barbara p fernandes

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  • 7/21/2019 Barbara p Fernandes

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    MINISTRIO DA DEFESA

    EXRCITO BRASILEIRO

    DEPARTAMENTO DE CINCIA E TECNOLOGIA

    INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    CURSO DE MESTRADO EM CINCIA DOS MATERIAIS

    BRBARA MONTEIRO PESSA FERNANDES

    INFLUNCIA DO PROCESSO DE RETICULAONO

    COMPORTAMENTO DE UM COMPSITO DE

    POLI(DIMETILSILOXANO)

    Rio de Janeiro

    2009

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    INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    BRBARA MONTEIRO PESSA FERNANDES

    INFLUNCIA DO PROCESSO DE RETICULAONO

    COMPORTAMENTO DE UM COMPSITO DEPOLI(DIMETILSILOXANO)

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Curso de

    Mestrado em Cincia dos Materiais do InstitutoMilitar de Engenharia, como requisito parcial para a

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias em

    Cincia dos Materiais.

    Orientador: Prof. Joo Carlos Miguez Suarez D.C.

    Co-orientador: Dra. Amal Elzubair Eltom D.C.

    Rio de Janeiro

    2009

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    c2009

    INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    Praa General Tibrcio, 80 Praia Vermelha

    Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270

    Este exemplar de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poder

    inclu-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

    qualquer forma de arquivamento.

    permitida a meno, reproduo parcial ou integral e a transmisso entre

    bibliotecas deste trabalho, sem modificao de seu texto, em qualquer meio que

    esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadmica, comentrios e citaes,

    desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referncia bibliogrfica

    completa.

    Os conceitos expressos neste trabalho so de responsabilidade do autor e do

    orientador.

    F363i Fernandes, Brbara Monteiro Pessa

    Influncia do Processo de Reticulao no Comportamento de um

    Compsito de Poli(dimetilsiloxano) / Brbara Monteiro Pessa

    Fernandes. Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2009.

    133p.:il.

    Dissertao (mestrado) Instituto Militar de Engenharia Rio de

    Janeiro, 2009.

    1. Polmeros. 2. Compsito de poli(dimetilsiloxano). 3. Irradiao

    gama. I. Ttulo. II. Instituto Militar de Engenharia.

    CDD 620.192

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    INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    BRBARA MONTEIRO PESSA FERNANDES

    INFLUNCIA DO PROCESSO DE RETICULAO NO COMPORTAMENTO DE

    UM COMPSITO DE POLI(DIMETILSILOXANO)

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Cincia dos

    Materiais do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obteno

    do ttulo de Mestre em Cincias em Cincia dos Materiais.

    Orientador: Prof. Joo Carlos Miguez Suarez D.C.

    Co-orientador: Dra. Amal Elzubair Eltom D.C.

    Aprovada em 4 de agosto de 2009 pela seguinte Banca Examinadora:

    ________________________________________________________

    Prof. Joo Carlos Miguez Suarez D.C., IME - Presidente

    ________________________________________________________

    Profa. Regina Clia Reis Nunes D.C., IMA UFRJ

    ________________________________________________________

    Prof. Carlos Nelson Elias D.C., IME

    ________________________________________________________Prof. Fbio Bicalho Cano D.C., IME

    _________________________________________________________

    Dra. Amal Elzubair Eltom D.C. Co-orientador

    Rio de Janeiro

    2009

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    Dedico este trabalho a todos que me apoiaram ao

    longo deste perodo, em especial minha Vov

    Zinha (in memoriam), uma das pessoas mais

    importantes e presentes na minha vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus por iluminar meu caminho e me dar foras para

    sempre seguir em frente, me fazendo alcanar mais uma conquista.

    Agradeo minha famlia. minha me, pelo amor e dedicao infinitos, sempre

    estando ao meu lado me apoiando e demonstrando seu orgulho pelas minhas

    conquistas. Ao meu irmo, primas-irms, madrinha e tios pela torcida e amizade em

    todos os momentos.

    Agradeo especialmente ao meu professor orientador Dr. Joo Carlos Miguez

    Suarez por ter me transmitido tantos conhecimentos importantes para a minha vida

    profissional como pesquisadora. Tambm lhe agradeo pela amizade, confiana,

    pacincia, apoio e disponibilidade em todos os momentos.

    Ao Exrcito Brasileiro, em particular ao Instituto Militar de Engenharia IME, por

    disponibilizar meios, recursos e pessoal para a realizao desta Dissertao.

    Aos professores Amal Elzubair e Ricardo Weber pelo apoio, pacincia, amizade

    e co-orientao, estando sempre dispostos a transmitir seus conhecimentos e me

    ajudar nos momentos mais difceis, desempenhando um papel fundamental ao longo

    deste caminho.

    Aos professores que compem essa banca, Prof Regina Clia Nunes, Prof.

    Carlos Nelson Elias e Prof. Fbio Bicalho Cano, que disponibilizaram auxlio e

    ateno quando necessitei, sendo imprescindveis na construo desta dissertao.

    A todos os professores do IME, principalmente aos professores Marcelo Prado e

    Ronaldo de Biasi, por toda ajuda e orientao.

    A todos os funcionrios do IME, em especial Hector, Leonardo, Joel, Carlos e

    Irani, que foram incansveis, sempre me auxiliando para a realizao deste trabalho.

    Aos funcionrios Eduardo Miguez, Vtor e Jairo do Instituto de MacromolculasEloisa Mano IMA, UFRJ, e aos professores e funcionrios do Centro Brasileiro de

    Pesquisas Fsicas CBPF, que tambm foram muito importantes para a finalizao

    desta pesquisa.

    Agradeo a todos os meus amigos, desde aqueles que cultivei neste Instituto

    como aqueles que j me acompanham h mais tempo, estando presentes tanto para

    comemorar minhas realizaes e alegrias como para oferecer um ombro e apoio.

    Agradeo em especial ao amigo Prof. Dr. Csar Perez pelo incentivo, apoio e

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    conselhos, sendo essencial para a minha formao como pessoa e como

    profissional.

    CAPES pelo apoio financeiro ao longo deste curso.

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    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES................................................................................ 10

    LISTA DE TABELAS......................................................................................... 14

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS...................................................... 16

    LISTA DE SIGLAS............................................................................................ 19

    1. INTRODUO.................................................................................. 22

    1.1. Consideraes iniciais....................................................................... 22

    1.2. Objetivo............................................................................................. 23

    2. REVISO BIBLIOGRFICA............................................................. 24

    2.1. Conceitos gerais sobre polmeros..................................................... 24

    2.2. A famlia dos silicones....................................................................... 27

    2.2.1. Introduo......................................................................................... 27

    2.2.2. Estrutura, propriedades e aplicaes................................................ 29

    2.2.3. O poli(dimetilsiloxano) (PDMS).......................................................... 33

    2.2.4. Polimerizao e reticulao do PDMS............................................... 37

    2.3. Biomateriais...................................................................................... 40

    2.3.1 Conceitos gerais................................................................................ 40

    2.3.2 Biomateriais polimricos.................................................................... 43

    2.3.3. Biomateriais na odontologia............................................................... 45

    2.4. Materiais de moldagem: tipos, caractersticas e avaliao................ 46

    2.5. Comportamento em servio (degradao)........................................ 51

    3. MATERIAIS E MTODOS................................................................. 563.1. Equipamentos................................................................................... 56

    3.2 Material empregado........................................................................... 57

    3.3 Definio dos grupos de avaliao.................................................... 58

    3.4 Produo das placas para os ensaios de caracterizao.................. 58

    3.4.1. Placas reticuladas quimicamente...................................................... 59

    3.4.2. Placas reticuladas por irradiao gama............................................. 61

    3.5. Mtodos de avaliao e caracterizao............................................. 62

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    3.6. Caracterizao do material como recebido..................................... 63

    3.6.1. Espectroscopia por disperso de energia (EDS)............................... 63

    3.6.2. Determinao do formato do material de reforo.............................. 64

    3.6.3. Anlise termogravimtrica (TGA)....................................................... 64

    3.6.4. Calorimetria diferencial de varredura (DSC)...................................... 65

    3.6.5. Espectroscopia por ressonncia magntica nuclear (13C RMN)........ 65

    3.7. Caracterizao do material reticulado............................................... 65

    3.7.1. Caracterizao fsico-qumica............................................................ 66

    3.7.1.1. Determinao do grau de reticulao................................................ 66

    3.7.1.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

    (FTIR)................................................................................................. 67

    3.7.1.3. Anlise termogravimtrica (TGA)....................................................... 67

    3.7.1.4. Calorimetria diferencial de varredura (DSC)...................................... 68

    3.7.1.5. Espectroscopia por ressonncia magntica eletrnica (ESR)........... 68

    3.7.1.6. Molhabilidade..................................................................................... 69

    3.7.2. Caracterizao mecnica.................................................................. 70

    3.7.2.1. Ensaio de dureza Shore.................................................................... 70

    3.7.2.2. Preparo de corpos de prova para os ensaios de trao e de

    rasgamento........................................................................................ 71

    3.7.2.3. Ensaio de trao................................................................................ 72

    3.7.2.4. Ensaio de rasgamento....................................................................... 72

    3.7.3. Exame visual da superfcie do material............................................. 73

    3.7.4. Caracterizao microscpica............................................................. 73

    3.7.4.1. Exame microscpico da superfcie do material................................. 74

    3.7.4.2. Exame fratogrfico............................................................................. 74

    4. RESULTADOS E DISCUSSO......................................................... 75

    4.1. Caracterizao do material como recebido..................................... 75

    4.1.1. Espectroscopia por disperso de energia (EDS)............................... 75

    4.1.2. Determinao do formato do material de reforo.............................. 77

    4.1.3. Anlise termogravimtrica (TGA)....................................................... 79

    4.1.4. Calorimetria diferencial de varredura (DSC)...................................... 81

    4.1.5. Espectroscopia por ressonncia magntica nuclear (13

    C RMN)........ 83

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    4.2. Caracterizao do material reticulado............................................... 86

    4.2.1. Caracterizao fsico-qumica............................................................ 86

    4.2.1.1. Determinao do grau de reticulao................................................ 86

    4.2.1.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

    (FTIR)................................................................................................. 87

    4.2.1.3. Anlise termogravimtrica (TGA)....................................................... 90

    4.2.1.4. Calorimetria diferencial de varredura (DSC)...................................... 96

    4.2.1.5. Espectroscopia por ressonncia magntica eletrnica (ESR)........... 100

    4.2.1.6. Molhabilidade..................................................................................... 104

    4.2.2. Caracterizao mecnica.................................................................. 106

    4.2.2.1. Ensaio de dureza Shore.................................................................... 106

    4.2.2.2. Ensaio de trao................................................................................ 109

    4.2.2.3. Ensaio de rasgamento....................................................................... 110

    4.2.3. Exame visual da superfcie do material............................................. 112

    4.2.4. Caracterizao microscpica............................................................. 113

    4.2.4.1. Exame microscpico da superfcie do material ................................ 113

    4.2.4.2. Exame fratogrfico ............................................................................ 115

    5. CONCLUSES.................................................................................. 118

    6. SUGESTES..................................................................................... 120

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................. 121

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FIG. 2.1 Curva tpica de distribuio dos pesos moleculares mdios em

    um polmero.................................................................................. 25

