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espiral (continua na pág. 2) Sumário: A outra margem! 3 O incêndio do ódio 4 - 5 Comemoração 2º Aniversário do P. Filipe 6 VII Curso de Actualização Teológica 7 XIII Encontro Nacional 8 “Não tenhais medo... dos padres casados!” 9 Nota do Editor 10 Cartas | Breves... | Novo sócio 11 Encontro Regional da Fraternitas 12 O tempo passa! Ainda há tão pouco estávamos no Natal, e agora já nos aproximamos a largas passadas da Páscoa! Quarenta dias antes e quarenta dias depois tudo é Páscoa. Porque a Quaresma não faz nenhum sentido se não é preparação para a grande celebração pascal. E por vezes esquecemos facilmente que muito mais que grandes organizações visíveis de conferências, actividades, concertos, o que verdadeiramente deve caracterizar a nossa Quaresma é uma intensa reflexão interior para a conversão, no sentido mais profundo daquela palavra grega que se nos tornou bastante familiar, a metanoia. Quer dizer, a nossa preparação quaresmal deve ser uma passagem de um estado de alma meio adormecido e insensível, à tremenda realidade da Graça, para uma consciência de que somos salvos com Ele, com o Cristo crucificado e ressuscitado que é a razão mesma da nossa fé. Ao longo do tempo do ano, entre uma Páscoa e outra, todos corremos o risco de esquecer como somos limitados e egoístas, como se o mais importante não fosse efectivamente vivermos com Cristo a total entrega aos outros, e não uns outros mais ou menos abstractos e sem rosto, mas aquele Outro que tem voz e nome e com quem nos boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO Nº 21/2 - Outubro de 2005 / Março de 2006 ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS Página 12 XIII ENCONTRO NACIONAL Fátima 28 de Abril a 1 de Maio de 2006 Capuchinhos

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(continua na pág. 2)

Sumário:

A outra margem! 3

O incêndio do ódio 4 - 5

Comemoração 2º Aniversário do P. Filipe 6

VII Curso de Actualização Teológica 7

XIII Encontro Nacional 8

“Não tenhais medo... dos padres casados!” 9

Nota do Editor 10

Cartas | Breves... | Novo sócio 11

Encontro Regional da Fraternitas 12

O tempo passa! Ainda há tão poucoestávamos no Natal, e agora já nos aproximamosa largas passadas da Páscoa! Quarenta dias antese quarenta dias depois tudo é Páscoa. Porque aQuaresma não faz nenhum sentido se não épreparação para a grande celebração pascal. E por

vezes esquecemos facilmente que muito maisque grandes organizações

visíveis de conferências,actividades, concertos, o

que verdadeiramente devecaracterizar a nossa Quaresma éuma intensa reflexão interiorpara a conversão, no sentido maisprofundo daquela palavra gregaque se nos tornou bastantefamiliar, a metanoia. Quer dizer,

a nossa preparação quaresmal deve ser umapassagem de um estado de alma meio adormecidoe insensível, à tremenda realidade da Graça, parauma consciência de que somos salvos com Ele,com o Cristo crucificado e ressuscitado que é arazão mesma da nossa fé.

Ao longo do tempo do ano, entre uma Páscoae outra, todos corremos o risco de esquecer comosomos limitados e egoístas, como se o maisimportante não fosse efectivamente vivermos comCristo a total entrega aos outros, e não uns outrosmais ou menos abstractos e sem rosto, mas aqueleOutro que tem voz e nome e com quem nos

boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO

Nº 21/2 - Outubro de 2005 / Março de 2006

ENCONTRO REGIONAL DAFRATERNITAS

Página 12

XIII ENCONTRO NACIONAL

Fátima

28 de Abril a 1 de Maio de 2006Capuchinhos

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cruzamos em cada momento da vida. E vem entãoeste tempo quaresmal lembrar-nos que só umaimensa conversão interior nos poderá conduzir auma atitude diferente, mais desprendida eentregue, menos centrada nas nossas própriasmazelas ou condicionalismos, e mais atenta a tudoquanto o Outro espera de nós e nos pedesilenciosamente. Afinal Páscoa é isso mesmo,desde as suas raízes bíblicas da passagem do anjoexterminador nas casas dos egípcios, da passagemdo Mar Vermelho a pé enxuto, até à passagem daescravidão para a liberdade da Terra Prometida.

O Tríduo Pascal todo ele nos imbebe dessaprofunda sensação da passagem da morte à vida,do pecado à graça, das trevas à luz. E enquanto anossa sociedade contemporânea se agarradistraidamente ao gozo duns dias de férias a meiodo percurso fatigante dum ano de trabalho, nóspodemos ter essa mais-valia enorme de viver aSemana Maior num espírito de passagem parauma realidade de salvos e redimidos. Só assim aPáscoa não será apenas uma celebraçãocomemorativa mas uma vivência interior profundae jubilosa. E então dá-se sim a passagem duma vidamais ou menos rotineira e vazia para uma novarealidade de inserção na ressurreição e na salvaçãodo mundo em que nos movemos e somos. Bastantemassacrados por tantas desgraças, tantopessimismo, tanto derrotismo que os media nosincutem constantemente, poderemos passar a serconstrutores, cada um à sua escala, claro, masrealmente edificadores dum mundo melhor, maisjusto e mais em paz.

