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N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008 boletim da associação FRA FRA FRA FRA FRATERNIT TERNIT TERNIT TERNIT TERNITAS AS AS AS AS MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO espiral MAIS UMA ET MAIS UMA ET MAIS UMA ET MAIS UMA ET MAIS UMA ETAP AP AP AP APA A A A A VENCID VENCID VENCID VENCID VENCIDA Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sous Serafim de Sousa P rezadas irmãs e irmãos do Fraternitas-Movimento! Quero começar por dizer que se venceu mais uma etapa importante do nos- so movimento e associação. O encontro em Évora foi a confirmação disso mesmo, e todos pudemos ver, no rosto dos que estiveram presentes, a alegria e felicidade por estarmos juntos e continuarmos a tra- balhar com amizade e muita fé na vinha do Senhor. Graças ao empenhamento de um grupo restrito - di- recção e outros mais - estamos todos contentes. Va- leu a pena! N ão foi por acaso que nos reunimos na área de acção do nosso fundador e pai espiritual, cinco anos depois da sua passagem para o Pai. Tam- bém na mesma linha tivemos pela primeira vez a pre- sença amiga e simpática do novo assistente espiritu- al, padre Saldanha. Foi, de facto, uma graça de Deus termos encontrado um sacerdote que se disponibili- zou para estar connosco e fazer parte da nossa equi- pa, como um elo de ligação mais perfeita com a hi- erarquia da Igreja. Deu para entender que se trata de um sacerdote simples, desprendido, amigo logo à primeira vista e de uma simpatia despretenciosa e aberta. Ficámos mais ricos e vamos saber aproveitar em plenitude este dom que o Senhor nos concedeu. Só desejo que Deus lhe dê muita saúde e muita cora- gem para descobrirmos em conjunto o verdadeiro caminho que temos de ir trilhando. Foi uma passa- gem de testemunho e continuidade. Por tudo isto devemos dar muitas graças a Deus e à boa maneira dos humanos: um muito e sincero obrigado! N atal. Como sempre, é necessário que nos deixemos envolver no grande acontecimento que há mais de dois mil anos sucedeu para todos nós: o nascimento de Jesus, Filho de Deus Pai, o Messias esperado, que veio salvar a Humanidade. O mundo vibra à sua maneira e de acordo com os seus sentimentos, objectivos e cultura. Nós somos, porventura, daqueles que têm mais razões para vi- ver este tempo que o Senhor nos dá da forma mais adequada e perfeita, com Deus na vida e no cora- ção dos homens. Não desprezemos, pois, mais esta oportunidade que temos de progredir e crescer na amizade uns pelos outros e, acima de tudo, no amor por Ele. Vamos nisto com determinação e certeza, e façamos sempre o que Deus nos manda e inspira. Sejamos dos primeiros no amor e na compreensão pelos outros que não pensam assim, na certeza de que também eles farão parte do seu rebanho, mais dia menos dia. V ai haver um congresso dos antigos alunos dos seminários nos dias 24, 25 e 26 de Abril em Fátima. Certamente todos lá queremos estar na ple- nitude da nossa força, da nossa cultura e da nossa fé. Provavelmente vamos ter de mudar o nosso en- contro previsto no plano de actividades para a se- mana anterior. Espero que entendam a razão e sai- bam aproveitar esse encontro que vai ser com certe- za muito rico e positivo. Daremos notícias mais con- cretas desta decisão quando tudo estiver resolvido e organizado. Desejamos a t Desejamos a t Desejamos a t Desejamos a t Desejamos a todos odos odos odos odos que as bênçãos do Menino Jesus tr que as bênçãos do Menino Jesus tr que as bênçãos do Menino Jesus tr que as bênçãos do Menino Jesus tr que as bênçãos do Menino Jesus tragam a paz anseada agam a paz anseada agam a paz anseada agam a paz anseada agam a paz anseada às famílias e ao Mundo. às famílias e ao Mundo. às famílias e ao Mundo. às famílias e ao Mundo. às famílias e ao Mundo. E que a no E que a no E que a no E que a no E que a novidade sem vidade sem vidade sem vidade sem vidade sempre sur pre sur pre sur pre sur pre surpreendent preendent preendent preendent preendente do N e do N e do N e do N e do Natal atal atal atal atal torne esper orne esper orne esper orne esper orne esperançoso o Ano No ançoso o Ano No ançoso o Ano No ançoso o Ano No ançoso o Ano Novo, 2009! o, 2009! o, 2009! o, 2009! o, 2009!

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N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008

boletim da associação FRAFRAFRAFRAFRATERNITTERNITTERNITTERNITTERNITASASASASAS MOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTO

espiralMAIS UMA ETMAIS UMA ETMAIS UMA ETMAIS UMA ETMAIS UMA ETAPAPAPAPAPA A A A A VENCIDVENCIDVENCIDVENCIDVENCIDAAAAA

Serafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de SousSerafim de Sousaaaaa

Prezadas irmãs e irmãosdo Fraternitas-Movimento!Quero começar por dizer que sevenceu mais uma etapa importante do nos-

so movimento e associação. O encontro em Évorafoi a confirmação disso mesmo, e todos pudemosver, no rosto dos que estiveram presentes, a alegria efelicidade por estarmos juntos e continuarmos a tra-balhar com amizade e muita fé na vinha do Senhor.Graças ao empenhamento de um grupo restrito - di-recção e outros mais - estamos todos contentes. Va-leu a pena!

