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22/01/2016
- Banco Central vê o mundo em espiral
Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia (Suíça), nos dias 9 e
10, Alexandre Tombini mudou de idéia...
- A hora da verdade reinventar a Petrobras
Dizer que a situação da Petrobras hoje é dramática parece uma tautologia. Mas o que muita gente esquece é
que isso já era verdade há muito tempo...
- País pode perder 2,5 milhões de vagas em 2 anos
Drenado por uma onda de demissões em quase todos os setores, o mercado de trabalho perdeu no ano
passado 1,5 milhão de postos formais...
- Projetos do PAC ganham mais prazo para contratação
Para tentar salvar recursos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal
prorrogou até o fim deste ano o prazo para contratação de obras de saneamento básico selecionadas em 2013...
- Turbulência no ajuste à nova sinalização do BC
Foi turbulento o "day after" à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros
em 14,25% ao ano pelo sexto mês consecutivo...
- Desemprego e crise social
Os últimos dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego atingiu 9% da força de trabalho
no trimestre encerrado em outubro de 2015...
- Geração solar ganha escala e competitividade
O aumento da geração de energia solar levou a uma queda de 60% no preço dos equipamentos nos últimos três anos...
- Brent barato tem impacto diferente nas petroleiras
Os efeitos da queda do preço do petróleo para patamares inferiores a US$ 30 tem efeitos diferentes,
dependendo do porte das empresas, e são mais relevantes para produtoras menores...
- Carf julga casos de juros sobre capital próprio em sentido
contrário ao STJ
Pela primeira vez, a Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) decidiu que as
empresas não podem acumular valores referentes a juros sobre capital próprio...
- Macunaíma e o combate à corrupção
No momento em que as cortinas se fechavam e o recesso de fim de ano em diversos órgãos públicos se iniciava, a presidente da República fez publicar a Medida Provisória nº 703...
- Arrecadação no ano passado foi a pior desde 2010
Tributos e contribuições somaram R$ 1,22 tri, 5,62% a menos que em 2014...
- Petróleo no centro das atenções do primeiro dia de encontros
em Davos
No Fórum Econômico Mundial, executivos não veem recuperação no preço da ‗commodity‘...
- TCU cobra explicações sobre acordo de leniência da Engevix
Em despacho assinado nesta quarta, o ministro Bruno Dantas concedeu um prazo de cinco dias para a
Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos...
- Setor produtivo aprova decisão do Banco Central de não
aumentar a taxa de juros
Para a CNI, o BC tomou a decisão mais sensata diante da recessão da economia brasileira e das incertezas do
cenário global...
- PETROBRÁS PARALISA ATIVIDADES NA REFINARIA DE
OKINAWA, NO JAPÃO
A Petrobrás decidiu fechar a refinaria NSKK, situada em Okinawa, no Japão, por conta da dificuldade de
operação e de obter resultados com a unidade...
- CHINA TERÁ 25% DA SUA DEMANDA POR ENERGIA
ELÉTRICA ABASTECIDA POR FONTES RENOVÁVEIS ATÉ
2030
Um dos maiores mercados do mundo está buscando reduzir sua dependência de petróleo, ligando o sinal de
alerta para a indústria...
- Brasil faz exportação emergencial de energia elétrica para a
Argentina
País realizou carga acima da prevista, segundo operadora do sistema argentino...
Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Banco Central vê o mundo em espiral Por Claudia Safatle
Após participar da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na
Basiléia (Suíça), nos dias 9 e 10, Alexandre Tombini mudou de idéia sobre o que
deveria ser a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), esta semana. Ali ele
se informou melhor sobre os rumos da desaceleração da China e sobre o futuro dos
preços internacionais do petróleo. Ambos com consequências desinflacionárias para
o restante do mundo.
Embora os documentos oficiais do Copom e os pronunciamentos do presidente do
BC tivessem formado a percepção no mercado de que o Copom aumentaria a taxa
Selic em 0,5 ponto percentual, ainda dava tempo de comunicar uma mudança de
rota ao mercado, ao deixar claro que todas as informações, inclusive as do Fundo
Monetário Internacional (FMI), seriam avaliadas pelo Copom.
Na quinta-feira da semana passada Tombini foi avisado pelo FMI da revisão para
pior que a instituição faria, em comunicado na terça feira desta semana, nas
projeções de crescimento do Brasil para este (3,5%) e para o ano que vem (zero).
O presidente do BC cogitou deixar os dados do FMI falarem por si, mas acabou
decidindo usá-los como justificativa para um novo comunicado ao mercado. Chamou
Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização, e ambos redigiram na noite de
segunda-feira a nota que foi divulgada na manhã de terça, uma hora após o anúncio
das novas projeções do Fundo.
Se entre os economistas, mesmo os mais conservadores, havia forte
questionamento sobre a utilidade da elevação da taxa de juros, a grande maioria dos
operadores do mercado financeiro convergiam para um aumento de 0,5 ponto
percentual, que elevaria a taxa Selic para 14,75% ao ano.
Reunir o Copom na terça e quarta feira e não subir a Selic, sem dar um sinal prévio
ao mercado, poderia gerar comoção nacional e até despertar suspeitas de
vazamento de informações. Tombini optou por divulgar a nota mesmo sabendo que
receberia severas críticas e que essa iniciativa arranharia a credibilidade do BC.
1ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 22/01
Convencido de que o mundo entrou em uma "espiral", ele resolveu arriscar, conta
uma fonte. "É melhor ter perda de credibilidade do que fazer uma coisa sabendo que
está equivocada", comentou.
As pressões políticas do PT e do ex-presidente Lula contra o aumento dos juros
estavam estampadas diariamente nos jornais. Os pronunciamentos da presidente
Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de que o BC tem
autonomia para decidir sobre juros foram, em geral, de pouca valia para os agentes
do mercado. Têm a mesma força de persuasão de quando se declara que o técnico
de futebol "está prestigiado".
"Aqui ninguém se move por pressão política ou por pressão do mercado", costumam
afirmar os membros do Copom a cada suspeita de que a presidente passou alguma
determinação para a política monetária.
Dilma achava que o comitê aumentaria a Selic em 0,5 ponto percentual, rezava para
que fosse apenas 0,25 ponto percentual e foi surpreendida tanto pela nota de terça--
feira quanto pela manutenção dos juros, sustentavam fontes oficiais ontem. Para
esses informantes há uma grande diferença entre como as coisas ocorrem no
governo e como a opinião pública suspeita que elas ocorram. Nas conversas entre a
presidente e Tombini não há uma terceira pessoa para testemunhar o que de fato
acontece. Sabe-se, também, que poucos vão acreditar nesses argumentos.
O BC divulgou no dia 8 a carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que a
inflação fugiu da meta no ano passado, chegando a 10,67% para um teto de 6,5%.
Embora as notícias vindas da China já chacoalhassem os mercados desde o dia 4
de janeiro, todos leram a carta como mais uma reiteração de que os juros subiriam
0,5 pontos esta semana. Ontem, porém, estudiosos da política monetária no
governo comentavam que a carta já indicava algumas pistas "dovish". Entre os
parágrafos 30 e 38 o BC mencionava pelo menos três elementos que poderiam ser
interpretados como sinal de que não era líquido e certo o aumento dos juros de 0,5
ponto percentual. Eram eles: "efeitos cumulativos que se manifestam com
defasagem", um desenho de "política fiscal convincente e sustentável" e a referência
ao "hiato do produto em território desinflacionário".
Na avaliação dos economistas oficiais, a atividade ainda não chegou ao fundo do
poço. A retração continua, mas o ajuste externo impulsionado pela desvalorização
cambial tem sido forte, e o ingresso de investimentos para a aquisição de negócios
que ficaram baratos é substancial. Só na quarta-feira houve entrada líquida de US$
850 milhões.
Nas reuniões da Basiléia os dois assuntos mais discutidos a portas fechadas foram
a piora da situação da economia na China que em 12 meses até dezembro já
perdeu US$ 900 bilhões em investimentos e as razões para a queda de 15% nos
preços do petróleo este ano.
A derrubada do preço do petróleo é preocupante, explica o corte de cerca de 50%
nos investimentos norte-americanos nesse setor e a liquidação de ativos por parte
de fundos soberanos. Os efeitos foram mais rápidos sobre os investimentos que
sobre o consumo de derivados.
China e petróleo produziram queda de 13% do Ibovespa e no índice Dow Jones e
queda de cerca de 20% nas bolsas chinesas neste início de ano. As bolsas dão a
dimensão da confiança dos empresários.