Este ano vamos cumprir já 10 anos sobreaquele dia em que o P. Filipe nos convidou aparaum retiro de padres casados, algo de novo naprática eclesial e que nos abriu perspectivas novasda nossa realidade vivencial. Durante estes dezanos, muito caminho foi percorrido, fomoscrescendo e fomos sobretudo tomandoconsciência de que somos Igreja, e temos que nosenquadrar nela como verdadeiros membrosactivos. O nosso querido P. Filipe já “passou” parao lado da luz plena e da alegria total. Mas deixou-nos uma enorme responsabilidade de não nos

acomodarmos, não nos resignarmos a viversimplesmente como se não houvesse ainda muitocaminho a andar. Como nos meus tempos dejovem membro da Acção Católica cantávamosuma estrofe do nosso Hino que nunca meesqueceu, gostaria de convosco a recordar porquese nos aplica plenamente: “Há caminhos não andadosque esperam por alguém…” E esse alguém temos queser nós, e temos de descobrir quais os caminhos aconstruir e percorrer.

Este ano, no nosso encontro anual vamostambém fazer uma passagem, talvez ainda umpouco nebulosa mas certamente necessária paranão estagnarmos: vamos ser capazes de nosinterrogarmos interiormente como é que devemosestruturar estes encontros, em que estilo, em quemodelo, mas sobretudo com que atitude. Não podeser apenas um encontro de amigos que partilhamas suas vidas em ambiente agradável ecomunicativo, mas não passam disso. Temos queser capazes de fazer a passagem para algo de maiscomprometedor e interpelador, em que nosponhamos sempre em causa, em queaprofundemos a nossa atitude de fé e esperança,em que deixemos de ser meramente passivos emrelação a alguém competente e esclarecido que nosensine coisas novas e velhas, mas precisamos depassar a ser muito activos e corresponsáveis, detal forma que o nosso encontro seja um abanãopara as nossas vidas, que correm o risco de searrastar cansadas e gastas, mas que não podemosde maneira nenhuma deixar de tornar activas eempenhadas. O nosso P. Filipe não espera de nósoutra coisa, ele que com uma vivência profundade Deus nos ajudou sempre a passar adiante, eleque até ao fim se comprometeu e empenhou emabrir novos caminhos, em lançar novas sementes,em passar para novos desafios. Seremos capazesde o desiludir? Penso que não, mas preciso detodos vocês para me ajudarem, porque oMovimento é isso mesmo: é passagem constantepara melhor, numa inquietude permanente quenão sabe o que é cruzar os braços nem parar ospassos para a frente. Assim Deus nos ajude, e oRessuscitado nos abra os olhos e o coração!

Vasco Fernandes

Passagem(continuação da página 1)

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“Lembra-te que és pó…”As Cinzas abrem solenemente aQuaresma. Somos peregrinos!“A vida é uma passagem para aoutra margem”!… Aviso:aproveitar o tempo. Enchemo--nos de coisas e“uma só é neces-sária”! A realidadeé tão evidente! Setudo acaba emcinza! O conviteestá feito…

Eis o tempoadequado à mu-dança: atitudes,comportamentos,hábitos, menta-lidades. Urgente!Não somos escra-vos… Livres e senhores!Tomemos a vida em nossasmãos. Oh! O fatalismoentorpece-nos! Abramo-nos anovas perspectivas, a novosmundos, a novas aventuras.

A mudança pessoal ecolectiva é urgente. O mundonovo exige a nossa cooperação.Não existimos para oaniquilamento. A vida é partilha.E começa por uma atitude nova,um comportamento novo,horizontes arrojados.

Quaresma — Meditação!Transformação! — À mudançamoral? Não! A Metanóia exigemudança estrutural profunda,pessoal e colectiva: familiar,empresas, associativo, social e

eclesial. Mudança profunda,radical!

Erradicar o mal do mundo,mal colectivo e pessoal — é odesafio proposto! Não épossível? Assusta-nos um peso

tão grande? Bem! Comecemospelo mais simples — mudançapessoal. Choca-nos a fome nomundo? Que podemos fazer?Vençamos o desperdício quemuitas vezes provocamos.Simples e humildes! Depois,corajosos para cortar osupérfluo.

