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22/01/2016 - Banco Central vê o mundo em espiral Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia (Suíça), nos dias 9 e 10, Alexandre Tombini mudou de idéia... - A hora da verdade reinventar a Petrobras Dizer que a situação da Petrobras hoje é dramática parece uma tautologia. Mas o que muita gente esquece é que isso já era verdade há muito tempo... - País pode perder 2,5 milhões de vagas em 2 anos Drenado por uma onda de demissões em quase todos os setores, o mercado de trabalho perdeu no ano passado 1,5 milhão de postos formais... - Projetos do PAC ganham mais prazo para contratação Para tentar salvar recursos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal prorrogou até o fim deste ano o prazo para contratação de obras de saneamento básico selecionadas em 2013... - Turbulência no ajuste à nova sinalização do BC Foi turbulento o "day after" à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano pelo sexto mês consecutivo... - Desemprego e crise social Os últimos dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego atingiu 9% da força de trabalho no trimestre encerrado em outubro de 2015... - Geração solar ganha escala e competitividade O aumento da geração de energia solar levou a uma queda de 60% no preço dos equipamentos nos últimos três anos... - Brent barato tem impacto diferente nas petroleiras Os efeitos da queda do preço do petróleo para patamares inferiores a US$ 30 tem efeitos diferentes, dependendo do porte das empresas, e são mais relevantes para produtoras menores...

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Page 1: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

22/01/2016

- Banco Central vê o mundo em espiral

Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia (Suíça), nos dias 9 e

10, Alexandre Tombini mudou de idéia...

- A hora da verdade reinventar a Petrobras

Dizer que a situação da Petrobras hoje é dramática parece uma tautologia. Mas o que muita gente esquece é

que isso já era verdade há muito tempo...

- País pode perder 2,5 milhões de vagas em 2 anos

Drenado por uma onda de demissões em quase todos os setores, o mercado de trabalho perdeu no ano

passado 1,5 milhão de postos formais...

- Projetos do PAC ganham mais prazo para contratação

Para tentar salvar recursos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal

prorrogou até o fim deste ano o prazo para contratação de obras de saneamento básico selecionadas em 2013...

- Turbulência no ajuste à nova sinalização do BC

Foi turbulento o "day after" à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros

em 14,25% ao ano pelo sexto mês consecutivo...

- Desemprego e crise social

Os últimos dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego atingiu 9% da força de trabalho

no trimestre encerrado em outubro de 2015...

- Geração solar ganha escala e competitividade

O aumento da geração de energia solar levou a uma queda de 60% no preço dos equipamentos nos últimos três anos...

- Brent barato tem impacto diferente nas petroleiras

Os efeitos da queda do preço do petróleo para patamares inferiores a US$ 30 tem efeitos diferentes,

dependendo do porte das empresas, e são mais relevantes para produtoras menores...

Page 2: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

- Carf julga casos de juros sobre capital próprio em sentido

contrário ao STJ

Pela primeira vez, a Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) decidiu que as

empresas não podem acumular valores referentes a juros sobre capital próprio...

- Macunaíma e o combate à corrupção

No momento em que as cortinas se fechavam e o recesso de fim de ano em diversos órgãos públicos se iniciava, a presidente da República fez publicar a Medida Provisória nº 703...

- Arrecadação no ano passado foi a pior desde 2010

Tributos e contribuições somaram R$ 1,22 tri, 5,62% a menos que em 2014...

- Petróleo no centro das atenções do primeiro dia de encontros

em Davos

No Fórum Econômico Mundial, executivos não veem recuperação no preço da ‗commodity‘...

- TCU cobra explicações sobre acordo de leniência da Engevix

Em despacho assinado nesta quarta, o ministro Bruno Dantas concedeu um prazo de cinco dias para a

Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos...

- Setor produtivo aprova decisão do Banco Central de não

aumentar a taxa de juros

Para a CNI, o BC tomou a decisão mais sensata diante da recessão da economia brasileira e das incertezas do

cenário global...

- PETROBRÁS PARALISA ATIVIDADES NA REFINARIA DE

OKINAWA, NO JAPÃO

A Petrobrás decidiu fechar a refinaria NSKK, situada em Okinawa, no Japão, por conta da dificuldade de

operação e de obter resultados com a unidade...

- CHINA TERÁ 25% DA SUA DEMANDA POR ENERGIA

ELÉTRICA ABASTECIDA POR FONTES RENOVÁVEIS ATÉ

2030

Page 3: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

Um dos maiores mercados do mundo está buscando reduzir sua dependência de petróleo, ligando o sinal de

alerta para a indústria...

- Brasil faz exportação emergencial de energia elétrica para a

Argentina

País realizou carga acima da prevista, segundo operadora do sistema argentino...

Page 4: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle

Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na

Basiléia (Suíça), nos dias 9 e 10, Alexandre Tombini mudou de idéia sobre o que

deveria ser a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), esta semana. Ali ele

se informou melhor sobre os rumos da desaceleração da China e sobre o futuro dos

preços internacionais do petróleo. Ambos com consequências desinflacionárias para

o restante do mundo.

Embora os documentos oficiais do Copom e os pronunciamentos do presidente do

BC tivessem formado a percepção no mercado de que o Copom aumentaria a taxa

Selic em 0,5 ponto percentual, ainda dava tempo de comunicar uma mudança de

rota ao mercado, ao deixar claro que todas as informações, inclusive as do Fundo

Monetário Internacional (FMI), seriam avaliadas pelo Copom.

Na quinta-feira da semana passada Tombini foi avisado pelo FMI da revisão para

pior que a instituição faria, em comunicado na terça feira desta semana, nas

projeções de crescimento do Brasil para este (3,5%) e para o ano que vem (zero).

O presidente do BC cogitou deixar os dados do FMI falarem por si, mas acabou

decidindo usá-los como justificativa para um novo comunicado ao mercado. Chamou

Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização, e ambos redigiram na noite de

segunda-feira a nota que foi divulgada na manhã de terça, uma hora após o anúncio

das novas projeções do Fundo.

Se entre os economistas, mesmo os mais conservadores, havia forte

questionamento sobre a utilidade da elevação da taxa de juros, a grande maioria dos

operadores do mercado financeiro convergiam para um aumento de 0,5 ponto

percentual, que elevaria a taxa Selic para 14,75% ao ano.

Reunir o Copom na terça e quarta feira e não subir a Selic, sem dar um sinal prévio

ao mercado, poderia gerar comoção nacional e até despertar suspeitas de

vazamento de informações. Tombini optou por divulgar a nota mesmo sabendo que

receberia severas críticas e que essa iniciativa arranharia a credibilidade do BC.

1ª PARTE

NOTICIAS DO DIA 22/01

Page 5: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

Convencido de que o mundo entrou em uma "espiral", ele resolveu arriscar, conta

uma fonte. "É melhor ter perda de credibilidade do que fazer uma coisa sabendo que

está equivocada", comentou.

As pressões políticas do PT e do ex-presidente Lula contra o aumento dos juros

estavam estampadas diariamente nos jornais. Os pronunciamentos da presidente

Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de que o BC tem

autonomia para decidir sobre juros foram, em geral, de pouca valia para os agentes

do mercado. Têm a mesma força de persuasão de quando se declara que o técnico

de futebol "está prestigiado".

"Aqui ninguém se move por pressão política ou por pressão do mercado", costumam

afirmar os membros do Copom a cada suspeita de que a presidente passou alguma

determinação para a política monetária.

Dilma achava que o comitê aumentaria a Selic em 0,5 ponto percentual, rezava para

que fosse apenas 0,25 ponto percentual e foi surpreendida tanto pela nota de terça--

feira quanto pela manutenção dos juros, sustentavam fontes oficiais ontem. Para

esses informantes há uma grande diferença entre como as coisas ocorrem no

governo e como a opinião pública suspeita que elas ocorram. Nas conversas entre a

presidente e Tombini não há uma terceira pessoa para testemunhar o que de fato

acontece. Sabe-se, também, que poucos vão acreditar nesses argumentos.

O BC divulgou no dia 8 a carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que a

inflação fugiu da meta no ano passado, chegando a 10,67% para um teto de 6,5%.

Embora as notícias vindas da China já chacoalhassem os mercados desde o dia 4

de janeiro, todos leram a carta como mais uma reiteração de que os juros subiriam

0,5 pontos esta semana. Ontem, porém, estudiosos da política monetária no

governo comentavam que a carta já indicava algumas pistas "dovish". Entre os

parágrafos 30 e 38 o BC mencionava pelo menos três elementos que poderiam ser

interpretados como sinal de que não era líquido e certo o aumento dos juros de 0,5

ponto percentual. Eram eles: "efeitos cumulativos que se manifestam com

defasagem", um desenho de "política fiscal convincente e sustentável" e a referência

ao "hiato do produto em território desinflacionário".

