avaliação densitométrico e estado nutricional de mulheres de uma clínica privada em joão pessoa...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO MAYARA DE LURDES LEITE ALVES AVALIAÇÃO DENSITOMÉTRICA E ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES DE UMA CLÍNICA PRIVADA EM JOÃO PESSOA - PB

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

CENTRO DE CINCIAS DA SADE

DEPARTAMENTO DE NUTRIO

MAYARA DE LURDES LEITE ALVES

AVALIAO DENSITOMTRICA E ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES DE UMA CLNICA PRIVADA EM JOO PESSOA -PBJoo Pessoa2012MAYARA DE LURDES LEITE ALVES

AVALIAO DENSITOMTRICA E ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES DE UMA CLNICA PRIVADA EM JOO PESSOA -PBTrabalho de Concluso de Curso apresentado ao Departamento de Nutrio, da Universidade Federal da Paraba, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharelada em Nutrio.

Orientadora: Prof Dra. Tereza Helena Cavalcanti de Vasconcelos

Joo Pessoa2012

MAYARA DE LURDES LEITE ALVES

AVALIAO DENSITOMTRICA E ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES DE UMA CLNICA PRIVADA EM JOO PESSOA -PBTrabalho de concluso de curso apresentado ao Departamento de Nutrio da Universidade Federal da Paraba, como requisito obrigatrio para obteno do ttulo de Bacharel em Nutrio, com linha especfica em Nutrio Clnica.Aprovado em: _____ de____________ de______.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________Prof. Dra. Tereza Helena Cavalcanti de Vasconcelos

Universidade Federal da Paraba

Orientadora

_________________________________________Prof. Dra. Patrcia Vasconcelos Leito MoreiraUniversidade Federal da Paraba

Examinadora

________________________________________Prof. Msc. Snia Cristina Pereira de Oliveira Universidade Federal da Paraba

Examinadora

AGRADECIMENTOSPrimeiramente a Deus, que coloca em nossas vidas obstculos que por vezes julgamos impossveis, mas que ao super-los temos a satisfao de identificar a tamanha fora que Dele recebemos.Aos meus pais, Jos e Marly, que me ensinaram ir em busca de meus ideais com dedicao e coragem.

Ao Professor Dr. Joo Modesto Filho, que ps a disposio os resultados dos exames necessrios para a realizao deste trabalho.A Professora Dra. Tereza Helena Cavalcanti de Vasconcelos, pela execuo, orientao e dedicao, essenciais para concluso deste trabalho.A Professora Dra. Patrcia Vasconcelos Leito Moreira, pela disponibilidade e manejo com os dados estatsticos, sem medir esforos para a realizao do mesmo.As minhas amigas Isabelle Coutinho, Nayara Cavalcanti, Vanessa Honrio e Tatiana de Pontes, por me proporcionarem neste perodo de quatro anos uma amizade sincera e que juntas agimos como grandes ganhadoras fazendo de pequenos momentos grandes oportunidades.Aos meus colegas de turma pelas agradveis lembranas que sero eternamente guardadas no corao.

A todos aqueles que embora no tenham sido citados, tambm contriburam direta ou indiretamente nesse aprendizado. RESUMOA osteoporose e obesidade so doenas crnicas de alta prevalncia na populao geral no mundo moderno, sendo consideradas um srio problema de sade pblica, pelo seu carter assintomtico e alta probabilidade de complicao como fraturas e doenas cardiovasculares. Considerando que as alteraes do estado nutricional contribuem para aumento da morbi-mortalidade, bem como a existncia no Brasil de poucos estudos sobre a prevalncia de osteoporose, este trabalho se props a avaliar a osteoporose e estado nutricional de mulheres encaminhadas para avaliao densitomtrica. No estudo, foram analisadas 205 mulheres quanto ao estado nutricional, classificando-o atravs do ndice de Massa Corporal (IMC) e em relao aos resultados da avaliao da densidade mineral ssea (DMO) nos trs stios esquelticos. A avaliao da DMO foi realizada utilizando o aparelho de Densitometria ssea Lunar DPX-L duo-energtico, sendo os dados obtidos referentes Coluna Lombar, Colo Femoral e Fmur Proximal. Foram identificados trs diagnsticos na amostra: mulheres com densidade mineral ssea normal, osteopnicas e osteoporticas. A correlao entre o estado nutricional versus a DMO nos trs stios esquelticos estudados apresentou resultados que evidenciam valores de DMO maiores em pacientes obesas em relao s magras, normais e com sobrepeso. De acordo com as variveis analisadas, observou-se que o peso foi o indicador mais poderoso da perda ssea. No entanto, os dados obtidos ainda no so considerados suficientes para que se possa assegurar o efeito protetor que a obesidade exera sobre o osso, havendo ento necessidade de mais estudos sobre este tema.