Lamentamos a violência nomundo? Afastemos a violênciada nossa vida, da nossa família,do nosso emprego. Tenhamos acoragem de enfrentar a injustiça,com determinação e com riscoda nossa tranquilidade.Coragem! “Eu venci o mundo!”— é garantia de sucesso, mesmona contrariedade. Façamos oque devemos. Ser herói um

A o u t r a m a r g e m !

momento, é digno de respeito.Pedem-nos heroicidadeautenticada: perseverança, semdesânimo! Por vezes, somoscapazes de sacrifícios incríveis:peregrinar a pé, jejuar, avultadas

ofertas… Há umapromessa: “Dou-vosum coração novo”!— para perdoar,fechado à vaidade eàs ambições, abertoà verdade, apoio dafraqueza alheia,c o m p r e e n s i v o ,honesto…

O segredo pre-sente é a capacidadede amar. Só amar!Se amarmos, verda-

deiramente, resolvemos osmaiores e os mais graves proble-mas dos homens. Há vedetismo,oportunismo, interesses, vaida-des. Estes arrastam à guerra, àvingança, a egoísmos. E igno-ram-se os problemas doshomens: o desemprego, a fome,a falta de água, a ameaça dosriscos naturais, doenças,epidemias... Só o amor dásoluções!

Recordemos a Transfigu-ração! O amor manifestadotransformou aqueles homens. Écaminho de transfiguração o queabre à justiça, à partilha, aoperdão. Não pares!

J. Soares6 de Março de 2006

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Ainda não haviaGround Zero, nemMadrid, nem Lon-

dres. Não havia Toni Blair nemBush Júnior. Ainda não existiao conflito do Iraque, apenas aguerra soviética no Afeganistãoe os talibans. E já um taxistaaustríaco de origem curdaexplicava, ao cliente quetransportava da Catedralde S. Estêvão para aBolsa, que o Ocidente écorrupto, só gosta de vermulheres nuas emcartazes e revistas, que ocristianismo já está narampa descendente e queo futuro se chama Islão.E desfazia-se emlouvores ao AjatollahKhomeini que, aointroduzir a lei islâmicano Irão, conseguiuinstituir um estado modelar dejustiça social.

Quer dizer: ao contrário doque fazem correr pelo mundocertos comentadores superfi-cialmente informados e pro-gramados para um anti ameri-canismo vulgar, na sua raiz odespertar do fanatismo islâmiconão tem a ver nem com oconflito do Iraque, nem com aPalestina, nem com Bush eBlair. O seu profeta, o rico árabesaudita mais procurado, defigura ascética e olhos flame-jantes, Osama Bin Laden, veioesclarecer, menos de dois mesesapós a catástrofe de NovaYorque, o que é que realmente

Com as bênçãos do papa e espicaçadospor pregadores inflamados, lançaram-sena guerra santa contra os infiéis — oscruzados cristãos da Idade Média.Com as bênçãos do padrinho do terrorOsama Bin Laden e espicaçados porpregadores do ódio, lançam-se na guerrasanta contra os infiéis — os cruzadosislâmicos do século XXI. As vítimas nãocontam, o terror prossegue. E o mundoocidental, ainda marcado pelocristianismo, que só lentamente vaidespertando, recusa dar atenção àseriedade da situação.

renegam o Islão”. Concluindo:a grande maioria dos muçul-manos no mundo ficou satisfeitacom os ataques às torresgémeas. É o que mostram assondagens.

Cuidado com os juízos globaisPode muito bem ser que os

chefes muçulmanoscultos, como, p. ex., suaEminência o grande ImãProf. Dr. MohammedSayyed Tantawi, grandeXeque da mesquita Al-Azhar, recusem decidi-damente o terrorismo emnome de Allá. Tambémdesde há décadas oprofessor universitário eautor de vários livros Dr.Bassam Tibi, de origemsíria e residente naAlemanha, tenta clari-

ficar a diferença entre a doutrinade paz do alcorão e a ideologiaassassina islâmica. Mas quemconhece os corações de todos osmuçulmanos que vivem entrenós? Quem conhece e entendeas pregações dos seus mullahsnas mesquitas? É que tudo seresume a uma questão deinterpretação. Assim como ofacto de Jesus ter recusadoliminarmente o uso da espadanão pôde impedir que oscruzados da Idade Médiabrandissem a espada contra os“infiéis”, também o facto de osterroristas islâmicos nãopretenderem interpretar oconceito de jihad exactamente

está em jogo quando se fala dosmotivos dos atentados:

“Então não entendeis, nãoquereis entender que é umacruzada em sentido contrárioque está em curso? Uma guerrareligiosa, a que chamais jihad,guerra santa? Então nãopercebeis, não quereis perceber

que, para os muçulmanos, oOcidente representa um mundoque tem de ser conquistado,castigado e convertido aoIslão?”

E a pedra negra do anelcintilava-lhe no dedo quando elechamava “criminoso” aoSecretário Geral da ONU, KofiAnnam, e considerava a Itália,a França e a Inglaterra seus“inimigos”. E acentuava maisuma vez: “Essencialmente éuma guerra religiosa que estáem curso e quem o negarmente”. Segundo o padrinho doterror todos os árabes e todos osmuçulmanos deveriam, “tomarpartido, se ficarem neutros

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Laden. As fogueiras ondequeimam a bandeira norte-ame-ricana e bonecos com a figurade Bush. Queiram os cegos doOcidente escutar a gritaria dejúbilo ao Deus-misericordioso--e-irado, ou os gritos de Allahakbar… Serão grupos margi-

nais extremistas? Minoriasfanáticas? Mas são milhões emilhões os extremistas! Sãomilhões e milhões os fanáticos!Milhões e milhões para quemOsama Bin Laden, vivo oumorto, é uma lenda igual aKhomeini.