    FIG. 2.2 Comportamento de um polmero com a variao da temperatura 26

    FIG. 2.3 Evoluo da produo de silicone, no Brasil e no mundo............. 28

    FIG. 2.4 Mercado brasileiro de silicone....................................................... 29

    FIG. 2.5 Estrutura qumica dos silicones: (a) frmula geral; (b) frmula

    estrutural....................................................................................... 30

    FIG. 2.6 Estrutura bsica dos silicones: (a) clorosilano; (b)

    clorometilsilano.............................................................................. 33

    FIG. 2.7 Estrutura do poli(dimetilsiloxano) (PDMS).................................... 33

    FIG. 2.8 Modelo esquemtico da cadeia do poli(dimetilsiloxano) (PDMS):

    (a) vista superior; (b) vista lateral.................................................. 34

    FIG. 2.9 Produo do dimetildiclorosilano (em destaque).......................... 37

    FIG. 2.10 Converso de dimetildiclorosilanos em siloxanos......................... 37

    FIG. 2.11 Reaes de polimerizao do PDMS............................................ 38

    FIG. 2.12 Estrutura qumica do octoato de estanho...................................... 39

    FIG. 2.13 Reao de reticulao do PDMS com o octoato de estanho

    como catalisador........................................................................... 40

    FIG. 2.14 Polmeros usados como biomateriais........................................... 45

    FIG. 2.15 Fotografias de um molde de: (a) arcada superior, (b) arcada

    inferior........................................................................................... 47

    FIG. 2.16 Esquema representativo da classificao dos materiais de

    moldagem...................................................................................... 48

    FIG. 2.17 Mecanismo de despolimerizao molecular do PDMS................. 52FIG. 3.1 Fotografia das embalagens da linha de materiais de moldagem

    marca Speedex: (a) compsito de PDMS; (b) catalisador.......... 57

    FIG. 3.2 Esquema da dosagem e da mistura do silicone de

    condensao: (a) uso da colher-medida; (b) insero do

    catalisador; (c) mistura.................................................................. 60

    FIG. 3.3 Fotografia da placa reticulada quimicamente (grupo A)................ 60

    FIG. 3.4 Viso geral esquemtica de uma instalao de irradiao........... 62

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    11

    FIG. 3.5 Gonimetro marca First Ten ngstroms, modelo FTA 100........... 69

    FIG. 3.6 Fotografia do corpo de prova utilizado no ensaio de dureza

    Shore, onde as trs camadas do empilhamento podem ser

    visualizadas................................................................................... 71

    FIG. 3.7 Fotografia dos CPs para o ensaio de trao................................ 72

    FIG. 3.8 Fotografia dos CPs para o ensaio de rasgamento....................... 73

    FIG. 4.1 Espectro EDS do material de reforo do compsito de PDMS..... 76

    FIG. 4.2 Microfotografias, por MEV, do material de reforo do compsito

    de PDMS: (a) observao em baixo aumento; (b) detalhe de (a). 78

    FIG. 4.3 Curvas termogravimtricas tpicas do compsito de PDMS

    como recebido: (a) de decomposio trmica (TGA); (b)

    derivada da TGA (DTG)................................................................ 79

    FIG. 4.4 Curva calorimtrica por DSC do compsito de PDMS como

    recebido....................................................................................... 82

    FIG. 4.5 Espectro de 13C NMR da matriz do compsito de PDMS............. 84

    FIG. 4.6 Espectrogramas na regio do infravermelho, pela tcnica de

    refletncia total atenuada (ATR), do compsito de PDMS

    reticulado: (a) quimicamente (grupo A); (b) por irradiao gama

    a 400 kGy (grupo B); (c) por irradiao gama a 200 kGy (grupo

    C)................................................................................................... 87

    FIG. 4.7 Curvas tpicas obtidas na anlise termogravimtrica (TGA) de

    amostras do compsito de PDMS como recebido: (a) de

    decomposio trmica (TG); (b) da derivada da curva de

    composio trmica (DTG)........................................................... 91

    FIG. 4.8 Curvas tpicas obtidas na anlise termogravimtrica (TGA) de

    amostras do compsito de PDMS reticulado, (1) dedecomposio trmica (TG) e (2) da derivada da curva de

    decomposio trmica (DTG), nas seguintes condies de

    reticulao: (a) qumica; (b) por irradiao gama na dose de 400

    kGy; (c) por irradiao gama na dose de 200 kGy........................ 92

    FIG. 4.9 Curvas calorimtricas por DSC do compsito de PDMS

    reticulado: (a) quimicamente; (b) por irradiao gama na dose

    de 400 kGy; (c) por irradiao gama na dose de 200 kGy............ 97

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    12

    FIG. 4.10 Espectros tpicos de ressonncia magntica eletrnica (ESR) de

    amostras do compsito de PDMS, nas seguintes condies de

    reticulao: (a) qumica (A); (b) por irradiao gama na dose de

    400 kGy (B); (c) por irradiao gama na dose de 200 kGy........... 101

    FIG. 4.11 Intensidade dos espectros de ESR em amostras do compsito

    de PDMS, nas trs condies de reticulao: qumica (grupo A)

    e por irradiao gama nas doses de 200 kGy (grupo C) e 400

    kGy (grupo B), em funo da dose de radiao gama

    Observao: a dose 0 (zero) corresponde ao material reticulado

    quimicamente, isto , no irradiado.............................................. 103

    FIG. 4.12 Valores mdios do ngulo de contato do compsito de PDMS -

    PDMS A: reticulado quimicamente; PDMS B: reticulado por

    irradiao gama na dose de 400 kGy e PDMS C: reticulado por

    irradiao gama na dose de 200 kGy........................................... 104

    FIG. 4.13 Fotografias do ngulo de contato entre a gota de gua destilada

    e o compsito de PDMS reticulado: (A) quimicamente; (B) por

    irradiao gama na dose de 400 kGy; (c) por irradiao gama

    na dose de 200 kGy...................................................................... 105

    FIG. 4.14 Valores mdios da dureza Shore A do compsito de PDMS

    PDMS A: reticulado quimicamente; PDMS B: reticulado por

    irradiao gama na dose de 400 kGy e PDMS C: reticulado por

    irradiao gama na dose de 200 kGy........................................... 107

    FIG. 4.15 Curva tpica fora x deformao obtida no ensaio de trao do

    compsito de PDMS reticulado quimicamente.............................. 109

    FIG. 4.16 Curva tpica fora x deformao obtida no ensaio de

    rasgamento do compsito de PDMS reticulado quimicamente..... 111FIG. 4.17 Fotografia de placas do compsito de PDMS nas seguintes

    condies de reticulao: (A) qumica; (B) por irradiao gama

    na dose de 400 kGy; (C) por irradiao gama na dose de 200

    kGy................................................................................................ 113

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    13

    FIG. 4.18 Microfotografias, por SEM, da superfcie de amostras do ensaio

    de molhabilidade do compsito de PDMS reticulado: (a)

    quimicamente; (b) por irradiao gama na dose de 400 kGy; (c)

    por irradiao gama na dose de 200 kGy (aumento original de

    200X)............................................................................................. 114

    FIG. 4.19 Microfotografias, por SEM, das superfcies de fratura de

    amostras criofraturadas do compsito de PDMS reticulado nas

    seguintes condies: (a), quimicamente; (b) por irradiao gama

    na dose de 400 kGy; (c) por irradiao gama na dose de 200

    kGy................................................................................................ 115

  • 7/21/2019 Barbara p Fernandes

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    14

    LISTA DE TABELAS

    TAB. 2.1 Classificao dos biomateriais: tipos, exemplos e caractersticas

    principais......................................................................................... 43

    TAB. 2.2 Propriedades dos elastmeros...................................................... 50

    TAB. 2.3 Vantagens e desvantagens do silicone de condensao.............. 51

    TAB. 3.1 Designao dos grupos de avaliao............................................ 58

    TAB. 4.1 Composio qumica, por EDS, do material de reforo do

    compsito de PDMS...................................................................... 76

    TAB. 4.2 Dados obtidos na TGA para o compsito de PDMS como

    recebido.......................................................................................... 80

    TAB. 4.3 Principais grupamentos encontrados no espectro de 13C NMR em

    soluo do compsito de PDMS..................................................... 85

    TAB. 4.4 Grau de reticulao do PDMS, para cada grupo de avaliao....... 86

    TAB. 4.5 Bandas de absoro identificadas nos espectrogramas por FTIR

    do PDMS com os respectivos grupamentos, nas trs condies

    de reticulao.................................................................................. 89

    TAB. 4.6 Temperatura de mxima taxa de perda de massa (de

    decomposio mxima) e perda de massa de amostras do

    compsito de PDMS nas trs condies de reticulao: qumica

    (grupo A), por irradiao gama na dose de 400 kGy (grupo B) e

    por irradiao gama na dose de 200 kGy (grupo C)....................... 95

    TAB. 4.7 Valores das temperaturas de transio vtrea (Tg), e de fuso

    cristalina (Tm) por DSC do compsito de PDMS como recebido

    e reticulado nas trs condies de avaliao (grupos A, B e C)..... 99

    TAB. 4.8 Valores mdios do ngulo de contato do compsito de PDMSreticulado quimicamente (grupo A) e por irradiao gama nas

    doses de 200 kGy (grupo C) e 400 kGy (grupo B).......................... 104

    TAB. 4.9 Valores mdios de dureza Shore A do compsito de PDMS

    reticulado quimicamente (grupo A) e por irradiao gama nas

    doses de 200 kGy (grupo C) e 400 kGy (grupo B).......................... 106

    TAB. 4.10 Valores obtidos no ensaio de trao do compsito de PDMS

    reticulado quimicamente................................................................. 110

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    TAB. 4.11 Valores obtidos no ensaio de rasgamento do compsito de

    PDMS reticulado quimicamente...................................................... 112