Mas se há alguns supostos efeitos desinflacionários vindos do exterior, aqui a
situação está longe de um conforto.
Pelo menos dois riscos inflacionários à frente podem atrapalhar os prognósticos do
Copom para limitar a inflação de 2016 ao teto de 6,5%: a elevação da Cide e o preço
da energia.
O BC não conta mais com a entrada em vigor da bandeira verde nas contas de
energia este ano, prevista para abril ou maio. A informação é que a bandeira
vermelha prevalecerá por todo o ano. Mesmo com toda a chuva no país, o custo da
energia para consumidores residenciais e industriais se manterá elevado, pela
continuidade do uso das usinas térmicas. Isso mostra que o curso da política
monetária, agora, é uma questão em aberto.
Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- A hora da verdade reinventar a Petrobras Dizer que a situação da Petrobras hoje é dramática parece uma tautologia. Mas o
que muita gente esquece é que isso já era verdade há muito tempo. Os problemas,
diga-se de passagem, têm início há mais de dez anos, mas a sua insustentabilidade
ficou evidente já aos primeiros sinais de queda dos preços do petróleo.
Por decisões do acionista controlador, a companhia foi vilipendiada na última década
em pelo menos quatro frentes. Na primeira, adotou uma pseudopolítica de preços
suicida, que logrou ao mesmo tempo fragilizar a companhia, inviabilizar o modelo
competitivo preceituado pela Lei do Petróleo e pela Lei do Cade e paralisar a
indústria do etanol.
A segunda frente foi a adoção de um plano de investimentos megalomaníaco, onde
os números eram recorrentemente torturados para justificar o injustificável. Ao
mesmo tempo, as estruturas de controle eram propositalmente desprovidas de
eficácia, o que se comprova pela incapacidade do conselho de administração de ter
qualquer informação sobre a rentabilidade dos bilionários investimentos que
aprovava. Cenários de estresse ou inexistiam ou eram insuficientes.
A terceira frente foi uma estrutura ideológica de protecionismo, que, além do tão
falado 'conteúdo nacional', obrigou a companhia financiar com seu próprio balanço,
ou através de garantias, estaleiros e fornecedores muitos dos quais claramente
desprovidos de condições adequadas. Criou-se um "mercado" onde o único
comprador precisava comprar muito, e era limitado a um universo restrito de
fornecedores. Os resultados, como se viu, foram custos explosivos e muita
corrupção.
A quarta frente foi o aparelhamento de parcelas da companhia, inchando despesas e
alocando recursos para atividades que nada tinham com a sua missão prevista em
lei e estatuto. O desprestígio imposto ao excelente quadro técnico da Petrobras
levou a uma situação de seleção adversa, com muitos bons profissionais saindo em
planos de demissão voluntária.
Perceba-se que a corrupção, ainda que perpasse os fatores acima, não está listada
como fonte principal das agruras. Ela é, ao mesmo tempo, causa e consequência.
Sem dúvida trouxe prejuízos gigantescos, mas não é a causa principal.
Paradoxalmente, há que se comemorar o desabamento das cotações do petróleo. O
balanço e o plano de negócios da Petrobras já eram inviáveis com o petróleo a US$
70, mas esses fatos poderiam ser disfarçados por muito tempo principalmente
considerando-se a complacência do mercado, que financiou tudo isso por tanto
tempo. O petróleo a US$ 30 atua como um "wake up call". Como diz Warren Buffett,
é na maré baixa que vemos quem está nadando nu.
Constatada a gravidade dos fatos, discute-se o que fazer. Vemos a Petrobras trazer
a mercado reiteradas revisões nos seus planos de investimentos e de alienação de
ativos. A administração atual tenta correr atrás da curva por conta de uma situação
que não criou, e que não parece ter as condições para reverter.
O tamanho do buraco no qual a Petrobras se encontra não poderá nunca ser
resolvido através de ações incrementais ou marginais. Contudo, é isso o que tenta
fazer a companhia com esses ajustes. Em que pesem os novos planos anunciados,
não se consegue responder à principal pergunta: afinal, para onde vai a Petrobras?
Ninguém sabe. E não sabe porque a empresa não tem um plano estratégico que
reflita a atual realidade. O que vemos são ajustes no que foi definido por gestões
anteriores. Pior: como um dos primeiros atos da atual gestão, propôs-se uma
reestruturação administrativa e da governança, com a contratação de grandes
consultorias internacionais. Trata-se de uma inversão de fatores, que altera em
muito o produto. Primeiro, é importante que se tenha uma visão do que a empresa
será dentro de 10 ou 20 anos. Em seguida, ajusta-se a estrutura para esse plano
estratégico.
Para piorar, uma pessoa com muitos anos de casa nos descreveu o impacto da
menção do termo "reestruturação" numa empresa como a Petrobras.
Imediatamente, o corpo técnico passa a se preocupar com seus próprios papéis. A
política passa a ter um peso enorme nas preocupações dos funcionários, diminuindo
sua capacidade de focar nos gigantescos desafios efetivos que enfrenta a
companhia.
Temos, portanto, uma companhia sem direção, com um corpo técnico machucado,
ameaçado pela reestruturação e liderado por uma diretoria indicada em grande parte
pela administração anterior, e de forma interina. Não há qualquer garantia que seus
membros para não falar todas as áreas da companhia compartilhem algo próximo
de uma visão sobre o futuro da Petrobras. Isso sem falar na confusão instalada no
conselho de administração, que, após ser reestruturado, perdeu seu presidente e
mais dois membros.
Por fim, lembremos do gigantismo. A Petrobras sofre hoje também com importantes
deseconomias de escala, que tornaram possível dentre outras coisas os péssimos
investimentos recentes e o domínio de algumas áreas por pessoas mal--
intencionadas. A empresa, desse tamanho e com essa complexidade, não é
administrável (como também não são algumas outras empresas privadas que
ficaram grandes demais para seu próprio bem).
A solução dos problemas da Petrobras não pode se resumir a um ambicioso
programa de venda de ativos. O impacto seria negativo para a empresa (pode-se
vender tudo e sobrar dívida) e para o Brasil. Dada a relevância da Petrobras nas
cadeias em que atua, essa alienação pode representar a perda de uma
oportunidade de ouro de reestruturação setorial com vistas a melhorar nossa
competitividade.
Um exemplo é a alienação de participações em distribuidoras de gás. Ao invés de
ter levado à criação de um setor autossustentável e competitivo, criou-se uma
holding de participações minoritárias e alienou-se 49%. Ou seja, a Petrobras
continua fazendo a mesma coisa, mas fez algum caixa com a operação. Nenhuma
preocupação estratégica ou competitiva para a Petrobras ou para o país.
Além de tudo isso, a própria diretoria relata dificuldades no corpo da Petrobras em
alienar ativos. Algumas dessas resistências têm até razão de existir. Provavelmente
estamos falando do maior programa de privatização da história, sendo executado de
forma independente por uma companhia sem os processos, transparência e controle
que, por exemplo, marcaram a venda de ativos públicos no passado.
A capitalização, apontada por alguns analistas como a solução, tampouco seria
suficiente. Se não consertarmos o modelo, os novos recursos poderão ir para o ralo
como foram os da capitalização de 2010. É chegada a hora de repensar a Petrobras
de maneira radical.
Sua estratégia não pode mais ser o "deixa comigo que eu faço tudo". É preciso
determinar um tamanho ótimo para a companhia sob três prismas: gerencial (qual
tamanho de empresa pode ser administrado racionalmente?), estratégico (quais são
as sinergias efetivamente valiosas a se manter integradas?) e de interesse nacional
(queremos depender tanto de uma só empresa?).
Entendemos que, uma vez feita essa análise, o ideal seria dividir a Petrobras numa
série de empresas, maximizando os resultados dos três prismas. Os acionistas da
Petrobras passariam a ser donos de várias empresas, em segmentos que fazem
sentido para a empresa e para o Brasil. A atividade de refino, por exemplo, precisa
ser exercida por várias empresas, para que a premissa de livre concorrência da Lei
do Petróleo possa se tornar realidade.
Feitos os "spinoffs", a decisão sobre a manutenção do controle estatal de cada uma
das empresas seria uma discussão em separado, que a sociedade precisaria
enfrentar. Mas o desenho teria a vantagem de otimizar a gestão de um dos setores
mais relevantes da nossa economia, trazendo transparência e produtividade. Em
outras palavras, gerando valor, que é a única forma de se pagar a monumental
dívida que foi imposta pelo governo à Petrobras. No processo, recuperaria-se a
credibilidade do nosso mercado de capitais, profundamente abalado pela destruição
de centenas de bilhões de dólares de capital público e privado.