Um Desafio NovoAté onde vai, entre os

muçulmanos que vivem entrenós na Europa, a simpatia pelosautores dos atentados em NovaYorque, Madride ou Londres?Ninguém sabe. Não lhes im-porta sequer o facto de ultima-mente em Londres quatrojovens terem sido traiçoeira-mente mandados para a mortepelos assassinos? Também nãoserve de nada que, sob o slogan“guerra santa contra osamericanos”, todos os dias emBagdade e arredores sejamassassinados inúmeros ira-quianos, entre os quais inúmerascrianças, por islâmicos faná-

naquele sentido pacifista comque os muçulmanos pacifistas ofazem, poderá muito bem nãoter explicação.

No livro “A Raiva e oOrgulho” a grande jornalistaitaliana Oriana Fallaci, a viverem Nova Iorque, retrata com

palavras fortes a adesão dasmassas muçulmanas à guerrasanta de morte: “do Afeganistãoao Sudão, da Indonésia aoPaquistão, da Malásia ao Irão,do Egipto ao Iraque, da Argéliaao Senegal, da Síria ao Kénia,da Líbia ao Chade, do Líbano aMarrocos, da Palestina aoYémen, da Arábia Saudita àSomália, cresce a olhos vistos oódio ao Ocidente. Ele incendeia--se como um fogo estimuladopelo vento enquanto os discí-pulos do fundamentalismoislâmico se multiplicam comocélulas que se dividem sempremais.

Quem, no Ocidente, nãoperceber isto queira ver nastelevisões as imagens que, todosos dias, ali nos são apresentadas:

As massas que inundam asruas de Islamabad, as praças deNairobi, as mesquitas deTeherão. As caras furiosas, ospunhos cerrados e ameaçadores,os cartazes com a figura de Bin

ticos, não em último lugar deproveniência estrangeira?

O Ocidente, após duasterríveis guerras mundiais, apósa queda de duas ditaduras commilhões de vítimas e após Sre-brenica, gozando, em certa me-dida, de paz e bem-estar, tem

dificuldade em se adaptar a estedesafio cada vez mais próximo.Talvez não consiga atingir todoo alcance do que ainda está paravir, nem das ideias ou meios decombate que os assassinos demassas islâmicos ainda poderãovir a desenvolver. Com efeito,o reforço dos controlos fron-teiriços e a expulsão radical dospregadores do ódio não poderão,só por si, resolver o problema.A verdade é que o terror conti-nua a ser o grande desafio àsnossas democracias.

Mas ele sublinha tambémcomo é urgente a união de todasas comunidades religiosas nocombate comum contra o mal donosso tempo, mais propriamentede todos os tempos. Contrafundamentalismo e fanatismonas próprias fileiras.

Walter Axtmann

(* in Kirche In, 08/2005, pp. 32,33)

(Tradução de João Simão)

O INCÊNDIO DO ÓDIO*

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* *

Fez no passado dia 27de Novembro doisanos que o Padre

Filipe Figueiredo nos deixouduma forma inesperada, masmarcante para todos aqueles quecom ele conviveram.

Em Estarreja, sua terranatal, onde foi criada em 2004 aFundação Cónego Filipe deFigueiredo, quis esta Fundação,juntamente com a CâmaraMunicipal, comemorar o 2ºAniversário da sua partida comuma Semana de Comemoraçõesque encerrou com um Concertoque teve lugar no AuditórioMunicipal a que tive aoportunidade de assistir, com oVasco em representação donosso Movimento Fraternitas.

Foi um Concerto mara-vilhoso em que sentimosrealmente a presença do PadreFilipe, nosso fundador que tantasaudade nos deixou, mas que ládo Alto vela por nós e nos ajudaa continuar a ser sinal dapresença do Senhor no meio detodos aqueles que connosco secruzam.

Gostava de partilhar con-vosco o que senti pois sinto-mena obrigação de o divulgar atodos aqueles que conheceramo Padre Filipe e sabem como eleamava o nosso Movimento...

Nolado es-querdodo Pal-co esta-va umretratodo Pa-dre Fi-l i p em a n i -festando--nos a sua presença.

A Orquestra da EsproArte,de Mirandela, dirigida peloMaestro e Director de Orques-tras e Compositor Espanhol deorigem Cigana Paco Suarez, eum Grupo de Solistas, Bailari-nos e Cantores ciganos, delei-taram-nos com um Programa demúsica de vários autoresconhecidos entre os quais elepróprio Paco Suarez.

