espiral do tempo 33

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A revista de quase todos os relogios.

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10 Onde quer ir hoje? O site espiraldotempo.com é uma publicação digital que complementa a Espiral do Tempo.

18 Cúmplices

20 Entrevista de capa Mariza entrevistada por Laurinda Alves, fotos Kenton Thatcher. Quando não está em palco, longe das luzes, dos mistérios e fascínios que envolvem e prendem as multidões de fãs, é uma pessoa discreta com figura de menina.

26 Projecto Renascer, por Paulo Costa Dias, fotos Nuno CorreiaUm ditado angolano diz que «quem beber da água do (rio) Bengo ficará para sempre ligado a Angola».

30 Inovação Força Motriz, por Miguel Seabra, fotos Nuno CorreiaO V4 passou finalmente de conceito a colecção. A primeira edição, limitada a 150 exemplares em platina, já está a ser comercializada.

36 Prodígio Domar a velocidade, por Miguel Seabra, fotos Nuno CorreiaFrançois-Paul Journe estabeleceu uma nova fronteira para a relojoaria mecânica: trata-se de um super-cronógrafo capaz de cronometrar um objecto que se desloque a 360.000 quilómetros por hora.

40 Exclusivo Nas palavras dos protagonistas

42 Aventura Estado puroA conquista do Pico Antoine LeCoultre nos Himalaias é o resultado de uma expedição inédita patrocinada pela Grande Maison.

44 Internet Surf’n tell

46 Prestígio As coroas da Rolex, por Cesarina SousaA Rolex surpreende pela sua forma de evolução gradual, mas impercep-tível, desde 1905. O seu segredo não está em rupturas ou no desen-volvimento de grandes complicações, mas antes na fidelidade à própria matriz.

49 Parceria Bons baisers de Russie, por Hubert de HaroO que têm em comum o actual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, o piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello e a bailarina Svetlana Zakharova, estrela do Teatro Bolshoi?Resposta: Audemars Piguet.

50 Embaixadora Em bicos de pésSvetlana Zakharova, prima bailarina do Ballet e Opera Bolshoi, é a nova embaixadora da Audemars Piguet.

52 Exposição Instrumentos antigos de relojoariaO mestre François-Paul Journe abriu, este Verão, as portas da sua manu-factura ao público com a exposição ‘Instrumentos antigos de relojoaria.

54 Exposição E o mundo mudou, por Cesarina SousaA importância do telescópio está na base da exposição ‘O Telescópio de Galileu – O instrumento que mudou o mundo’.

56 Eco atitude Pensar verde a tempo e horas, por Cesarina SousaNem sempre a incursão por caminhos ecológicos se revela uma escolha fácil, como o prova o selo Minergie-ECO® que grifa as novas instalações da Audemars Piguet.

60 Entrevista Escola de líderes, por Paulo Costa Dias, fotos Nuno CorreiaO NRP Sagres é um navio emblemático para várias gerações de marinhei-ros e oficiais da Marinha Portuguesa e para muitos portugueses que o têm como última referência da saga portuguesa pelos mares do mundo.

Mariza fotografada por Kenton Thatcher.

www.kentonthatcher.com

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64 Embaixador Olhos no futuroO novo embaixador da TAG Heuer, Leonardo DiCaprio, participou na reali-zação de uma edição limitada do Aquaracer 500M.

66 Design O modernismo da eternidade, por Miguel SeabraO Atmos 561 estilizado pelo designer australiano Marc Newson apresenta linhas surpreendentes e contemporâneas que valorizam ainda mais o carácter eterno de um relógio de mesa que funciona… para sempre!

70 Técnica À prova de água, por Pedro Ribeiro

Em foco 72 Porsche Design Worldtimer74 Panerai Luminor 1950 Regatta Rattrapante76 Graham Big Silverstone Stowe Racing78 Raymond Weil Don Giovanni Così Grande Heure Sautante80 A. Lange & Söhne Zeitwerk82 TAG Heuer Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2

84 Laboratório Duomètre à chronographe, por Dody Giussani

90 Crónica O Sr. Philéas Fogg e os fusos horários, por Fernando Correia de Oliveira

92 Entrevista Luísa Rosas, por Paulo Costa Dias, foto Nuno CorreiaA formação em arquitectura e o desafio proposto pelo irmão Pedro levaram Luísa Rosas a conceber algumas das mais destacadas lojas de relojoaria e joalharia de luxo em Portugal e a criar a sua primeira colecção de jóias.

94 Glamour

102 Crónica O desassossego de Kerouac, por Rui Cardoso Martins

104 Eco atitude Prazer de conduzir: o presente e o futuro, por Paulo Costa Dias

106 Gadgets

110 Crónica O reconhecimento do amor, por Miguel Esteves Cardoso

Editoriais112 Cluedo124 Bite me Realização Ricardo Preto , fotografia Nuno Correia

136 Quem vê caras144 Ao detalhe

152 Parceria Fórmula de sucesso, por Miguel SeabraA personalidade e imaginação britânicas bem patentes na colecção da marca e que são apanágio do seu responsável Eric Loth foram fundamentais na obtenção de dois patrocínios que surpreenderam a concorrência.

Entrevistas 156 Do Lobito a líder dos lobos, por Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia O seleccionador nacional Tomaz Morais conversou connosco sobre o que faz com que os Lobos funcionem como um relógio mecânico.

158 O Porto em Lisboa, por Paulo Costa Dias, foto Nuno CorreiaA Machado Joalheiro é, pelo passado centenário e pelo lastro de prestígio que há muito carrega, uma das mais emblemáticas joalharias e ourivesaria de Portugal.

162 Crónica Big Brother is WATCH’ing you, por Miguel Seabra

162 A nossa escolha As novas cores do colosso

Sumário Espiral do Tempo 33Outono/Inverno 2009

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Luanda.

Há cidades que se visitam por prazer e que recordamos ao folhar os álbuns de fotos, junto com a família.

Há cidades que se conhecem pelos aeroportos e hotéis, visitas curtas, sem sal, nem pimenta.

E há Luanda.

Tive a felicidade de poder participar, em Luanda, no lançamento mundial da série limitada Jaeger-

-LeCoultre “Renascer”. No incontornável hotel Trópico, a Ourivesaria Camanga, representada pelo seu

fundador José Teixeira e pelos seus dois filhos, José e Gonçalo, apresentaram a série ‘Renascer’ a um

público de amigos e clientes de longa data. A assistência, composta por uma pequena centena de

pessoas, rendeu-se aos argumentos de José Teixeira pai - que não voltava a Luanda há 34 anos. Entre

emoção e boa disposição, os convidados e os intervenientes partilharam um momento único e a paixão

comum pela bela relojoaria.

Esta iniciativa original será certamente seguida por outras, entre abertura de relojoarias em Luanda e

lançamentos de séries especiais ligadas ao país. Só que o “projecto Renascer”, para além de pioneiro,

foi pensado por “um angolano para angolanos” como explica José Teixeira pai, na entrevista conduzida

pelo nosso editor Paulo Costa Dias. Um relógio que vai ficar na história, o que o torna, aliás, um excelente

investimento...

Para uma primeira viagem, arriscava afirmar que ninguém regressa imune de Luanda.

Podemos recordar as indispensáveis vacinas, o trânsito caótico ou ainda listar todas as falhas gritantes

nas infra-estruturas da capital angolana.

Quanto a mim, prefiro guardar a imagem nocturna da Baía, vista do Cais de Quatro, uma cerveja Cuca na

mão. A imagem de uma cidade em efervescência, aberta às empresas e aos seus colaboradores, desde

que haja respeito mútuo. A capital de um pais onde se encontram pessoas profundamente conhecedoras

dos valores da alta-relojoaria e genuinamente interessadas pelos novos e fascinantes guardiões do tempo.

Pessoas com cultura relojoeira suficiente para separar o trigo do joio, entre marcas oportunistas que

tentaram editar “Limited Series” sem fundamento, nem justificação, e as outras, que olharam para Angola

com respeito, apresentando na capital o melhor que a alta-relojoaria sabe produzir.

Por isto e outros motivos, espero lá voltar em breve.

Hubert de Haro

Director

África minha

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DirectorHubert de Haro - [email protected]

EditorPaulo Costa Dias - [email protected]

Editor técnicoMiguel Seabra - [email protected]

Design gráficoPaulo Pires - [email protected]

RedacçãoCesarina Sousa - [email protected]

FotografiaKenton Thatcher • Nuno Correia • Ricardo Preto (editoriais de moda)

Colaboraram nesta ediçãoDodi Giussani • Fernando Correia de Oliveira • Laurinda Alves • Miguel Esteves Cardoso • Pedro Ribeiro • Rui Cardoso Martins

TraduçõesMaria Vieira - [email protected]

ContabilidadeElsa Filipe - [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: [email protected]

RevisãoLetrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos

ContactosCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa • Tel: 21 811 08 96 • [email protected]

PropriedadeTodos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total

ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa.

A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: quadrimestral • Tiragem: 20.000 exemplares Registo pessoa colectiva: 502964332 • Registo no ICS: 123890 • Depósito legal Nº 167784/01

Fundador: Pedro Torres

ParceirosAir France • Belas Clube de Campo • Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro • Clube de Golf Pinta/Gramacho

Clube de Golfe Miramar • Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Montebelo

Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortaleza do Guincho

Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotéis Heritage Lisboa • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto

Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo Golfe

Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts • Portugália Airlines

Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort

Vila Monte Resort Vintage House • Westin Campo Real

FICHA TéCnICA

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CÚMPLICES

18Kenton TatcherO mais português dos fotógrafos ingleses. Radicado em Lisboa, construiu um currículo invejável sempre ligado a clientes de renome. Trabalha em fotografia de publicidade e retratos, tendo já sido galardoado com diversos prémios destas áreas. O seu modo particular de descobrir o mundo encontra-se sempre nas fotografias únicas que em exclusivo reserva para a Espiral do Tempo. Assina a capa desta edição.

Laurinda AlvesJornalista, autora e apresentadora de programas de televisão, criou a revista XIS, que dirigiu até 2007. Do seu extenso currículo contam-se colaborações na RTP, TSF, no jornal Independente e no jornal Público. Foi também directora da revista Pais & Filhos, escreveu diversos livros e foi distinguida com o grau de Comendador da Ordem do Mérito pelo debate e defesa de questões educativas. No seu blog escreve «Voltei a fazer o jornalismo abrangente e diversificado que sempre fiz e gosto de sentir que tenho muito a aprender e a explorar». Com a entrevista a Mariza colabora pela primeira vez com a Espiral do Tempo.

Pedro RibeiroFez o curso na Escola de Relojoaria da Casa Pia e seguiu para a Suíça para adquirir o Certificat Fédéral de Capacité d’Horloger Rhabilleur. Seguiu-se uma formação como restaurador de relojoaria antiga no Museu Internacional de Relojoaria de La Chaux- -de-Fonds. Regressou ao país natal para leccionar na Casa Pia e despediu-se para, novamente, formar relojoeiros no Wostep e na Escola de Relojoaria de Le Locle. Actualmente em Portugal, é Responsável Técnico da Auto-Quartzo. Assina para esta edição uma crónica com dicas essenciais para a melhor manutenção dos intrumentos do tempo

Rui Cardoso MartinsJá lá vai um tempo desde que Rui Cardoso Martins assinou a sua primeira crónica para a Espiral do Tempo, passando a ser uma presença de destaque nas nossas páginas. Escritor, jornalista, argumentista, repórter internacional, foi um dos fundadores do jornal Público e da Produções Fictícias. Aventurou-se também pelo cinema enquan-to autor do guião de Zona J e co-autor de Duas Mulheres. Recentemente publicou o livro Deixem Passar o Homem Invisível, um romance onde o Tempo passa debaixo de terra...

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ENTREVISTA DE CAPA

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Entrevista Laurinda Alves, fotos Kenton Thatcher

Sonho cantar para Mandela e Obama

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No seu tempo cabe tudo ou é mais o que fica por fazer em cada dia?

O que fica por fazer é sempre mais do que aquilo que consigo fazer.

Quando é que percebeu que tinha uma voz que podia explorar no sentido de

poder viver dela?

Nunca tive essa percepção. A não ser agora, para aí nos últimos quatro anos da minha

vida. Só agora começo realmente a perceber que as pessoas prestam atenção ao

trabalho que faço, que gostam e tentam entender. Isso, para mim, é uma bênção! Poder

cantar em alguns bares em Lisboa já era muito simpático mas, depois, veio um desafio

maior e eu aceitei.

Quando é que foi a grande viragem profissional?

Quando fiz o primeiro disco: Fado em Mim.

Sentiu que olhavam para si como profissional, com mais expectativas?

Sabe que eu não tenho muita percepção de como é que as pessoas olham para mim

ou deixam de olhar; se têm muitas ou poucas expectativas. Comecei a perceber que

havia muitos pedidos para espectáculos e muitos convites para programas de televisão,

entrevistas, desafios para cantar fora de Portugal e foi aí que percebi que qualquer coisa

tinha mudado.

Fazendo uma leitura da sua própria voz e do seu próprio percurso, sente que tem

a sorte de trabalhar no seu talento?

Sabe que eu nunca tive mais nada. Nunca estudei muito... não sou arquitecta, nem

médica, nem jornalista, não sou nada. Sou formada pela vida.

Acredita sempre na sua música?

Não sei se acredito ou se não acredito o que eu sei é que não sei fazer mais nada.

Quando estou em palco dou aquilo que tenho. Se é bom ou mau, não sei, só quem ouve

é que pode dizer se gosta. Eu não consigo dizer se é bom ou se é mau. No outro dia dizia

uma amiga minha que o meu maior desafio seria um dia eu ver o meu próprio concerto. É

uma coisa difícil de acontecer.

Quando vai ao Japão, por exemplo, onde a cultura e a percepção das pessoas é

radicalmente diferente, sente essa diferença? Sente que as pessoas ouvem um

Fado que nós não ouvimos?

Não consigo fazer esse separatismo de públicos. Aliás, nem gosto de chamar público aos

espectadores. Gosto de lhes chamar amigos porque sinto que as pessoas que vêm ouvir

a minha música, que se sentem atraídas pela sonoridade que eu faço, devem ser amigos.

Não são estranhos...

Quando não está em palco, longe das luzes, dos mistérios e fascínios que

envolvem e prendem as multidões de fãs, é uma pessoa discreta com figura

de menina. Fala devagar, sem pressas nem atropelos, pondera as questões e

dá profundidade à conversa. Alegre mas grave, mantém uma atitude próxima

e, ao mesmo tempo, meio-distante. Como se, de alguma forma, fosse intangível.

Não faz de propósito, é assim naturalmente. Dizer que Mariza canta fado com

uma voz única é dizer muito pouco. Mariza é, toda ela, uma mulher irrepetível

e um talento sem igual. Dá gosto ouvi-la cantar, mas também ouvi-la falar de si,

na primeira pessoa.

ENTREVISTA DE CAPA

Page 23: Espiral do Tempo 33

A sua música comove, faz chorar, faz ficar mais alegre, faz ficar mais triste...

A nossa música, porque não é só minha. É nossa, é Fado. Apesar de neste momento já

ter um cunho muito pessoal e uma personalidade muito própria, a base, a raiz de tudo o

que faço é Fado.

As pessoas falam de si sempre de uma maneira hiperbólica. Adoram, vibram,

dizem que é arrepiante ouvi-la cantar… Isso faz com que a sua música saia ainda

mais da alma?

Isso para mim é voltarem a carregar as minhas baterias. No final de um concerto estou

esgotada, cansada, porque dou tudo, não sei subir a um palco ou a uma taberna ou onde

quer que seja e ‘cantar baixinho’. Não sei fazer isso e, portanto, quando canto, é para dar

tudo. Os sentimentos, as emoções, a voz, tudo o que eu puder dar.

Em tournée, o que lhe dá mais prazer?

Depois de um concerto, sentar-me com os músicos e os técnicos, todos juntos, a fazer

uma grande algazarra, uma grande jantarada. Bebermos uma grande taça de vinho tinto

e estarmos ali todos à conversa. Dá-me imenso prazer.

O que é que aprendeu sobre si com esta vida?

Estou mais tranquila em relação às pessoas e a tudo. Por outro lado, estou mais exigente

comigo e com os outros. Também tenho aprendido muito com artistas que nunca julguei

conhecer.

Tais como?

O Chuchu Valdez, o Lenny Kravitz, o Sting... sei lá, são tantos! Mas não falo só de artistas

da música, também falo de pintores, arquitectos, pessoas que tenho o maior prazer em

conhecer. Tem sido um privilégio privar com algumas dessas pessoas porque me têm en-

sinado que quanto mais crescemos na vida, mais humildes temos que ser e mais respeito

temos de ter pelo próximo.

Quando volta a casa canta?

Não.

nem sequer canta no duche?

No duche canto, mas mal. No duche aproveito para experimentar todas aquelas coisas

que não posso fazer em público. (risos)

Canta Michael Jackson ou canta as suas músicas?

As minhas músicas não! Canto outras coisas e aproveito para experimentar vozes e

brincar. É no duche que eu aproveito para fazer essas coisas, porque em público não as

posso fazer. As pessoas iam achar-me completamente louca. Diriam: «ela enlouqueceu,

já não basta o cabelo...» (risos).

Voltando ao início da nossa conversa, à sua relação com o tempo, pergunto

o que seria para si um tempo ideal?

Gostava que um ano tivesse o dobro do tempo. Para mim, um ano passa a correr.

Se contar com os concertos dos Coliseus do Porto e Lisboa que fechei no dia 1 de

Novembro, já fiz 120 concertos este ano.

Actualmente qual é o seu maior sonho?

Tenho um grande sonho que tinha de ser concretizado a curto prazo: cantar para o

Nelson Mandela.

Amava cantar para ele!

Page 24: Espiral do Tempo 33

Ele adoraria saber isso com certeza.

Como moçambicana, como cidadã do mundo, como portuguesa, adoraria cantar para o

Sr. Mandela.

Para si o tempo entre a infância e a idade adulta foi uma vertigem, ou sente que

foi um tempo demorado?

Nem consigo calcular. Acho que teve tudo a sua hora, o seu tempo e o seu momento.

Que outros sonhos tem, além de cantar para o Nelson Mandela?

Se pudessem juntar o Mandela e o Obama, era ouro sobre azul! Dois prémios Nobel da

Paz, dois homens que foram presidentes pela primeira vez de países onde a raça tem

um papel super importante - o Mandela foi o primeiro presidente negro de África do Sul e

Obama é o primeiro presidente afro-americano de uma super potência que é o Estados

Unidos - se pudéssemos juntar os dois, eu não me importava. (risos)

Se fosse voluntária, e porque o mundo não vive sem voluntários, qual era a sua

área de voluntariado?

Que pergunta tão interessante. Há tantas coisas que eu gostaria de fazer como voluntária,

mas é complicado porque não tenho tempo. Uma das situações que me deixam mais

emocionada e até mais frágil, é quando vou aos hospitais e vejo pessoas abandonadas,

sem visitas, sem alguém que lhes dê a mão ou um sorriso. Talvez gostasse de me dedicar

a essas pessoas, a essa área.

Gosta de relógios?

Gosto muito de relógios.

E isso faz com que coleccione relógios?

Vários amigos foram-me mostrando as suas colecções de relógios (principalmente o

Herman José que tem uma colecção de relógios única) e fui-me apaixonando por reló-

gios. Obviamente, não tenho, nem de perto, nem de longe, uma colecção dessas que

mereçam uma grande atenção, mas gosto muito de relógios.

Qual é a pérola dos seus relógios?

A pérola dos meus relógios, neste momento, é este que estou a usar, que é um Jaeger-

LeCoultre e que há muitos, muitos anos eu adoraria ter. Finalmente veio, está aqui no meu

pulso, e estou muito feliz. Mas eu não uso os relógios só para ver horas. Para mim eles

são o acessório que finaliza uma maneira de vestir, ou de estar. Tenho um relógio em casa

que tem 100 anos. É super antigo, mas é o relógio que eu uso quando ponho um vestido

de noite, quando tenho de ir a uma festa ou a um jantar.

Qual é a marca do seu relógio com 100 anos?

É um Zenith, muito antigo. De corda, velhinho, velhinho. Muito bonito.

O que é que os seus relógios dizem de si?

Muito. Eu, por exemplo, só gosto de relógios de homem.

Os de senhora são muito pequeninos (risos). Sou muito observadora e venho observando

ao longo das minhas viagens o que é que as senhoras gostam de usar. Neste momento,

os relógios estão muito na moda e, por vezes, nem ligamos ao que as pessoas trazem

vestido: pode ter umas sabrinas, uma camisa branca e uns jeans, mas se tem um bom

relógio faz toda a diferença. (risos).

Entrevista completa em www.espiraldotempo.com

ENTREVISTA DE CAPA

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Naturais de Angola, José Teixeira e os seus filhos, José e Gonçalo, da Ourivesaria Camanga, em Lisboa, fize-

ram parte do êxodo de centenas de milhares de pessoas, aquando do processo que levou à independência

de Angola.

Mas a terra angolana e as suas gentes nunca saíram do coração de José Teixeira, nem do dos seus filhos,

assim como não saíram do coração de portugueses e angolanos, tenham eles ficado acima ou abaixo do

Equador, de um lado ou do outro do Atlântico, nas cidades ou no mato de Angola, num exemplo ímpar e

insofismável da paixão por um país.

É essa capacidade, esse apelo infinito, de Angola e dos seus povos, sentido por todos os que tiveram o privi-

légio de ‘beber da água do Bengo’ que está na origem da edição especial e limitada Jaeger-LeCoultre Master

Compressor Extreme World Alarm RENASCER.

É sobretudo, também, a celebração da independência e da paz da nação angolana.

Ultrapassado o que só o tempo e o coração permitem ultrapassar, foi significativo o envolvimento da Grande

Maison da alta-relojoaria suíça, Jaeger-LeCoultre, nesta edição limitada verdadeiramente histórica.

A força com que Angola renasceu para o progresso, e a afirmação com que o fez no quadro das nações

africanas, viabilizou a iniciativa. Um projecto com substância, como sempre pretenderam José Teixeira e os

seus filhos.

Entrevista Paulo Costa Dias, fotos Nuno Correia

Renascer

Um ditado angolano diz que «quem beber da água

do (rio) Bengo ficará para sempre ligado a Angola».

PROjECTO

Page 28: Espiral do Tempo 33

Como nasceu este projecto?

Primeiro que tudo, somos angolanos de nascimento (sorriso). Esta ideia

começou a germinar há algum tempo, anos mesmo, à espera da altura ideal

para se desenvolver.

Actualmente, temos bastantes contactos e bastantes amigos em Angola. O

trânsito entre os dois países, como sabemos, é hoje extremamente intenso.

José Teixeira (filho) – Foi um projecto longamente maturado..

é por isso que é uma edição limitada com tantos pormenores simbólicos

associados?

Sim, achámos importante. Eu e os meus filhos começámos por nos lembrar de

introduzir o mapa de Angola enquanto factor de identidade nacional.

Ao darmos a oportunidade de assinalar o local de nascença do proprietário, com

a incrustação de um diamante – também ele um símbolo da terra angolana –,

pretendemos algo que nos pareceu importante: a ligação da história pessoal do

comprador à história que o relógio conta.

Ainda não tinham um nome para o projecto?

Tivemos algumas hesitações, até nos surgir o conceito do Renascer. Esta

pareceu-nos imediatamente uma boa aposta por uma série de razões. Antes

de mais, a independência de Angola pode ser vista como o marco de um país

que renasce. Ao pensar na independência, pensámos na sua data, de onde nos

surgiu a ideia do número de peças a produzir. Decomposto o número 1975, ano

da independência, pensámos fazer 19 peças em platina e 75 em ouro rosa.

Por outro lado, Angola é hoje um país que, claramente, renasce.

A escolha do modelo do relógio não deve ter sido fácil.

Como amantes de relojoaria, andávamos entusiasmados com as características

da linha Master Compressor da Jaeger-LeCoultre. Quando foi lançado o World

Extreme Alarm, começou-se a fazer luz.

O facto deste ser um despertador tornou fácil a associação dessa função do

relógio ao conceito que estávamos a desenvolver.

Mas não ficaram por aí, os simbolismos…

Pois não. Este modelo específico de relógio era muito apelativo, além do design

e da qualidade, próprios da grande manufactura que é a Jaeger-LeCoultre.

Tem 24 capitais referidas no mostrador, com o respectivo fuso horário. Sendo

as elites de Angola, hoje, cada vez mais viajadas, por lazer ou negócios, fazia

sentido que esta função fizesse parte do relógio. Esta característica simboliza

também o esforço do Estado angolano no quadro das relações internacionais e

o reconhecimento de que ele hoje goza.

Que pudesse constar o nome de Luanda no mostrador pareceu-nos funda-

mental e a concordância da Jaeger-LeCoultre face a este aparente pormenor foi

importante. Ficou sacrificada Paris…

Este é um projecto comercial com um evidente laço afectivo. Ou vice-

versa…

Efectivamente, é um projecto para angolanos concebido por angolanos. Existe,

sem dúvida, essa carga afectiva. Uma das forças que fez mover o projecto e que

fará promover as vendas é, justamente, ter essa grande carga afectiva.

Era importante que a marca associada a este projecto fosse uma marca

com o peso da Jaeger-LeCoultre?