Não foi por acaso que nos reunimos na áreade acção do nosso fundador e pai espiritual,

cinco anos depois da sua passagem para o Pai. Tam-bém na mesma linha tivemos pela primeira vez a pre-sença amiga e simpática do novo assistente espiritu-al, padre Saldanha. Foi, de facto, uma graça de Deustermos encontrado um sacerdote que se disponibili-zou para estar connosco e fazer parte da nossa equi-pa, como um elo de ligação mais perfeita com a hi-erarquia da Igreja. Deu para entender que se tratade um sacerdote simples, desprendido, amigo logo àprimeira vista e de uma simpatia despretenciosa eaberta. Ficámos mais ricos e vamos saber aproveitarem plenitude este dom que o Senhor nos concedeu.Só desejo que Deus lhe dê muita saúde e muita cora-gem para descobrirmos em conjunto o verdadeirocaminho que temos de ir trilhando. Foi uma passa-gem de testemunho e continuidade. Por tudo istodevemos dar muitas graças a Deus e à boa maneirados humanos: um muito e sincero obrigado!

Natal. Como sempre, é necessário que nosdeixemos envolver no grande acontecimento

que há mais de dois mil anos sucedeu para todosnós: o nascimento de Jesus, Filho de Deus Pai, oMessias esperado, que veio salvar a Humanidade.O mundo vibra à sua maneira e de acordo com osseus sentimentos, objectivos e cultura. Nós somos,porventura, daqueles que têm mais razões para vi-ver este tempo que o Senhor nos dá da forma maisadequada e perfeita, com Deus na vida e no cora-ção dos homens. Não desprezemos, pois, mais estaoportunidade que temos de progredir e crescer naamizade uns pelos outros e, acima de tudo, no amorpor Ele. Vamos nisto com determinação e certeza, efaçamos sempre o que Deus nos manda e inspira.Sejamos dos primeiros no amor e na compreensãopelos outros que não pensam assim, na certeza deque também eles farão parte do seu rebanho, maisdia menos dia.

Vai haver um congresso dos antigos alunos dosseminários nos dias 24, 25 e 26 de Abril em

Fátima. Certamente todos lá queremos estar na ple-nitude da nossa força, da nossa cultura e da nossafé. Provavelmente vamos ter de mudar o nosso en-contro previsto no plano de actividades para a se-mana anterior. Espero que entendam a razão e sai-bam aproveitar esse encontro que vai ser com certe-za muito rico e positivo. Daremos notícias mais con-cretas desta decisão quando tudo estiver resolvido eorganizado.

Desejamos a tDesejamos a tDesejamos a tDesejamos a tDesejamos a todosodosodosodosodos

que as bênçãos do Menino Jesus trque as bênçãos do Menino Jesus trque as bênçãos do Menino Jesus trque as bênçãos do Menino Jesus trque as bênçãos do Menino Jesus tragam a paz anseadaagam a paz anseadaagam a paz anseadaagam a paz anseadaagam a paz anseada

às famílias e ao Mundo.às famílias e ao Mundo.às famílias e ao Mundo.às famílias e ao Mundo.às famílias e ao Mundo.

E que a noE que a noE que a noE que a noE que a novidade semvidade semvidade semvidade semvidade sempre surpre surpre surpre surpre surpreendentpreendentpreendentpreendentpreendente do Ne do Ne do Ne do Ne do Natalatalatalatalatal

tttttorne esperorne esperorne esperorne esperorne esperançoso o Ano Noançoso o Ano Noançoso o Ano Noançoso o Ano Noançoso o Ano Novvvvvo, 2009!o, 2009!o, 2009!o, 2009!o, 2009!

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Fomos à Jerusalém celeste com o Curso deActualização Teológica, em Évora. Fez-se me-

mória ao nosso querido e saudoso assistente espiri-tual, cónego Filipe Figueiredo, e embarcámos já como seu sucessor P.e Guilhermino Saldanha, conduzi-dos pelo Cónego Senra Coelho, que nos mergulhouna segunda carta encíclica de Bento XVI, Spe Salvi(Salvos na Esperança).

Até pelo Jordão vagueámos, ao contemplarmosa área da barragem do Alqueva!...

Qual rio por aí na planície, erodindo aqui, depo-sitando ali, vamos fazer já uma curta paragem antesde nos determos suavemente na encíclica, tão bem“escavada” pelo nosso timoneiro. De facto, tudo istopor causa de algo que nos une – a FÉ:

«A Fé:Uma confiança partilhada e proclamadaUm encontroUm percursoUma aventura...(?)»Encontremo-nos, então, num pequeno percurso

por esta maravilhosa encíclica, dedicada ao temada esperança cristã, num mundo dominado pela des-crença e desconfiança perante as questões relacio-nadas com o transcendente.

«O homem tem necessidade de Deus, de contrá-rio fica privado de esperança», pode ler-se. O Deusem que os cristãos acreditam apresenta-se como ver-dadeira esperança para o mundo contemporâneo,porque lhe abre uma perspectiva de salvação.

Bento XVI considera que só é possível viver e acei-tar o presente se houver «uma esperança fidedigna»

e destaca a importância da eternidade, não no mun-do actual – «a eliminação da morte ou o seu adia-mento quase ilimitado deixaria a Terra e a Humani-dade numa condição impossível» -, aponta, mascomo «um instante repleto de satisfação, onde a to-talidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade.»

«Deus é o fundamento da esperança, não um deusqualquer, mas aquele Deus que possui um rosto hu-mano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e aHumanidade no seu conjunto», observa.

«Se não podemos esperar mais do que é real-mente alcançável de cada vez e de quanto nos sejapossível oferecerem as autoridades políticas e eco-nómicas, a nossa vida arrisca-se bem depressa a fi-car sem esperança.»

Quanto ao progresso científico, a encíclica alertaas «possibilidades abissais do mal que se têm aber-to» e pede uma «formação ética do homem» paraque este progresso não se transforme numa «amea-ça para o homem e para o mundo».