Este Concerto teve o seumomento mais alto quando oMaestro Paco Suarez nos disseque tinha composto uma Ave--Maria em homenagem ao PadreFilipe que ele lembrava commuita saudade e a quem ofereciaaquilo que sabia que o PadreFilipe tanto gostava, dizendo:“seja onde for que ele estiveraqui fica a nossa Homenagemde grande saudade lembrandotoda a amizade que o Padre

Comemoração do 2º Aniversário dapartida do P. Filipe

Filipe tinha pelo Povo cigano”.Foi uma alegria e um sentirprofundamente a importânciaque Maria tinha na vida doPadre Filipe e que tão bem nossoube transmitir. Foi um mo-mento de muita união a todos osque sabiam como era e é o PadreFilipe esse momento em que aesposa de Paco Suarez noscantou essa Ave-Maria. É bomsabermos e lembrarmos aquelesque amamos e que partiram ànossa frente para junto do Pai.

Bem haja Padre Filipe pelobem que nos fez e, lá do Céuonde acreditamos nos tenhaprecedido, vele por nós para queconsigamos seguir no caminhoque nos mostrou e por ondequeremos e cremos vir aencontrar-nos um dia!

Mª Isabel Beires Fernbandes

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*

Com a presença de cerca desetenta associados teve lugar emFátima, na Casa de Nª. Sr.ª doCarmo, na data de 11 a 13 deNovembro de 2005, mais umcurso de actualização teológica,subordinado ao tema “PertençaEclesial do Cristão”, que foiorientado pelo Doutor JoãoDuque, Teólogo e ProfessorUniversitário.

Numa breve sessão deabertura, após uma sucintaapresentação dos presentes, asecretária deu notícias sobre oque entretanto se tem passado nanossa associação e falou dosmembros que não puderam estarpresentes por doença ou porimpossibilidade profissional.Estes momentos de notícias da“Família Fraternitas” são muitoimportantes porque nos ajudama manter a união entre todos e adar expressão à preocupação deuns pelos outros.

O plano de trabalhosproposto previa três conferên-cias, seguidas, cada uma delas,de sessões de trabalhos porgrupos e de plenários comen-tados pelo orientador. Destemodo torna-se muito mais

activa a parti-cipação indi-vidual com acorrespondenteriqueza de re-flexões e deconclusões.Os temas de-senvolvidospelo confe-rencista fo-ram: “Dimen-são eclesialda fé”, “Igreja como comuni-dade” e “Comunidade laical”.

Salientou-se que a fé cristã decada um de nós é a adesão a algoque nos é proposto, não a algoque nasça de cada um. É umaexperiência, uma adesão pes-soal. Mas essa adesão pessoal aalgo que é proposto é umprocesso comunitário. Dandoesse passo de adesão, entramosnuma comunidade de fé — háum conteúdo de fé que é trans-mitido e que se aceita. Esta op-ção pessoal de aceitação dumconteúdo transmitido começa nafamília.

A nossa profissão de fé numDeus uno e trino é o início danossa relação com Deus

Trindade, que é em si mesmorelação, comunidade. Naorigem, na vida e na morte, o serhumano engloba em si umaspecto relacional, comunitário.A nossa identidade como crentesnão se define a partir de nóspróprios mas é-nos dada gra-tuitamente por Deus. Deusacolhe cada ser humano talcomo acontece ele ser. Oacolhimento da fé não é desin-carnado, é condicionado pelascircunstâncias, pelos contextosculturais e sociais.

A comunidade humanaconstrói-se na assunção dasdiferenças de cada um. Afraternidade é algo a construir.

VII Curso de Actualização Teológica 2005

O conferencista, Dr. João Duque.

(continua na página 8)

Fundo de PartilhaComo todos somos sabedores, é imperioso, mor-mente nos tempos que correm, acorrer eacudir a casos de necessidade. E, como apren-demos e importa praticar, a caridade começa pelaprópria casa...

Porém, só é possível distribuir o que os sócios daFraternitas “depositam aos pés dos apóstolos”...Eis o NIB da nossa conta (para transferências paraa solidariedade):0033-0000-45218426660-05.

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Embora consideremos maisfácil entrar em comunhão comquem concorda connosco,devemos entender que o Senhornos trata duma forma bemdiferente: Ele ama-nos apesardas nossas infidelidades.

A Igreja não é uma entidadeorientada para si mesma, masuma entidade orientada para osoutros. É uma barca para todos.A relação Igreja–mundo é umarelação fundamental.

A tentativa dalgumassociedades monacais deantecipar já neste mundo a vida

VII Curso de ActualizaçãoTeológica 2005(continuação da página 7)

do além, da cidade celeste, foiuma ilusão e criou muitasperversões.

Depois falou-se de Igrejahierárquica e de Igreja Povo deDeus. Reflectiu-se sobre osministérios e o lugar dosministérios ordenados. Salien-tou-se que o ministério funda-mental é o do cristão comoanunciador da Boa Nova. Todoo cristão, clérigo ou não, sedefine por estar ao serviço dosoutros. Nestes termos, quandofazemos uma crítica, é umaauto-crítica que fazemos.