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    16

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    ABREVIATURAS

    - ngstromoC - graus Celsius

    m - micrmetro

    APT - Attached Proton Test

    CP - Corpo de prova

    DP ou n Grau de polimerizao

    DSC - Calorimetria diferencial de varredura

    DTG - Termogravimetria Derivada

    EDS - Espectroscopia por disperso de energia

    FTIR - Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

    g - grama

    g/cm - grama / centmetro

    g/cm3 - grama / centmetro cbico

    GR - Grau de reticulao

    kcal/mol quilocaloria / mol

    kGy - quilogray

    kGy/h - quilogray / hora

    kHz - quilohertz

    kJ/kg - quilojoule / quilograma

    MEV - Microscpio eletrnico de varredura

    mg - miligramaMHz - Megahertz

    min - minuto

    mL - mililitro

    mm - milmetro

    Mrad - Megaradiano

    N/m - newton / metro

    nm - nanmetro

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    PDMS - Poli(dimetilsiloxano)

    PLA - Poli (cido ltico)

    PM - Peso molecular

    PMMA - Poli (metacrilato de metila)

    ppm - parte por milho

    PVS - Poli(vinilsiloxano)

    rad - radiano

    RJ - Rio de Janeiro

    MNR - Espectroscopia por ressonncia magntica nuclear

    SP - So Paulo

    T - Tesla

    TCP - Fosfato triclcico

    TG - Anlise termogravimtrica

    TGA - Anlise termogravimtrica

    UV - Ultravioleta

    SMBOLOS

    % - Percentagem

    < - Menor

    - Maior

    >> - Muito maior

    Al - Alumnio

    C - Carbono

    Ca - ClcioCH - Grupamento metino

    CH2 - Grupamento metileno

    CH3 - Grupamento metila

    Co - Cobalto

    Cr - Cromo

    Fe - Ferro

    H - Hidrognio

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    Mg - Magnsio

    O - Oxignio

    OH - Grupamento hidroxila

    R - Radical

    Si - Silcio

    Tc - Temperatura de cristalizao

    Tg - Temperatura de transio vtrea

    Tm - Temperatura de fuso cristalina

    Zn - Zinco

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    LISTA DE SIGLAS

    ABIQUIM Associao Brasileira da Indstria Qumica

    ADA American Dental Association

    ASTM American Society for Testing and Materials

    CBPF Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas

    EMBRARAD Empresa Brasileira de Radiaes Ltda.

    IMA Instituto de Macromolculas Professora Eloisa Mano

    IME Instituto Militar de Engenharia

    ISO International Organization for Standardization

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

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    RESUMO

    No presente trabalho foi estudada a influncia do processo de reticulao nocomportamento de um material de moldagem odontolgico, designado como

    silicone de condensao. O material, um compsito com matriz depoli(dimetilsiloxano) (PDMS) reforado por partculas inorgnicas, foi reticuladoquimicamente e por exposio radiao gama em duas diferentes doses, 200 kGye 400 kGy. O compsito como recebido (no reticulado) foi caracterizado por meiode ensaios fsico-qumicos (espectroscopia por disperso de energia, anlisetermogravimtrica, calorimetria diferencial de varredura e espectroscopia porressonncia magntica nuclear) e exame microscpico (determinao do formato domaterial de reforo). O material reticulado quimicamente e por irradiao gama foiavaliado por meio de ensaios fsico-qumicos (determinao do grau de reticulao,espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier, anlisetermogravimtrica, calorimetria diferencial de varredura, espectroscopia de

    ressonncia magntica eletrnica e molhabilidade), mecnicos (dureza Shore,trao e rasgamento) e exame microscpico (superficial e fratogrfico).

    A caracterizao do compsito como recebido mostrou que o material dereforo constitudo, predominantemente, por uma alta concentrao de partculasde quartzo com formato arredondado, confirmou que a matriz, por apresentargrupamentos metila ligados a um esqueleto de siloxano, , realmente, um PDMS edeterminou que o polmero semicristalino com uma temperatura de fuso em tornode -50C.

    Foi verificado que o processo de reticulao por irradiao gama gerou, emrelao ao processo de reticulao qumica, um maior nmero de defeitos que foramresultantes de liberao de grande quantidade de gases. Todavia, a avaliao doscompsitos reticulados mostrou que a exposio irradiao gama na dose de 400kGy, quando comparado com o irradiado com 200 kGy e com o reticuladoquimicamente, produziu um material com maior grau de reticulao, melhormolhabilidade, adequada dureza e baixa fragilidade.

    Como concluso final pode-se afirmar que a irradiao gama um processoadequado para se reticular o silicone de condensao, especialmente quando seemprega maiores doses de radiao, desde que se consiga reduzir a quantidade degases produzidos no processo.

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    ABSTRACT

    In the present work it was studied the influence of the crosslinking process on thebehavior of a dental impression material, known as condensation cured silicones.

    The material, a composite with a poly(dimethylsiloxane) (PDMS) matrix filled withinorganic particles, was chemically cured and exposed to gamma radiation at twodifferent doses, 200 kGy and 400 kGy. The as received composite (not crosslinked)was characterized by physical-chemical tests (energy dispersive spectroscopy,thermogravimetric analysis, differential scanning calorimetry and nuclear magneticresonance) and microscopic exam (determination of the fillers shape). Thechemically and gamma irradiated crosslinked materials were analyzed throughphysical-chemical tests (degree of crosslinking, Fourier transform infraredspectroscopy, thermogravimetric analysis, differential scanning calorimetry, electronspin resonance and wettability), mechanical tests (Shore hardness, tensile and shearstrength) and microscopic analysis (surface and fracture analysis).

    The characterization of the composite as received showed that the filler isformed, predominantly, by a high concentration of quartz particles with sphericalshape, confirmed that the matrix, due to the methyl groups linked to a siloxanebackbone, is really a PDMS and determined that it is a semi crystalline polymer witha melting temperature around -50C.

    It was determined that the crosslinking process by gamma irradiation produced,as compared with the chemically cured process, a greater number of defaults whichresulted from the large concentration of released gases. Meanwhile, the evaluation ofthe crosslinked composites showed that the exposition to 400 kGy gamma radiationdose, when compared to a dose of 200 kGy and with the chemically cured material,produced higher degree of crosslinking, better wettability, adjusted hardness and lowfragility.

    The results allowed us to conclude that the gamma radiation is an adequateprocess to crosslink the condensation cured silicones, especially with higherradiation doses, since we can reduce the quantity of gases formed in this process.

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    1. INTRODUO

    1.1. CONSIDERAES INICIAIS

    Desde a antiguidade os materiais polimricos, na forma de leos, resinas e

    gomas, vm sendo utilizados pelos seres humanos. A Revoluo Industrial produziu

    um grande avano tecnolgico que desencadeou a produo e o desenvolvimento

    de novos materiais polimricos, principalmente aps a descoberta em 1830, do

    processo de vulcanizao por Charles Goodyear. Desta maneira, os polmeros, emface de sua grande diversidade de caractersticas e propriedades, tm sido

    utilizados por quase todos os ramos industriais, dentre os quais pode ser destacada

    a rea odontolgica [CANEVAROLO JR., 2006].

    Os poliorganosiloxanos, tambm conhecidos como silicones, tm sido

    reconhecidos, desde a sua introduo comercial na dcada de 40, como uma

    importante classe de polmeros contendo um esqueleto inorgnico. A primeira

    pessoa que desenvolveu um mtodo industrial exeqvel para a produo deorganohalogenosilanos foi Kipping, da Universidade de Norttingham na Inglaterra,

    considerado o primeiro pesquisador sistemtico dos compostos de organosilicones e

    a quem , tambm, atribuda a descoberta de que a produo do

    poli(dimetilsiloxano) pode ser realizada a partir da hidrlise do dimetildiclorosilano

    [WANG, 1998].

    O poli(dimetilsiloxano) tem aplicao em diversas reas, das quais pode-se

    destacar a odontolgica, onde usado como material de moldagem, sendodenominado, comumente, silicone de condensao. Os materiais de moldagem

    so usados para reproduzir uma rplica detalhada dos dentes e dos tecidos da

    cavidade oral, a partir da qual se constri um modelo para a fabricao, por

    exemplo, de prteses totais, parciais ou fixas. Os materiais de moldagem, que so

    fluidos na temperatura ambiente, podem ser endurecidos por reticulao (formao

    de uma rede tridimensional com ligaes cruzadas) e pela incluso de agentes de

    reforo, formando-se compsitos com maior resistncia mecnica [CRAIG, 1998;

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    NOORT, 2002; PHILLIPS, 2005].

    Em conseqncia, o silicone de condensao, devido s boas propriedades

    mecnicas do compsito e ao seu baixo custo, , em relao a outros tipos de

    elastmeros comerciais, o material de moldagem elastomrico mais utilizado na

    odontologia.

    1.2. OBJETIVO

    O objetivo do presente trabalho foi estudar, em funo do processo de

    reticulao, um silicone de condensao empregado, na rea odontolgica, como

    material de moldagem.

    No trabalho foi estudado um material de moldagem comercial, compsito com

    matriz de poli(dimetilsiloxano) reforada por partculas inorgnicas, reticulado

    quimicamente e por exposio radiao gama. O compsito, nas condies

    estudadas, foi caracterizado por meio de ensaios fsico-qumicos e mecnicos e por

    exames microscpicos, procurando-se relacionar o seu comportamento com as

    alteraes macromoleculares induzidas pelos processos de reticulao. Procurou-

    se, ainda, avaliar o futuro desempenho em servio do compsito, comparando os

    resultados obtidos com dados existentes na literatura.

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    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. CONCEITOS GERAIS SOBRE POLMEROS

    Polmeros so macromolculas formadas por meros ou unidades de repetio,

    que esto unidos entre si por, predominantemente, ligaes covalentes e que se

    caracterizam pelo formato, estrutura qumica e composio [MANO & MENDES,

    1999; CALLISTER JR., 2002; CANEVAROLO JR., 2006].

    Existem diversos sistemas de classificao dos polmeros, dos quais se pode

    destacar os seguintes [MANO,1991]:

    a) Quanto ocorrncia: naturais ou sintticos.

    b) Quanto variedade de meros que compem a cadeia: homopolmeros e

    copolmeros, que, por sua vez, podem ser aleatrios ou randmicos (estatsticos),

    alternados, em bloco e graftizados (enxertados).

    c) Quanto s caractersticas de fusibilidade: termoplsticos ou

    termorrgidos.

    d) Quanto natureza dos tomos da cadeia principal: homogneos e

    heterogneos.

    e) Quanto ao fechamento da cadeia: aberta (acclica) ou fechada (cclica).

    f) Quanto disposio dos tomos na cadeia: normal e ramificada.

    g) Quanto ao comportamento mecnico: plsticos, borrachas ou elastmeros

    e fibras.

    h) Quanto ao grupo funcional: os polmeros so classificados em famlias deacordo com o grupo funcional do mero: poliolefinas, poliestirenos, poliamidas,

    poliacrilatos, poliuretanos, resinas epoxdica, resinas fenlicas, polisteres,

    policarbonatos, etc.