O papa indica que rezar «não é retirar-se para ocanto da própria felicidade» e que «o nosso agir nãoé indiferente diante de Deus» nem para «o desenro-lar da História»... «A capacidade de morrer por amorda verdade é medida de humanidade», sentencia.

«Como cristãos, não basta perguntarmo-nos comoposso salvar-me, devemos antes perguntar: o queposso fazer para que os outros sejam salvos e nasça,também para eles, a estrela da esperança? Entãoterei feito também o máximo pela minha salvaçãopessoal», conclui o Bento XVI.

«Com um hino do século VIII/IX, a Igreja saúdaMaria, a Mãe da Deus, como «estrela do mar»... Asverdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoasque souberam viver com rectidão. Elas são luzes deesperança.... E quem mais do que Maria poderia serpara nós estrela de esperança? Ela que, pelo seu“sim”, abriu ao próprio Deus a porta do nosso mun-do; Ela que Se constituiu Arca da Aliança viva, ondeDeus Se fez carne, tornou-se um de nós e estabele-ceu a sua tenda no meio de nós (cf Jo 1, 14)», adian-ta no ponto 49.

Também a nós nos apeteceu montar três tendas!...Com é bom vaguear, contemplando e meditando naforça de Deus Esperança! Mas, oh! «Salta par a tuaGalileia», ordena Deus Espírito Santo.

E assim com este discorrer terminemos o percur-so com: «E o céu não está vazio.» (ponto 5).

MEANDROS DIVAGANTESNO (PER)CURSO DE ACÇÃO TEOLÓGICA

sobre SPE SALVI, de BENTO XVI

UrUrUrUrUrtélia Siltélia Siltélia Siltélia Siltélia Silvvvvvaaaaa

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A Fraternitas é uma das muitas obras em que oP.e Filipe Figueiredo se empenhou de alma e cora-ção. Uma das suas meninas predilectas. Por duassuposições. Primeira, por a nossa situação de vota-dos ao desprezo pela hierarquia eclesiástica ser algoparecida à que ele experimentou na sua adolescên-cia e juventude. Afastado de três seminários da áreada sua residência, para prosseguir os estudosem ordem ao sacerdócio, houve de refazeras malas uma quarta vez e rumar a Évora.Ali, no Seminário Maior Arquidiocesano, fezFilosofia e Teologia e, posteriormente, foi or-denado ao serviço desta arquidiocese.

Segunda, pela magna generosidade quenos devotou. O seu coração de homem justoe santo levou-o a tudo fazer para desmoronar as bar-reiras de um tal abandono. No decurso duma pere-grinação à Terra Santa, abraçara, de lágrimas nosolhos, um outro peregrino, o P.e Canha, seu antigoaluno. Este abraço – diz o sacerdote – «não se confi-nou a mim. Comigo estávamos todos os que pedi-mos a redução ao estado laical, como o futuro veioa demonstrar. Mal chegámos, o P.e Filipe pôs em mar-cha o seu plano.» «A Fraternitas» – acrescenta o mes-mo sacerdote – «nasceu deste gesto.»

Não estaremos longe da verdade se dissermosque o P.e Filipe anteviu nos anais da história contem-porânea que o que aconteceu com o P.e Américo ecom ele próprio se estava a reproduzir connosco,onde existiriam, também, algumas pedras angula-res, desprezadas dos construtores. O P.e Filipe co-nhecia-nos por dentro. Como bom sociólogo sabe-ria de casos similares aos que passo a referir.

O PO PO PO PO P.e Gil.e Gil.e Gil.e Gil.e Gil, que foi presidente da câmara de VilaPouca de Aguiar nos três primeiros mandatos após o25 de Abril. Por ocasião do 8.º aniversário sobre asua morte, a igreja de Vila Pouca foi pequena paraalbergar a multidão de vilapouquenses na Eucaristiaem seu sufrágio e no descerramento do busto emsua memória, no largo fronteiriço ao templo. Esta-vam ali os vilapouquenses em maioria para lhe tes-temunharem gratidão, muitos deles de lágrimas nosolhos. E não foram, apenas, os simples que chora-ram. Na sessão camarária, choraram os actuais pre-sidentes da assembleia e de câmara. O primeiro de-les, mal pronunciou o seu nome, entrou em tal co-moção que o obrigou a retirar-se sem mais palavras.Não obstante a auréola de bondade e de competên-cia do homenageado, o prelado diocesano escusou-se a estar presente!

A quantos o lamentavam por ter deixado o sacer-dócio activo, o P.e Dr. António Gil respondia, invari-

Homenagem ao Cónego Filipe Figueiredo:: Arquitecto e Primeiro Assistente Religioso ::

avelmente «Não deixei o sacerdócio, continuo sacer-dote com uma missão diferente. A guerra é a mes-ma, apenas mudei de trincheira.»

O PO PO PO PO P.e Lúcio.e Lúcio.e Lúcio.e Lúcio.e Lúcio, residente em Cuba, que nos últimostempos deixara de comparecer aos encontros daFraternitas, em Évora justificou-se: «Sou padre, mari-

do e pai. Desde que assumi o presente esta-do, sinto que os meus deveres sociais pri-

meiramente são junto da família. Nos úl-timos anos, a minha sogra sofreu deAlzaimer, obrigando-me a ajudar a mi-nha mulher nos seus cuidados diários.Agora, é meu sogro a exigir-me idênti-ca atenção. Sofreu um AVC e tornou-se totalmente dependente. Por ele, não

dormi cá. Fui a casa para ajudar na sua higiene diá-ria, deitá-lo e, hoje, levantá-lo pela manhã. Enquan-to pai, tenho o filho mais novo de 28 anos, recente-mente ordenado diácono em ordem ao sacerdócio,que, julgo, continua a precisar de mim. Para ele sou,também, director espiritual.» Parabéns Lúcio!