Foi um dos factores que permitiu ir para a frente, porque sem o prestígio e o

envolvimento da Jaeger-LeCoultre não faria sentido avançar.

Não somos eternos. Felizmente tenho a sorte de ter os meus filhos a acompa- nharem-me e serem eles o meu suporte. É deles o futuro e, sendo angolanos, também estão de corpo e alma neste projecto. O futuro pertence-lhes como o futuro de Angola pertence aos seus filhos.

PROjECTO

Page 29: Espiral do Tempo 33

Master Compressor Renascer

Movimento: Mecânico de corda automática JLC 912

Funções: Horas, minutos, segundos, data, horas universais com

indicação da hora de Luanda, no lugar de Paris, e alarme com horas

e minutos

Caixa Ø 46,3mm: interior em titânio e exterior em platina, vidro em

safira, estanque até 100 metros. No fundo, encontra-se gravado o mapa

de Angola no qual será cravado um diamante no local de nascimento do

proprietário.

Bracelete: Pele de aligator em castanho com fecho de báscula em

platina personalizado com a gravação da assinatura do proprietário.

Modelo fornecido com uma segunda bracelete em cauchu com fivela

em platina.

Preço: € 36.900

Master Compressor Renascer

Movimento: Mecânico de corda automática JLC 912

Funções: Horas, minutos, segundos, data, horas universais com indica-

ção da hora de Luanda, no lugar de Paris, e alarme com horas

e minutos.

Caixa Ø 46,3mm: interior em titânio e exterior em ouro rosa de 18 qui-

lates, vidro em safira, estanque até 100 metros. No fundo, encontra-se

gravado o mapa de Angola no qual será cravado um diamante no local

de nascimento do proprietário.

Bracelete: Pele de aligator em castanho com fecho de báscula em ouro

rosa de 18 quilates personalizado com a gravação da assinatura do

proprietário. Modelo fornecido com uma segunda bracelete em cauchu

com fivela em ouro rosa de 18 quilates.

Preço: € 28.800

Page 30: Espiral do Tempo 33

INOVAçãO

Page 31: Espiral do Tempo 33

Texto Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, La Chaux-de-Fonds

Força motriz

Parecia impossível, mas o delírio mecânico transformou-se em realidade – e o timing

não poderia ter sido mais perfeito, já que surge entre o 40.º aniversário do Monaco e

os 150 anos da TAG Heuer. O V4 passou finalmente de conceito a colecção, com a sua

audaciosa arquitectura motorizada e as suas revolucionárias correias de transmissão.

A primeira edição, limitada a 150 exemplares em platina, já está a ser comercializada.

Page 32: Espiral do Tempo 33
Page 33: Espiral do Tempo 33

Tudo começou com um inventor a espreitar debaixo do capot do

seu potente Maserati 3200GT. O relógio e o automóvel são dois

soberbos exemplos de engenharia mecânica e Jean-François

Ruchonnet está imerso nesses dois mundos paralelos. Sendo ele

um homem de imaginação galopante, logo pensou: «Quem me

dera meter a potência deste motor dentro de um relógio». E levou

a ideia adiante, apresentando o projecto à TAG Heuer – marca

para a qual já tinha concebido o cronógrafo de activação vertical

em homenagem ao Mercedes SLR.

O fascínio pela mecânica constitui precisamente a base cultural

e emocional para a multiplicação de associações entre as mais

prestigiadas empresas de relógios e de automóveis; na maior

parte dos casos, a partilha de assinaturas não passa de um

exercício de estilo ou de uma oportunidade comercial. No entanto,

existem casos em que as raízes comuns são bem mais profun-

das e as afinidades situam-se a um nível tecnológico; é nesses

casos que a interdisciplinaridade tem beneficiado sobremaneira a

indústria relojoeira. A TAG Heuer há muito que está intimamente

ligada ao universo motorizado nas mais diversas vertentes; com o

Monaco V4, intrinsecamente inspirado na mecânica automóvel, foi

mais longe do que alguém poderia supor.

Mecanismo de ruptura

De facto, quando o Monaco V4 foi apresentado na feira de

Basileia de 2004 como Concept Watch, não só concentrou

todas as atenções como também suscitou muito cepticismo: o

princípio constituía uma autêntica ruptura com a maneira tradi-

cional de conceber um mecanismo relojoeiro, já que substituía o

secular sistema de rodagens por um conjunto de 13 correias de

transmissão; até o rotor se afigurava diferente, adoptando uma

forma rectangular que se movia ao longo de uma cremalheira em

vez do tradicional segmento semicircular que roda à volta de um

eixo. O visual mecânico também se afigurava fascinante, com um

mostrador recortado e um fundo com quatro tambores de corda

montados numa platina em V.

Sete anos após o arranque do projecto, cinco anos após a reve-

lação pública do primeiro protótipo e dois anos após uma primeira

pré-série, o revolucionário relógio está no mercado. O facto de o

produto final de 2009 ser arquitecturalmente muito próximo do

Concept Watch de 2004 é um atestado à qualidade de designer

do visionário Jean-François Ruchonnet e à sistematização mecâni-

ca do mestre relojoeiro Philippe Dufour. Mas foi necessário investir

muitos anos e outros tantos milhões de euros numa missão que

chegou mesmo a fazer duvidar os responsáveis da TAG Heuer

e a colocar a reputação do presidente Jean-Christophe Babin

no cepo. O percurso desde a conceptualização à concretização

representou uma valente saga que assumiu contornos de calvário,

embora tenha valido a pena: o sucesso recompensa a marca com

um prodígio de micromecânica de alta relojoaria e o novo calibre,

protegido por duas patentes, servirá para lançar outras criações

inspiradas na nova tecnologia.

Será o abrir de uma Caixa de Pandora? O próprio mestre

Philippe Dufour confessou que «a invenção só foi possível porque

o Jean-François Ruchonnet não é um relojoeiro de base, estando

liberto das premissas tradicionais. O seu conceito abriu uma

porta nova; estou certo que o desenvolvimento do conceito irá

permitir novas funções e utilizações que nem imaginaríamos».

Stéphane Lindner, responsável de pesquisa, admitiu que «com a

crise económica global, o projecto esteve na corda bamba». Claro

que também houve muito brio por parte da equipa, determinada

a provar ao mundo que a loucura não era uma mera jogada de

marketing.

Correia de transmissão

Apesar da manutenção do look inicial, a parte mecânica teve

de ser totalmente repensada e até mesmo virada do avesso. O

principal problema relacionado com a demora residiu na concep-

ção de correias absolutamente fiáveis para o efeito pretendido: o

funcionamento sem mácula num mecanismo preciso e robusto.

Para isto tornou-se necessário integrar na equipa um especialista

do sector da aeronáutica militar, Guy Sémon (actual vice-presi-

dente do departamento de Ciência e Tecnologia da TAG Heuer),

e contratar um supercomputador durante dois dias para calcular

INOVAçãO

Em tons acinzentados de onde sobressaem os ponteiros azuis, o mostrador estru-turado deixa transparecer os prodígios da micromecânica. No fundo de três janelas, é possível contemplar a massa oscilante linear deslizante que sobe e desce ao longo de uma calha.

Page 34: Espiral do Tempo 33

as mais de 17 000 equações e variáveis. Foi igualmente preciso

criar máquinas e ferramentas específicas. O objectivo foi logrado,

mesmo após incompatibilização entre Guy Sémon e Jean-François

Ruchonnet; para além das suas características únicas, o Mona-

co V4 é a primeira grande complicação relojoeira capaz de ser

utilizada em desportos radicais de exigências extremas: pode ser

submetido a choques de 5000G, sendo a resistência comprovada

deixando-se cair o relógio sobre um chão de pedra – ninguém se

atreveria a fazer o mesmo com uma grande complicação ‘normal’!

Relativamente ao Concept Watch de 2004, o produto final actual

apresenta menos correias – são cinco no total, três mais finas

(0,25 x 0,007 mm) que surgem visíveis juntamente com o sistema

de escape no mostrador e duas mais grossas (0,5 x 0,15 mm) que

se podem ver no fundo tripartido transparente. São nanocorreias

de transmissão mais delgadas do que cabelos e de perfil micros-

copicamente dentado, concebidas através de microinjecção a

elevadas temperaturas no único material à face da terra que servia

para o efeito (a poliptalamida: PPA) e cortadas por um laser frio (só

existem três do género). Essas correias são mesmo as mais finas

jamais feitas (dez vezes menos espessas do que qualquer outra)

e ainda incluem um fio de aço no interior para superior resistência:

são capazes de suportar pesos de 40 quilos!

As correias funcionam sob tensão nula sem lubrificação e propor-

cionam uma excelente transmissão de energia cinética, represen-

tando um corte epistemológico na história da relojoaria; mas a

sua afinação e inclusão no mecanismo necessitou de dezenas de

milhar de dias de cálculos matemáticos e físicos, simulações, re-

curso a tecnologia transversais a outras indústrias. Outra novidade

é a utilização de minúsculos rolamentos de esferas de cerâmica no

lugar de alguns rubis tradicionalmente usados em pontos estraté-

gicos para assegurar uma fricção mínima; apesar disso, o calibre

ainda contém um total de 48 rubis. A complexidade é tal que a

TAG Heuer tem a supervisionar a montagem alguém que já foi

considerado ‘Melhor Artesão de França’, o mestre Denis Badin!

Tecno-relojoaria

A estética do Monaco V4 é mais do que apelativa: é fascinante

– o relógio é todo ele design, com o seu visual ‘tecno-relojoeiro’

proporcionado pelo mostrador estruturado que deixa transparecer

os prodígios da micromecânica ao serviço do tempo e revela uma

ousadia digna do novo milénio; a tridimensionalidade do ‘motor de

corrida’ é maximizada pelas aberturas e pelo aturado trabalho de

anglage nas arestas das peças. Os tons acinzentados do mostra-

dor recortado e da caixa em platina 950 contrastam com os

INOVAçãO

Page 35: Espiral do Tempo 33

ponteiros azuis das horas, minutos, pequenos segundos e reserva

de corda.

O fundo de três janelas também proporciona uma animação

diferente: uma massa oscilante linear deslizante, que se assemelha

ao pistão de um motor, sobe e desce ao longo de uma calha (em

vez do movimento circular dos habituais rotores) para fornecer

energia que é armazenada em quatro tambores de corda (daí o

nome V4; estão dispostos em séries de dois) com aspecto de

turbinas cilíndricas e inclinados a 13 graus. O rotor é um lingote de

tungsténio de 12 gramas; cada dupla de tambores acumula 450

gramas de potência e oferece 52 horas de reserva de corda.

O invólucro escolhido desde os primeiros tempos para albergar

tão ousado projecto foi inspirado na carismática estrutura quadri-

látera do Monaco original, cuja caixa já havia sido revolucionária

em 1969, mas estilizada segundo padrões mais contemporâneos

para acentuar o tom vanguardista. Como o presidente Jean-

Christophe Babin gosta de dizer, «o meu mote consiste em pegar

no melhor do passado, juntar-lhe o melhor do presente e ver onde

nos conduz o futuro». Enquanto se aguardam mais surpreen-

dentes novidades futuristas, o presente consiste numa prestigiada

edição limitada de 150 exemplares do Monaco V4 a um preço

unitário de 70 mil euros – outro recorde na história da TAG Heuer.

1. Guy Sémon, especialista do sector da aeronáutica militar e actual vice-presidente do departamento de Ciência e Tecnologia da TAG Heuer, foi convidado a integrar a equipa para a concepção de correias fiáveis e resistentes.

2. A massa oscilante linear assemelha-se ao pistão de um motor. O rotor é um lingote de tungsténio de 12 gramas, como se pode apreciar na imagem.

3. O V4 apresenta cinco correias no total: três mais finas (0,25 x 0,007 mm) e duas mais grossas (0,5 x 0,15 mm) concebidas em poliptalamida (PPA). Apesar de mais finas do que cabelos são capazes de suportar pesos de 40 quilos.

4. Para a concepção do V4 foi necessário contratar um super- -computador durante dois dias para calcular as mais de 17 000 equações e variáveis, bem com criar máquinas e ferramentas específicas. A sua montagem é de extrema complexidade e requer os melhores especialistas.

Page 36: Espiral do Tempo 33

Texto Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, Genève

PRODíGIO

Page 37: Espiral do Tempo 33

Há relógios clássicos e há relógios desportivos – e há os clássicos desportivos.

O Centigraphe Souverain, mais uma obra-prima da autoria de François-Paul

Journe, é um clássico desportivo da era moderna que apresenta uma inovação

técnica extraordinária: trata-se de um cronógrafo mecânico que até é capaz de

medir o tempo de deslocação fulminante de um disco voador, se necessário.

É preciso recuar no tempo.«Em 1990 ou 1991, tinha como cliente um grande

matemático nova-iorquino», recorda François-Paul Journe. «Na altura, pediu-

me para fazer um cronógrafo de bolso exponencial – a ideia era que o ponteiro

dos segundos arrancasse depressa e depois desacelerasse. Segundo ele, com

as escalas logarítmicas poderíamos medir tanto a velocidade de um foguetão

como a de um caracol. Pensei no assunto, mas não fiz nada». Há uns anos,

um episódio fê-lo repensar no tema: «Em 2004, fui a Maranello para entregar o

cheque referente à venda de beneficência na Antiquorom do primeiro Vaga-

bondage que doei em benefício do ICM, o instituto que pesquisa as doenças do

cérebro e da medula espinal, e mergulhei um pouco naquele universo automó-

vel. Foi lá que encontrei o Jean pela primeira vez – ele já era cliente da marca

F.P. Journe, embora eu não o soubesse; quando regressei, recordei a ideia do

cronógrafo exponencial. Pensei que poderia resolver a questão com o recurso a

três ponteiros: um que faz uma volta num segundo, outro em vinte segundos e

outro em dez minutos».

Ovo de Colombo

A vertiginosa acção cronográfica do Centigraphe Souverain é desencadeada

por uma báscula ergonómica e patenteada que surge localizada na parte exte-

rior direita da caixa, às 2 horas; a báscula faz rodar uma roda de colunas que

accionam as alavancas para a sequência arranque/paragem/recolocação dos

ponteiros a zero. François-Paul Journe considera o sistema basculante mais

actualizado do que os tradicionais botões, herdados dos cronógrafos de bolso.

Este é um dos dois ‘ovos de Colombo’; o outro é referente à sagaz utilização do

taquímetro.

Os três totalizadores apresentam escalas de tempo (a vermelho) e escalas

taquimétricas (a preto) que se complementam para o estabelecimento dos

cálculos. As escalas taquimétricas convertem as unidades de tempo em veloci-

dades que vão dos 6 km/h (passo de marcha) até aos 360.000 km/h (mais do

que a primeira velocidade cósmica). Dos três acumuladores, aquele que prende

mais a atenção – pela vertiginosa acção do ponteiro – é o que está situado às

Laureado com o prémio de ‘Relógio do Ano’ no Grand Prix d’Horlogerie

de Genève, em 2008, o Centigraphe Souverain de François-Paul Journe

estabeleceu uma nova fronteira para a relojoaria mecânica: trata-se

de um super-cronógrafo capaz de cronometrar um objecto que se

desloque a 360.000 quilómetros por hora. não admira que o padrinho

seja Jean Todt, o recém-eleito patrão da Federação Internacional

Automóvel.

Page 38: Espiral do Tempo 33

O Centigraphe Souverain é um cronógrafo de calibre monobloco – ou seja, a função cronográfica faz parte de um calibre integrado, contrastando com os inúmeros mecanismos de base que recebem um módulo cronográfico suplementar.

PRODíGIO

Page 39: Espiral do Tempo 33

10 horas. O ponteiro fulminante dá, em 16 supetões, uma volta

completa em apenas um segundo; as fracções são calculadas

com a ajuda da escala dos centésimos de segundo e a escala

taquimétrica permite as tais cronometragens de objectos que se

desloquem a 360.000 quilómetros por hora (1/3000 da veloci-

dade da luz).

No totalizador das 2 horas, o ponteiro dá uma volta em 20

segundos numa escala dividida em segundos; nas duas escalas

taquimétricas, o círculo exterior indica as velocidades do número

ímpar dos segundos (um, três, cinco etc.) e o interior corresponde

aos segundos pares.

No totalizador das 6 horas, o terceiro ponteiro cronográfico

completa uma volta em dez minutos e tem uma escala taqui-

métrica semelhante, com as velocidades a corresponderem a

divisões de 20 segundos. Exemplo: um quilómetro percorrido em

três minutos e 40 segundos corresponde a uma velocidade de

16,4 km/h.

Agarrar o momento

O Centigraphe Souverain é um cronógrafo de calibre monobloco

– ou seja, a função cronográfica faz parte de um calibre inte-

grado, contrastando com os inúmeros mecanismos de base que

recebem um módulo cronográfico suplementar. A inovadora con-

figuração do calibre 1506, alvo de patente, permite isolar a função

cronográfica; o mecanismo é concebido de modo a não afectar a

amplitude do balanço (que apresenta uma frequência de 21.600

alternâncias/hora) graças a uma mola (ressort) que se desarma

dos dois lados: as rodagens do cronógrafo são desencadeadas

pela árvore do tambor, enquanto as rodagens do mecanismo

seguem o tambor – numa solução parecida com a que se pode

encontrar no Sonnerie Souverain.

O totalizador das centésimas de segundo e o dos 20 segundos

são conduzidos por duas rodagens que seguem em duas di-

recções a partir de uma roda intermediária accionada pela árvore

do tambor; uma rodagem separada, também accionada pela

árvore do tambor, activa o ponteiro cronográfico dos dez minutos.

A acção do ponteiro fulminante – ou foudroyante – do totalizador

das centésimas de segundo é tornada possível graças a um en-

genhoso sistema que converte um movimento lateral em vertical.

Como uma tal acção cronográfica requer maiores consumos

de energia, o tambor está equipado com um sistema de corda

suplementar para que a força motriz do mecanismo não seja in-

terrompida aquando do acto de fornecer corda manual. A reserva

de marcha do Centigraphe Souverain é de pelo menos 60 horas,

baixando a autonomia para as 30 horas se a função cronográfica

estiver em utilização contínua.

O sensacional cronógrafo (que, convém não esquecer, também

dá horas e minutos!) está disponível em caixas de platina ou ouro

rosa com 40 milímetros de diâmetro, e o mecanismo é maioritaria-

mente concebido em ouro, como todos os calibres de François-

Paul Journe. Para além das soluções técnicas inovadoras, o que

acaba por surpreender mais acaba por ser o preço (€ 40.360): con-

siderável, mas verdadeiramente ‘acessível’ em comparação com

muitas outras criações que têm surgido no mercado relojoeiro…

www.torresdistrib.com/relogios/francois-paul-journe

Totalizador de dez minutos

O ponteiro completa uma volta em dez minutos e tem

uma escala taquimétrica com velocidades a corres-

ponderem a divisões de 20 segundos. Exemplo: um

quilómetro percorrido em três minutos e 40 segundos

corresponde a uma velocidade de 16,4 km/h.

Totalizador de 1/100 de segundo

O ponteiro dá uma volta completa num

segundo; as fracções são calculadas

com a ajuda da escala dos centésimos

de segundo, e a escala taquimétrica

permite cronometragens de seis a

360.000 quilómetros por hora (1/3000

da velocidade da luz).

Totalizador de 20 segundos

O ponteiro dá uma volta em 20 segun-

dos numa escala dividida em segundos;

nas duas escalas taquimétricas, o

círculo exterior indica as velocidades do

número ímpar dos segundos (um, três,

cinco etc.) e o interior corresponde aos

segundos pares.

Page 40: Espiral do Tempo 33

Franck Muller, Franck MulllerJosé Mourinho?Ao vivo, José Mourinho é muito mais hu-mano, não é que seja um homem antipático na televisão, mas ao vivo é mais verdadeiro e ele é como é, sem a pressão mediática que existe antes, durante e depois do jogo. Ele tem o sucesso que nós conhecemos porque tem personalidade e não se deixa manipular pelos outros. Faz as coisas como decidiu fazer para levar a equipa à vitória.Eu acompanho de perto o mundo do fute-bol, as equipas e os problemas inerentes às pessoas. Há uma diferença fundamental: eu domino a matéria que se deixa trabalhar, dominar, é uma questão de sabedoria. Ago-ra o ser humano é a matéria mais difícil de dominar porque tem espírito, tem raciocínio. São dois mundos diferentes, mas com similitudes, pois nada se faz de grande sem trabalho de equipa. Uma grande personali-dade portuguesa que prova que Portugal se mantém no topo da actualidade, das ciências, das artes e do futebol.

Jack Heuer, TAG HeuerMonaco?Estivemos durante anos a trabalhar na preparação do primeiro cronógrafo de corda automática do mundo e planeámos apresentá-lo em Março de 1969. Nos pre-parativos achámos que deveríamos ter um modelo com um novo look. Encontrámos um fabricante de caixas que tinha acabado de patentear uma forma de garantir a estanqueidade de caixas quadradas, o que era uma novidade. Negociámos e consegui-mos a exclusividade da caixa quadrada no negócio dos cronógrafos. Pensámos: se a caixa tem uma forma revolucionária, não vamos ser convencionais. Optámos por um mostrador azul com ponteiros vermelhos. Depois, era preciso encontrar um nome. No final dos anos 60, Monte-Carlo era o sítio onde desfilava a ‘beautiful people’. Já tínhamos o nome Monte-Carlo num modelo bem-sucedido, por isso, decidimos chamá-lo Monaco e ainda hoje é o nome perfeito que se adequa ao público que o usa.

Eric Loth, GrahamPortugal?Para mim Portugal tem algo de pessoal, porque é um lugar onde vou quase todos os anos de férias. Gosto do Algarve, gosto das pessoas, vocês têm imensos campos de golfe, a costa marítima é fantástica, a co-mida é fantástica, os vinhos são fantásticos - um em particular, o Pape é inacreditável, é óptimo. Isto tudo é Portugal. Tem algo de pessoal. O mercado obviamente é distante dos EUA ou Japão, mas é um mercado onde encontramos pessoas apaixonadas que respondem às nossas próprias paixões. Há uma diferença em termos de dimensão de mercado em relação a outros países, mas a qualidade das relações estabelecidas é também muito importante para o nosso aperfeiçoamento. É isto que eu encontro em Portugal: uma qualidade de relações que permitem à Graham evoluir. Mais do que umas férias, espero um dia poder desenvolver um evento lá, como um evento de competição automóvel...

ExCLuSIVO

Submetidos à questão

Page 41: Espiral do Tempo 33

Philippe Merk, Audemars PiguetBolshoi?A plataforma ou vector de comunicação da Cultura e das Artes é algo que ainda não foi muito elaborado em termos da estratégia de patrocínios da Audemars Piguet, no en-tanto, penso que temos um grande interes-se em falar aos consumidores finais que se interessam por esta vertente. Esperamos e acreditamos que a nossa parceria com o Teatro Bolshoi não se sobreponha total-mente ao que já desenvolvemos no âmbito das plataformas desportivas. Nós vemos esta nova associação como uma sinergia, como um inteligente acréscimo ao que já temos e se eventualmente encontrarmos novos projectos noutros países, certamente que iremos reforçá-la.

Patrick Schwartz, Porsche DesignNovidades? Apresentamos o irmão do Indicator sob a forma de um modelo rattrapante, um cronógrafo com a função de ponteiro de recuperação. O que fizemos foi aproveitar a arquitectura proeminente do Indicator, que foi apresentado há quatro anos, para utilizar um novo relógio. E especialmente para o público português, os ponteiros apresentam as cores apropriadas... Em relação à linha FlatSix, o que fizemos foi usar cores mais frescas, sem exagerar, mantendo sempre o estilo da Porsche Design, no sentido em que a filosofia e a identidade corporativa da Porsche são habitualmente declina-das em cores mais escuras, titânio, uma estética negra recorrente. Mas utilizámos um mostrador branco pela primeira vez e até há uma versão com bracelete branca em cauchu.

Karl-Friedrich Scheufele, ChopardL.U.C.?Há dois anos que trabalhamos em projectos que tínhamos em carteira e um dos mais importantes foi industrializar de forma mais completa os nossos mecanismos e criar uma nova dimensão de produção. O último calibre L.U.C é um turbilhão com escape de silicium. Outro calibre é o do Lunar Big Date, diferente do Lunar One. Não tem um calendário perpétuo, mas um calendário com data maior num mostrador maior e com indicador das fases da Lua. Há tam-bém um novo cronógrafo – um Chrono One - que utiliza o mecanismo que apresentá-mos há dois anos, mas agora podemos produzi-lo em maiores quantidades e por isso criámos uma caixa em aço que o torna mais acessível. Estamos ainda a trabalhar num novo mecanismo que funciona à frequência de 72.000 alt./hora, duas vezes e meia mais elevada relativamente a um mecanismo normal. É nisto que estamos a trabalhar tendo em vista o próximo ano.

Page 42: Espiral do Tempo 33

AVENTuRA

Estado puroA conquista do Pico Antoine LeCoultre nos

Himalaias é o resultado de uma expedição

inédita patrocinada pela Grande Maison.

A Jaeger-LeCoultre aventurou-se por caminhos nunca antes desbravados, ao

patrocinar uma expedição aos Himalaias que culminou com a conquista de um

pico virgem de 6.586 metros da poderosa cadeia montanhosa. Baptizado An-

toine LeCoultre, em homenagem às origens da marca, o Pico foi alcançado por

uma equipa de três conceituados alpinistas – o guia suíço Stéphane Schaffter

e os alpinistas Apa Sherpa e Little Karim. «Este pico exigiu-nos uma técnica de

escalada extremamente delicada», referiu Schaffter.