Todo esse processo precisa ser liderado por um conselho efetivamente empoderado
para tomar decisões dessa monta, com mandato para contratar, demitir e remunerar
os gestores. Governança de verdade.
Os funcionários só teriam a ganhar ao participar de empresas e de um setor mais
forte. O setor privado teria a energia como vantagem e não desvantagem
competitiva. E o Brasil, finalmente, deixaria de ser refém de uma única empresa que,
como vimos, pode cair nas garras de agentes nem um pouco alinhados com o
interesse público que levou à sua criação em 1953.
Mauro Rodrigues da Cunha e José Guimarães Monforte são ex-conselheiros da
Petrobras
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- País pode perder 2,5 milhões de vagas em 2 anos Por Camilla Veras Mota | De São Paulo
Drenado por uma onda de demissões em quase todos os setores, o mercado de
trabalho perdeu no ano passado 1,5 milhão de postos formais, de acordo com o
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com a redução de
3,7% no volume de carteiras assinadas no país, o número de trabalhadores
formalizados chegou a 39,6 milhões, nível semelhante ao registrado em 2012.
Apesar de o resultado ser o pior da série e o primeiro negativo desde 1999, não há
previsão de alívio no curto prazo. Considerando que as primeiras estimativas para
este ano projetam fechamento de mais de um milhão de vagas, o biênio 20152016
pode superar a marca dos 2,5 milhões de empregos formais perdidos.
O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, admitiu ao comentar
os números que 2015 foi um ano "difícil" para o emprego, mas destacou que o
mercado de trabalho tem "capacidade rápida de resposta". "Minha expectativa é
que, na medida em que tenhamos início de retomada dessa atividade, haverá
retomada muito rápida da geração de emprego", disse.
A indústria liderou as demissões em 2015, com 608,8 mil cortes, reduzindo sua
participação no volume vagas no país para 19,2%, contra 20,9% em janeiro de 2013.
A construção civil foi a que mais perdeu em termos percentuais as 416,9 mil
demissões líquidas representam redução de 13,6% no estoque de emprego. Os
serviços e o comércio, com, 276,1 mil e 218,7 mil, respectivamente, tiveram o
primeiro desempenho anual negativo desde 1998.
Apesar de continuarem neste ano, as demissões devem mostrar uma composição
ligeiramente diferente, dizem economistas, com um ritmo menor de cortes na
indústria e manutenção do ajuste intenso observado nos serviços nos últimos meses
do ano.
"A queda na produção industrial foi muito forte no ano passado. As empresas já
adequaram [os quadros de funcionários], demitiram os trabalhadores mais
qualificados", afirma o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira. Os
serviços, diz, por terem sido o último setor a sentir os efeitos da recessão, ainda têm
espaço para cortar. "Eles vão ser o grande destaque negativo do primeiro trimestre".
Para o economista Fabio Romão, da LCA Consultores, o primeiro trimestre deve ser
o pior para o emprego neste ano, reflexo ainda da recessão forte do ano passado,
responsável por uma contração de 3,6% no PIB, conforme as estimativas da
consultoria. O mercado de trabalho, lembra, reage à atividade de maneira defasada.
Assim, a nova queda esperada para o rendimento real, ainda que em nível menor do
que em 2015, reforça a expectativa de novas demissões no comércio e nos serviços.
A projeção da LCA para o saldo de vagas formais em 2016, negativo em 1,2 milhão,
conta com perdas de 517 mil empregos na indústria, que devem se concentrar nos
primeiros três meses do ano. Romão ressalta, entretanto, que segmentos como o de
material de transporte e o de metalúrgica e mecânica, que contam grande volume de
funcionários em regime de "layoff" e férias coletivas, podem passar por novos
desligamentos significativos.
Os salários médios de admissão contabilizados pelo Caged recuaram 1,64% em
termos reais em 2015, 2,4% só em dezembro, passando a valer R$ 1.270,74. Essa
queda expressiva no poder de compra das famílias, que deve continuar também
neste ano, pondera a MCM Consultores, fará com que o mercado de trabalho seja
um dos poucos focos de alívio para a inflação neste ano.
A dinâmica é inversa àquela observada ainda em 2014, quando a taxa de
desemprego medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) atingiu a mínima
histórica de 4,8% e os salários do Caged aumentaram 0,5% em termos reais. Em
2013, eles avançaram 3,1%, já descontada a inflação.
Para Oliveira, do Fibra, o mercado de trabalho deve seguir desinflacionário pelos
próximos três anos, pelo menos. Ao lado da taxa de câmbio "mais comportada", será
um dos principais responsáveis pela inflação "em torno do centro da meta" durante o
primeiro semestre. (Colaboraram Edna Simão e Lucas Marchesini, de Brasília)
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Projetos do PAC ganham mais prazo para contratação Por Edna Simão | De Brasília
Para tentar salvar recursos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), o governo federal prorrogou até o fim deste ano o prazo para contratação de
obras de saneamento básico selecionadas em 2013. A idéia é retirar do papel 50
obras, que equivalem a investimentos de R$ 2,6 bilhões. Os empreendimentos
foram selecionados, mas não contratados, porque Estados e municípios não
atenderam as exigências feitas para liberação de recursos.
No cenário de recessão econômica e restrição fiscal, a expectativa é a de que não
ocorram novos processos seletivos em 2016. Por isso, o Ministério das Cidades quer
aproveitar os projetos já existentes, porque o processo de seleção pelo governo leva
tempo. Excluindo empreendimentos para minimizar o impacto da crise hídrica em
São Paulo, a última seleção foi realizada em 2013 para contratação de obras até o
fim de 2015.
Segundo o secretário de Saneamento Ambiental do ministério, Paulo Ferreira, esses
projetos não saíram do papel porque não foram cumpridas as cláusulas contratuais
ou por haver pendências jurídicas. Com a prorrogação de um ano para contratação,
Ferreira espera que esses problemas tenham sido resolvidos para que pelo menos
uma parcela do recurso seja liberado.
Dos R$ 2,6 bilhões em projetos selecionados e com alguma pendência, R$ 2,1
bilhões deverão ser bancados com recursos do FGTS e do BNDES. O restante (R$
506 milhões para 14 projetos) será financiado pelo Orçamento da União. No caso de
recursos públicos, a contratação ainda não está certa pois o governo deve divulgar
um corte nas despesas para assegurar o cumprimento da meta do superávit primário
de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
"Não sabemos se vai dar para contratar [as obras que dependem de recurso
público]", disse o secretário. O governo, afirma, está tentando encontrar formas de
garantir maior participação da iniciativa privada nesse tipo de investimento.
Segundo Ferreira, se as pendências para uso de recursos do FGTS forem resolvidas
até 30 de junho, os empreendimentos poderão ser feitos ainda com o orçamento do
fundo de 2015, melhorando a execução. Em 2015, o fundo curador do FGTS
aprovou a destinação de R$ 7,5 bilhões para investimentos em saneamento.
Sem a demanda pelos recursos, o montante foi reduzido para R$ 5 bilhões. Desse
total, segundo dados do Ministério das Cidades, R$ 2,1 bilhões foram contratados,
ou seja, 42,2% do total. A expectativa é que essa execução melhore um pouco até o
fim de dezembro graças à prorrogação dos prazos para a contratação. Caso as
pendências não sejam sanadas pelos Estados e municípios até o fim do primeiro
semestre, as despesas, se ocorrerem, comprometerão o orçamento do FGTS deste
ano.
A baixa execução do FGTS em 2015 é explicada pelo elevado nível de
endividamento de alguns Estados e municípios e também de empresas de prestação
de serviços. Além disso, existem problemas relacionados à falta de projetos e
licenças ambientais. A prorrogação do prazo de contratações foi feita por meio de
instruções normativas e portarias publicadas no dia 30 de dezembro.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
Editorial
- Turbulência no ajuste à nova sinalização do BC Foi turbulento o "day after" à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de
manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano pelo sexto mês consecutivo. O
dólar fechou o dia em alta; e, no mercado futuro de juros, o realinhamento de preços
dos contratos futuros continuou. A reação nervosa dos mercados teve mais relação
com o clima de desconfiança que se instalou com o receio de interferência política
nas decisões do Banco Central (BC) do que propriamente com a frustração da
expectativa de alta dos juros.