E o Po Po Po Po P.e Carpentier.e Carpentier.e Carpentier.e Carpentier.e Carpentier. Outro caso actual. Como dis-se a Isabel, no decorrer do encontro, não tem apa-recido por afazeres pastorais. Em Silves, preside atoda a catequese dos adultos, incluindo a prepara-ção dos noivos para o Matrimónio e dos pais para oBaptismo dos filhos. Assiste todos os funerais, nuncamenos de 100 por ano. Ele e sua esposa são leito-res, habitualmente, nas eucaristias dominicais. Pro-fere a homilia em muitos domingos, a pedido dopároco, e em todos aqueles em que este não podecomparecer. No último domingo de Novembro, elefez uma leitura e sua esposa, conduzida ao âmbãopelo filho mais novo, fez a outra. Semanalmente, àssegundas-feiras, substitui o pároco, dirigindo a liturgiada Palavra.

A seu respeito, ouvimos dizer, em Silves: «Ele etoda a sua família são, aqui, muito conhecidos emuito estimados.» O seguinte facto, narrado pelo pró-prio Carpentier, é disso testemunha: «Aquando dasagração episcopal do actual prelado algarvio, D.Manuel Quintas, efectuada na igreja paroquial deSilves, fui convidado a abrir o cortejo episcopal, la-deado dos meus dois filhos. Um gesto que recordocom muita satisfação.»

Parabéns, Carpentier! A tua acção pastoral e aaceitação que o povo e a hierarquia estão a demons-trar para com a tua família são uma preciosa ala-vanca e um prenúncio profético claro, na linha dasmudanças eclesiais que os novos tempos reclamam.

AlípiAlípiAlípiAlípiAlípio Afonsoo Afonsoo Afonsoo Afonsoo Afonso

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A minha ida e da Antonieta,dos Açores a Évora, para

participar Curso de ActualizaçãoTeológica da Fraternitas, de 29 deNovembro a 1 de Dezembro de2008, teve também, além do dafraternidade e da solidariedade ha-bituais, o sentido de romagem:romagem à terra onde nasceu, sefez homem, cristão e padre, ocónego Filipe Figueiredo, e aídespendeu o melhor do seu laborapostólico. Mas, ao mesmo tem-po, o de homenagem à pessoa dofundador da Fraternitas.

O que não supunha e por quenão esperava era que, ao desco-brir a dimensão cristã e sacerdotaldo cónego Filipe, muito para alémda que lhe reconhecia, acabassea nossa romagem à terra e home-nagem ao fundador do nossomovimento por se transformar numacto de profunda veneração a umsanto.

De facto, à medida que se nosforam revelando, pelo testemunhoautorizado de conterrâneos e co-

Romaria à terra onde nasceu o cónego Filipe

etâneos, asvirtudes eobras do pa-dre Filipe, fo-ram-se-nostornando pre-sentes umasurpresa e umsent imentop a r e c i d o scom os do patriarca Jacob, no seusonho da escada que unia a Terraao Céu, e o levaram a confessar:«O Senhor está realmente nestelugar e eu não sabia» (Gn.28,16).O cónego Filipe era realmente umsanto, e nós não o sabíamos!

Daí a tensão emotiva em quevivi nesses dias e amiúde me levouàs lágrimas. Que é que sucedeu,então, que deixei fugir múltiplasocasiões de me encontrar com umsanto em carne e osso? Que nãodei a tempo e horas com o altograu de santidade e de cristianis-mo evangélico do cónego Filipe,embora usufruindo deles? Meaculpa, mea culpa, mea máxima

Na solenidade litúrgica dosApóstolos Pedro e Paulo,

29 de Junho de 2008, na Sé-Novade Coimbra, foi ordenado bispo opadre João Evangelista Lavrador.Tem o seu múnus na diocese doPorto, colaborando com o bisporesidencial, Manuel Clemente.

O hoje bispo João Lavradoresteve directamente ligado àFraternitas, tendo orientado algunsencontros regionais da zona cen-tro, em Coimbra. Auscultado, che-gou a mostrar disponibilidade paraser assistente religioso do movi-mento, se o seu bispo o pudessedispensar, em parte, para este tra-balho. Não foi possível. Paciência!

Escolheu como lema episcopalas palavras dirigidas por Jesus aPedro, após a sua confirmação

culpa! Ainda tive o desplante deuma vez me opor pública e viva-mente a ele, numa discussão en-tre confrades sobre o sentido re-dentor da encarnação do Verbo…Paciência!

Agora que eu e outros ficámosa saber um pouco mais quem erao padre Figueiredo, só nos restadarmo-lo a conhecer a outros. Ecomo? Antes de mais, conferindoprioridade à publicação de um li-vro (há muito em pensamento) so-bre quem foi o nosso cónego Fili-pe. Depois, divulgá-lo e a uma es-tampa com a imagem dele. É quenos fará bem, neste momento deuma certa desorientação ascética,saber que há múltiplas maneirasde se ser santo sem que as pesso-as dêem, necessariamente, porisso. Santos que não fazem mila-gres. Mas, como diria o padreAmérico (dos gaiatos), na sua lin-guagem genuína, e certamente umdeles: «santos que fazem caca»como os restantes mortais.

ArArArArArtur Otur Otur Otur Otur Oliveiraliveiraliveiraliveiraliveira

como Pastor: «Tu, segue-Me.» Es-tas poderão encontrar explicaçãonaqueloutras de Jesus, no contex-to dos acontecimentos da celebra-ção pascal: «Dei-vos o exemplopara que, assim como Eu fiz, vóso façais também.»