Na avaliação dos economistas oficiais, a atividade ainda não chegou ao fundo do

poço. A retração continua, mas o ajuste externo impulsionado pela desvalorização

cambial tem sido forte, e o ingresso de investimentos para a aquisição de negócios

que ficaram baratos é substancial. Só na quarta-feira houve entrada líquida de US$

850 milhões.

Nas reuniões da Basiléia os dois assuntos mais discutidos a portas fechadas foram

a piora da situação da economia na China que em 12 meses até dezembro já

perdeu US$ 900 bilhões em investimentos e as razões para a queda de 15% nos

preços do petróleo este ano.

Page 6: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

A derrubada do preço do petróleo é preocupante, explica o corte de cerca de 50%

nos investimentos norte-americanos nesse setor e a liquidação de ativos por parte

de fundos soberanos. Os efeitos foram mais rápidos sobre os investimentos que

sobre o consumo de derivados.

China e petróleo produziram queda de 13% do Ibovespa e no índice Dow Jones e

queda de cerca de 20% nas bolsas chinesas neste início de ano. As bolsas dão a

dimensão da confiança dos empresários.

Mas se há alguns supostos efeitos desinflacionários vindos do exterior, aqui a

situação está longe de um conforto.

Pelo menos dois riscos inflacionários à frente podem atrapalhar os prognósticos do

Copom para limitar a inflação de 2016 ao teto de 6,5%: a elevação da Cide e o preço

da energia.

O BC não conta mais com a entrada em vigor da bandeira verde nas contas de

energia este ano, prevista para abril ou maio. A informação é que a bandeira

vermelha prevalecerá por todo o ano. Mesmo com toda a chuva no país, o custo da

energia para consumidores residenciais e industriais se manterá elevado, pela

continuidade do uso das usinas térmicas. Isso mostra que o curso da política

monetária, agora, é uma questão em aberto.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- A hora da verdade reinventar a Petrobras Dizer que a situação da Petrobras hoje é dramática parece uma tautologia. Mas o

que muita gente esquece é que isso já era verdade há muito tempo. Os problemas,

diga-se de passagem, têm início há mais de dez anos, mas a sua insustentabilidade

ficou evidente já aos primeiros sinais de queda dos preços do petróleo.

Por decisões do acionista controlador, a companhia foi vilipendiada na última década

em pelo menos quatro frentes. Na primeira, adotou uma pseudopolítica de preços

Page 7: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

suicida, que logrou ao mesmo tempo fragilizar a companhia, inviabilizar o modelo

competitivo preceituado pela Lei do Petróleo e pela Lei do Cade e paralisar a

indústria do etanol.

A segunda frente foi a adoção de um plano de investimentos megalomaníaco, onde

os números eram recorrentemente torturados para justificar o injustificável. Ao

mesmo tempo, as estruturas de controle eram propositalmente desprovidas de

eficácia, o que se comprova pela incapacidade do conselho de administração de ter

qualquer informação sobre a rentabilidade dos bilionários investimentos que

aprovava. Cenários de estresse ou inexistiam ou eram insuficientes.

A terceira frente foi uma estrutura ideológica de protecionismo, que, além do tão

falado 'conteúdo nacional', obrigou a companhia financiar com seu próprio balanço,

ou através de garantias, estaleiros e fornecedores muitos dos quais claramente

desprovidos de condições adequadas. Criou-se um "mercado" onde o único

comprador precisava comprar muito, e era limitado a um universo restrito de

fornecedores. Os resultados, como se viu, foram custos explosivos e muita

corrupção.

A quarta frente foi o aparelhamento de parcelas da companhia, inchando despesas e

alocando recursos para atividades que nada tinham com a sua missão prevista em

lei e estatuto. O desprestígio imposto ao excelente quadro técnico da Petrobras

levou a uma situação de seleção adversa, com muitos bons profissionais saindo em

planos de demissão voluntária.

Perceba-se que a corrupção, ainda que perpasse os fatores acima, não está listada

como fonte principal das agruras. Ela é, ao mesmo tempo, causa e consequência.

Sem dúvida trouxe prejuízos gigantescos, mas não é a causa principal.

Paradoxalmente, há que se comemorar o desabamento das cotações do petróleo. O

balanço e o plano de negócios da Petrobras já eram inviáveis com o petróleo a US$

70, mas esses fatos poderiam ser disfarçados por muito tempo principalmente

considerando-se a complacência do mercado, que financiou tudo isso por tanto

tempo. O petróleo a US$ 30 atua como um "wake up call". Como diz Warren Buffett,

é na maré baixa que vemos quem está nadando nu.

Constatada a gravidade dos fatos, discute-se o que fazer. Vemos a Petrobras trazer

a mercado reiteradas revisões nos seus planos de investimentos e de alienação de

ativos. A administração atual tenta correr atrás da curva por conta de uma situação

que não criou, e que não parece ter as condições para reverter.

O tamanho do buraco no qual a Petrobras se encontra não poderá nunca ser

resolvido através de ações incrementais ou marginais. Contudo, é isso o que tenta

fazer a companhia com esses ajustes. Em que pesem os novos planos anunciados,

não se consegue responder à principal pergunta: afinal, para onde vai a Petrobras?

Page 8: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

Ninguém sabe. E não sabe porque a empresa não tem um plano estratégico que

reflita a atual realidade. O que vemos são ajustes no que foi definido por gestões

anteriores. Pior: como um dos primeiros atos da atual gestão, propôs-se uma

reestruturação administrativa e da governança, com a contratação de grandes

consultorias internacionais. Trata-se de uma inversão de fatores, que altera em

muito o produto. Primeiro, é importante que se tenha uma visão do que a empresa

será dentro de 10 ou 20 anos. Em seguida, ajusta-se a estrutura para esse plano

estratégico.

Para piorar, uma pessoa com muitos anos de casa nos descreveu o impacto da

menção do termo "reestruturação" numa empresa como a Petrobras.

Imediatamente, o corpo técnico passa a se preocupar com seus próprios papéis. A

política passa a ter um peso enorme nas preocupações dos funcionários, diminuindo

sua capacidade de focar nos gigantescos desafios efetivos que enfrenta a

companhia.

Temos, portanto, uma companhia sem direção, com um corpo técnico machucado,

ameaçado pela reestruturação e liderado por uma diretoria indicada em grande parte

pela administração anterior, e de forma interina. Não há qualquer garantia que seus

membros para não falar todas as áreas da companhia compartilhem algo próximo

de uma visão sobre o futuro da Petrobras. Isso sem falar na confusão instalada no

conselho de administração, que, após ser reestruturado, perdeu seu presidente e

mais dois membros.

Por fim, lembremos do gigantismo. A Petrobras sofre hoje também com importantes

deseconomias de escala, que tornaram possível dentre outras coisas os péssimos

investimentos recentes e o domínio de algumas áreas por pessoas mal--

intencionadas. A empresa, desse tamanho e com essa complexidade, não é

administrável (como também não são algumas outras empresas privadas que

ficaram grandes demais para seu próprio bem).

A solução dos problemas da Petrobras não pode se resumir a um ambicioso

programa de venda de ativos. O impacto seria negativo para a empresa (pode-se

vender tudo e sobrar dívida) e para o Brasil. Dada a relevância da Petrobras nas

cadeias em que atua, essa alienação pode representar a perda de uma

oportunidade de ouro de reestruturação setorial com vistas a melhorar nossa

competitividade.

Um exemplo é a alienação de participações em distribuidoras de gás. Ao invés de

ter levado à criação de um setor autossustentável e competitivo, criou-se uma

holding de participações minoritárias e alienou-se 49%. Ou seja, a Petrobras

continua fazendo a mesma coisa, mas fez algum caixa com a operação. Nenhuma

preocupação estratégica ou competitiva para a Petrobras ou para o país.

Além de tudo isso, a própria diretoria relata dificuldades no corpo da Petrobras em

alienar ativos. Algumas dessas resistências têm até razão de existir. Provavelmente

Page 9: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

estamos falando do maior programa de privatização da história, sendo executado de

forma independente por uma companhia sem os processos, transparência e controle

que, por exemplo, marcaram a venda de ativos públicos no passado.

A capitalização, apontada por alguns analistas como a solução, tampouco seria

suficiente. Se não consertarmos o modelo, os novos recursos poderão ir para o ralo

como foram os da capitalização de 2010. É chegada a hora de repensar a Petrobras

de maneira radical.

Sua estratégia não pode mais ser o "deixa comigo que eu faço tudo". É preciso

determinar um tamanho ótimo para a companhia sob três prismas: gerencial (qual

tamanho de empresa pode ser administrado racionalmente?), estratégico (quais são

as sinergias efetivamente valiosas a se manter integradas?) e de interesse nacional

(queremos depender tanto de uma só empresa?).

