seguranca nutricional

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  • 7/26/2019 Seguranca Nutricional

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    Segurana Alimentar e Nutricional

    Panorama Atual da Segurana Alimentar no Brasil

    Francisco Menezes*

    Este texto uma parte de um documento que foi produzido pelo autor para Actionaid.Na forma como aqui se apresenta, visa contribuir para a discusso a ser realizada noEncontro Nacional de e!uran"a Alimentar e Nutricional, marcado para os dias #, $ e %de novembro de &''(, em o )aulo.

    )rocurouse sistematizar al!umas das principais quest+es do tema da e!uran"aAlimentar e Nutricional no rasil. )ara tal, foi essencial a contribui"o de um con-untode documentos produzidos por outros membros do /e!uran"a Alimentar eNutricional e0ou especialistas do assunto, como Fl1vio 2alente, 3ean Marc von 4er5eid, 6uciene urland7, Maria Antonia aleazzi e 8enato Maluf, entre outros. Noentanto, todas as conclus+es aqui apresentadas so de exclusiva responsabilidade doautor.

    4eliberadamente deixou de ser apresentada, neste texto, a discusso sobre asiniciativas tomadas pela sociedade, no campo da se!uran"a alimentar e nutricional.Esta deciso deveuse ao fato de -1 existir um levantamento realizado por 9!ora, queapenas precisa ser completada nas informa"+es das iniciativas que ainda no foramidentificadas. : Encontro Nacional parece ser uma excelente oportunidade para fazeravan"ar este mapeamento.

    4a mesma forma, o texto eximiuse de arrolar propostas de a"o, para interven"osobre o tema. /ambm aqui, preferimos a!uardar a realiza"o do Encontro, quandocertamente ;avero as mel;ores condi"+es para cumprir este ob-etivo.

    )or fim, vale a!radecer < Actionaid ter autorizado a divul!a"o deste texto,recon;ecendo a efetiva disposi"o desta a!=ncia em contribuir para o avan"o dasdiscuss+es sobre e!uran"a Alimentar e Nutricional no rasil.

    O Conceito de Segurana Alimentar

    A Segurana Alimentar e Nutricional signifca garantir, a todos, condies deacesso a alimentos bsicos de qualidade, em quantidade sufciente, de modopermanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,com base em prticas alimentares saudveis, contribuindo, assim, para uma

    existncia digna, em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa

    humana.

    Esta a defini"o mais vi!ente de e!uran"a Alimentar, no rasil. Ela foi constru>dapor ocasio da elabora"o do documento brasileiro para a ?@pula Mundial de

    Alimenta"o, por representantes do !overno e da sociedade civil.

    8epresenta um conceito bastante abran!ente, comportando as no"+es do alimentar edo nutricional enfatizando os aspectos do acesso e da disponibilidade em termos de

    mailto:[email protected]://amar-bresil.pagesperso-orange.fr/ibasenet/index.htmlmailto:[email protected]
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    sufici=ncia, continuidade e pre"os est1veis e compat>veis com o poder aquisitivo dapopula"o ressaltando a importBncia de qualidade valorizando os ;1bitos alimentaresadequados e colocando a se!uran"a alimentar e nutricional como uma prerro!ativab1sica para a condi"o de cidadania.

    Fica faltando incluir, nesta defini"o, o aspecto da sustentabilidade ecolC!ica, social eeconDmica do sistema alimentar, no"o que foi mais incorporada ao conceito, apCs a?@pula Mundial.

    : que importante saber que esta compreenso foi o resultado de um lon!o debatetravado no rasil e em diversas outras partes do mundo. m debate que, < exemplotambm do conceito de sustentabilidade, reflete uma disputa 1rdua de posi"+es entreinteresses s poderia dominar outro, se tivesse o controle sobreseu fornecimento de alimentos. Esta era uma arma poderosa, principalmente seaplicada por uma pot=ncia sobre um pa>s mais fraco no plano militar e, tambm,incapaz de produzir suficientemente seus alimentos. )ortanto, o termo e!uran"a

    Alimentar , de fato, em sua ori!em, um termo militar. /ratavase de uma questo dese!uran"a nacional para todos os pa>ses. Apontava para a exi!=ncia de forma"o deestoques estrat!icos de alimentos e fortalecia a viso sobre a necessidade de buscade autosufici=ncia por cada pa>s.

    /razia, assim, um entendimento que vinculava a questo alimentar < capacidade deprodu"o. Esta vincula"o mantevese at a dcada de setenta. Na Ga. ?onfer=nciaMundial de e!uran"a Alimentar, promovida pela FA:, em &'I$, em um momento emque os estoques mundiais de alimentos estavam bastante escassos, com quebras desafra em importantes pa>ses produtores, a idia de que a e!uran"a Alimentar estavaestritamente li!ada < produ"o a!r>cola era corrente. Gsto veio, inclusive, fortalecer odiscurso da ind@stria qu>mica na defesa da 8evolu"o 2erde. Afirmavam que o fla!eloda fome e da desnutri"o no mundo desapareceria com o aumento si!nificativo daprodu"o a!r>cola, o que estaria asse!urado com o empre!o maci"o de insumosqu>micos Jfertilizantes e a!rotCxicosK. A produ"o mundial, ainda na dcada de setenta,se recuperou embora no da mesma forma como prometia a 8evolu"o 2erde e nempor isto desapareceram os males da desnutri"o e fome, que continuavam atin!indo to!ravemente parcela importante da popula"o mundial.

    L neste contexto que se come"a a perceber que, mais do que a disponibilidade dealimentos, a capacidade de acesso aos alimentos por parte dos povos em todo omundo mostrase como questo crucial para a e!uran"a Alimentar. ?laro est1 queoutros fatores podem ser causadores de a!udas crises de inse!uran"a alimentar, comoas situa"+es de !uerra e desestrutura"o da capacidade de produ"o, como tem

    ocorrido em pa>ses da 9frica. :u a situa"o de bloqueio econDmico, sofrida !eralmentepor pa>ses que se recusam a se submeter ticas das !randes pot=nciaseconDmicas e militares. :u em situa"+es de cat1strofes naturais, em que a a!riculturados pa>ses atin!idos , parcial ou totalmente destru>da.

    A FA: estima que, ;o-e, um total de ( mil;+es de pessoas passam fome,continuamente, em todo o mundo. A maior parte dessas pessoas est1 localizada naspartes mais pobres do planeta, em especial na 9frica, al!uns pa>ses da 9sia e da

    Amrica 6atina. Mas deve tambm ser percebido o crescimento de bols+es de misria,

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    mesmo em pa>ses desenvolvidos, fruto, em !rande parte, das medidas de a-usteeconDmico do ide1rio neoliberal, que v=m provocando, nestes pa>ses, o crescimento dodesempre!o e o abandono das pol>ticas sociais.

    Desnutrio e Fome no Brasil: sua distribuio regional e grupos de risco

    !apa da "ome mostrou, em #$$%, que o Nordeste continua apresentando&ndices extremamente elevados de indigncia, com todas suas

    consequncias, entre as quais a 'ome e a desnutri(o da popula(o atingida.)ndices menos elevados, mas tamb*m presentes em outras regies,

    mostram que o pa&s conserva bolses de mis*ria em todo o seu territ+rio.Nas onas mais populosas, como as das reas metropolitanas no Sudeste, o

    n-mero de 'am&lias em condi(o de pobrea extrema * signifcativo.ontudo, * na rea rural que, proporcionalmente, a indigncia mostra/se

    mais severa.

    s &ndices de mortalidade in'antil e na in'0ncia e os indicadores de peso ealtura de crianas at* 1 anos confrmam o que 'oi demonstrado no !apa da

    "ome, apontando o Nordeste brasileiro em uma situa(o inaceitvel,principalmente em sua rea rural.

    2 como existissem dois brasis. 3m primeiro, o pa&s do Norte e Nordeste, emcondi(o comparvel 4s naes mais pobres da 5'rica e da Am*rica entral.6, o pa&s do Sul, Sudeste e entro/este, tamb*m contendo seus bolses de

    pobrea, mas alinhado ao grupo em melhores condies dos pa&ses emdesenvolvimento.

    Se ocorreram melhorias na situa(o de carncia cal+rica e proteica, mostra/

    se grave a situa(o nutricional de parte signifcativa da popula(o brasileira,em termos de defcincias de vitamina A, 'erro, iodo e clcio.

    Novo e lamentvel * o crescimento da obesidade entre a popula(o adulta,em especial, a 'eminina. Atingindo estratos mais pobres da popula(o, revela

    os e'eitos generaliados de prticas inadequadas de alimenta(o e vida,predominantes principalmente nas grandes cidades.

    s contingentes de sem/terras ainda n(o assentados, pequenos produtoresrurais completamente exclu&dos das pol&ticas agr&colas, comunidades

    ind&genas, popula(o de rua na mendic0ncia e trabalhadores com baix&ssimarenda ou desempregados, constituem os grupos de risco, nos campos e

    cidades, submetidos 4 'ome e desnutri(o.

    A identifica"o do problema da fome e desnutri"o no rasil, que atin!e parcelasexpressivas da popula"o, no um dado novo a informar sobre a !ravidade darealidade social aqui dominante. /al problema sempre se mostrou como uma dasmanifesta"+es mais vis>veis do quadro de a!uda desi!ualdade perpetrado ao lon!o denossa ;istCria.

    A iniquidade sur!iu desde o processo de coloniza"o e veio se retroalimentando, de

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    forma ininterrupta, at os dias de ;o-e. obreviveu veis devido < insist=ncia de al!uns brasileiros em no permitir que suas causas eefeitos ficassem escondidos. 3osu de ?astro e erbert de ouza, o etin;o estoentre esses nomes mais di!nos, que nunca exitaram em denunciar o problema emtodos os espa"os que tin;am alcance, nacionais ou internacionais. 3osu de ?astro,para o desa!rado das elites, demonstrou que a fome no um fenDmeno natural, comotantos querem fazer crer, classificandoa como o fla!elo fabricado pelos ;omens contraoutros ;omens. etin;o na campan;a que liderou contra a fome, sempre relacionou odireito < alimenta"o com a cidadania, lembrando com clarivid=ncia que a fome noviola apenas os famintos, fazendo todos prisioneiros da misria.