Para esta façanha, a marca suíça disponibilizou três relógios concebidos para

resistir a condições extremas: um Master Compressor Extreme LAB, um 1958

Geophysic Chronometer e uma terceira criação que será revelada em Janeiro de

2010, no Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH), em Genebra.

Para a Grande Maison «num mundo onde às vezes tudo parece já ter sido

descoberto, conquistar uma montanha virgem é um feito comparável às famosas

expedições de meados do século XX que pretendiam conquistar os picos mais

altos, uns atrás dos outros».

www.jaeger-lecoultre.com

Page 43: Espiral do Tempo 33
Page 44: Espiral do Tempo 33

Sites, blogues, fóruns, redes sociais: a Internet é cada

vez mais um ponto de encontro para os aficionados da

relojoaria e com apenas alguns cliques descobrem-se

novidades e espaços realmente interessantes. Uma

breve recolha de curiosidades do mundo virtual que

nos chamaram a atenção pelo modo como descobrem

a relojoaria. A não perder.

Surf’n tell

http://thesartorialist.blogspot.com/

Scott Shuman viveu durante anos o mundo da moda, conquis-

tando uma posição de destaque junto dos nomes mais reconhe-

cidos. Esta vivência levou-o a concluir que as criações de moda

nem sempre vão ao encontro do que as pessoas reais tendem a

usar. Outra ideia surgiu. Encontrar nos transeuntes do dia-a-dia

um toque fashion, tirar umas fotos e publicar num blogue. Todos

os dias há uma foto nova. Nós adoramos este espaço e mais

ainda quando descobrimos um curioso look complementado

com um Royal Oak Offshore da Audemars Piguet. Uma ideia

genial que se tornou um sucesso.iJaeger-LeCoultreA Jaeger-LeCoultre lançou, de forma inédita e em

colaboração com a Phonevalley, uma escola de

relojoaria através de uma aplicação para o iPhone

que pode ser descarreagada a partir do site da

Apple. A ideia é simples: um convite à descoberta

das criações da Grande Maison e que permite aos

utilizadores uma iniciação aos conhecimentos bási-

cos e técnicos da relojoaria. Quem tiver um I-Phone

vai poder explorar as etapas da construção de um

relógio, ter acesso a um dicionário relojoeiro e ter

aulas práticas de relojoaria com um simples toque

no écran. Estas são apenas algumas das múltiplas

possiblidades.

INTERNET

Page 45: Espiral do Tempo 33
Page 46: Espiral do Tempo 33

Os conceitos Oyster e Perpetual

A Rolex sempre foi a responsável pela concepção

e montagem dos seus calibres. Fundada no início

do século XX por Hans Wilsdorf, a companhia foi a

primeira a ostentar um certificado de cronómetro de

primeira classe atribuído a um relógio de pulso. Em

1926, o Oyster garantiu-lhe a sua firmada posição,

por estar ligado a patentes de estanqueidade,

nomeadamente o sistema Triplock que encerrava a

caixa por meio da coroa de rosca. Mas o relógio era

inviolável apenas quando a coroa estivesse apara-

fusada; para evitar problemas decorrentes do puxar

da coroa para o fornecimento de corda manual, a

marca investiu no desenvolvimento de um mecanis-

mo com rotor que dava automaticamente corda

ao relógio graças ao movimento de braço. Apre-

sentado em 1931 e denominado Perpetual, foi um

sucesso – e contribuiu para a adopção dos meca-

nismos automáticos por parte da indústria relojo-

eira. Actualmente, a Rolex lidera a lista de marcas

com calibres automáticos certificados pelo Controlo

Oficial Suíço de Cronómetros; tecnologias paten-

teadas, como a espiral antimagnética Parachrom,

são exemplos de como a fiabilidade do mecanismo

está em primeiro lugar.

Bracelete: conforto e resistência

A bracelete é outro dos elementos de estilo que

fazem parte da incomparável reputação da Rolex e

nunca foi encarada pela marca como um acessório

complementar – mas sim como parte integrante

e fundamental do relógio. Solidamente anexada à

caixa e com elos entrelaçados de modo a não se

verificar qualquer ruptura, foi também desenvolvida

de maneira a assegurar o máximo conforto.

O segredo está no sistema de extensão patenteado

Easylink; nos modelos da linha Professional, como

o Sea-Dweller, a extensão é complementada pelo

fecho Glidelock que alarga até 18 mm. Nos últimos

anos, e novamente sem qualquer mudança visível,

a Rolex passou a utilizar elos maciços.

Page 47: Espiral do Tempo 33

Por Cesarina Sousa

As coroas da Rolex

A Rolex surpreende pela sua forma de evolução

gradual, mas imperceptível, desde 1905. O seu

segredo não está em rupturas ou no desenvol-

vimento de grandes complicações, mas antes

na fidelidade à própria matriz. O objectivo é a

perfeição por trás da discreta inovação – uma

premissa assente em aspectos incontornáveis

que fazem da Rolex uma referência da relojoaria.

Como continuar quando se atinge o estado máximo de

evolução? Para a Rolex, a resposta é simples: esta-

belece-se num novo patamar de perfeição.

Em vez de prosseguir na busca de radicais mudan-

ças, a marca aceitou sem dramas a maturidade alcan-

çada nos primeiros tempos e optou por permanecer

fiel à respectiva forma de representar o tempo – tanto

estética quanto tecnicamente. O resultado é uma legião

de seguidores e uma inequívoca fama que vai muito

além do grupo de conhecedores e aficionados de relo-

joaria. Paradoxalmente, a excelência da Rolex constrói-

se de forma discreta. Na sua estética, cada modelo

distingue-se claramente no seio de outras marcas pelas

linhas consagradas, mas, por trás de um aparente

conservadorismo, descobre-se a preocupação absoluta

com aspectos inovadores e inéditos, tanto na criteriosa

selecção dos materiais, como no exímio aperfeiçoa-

mento de tecnologias ou na simplicidade de soluções.

Além disso, a marca submete os relógios a rigorosos

testes que incidem sobre os diferentes componentes e

as diferentes etapas, bem como sobre o produto final –

assegurando a perfeita funcionalidade e legibilidade nas

mais diversas e extremas condições.

Os conceitos Oyster e Perpetual são pilares incon-

tornáveis. No modus operandi da marca, há três ver-

tentes que se destacam – três coroas preponderantes

no reinado da Rolex.

Excelência dos materiais

Os relógios Rolex são concebidos em materiais do

mais alto nível e alguns deles sujeitos a patente,

como o prova o Everose, uma liga de ouro rosa

com platina desenvolvida pela marca, que garante

que a cor não vai desaparecendo com o tempo.

Outra combinação metálica especial: o Rolesium,

complemento de aço e platina presente no Yacht-

-Master. Para as caixas em aço, a Rolex é a única

marca de relojoaria a seleccionar o 904 L pela

sua elevada resistência e facilidade de polimento.

Trata-se de um aço inoxidável de grande qualidade,

geralmente utilizado na indústria química. Já nas

lunetas da linha Professional, é utilizada a cerâmica

– que, através de um sistema patenteado de

sobreaquecimento, garante uma elevada resistência

em qualquer circunstância. A marca assegura

que são necessárias mais de 40 horas para criar

cada luneta.

PRESTíGIO

Page 48: Espiral do Tempo 33
Page 49: Espiral do Tempo 33

A marca suíça de Le Brassus, a mais antiga ainda

na posse das famílias fundadoras, marcou a última

década pela sua ousadia. As duas vitoriosas

participações na America’s Cup com o barco suíço

Alinghi serviram de catalisadores para a afirmação

de uma colecção arrojada, baseada nos Royal Oak

OffShore. Os engenheiros de Le Brassus têm apre-

sentado modelos com medidas, design, tecnologias

ou ligas cada vez mais vanguardistas. Um universo

distante da realidade dos apreciadores de música

clássica. Philippe Merk, CEO da Manufactura suíça,

esclarece: «A ímpar notoriedade do Bolshoi apoia-se

em fundamentos próximos dos nossos: criatividade

artística, excelência e rigor dos seus artistas».

Uma visita aos bastidores do Teatro Bolshoi

(literalmente, o ‘Grande Teatro’), fundado por um

decreto de Catarina II em 1776, convenceria os

mais cépticos. Os números impressionam: perto

de 3000 funcionários, entre os quais 500 bailarinas,

trabalham diariamente para que a magia do Teatro

Bolshoi se possa repetir a cada noite. A diversida-

de da programação implica uma logística muito

‘oleada’, já que uma obra raramente será repre-

sentada dois dias seguidos: ao Madame Butterfly,

no dia 2 de Novembro, seguiu-se Giselle, no dia 3

de Novembro, Spartacus, no dia 4, e Macbeth, no

dia 7! Mais: durante o mês de Novembro, o Teatro

encerra apenas três dias (6, 12 e 19)!

Anatoly Iksanov, director-geral do Teatro, afirma

que «Bolshoi não é um museu» e explica a proximi-

dade entre o histórico Teatro russo e a Audemars

Piguet: «as nossas duas companhias estão muito

próximas: a dedicação aos clássicos e a busca de

novas formas num mundo em constante mudança».

Quando perguntamos mais detalhes sobre o valor

da parceria e o uso deste valor, o director parece

um pouco mais evasivo. Pudor e discrição para uma

parceria que permitirá a Audemars Piguet criar laços

emocionais (e comerciais!) com o mercado russo; e,

ao mesmo tempo, apoiar a organização colossal do

Teatro, bem como a riqueza da sua programação.

Alguns minutos antes de se levantar o pano para

a estreia de 2009/2010 – com O Lago dos Cisnes

– misturam-se as imagens da nossa visita aos bas-

tidores: corredores e escadas ao estilo espartano

do antigo regime, vastos cofres para arrumar todos

os vestidos, salas de maquilhagem, barras para o

último aquecimento antes de entrar em palco, e uns

espaços laterais ao palco relativamente reduzidos,

dado o número impressionante de bailarinas que

entram e saem constantemente durante uma repre-

sentação.

No dia seguinte, no fim da conferência de

imprensa dada no próprio átrio do Teatro Bolshoi,

Svetlana Zakharova, a primeira bailarina do Teatro,

não esconde a sua satisfação em ter celebrado uma

parceria de três anos com a marca de Le Brassus.

«Justifica todos os meus anos de barra», refere.

Quanto a Portugal, não rejeita a ideia de representar:

«estou actualmente com uma agenda muito com-

plicada (NDR: a bailarina, além do Teatro Bolshoi,

tem a sua própria companhia e vai, por exemplo,

representar O Lago dos Cisnes em Roma, no início

de Dezembro), mas gostava muito de conhecer

Portugal». Talvez para a celebração dos 100 anos

da República, em 2010!

Vídeo em www.espiral.tv

Por Hubert de Haro, Moscovo

Bons baisers de Russie

Poderia começar com uma pergunta: o que têm

em comum o actual governador da Califórnia,

Arnold Schwarzenegger, o piloto de Fórmula

1 Rubens Barrichello e a bailarina Svetlana

Zakharova, estrela do Teatro Bolshoi?

Resposta: Audemars Piguet.

PARCERIA

Page 50: Espiral do Tempo 33
Page 51: Espiral do Tempo 33

EMBAIxADORA

Como é para si estar em palco?

Para mim, estar em palco, dançar em palco, é uma espécie de revelação. São todas as emoções que eu

guardo e sacrifico. Em palco, eu sinto-me emocionada e é algo que me dá realmente muita energia. Eu

perco muita energia, mas também recebo muita energia. É como uma revelação. Quando danço, quando

estou em palco, sinto emoções realmente muito fortes.

Em relação às sapatilhas...

É claro que, comparando as sapatilhas de hoje com as das bailarinas do século passado, nota-se uma

grande diferença. Agora temos sapatilhas muito mais confortáveis e uma série de produtos para cuidarmos

dos nossos pés. Mas também depende do piso: se o piso for demasiado duro, é um pouco doloroso dan-

çar. Mas hoje existem pisos especiais, como no Japão, eles fazem-no de uma forma diferente e acaba por

não ser tão doloroso.

Gostaria de visitar a manufactura da Audemars Piguet?

É claro que num futuro próximo eu gostaria de visitar a fábrica da Audemars Piguet e ver com os meus

próprios olhos como toda a concepção de relógios se desenrola. Estou muito curiosa. E uma outra coisa:

há muito que eu gostaria de levar a minha performance à Suíça, de dançar lá e de levar parte do meu cora-

ção a esse país.

Já pensou ir a Portugal num futuro próximo?

Infelizmente, o meu futuro próximo já está agendado. Para o próximo ano, Portugal não está incluído, mas,

se houver alguma proposta e ofertas ou alguma ocasião, adoraria ir.

Vídeo em www.espiral.tv

Em bicos de pésSvetlana Zakharova é a nova embaixadora da Audemars Piguet. Prima

bailarina do Ballet e Opera Bolshoi é reconhecida internacionalmente

como um dos grandes nomes do bailado do nosso século. Uma aposta

requintadamente seleccionada que reflecte todo o rigor e excelência

da manufactura de Le Brassus. Em exclusivo para a Espiral do Tempo,

Svetlana revelou-se...

Page 52: Espiral do Tempo 33

ExPOSIçãO

O mestre François-Paul Journe abriu, este Verão, as portas da sua manufactura ao público com a exposição

‘Instrumentos antigos de relojoaria’, uma oportunidade rara para apreciar um leque diverso de ferramentas e

aparelhos dos séculos XVIII, XIX e XX utilizados para a concepção de relógios.

Entre as cerca de 50 peças expostas encontraram-se máquinas para fazer decoração guilloché de mostra-

dores e caixas, máquinas para tornear pivôs, aparelhos para concepção e montagem de escapes, fresado-

ras, ferramentas como buris, bem como peças de mobiliário e mostradores de grande dimensão do século

XVIII. Todos objectos provenientes do acervo de Giuseppe Votano, um coleccionador residente em Tramelan,

na Suíça.

Não é a primeira vez que François-Paul Journe promove uma exposição nas próprias instalações da sua

marca. Ao longo dos tempos, o mestre marselhês tem reafirmado o seu interesse em contribuir para um

melhor conhecimento da história da relojoaria em geral, sempre com o objectivo de salientar a importância

dos valores fundamentais da alta-relojoaria como elo de ligação entre o passado, o presente e o futuro.

Em 2007, o público tinha sido presenteado com a exposição ‘Steel Time’, uma colecção de relógios em

aço, e entre Janeiro e Fevereiro deste ano, a exposição ‘Obras Primas da relojoaria francesa’ divulgou um

conjunto de 12 pêndulos de grandes mestres relojoeiros franceses dos séculos XVIII e XIX, seleccionados da

colecção do italiano Ausano Musa. Já a exposição ‘Instrumentos antigos de relojoaria’ esteve patente

ao público entre 1 de Julho e 30 de Outubro.

Instrumentos antigos de relojoaria

Page 53: Espiral do Tempo 33
Page 54: Espiral do Tempo 33

ExPOSIçãO

Page 55: Espiral do Tempo 33

Deve-se a Galileu a declaração de 2009 como Ano Internacional

da Astronomia. É claro que ao famoso cientista de Pisa devemos

muito mais, não tivesse tido sido ele o primeiro a utilizar o telescó-

pio para observar os céus e a considerá-lo um instrumento de

grande potencial científico, que nos ofereceu uma nova realidade

do universo. Contam-se agora precisamente 400 anos desde

as primeiras observações de Galileu através das lentes de um

telescópio e, daí em diante tudo mudou. O poeta António Gedeão

agradeceu-lhe a inteligência e os esclarecimentos, e todos nós o

deveríamos fazer a cada dia que passa.

Galileu Galilei ouviu falar do telescópio em 1608: um tubo

com duas lentes nas extremidades que tinha sido inventado na

Holanda. Na altura, o instrumento chegou mesmo a ser visto mais

como objecto militar, mas o cientista, então professor da Universi-

dade de Pádua, dedicou-se ao seu aperfeiçoamento de maneira

a melhorar a nitidez das imagens e a capacidade de aproxima-

ção. No Outono de 1609, os seus olhos voltaram-se para os

céus como se tivessem poderes mágicos: os corpos celestes já

conhecidos podiam ser contemplados em grande pormenor e

revelaram aspectos nunca antes observáveis.

Galileu foi o primeiro ser humano a descobrir a Via Láctea

enquanto conjunto infinito de estrelas, a aperceber-se da irre-

gularidade da superfície lunar, a destacar manchas solares e a

aperceber-se das fases de Vénus. Deitou por água abaixo cren-

ças e verdades ancestrais, conseguindo evidências que vieram

comprovar a teoria heliocêntrica do polaco Nicolau Copérnico.

Desde então, o telescópio passou a ser uma ferramenta essencial

para o conhecimento astronómico.

A importância do telescópio está na base da exposição ‘O

Te les cópio de Galileu – O instrumento que mudou o mundo’,

patente no Museu Nobel, em Estocolmo, e desenvolvida pelo

Museu de História da Ciência de Florença.

Inaugurada a 10 de Outubro, a exposição é patrocinada pela

Panerai e inclui um dos dois únicos telescópios de Galileu que

sobreviveram à passagem do tempo, além de réplicas e docu-

mentos de grande valor.

Entre os objectos apresentados, encontra-se o Jupiterium –

um instrumento mecânico que revela a posição das estrelas, do

Sol, da Lua e de Júpiter sob o ponto de vista de um observador

na Terra. Ao centro, a Terra, e todos os outros corpos celestes

circulam em seu redor. O sistema do planeta Júpiter inclui as qua-

tro Luas de Galileu, os primeiros satélites do planeta que foram

descobertos precisamente pelo famoso cientista: Io, Europa,

Ganímedes e Calisto.

Por Cesarina Sousa

E o mundo mudou

A importância do telescópio está na base da exposição ‘O Telescópio de Galileu – O instrumento

que mudou o mundo’, patente no Museu Nobel, em Estocolmo. A Panerai é patrocinadora oficial.

À esquerda, o Jupiterium, concebido pela Panerai, instrumento que revela a posição das estrelas do ponto de vista do observador na Terra. À direita, um dos telescópios de Galileu que chegaram até aos nossos dias.

Page 56: Espiral do Tempo 33

As novas instalações da Audemars Piguet integram-se perfeitamente na paisagem envolvente, seguindo as exigências do selo Minergie-ECO. A ribeira de Le Brassus foi revitalizada, no âmbito do projecto, fluindo agora no seu curso original.

Page 57: Espiral do Tempo 33

Por Cesarina Sousa

Nem sempre a incursão por caminhos ecológicos se revela uma escolha fácil, como

o prova o selo Minergie-ECO® que grifa as novas instalações da Audemars Piguet.

E, neste caso, o fim justificou os meios, ou não fossem os colaboradores os principais

beneficiados pelas medidas tomadas. Jasmine Audemars explica as vantagens desta

edificação industrial pioneira na Suíça.

Energias renováveis:Recomendadas

Necessidades energéticaspara aquecimento:90% do valor limite SIA 380/1:2009

Estanquidade ao ar:Boa

Isolamento térmico:20 a 25 cm

Vidros isolantes:Duplos

Distribuição de calor:Distribuição convencional

Electrodomésticos de classe A:Recomendados

Ventilação suave e automática:Exigida

Necessidade de potência térmica:Sem exigência

Índice ponderado de gastode energia térmica

Standad Minergie

ECO ATITuDE

Page 58: Espiral do Tempo 33

ECO ATITuDE

A Audemars Piguet é pioneira na escolha do Minergie-ECO® para um edifício industrial. Na verdade, o selo tem sido utilizado mais em edificações particulares ou administrativas, caso do edifício da UEFA, principalmente nos países do Norte da Europa.

Page 59: Espiral do Tempo 33

O momento económico pouco favorável que também na relo-

joaria se tem vindo a sentir não foi razão para deixar ir por água

abaixo a inauguração das novas instalações da Audemars Piguet,

Manufacture des Forges, em Le Brassus. Se as portas se abriram

no mês de Agosto, a primeira pedra foi lançada em 2007, numa

cerimónia marcada pelo encerramento de um Audemars Piguet

Royal Oak no terreno de construção. Semente que marcou a

história da manufactura, do relógio não nasceu uma árvore,

nasceu antes uma edificação de linhas modernas certificada pelo

selo suíço de construção Minergie-ECO®: «A Audemars Piguet

era, em 2005, a primeira empresa a visar este selo, então em fase

de teste», esclarece Jasmine Audemars, «em 2009, a manufactu-

ra des Forges é o primeiro – e único – edifício industrial certificado

na Suíça».

Minergie – ECO®

Criado em 1998, «o selo Minergie garante que um edifício cer-

tificado oferece conforto acima da média, com menos 60 % de

consumo energético face a um edifício convencional», esclarece

a entidade responsável. Trata-se de uma construção enquanto

sistema ancorado num excelente isolamento térmico, numa venti-

lação suave e automática e em sistemas de aquecimento/arrefe-

cimento eficazes, adaptados ao ambiente. O desenvolvimento do

conceito levou à oficialização, em 2007, do selo Minergie-ECO®

que, segundo a Audemars Piguet, «comporta ainda mais exigên-

cias, incluindo a selecção de materiais isentos de substâncias

nocivas para a saúde dos utilizadores e para o ambiente». Em

traços gerais, os edifícios Minergie-ECO® reúnem uma série de

condições minuciosas bem ao gosto da relojoaria que assentam

em aspectos como iluminação natural, preocupação com o ruído,

qualidade do ar interior e recurso a energias renováveis.

Um desafio à altura

A opção pelo selo Minergie-ECO® deixa antever uma jornada

rigorosa com constantes processos de avaliação, desde os pro-

jectos iniciais até à conclusão efectiva do edifício. Uma vez que

as despesas gerais foram apenas cerca de 5 % superiores às de

um edifício convencional, para a manufactura o grande desafio

acabou por não ser financeiro. Já a pesquisa de soluções origi-

nais e respeitadoras dos critérios exigidos pôs mesmo à prova a

comissão de construção, a Fundação Audemars Piguet e o gabi-

nete de engenheiros, que, em estreita colaboração, garantiram o

sucesso de projecto.

Sistema de aquecimento

O selo Minergie-ECO® exige sistemas não poluentes de aque-

cimento devido ao reforço do isolamento térmico, o que levou

à concepção, em parceria com a comunidade envolvente, uma

central de aquecimento em madeira de grande capacidade. De

parte ficou a ideia de uma central exclusiva para a manufactura:

«Neste momento», explica J. Audemars, «a central fornece a

energia a edifícios privados e públicos equivalente a 100 casas.

Toda a aldeia beneficia da diminuição de emissões de CO2». Por

outro lado, o sistema de arrefecimento ignora a climatização e

recorre ao ar exterior, aproveitando as condições climatéricas de

Vallée de Joux.

Conforto e integração

Com 12.000m2 e com arquitectura inspirada nas antigas fazen-

das da aldeia, o edifício integra-se perfeitamente no ambiente em

que está inserido. A divisão do interior em três zonas de acordo

com as etapas de produção, bem como as janelas que possi-

bi litam excelente iluminação natural, garantem o conforto dos

cerca de 300 colaboradores. No exterior, os jardins completam o

cenário, sem esquecer a revitalização da ribeira de Le Brassus.

Materiais

A testagem de materiais foi mais um obstáculo imposto pelo

elevado nível de exigência. «Quando a comissão de construção

começou o seu trabalho, não existiam revestimentos de piso que

satisfizessem as exigências ecológicas e que fossem resistentes

aos produtos utilizados nos ateliers e ao peso das máquinas.

Testaram-se numerosas substâncias». Assim nasceu um edifício

com parquets de madeira certificada FSC® (Forest Stewardship

Council), com fibrocimento nas fachadas, com alumínio anodiza-

do nos caixilhos dos vidros, com tintas à base de água, materiais

isentos de substâncias nocivas para a saúde dos colaboradores.

Soluções tecnológicas

A aplicação do princípio de protecção das instalações eléctricas e

de instalação das telecomunicações exigiu um estudo do controlo

das fontes dos campos magnéticos. «O sistema inovador de tele-

comunicações e da rede informática interna reduziu os campos

electromagnéticos para níveis particularmente baixos», enuncia

J. Audemars. De forma surpreendente, as medições efectuadas

garantem que os campos não ultrapassam os 0,112 volt por

metro, quando as normas suíças admitem 4 volts por metro.

A Audemars Piguet é pioneira na escolha do Minergie-ECO®

para um edifício industrial. Na verdade, o selo tem sido utilizado

mais em edificações particulares ou administrativas, caso do

edifício da UEFA, principalmente nos países do Norte da Europa.

O alargamento das instalações da Jaeger-LeCoultre segue pre-

cisamente os passos da Audemars Piguet.

E o futuro, o que poderá trazer de novo? Com a certeza

transmitida por um estudo académico suíço, a Audemars Piguet

«está no bom caminho». Agora, as etapas seguintes passam pela

«modernização de edifícios antigos e pela redução das desloca-

ções profissionais», explica a bisneta de um dos fundadores da

manufactura. Para a sede está prevista a criação de um sistema

de teleconferências que permite reuniões à distância.

Texto completo em www.espiraldotempo.com

Page 60: Espiral do Tempo 33

A função do Sagres, qual é?