Decididamente: uma práticareligiosa de missas, terços,novenas, primeiras sextas feiras,

primeiros sábados, para “ga-rantir” a salvação da alma, jápouco dizem à mundividênciadas actuais gerações. Hoje emdia o acento tónico vai para osaspectos sociais, a ajuda mútua,o voluntariado a favor do irmão,cristão ou doutra fé, como sendoesses os passos que definem aautêntica caminhada desalvação.

Os trabalhos terminaramcom a Eucaristia dominical.

Tratou-se realmente dumajornada de reflexão, dumencontro de amizade entreirmãos, de conforto e animaçãopara todos.

João Simão

XII I E N C O N T R O NA C I O N A L

Data: de 28 de Abril (jantar) a 1 de Maio (almoço) de 2006

Local: Casa dos Capuchinhos (Fátima)

Inscrições: Secretariado da Fraternitas

Eduarda Oliveira e CunhaEstrada Velha de Abravezes, 2923510-204 VISEU

Certamente não carece referir a importância e a necessidade de nos encontrarmos,de reflectirmos, de rezarmos, de convivermos, de avaliarmos a nossa actuação, deapoiarmos que dá o seu melhor pela nossa Associação/Movimento.A presença de todos e de cada um é estímulo para os outros.A nossa Assembleia Geral Anual, que terá lugar durante o Encontro, precisa de ti eda tua opinião. Precisamos uns dos outros.Mobilizemo-nos!

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Com efeito, em Novembroúltimo, a conferência episcopalde França, ao comentar ostrabalhos do recente sínodoromano, declarava, a propósitodo celibato eclesiástico:“Perante a falta de padres quecaracteriza um certo número deregiões no mundo, o sínodo ana-lisou a hipótese de ordenação dehomens casados, os “viriprobati” (ou seja: homens quejá deram provas).Os Bisposexprimiram a opinião de quenão se deveria enveredar poresta via. Reafirmaram aimportância do celibato naprática da Igreja latina (...)Importa promover e defender aescolha do celibato sacerdotal”.

Duas formas de vidaNo entanto, o papa João

Paulo II não teve receio deadmitir à ordenação mais de 200homens casados, viri probati,que tinham dado provasexercendo um ministério

pastoral noutra Igreja. OConcílio Vaticano II não tevemedo de restaurar o diaconadopara homens casados: osdiáconos podem celebrarbaptismos, casamentos,funerais, liturgias da Palavra,sendo ao mesmo tempomissionários nos seus meiosambientes. Então porque razãose há-de recusar esta soluçãopara o ministério sacerdotal,quando se reconhece aimportância da Eucaristia paracada comunidade e se deploraque a falta de padres as privemdela com tanta frequência?

Um dos argumentos quemuitas vezes se utiliza é a menormobilidade do clero casado.Mas os pastores do tempo de S.Paulo, que eram chefes defamília, eram assim tão móveis?Os pastores protestantes e ospadres anglicanos serãoporventura inamovíveis?

Quanto ao celibato sacer-dotal, o facto de admitir aordenação de homens casadosnão significa o seu fim: as duasformas de vida existem desde asorigens do cristianismo. S.Paulo não era casado, mas cha-mava homens casados para osministérios. E as Igrejas orien-tais conservaram as duas tradi-ções.

Diversidade de soluçõespastorais

Podíamos então espantar-nos com a posição dos bispos

franceses. Convém sabermosque não são admitidos aoepiscopado senão os padres aquem foi feito um inquéritoprévio, e nele se declararamcomo partidários da doutrinaoficial do celibato. Se um bispofrancês colocasse a hipótese daordenação de homens casados –como em Estrasburgo em Junhode 2000 – isso significaria queele evoluiu, ou que o inquéritotinha sido mal feito.

Presentemente, convémdizer aos bispos de França:“Não tenhais medo, quanto aoministério sacerdotal, doshomens casados. Vós já osadmitis ao diaconado. Jesus deuo exemplo, Ele que confiou aschaves da Igreja a um homemcasado, ao qual, dizem-nos osEvangelhos, Ele tinha curado asogra. Não tenhais medo deestudar a história da Igreja paranela descobrir a diversidade desoluções pastorais adoptadassegundo os tempos e os lugares,graças à assistência do EspíritoSanto”.

No cristianismo, é Jesus, oprimeiro, que convidou a não termedo no meio da tempestade (Jo6, 20). Ele dirigia-se aos seusdiscípulos, dos quais os bisposse consideram sucessores.

“NÃO TENHAIS MEDO... DOS PADRES CASADOS!”Por Marcel Metzeger*

* (padre, teólogo, já foi director daFaculdade de Teologia de Estrasburgo,

colaborador de Regard Chrétien des DNA— texto inserto no nº 21, de 25.01.2006)

“Não tenhais medo!”Este apelo, lançado pelopapa João Paulo II em1978, no dia da sua eleição,ficou célebre. Há dez anos,o padre Bernard Sesboüeusou-o como título dumlivro em que propunhaencarar a possibilidade daordenação de algunshomens casados. Seráque houve progressosneste ponto? Parece quenão.