    Uma das caractersticas mais importantes de um polmero o seu grau de

    polimerizao (DP ou n), definido como o nmero de meros da cadeia polimrica.

    Os polmeros apresentam molculas com vrios tamanhos, ou seja, exibem uma

    distribuio de massa molar e, portanto, diferentes graus de polimerizao e pesos

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    moleculares (Figura 2.1) [LUCAS, et al., 2001].

    FIG. 2.1 Curva tpica de distribuio dos pesos moleculares mdios em um

    polmero

    [LUCAS, et al., 2001]

    A sntese de polmeros ocorre por polimerizao, onde molculas simples

    reagem entre si. Esse processo pode ocorrer, basicamente, por dois mecanismos:

    em etapas (policondensao) ou em cadeia (poliadio). A polimerizao, na

    tecnologia atual, pode ser realizada, basicamente, por quatro mtodos: em massa,em soluo, em suspenso e em emulso [CANEVAROLO JR., 2006].

    Os polmeros so materiais viscoelsticos e, portanto, o seu comportamento

    mecnico, quando submetido a uma carga constante, exibe forte dependncia da

    temperatura, modificando-se com a variao da mesma (Figura 2.2).

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    FIG. 2.2 Comportamento de um polmero com a variao da temperatura

    [CANEVAROLO JR., 2006]

    Os compsitos resultantes da associao de dois ou mais tipos de materiais

    apresentam, para certa aplicao especfica, melhores propriedades do que as dos

    seus componentes. Os materiais compsitos tm encontrado emprego em diversasreas industriais, tais como, aeronutica, aeroespacial, de construo, de

    transportes, de esportes, da sade, etc. Os materiais compsitos polimricos so

    constitudos por, pelo menos, dois componentes, a matriz polimrica e o reforo (que

    pode ser orgnico ou no). O reforo denominado carga reforadora se foi

    adicionado visando melhorar certa propriedade do material da matriz ou carga inerte

    se seu objetivo apenas reduzir o custo final do produto [ANDRADE, et al., 2001].

    As propriedades de um material compsito dependem da forma de seusconstituintes (partcula, fibra ou lmina), da frao volumtrica de cada um deles e

    da interface entre os mesmos [BRONZINO, 2006].

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    2.2. A FAMLIA DOS SILICONES

    2.2.1. INTRODUO

    O silicone, nome escolhido por F.S. Kipping devido ter condiderado que este

    material era composto por cetonas de compostos silcicos, do idioma ingls Silicon+

    Ketone, foi sintetizado pelo cientista alemo Whler no final do sculo XIX (~1900)

    [ABIQUIM, 2009]. O termo silicone normalmente utilizado tanto para descrever os

    polmeros como os produtos industriais formulados a partir dos mesmos [PEARCE,

    1972; MANO & MENDES, 1999]. So, tambm, denominados de polisilanos ou

    polisiloxanos, embora as designaes siloxano polimerizado ou polisiloxano ou

    poliorganosiloxano possam ser consideradas mais adequadas, pois so termos

    menos ambguos e mais descritivos da estrutura [PEARCE, 1972].

    Tendo permanecido como uma curiosidade cientfica at a dcada de 40,

    passou a ser explorado industrialmente a partir da 2 Guerra Mundial, quando foram

    construdas as primeiras fbricas, na Alemanha e nos Estados Unidos. Na metade

    dos anos 50 as aplicaes mdicas do silicone apresentaram um grande

    crescimento, dando incio a vrios estudos sobre as propriedades biolgicas desses

    materiais [SALAMONE, 1998]. No Brasil, o silicone comeou a ser utilizado a partir

    da dcada de 50, tendo sido construdo, nos meados dos anos 60, a primeira fbrica

    para a sua produo em Duque de Caxias, RJ. A Figura 2.3apresenta a histria da

    evoluo da produo de silicone no Brasil e no mundo [ABIQUIM, 2009].

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    FIG. 2.3 Evoluo da produo de silicone, no Brasil e no mundo

    [ABIQUIM, 2009]

    O silicone , atualmente, encontrado em mais de 5000 produtos das mais

    diversas indstrias, tais como, construo civil, automobilstica, eletro-eletrnico,

    cosmticos, sade, etc. O silicone produzido, no mundo, por apenas sete

    empresas, das quais quatro (Dow Corning, Rhodia, Wacker e Witco) tm instalaes

    no Brasil, com uma produo de 1,5 milho t/ano e com um faturamento de US$ 5,5

    bilhes. O mercado brasileiro de silicone est estimado em cerca de US$ 200

    milhes/ano, com um consumo per capita de, aproximadamente, US$

    1,00/habitante/ano, enquanto que nos Estados Unidos o consumo per capitaatinge

    US$ 8,00/habitante/ano. A distribuio do mercado brasileiro pelas diversas reasque utilizam produtos a base de silicone est mostrada na Figura 2.4 [ABIQUIM,

    2009].

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    FIG. 2.4 Mercado brasileiro de silicone

    [ABIQUIM, 2009]

    2.2.2. ESTRUTURA, PROPRIEDADES E APLICAES

    Os silicones so compostos semi-orgnicos sintticos, isto , so polmeros

    heterogneos cuja cadeia principal apresenta uma seqncia alternada de tomos

    de oxignio e de silcio com um ou mais grupos orgnicos ligados a cada silcio. A

    frmula qumica geral [R2SiO]n, onde R o grupo orgnico, que pode ser metil, etil

    ou fenil. Assim, esses materiais so constitudos de um esqueleto inorgnico silcio-

    oxignio ( -Si-O-Si-O-Si-O- ) com grupos laterais orgnicos ligados aos tomos desilcio (Figura 2.5) [PEARCE, 1972; COWIE, 1991;MANO & MENDES, 1999].

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    (a) (b)

    FIG. 2.5 - Estrutura qumica dos silicones:

    (a) frmula geral; (b) frmula estrutural

    [COWIE, 1991]

    Os polmeros de silicone, conforme a estrutura mostrada podem ser

    considerados, quanto a sua composio, como um material intermedirio entre os

    silicatos puramente inorgnicos e os polmeros orgnicos, constituindo-se na nica

    classe de polmeros semi-inorgnicos que apresentam importncia comercial[PEARCE, 1972].

    A energia de ligao SiSi consideravelmente menor do que a da unio CC;

    assim, os silanos (SinH2n+2) so menos estveis do que seus correspondentes

    alcanos (CnH2n+2). Em contrapartida, a ligao SiO (polisiloxanos) mais estvel do

    que a CO [PEARCE, 1972; STEVENS, 1999; CANEVAROLO JR., 2006]. A

    presena de grupos laterais orgnicos nos silicones influencia fortemente as

    propriedades destes materiais. A alta estabilidade trmica do esqueleto inorgnicodo siloxano, resultante da sua elevada energia de ligao, pode ser reduzida devido

    natureza orgnica destas cadeias laterais. O peso molecular, bem como outras

    propriedades como a viscosidade, so modificados, tambm, pela presena de

    grupamentos di ou trimetil ligados aos siloxanos. Da mesma forma, a presena de

    grupos laterais orgnicos influencia as propriedades superficiais, de tal maneira que

    os silicones apresentam uma baixa tenso superficial, atingindo, por exemplo, no

    poli(dimetilsiloxano), um valor de 20 mN/m, que um valor caracterstico de umasuperfcie orgnica. Os silicones com grupamentos metil so hidrofbicos e,

    portanto, bons repelentes de gua [PEARCE, 1972].

    Os silicones, face ao seu esqueleto de siloxano, apresentam uma alta

    resistncia degradao por exposio radiao ultravioleta, ao intemperismo,

    efeito do oznio e s temperaturas ambientais. So resistentes ao calor, em geral,

    de -45C a +145C. As propriedades dos silicones so, tambm, influenciadas pela

    possibilidade de variao no ngulo da ligao SiOSi (entre 100 e 180), bem

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    como pela possibilidade de ocorrncia de rotao nas ligaes SiO [PEARCE,

    1972].

    Os silicones, face serem quimicamente inertes e resistentes decomposio

    pelo calor, gua ou agentes oxidantes, se caracterizam pela grande longevidade

    com uma vida til de, no mnimo, 10 anos e pela compatibilidade com os meios de

    aplicao. Adicionalmente, por serem inertes, no prejudicam o meio ambiente, no

    contaminando o solo, a gua ou o ar. Alm disso, quando incinerados, no

    provocam reaes qumicas que possam gerar gases e poluir a atmosfera, no

    existindo, na literatura especializada, nenhum registro de que os silicones tenham

    causado algum tipo de problema para o meio ambiente. No produzem, tambm,

    reaes alrgicas nos seres humanos, o que permite uma manipulao segura sem

    o risco de provocar poluio ou danos sade humana. Muitos tipos de silicone so

    reciclveis e outros so de simples disposio, sem agresso ao meio ambiente

    [PEARCE, 1972; LAI, et al., 2005].

    A sntese dos silicones, dependendo do comprimento da cadeia principal, do tipo

    dos grupamentos laterais e das ligaes entre cadeias, pode dar origem a produtos

    com uma grande variedade de composies e propriedades, que podem se

    apresentar com uma consistncia que varia do estado lquido (fluido) para a de gel

    ou de elastmero (borracha sinttica) ou de resina (plstico duro). Desta maneira,

    variando o nmero de meros da cadeia polimrica e do grau de reticulao, tm sido

    produzidos diferentes produtos a base de silicone [PEARCE, 1972; ODIAN, 1993;

    CALLISTER JR., 2002]. Os silicones, em face de suas fracas foras

    intermoleculares, apresentam diversas caractersticas prprias: muito baixa

    temperatura de solidificao; polmeros no reticulados, mesmo os de alto peso

    molecular, permanecem lquidos em baixas temperaturas; alta permeabilidade a

    gases em filmes finos; ausncia de cristalinidade em baixssimas temperaturas;resistncia ao envelhecimento, luz solar, umidade e exposio a produtos

    qumicos; excelentes propriedades eltricas e baixa resistncia mecnica [PEARCE,

    1972; ALLCOCK & LAMPE, 1990; STEVENS, 1999].