Tem muitas funções. Primeiro, o treino dos futuros oficiais da Marinha Portu-

guesa, complementando os estudos da Escola Naval. Mas sendo o navio que

é, tem um enorme apreço das comunidades portuguesas espalhadas pelo

mundo. O apoio à política externa do Estado é outra das suas funções. Exem-

plos recentes: na Cimeira Luso-Brasileira o primeiro-ministro de Portugal rece-

beu a bordo da Sagres o presidente do Brasil. É muito diferente de recebê-lo na

embaixada, ou noutro local. Este ano, no Portuguese National Day das Nações

Unidas, Portugal convidou todas as delegações da ONU para uma recepção a

bordo da Sagres. Foi importante, porque Portugal está a candidatar-se a mem-

bro não-permanente do Conselho de Segurança, e orgulhamo-nos de participar

nestas acções de charme. Também temos uma missão cultural, já que a nossa

presença desperta interesse pela cultura de Portugal onde quer que estejamos.

E enquanto embaixada itinerante de Portugal, também nos inserimos na nova

estratégia de diplomacia económica que se tem vindo a desenvolver, dando

possibilidade a empresas portuguesas de apresentarem os seus produtos ou

serviços a bordo da Sagres. Outra coisa que está nas atribuições da Sagres é

o intercâmbio entre marinhas amigas. Acolhemos frequentemente alunos de

outras escolas navais.

Reparei que diz a Sagres e não o Sagres. Como é que é afinal?

Na realidade, trata-se de um navio, mas como veleiro a sua armação vélica é de

barca. Daí que os que lidam com ela a tratam no feminino. Os ingleses tratam

todos os navios por “she”. Costumamos dizer que, tal como as mulheres, os

navios e sobretudo os veleiros, têm vontade própria durante as manobras.

O nRP (navio da República Portuguesa) Sagres é um navio emblemático

para várias gerações de marinheiros e oficiais da Marinha Portuguesa

e para muitos portugueses que o têm como última referência da saga

portuguesa pelos mares do mundo. Mas o navio-escola Sagres é

muito mais do que isso, como ficámos a saber pelo seu comandante, o

Capitão-de-fragata Proença Mendes - ele próprio, nascido em Angola,

um filho da epopeia lusa. O pretexto para a conversa foi o lançamento

de uma edição numerada da marca suíça Fortis que homenageia todos

os que passa ram ou venham a passar por este belíssimo veleiro.

Entrevista Paulo Costa Dias, fotos Nuno Correia, Arsenal do Alfeite

ENTREVISTA

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Page 62: Espiral do Tempo 33

Um comandante da Sagres é muito mais que um eximio marinheiro. É também um líder, um professor, um amigo, um diplo-mata, ou um relações públicas. E é também uma excelente imagem de Portugal.

O comandante Proença Mendes ostenta o seu Fortis N.R.P. Sagres.

ENTREVISTA

Page 63: Espiral do Tempo 33

Com a capacidade tecnológica que hoje existe, continua

a fazer sentido formar oficiais num veleiro? Até que ponto

os actuais navios de guerra não estão projectados para

tornear qualquer eventualidade?

Devo dizer-lhe que até há 20 anos a vantagem destes navios era

ser uma forma económica de formar oficiais. Nos navios ‘Playsta-

tion’, como lhes chamo, pensa-se que a linha mais curta entre

dois pontos é a recta. Ignora-se o estado do mar, a meteoro-

logia e sacrificam-se as guarnições (pessoal) e as plataformas

(navios). Com um veleiro, demonstramos que podemos ir de A

para B usando o mar e o tempo a nosso favor, não sacrificando

a guarnição e a plataforma. De tal forma que as marinhas que

abandonaram estes navios estão a recuperá-los e estão mesmo a

construir-se novos.

Por outro lado, é uma escola de líderes. Trata-se de muito mais

do que da questão da aprendizagem da meteorologia, das ondas

ou das correntes e marés. Isto é fantástico para treino de lideran-

ça. Há muitas escolas de líderes que inventam exerciciozinhos

mas aqui toda a actividade pressupõe liderança, até o simples

caçar de uma vela é uma tarefa que envolve muitas pessoas. Um

navio destes permite ao cadete adquirir essas competências e

permite-nos, a nós, avaliá-lo e ver a sua evolução. Porque forma-

ção sem avaliação não é formação.

O que resta da imagem do ‘velho lobo do mar’, tipo Capitão

Haddock, usando aqueles termos vernáculos que habitual-

mente se atribuem aos marinheiros?

Os termos vernáculos acabaram. (sorriso) Felizmente, a Marinha

já tem senhoras oficiais e cadetes e isso forçou a alteração

dessa imagem e do comportamento a bordo. Os marinheiros

começaram a vestir-se melhor, a ter mais cuidado com a lingua-

gem e com a aparência.

Cada peça de um relógio tem de funcionar bem, tem de

estar oleada, tem de encaixar na perfeição, para que o todo

funcione. Também é assim com a Sagres?

Não pode ser de outra maneira. Este será dos navios com mais

mão-de-obra. Há manobras em que utilizo 150 pessoas em si-

multâneo. Numa delas, tiramos as velas todas ao mesmo tempo.

Demora um minuto a recolher uma vela e nesse minuto temos de

recolhê-las todas, que são 23. Quando entro num porto quero

mostrar as velas e vou até ao limite de segurança, porque as pes-

soas gostam de ver o navio assim. Levo a guarnição em postos

de faina de mastros e, quando chega a altura, é um espectáculo

ver 150 ou 160 pessoas a arrear velas. Como costumo dizer, para

que tudo corra bem são precisas 200 pessoas, mas para correr

mal basta uma.

Não só a bordo. Uma postura descuidada em terra põe em

causa o navio e o país. Estamos sempre a ser escrutinados.

Isso há-de criar um enorme sentido de equipa, de unidade.

A edição deste relógio pretende comemorar e celebrar esse

espírito. Consegue fazê-lo?

Este navio dá muito trabalho. Após cada missão temos de o

descascar e renovar para ele estar a brilhar durante a missão

seguinte. Por outro lado, vamos nele a sítios onde as pessoas

‘normais’ não vão. Este navio proporciona experiências de vida

únicas a quem alguma vez o acompanhe. Fazemos missões

longas, enfrentamos juntos tempestades e momentos de prazer,

partilhamos muito das nossas vidas. Tudo isto num espaço limi-

tado. Este trabalho todo e as possibilidades que o navio nos dá

criam uma paixão por ele. Ainda este ano tive a bordo, nos EUA,

antigos marinheiros da Sagres que voltam sempre que podem.

Choram e revivem os seus tempos. Por isso, o comando deste

navio há muito que o tem sempre aberto para estes camaradas e

preocupa-se com eles, com os que estão ainda na Marinha, mas

também com os que já saíram.

Ora, faltava-nos um objecto que simbolizasse essa relação com

o navio. Depois de várias discussões, chegámos ao relógio como

objecto ideal, pela fácil associação entre cada peça de um relógio

e cada elemento deste navio. Se as 200 pessoas a bordo, num

espaço tão exíguo e com tarefas tão exigentes, não funcionarem

como um relógio, é uma confusão. Temos de ter mecanismos de

funcionamento bem oleados, bem treinados e que funcionem.

Mas digo muitas vezes aos elementos da guarnição: «Estás aqui,

vais trabalhar muito, mas nunca te esqueças de tirar gozo desta

passagem pela Sagres». Este relógio simboliza tudo isso.

E há ainda que ter em conta que o relógio está intimamente

ligado aos navios e à navegação marítima. Foi a necessidade

de um elevado rigor na medição do tempo para a determinação

da posição através dos astros que levou a que surgissem vários

incentivos para o desenvolvimento destas complexas máquinas.

Nós na Marinha chamamos cronómetros aos relógios rigorosos

que usamos na navegação astronómica.

Vocês são legítimos herdeiros daquilo que faz parte do

nosso imaginário, a grande gesta marítima dos Descobri-

mentos. Qual é a importância do mar, hoje, para Portugal?

Toda. Portugal está a investir imenso na extensão da plataforma

continental, porque é no mar que estão muitas das riquezas do

presente, mas sobretudo as do futuro. Também o turismo de mar,

as energias alternativas e as culturas marinhas são apostas de

futuro.

Há ainda a questão estratégica, pois Portugal está num ponto

charneira da passagem do Mediterrâneo e de África para o Norte

da Europa. Além disso, temos os nossos arquipélagos. E não

sabemos tudo isto de agora. Há 600 anos que sabemos qual o

potencial do mar e a nossa posição em relação a ele.

Os portugueses mostraram-se ao mundo através do mar,

através de veleiros. E somos naturalmente herdeiros dessa

tradição. Transportamos a imagem do Infante D. Henrique como

figura de proa e tentamos honrar esse passado, através deste

navio espectacular, continuando a mostrar e a servir Portugal e a

formar excelentes oficiais da Marinha.

Page 64: Espiral do Tempo 33

Qual é a sensação de ter feito parte da equipa de design de um relógio?

A TAG trabalhou sempre com as melhores equipas de designers que realmente

se revelam no seu trabalho. Todos os anos, podemos contar com a TAG para

lançar um produto que se tornará de imediato um clássico. Senti muito orgulho

em fazer parte deste processo.

Como descreve o luxo?

O maior luxo é o tempo. Não é uma coisa que possa ser comprada. Mas

quando o temos, não há nada melhor.

Como se sente em relação ao facto de a sua parceria com a TAG Heuer

ter impulsionado os esforços da própria companhia no sentido do

desenvolvimento sustentável?

É fantástico ver todas as mudanças que a TAG Heuer pôde implementar desde

Janeiro. Estou muito impressionado com a forma como tão rapidamente eles

decidiram levar para a frente a campanha de divulgação. Jean-Christophe Babin,

o CEO da companhia, disse-me que muitas iniciativas vêm actualmente dos

próprios colaboradores. É esse tipo de envolvimento no desenvolvimento sus-

tentável que me seduz. Felizmente, outras companhias trabalharão com a TAG

Heuer para se tornarem mais sustentáveis.

www.tagheuer.com

Olhos no futuroO novo embaixador da TAG Heuer,

Leonardo DiCaprio, participou na

realização de uma edição limitada

do Aquaracer 500M.

EMBAIxADOR

Page 65: Espiral do Tempo 33
Page 66: Espiral do Tempo 33

Por Miguel Seabra

O modernismo da eternidade

Há quem o considere o mais belo Atmos jamais concebido – e estou completamente de

acordo. O Atmos 561 estilizado pelo célebre designer australiano Marc Newson apresenta

linhas surpreendentes e contemporâneas que valorizam ainda mais o carácter eterno de

um relógio de mesa que funciona… para sempre!

DESIgN

Page 67: Espiral do Tempo 33

Quem não gostaria de ter uma bola de cristal para ver o futuro ou de poder colocar o tempo numa redoma?

Muita gente – e esses desejos tornam-se metaforicamente possíveis com o Atmos 561 by Marc Newson,

já considerado pela crítica como uma das mais belas declinações do mítico relógio de mesa da Jaeger-

LeCoultre.

Na sequência da comemoração do 80.º aniversário do Atmos, a Jaeger-LeCoultre e Marc Newson

associaram-se na criação de uma notável obra-prima envolvida numa bolha de cristal Baccarat. Limitado

a 888 exemplares, o Atmos 561 surpreende pelas linhas vanguardistas mas simultaneamente equilibradas

que estabelecem uma ponte entre o passado e o futuro, inspiradas no design industrial dos anos 50 para

revestirem um mecanismo alimentado pelo ar e preparado para trabalhar para sempre…

Curiosamente, foi o designer australiano a contactar a manufactura relojoeira. Marc Newson sempre sen-

tiu um enorme fascínio pelo Atmos e o seu trabalho para a Jaeger-LeCoultre como que restaurou o tradicio-

nal gesto de ver tranquilamente as horas numa era em que o tempo está em todo o lado.

Marc Newson é conhecido por incorporar um estilo denominado biomorfismo nas suas criações, as-

sentando em linhas suaves e flutuantes, na transparência e na ausência de arestas para a obtenção de

um produto final ergonómico e elegante. O Atmos 561 personifica esse estilo, transmitindo reminiscências

de uma era do pós-Segunda Guerra Mundial em que o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias

proporcionavam outras maneiras de dar formatos inovadores a objectos comuns.

Claro que o Atmos 561 é tudo menos comum. As horas e os minutos vêem-se através de um mostrador

transparente, enquanto as duas funções suplementares se revelam em discos rotativos: o disco do centro

mostra o mês em curso, o disco às 6 horas apresenta a fase da Lua. A concepção da caixa em cristal, que

mede 27,6 por 25 por 16,3 centímetros, forçou a Jaeger-LeCoultre a redesenhar algumas das 284 peças do

mecanismo – de modo a que se ajustassem da melhor maneira em tão translúcido invólucro especialmente

feito pela prestigiada casa Baccarat.

Lendário presente

A Jaeger-LeCoultre é especialista em micromecânica e em soluções de vanguarda para os calibres dos

seus instrumentos de pulso, mas é no seu relógio de mesa que tem a solução relojoeira mais próxima da

eternidade: um mecanismo que vive literalmente às custas do ar e do tempo que passa, sem necessidade

de qualquer intervenção humana para o manter a funcionar. Esse movimento está alojado em cada um dos

relógios Atmos de médio formato que são produzidos num atelier das instalações da manufactura em Le

Sentier.

É de lá que saem cerca de 3.500 exemplares por ano, alguns destinados pela Confederação Helvética a

presentear os seus convidados oficiais – e algumas das maiores personalidades das últimas décadas, como

John Fitzgerald Kennedy, Sir Winston Churchill, Charles de Gaulle, Ronald Reagan, Charlie Chaplin ou o

Papa João Paulo II, foram agraciadas com tão intemporal presente.

Segredo Gaseificado

Mas a fama do Atmos prende-se mais com o seu mecanismo, capaz de funcionar para sempre graças a

alterações quase imperceptíveis de temperatura. O lendário relógio de mesa deve a sua intemporalidade a

uma cápsula hermeticamente fechada que alberga uma mistura gasosa que se dilata quando a temperatura

sobe e se contrai quando a temperatura desce – uma máquina do tempo que cria a sua energia através das

variações térmicas.

Page 68: Espiral do Tempo 33

Muitos foram os que procuraram conceber mecanismos baseados numa força motriz térmica a partir da

Idade Média – mas Pierre de Rivaz, em meados do século XVII, é que idealizou um mecanismo relojoeiro

que se pode considerar precursor do Atmos. Acabaria por ser Jean-Léon Reutter (1899-1971) a concretizar

essas intenções com a criação de um pêndulo fiável movido pelas flutuações de temperatura, fazendo jus

à lei fundamental da termodinâmica formulada por Lavoisier no século XVIII: «nada se cria, nada se perde,

tudo se transforma».

As tentativas de Reutter começaram aos 14 anos de idade e as experiências intensificaram-se a partir

de 1926. Os primeiros protótipos surgiram em 1927, até que, em 28 de Novembro de 1928, o engenheiro

suíço registava a primeira patente – com mercúrio, um gás liquefeito e o seu vapor saturado (amoníaco) na

tal cápsula dilatável com as variações atmosféricas de temperatura – daí o nome Atmos.

Conjugação de sinergias

A produção do instrumento de Jean-Léon Reutter encerrava muitas dificuldades mas, em 1930, o relógio

estava no mercado, só que o seu funcionamento ainda era irregular. Foi então que Jacques-David LeCoultre

descobriu um modelo numa vitrina em Paris. Conhecia o princípio pelo qual se regia o Atmos, mas conside-

rava o fabrico quase impossível; no entanto, comprou o relógio para o analisar, entrando depois em con-

tacto com o inventor. A partir de 1932 começou a colaboração com Jean-Léon Reutter e desde logo se

renunciou à utilização do mercúrio por ser demasiado perigoso, optando-se por um gás muito sensível.

A 22 Maio de 1936, após comprar a patente a Reutter, a Jaeger-LeCoultre passou a juntar a produção

do Atmos ao seu estatuto. Ainda foram necessários alguns anos de experiências com gás, mas prevaleceu

o cloreto de etilo (C2H5CI). A partir do momento em que se verificou que as premissas da produção do

mecanismo estavam certas, bastou resolver todos os restantes desafios (robustez, resistência ao trans-

porte, maior facilidade de produção) com a ajuda dos mestres-relojoeiros da Jaeger-LeCoultre e seguir um

programa de cinco semanas de controlos até à saída do atelier.

Sob a égide da Jaeger-LeCoultre, o Atmos passou a ser declinado em várias formas de apresentação;

depois, foi equipado com fases da Lua e começou a inspirar versões cada vez mais sofisticadas com caixas

assinadas por designers famosos ou pelos melhores artesãos. O modelo assinado por Marc Newson é já

um dos mais famosos de sempre.

Perfeição mecânica

A composição do Atmos assenta em quatro pilares: o motor térmico, que transforma a energia térmica em

energia mecânica; o mecanismo de relojoaria, que utiliza a energia mecânica para fazer funcionar o movi-

DESIgN

Page 69: Espiral do Tempo 33

mento do balanço e a disposição das horas no mostrador; o mecanismo de pêndulo, que suporta o órgão

regulador e dispositivos anexos, assegurando a ligação entre as diversas partes do pêndulo; e a caixa, que

dá consistência estética ao conjunto e assegura a sua protecção.

A mecânica é tão perfeita que não requer lubrificação ou corda. A cápsula hermeticamente fechada

contém uma mistura de gás que se dilata quando a temperatura sobe e se contrai quando ela baixa; esse

dilatar e/ou contrair deforma a caixa como se fosse um fole de um acordeão e, sendo solidária com a mola

do pêndulo, dá permanentemente corda ao mecanismo com um mínimo de esforço.

A diferença de um único grau é suficiente para proporcionar dois dias de reserva de marcha: o Atmos

precisa apenas de um centésimo da energia consumida por um relógio de pulso, já que o balanço efectua

somente um movimento de vaivém por minuto. Ou seja, o seu ‘coração’ bate duas vezes por minuto: 120

alternâncias/hora – menos 60 oscilações do que um pêndulo clássico e 14.400 menos do que um relógio

mecânico de pulso e quase dois milhões de vezes menos do que um relógio de quartzo. Juntos, 60 milhões

de Atmos não conseguiriam consumir mais energia do que uma lâmpada eléctrica de somente 15 watts!

O segredo

Para além da fórmula sigilosa da mistura gasosa, o verdadeiro segredo do Atmos reside num fio (que sus-

pende o balanço) muito longo e de uma fineza extrema, composto de uma liga insensível às mudanças da

temperatura e inventado pelo suíço Charles Édouard Guillaume, galardoado com o Prémio Nobel da Física.

São necessários 6 anos para se encontrar uma qualidade de metal suficientemente elevada para o fabrico

desse fio, que é envelhecido artificialmente na Jaeger-LeCoultre segundo procedimentos secretos e se torna

tão valioso que está guardado no cofre de um banco.

Ficha técnica

Movimento: movimento mecânico, quase perpétuo. Calibre Jaeger-LeCoultre 561, 284 peças,

balanço anular, período de oscilação de 60 segundos (duas alternâncias/minuto).

Funções: horas, minutos, meses, fases da Lua.

Caixa: em forma de bolha de cristal Baccarat, estética assinada pelo designer Marc Newson.

Medidas: 16,3 x 25 x 27,6 cm.

Edição: limitada a 888 exemplares.

Preço: € 14.900

Texto completo em www.espiraldotempo.com

Page 70: Espiral do Tempo 33

TÉCNICA

Quando, por algum motivo, a caixa de um relógio é invadida por

água, é quase certo que os danos no movimento serão devas-

tadores. Num relógio electrónico de quartzo, as avarias podem

ser de ordem eléctrica ou mecânica, caso se trate de um relógio

com indicação analógica. Nos relógios mecânicos, os danos são

em geral mais sérios, porque os mecanismos são compostos

por mais peças e muitas são de aço. Como os aços utilizados

no fabrico de peças não são inoxidáveis, é normal que oxidem

quando estão em contacto com água ou humidade em excesso.

Por vezes, o estado geral do movimento é tão mau que só a troca

de máquina pode solucionar o problema.

Todos os que pretendem que os seus instrumentos do tempo

sejam considerados ‘estanques’ devem respeitar normas interna-

cionais - NIHS 92-10 e ISO 2281 - e sujeitar os relógios a vários

testes: de pressão, de temperatura e de tensões mecânicas. O

teste de pressão é feito a ‘seco’ e dentro de água: a caixa é sub-

metida a uma dada pressão - quanto maior for a pressão mais a

caixa se deforma, porque quando se aplica uma pressão de 3 bar

(ou 3 atm), está-se a ‘carregar’ a caixa com uma força equivalente

a 3 kg/cm2, pressão a que o relógio é sujeito a 30 metros de pro-

fundidade. Após cada teste dentro de água, efectua-se um teste

de condensação. A caixa é aquecida a uma temperatura entre

os 40 °C e os 45°C e no vidro é colocada uma gota de água à

temperatura ambiente. Se surgir humidade na face interior, a caixa

chumba o teste. Depois, a caixa é mergulhada a uma profundi-

dade de 10 cm, durante uma hora. Aos seus elementos móveis

será aplicada uma pressão, perpendicular ao seu eixo, de 5 New-

tons, durante cinco minutos. Para terminar, a caixa é imergida em

água a diferentes temperaturas (40 °C, 20 °C). Para os relógios de

mergulho existe uma norma própria NIHS 92-11 (ISO 6425).

Para impedir que a água entre nas caixas, estas são equipadas

com vedantes, normalmente feitos em borracha (para o fundo e

a coroa) ou em plástico (para o vidro mineral ou de safira). Com

o tempo estes elementos perdem as propriedades e as caixas

tornam-se vulneráveis à humidade. O tempo que demora um ve-

dante a ‘secar’ varia: se for uma pessoa que usa pouco o relógio,

que raramente o expõe a variações de temperatura e não o mer-

gulha na água, principalmente salgada, pode proporcionar uma

‘longa vida’ aos vedantes do seu relógio - um tempo que poderá

variar entre os dois e os quatro anos. Se a utilização for mais

intensiva – como nos relógios de mergulho -, o tempo de ‘vida’

diminuirá, e aconselha-se a mudança de vedantes e um teste de

estanquicidade após cada época de mergulho. Como a saúde de

cada relógio depende do seu uso, deixo alguns conselhos, para

que possa evitar que a água danifique o movimento:

Se o seu relógio sofrer uma pancada e detectar que a coroa ou

os botões estão tortos, o melhor é enviá-lo à assistência técnica;

Se dá ao seu relógio mecânico uma utilização intensiva, pense

em fazer uma revisão a cada dois anos. No caso de um relógio

electrónico exija um teste de estanquicidade, com mudança de

vedantes sempre que mudar a pilha. Se detectar água ou humi-

dade no interior do relógio, pode tentar secá-lo com um secador,

mas é raro a água não deixar marcas da sua ‘passagem’.

Acertar as horas ou o calendário com o relógio no pulso é um

dos piores hábitos que se podem ter. O acesso à coroa não é fácil

e quando a queremos puxar, por vezes, não conseguimos fazê-lo

correctamente: a coroa acaba por ficar torta e, a partir deste

momento, fará mais pressão num dos lados do vedante deixando

o outro mais vulnerável.

Tenha cuidado se toma duche ou se dá grandes mergulhos na

piscina com o relógio, pois as forças que a água exerce sobre

sobre a coroa e/ou os botões podem ser muito superiores às

utilizadas nos testes (ver normas), permitindo que a água entre

facilmente.

Por Pedro Ribeiro

À prova de água

A caixa do relógio tem por função proteger a máquina dos choques, das poeiras,

do magnetismo e, principalmente, da entrada de água. Quando esta entra no

relógio e lá permanece sem haver uma rápida intervenção técnica, é quase certo

que os danos causados no movimento serão devastadores.

Page 71: Espiral do Tempo 33
Page 72: Espiral do Tempo 33

Fiel à sua capacidade de criar objectos de culto, a Porsche Design idealizou um relógio concebido numa estrutura completamente

original e equipado com uma função GMT particularmente inteligente. O Worldtimer P’6750 é mais uma criação vanguardista

instantaneamente transformada num clássico – e a mais recente declinação em ouro rosa, que complementa a primeira versão em

titânio, afigura-se como um prestigiado cocktail de design e tecnicismo que confirma o toque de Midas da marca.

O Worldtimer P’6750 assenta numa conjugação de formas cilíndricas e lineares acompanhada de um grafismo que acentua o

carácter funcional; a principal característica técnica reside na mostragem simultânea de dois fusos horários, graças a uma coroa

suplementar com um botão integrado que permite a fácil transição para qualquer um dos 24 meridianos do planeta.

Estilo de classe mundial

EM FOCO

Page 73: Espiral do Tempo 33

Referência: 6750.6944.180

Movimento: Mecânico de corda automática.

Funções: Horas, minutos, segundos e segundo fuso horário à escolha mediante ajuste exclusivo

patentado Porsche Design.

Caixa Ø 45mm: Ouro rosa 18 ct. vidro em safira estanque até 100 metros.

Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em ouro rosa 18ct.