Entendemos que, uma vez feita essa análise, o ideal seria dividir a Petrobras numa

série de empresas, maximizando os resultados dos três prismas. Os acionistas da

Petrobras passariam a ser donos de várias empresas, em segmentos que fazem

sentido para a empresa e para o Brasil. A atividade de refino, por exemplo, precisa

ser exercida por várias empresas, para que a premissa de livre concorrência da Lei

do Petróleo possa se tornar realidade.

Feitos os "spinoffs", a decisão sobre a manutenção do controle estatal de cada uma

das empresas seria uma discussão em separado, que a sociedade precisaria

enfrentar. Mas o desenho teria a vantagem de otimizar a gestão de um dos setores

mais relevantes da nossa economia, trazendo transparência e produtividade. Em

outras palavras, gerando valor, que é a única forma de se pagar a monumental

dívida que foi imposta pelo governo à Petrobras. No processo, recuperaria-se a

credibilidade do nosso mercado de capitais, profundamente abalado pela destruição

de centenas de bilhões de dólares de capital público e privado.

Todo esse processo precisa ser liderado por um conselho efetivamente empoderado

para tomar decisões dessa monta, com mandato para contratar, demitir e remunerar

os gestores. Governança de verdade.

Os funcionários só teriam a ganhar ao participar de empresas e de um setor mais

forte. O setor privado teria a energia como vantagem e não desvantagem

competitiva. E o Brasil, finalmente, deixaria de ser refém de uma única empresa que,

como vimos, pode cair nas garras de agentes nem um pouco alinhados com o

interesse público que levou à sua criação em 1953.

Mauro Rodrigues da Cunha e José Guimarães Monforte são ex-conselheiros da

Petrobras

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- País pode perder 2,5 milhões de vagas em 2 anos Por Camilla Veras Mota | De São Paulo

Drenado por uma onda de demissões em quase todos os setores, o mercado de

trabalho perdeu no ano passado 1,5 milhão de postos formais, de acordo com o

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com a redução de

3,7% no volume de carteiras assinadas no país, o número de trabalhadores

formalizados chegou a 39,6 milhões, nível semelhante ao registrado em 2012.

Apesar de o resultado ser o pior da série e o primeiro negativo desde 1999, não há

previsão de alívio no curto prazo. Considerando que as primeiras estimativas para

este ano projetam fechamento de mais de um milhão de vagas, o biênio 20152016

pode superar a marca dos 2,5 milhões de empregos formais perdidos.

O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, admitiu ao comentar

os números que 2015 foi um ano "difícil" para o emprego, mas destacou que o

mercado de trabalho tem "capacidade rápida de resposta". "Minha expectativa é

que, na medida em que tenhamos início de retomada dessa atividade, haverá

retomada muito rápida da geração de emprego", disse.

A indústria liderou as demissões em 2015, com 608,8 mil cortes, reduzindo sua

participação no volume vagas no país para 19,2%, contra 20,9% em janeiro de 2013.

A construção civil foi a que mais perdeu em termos percentuais as 416,9 mil

demissões líquidas representam redução de 13,6% no estoque de emprego. Os

serviços e o comércio, com, 276,1 mil e 218,7 mil, respectivamente, tiveram o

primeiro desempenho anual negativo desde 1998.

Page 11: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

Apesar de continuarem neste ano, as demissões devem mostrar uma composição

ligeiramente diferente, dizem economistas, com um ritmo menor de cortes na

indústria e manutenção do ajuste intenso observado nos serviços nos últimos meses

do ano.

"A queda na produção industrial foi muito forte no ano passado. As empresas já

adequaram [os quadros de funcionários], demitiram os trabalhadores mais

qualificados", afirma o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira. Os

serviços, diz, por terem sido o último setor a sentir os efeitos da recessão, ainda têm

espaço para cortar. "Eles vão ser o grande destaque negativo do primeiro trimestre".

Para o economista Fabio Romão, da LCA Consultores, o primeiro trimestre deve ser

o pior para o emprego neste ano, reflexo ainda da recessão forte do ano passado,

responsável por uma contração de 3,6% no PIB, conforme as estimativas da

consultoria. O mercado de trabalho, lembra, reage à atividade de maneira defasada.

Assim, a nova queda esperada para o rendimento real, ainda que em nível menor do

que em 2015, reforça a expectativa de novas demissões no comércio e nos serviços.

A projeção da LCA para o saldo de vagas formais em 2016, negativo em 1,2 milhão,

conta com perdas de 517 mil empregos na indústria, que devem se concentrar nos

primeiros três meses do ano. Romão ressalta, entretanto, que segmentos como o de

material de transporte e o de metalúrgica e mecânica, que contam grande volume de

funcionários em regime de "layoff" e férias coletivas, podem passar por novos

desligamentos significativos.

Os salários médios de admissão contabilizados pelo Caged recuaram 1,64% em

termos reais em 2015, 2,4% só em dezembro, passando a valer R$ 1.270,74. Essa

queda expressiva no poder de compra das famílias, que deve continuar também

neste ano, pondera a MCM Consultores, fará com que o mercado de trabalho seja

um dos poucos focos de alívio para a inflação neste ano.

A dinâmica é inversa àquela observada ainda em 2014, quando a taxa de

desemprego medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) atingiu a mínima

histórica de 4,8% e os salários do Caged aumentaram 0,5% em termos reais. Em

2013, eles avançaram 3,1%, já descontada a inflação.

Para Oliveira, do Fibra, o mercado de trabalho deve seguir desinflacionário pelos

próximos três anos, pelo menos. Ao lado da taxa de câmbio "mais comportada", será

um dos principais responsáveis pela inflação "em torno do centro da meta" durante o

primeiro semestre. (Colaboraram Edna Simão e Lucas Marchesini, de Brasília)

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Projetos do PAC ganham mais prazo para contratação Por Edna Simão | De Brasília

Para tentar salvar recursos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC), o governo federal prorrogou até o fim deste ano o prazo para contratação de

obras de saneamento básico selecionadas em 2013. A idéia é retirar do papel 50

obras, que equivalem a investimentos de R$ 2,6 bilhões. Os empreendimentos

foram selecionados, mas não contratados, porque Estados e municípios não

atenderam as exigências feitas para liberação de recursos.

No cenário de recessão econômica e restrição fiscal, a expectativa é a de que não

ocorram novos processos seletivos em 2016. Por isso, o Ministério das Cidades quer

aproveitar os projetos já existentes, porque o processo de seleção pelo governo leva

tempo. Excluindo empreendimentos para minimizar o impacto da crise hídrica em

São Paulo, a última seleção foi realizada em 2013 para contratação de obras até o

fim de 2015.

Segundo o secretário de Saneamento Ambiental do ministério, Paulo Ferreira, esses

projetos não saíram do papel porque não foram cumpridas as cláusulas contratuais

ou por haver pendências jurídicas. Com a prorrogação de um ano para contratação,

Ferreira espera que esses problemas tenham sido resolvidos para que pelo menos

uma parcela do recurso seja liberado.

Dos R$ 2,6 bilhões em projetos selecionados e com alguma pendência, R$ 2,1

bilhões deverão ser bancados com recursos do FGTS e do BNDES. O restante (R$

506 milhões para 14 projetos) será financiado pelo Orçamento da União. No caso de

recursos públicos, a contratação ainda não está certa pois o governo deve divulgar

um corte nas despesas para assegurar o cumprimento da meta do superávit primário

de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

"Não sabemos se vai dar para contratar [as obras que dependem de recurso

público]", disse o secretário. O governo, afirma, está tentando encontrar formas de

garantir maior participação da iniciativa privada nesse tipo de investimento.

Segundo Ferreira, se as pendências para uso de recursos do FGTS forem resolvidas

até 30 de junho, os empreendimentos poderão ser feitos ainda com o orçamento do

Page 13: - Banco Central vê o mundo em espiral · - Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS),

fundo de 2015, melhorando a execução. Em 2015, o fundo curador do FGTS

aprovou a destinação de R$ 7,5 bilhões para investimentos em saneamento.

Sem a demanda pelos recursos, o montante foi reduzido para R$ 5 bilhões. Desse

total, segundo dados do Ministério das Cidades, R$ 2,1 bilhões foram contratados,

ou seja, 42,2% do total. A expectativa é que essa execução melhore um pouco até o

fim de dezembro graças à prorrogação dos prazos para a contratação. Caso as

pendências não sejam sanadas pelos Estados e municípios até o fim do primeiro

semestre, as despesas, se ocorrerem, comprometerão o orçamento do FGTS deste

ano.