    Os silicones so inspidos e inodoros e fisiologicamente inertes. Tm,

    geralmente, estrutura acclica e sua viscosidade pode variar bastante de acordo com

    o grau de condensao. Apresentam, conforme a sua estrutura, uma grande

    variao no peso molecular; os leos, por exemplo, podem apresentar um valor de

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    n de at 40000. Os fluidos se caracterizam por apresentarem alta estabilidade sob

    tenses cisalhantes, um alto grau de compressibilidade, alta resistncia eltrica, no

    ser inflamvel e possuir baixa tenso superficial. As resinas de silicone so

    normalmente formadas aps o aquecimento dos fluidos a 180C ~ 250C, por vrias

    horas. Os elastmeros a base de silicone apresentam baixa temperatura de

    transio vtrea (Tg), cerca de -125C, alto grau de flexibilidade em baixas

    temperaturas, at -90C, estabilidade em temperaturas to elevadas quanto 250C e

    so resistentes s intempries e aos leos lubrificantes [ODIAN, 1993; WIBERG, et

    al., 2001; CALLISTER JR., 2002; CHANDRASEKHAR, 2005].

    Os silicones encontram inmeras aplicaes, suportando temperaturas que

    podem variar de 65C a 400C, e sendo usados em diversos segmentos industriais

    sem perder suas caractersticas de permeabilidade, elasticidade e brilho. Os fluidos

    so usados em aplicaes hidrulicas, como acabamento impermevel na indstria

    txtil, como agentes surfactantes, graxas e lubrificantes etc. As resinas so

    altamente efetivas como isolantes eltricos, vernizes, tintas, compostos de

    moldagem, isolantes eltricos, adesivos e laminados. Os elastmeros podem ser

    usados como selantes, adesivos, correias, isolante eltrico, material de moldagem e

    revestimentos [PEARCE, 1972; CALLISTER JR., 2002].

    Nas reas mdica e odontolgica os silicones encontram emprego na correo

    de anomalias, na fabricao de vlvulas cardacas, lentes de contato, prteses

    internas e externas e moldes dentrios, pois um produto seguro que, nas

    condies indicadas de uso, no provoca efeitos colaterais. Ainda encontram

    utilizao, com sucesso, no campo dos biomateriais, como agentes de liberao de

    drogas, em implantes para reconstruo aps cirurgias na face, etc. [PEARCE,

    1972; CALLISTER JR., 2002; LAI, et al., 2005].

    Agentes de preenchimento slidos podem ser incorporados s formulaes desilicone fornecendo-lhes melhores propriedades. Ps de vrios pigmentos tambm

    podem ser acrescentados aos elastmeros agindo como colorantes para

    identificao visual. Elastmeros radiopacos podem ser obtidos pela adio de

    sulfato de brio ou de p de tungstnio, permitindo o seu uso como um indicador em

    exames radiogrficos, a fim de se determinar a posio e a funcionalidade de vrios

    dispositivos, tais como cateteres, drenos e implantes permanentes. Uma

    caracterstica inerente dos polmeros de silicone a sua baixa tenso superficial, o

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    que os torna ideais para certas aplicaes especficas, como inibidores da corroso

    e emulsificantes. A biocompatibilidade e a baixa toxicidade dos polisiloxanos

    permitem sua utilizao em rgos artificiais, lentes de contato etc. [PEARCE, 1972;

    WISE, et al., 1995; CHANDRASEKHAR, 2005].

    2.2.3. O POLI(DIMETILSILOXANO) (PDMS)

    Os polmeros de silicone, conforme sua estrutura bsica, podem ser divididos

    em vrios tipos, tais como, os clorosilanos (Figura 2.6a) e os clorometilsilanos

    (Figura 2.6b). Tem-se, tambm, o grupo dos silanos organofuncionais, com a

    estrutura bsica RnSi(OR)4n, onde R pode ser um radical alquila, arila ou um grupo

    funcional, e OR pode ser um grupo metxi, epxi ou acetxi [PEARCE, 1972].

    (a) (b)

    FIG. 2.6 Estrutura bsica dos silicones: (a) clorosilano; (b) clorometilsilano

    [PEARCE, 1972]

    Dentre esses diferentes tipos de silicone disponveis, o mais conhecido o

    poli(dimetilsiloxano) (PDMS), que apresenta uma cadeia linear de tomos de silcio e

    oxignio alternados (siloxanas) com radicais metila (CH3) ligados aos tomos de

    silcio (Figura 2.7) [PEARCE, 1972; ALLCOCK & LAMPE, 1990].

    FIG. 2.7 - Estrutura do poli(dimetilsiloxano) (PDMS)

    [ALLCOCK & LAMPE, 1990]

    A estrutura cristalina do PDMS, determinada por meio de ensaios de difrao de

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    raios X, possui uma conformao helicoidal qudrupla com quatro monmeros

    presentes por volta e uma distncia de repetio de 12 em uma clula unitria

    tetragonal, conforme o modelo esquemtico apresentado na Figura 2.8 [ALBOUY,

    2000; SUNDARARAJAN, 2002].

    (a) (b)

    FIG. 2.8 - Modelo esquemtico da cadeia do poli(dimetilsiloxano) (PDMS):

    (a) vista superior; (b) vista lateral

    [ALBOUY, 2000]

    O PDMS, antes da vulcanizao, um material termoplstico, apresentando um

    peso molecular que varia entre 105e 106, densidade de 0,97 g/cm3, temperatura de

    transio vtrea (Tg) de -125C, cristalinidade varivel e baixa resistncia mecnica.Aps vulcanizao comporta-se como um material termorrgido, com boa

    elasticidade, alta resistncia ao calor e chama e fisiologicamente inerte [MANO &

    MENDES, 1999; JANA & NANDO, 2002].

    O tamanho da cadeia polimrica do PDMS pode variar entre 15 e 1000 unidades

    de monmero e o seu peso molecular (PM) pode ser controlado pela adio de

    reagentes que ao se ligarem com a extremidade da cadeia reduzem a sua

    reatividade [ALLCOCK & LAMPE, 1990]. O PDMS pode apresentar diferentes

    viscosidades, de acordo com a variao do seu PM [ALLCOCK & LAMPE, 1990],

    mas considerado um material inerentemente viscoelstico [LIN, et al., 2008;

    COWIE, 1991]. A cristalizao do PDMS ocorre a cerca de -70C com uma

    morfologia esferultica, cujos esferulitos tm, aproximadamente, 100 m de dimetro

    [SUNDARARAJAN, 2002].

    A flexibilidade e a elasticidade do PDMS permanecem constantes sob uma larga

    faixa de temperaturas, sendo esta, possivelmente, a sua caracterstica mais

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    interessante [BILLMEYER JR., 1984; ALLCOCK & LAMPE, 1990]. A borracha de

    silicone apresenta uma adequada estabilidade em altas temperaturas (250C) e boa

    flexibilidade em baixas temperaturas (-80C), que evidenciada pela facilidade com

    que as ligaes da cadeia principal podem ser submetidas toro [BILLMEYER

    JR., 1984; ALLCOCK & LAMPE, 1990; JANA & NANDO, 2002; LAI, et al., 2005].

    Outras importantes propriedades do PDMS que podem ser citadas so: excelente

    propriedade dieltrica, fisiologia inerte, baixa resistncia a substncias cidas e

    alcalinas, transparncia tica, resistncia ao envelhecimento, permeabilidade a

    gases e superfcie naturalmente hidrofbica [BILLMEYER JR., 1984; ALLCOCK &

    LAMPE, 1990; HILLBORG & GEDDE, 1998; JANA & NANDO, 2002; LAI, et al.,

    2005; BODAS & KHAN-MALEK, 2007; ZHAO & ZHANG, 2007].

    O PDMS apresenta baixas propriedades mecnicas, em especial a resistncia

    trao [OSMAN, et al., 2001; JANA & NANDO, 2002; DEWIMILLE, et al., 2005]. O

    mdulo de elasticidade tambm baixo, da ordem de 1 MPa [ZHAO & ZHANG,

    2007]. Assim, considerando que a grande maioria das aplicaes comerciais do

    silicone exige boas propriedades mecnicas, torna-se necessria a incluso de um

    agente de reforo para a obteno de um material com melhor desempenho

    mecnico. Desta maneira observa-se que a no adio de um agente de reforo

    restringe o seu uso [OSMAN, et al., 2001; DEWIMILLE, et al., 2005].

    A slica, dentre os possveis materiais de reforo, o mais utilizado, pois

    melhora as propriedades mecnicas sem prejuzo das propriedades ticas. Todavia

    a concentrao e a disperso das partculas de slica na matriz so muito

    importantes, pois elas tendem a se agregar e a formar grandes aglomerados

    reduzindo a energia de superfcie total [BILLMEYER JR., 1984; ALLCOCK &

    LAMPE, 1990; EDWARDS, 1990; YUAN & MARK, 1999; OSMAN, et al., 2001;

    DEMIR, et al., 2005; DEWIMILLE, et al., 2005]. O polietileno de baixa densidade(LDPE) tambm pode ser utilizado, pois apresenta boas propriedades mecnicas e

    resistncia a substncias cidas e alcalinas [JANA & NANDO, 2002].

    A unio qumica entre a matriz de PDMS e o material de reforo (slica) se d

    pela interao entre as ligaes de hidrognio dos silanis presentes na superfcie

    da slica e os tomos de oxignio das cadeias polimricas. As interaes entre a

    matriz e o reforo podem ser modificadas por um tratamento de superfcie do

    reforo; as 2 (duas) tcnicas mais freqentemente aplicadas na indstria so:

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    modificao da superfcie por adsoro fsica de alguns agentes qumicos e

    modificao permanente da superfcie atravs da passivao de parte dos grupos

    silanol presentes na superfcie da partcula [DEWIMILLE, et al., 2005].

    Assim, diversos parmetros relacionados com as propriedades, a quantidade e a

    distribuio do agente de reforo influenciam fortemente o comportamento mecnico

    de um material compsito. A morfologia, o tamanho e a estrutura do agente de

    reforo tm um papel fundamental no grau de reforo do material. De uma maneira

    geral, quanto maior a quantidade incorporada do agente de carga, maior ser a

    resistncia do compsito. Todavia, o modo de distribuio da carga na matriz

    influencia fortemente as propriedades do material, devendo-se ressaltar que uma

    boa disperso da carga na matriz melhora o desempenho do compsito

    [EDWARDS, 1990; YUAN & MARK, 1999; OSMAN, et al., 2001; DEWIMILLE, et al.,

    2005].