    Mas, se a fome e a desnutri"o esto s, era de se esperar que ;ouvesse umamaior preocupa"o por parte de autoridades e especialistas, no sentido do permanentemapeamento de todas as faces poss>veis que o problema pode assumir. Apenasrecentemente iniciouse a elabora"o con-unta, por parte de representantes do !overnoe da sociedade civil de indicadores de e!uran"a Alimentar. )orm, os dadosdispon>veis ainda so escassos.

    A se!uir apresentase indicadores referentes < propor"o da indi!=ncia no pa>s e outrosli!ados < sa@de e nutri"o, procurandose dentro do que se disp+e destes dadospossibilitar um dia!nCstico sobre a fome e desnutri"o no rasil.

    Indigncia, fome e desnutrio

    Em &''#, quando se iniciava a movimenta"o em torno da ?ampan;a da Fome, o G)EAdivul!ou os n@meros da indi!=ncia no rasil, que ficaram con;ecidos como o Mapa daFome. Estes dados tiveram imenso impacto na revela"o dos n@meros da extremapobreza existente no pa>s. omavam #P mil;+es de brasileiros em condi"o deindi!=ncia e fome, al!o superior < popula"o total do ?anad1 ou da Ar!entina.

    ?onsiderouse indi!ente a pessoa cu-a renda familiar correspondesse, no m1ximo, aovalor da aquisi"o da cesta b1sica de alimentos que atendia aos requerimentosnutricionais recomendados pela FA:0:M0:N, para a fam>lia como um todo.

    A/abela &apresenta a propor"o de indi!entes em rela"o ao total da popula"o, para

    re!i+es e unidades da federa"o, se!undo a situa"o de domic>lio Jurbano e ruralK.:bservase que, sem a desa!re!a"o dos resultados Jpara os se!mentosmetropolitano, urbano e ruralK, o Nordeste mostra o >ndice mais elevado, com $Q dapopula"o em estado de indi!=ncia, sendo que )iau>, ?ear1, Maran;o e )ara>bacolocamse como os estados onde esta rela"o revela n>veis de pobreza maisimpressionantes. A aus=ncia dos dados rurais, para a re!io Norte, certamentecontribuiu para atenuar o resultado mdio desta re!io. As demais re!i+es ficaramabaixo do patamar de PQ, influenciando para a mdia brasileira de P&Q.

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    Entre as 1reas metropolitanas consideradas, o Nordeste i!ualmente liderou os n>veis demaior propor"o de pobreza extrema, quando quase PQ de sua popula"ometropolitana se encontrava em estado de indi!=ncia. Fortaleza, 8ecife e alvadortiveram os maiores >ndices, no apenas do Nordeste, mas de todo o rasil.

    Nas 1reas urbanas nometropolitanas, mais uma vez os estados do Nordesteencabe"aram as maiores propor"+es da indi!=ncia, com lideran"a para os estados do?ear1, )iau> e )ara>ba.

    Mas, no rasil, si!nificativamente maior, para a 1rea rural, a propor"o daspopula"+es abaixo da lin;a da pobreza. :s >ndices so muito altos em quase todos asunidades da federa"o, sendo que apenas o )aulo est1 em um n>vel abaixo de PQ.No Nordeste, os resultados so extremamente elevados. Estados como )iau> e )ara>baapresentavam mais do que IQ de sua popula"o rural em condi"o de extremapobreza. : >ndice mdio da re!io mostra que mais da metade da popula"o que viveno campo se encontra naquela condi"o, tendo como consequ=ncia a fome e a prCpriane!a"o de sua cidadania. Mas o que causa espanto que, fora do Nordeste, emestados considerados exemplares no n>vel de desenvolvimento e riqueza que

    alcan"aram, como o )aran1, esta propor"o c;e!a a quase $Q do total da popula"orural. /udo isto fortalece a convic"o de que a supera"o da misria e da fome, norasil, passa em !rande medida por uma profunda transforma"o das rela"+es sociaisno campo.

    Na totaliza"o dos dados brutos do Mapa da Fome fica n>tido o peso do setor rural nototal dos #P mil;+es de brasileiros em estado de indi!=ncia. Embora detendo apenasP#Q da popula"o brasileira, o campo comparece com mais de %Q da popula"oabaixo da lin;a de pobreza.

    :s r1ficos&,P, #e $indicam como se distribui a pobreza mais extrema no rasil. Noa!re!ado urbano e rural, apresentado no r1fico &, o Nordeste participa com %%Q dototal, enquanto a re!io udeste com popula"o bem mais numerosa que o Nordeste representa P%Q do total. As demais re!i+es somam PQ. Na distribui"o dapopula"o em situa"o de indi!=ncia das !randes metrCpolis, a re!io udeste, com%%Q e o Nordeste, com #$Q formam a !rande maioria. As re!i+es ul e Norte somamapenas &&Q. 8ecordese que este resultado no surpreende, quando se considera quea re!io udeste concentra a maior parte da popula"o das !randes metrCpolis. Nascidades menores tambm no Nordeste e no udeste que se concentra a indi!=ncia,com IRQ. 31 na zona rural, o Nordeste t=m o maior contin!ente, com lar!a mar!emsobre as outras re!i+es, mesmo com popula"o rural inferior ao udeste e ao ul.Estes, que praticam a a!ricultura mais modernizada no rasil, t=m -untos #$Q do totalde indi!entes da zona rural do pa>s.

    : Mapa da Fome sofreu al!uns questionamentos na poca de sua divul!a"o. :principal referiuse < inadequa"o da cesta b1sica adotada, para medir o poder

    aquisitivo das fam>lias brasileiras. :utra d@vida, tambm suscitada, foi sobre o critriode avaliar o n>vel de pobreza apenas pela capacidade aquisitiva. Ar!umentavase que,para o campo, era necess1rio considerar a c;amada produ"o de subsist=ncia dospequenos produtores. Estaria, assim, ;avendo uma superestima"o da misria na zonarural. 4iante destes ar!umentos foi constitu>do !rupo de trabal;o, no Bmbito do!overno, respons1vel por discutir critrios consensuais, ou prCximos disto, para umnovo Mapa da Fome. Embora o / -1 este-a trabal;ando a certo tempo, at ;o-e nosa>ram novos resultados.

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    em d@vida, outro problema que esta estimativa da indi!=ncia no rasil est1 baseadaem dados que -1 come"am a ficar superados, em especial considerando os fatosocorridos durante a dcada de noventa, como o )lano ?ollor, o )lano 8eal e, maisrecentemente, o crescimento do desempre!o. Mas, provavelmente ela no se alteroumuito no que se refere < forma como se distribuem as popula"+es mais carentes, a

    n>veis re!ionais.

    Indicadores de sade e nutrio

    Indicadores de mortalidade infantil e na infncia

    a@de e nutri"o so duas cate!orias dependentes entre si. No pode ;aver sa@de seno ;ouver nutri"o adequada. E, mesmo que a nutri"o se-a adequada, o corpo;umano precisa !ozar de sa@de para que possa aproveit1la. Estas afirma"+es tornamse ainda mais relevantes quando se trata da intr>nseca rela"o existente entre sa@de eestado de nutri"o na infBncia. 4e fato, m1s condi"+es de nutri"o podem serdevastadoras para a sa@de da crian"a, comprometendo seu potencial de crescimento edesenvolvimento, minando sua capacidade de resist=ncia nuado indicador de mortalidade, como demonstram os r1ficos %, ReI.

    Al!uns aspectos, na observa"o destes dados, devem ser assinalados. Em primeirolu!ar, os processos de re!istro de mortalidade no se do com a mesma efici=ncia emtodas as re!i+es. Assim, por exemplo, pode se considerar que a cobertura do sistemade mortalidade no ul do pa>s se d1 em um padro bastante eficiente. Na re!ioudeste tambm confi1vel este sistema, salvo dificuldades isoladas. Nas re!i+es?entro:este e Nordeste alternamse situa"+es de efici=ncia e precariedade nore!istro. E, na re!io Norte, tudo leva a crer que o sistema se mantm bastantevulner1vel, com elevado !rau de subre!istro. 4esta forma, a mdia nacional real damortalidade infantil e de menores de % anos deve se encontrar al!uns pontos acima doque os dados oficiais indicam. E os >ndices do Nordeste e do Norte do pa>s, que -1 soos mais elevados, possivelmente alcan"am valores ainda mais altos. /rabal;os quelevam em considera"o este subre!istro, estimaram para o ano de &''P, uma taxanacional de mortalidade infantil de %I Cbitos, por mil crian"as nascidas vivas.

    e os pro!ressos na redu"o da mortalidade infantil so notCrios, os indicadoresnacional e das re!i+es mostramse, mesmo assim, ainda extremamente elevados.asta considerar que a :r!aniza"o Mundial de a@de J:MK considera como metaposs>vel de ser alcan"ada e que -1 realidade em al!uns dos pa>ses maisdesenvolvidos a ocorr=ncia de R Cbitos para mil nascidos vivos. /ambm importantelembrar o exemplo de ?uba, que apesar de todas as con;ecidas dificuldadesprovocadas pelo embar!o econDmico a que est1 submetida, apresenta um >ndice, paraa faixa de at & ano de vida, de ' Cbitos para mil nascidos vivos, o que prova existir

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    uma possibilidade real de obten"o de resultados, para os quais o rasil ainda parecemuito distante.