Palavras-chave: Osteoporose, Estado Nutricional, Densitometria ssea.ABSTRACTOsteoporosis and obesity are chronic diseases of high prevalence in the general population in the modern world, being considered a serious public health problem, its asymptomatic nature and high probability of complications such as fractures and cardiovascular disease. Whereas the changes in nutritional status contribute to increased morbidity and mortality, as well as in Brazil there are few studies on the prevalence of osteoporosis, this study aimed to assess the nutritional status and osteoporosis in women referred for densitometric evaluation. In the study, 205 women were analyzed on the nutritional status, sorting through the Body Mass Index (BMI) and in relation to the results of bone mineral density (BMD) in the three skeletal sites. The evaluation of BMD was accomplished using the apparel of Lunar Bone Densitometry dual-energy DPX-L, being the data obtained regarding the Lumbar Spine, Femoral Neck and Proximal Femur. We identified three diagnoses in the sample: women with bone mineral density normal, osteopenic and osteoporotic. The correlation among nutritional status versus the BMD in the three studied skeletal sites presented results that demonstrate higher BMD values in obese patients compared to lean, normal and overweight. According to the variables analyzed, it was observed that the weight is the most powerful indicator of bone loss. However, the data are not considered enough so that can be assure the protecting effect that obesity carries on the bone, having need of more studies on this topic.Keywords: Osteoporosis, Nutritional Status, Bone DensitometryLISTA DE GRFICOS

Grfico 1 Distribuio das pacientes estudadas quanto ao estado nutricional27

Grfico 2 Distribuio das pacientes estudadas quanto classificao da Densidade Mineral ssea 28

Grfico 3 Distribuio de frequncia das pacientes estudadas segundo o estado nutricional e a classificao da Densidade Mineral ssea (%)30LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificao do Estado Nutricional segundo o IMC23

Tabela 2 Classificao do Estado Nutricional de idosos segundo o IMC24

Tabela 3 Mdia e desvio padro da populao estudada quanto as variveis: peso, altura, IMC e idade27Tabela 4 Mdia e desvio padro da populao estudada quanto aos trs stios esquelticos 28

Tabela 5 Distribuio de frequncia absoluta e relativa das pacientes estudadas segundo o estado nutricional e a classificao da Densidade Mineral ssea29LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASDEXA Dual-Energy X-ray AbsorptiometryDMO Densidade Mineral ssea

DP Desvio Padro

IMC ndice de Massa Corporal

NOF National Osteoporosis Foundation

POF Pesquisa de Oramentos Familiares

TRH Terapia de Reposio Hormonal

WHO World Health Organization

SUMRIO1 INTRODUO12

2 REVISO DE LITERATURA142.1OSTEOPOROSE142.1.1 Conceito14

2.1.2 Estrutura ssea142.1.3 Dados epidemiolgicos152.1.4 Fatores de risco162.1.5 Diagnstico172.1.6 Densitometria ssea172.1.7 Tratamento182.2 ESTADO NUTRICIONAL202.2.1 Conceito e definies bsicas202.2.2 Situao nutricional da populao brasileira212.2.3 Antropometria223 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS253.1 DESENHO DE ESTUDO25

3.2 SUJEITOS DO ESTUDO253.3 VARIVEIS E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS253.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS26

3.5 TRATAMENTO E ANLISE DE DADOS264 RESULTADOS27

5 DISCUSSO316 CONSIDERAES FINAIS33REFERNCIAS341 INTRODUO

A osteoporose uma doena de importncia crescente tendo-se em vista o aumento da expectativa de vida populacional. atualmente considerada um problema de sade pblica, devido alta taxa de morbi-mortalidade relacionada com fraturas.

A World Health Organization (WHO,1994) define a osteoporose como doena esqueltica sistmica caracterizada por diminuio da massa ssea e deteriorao microarquitetural do tecido sseo, com conseqente aumento da fragilidade ssea e susceptibilidade fratura.

Existem muitos fatores que contribuem para o aparecimento da osteoporose so eles: histrico familiar de osteoporose, vida sedentria, baixa ingesto de clcio e/ou vitamina D, perodo de menopausa, fumo ou bebidas alcolicas em excesso, raa, idade, sexo e outros.

Segundo Fernandes (2010), a osteoporose uma doena silenciosa, cujas primeiras manifestaes clnicas so as fraturas. O tratamento na maioria dos casos medicamentoso e dentre os mais utilizados pode-se citar o risedronato sdico, alendronato e carbonato de clcio.

Do ponto de vista diagnstico, observa-se valorizao da densidade ssea obtida atravs do exame desintomtrico (DOURADOR, 1999). Embora a densitometria ssea seja padro-ouro entre os mtodos de imagem utilizados para diagnstico de osteoporose, o custo e a falta de acesso populao ao exame so fatores que dificultam sua utilizao como mtodo de rastreamento populacional para osteoporose (COSTA-PAIVA et al., 2003).

Tanto para a preveno como para o tratamento da osteoporose se recomendam dietas ricas em clcio. Um estudo relatou que a suplementao de clcio nas doses de 1.000 mg/dia em mulheres na ps-menopausa diminui a perda de massa ssea em at 50% (MEINO et al., 1998). Outro estudo descreve uma diminuio significativa da perda ssea em coluna lombar em mulheres que receberam 1.000 a 2.000mg de clcio por dia durante um ano, quando comparadas a mulheres que receberam placebo, entretanto esse efeito benfico se perdeu no segundo ano da teraputica (MEINO et al., 1998).

