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ÉRIKA MICHELLE CORREIA DE MACÊDO AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA INATA DE CRIANÇAS COM DESNUTRIÇÃO GRAVE HOSPITALIZADAS NO IMIP RECIFE 2011

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ÉRIKA MICHELLE CORREIA DE MACÊDO

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DA RESPOSTA

IMUNOLÓGICA INATA DE CRIANÇAS COM

DESNUTRIÇÃO GRAVE HOSPITALIZADAS NO IMIP

RECIFE

2011

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ÉRIKA MICHELLE CORREIA DE MACÊDO

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DA RESPOSTA

IMUNOLÓGICA INATA DE CRIANÇAS COM

DESNUTRIÇÃO GRAVE HOSPITALIZADAS NO IMIP

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Nutrição do

Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco,

para obtenção do título de Mestre em

Nutrição.

Orientadora: Profa. Dra. Célia Maria Machado Barbosa de Castro.

Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Rodrigues Falbo.

RECIFE

2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos bens mais preciosos da minha vida, meus

pais: Esio e Marizete, sem os quais nada disso seria possível. Obrigada pelo

incentivo constante e pela luta sem fim para me proporcionar uma educação

de qualidade. Mesmo com a distância sempre tive a certeza da torcida e

apoio de vocês. Amo muito vocês.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, pela sabedoria, pela oportunidade e que me iluminou durante a

minha vida e me deu forças para concluir mais uma etapa da minha vida

profissional.

Aos meus pais, Ésio e Marizete, que apesar de todas as dificuldades

encontradas, nunca deixaram de incentivar e proporcionar meus estudos, a fim de

que eu realizasse meu sonho de um dia ser nutricionista e mestre. Pelo amor,

carinho e afeto transmitidos mesmo apesar da distância e por todos os

ensinamentos que foram fundamentais tanto na minha vida pessoal quanto

profissional. Amo muito vocês.

Aos meus irmãos Eric Murilo e Ésio Marcílio que mesmo longe apoiaram minhas

decisões e escolhas, transmitindo sempre pensamentos positivos. Sou fã de

vocês, os amo muito!

A Marco, pois sem ele a realização desse trabalho não seria possível, pois esteve

presente em todas as etapas desta dissertação, desde a idealização do projeto

até a redação dos artigos. Muito obrigada!

A professora Célia Castro, pela orientação deste trabalho, pelo imenso auxílio,

ensinamentos e paciência em todos os momentos da minha formação. Muito

obrigada por tudo.

A professora Ana Falbo, por dividir um pouco de seus conhecimentos sobre a

criança desnutrida.

À Rebecca, companheira inseparável desde a iniciação científica e a qual foi

imprescindível para a realização deste trabalho. Obrigada por estar do meu lado

em todos os momentos difíceis que passamos e pelo auxílio em todas as etapas

desta dissertação.

À Kellyane sempre disponível a nos avisar sobre o intermanento das crianças

desnutridas graves.

Ao meu sobrinho Eric e afilhada Nina que com suas inocências e carinhos sempre

me trazem muitos motivos de alegria.

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Ao IMIP e ao LIKA pela oportunidade de realização deste trabalho.

Ao paciente, sem você nada teria sentido. Meu muito obrigada.

Aos familiares dos pacientes, muito obrigada por permitirem a realização deste

trabalho.

A Tereza Rebeca, imprescindível para a realização deste trabalho, com que

sempre pude contar para a solicitação dos exames.

Aos funcionários do laboratório do IMIP e auxiliares de enfermagem do 4º

andar pelo apoio que me deram na coleta de dados.

Aos professores e funcionários da Pós graduação de Nutrição, pela imensa

contribuição neste meu processo de formação.

Às colegas de mestrado, em especial: Thaís, Heloísa, Gisélia e Amanda pela

amizade, pelos momentos compartilhados, pelas experiências trocadas e pelo

incentivo constante.

Aos meus alunos, pela torcida, incentivo e compreensão para a concretização

desta dissertação. A cada aula ministrada tenho mais certeza que estou no

“caminho certo”.

Aos funcionários e professores do Centro Acadêmico de Vitória, em especial,

Eduíla, Keila, Luciana e Marina, pela amizade, torcida, apoio e compreensão

para finalização desta dissertação e pelo aprendizado transmitido que foram

essenciais em meu crescimento profissional. Meninas muito obrigada, adoro

vocês!

Aos demais familiares e amigos que sempre procuraram entender minhas

dificuldades e sempre estavam próximos e prontos para ajudar.

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi comparar parâmetros do sistema imunológico inato de

crianças menores de dois anos internadas por desnutrição grave, no Instituto de Medicina

Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), e submetidas ao tratamento preconizado pela

OMS, em dois momentos, na admissão e na alta hospitalar com crianças eutróficas. Foram

estudadas 15 crianças com desnutrição grave na admissão hospitalar e 10 na ocasião da alta,

entre os meses de abril e outubro de 2010, houve uma perda de 5 crianças na alta hospitalar, 2

devido à quantidade de sangue insuficiente e 3 por não autorização dos pais ou responsáveis.

A avaliação do grupo desnutrido foi realizada em até 24 horas do internamento e no dia da

alta hospitalar. Para comparação com o grupo desnutrido, foram estudadas 10 crianças

eutróficas atendidas no Serviço de Puericultura do IMIP. Para cada criança, foi coletada uma

alíquota sanguínea de 4ml, para as dosagens imunológicas. Na admissão foram analisados o

leucograma, taxa de fagocitose e a atividade oxidante dos monócitos. Na alta, foram avaliados

o leucograma, a proteína C reativa (PCR), proteínas totais e frações, taxa de fagocitose e a

produção dos radicais livres: ânion superóxido e óxido nítrico pelos monócitos. No grupo

desnutrido predominou o sexo masculino e a idade variou entre 4 e 16 meses. A maioria das

crianças apresentava desnutrição do tipo marasmática e de causa secundária a outras

patologias, principalmente a cardiopatia congênita, e as principais causas do internamento

foram a diarréia e pneumonia. Em relação ao grupo controle, também prevaleceu o sexo

masculino e a idade variou entre 6 e 14 meses. O tempo médio de internamento do grupo

desnutrido foi de 13,5±6,7 dias, sendo maior nos pacientes com desnutrição secundária. Na

admissão hospitalar, as crianças desnutridas mostraram redução significativa no número de

linfócitos (C=56,9±4,5; D=45,0±16,5), da capacidade fagocitária (C=36,9±1,6;

D=31,833±0,9), da liberação do ânion superóxido tanto na primeira hora (1h: C=6,8±0,5;

D=4,7±0,4) quanto na segunda hora (C=12,3±0,6; D=7,3±0,8) e do óxido nítrico (C=7,1±0,6;

D=4,0±0,2) quando comparadas ao grupo controle. Na alta, o grupo desnutrido apresentou

redução signficativa nos valores de linfócitos (C=56,9,8±1,5; D=39,7±1,1) e da produção de

superóxido na segunda hora (C=12,3±0,6; D=7,8±0,9) e de óxido nítrico (C=7,1±0,6;

D=4,6±0,1) quando comparadas ao grupo controle. Em conclusão, a desnutrição grave

acarretou prejuízos na imunocompetência tanto na admissão quanto na alta hospitalar. O

número de linfócitos e a atividade oxidante dos monócitos não foram recuperados na alta, o

que pode comprometer a efetividade na destruição de antígenos e a função microbicida de

monócitos.

Palavras-chave: desnutrição proteico-energética, radicais livres, fagocitose, leucócitos.