A baixa execução do FGTS em 2015 é explicada pelo elevado nível de

endividamento de alguns Estados e municípios e também de empresas de prestação

de serviços. Além disso, existem problemas relacionados à falta de projetos e

licenças ambientais. A prorrogação do prazo de contratações foi feita por meio de

instruções normativas e portarias publicadas no dia 30 de dezembro.

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

Editorial

- Turbulência no ajuste à nova sinalização do BC Foi turbulento o "day after" à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de

manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano pelo sexto mês consecutivo. O

dólar fechou o dia em alta; e, no mercado futuro de juros, o realinhamento de preços

dos contratos futuros continuou. A reação nervosa dos mercados teve mais relação

com o clima de desconfiança que se instalou com o receio de interferência política

nas decisões do Banco Central (BC) do que propriamente com a frustração da

expectativa de alta dos juros.

Há alguns meses, um número significativo de economistas, inclusive de corrente

ortodoxa, alertava para a ineficiência da elevação dos juros para a conter a inflação,

que bateu em 10,67% em 2015, a taxa mais elevada desde 2002. Para eles, a alta

dos preços é fruto, principalmente, do desequilíbrio das contas públicas porque o

governo gasta mais do que arrecada e não enfrenta seriamente o desafio do ajuste

fiscal. O desajuste leva o governo a captar cada vez mais recursos no mercado,

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aumentando a dívida pública e o desequilíbrio das contas, enfraquecidas pelas

receitas decrescentes. Além disso, a indexação retroalimenta esse processo.

Desse ponto de vista, o aumento dos juros faria mais malefícios do que benefícios

ao elevar os gastos com a dívida pública e aprofundar a recessão. Por isso, a

estabilidade dos juros decidida pelo Copom era considerada defensável por boa

parte do mercado. O que pegou mal, porém, foi o episódio da nota do presidente do

BC, Alexandre Tombini, alertando na manhã do dia de início da reunião do Copom

que as previsões pessimistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o

desempenho da economia mundial eram "significativas" e iriam influenciar o Copom.

A nota soou como desculpa para o Banco Central deixar de lado a política monetária

mais ativa que vinha indicando que iria adotar desde o fim do ano passado. O

relatório trimestral da inflação divulgado pouco antes do Natal e a carta endereçada

à Fazenda em 8 de janeiro para justificar o não cumprimento da meta de inflação

haviam sinalizado a disposição do BC de até elevar os juros para conduzir a inflação

ao centro da meta de 4,5% no próximo ano. Em função disso, o mercado realinhou

suas expectativas, chegando a prever três aumentos de meio ponto cada um na taxa

Selic, ao longo deste ano.

Nos últimos dias, porém, nas vésperas da reunião do Copom, o Planalto, por meio

de "auxiliares" da presidente Dilma Rousseff, e o próprio PT, se manifestaram contra

a alta das taxas. Pareceu então ao mercado que Tombini, recuando diante da

pressão política, usou as previsões do FMI como desculpa para indicar a mudança

da trajetória sinalizada anteriormente.

Mas a expectativa de desaceleração global não é propriamente novidade. Desde o

início do ano, o crescimento menor da China e a queda do petróleo estão no radar

dos fatores que prejudicam a economia; e, antes deles, estava a elevação dos juros

americanos. O FMI reduziu em 0,2 ponto a previsão do crescimento mundial deste

ano, para 3,4%; e a de 2017, para 3,7%, invocando ainda os problemas nos

mercados emergentes. As estimativas para o Brasil foram cortadas ainda mais,

passando a recessão deste ano de 1% para 3,5%; e a expansão de 2,3% esperada

para 2017 para crescimento zero.

Desse modo, a perspectiva de desaceleração da economia global e doméstica não é

coisa nova e já deveria ter sido levada em conta pelo BC ao sinalizar mais

austeridade da política monetária a partir do fim de 2015. Por isso, a mudança de

trajetória que marcou esta primeira reunião do ano do Copom está sendo vista pelo

prisma da desconfiança de que o Banco Central vai agora priorizar mais o apoio à

atividade econômica e deixar de lado o combate à inflação, influenciado pela

dominância política. Nas revisões de expectativa que ocorrem desde quarta-feira,

boa parte do mercado passou a prever a estabilidade do juro ao longo deste ano e

alguns já esperam até o corte de taxas.

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Além de ter arranhado a credibilidade do Banco Central, esse episódio perfeitamente

evitável que combina erro de comunicação com administração errática acabou

tirando o foco da necessidade de ajuste fiscal, que é a providência que efetivamente

tem condições de abrir espaço para o controle dos preços e para a retomada do

crescimento. Ao mesmo tempo trouxe pressão adicional sobre o dólar, que vai

alimentar a inflação.

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Desemprego e crise social Por Naercio Menezes Filho

Os últimos dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego

atingiu 9% da força de trabalho no trimestre encerrado em outubro de 2015, um forte

aumento com relação ao mesmo trimestre de 2014. Para entendermos melhor os

efeitos desse desemprego crescente sobre o bem-estar das famílias e a situação

social do país é importante entender a sua composição. Afinal, se o aumento do

desemprego atinge principalmente os jovens que moram com os pais, o seu efeito

sobre o bem-estar é menor do que quando o próprio chefe de família é o mais

afetado. Como tem evoluído a composição do desemprego nessa crise recente?

A figura ao lado mostra a evolução da contribuição (em pontos percentuais) de cada

grupo etário para a taxa de desemprego total do país nos últimos vinte anos. Essa

contribuição depende da taxa de desemprego específica de cada grupo e da sua

participação na PEA total. Dividimos a população brasileira em quatro grupos:

homens adultos (25 a 70 anos), mulheres adultas, jovens (15 a 24 anos) que moram

com os pais e jovens que moram sozinhos. Os resultados são bastante

desanimadores.

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A figura mostra que em 1995, antes do ciclo recessivo anterior, a categoria que mais

contribuía para o desemprego total eram os jovens que moravam com os pais

(2,25%). Homens e mulheres adultos contribuíam com taxas iguais (1,5% cada um)

e os jovens que moravam sozinhos contribuíam com menos de 1%. A recessão do

final dos anos 90 atingiu principalmente os jovens que moravam com os pais e as

mulheres adultas, que na maior parte dos casos não são "chefes" da família. Assim,

o impacto da crise anterior sobre o bem-estar das famílias foi menor.

Entre o final da década de 90 e os dias de hoje muita coisa mudou na população

brasileira. A proporção das mulheres adultas na PEA total, por exemplo, passou de

30% para 35%, refletindo sua maior escolaridade e o menor número de filhos por

família. Assim, a contribuição da taxa de desemprego das mulheres para a taxa de

desemprego global também aumentou.

Por outro lado, a participação dos jovens declinou no mesmo período por duas

razões. A transição demográfica fez com que o número absoluto de jovens

diminuísse na década passada, pela primeira vez na história brasileira. Isso afetou

tanto os jovens que moram com os pais como aqueles que moram sozinhos. Além

disso, o aumento da renda dos pais que ocorreu na década passada, decorrente dos

aumentos do salário-mínimo e do aquecimento dos setores de comércio e serviços,

fez com que muitos jovens que moram com os pais pudessem ficar só estudando ao

invés de procurar trabalho.

Desta forma, a taxa de desemprego agregada reduziu-se entre 2003 e 2011 por dois

motivos. O primeiro foi a redução na importância do grupo mais jovem, que tem uma

taxa de desemprego muito alta (16% em 20003), com o concomitante aumento da

participação das mulheres, que têm desemprego menor (8,5% em 2003). Além

disso, a taxa de desemprego dentro desses dois grupos diminuiu nesse período,

como resultado do aquecimento da economia. Vale notar, porém, que as taxas de

desemprego desses grupos nunca voltaram aos seus valores iniciais (1995) e que

seus níveis em 2015 já são maiores do que no pico da crise anterior (2003).

E o que está acontecendo

atualmente? A figura mostra

que entre 2011 e 2015 (dados

da nova Pnad-Contínua do

IBGE), o grupo demográfico

que mais contribuiu com o

aumento do desemprego

agregado foi justamente o

homem adulto, que ainda é o

chefe de família na maioria dos

domicílios. Isso aconteceu

porque a taxa de desemprego

desse grupo aumentou bastante, de 3,1% em 2011 para 5,5% em 2015, seu maior

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nível desde 1995. Assim, o grupo mais afetado pelo desemprego atualmente tem

sido justamente o que mais precisa de emprego, ou seja, o chefe de família. Assim,

a perda de bem-estar nas famílias brasileiras hoje em dia está sendo maior do que

na crise anterior.

Mas, isso não é tudo. Vários estudos mostram que quando o chefe de família perde

o emprego, o cônjuge e o filho entram na força de trabalho para tentar substituir a

renda perdida. Muitas vezes o jovem deixa de estudar para procurar emprego. Mas,

como não há empregos disponíveis, a taxa de desemprego entre os jovens e

mulheres deve aumentar bastante nos próximos meses. Isso significa que a taxa de

desemprego em 2016 deve superar o pico de desemprego no ciclo recessivo

anterior, quando chegou a 10,5%.