Preço: € 18.500

Ficha técnica Porsche Design Worldtimer

Era a declinação que faltava na linha Worldtimer. Se este modelo já sur­preendia com as versões em titânio, a caixa em ouro rosa surpreende agora com o contraste entre um modernis­mo evidente e um certo requinte. Depois, a função GMT de excepção é a resposta certa para os viajantes que apreciam a funcionalidade e simplici­dade de estilo. Apesar de se afastar um pouco da herança automóvel,

reflecte toda a força da Porsche.

Jaime Severino

Severino Relojoeiros

Poderosa arquitectura

A estética é impactante não só pelo estilo depurado como pelas dimensões;

a imponente carrosseria, estanque a 100 metros, ostenta 45 mm de diâmetro

por 16,8 de espessura e apresenta asas estilizadas que terminam numa barra

transversal à qual é acoplada a bracelete de cauchu. Do fundo fixo com seis

parafusos surgem explanadas as abreviaturas das cidades referentes aos 24 fu-

sos horários do mostrador. A bracelete em borracha vulcanizada tem um padrão

interior de ranhuras que permite melhor aderência ao pulso e está equipada com

um fecho de segurança em titânio.

Brilhantismo técnico

O Worldtimer P’6750 distingue-se pela fiabilidade e facilidade, não sendo

necessário puxar a coroa principal e parar o mecanismo. A base assenta no

calibre automático ETA Valgranges A 07 111, que recebeu uma placa adicional

idealizada pela manufactura Eterna para o segundo fuso horário inteligente.

Os três ponteiros centrais indicam o tempo de referência, enquanto o módulo

suplementar acoplado ao calibre de base faz com que, graças a discos que

rodam sob o mostrador, duas aberturas mostrem um meridiano de referência (ex:

Londres) e a correspondente hora desse segundo fuso.

Coroa de louros

uma coroa localizada às 2 horas permite mudar a cidade de referência do se-

gundo fuso horário; um botão integrado nessa coroa facilita a tarefa de mudar a

hora dos ponteiros principais, com a particularidade de não travar o movimento

do ponteiro dos segundos – as horas, os minutos e os segundos são ajustados

através da coroa principal, às 4 horas. Com tantas funções e peças pesadas

no mecanismo, foi necessário gerir dinâmica e gasto de energia: o princípio de

funcionamento é o mesmo de um cronógrafo rattrapante, porque o disco do

segundo fuso horário permite ‘recuperar’ a hora de origem.

O relógio indica a hora principal e um segundo fuso horário à escolha. Uma simples pressão no botão integrado na coroa é suficiente para o fuso escolhido passar a ser indicado pelos ponteiros principais. As abreviaturas do nome das cidades que surgem no mostrador são explicadas numa gravação no fundo da caixa do relógio.

Page 74: Espiral do Tempo 33

Após a sua ressurreição nos anos 90, a Panerai granjeou uma fiel legião de aficionados graças a modelos que popularizaram

o tamanho sobredimensionado e a uma política de edições limitadas. A Panerai tem investido nessa herança marítima com

instrumentos do tempo destinados a brilhar abaixo ou acima da linha de água; a construção hermética dos modelos regulares

dá-lhes, à partida, uma excelente estanqueidade, mas têm vindo a ser apresentados relógios de mergulho adaptados às

profundezas e instrumentos do tempo adequados à prática da vela. O mais recente é o Luminor 1950 Regatta Rattrapante, uma

edição vocacionada para os velejadores graças ao sistema cronográfico de recuperação (rattrapante) e à colocação em evidência

dos últimos cinco minutos do countdown até à partida das regatas.

Mare nostrum

EM FOCO

Page 75: Espiral do Tempo 33

Referência: PAM00332 (edição limitada a 500 peças)

Movimento: Mecânico de corda automática, calibre Panerai OP xVIII

Funções: Horas, minutos e segundos. Cronógrafo rattrapante e escala taquimétrica.

Caixa Ø 44 m: Aço com um revestimento DLC. Vidro safira fabricado em corídon.

Bracelete: Em couro e fecho em aço com um revestimento especial de cor negra. O relógio é entregue

com uma pulseira suplente e uma chave de fendas em aço para a sua mudança.

Preço: € 11.000

Ficha técnica Panerai Luminor 1950 Regatta Rattrapante

Um modelo para fazer frente tanto aos desafios do nosso quotidiano, como aos ambientes hostis do contexto náutico. A Panerai aposta desta vez na robustez do DLC, tornando este modelo ainda mais resistente e também muito contem­porâneo, graças ao tom escurecido do revestimento. Em destaque ainda o mecanismo exclusivo certificado C.O.S.C. complementado com a função rattrapante, essencial para

provas desportivas.

Nuno Torres

Anselmo 1910

Revestimento DLC

O processo de DLC é um revestimento que torna o metal da caixa (e dos

botões, da coroa e da fivela da bracelete) do Luminor 1950 Regatta Rattrapante

de 2009 ainda mais duro e resistente, o que dá particular jeito para quem está

em contacto frequente com a corrosiva água salgada.

Mostrador negro

À sofisticação negra proporcionada pelo DLC, une-se um mostrador preto

decorado com padrão ‘pontas de diamante’ que confere profundidade e faz

sobressair os algarismos e índices luminescentes. O tom azul marítimo destaca-

se no ponteiro cronográfico e na escala de cinco minutos inserida no submostra-

dor direito; o perímetro interior do mostrador coloca em evidência uma escala

taquimétrica.

Caixa Forte

A caixa – no formato típico dos modelos Luminor – é estanque a 100 metros e

tem os habituais 44 mm de diâmetro, sendo dotada de um fundo de rosca (com

a inscrição Classic Yachts Challenge 2009 e o número da edição gravado) e da

protecção de coroa. O botão do ponteiro rattrapante encontra-se às 8 horas. O

vidro de safira, fabricado em coríndon, tem uma espessura de 2 mm e recebeu

tratamento anti-reflexo.

Ponteiro rattrapante

O ponteiro rattrapante está acoplado ao ponteiro do cronógrafo por meio de

um mecanismo complexo; através do botão suplementar, do lado esquerdo da

caixa, pode-se interromper o funcionamento desse segundo ponteiro a qualquer

altura e depois fazê-lo avançar instantaneamente, de modo a que volte a coin-

cidir com o ponteiro do cronógrafo.

O fundo de rosca inclui a gravação da inscrição Classic Yachts Challenge 2009 e o número da edição. Os botões do cronógrafo ladeiam a em­blemática coroa e respectiva ponte protectora, sendo que o botão do ponteiro rattrapante está do outro lado da caixa.

Page 76: Espiral do Tempo 33

Com pormenores de estilo racing e cores que evocam o universo vintage da escuderia Porsche Gulf dos anos 60, o Silverstone

Stowe Racing é mais um instrumento do tempo de personalidade com a chancela da Graham. Tal fusão não é casual: Eric Loth,

presidente da marca, é um fanático da velocidade e um amante da cultura pop/rock inglesa; tamanha profusão de referências só

podia produzir um cronógrafo fora de série. Numa colecção que assenta em versões cronográficas e que tem no Chronofighter

e no Swordfish as suas linhas mais conhecidas, a gama Silverstone é dedicada ao universo motorizado tão caro ao imaginário

britânico – como se depreende pelo facto de o circuito de Silverstone constituir um bastião do desporto automóvel e o seu traçado

incluir uma célebre curva apertada precisamente denominada Stowe Corner.

Pé no acelerador

EM FOCO

Page 77: Espiral do Tempo 33

Referência: 2BLBH.B02A.K45B (edição limitada a 500 exemplares).

Movimento: Cronógrafo flyback bi-compax mecânico de corda automática calibre G1721.

Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica, segundo fuso horário e cronógrafo.

Caixa Ø 48mm: Aço com luneta em fibra de carbono, vidro em safira e estanque até 100 metros.

Mostrador: Fibra de carbono. com números luminescentes.

Bracelete: Cauchu com fivela em aço.

Preço: € 6.890

Ficha técnica Graham Big Silverstone Stowe Racing

Quando é lançado um modelo inspirado num universo temático como o automobilismo, é sempre um exercício viciante desvendar os seus pormenores. Neste Big Silverstone Stowe Racing os detalhes merecem mesmo toda a atenção. As cores la­ ranja e azul dos Porsche Gulf dos anos 60, a utilização da fibra de carbono, os botões em forma de pedal, a escala para o segundo fuso horário... A função flyback enaltece

ainda mais o seu espírito desportivo.

Pedro Rosas

David Rosas

Exclusividade

Como os vários modelos da linha Silverstone, o Stowe Racing é apresentado

numa edição limitada a 500 exemplares. Caracterizado pelo espírito de corrida:

mostrador em fibra de carbono evocativo dos painéis de instrumentos com

escala taquimétrica, botões do cronógrafo em forma de pedal com superfície pi-

cotada para especial aderência, luneta em carbono forjado a ladear uma escala

de 24 horas para o segundo fuso horário, bracelete em borracha vulcanizada

ao estilo de pneus de elevado rendimento. As cores laranja e azul-turquesa são

reminiscentes dos bólides Porsche Gulf do final da década de 60 e princípios

dos anos 70.

Carrosseria e motor

A base é uma pujante caixa em aço de 48 mm de diâmetro, cuja construção

ergonómica lhe permite abraçar confortavelmente até os pulsos mais pequenos;

afigura-se estanque a 100 metros e tem por complemento um vidro de safira

com tratamento anti-reflexo de ambos os lados. No interior, o calibre G1721 de

corda automática bate a 28.800 alt/hora com 42 horas de reserva de marcha e

está decorado com Vagas de Genève, perlage e parafusos azulados.

Complicações adicionais

Para além do cronógrafo flyback (flyback; retour en vol), a mecânica do Big

Silverstone Stowe Racing fornece outras duas complicações – o segundo fuso

horário indicado pelo ponteiro ao centro que remete para a escala de 24 horas

na luneta e um sistema de data panorâmica assente em discos separados que

mostram o dia através de uma janela dupla às 6 horas.

Na luneta azul turqueza em carbono forjado figura uma escala de 24 horas para o segundo fuso horário. Os botões ovais do cronógrafo em forma de pedal têm superfície picotada para melhor aderência e a coroa surge estilizada com formato de porca hexagonal personalizada com o número 48 alusivo à dimensão da caixa.

Page 78: Espiral do Tempo 33

um dos mais interessantes exercícios de estilo das casas relojoeiras de prestígio prende-se com a constante busca de novas ma-

neiras de mostrar o tempo e a Raymond Weil foi particularmente bem sucedida nessa missão com o seu novo modelo Heure Sau-

tante, inserido na emblemática linha Don giovanni Così grande. O resultado é notável; num mostrador descentrado, a janela para

a disposição digital das horas assume grande protagonismo face aos ponteiros excêntricos dos minutos e dos segundos – cada

qual com o seu correspondente submostrador analógico. Quando o ponteiro dos minutos completa uma volta, o algarismo salta

alegremente para a hora seguinte; tão deliciosa dança do tempo é superiormente embelezada por soluções gráficas e decorativas

particularmente felizes que fazem do modelo da Raymond Weil um paradigma do relógio clássico moderno.

Janela para o tempo

EM FOCO

Page 79: Espiral do Tempo 33

Referência: 4400-STC-00268

Movimento: Mecânico de corda automática.

Funções: Horas saltantes, minutos e pequenos segundos.

Caixa: Aço, vidro e fundo em safira, estanque até 30 metros.

Bracelete: Pele de crocodilo com fecho de báscula em aço.

Preço: € 3.300

Ficha técnica Raymond Weil Don Giovanni Così Grande Heure Sautante

Com o Così Grand Heure Sautante, a Raymond Weil afirma cada vez mais o seu espírito de independência em peças com uma personalidade bem vincada. O jogo de formas é muito evidente neste intrumento do tempo: uma caixa rectangular de onde salta à vista um mostrador e um sub­ ­mostrador circulares para os minutos e segundos. Mas a ampla janela para as horas saltantes acaba por ser a grande surpresa, já o fundo permite contemplar todos os pormenores do

mecanismo.

Carlos Correia

Ourivesaria Correia

Mostrador híbrido

O mostrador ostenta uma rara personalidade, graças a alternâncias de aca-

bamentos à superfície e tons contrastantes. As versões também são assaz

contrastantes, com a de ouro rosa a assumir um pendor mais linear num fundo

completamente negro perante as linhas circulares do modelo em aço com

submostradores prateados sobre uma base preta. A janela das horas saltantes

está situada às 12 horas e é a estrela da companhia, apesar do destaque dado

ao ponteiro dos minutos.

Mecanismo exclusivo

O calibre automático RW 1400 alimenta simultaneamente o disco das horas

saltantes e os ponteiros descentrados das horas e dos minutos. Bate a uma

frequência de 28.800 alternâncias por hora e dispõe de uma autonomia de corda

de 42 horas. Os acabamentos do mecanismo ajudam a emprestar beleza ao

conjunto através de parafusos azulados, pontes perladas e Côtes de genève.

O fundo transparente do relógio em vidro de safira oferece uma visão directa

para o universo mecânico do Don giovanni Così grande Heure Sautante, sendo

possível acompanhar o movimento de rotação da massa oscilante e as oscila-

ções do balanço.

Forma rectângular

As formas vincadamente geométricas acentuam a grande personalidade do

relógio. Rectangular e de generosas dimensões (50 por 38 mm), a caixa em aço

ou ouro rosa é estanque a 30 metros e faz-se acompanhar de uma sumptuosa

correia em pele de crocodilo com fecho de báscula dotado de um sistema duplo

de segurança.

Há claramente um jogo bem pensado entre linhas rectas e curvas nesta recente edição. Na caixa de formato rectangular, o mostrador prescinde do clássico ponteiro de indicação da horas para dar lugar a uma janela situada às 12 horas na qual números árabes sobredimensiona­dos saltam de hora a hora. A leitura dos minutos é garantida por um ponteiro que, isolado, per cor re uma escala com números de dimensão crescente.

Page 80: Espiral do Tempo 33

Quinze anos depois do emblemático Lange 1 e dos seus submostradores descentrados, a prestigiada manufactura germânica

apresenta um instrumento do tempo revolucionário dotado de um rosto surpreendente: o Lange Zeitwerk, animado por duas

grandes janelas onde as horas e os minutos vão saltando em formato digital na companhia de dois indicadores analógicos.

A abertura para a inovadora data grande do pioneiro Lange 1 foi inspirada pelas duas janelas sobre o palco da Ópera Sempre

de Dresden que indicavam o tempo de cinco em cinco minutos. O Lange Zeitwerk vai mais longe e aproxima-se da relojoaria

grossa original idealizada por johann Christian Friedrich Guttkaes (sogro do fundador Ferdinand A. Lange): apresenta o tempo

em dois orifícios panorâmicos!

A outra face

EM FOCO

Page 81: Espiral do Tempo 33

Referência: 140.032

Movimento: Mecânico de corda manual Calibre L0431.1

Funções: Horas e minutos saltantes, pequenos segundos, indicação de reserva de corda

Caixa Ø 41.9 mm: Ouro rosa 18 ct. Vidro em safira com tratamento anti-reflexos.

Bracelete: Pele de crocodilo com fivela em ouro rosa.

Preço: € 43.200

Ficha técnica A. Lange & Söhne Zeitwerk

O nosso olhar é captado imediata­mente pelos três discos de grandes dimensões que compõem a indicação do tempo, as horas são lidas de uma forma clara, precisa e intuitiva e sem hesitações saltam instantaneamente uma vez por minuto, duplamente a cada dez minutos e todos em unís­sono a cada hora, com um pequeno som que permite a um ouvinte atento distinguir entre a passagem simples dos minutos e a progressão colectiva

das horas.

Paulo Torres

Torres Joalheiros

Ana-digi

A caixa de 41,9 mm em ouro ou platina, com alternância de tratamentos de

superfície (polida, escovada), apresenta uma única coroa colocada às 2 horas.

Mas são as conjugações geométricas do mostrador que fascinam qualquer

aficionado: duas grandes janelas desvelam algarismos árabes para as principais

indicações do tempo; um submostrador inclui o ponteiro dos pequenos segun-

dos; uma escala semicircular acolhe o ponteiro da reserva de corda.

De 60 em 60 segundos, o(s) disco(s) na janela dos minutos avança(m) 60 vezes

até à altura em que também o disco sob a janela das horas efectua a sua rota-

ção: nesse instante, há três discos a deslizar em simultâneo.

Energia

Ao dar-se corda ao Zeitwerk, é utilizada a posição do tambor que está sujeita

à fricção; o funcionamento que consome corda faz com que a roda do tambor

rode na posição que está submetida a menor fricção. Entre a roda do tambor e o

volante situa-se um mecanismo de reajuste de tensão patenteado que despoleta

o salto das horas e dos minutos. graças a um sistema de escape de força cons-

tante, a energia é fornecida uniformemente ao longo das 36 horas de autonomia

– assegurando a precisão ao longo desse espectro de tempo.

Decoração

O Zeitwerk apresenta uma sedutora sobriedade por fora e uma aturada deco-

ração interior: o novo calibre L043.1 apresenta uma magistral arquitectura na

mais pura tradição de glashütte, com a habitual platina de três quartos em prata

alemã, o galo do balanço tipicamente gravado, os chatons de ouro a envolver os

parafusos.

A energia necessária para fazer avançar um/dois discos dos minutos a cada 60 segundos sempre foi o óbice que impediu a adopção de um sistema digital num relógio mecânico de elevada precisão e razoável autonomia de funcionamen­to. A. Lange & Söhne resolveu o problema com um sistema patenteado inspirado no princípio da reserva de marcha que assegura uma tensão permanente.

Page 82: Espiral do Tempo 33

Preto com contrastes vermelhos e metálicos: o Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2 é não só um relógio especial de

corrida como tem igualmente um nome a condizer com o seu estatuto na colecção da TAG Heuer – é um dos mais destacados

elementos da linha Grand Carrera, a mais nobre da prestigiada marca suíça. Entre os vários modelos Grand Carrera, o Calibre 17

RS2 Chronograph Ti2 impõe-se pela sua pujança desportiva, traduzida pela função cronográfica original e por um pedigree que é

paradoxalmente agressivo e elegante. O impactante visual surpreende de imediato pela sofisticação negra, graças a uma carros-

seria de titânio de grau 2 escurecida, complementada por um taquímetro na luneta; a correia preta com pespontos encarnados

contrastantes contribui para a vocação especialmente racing do relógio.

Sofisticação desportiva

EM FOCO

Page 83: Espiral do Tempo 33

Referência: CAV518B.FC6237

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática Calibre 17 com certificado C.O.S.C.

Funções: Horas, minutos, pequenos segundos RS (Rotating Sistem) nas 3H e os minutos do

cronógrafo RS nas 9H e data.

Caixa Ø 43mm: Titânio preto com vidro e fundo em safira, estanque até 100 metros.

Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em titânio preto.

Preço: € 5.300

Ficha técnica TAG Heuer Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2

O Grand Carrera Calibre 17 RS2 é definitivamente um relógio marcante. Os discos rotativos e a caixa em titânio negro com os detalhes em vermelho transmitem um carácter desportivo Tag Heuer e a sua asso­ciação à velocidade. O certificado do C.O.S.C garante a fiabilidade de um mecanismo do tempo com

elevada precisão.

Álvaro Casaca

Jóia Pura

Disco estéreo

O Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2 não é mono – é estéreo, graças a dois discos

que criam o efeito visual característico da linha.

O sistema rotativo duplo (daí a designação RS2) constituiu um desafio para os

engenheiros da marca: porque a diferença de massa e peso entre os ponteiros

tradicionais e os discos adoptados é significativa. Foi necessário calcular a inércia

suplementar para assegurar um óptimo funcionamento.

Certificação e decoração

O mecanismo foi afinado e testado para ganhar a certidão COSC. A decoração

do calibre cronográfico modular pode ser vista através do fundo em vidro de

safira fumado e inclui personalização do rotor, Côtes de Genève, perlage, Côtes

circulares, rhodiage e efeito soleil no tambor.

A superfície da caixa e dos botões em titânio negro tem acabamento mate; os

discos Rotating System com cobertura Black Gold Coating contrastam com

os rebordos metálicos decorados. O logótipo TAg Heuer em relevo, os índices

facetados e a janela da data também são metálicos.

Bracelete

A bracelete apresenta uma sofisticação superior à das habituais braceletes em

cauchu, sendo pespontada a vermelho e apresentando um forro igualmente en-

carnado. O fecho de báscula é construído em titânio de grau 2 negro e tem dois

botões para uma abertura fácil e segura.O Rotating System tornou-se possível graças a um calibre cronográfico modular certificado que teve que ter em conta a diferença de massa e peso entre os ponteiros tradicionais e os discos.

Page 84: Espiral do Tempo 33

Para o Duomètre à Chronographe, a Grande Mai-

son não só concebeu um belo cronógrafo, como

também readaptou integralmente a complicação

cronográfica, acrescentando-lhe um movimento

baseado na filosofia inédita do projecto Dual-Wing

(que estará na base de toda a colecção Duomètre,

através da sua futura adaptação a outras complica-

ções) – a integração de dois mecanismos separa-

dos, um para a indicação do tempo e outro para

cronógrafo, alimentados por dois tambores indepen-

dentes. O Calibre 380 é, portanto, configurado

sobre dois corpos de rodagem que, partindo dos

dois tambores, confluem para a roda de escape, o

único elemento comum entre a indicação do tempo

e o cronógrafo.

Em termos técnicos, assinala-se, de imediato,

neste cronógrafo, a ausência do sistema de em-

braiagem típico dos cronógrafos mecânicos. Não

se poderá falar de embraiagem vertical, horizontal

nem de carrete oscilante. Assim, esqueçamos os

mecanismos de cronógrafo clássicos para descobrir

um novíssimo modo de conceber a complicação

mais cobiçada e mais difundida que existe.

1 Um dos primeiros protótipos do Duomètre à Chro-

nographe e o Calibre 380 fotografados na oficina de

montagem da Manufactura Jaeger-LeCoultre por

ocasião de uma visita da L’Orologio. A dicotomia

entre a base do tempo e o mecanismo cronográfico,

característica do movimento, reflecte-se também

na arquitectura do mostrador: à esquerda, lêem-se

as horas e os minutos; à direita, num mostrador

análogo (mas com ponteiros azuis), podemos ler as

indicações relativas ao cronógrafo: totalizador de

Por Dody Giussani, directora da revista L’Orologio

Duomètre à chronographe

O Duomètre à Chronographe da Jaeger-LeCoultre

surpreende não só pelos seus dotes estéticos,

como também, e sobretudo, pela novidade

técnica que representa e que chama mais uma

vez a atenção para as grandes competências

da manufactura de Le Sentier.

horas (até 12), totalizador de minutos (até 60) e uni-

dades (de zero a nove) dos minutos do cronógrafo

(numa janela específica para o efeito). Às 6 horas,

sobressai um pequeno contador para a função de

segundos foudroyantes: o ponteiro foudroyante

cumpre uma rotação ao longo do pequeno mostra-

dor num segundo, ao ritmo de 1/6 de segundo.

No centro estão sobrepostos os ponteiros dos

segundos contínuos (em dourado) e o ponteiro dos

segundos do cronógrafo (em azul). Finalmente,

junto aos segundos foudroyantes, às 5 e 7 horas,

encontram-se as indicações das reservas de corda

do cronógrafo e do relógio. O cronógrafo é do tipo

monopulsante, pelo que um botão às duas horas

(não visível na foto) é suficiente para garantir a sua

activação, paragem e retorno a zero.

LABORATÓRIO

Figura 1

Page 85: Espiral do Tempo 33

Artigo publicado na edição 161

da revista L’Orologio

4

3

5

6A

B8 9

107

Figura 2

Page 86: Espiral do Tempo 33

3 Passemos à análise das funções cronográficas. Como arranca o

cronógrafo se falta, como já foi assinalado, um sistema tradicional

de embraiagem? O fundo da questão é a função dos segundos

foudroyantes. Esta é realizada através de outra roda, dita roda

foudroyante (11), colocada no mesmo eixo da roda de escape

(12). A roda foudroyante tem o dobro dos dentes (quarenta) da

roda de escape (vinte). Uma vez que a roda de escape (12) avança

um ângulo correspondente a metade da distância entre dois

dos seus dentes , a cada alternância do balanço-espiral, a roda

foudroyante (11) irá avançar um dente a cada alternância. Sendo a

frequência de funcionamento do Calibre 380 igual a 21.600 alt./

/hora, consegue-se que a roda de escape (11) avance três dentes

por segundo, o que corresponde a seis dentes por segundo da

roda foudroyante (12). A roda foudroyante (11) toca directamente

numa estrela de seis pontas (13) que, por sua vez, vai efectuar

uma rotação por segundo, ao ritmo de 1/6 de segundo. No eixo

desta estrela encontra-se o ponteiro dos segundos foudroyantes,

visível no mostrador às 6 horas. A estrela de seis pontas da

foudroyante recebe a energia necessária à sua rotação, da roda-

gem do cronógrafo, que parte do respectivo tambor (1) e acaba

na roda (14) que engrena directamente com o carrete solidário

da estrela (13).

2 Um protótipo do Calibre Jaeger-LeCoultre 380: à esquerda,

o tambor relativo ao mecanismo de cronógrafo (1), e à direita,

o tambor que alimenta o relógio (2). Ambos os tambores estão

unidos para permitir dar corda com a ajuda de uma única coroa,

como veremos mais à frente. Por cima dos tambores, vêem-se

dois rochet (ou rodas de força) (3 e 4) encaixadas nos relativos

eixos internos. Bastante elegante a solução do duplo linguete

(ou cliquet) (5 e 6 para o tambor do cronógrafo) que tem como

objectivo obrigar a girar a roda de carga, quando se está a armar

a corda contida no tambor.