Fisberg, Marchioni e Cardoso (2004), afirmam que o conhecimento e acompanhamento da situao nutricional constituem instrumento essencial para a aferio das condies de sade da populao, alm de oferecer medidas objetivas das condies de vida deste povo.Sendo assim, utilizando diferentes tcnicas e enfocando diferentes problemas, a avaliao do estado nutricional tem-se constitudo, ao longo do tempo, em importante pea do acervo de instrumentos disponveis para a apreciao das condies de sade de indivduos e de populaes (MONTEIRO et al, 1994).A nutrio fundamental para a sade em todas as fases da vida e as deficincias ou excessos alimentares podem ser causa de inmeros problemas de sade (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

Considerando que as alteraes do estado nutricional contribuem para aumento da morbi-mortalidade, bem como a existncia no Brasil de poucos estudos sobre a prevalncia de osteoporose (embora seja a doena osteometablica mais comum), este trabalho teve como objetivo avaliar a densitometria ssea e o estado nutricional de mulheres em uma clnica privada de Joo Pessoa. E mais especificamente: avaliar o estado nutricional das mulheres encaminhadas para avaliao atravs de indicadores antropomtricos e verificar a avaliao densitomtrica na regio femoral, coluna lombar e fmur total em mulheres.2 REVISO DA LITERATURA

2.1 OSTEOPOROSE2.1.1 Conceito

A osteoporose pode ser definida como uma densidade mineral ssea (DMO) abaixo da qual a incidncia de fratura aumenta dramaticamente (SHEPARD, 2003). Para Borelli (2000), osteoporose a existncia de menor massa ssea esperada para tal idade e sexo. Dantas e Oliveira (2003) consideram a osteoporose uma doena incapacitante, crnica e no contagiosa que se caracteriza pela perda dos nveis timos de clcio dos ossos. De forma quantitativa, a osteoporose pode ser caracterizada por uma DMO abaixo de 2,5 desvio padro da mdia de adultos jovens (SIMO, 2004).A osteoporose o distrbio mais comum do esqueleto. Caracteriza-se por uma reduo na quantidade e fora do tecido sseo, suficiente para resultar em parte ou partes afetadas do esqueleto, que ficam anormalmente sensveis fratura, principalmente em coluna, quadril e punho (WILSON; FOSTER, 2010).2.1.2 Estrutura ssea

O tecido sseo o constituinte principal do esqueleto e serve de suporte para as partes moles, protege rgos vitais, aloja e protege a medula ssea (formadora das clulas do sangue), proporciona apoio aos msculos esquelticos e, alm dessas funes, funciona como depsito de clcio, fosfato e outros ons, armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a concentrao dos mesmos nos lquidos corporais. Este tecido uma forma rgida de tecido conjuntivo formado por clulas e material extracelular, a matriz ssea, que constituda por substncias orgnicas e inorgnicas e est normalmente organizada em estruturas definidas, os ossos (BAILEY et al.., 1978; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).

O osso contm de 15 a 45% de gua e os minerais constituem cerca de 60 a 70% do tecido desidratado. A substncia fundamental, formada por colgeno e protena no colgena, participa com 30 a 35% sendo que destes, a maior proporo de fibras colgenas (90 a 95% do total). Essas fibras so muito fortes e responsveis pela resistncia tensional do osso. Cerca de 99% do clcio (aproximadamente 1000g), 80% de fsforo (600g) e 70% de magnsio do organismo (15g) esto depositados no esqueleto do homem adulto, sendo que o clcio fica combinado ao fosfato e a outros ons para formar a hidroxiapatita, que um sal que apresenta a dureza do mrmore e fornece a resistncia compressional (GUYTON, 2011; REVELL, 1986).

O esqueleto adulto composto de osso cortical (compacto) e trabecular (esponjoso), e continuamente reparado e reformado por um processo denominado remodelao ssea. Este processo essencial para a manuteno da integridade do esqueleto. O osso cortical denso e representa 85% do tecido sseo total; predomina no esqueleto apendicular, com uma distribuio concntrica em volta de canais centrais que contm o sistema harvesiano, formado por vasos sanguneos, linfticos, nervos e tecido conjuntivo . O osso trabecular, apesar de representar somente 15% do esqueleto adulto, relativamente proeminente na extremidade distaI dos ossos longos, e na parte interna dos ossos chatos (RIGGS; MELTON, 2004 apud RADOMINSKI et al.,1995) O osso um tecido dinmico, que est continuamente sob o processo de reabsoro e formao, atividade mediada pelos osteoclastos e osteoblastos, respectivamente, e conhecida como remodelagem ssea (GURR, 1999 apud BEDANI; ROSSI, 2005). A osteoporose ocorre quando os osteoclastos criam uma cavidade excessivamente profunda que no consegue ser preenchida suficientemente ou quando os osteoblastos no conseguem preencher uma cavidade de reabsoro normal (PAPLER, 1997).2.1.3 Dados epidemiolgicos

A osteoporose atualmente afeta mais de 75 milhes de pessoas na Europa, Japo e os Estados Unidos, com um risco estimado de fraturas aproximadamente de 15%. Dados norte-americanos mostram que as fraturas devido osteoporose so mais graves, letais em 12 a 20%. No Brasil, h escassez de dados referentes populao acometida pela osteoporose. Estima-se que aproximadamente 10 milhes de brasileiros sofram com osteoporose no pas, sendo que 2,4 milhes sofrem fraturas anualmente e destes, cerca de 200 mil morrero em decorrncia direta de suas fraturas. Calcula-se que a osteoporose afete cerca de 35% das mulheres acima de 45 anos de idade em nosso pas ( FREIRE; ARAGO, 2004).