    :bservandose a/abela P,verificase que o papel da desnutri"o em rela"o sticas, subestimando a importBncia do estado nutricional no Cbitoinfantil. ?abe ressaltar que as causas de morte devido vel decrian"as. No entanto, nas @ltimas dcadas, vem se presenciando avan"os importantesnesses indicadores, ainda que persistam problemas diferenciados, de acordo com osdiversos estratos populacionais.

    A )esquisa Nacional sobre 4emo!rafia e a@de J)N4K, de &''R, apresenta osresultados mais recentes de avalia"o antropomtrica, no rasil. A compara"o dasavalia"+es antropomtricas realizadas nos anos de &'(' e &''R confirma o decl>nio -1referido dos indicadores de baixo peso e estatura, para crian"as menores de % anos. Amdia nacional do indicador de baixo peso reduziuse de I,&Q para %,IQ das crian"aspesquisadas, enquanto que, para o indicador de baixa estatura, caiu de &%,$Q para

    &,%Q.

    :s r1ficos (e'revelam o percentual de crian"as menores de % anos com baixospeso e estatura, nas zonas urbana e rural no rasil, demonstrando que a desnutri"ona infBncia localizase principalmente na 1rea rural, embora tambm este-a presente na1rea urbana. :bservase, ainda, que tanto na avalia"o antropomtrica de peso0idade,quanto na de altura0idade, o decrscimo da desnutri"o foi sempre maior para ascrian"as residentes nas 1reas urbanas. :u se-a, aonde a situa"o era mais !rave,menos se avan"ou.

    ?onforme fica demonstrado nos r1ficos &e&&, os mais altos >ndices de desnutri"oesto nas re!i+es Norte e Nordeste, para os dois tipos de indicadores antropomtricosaqui adotados. No tocante ao >ndice de peso0idade, para a re!io sul, o resultado se

    i!uala ao padro dos pa>ses desenvolvidos. L com base nesta desi!ualdade re!ionalque Monteiro J&''IK ressaltou os contornos !eo!r1ficos n>tidos < ima!em de doispa>sesT o pa>s do Norte e Nordeste alin;ado a na"+es muito pobres da 9frica e da

    Amrica ?entral, e o pa>s do ul, udeste e ?entro:este alin;ado a um reduzido eprivile!iado !rupo de pa>ses em desenvolvimento, caracterizado por n>veis mdios oualtos de riqueza e sistemas eficientes de se!uridade social.

    : G2AN, Cr!o do Ministrio da a@de, re!istrou dados bem mais !raves sobre adesnutri"o infantil. Em pesquisa realizada em &''R, em &I estados e &.#

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    munic>pios, revelou ;aver uma mdia nacional de desnutri"o de $&Q, em crian"asentre R e P$ meses, avaliada pelo >ndice de peso0idade. Este elevado >ndice em partepode ser explicado pela alta aflu=ncia de crian"as em situa"o de pobreza, queprocuraram os servi"os de sa@de credenciados, visando serem benefici1rios dadistribui"o de leite e Cleo de so-a.

    :utro indicador de nutri"o relevante o peso ao nascimento. No rasil, a incid=nciade baixo peso ao nascer mantm >ndices elevados, sobretudo nos estratos -1apontados pelos indicadores antropomtricos como de maior desnutri"o infantil, ouse-a, na 1rea rural e nas re!i+es Nordeste e Norte.

    L importante re!istrar que o indicador de baixo peso ao nascer, referente a crian"asnascidas vivas com menos de P.% !ramas, revela frequentemente situa"+es dedesnutri"o materna, ao mesmo tempo que pro-eta dificuldades !raves para asobreviv=ncia infantil e, quando a crian"a sobrevive, sobre o estado nutricional nosprimeiros anos de vida. Monteiro J&''IK estudando os dados prim1rios do )N4divul!ou informa"+es sobre este indicador que devem ser mencionadas. A incid=ncia derecmnascidos de baixo peso alcan"aria a mdia nacional de ',PQ. Nas 1reas

    urbanas so 'Q das crian"as nesta faixa de idade, enquanto que na 1rea rural o >ndicesobe para &&Q. : Nordeste encabe"a a lista das re!i+es de maior incid=ncia de baixopeso ao nascer, com ',$Q, se!uido do ?entroul, com ',&Q e na re!io Norte, com(,IQ.

    )esquisas isoladas t=m detectado outros problemas nutricionais referentes a car=nciasespec>ficas de micronutrientes, como o ferro, a vitamina A, o iodo e, mais recentemente,o c1lcio.

    A defici=ncia de vitamina A -1 considerada problema end=mico para uma partesi!nificativa da popula"o das re!i+es Norte e Nordeste e, tambm, no udeste.Gdentificase a popula"o infantil do Nordeste como a mais vulner1vel. :correu tambmevid=ncias de car=ncias de vitamina A em bols+es de pobreza de Minas erais e o)aulo, caracterizando situa"+es end=micas.

    :bservese que a ;ipovitaminose A a principal causa da ce!ueira evit1vel, sendoainda respons1vel por parte das mortes por diarrias em crian"as.

    :utra defici=ncia nutricional si!nificativa na popula"o brasileira a do ferro. Asmaiores v>timas de anemia so as mul;eres no per>odo frtil e crian"as menores dedois anos.

    : bCcio e outros dist@rbios decorrentes da defici=ncia de iodo representam !raveproblema de sa@de p@blica no pa>s, embora pudessem ser facilmente solucionados sefosse !arantida a adequada adi"o de iodo no sal de cozin;a.

    No que se refere < pesquisas sobre o estado nutricional da popula"o adulta, o @ltimoestudo de maior abran!=ncia foi realizado em &'(', pelo GNAN0Ministrio da a@de./anto para o sexo masculino quanto para o feminino, as faixas et1rias com maiorincid=ncia de baixo peso estavam entre os mais -ovens J&( a P$ anosK e os mais vel;osJR% anos e maisK.

    A compara"o deste inqurito com o anterior, realizado em &'I%, demonstra redu"oacentuada da preval=ncia de adultos com defici=ncia crDnica de ener!ia Jbaixo >ndice

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    de massa corporalK. No entanto, um novo dado come"ou a aparecer com maiorintensidade, qual se-a a preval=ncia de obesidade em !raus consider1veis napopula"o adulta, em especial na popula"o feminina. Ficou, ento, evidente o fato deque a situa"o nutricional da popula"o adulta come"ava a assumir um perfil que,conservando n>veis altos de subnutri"o, passava tambm a se assemel;ar ao

    observado nos pa>ses desenvolvidos, introduzindo um novo problema de se!uran"aalimentar e nutricional no pa>s.

    )esquisas de maior abran!=ncia, posteriormente realizadas, vem confirmando aquiloque foi observado em &'('.

    Grupos de risco

    4o que foi apresentado, referente aos indicadores de indi!=ncia, de mortalidade Jinfantile de crian"as at % anosK, de avalia"o antropomtrica, de baixo peso ao nascer e dedesnutri"o adulta, tornase poss>vel dentro dos limites destes prCprios indicadores caracterizar quais as popula"+es que se apresentam em situa"o de inse!uran"aalimentar e nutricional Jdo ponto de vista carencialK, constituindo os c;amados !ruposde risco.

    /odos os indicadores revelaram que a desnutri"o se concentra na 1rea rural, emboratambm existindo na 1rea urbana. )or outro lado, a re!io Nordeste e, em menor !rau,a re!io Norte t=m as maiores propor"+es de desnutridos em todo o pa>s.

    )rovavelmente o !rupo populacional que mais sofre o problema da desnutri"o o dostrabal;adores rurais sem terra. :bservese que no Mapa da Fome foi estimado um totalde $ mil;+es de fam>lias, na 1rea rural, em situa"o de indi!=ncia e fome, enquanto queestudos sobre a estrutura a!r1ria brasileira, na mesma poca, estimavam que $,(mil;+es de fam>lias no tin;am terra para viver e trabal;ar no campo brasileiro.

    4e qualquer forma, no deve tambm ser descartada a presen"a neste contin!ente deindi!entes e desnutridos, dos pequenos a!ricultores em extrema pobreza, que mesmopossuindo terra, no disp+em das condi"+es m>nimas necess1rias para produzir para osustento de suas fam>lias, nem sequer obter rendimentos fora dessas propriedades.Neste caso, mais extrema a situa"o dos pequenos produtores da re!io do semi1rido nordestino, onde freqSentes secas a!ravam cada vez mais o problema da fome edo desmantelamento de sua capacidade produtiva. G!ual situa"o vivem ostrabal;adores volantes na a!ricultura, sem quaisquer contratos de trabal;o esubmetidos a sal1rios aviltantes. G!ualmente frequente o estado de desnutri"o e apresen"a de doen"as end=micas correlatas nas comunidades ind>!enas.

    Nas 1reas urbanas, mesmo que em menor n@mero, tambm persistem !rupos emsitua"o de extrema pobreza, sem renda ou com renda abaixo do m>nimo necess1rio

    para se alimentarem suficientemente. )rovavelmente, tratase, em sua maioria, dapopula"o de rua das !randes cidades, em condi"o de completa excluso do mercadoe submetidos < situa"o de mendicBncia. E, em muitos casos, parte da popula"oresidente em favelas ou outras formas prec1rias de ;abita"o, que tambm noconse!uem dispor da renda necess1ria para !arantir uma nutri"o suficiente eadequada.

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    As causas da insegurana alimentar

    Existe uma causa fundamental para a insegurana alimentar no Brasil: a incapacidadede acesso. Isto se d especialmente pela falta de poder aquisitivo de uma parcela no

    desprezvel da populao para adquirir os alimentos que necessita. Mas existem outras

    faces deste mesmo prolema. !" tam#m" a falta de acesso aos ens de produo" narea rural" principalmente para aqueles que no tem terra. E" em uma outra dimenso"

    a falta de acesso aos servios p$licos %gua" esgoto" educao e sa$de& que t'mimpacto sore a segurana alimentar e a falta de acesso ( informao" instrumento

    sico para aqueles mais vulnerveis ( fome e desnutrio. )utros prolemas tam#mameaam a segurana alimentar e nutricional no Brasil. *e um lado" o crescimento das

    importa+es de alimentos" deixando a soerania alimentar do pas ameaada. *eoutro" a falta de sustentailidade do sistema alimentar. ,or $ltimo" a imposio de um

    padro alimentar inadequado e que ameaa valores culturais de grande riqueza danossa alimentao.