A este propósito ocorre-me fa-zer uma citação do seu irmão noepiscopado, António Marcelino,bispo emérito de Aveiro, no Cor-reio do Vouga: «Na Igreja há ain-da sinais de um passado teimosoque ganhou ferrugem e se foi ins-talando à margem do Evangelho,por influência do poder e de hábi-tos profanos. As armas episcopais,o tratamento dado ao clero, as ex-celências e as reverências com osseus superlativos, são restos dotempo passado, marcados pelo

poder e em que vigorava a trilogiahoje felizmente ultrapassada: “cle-ro, nobreza e povo”. Após o Vati-cano II, alguns bispos e cardeaisde dioceses quiserem ser tratadosapenas por “padre”, outros aca-baram com as armas episcopais;as insígnias litúrgicas a primar pelasimplicidade e pela moderação eas saudações de cariz mais evan-gélico. Foi um tempo de esperan-ça. Hoje a sociedade tolera me-nos restos do passado que nadaajudam à evangelizar e a exprimiro sentido de família. São costumesvelhos e inúteis que impedem quea renovação conciliar avance. Háque dar lugar a gestos e a lingua-gem que ajudem a ver a verdadei-ra grandeza dos cristãos e primempela simplicidade e maneira deservir.»

:: Era realmente um santo, e não o sabíamos ::

Fernando NeFernando NeFernando NeFernando NeFernando Nevesvesvesvesves

Bispo amigo da Fraternitas

e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www

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.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected]

UM OUTRO NATAL AINDA DESCONHECIDO

Ouviam-Ouviam-Ouviam-Ouviam-Ouviam-se, ao longe, sinos a tocar!...se, ao longe, sinos a tocar!...se, ao longe, sinos a tocar!...se, ao longe, sinos a tocar!...se, ao longe, sinos a tocar!...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Melodias suaves cresciam no arMelodias suaves cresciam no arMelodias suaves cresciam no arMelodias suaves cresciam no arMelodias suaves cresciam no ar,,,,,E crescendo, crescendo, cantavam assim:E crescendo, crescendo, cantavam assim:E crescendo, crescendo, cantavam assim:E crescendo, crescendo, cantavam assim:E crescendo, crescendo, cantavam assim:

«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,E traz a Esperança e o Amor também!E traz a Esperança e o Amor também!E traz a Esperança e o Amor também!E traz a Esperança e o Amor também!E traz a Esperança e o Amor também!Até na manjedoura, pobre e pequenino,Até na manjedoura, pobre e pequenino,Até na manjedoura, pobre e pequenino,Até na manjedoura, pobre e pequenino,Até na manjedoura, pobre e pequenino,Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»...Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»...Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»...Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»...Quer falar a todos, sem excluir ninguém!»...

PPPPPususususus-me a pensar: «-me a pensar: «-me a pensar: «-me a pensar: «-me a pensar: «Jesus! Que nos vens dizerJesus! Que nos vens dizerJesus! Que nos vens dizerJesus! Que nos vens dizerJesus! Que nos vens dizer,,,,,Assim tão frágil e tão sozinho?...Assim tão frágil e tão sozinho?...Assim tão frágil e tão sozinho?...Assim tão frágil e tão sozinho?...Assim tão frágil e tão sozinho?...TTTTTiranos e poderosos nem te vão quereriranos e poderosos nem te vão quereriranos e poderosos nem te vão quereriranos e poderosos nem te vão quereriranos e poderosos nem te vão querer,,,,,E os pobres só TE os pobres só TE os pobres só TE os pobres só TE os pobres só Te podem dar carinho!».e podem dar carinho!».e podem dar carinho!».e podem dar carinho!».e podem dar carinho!».

Uma voz ouvi, voando do Infinito:Uma voz ouvi, voando do Infinito:Uma voz ouvi, voando do Infinito:Uma voz ouvi, voando do Infinito:Uma voz ouvi, voando do Infinito:«Esse Menino, aí, gelado a chorar«Esse Menino, aí, gelado a chorar«Esse Menino, aí, gelado a chorar«Esse Menino, aí, gelado a chorar«Esse Menino, aí, gelado a chorar,,,,,Mesmo que te pareça tão pequenito,Mesmo que te pareça tão pequenito,Mesmo que te pareça tão pequenito,Mesmo que te pareça tão pequenito,Mesmo que te pareça tão pequenito,É também a ti que te quer falar!».É também a ti que te quer falar!».É também a ti que te quer falar!».É também a ti que te quer falar!».É também a ti que te quer falar!».

Mirei o tecto húmido daquela cabana:Mirei o tecto húmido daquela cabana:Mirei o tecto húmido daquela cabana:Mirei o tecto húmido daquela cabana:Mirei o tecto húmido daquela cabana:Caíam pedras toscas e raízes em malha!...Caíam pedras toscas e raízes em malha!...Caíam pedras toscas e raízes em malha!...Caíam pedras toscas e raízes em malha!...Caíam pedras toscas e raízes em malha!...No chão de terra não se via cama,No chão de terra não se via cama,No chão de terra não se via cama,No chão de terra não se via cama,No chão de terra não se via cama,Apenas feno murcho e um pouco de palha!...Apenas feno murcho e um pouco de palha!...Apenas feno murcho e um pouco de palha!...Apenas feno murcho e um pouco de palha!...Apenas feno murcho e um pouco de palha!...