De acordo com WHO (1994), um levantamento publicado em 1992, foram estimadas, nos Estados Unidos da Amrica, 1,5 milho de fraturas osteoporticas por ano, e se essa prevalncia de fraturas osteoporticas permanecer at 2025, um quarto das mulheres apresentar fratura osteoportica.

A osteoporose implica, tambm, graves consequncias econmicas. Em 1995, nos Estados Unidos, foram gastos 14 milhes com assistncia mdica a pacientes osteoporticos. Como a idade mdia da populao mundial tem aumentado, a incidncia e a prevalncia da osteoporose, assim como seu impacto econmico, crescero ainda mais. Assim, estima-se que no ano 2020 haver 840.000 fraturas de quadril, que resultaro em uma despesa de US$ 62 bilhes (FERNANDES, 2010).2.1.4 Fatores de risco

De acordo com Litvoc e Brito (2004), vrios so os fatores de risco para osteoporose. Podem ser genticos, como raa branca e histrico familiar, alm de pequena estatura e magreza, sexo feminino, a menopausa precoce, o sedentarismo, a imobilizao, a deficiente ingesto de alimentos ricos em clcio, o hbito de fumar e o uso de medicamentos.

Mulheres so mais suscetveis osteoporose do que homens, pois alm de apresentarem perda ssea importante durante a menopausa, possurem menor densidade mineral ssea e terem ossos mais finos e mais leves, tem maior expectativa de vida, portanto esto mais tempo sob risco ( SZEJNFELD, 2001). Fatores genticos tambm so responsveis pelas variaes na massa ssea em diferentes grupos ticos e raciais. Indivduos da raa negra possuem maior pico de massa ssea e, portanto, so menos predispostos a sofrerem de osteoporose que brancos e asiticos (RADOMINSKI, 2010). As mulheres brancas possuem baixos ndices de pico de massa ssea na idade adulta e apresenta maior prevalncia de osteoporose. Estima-se que 30% de todas as mulheres brancas ps-menopausadas tero pelo menos uma fratura osteoportica durante a vida, incidncia que aumenta com a idade avanada. Tambm se relata que homens e mulheres de pequena estatura presentam maior risco ao desenvolvimento de osteoporose por possurem ossos mais finos (SZEJNFELD, 2001).

2.1.5 DiagnsticoGali (2001) relata que o diagnstico da osteoporose feito pela histria clnica, exame fsico e exames subsidirios. Na histria clnica deve ser investigada a idade da menopausa, presena de fator familiar, hbitos alimentares, atividade fsica, uso do caf ou lcool; j com relao ao exame fsico pode-se verificar deformidade da coluna e dados de peso e altura (GALI, 2001).Ainda de acordo com o mesmo autor os exames subsidirios utilizados so os laboratoriais e de imagem; os primeiros geralmente so normais no incio da osteoporose.Os exames laboratoriais mais solicitados so o hemograma, VHS, eletroforese de protenas, provas de funo renal, dosagens de clcio e fsforo,

fosfatase alcalina e calciria de 24 horas; em relao ao diagnstico por imagens, utilizamos as radiografias e a densitometria ssea(PEREIRA; LOPES, 2010).Segundo Kaplan, Hayes e Keaveny (1994), o exame radiogrfico pode mostrar diminuio da densidade ssea, porm pode existir variao de at 30 %,alm do mais, as radiografias no do quantificao da perda ssea.

O mtodo de imagem mais utilizado, internacionalmente e tambm no Brasil, a densitometria de dupla emisso com fonte de raios X (DEXA), que permite a avaliao direta da coluna, regio proximal do fmur e tero distal do radio, regies mais acometidas pela osteoporose (SZEJNFELD, 2004).2.1.6 Densitometria ssea

A densitometria a tcnica mais atual para a medida da densidade mineral ssea, tornou-se "padro ouro" para o diagnstico de osteoporose e para uma variedade de aplicaes clnicas e de pesquisa (BRANDO, 2007).

De acordo com Neco (1994), a desintometria ssea permite analisar os pacientes com alto risco de doena metablica ssea, verificar o risco de fraturas e de acompanhar a evoluo dos tratamentos.

As principais recomendaes da National Osteoporosis Foundation (2003,p.37), com relao ao rastreamento da osteoporose so para que se faa densitometria ssea em todas as mulheres ps-menopusicas a partir dos 65 anos, ou antes se houver fatores de risco presentes.

Em 1994, a WHO definiu os critrios atualmente utilizados nos laudos de densitometria ssea em todo o mundo, baseados no desvio-padro em relao ao adulto jovem. Os critrios so os seguintes:

a) normal: desvio-padro de at 1,00;

b) osteopenia: desvio-padro compreendido entre 1,00 at 2,50;c) osteoporose: desvio-padro menor ou igual a 2,50.

Tavares et al.( 2007), afirma que a boa utilizao e interpretao da DEXA permite aumentar a sua sensibilidade, utilizar adequadamente os recursos disponveis e identificar os indivduos que mais beneficiariam de uma interveno teraputica.

De modo geral, a densitometria ssea no deve ser repetida mais que uma vez por ano ou a cada dois anos. Para pacientes com possibilidade de apresentar perda ssea acelerada, recomenda-se repeties mais frequentes (NELSON, 1999 apud FREIRE; ARAGO, 2004).