    Incapacidade de Acesso

    Existe uma razo maior e mais !rave para a inse!uran"a alimentar, entre as tantascausas que se manifestam no pa>sT a incapacidade de acesso aos alimentos, no n>velnutricional minimamente necess1rio, pelas camadas mais pobres da popula"o.

    As popula"+es em situa"o de vulnerabilidade nutricional, via de re!ra, no tem acessoaos alimentos, por no disporem de poder aquisitivo suficiente para compr1los. Masque renda precisa dispor uma fam>lia, para que possa !arantir sua se!uran"aalimentarO

    )ara que esta renda possa ser calculada preciso, em primeiro lu!ar, que se estipule on@mero de membros desta fam>lia. No caso brasileiro, est1 estabelecido um n@meromdio de $ pessoas, por fam>lia. Em se!undo lu!ar, tornase necess1rio definir a

    composi"o da cesta de alimentos a ser consumida. L assim que sur!e a no"o decesta b1sica, ou se-a, o con-unto de alimentos que devem estar dispon>veis para aalimenta"o de uma fam>lia, em um m=s. No rasil, embora existam v1rias propostasde composi"o para diferentes cestas b1sicas, ainda no se conse!uiu obter aaceita"o de uma determinada cesta, assumida como refer=ncia por todos J!overno esociedadeK. As diver!=ncias esto polarizadas, principalmente, entre a prefer=ncia poruma cesta que se-a composta pelos alimentos que a popula"o mais consomeJindependente de sua composi"o nutricionalK, ou por alimentos que asse!urem a plenasatisfa"o das necessidades nutricionais. No rasil destacamse tr=s propostas decestas b1sicasT a do 4ecreto (0#(, a do )8:?:N04GEEE e a do EstudoMultic=ntrico JMinistrio da a@deK.

    A ?esta 1sica do 4ecreto (0#( continua sendo a mais frequentemente adotadacomo refer=ncia do poder aquisitivo dos assalariados. )orm, est1 bastanteultrapassada, visto que foi estabelecida pela lei que criou o sal1rio m>nimo, em &'#(.

    Ainda que ten;a sido atualizada em al!uns itens Jpor exemplo, a ban;a foi substitu>dapelo CleoK, tem uma composi"o insuficiente, no dispondo de uma srie de produtosatualmente consumidos. L a @nica cesta cu-a composi"o e quantidade dos produtosest1 referenciada no consumo de uma sC pessoa.

    A ?esta 1sica )8:?:N04GEEE assumiu importBncia -1 ;1 al!uns anos, peladivul!a"o mensal da rela"o de seu custo, comparado com o sal1rio m>nimo, para

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    quase todas as capitais dos estados brasileiros. Alm dos produtos aliment>cios, tambm formada por produtos de ;i!iene e limpeza.

    )or fim, a cesta proposta pelo Estudo Multic=ntrico, cu-a composi"o procura definir osalimentos mais consumidos pela popula"o e, tambm, asse!urar uma satisfa"o

    nutricional adequada. 4e divul!a"o muito recente, encontra ainda dificuldades, dedescon;ecimento e recon;ecimento nos Bmbitos do !overno e de representantes dasociedade, alm do fato de que reflete apenas a realidade do padro alimentar urbanodo ?entroul, exi!indo que se-a adaptada futuramente para a 1rea rural, refletindo umarealidade nacional.

    : poder de compra de uma cesta b1sica, observado ao lon!o de um per>ododeterminado, um importante indicador da capacidade das fam>lias em adquiriremalimentos, principalmente daquelas cu-as rendas alcan"am valores prCximos ao dosal1rio m>nimo. No entanto, como -1 foi comentado, construir este indicador temesbarrado na dif>cil deciso de qual cesta b1sica deve ser adotada.

    : r1fico &Pdemonstra o poder de compra do sal1rio m>nimo, tendo como refer=nciaas cestas b1sicas do 4ecreto #'(0#( e do )8:?:N04GEEE, para a cidade de o)aulo, entre &'' e &''I.

    L clara a constata"o de que, com exce"o do ano de &''$, ocorre um movimentodecrescente do poder aquisitivo do sal1rio m>nimo, em rela"o nimo, desde o in>cio da dcada de ', de !arantir, inte!ral ou parcialmente, asnecessidades do consumo de calorias, por aqueles cu-a renda familiar est1 nestepatamar. ?onstatase, ainda, a distBncia do sal1rio m>nimo, em Ucal0dia, em rela"o ses em desenvolvimento. Fica claro, assim, que o sal1rio m>nimo vemperdendo seu poder aquisitivo, mantendose distante de seu propCsito ori!inal, que erade asse!urar a manuten"o de condi"+es m>nimas de sobreviv=ncia, para otrabal;ador e sua fam>lia.

    A ):FGE J)esquisa de :r"amento FamiliarK, de &''%'R, concluiu que os brasileirosque vivem nas 1reas metropolitanas e que tin;am renda mensal at dois sal1riosm>nimos, destinavam apenas ##,%&Q, do total de seus !astos, em alimentos, -1 que seviam obri!ados a diri!ir o restante para !astos com ;abita"o JP%QK, transporte J',IQK,sa@de J',#QK e outras despesas diversas Jr1fico &$K. )ortanto, o acesso dessasfam>lias < c;amada ra"o essencial m>nima muito insuficiente. No rasil so ,P

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    mil;+es de assalariados do setor formal da economia que recebem at & sal1riom>nimo, ou &',$Q da popula"o economicamente ativa.

    Mas, se a baixa renda familiar a causa principal da inse!uran"a alimentar no rasil, preciso que tambm se considere a realidade espec>fica vivida pelo popula"o que

    localizase no meio rural. 2ale retomar o estudo do Mapa da Fome que, dos #Pmil;+es de brasileiros em situa"o de indi!=ncia, estimou que a metade deles pertencia< 1rea rural. Assim, no deve passar desapercebido que, embora apresentando umapopula"o bastante inferior < 1rea urbana, no rasil rural praticamente a metade de suapopula"o vive em condi"o de misria.

    E, neste caso, mais do que a impossibilidade de adquirir no mercado os alimentosnecess1rios < sobreviv=ncia, existe a impossibilidade de acesso aos bens de produ"o,em especial a terra. em a qual no pode produzir nem para a subsist=ncia, nem paracomercializar sua produ"o excedente, capaz de l;e !arantir al!uma renda.

    L neste aspecto, que a reforma a!r1ria pode ser entendida como uma das mais efetivasmedidas em favor da e!uran"a Alimentar, rompendo com a mar!inaliza"o de mil;+esde brasileiros impedidos de cultivar a terra, que passam a ter a oportunidade deproduzir alimentos para a prCpria subsist=ncia ou para o mercado.

    A reforma a!r1ria no rasil, at ;o-e, no foi tratada como uma prioridade. Mesmo no!overno atual, que no deixa de se autoproclamar, em todos os momentos, como tendosido aquele que realizou o maior n@mero de assentamentos, as iniciativas ainda somuito t>midas e, somente realizadas em fun"o da presso exercida pelos movimentossociais, em especial o Movimento dos /rabal;adores 8urais em/erra. E, no deveser omitido o fato de que, se!undo os dados da prCpria )NA4, entre os anos de &''P e&''%, sa>ram do campo, em mdia, # mil pessoas, refletindo a continuidade doprocesso de expulso que vem se alon!ando a dcadas.

    ?omo fator positivo no campo brasileiro, expresso nos @ltimos anos, est1 oestabelecimento da aposentadoria rural. Gsto est1 si!nificando, para um !rande n@merode fam>lias de pequenos produtores rurais, a !arantia de renda de um sal1rio m>nimo, oque representa ine!1vel refor"o na luta pela sobreviv=ncia dessas fam>lias. Este fato,sem d@vida, um dos principais motivos das mel;orias constatadas nos munic>piosmais pobres da federa"o, quase todos predominantemente de base rural. )orm, estebenef>cio no se estende ao contin!ente de trabal;adores rurais bCiasfrias que, porno disporem de direitos trabal;istas recon;ecidos, so mantidos ali-ados daassist=ncia previdenci1ria, que deveria l;es ser conferida.

    e o problema da incapacidade de acesso aos alimentos o principal causador dadesnutri"o no pa>s, se-a diretamente atravs da falta de poder aquisitivo para compr1los, se-a por no dispor dos bens necess1rios para produzilos, ainda outras situa"+esde ne!a"o de acesso veis demonstram que osavan"os que esto ocorrendo recentemente no quadro nutricional do pa>s estoassociados no apenas a mel;oras na renda, como < evolu"o favor1vel dos servi"osp@blicos essenciais Jsaneamento, educa"o e sa@deK, constituindose na explica"omais consistente para o decl>nio de al!uns dos indicadores de desnutri"o.

    4a mesma forma, o acesso < informa"o mostrase como um elemento c;ave para

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    fazer frente aos problemas da desnutri"o. Exemplos tambm recentes, de campan;asveiculadas pelo r1dio e televiso sobre amamenta"o e combate < diarria levaram aresultados auspiciosos -unto aos !rupos vulner1veis, quando estes dispun;am dascondi"+es m>nimas de acesso a estes meios de comunica"o.

    Nos crditos aos fatores que v=m contribuindo para os avan"os no campo alimentar enutricional no rasil, muitas vezes se omite o papel da sociedade civil, no quanto queela contribui para estes avan"os. A participa"o e presso da sociedade sobre ospoderes p@blicos tem sido decisiva, principalmente, para a democratiza"o dasinstBncias de elabora"o e execu"o dessas pol>ticas. Mesmo ainda dando osprimeiros passos na sua implanta"o, as comiss+es e consel;os, com todos ospercal"os com que ainda se defrontam, si!nificam formas avan"adas destaparticipa"o.