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O ambiente do Encontro,como sempre, foi de um intensotestemunho do interesse quecada um mostrava pelo bem-estar dos outros, mesmoausentes. A Direcção do nossoMovimento, através de um«fundo de maneio», temprestado toda a espécie de ajudaa qualquer sócio que delaprecise. Mas nunca se sabequem precisou e que ajudarecebeu!... É a vivência danorma evangélica: «não saiba atua mão esquerda o que faz a tuadireita».

Sabemos viver aquilo queum dia, Antoine de Saint-Exupéry escreveu: «A caridadenunca humilhou aquele quebeneficiou dela, nem sequer oprendeu com as correntes dagratidão, já que a dádiva não foifeita a ele, mas sim a Deus». Épreciso amar para perceberisto!...

Depois de um dia assimvivido em tão reconfortanteconvívio de irmãos, depois datroca de recordações das vidaspassadas e das presentes, chegoua hora das despedidas. Abraçosaos molhos entre os irmãos,beijos e promessas de novosencontros, cada um de nós lápartiu para suas terras, não semum olhar para trás cheio desaudades daquele Encontro quetanta força nos deu paracontinuarmos a viver estafraternidade, ao nosso jeito.

E o nosso jeito não é sermoscarneiros de Panurgo(personagem do «Pantagruel»de Rabelais), mas assumir asnossas responsabilidades ecaminhar em frente com acoragem que Confúciorecomendava aos seusdiscípulos: “O sábio... quandovem a tempestade, caminhasobre as ondas e desafia o

vento.” De facto, desafiar ovento é ter a coragem de ser luz,mesmo para quem não noscompreende! É sermos farol enão nos contentarmos em serapenas uma vela a arremessarfumos inúteis.

Agora esperamos ansiosa-mente o costumado grandeEncontro-Curso, a nívelnacional, em Fátima, nospróximos dias 11,12 e 13 deNovembro, onde iremos estudare discutir o tema deste ano,«Presença Eclesial do Cristão»,sob a orientação do Dr. JoãoDuque, teólogo leigo, professorda Universidade Católica deBraga. Nele participarão sóciosdo nosso Movimento de todo opaís.

O nosso Movimento«Fraternitas» é uma portasempre aberta a todos.Sobretudo aos que aprenderama amar, porque, se aquele quequer fazer bem, bate à porta,aquele que ama, encontra-asempre aberta!...

Manuel Paiva

(continuação da pág. 12)ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS

Este número do nosso boletimEspiral corresponde a dois tri-mestres, sendo, portanto, um nú-mero duplo.Tal facto deve-se, principalmen-te à impossibilidade de o ter fei-to sair, com normalidade, no tem-po devido — altura do Natal de2005. Teve a ver com a minhadisponibi l idade/indisponi-bilidade, o que, sinceramente la-mento.

Assim, decidindo-se pela sua saí-da no primeiro trimestre de 2006,vai um pouco mais “gordo”, com-pensando (se tal é possível!...) odeplorável atraso.Por outro lado, os ecos que me fo-ram chegando (mais do que quei-xas, eram lamentos pela sua ausên-cia...), demonstram a importânciadeste elo entre os membros da nos-sa Associação e outros leitoresatentos.Pelo facto do atraso, de que sou o

único responsável, peço a todosperdão.Mas importa repensar os moldesdo nosso boletim e, principal-mente, julgo chegado o momen-to de se proceder à minha substi-tuição. Sem angústias nem so-bressaltos. Aliás, estou a fazer oEspiral desde o número um e éimportante renovar.Vamos pensar e andar para a fren-te!

Alberto Osório

Nota do Editor:

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espiral 11

Acompanho, com vivo interesse, a actuação da“Fraternitas”, através da agradável visita trimes-tral do jornalzinho “Espiral”.

Bem haja a este e a quem o envia, a começarpelo primeiro responsável: o caro João Simão,dilecto companheiro de Coimbra.

Felicito, de modo especial, o novo Presidente

l FALECIMENTO (a): A mãeda Antónia Sampaio faleceu nopassado dia 16 de Outubro de2005. Abnegadamente suportouvárias maleitas e sofrimentos quea atormentaram nos últimos anosde vida.Paz para ela.

l FALECIMENTO (b): Nessemesmo dia, 14 de Outubro de2005, teve igualmente a suapáscoa, o nosso sócio AntónioJúlio Sampaio Veríssimo (nº104).

b r e v e s . . . No próximo número esperamospoder incluir um texto mais desen-volvido sobre este nosso irmão quetão brevemente passou pela Fra-ternitas.À sua esposa e a todos os seus, osnossos sentidos pêsames.

l EM PROVAÇÃO: Vários dosnosso consócios encontram-se emprovação, por motivos de doença.Ressalvando outras situações deque, por vezes, não temos conhe-cimento oportuno, só o sabendobastante mais tarde, devemos men-cionar expressamente os casos doLuís Gouveia (Ermesinde), doOrival Pinto (Vila Real), do Fran-

cisco Santos (Vila do Conde), edo António Limas (Argentina).Não esquecendo a Mariazinha,esposa do Silva Pinto (SantaMarta de Penaguião).Tenhamo-los a todos presentesnas nossas orações.Ânimo e efectivas melhoras.

l NASCIMENTO: No passa-do dia 23 de Novembro de 2005,nasceu, com 32 semanas, a Ca-rolina, filha do Manoel Pombale da Luísa.Os nossos sinceros parabéns aospais e felicidades para a meni-na.