A situação só não será pior porque ao longo da década passada a sociedade

aperfeiçoou seus programas de transferências de renda, tais como o bolsa-família,

que foram criados justamente para evitar o aumento da pobreza em situações

difíceis como essa. Mas será que esses programas serão suficientes para evitar

uma crise social em 2016?

Naercio Menezes Filho, professor titular Cátedra IFB e coordenador do Centro de

Políticas Públicas do Insper, é professor associado da FEAUSP e membro da

Academia Brasileira de Ciências. Escreve mensalmente às sextas-feiras.

[email protected].

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Geração solar ganha escala e competitividade Por Camila Maia | De São Paulo

O aumento da geração de energia solar levou a uma queda de 60% no preço dos

equipamentos nos últimos três anos, fazendo com que a tecnologia fique

economicamente competitiva globalmente pela primeira vez na história. Segundo

estudo do Julius Baer, a energia solar deve competir com as fontes convencionais

em breve, tendo um papel importante nos mercados emergentes.

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Com isso, os custos globais da energia solar devem cair de, em média, US$ 2,50

por watt para US$ 1,50 por watt em 2020.

A demanda por energia renovável deve crescer, principalmente, nos emergentes, diz

Norbert Rücker, analista de commodities do Julius Baer. Ele calcula que os negócios

de energia solar e eólica no mundo podem ser avaliados em cerca de US$ 100

bilhões cada, levando em conta os complexos eólicos e projetos de energia solar

vendidos anualmente no mundo.

O pico de projetos voltados para essas fontes de energia está acontecendo agora na

maior parte mundo, e lentamente os investimentos estão ganhando força nos

mercados emergentes, afirma Rücker. "Há estímulos, claro, acho que é uma questão

de acontecer em alguns anos", disse.

Como são projetos com retorno no longo prazo e com geração de fluxo de caixa

segura e previsível, o analista vê atratividade para investidores internacionais.

Para os projetos de energia solar, as diferenças de estágio de desenvolvimento da

indústria precisam ser levadas em consideração, além das diferenças nos custos de

financiamento e nos subsídios dos governos. "A China oferece as melhores

perspectivas de crescimento da tecnologia solar no mundo", afirma Rücker. Segundo

o analista, as tarifas e custos de instalação são atrativos no país, ajudando nesse

crescimento.

Fora da China, Rücker não aposta em taxas "estelares" de crescimento do uso da

energia solar, mas aponta que os declínios vistos nos custos de instalação e,

consequentemente, nas tarifas, fazem a fonte um modelo mais viável e sustentável

economicamente.

"Além disso, pode haver grande expansão em outros modelos sustentáveis, como

uso de painéis solares em residências", além das grandes usinas instaladas nos

Estados Unidos e na América do Sul.

A redução dos custos dos investimentos em energia eólica e solar já tem provocado

um crescimento dos projetos nos mercados desenvolvidos e na China.

Dados reunidos pelo Julius Baer mostram que, desde 2008, os novos

empreendimentos nos Estados Unidos e Europa, antes dominados por energia

hídrica, passaram a se concentrar em solar e eólica.

Na China, a grande maioria dos investimentos ainda é nas fontes termelétricas, com

destaque para carvão e combustíveis fósseis. As hidrelétricas passaram a ganhar

mais espaço no país asiático desde 2004 e, desde 2010, as fontes solar e eólica

também ganharam espaço.

No Brasil, as eólicas têm se consolidado desde 2009. Desde então, quando

aconteceu o primeiro leilão dessa fonte, o país já contratou cerca de 16,6 mil

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megawatts (MW) dessa fonte em leilões, sendo que 7,8 mil MW já estão em

operação. Apenas em 2015, a capacidade instalada das eólicas cresceu 56,9%.

No caso da energia solar, o primeiro leilão bem sucedido aconteceu no fim de 2014,

e outros dois foram realizados em 2015. No total, já foram contratados mais de 3,2

mil megawattspico (MWp), somando investimentos de mais de R$ 13 bilhões.

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Brent barato tem impacto diferente nas petroleiras Por Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito | Do Rio

Os efeitos da queda do preço do petróleo para patamares inferiores a US$ 30 tem

efeitos diferentes, dependendo do porte das empresas, e são mais relevantes para

produtoras menores. Um relatório do banco Itaú BBA observa que a queda afetará

significativamente as petroleiras PetroRio e Geopark, enquanto a Queiroz Galvão

Exploração e Produção (QGEP) deve sofrer menos com a queda do petróleo no

curto prazo porque produz mais gás, cujo preço é definido no Brasil em reais, e não

com lastro no petróleo Brent.

Para a Petrobras, a maior empresa do Brasil, apesar de lembrarem a falta de clareza

da política de preços, eles encontram um ponto positivo. A atual política da

companhia faz com que apenas 40% das suas receitas estejam sujeitas à variação

do petróleo. Os demais 60% não estão ligados diretamente ao preço do petróleo. Os

analistas Diego Mendes e Pablo Castello Branco, que assinam o relatório, observam

que os preços do diesel, gasolina, óleo combustível e outros produtos, incluindo

etanol e nitrogenados são produzidos pela Petrobras e dizem que "não há uma

fórmula clara" sobre como esses preços acompanham os do petróleo.

A expectativa dos analistas é que as receitas da estatal com a venda destes

produtos fique relativamente estável já que, apesar de aumentos de preços para

alguns deles, os volumes vendidos são menores.

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Já para 40% das receitas atreladas ao Brent, decorrentes das vendas de nafta,

querosene de aviação, e outros derivados de petróleo e gás natural, as exportações

e vendas de subsidiárias internacionais, juntos, terão provavelmente um

desempenho em linha com os preços do petróleo no mercado internacional.

No campo oposto está a PetroRio (antiga HRT), que produz óleo pesado nos campo

de Polvo e Bijupirá e Salema, na bacia de Campos. Como seus campos já estão

maduros, com grande parte do petróleo já retirado, os custos são relativamente

altos.

"Esperamos que a companhia esteja próxima do 'breakeven' [ponto de equilíbrio]

com os preços de petróleo a US$ 30/barril", afirmam os analistas do banco.

Com relação à Geopark, companhia de capital canadense e com ativos no Brasil, o

Itaú BBA também prevê que a companhia sofrerá com o petróleo abaixo de US$ 30

o barril, porém o impacto será menor do que o esperado para a PetroRio. Isso

porque 27% da produção da empresa é de gás natural, cuja precificação é separada

do petróleo.

A precificação diferenciada do gás natural também é o principal motivo para que a

Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) seja menos afetada pela queda do

preço petróleo no curto prazo. "A geração de caixa de Manati [única área em

produção da QGEP] não é afetada pela queda dos preços do petróleo, já que o

preço do gás natural é definido em real", afirmam os analistas no relatório.

No entanto, os analistas lembram que o campo de Atlanta, do qual a empresa possui

30% e cuja produção está prevista para começar em meados de 2016,

provavelmente não vai gerar caixa, e o mercado estará "menos disposto" a atribuir

valor a ele.

No caso da Petrobras, os custos com a importação de petróleo e derivados e

impostos relacionados com a produção devem ser menores. O impacto da

volatilidade do preço do petróleo na geração de caixa da Petrobras medida pelo

Ebitda é limitado este ano. Isso porque a queda da receita deve ser compensada por

menores custos. Vai depender da manutenção dos atuais níveis de preço para o

diesel, gasolina, óleo combustível e GLP. E o efeito sobre a geração de caixa a partir

de 2017 vai depender da política de preços da Petrobras para esses combustíveis,

afirmam.

Os analistas consideram improvável uma redução de preços dos combustíveis em

2016 devido às necessidades financeiras da Petrobras. Mas afirmam que se os

preços do petróleo ficarem baixos por um longo período, uma correção dos

combustíveis, assim como seu significativo impacto na geração de caixa, não podem

ser descartados.

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Carf julga casos de juros sobre capital próprio em sentido

contrário ao STJ Por Beatriz Olivon | De Brasília

Pela primeira vez, a Câmara Superior do

Conselho Administrativo de Recursos Fiscais

(Carf) decidiu que as empresas não podem

acumular valores referentes a juros sobre

capital próprio (JCP) uma forma de

remuneração a sócios em substituição aos

dividendos para abater posteriormente os

valores do Imposto de Renda e da Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A decisão

contraria precedente do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) favoráveis aos contribuintes.