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ABSTRACT

The aim of this study was to compare the system parameters innate immune children under

two years admitted for severe malnutrition, the Institute of Medicine Professor Fernando

Figueira (IMIP) and subjected to the treatment recommended by WHO in two moments, at

admission and discharge with normal children. Were studied 15 children with severe

malnutrition at admission and 10 at discharge, between the months of April and October

2010, there was a loss of 5 children in hospital, two due to the amount of blood 3 insufficient

and not permit parents or guardians. The assessment group had been performed within 24

hours inpatient and day of discharge. For comparison with the group malnourished, were

studied 10 normal children assisted at Childcare at IMIP. For each child, an aliquot was

collected 4ml blood for immunological dosages. On admission were analyzed the white blood

count, rate of phagocytosis and oxidative activity of monocytes. At discharge, we evaluated

the cell count, C-reactive protein (PCR), total proteins and fractions, rate of phagocytosis and

production of free radicals: superoxide and nitric oxide in monocytes. In undernourished

group males predominated and ages ranged between 4 and 16 months. Most children had

malnutrition type marasmic and cause secondary to other pathologies, especially congenital

heart disease, and the main causes of hospitalization were diarrhea and pneumonia. In the

control group, also prevailed male and ages ranged between 6 and 14 months. The mean

accommodation of the malnourished group was 13.5 ± 6.7 days, increasing the patients with

secondary malnutrition. At hospital admission, children malnourished showed significant

reduction in the number of lymphocytes (C = 56.9 ± 4.5, M = 45.0 ± 16.5), the phagocytic

apacity (C = 36.9 ± 1.6; M = 31.833 ± 0.9), the release of superoxide anion in the first hour

(1h: C = 6.8 ± 0.5, M = 4.7 ± 0.4) and second hours (C = 12.3 ± 0.6, M = 7.3 ± 0.8) and nitric

oxide (C = 7.1 ± 0.6, M = 4.0 ± 0.2) compared to the group control. At discharge, the group

had presented significative reduction in lymphocyte values (C = 56,9,8 ± 1.5, M = 39.7 ± 1.1)

and the production of superoxide in the second hour (C = 12.3 ± 0.6, M = 7.8 ± 0.9) and nitric

oxide (C = 7.1 ± 0.6, M = 4.6 ± 0.1) compared to the control group. In conclusion, severe

malnutrition has led to losses in both the immune response admission and at discharge. The

number of lymphocytes and the activity oxidant of monocytes were not recovered at

discharge, which can compromise the effectiveness in destroying antigens and function

microbicide monocytes.

Keywords: protein-energy malnutrition, free radicals, phagocytosis, leukocytes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1

FIGURA 2

FIGURA 3

FIGURA 4

FIGURA 5

FIGURA 6

FIGURA 7

FIGURA 8

FIGURA 9

FIGURA 10

FIGURA 11

FIGURA 12

ARTIGO 1

FIGURA 1

Esquema de procedimento para diagnóstico e tratamento hospitalar da

criança com desnutrição grave.

Balança da marca Filizola

Infantômetro

Aferição do peso e da estatura em crinças menores de dois anos.

Tubo de ensaio com sangue venoso

Hemoglobinômetro da marca SYSMEX – XT2000i.

ARCHITECT C8000

Etapas para obtenção, contagem e aderência dos monócitos a partir do

sangue priférico de crianças.

Etapas para avaliação da capacidade fagocítica de monócitos estimulados

in vitro pelos fungos Saccharomyces SP.

Vacúolo fagocítico com fungo no seu interior.

Etapas para leitura dos níveis de nitrato/nitrito em sobrenadante de cultura

de monócitos estimulados in vitro pela Reação de Griess.

Etapas para leitura dos níveis de superóxido em sobrenadante de cultura

de monócitos estimulados in vitro por PMA.

Taxa de fagocitose de macrófagos de crianças menores de dois anos de

idade, hospitalizadas no IMIP.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1

TABELA 2

Fórmulas alimentares para crianças desnutridas graves em

tratamento.

Composição da solução de eletrólitos/minerais

TABELA 3 Esquema para o tratamento de uma criança com desnutrição grave.

ARTIGO 1

TABELA 1

Idade e características antropométricas de crianças

menores de dois anos de idade, atendidas no IMIP.

TABELA 2 Contagem total e diferencial de leucócitos do sangue

de crianças menores de dois anos de idade, atendidas

no IMIP.

TABELA 3 Atividade oxidante (O2- e ON) em sobrenadante de

cultura de monócitos de crianças menores de dois anos

de idade, internadas no IMIP.

ARTIGO 2

TABELA 1

Idade e características antropométricas de crianças

menores de dois anos de idade, atendidas no IMIP.

TABELA 2 Contagem total e diferencial de leucócitos do sangue periférico

de crianças menores de dois anos de idade, atendidas no IMIP.

TABELA 3 Atividade oxidante (O2- e ON) em sobrenadante de cultura de

monócitos de crianças menores de dois anos de idade, atendidas

no IMIP.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ácido etilenodiamino tetra-acético – EDTA

Acetato miristato de forbol - PMA

Células Natural Killer – NK

Desnutrição energético-protéica – DEP

Desvio padrão – DP

Erro padrão da média - EPM

Espécies reativas de oxigênio - EROs

Estatura para idade – E/I

Fator de necrose tumoral – TNFα e TNFβ

Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef

GlutationaPeroxidase – GPx

III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição/PE – III PESN/PE

Imunoglobulina A – IgA

Imunoglobulina D – IgD

Imunoglobulina E – IgE

Imunoglobulina G – IgG

Imunoglobulina M – IgM

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP

Interferon – IFN

Interleucina – IL

Laboratório de ImunopatologiaKeizoAsami - LIKA

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Ministério da Saúde – MS

Nitrito de sódio - NaNO2

Organização Mundial de Saúde – OMS

Óxido Nítrico – ON

Peso para altura – P/A

Peso para idade – P/I

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS

ReidratationSolution for Malnutrition - Resomal

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN

Sistema Único de Saúde – SUS

Solução salina balanceada de Hanks – HBSS

Superóxido – O2-

Superóxido dismutase – SOD

Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 15

2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 20

3. HIPÓTESE...............................................................................................................

4. OBJETIVOS............................................................................................................

3.1 Obejtivo geral................................................................................................

3.2 Objetivos específicos.....................................................................................

5. MÉTODOS..............................................................................................................

36

38

39

39

40

5.1 Desenho do estudo e casuística............................................................................. 41

5.2Critérios de Elegibilidade......................................................................................

5.3 Variáveis Estudadas..............................................................................................

5.3.1 Peso e comprimento......................................................................................

5.4Tratamento da desnutrição grave segundo o Protocolo da OMS......................

5.5 Coleta do sangue....................................................................................................

5.5.1 Leucograma............................................................................................

5.5.2 Proteínas totais e frações.......................................................................

5.5.3 Proteína C reativa..................................................................................

5.5.4 Obtenção de monócitos do sangue periférico......................................

5.5.5 Avaliação da taxa de fagocitose............................................................

5.5.6 Análise da liberação de óxido nítrico (NO)..........................................

5.5.7 Análise da prdução de radicais superóxido...........................................

5.6Análise estatística...................................................................................................

5.7Aspectos éticos........................................................................................................

41

41

42

43

43

47

48

48

49

49

50

51

52

50

53

6. RESULTADOS........................................................................................................ 54

ARTIGO 1 - Efeitos da desnutrição sobre parâmetros da resposta imunológica

inata de crianças desnutridas grave

hospitalizadas...............................................................................................................

55

ARTIGO 2 - Efeitos do tratamento com Protocolo adaptado da OMS sobre a

atividade microbicida de crianças com desnutrição grave em nível

hospitalar.........................................................................................................................

74

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................

PERSPECTIVAS.........................................................................................................

95

97

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 98

APÊNDICES................................................................................................................ 111

ANEXOS..................................................................................................................... 129

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___________________APRESENTAÇÃO

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16

1.0 APRESENTAÇÃO

A desnutrição infantil ainda configura-se como um dos principais problemas de saúde

nos países em desenvolvimento, em especial, nas crianças menores de cinco anos, apesar de

estatísticas mundiais atualizadas mostrarem uma redução significativa (MONTEIRO et al.,

2009; BERNAL et al., 2008; LAGO, HERNANDEZ e SUAREZ, 2007; OLIVEIRA et al.,

2006).

A desnutrição é uma condição de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se

encontram na pobreza. Pode ter início precocemente, ainda na vida intra-uterina, com

conseqüente apresentação de baixo peso ao nascer. Ainda, a escassez no aporte de nutrientes

nos primeiros anos de vida pode ser decorrente tanto do desmame precoce como no manejo

inadequado da alimentação complementar. Esta se apresenta, muitas vezes, associada a

doenças infecciosas de repetição (diarréias e respiratórias), levando a um ciclo vicioso entre

desnutrição e infecção. Problemas que incluem baixo nível sócio-econômicos, cuidados

precários das mães com a alimentação, higiene e saúde e ainda o fraco vínculo mãe-filho são

também fatores de risco para gênese da desnutrição (MS, 2005; NÓBREGA et al., 1992).