«Menino pequenino, pequenino Menino,«Menino pequenino, pequenino Menino,«Menino pequenino, pequenino Menino,«Menino pequenino, pequenino Menino,«Menino pequenino, pequenino Menino,FFFFFala-me e conta o que me queres dizer!...».ala-me e conta o que me queres dizer!...».ala-me e conta o que me queres dizer!...».ala-me e conta o que me queres dizer!...».ala-me e conta o que me queres dizer!...».Abriu-Abriu-Abriu-Abriu-Abriu-se então a boca daquele bambino,se então a boca daquele bambino,se então a boca daquele bambino,se então a boca daquele bambino,se então a boca daquele bambino,E só pediu coisas que eu podia fazer:E só pediu coisas que eu podia fazer:E só pediu coisas que eu podia fazer:E só pediu coisas que eu podia fazer:E só pediu coisas que eu podia fazer:

«Ser sua presença no mundo em confusão,«Ser sua presença no mundo em confusão,«Ser sua presença no mundo em confusão,«Ser sua presença no mundo em confusão,«Ser sua presença no mundo em confusão,Acolher todos os pobres sem tecto nem larAcolher todos os pobres sem tecto nem larAcolher todos os pobres sem tecto nem larAcolher todos os pobres sem tecto nem larAcolher todos os pobres sem tecto nem lar,,,,,

Servir com amor e carinho todo o irmão,Servir com amor e carinho todo o irmão,Servir com amor e carinho todo o irmão,Servir com amor e carinho todo o irmão,Servir com amor e carinho todo o irmão,Amar aqueles que não sabem amar!...».Amar aqueles que não sabem amar!...».Amar aqueles que não sabem amar!...».Amar aqueles que não sabem amar!...».Amar aqueles que não sabem amar!...».

.....

Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Senti-me preso à porta de outro casebre.Senti-me preso à porta de outro casebre.Senti-me preso à porta de outro casebre.Senti-me preso à porta de outro casebre.Senti-me preso à porta de outro casebre.

Ouvi lá dentro, na solidão calada,Ouvi lá dentro, na solidão calada,Ouvi lá dentro, na solidão calada,Ouvi lá dentro, na solidão calada,Ouvi lá dentro, na solidão calada,Outra criança que gemia de febre!...Outra criança que gemia de febre!...Outra criança que gemia de febre!...Outra criança que gemia de febre!...Outra criança que gemia de febre!...

PPPPPerguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...erguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...erguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...erguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...erguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...Será Jesus chorando, também aqui?!»...Será Jesus chorando, também aqui?!»...Será Jesus chorando, também aqui?!»...Será Jesus chorando, também aqui?!»...Será Jesus chorando, também aqui?!»...Entrei, de mansinho, no portal de xisto,Entrei, de mansinho, no portal de xisto,Entrei, de mansinho, no portal de xisto,Entrei, de mansinho, no portal de xisto,Entrei, de mansinho, no portal de xisto,E fiquei calado... Não conto o que vi!...E fiquei calado... Não conto o que vi!...E fiquei calado... Não conto o que vi!...E fiquei calado... Não conto o que vi!...E fiquei calado... Não conto o que vi!...

-«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...-«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...-«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...-«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...-«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...».

Não pude falar!... TNão pude falar!... TNão pude falar!... TNão pude falar!... TNão pude falar!... Talvez, naquela hora,alvez, naquela hora,alvez, naquela hora,alvez, naquela hora,alvez, naquela hora,Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...

PPPPPeguei na criança, levei-a ao coração!...eguei na criança, levei-a ao coração!...eguei na criança, levei-a ao coração!...eguei na criança, levei-a ao coração!...eguei na criança, levei-a ao coração!...Estava gelada, mas sorriu para mim...Estava gelada, mas sorriu para mim...Estava gelada, mas sorriu para mim...Estava gelada, mas sorriu para mim...Estava gelada, mas sorriu para mim...

E disse, de mansinho, levantando a mão:E disse, de mansinho, levantando a mão:E disse, de mansinho, levantando a mão:E disse, de mansinho, levantando a mão:E disse, de mansinho, levantando a mão:«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!».«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!».«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!».«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!».«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!»......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

TTTTTalvez para mim e para muitos cristãos,alvez para mim e para muitos cristãos,alvez para mim e para muitos cristãos,alvez para mim e para muitos cristãos,alvez para mim e para muitos cristãos,O Natal tenha sido tempo perdido,O Natal tenha sido tempo perdido,O Natal tenha sido tempo perdido,O Natal tenha sido tempo perdido,O Natal tenha sido tempo perdido,

Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Um outro Natal ainda desconhecido!..Um outro Natal ainda desconhecido!..Um outro Natal ainda desconhecido!..Um outro Natal ainda desconhecido!..Um outro Natal ainda desconhecido!..

ProProProProProfessofessofessofessofessor Pr Pr Pr Pr Paivaivaivaivaivaaaaa

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espiral6

O Carlos Leonel partiu, hápouco, mas na nossa saudadecontinua connosco e do lado decá. Sabemo-lo através d’Aqueleque ressuscitou, e com a sua Res-surreição nos abriu as portas davida que não tem fim.

Foi nosso companheiro emmuitas jornadas. Vimo-lo ao nos-so lado, umas vezes pedalando àfrente e capitaneando o pelotão,outras ladeando-nos par-a-par,sem nunca se atrasar porque sa-

Na casa do Pai celeste

Fazes-nos falta, Carlos!O teu funeral foi no passado

dia 28 de Outubro, na Dagorda,concelho do Cadaval, onde tinhaso teu refúgio rural e onde tantasvezes animaste as celebrações dacomunidade cristã com o teu es-merado contributo, sempre escla-recedor. Certamente a Mariazinhajá te terá dito que nessa sentidadespedida estiveram presentescerca de trinta presbíteros: três noactivo, uns vinte da Fraternitas emais uns tantos de um outro gru-po de padres dispensados, de quetambém fazias parte.

disponibilizar-nos informação ac-tual e de qualidade, se bem quesempre avesso a posições radicais.A tua preocupação era ajudar-nosa ser clarividentes para que me-lhor pudéssemos ser “sinal”. En-tão lá aparecias com uns tantoslivros (por vezes, simples recortesde jornal...) que a muitos ajuda-ram a tomar contacto com novospontos de vista ou outras perspec-tivas na plural vida da Igreja.