As companhias que distribuem o JCP podem

deduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL os valores. É comum, porém,

empresas adiarem a distribuição em algum período em que apuraram o lucro,

especialmente se precisam de recursos para novos investimentos. Nesses casos, o

Fisco considera irregular o uso do valor acumulado para reduzir os tributos a pagar.

A tese em discussão é considerada uma das mais importantes por advogados que

atuam em processos no Conselho. Os valores em disputa não são,

necessariamente, elevados, mas o tema é relevante porque há muitos processos

que discutem a matéria, segundo o procurador-chefe da Coordenadoria do

Contencioso Administrativa Tributária da PGFN (Cocat), Moisés de Sousa Carvalho

Pereira.

O STJ julgou o assunto em 2009. Ao analisar um mandado de segurança, a 1ª

Turma decidiu que havia direito ao reconhecimento da dedução dos juros sobre

capital próprio transferidos aos acionistas da companhia para a apuração da base de

cálculo do IRPJ e da CSLL no ano-calendário de 2002, relativo aos anos-calendários

de 1997 a 2000. A decisão do tribunal afirma que a legislação não impõe que a

dedução do JCP deva ser feita no mesmo exercício-financeiro em que for realizado

o lucro da empresa.

Esse, contudo, não foi o entendimento da Câmara Superior do Carf ao julgar a

questão. O presidente do órgão e da Câmara Superior, Carlos Alberto Freitas

Barreto, afirmou que o Conselho não está vinculado ao STJ.

Moisés de Sousa Carvalho Pereira: tema

é relevante porque há muitos processos

que discutem a matéria no Carf

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A câmara analisou em conjunto autuações do Itaú, Alcoa Alumínio e IBM. A do Itaú

remete ao intervalo entre abril e dezembro de 2007, quando o banco distribuiu R$

194 milhões a seus acionistas. A instituição financeira foi autuada porque o Fisco

considerou que havia um "excesso de dedutibilidade" de JCP de R$ 110 milhões,

pois o banco teria incluído valores desde o ano 2002. No Carf, a 1ª Turma da 2ª

Câmara havia mantido a autuação.

A mesma turma também manteve uma autuação semelhante da IBM. O Fisco

considerou que JCP lançados no valor de R$ 230 milhões em 2009 se referiam a

períodos de apuração anteriores, especificamente às posições do patrimônio líquido

nos anos de 2000 a 2003.

Já a Alcoa Alumínio havia obtido decisão favorável na 2ª Turma da 2ª Câmara. Para

a turma, pela falta de restrição temporal e da discricionariedade das sociedades em

remunerar os JCP aos acionistas, os juros não precisam ser obrigatoriamente pagos

ou creditados ao fim de cada período, o que permite o pagamento em um momento

futuro. A empresa havia creditado um total de R$ 277,4 milhões de JCP em 2007.

Segundo a fiscalização, haveria um excesso de R$ 108 milhões, por inclusão de

montante referente ao período entre 2000 e 2006.

Ao analisar as autuações, o Carf definiu que as empresas podem fazer a dedução

do JCP no próprio exercício, mas não devem acumular valores referentes a JCP ao

longo dos anos para as deduções. O assunto dividiu o conselho e foi decidido pelo

voto de desempate do presidente.

O relator, conselheiro Rafael Vidal de Araújo, representante da Fazenda, afirmou

que o JCP são juros e, como tais, são considerados despesas. Entram nas regras

de despesas e a companhia não tem direito de deduzir do lucro líquido despesas de

exercícios anteriores. "Despesas de JCP têm que estar correlacionadas com a

receita do período em que se deu a utilização do capital dos sócios, ou seja, no

período em que ele esteve investido na sociedade", afirmou. Já o conselheiro Luís

Flávio Neto, representante dos contribuintes, divergiu. Para ele, a restrição contraria

a lei.

Segundo o advogado Fabio Calcini, do Brasil Salomão Advogados, antes da

reformulação do Carf os julgamentos eram pela admissão do acúmulo de outros

exercícios. Ele afirma que o novo regimento pode ter influenciado a mudança.

"Antigamente, a Câmara Superior era formada por presidentes e vices de turmas,

que já conheciam os enfrentamentos do tema", diz. O advogado diz que não existe

previsão legal de que a faculdade de pagar juros sobre capital próprio se extingue no

ano calendário.

Fábio Alexandre Lunardini, do Peixoto & Cury Advogados, afirma que apesar da

decisão desfavorável, os contribuintes têm a possibilidade de recorrer à Justiça,

onde o precedente é favorável.

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Sobre a decisão do Carf, o Itaú Unibanco informou que tem a "plena convicção" da

legitimidade de suas práticas e irá recorrer ao Judiciário. Alcoa e IBM não comentam

processos em andamento.

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Fonte: Valor Econômico

22/01/2016

- Macunaíma e o combate à corrupção Por Evane Beiguelman Kramer

No momento em que as cortinas se fechavam e o recesso de fim de ano em

diversos órgãos públicos se iniciava, a presidente da República fez publicar a

Medida Provisória nº 703, que altera a Lei nº 12.846/2013, conhecida por Lei de

Combate à Corrupção.

Inova a Medida Provisória ao permitir às empresas que celebrem acordos de

leniência que mantenham suas contratações com o Poder Público e, igualmente, o

direito de licitar. Esta é a previsão que foi inserida no parágrafo segundo do artigo 16

da Lei 12.846. Significa dizer que o acordo de leniência isenta a pessoa jurídica das

sanções restritivas do direito de contratar e licitar previstas na lei de licitações e

outras normas que regem os contratos administrativos.

Outra inovação da MP é que a comissão designada para a apuração de

responsabilidade da pessoa jurídica, após a instauração de processo administrativo,

deve dar conhecimento ao Ministério Público da existência do processo, o que,

antes da alteração da Lei 12.846, era conhecimento a posteriori.

Também o acordo de leniência, cuja competência é do órgão interno de controle dos

Poderes (como é o caso a CGU), deverá ser assinado isoladamente ou

conjuntamente com o Ministério Público ou Advocacia Pública.

Destaque deve ser dado à nova redação do art. 16 da Lei 12.846, que trata da

implementação de mecanismos de integridade (compliance). Agora, os programas

de compliance deixaram de figurar como mera atenuante na aplicação das sanções

da Lei de Combate à Corrupção e adquiriram status de medidas obrigatórias que

devem, necessariamente, resultar da celebração do acordo de leniência.

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Igualmente, deve ser destacada a supressão da necessidade que a empresa admita

sua participação no ilícito nem que seja a primeira a se manifestar. Pela redação do

parágrafo 1º do art. 16 basta que a empresa coopere com as investigações e cesse

seu envolvimento, além, de se comprometer, como dito, à implementação de

programas de integridade (compliance).

A modificação da lei, não restringindo mais o direito à leniência à primeira empresa

que se manifestar, acaba por permitir que várias empresas envolvidas no mesmo

fato ilícito celebrem o acordo de leniência.

Relevante a inovação constante do art. 16, parágrafos 11,12 e artigo 18. A nova

redação impede o prosseguimento ou a propositura de novas ações de improbidade

administrativa fundamentadas nos mesmos fatos objeto do acordo de leniência,

desde que os acordos em questão sejam formalizados com a participação do

Ministério Público e advocacias públicas.

As inovações da Medida Provisória vão ao encontro do projeto de lei que tramita no

Senado (105/2015).

Efetivamente, são alterações que decorrem maturação de profundas mudanças

corporativas pelas quais passamos. Dignas de elogios, são garantistas e estão em

sintonia com os princípios basilares do Estado de Direito, que privilegia o direito ao

"non bis in idem" e ao processo infinito.

Isto significa dizer que a nova legislação dá eficácia aos acordos de leniência, pois,

repita-se, formalizados, com a participação do Ministério Público e das advocacias

públicas, resultará na pacificação do conflito, impedindo a geração interminável de

novos conflitos, caracterizados por ações de improbidade administrativa,

ressarcimento de danos e outros.

Ao tornar obrigatória a implementação de mecanismos de integridade e programas

de compliance, a atual redação da lei de combate à corrupção se compatibiliza a

uma base de sustentabilidade empresarial responsável e ao crescimento de um

novo modelo de corporações brasileiras, atento às boas práticas organizacionais.

Mas, esta visão não é consenso.

Para os técnicos do TCU a Medida Provisória alija a Corte de Contas das

negociações (pois os acordos podem ser celebrados sem a sua participação e aval).

Segundo o TCU, os "enxertos" na Lei Anticorrupção, afastando-o do

acompanhamento dos acordos de leniência, geram nefastas consequências como a

de impor à Corte a responsabilidade pela aprovação ou rejeição de acordo já

firmado sem a sua participação, abrindo flancos de descontentamento no órgão

fiscalizador que entende, imprescindível, sua participação na construção dos

acordos com empresas acusadas de ilícitos previstos na lei de combate à corrupção.