Para classificação da desnutrição infantil, a Organização Mundial de Saúde (OMS)

utiliza como ponto de corte o índice P/A baseado nas novas curvas de padrão de crescimento

da OMS (OMS, 2005). Crianças eutróficas apresentam P/A entre -1 e +1 desvios-padrão

(DP); desnutridas leves: P/A < -1DP; desnutridas moderadas: P/A < -2D e desnutridas grave,s

aquelas com P/A < -3DP. As razões para a escolha desse ponto de corte para a desnutrição

energético-proteica (DEP) grave é devido ao elevado risco de mortalidade, cerca de nove

vezes maior do que em crianças eutróficas (P/A ≥ -1DP).

A desnutrição grave apresenta-se de três formas: marasmática, kwashiokor e a

kwashiokor-marasmática. O marasmo ocorre freqüentemente em lactentes, caracterizando-se

por reduzido tecido subcutâneo (emaciação). Crianças marasmáticas apresentam redução de

peso em torno de 60% do normal, são, geralmente, pequenas para idade, têm membros

delgados devido à atrofia muscular, redução da gordura subcutânea, apetite variável e, na

maioria das vezes, apresentam-se irritadas (VOLTARELLI e MELLO, 2008; DULGER et al.,

2002; GUIMARÃES et al., 2007).

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17

O kwashiokor caracteriza-se por edema, que se inicia nos pés e nas mãos, podendo

desenvolver anasarca (edema generalizado), alterações na pele, anorexia, cabelos quebradiços,

fraqueza muscular e hepatomegalia. O marasmo-kwashiokor ou desnutrição mista é a forma

intermediária, apresentando sinais clínicos de ambas às formas (VOLTARELLI e MELLO,

2008; DULGER et al., 2002; GUIMARÃES et al., 2007).

Uma alimentação balanceada é essencial para o desenvolvimento dos diversos

sistemas fisiológicos, inclusive o imunológico (MARCOS, NOVA e MONTERO, 2003;

SCRIMSHAW, 2003). Os efeitos da deficiência de nutrientes sobre a resposta imune

dependem da magnitude, da duração e do período do agravo. Crianças são particularmente

vulneráveis aos efeitos da desnutrição e apresentam maior morbimortalidade devido a doenças

infecciosas (THURLOW, WINICHAGOON e PONGCHAROEN,2006; CUNNINGHAM-

RUNDLES, MCNEELEY e MOON, 2005).

As repercussões da desnutrição sobre os mecanismos de defesa na criança diferem

daquelas que ocorrem no adulto, uma vez que a infância caracteriza-se por ser um período

crítico para o desenvolvimento da defesa imunológica. Sendo assim, insultos nutricionais

neste período acarretarão reduzida resposta imune permanente, o que pode repercutir na vida

adulta (LANGLEY-EVANS e CARRINGTON, 2006; LLOVERA e RODRIGUEZ, 2004).

O êxito da resposta imune requer a participação e a coordenação de células não

específicas e específicas (MARCOS e MONTERO, 2003; KLAUS-HELGE e LOTHAR,

2003), as quais têm sua funcionalidade determinada pela nutrição (SINGH, 2004). Desta

forma, a desnutrição tem efeitos adversos sobre os mecanismos imunológicos, aumentando a

suscetibilidade às infecções e estabelecendo um ciclo vicioso. O agravamento do estado

nutricional acarretado pela diminuição da ingestão, aumento das perdas, má absorção e

comprometimento da mobilização dos estoques corporais conduz a fragilidade das ações de

defesa do organismo (OLIVEIRA et al., 2006; SINGH, 2004; DEMAS, DRAZEN e

NELSON,2003).

Apesar do declínio da desnutrição, o índice de mortalidade hospitalar permaneceu

inalterado nos últimos 50 anos, ficando em torno de 20-30%, em crianças desnutridas graves,

e alcançando taxas de 50-60% naquelas com kwashiorkor (SCHOFIELD e ASHWORTH,

1996). Este valor está muito acima do preconizado pela OMS. A OMS considera o índice de

letalidade como um dos indicadores que refletem o sucesso ou a falência do atendimento ao

desnutrido em unidades hospitalares. Valores superiores a 20% são considerados inaceitáveis,

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18

11-20% letalidade moderada, 5-10% letalidade baixa, 1-4% bom índice de letalidade e <1%

excelente índice de letalidade (ASHWORTH A, SCHOFIELD C, 1998).Os prováveis fatores

que colaboram com estes elevados índices seria referente ao binômio desnutrição-infecção

(BERNAL et al., 2007; SARNI, SOUZA e CATHERINO, 2005).

Com o intuito de reduzir essas altas taxas de mortalidade em nível hospitalar, a OMS

publicou, em 1999, um protocolo com diretrizes para o atendimento e tratamento desses

pacientes. Sua utilização foi recomendada em países em desenvolvimento com adaptações

necessárias a cada local. Esta indicação é baseada na experiência de pesquisadores e de

centros de reabilitação nutricional. (BERNAL et al., 2007; SARNI, SOUZA e CATHERINO,

2005; FALBO e ALVES, 2002; ASHWORTH, 2001). O Instituto de Medicina Integral

Professor Fernando Figueira (IMIP) passou a aplicar este protocolo a partir de dezembro de

2000. O IMIP é uma entidade não-governamental, filantrópica, situada na região

metropolitana do Recife, estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Como centro de

referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento a doenças de alta

complexidade, o IMIP atende rotineiramente crianças de todo o estado e dos estados vizinhos.

São admitidas anualmente cerca de cinqüenta crianças com emagrecimento grave (peso/altura

‹ -3DP) (FALBO et al., 2006).

Em humanos, escassos são os estudos que avaliam a resposta imune em crianças

desnutridas graves na admissão e após o tratamento com o protocolo da OMS, ou seja, na alta

hospitalar. Logo, parece de interesse investigar parâmetros da resposta imune de crianças

desnutridas graves hospitalizadas. Sendo assim, a pergunta condutora que norteou esta

pesquisaé se a desnutrição grave compromete o número de leucócitos, proteínas totais e

frações e a proteína C reativa no sangue, a capacidade fagocítica e a atividade oxidante de

monócitos, tanto na admissão hospitalar quanto após o tratamento preconizado pela OMS, de

crianças desnutridas graves hospitalizadas. O presente estudo teve como objetivo avaliar

parâmetros da resposta imunológica de crianças com desnutrição grave hospitalizadas no

IMIP, no momento da admissão e alta hospitalar. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório

de Imunopatologia Keiso Azami (LIKA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e

no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), tendo como

orientadora a Profa. Dr

a. Célia Maria Machado Barbosa de Castro e como co-orientadora a

Profa. Dr

a. Ana Rodrigues Falbo.

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O estudo gerou 03 artigos científicos. O primeiro, intitulado: Efeitos da deficiência de

cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave, foi

publicado como artigo de revisão na Revista Paulista de Pediatria, v. 28 n° 3; 2010. Esta

revista é classificada com qualis B4 no comitê de Medicina II da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Neste estudo, que será utilizado

como revisão da literatura para a dissertação, foi apresentada uma revisão sobre o sistema

imune, epidemiologia da carência de micronutrientes, desnutrição infantil e os mecanismos de

ação do cobre, zinco e magnésio. O objetivo da revisão foi demonstrar as conseqüências da

deficiência desses micronutrientes sobre o sistema imune, mostrando assim a importância de

sua suplementação no tratamento de crianças com desnutrição grave em nível hospitalar.

O segundo artigo será apresentado como resultado da pesquisa e estará disposto em

sua versão original. Com o título: Efeitos da desnutrição sobre parâmetros da resposta

imunológica inata de crianças desnutridas grave hospitalizadas, foi submetido como artigo

original na revista: Jornal de Pediatria. O periódico possui qualis B3 no comitê de Medicina II

da CAPES. Em resumo, neste artigo, foram avalidados, no momento da admissão hospitalar,

parâmetros do sistema imune inato de crianças com desnutrição grave internadas no Instituto

de Medicina Integral Professor Fernado Figueira (IMIP). Foram realizadas análises do

leucograma, da capacidade fagocítica e dos radicais livres: superóxido e óxido nítrico.