    Efeitos da estabilizao monetria

    4esde -ul;o de &''$ o rasil vive uma situa"o de estabilidade monet1ria, apCs muitasdcadas de infla"o.

    : )lano 8eal, implementado na metade do ano de &''$, e as medidas econDmicas quese se!uiram, conse!uiram alcan"ar a estabiliza"o monet1ria, conservando at os diasde ;o-e o controle sobre os pre"os. 6o!o nos primeiros meses do )lano, as vendas dealimentos cresceram sensivelmente, tanto em rela"o a produtos b1sicos, comotambm com os alimentos considerados suprfluos. Este fato f1cil de compreender,pois com a queda da infla"o, os sal1rios pararam de ser corro>dos ao lon!o de cadam=s, como antes ocorria. ?om a manuten"o do valor dos sal1rios durante o m=s, ascamadas da popula"o de baixa renda aumentaram sua capacidade de acesso aosalimentos. 8e!istrouse, tambm, um discreto deslocamento do consumo de al!unsprodutos b1sicos tradicionais, como o arroz e o fei-o, para outras fontes de ener!ia eprote>nas, como o macarro e o fran!o, ou ainda para produtos que at ento noconstavam da dieta das pessoas de menor poder aquisitivo, como io!urtes, carnescon!eladas e certos tipos de leite. /ambm cresceu o consumo de frutas, e ;ortali"as.

    e, com o fim da infla"o, ocorreu uma recupera"o do poder aquisitivo dosassalariados, esta recupera"o se deu uma @nica vez e, por certo, foi incapaz de alterarprofundamente o quadro de !rande concentra"o da renda no pa>s. 4ecorridos quasequatro anos do )lano, come"am a se a!ravar al!uns problemas que incidem sobre arenda dos mais pobres, como o crescimento do desempre!o, os efeitos das altas taxasde -uros, etc, ainda que se-a prematura a avalia"o das consequ=ncias dessasdificuldades.

    Na avalia"o do impacto do )lano 8eal sobre a se!uran"a alimentar deve ainda serconsiderado que para aqueles que no disp+em de renda, a estabiliza"o monet1rianada si!nificou. :u at si!nificou uma maior dificuldade no acesso aos benef>cios dospro!ramas sociais, pelas restri"+es impostas aos !astos p@blicos, sob a ale!a"o danecessidade de defesa da estabilidade da moeda.

    Alm disso, a conten"o dos pre"os e, em especial, dos pre"os dos alimentos tevecomo uma das pol>ticas b1sicas a irrestrita abertura do mercado brasileiro para asimporta"+es, com efeitos ruinosos para a autosufici=ncia alimentar do pa>s.

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    A disponibilidade interna de alimentos

    A disponibilidade ou oferta interna de alimentos satisfatCria, do ponto de vista dae!uran"a Alimentar, quando os alimentos ofertados so suficientes para atender oconsumo interno socialmente dese-1vel. Ao lado deste atributo de sufici=ncia aparecem

    ainda outros atributos de importBncia equivalente. o eles a estabilidade da oferta aolon!o do tempo o !rau de autonomia ou autosufici=ncia, !arantido pela capacidade deprodu"o de alimentos do pa>s e a sustentabilidade, econDmica e ecolC!ica, destaprodu"o.

    )ara que possa ser discutida a situa"o de al!uns destes atributos no rasil, soapresentados os quadros de suprimento dos principais produtos da cesta alimentar dobrasileiro, na dcada atual J/abelas # a &&K. :bservese que, na aus=ncia de umacompan;amento sistem1tico do consumo, calculase a partir da oferta o consumocorrespondente, tambm c;amado de consumo aparente.

    Nas tabelas apresentadas ficam demarcadas tr=s tend=ncias principais. A primeiradelas o crescimento da produ"o e consumo de produtos de ori!em animal, aomesmo tempo que produtos alimentares tradicionais na cesta de consumo do brasileiro,como o arroz e o fei-o, ou tiveram sua produ"o e consumo reduzida Jredu"o doconsumo percapita de arrozK, ou apresentaram um menor crescimento na primeirametade da dcada de noventa Jpequena eleva"o do consumo per capita de fei-oK.Gsto confirma o processo de substitui"o na in!esta de calorias e prote>nas ve!etais,pelas animais.

    A se!unda referese < tend=ncia de crescimento do consumo percapita, em rela"o atodos os produtos examinados, com a exce"o do arroz, que se mostra decrescente edo fei-o e tri!o que crescem at o ano de &''# e depois se estabilizam. 4e qualquerforma, a tend=ncia de crescimento do consumo percapita, embora positivo, se mostraincapaz de reverter um quadro de consumo alimentar ainda muito baixo, diante dasnecessidades nutricionais da popula"o brasileira e quando comparado aos n>veis deconsumo de outros pa>ses. No caso do leite, por exemplo, o consumo percapita em&''%, estimado em $ litros, cresceu pouco em rela"o ao que representava no in>cioda dcada de oitenta, al!o equivalente a & litros por ano.

    A outra tend=ncia a ser examinada o incremento das importa"+es de produtosa!roalimentares, como arroz, fei-o, tri!o e leite, todos eles tendo importante peso nacesta b1sica de alimentos do brasileiro.

    Soberania alimentar ameaada

    A transforma"o do rasil, de !rande exportador para importador de alimentos e deoutros produtos a!r>colas e a!roindustriais tem sido defendida, com base em duas

    -ustificativas. A primeira delas evoca o atual contexto da !lobaliza"o, afirmando quepara o pa>s poder participar do comrcio internacional, precisa comparecer no apenascomo exportador, mas tambm como importador. A se!unda -ustificativa est1 ancoradano princ>pio das vanta!ens comparativas, ou se-a, importar sempre que os custosdomsticos so superiores aos pre"os das commoditiesinternacionais. :s apolo!istasdesta pol>tica procuram refor"ar seus ar!umentos afirmando que, atravs desta via,estaro diminuindo a presso inflacion1ria exercida pelos pre"os dos produtosnacionais e, tambm, fomentando a competitividade nos setores que no conse!uem

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    concorrer com os produtos estran!eiros.

    A/abela &Pmostra a crescente participa"o brasileira nas importa"+es a!r>colasmundiais, na dcada atual. Gsto se d1 pelo fato de que o crescimento das importa"+esbrasileiras tem ocorrido a uma taxa sempre superior < taxa mundial. m ar!umento

    !eralmente utilizado o de no existir problema, se estas importa"+es crescem a taxasi!uais ou inferiores < das exporta"+es. A/abela mostra que isto no aconteceu,re!istrandose, nos sete anos observados, uma taxa mdia anual de crescimento dovalor das importa"+es sempre superior ao das exporta"+es, com exce"o do per>odo&''&0'P. L verdade, que o valor total exportado dos produtos a!r>colas supera o valordas importa"+es desses produtos, com certa fol!a, mas mostrase preocupante avelocidade com que vem se reduzindo esta vanta!em. Em &'', o valor destasexporta"+es foi #,% vezes superior ao das importa"+es, enquanto que em &''I, este>ndice -1 ;avia ca>do para P,P% vezes.

    Entre os produtos a!roalimentares, o tri!o o que provoca maior disp=ndio de divisas.Em &''R, as importa"+es do !ro e de farin;a de tri!o si!nificaram um !asto de V'#$ mil;+es. No custa lembrar que o rasil, na safra &'(I0((, c;e!ou a produzir (#Q

    das I,$ mil;+es de toneladas que consumiu. ?om o fim do subs>dio < produ"o interna,esta reduziuse drasticamente, a ponto de, na safra &''%0'R, limitarse a &'Q doconsumo. :s estoques mundiais v=m caindo a n>veis bastante baixos, o que faz comque os pre"os se elevem, permitindo prever que o pa>s !astar1 ainda mais com asimporta"+es do produto.

    : leite e derivados o se!undo produto alimentar com maiores !astos nasimporta"+es, que come"aram a subir mais acentuadamente a partir de &''#. Assinalese que a maior parte das importa"+es no v=m dos pa>ses do Mercosul, como seria dese esperar. As importa"+es da nio Europia e, em menor volume dos Estadosnidos, c;e!am ao rasil com pre"os inferiores aos ofertados pelos produtoresnacionais, beneficiandose das pol>ticas de subs>dios e de dumpingl1 praticadas. Asimporta"+es brasileiras obedecem s. : !overno, por sua vez, com a pol>tica que vem praticando, de redu"odas tarifas de importa"+es, penaliza duramente os produtores nacionais. A maior partedestes procura no desmobilizar seus investimentos, aceitando pre"os que mal cobremos custos e que no possibilitam sua moderniza"o, mantendose na atividade combaix>ssima produtividade. A tend=ncia altista dos pre"os internacionais, que come"a ase manifestar, poder1 tornar, em breve, as importa"+es proibitivas, com repercuss+esbastante ne!ativas no rasil, pela falta de apoio dispensado aos produtores nacionais.Gsto a!ravar1 o problema do consumo percapita de leite, que ainda muito baixo.

    4eve ainda ser observado o caso das importa"+es de arroz, produto fundamental nadieta do brasileiro e que vem adquirindo um peso crescente nas importa"+es do pa>s.Foi no in>cio da dcada de noventa que as importa"+es de arroz come"aram a crescer,consolidando uma situa"o de depend=ncia externa, apesar do pa>s ser o maior

    produtor mundial, depois da 9sia. : maior risco das importa"+es, para o rasil, est1 nofato de que os pre"os domsticos so cada vez mais influenciados pelo mercadointernacional. 4iante de uma eleva"o dos pre"os internacionais do arroz, restar1subsidiar o consumo interno, ou deixar a popula"o de mais baixa renda se privar deum alimento b1sico na sua dieta.