    O PDMS tem sido usado como material base para inmeras micro e nano

    aplicaes, tanto por sua fcil produo, como por suas vantajosas propriedades

    qumicas e fsicas. Dentre suas propriedades fsicas e qumicas, a molhabilidade

    tem sido um problema em algumas de suas aplicaes. O PDMS um material

    altamente hidrofbico, tornando difcil sua transferncia e seu espalhamento em

    solues aquosas. Assim, dentre os mtodos desenvolvidos para se contornar esse

    problema, isto , melhorar sua molhabilidade, podem ser destacados os seguintes:

    adio de agentes de molhabilidade (surfactantes) e modificao da superfcie

    atravs de plasma de oxignio. Os surfactantes, constitudos tipicamente por partes

    hidrofbicas e/ou hidroflicas, vm sendo largamente reconhecidos como materiais

    teis no espalhamento de solues aquosas sobre superfcies hidrofbicas [SEO &

    LEE, 2006]. Verifica-se, no material tratado pela tcnica do plasma de oxignio, que

    a recuperao da hidrofobia demanda certo tempo [HILLBORG & GEDDE, 1998;SEO & LEE, 2006; BODAS & KHAN-MALEK, 2007]. Adicionalmente, sabe-se que

    vrios fatores podem estar envolvidos na recuperao hidrofbica, como

    propriedades fsico-qumicas do polmero, temperatura e tempo de armazenamento

    [BODAS & KHAN-MALEK, 2007]. Existem outros mtodos utilizados na modificao

    de superfcies, tais como, silanizao, adsoro de polmeros ou protenas e

    cobertura lipdica. Entretanto uma maior aplicao destas tcnicas exige a

    realizao de estudos adicionais, pois produzem modificaes instveis e

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    necessitam protocolos de aplicao complexos [HILLBORG & GEDDE, 1998; SEO &

    LEE, 2006].

    As propriedades interfaciais dos elastmeros de PDMS como a baixa energia de

    superfcie, podem ser consideradas problemticas, permitindo que haja limitaes

    na adeso do gesso para confeco de um modelo no molde a base de silicone

    [HUSSAIN, et al., 2004]. A reproduo de um formato atravs de uma impresso

    um procedimento rotineiro para dentistas e protticos; a impresso tirada pelo

    dentista a partir dos dentes do paciente (resoluo na ordem de 20m), usando um

    elastmero de dois componentes, permite ao prottico produzir uma prtese

    perfeitamente ajustada boca do paciente [ODIAN, 1993; WIBERG, et al., 2001;

    CALLISTER JR., 2002; CHANDRASEKHAR, 2005]. Desta maneira podem ser

    preparados moldes de PDMS com variados padres e que podem ser polimerizados

    (curados) no local e facilmente removidos [CRAIG, 1998].

    2.2.4. POLIMERIZAO E RETICULAO DO PDMS

    Os silicones so polimerizados por reaes de policondensao [BILLMEYER

    JR., 1984; ALLCOCK & LAMPE, 1990; MANO & MENDES, 1999]. A primeira etapa

    do processo de polimerizao ocorre pela reao do tomo de silcio com o cloreto

    de metila a fim de produzir dimetildiclorosilano (Figura 2.9) [BILLMEYER JR., 1984;

    ALLCOCK & LAMPE, 1990; WANG, 1998].

    FIG. 2.9 Produo do dimetildiclorosilano (em destaque)

    [ALLCOCK & LAMPE, 1990]

    A hidrlise controlada do dimetildiclorosilano leva produo de

    poliorganosiloxanos e de monmeros de siloxano cclicos (Figura 2.10).

    (CH3)2SiCl2 (l) + H2O (l) (CH3)2SiO]m(l) + HO[Si(CH3)2O]nH (l) + HCl (g)

    FIG. 2.10 Converso de dimetildiclorosilanos em siloxanos

    [PEARCE, 1972]

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    A Figura 2.11mostra as reaes que ocorrem na polimerizao dos silicones.

    FIG. 2.11 Reaes de polimerizao do PDMS

    [ALLCOCK & LAMPE, 1990]

    O poli(dimetilsiloxano) utilizado em odontologia como material de moldagem

    endurece atravs de um processo de reticulao, que pode ser realizado pela

    incorporao de um perxido (que funciona como um iniciador trmico, extraindo

    tomos de hidrognio do PDMS) ou pela exposio do PDMS a radiaes de alta

    energia (radiaes ionizantes). A reticulao pela copolimerizao de emulses ,

    tambm, um processo vivel [BILLMEYER JR., 1984; MURPHY, 2001; NOORT,

    2002].

    Na formao de ligaes cruzadas por meio de perxidos ocorre a degradao

    trmica de um perxido, dando origem a radicais livres que extraem um tomo de

    hidrognio do polmero, produzindo, novamente, um radical livre. Os dois radicais se

    combinam formando uma ligao qumica [BILLMEYER JR., 1984; WISE, et al.,

    1995; MURPHY, 2001].

    Muitos perxidos usados na cura de silicones no so apropriados para a sua

    utilizao ao ar, pois o oxignio inibe a cura na superfcie, requerendo assim um

    molde fechado ou fornos especiais que removem o oxignio do ar durante a cura.

    Silicones curados por agentes perxidos podem necessitar de uma ps-cura para

    remover subprodutos da decomposio, por exemplo, elastmeros de silicone

    curados com perxido de benzola devem passar por uma ps-cura a fim de remover

    o cido benzico formado [WISE, et al., 1995].

    Na reticulao por irradiao so criadas ligaes cruzadas em um processo

    semelhante ao que ocorre no uso de perxidos. A exposio radiao de alta

    energia remove tomos de hidrognio no polmero e os radicais livres produzidos

    reagem gerando ligaes entre as cadeias polimricas [BILLMEYER JR., 1984;

    MURPHY, 2001]. A irradiao de monmeros tem como vantagens a ausncia de

    resduos do catalisador e o total controle da temperatura [MAJUMDER &

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    BHOWMICK, 2000]. O grau de reticulao de uma amostra irradiada proporcional

    dose de irradiao absorvida por unidade de massa do objeto irradiado, sendo

    medido em termos de rad (dose de radiao absorvida, onde 1 Mrad = 10 kJ/kg)

    [SALAMONE, 1998].

    A reticulao pela copolimerizao de emulses ocorre da mesma maneira que

    as ligaes por n, com a complicao adicional que uma ligao cruzada pode

    conectar duas cadeias separadas (hetero-crosslink) ou simplesmente fazer uma

    volta num nico segmento (self-crosslink). A determinao de qual tipo de ligao

    cruzada um n deve gerar determinado aleatoriamente [HANSON, 2004].

    As emulses de silicone reticuladas usando catalisador a base de estanho

    produzem elastmeros com melhores propriedades mecnicas devido ao fato de

    que este processo ocorre diretamente no fim da cadeia polimrica, enquanto o

    processo de copolimerizao ocorre aleatoriamente na cadeia [SALAMONE, 1996].

    O octoato de estanho (Figura 2.12) pode ser usado como catalisador em uma

    concentrao de, aproximadamente, 0,5% mol [WANG, 1998]. A reao de

    reticulao do poli(dimetilsiloxano) utilizando o ocotato de estanho como catalisador

    pode ser visualizada na Figura 2.13[HUSSAIN, et al., 2004].

    FIG. 2.12 Estrutura qumica do octoato de estanho

    [WANG, 1998]

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    FIG. 2.13 Reao de reticulao do PDMS com o octoato de estanho comocatalisador

    [HUSSAIN, et al., 2004]

    2.3. BIOMATERIAIS

    2.3.1. CONCEITOS GERAIS

    Biomaterial pode ser definido como qualquer substncia (outra que no droga)

    ou combinao de substncias, de origem sinttica ou natural, que possa ser usada

    por um perodo de tempo, completa ou parcialmente como parte de um sistema que

    trate, aumente ou substitua qualquer tecido, rgo ou funo do corpo [WILLIAMS,

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    1999].

    Os biomateriais podem ser empregados nas diversas reas biomdicas, como

    na medicina (seja na cardiologia, na oftalmologia ou na ortopedia), na odontologia,

    na farmacologia e na biotecnologia. As suas aplicaes dependem da rea afetada e

    das propriedades qumicas e mecnicas necessrias [RATNER, et al., 2004;

    ORFICE, et al., 2006].

    Nos biomateriais importante que cada componente do compsito seja

    biocompatvel. Alm disso, a interface entre cada componente no deve ser

    degradado no ambiente corpreo [BRONZINO, 2006]. Desta maneira, um

    biomaterial deve ser atxico, gerar um processo inflamatrio mnimo (apenas o

    necessrio para promover a cicatrizao), ter uma especificidade regio anatmica

    de acordo com forma, funo (biofuncionalidade), propriedades mecnicas e de

    superfcie, e possuir biocompatibilidade [ORFICE, et al., 2006]. O sucesso dos

    biomateriais est diretamente relacionado sua biocompatibilidade, que envolve a

    aceitao do material pelos tecidos ao seu redor e pelo corpo como um todo. Sendo

    assim, um material biocompatvel no deve irritar as estruturas que o cercam, no

    deve estimular uma resposta inflamatria local exacerbada nem sistmica e no

    deve gerar reaes alrgicas nem tumores [RATNER, et al., 2004; ORFICE, et al.,

    2006].

    Os biomateriais, quanto resposta biolgica, podem ser classificados como

    [HENCH & WILSON, 1994; ORFICE, et al., 2006]:

    - Bioinertes: so materiais estveis quimicamente, que no causam reaes

    biolgicas adversas e no so rejeitados pelo organismo, gerando, ao serem

    implantados, fibro-osseointegrao. Como exemplos se pode citar ligas metlicas

    de ferro (aos inoxidveis), de cobalto e de ouro, materiais cermicos base de

    zircnia, alumina e carbono e diversos polmeros, tais como, polietileno, poliamida epoliuretano;

    - Bioreativos: trocam ons com o meio levando a uma formao ssea na sua

    superfcie atravs uma rpida reao com o organismo permitindo com que a

    interface implante-osso suporte pequenas cargas. Exemplos de materiais bioreativos

    so os vidros bioativos e os fosfatos de clcio, principalmente a hidroxiapatita;

    - Bioativos: promovem a osteognese, induzindo um processo de aposio

    ssea na sua superfcie e produzindo uma interface capaz de suportar cargas

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    funcionais. O titnio comercialmente puro, o nibio e o tntalo, tratados

    superficialmente para a gerao de uma camada de xido aderente e de pequena

    espessura, so exemplos de materiais bioativos.

    - Bioabsorvveis: so materiais que, aps certo perodo de tempo em contato

    com os tecidos, degradam, sendo solubilizados ou fagocitados pelo organismo. So

    materiais extremamente interessantes em aplicaes clnicas uma vez que no se

    faz necessria uma nova interveno cirrgica para a retirada dos mesmos aps a

    sua implantao. Os principais exemplos desses materiais so o fosfato triclcico

    (TCP) e o poli(cido ltico) (PLA).