O terceiro artigo será apresentado como resultado da pesquisa e estará disposto em sua

versão original. Com o título: Efeitos do tratamento com o Protocolo da OMS sobre a

atividade microbicida de crianças com desnutrição grave a nível hospitalar, será submetido

como artigo original na revista: Peditric Research. O periódico possui qualis A2 no comitê de

Medicina II da CAPES. Em resumo, neste artigo, foram avaliados, após o tratamento

conforme as recomendações do Protocolo da OMS, parâmetros do sistema imune inato de

crianças com desnutrição grave internadas no Instituto de Medicina Integral Professor

Fernado Figueira (IMIP). Foram realizadas análises do leucograma, proteínas totais e frações,

proteína C reativa, da capacidade fagocítica e dos radicais livres: superóxido e óxido nítrico.

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_________REVISÃO DA LITERATURA

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2. REVISAO DA LITERATURA

DESNUTRIÇÃO INFANTIL

A desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se

encontram na pobreza. A desnutrição, como escassez no aporte nutrientes, pode ser decorrente

do desmame precoce ou de manejo inadequado da alimentação complementar nos primeiros 2

anos de vida, associada, muitas vezes, a doenças infecciosas de repetição (diarréias e

respiratórias), levando a um ciclo vicioso entre desnutrição e infecção (Figura 1). Pode ter

início precocemente, ainda na vida intra-uterina, com conseqüente apresentação de baixo peso

ao nascer e, freqüentemente na primeira infância. Outros fatores de risco para gênese da

desnutrição incluem problemas sócio-econômicos e cuidados precários das mães com a

alimentação, higiene e saúde e ainda o fraco vínculo mãe-filho (MS, 2005; NÓBREGA et al.,

1992).

Figura 1: Ciclo de consumo inadequado de alimentos/aumento de doenças. Fonte:

Adaptado de Sawaya, 2006.

Para classificação da DEP infantil, a OMS utiliza como ponto de corte o índice P/A

baseado nas novas curvas da OMS (OMS, 2005). Crianças eutróficas apresentam P/A entre -1

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e +1 desvios-padrão (DP); desnutridas leves: P/A < -1DP; desnutridas moderadas: P/A < -2D

e desnutridas graves aquelas com P/A < -3DP. As razões para a escolha desse ponto de corte

para a DEP grave é devido ao elevado risco de mortalidade, cerca de nove vezes maior do que

em crianças eutróficas (P/A ≥ -1DP) (Figura 2).

Fig. 2. Possibilidade de mortalidade pelo índice P/A. Fonte: Black, 2008.

A desnutrição grave apresenta-se de três formas: marasmática, kwashiokor e a

kwashiokor-marasmática. Ainda não há um consenso sobre a etiologia que diferencie as três

formas. O marasmo ocorre freqüentemente em lactentes que apresentam emagrecimento

acentuado, extremidades muito finas, abdômen, às vezes, proeminente, grande redução de

panículo adiposo, evidente perda de massa muscular, distrofia muscular de ombros, braços,

nádegas e pernas, contorno das costelas visíveis, quadris estreitos em relação ao tórax e

escassez de gorduras nas nádegas e coxas, formando numerosas pregas na pele que podem ser

vistas, principalmente nas nádegas e a face tem aparência “simiesca” (VOLTARELLI e

MELLO, 2008; MS, 2005; MONTE, 2000). Diarréia, infecção respiratória, parasitoses e

tuberculose comumente estão presentes, bem como sinais de carências de micronutrientes,

como xeroftalmia, deficiência de vitamina B, anemia ferropriva e outras. (MONTE, 2000).

O kwashiokor caracteriza-se por edema depressível, que se inicia nos pés, anorexia,

cabelos finos, sem brilho e quebradiços, fraqueza muscular, lesões de pele (despigmentação,

dermatose de áreas de fricção, descamação) e hepatomegalia acentuada devido a esteatose

hepática e alterações mentais e de humor. Anorexia, diarréia, infecções e deficiências de

micronutrientes (vitamina A, zinco, ferro) são freqüentes (MS, 2005). O marasmo-kwashiokor

ou desnutrição mista é a forma intermediária no qual é característico edema simétrico,

iniciando pelo dorso de ambos os pés, emagrecimento acentuado e quadris estreitos em

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relação ao tórax. (VOLTARELLI e MELLO, 2008; MS, 2005; GUIMARÃES et al., 2007;

MONTE, 2000).

Esquemas têm sido propostos tentado hierarquizar a importância dos fatores causais.

Estes incluem práticas de cuidado com a criança e suas condições de vida como importantes

fatores para gênese da desnutrição. Um deles foi proposto por Olinto (1993) que segue

abaixo:

Fig 3. Modelo hierarquizado das relações entre os fatores de risco para desnutrição. Fonte:

OLINTO, 1993.

Quanto à sua origem, a desnutrição, pode ser primária ou secundária. A primária

decorre quando há inadequação no consumo de energia, macro e micronutrientes, sem a

presença de patologias. Já na desnutrição secundária ocorre um inadequado aproveitamento

funcional e biológico dos nutrientes disponíveis ou aumento do gasto energético, na presença

de doenças associadas, mesmo na vigência de um consumo alimentar adequado. As principais

patologias na faixa pediátrica que ocasionam a desnutrição secundária são as cardiopatias

congênitas, neuropatias, síndrome da imunodeficiência adquirida, pneumopatias crônicas,

fibrose cística, entre outras. (SARNI et al, 2005).

DESNUTRIÇÃO INFANTIL NO BRASIL

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Há uma tendência mundial para o declínio da prevalência da DEP infantil, inclusive no

Brasil, porém ainda não há uma região no país onde se tenha corrigido completamente o

déficit de estatura de crianças menores de 5 anos. Inquéritos antropométricos têm sido

realizados desde a década de 70 mostrando tendências de declínio da desnutrição infantil entre

1975 e 1989 e entre 1989 e 1996. Essas reduções foram atribuídas principalmente à melhoria

do acesso a saúde, do saneamento e aumento da escolaridade materna (MONTEIRO et al.,

2009; MONTEIRO, 2003). No primeiro inquérito realizado em 1975, o retardo estatural

avaliado pelo indicador A/I, mostrou uma maior prevalência de DEP no Nordeste Rural, onde

mais da metade das crianças sofriam de desnutrição moderada (A/I < -2DP), seguido pelo

Nordeste Urbano com uma prevalência de 40,8% (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003;

MONTEIRO, 2003).

O segundo inquérito foi realizado no ano de 1989, mostrando uma tendência de

declínio da DEP em crianças menores de 5 anos em todas as regiões brasileiras. Porém, o

Nordeste Rural ainda apresentava os maiores índices de DEP, 30,9%, um valor muito aquém

do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 5% (BATISTA FILHO e

RISSIN, 2003; MONTEIRO, 2003).

Ao comparar esses dois inquéritos, nota-se uma redução de mais de 50% na

prevalência da DEP em nível nacional, havendo redução de 40,5% em 1975 para 22,7% em

1989, com variação anual de -3,1% (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003; MONTEIRO, 2003).

Sete anos mais tarde, foi realizado o terceiro inquérito, seguindo a tendência de

redução da DEP, com percentual de 25,2% para o Nordeste Rural e 18,9% para o Brasil.

Neste inquérito, observou-se uma maior redução no Nordeste Urbano do que na Região Norte

Urbana, passando esta a ser a segunda região brasileira com os maiores índices de DEP.

Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-1996),

foi encontrado um percentual de 2,1% para o indicador P/A que reflete a forma aguda da

desnutrição (VOLTARELLI e MELLO, 2008).

Em 2008, foi lançado o mais recente inquérito do Brasil, realizado em 2006 pela

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006). Em relação

ao indicador A/I houve um declínio de cerca de 50% em 10 anos. Para o indicador P/A

observou-se uma ligeira redução para 1,6% (MONTEIRO et al., 2009; VOLTARELLI e

MELLO, 2008; PNDS, 2006).