A roda de colunas (7) que acciona as funções cronógraficas

(activação, paragem, retorno a zero) dispõe apenas de quatro

colunas (A) especialmente largas como é típico dos cronógrafos

monopulsantes. A cada coluna correspondem dois dentes (B) do

rochet da roda de colunas sobre os quais a alavanca interligada ao

botão do cronógrafo age: a cada rotação da roda (7), equivalente

ao espaço de um dente, corresponde uma função cronográfica;

o cronógrafo arranca, pára e retorna a zero. Um saltador (8) pres-

sionado por uma mola (9) tem a função de manter imóvel a roda

de colunas (7) entre cada função do cronógrafo.

No centro do movimento (cujo lado das pontes estamos a ob-

servar) encontra-se a roda do cronógrafo (10), sobreposta à roda

dos segundos do relógio.

LABORATÓRIO

Figura 3

Page 87: Espiral do Tempo 33

4 A figura mostra as alavancas do cronógrafo accionadas no

momento da partida. Premindo o botão do cronógrafo às 2 horas

(P), a alavanca de comando (20), através do seu gancho (21), faz

a roda de colunas (7) girar um dente no sentido contrário aos pon-

teiros, e, em seguida, a extremidade da alavanca da estrela (22)

cai no espaço entre duas colunas, e o dedo localizado na outra

extremidade (23) afasta-se da estrela de seis pontas da foudroy-

ante (13), deixando-a livre para rodar sob a acção da rodagem

do cronógrafo. Ao mesmo tempo, no seguimento da rotação da

roda de colunas (7), os martelos do retorno a zero do cronógrafo

(24 e 25) afastam-se dos cames, em forma de coração, das rodas

totalizadoras dos segundos (26), dos minutos (27) e da unidade

dos minutos (28), por acção de uma coluna. Os martelos são

mantidos afastados devido à acção da ponta do martelo que se

encontra apoiado numa coluna. Não está visível o conjunto da

came em coração e o martelo das horas, por se localizarem do

outro lado do movimento. A transmissão do movimento da roda

totalizadora dos minutos do cronógrafo (31) à roda totalizadora

das horas coaxial realiza-se mediante uma pequena rodagem,

análoga à minuteria do relógio.

5 Uma segunda pressão no botão às 2 horas (P) pára o cronógra-

fo. Também neste caso, à pressão no botão corresponde a rota-

ção de um passo da roda de coluna (7) através do gancho (21).

A alavanca da estrela (22) encontra-se agora sobre uma coluna,

enquanto o seu dedo (23) vai posicionar-se entre as pontas da

estrela foudroyante (13), parando-a, assim como a respectiva

rodagem. Assim, todas as rodas do mecanismo de cronógrafo

e os respectivos ponteiros param na sua posição (de então), sem

precisar de bloqueadores.

Figura 4 Figura 5

Page 88: Espiral do Tempo 33

6 A figura evidencia o sofisticado sistema colocado na engre-

nagem da foudroyante. O mecanismo está aqui representado

em fase de paragem do cronógrafo. A estrela da foudroyante,

visível na ampliação, é, na realidade, formada por duas estrelas

sobrepostas. A estrela inferior (13B) amarela é aquela que vai

engrenar directamente com a roda da foudroyante de 40 dentes

(11), solidária da roda de escape (12). A estrela superior (13) de

cor roxa está detida pelo gancho (23) comandado pela roda de

colunas (7). As duas estrelas estão ligadas por uma cavilha (40)

colocada sobre estrela superior e que se introduz num orifício

na superfície da estrela inferior. Este estratagema permite que a

estrela inferior também possa rodar sobre um ângulo reduzido

depois da paragem do cronógrafo (o ponteiro dos segundos

foudroyantes mantém-se parado no mostrador, por ser solidário

da estrela superior). A pequena rotação de meio passo da estrela

inferior serve para permitir a rotação da roda da foudroyante (11)

que deve continuar a rodar apesar de o cronógrafo estar parado,

em sintonia com a roda de escape (12) do relógio.

Por fim, notemos que o dedo de paragem (23) apresenta

um degrau na sua extremidade. A parte mais curta do degrau

serve para parar a estrela da foudroyante (13), enquanto a mais

comprida intervém na reposição a zero do cronógrafo, actuando

sobre o dedo (41) solidário da estrela da foudroyante (13), como

veremos a seguir.

7 O retorno a zero do cronógrafo ocorre ainda, e mais uma vez,

através da pressão no botão colocado às duas horas (P). A roda

de colunas (7) avança um dente sempre que se acciona o gancho

(21) para o efeito. A alavanca da estrela (22) ainda se encontra

apoiada na coluna. Porém, não se apoia completamente nesta :

a extremidade curta do dedo (mais evidente na figura 6) afasta-se

o suficiente para deixar rodar a estrela da foudroyante, até que a

extremidade mais comprida do dedo da alavanca da estrela (23)

detém o dedo (41) solidário da estrela e coloca-se na posição cor-

respondente ao alinhamento do ponteiro da foudroyante (cravado

da estrela) com zero no mostrador.

A estrela da foudroyante roda até se posicionar a zero, os mar-

telos de reposição a zero (na figura aparecem dois, 24 e 25) caem

sobre a came em coração dos segundos do cronógrafo (26), dos

minutos do cronógrafo (27), da unidade dos minutos (28) e das

horas do cronógrafo (cuja roda é colocada do outro lado do movi-

mento não visível na figura). Quando deixar de pressionar o botão

às 2 horas, todos os ponteiros estarão a zero. Para que o retorno

a zero se efectue correctamente, é necessário manter o botão do

cronógrafo premido o tempo suficiente para que o ponteiro da

foudroyante chegue a zero.

LABORATÓRIO

Figura 6 Figura 7

Page 89: Espiral do Tempo 33

8 Girar a coroa no sentido contrário aos ponteiros transmite a

rotação directamente à roda da coroa (51) e a uma roda inter-

mediária (52), e a roda dentada (1) gira. Solidários a esta estão

dois linguetes (5 e 6), que, por sua vez, vão obrigar o rochet (3)

do tambor da foudroyante a rodar, assim como a mola dentro do

tambor. Quando a roda (1) gira em sentido contrário sob a acção

da coroa, os linguetes saltam sobre os dentes de tipo serra do

rochet, mantendo-se, este último, imóvel. A roda (1) do tambor do

cronógrafo engrena com uma roda semelhante (53) assente no

tambor da base tempo. Esta mesma roda, porém, movendo-se

em sentido contrário aos ponteiros, não transmite o movimento à

respectiva corda (4), dado que o par de linguetes correspondente

desliza sobre o rochet.

9 Rodando a coroa de corda no sentido horário, dá-se corda ao

tambor da base do tempo (2). O processo é o mesmo anali-

sado na figura 8, mas, neste caso, os sentidos de rotação estão

invertidos. Neste caso, também o rochet do tambor do cronógrafo

manter-se-á parada, enquanto o rochet (4) do tambor da base

do tempo se moverá no sentido horário, armando a corda que

está no próprio tambor. Como ainda se nota na figura, o tambor

da base do tempo (2) é maior do que o tambor do mecanismo

cronográfico. Porém, ambos os tambores oferecem a mesma

autonomia aos respectivos mecanismos, porque o funcionamento

da base do tempo requer maior energia, logo requer um tambor

maior em comparação à autonomia.

Figura 8 Figura 9

Page 90: Espiral do Tempo 33

A rubrica Utopia Mecânica inicia aqui uma série sobre o Tempo na ficção. E falamos de uma das grandes mudanças estruturais na forma de o encarar, quando há 125 anos se tornou definitivamente global.

Utopia mecânica

O Sr. Phileas Fogg e os fusos horários

Era quarta-feira, dia 2 de Outubro de 1872, cerca das 20 h 20 m. No Reform Club de Londres,

Phileas Fogg acabara de fazer uma aposta: conseguiria dar a volta ao mundo em 80 dias e

estar de regresso ao mesmo local às 20 h 45 m de dia 21 de Dezembro, sábado.

Assim começa o enredo de A Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne, escrito numa

época em que os meios de transporte se tinham desenvolvido de forma súbita e em que o inte-

resse pelas viagens aumentava sem parar. Os caminhos-de-ferro atravessavam continentes, os

barcos a vapor conquistavam os mares, o canal do Suez, inaugurado em 1869, diminuía para

metade o tempo necessário para ir de Londres a Bombaim.

Para tornar plausível o enredo, Verne tinha estudado as redes das companhias marítimas e

comparado horários dos comboios franceses, ingleses, indianos e americanos.

Phileas Fogg, acompanhado pelo fiel Passepartout, inicia o périplo que o leva primeiro à Índia,

o faz de seguida atravessar o Pacífico, o continente Americano e o traz de regresso a Londres

pelo Atlântico. Mas, e seguindo as indicações do relógio de bolso do criado, a derrota era evi-

dente, pois quando chegou era domingo, o dia a seguir ao prazo da aposta.

Só que Passepartout apercebeu-se de que, afinal, em Londres ainda era sábado, e que eram

quase 20 h 45 m. Tudo acaba bem.

Júlio Verne terá sido o primeiro escritor a usar, no enredo, o sistema dos fusos horários. «Sem

dar por isso, Phileas Fogg ganhara um dia no seu itinerário, unicamente porque dera a volta ao

Mundo caminhando para Leste, dia que perderia se fosse em sentido inverno, quer dizer, mar-

chando para Oeste», explica ele. «Efectivamente, seguia para oriente, ao encontro do Sol, e, por

consequência, os dias iam diminuindo à razão de quatro minutos por cada grau de longitude».

E prossegue: «O círculo do equador mede 360 graus, que multiplicados por quatro minu-

tos, dão precisamente as vinte e quatro horas do dia… desse dia que inconscientemente fora

ganho. Por outras palavras: enquanto Phileas Fogg, caminhando para Leste, vira o Sol pas-

sar oitenta vezes pelo meridiano, os seus consócios do Reform Club, em Londres, só o viram

passar setenta e nove vezes. Por isso, nesse mesmo dia, que era sábado em vez de domingo,

estavam à espera dele no salão do clube».

Na época da acção de A Volta ao Mundo em 80 Dias, em 1872, ainda não tinha sido

adoptado o sistema de fusos horários, aprovado numa conferência internacional, em Wash-

ington, apenas em 1884. Mas o Império Britânico, «onde o Sol nunca se punha», já funcionava

com tempo coordenado a partir do meridiano de Greenwich, o observatório real nos arredores

de Londres.

Na conferência de Washington prevaleceu como meridiano zero, de referência, o de Green-

wich, comemorando-se em 2009 os 125 anos dessa decisão. É uma boa altura, pois, para

recordar o Sr. Fogg. Do ponto de vista da relojoaria, nascia um novo campo nas complicações:

o dar, para além de um tempo local, um segundo tempo ou mesmo todos os tempos. Fala-

mos da função GMT ou da que, de forma simultânea, mostra a hora nos 24 fusos horários, a

chamada Horas do Mundo.

CRÓNICA FERNANDO CORREIA DE OLIVEIRA

Page 91: Espiral do Tempo 33
Page 92: Espiral do Tempo 33

Surprising as life can BE

A formação em arquitectura, os antecedentes familiares e o desafio proposto pelo irmão Pedro

levaram Luísa Rosas a conceber algumas das mais destacadas lojas de relojoaria e joalharia de

luxo em Portugal e a criar a sua primeira colecção de jóias. Destinada a mulheres bem-sucedidas,

de espírito jovem, apaixonadas por acessórios, com vida social ou profissional activa, a colecção

BE assenta em conceitos como a estrutura celular. ‘Surprising as life can BE’.

Perguntas Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia

Page 93: Espiral do Tempo 33

ENTREVISTA

Qual o desafio num projecto de arquitectura ou

no design de uma colecção de jóias?

Em arquitectura, o programa é muito rígido. Pensa-

mos no tipo de cliente que prevemos ter, na localiza-

ção da loja e criamos um espaço que responda de

forma coerente a todas as premissas. O espaço

certo para o sítio certo. Agora, dentro do objectivo

que pretendemos alcançar, há uma componente

emocional. Este espaço David Rosas do Colombo,

pretendíamos que fosse marcante, inovador, com

presença e afirmação e, para isto, tínhamos de

encontrar um elemento forte. Ou vários…

Hoje, esta loja já é uma referência pela ‘árvore de

madeira’. Bem, mas a verdade é que eu não sabia

o que havia de fazer ao pilar que ela esconde –

durante um mês não sabia o que fazer ao pilar.

Começou por ser um problema, mas acabou por

ser a solução. Nas jóias, infelizmente (risos), não

tenho este programa muito definido, o que não

ajuda nada. É mais fácil, para mim, trabalhar com

20 condicionantes, porque a margem de manobra

diminui e posso focar-me melhor. Para conceber

jóias, tenho um mundo inteiro à minha frente.

Mas há uma inspiração evidente, quer nas suas

jóias quer em muitos apontamentos do seu

trabalho como arquitecta, que é a natureza.

Costuma ir acampar? Gosta de biologia?

Sou muito ligada à natureza, mas o que mais

me seduz nela é a sua estrutura. Quase tudo na

natureza tem uma estrutura interessante. As formas

vivas têm estruturas com uma grande ligação à

arquitectura e aos seus conceitos. O que é a modu-

lação usada na arquitectura? É pegar numa forma e

repeti-la, como acontece com as células. Daí surge

algo, um ser. E assim surgiu esta colecção. Acho

que existe uma estrutura fortíssima e extremamente

racional na natureza, que me é muito próxima, pela

minha formação e pelo meu temperamento.

Busca a essência das coisas por um lado

muito moderno – a estrutura celular. Há 10

anos não se conceberiam jóias assentes neste

conceito em Portugal. Acha que isto colhe nas

mulheres a quem esta colecção se destina?

Eu acho que toda a gente que trabalha ou que tem

uma vida activa hoje compreende que a mulher

está afirmativa. Todos nós, aliás, não só as mulhe-

res. A nossa geração está muito virada para o

presente e para o futuro e não se revê no ‘discur-

so antigo’. A mulher é um ser curioso e interes-

sante. Muito ligada à vida e com força de viver.

Por isso, tudo isto faz sentido. Como uma célula

se multiplica na natureza e gera uma flor, espero

que estas jóias vivam e se desenvolvam bem na

natureza feminina.

‘Surprising as life can BE’ é a assinatura das

suas jóias.

Não foi a primeira assinatura sugerida, porque

a colecção tem outras características que se

poderiam trabalhar. O facto de ser muito táctil, por

exemplo. Mas não era o que queríamos. Queríamos

ir mais fundo, queríamos trabalhar a verdadeira

origem da colecção. Foi inspirada em tudo o que

dissemos e é uma assinatura que tem a ver com a

vida, que eu celebro. Na verdade, está a nascer a

minha primeira colecção.

Entrevista completa em www.espiraldotempo.com

Acho que existe uma estrutura fortíssima e extremamente racional na natureza, que me é muito próxima, pela minha formação e pelo meu temperamento.

Page 94: Espiral do Tempo 33

Brilho azul em CannesEntre uma ideia inspirada e a sua concretização, o caminho pode revelar-se

longo. E a Chopard sabe disso sem qualquer receio. Um projecto audacioso

levou ao nascimento de uma peça requintada, mas muito sensual: um colar

composto por duas fileiras de 28 de calcedónias azuis, enriquecidas com safiras

em rosa e 450 diamantes de corte brilhante. Cada pormenor merece toda a

atenção... Não é por acaso que esta é uma das 62 peças que integram a linha

Red Carpet 2009 de alta-joalharia, criadas para celebrar a presença da Chopard

em Cannes. A aturada elaboração, a originalidade e a sofisticação estão na base

do seu sucesso.

Chopard Colar Stylish, € 70.210

Page 95: Espiral do Tempo 33

Céu estreladoA linha Millenary da Audemars Piguet distingue-se pela caixa oval e pela forma como

o mostrador combina números árabes e romanos, numa aparente assime tria. Mas

na versão apresentada, o mostrador une horas, minutos e segundos à indicação

das fases da lua e, de repente, todo o céu aparece no pulso. Dispo nível em duas

versões – caixa em ouro rosa e caixa em ouro branco decorada com 112 brilhantes

de 1,05 ct – o Millenary Ciel Etoilé está equipado com um movimento mecânico de

corda automática e é enriquecido com uma correia em cetim.

Millenary Ciel Etoilé € 29.830 (versão em ouro rosa).

GLAMOuR

Page 96: Espiral do Tempo 33

Surprising as life can BEAnéis, brincos e pendentes, com diferentes opções de configuração,

são as peças que compõem a colecção BE, a primeira de uma nova

linha da autoria de Luísa Rosas, que assume como objectivo o lança-

mento de mais colecções com o mesmo espírito jovial e experimentalis-

ta. A conjugação original entre estruturas organizadas entre si e formas

orgânicas presentes na natureza traduz-se em peças que expressam

a individualidade de cada mulher. Foram usados materiais nobres como

o ouro amarelo e diamantes, bem como acabamentos mate com

superfícies de textura “riscada”, aliados à juventude e carácter descom-

prometido do couro, com toda a excelência, rigor e exigência tradicio-

nais na David Rosas.

Pendente em ouro e diamantes: € 3.800

Brincos em ouro e diamantes: € 2.850

GLAMOuR

Page 97: Espiral do Tempo 33

Múltiplas facetasReflexo da versatilidade da mulher contemporânea,

os modelos Reverso Squadra Lady da Jaeger-

-LeCoultre destacam-se pela emblemática caixa

de dois rostos e um por um dispositivo que permite

de forma simples trocar a bracelete, sem recurso

a qualquer instrumento. À apurada selecção de

materiais une-se, pela primeira vez nos modelos

Reverso de senhora, um calibre mecânico de

corda automática de última geração exclusivo da

Grande Maison, Das versões mais simples, às

mais complicadas, em ouro rosa ouro rosa ou ouro

branco, cravejadas de diamantes nos limites superior

e inferior do mostrador trabalhado, o resultado são

peças elegantes de design clássico, mas actuais,

que respondem às diversas exigências do mundo

contemporâneo feminino.

Reverso Squadra Lady Duetto, € 14.900

Como um tesouroEntre produtos emblemáticos e recentes criações, a Louis Vuitton sugere para

a quadra que se aproxima peças indispensáveis, sempre com a elegância e

carisma da conceituada marca. No caso da Minaudière Trésor, apresenta-se

como uma combinação perfeita para grandes noites e grandes eventos: o negro

e delicados apontamentos dourados bordados numa elegante clutch em piton,

que tanto pode ser usada na mão, como ao ombro. No repeitável fecho, surge

discretamente gravado o monograma Louis Vuitton.

Minaudière trésor in embroidered python € 3.000

Page 98: Espiral do Tempo 33

Flores de OutonoA Rolex apresentou este ano os novos modelos Datejust 36 mm em

aço polido e com luneta cravejada de diamantes. Em destaque, o

Datejust Rolesor que ostenta um sedutor mostrador em rosa decorado

com motivos florais e que está também disponível em mais versões

de diferentes cores. Às 3 horas, a janela da data é sobredimensionada

graças a uma lupa estrategicamente incorporada no vidro de safira.

Num primeiro impacto, o novo rosto surpreende pela delicadeza dos

detalhes, mas não esconde a herança Rolex: legibilidade óptima, simpli-

cidade nas funções, excelência dos materiais.

Oyster Perpetual Datejust Rolesor 36 mm, € 8.875

GLAMOuR

Page 99: Espiral do Tempo 33

Sofisticação e elegânciaNos exigentes dias de hoje entre mulheres e homens a tendência é para inovar, igualar, partilhar.

A aparência deverá ser simples e determinada, elegante e desportiva. É neste sentido que

surge a colecção Royal Oak Offshore de joalharia da Audemars Piguet, revelando a cumplici-

dade possível entre diversidade e sofisticação em peças como pendentes, anéis ou pulseiras.

Os anéis inspiram-se directamente na forma octogonal emblemática dos relógios da colecção

surgindo enriquecidos com parafusos hexagonais ou com diamantes no lugar dos parafusos.

Em destaque o contraste entre o desportivismo do cauchu adornado com o motivo mega

tapisserie e a elegância do ouro rosa.

Joalharia Royal Oak Offshore a partir de € 4.390

Page 100: Espiral do Tempo 33

Dança misteriosa...Uma peça de extremo requinte que oferece uma forma deliciosa de contemplar as horas: em

vez dos tradicionais ponteiros, colocados ao centro, o mostrador dispõe de dois discos, cada

com um indicador de referência para as funções base. Quase como uma dança, cada disco

roda delicadamente, acompanhando os números tão característicos da Franck Muller. O disco

interior garante a leitura das horas, o disco exterior garante a leitura dos minutos. Característica

também é a caixa Cintrée Curvex que surge em ouro rosa com um rosto totalmente cravejado

de diamantes. Disponível com correia em pele de crocodilo e fivela em ouro rosa.

Double Mistery € 63.750

Page 101: Espiral do Tempo 33

Wildlife Stephen Sprouse foi um artista e estilista norte-ame-

ricano reconhecido mundialmente pela forma como

desenvolveu o seu próprio conceito urbano de arte.

Da sua obra, são emblemáticos os originais grafittis,

bem como uma colecção ancorada na mistura de

sofisticação, punk e cultura pop. Em 2001, Sprouse

colaborou pela primeira vez com Marc Jacobs para a

Louis Vuitton numa linha de malas, inspirada precisa-

mente nos seus icónicos graffitis. Falecido em 2004,

o norte-americano acabou por ser uma referência

na marca, pelo que a Louis Vuitton lançou uma nova

colecção em homenagem ao seu trabalho. Este

tapa-orelhas destaca-se precisamente pelo motivo

leopardo desenhado por Stephen Sprouse, uma

das elegantes propostas da marca para o frio que

vai chegando. As iniciais são também evocativas do

estilo do artista, já a fita promete uma adaptação

perfeita graças a um pequeno e discreto fecho.

Leopard Vision € 600

Bleu, blanc, bleu... A nova colecção de alta-joalharia da Chanel –

Lumière – reúne um conjunto de peças cheias de

luz em quatro linhas deslumbrantes que privile-

giam os diamantes como elemento central: Soleil,

Ruban, Noeud e Tweed. Quase como se surgisse

directamente de uma caverna de tesouros, este

anel Écharpe deslumbra pela delicada combinação

de diferentes tipos de azul. São 28 pedras da lua,

9 águas-marinhas, 12 safiras de corte oval e 134

diamantes unidos por uma teia e ouro branco de

18 quilates. Uma peça graciosa e muito feminina.

Manchette Soleil Baroque, preço sob consulta.

Page 102: Espiral do Tempo 33

CRÓNICA RuI CARDOSO MARTINS

Gosto de quando dois mundos colidem à nossa frente. Por vezes,

nasce uma coisa nova — descobri, há tempos, um restaurante de

“sushi alentejano”, dizia a tabuleta na porta, mas sou demasiado

novo para aguentar tanta metafísica e não entrei —, outras vezes,

dá-se uma explosão que destrói esses mundos e é interessante

estudar os estilhaços e as radiações.

Page 103: Espiral do Tempo 33

Nas biografias de escritores, encontra-se de tudo

e do mais esquisito. Zelda e F. Scott Fitzgerald

embebedavam-se de tal maneira que uma noite

invadiram uma festa de sociedade, de joelhos no

chão, rosnando e ladrando como cachorros. Mark

Twain – que associamos a histórias de rãs salta-

doras, escravos inocentes foragidos, cemitérios à

noite, e a melhor e mais pura das amizades entre

crianças – levou o seu humor negro a um ponto

em que, desculpem a conversa desagradável,

acabou a defender, em público (ainda por cima

em palestras pagas), a masturbação compulsiva,

deixando as senhoras com a boca mais aberta

do que o Tom Sawyer nos desenhos animados.

Sem fugir aos problemas escatológicos da criação

artística, Honoré de Balzac, um notável conquis-

tador e amante, gritava de frustração quando não

se continha com uma mulher (no final):‘Oh, lá se foi

mais um romance!’.

O caso mais imbatível que conheço é o de Jack

Kerouac, talvez o principal criador da beat genera-

tion, precursor da liberdade sexual e dos hippies,

escritor que inventou uma espécie de grafia

automática, um fluxo rápido de consciência que ia

directamente buscar à própria vida e experiências.

Lembramos On the Road (versão portuguesa, Pela

Estrada Fora), um relato das suas viagens de semi-

vagabundo pela América com os amigos. Anos

depois, Allen Ginsberg escreveu que Kerouac an-

dou a enganar gerações de rapazes americanos...

Porque o livro esconde o que andavam a fazer

exactamente, pelas estradas e pelas festas, as

milhares de aventuras sexuais com mulheres, mas

também com homens, que o autor registava (quem,

onde, quando, como, quantas vezes) nos diários. A

‘sex-list’, revelada pelos biógrafos, é inacreditável.