2.1.7 Tratamento

A principal forma de tratamento da osteoporose a preveno: deve-se evitar o fumo; lcool e caf devem ser consumidos com moderao; a atividade fsica e ingesto adequada de clcio so fundamentais; o treinamento proprioceptivo pode colaborar para prevenir quedas e, consequentemente, as fraturas (GALI, 2001).

A nutrio um dos fatores mais importantes no desenvolvimento e manuteno da massa ssea e na preveno e tratamento da osteoporose (HEANEY, 2000; HO et al., 2004). Um consumo adequado de clcio e vitamina D, a partir dos alimentos e/ou suplementos, necessrio para assegurar o pico mximo de DMO no final da adolescncia, bem como para diminuir a taxa de perda ssea numa idade mais avanada (RODRGUEZMARTNEZ; GARCA-COHEN, 2002).

Os estudos de suplementao de clcio de mulheres na ps-menopausa, demonstraram que um adicional de 500 a 1.000mg de clcio por dia produzia melhoras na densidade mineral ssea (DMO) no grupo tratado com clcio em comparao ao grupo tratado com placebo no qual a perda de DMO continuou numa taxa maior (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

Bedani e Rossi (2005) relatam que vrios estudos tm mostrado uma relao positiva entre o consumo de clcio e a reduo da perda ssea e do risco de fraturas, principalmente em indivduos com baixo consumo desse mineral; outros trabalhos, no entanto, salientam um efeito modesto ou at a ausncia de efeito.Hbitos saudveis, como a prtica regular de exerccios, so de grande importncia para a manuteno da densidade mineral ssea e para o tratamento da osteoporose. Evidncias demonstraram a efetividade da prtica regular de exerccios para preveno e tratamento da osteoporose na mulher, principalmente, os exerccios aerbicos, pois demostram manuteno da massa ssea de mulheres ps-menopausa (RADOMINSKI et al., 2004).

Segundo Pinheiro e Szejnfeld (2012), o tratamento da osteoporose alm de incluir medidas gerais no farmacolgicas, existe tambm a abordagem medicamentosa que se resume na capacidade do medicamento de reduzir a incidncia de fraturas associadas fragilidade ssea, por meio de ensaios clnicos randmicos, controlados e prospectivos. Griz (2000) classifica os medicamentos utilizados para tratamento da osteoporose como inibidores da reabsoro ssea (estrognio, clcio/vitamina D, calcitriol, bisfosfonatos, calcitonina, ipriflavona e tibolona) e estimulantes da formao ssea (fluoreto, PTH, esteroides anabolizantes e hormnios de crescimento).

De acordo com o autor anteriormente citado, a deficincia estrognica caracterstica da menopausa propicia um desiquilbrio entre a formao e a reabsoro ssea, resultando em perda ssea e osteoporose, deste modo recomenda-se a estrogenioterapia (ou terapia de reposio hormonal TRH) como medida de preveno e tratamento da osteoporose em mulheres ps menopausadas com o objetivo de reduzir o turnover sseo e conservar a massa ssea.

A terapia de reposio hormonal, apesar dos benefcios que propicia para a manuteno da sade e consequentemente da qualidade de vida das mulheres, deve ser utilizada com cuidado, pois em algumas pode acarretar riscos, um dos mais importantes o aumento na incidncia de casos de cncer de mama e tromboembolismo (RADOMINSKI et al., 2004).2.2 ESTADO NUTRICIONAL2.2.1 Conceito e definies bsicas

O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiolgicas por nutrientes esto sendo alcanadas, para manter a composio e funes adequadas do organismo, resultando do equilbrio entre ingesto e necessidade de nutrientes (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

Segundo a Associao Americana de Sade Pblica, o estado nutricional definido como a condio de sade de um indivduo, influenciada pelo consumo e utilizao de nutrientes, identificada pela correlao de informaes obtidas de estudos fsicos, bioqumicos, clnicos e dietticos (AUGUSTO et al., 2002).

Vasconcelos (2000) define estado nutricional como resultante do equilbrio entre o suprimento de nutrientes e o gasto do organismo. Na mesma viso, Anderson et al. (1988) ressalta que o organismo necessita da energia proveniente dos alimentos para seus processos metablicos, de crescimento, desenvolvimento fsico e intelectual, manuteno da temperatura corporal e de processos fisiolgicos como a gravidez e lactao.

De acordo com Beghin (1990), o estado nutricional expressa a disponibilidade e o aproveitamento metablico de energia e nutrientes em relao ao nvel celular e tecidual. Para Ferreira (2000), a condio de sade e constituio corporal, resultantes da ingesto e utilizao de nutrientes durante a vida.

Vasconcelos (2000, p. 146) conceitua o estado nutricional como produto da relao entre o consumo ou ingesta alimentar e as necessidades nutricionais, representados pelos gastos nutricionais ou utilizao biolgica de nutrientes, no qual representado na Figura 1. Segundo o mesmo autor, o estado nutricional pode ser expresso dentro de trs modalidades de manifestaes orgnicas: normalidade nutricional - equilbrio entre consumo e necessidades nutricionais; carncia nutricional - insuficincia quantitativa e/ou qualitativa de consumo de nutrientes em relao s necessidades nutricionais; distrbio nutricional - excesso ou desequilbrio no consumo de nutrientes em relao s necessidades nutricionais. considerado inadequado quando os indicadores adotados para sua avaliao esto acima ou abaixo dos limites da normalidade, limites esses baseados em populaes saudveis.