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A média de redução da prevalência de déficits de altura para idade, entre os dois

primeiros inquéritos foi de 5% ao ano. Entre 1989 e 1996 foi de 5,7% e, por fim, entre os anos

de 1996 e 2006 este percentual aumentou para 6,3%. Esses números mostram uma

intensificação da redução da desnutrição infantil no Brasil, ocasionados pelo aumento do

poder aquisitivo e do acesso da população aos serviços públicos essenciais, diferindo dos

fatores relacionados ao declínio dos outros inquéritos (MONTEIRO et al., 2009).

Em Pernambuco, dados da II Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (PESN), realizada

em 1997, mostram que 16% das crianças menores de 5 anos apresentavam desnutrição

crônica e 1,8% desnutrição aguda. Percentuais que melhoraram significativamente com a III

Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição. A desnutrição crônica, avaliada pelo indicador A/I,

foi reduzida de 16% para 9%, decaindo para 5% na região metropolitana do Recife. Os

indicadores peso/idade e peso/altura são considerados pela Organização Mundial de Saúde

sob controle, pois encontraram-se com um percentual inferior a 5% (III PESN, 2006;.

CAUÃS et al., 2006; BATISTA FILHO e ROMANI, 2002).

Ademais, o índice de mortalidade hospitalar permaneceu inalterado nos últimos 50

anos, ficando em torno de 20-30%, em crianças desnutridas graves, e alcançando taxas de 50-

60% naquelas com kwashiorkor (SCHOFIELD e ASHWORTH, 1996). Este valor está muito

acima do preconizado pela OMS.

A OMS considera o índice de letalidade como um dos indicadores que refletem o

sucesso ou a falência do atendimento ao desnutrido em unidades hospitalares. Valores

superiores a 20% são considerados inaceitáveis, 11-20% letalidade moderada, 5-10%

letalidade baixa, 1-4% bom índice de letalidade e <1% excelente índice de letalidade

(SCHOFIELD e ASHWORTH, 1998).

Os prováveis fatores que colaboram com estes elevados índices seriam o

desconhecimento dos profissionais de saúde sobre as particularidades da fisiopatologia da

desnutrição grave, com conseqüente manejo inadequado, resultando em complicações

irreversíveis logo nos primeiros dias de internamento (BERNAL et al., 2007; SARNI,

SOUZA e CATHERINO, 2005; SCHOFIELD e ASHWORTH, 1996).

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PROTOCOLO DA OMS

A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e

podendo levar a óbito, caso não seja tratada adequadamente. A prevenção e o controle da

desnutrição dependem de medidas mais amplas e eficientes de combate à pobreza e à fome e

políticas de inclusão social. No entanto, é responsabilidade dos profissionais de saúde o

atendimento à criança com desnutrição tanto para salvar suas vidas como para promover sua

recuperação e evitar recidivas. Portanto, o sucesso obtido no tratamento da criança

hospitalizada deve ter sua continuidade por meio de medidas adequadas no ambulatório, na

comunidade e no domicílio (MS, 2005).

Diante disto, a OMS elaborou um manual em 1999 que contém diretrizes para o

tratamento da criança desnutrida grave em nível hospitalar, com idade entre 1 e 60 meses. O

manual da OMS visa corrigir falhas que incluem dietas inadequadas com alto teor protéico,

calórico e sódico, reduzido teor de micronutrientes e, ainda, inadequado manejo da

desidratação, uso indevido de antibióticos e utilização de diuréticos (WHO, 1999; BERNAL

et al., 2008; PARRA, LOPEZ e BARRERA, 2004; DEEN et al., 2003; ASHWORTH, 2001).

O Ministério da Saúde em 2005 publicou um protocolo com ações para o tratamento

da criança desnutrida grave intitulado: Manual de atendimento da criança com desnutrição

grave em nível hospitalar, utilizando a metodologia recomendada pela OMS e apoiada pela

Sociedade Brasileira de Pediatria, adaptada à realidade do país. (WHO, 1999; MS, 2005).

Suas determinações objetivavam assegurar a retomada do crescimento, buscando

condições para completa reabilitação nutricional e diminuição da permanência hospitalar,

(MS, 2005; FALBO et al., 2006). É de fácil execução e aplicável em qualquer unidade de

saúde, desde o nível terciário até o primário (ASHWORTH, 2001).

Estudos foram realizados para investigar a efetividade do protocolo em diversos

países. Em Turbo na Colômbia, foi realizado um estudo com crianças desnutridas moderadas

e graves menores de 6 meses, tratadas entre 2001 e 2005, o qual mostrou redução da

mortalidade hospitalar de 59,56 para 5.7% (BERNAL et al., 2008). Outro estudo realizado em

Bangladesh verificou uma redução de 17% para 9% (AHMED et al., 1999).

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No Brasil, um estudo realizado em São Paulo com 100 crianças gravemente

desnutridas menores de 5 anos, encontrou percentual de mortalidade de 2%, considerado pela

OMS como bom índice de letalidade (SARNI, SOUZA e CATHERINO, 2005). Já no

nordeste brasileiro, especificamente em Recife, o Instituto de Medicina Integral Professor

Fernando Figueira (IMIP) passou a aplicar o Manual a partir de dezembro de 2000. Em 2001,

Falbo et al verificaram que a taxa de letalidade hospitalar foi menor nas crianças tratadas

segundo o Manual (16,2% versus 38% antes da sua implementação) (FALBO et al., 2009).

Tais achados demonstram que o protocolo da OMS foi efetivo no tratamento das crianças

desnutridas graves com redução dos índices de mortalidade para níveis aceitáveis pela OMS.

Outros estudos foram conduzidos para avaliar a viabilidade da implementação do

protocolo. Karaolis et al 2007, analisaram a viabilidade da implementação do protocolo em

dois hospitais da Zona Rural da África. Equipes de cada hospital foram treinadas e observou-

se que as diretrizes do Protocolo da OMS são amplamente possíveis. Entretanto, todas as

etapas previstas pelo Protocolo não foram alcançadas, principalmente devido à falta de

conhecimento por parte dos profissionais de saúde. Sugere-se a inserção, na grade curricular

dos profissionais de saúde, disciplinas que abordem sobre a conduta de tratamento para

desnutrido grave, a fim de aperfeiçoar a prática clínica para estes pacientes (KARAOLIS et

al., 2007).

Deen et al verificaram, em outros dois hospitais da África, a implementação do

Protocolo. A execução da maioria das etapas contidas no Protocolo foi possível, acessível e

segura a curto prazo (12 meses) e, ainda, demonstraram que a aplicação do protocolo da OMS

em outras unidades de saúde é possível, desde que se observe as dificuldades de acordo com

as realidades locais (DEEN et al., 2003).

A aplicação do Protocolo em um hospital de nível primário em Turbo, Colômbia, após

o tratamento de 53 crianças desnutridas graves menores de 5 anos, mostrou que foi de fácil

aplicação e de baixo custo para o sistema. Apresentou, ainda, baixa mortalidade (7,5%),

recuperação rápida do apetite e do ânimo das crianças, ganho de peso satisfatório e boa

aceitação do tratamento por parte das mães, dos pacientes e da equipe de saúde (PARRA,

LOPEZ e BARRERA, 2004).

Um estudo sobre a implementação do protocolo em um hospital de Recife-PE,

mostrou que apesar de limitações, principalmente em relação a monitorizarão com a presença

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freqüente de enfermeira ou médico junto à criança, o protocolo pôde ser seguido com a

necessidade de apenas pequenos ajustes (FALBO et al., 2006).

SISTEMA IMUNE

O sistema imune de mamíferos inclui um complexo conjunto de células e de

moléculas que interagem para fornecer a proteção contra micróbios patogênicos (bactérias,

vírus, parasitas, fungos) (LIMA e SAMPAIO, 2007; CHANDRA, 2002). As células

constituintes deste sistema são derivadas das células-tronco hematopoéticas pluripotentes,

localizadas na medula óssea, que podem se diferenciar na linhagem mielóide que

compreendem os granulócitos polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos e basófilos), os

monócitos/macrófagos ou na linhagem linfóide compostas pelos linfócitos T, B e células

natural killer [NK]. (LEANDRO et al., 2007). (Fig 1).

Figura 4: Esquema do sistema imune. Fonte: Delcenserie, 2008.