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No tocante ao Ministério Público Federal (MPF), que capitaneia um "pacote" de 20

anteprojetos de lei (em início de tramitação na Comissão de Legislação Participativa

da Câmara dos Deputados), a melhoria dos mecanismos de enfrentamento da

corrupção deve, necessariamente, passar pelo endurecimento das medidas

sancionatórias a exemplo da majoração da pena mínima pelo crime de corrupção

(dois para quatro anos, em regime de reclusão) ou perda de bens antes do trânsito

em julgado da sentença condenatória ou, então, pela criação de juízos

especializados para ações de improbidade administrativa, visando agilizar o

processamento dos feitos.

O paradoxo entre as formas dos mecanismos de enfrentamento da corrupção é

nítida: por um lado alterações que permitem novos vetores de uma cultura de

integridade, as quais estimulam o expurgo das práticas nocivas de corrupção, com

relevo na responsabilidade corporativa e na continuidade da atividade econômica da

construção civil, pesada e infraestrutura, fundamentais à retomada de investimentos

externos e ao resgate de credibilidade brasileira no mercado internacional.

Por outro lado, o viés do endurecimento das sanções e da maior supressão de

garantias do acusado, visando criar o desestímulo às práticas nocivas, pelo

recrudescimento da pena.

Em tempos de crise sistêmica, já aprendemos com a história, o que se deve evitar: a

"armadilha" do maniqueísmo, "civilização versus barbárie". Preferimos a conhecida

chave da experiência que incorpora tensões e contradições, a antropofagia do

movimento modernista, capaz de fazer coincidir experiências (no caso legislativas)

para a criação de uma base empresarial sólida, com fundamento na cultura de

integridade e não, apenas, no recrudescimento e penalização.

Macunaíma, nos parece uma excelente leitura para 2016, afinal, "Tupi or not tupi,

that is the question".

Evane Beiguelman Kramer é advogada do escritório Dal Pozzo Advogados em São

Paulo. Professora da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana

Mackenzie.

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Fonte: O Globo

21/01/2016

- Arrecadação no ano passado foi a pior desde 2010

Tributos e contribuições somaram R$ 1,22 tri, 5,62% a menos que em 2014

POR BÁRBARA NASCIMENTO

- Dado Galdieri / Dado Galdieri

BRASÍLIA - A arrecadação de tributos e contribuições federais encerrou o ano de

2015 em R$ 1,221 trilhão. Segundo dados divulgados pela Receita Federal nesta

quinta-feira, o número representa uma queda real (já descontada a inflação) de

5,62% em relação a 2014. Este é o pior desempenho em cinco anos, desde 2010.

Somente no mês de dezembro, o total arrecadado foi de R$ 121,5 bilhões, 4,32% a

menos do que no ano anterior e o pior resultado desde 2009.

A frustração nas receitas para o ano foi apontada pelo governo como um dos

principais motivos para o resultado primário deficitário a ser apresentado neste ano,

de cerca de R$ 120 bilhões — já abatendo os valores referentes ao pagamento das

pedaladas fiscais. Além disso, o fraco desempenho da economia derruba a

produção e o lucro das empresas. Consequentemente, a arrecadação com os

2ª PARTE

NOTICIAS DO DIA 21/01

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tributos que incidem sobre o lucro tem sido fraca durante todo o ano, explica o chefe

do centro de estudos tributários e aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias:

— No ano de 2015, em comparação com 2014, tivemos desempenho da

arrecadação fortemente impactado pelo desempenho da atividade econômica. Os

indicadores macroeconômicos todos apresentam uma trajetória negativa e isso afeta

diretamente a arrecadação dos tributos e contribuições federais.

O total arrecadado com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, teve uma redução

de 13,82% no período entre janeiro e dezembro. A receita proveniente do Imposto

sobre Produtos Industrializados (IPI) também teve um forte recuo: de 16,07%.

— O desempenho da arrecadação do IRPJ e da CSLL é o termômetro da atividade

das empresas. IRPJ e CSLL explicam majoritariamente o desempenho da

arrecadação tributária — explica Malaquias.

O aumento da taxa de desemprego também tem efeito direto na arrecadação. A

receita previdenciária teve em 2015, na comparação com 2014, uma queda de

6,59% ou R$ 26,7 bilhões a menos.

As desonerações a setores da economia que não conseguiram ser revertidas pelo

governo — sobretudo a referente à folha de pagamento — também pesaram no

resultado. Em 2015, R$ 103,2 bilhões deixaram de entrar nos cofres públicos. Em

2014, esse número era de R$ 99,4 bilhões. A desoneração da folha de pagamentos

é a que mais pesa no resultado: R$ 24,1 bilhões no ano passado.

Malaquias explica que a reoneração da folha — uma das medidas encabeçadas pelo

ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que começou a valer a partir de janeiro de

2016, tinha um impacto previsto de até R$ 11 bilhões em reversão de receita para os

cofres públicos. Como a retração da massa salarial foi maior do que o previsto,

contudo, ele explica que a Receita vai rever a projeção para baixo. Questionado, ele

pondera também que a reoneração não deve ser suficiente para reverter a trajetória

de queda da arrecadação:

— A reoneração não atinge todos os setores, são poucos. E esses setores que vão

ser atingidos pela reoneração são setores que foram fortemente atingidos pela

economia. Talvez aqueles postos de trabalho que teriam uma contribuição

diferenciada em 2016 já não existem mais. Mas a quantificação disso a gente vai dar

mais à frente.

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Fonte: O Globo

21/01/2016

- Petróleo no centro das atenções do primeiro dia de

encontros em Davos

No Fórum Econômico Mundial, executivos não veem recuperação no preço da

‘commodity’

POR BLOOMBERG NEWS

Klaus Schwab, chairman do Fórum Econômico Mundial - Matthew Lloyd / Bloomberg

DAVOS - Se no início da recente crise nos preços do petróleo o mantra repetido era

o do ―mais baixo por mais tempo‖ e depois passou a ser ―mais baixo por ainda mais

tempo‖. Agora, os executivos do petróleo estão começando a falar em Davos sobre

um novo cenário de pesadelo: ―muito mais baixo por muito mais tempo‖.

Nesta quarta-feira, tanto o barril do petróleo tipo Brent — referência internacional —

quanto o do WTI, que é referência para o mercado americano, eram negociados em

queda. Na mínima do dia, o Brent chegou a ser cotado a menos de US$ 28.

No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial na cidade suíça, executivos do setor

de petróleo, legisladores e representantes de bancos disseram que uma

recuperação dos preços da commodity ainda deve continuar muito incerta em 2016

enquanto os grandes produtores continuarem com a extração, e o apetite da China

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por combustível não aumentar. Ele também temem outro golpe forte na cotação do

barril quando o petróleo iraniano voltar de fato ao mercado.

— É o terceiro ano seguido que temos mais oferta que demanda, disse Fatih Birol,

diretor executivo da Agência Internacional de Energia. — Os preços ainda ficarão

sobre pressão. Eu não vejo qualquer razão pela qual teremos um aumento surpresa

nos preços em 2016.

As coisas não vão melhorar até que os mercados tenham passado pelo ―choque de

oferta‖, opinou Tony Hayward, diretor gerente da Glencore. Ele resume afirmando

que há ―muito óleo‖.

O fim das sanções relacionadas a questões nucleares no Irã liberou o país — que já

foi o segundo maior produtor da Organização de Países Exportadores de Petróleo

(Opep) — para voltar a exportar sua produção de petróleo, que caiu pela metade

durante os quase quatro anos de restrições. O Irã pretende retomar sua capacidade

de produzir 500 mil barris diários o mais cedo possível.

— A suspensão das sanções ao Irã irá, na minha opinião, continuar a acrescentar

oferta, então eu não vejo uma saída dos preços desse patamar e uma volta à alta

tão cedo — disse Axel Weber, diretor gerente do UBS Group.

ESFORÇO PARA CORTAR CUSTOS

De acordo com fontes que participaram da reunião, as maiores empresas de

petróleo do mundo reuniram-se a portas fechadas em Davos no primeiro dia do

encontro, num esforço para cortar custos e padronizar alguns dos equipamentos

utilizados na exploração e produção.

As maiores companhias de petróleo acreditam que podem chegar a um consenso

técnico com os fornecedores para que todos na indústria utilizem o mesmo tipo de

kit de exploração em algumas áreas, incluindo válvulas gigantes.

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Fonte: Estadão

21/01/2015

- TCU cobra explicações sobre acordo de leniência da Engevix

ADRIANO CEOLIN - O ESTADO DE S. PAULO

Em despacho assinado nesta quarta, o ministro Bruno Dantas concedeu um prazo de cinco

dias para a Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos

Fachada do Tribunal de Contas da União

Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou explicações à Controladoria

Geral da União (CGU) sobre o acordo de leniência firmado com a Engevix, empresa

acusada de fazer parte do esquema de corrupção da Petrobras.