Fonte: Vasconcelos, 2000.Figura 1: Diagrama da dimenso biolgica do conceito de estado nutricional

2.2.2 Situao nutricional da populao brasileiraAs alteraes do estado nutricional esto associadas com maior risco de morbimortalidade. Assim sendo, a desnutrio predispe a uma srie de complicaes graves, sendo elas: resistncia diminuda s infeces, cicatrizao demorada das feridas (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005), falncia respiratria, insuficincia cardaca e diminuio da funo digestiva como a sntese protica, secrees pancreticas e absoro de gorduras e xilose (WITNER, 1994 apud NETO, 2009).

Segundo a WHO (1995), o sobrepeso e a obesidade so fatores de risco para variado nmero de agravos sade, dos quais os mais frequentes so doena isqumica do corao, hipertenso arterial, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus tipo 2, colelitase, osteoartrite, neoplasia maligna de mama ps-menopausa e de endomtrio, esofagite de refluxo, hrnia de hiato e problemas psicolgicos.

A prevalncia da desnutrio substancialmente maior em pases do terceiro mundo, e no Brasil difere segundo as regies, sendo mais elevada no Norte e Nordeste e menos elevada nas regies Sul e Sudeste (LACERDA; FARIA, 2002).Dados do Ministrio da Sade (Brasil) informam que a populao adulta vem apresentando aumento da prevalncia de excesso de peso. De acordo com os dados do inqurito nacional de 1989, cerca de 32% dos adultos brasileiros tinham algum grau de excesso de peso. Destes, 6,8 milhes de indivduos (8%) apresentam obesidade, com predomnio entre as mulheres (70%). A prevalncia ainda se acentuava com a idade, atingindo um valor maior na faixa etria de 45 a 54 anos, sendo 37% entre homens e 55% entre mulheres (COUTINHO et al., 1991).

Segundo Filho e Rissin (2003), medida que a ocorrncia da desnutrio em crianas e adultos declina em um ritmo acelerado, aumenta a prevalncia de sobrepeso e obesidade na populao brasileira. Os mesmos autores ainda ressaltam que a projeo dos resultados de estudos feitos nas ltimas trs dcadas indicativa de comportamento epidmico do problema, sendo assim, estabelecendo um antagonismo de tendncias temporais entre desnutrio e obesidade.

Dados da Pesquisa de Oramentos Familiares (POF), realizada entre 2003 e 2004 evidenciaram que a prevalncia de obesidade, avaliada pelo ndice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30kg/m, na populao brasileira, aumentou com a idade e atingiu 17,1% na faixa etria de 55 a 64 anos (IBGE, 2004)

2.2.3 AntropometriaA antropometria considerada um importante componente da avaliao do estado nutricional e instrumento para o monitoramento de mudanas e para interveno diettica. Alm disso, facilita a avaliao da composio corporal fora dos laboratrios (LUKASKI, 1987).De acordo com Vasconcelos (2000), os avanos cientficos verificados nas ltimas trs dcadas tm demonstrado a grande influncia da nutrio sobre as dimenses fsicas e a composio global do corpo humano, sobretudo em relao ao processo de crescimento e desenvolvimento. Nesse sentido, todas as medidas antropomtricas tm sido transformadas, universalmente, em importantes indicadores diretos do estado nutricional de indivduos e de populaes.Dentre as vantagens da utilizao da antropometria cita-se o fato de ser um mtodo no invasivo, baixo custo e universalmente aplicvel (MORENO et al., 2003). No entanto existem limitaes, onde a principal delas a no identificao de deficincias especficas de nutrientes (DUARTE; CASTELLANI, 2002).A antropometria possibilita a obteno de vrias informaes, mas peso, altura, suas combinaes, circunferncias e pregas cutneas so os mtodos antropomtricos mais utilizados em estudos epidemiolgicos (WILLET, 1998 apud ACUN; CRUZ, 2004).Segundo Carvalho (1988), o peso e altura so medidas antropomtricas mais utilizadas e tradicionais. O peso corresponde soma de todos os componentes de cada nvel da composio corporal, j a altura expressa dimenso longitudinal ou linear do corpo humano, portanto, significativa quanto ao processo de crescimento linear do corpo como um todo (CARVALHO, 1998).A frmula amplamente utilizada para relacionar altura e peso o ndice de Massa Corporal (IMC), que calculado dividindo-se o peso, expresso em quilogramas, pela altura, expressa em metros, elevada ao quadrado (SANTOS; SICHIERI, 2005). O ndice de Quetelet (outra denominao do IMC) foi proposto h trs dcadas para utilizao na prtica clnica e considerado por diversos autores o melhor indicador de massa corporal no adulto (GIBSON, 1993 apud ACUN; CRUZ, 2004). A classificao mais confivel do IMC da WHO (1998), categorizando o estado nutricional conforme as classificaes na Tabela 1. No entanto a classificao para idosos diferenciada, pois este grupo apresenta maior suscetibilidade a doenas, necessitando, assim, de maior reserva de tecidos que o protege contra a desnutrio (CUPPARI, 2005). Tais pontes de corte para os idosos esto contidos na Tabela 2.Tabela 1 Classificao do Estado Nutricional segundo IMC

Classificao do Estado NutricionalAdulto

Desnutrio Grau 3 30) e para mulheres idosas foram adotados os pontes de corte de Lipschitz (1994) sendo Magreza (< 22); Eutrficas (22 a 27) e Excesso de peso (> 27).3.5 TRATAMENTO E ANLISE DE DADOS