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O sistema imune compreende dois componentes principais: o sistema imune inato e o

adquirido (DELCENSERIE et al., 2008; KLAUS-HELGE e LOTHAR, 2003). A defesa inata

está presente desde o nascimento, não é específica e pode responder aos diferentes agentes da

mesma forma sem produzir células de memória. Compreende barreiras estruturais (pele e

membranas mucosas) e fisiológicas (pH e níveis de oxigênio). Em adição, células fagocitárias

e outros leucócitos, como as células natural killer (NK), estão envolvidas diretamente na

fagocitose, pinocitose, morte celular e resposta inflamatória. Tais processos não são

influenciados pelo contato prévio com o agente infeccioso e formam a primeira linha de

defesa do organismo, eliminando células infectadas por vírus e células tumorais, retardando o

estabelecimento da infecção (DELCENSERIE et al., 2008; KLAUS-HELGE e LOTHAR,

2003).

As células de maior destaque na resposta imune inata são os neutrófilos e macrófagos.

Os macrófagos produzem citocinas, proteínas sinalizadoras que recrutam outras células

inflamatórias, como os neutrófilos, durante o desencadeamento da resposta imune. Interferons

(IFN), interleucinas (IL) e o fator de necrose tumoral (TNFα e TNFβ) são as principais

citocinas envolvidas na resposta imune (BESEDOVSKY e REY 2006; VIZI, 1998). As

células NK reagem rapidamente à presença de células infectadas por vírus e agem também

eliminando determinados tipos de células tumorais (DELCENSERIE et al., 2008; KLAUS-

HELGE e LOTHAR, 2003).

Os monócitos são células presentes no sangue periférico e constituem a segunda maior

população celular do sistema imune. Na presença de um estímulo, migram para os tecidos e se

diferenciam em macrófagos. Após diferenciação, os macrófagos podem apresentar algumas

alterações como: incremento da aderência, do tamanho, da velocidade de deslocamento e da

atividade fagocítica (MELO et al., 2008; GORDON, 2007; SCHULENBURG, KURZ e

EWBANK, 2004).

Frente ao estímulo, os macrófagos podem responder de três formas diferentes:

realizando fagocitose, através de enzimas lisossômicas; citotoxidade, pelo auxílio dos

linfócitos T ou produzindo e liberando um amplo espectro de mediadores, como as espécies

reativas de oxigênio (superóxido) e nitrogênio (óxido nítrico) que são responsáveis pela

destruição dos microorganismos fagocitados (GORDON, 2007; SCHULENBURG, KURZ e

EWBANK, 2004).

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Já a resposta imune adquirida atua por maior período do que a inata e apresenta

especificidade e memória. Esta defesa fornece uma proteção mais efetiva contra patógenos

por sua habilidade em memorizar e reconhecer expressivo número de antígenos. É composta

por células de memória B e T (DELCENSERIE et al., 2008; KLAUS-HELGE e LOTHAR,

2003).

As células B são maturadas na medula óssea, contribuem para a resposta imune por

meio da secreção de anticorpos ou imunoglobulinas que são sintetizadas pelas células B

diferenciadas, denominadas plasmócitos. As imunoglobulinas são subdividas em cinco

classes: IgA, IgD, IgE, IgG, IgM (imunidade humoral) e, as células T, na imunidade mediada

por células. As células T apresentam-se em populações funcionais distintas: células T helper

(CD4, também chamada Th) e células T citotóxicas (CD8 – divididas em citotóxicas e

supressoras) (DELCENSERIE et al., 2008; KLAUS-HELGE e LOTHAR, 2003; LEANDRO

et al., 2007).

Durante a infância, o timo e a medula óssea constituem os principais tecidos linfóides,

responsáveis pela síntese e maturação das células linfóides (LIMA e SAMPAIO, 2007). A

integridade desses órgãos é primordial para uma resposta imune eficaz na infância. A

imunodeficiência é expressa por leucopenia (diminuição dos leucócitos), linfopenia

(diminuição dos linfócitos), redução no número de células T e das subpopulações CD4 e CD8,

além da inversão na relação entre linfócitos T helper e supressor (KLAUS-HELGE e

LOTHAR, 2003).

ESTRESSE OXIDATIVO

Estresse oxidativo é o desequilíbrio entre as atividades oxidantes e antioxidantes que

resulta na indução de danos celulares pelos RLs. Ocorre devido ao aumento da produção de

radicais livres ou pela ineficiência da defesa antioxidante ou, ainda, pela combinação de

ambas. Radicais livres ou oxidantes são espécies que contêm um ou mais elétron

desemparelhado na sua órbita, o que os tornam altamente reativos (FANG, YANG e WU,

2002; TATLI, VURAL e KOC, 2000).

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Nos mamíferos são produzidos RLs de carbono, enxofre, nitrogênio e oxigênio, mas

os mais implicados no estresse oxidativo são os de oxigênio como o superóxido e de

nitrogênio como o óxido nítrico. Os RLs podem ser produzidos por fontes endógenas, como

metabolismo normal da célula, ou por fonte exógena, tais como irradiação, fumo, poluentes,

inseticidas entre outros (BRANDT et al., 2007; ARITA et al., 2004; LEITE e SARNI, 2003).

Os RLs apresentam papel importante na mediação da resposta imune por atuarem no

processo de fagocitose, mecanismo fundamental para a destruição de microorganismos e

participam também em diversos processos de sinalização intracelular. Em células infectadas,

acarretam danos aos lipídios da membrana celular, proteínas intracelulares, e ao DNA nuclear

e mitocondrial, levando a injúria celular induzindo a apoptose e morte destas células (ARITA

et al., 2004; FANG, YANG e WU, 2002; MCCORD, 2000; ZHENG e STORZ, 2000; BALL

e SOLE, 1998).

Superóxido (O2-) é formado a partir do oxigênio por diversas vias, tais como oxidação

da xantina ou hipoxantina pela xantina oxidase, oxidação do NADPH pela NADPH oxidase,

redução de um elétron do oxigênio pelo citocromo P-450, entre outros (FANG, YANG e WU,

2002). As células fagocíticas, ao serem estimuladas por um patógeno, sintetizam (O2

-) o qual

será utilizado para destruir os mesmos. Entretanto, devido a sua toxicidade pode causar lesão

celular em células saudáveis (LEITE e SARNI, 2003).

O óxido nítrico (NO) é um radical livre produzido pela enzima óxido nítrico sintase

(NOS), a qual converte o aminoácido essencial L-arginina à L-citrulina (SANTIAGO et al.,

2000) (Fig. 2). Sua oxidação produz nitrato e nitrito. A ação do NO não se limita apenas ao

local onde ele é produzido, como um gás neutro o radical NO se difunde rapidamente

(BOGDAN, 2001).

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Figura 5: Síntese do óxido nítrico a partir da arginina. Fonte: Dusse, 2003

Muitas células são capazes de sintetizar o NO através da NO síntases (NOS) (FANG,

YANG e WU, 2002). Três isoformas de NOS são descritas, sendo duas NOS constitutiva (c-

NOS) dependente de íons cálcio (Ca++) e de calmodulina, que está envolvida na sinalização

celular, e uma NOS induzível (i-NOS), produzida por macrófagos e outras células ativadas

por citocinas (Fig. 3) (PANARO, BRANDONISIO e ACQUAFREDDA, 2003; DUSSE,

VIEIRA e CARVALHO, 2003; FLORA-FILHO e ZILBERSTEIN, 2000). A expressão da

iNOS é o resultado de uma resposta inflamatória localizada ou difusa resultante de uma

infecção ou dano tecidual (BRANDT et al, 2006; CERQUEIRA e YOSHIDA, 2002).

Figura 6: Isoformas da NO-sintase. Fonte: DUSSE, 2003.

No entanto, o excesso de RLs pode tornar-se deletério, quando a inflamação se torna

sistêmica, como na sepse, podendo causar lesão a distancia de células normais. Tais efeitos

podem ocasionar seqüelas adversas como a carcinogênese, envelhecimento, progressão de

doenças cardiovasculares, entre outros (LEITE e SARNI, 2003; FANG, YANG e WU, 2002;

TATLI, VURAL e KOC, 2000).