Há alguns meses, um número significativo de economistas, inclusive de corrente
ortodoxa, alertava para a ineficiência da elevação dos juros para a conter a inflação,
que bateu em 10,67% em 2015, a taxa mais elevada desde 2002. Para eles, a alta
dos preços é fruto, principalmente, do desequilíbrio das contas públicas porque o
governo gasta mais do que arrecada e não enfrenta seriamente o desafio do ajuste
fiscal. O desajuste leva o governo a captar cada vez mais recursos no mercado,
aumentando a dívida pública e o desequilíbrio das contas, enfraquecidas pelas
receitas decrescentes. Além disso, a indexação retroalimenta esse processo.
Desse ponto de vista, o aumento dos juros faria mais malefícios do que benefícios
ao elevar os gastos com a dívida pública e aprofundar a recessão. Por isso, a
estabilidade dos juros decidida pelo Copom era considerada defensável por boa
parte do mercado. O que pegou mal, porém, foi o episódio da nota do presidente do
BC, Alexandre Tombini, alertando na manhã do dia de início da reunião do Copom
que as previsões pessimistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o
desempenho da economia mundial eram "significativas" e iriam influenciar o Copom.
A nota soou como desculpa para o Banco Central deixar de lado a política monetária
mais ativa que vinha indicando que iria adotar desde o fim do ano passado. O
relatório trimestral da inflação divulgado pouco antes do Natal e a carta endereçada
à Fazenda em 8 de janeiro para justificar o não cumprimento da meta de inflação
haviam sinalizado a disposição do BC de até elevar os juros para conduzir a inflação
ao centro da meta de 4,5% no próximo ano. Em função disso, o mercado realinhou
suas expectativas, chegando a prever três aumentos de meio ponto cada um na taxa
Selic, ao longo deste ano.
Nos últimos dias, porém, nas vésperas da reunião do Copom, o Planalto, por meio
de "auxiliares" da presidente Dilma Rousseff, e o próprio PT, se manifestaram contra
a alta das taxas. Pareceu então ao mercado que Tombini, recuando diante da
pressão política, usou as previsões do FMI como desculpa para indicar a mudança
da trajetória sinalizada anteriormente.
Mas a expectativa de desaceleração global não é propriamente novidade. Desde o
início do ano, o crescimento menor da China e a queda do petróleo estão no radar
dos fatores que prejudicam a economia; e, antes deles, estava a elevação dos juros
americanos. O FMI reduziu em 0,2 ponto a previsão do crescimento mundial deste
ano, para 3,4%; e a de 2017, para 3,7%, invocando ainda os problemas nos
mercados emergentes. As estimativas para o Brasil foram cortadas ainda mais,
passando a recessão deste ano de 1% para 3,5%; e a expansão de 2,3% esperada
para 2017 para crescimento zero.
Desse modo, a perspectiva de desaceleração da economia global e doméstica não é
coisa nova e já deveria ter sido levada em conta pelo BC ao sinalizar mais
austeridade da política monetária a partir do fim de 2015. Por isso, a mudança de
trajetória que marcou esta primeira reunião do ano do Copom está sendo vista pelo
prisma da desconfiança de que o Banco Central vai agora priorizar mais o apoio à
atividade econômica e deixar de lado o combate à inflação, influenciado pela
dominância política. Nas revisões de expectativa que ocorrem desde quarta-feira,
boa parte do mercado passou a prever a estabilidade do juro ao longo deste ano e
alguns já esperam até o corte de taxas.
Além de ter arranhado a credibilidade do Banco Central, esse episódio perfeitamente
evitável que combina erro de comunicação com administração errática acabou
tirando o foco da necessidade de ajuste fiscal, que é a providência que efetivamente
tem condições de abrir espaço para o controle dos preços e para a retomada do
crescimento. Ao mesmo tempo trouxe pressão adicional sobre o dólar, que vai
alimentar a inflação.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Desemprego e crise social Por Naercio Menezes Filho
Os últimos dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego
atingiu 9% da força de trabalho no trimestre encerrado em outubro de 2015, um forte
aumento com relação ao mesmo trimestre de 2014. Para entendermos melhor os
efeitos desse desemprego crescente sobre o bem-estar das famílias e a situação
social do país é importante entender a sua composição. Afinal, se o aumento do
desemprego atinge principalmente os jovens que moram com os pais, o seu efeito
sobre o bem-estar é menor do que quando o próprio chefe de família é o mais
afetado. Como tem evoluído a composição do desemprego nessa crise recente?
A figura ao lado mostra a evolução da contribuição (em pontos percentuais) de cada
grupo etário para a taxa de desemprego total do país nos últimos vinte anos. Essa
contribuição depende da taxa de desemprego específica de cada grupo e da sua
participação na PEA total. Dividimos a população brasileira em quatro grupos:
homens adultos (25 a 70 anos), mulheres adultas, jovens (15 a 24 anos) que moram
com os pais e jovens que moram sozinhos. Os resultados são bastante
desanimadores.
A figura mostra que em 1995, antes do ciclo recessivo anterior, a categoria que mais
contribuía para o desemprego total eram os jovens que moravam com os pais
(2,25%). Homens e mulheres adultos contribuíam com taxas iguais (1,5% cada um)
e os jovens que moravam sozinhos contribuíam com menos de 1%. A recessão do
final dos anos 90 atingiu principalmente os jovens que moravam com os pais e as
mulheres adultas, que na maior parte dos casos não são "chefes" da família. Assim,
o impacto da crise anterior sobre o bem-estar das famílias foi menor.
Entre o final da década de 90 e os dias de hoje muita coisa mudou na população
brasileira. A proporção das mulheres adultas na PEA total, por exemplo, passou de
30% para 35%, refletindo sua maior escolaridade e o menor número de filhos por
família. Assim, a contribuição da taxa de desemprego das mulheres para a taxa de
desemprego global também aumentou.
Por outro lado, a participação dos jovens declinou no mesmo período por duas
razões. A transição demográfica fez com que o número absoluto de jovens
diminuísse na década passada, pela primeira vez na história brasileira. Isso afetou
tanto os jovens que moram com os pais como aqueles que moram sozinhos. Além
disso, o aumento da renda dos pais que ocorreu na década passada, decorrente dos
aumentos do salário-mínimo e do aquecimento dos setores de comércio e serviços,
fez com que muitos jovens que moram com os pais pudessem ficar só estudando ao
invés de procurar trabalho.
Desta forma, a taxa de desemprego agregada reduziu-se entre 2003 e 2011 por dois
motivos. O primeiro foi a redução na importância do grupo mais jovem, que tem uma
taxa de desemprego muito alta (16% em 20003), com o concomitante aumento da
participação das mulheres, que têm desemprego menor (8,5% em 2003). Além
disso, a taxa de desemprego dentro desses dois grupos diminuiu nesse período,
como resultado do aquecimento da economia. Vale notar, porém, que as taxas de
desemprego desses grupos nunca voltaram aos seus valores iniciais (1995) e que
seus níveis em 2015 já são maiores do que no pico da crise anterior (2003).
E o que está acontecendo
atualmente? A figura mostra
que entre 2011 e 2015 (dados
da nova Pnad-Contínua do
IBGE), o grupo demográfico
que mais contribuiu com o
aumento do desemprego
agregado foi justamente o
homem adulto, que ainda é o
chefe de família na maioria dos
domicílios. Isso aconteceu
porque a taxa de desemprego
desse grupo aumentou bastante, de 3,1% em 2011 para 5,5% em 2015, seu maior
nível desde 1995. Assim, o grupo mais afetado pelo desemprego atualmente tem
sido justamente o que mais precisa de emprego, ou seja, o chefe de família. Assim,
a perda de bem-estar nas famílias brasileiras hoje em dia está sendo maior do que
na crise anterior.
Mas, isso não é tudo. Vários estudos mostram que quando o chefe de família perde
o emprego, o cônjuge e o filho entram na força de trabalho para tentar substituir a
renda perdida. Muitas vezes o jovem deixa de estudar para procurar emprego. Mas,
como não há empregos disponíveis, a taxa de desemprego entre os jovens e
mulheres deve aumentar bastante nos próximos meses. Isso significa que a taxa de
desemprego em 2016 deve superar o pico de desemprego no ciclo recessivo
anterior, quando chegou a 10,5%.
A situação só não será pior porque ao longo da década passada a sociedade
aperfeiçoou seus programas de transferências de renda, tais como o bolsa-família,
que foram criados justamente para evitar o aumento da pobreza em situações
difíceis como essa. Mas será que esses programas serão suficientes para evitar
uma crise social em 2016?