    Desta maneira verifica-se que os biomateriais podem ser metlicos, polimricos,

    cermicos ou compsitos. Na Tabela 2.1 esto apresentados exemplos de

    biomateriais utilizados, mostrando exemplos e caractersticas de cada tipo e as

    caractersticas principais de cada tipo [PARK & LAKERS, 1992; CANEVAROLO JR.,

    2006; ORFICE,et al., 2006].

    Os biomateriais antes de serem implantados no organismo

    independentemente do tempo de implantao ser pequeno ou grande devem ser

    esterilizados a fim de se minimizar o risco de infeco. Existem diversos mtodos de

    esterilizao, tais como calor mido, calor a seco, processos qumicos e irradiao.

    Em qualquer destes mtodos, no deve ocorrer a degradao das propriedades do

    material [ORFICE,et al., 2006].

    A esterilizao por exposio s radiaes ionizantes (radiao gama, raios X ou

    acelerao de eltrons), um mtodo altamente eficiente e com um custo

    relativamente baixo a nvel industrial. A dose de radiao gama empregada na

    esterilizao por irradiao tem sido, desde o comeo da sua utilizao na dcada

    de 60, de, normalmente, 25 kGy [KAUSCH, 2003].

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    TAB 2.1 - Classificao dos biomateriais: tipos, exemplos e caractersticas

    principais

    Tipos Exemplos Caractersticas

    Metlicos

    Titnio

    Ao inoxidvel

    Ligas Cr-Co

    Ouro

    Boa resistncia mecnicaAlta ductilidade e tenacidade

    Facilidade de fabricao

    Baixo custo

    Podem sofrer corroso

    Polimricos

    Silicones

    Poli(tetrafluoretileno) -

    TeflonPoli(metacrilato de

    metila) - PMMA

    Naturais ou sintticos

    Podem degradar

    Deformam com o tempo

    Baixa condutividade eltrica e trmica

    Resilientes

    Fcil fabricao

    Cermicos

    Alumina

    Carbono

    Vidros bioativos

    Hidroxiapatita

    Alta resistncia compresso

    Alta temperatura de fuso

    Duros e Frgeis

    Difceis de processar

    Boa estabilidade qumica

    Baixa condutividade eltrica e trmica

    Compsitos

    Fibra de vidro

    Fibra de carbono

    Resinas epoxdicas

    Diferentes materiais combinados

    Melhoria das propriedades dos materiais

    isolados

    [PARK & LAKERS, 1992; CANEVAROLO JR., 2006; ORFICE,et al., 2006]

    2.3.2. BIOMATERIAIS POLIMRICOS

    Os polmeros utilizados como biomateriais so designados genericamente como

    biopolmeros; os mais utilizados so: poli(cloreto de vinila), polietileno, polipropileno,

    poli(metacrilato de metila), poliestireno, polister, poliamidas, poliuretanos, silicones

    e polmeros biodegradveis como o poli(lactato) [BRONZINO, 2006].

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    As propriedades necessrias nos biopolmeros so similares s dos outros

    biomateriais, que so: biocompatibilidade, capacidade de esterilizao, e

    propriedades fsicas e mecnicas adequadas [BRONZINO, 2006]. A

    biocompatibilidade de polmeros envolve normalmente quatro fenmenos: adsoro

    (processo de concentrao de biomacromolculas junto superfcie do material)

    logo aps a implantao no corpo; resposta inflamatria local devido presena do

    biomaterial; efeito do ambiente corpreo no material, como, por exemplo, a

    degradao do polmero; e resposta do corpo como um todo presena do

    biomaterial. Todavia, os polmeros, em certas aplicaes como em implantes de

    silicone ou de polietileno, podem provocar, quando inseridos no corpo, uma reao

    inflamatria local. Esta reao pode ser evitada pelo encapsulamento do material

    por uma camada fibrosa rica em colgeno. As principais vantagens dos biomateriais

    polimricos, quando comparadas com os demais tipos de biomateriais, so:

    possibilidade de obteno de produtos com formatos variados, facilidade de

    processamento e custo razovel [ORFICE,et al., 2006].

    A Figura 2.14 apresenta, para cada tipo de aplicao, os polmeros mais

    empregados como biopolmeros [ORFICE,et al., 2006]. O silicone, apesar de no

    estar exemplificado na Figura 2.14, tem sido muito utilizado em diversas aplicaes

    na rea mdica. O silicone apresenta uma alta compatibilidade sangunea, pois

    devido s suas propriedades e sua estrutura de superfcie, ocorre a formao

    superficial de uma camada adsorvida de albumina (uma protena sangnea),

    tornando-o altamente adequado para usos cardiovasculares. Cateteres fabricados

    com outros materiais, como polietileno ou poli(cloreto de vinila), so, por exemplo,

    muito duros ou irritantes aos tecidos [BHAT, 2002].

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    FIG. 2.14 - Polmeros usados como biomateriais

    [ORFICE,et al., 2006]

    2.3.3. BIOMATERIAIS NA ODONTOLOGIA

    A cavidade oral um local onde as condies ambientais mudam

    constantemente, mas, sob boas condies fisiolgicas, os dentes e as estruturas

    associadas, como as mucosas e a gengiva, apresentam um comportamento

    harmnico e inter-relacionado. No entanto, fatores como doenas e traumas podem

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    alterar a estrutura e a funo desses elementos, exigindo a realizao de

    tratamentos clnicos. Na gerao da sade, da esttica e da qualidade de vida do

    paciente pode ser necessrio o uso de um biomaterial para a restaurao das

    funes normais das estruturas orais [DUMITRIU, 2001].

    As aplicaes de biomateriais nessa rea incluem os materiais restauradores

    (como o amlgama, a resina e o cimento de ionmero de vidro), os materiais

    endodnticos (como a guta-percha), os materiais utilizados em cirurgia (como os fios

    de sutura, os implantes de titnio comercialmente puro e os enxertos) e em

    ortodontia (fios de nquel-titnio, por exemplo), dentre outros [DUMITRIU, 2001;

    ORFICE,et al., 2006]. Por exemplo, a presena de micro partculas de slica nos

    materiais restauradores a base de resinas compostas permite um melhor polimento

    na restaurao, reduzindo o desgaste e o acmulo de placa na superfcie restaurada

    [BRONZINO, 2006].

    2.4. MATERIAIS DE MOLDAGEM: TIPOS, CARACTERSTICAS E AVALIAO

    Os materiais de moldagem tm por objetivo produzir rplicas negativas dos

    tecidos orais, as quais podem ser preenchidas com gesso, resina ou outro material

    para se obter um modelo positivo (Figura 2.15) [CRAIG, 1998]. Na adequada

    execuo de um trabalho de moldagem devem ser consideradas algumas

    caractersticas fundamentais, como: ausncia de componentes txicos ou irritantes,

    boa relao custo-benefcio, biocompatibilidade e possibilidade de serem facilmente

    desinfetados sem perderem sua reproduo [CRAIG, 1998; PHILLIPS, et al., 2005].

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    (a) (b)

    FIG. 2.15 Fotografias de um molde de: (a) arcada superior; (b) arcada inferior

    Os materiais de moldagem devem ser suficientemente fluidos para se adaptar

    aos tecidos, mas, ao mesmo tempo, devem ter a viscosidade necessria paraficarem contidos na moldeira, que funciona como um anteparo para os mesmos,

    alm de terem um tempo de pr-cura relativamente curto, proporcionando mais

    conforto ao paciente [PHILLIPS, et al., 2005]. Um material de moldagem deve ter

    uma boa estabilidade dimensional, que influenciada pela contrao trmica (devido

    variao de temperatura da boca para o ambiente), pela reao de polimerizao,

    pela formao de subprodutos, pela hidrofilia (quando exposto gua e agentes

    desinfetantes) e pela deformao plstica do material [PHILLIPS, et al., 2005]. Aviscosidade de polmeros usados como material de moldagem governada

    principalmente pelo peso molecular do polmero e pela presena de aditivos como

    os agentes de reforo [NOORT, 2002].

    Os materiais usados para moldagem podem ser divididos basicamente em

    anelsticos ou elsticos. Os materiais anelsticos, como o gesso para moldagem, a

    godiva e a pasta de xido de zinco e eugenol, possuem, atualmente, uma limitada

    aplicao devido sua alta rigidez. Os materiais elsticos podem ser divididos emhidrocolides e elastmeros. Os hidrocolides podem ser separados em reversveis

    (termoplsticos), que podem ser amolecidos pelo calor depois de polimerizados, tal

    como o gar, ou irreversveis (termofixos), que sofrem uma reao qumica

    irreversvel, como o alginato. Os elastmeros, que tambm se caracterizam por

    apresentar uma reao irreversvel, podem ser subdivididos em trs tipos:

    polissulfetos, silicones (polisiloxanos) e politeres. Os silicones so divididos em

    duas classes: de condensao, caso do poli(dimetilsiloxano) (PDMS) e de adio,

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    poli(vinilsiloxano) (PVS) [CRAIG, 1998; PHILLIPS, et al., 2005] (Figura 2.16).

    FIG. 2.16 Esquema representativo da classificao dos materiais de

    moldagem

    O silicone de condensao, que o objeto de estudo do presente trabalho, um

    compsito com matriz de poli(dimetilsiloxano) (PDMS), sendo fabricado

    comercialmente com duas consistncias, uma mais fluida e outra mais densa

    [CRAIG, 1998; PHILLIPS, et al., 2005]. O agente de reforo constitudo por

    partculas de carbonato de clcio ou de slica, com um tamanho variando entre 2 e 8

    m e utilizado numa concentrao entre 35 e 75% de acordo com a consistncia

    desejada. Para a sua reticulao emprega-se, normalmente, um catalisador, que

    consiste em uma mistura de octoato de estanho com um silicato alqulico, que pode

    estar sob a forma de um lquido em suspenso ou de uma pasta quando se adiciona

    um espessante. A reao de reticulao produz uma borracha de estrutura reticular

    tridimensional com liberao de lcool etlico e ligeira exotermia (aumento na

    temperatura de, aproximadamente, 1C). Em geral, para um tipo determinado de

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    material comercial, os tempos de trabalho e de pr-cura diminuem com o aumento

    da temperatura, da umidade e da viscosidade do mesmo [CRAIG, 1998].

