola – 1,32 m2/animal (0,6x2,2m)

13% de proteína, 3340kcal de energia digestível 0,75% de cálcio, 0,6% de fósforo, 0,6% de lisina, 0,36% de metionina + cistina e 0,12% de triptofano. Consumo de 1,8kg + 0,35 kg por leitão.

Creche

Piso 2/3 compacto 0,35 m2/animal parede 0,5m – 18 animais/baia. Declividade 5%

Vacinação contra Pneumonia, pleuropneumonia e rinite atróficaUso do sistema todos dentro e todos fora e vazio sanitário

18% de proteína, 3400kcal de energia digestível 0,7% de cálcio, 0,6% de fósforo, 0,45% de sal, 0,95% de lisina, 0,48% de metionina e 0,14% de triptofano. Consumo de 0,8 a 1,3kg

Crescimento Peso – 20 a 60 kgIdade – 70 aos 120 dias

Piso 2/3 compacto, Área 0,75 m2/animalAté 30 animais/baiaParedes de 1,10mDeclividade 5%

Uso de “promotores de crescimento” na ração. Antibióticos, antiparaitários e anticoccidianos Uso do sistema todos dentro e todos fora e vazio sanitário

15% de proteína, 3400kcal de energia digestível 0,6% de cálcio, 0,5% de fósforo, 0,45% de sal, 0,75% de lisina, 0,41% de metionina + cistina e 0,12% de triptofano. Consumo de 1,5kg a 2,6 kg por leitão.

Terminação

Área 1 m2/animalAté 30 animais/baiaParedes de 1,10mDeclividade 5%

13% de proteína, 3400kcal de energia digestível 0,5% de cálcio, 0,4% de fósforo, 0,6% de lisina, 0,34% de metionina + cistina e 0,1% de triptofano. Consumo de 2,8kg a 3,5 kg por leitão.

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... continuação da tabela 10

SISTEMAÁREA DISPONÍVEL PARA OS

ANIMAIS (m2)TIPO DE INSTALAÇÕES SANIDADE ALIMENTAÇÃO REPRODUÇÃO

SISCAL(semi confinado)

Objetivo: comércio

Reprodutores

Macho - 400 m2/animalFêmeas – de 400 a 800 m2/fêmea

Uso de piquetes.Deve-se fazer rotação de parcela (a cada 2 anos?);Topografia: pequena inclinação;Cercas elétricas: 2 a 3 fios –30cm e 60cm ou 8-10cm, 40cm e 70cm. Distância entre estacas de 6 a 9m.Cabanas de 2,9x3,0x1,10 metros. A área do sombreador deve ser, no mínimo, de 4,5 metros quadrados por matriz na gestação.

Sem vazio sanitário, porém com rotação de parcelas. Uso de vermífugos e vacinas como no confinado

Mesma do confinado. Embora já existam trabalhos sugerindo a redução de ração em função do pastoreio, os níveis de confiança nutricional dependem da qualidade da pastagem.

Dirigida e controlada – fêmea encaminhada ao piquete do macho ou a baia de monta para o controle do criador

Maternidade e creche

de 400 a 800 m2/fêmea tendo como abrigo cabana individual

Cabanas de 1,45x3,0x1,10.A área do sombreador deve ser, no mínimo, de 9 metros quadrados por matriz na lactação.

Crescimento e terminação

Mesma área do confinado

Mesmo tipo do confinadoMesmo do confinado

Mesma do confinado

CAMA SOBREPOSTA(confinado)

Objetivo: comércio

Reprodutores Confinado Mesmo do confinado

Mesmo do confinado

Mesma do confinado

Dirigida e controlada. Confinados

Maternidade e creche

Confinado

Crescimento e terminação

1,2 m2/animal. Podem ser usados galpões grandes com mais de 200 animais

Nos galpões o piso é coberto por cama de cerca de 35cm de altura de maravalha, casca de arroz ou palhas

Problemas sanitários devido ao contato direto com a cama podem advir, portanto o calendário de vacinação deve ser rigoroso

Mesma do confinado

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... continuação da tabela 10

SISTEMAÁREA DISPONÍVEL PARA OS

ANIMAISTIPO DE INSTALAÇÕES SANIDADE ALIMENTAÇÃO REPRODUÇÃO

AGROECOLÓGICO (semi confinado)

Objetivo: subsistência e comércio

Reprodutores 6,5 animais/ha Como no SISCAL Uso de vacinas como no confinado, mas outros preventivos somente se forem fototerápicos e homeopáticos

Mantém os níveis do confinado, mas todo o alimento deve ser orgânico e produzido na propriedade

Dirigida e controlada como no SISCAL

Maternidade e creche

74 animais/há Como no SISCAL

Crescimento e terminação

14 animais/ha Em cama sobreposta

Fonte: Dalla Costa (1999), Centec (2004), Machado Filho et al (2001).

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ATIVIDADE AVALIATIVA

Em Relação aos tipos de cama usadas no sistema de produção em cama sobreposta, identifique e justifique qual a melhor matéria prima a ser utilizada.

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