Naercio Menezes Filho, professor titular Cátedra IFB e coordenador do Centro de
Políticas Públicas do Insper, é professor associado da FEAUSP e membro da
Academia Brasileira de Ciências. Escreve mensalmente às sextas-feiras.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Geração solar ganha escala e competitividade Por Camila Maia | De São Paulo
O aumento da geração de energia solar levou a uma queda de 60% no preço dos
equipamentos nos últimos três anos, fazendo com que a tecnologia fique
economicamente competitiva globalmente pela primeira vez na história. Segundo
estudo do Julius Baer, a energia solar deve competir com as fontes convencionais
em breve, tendo um papel importante nos mercados emergentes.
Com isso, os custos globais da energia solar devem cair de, em média, US$ 2,50
por watt para US$ 1,50 por watt em 2020.
A demanda por energia renovável deve crescer, principalmente, nos emergentes, diz
Norbert Rücker, analista de commodities do Julius Baer. Ele calcula que os negócios
de energia solar e eólica no mundo podem ser avaliados em cerca de US$ 100
bilhões cada, levando em conta os complexos eólicos e projetos de energia solar
vendidos anualmente no mundo.
O pico de projetos voltados para essas fontes de energia está acontecendo agora na
maior parte mundo, e lentamente os investimentos estão ganhando força nos
mercados emergentes, afirma Rücker. "Há estímulos, claro, acho que é uma questão
de acontecer em alguns anos", disse.
Como são projetos com retorno no longo prazo e com geração de fluxo de caixa
segura e previsível, o analista vê atratividade para investidores internacionais.
Para os projetos de energia solar, as diferenças de estágio de desenvolvimento da
indústria precisam ser levadas em consideração, além das diferenças nos custos de
financiamento e nos subsídios dos governos. "A China oferece as melhores
perspectivas de crescimento da tecnologia solar no mundo", afirma Rücker. Segundo
o analista, as tarifas e custos de instalação são atrativos no país, ajudando nesse
crescimento.
Fora da China, Rücker não aposta em taxas "estelares" de crescimento do uso da
energia solar, mas aponta que os declínios vistos nos custos de instalação e,
consequentemente, nas tarifas, fazem a fonte um modelo mais viável e sustentável
economicamente.
"Além disso, pode haver grande expansão em outros modelos sustentáveis, como
uso de painéis solares em residências", além das grandes usinas instaladas nos
Estados Unidos e na América do Sul.
A redução dos custos dos investimentos em energia eólica e solar já tem provocado
um crescimento dos projetos nos mercados desenvolvidos e na China.
Dados reunidos pelo Julius Baer mostram que, desde 2008, os novos
empreendimentos nos Estados Unidos e Europa, antes dominados por energia
hídrica, passaram a se concentrar em solar e eólica.
Na China, a grande maioria dos investimentos ainda é nas fontes termelétricas, com
destaque para carvão e combustíveis fósseis. As hidrelétricas passaram a ganhar
mais espaço no país asiático desde 2004 e, desde 2010, as fontes solar e eólica
também ganharam espaço.
No Brasil, as eólicas têm se consolidado desde 2009. Desde então, quando
aconteceu o primeiro leilão dessa fonte, o país já contratou cerca de 16,6 mil
megawatts (MW) dessa fonte em leilões, sendo que 7,8 mil MW já estão em
operação. Apenas em 2015, a capacidade instalada das eólicas cresceu 56,9%.
No caso da energia solar, o primeiro leilão bem sucedido aconteceu no fim de 2014,
e outros dois foram realizados em 2015. No total, já foram contratados mais de 3,2
mil megawattspico (MWp), somando investimentos de mais de R$ 13 bilhões.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Brent barato tem impacto diferente nas petroleiras Por Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito | Do Rio
Os efeitos da queda do preço do petróleo para patamares inferiores a US$ 30 tem
efeitos diferentes, dependendo do porte das empresas, e são mais relevantes para
produtoras menores. Um relatório do banco Itaú BBA observa que a queda afetará
significativamente as petroleiras PetroRio e Geopark, enquanto a Queiroz Galvão
Exploração e Produção (QGEP) deve sofrer menos com a queda do petróleo no
curto prazo porque produz mais gás, cujo preço é definido no Brasil em reais, e não
com lastro no petróleo Brent.
Para a Petrobras, a maior empresa do Brasil, apesar de lembrarem a falta de clareza
da política de preços, eles encontram um ponto positivo. A atual política da
companhia faz com que apenas 40% das suas receitas estejam sujeitas à variação
do petróleo. Os demais 60% não estão ligados diretamente ao preço do petróleo. Os
analistas Diego Mendes e Pablo Castello Branco, que assinam o relatório, observam
que os preços do diesel, gasolina, óleo combustível e outros produtos, incluindo
etanol e nitrogenados são produzidos pela Petrobras e dizem que "não há uma
fórmula clara" sobre como esses preços acompanham os do petróleo.
A expectativa dos analistas é que as receitas da estatal com a venda destes
produtos fique relativamente estável já que, apesar de aumentos de preços para
alguns deles, os volumes vendidos são menores.
Já para 40% das receitas atreladas ao Brent, decorrentes das vendas de nafta,
querosene de aviação, e outros derivados de petróleo e gás natural, as exportações
e vendas de subsidiárias internacionais, juntos, terão provavelmente um
desempenho em linha com os preços do petróleo no mercado internacional.
No campo oposto está a PetroRio (antiga HRT), que produz óleo pesado nos campo
de Polvo e Bijupirá e Salema, na bacia de Campos. Como seus campos já estão
maduros, com grande parte do petróleo já retirado, os custos são relativamente
altos.
"Esperamos que a companhia esteja próxima do 'breakeven' [ponto de equilíbrio]
com os preços de petróleo a US$ 30/barril", afirmam os analistas do banco.
Com relação à Geopark, companhia de capital canadense e com ativos no Brasil, o
Itaú BBA também prevê que a companhia sofrerá com o petróleo abaixo de US$ 30
o barril, porém o impacto será menor do que o esperado para a PetroRio. Isso
porque 27% da produção da empresa é de gás natural, cuja precificação é separada
do petróleo.
A precificação diferenciada do gás natural também é o principal motivo para que a
Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) seja menos afetada pela queda do
preço petróleo no curto prazo. "A geração de caixa de Manati [única área em
produção da QGEP] não é afetada pela queda dos preços do petróleo, já que o
preço do gás natural é definido em real", afirmam os analistas no relatório.
No entanto, os analistas lembram que o campo de Atlanta, do qual a empresa possui
30% e cuja produção está prevista para começar em meados de 2016,
provavelmente não vai gerar caixa, e o mercado estará "menos disposto" a atribuir
valor a ele.
No caso da Petrobras, os custos com a importação de petróleo e derivados e
impostos relacionados com a produção devem ser menores. O impacto da
volatilidade do preço do petróleo na geração de caixa da Petrobras medida pelo
Ebitda é limitado este ano. Isso porque a queda da receita deve ser compensada por
menores custos. Vai depender da manutenção dos atuais níveis de preço para o
diesel, gasolina, óleo combustível e GLP. E o efeito sobre a geração de caixa a partir
de 2017 vai depender da política de preços da Petrobras para esses combustíveis,
afirmam.
Os analistas consideram improvável uma redução de preços dos combustíveis em
2016 devido às necessidades financeiras da Petrobras. Mas afirmam que se os
preços do petróleo ficarem baixos por um longo período, uma correção dos
combustíveis, assim como seu significativo impacto na geração de caixa, não podem
ser descartados.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Carf julga casos de juros sobre capital próprio em sentido
contrário ao STJ Por Beatriz Olivon | De Brasília
Pela primeira vez, a Câmara Superior do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(Carf) decidiu que as empresas não podem
acumular valores referentes a juros sobre
capital próprio (JCP) uma forma de
remuneração a sócios em substituição aos
dividendos para abater posteriormente os
valores do Imposto de Renda e da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A decisão
contraria precedente do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) favoráveis aos contribuintes.
As companhias que distribuem o JCP podem
deduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL os valores. É comum, porém,
empresas adiarem a distribuição em algum período em que apuraram o lucro,
especialmente se precisam de recursos para novos investimentos. Nesses casos, o
Fisco considera irregular o uso do valor acumulado para reduzir os tributos a pagar.
A tese em discussão é considerada uma das mais importantes por advogados que
atuam em processos no Conselho. Os valores em disputa não são,
necessariamente, elevados, mas o tema é relevante porque há muitos processos
que discutem a matéria, segundo o procurador-chefe da Coordenadoria do
Contencioso Administrativa Tributária da PGFN (Cocat), Moisés de Sousa Carvalho
Pereira.