Também impressiona a quantidade de mundos

que colidiam dentro do homem: Kerouac, no início,

apesar do alcoolismo congénito da família, era

um atleta, um belíssimo jogador de futebol ameri-

cano, que uma lesão na perna afastou da carreira

profissional. E um ultraliberal de costumes que vivia

com a mãe e foi capaz de bater em homossexuais

no meio da rua (costumava negar que também o

era). E fazer elogios à beleza dos soldados nazis,

que combateu na guerra, mas sempre com muita

pena de os ver morrer naquelas fardas. Foi budista

e, mais tarde, abominou a revolução sexual e os

cabeludos que lhe batiam à porta em busca de

aventuras e iluminação. Finalmente, um bêbedo

compulsivo que morreu muito cedo, aos 47 anos,

de hemorragia provocada por cirrose hepática.

Agora a estranha descoberta: quem também mor-

reu aos 47 anos, de hemorragia hepática provo-

cada por cirrose alcoólica, foi o nosso ou, como se

costuma dizer, o universal Fernando Pessoa. Não é

difícil imaginar dois escritores mais diferentes, tanto

no estilo de vida (fora os copos), quanto de escrita.

Pessoa era um monge virgem e assexual, com-

parado com Kerouac, o lendário promíscuo. Mas

Pessoa criou vários heterónimos — Caeiro, Reis,

Campos etc. — e escreveu, enquanto Bernardo

Soares, no Livro do Desassossego: «E assim sou,

fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e ab-

sorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca

de um sentimento que subsista, nunca de uma

emoção que continue, e entre para a substância da

alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir

outra coisa; uma impaciência da alma consigo

mesma, como com uma criança inoportuna; um

desassossego sempre crescente e sempre igual.»

Assentaria muito bem em Jack Kerouac. Que pen-

saram os dois no dia da morte, aos 47 anos, com

a mesma doença e pela mesma causa? Lamenta-

ram o mesmo? Será que se Pessoa tivesse vivido

numa época mais perto de nós conseguiria criar

um pseudónimo tão louco na vida e na obra quanto

Kerouac?

Estas perguntas, claro, não ficarão para a História,

mas apeteceu-me fazê-las.

Page 104: Espiral do Tempo 33

Prazer de conduzir: o presente e o futuro

A BMW tem sido prenhe na aposta no hedonismo do condutor: o prazer que este sente ao

conduzir; o prazer que lhe dá o automóvel enquanto objecto; o prazer de ‘sentir o motor’;

o prazer de dominar o veículo; o prazer da velocidade. Prazeres partilhados por cada vez mais

amantes de relógios, que encontram na grande relojoaria uma semelhante forma de gozo.

Perguntas Paulo Costa Dias, foto cedida por BMW Portugal

Page 105: Espiral do Tempo 33

Num tempo de luta imperativa pela racionalidade energética, fruto das crescentes exigências ambientais impos-

tas pelos mercados e pelos reguladores da indústria, falámos com João Trincheira, Director de Comunicação da

marca bávara em Portugal. Em que medida poderá o tempo em que vivemos afectar o prazer que nos fazem

sentir as belas máquinas automóveis?

O prazer da condução é um tema caro à BMW. No futuro, o condutor obterá este prazer através do

desempenho do automóvel ou da consciência do equilíbrio ambiental que ele revelar?

Para a BMW, prazer de condução e equilíbrio ambiental são indissociáveis e é neste sentido que temos trabalha-

do nos últimos anos. Desde 2007 comercializamos veículos que contam com uma série de medidas apelidadas

BMW Efficient Dynamics. São medidas que pretendem diminuir as emissões poluentes e os consumos, mantendo

inalterado o ADN da marca. A provar a consciência ecológica do BMW Group, surge o facto de, nos últimos dez

anos, este ter estado listado no índice de sustentabilidade Dow Jones, tendo sido considerado o construtor

automóvel mais sustentável nos últimos cinco anos.

Em que medida houve uma transferência de aposta tecnológica, da performance para as questões

ligadas ao ambiente?

A primeira fase do programa BMW EfficientDynamics foi implementado com a adopção de um conjunto de

medidas. São disso exemplo o sistema start stop, o sistema de regeneração de energia durante a travagem, a

adopção de pneus com baixo atrito do rolamento e a direcção assistida inteiramente eléctrica, entre outros. A se-

gunda fase está a ser agora iniciada, com a introdução de motorizações híbridas. Ou seja, não nos basta desen-

volver um veículo com elevadas performances dinâmicas, é necessário que este também seja altamente eficiente.

Além da luta para reduzir o consumo de energia, hoje aposta-se também na recuperação da mesma.

Em que é que esta eficiência se pode traduzir?

A recuperação de energia é extremamente importante, mas este tópico não deve ser encarado exclusivamente

em relação ao veículo em si. Para termos ganhos efectivos, temos de ser mais abrangentes e concentrar-nos no

processo produtivo. Neste contexto, implementámos uma série de medidas, nas fábricas, para reduzir o consumo

de recursos naturais e energia, tal como o arrefecimento do nosso centro de desenvolvimento (FIZ), que passou

a ser efectuado utilizando água do solo. Este sistema eliminou as mais de 4500 toneladas de CO2 enviadas para

a atmosfera anualmente e, ao mesmo tempo, permite poupar sete milhões de quilowatts / hora de electricidade

– o equivalente ao consumo energético anual de mais de 3000 lares. Relativamente aos veículos, a tecnologia de

regeneração da energia durante a travagem permite converter a energia cinética em energia eléctrica - que por

sua vez vai carregar a bateria.

Qual o contributo que a nova geração de motores que tem vindo a ser ensaiada (Vision Dynamics),

e que foi recentemente apresentada como protótipo, poderá dar a curto/médio prazo?

O projecto BMW Vision EfficientDynamics vem romper com a ideia pré-concebida de que um veículo desportivo

tem de ter motores a gasolina com seis ou oito cilindros, cilindradas elevadas (e consumos igualmente eleva-

dos) e lugar para apenas dois passageiros. Este projecto é uma revolução: trata-se de um superdesportivo com

elevadas performances e quatro lugares. A motorização deste protótipo é composta por um motor a diesel de

apenas três cilindros com uma cilindrada de 1500 cm3 e dois motores eléctricos (acoplados aos eixos). A potên-

cia máxima combinada é de 356 cv e consegue uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,8 segundos, apesar

de ter um consumo de apenas 3.76 l/100 km e 50 g/km de emissões de CO2. Características que, num futuro

próximo, podem ser realidade.

ENTREVISTA

Page 106: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer GoldO MERIDIIST é um telemóvel de luxo desenvolvido pela TAG Heuer que deve o seu nome à fusão entre as

palavras ‘Meridiano’ e ‘Especialista’. De inspiração relojoeira e concebido em aço hipoalergénico (o mesmo

material utilizado em cirurgias de substituição das ancas), integra o maior vidro de safira jamais usado num

telemóvel, estando disponível em diversas versões. De um modo geral, o telemóvel apresenta um design er-

gonómico de linhas futuristas. No topo, um inovador écran, como um prolongamento do écran principal, apre-

senta um relógio reversível e dá conta de chamadas recebidas. A estreia em Portugal do MERIDIIST revelou-se

num estojo em edição limitada que juntou esta peça extraordinária ao cronógrafo TAG Heuer Grand Carrera

Caliper 36 RS. Um sucesso que está na base de uma nova edição que, desta vez, aposta numa união perfeita:

o MERIDIIST em ouro rosa e o TAG Heuer Grand Carrera ouro rosa e chocolate. Uma dupla sofisticada

e de extrema elegância que promete repetir o sucesso da sua antecessora.

Page 107: Espiral do Tempo 33

Porsche Design Acessórios de golfeTodos os produtos concebidos na Porsche Design seguem

a filosofia única que está na base da marca: a forma segue

a função. Para isso, a marca opta muitas vezes por par-

cerias com os melhores especialistas de diferentes áreas.

Funcionalidade, tecnologia avançada e o design estão na

base da cooperação com a TaylorMade®. Na sua linha de

tacos de golfe em destaque a utilização de materiais ultra-

leves como o titânio, sendo que cada taco foi desenvolvido

para garantir um melhor desempenho perfeito e consistên-

cia nas pancadas. Um saco ultra-leve, com asas duplas de

extremo conforto, ajusta-se a um trólei que dispõe de um

sistema automático que lhe permite manter uma posição

firme e ser facilmente montado ou desmontado.

www.porsche-design.com/live/start

gADgETS

Page 108: Espiral do Tempo 33

Leica APO Televid 82Para quem particulamente aprecia contemplar a naureza com olhos de ver, a Leica propõe o telescópio

terrestre APO Televid 82, desenvolvido para alcançar os mais ínfimos detalhes com a máxima resolução.

O sistema óptico apocromático com novos tipos de cristal de fluorita (FL) e um diâmetro de objectiva

de 82 mm garantem uma alta-qualidade de imagem e um melhor contraste de cor. O corpo, conce-

bido numa liga de magnésio, surge como particularmente robusto. Em destaque também a tecnologia

de revestimento Leica AquaDuraTM que funciona como um repelente de água, evitando que gotas se

depositem nas lentes exteriores. Está disponível em duas versões: observação em ângulo e observação

em linha recta.

www.comercialfoto.pt

gADgETS

Page 109: Espiral do Tempo 33

KEF Concept BladeO Concept Blade, da reconhecida KEF, é um autên-

tico concentrado de tecnologia e novas ideias que,

segundo a marca, irá influenciar não apenas os pró-

ximos modelos, como também as colunas de som

de uma maneira geral. Single Apparent Source é

o nome da principal tecnologia que vem fazer a

diferença: todos os altifalantes trabalham como se

tratasse de um só, de modo a que o ouvinte sinta

toda a música a fluir a partir de um único ponto.

As KEF Concept Blade não têm em vista uma

produção em série, no entanto, foi desenvolvido um

par para apresentações especiais por todo o mundo

como demonstração da sua capacidade técnica.

www.videoacustica.pt

Bang & Olufsen A8A Bang & Olufsen complementou a sua linha de

auriculares A8 com novas cores verdadeiramente

atrevidas e que contrastam com o preto e alumínio

dos modelos já existentes: amarelo, verde, branco

e laranja são a grande aposta. Fabricados de forma

artesanal, em alumínio anodizado e borracha endure-

cida, os auriculares A8 destacam-se pelo seu design

ergonómco, pensado para se adaptarem à orelha de

maneira a garantir a transmissão de sons que outra

forma poderiam escapar. Para alcançar a máxima

qualidade de som, no seu interior encontram-se em

miniatura muitas das funções acústicas das colunas

Bang & Olufsen. Disponíveis com estojo em pele

especialmente desenhado.

www.bang-olufsen.com

Page 110: Espiral do Tempo 33

Whatever Works é o regresso de Woody Allen a

Manhattan, depois dos filmes na Inglaterra e em

Espanha. Nota-se a alegria do regresso. É frenética.

Ao regressar a Manhattan, Woody Allen não está

apenas a regressar a Nova Iorque – está a regressar

a Woody Allen. Os filmes europeus eram mais filmes

europeus do que filmes de Woody Allen.

Ao escolher Larry David para fazer de Woody

Allen, Woody Allen multiplicou-se. O personagem é

duplamente misantrópico e egoísta. É um espantoso

exercício de cálculo, porque Larry David não deixa

de ser Larry David, em momento nenhum.

Whatever Works de 2009 e Manhattan de 1979

são filmes românticos, como quase todos os filmes

de Woody Allen. A diferença é que Manhattan é a

história do amor dele por Manhattan e Whatever

Works é a história de amor dele por ele próprio.

Ambos são amores poderosos e genuínos – é por

isso que ambos os filmes são tão arrebatadores. É

claro que Woody Allen conhece e ama Manhattan

e é claro que Woody Allen conhece e ama Woody

Allen. E em ambos os casos tem razão. São amores

mais do que justificados.

Mas não é isso que agora me interessa. Em pouco

mais de três horas, vi dois filmes com trinta anos de

distância – trinta anos de diferença. Conheço bem

todos os filmes de Woody Allen, mas só quando

acabei de ver os dois filmes é que compreendi uma

coisa acerca dele que nunca antes me tinha passado

pela cabeça: Woody Allen não sabe o que é o amor.

Sabe tudo sobre a imensidão das coisas que

não são amor: as relações humanas; as paixões;

as intimidades; os paradoxos; as tragédias e as

verdades. É muita coisa. E Woody Allen sabe, como

mais ninguém, apresentar-nos essa complexidade

de uma maneira que a celebra ao mesmo tempo.

Em ambos os filmes, é um homem mais velho que

se apaixona por uma rapariga muito mais nova. É aí

que se notam os 30 anos. Larry David em Whatever

Works é, mais ou menos, 30 anos mais velho do que

o Woody Allen de Manhattan.

Os amores de Whatever Works e de todos os fil-

mes de Woody Allen surgem sempre de uma situa-

ção excepcional e inesperada. Há grandes coinci-

dên cias; grandes paradoxos; grandes reviravoltas.

E é tudo (quase sempre) muito engraçado, mas o

amor nunca é convincente.

CRÓNICA MIGuEL ESTEVES CARDOSO

O reconhecimento do amorDepois da delícia de ver Whatever Works, o mais recente filme de Woody

Allen, com Larry David a interpretar o personagem principal, fui ver

Manhattan outra vez.

Page 111: Espiral do Tempo 33

Em Whatever Works, a mulher com que Larry David acaba por

ficar é a mais aleatória de sempre. Não posso contar o filme porque

não quero ser estraga-prazeres.

Quando os personagens se revelam como sendo o oposto do

que pensavam (ou queriam que se pensasse) é divertido, mas é

formulaico. Pois Woody Allen é um génio do formulário amoroso,

mas suspeito que não saiba o que é o amor.

O amor não tem nada a ver com sorte, coincidência ou timing.

Essas são as leis da comédia, que Woody Allen não só domina

como ajudou a escrever.

As leis do amor são diferentes. Só há uma, mas é uma bomba.

É reconhecer, sem qualquer esforço, raciocínio ou dúvida, que está

ali a pessoa que amamos. É ela e mais nenhuma. É com ela que

queremos estar. É ela que queremos. Custe o que custar; persiga-

-se o que se tenha de perseguir; não conseguiremos ser felizes ou

sentirmo-nos completos sem ela.

O amor é isso: uma evidência. É muito claro, o amor. Não é

assustadoramente claro; é reconfortantemente claro. Num mundo

onde não sabemos nada e duvidamos de quase tudo, o amor

dá-nos essa gigantesca abébia: dispensa-nos de pensar mais no

assunto.

Pensa-se nos comos (como conquistar essa pessoa; como não

a deixar fugir), mas não nos porquês. À pergunta ‘Porque é que me

amas?’ a única resposta genuína é ‘Porque eu sou eu e tu és tu.’

Fazer uma longa lista de razões convincentes (’por causa da

maneira como separas a côdea do pão, blá blá blá’) é coisa que

faz qualquer pessoa com experiência de sedução.

Essas listas podem ser encantadoras, mas como arte. Não

como prova de amor. O amor nunca se pode provar – é esse um

dos desesperos de quem ama e de quem quer sentir-se amado

por quem ama.

A pergunta ‘Como se conheceram?’, nos filmes de Woody Allen

(ao contrário da vida real), produz sempre respostas encantadoras

ou desconcertantes.

No amor, não há esse ’conhecer-se’ ou é banal. O que importa

no amor é o reconhecer-se: é esta mulher; é este homem.

Reconhecer tem o sentido de voltar a conhecer. Ao sentir o

amor, reconhecemo-nos a nós próprios. O eu anterior, que não

sabia o que era amar, desaparece para sempre. (às vezes deixa

saudades, mas isso já é outra história).

Reconhecemos que, sem sabermos, estávamos à procura da

pessoa que amamos. Porque é isso que se sente: ‘Cá está ela!’;

‘cá está ele!’; como se a tivéssemos descoberto, ou apanhado.

Cada vez que perguntamos ‘será amor isto que sinto?’ ou ‘será

esta pessoa o amor da minha vida?’, a resposta já está dada: não.

O amor é uma evidência. É um grande bloco de pedra à nossa

frente. É um bloco. É de pedra. Acabou.

O maior erro de todos é dizer que o amor que uma mãe tem por

um filho é diferente do amor que tem pelo pai da criança. Não há

nenhuma diferença. Amor é amor, seja entre irmãos, crianças ou

crescidos.

Ou há ou não há. Não é por se ser mãe que se ama o filho ou

não. Não há amores por imposição porque o amor é uma coisa

que se impõe a si própria, com a maior das calmas e facilidades.

Tudo à volta do amor pode ser frenético e desesperante e belo,

mas o amor, em si, é apenas um facto. Passa a fazer parte da

realidade, tão real como a maçaneta da porta.

É esta simplicidade que falta às histórias de amor de Woody

Allen, hoje como há 30 anos atrás. A partir do momento que

reconhecemos o amor por outra pessoa, fica quase tudo decidido.

O plano fica esboçado: fazer tudo para passar o máximo tempo

possível com ela.

Uma das características de quem ama é de não se preocupar

muito se a pessoa que amamos também nos ama. Desde que

pense que ama – ou mesmo que saiba que não nos ama, mas

fique connosco; isso já nos chega. Porque é muito, muito melhor

do que a pior coisa: ficar sem ela.

Esta falta de preocupação é geralmente secreta. Quem tem a

sorte de estar com a pessoa que ama acha sempre que tem sorte,

porque está a aproveitar-se de algum engano ou de alguma ilusão

por parte da pessoa amada. Não acreditar que a pessoa amada

nos possa amar como nós a amamos é, em quem ama, uma

certeza tão grande como o próprio amor.

Saber quem se ama não é apenas o princípio da história: é o

meio e é o fim.

Se é uma sorte ou um azar; isso já é outra questão.

Page 112: Espiral do Tempo 33

Realização Ricardo Preto , Fotografia Nuno CorreiaCluedo

Page 113: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra Chrono GMTMovimento cronógrafo mecânico de corda automática jLC 754.Caixa Ø 35x50,5x14 mm em aço.Preço: € 7.200

Blazer Diesel, Camisa Hackett, Gravata Gant, Lenço Massimo Dutti, Boina Lacoste.

Page 114: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Master Compressor Diving Alarm navy SealsSérie limitada a 1.500 exemplaresMovimento mecânico de corda automática jLC 956.Caixa Ø 44mm em titânioPreço: € 9.900

Camisa Pepe jeans, Colete Mango, Lenço Gant, Boina Gant.

Page 115: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra ClassicMovimento de quartzo jLC 657.Caixa Ø 31,2x45,5x12 mm em aço.Preço: € 4.250

Blusa Malene Birger, Vestido Twenty 8 Twelve, Bâtom YSL Rouge Volupté, Bluche Guerlain Bronzing Powder Terracotta 20,brincos Torres joalheiros.

Page 116: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra Lady AutomaticMovimento mecânico de corda automática jLC 966.Caixa Ø 28,8x42x10,75 mm em aço.Preço: € 5.750

Trench coat Gant, Blusa Weill, Camisola Weill, Chapeu MADY, Óculos Bottega Venetta, pulseira H. Stern.

Page 117: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Master Compressor Diving Pro GeographicMovimento mecânico de corda automática jLC 979.Caixa Ø 46,3 mm em ouro rosa 18ct.Preço: € 35.000

Camisa Massimo Dutti, Cardigan Massino Dutti, Chapéu Pepe jeans, Gravata Lacoste, Blazer Hacket, Óculos Yves Saint Laurent.

Page 118: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra LadyMovimento de quartzo jLC 657.Caixa Ø 28,8x42x10,75 mm em aço, 36 diamantes 0,55ct.Preço: € 4.950

Blazer Sacoor, Camisa Decenio, Luvas Gant, Lenço Salvatore Ferragamo, anel e pendente H. Stern.

Page 119: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra World ChronoSérie Limitada a 1500 exemplares.Movimento cronógrafo mecânico de corda automática jLC 753.Caixa Ø 36,5x53x16,5mm em titânio.Preço: € 13.000

Camisa Gant, Blazer Decenio, Laço Gant, Pullover Mango, Lenço Hacket, Luvas Henry Cottons.

Page 120: Espiral do Tempo 33
Page 121: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra LadyMovimento de quartzo jLC 657.Caixa Ø 28,8x42x10,75 mm em ouro amarelo 18k, 36 diamantes 0,55ct.Preço: € 11.300

Vestido Nuno Baltazar, Lenço Chopard, Carteira Chopard, Luvas Decenio, colar Torres joalheiros.

Page 122: Espiral do Tempo 33

Jaeger-LeCoultre Master Compressor Diving Chronograph GMT Navy SealsMovimento mecânico de corda automática jLC 757. Caixa Ø 46,3mm ouro rosa 18 ct.Preço: € 19.500

Camisa Henry Cottons, Blazer Henry Cottons, Pullover Henry Cottons, Laço Hackett.

Page 123: Espiral do Tempo 33

Produção

Ricardo Preto

Assistido por

Luis Carvalho e Roberta Resende

Maquilhagem

náná Benjamin

Assistida por

Carina Quinquiliano com produtos Guerlain @ ARatelier

Modelos Central Models:

Navarro, Luís, Vanessa Pessanha, Teresa Melo,

Catarina Andrade, Edgar, Tânia Correia, Leonardo

Page 124: Espiral do Tempo 33
Page 125: Espiral do Tempo 33

Realização Ricardo Preto , Fotografia Nuno CorreiaBite me

TAG Heuer Monaco Chronograph Calibre 12Movimento cronógrafo mecânico de corda automática calibre 12.Caixa Ø 39 mm em aço.Preço: € 3.600

Page 126: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Monaco Chronograph Calibre 12 RacingMovimento cronógrafo mecânico de corda automática calibre 12.Caixa Ø 39mm em aço.Preço: € 3.750

Page 127: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Carrera Lady DiamondsMovimento mecânico de corda automática.Caixa Ø 27mm em aço.Preço: € 3.390

Page 128: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Carrera Chronograph Day-DateMovimento mecânico de corda automática calibre 16.Caixa Ø 43mm em aço.Preço: € 3.550

Page 129: Espiral do Tempo 33
Page 130: Espiral do Tempo 33
Page 131: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Carrera Chronograph Day-DateMovimento mecânico de corda automática calibre 16.Caixa Ø 43mm em aço. Preço: € 3.550

Page 132: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Monaco AutomaticMovimento mecânico de corda automática.Caixa Ø 37mm em aço.Preço: € 1.990

Page 133: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Monaco LSMovimento cronógrafo mecânico de corda automática calibre 12.Caixa Ø 40,5mm em aço.Preço: € 5.250

Page 134: Espiral do Tempo 33

TAG Heuer Carrera Chrono Day-Date TitânioMovimento mecânico de corda automática calibre 16.Caixa Ø 43mm em titânio.Preço: € 3.550

Page 135: Espiral do Tempo 33

Produção

Ricardo Preto

Assistido por

Luis Carvalho e Roberta Resende

Maquilhagem

náná Benjamin

Assistida por

Carina Quinquiliano com produtos Guerlain @ ARatelier

Modelos Central Models

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Há quem pergunte por que razão os ponteiros dos relógios surgem nas montras, nos

catálogos e nas revistas sempre às 10h e 11 m. Há quem diga que é porque transmite

uma ideia positiva, ou porque desta forma sobressai o logótipo da marca...

Gostamos mais da primeira explicação. Tão simples como olhar para um relógio e

verificar que muitas vezes em relojoaria quem vê caras vê corações. Há casos em que

o mostrador deixa adivinhar que por trás se encontra uma máquina de excelência que

faz o relógio bater eternamente no pulso.

Querem ideia mais positiva do que esta?

Quem vê caras...

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Jaeger-LeCoultre Master, Compressor Diving Pro GeographicReferência: Q1852770. Movimento: Mecânico de corda automática JLC 979. Funções: Horas, minutos, disco das cidades com 24 fusos horários e data. Caixa Ø 46,3mm: Ouro rosa 18ct, sensor na esquerda para accionar o profundímetro, vidro em safira, estanque até 300 metros. Bracelete: Cauchu articulado com fivela em ouro rosa 18ct (cada modelo vem com outra em Cordura® com velcro). Preço: € 35.000

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F. P. Journe Invenit et Fecit, Octa Automatique LuneReferência: FPJ.OAL40.PT.B. Movimento: Mecânico de corda automática FPJ 1300-3 em ouro 18k com 120h de reserva de corda. Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica, fases da Lua e reserva de corda. Caixa: Platina, mostrador em ouro branco 18k, vidro e fundo em safira, estanque até 50 metros. Bracelete: Pele de jacaré com fivela em platina. Preço: € 35.440

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Patek Philippe, Chronograph à Quantième AnnuelReferência: 5960R-001. Movimento: Mecânico de corda automática calibre CH 28-520 IRM QA 24H. Funções: Horas, minu-tos, segundos, cronógrafo, data, dia e mês, indicação de reserva de corda e dia/noite. Caixa Ø 40,5mm: Ouro rosa com vidro em safira e estanque até 30 metros. Bracelete: Alligator com fecho de bácula em ouro rosa. Preço: € 44.100

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Franck Muller, Master BankerReferência: 8880 MB SC DT. Movimento: Mecânico de corda automática com rotor em platina 950. Funções: Horas, minutos, segundos, data e triplo fuso horário. Caixa: Aço com vidro em safira e estanque até 30 metros. Bracelete: Pele de crocodilo com fivela em aço. Preço: € 15.750

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TAG Heuer, Grand Carrera CaliperReferência: CAV5185.FT6020. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática Calibre 36 com certificado C.O.S.C.. Funções: Horas, minutos, segundos lineares nas 9H, minutos do cronógrafo RS (Rotating Sistem) nas 3H e as horas do cronógrafo RS nas 6H e data. Caixa Ø 43mm: Titânio com tratamento PVD preto, vidro e fundo em safira com tratamento anti--reflexos, estanque até 100 metros. Bracelete: Cauchu racing com fecho de báscula. Preço: € 6.995

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Audemars Piguet, Royal Oak Offshore Chronograph VolcanoReferência: 26170ST.OO.D101CR.01. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre AP 2326/2840. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo. Caixa: Aço, vidro em safira e estanque até 100 metros. Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em aço. Preço: € 16.650

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Porsche Design, P’6920 RattrapanteReferência: 6920.6943.201. Movimento: Mecânico cronógrafo rattrapante de corda automática calibre Valjoux 7750 AR2. Funções: Horas, minutos, segundos e cronógrafo. Caixa Ø 45mm: Titânio com tratamento PVD preto e luneta em ouro rosa 18 ct., vidro e fundo em safira, coroa de rosca, estanque até 50 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em titânio com tratamento PVD preto e verso personalizado com o perfil dos pneus do Porsche Carrera GT. Preço: € 24.940

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ConquistadorQuase que engana ou deixa espaço para dúvidas. Mas trata-se da caixa Cintrée Curvex da Franck Muller,

reforçada com o poder do Ergal, um material ultra-leve e resistente, tratado por meio de anodização que

garante suprema resistência à corrosão e à abrasão. É comum a sua utilização na Fórmula 1 e na indústria

aeroespacial.