    Ao se analisar a atual pol>tica de importa"+es a!r>colas efetuada pelo rasil, precisoque ela se-a observada a partir de um contexto mais amplo, estando diretamentevinculada ao ob-etivo de preserva"o da estabilidade da moeda, obtida atravs do

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    )lano 8eal. 2alendose de uma moeda claramente sobrevalorizada, o rasil conse!uiumanter sua cesta b1sica de alimentos livre de press+es altistas dos pre"os, recorrendoveis artificialmente mais baixos e por meio de uma competi"oem condi"+es privile!iadas contra os produtos nacionais, obri!am que estes tambm

    se-am vendidos internamente a pre"os i!ualmente baixos. At aqui, assim seestabeleceu o processo que ficou con;ecido como Bncora verde do )lano 8eal,neutralizando a presso que seria exercida pela cesta b1sica de alimentos sobre ainfla"o.

    : problema pode se complicar de duas formasT por um movimento altista dos pre"osdas commoditiesque o pa>s importa, no mercado internacional, vari1vel sobre a qual o!overno brasileiro no tem como intervir e que, em al!um momento, dever1 acontecer,dada a volatilidade dos mercados internacionais. :u pela necessidade do rasil fazerum a-uste cambial, trazendo sua moeda para um patamar mais realista. A atual criseeconDmica, marcada pela depend=ncia do modelo brasileiro para com o capitalespeculativo internacional e o crescimento da d>vida p@blica em parte provocada pelosse!uidos dficits na balan"a comercial brasileira deixa viva a amea"a de que esta

    se!unda ;ipCtese pode estar perto de se confirmar. Mais !rave ainda ser1 se o rasilenfrentar uma situa"o simultBnea de eleva"o dos pre"os internacionais dos produtosque importa e for obri!ado a realizar a desvaloriza"o de sua moeda. Jver /abela &$K

    : pre"o mais alto que o rasil pa!a, ao aplicar na a!ricultura a pol>tica de abertura desua economia, substituindo a produ"o interna pelas importa"+es, est1 nadesestrutura"o da sua capacidade de produ"o a!r>cola voltada para o atendimentodo mercado interno. Gsto vem ocorrendo porque, ao invs de buscar fortalecer o setorprodutor de alimentos mais tradicionais, baseado na a!ricultura familiar, a pol>ticadominante tem sido de buscar o camin;o imediatista de importa"+es de alimentosb1sicos, destruindo sua capacidade de produ"o e autosufici=ncia.

    omente uma profunda reviso das pol>ticas a!r>colas poder1 alterar o atual quadro,

    que tem como uma de suas principais consequ=ncias a excluso dos pequenosa!ricultores familiares. Esta reviso deve se basear na premissa de voltar a sercolocada como prioridade a a!ricultura local de base familiar, capaz de produzir abaixos custos e asse!urar de forma est1vel a soberania alimentar do pa>s. )or outrolado, esta soberania tambm se asse!ura atravs do fortalecimento de um padroalimentar !enuinamente brasileiro, com o respeito < cultura alimentar de nosso povo. Aluta em torno desta perspectiva, portanto, no pode ficar restrita aos pequenosa!ricultores familiares. L neste sentido que qualquer possibilidade de transforma"o deprioridades passa pelo encontro de interesses entre pequenos produtores econsumidores. 2ale reproduzir a preocupa"o de arriet Friedmann J&''%K, militantecanadense da causa da se!uran"a alimentar, que sintetiza com !rande clareza adimenso desta questoT ?om a perda do poder econDmico para as corpora"+es e aperda do poder demo!r1fico para os consumidores, os a!ricultores devem encontrar

    novos aliados, tanto para vincular a a!ricultura aos problemas da e!uran"a Alimentar,sa@de e sustentabilidade ambiental, como para a-ustarse ao poder das corpora"+es,cada vez menos re!ulado, no interior de um setor a!roalimentar crescentementetransnacional.

    Sustentabilidade e Segurana Alimentar! progressos e no"as ameaas

    /omando a defini"o da FA: de sustentabilidade, como o que consiste na ordena"o econserva"o da base de recursos naturais e na orienta"o da mudan"a tecnolC!ica e

    http://amar-bresil.pagesperso-orange.fr/documents/secual/tab14.htmlhttp://amar-bresil.pagesperso-orange.fr/documents/secual/tab14.html
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    institucional, de tal maneira que se asse!ure a cont>nua satisfa"o das necessidades;umanas para as !era"+es presentes e futuras, percebese que o rasil no vempraticando um desenvolvimento sustent1vel, na medida que no !arante nem nopresente, nem para o futuro, a satisfa"o das necessidades ;umanas e sequerpreserva os recursos naturais, a partir das pr1ticas de explora"o desses recursos.

    Neste sentido, a discusso da falta de sustentabilidade, proporcionada pelo modelo dedesenvolvimento aqui aplicado e, em especial, pelo modelo a!r>cola, !an;a relevBnciaquando examinado < luz do problema da e!uran"a Alimentar.

    No cabe estender a discusso sobre o modelo inspirado na 8evolu"o 2erde, -1fartamente analisado em uma lon!a srie de importantes estudos. 2ale, somente,res!atar suas principais caracter>sticas, enquanto modelo que, nos @ltimos trinta anos,favoreceu as culturas de exporta"o ou associadas micosJfertilizantes e pesticidasK sobre as culturas a!r>colas voltadas para os mercadosexterno e interno.

    :s nefastos efeitos sobre o meio ambiente e a sa@de so ;o-e amplamente con;ecidosTa eroso dos solos a exi!=ncia crescente de fertilizantes qu>micos para compensar aredu"o dos recursos naturais e a manuten"o dos n>veis de produtividade oenvenenamento de solos, rios e la!os e dos alimentos consumidos pela popula"o e aresist=ncia adquirida pelas pra!as. A e!uran"a Alimentar ficou, assim, seriamentepre-udicada em diversos de seus elementos formadores, como a prCpria capacidade deprodu"o e a contamina"o das 1!uas e dos alimentos.

    No entanto, vemse constatando a pro!ressiva mudan"a de postura de uma parcelados consumidores e de produtores, quanto < aceita"o deste modelo predador do meioambiente, mesmo sendo esta nova postura ainda insuficiente para exi!ir umatransforma"o mais radical do mesmo modelo.

    Foi em face deste avan"o que se lo!rou obter, por exemplo, ainda na dcada deoitenta, uma le!isla"o severa sobre os a!rotCxicos, embora quase nunca !arantida poradequada fiscaliza"o. 4a mesma forma, observouse tambm que no ocorreu umaretomada do consumo de fertilizantes e pesticidas, nas bases que acontecia na primeirametade da dcada de oitenta, mesmo considerandose que os pre"os desses produtosvem apresentando uma tend=ncia de queda, fruto de i!ual tend=ncia verificada para ospre"os do petrCleo.

    ?resceu, tambm, a ado"o de modelos tecnolC!icos alternativos e adequados nimospara as le!isla"+es de propriedade intelectual dos pa>ses membros. E com baseneste acordo que vem sendo produzidas press+es de todas as ordens, por parte dosEstados nidos e das principais a!=ncias multilaterais, sobre os pa>ses emdesenvolvimento, para que recon;e"am uma ordena"o -ur>dica no Bmbito dapropriedade intelectual claramente lesiva a seus interesses.

    No rasil, entre os anos de &''R e &''I, foram re!ulamentadas as novas le!isla"+esde )atentes e de ?ultivares, que alteraram profundamente a le!isla"o a respeito dodireito de propriedade sobre seres vivos, animais e ve!etais, modificados!eneticamente.

    Esta nova le!isla"o, embora atenuada em compara"o < forma como inicialmente seapresentou, deixou bastante suscet>vel o patrimDnio !entico nacional. :s defensoresdo recon;ecimento da propriedade intelectual ar!umentaram, na ocasio, sobre o saltotecnolC!ico que ser1 dado, com aumento inusitado da produ"o a!roalimentar,reproduzindo a vel;a promessa da 8evolu"o 2erde. Mas todos os ind>cios so de queos @nicos beneficiados sero os !randes !rupos transnacionais que buscam o totalcontrole sobre os insumos a!r>colas. em d@vida, os efeitos desta novare!ulamenta"o sero sentidos em um prazo mais lon!o. : primeiro deles poder1 ser aredu"o, de maneira alarmante, da diversidade !entica. 4e fato, o atual modelo dedesenvolvimento a!r>cola tem como uma de suas caracter>sticas a demanda por umauniformidade de culturas, visando obter economias de escala e atender a produ"o ecol;eita mecanizada. Mas, paradoxalmente, ao mesmo tempo que estes sistemasdestroem a diversidade, dependem dela para dar se!uimento aos seus processos deinova"o.

    Alm disso, o patenteamento de espcies ve!etais traz fortes impactos sobre oa!ricultor, na medida que cerceado seu direito de reprodu"o de sementes, pr1ticaesta que ali1s sempre foi exercida. : se!mento de sementes passa a ser controladopor um !rupo reduzido de empresas transnacionais, em sua maioria da qu>mica fina, oque permite um dom>nio mais amplo sobre toda a c;amada a!roind@stria < montante e

    -usante, na medida que as sementes podero funcionar como ve>culo definidor de todoum pacote tecnolC!ico.

    A amea"a < sustentabilidade e < se!uran"a alimentar pelo monopClio do se!mento desementes, concentrado nas mos de al!umas transnacionais, ocorre porque estaspassam a ter a prerro!ativa de definir o qu=, como, quando e quanto produzir e a quemdistribuir esta produ"o. : aumento dos custos de produ"o para os a!ricultores,

    determinado pelo fato de que estes tero que adquirir sementes ao invs de produzilase troc1las, far1 com que estes custos se-am repassados, inevitavelmente, para osalimentos, reduzindo ainda mais o acesso dos consumidores aos mesmos.