O STJ julgou o assunto em 2009. Ao analisar um mandado de segurança, a 1ª
Turma decidiu que havia direito ao reconhecimento da dedução dos juros sobre
capital próprio transferidos aos acionistas da companhia para a apuração da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL no ano-calendário de 2002, relativo aos anos-calendários
de 1997 a 2000. A decisão do tribunal afirma que a legislação não impõe que a
dedução do JCP deva ser feita no mesmo exercício-financeiro em que for realizado
o lucro da empresa.
Esse, contudo, não foi o entendimento da Câmara Superior do Carf ao julgar a
questão. O presidente do órgão e da Câmara Superior, Carlos Alberto Freitas
Barreto, afirmou que o Conselho não está vinculado ao STJ.
Moisés de Sousa Carvalho Pereira: tema
é relevante porque há muitos processos
que discutem a matéria no Carf
A câmara analisou em conjunto autuações do Itaú, Alcoa Alumínio e IBM. A do Itaú
remete ao intervalo entre abril e dezembro de 2007, quando o banco distribuiu R$
194 milhões a seus acionistas. A instituição financeira foi autuada porque o Fisco
considerou que havia um "excesso de dedutibilidade" de JCP de R$ 110 milhões,
pois o banco teria incluído valores desde o ano 2002. No Carf, a 1ª Turma da 2ª
Câmara havia mantido a autuação.
A mesma turma também manteve uma autuação semelhante da IBM. O Fisco
considerou que JCP lançados no valor de R$ 230 milhões em 2009 se referiam a
períodos de apuração anteriores, especificamente às posições do patrimônio líquido
nos anos de 2000 a 2003.
Já a Alcoa Alumínio havia obtido decisão favorável na 2ª Turma da 2ª Câmara. Para
a turma, pela falta de restrição temporal e da discricionariedade das sociedades em
remunerar os JCP aos acionistas, os juros não precisam ser obrigatoriamente pagos
ou creditados ao fim de cada período, o que permite o pagamento em um momento
futuro. A empresa havia creditado um total de R$ 277,4 milhões de JCP em 2007.
Segundo a fiscalização, haveria um excesso de R$ 108 milhões, por inclusão de
montante referente ao período entre 2000 e 2006.
Ao analisar as autuações, o Carf definiu que as empresas podem fazer a dedução
do JCP no próprio exercício, mas não devem acumular valores referentes a JCP ao
longo dos anos para as deduções. O assunto dividiu o conselho e foi decidido pelo
voto de desempate do presidente.
O relator, conselheiro Rafael Vidal de Araújo, representante da Fazenda, afirmou
que o JCP são juros e, como tais, são considerados despesas. Entram nas regras
de despesas e a companhia não tem direito de deduzir do lucro líquido despesas de
exercícios anteriores. "Despesas de JCP têm que estar correlacionadas com a
receita do período em que se deu a utilização do capital dos sócios, ou seja, no
período em que ele esteve investido na sociedade", afirmou. Já o conselheiro Luís
Flávio Neto, representante dos contribuintes, divergiu. Para ele, a restrição contraria
a lei.
Segundo o advogado Fabio Calcini, do Brasil Salomão Advogados, antes da
reformulação do Carf os julgamentos eram pela admissão do acúmulo de outros
exercícios. Ele afirma que o novo regimento pode ter influenciado a mudança.
"Antigamente, a Câmara Superior era formada por presidentes e vices de turmas,
que já conheciam os enfrentamentos do tema", diz. O advogado diz que não existe
previsão legal de que a faculdade de pagar juros sobre capital próprio se extingue no
ano calendário.
Fábio Alexandre Lunardini, do Peixoto & Cury Advogados, afirma que apesar da
decisão desfavorável, os contribuintes têm a possibilidade de recorrer à Justiça,
onde o precedente é favorável.
Sobre a decisão do Carf, o Itaú Unibanco informou que tem a "plena convicção" da
legitimidade de suas práticas e irá recorrer ao Judiciário. Alcoa e IBM não comentam
processos em andamento.
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Fonte: Valor Econômico
22/01/2016
- Macunaíma e o combate à corrupção Por Evane Beiguelman Kramer
No momento em que as cortinas se fechavam e o recesso de fim de ano em
diversos órgãos públicos se iniciava, a presidente da República fez publicar a
Medida Provisória nº 703, que altera a Lei nº 12.846/2013, conhecida por Lei de
Combate à Corrupção.
Inova a Medida Provisória ao permitir às empresas que celebrem acordos de
leniência que mantenham suas contratações com o Poder Público e, igualmente, o
direito de licitar. Esta é a previsão que foi inserida no parágrafo segundo do artigo 16
da Lei 12.846. Significa dizer que o acordo de leniência isenta a pessoa jurídica das
sanções restritivas do direito de contratar e licitar previstas na lei de licitações e
outras normas que regem os contratos administrativos.
Outra inovação da MP é que a comissão designada para a apuração de
responsabilidade da pessoa jurídica, após a instauração de processo administrativo,
deve dar conhecimento ao Ministério Público da existência do processo, o que,
antes da alteração da Lei 12.846, era conhecimento a posteriori.
Também o acordo de leniência, cuja competência é do órgão interno de controle dos
Poderes (como é o caso a CGU), deverá ser assinado isoladamente ou
conjuntamente com o Ministério Público ou Advocacia Pública.
Destaque deve ser dado à nova redação do art. 16 da Lei 12.846, que trata da
implementação de mecanismos de integridade (compliance). Agora, os programas
de compliance deixaram de figurar como mera atenuante na aplicação das sanções
da Lei de Combate à Corrupção e adquiriram status de medidas obrigatórias que
devem, necessariamente, resultar da celebração do acordo de leniência.
Igualmente, deve ser destacada a supressão da necessidade que a empresa admita
sua participação no ilícito nem que seja a primeira a se manifestar. Pela redação do
parágrafo 1º do art. 16 basta que a empresa coopere com as investigações e cesse
seu envolvimento, além, de se comprometer, como dito, à implementação de
programas de integridade (compliance).
A modificação da lei, não restringindo mais o direito à leniência à primeira empresa
que se manifestar, acaba por permitir que várias empresas envolvidas no mesmo
fato ilícito celebrem o acordo de leniência.
Relevante a inovação constante do art. 16, parágrafos 11,12 e artigo 18. A nova
redação impede o prosseguimento ou a propositura de novas ações de improbidade
administrativa fundamentadas nos mesmos fatos objeto do acordo de leniência,
desde que os acordos em questão sejam formalizados com a participação do
Ministério Público e advocacias públicas.
As inovações da Medida Provisória vão ao encontro do projeto de lei que tramita no
Senado (105/2015).
Efetivamente, são alterações que decorrem maturação de profundas mudanças
corporativas pelas quais passamos. Dignas de elogios, são garantistas e estão em
sintonia com os princípios basilares do Estado de Direito, que privilegia o direito ao
"non bis in idem" e ao processo infinito.
Isto significa dizer que a nova legislação dá eficácia aos acordos de leniência, pois,
repita-se, formalizados, com a participação do Ministério Público e das advocacias
públicas, resultará na pacificação do conflito, impedindo a geração interminável de
novos conflitos, caracterizados por ações de improbidade administrativa,
ressarcimento de danos e outros.
Ao tornar obrigatória a implementação de mecanismos de integridade e programas
de compliance, a atual redação da lei de combate à corrupção se compatibiliza a
uma base de sustentabilidade empresarial responsável e ao crescimento de um
novo modelo de corporações brasileiras, atento às boas práticas organizacionais.
Mas, esta visão não é consenso.
Para os técnicos do TCU a Medida Provisória alija a Corte de Contas das
negociações (pois os acordos podem ser celebrados sem a sua participação e aval).
Segundo o TCU, os "enxertos" na Lei Anticorrupção, afastando-o do
acompanhamento dos acordos de leniência, geram nefastas consequências como a
de impor à Corte a responsabilidade pela aprovação ou rejeição de acordo já
firmado sem a sua participação, abrindo flancos de descontentamento no órgão
fiscalizador que entende, imprescindível, sua participação na construção dos
acordos com empresas acusadas de ilícitos previstos na lei de combate à corrupção.
No tocante ao Ministério Público Federal (MPF), que capitaneia um "pacote" de 20
anteprojetos de lei (em início de tramitação na Comissão de Legislação Participativa
da Câmara dos Deputados), a melhoria dos mecanismos de enfrentamento da
corrupção deve, necessariamente, passar pelo endurecimento das medidas
sancionatórias a exemplo da majoração da pena mínima pelo crime de corrupção
(dois para quatro anos, em regime de reclusão) ou perda de bens antes do trânsito
em julgado da sentença condenatória ou, então, pela criação de juízos
especializados para ações de improbidade administrativa, visando agilizar o
processamento dos feitos.