Como elemento que eras dadirecção do Centro de ReflexãoCristã, de Lisboa, e como admi-nistrador da Livraria Multinova, es-tavas numa posição privilegiadaque te permitia conhecer pessoas

Maria Helena Meira Dias Coimbra Ribeironos Estados Unidos. O seu nomevai ser atribuído a uma artéria dasCaldas da Rainha.

«A Helena era como uma bicade água num deserto. Por ondepassava, era uma alegria espontâ-nea, e quem permanecia com elaabsorvia o que ela dizia com umasede de prazer, porque a Nena –para os amigos – era assim, ami-ga, franca, inteligente... Nuncahouve uma pergunta que lhe fizes-sem, que ela não respondesse coma sua sabedoria e simplicidade.»(testemunho da cunhada, Lola)

Esposa do Jorge da Silva Ribei-ro, não tinham filhos, faleceu nodia 24 de Setembro.

Foi conservadora do Museu deJosé Malhoa, de Caldas da Rai-nha, desde 1949, tendo estagiadocom João Couto, Maria José Men-donça e António Montez. Foi tam-bém professora na Escola Indus-trial e Comercial na mesma cida-de, na década de 60.

Ocupou, ainda, o cargo deconservadora do Museu de ArtePopular, em Lisboa, e frequentouum estágio em Columbos (Ohio)

Conheci-te apenas na Fraterni-tas e por isso desconheço grandeparte do teu percurso anterior.Ouvi, no entanto, rumores, quechegaram à Universidade Católica,acerca das tuas posições, determi-nadas e de grande coerência evan-gélica, no período em que paro-quiaste no Entroncamento. Ao queconsta, na mensagem ao povo deDeus nunca gostaste de meias-tin-tas e abominaste sempre a tenta-ção de enveredar por meandrosacomodatícios.

Na Fraternitas foste uma presen-ça dinamizadora, preocupado em

bia qual era o caminho e a estrelaque iluminava os seus passos.

Humanamente, faz-nos falta.Fazem-nos falta o seu entusiasmo,as suas convicções, o seu exemplode fé como cristão assumido e fron-tal, a inspiração das suas iniciati-vas, o arranque para a frente na-quilo em que se empenhava, aaposta total em tudo com que secomprometia. O que quer dizer queo Carlos não era homem de meiaspalavras, mas de corpo inteiro.

Ficámos com um lugar vazio.E daí, talvez não. Porque ele con-tinua connosco e não só na nossasaudade. A Comunhão dos San-tos, em que acreditamos, nãorompe a proximidade em que to-dos somos um com a estrela po-lar configurada em Jesus Cristo.

Pelos caminhos da terra foideixando pegadas das suas inici-ativas. Trabalhou na EditorialMultinova – fez parte da Direcção- em que também deu impulso e

Padre Carlos Leonel Santos

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espiralllll 7

A Maria Helena Ribeiro e o Car-los Leonel foram estrelinhas quebrilharam muito, neste troço depercurso da vida, de uma VIDAcom sinal mais. Ao lembrar-medeles, associo o Jorge e aMariazinha e também «ESTRELADO OCIDENTE», de Miguel Torga:

«Por teus olhosacesos de inocência

me vou guiandoagora que anoitece,

rei magno que procurae desconhece o caminho.Sigo aquele que adivinho

anunciado.Nessa luz só de luz adivinhada,

infância humana,humana madrugada.

Presépio é aquele berço

de elevada craveira intelectual eempenhadas com a Igreja; e foiassim que convidaste algumas de-las para nos enriquecerem em en-contros e retiros em Fátima. Nãoposso deixar de referir o teu em-penho na preparação e realizaçãodas nossas eucaristias nesses mes-mos encontros. Nada deixavas aoacaso e era evidente a tua preo-cupação em fazer sobressair a no-vidade do mistério, contrariandoa rotina da celebração.

Tenho saudades da tua sereni-dade, do teu optimismo, e sobre-tudo do teu espírito de fidelidadeà Igreja, que algumas vezes mecontagiou.

O teu funeral foi um grandemomento de sentida fé na ressur-reição e de esperança.

Pedimos-te que, junto do Pai,intercedas por todos nós e sobre-tudo pela Mariazinha, pela tua fi-lha e pelas duas netinhas que erama tua felicidade. Para nós e paraelas continuas bem vivo, na comu-nhão de uma outra dimensão. Afi-nal, as pessoas sómorrem definitiva-mente quandodelas nos esque-cemos.

PPPPPaaaaaulo Eufrásiulo Eufrásiulo Eufrásiulo Eufrásiulo Eufrásiooooo

corpo à publicação de vários li-vros; foi secretário do Centro deReflexão Cristã; e foi vice-presiden-te da Fraternitas à qual se dedicouinteiramente. Em todos estes luga-res patenteou a sua actividade,pelo que é impossível não darmospela falta do Carlos Leonel, agoraque nos deixou.

Tem, a partir de agora, outramaneira de nos ajudar. Antes dogrande Encontro, em que todosnos voltaremos a reunir, o Carlos

p r o s s e g u i r á ,como militante daFraternitas, o seuempenho numainiciativa levada atermo pelo gran-de padre Filipe deFigueiredo que foio nosso primeiro advogado juntode Deus. Com o Carlos Leonel, sãodois a pedir por nós.

PPPPPaaaaacheccheccheccheccheco de Andradeo de Andradeo de Andradeo de Andradeo de Andrade

ESTRELAS QUE BRILHA(RA)Monde a nudez do mundotem calore o amor recomeça.Leva-me, pois, depressa,através do deserto desta vida,à Belém prometida...Onde és tu a promessa?»

E (do Diário XIII),também de M. Torga:«Ai, a vida!Quanto mais me magoa, mais acanto.Mais exalto este espantoDe viver...Ai, a vida!Como dói ser vivida,E como a própria dor a quer eagradece.»