    A aprova"o da le!isla"o de patentes produziu uma perplexidade nos movimentossociais que estiveram mais diretamente envolvidos na luta contra sua aprova"o. Aprimeira iniciativa mais si!nificativa de resist=ncia a esta nova situa"o est1 em curso,no ?on!resso Nacional. Materializouse, inicialmente, com o )ro-etodelei da senadoraMarina da ilva, acerca do Acesso aos 8ecursos enticos. Este pro-eto de lei propDs

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    a re!ulamenta"o do direito de acesso aos recursos !enticos ou produtos derivados ea cultivos a!r>colas domesticados ou semidomesticados. Gnspirado nas resolu"+es da?onven"o da iodiversidade, da qual o rasil um dos si!nat1rios, tal pro-eto tevecomo sucedBneo o )ro-eto de 6ei apresentado pelo 4eputado 3acques 5a!ner J)/AK, que no possui diferen"as fundamentais com o pro-eto da enadora Marina. :

    !overno federal, surpreendido inicialmente com tais iniciativa, procura retomar ocontrole total sobre esta matria, sabedor da presso internacional que ocorrer1, caso ainiciativa da oposi"o !an;e maiores ades+es e possa se tornar uma barreira para aspretens+es das transnacionais. )or isto, -1 apresentou um substitutivo. A expectativa de que no ano de &''' ocorra uma defini"o nesta disputa. :s parlamentares queapoiam o pro-eto da oposi"o v=m buscando alternativas para o encamin;amento daproposta, ao mesmo tempo que os movimentos sociais come"am a tomarcon;ecimento do assunto e or!anizase uma estrat!ia para esta luta.

    A poltica governamental na rea de segurana alimentar

    -s polticas do overno /ernando 0enrique 1ardoso na rea da segurana alimentarsignificaram o aandono desta questo como uma prioridade estrat#gica" status que

    fora conquistado no governo anterior. Entretanto" em grande parte premido pelaspress+es que a moilizao social produz" tem sido conquistados alguns avanos" no

    s2 nos resultados 3 como a reduo da desnutrio" constatada pelos indicadoresantropom#tricos 3 como tam#m nas formas de gesto e controle" com a criao de

    inst4ncias que garantem uma maior participao social.

    *e mais lastimvel foi a extino do I5-5" deixando por um longo perodo a rea desa$de e nutrio" aonde se concentravam os programas de maior import4ncia" (

    espera de uma reorganizao que" s2 um ano e meio depois" comea a se esoar.

    : in>cio dos anos noventa marcado por um dos per>odos mais lament1veis da pol>tica!overnamental na 1rea da e!uran"a Alimentar. Assistiuse, desde os primeiros dias do!overno ?ollor, < descontinua"o !eneralizada dos -1 prec1rios pro!ramas dealimenta"o, ento existentes. As repercuss+es desta pol>tica irrespons1vel se fizeramsentir mesmo apCs o impeac;ment de ?ollor, pela desestrutura"o que resultou para am1quina !overnamental.

    31 no discurso de posse, Gtamar Franco declarou a inten"o de assumir como umaprioridade estrat!ica a questo da e!uran"a Alimentar. ucederamse nos seusprimeiros meses de !overno al!uns fatos que vieram a fortalecer esta perspectiva. Foiapresentada ao presidente a proposta do !overno paralelo, de uma )ol>tica Nacional dee!uran"a Alimentar, que tin;a como uma das idias centrais a forma"o de um?onsel;o de e!uran"a Alimentar, diretamente li!ado < )resid=ncia da 8ep@blica e quedeveria nuclear as pol>ticas de produ"o a!roalimentar Ja!r1ria, a!r>cola ea!roindustrialK, de comercializa"o, distribui"o e consumo de alimentos e, em paralelo,implementar a"+es emer!enciais contra a fome. : presidente Gtamar assumiu estaproposta, criando o ?:NEA J?onsel;o Nacional de e!uran"a AlimentarK. Este?onsel;o constituiu, pela primeira vez, uma parceria de ministros e personalidades dedestaque da sociedade civil, em sua maior parte li!ados ao Movimento pela Ltica na)ol>tica.

    m instrumento fundamental para a mobiliza"o de !overno e sociedade no combate

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    fome foi o lan"amento do Mapa da Fome, -1 referido neste texto. Ao lado disto, o!overno Gtamar procurou retomar os pro!ramas antes existentes, a partir do ?:NEA.Foi assim que procurou corri!ir o desvio de dire"o dos pro!ramas para o p@blico alvoa irre!ularidade na proviso dos alimentos Jmerenda escolar, cesta b1sica, etc.K e apouca associa"o destes pro!ramas com a presta"o de cuidados b1sicos de sa@de,

    entre outros.

    : ?:NEA durou os dois anos do !overno de Gtamar Franco J&''# e &''$K e sob sua!ide obtevese avan"os no desprez>veis na pol>tica de e!uran"a Alimentar, como adescentraliza"o da merenda escolar, a amplia"o e divul!a"o do )ro!rama de

    Alimenta"o do /rabal;ador J)A/K, a implementa"o do )ro!rama de ?ombate ticas que se tentouimplementar, foram muitas as limita"+es que se interpuseram a partir do prCprio!overno, na medida que as prioridades de fato foram dadas da, a perda da prioridadeestrat!ica conferida < e!uran"a Alimentar, pelo menos assim declarada, pelo anti!o!overno Gtamar Franco.

    #omunidade Solidria

    Em que pese a ?omunidade olid1ria no ter como @nico alvo a questo da e!uran"aAlimentar, foi em sua Crbita que os diferentes pro!ramas relacionados com esta matriapassavam a ser tratados.

    : )ro!rama se autodefine como tendo uma proposta estrat!ica de combate < pobrezae erradica"o da misria, pautada sobre interven"+es de curto prazo. /ambm declaraa inten"o de conduzir a )ol>tica ocial do overno atravs de um processo dedescentraliza"o e da aloca"o de recursos com base em critrios transparentes. euob-etivo central !erenciar de forma eficiente e eficaz as a"+es e pro!ramas sociaisque tra!am mel;orias aos se!mentos mais pobres da popula"o.

    )ropondose a trabal;ar prioritariamente nos munic>pios brasileiros aonde mais a!udaa pobreza, baseouse nos dados do Mapa da Fome, delimitando como !rupo alvo os&Q mais pobres da popula"o. ?onsiderou tambm, na escol;a destes munic>pios, aviabilidade operacional de cada localidade e a prCpria adeso do munic>pio < proposta.

    Entretanto, estes critrios no t=m sido inteiramente observados, na medida quefinalidades de cun;o eleitoral v=m se impondo, como o caso da incluso demunic>pios do Estado do 8io de 3aneiro, ao mesmo tempo que estados como

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    AmazDnia, 8ondDnia e 8oraima, aonde situamse bols+es de pobreza ainda maisextremos, ficaram exclu>dos Jurland7, &''(K.

    )or defini"o, o )ro!rama no tem um car1ter executivo, procurando articular ecoordenar a"+es entre diversos ministrios. Estes sim, se dividem na tarefa de

    execu"o dos diversos pro!ramas sociais.

    /al como no caso do ?:NEA, a ?omunidade olid1ria diretamente vinculada do por uma ecretaria Executiva, respons1vel pelaarticula"o e coordena"o das a"+es do !overno, alm de fazer a interlocu"o com seu?onsel;o ?onsultivo. eu ?onsel;o composto por & Ministros de Estado e P&representantes da sociedade civil. No entanto, a constitui"o do ?onsel;o ?onsultivo foium ponto em que se mantiveram debilidades antes -1 observadas no ?:NEA. )ois,embora ten;a sido um avan"o dar espa"o para a participa"o da sociedade, seusrepresentantes continuaram sendo nomeados pelo )residente da 8ep@blica,independente de sua representatividade na sociedade e nos !rupos sociais de ondeso oriundos.

    4entro de seu enfoque social mais abran!ente, o ?omunidade olid1ria definiu umaa!enda m>nima de prioridadesT :cupa"o e 8enda, e!uran"a Alimentar, ?rian"as e3ovens e 4esenvolvimento 8ural. ?om base nestas prioridades as a"+es do )ro!ramaresponderiam a sete !randes ob-etivosT iK 8eduzir a mortalidade na infBncia iiK Mel;oraras condi"+es de alimenta"o dos escolares e das fam>lias carentes iiiK )romover a"+esde saneamento b1sico e ;abita"o para popula"+es de baixa renda ivK Estimular aa!ricultura familiar vK Apoiar assentamentos rurais viK Apoiar o desenvolvimento doensino fundamental e viiK erar ocupa"o e renda e promover a qualifica"oprofissional.

    )ara atuar sobre as diferentes 1reas que l;e so priorit1rias, foi definida a constitui"ode ?omit=s etoriais, encarre!ados de apresentar propostas para a mencionadaa!enda m>nima.

    Foi assim constitu>do um ?omit= etorial de e!uran"a Alimentar. ma das primeirasiniciativas deste ?omit= foi realizar um processo de consulta, que culminou com umareunio ampliada do ?onsel;o, em outubro de &''R, do qual participaram P# entidadesda sociedade civil, entre or!aniza"+es de movimentos sociais e :Ns e, tambm, dasrepresenta"+es empresariais li!adas ao tema, e mais as representa"+es de oitoMinistrios, o secret1rio de assuntos estrat!icos da )resid=ncia da 8ep@blica, oassessor especial da )resid=ncia da 8ep@blica e os ?onsel;eiros da ?omunidadeolid1ria. : ob-etivo desta consulta foi estabelecer os consensos !erais e poss>veiscom a sociedade, para a pro!rama"o do trabal;o a ser realizado por aquele ?omit=.