O paradoxo entre as formas dos mecanismos de enfrentamento da corrupção é
nítida: por um lado alterações que permitem novos vetores de uma cultura de
integridade, as quais estimulam o expurgo das práticas nocivas de corrupção, com
relevo na responsabilidade corporativa e na continuidade da atividade econômica da
construção civil, pesada e infraestrutura, fundamentais à retomada de investimentos
externos e ao resgate de credibilidade brasileira no mercado internacional.
Por outro lado, o viés do endurecimento das sanções e da maior supressão de
garantias do acusado, visando criar o desestímulo às práticas nocivas, pelo
recrudescimento da pena.
Em tempos de crise sistêmica, já aprendemos com a história, o que se deve evitar: a
"armadilha" do maniqueísmo, "civilização versus barbárie". Preferimos a conhecida
chave da experiência que incorpora tensões e contradições, a antropofagia do
movimento modernista, capaz de fazer coincidir experiências (no caso legislativas)
para a criação de uma base empresarial sólida, com fundamento na cultura de
integridade e não, apenas, no recrudescimento e penalização.
Macunaíma, nos parece uma excelente leitura para 2016, afinal, "Tupi or not tupi,
that is the question".
Evane Beiguelman Kramer é advogada do escritório Dal Pozzo Advogados em São
Paulo. Professora da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
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Fonte: O Globo
21/01/2016
- Arrecadação no ano passado foi a pior desde 2010
Tributos e contribuições somaram R$ 1,22 tri, 5,62% a menos que em 2014
POR BÁRBARA NASCIMENTO
- Dado Galdieri / Dado Galdieri
BRASÍLIA - A arrecadação de tributos e contribuições federais encerrou o ano de
2015 em R$ 1,221 trilhão. Segundo dados divulgados pela Receita Federal nesta
quinta-feira, o número representa uma queda real (já descontada a inflação) de
5,62% em relação a 2014. Este é o pior desempenho em cinco anos, desde 2010.
Somente no mês de dezembro, o total arrecadado foi de R$ 121,5 bilhões, 4,32% a
menos do que no ano anterior e o pior resultado desde 2009.
A frustração nas receitas para o ano foi apontada pelo governo como um dos
principais motivos para o resultado primário deficitário a ser apresentado neste ano,
de cerca de R$ 120 bilhões — já abatendo os valores referentes ao pagamento das
pedaladas fiscais. Além disso, o fraco desempenho da economia derruba a
produção e o lucro das empresas. Consequentemente, a arrecadação com os
2ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 21/01
tributos que incidem sobre o lucro tem sido fraca durante todo o ano, explica o chefe
do centro de estudos tributários e aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias:
— No ano de 2015, em comparação com 2014, tivemos desempenho da
arrecadação fortemente impactado pelo desempenho da atividade econômica. Os
indicadores macroeconômicos todos apresentam uma trajetória negativa e isso afeta
diretamente a arrecadação dos tributos e contribuições federais.
O total arrecadado com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, teve uma redução
de 13,82% no período entre janeiro e dezembro. A receita proveniente do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) também teve um forte recuo: de 16,07%.
— O desempenho da arrecadação do IRPJ e da CSLL é o termômetro da atividade
das empresas. IRPJ e CSLL explicam majoritariamente o desempenho da
arrecadação tributária — explica Malaquias.
O aumento da taxa de desemprego também tem efeito direto na arrecadação. A
receita previdenciária teve em 2015, na comparação com 2014, uma queda de
6,59% ou R$ 26,7 bilhões a menos.
As desonerações a setores da economia que não conseguiram ser revertidas pelo
governo — sobretudo a referente à folha de pagamento — também pesaram no
resultado. Em 2015, R$ 103,2 bilhões deixaram de entrar nos cofres públicos. Em
2014, esse número era de R$ 99,4 bilhões. A desoneração da folha de pagamentos
é a que mais pesa no resultado: R$ 24,1 bilhões no ano passado.
Malaquias explica que a reoneração da folha — uma das medidas encabeçadas pelo
ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que começou a valer a partir de janeiro de
2016, tinha um impacto previsto de até R$ 11 bilhões em reversão de receita para os
cofres públicos. Como a retração da massa salarial foi maior do que o previsto,
contudo, ele explica que a Receita vai rever a projeção para baixo. Questionado, ele
pondera também que a reoneração não deve ser suficiente para reverter a trajetória
de queda da arrecadação:
— A reoneração não atinge todos os setores, são poucos. E esses setores que vão
ser atingidos pela reoneração são setores que foram fortemente atingidos pela
economia. Talvez aqueles postos de trabalho que teriam uma contribuição
diferenciada em 2016 já não existem mais. Mas a quantificação disso a gente vai dar
mais à frente.
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Fonte: O Globo
21/01/2016
- Petróleo no centro das atenções do primeiro dia de
encontros em Davos
No Fórum Econômico Mundial, executivos não veem recuperação no preço da
‘commodity’
POR BLOOMBERG NEWS
Klaus Schwab, chairman do Fórum Econômico Mundial - Matthew Lloyd / Bloomberg
DAVOS - Se no início da recente crise nos preços do petróleo o mantra repetido era
o do ―mais baixo por mais tempo‖ e depois passou a ser ―mais baixo por ainda mais
tempo‖. Agora, os executivos do petróleo estão começando a falar em Davos sobre
um novo cenário de pesadelo: ―muito mais baixo por muito mais tempo‖.
Nesta quarta-feira, tanto o barril do petróleo tipo Brent — referência internacional —
quanto o do WTI, que é referência para o mercado americano, eram negociados em
queda. Na mínima do dia, o Brent chegou a ser cotado a menos de US$ 28.
No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial na cidade suíça, executivos do setor
de petróleo, legisladores e representantes de bancos disseram que uma
recuperação dos preços da commodity ainda deve continuar muito incerta em 2016
enquanto os grandes produtores continuarem com a extração, e o apetite da China
por combustível não aumentar. Ele também temem outro golpe forte na cotação do
barril quando o petróleo iraniano voltar de fato ao mercado.
— É o terceiro ano seguido que temos mais oferta que demanda, disse Fatih Birol,
diretor executivo da Agência Internacional de Energia. — Os preços ainda ficarão
sobre pressão. Eu não vejo qualquer razão pela qual teremos um aumento surpresa
nos preços em 2016.
As coisas não vão melhorar até que os mercados tenham passado pelo ―choque de
oferta‖, opinou Tony Hayward, diretor gerente da Glencore. Ele resume afirmando
que há ―muito óleo‖.
O fim das sanções relacionadas a questões nucleares no Irã liberou o país — que já
foi o segundo maior produtor da Organização de Países Exportadores de Petróleo
(Opep) — para voltar a exportar sua produção de petróleo, que caiu pela metade
durante os quase quatro anos de restrições. O Irã pretende retomar sua capacidade
de produzir 500 mil barris diários o mais cedo possível.
— A suspensão das sanções ao Irã irá, na minha opinião, continuar a acrescentar
oferta, então eu não vejo uma saída dos preços desse patamar e uma volta à alta
tão cedo — disse Axel Weber, diretor gerente do UBS Group.
ESFORÇO PARA CORTAR CUSTOS
De acordo com fontes que participaram da reunião, as maiores empresas de
petróleo do mundo reuniram-se a portas fechadas em Davos no primeiro dia do
encontro, num esforço para cortar custos e padronizar alguns dos equipamentos
utilizados na exploração e produção.
As maiores companhias de petróleo acreditam que podem chegar a um consenso
técnico com os fornecedores para que todos na indústria utilizem o mesmo tipo de
kit de exploração em algumas áreas, incluindo válvulas gigantes.
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Fonte: Estadão
21/01/2015
- TCU cobra explicações sobre acordo de leniência da Engevix
ADRIANO CEOLIN - O ESTADO DE S. PAULO
Em despacho assinado nesta quarta, o ministro Bruno Dantas concedeu um prazo de cinco
dias para a Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos
Fachada do Tribunal de Contas da União
Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou explicações à Controladoria
Geral da União (CGU) sobre o acordo de leniência firmado com a Engevix, empresa
acusada de fazer parte do esquema de corrupção da Petrobras.