Aps coleta de dados, foi criada uma planilha no Microsoft Excel para facilitar a anlise em programas estatsticos especficos. A planilha foi confeccionada por uma nica digitadora, contendo todas as variveis pesquisadas. Em seguida, foi realizada a anlise estatstica descritiva atravs do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) verso 11.0, com distribuio de frequncia absoluta e relativa, mdia e desvio padro. 4 RESULTADOS

De acordo com o estado nutricional, das 205 mulheres estudadas, 7,3% apresentaram magreza, 37,6% eram normais, 44,9% tinham sobrepeso e 10,2% mostraram-se obesas. A distribuio das pacientes analisadas segundo o estado nutricional est ilustrada no GRFICO 1 e descritas na TABELA 4.

Grfico 1 Distribuio das pacientes estudadas quanto ao estado nutricional.

A Tabela 3 mostra a mdia e o desvio padro da populao estudada quanto as variveis, peso, altura, IMC (ndice de Massa Corporal) e idade. Quanto ao peso e estatura, a mdia encontrada foi de 63,14 kg + 10,98 e de 1,52 m + 0,07, respectivamente. Em relao ao IMC, a mdia obtida foi de 27,17 kg/m + 4,28. A varivel idade apresentou mdia 63,96 anos + 10,63.

Tabela 3 Mdia e desvio padro da populao estudada quanto as variveis: peso, altura, IMC e idade.VariveisnMdia + DP

Peso20563,14 + 10,98

Altura2051,52 + 0,07

IMC = P/A20527,17 + 4,29

Idade20563,96 + 10,63

Os valores mdios da densidade mineral ssea (DMO), em coluna lombar, colo femoral e fmur total esto representados na Tabela 4. Em coluna lombar, a DMO obteve valor mdio de 0,95 + 0,17. Em colo femoral, o valor mdio da DMO foi de 0,84 + 0,16 e na regio do fmur total a densidade mineral ssea mostrou-se com valor mdio de 0,89 + 0,16.Tabela 4 Mdia e desvio padro da populao estudada quanto aos trs stios esquelticos.VariveisnMdia + DP

Coluna lombar2050,95 + 0,17

Colo femoral2050,84 + 0,16

Fmur total2050,89 + 0,16

Analisando a distribuio das pacientes estudadas quanto classificao da densidade mineral ssea, verifica-se que do total de 205 mulheres, 36 (17,6%) apresentaram valores normais, 88 (42,9%) compatveis com osteopenia e 81 (39,5%) se enquadram no diagnstico de osteoporose, ilustrado no Grfico 2.

Grfico 2 Distribuio das pacientes estudadas quanto classificao da Densidade Mineral ssea.

Relacionando o estado nutricional com a classificao da densidade mineral ssea (DMO), os dados destacaram que das 15 pacientes com magreza (7,3% da amostra total), nenhuma apresentou classificao do DMO normal, 1 ( 0,5%) mostrou-se com osteopenia e 14 ( 6,8%) com osteoporose.

Das 77 mulheres eutrficas (37,6% da amostra total), 10 (4,9%) apresentaram normalidade quanto a DMO; 31 (15,1%) com osteopenia e 36 (17,6%) foram diagnosticadas com osteoporose.

Ao se analisar a classificao da densidade mineral ssea (DMO) nas pacientes com sobrepeso, observou-se que 92 (44,9% da amostra total) mostraram-se nessa condio, sendo 19 (9,3%) normais quanto a DMO, 44 (21,5%) osteopnicas e 29 (14,1%) osteoporticas. J nas obesas, 21 (10,2% da amostra total) apresentaram uma frequncia de 7 (3,4%), 12 (5,9%) e 2 (1,0%) para normais, osteopnicas e osteoporticas respectivamente (TABELA 5 e GRFICO 3).TABELA 5: Distribuio de frequncia absoluta e relativa das pacientes estudadas segundo o estado nutricional e a classificao da Densidade Mineral ssea.ESTADO NUTRICIONAL CLASSIFICAO DA DMOTOTAL

NORMAISOSTEOPENIAOSTEOPOROSE

MAGREZA0

(0%)(0%)(0%)1

(6,7%)(1,1%)(0,5%)14

(93,3%)(17,3%)(6,8%)15

(100,0%)(7,3%)(7,3%)

EUTROFIA10

(13,0%)(27,8%)(4,9%)31

(40,3%)(35,2%)(15,1%)36

(46,8%)(44,4%)(17,6%)77

(100,0%)(37,6%)(37,6%)

SOBREPESO19

(20,7%)(52,8%)(9,3%)44

(47,8%)(50,0%)(21,5%)29

(31,5%)(35,8%)(14,1%)92

(100,0%)(44,9%)(44,9%)

OBESIDADE7

(33,3%)(19,4%)(3,4%)12

(57,1%)(13,6%)(5,9%)2

(9,5%)(2,5%)(1,0%)21

(100,0%)(10,2%)(10,2%)

TOTAL36

(17,6%)(100,0%)(17,6%)88

(42,9%)(100,0%)(42,9%)81

(39,5%)(100,0%)(39,5%)205

(100,0%)(100,0%)(100,0%)

GRFICO 3: Distribuio de frequncia das pacientes estudadas segundo o estado nutricional e a classificao da Densidade Mineral ssea (%).5 DISCUSSOA obesidade e a osteoporose so duas doenas crnicas de alta prevalncia na populao geral no mundo moderno. Constituem um srio problema de sade pblica, pelo carter assintomtico ao longo de anos, porm com alta probabilidade de complicaes como eventos cardiovasculares, diabetes tipo 2 e fraturas (HILL, 2006).