    A reproduo precisa dos detalhes depende das propriedades reolgicas dos

    elastmeros, pois como so materiais viscoelsticos, o tempo transcorrido influencia

    as suas propriedades [PHILLIPS, et al., 2005]. A formao de ligaes cruzadas e a

    liberao de subprodutos provocam uma alterao dimensional que varia com a

    fluidez do material, que tanto maior quanto maior a fluidez. O silicone de

    condensao apresenta uma contrao de, aproximadamente, 0,6%, atribuda

    evaporao de subprodutos volteis e reorganizao das ligaes qumicas

    resultante dos processos de polimerizao e reticulao. A velocidade de contrao

    dos materiais de impresso elsticos no uniforme durante as primeiras 24 horas

    posteriores sua remoo da cavidade oral; em geral, metade da contrao que

    ocorre em 24 horas acontece na primeira hora aps a moldagem. Em conseqncia,

    os modelos devem ser vazados imediatamente aps a moldagem para se garantir a

    sua mxima exatido. Adicionalmente, verifica-se que os modelos de gesso obtidos

    em vazamentos sucessivos, a partir da mesma impresso elstica, so menos

    precisos, pois ocorre a deformao do material do molde. Os silicones de

    condensao so, juntamente com os polissulfetos, os materiais que apresentam as

    maiores alteraes dimensionais dentre os elastmeros no aquosos [CRAIG, 1998,

    PHILLIPS, et al., 2005].

    Os silicones, devido a sua menor viscosidade, so, em relao a outros

    materiais de impresso elsticos, mais fceis de serem misturados. Um fator de

    grande importncia a ser considerado em um material de impresso elstico o seu

    tempo de trabalho, pois a viscosidade aumenta rapidamente com o passar do tempo

    devido continuao da reao de polimerizao e de reticulao. Em mdia, os

    silicones de condensao tm um tempo de trabalho menor do que o dospolissulfetos e maior do que o dos politeres [CRAIG, 1998, PHILLIPS, et al., 2005].

    Outro fator a ser considerado so as tenses internas geradas no material

    quando inserido na boca em uma condio borrachosa e que so liberadas por

    ocasio da sua remoo alterando a exatido do modelo. O material de moldao

    deve apresentar um alto mdulo de elasticidade e uma boa resistncia ao

    rasgamento. A remoo da boca produz alguma deformao no modelo, que ser

    predominantemente elstica com pequena deformao plstica se o material de

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    moldagem possuir um limite de elasticidade suficientemente alto. A espessura de

    certas partes do modelo, como as referentes s regies subgengivais, so muito

    delgadas e, em conseqncia, o material de moldao deve ser resistente para

    evitar o rompimento do molde durante sua extrao [PHILLIPS, et al., 2005].

    A Tabela 2.2 apresenta as principais caractersticas dos elastmeros no

    aquosos, onde pode ser observada uma grande variedade nos dados, uma vez que

    estes materiais apresentam uma grande variao no valor da viscosidade de acordo

    com a concentrao do agente de reforo.

    TAB 2.2 - Propriedades dos elastmeros

    PROPRIEDADE POLISSULFETO PDMS PVS POLITER

    Tempo de trabalho (min) 3 7 2 4 1 4 2 4Tempo de pr-cura (min) 6 10 3 8 3 6,5 3 4,5

    Resistncia ao rasgamento

    (g/cm)2500 7000 2300 2600 1500 4300 1800 4800

    Contrao dimensional (%) 0,40 0,45 0,38 0,60 0,14 0,17 0,19 0,24

    ngulo de contato 82 98 98 / 53 49

    Dureza Shore A 20 35 15 65 35 75 30 50

    Subprodutos gua lcool etlico - -

    Mdulo de elasticidade

    (comparativo)

    (3)

    >>

    (4)

    [CRAIG, 1998, PHILLIPS, et al., 2005]

    A Tabela 2.3 mostra as principais vantagens e desvantagens do silicone de

    condensao.

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    TAB 2.3 Vantagens e desvantagens do silicone de condensao

    VANTAGENS DESVANTAGENS

    Boa cpia da superfcie Hidrofbico

    Boa estabilidade dimensional Contrai quando armazenadoBaixa deformao permanente Deve ser vazado dentro de 1 hora

    Grande variedade de viscosidade Baixa resistncia ao cisalhamento

    Fcil de desinfetar

    Altamente aceitvel pelo paciente

    [NOORT, 2002]

    2.5. COMPORTAMENTO EM SERVIO (DEGRADAO)

    A degradao polimrica ocorre devido a uma srie de fatores que produzem

    alteraes na estrutura macromolecular, induzindo modificaes nas propriedades

    dos polmeros. Os polmeros, quando expostos s condies reinantes no

    organismo humano, onde existem condies altamente agressivas, podem degradarpor mecanismos fsico-qumicos ou biolgicos. Estes polmeros, que apresentam

    este tipo de degradao, so denominados biodegradveis [ORFICE, et al., 2006].

    A degradao do PDMS em atmosfera inerte e sob vcuo gera sua

    despolimerizao e a produo de oligmeros cclicos, sendo o trmero o produto

    mais abundante [LEWIS, 1959; THOMAS, et al., 1969]. Em temperaturas acima de

    500 / 600C o PDMS despolimeriza completamente em atmosfera inerte e no forma

    resduo slido, enquanto que na decomposio ao ar ocorre a formao de um pde slica branco [CAMINO, et al., 2001].

    O PDMS linear e o cclico apresentam o mesmo mecanismo de

    despolimerizao molecular (Figura 2.17) [BANNISTER & SEMLYEN, 1981].

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    FIG. 2.17 Mecanismo de despolimerizao molecular do PDMS

    [CAMINO, et al., 2001]

    Diferentes agentes, tais como radiaes, gua, oxignio, temperatura,

    microorganismos etc., podem ser responsveis pela degradao de um material,

    mas o processo de degradao ocorre, normalmente, pela ao combinada de mais

    de um agente. A temperatura e o tempo em que o material se encontra no meio

    agressivo so, tambm, relevantes para o processo de degradao [ORFICE, et

    al., 2006].

    O envelhecimento produzido pela exposio aos agentes ambientais pode afetar

    o desempenho do material em uma certa aplicao, levando o material a uma falha

    inesperada e/ou catastrfica [CHIEN, et al., 2000].

    A degradao por radiao pode ser resultante da exposio radiaes de

    baixa ou de alta energia. No primeiro grupo se enquadra a fotodegradao, que

    ocorre, principalmente, pela exposio radiao ultravioleta, alm de outros tiposde radiao que apresentam maior comprimento de onda no espectro de radiao,

    enquanto que o outro grupo corresponde s radiaes de alta energia, radiaes X e

    gama, que possuem menor comprimento de onda [ORFICE, et al., 2006].

    Nos polmeros, a exposio radiao de alta energia gera radicais livres que

    reagem por vrias rotas. A exposio de amostras polimricas irradiao pode

    promover reticulao simultaneamente com ciso e oxidao [ZAHARESCU, et al.,

    1999]. A suscetibilidade a um ou outro processo ditado pelo esqueleto da cadeiapolimrica e muitos polmeros apresentam ciso e reticulao, mas normalmente um

    mecanismo predomina sobre outro. A maioria dos polmeros, quando o oxignio est

    disponvel durante a irradiao, tem uma tendncia a apresentar ciso, mesmo

    aqueles que reticulam em ambientes inertes. Ocorre, inicialmente, ciso de cadeias

    que pode ser seguida da formao de ligaes cruzadas (reticulao) ou, na

    ausncia de oxignio, recombinao. Na presena de oxignio, ocorrem reaes em

    cadeia devido difuso superficial do oxignio, podendo ocorrer a formao de

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    produtos oxigenados [KAUSCH, 2003]. A presena de grupos laterais aromticos

    aumenta a resistncia do polmero radiao, pois a estrutura eletrnica deslocada

    do grupo lateral aromtico pode absorver grande quantidade de energia antes da

    ligao ser rompida [BURLANT, et al., 1962]. Podem ser citados, como exemplos da

    diferena de comportamento frente irradiao, o poli(metacrilato de metila)

    (PMMA) onde ocorre ciso e a borracha natural que apresenta predominantemente

    reticulao [PERERA & ROWEN, 2000].

    Em relao atmosfera de irradiao, verifica-se que a ausncia de oxignio

    prolonga o tempo de vida dos radicais formados durante o processo de irradiao,

    aumentando, assim, as oportunidades para a formao de ligaes cruzadas. Em

    amostras irradiadas ao ar, a presena de oxignio promove a formao de perxidos

    e hiperperxidos, o que aumenta a taxa de ciso polimrica. Amostras irradiadas

    sob vcuo endurecem com a irradiao devido ao aumento na densidade de

    ligaes cruzadas na matriz polimrica e ligao de hidrognio na interface

    polmero/carga [CHIEN, et al., 2000].

    Na degradao pelo oxignio, denominada oxidativa, ocorre a formao de

    radicais livres que se combinam com molculas de oxignio, sendo uma das

    principais causas do processo de envelhecimento das borrachas, juntamente com a

    ozonlise. A degradao trmica ocorre pelo aumento da temperatura, na ausncia

    de oxignio [SOMERS, et al., 2000; ORFICE, et al., 2006].

    A degradao por microorganismos denominada biolgica e ocorre pela

    exposio do material a bactrias e fungos [ORFICE, et al., 2006]. A contaminao

    de um material e sua degradao por microorganismos pode ser reduzida pela sua

    exposio s radiaes ionizantes, com uma dose pequena, mas de alta efetividade

    na esterilizao. A eficincia biocida das radiaes ionizantes est diretamente

    relacionada formao de radicais livres que diminuem a replicao gentica dequalquer microorganismo presente no dispositivo biomdico. No entanto, pode

    acontecer a degradao por irradiao quando o polmero suscetvel a esse

    comportamento, podendo ocorrer desde a descolorao do material at uma

    deteriorao das suas propriedades estruturais [KAUSCH, 2003].

    O processo de degradao pela gua denominado hidrlise, que acontece

    quando a cadeia macromolecular do polmero apresenta grupos hidrolisveis, ou

    seja, suscetveis a ataque de molculas de gua [ORFICE, et al., 2006].

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    O PDMS conhecido por formar ligaes cruzadas quando exposto a radiao

    de alta energia, e gases, como hidrognio, metano, e etano, so formados como

    resultado da ciso das cadeias polimricas. A existncia de grupos laterais

    aromticos aumenta a resistncia do polmero irradiao [MILLER, 1960]. A

    densidade aparente de ligaes cruzadas aumenta com a dose de radiao, mas a

    sensibilidade irradiao mais forte na presena da slica como agente de reforo.

    Esse efeito aumenta na slica tratada superficialmente, o que mostra que os radicais

    livres gerados pela irradiao aumentam a densidade aparente de ligaes cruzadas

    pela sua recombinao na superfcie da carga. A irradiao tem um efeito

    significativo na rede macromolecular e acentua as interaes entre as partculas e a

    matriz polimrica, modificando a mobilidade macromolecular [CHIEN, et al., 2000].

    Borrachas de silicone apresentam uma alta resistncia a diversos tipos de

    radiao, sendo, por exemplo, resistentes a radiao UV devido alta energia

    necessria para a quebra da ligao SiO. Todavia a tax