Em despacho assinado nesta quarta-feira, 20, o ministro Bruno Dantas concedeu um
prazo de cinco dias para a Secretaria Executiva da CGU prestar esclarecimentos. A
medida atende a um pedido do procurador Julio Marcelo de Oliveira junto ao TCU.
―(...) encaminhe ao Tribunal informações circunstanciadas sobre as tratativas, cópias
das atas de reuniões e de todos os documentos produzidos até o momento,
incluindo, se for o caso, cópia integral dos processos administrativos(...)‖, diz
depacho de Dantas.
Na semana passada, a CGU e a Advocacia Geral da União divulgaram uma nota
conjunta para afirmar ―ser plenamente alcançável‖ um entendimento do governo com
o TCU. O despacho de Dantas mostra que o caminho não é tão fácil assim.
Há um ano, a Engevix negocia um acordo de leniência com o governo. Basicamente,
a empresa propõe colaborar nas investigações sobre os atos de corrupção na
Petrobras para, em troca, continuar prestando serviços ao governo e disputando
licitações públicas.
Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff editou uma Medida
Provisória específica para alterações na Lei Anti-Corrupção, de 2013, para se
permitir acordos entre o governo e empresas investigadas pela Operação Lava Jato.
Apesar de já estar em vigor, essa MP precisa ser aprovada pelo Congresso a fim de
que tenha validade de lei. O texto do governo recebeu diversas críticas nos meios
jurídico e político.
O Palácio do Planalto argumenta, porém, que a medida é necessária para permitir
que as empresas continuem operando e minimizem e não causem mais danos à
economia brasileira. VOLTAR
Fonte: em.com.br
21/01/2016
- Setor produtivo aprova decisão do Banco Central de
não aumentar a taxa de juros
Para a CNI, o BC tomou a decisão mais sensata diante da recessão da economia
brasileira e das incertezas do cenário global
Simone Kafruni
A piora na economia internacional no início deste ano pode ter determinado a
decisão do Banco Central de não aumentar a taxa de juros. Para a indústria, a
decisão foi acertada para evitar o aprofundamento da crise econômica. O
economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, lamentou a guinada na
comunicação do BC, que confundiu o mercado, mas disse que a decisão, tomada
em função do crescimento global mais fraco e do derretimento das commodities,
pode ter sido a melhor. ―Há uma turbulência global. O real está com um
comportamento relativamente tranquilo diante de tudo o que está acontecendo. E a
queda do petróleo pode ser positiva para os preços dos combustíveis no Brasil.
Acredito que essas duas coisas motivaram a mudança de percepção do BC‖, disse.
Kawall ressaltou que não compra a ideia de que a autoridade tinha uma ideia e
mudou depois da reunião com a presidente Dilma Rousseff. ―Existe pressão do
governo para ele não subir os juros, é claro. Mas tem muito especialista também
dizendo que ele não deveria subir‖, alertou.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o BC tomou a decisão mais
sensata ―diante da recessão da economia brasileira e das incertezas do cenário
global. ―A indústria considera inaceitável a inflação de dois dígitos. Mas destaca que
os aumentos recentes dos índices são resultado dos reajustes dos preços
administrados, das expectativas negativas e da inércia inflacionária. Por isso, o uso
da taxa de juros como único instrumento de controle da inflação é pouco efetivo e
aprofunda a recessão‖, afirmou em nota.
Para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apesar de a
inflação está elevada, a decisão do Copom foi acertada diante dos indicadores de
desaceleração da economia e aumento do desemprego. ―Pelo que temos
observado, a política de juros elevados do Banco Central provavelmente não será
capaz de afetar substancialmente a dinâmica da inflação futura, mas certamente
desestimulará consideravelmente o investimento produtivo no país, pressionando a
oferta de empregos, reduzindo o consumo das famílias e, consequentemente,
impedindo a retomada do crescimento econômico‖, diz a Fiemg em nota divulgada
ontem. Para a entidade, a recessão vai frear os aumentos de preços.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci,
também avaliou que a decisão foi acertada e que um aumento dos juros nesse
momento seria ―ineficaz‖ do ponto de vista do controle da inflação. ―Estamos
vivenciando um momento difícil na política monetária, com retração da atividade
econômica e a possibilidade da existência da dominância fiscal (que acontece
quando o déficit fiscal é muito grande e pode comprometer a capacidade de
pagamento do país, gerando instabilidade no câmbio e uma ―fuga‖ de capital). E um
estado com dominância fiscal acaba tornando o aumento da taxa de juros ineficaz
para o controle da inflação‖, afirmou Falci. VOLTAR
Fonte: petronoticias.com.br
21/01/2016
- PETROBRÁS PARALISA ATIVIDADES NA REFINARIA DE OKINAWA, NO
JAPÃO
A Petrobrás decidiu fechar a refinaria
NSKK, situada em Okinawa, no Japão, por
conta da dificuldade de operação e de
obter resultados com a unidade. A compra
do empreendimento se deu em 2008, como
uma estratégia de entrada no mercado
asiático, mas até hoje não trouxe grandes
retornos, por conta de alguns obstáculos
que surgiram no caminho.
Agora, apesar do fechamento e do amplo
programa de desinvestimentos da estatal, a venda da refinaria está sendo avaliada,
mas a conclusão até o momento é que o negócio dificilmente terá um desfecho
vantajoso para a Petrobrás.
Há comparações feitas por executivos entre a aquisição da refinaria de Pasadena e
a de Okinawa, ambas durante a gestão do então diretor internacional Nestor
Cerveró, por conta de erros no planejamento e omissões de informações
estratégicas que poderiam indicar futuros prejuízos, como mudanças na legislação
ambiental do Japão, que trouxeram a necessidade de grandes investimentos para
adequação, avaliados em cerca de US$ 1 bilhão. Sendo que a refinaria havia sido
comprada por cerca de US$ 350 milhões, incluindo os estoques armazenados no
local.
Em 2015 a Petrobrás já havia deixado de refinar petróleo na unidade, mas tinha
continuado a operar cargas em seu terminal marítimo. Agora as operações de
importação e distribuição e petróleo pararam, com o objetivo de vender o
empreendimento, mas no mercado a operação é vista como um negócio difícil de ser
concretizado, por falta de interessados.
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Fonte: petronoticias.com.br
21/01/2016
- CHINA TERÁ 25% DA SUA DEMANDA POR ENERGIA ELÉTRICA
ABASTECIDA POR FONTES RENOVÁVEIS ATÉ 2030
Um dos maiores mercados do mundo está
buscando reduzir sua dependência de petróleo,
ligando o sinal de alerta para a indústria. O
presidente da Shunfeng International Clean
Energy, Eric Xin Luo, afirmou que o país irá até
2030 ter 25% da sua demanda por energia
elétrica abastecida por fontes renováveis.
A China vem apostando nas renováveis –
basicamente eólica e solar – por conta do avanço
tecnológico nos setor. Um exemplo simples é a geração de energia a partir de um
painel fotovoltaico de 60 pixels, que gerava 185 W e hoje chega a 260 W. O preço
para investir nos setores também vem diminuindo, tornando mais acessível a
tecnologia.
As conseqüências para o setor de petróleo ainda são imprevisíveis, mas a
possibilidade de se perder uma grande parte do mercado consumidor chinês assusta
empresários. De acordo com Xin Luo, a expansão das renováveis conta com o apóio
da classe média chinesa, que busca mais qualidade de vida para esta e futuras
gerações.
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Fonte: O Globo
21/01/2016
- Brasil faz exportação emergencial de energia elétrica para a
Argentina
País realizou carga acima da prevista, segundo operadora do sistema argentino
POR REUTERS
Brasil exporta energia em condição emergencial para a Argentina - Dado Galdieri / Bloomberg
SÃO PAULO - O Brasil realizou duas operações de exportação de energia elétrica
para a Argentina nesta semana, com o envio de 153 megawatts médios, ou 3.672
megawatts-hora, para o país vizinho na terça e na quarta-feira, informou nesta
quinta-feira o Ministério de Minas e Energia.
De acordo com a pasta, a eletricidade foi solicitada em caráter emergencial pela
operadora do sistema argentino, Cammesa, devido à realização de uma carga acima
da prevista e à indisponibilidade de geração na Argentina para atender a demanda
extra.
O Brasil enviou ao país vizinho 69 megawatts médios, ou 1.656 megawatts-hora, na
terça-feira e outros 84 megawatts médios, ou 2.016 megawatts-hora, na quarta-feira,
segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) citados pelo
ministério.
O Brasil possui interligações internacionais que permitem importação ou exportação
de energia elétrica para Argentina, Uruguai e Venezuela.
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