Há um sistema eficiente para a neutralização desse excesso de RLs que convertem os

radicais livres em espécies menos reativas, limitando seus efeitos tóxicos. Em condições

fisiológicas, a atividade antioxidante, que pode ser dividido em enzimático, que inclui a

superóxido dismutase (SOD), a glutationa peroxidase (GPx) e a catalase e o não enzimático

que é constituído por vitaminas e minerais, tais como as vitaminas A, C e E, e os minerais

selênio e zinco (LEITE e SARNI, 2003; TATLI, VURAL e KOC, 2000). Assim sendo, níveis

adequados de enzimas e nutrientes antoxidantes é importante, tanto para regulação e

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preservação da defesa do hospedeiro, como no estabelecimento de mecanismos que visem

impedir uma nova infecção (BRANDT et al., 2007).

INTERAÇÃO: DESNUTRIÇÃO E SISTEMA IMUNE

Uma alimentação balanceada é essencial para o desenvolvimento do sistema

imunológico (MARCOS, NOVA e MONTERO, 2003; SCRIMSHAW, 2003). Os efeitos da

deficiência de nutrientes sobre a resposta imune dependem da magnitude, da duração e do

período do agravo. Crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos da DEP e apresentam

maior morbimortalidade devido a doenças infecciosas (THURLOW, WINICHAGOON e

PONGCHAROEN, 2006; CUNNINGHAM-RUNDLES, MCNEELEY e MOON, 2005).

As repercussões da desnutrição sobre os mecanismos de defesa na criança diferem

daquelas que ocorrem no adulto, uma vez que a infância caracteriza-se por ser um período

crítico para o desenvolvimento da defesa imunológica. Sendo assim, insultos nutricionais

neste período acarretarão reduzida resposta imune permanente, o que pode repercutir na vida

adulta (LANGLEY-EVANS e CARRINGTON, 2006; LLOVERA e RODRIGUEZ, 2004).

Durante a vida fetal e infância, quando se inicia a fase de desenvolvimento do sistema

imune, há maior vulnerabilidade. Ao nascimento, o sistema imune é imaturo

(CUNNINGHAM-RUNDLES, MCNEELEY e MOON, 2005) e seu desenvolvimento está

diretamente relacionado aos nutrientes e, assim sendo, a resposta específica aos patógenos e

agentes pode estar alterada pela desnutrição (MARCOS, 2003; SCRIMSHAW, 2003).

O êxito da resposta imune requer a participação e a coordenação de células não

específicas e específicas (MARCOS e MONTERO, 2003; KLAUS-HELGE e LOTHAR,

2003), as quais têm sua funcionalidade determinada pela nutrição (SINGH, 2004). Assim, a

desnutrição tem efeitos adversos sobre os mecanismos imunológicos, aumentando a

suscetibilidade às infecções e estabelecendo um ciclo vicioso. Com o agravamento do estado

nutricional, por diminuição da ingestão, há aumento das perdas, má absorção e

comprometimento da mobilização dos estoques corporais (OLIVEIRA et al., 2006; SINGH,

2004; DEMAS, DRAZEN e NELSON, 2003).

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34

Várias anormalidades na resposta imune em crianças desnutridas têm sido descritas,

particularmente, acerca de prejuízos na imunidade mediada por células, na função fagocítica,

na produção de citocinas, na secreção de anticorpos e comprometimento do sistema

complemento (CHANDRA, 2002, CHANDRA, 1997).

Comprometimento da função dos macrófagos em crianças com DEP também foram

relatadas, o que sugere que a disfunção dos macrófagos pode ser um importante fator para um

aumento na severidade e freqüência de infecções na desnutrição (VÁSQUEZ-GARIBAY et

al., 2008; LANGLEY-EVANS e CARRINGTON, 2006; RODRIGUES, GONZÁLES e

FLORES, 2005; HILL, NAAMA e GALLAGHER, 1995).

Estudos avaliando a atividade oxidante e antioxidante em monócitos de crianças

desnutridas antes e após recuperação nutricional são escassos. Ashour et al (1999) avaliaram,

no Egito, a atividade antioxidante de 68 crianças desnutridas graves menores de 3 anos, na

admissão hospitalar. Constataram uma diminuição da glutationa peroxidase e do mineral

selênio, mas um incremento da superóxido dismutase em relação às crianças normais

(ASHOUR et al, 1999). Thakur et al, no entanto, acharam resultados contrários em crianças

menores de 5 anos com níveis de superóxido dismutase reduzidos, tanto nas marasmáticas

quanto nas crianças com kwashiorkor (THAKUR, GUPTA e KAKKAR, 2004).

Outro estudo com 32 crianças desnutridas graves internadas do tipo marasmáticas,

com idade média de 12 meses, encontraram redução significativa da atividade da enzima

glutationa peroxidase, mas não da enzima superóxido dismutase, quando comparadas ao

grupo controle, na ocasião da admissão (TATLI, VURAL e KOC, 2000).

Uma pesquisa foi realizada em 21 crianças desnutridas graves hospitalizadas, a fim de

comparar os níveis de óxido nítrico no primeiro dia de internamento e no 55º dia após a

admissão, nenhuma diferença foi encontrada entre os grupos (JAHOOR et al., 2007).

Vásquez-Garibay et al 2008, dosaram a concentração da IL-2 em crianças desnutridas

graves, entre 6 e 48 meses de idade, antes e após 4 semanas de recuperação nutricional. Após

o período de recuperação nutricional a concentração sérica de IL-2 nos desnutridos

permaneceu menor do que nos controles, porém houve uma significativa elevação de IL-2 em

relação ao início do tratamento, mostrando que uma adequada recuperação nutricional tem

uma influencia decisiva no processo pró-inflamatório (VÁSQUEZ-GARIBAY et al., 2008).

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35

Estudo experimental realizado por Melo et al encontraram prejuízos na defesa

oxidante e antioxidante de ratos adultos submetidos à desnutrição no período neonatal em

relação ao grupo controle, mesmo após a recuperação nutricional. Os parâmetros avaliados

foram a atividade oxidante do superóxido e do óxido nítrico e a atividade antioxidante da

enzima superóxido dismutase (MELO et al., 2008). Tal resultado aponta que insultos

nutricionais no período de desenvolvimento do sistema imune, mesmo após recuperação

nutricional, pode acarretar prejuízos na resposta imune na idade adulta.

Um único estudo comparou a atividade antioxidante de crianças com desnutrição

grave antes e após o tratamento com o protocolo da OMS. Os pesquisadores avaliaram 30

crianças com média de idade de 10 meses, sendo 12 com kwashiorkor e 18 com marasmo,

dosando as enzimas GPx e SOD. Os resultados encontrados foram níveis reduzidos de SOD e

de GPx tanto no marasmo quanto no kwashiorkor quando comparado ao grupo controle antes

do tratamento com o protocolo da OMS. Após a recuperação nutricional, os níveis de SOD

permaneceram menores que o grupo controle, porém houve recuperação da GPx, não havendo

diferença significativa desta enzima entre os grupos em estudo e o grupo controle

(SHAABAN, NASSAR e IBRAHIM, 2002). É possível que a enzima SOD não tenha

alcançado os mesmos níveis do grupo controle após a recuperação, o que pode ser causado

pelo tempo reduzido de permanência das crianças no hospital, uma vez que apenas a primeira

fase das três, recomendada pelo protocolo da OMS, foi realizada no hospital.

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_______________________HIPÓTESES

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4.0 HIPÓTESES

A desnutrição energético-protéica acarreta, em crianças menores de dois anos, redução

da atividade oxidante, da capacidade fagocítica, redução do número das células

imunes, das proteínas totais e suas frações e aumento da proteína C reativa na

admissão hospitalar quando comparadas ao grupo controle.

Após o tratamento da criança desnutrida grave, realizado conforme as recomendações

do protocolo da OMS, a atividade oxidante e a capacidade fagocítica dos monócitos, e

ainda o número das células imunes, da proteína C reativa, das proteínas totais e de

suas frações do plasma não apresentarão redução em relação às crianças do grupo

controle.

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_______________________OBJETIVOS

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3.0 OBJETIVOS

3.1 Geral

Comparar parâmetros da resposta imunológica inata de crianças com desnutrição grave

hospitalizadas no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),

submetidas ao Protocolo adaptado da OMS, no momento da admissão e da alta hospitalar com

crianças eutróficas.