UrUrUrUrUrtélia Siltélia Siltélia Siltélia Siltélia Silvvvvvaaaaa

Não MorreuLevanta o olhar para lá

das nuvensda tristeza e da sauda-

de e solidão...verás que aquele queamas continua teuporque está vivo!...

Adormeceu...

Rasga o nevoeirodenso da amarguracom os faróis da Fé e

da Esperança,e verás que aquele queamas continua teu,porque está vivo!...

Adormeceu...

E quando transpuseresa curva da mortena caminhada veloz

para os céus,reencontrarás aqueleque partiu e amas

eternamente vivona VIDA de DEUS!...”

Não Morreu

UrUrUrUrUrtélia Siltélia Siltélia Siltélia Siltélia Silvvvvvaaaaa

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espiralespiralespiralespiralespiral Responsável: Fernando FélixPraceta dos Malmequeres, 4 - 3.º Esq.Massamá / 2745-816 Queluze-mail: [email protected]

Boletim da AssociaçãoFraternit as Movimento

N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008N.º 33 - Outubro / Dezembro de 2008www.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.pt

ASSISTENTERELIGIOSO

DA FRATERNIT AS

Espaço de SOLIDARIEDADE1.1.1.1.1. Ninguém é indiferente às necessidades

dos outros. Mas, quando os atingidos são osnossos, os que nos são mais próximos(familiares, companheiros de jornada ou deideal), certamente mobilizamo-nos mais.

2.2.2.2.2. Sabemos que o Movimento temprocurado acorrer a casos concretos e, porvezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lo porimperativo de consciência e para darcumprimento aos seus Estatutos. Mas procuraque aconteça evangelicamente: «Não saibaa tua esquerda o que faz a tua direita».

3.3.3.3.3. Só é possível continuar a acorrer acasos de verdadeira necessidade separtilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos também. Por isso, não esperesque te batam expressamente à porta. Decide-te, desde já: partilha com os outros atravésdo Movimento.

4.4.4.4.4. Vá já à caixa do multibanco maispróxima e faça uma transferênciainterbancária para a conta n.º 00330033003300330033000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05. O montante éapenas da sua conta e da de Deus. Irádireitinho para quem precisa!

5.5.5.5.5. Também pode depositar na mesmaconta bancária o valor da quota anual desócio: 30 euros - casal; 20 euros - pessoasingular.

6. 6. 6. 6. 6. Em entregas pessoais directas dequantias pecuniárias, peça o respectivo recibo.

7.7.7.7.7. A oferta, assim como o pagamentoda quota anual, podem ser feitas também porVale Postal, cheque ou transferência bancária.Deve enviar, neste caso, o talão (ou a suafotocópia) comprovativo da transferênciaefectuada.

8.8.8.8.8. Em qualquer pagamento, dê sempreconhecimento do seu fim: quota, jóia, fundode partilha, boletim «Espiral», …

9.9.9.9.9. Utilize, se necessário, para os efeitosindicados, qualquer dos seguintes contactos:[email protected]; tel: 232459478

Luis CunhaEstrada Velha de Abraveses, 2923515-124 Viseu

- P.e Dr. GuilherminoTeixeira Saldanha.

- Nasceu a 3 de Abrilde 1940, na aldeia deVilartão, freguesia deBouçoais, do concelhode Valpaços.

- Entrou para o Semi-nário de Vila Real em Se-tembro de 1952.

- Ordenação sacer-dotal em Março de 1966.

- Esteve meio anocomo prefeito no Seminário, desde Outubro de 1965a Março de 1966.

- Paroquiou a freguesia de Veiga de Lila, do con-celho de Valpaços, durante dois anos.

- Frequentou o segundo Curso de Capelães Mili-tares de Setembro até final de Outubro de 1968.

- Foi capelão militar durante 30 anos, 15 dosquais foram passados na Marinha, tendo chegado aCapelão-chefe do Exército com o posto de Coronel.

- Durante o tempo do serviço militar tirou o cursode Direito na Universidade de Lisboa.

- Como capelão, acumulou o cargo de prior daIgreja do Socorro, em Lisboa, durante dois anos.

- Atingiu a aposentação em 2002.- Depois disso foi pároco da freguesia de Santos-

-o-Velho, em Lisboa, durante 3 anos, até 2005.- Obteve do seu bispo de Vila Real, D. Joaquim

Gonçalves, autorização de residência em Fátima,desde 2006, onde oficialmente se encontra. Ali foiconvidado pelo presidente da Fraternitas, Serafim deSousa, para ser assistente espiritual do movimento.

«Salvé, amigos! Aproveito o Natal, ocasião demais aproximação e comunicação entre as pessoas,para me tornar presente junto de cada um de vós.Um discípulo foi junto do seu mestre e disse-lhe quequeria encontrar Deus. O mestre sorriu e convidouo jovem a acompanhá-lo a tomar banho no rio, umavez que estava muito calor. O jovem mergulhou e omestre fez o mesmo e, conseguindo alcançá-lo, agar-rou-o e reteve-o à força debaixo de água. Estando ojovem já um pouco aflito e a espernear, o mestredeixou-o voltar à superfície. E perguntou-lhe quecoisa teria desejado mais enquanto esteve debaixode água. «O ar», respondeu o jovem. «E desejas Deusda mesma maneira», perguntou o mestre. Se o de-

sejares, encontrá-lo-ás. Se não tiveres essa sede ar-dente, de nada te servem os livros».

Há que desejar Deus na nossa vida no mais pro-fundo de nós. Deus faz-se econtradiço ao que o de-seja sinceramente.» PPPPP.e Guilhermino S.e Guilhermino S.e Guilhermino S.e Guilhermino S.e Guilhermino Saldanhaaldanhaaldanhaaldanhaaldanha