    :s consensos estabelecidos esto na /abela &%. Ao lado destes consensos foitambm arrolado um con-unto de propostas para a 1rea, entre as quais, iK fiscalizar osestoques re!uladores do !overno quanto a seu padro de qualidade fitossanit1rio iiKfortalecer o G2AN, monitor1lo e avali1lo iiiK firmar o )ro-eto FA:0GNAN defortalecimento institucional do GNAN JGnstituto Nacional de Alimenta"o e Nutri"o doMinistrio da a@deK ivK atualizar o mapa da fome vK constituir rupo de /rabal;omultisetorial e multidisciplinar para elaborar indicadores de se!uran"a alimentar enutricional viK estudar a viabilidade de isentar ou reduzir o G?M dos produtos da cestab1sica viiK ;omo!eneizar a defini"o de cesta b1sica a fim de permitir um

    http://amar-bresil.pagesperso-orange.fr/documents/secual/tab15.htmlhttp://amar-bresil.pagesperso-orange.fr/documents/secual/tab15.html
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    acompan;amento por parte de diferentes or!anismos e do prCprio !overno.

    :bservese que, das propostas destacadas acima, apenas aquelas relativas das. :utras, como a atualiza"o do Mapa da Fome, ainda encontra

    se pendente de divul!a"o. E, a do fortalecimento do GNAN resultou no seu contr1rio,ou se-a, a extin"o do Cr!o.

    A ?omunidade olid1ria, como -1 foi mencionado, atua articulada com os Ministrios daa@de, A!ricultura, Educa"o e /rabal;o. Wuatro prioridades so trabal;adas naquiloque se denomina A!enda da e!uran"a Alimentar e NutricionalT

    -tendimento a 1rianas e estantes *esnutridas" ligado ao Minist#rio da 6a$de7,rograma de *istriuio Emergencial de -limentos %,8)*E-&" ligado ao Minist#rioda -gricultura e do -astecimento" atrav#s da 1ompan9ia 5acional de

    -astecimento %1)5-B&7,rograma 5acional de -limentao do Escolar %Merenda Escolar&" ligado ao

    Minist#rio da Educao7,rograma de -limentao do raal9ador %,-&" ligado ao Minist#rio do raal9o.

    Atendimento a #rianas e Gestantes $esnutridas

    Gnicialmente a prioridade da ?omunidade olid1ria foi dada ao )ro!rama deAtendimento ao 4esnutrido e a estante em 8isco Nutricional 6eite a@de. 4epoisforam incorporadas as c;amadas a"+es b1sicas -1 desenvolvidas pelo )ro!rama de

    Aten"o Gnte!ral < a@de da Mul;er J)AGMK, )ro!rama de Aten"o Gnte!ral < a@deda ?rian"a J)AG?K e o )ro!rama Nacional de Gmuniza"o J)NGK, alm de novos

    pro!ramas, como o )ro!rama de A!entes ?omunit1rios de a@de J)A?K e o)ro!rama de a@de da Fam>lia J)FK.

    ?onforme relata urland7 J&''(K, dentro desta defini"o mais abran!ente, o pro!rama6eite a@de o @nico que possui caracter>stica distinta, enquanto suplementa"oalimentar. : atendimento a crian"as desnutridas e !estantes em risco nutricional exi!edos servi"os de sa@de envolvidos um monitoramento sistem1tico. em d@vida, adistribui"o de alimentos um atrativo que funciona para a amplia"o e preserva"o dop@blico que procura as nidades de a@de. Mas estes pro!ramas tambm t=m sidomarcados por frequente descontinuidade, pre-udicando o prosse!uimento do trabal;oque se pretende realizar.

    Nesse sentido, mostrase controverso, quanto a sua capacidade de corresponder ao

    que se espera, dentro do atendimento que presta, alm de poder se constituir em uminstrumento de bar!an;a pol>tica para o overno Federal, enquanto repassador para osmunic>pios.

    ?ontudo, os resultados parecem positivos, quando o pro!rama avaliado peloindicador da mortalidade infantil. Mas, a redu"o de $#Q na mortalidade infantil, entre&''$ e &''I, nos munic>pios onde foi implantado o )ro!rama, atribu>da,principalmente, ao trabal;o realizado pelos a!entes comunit1rios de sa@de e pelasequipes de mdicos de fam>lia, que atendem aproximadamente P% mil;+es de pessoas

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    em I munic>pios, concentrados na re!io Nordeste Jprincipalmente, Ala!oas, ?ear1,)iau> e Maran;oK.

    Merece ainda men"o os avan"os que v=m sendo obtidos na difuso da pr1tica doaleitamento materno exclusivo nos primeiros $ a R meses de vida, indicando os acertos

    do )ro!rama Nacional de Gncentivo ao Aleitamento Materno J)NGAMK, coordenado peloextinto GNAN. Gsto, porm, no deve encobrir a baix>ssima adeso a esta pr1tica, aindapredominante no pa>s.

    %rograma de $istribuio Emergencial de Alimentos &%'($EA)

    2em desde a dcada de sessenta, a pr1tica de distribui"o de cestas b1sicas para aspopula"+es em situa"o de risco nutricional, principalmente em socorro aos atin!idospela seca no Nordeste. 4urante as dcadas de setenta e oitenta sucederamsediversos pro!ramas de distribui"o de alimentos J)ro!rama de uplementa"o

    Alimentar0GNAN, )ro!rama de ?omplementa"o Alimentar06A e )ro!rama />quete do6eiteK, sempre muito questionados por suas caracter>sticas de descontinuidade,

    ;ipercentraliza"o e pelo aproveitamento pol>tico obtido a partir de pr1ticas clientelistase assistencialistas.

    ApCs a descontinuidade dos )ro!ramas Alimentares, que marcaram o !overno ?ollor,retomouse a distribui"o de cestas b1sicas, no !overno Gtamar Franco, fazendose usode estoques p@blicos de alimentos. L ento criado o )8:4EA, como a forma maisimediata de enfrentamento do que fora demonstrado pelo Mapa da Fome e que foimantido pelo !overno F?.

    ?omo observa 2alente J&''RK, a !rande novidade do )8:4EA foi a cria"o de?omiss+es Municipais de Acompan;amento, uma forma clara de democratiza"o da!esto e controle, na qual teoricamente esto inte!rados representantes desindicatos rurais, associa"+es, i!re-as etc.

    Apesar do avan"o na concep"o deste pro!rama, persistem uma srie de den@ncias declientelismo, aproveitamento eleitoral, corrup"o, inefici=ncia, assistencialismo e decausar pre-u>zos aos produtores e comerciantes dos munic>pios contemplados. Gstodemonstra a dificuldade que sempre inerente a qualquer pro!rama de distribui"o dealimentos. A via da constitui"o das ?omiss+es parece ser vital para que a !estodestes pro!ramas se-a feito da forma mais transparente poss>vel. Mas, ;1 de seconsiderar tambm o tempo necess1rio para que a sociedade nestes munic>pios maiscarentes consi!a amadurecer politicamente e !arantir uma comisso vi!ilante eindependente do poder local.

    e!undo informa"o da ?:NA, o )8:4EA distribuiu, em &''I, um total de quase &%mil;+es de cestas a &,% mil;o de fam>lias nos munic>pios do ?omunidade olid1ria,

    alm de tambm atender a ' mil fam>lias de semterra, em '# acampamentos e $(mil fam>lias de ind>!enas, de #'R aldeias em situa"o de car=ncia alimentar.

    L ine!1vel que este o pro!rama que traz maiores dividendos pol>ticos para o !overno,por tratarse daquele de maior visibilidade.

    %rograma *acional de Alimentao do Escolar &+erenda Escolar)

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    A merenda escolar, entre os pro!ramas de distribui"o de alimentos, aquele que maisse -ustifica, na medida que atende ao universo da popula"o infantil matriculada emescolas p@blicas. Alm disso tem a contrapartida de manter crian"as estudando,frequentemente por conta da merenda fornecida pela escola.

    : !overno Fernando enrique tem anunciado como principal meta em rela"o a estepro!rama, sua total descentraliza"o, repassando para os munic>pios aresponsabilidade de sua !esto e ficando para o overno Federal apenas a dota"o erepasse dos recursos. No entanto, neste ponto que os maiores problemas temacontecido, com freqSentes atrasos no repasse aos munic>pios.

    e!undo dados oficiais, foi destinado < merenda escolar, em &''I, um total de 8V RImil;+es, atendendo #% mil;+es de crian"as. :s munic>pios priorit1rios da ?omunidadeolid1ria consumiram cerca de P'Q do total aplicado no pa>s.

    %rograma de Alimentao do rabal-ador &%A)

    Atin!e cerca de ',% mil;+es de trabal;adores, sendo que ($Q deles recebem at oitosal1rios m>nimos. /rabal;a com tr=s modalidades de atendimentoT servi"os de refei"+esindustriais, de cestas de alimentos0t>quetes alimenta"o e t>quetes refei"o.

    #obertura dos %rogramas da Agenda .sica

    Na /abela &Rapresentase um resumo da cobertura dos pro!ramas da A!enda 1sica,em termos dos recursos aplicados, o n@mero de benefici1rios e de recursos ;umanosempre!ados.

    ?onforme foi recon;ecido no 8elatCrio das A"+es overnamentais de &''I, sobre o)ro!rama da ?omunidade olid1ria, foram constantes os atrasos na libera"o derecursos previstos em or"amentos, com evidentes pre-u>zos sobre os pro!ramas.

    A proposta de or"amento para &''( implicou em redu"o de &&Q nos recursosdestinados ao :r"amento de e!uran"a Alimentar, correspondente a &,% bil;o dereais.

    %articipao brasileira na #pula +undial de Alimentao

    Em &''R, por for"a do processo de prepara"o da participa"o brasileira para a ?@pulaMundial de Alimenta"o, foi constitu>do um rupo de /rabal;o com representantes do!overno e da sociedade civil, para a eleva"o do 4ocumento brasileiro a ser levado