Em despacho assinado nesta quarta-feira, 20, o ministro Bruno Dantas concedeu um

prazo de cinco dias para a Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos. A

medida atende a um pedido do procurador Julio Marcelo de Oliveira junto ao TCU.

―(...) encaminhe ao Tribunal informações circunstanciadas sobre as tratativas, cópias

das atas de reuniões e de todos os documentos produzidos até o momento,

incluindo, se for o caso, cópia integral dos processos administrativos(...)‖, diz

depacho de Dantas.

Na semana passada, a CGU e a Advocacia Geral da União divulgaram uma nota

conjunta para afirmar ―ser plenamente alcançável‖ um entendimento do governo com

o TCU. O despacho de Dantas mostra que o caminho não é tão fácil assim.

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Há um ano, a Engevix negocia um acordo de leniência com o governo. Basicamente,

a empresa propõe colaborar nas investigações sobre os atos de corrupção na

Petrobras para, em troca, continuar prestando serviços ao governo e disputando

licitações públicas.

Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff editou uma Medida

Provisória específica para alterações na Lei Anti-Corrupção, de 2013, para se

permitir acordos entre o governo e empresas investigadas pela Operação Lava Jato.

Apesar de já estar em vigor, essa MP precisa ser aprovada pelo Congresso a fim de

que tenha validade de lei. O texto do governo recebeu diversas críticas nos meios

jurídico e político.

O Palácio do Planalto argumenta, porém, que a medida é necessária para permitir

que as empresas continuem operando e minimizem e não causem mais danos à

economia brasileira. VOLTAR

Fonte: em.com.br

21/01/2016

- Setor produtivo aprova decisão do Banco Central de

não aumentar a taxa de juros

Para a CNI, o BC tomou a decisão mais sensata diante da recessão da economia

brasileira e das incertezas do cenário global

Simone Kafruni

A piora na economia internacional no início deste ano pode ter determinado a

decisão do Banco Central de não aumentar a taxa de juros. Para a indústria, a

decisão foi acertada para evitar o aprofundamento da crise econômica. O

economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, lamentou a guinada na

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comunicação do BC, que confundiu o mercado, mas disse que a decisão, tomada

em função do crescimento global mais fraco e do derretimento das commodities,

pode ter sido a melhor. ―Há uma turbulência global. O real está com um

comportamento relativamente tranquilo diante de tudo o que está acontecendo. E a

queda do petróleo pode ser positiva para os preços dos combustíveis no Brasil.

Acredito que essas duas coisas motivaram a mudança de percepção do BC‖, disse.

Kawall ressaltou que não compra a ideia de que a autoridade tinha uma ideia e

mudou depois da reunião com a presidente Dilma Rousseff. ―Existe pressão do

governo para ele não subir os juros, é claro. Mas tem muito especialista também

dizendo que ele não deveria subir‖, alertou.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o BC tomou a decisão mais

sensata ―diante da recessão da economia brasileira e das incertezas do cenário

global. ―A indústria considera inaceitável a inflação de dois dígitos. Mas destaca que

os aumentos recentes dos índices são resultado dos reajustes dos preços

administrados, das expectativas negativas e da inércia inflacionária. Por isso, o uso

da taxa de juros como único instrumento de controle da inflação é pouco efetivo e

aprofunda a recessão‖, afirmou em nota.

Para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apesar de a

inflação está elevada, a decisão do Copom foi acertada diante dos indicadores de

desaceleração da economia e aumento do desemprego. ―Pelo que temos

observado, a política de juros elevados do Banco Central provavelmente não será

capaz de afetar substancialmente a dinâmica da inflação futura, mas certamente

desestimulará consideravelmente o investimento produtivo no país, pressionando a

oferta de empregos, reduzindo o consumo das famílias e, consequentemente,

impedindo a retomada do crescimento econômico‖, diz a Fiemg em nota divulgada

ontem. Para a entidade, a recessão vai frear os aumentos de preços.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci,

também avaliou que a decisão foi acertada e que um aumento dos juros nesse

momento seria ―ineficaz‖ do ponto de vista do controle da inflação. ―Estamos

vivenciando um momento difícil na política monetária, com retração da atividade

econômica e a possibilidade da existência da dominância fiscal (que acontece

quando o déficit fiscal é muito grande e pode comprometer a capacidade de

pagamento do país, gerando instabilidade no câmbio e uma ―fuga‖ de capital). E um

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estado com dominância fiscal acaba tornando o aumento da taxa de juros ineficaz

para o controle da inflação‖, afirmou Falci. VOLTAR

Fonte: petronoticias.com.br

21/01/2016

- PETROBRÁS PARALISA ATIVIDADES NA REFINARIA DE OKINAWA, NO

JAPÃO

A Petrobrás decidiu fechar a refinaria

NSKK, situada em Okinawa, no Japão, por

conta da dificuldade de operação e de

obter resultados com a unidade. A compra

do empreendimento se deu em 2008, como

uma estratégia de entrada no mercado

asiático, mas até hoje não trouxe grandes

retornos, por conta de alguns obstáculos

que surgiram no caminho.

Agora, apesar do fechamento e do amplo

programa de desinvestimentos da estatal, a venda da refinaria está sendo avaliada,

mas a conclusão até o momento é que o negócio dificilmente terá um desfecho

vantajoso para a Petrobrás.

Há comparações feitas por executivos entre a aquisição da refinaria de Pasadena e

a de Okinawa, ambas durante a gestão do então diretor internacional Nestor

Cerveró, por conta de erros no planejamento e omissões de informações

estratégicas que poderiam indicar futuros prejuízos, como mudanças na legislação

ambiental do Japão, que trouxeram a necessidade de grandes investimentos para

adequação, avaliados em cerca de US$ 1 bilhão. Sendo que a refinaria havia sido

comprada por cerca de US$ 350 milhões, incluindo os estoques armazenados no

local.

Em 2015 a Petrobrás já havia deixado de refinar petróleo na unidade, mas tinha

continuado a operar cargas em seu terminal marítimo. Agora as operações de

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importação e distribuição e petróleo pararam, com o objetivo de vender o

empreendimento, mas no mercado a operação é vista como um negócio difícil de ser

concretizado, por falta de interessados.

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Fonte: petronoticias.com.br

21/01/2016

- CHINA TERÁ 25% DA SUA DEMANDA POR ENERGIA ELÉTRICA

ABASTECIDA POR FONTES RENOVÁVEIS ATÉ 2030

Um dos maiores mercados do mundo está

buscando reduzir sua dependência de petróleo,

ligando o sinal de alerta para a indústria. O

presidente da Shunfeng International Clean

Energy, Eric Xin Luo, afirmou que o país irá até

2030 ter 25% da sua demanda por energia

elétrica abastecida por fontes renováveis.

A China vem apostando nas renováveis –

basicamente eólica e solar – por conta do avanço

tecnológico nos setor. Um exemplo simples é a geração de energia a partir de um

painel fotovoltaico de 60 pixels, que gerava 185 W e hoje chega a 260 W. O preço

para investir nos setores também vem diminuindo, tornando mais acessível a

tecnologia.

As conseqüências para o setor de petróleo ainda são imprevisíveis, mas a

possibilidade de se perder uma grande parte do mercado consumidor chinês assusta

empresários. De acordo com Xin Luo, a expansão das renováveis conta com o apóio

da classe média chinesa, que busca mais qualidade de vida para esta e futuras

gerações.

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Fonte: O Globo

21/01/2016

- Brasil faz exportação emergencial de energia elétrica para a

Argentina

País realizou carga acima da prevista, segundo operadora do sistema argentino

POR REUTERS

Brasil exporta energia em condição emergencial para a Argentina - Dado Galdieri / Bloomberg

SÃO PAULO - O Brasil realizou duas operações de exportação de energia elétrica

para a Argentina nesta semana, com o envio de 153 megawatts médios, ou 3.672

megawatts-hora, para o país vizinho na terça e na quarta-feira, informou nesta

quinta-feira o Ministério de Minas e Energia.

De acordo com a pasta, a eletricidade foi solicitada em caráter emergencial pela

operadora do sistema argentino, Cammesa, devido à realização de uma carga acima

da prevista e à indisponibilidade de geração na Argentina para atender a demanda

extra.

O Brasil enviou ao país vizinho 69 megawatts médios, ou 1.656 megawatts-hora, na

terça-feira e outros 84 megawatts médios, ou 2.016 megawatts-hora, na quarta-feira,

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segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) citados pelo

ministério.

O Brasil possui interligações internacionais que permitem importação ou exportação

de energia elétrica para Argentina, Uruguai e Venezuela.

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