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Eles andam por aí...

É na relação com outras peças que cumprem o seu papel, mas têm o mérito

de se distinguirem pela sua identidade muito própria. Perdidos no tempo e no

espaço, elementos que se tornaram imagens de marca.

Ao detalhe

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Báscula F. P. JourneInspirando-se no formato redondo e na assimetria dos mostradores dos relógios F.P.Journe, o criador

de acessórios de luxo Roland Iten criou um sensacional fecho de báscula – baptizado R8LAND ITEN

F.P.Journe – em ouro para as correias de pele da marca, que permite um ajuste manual preciso através

de um engenhoso mecanismo de rotação. A diferença pode ir até aos 8 mm.

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ChronofighterNão há margem para dúvidas: a alavanca de accionamento do cronógrafo, com botão integrado é a imagem

de marca da Graham. O sistema foi rigorosamente pensado para ser intuitivo e aproveitar ao máximo a acção

do dedo polegar. As origens do gatilho remontam aos instrumentos de precisão presos à perna dos navega-

dores dos aviões da segunda guerra mundial que através de um sistema semelhante accionavam o cronógrafo

para medir o tempo decorrido entre a largada da bomba e sua deflagração no solo.

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MonacoAs linhas rectas são inconfundíveis. Evoluindo ao longo dos tempos, o TAG Heuer Monaco chegou até

nós com linhas actualizadas, mas permancendo sempre fiel às suas origens. Em destaque, também, os

acabamentos... Tudo justifica o lugar de respeito que faz do TAG Heuer Monaco um marco da relojoaria.

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Rotor Porsche DesignÉ icónico, na colecção relojoeira Porsche Design, o rotor de rendimento superior em forma de jante dos

carros desportivos Porsche, tributo à herança motorizada da marca. Mas só na edição limitada exclusiva para

Portugal – PAC Portugal – esta peça surge em amarelo. Um detalhe a condizer com as inscrições do mostra-

dor e que pode ser contemplado através do fundo do relógio.

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Espiral ParachromA espiral Parachrom é um dos elementos patenteados pela Rolex que foi desenvolvida por equipas de

diversas áreas de especialidade. Caracterizada pela cor azul e pelas suas propriedades de resistência

aos impactos e aos campos magnéticos, integra os movimentos da marca que são reconhecidos pela

sua simplicidade e extrema precisão.

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Manivela L.U.C.Evocativo de uma certa tradição, o dispositivo inédito W.A.S. (Winding Assistance System) foi especialmente

desenvolvido para o L.U.C. Tourbillon Tech Twist, da Chopard. A ‘manivela’ acopla-se à coroa, personalizada

com o logótipo da colecção, para dar corda ao movimento. Sempre com a classe que caracteriza a marca.

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PARCERIA

Por Miguel Seabra, La Chaux-des-Fonds

Fórmula de sucesso

A Graham é uma marca assumidamente de nicho que se baseia em modelos carismáticos

vocacionados para um público irreverente. A personalidade e imaginação britânicas bem

patentes na colecção da marca e que são apanágio do seu responsável Eric Loth foram

fundamentais na obtenção de dois patrocínios que surpreenderam a concorrência: o da

Brawn GP, escuderia recém-consagrada campeã do mundo de Fórmula 1, e o da Taça das

Seis Nações, mítica competição de râguebi.

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Na hiper-competitiva indústria relojoeira da actualidade, os prin-

cipais colossos do sector fazem jus à sua reputação ao arrebatar

os mais apetecidos patrocínios – no mundo do desporto e não

só. Mas é precisamente através do mundo do desporto que

conseguem estabelecer parcerias que, para além de veicularem a

comunicação da marca e de despertarem o imaginário do público,

são também preciosas ajudas para o desenvolvimento do produto.

Nesse âmbito, a Graham apresentou em 2009 duas associa-

ções emblemáticas que surpreenderam o mundo do marketing

desportivo.

Como é que uma marca de nicho consegue bater a endinhei-

rada concorrência para se tornar no cronometrista oficial da novís-

sima escuderia BrawnGP de Fórmula 1 e da secular Taça das Seis

Nações em rugby? Precisamente por ser de nicho e por apresen-

tar uma personalidade única no universo da relojoaria – e também

pelo espírito britânico e pelo engenho do seu presidente, Eric Loth.

O responsável e fundador da Graham é um confesso adepto

da cultura britânica e inspira-se continuamente nela para idealizar

novos produtos para a colecção. Não propriamente naquele

espírito excessivamente rígido e tradicional da velha Inglaterra,

mas no espírito vanguardista completamente oposto: o espírito

irreverente e imaginativo que desbravou novas culturas e tanto

contribuiu para o progresso das mentalidades. «O sport chic, onde

a cor assume um papel fundamental e há sempre um toque de

folia», precisa Eric Loth. «Afinal de contas, foram eles que inven-

taram as racing colors para distinguir as equipas e os países nos

primórdios das corridas automóveis. O forte dos ingleses consiste

em transmitir uma ideia de luxo que inclui sempre um detalhe de

ruptura, em inventar algo que a princípio parece irracional mas que

com o tempo se revela lógico e se transforma em paradigma. O

free thinking britânico que desbravou novos caminhos nas artes,

na música, na moda.»

Rule Britannia!

Não basta que a marca anglo-helvética com sede em La Chaux-

de-Fonds tenha capitais ingleses e deva o seu nome ao mestre

inglês inventor do cronógrafo, George Graham; Eric Loth logrou

capturar de maneira ideal esse british flair progressista e aplicá-lo

em apelativos modelos tecnicamente notáveis (mecanismos fiáveis

e aperfeiçoados pela manufactura La Joux-Perret) tão distintos

como o Chronofighter, o Swordfish ou o Silverstone. Mais: se a

Graham não tivesse uma tão forte conotação britânica, nunca

nasceriam peças de carácter tão iconoclástico como o Chrono-

fighter ou o Swordfish – ao passo que o Silverstone já é mais óbvio

no seu estilo especial de corrida tão caro aos súbditos de Sua

Majestade.

A personalidade dos modelos Graham e a sensibilidade inglesa

de Eric Loth foram argumentos incontornáveis na concretização

As edições limitadas Graham/Brawn GP estão à venda exclusivamente na Machado Joalheiro (www.machadojoalheiro.com)

Page 154: Espiral do Tempo 33

do acordo com Ross Brawn, patrão da BrawnGP, e John Feehan, CEO do

oficialmente designado RBS Six Nations Championship – para além de outros

patrocínios menos mediáticos entretanto estabelecidos como o mítico Tourist

Trophy da Isle of Man (com um modelo Chronofighter em edição limitada) e, ain-

da, com personalidades como o piloto americano Scott Dixon (que também tem

um modelo Chronofighter que lhe é dedicado), o piloto japonês Hideki Mutoh, o

campeão suíço de esqui Didier Cuche ou o capitão da selecção sul-africana de

râguebi John Smit.

BrawnGP

Não só pela afinidade mecânica como também pela importância da cronometra-

gem, desde cedo se estabeleceram associações entre as corridas motorizadas e

os instrumentos do tempo – o dealbar do patrocínio desportivo incluiu precisa-

mente parcerias entre corridas ou escuderias automóveis e empresas relojoeiras.

A Fórmula 1 tem sido um palco privilegiado para patrocínios do género, com

grandes investimentos por parte de grandes marcas.

Eric Loth foi mais inteligente, para isso contribuindo a sua paixão pela indús-

tria motorizada: conhecedor do papel fundamental do discreto Ross Brawn no

sucesso de escuderias como a Benetton e a Ferrari, esteve com ele a partir do

momento em que pegou nos destroços da Honda para fundar uma nova equipa

com o seu nome – iniciou conversações pessoais para o estabelecimento de um

patrocínio imediatamente valorizado pelos sucessos da BrawnGP… e depois

sobrevalorizado pela recente conquista do Campeonato Mundial de Constru-

tores e do Campeonato Mundial de Pilotos através de Jenson Button! Nunca

uma escuderia estreante na Fórmula 1 conseguiu tal feito, o que confirmou até à

saciedade os reconhecidos dotes de Ross Brawn enquanto gestor e estratega.

Mesmo antes da consagração absoluta, já havia uma série especial da

Graham destinada a comemorar a parceria – com dois modelos personalizados

(um Chronofighter, um Silverstone) declinados em dois diferentes mostradores

(branco ou preto) de 250 exemplares cada com a assinatura no mostrador e o

logótipo no fundo da caixa. «A edição especial da Graham dedicada à BrawnGP

foi cuidadosamente concebida de modo a reflectir o elevado nível de tecnologia

e de design exigido pela Fórmula 1. Estamos ansiosos por continuar a parceria e

partilhar os nossos sucessos no futuro.»

Claro que Eric Loth não poderia estar mais feliz: «É a cereja no topo do bolo.

Trata-se de uma associação fantástica que representa a oportunidade de

partilhar dois tipos de tecnologia extraordinariamente avançados e que tam-

bém constitui um desafio para nós – irmos até ao limite do design e da técnica.

Como engenheiro mecânico de formação e sendo fascinado pelos materiais, a

minha visão do desporto reveste-se de contornos científicos e tem a ver com

criatividade e desenvolvimento. A Fórmula 1 tem a ver com velocidade, inovação

e tecnologia. A edição especial de relógios Brawn GP foi idealizada de modo

a reflectir todos esses valores – e a consagrar a parceria, o trabalho de equipa

elaborado pelas duas empresas.» E sublinha: «O melhor da nossa associação

PARCERIA

Page 155: Espiral do Tempo 33

é que ultrapassa em muito o marketing, as edições limitadas de relógios ou

a inscrição Graham nos retrovisores dos carros – eles têm paixão pela mi-

cromecânica relojoeira e adoram colaborar, com sugestões acerca dos materiais

e das soluções estéticas. É uma permuta que inclui visitas mútuas às nossas

instalações e às deles».

Para além da edição limitada que acabou de sair, haverá novidades num futuro

próximo: «Vamos conceber um modelo em edição limitada baptizado Year One,

comemorando o primeiro ano e o primeiro título, em que cada exemplar terá um

pouco de um dos bólides BrawnGP».

Taça das Seis nações

Apesar de a esmagadora maioria dos desportos da era moderna serem de

origem britânica, talvez não haja desporto tão caracteristicamente inglês como o

râguebi. E uma das mais famosas competições desportivas do Planeta é a Taça

das Seis Nações, que teve a sua origem no início do século XX e que durante

décadas ficou conhecida por Taça das Cinco Nações (até a Itália se juntar à

Inglaterra, Irlanda, Escócia, País de Gales e França); apesar dessa auréola mítica,

nunca houve um cronometrista da competição que assumisse um estatuto

verdadeiramente oficial – e Eric Loth não hesitou em agarrar a oportunidade.

A parceria está presente no site da prova na internet, em oráculos durante as

transmissões televisivas e… no pulso dos árbitros. Cada responsável pela equipa

de arbitragem exibe durante os encontros um Chronofighter – um modelo em

edição limitada especialmente dedicado à prova.

«Pensámos no rugby por ser uma modalidade secular, viril, de prestígio, com

muito flair play, onde os árbitros são completamente respeitados», comenta o

patrão da Graham. «Entrámos em contacto com o nosso distribuidor inglês, que

fez a ponte para a organização. Todos acharam uma excelente ideia». Uma ideia

que se materializou no pulso dos árbitros: «O modelo é em titânio para ser mais

leve; os árbitros já têm de correr muito! Os contornos inconfundíveis do Chrono-

fighter Six Nations são bem visíveis através das imagens e nota-se bem quando

os árbitros accionam a alavanca que inicia a cronometragem», sublinha Eric Loth.

«Os próprios árbitros asseguram-me com entusiasmo que finalmente têm um

cronógrafo que podem accionar sem ter de olhar para ele, tamanha é a facili-

dade de utilização!» John Feehan, o chefe-executivo da entidade organizativa,

também está contente: «A Graham impressionou-nos com o seu entusiasmo e

profissionalismo; a sua especialização é essencial para o controlo do tempo dos

encontros».

Esperam-se mais novidades relacionadas com a parceria entre a Graham e

a Taça das Seis Nações, mas entretanto Eric Loth faz uma confidência particu-

larmente interessante para os adeptos lusos: «Tem havido muitas conversações

tendo em conta a adição de mais um país. A primeira escolha lógica seria a

Argentina, mas é extremamente complicado para os jogadores atravessarem a

linha do Equador e irem para o verão na América do Sul quando é inverno na

Europa. Por isso, tem-se falado em… Portugal!».

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Entrevista Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia

Do Lobito aos Lobos

Para muitos de nós, o râguebi era sinónimo de Torneio das Cinco Nações a preto e branco e locução

de Cordeiro do Vale, até à chegada de uma desconhecida alcateia que, pela calada, despertou o país

com a sua fibra. Líder dessa alcateia, o seleccionador nacional Tomaz Morais conversou connosco

sobre o tempo que se vive no râguebi nacional, e sobre o que faz com que os Lobos funcionem como

um relógio mecânico.

Nasceu em Angola e viveu, muito apropriadamente, no…

Lobito. Pertencendo à geração dos ‘últimos filhos do Im-

pério’ sente que isso lhe deixou alguma marca?

Não, a marca que eu tenho é a marca histórica da minha família,

onde os laços com África são mais do que evidentes. A minha

infância já é passada em Portugal e as minhas raízes estão aqui.

“Olhem para o râguebi e vejam o que estamos a fazer”. O

repto tem 5 anos. Recentemente disse também que “se

calhar há 10 anos não acreditava que chegaríamos a este

ponto”. O que mudou nos últimos 5 anos e o que poderá

mudar nos próximos 5?

O que mudou foi a visibilidade do jogo como consequência directa

da participação dos Lobos no Mundial, há 2 anos. Estamos a

conseguir resultados muito bons no râguebi de 15 e estamos com

possibilidade de nos qualificarmos para o Mundial de 2011, na

Nova Zelândia. Se isso acontecer Portugal será dos poucos países

a jogar o Mundial de 15, duas vezes seguidas. Nos Seven fizemos

4 campeonatos do Mundo seguidos, ou seja, há 12 anos que

competimos nos campeonatos do Mundo de séniores, proeza que

passa despercebida até das entidades responsáveis.

Isso quer dizer que somos uma boa aposta e damos visibilidade

aos nossa patrocinadores. Não é por acaso que temos contratos

de patrocinios a 4 anos, o que, em tempos de crise, é fantástico.

Deu formação em várias empresas mas também aos fun-

cionários das Finanças. não achou contraproducente tornar

os funcionários das Finanças mais eficientes?

(nota: a pergunta era uma óbvia provocação, mas o entrevistado

não achou piada)

Não senhor! Quanto mais eficientes eles forem melhor, dentro

de uma política razoável, que não é determinada por eles. Foi só

uma exposição teórica, nada de trabalho prático. Era uma plateia

imensa de pessoas que têm um trabalho dificil e a minha presença

foi no sentido de lhes dar motivação, um exemplo de liderança

e de trabalho em equipa. Foi para mim um momento de grande

significado por estar frente a pessoas que têm uma função, e um

exercício dessa função, extremamente complicado e difícil.

O que acha de uma marca consagrada de relógios investir

na imagem e nos valores que o râguebi transmite?

O râguebi é um jogo precioso. Ora quando olho para um relógio

destes também vejo uma peça preciosa. Num relógio mecânico,

como numa equipa, as peças encaixam umas nas outras, as

peças funcionam umas com as outras, umas em função das

outras. Nada existe sem princípios e valores. Numa equipa, como

é que eles se revelam? No comportamento! O que resulta do com-

portamento? Performance!

É o que eu vejo num relógio destes. No râguebi, há uma peça

que falha, que não cumpre a sua função e nós não conseguimos

ganhar o jogo. Se a peça falha num relógio, ele atrasa-se ou pára.

Tenho aqui um Graham Chronofighter Oversized Titanium

Tackler que é uma edição limitada fruto da parceria técnica

da Graham, cronometrista oficial do Torneio das Seis Na-

ções, com a sua organização (RBS 6 Nations). O que pode

um homem do râguebi achar sedutor numa peça destas?

Bem, nas equipas há pessoas diferentes e temos que aceitar

todos como são, mas acho que este relógio se encaixa no espírito

de um jogador de râguebi porque tem uma estética bonita, é volu-

moso e dá um sentido de máquina e, hoje, um jogador de râguebi

é uma máquina humana. E encaixa perfeitamente nos Lobos que

são homens de pulso grande (risos).

Entrevista completa em www.espiraldotempo.com

ENTREVISTA

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Com raízes no emblemático estabelecimento portuense da Rua 31 de Janeiro, cresceu, há 20

anos, para a Avenida da Boavista, ainda na Invicta, para, volvidos mais 20 anos, vir finalmente

brilhar a sul. O que traz uma casa tradicional do Porto a Lisboa foi o que fomos saber à nova

e bela loja Machado Joalheiro na ‘mais importante artéria do luxo em Portugal’, como já é

conhecida a Avenida da Liberdade.

Uma das mais emblemáticas relojoarias e ourivesarias do Porto ‘desce à capital’.

De que vem a Machado Joalheiro à procura?

A Machado Joalheiro tem uma história de 130 anos no mundo das jóias e dos relógios. Era

importante para a sua notoriedade a nível nacional a abertura de uma loja em Lisboa onde

pode oferecer toda a sua criatividade e experiência.

Porquê a Avenida da Liberdade? A localização foi propositadamente escolhida?

Para nós não fazia sentido em mais lado nenhum. Porque a Avenida da Liberdade é o grande

eixo de luxo da cidade, é onde se concentram as grandes marcas de luxo nacionais e interna-

cionais.

Esta iniciativa significa uma estratégia alargada de expansão?

Não. O nosso projecto de expansão passava pela abertura de uma loja em Lisboa. Está

cumprido!

Há alguma diferença no posicionamento pretendido para esta loja, em relação às do

Porto?

Nenhuma diferença. A loja de Lisboa, tal como as do Porto, tem o seu lado joalheiro muito

forte, não só a nível de marcas como a Chaumet, a Dior ou a Pomellato, como também tem

uma selecção de novos designers de todo o mundo e, ainda, as nossas próprias criações.

Logicamente que não podemos esquecer, nem esquecemos, o lado relojoeiro, onde um

grande número de marcas está ao dispor dos apaixonados e coleccionadores.

De que forma o Tempo económico e social em que vivemos implicou com a abertura

e a consolidação da loja?

Evidentemente que as circunstâncias económicas e sociais que vivemos tiveram uma im-

plicação na implementação do projecto de Lisboa. Mas era um projecto de longa data que

esperava apenas a oportunidade certa. A oportunidade surgiu, e aproveitámos. O lado positivo

deste projecto, nesta altura de tempos difíceis, é que é feito sob bases sólidas, o que se traduz

numa mais-valia ao nível da consolidação no mercado.

O Porto em Lisboa

A Machado Joalheiro é, pelo passado centenário

e pelo lastro de prestígio que há muito carrega,

uma das mais emblemáticas joalharias e

ourivesaria de Portugal e uma referência

incontornável na sua cidade natal.

Perguntas Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia

ENTREVISTA

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Big Brother is WATCH’ing youContinuo teimosamente a usar apenas relógios mecânicos, mas estou cada

vez mais rendido à comunicação electrónica – e as grandes manufacturas

relojoeiras também. Depois da era dos sites e dos blogues, redes sociais

como o Facebook e o Twitter disseminam informação e estreitam laços

entre aficionados; a seita da internet parece imparável… mas valerá a pena?

Um quarto de século após o ano que deu nome à obra ‘1984’ de George Orwell, parece que

o preocupante lema ‘Big Brother Is Watching You’ foi completamente subvertido: actualmente,

ninguém parece cioso da sua privacidade e todos querem comunicar a sua personalidade.

Enquanto jornalista, o advento da internet foi para mim uma bênção e uma maldição. Ainda me

recordo de trabalhar com a fita do telex ou posteriormente de carregar uma impressora portátil

que me permitisse enviar o trabalho por fax; gostava de fazer pesquisa e confiava na minha

memória selectiva para fazer a diferença. Agora, o envio é instantâneo através do correio elec-

trónico, tal como instantâneas são as fontes para um qualquer assunto graças aos motores de

busca que facilitam a tarefa dos preguiçosos e dos copiadores.

Já na presente década, qualquer tipo de site se tornou mais sofisticado e desataram a proliferar

os blogues dotados de opiniões mais irreverentes; actualmente estamos já numa outra fase: as

redes sociais personalizadas promovem um serviço mais completo e interactivo – com o mundo

inteiro a ver, se assim o desejar…

CRÓNICA MIGuEL SEABRA

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Facebook e Twitter

Resisti ao Facebook durante um bom par de anos, mas desde Abril que o aproveitei como

tribuna binária para publicitar/partilhar gostos, artigos ou eventos… Também já marquei encontros

através do Facebook, como por exemplo uma entrevista com o criador relojoeiro Jean-François

Ruchonnet.

A minha adesão ao Twitter foi rápida, uma vez que já era conhecedor das vantagens do Face-

book. Já não há muito tempo para ler blogues ou sites – o micro-blogging é conciso, instantâneo,

obriga a mensagens curtas até 140 caracteres que podem incluir links. É como enviar sms para o

mundo e o mundo poder replicar de modo controlado: daí ser cada vez mais o meio de comuni-

cação de gente importante que tem muitos ‘seguidores’, mas que só ‘segue’ quem quer.

Urgência do agora

A dependência psicológica da Internet foi potenciada pelos telemóveis da nova geração, que in-

cluem aplicações para o Facebook, o Twitter e outras redes socioprofissionais do género. A ânsia

que denomino ‘urgência do agora’ domina a sociedade actual e já nada é como antes – um sinal

dos tempos.

Actualmente, os próprios websites já incluem links directos para o Facebook, Twitter e semel-

hantes. No caso da relojoaria, privilegio sobretudo as pessoas por trás das marcas, os blogues

independentes e as opiniões extra-institucionais. Um dos exemplos de abrangência da teia

que mais me surpreendeu foi ter lido no Twitter um comentário do tenista sueco Robin Soder-

ling, finalista de Roland Garros, que confessava ter comprado um novo relógio – um Royal Oak

Offshore; fui aos (poucos) contactos que ele tinha e adicionei o Twitter de um site americano que

me surpreendeu – Hodinkee.com, que incide particularmente sobre modelos vintage e que até já

publicitou a excelência dos meios www.espiraldotempo.com e www.espiral.tv.

Quem quiser surfar na vaga, que aproveite. No fundo, trata-se de aproveitar os privilégios da

liberdade de escolha – algo que não existia no romance orwelliano…

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A NOSSA ESCOLHA

As novas cores do colossoQuando o Royal Oak foi apresentado em 1972 pela

Audemars Piguet, causou grande polémica pela

sua forma inconfundível e preço então considerado

proibitivo para um relógio em aço. A luneta octogo-

nal com oito parafusos, inspirada nas bocas dos

canhões de um navio de guerra da Marinha Real

Britânica do século XIX, constituía a característica

mais marcante. Ao contrário do que se esperava,

o Royal Oak tornou-se uma referência e as suas

linhas acabaram por ser recriadas na gama Royal

Oak Offshore, que iniciou a tendência dos relógios

desportivos de luxo sobredimensionados em 1993

para não mais parar. Desde então, muitas foram as

variantes criadas, como agora acontece. A colecção

Royal Oak Offshore foi recentemente complemen-

tada com novos modelos cronográficos em que

os mostradores decorados com o habitual motivo

mega tapissérie surgem ainda mais ousados. Às

12 horas encontram-se os pequenos segundos, às

3 horas a janela da data surge sobredimensionada

por uma lupa; às 9 e 6 horas os totalizadoras dos

minutos e horas do cronógrafo. Os números e pon-

teiros têm facetas luminescentes. No coração um

movimento mecânico de corda automático exclusivo

AP é garantia de máxima fiabilidade.

Novas combinações cromáticas numa marco da

relojoaria para pulsos descomprometidos.

Preço: € 16.650

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