C a r t a s . . .

N.R.: Muito nos apraz registar estamissiva, que nos remeteu o Sr. D.Eurico Nogueira, arcebispo emé-

da Associação, Dr. Vasco Fernandes, desejando--lhe e a toda a equipa, profícuo trabalho.

Envio o cheque junto, para ajudar as despesascom o boletim.

Subscrevo-me, com amizade e consideração

Braga, 21-09-2005Eurico Nogueira

rito de Braga e leitor atento do nos-so boletim. Cremos ser também deagradecer (por esta via, pois por

outras certamente já o foi feito) oseu contributo para as nossas des-pesas. Bem haja!

Novo Sócio da FRATERNITAS

Admitido na Reunião de Direcção de 4 de Fevereiro de 2006

Nº 106 -DOMINGOS COSTA LEITE

QUOTASAgradecemos o favor deserem pagas as quotas parao nosso Movimento.

A única fonte de receita sãoos nossos contributos e,quando faltam, o tesoureirovê-se em apertos...

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espiralRua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO

e-mail: [email protected]

boletim daassociação fraternitas movimento

Responsável: Alberto Osório de Castro

Nº 21/2 - Outº 2005 / Mar 2006

ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS

Dia 22 de Outubro de 2005. O tempo orachovia ora sorria: era o retrato da vida de qualquermortal deste complicado planeta!...

Tinha sidoesse o dia marcadopara o EncontroRegional da«Fraternitas», dazona Norte. Porsorte foi em Vizela,na quinta da «Casada Carreira», quetinha uma frondosae refrescantefloresta dec a s t a n h e i r o s ,carvalhos da Índia,tílias e outrasárvores de grande porte, a rodear aristocráticashabitações, cujo granito testemunhava,silenciosamente, as já longínquas vozes de quemas ergueu!... Havia salas e salões para tudo quantose pudesse sonhar: divertimento, descanso,cavaqueira, jogos, e até uma linda capela, derendilhados de pedra na sineira, nos dintéis ecornijas da fachada. Ali reflectimos e rezamos pelaalma dos colegas falecidos e pela saúde dos aindavivos. É que todos nós aprendemos a amar, e oamor é um caminhar, unidos, na mesma direcção.Conforme escreveu o romancista francês Saint-Exupéry, «Amar não consiste apenas em olhar unspara os outros, mas em caminhar unidos na mesmadirecção».

Podemos não ter tudo o que amamos, masamamos tudo o que temos! Mesmo que nosquisessem tirar «tudo», há faúlhas da alma quenão se apagam nas provações...No Evangelho do31º Domingo, do passado dia 30 de Outubro,Cristo deu o golpe de misericórdia nos que querem

ser poder, tanto na política como na Igreja, ou parase locupletarem, ou para desassossegarconsciências com fardos que não carregam! Será

que os visados,por andaremdesavisados, nãoestremeceram?!...

A «Casa daC a r r e i r a »pertence à famíliada Isabel e doVasco, colegasdeste grupo des a c e r d o t e s«dispensados» doexercício dom i n i s t é r i o .Fomos ali

recebidos como verdadeiros irmãos, no calor dequem se sabe dar, fazendo-nos sentir nossa a casaque tão bem nos acolheu!...

Eram 40, acompanhados de familiares. E mais10 que nos enviaram saudações por não poderemestar presentes, dados os seus compromissos.Viveram-se ali horas de um convíviofraternalmente alegre, como tem sido timbredestes Encontros de almas gémeas nas vicissitudesde uma vida marcada pelo espírito de inter-ajuda,que tanto conforto tem dado àqueles que, algumavez, precisaram da presença amiga dos colegas,em horas adversas. Em vez de enxugarmoslágrimas, preferimos que elas não brotem. É queo verdadeiro amigo não é o que nos enxuga aslágrimas, mas sim aquele que não as deixa cair!...

Enquanto uma equipa se afadigava, numa dascozinhas, a preparar um apetitoso (e nunca maisesquecido!) arroz de frango, e a distribuir, pelasmesas, os acepipes trazidos pelos sócios doMovimento «Fraternitas», outros colhiam, para

um magusto familiar, castanhasfresquinhas que os castanheirosprodigamente iam deixando cairno chão manteado de folhasamolecidas.

(continua na página 10)