No presente trabalho, a maioria das mulheres apresentaram ndice de massa corporal acima de 24,9 Kg/m, sendo 44,9% com excesso de peso e 10,2% com obesidade. Isto um ponto negativo, visto que IMC acima dos valores considerados normais aumentam substancialmente o risco de hipertenso, doena arterial coronria, distrbios lipdicos, distrbios de articulao, clculos biliares e problemas respiratrios (WAITZBERG, 2000).

Considerando os clculos estatsticos da amostra, pode-se identificar resultados que evidenciam valores de DMO maiores em pacientes obesas em relao s magras, normais e com sobrepeso. Portanto, no estudo em questo, est em consonncia com o entendimento de Griz (2001), quando cita que, as obesas em comparao com as mulheres magras, fazem um pico maior de massa ssea e a perda ssea mais lenta, por isso, o mesmo defende que a obesidade representa um fator protetor contra a osteoporose. Ele explica que a sobrecarga sobre os ossos estimula a osteognese. Alm disso, as obesas tendem a ter nveis estrognicos, devido a uma maior converso de andrognios adrenais em estrognios, nos adipcitos perifricos, por ao das aromatases. A associao entre obesidade e aumento da massa ssea conhecida j de algum tempo. Silva e colaboradores (2007) publicaram os resultados de um estudo retrospectivo relacionando densidade mineral ssea a obesidade. Foram avaliadas 588 mulheres com idades entre 41 e 60 anos (mdia de 54) que apresentavam menopausa por um perodo de 1 a 10 anos (mdia de 5), atendidas em uma clnica de densitometria ssea. Eles encontraram uma maior prevalncia de osteoporose, na coluna lombar e no colo do fmur, nas mulheres com peso normal, quando comparadas quelas com obesidade, assim como correlaes positivas entre a DMO e IMC, e negativas entre DMO e idade e DMO e tempo de menopausa.

Costa-Paiva (2003), relata que a literatura mostra claramente correlao positiva entre o peso corporal e a massa ssea. Indivduos com maior IMC apresentam maior DMO, pois o peso corporal interage com os hormnios gonadais na manuteno da massa ssea, protegendo contra os efeitos adversos da deficincia estrognica sobre o esqueleto.

Vrios mecanismos tm sido propostos para explicar o possvel efeito benfico da obesidade na massa ssea, tais como o aumento da carga mecnica sobre o esqueleto e fatores metablicos (ZHAO, 2007). Alm da adaptao do esqueleto ao aumento da fora mecnica induzida pelo maior peso corporal, uma maior produo de estrgenos pelos adipcitos com consequente reduo da remodelao ssea, alm da resistncia a insulina e hiperinsulinemia frequentemente presentes em indivduos obesos. A insulina pode ter efeito direto na formao ssea, como tambm pode induzir maior produo ovariana de esterides sexuais e uma menor produo heptica da protena que se liga aos hormnios sexuais, levando a uma maior concentrao sangunea de estrgenos e andrgenos (BANDEIRA, 2007).

Das muitas variveis consideradas, observou-se que o baixo peso foi o indicador mais poderoso da perda ssea, pois correlacionando o estado nutricional com a classificao mineral ssea verificou-se que nenhuma das magras apresentou classificao do DMO normal e 93,3% delas mostraram-se com osteoporose. Semelhante a esse resultado, Ricci et al. (2001), avaliando mulheres ps-menopausadas que seguiam uma dieta com restrio de calorias, observou que aquelas que apresentaram peso diminudo apresentaram densidade mineral ssea tambm diminuda, assim aumentado o risco de osteoporose.

Vale salientar que vrios fatores, alm do menor IMC, tm influncia sobre maior risco para osteoporose, entre eles, destaca-se a idade, histria familiar de osteoporose, estados de deficincia estrognica e uso de corticosterides.

6 CONSIDERAES FINAIS

No presente estudo ficou constatado pela amostra, nveis menores de osteoporose nas mulheres com obesidade.

Nesse contexto, cabe ao profissional de Nutrio desenvolver e implantar medidas de sade dirigidas ao aumento e manuteno do ganho sseo, no sentido de prevenir o risco de fraturas, como tambm alertar que a obesidade traz consequncias severas ao organismo, estimulando a adequao do estado nutricional.

Por fim, considerando a escassez de informaes cientficas acerca da problemtica, h necessidade de que sejam realizados estudos mais abrangentes, com amostras maiores, analisando outras variveis, de modo a ter um melhor entendimento de fatores que contribuam para a manuteno da massa ssea e a relao com o peso corpreo, principalmente em mulheres.REFERNCIAS

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38 f.: il. -

Orientadora: Tereza Helena Cavalcanti de Vasconcelos.

Monografia (Graduao) UFPB/CCS.

1. Osteoporose. 2. Estado nutricional. 3. Densitometria ssea.

BS/CCS/UFPB CDU: 616.71-007.234(043.2)

A Deus e aos meus pais, os quais foram os grandes responsveis pela minha trajetria de sucessos at aqui.

Dedico.