3.2 Específicos:

Comparar crianças com desnutrição grave na admissão hospitalar com crianças eutróficas:

A cinética de produção dos radicais livres: óxido nítrico e superóxido nos monócitos;

A capacidade fagocítica nos monócitos;

A quantidade de leucócitos totais, segmentados, eosinófilos, linfócitos e monócitos do

plasma;

Comparar crianças com desnutrição grave na alta hospitalar com crianças eutróficas:

A cinética de produção dos radicais livres: óxido nítrico e superóxido nos monócitos;

A capacidade fagocítica nos monócitos;

A quantidade de leucócitos totais, segmenatados, eosinófilos, linfócitos, e monócitos

do plasma;

Os níveis de proteínas totais e frações e da proteína C reativa do plasma;

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_________________________MÉTODOS

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5.0 MÉTODOS

5.1 Desenho do estudo e casuística

Estudo tipo experimental com todos os lactentes menores de dois anos de idade,

internados na enfermaria F do 4º andar do IMIP (enfermaria específica para o tratamento de

crianças desnutridas graves), durante o período de abril a outubro de 2010. O grupo controle

foi composto de lactentes eutróficos da mesma faixa etária das crianças em estudo, sendo

estas avaliadas no dia de atendimento no setor da Puericultura do IMIP.

5.2 Critérios de Elegibilidade

Para o grupo desnutrido, foram incluídas no estudo todas as crianças menores de dois

anos classificadas como desnutridas graves (P/A < -3DP ou presença de edema pelo menos

em ambos os pés, que não fosse de causa secundária a doenças, independente do défict P/A),

internadas no período de abril a outubro de 2010, na enfermaria F do 4º andar do IMIP. Para o

grupo controle foram incluídas crianças saudáveis, com índice P/A entre -1 e +1 escore Z,

com a mesma faixa etária do grupo desnutrido, atendidas pelo Setor de Puericultura do IMIP.

Foram excluídas do estudo, as crianças re-internadas no período do estudo e as portadoras do

vírus HIV.

5.3 Variáveis Estudadas

As crianças desnutridas foram avaliadas até 24 horas após o seu internamento e no dia

da alta hospitalar. Já as crianças do grupo controle foram avaliadas no dia de atendimento do

Serviço de Puericultura. Foram coletadas: sexo, idade, peso, comprimento, coleta de sangue

para posteriores dosagens do leucograma, proteínas totais e frações, proteína C reativa, taxa

de fagocitose e dos radicais livres: óxido nítrico e superóxido. Ao término do protocolo, ou

seja, na alta hospitalar do grupo desnutrido, foi realizada uma reavaliação destes parâmetros.

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5.3.1 Peso e comprimento

Foram mensurados o peso e o comprimento, segundo orientações do Sistema de

Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN, 2004), pelos técnicos de enfermagem da

enfermaria F do 4º andar do IMIP que foram previamente treinados. Para aferição do peso foi

utilizada balança da marca Filizola com capacidade para 15 Kg e precisão de 0,100 Kg. As

crianças foram despidas e colocadas no centro da balança, deitadas ou sentadas. O

comprimento, em centímetros, foi medido com infantômetro com precisão de 1 mm por dois

avaliadores treinados, estando as mesmas deitadas, descalças, com cabeça e calcanhares

alinhados, com os braços relaxados ao lado do corpo, a aparte mais alta da cabeça na

superfície vertical e fixa do equipamento. Os joelhos foram levemente pressionados, ficando

estendidos, e os pés juntos, formando um ângulo de 900 com as pernas. Em seguida, o cursor

móvel do infantômetro foi empurrado até encostar às solas dos pés e assim foi realizada a

leitura.

Figura 1. Balança da marca Filizola Figura 2. Infantômetro

Figura 3. Aferição do peso e da estatura em crinças menores de dois anos.

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As medidas antropométricas foram convertidas para escore Z, peso para altura (P/A),

peso para idade (P/I) e estatura para idade (E/I), baseados no sexo para avaliação do estado

nutricional. E foram classificados de acordo com a proposta da OMS (OMS, 2005),

definindo-se:

desvio padrão (DP) entre +1 e -1 escore Z: eutrofia;

entre -1 e -2 escore Z: desnutrição leve;

entre -2 e -3 escore Z: desnutrição moderada;

< -3 escore Z: desnutrição grave

E as crianças com desnutrição grave foram classificadas quanto a sua forma de

apresentação:

Marasmo: Crianças com índice peso/altura <-3DP e ausência de edema.

Kwashiorkor: Crianças que apresentem edema, pelo menos nos membros inferiores,

independente da classificação do índice peso/altura, que não fosse de causa

secundária.

Kwashiorkor-marasmática: Crianças que apresentarem características clínicas das duas

formas.

5.4 Tratamento da desnutrição grave segundo o Protocolo adaptado da OMS

O tratamento da criança desnutrida grave em nível hospitalar baseado no protocolo da

OMS visa promover a melhor terapia disponível, de forma a reduzir o risco de morte, encurtar

o tempo de permanência hospitalar e facilitar a reabilitação e recuperação completa. Por

razões relacionadas à viabilidade da implementação do protocolo da OMS no IMIP, algumas

adaptações foram realizadas. Dentre elas, as principais foram a inclusão do tratamento de

criança com desnutrição secundária e alteração do critério de alta em relação ao tempo de

ganho de peso. O protocolo preconiza que a criança apresente uma ganho ponderal de

10g/kg/dia durante 10 dias consecutivos e o IMIP reduziu esse tempo para 3 dias.

Os critérios de admissão e início do tratamento segundo as recomendações do

Protocolo da OMS são crianças de 1 a 60 meses classificadas como desnutridas graves

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caracterizada pelo índice peso/altura menor que -3DP, segundo os valores de referência da

OMS (2005) e/ou presença de edema simétrico envolvendo, no mínimo, os pés que não

fossem de causas secundárias. Após o diagnóstico de desnutrição grave, os procedimentos

realizados são os seguintes:

Tabela 1 - Esquema de procedimento para diagnóstico e tratamento hospitalar da criança com

desnutrição grave.

Fonte: Adaptado do Manual de Atendimento da criança com desnutrição grave em nível

hospitalar/Ministério da Saúde, 2005.

Ao contrário dos tratamentos realizados antes da sua publicação, o Protocolo da OMS

preconiza o tratamento da criança desnutrida grave em três fases (Fig). A primeira é a fase de

estabilização e tem por objetivo tratar os problemas que ocasionem risco de morte

(hipoglicemia, hipotermia, desidratação, infecção), corrigir as deficiências nutricionais

específicas, reverter as anormalidades metabólicas e iniciar a alimentação (FALBO et al.,

2009; KARAOLIS et al., 2007; SARNI et al., 2005; PARRA et al., 2004; DEEN et al., 2003).

A alimentação é iniciada de forma gradativa, com restrição de volume conforme a

apresentação da desnutrição. É necessário fazer administração de pequenos volumes com

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maior freqüência. Os aportes nutricionais nesta fase são essenciais para manter os processos

fisiológicos básicos da criança. É recomendada ingestão calórica entre 80-100kcal/kg de

peso/dia e consumo protéico entre 1-1,5g/kg de peso/dia (FALBO et al., 2009; KARAOLIS et

al., 2007; SARNI, SOUZA e CATHERINO, 2005; PARRA, LOPEZ e BARRERAet al.,

2004; DEEN et al., 2003).

A segunda fase é a de reabilitação e tem como meta assegurar o crescimento rápido e o

ganho de peso através de uma alimentação com maior aporte calórico-protéico. Nesta fase as

necessidades nutricionais aumentam para 120-150kcal/kg de peso/dia e protéica de 4-6g/kg de

peso/dia. Estímulos emocionais e físicos e orientação aos pais e/ou responsáveis devem ser

incentivados para continuidade do tratamento (FALBO et al., 2009; KARAOLIS et al., 2007;

SARNI, SOUZA e CATHERINO 2005; PARRA, LOPEZ e BARRERA, 2004; DEEN et al.,

2003). O preparado alimentar foi formulado a partir das peculiaridades da fisiopatologia da

desnutrição grave, atendendo adequadamente às necessidades nutricionais. Os ingredientes

das fórmulas alimentares estão descritos a seguir (MS, 2005).

Tabela 2 - Fórmulas alimentares para crianças desnutridas graves em tratamento

Fase de Estabilização Fase de Recuperação

Ingredientes Quantidade (%) Quantidade (%)

Leite em pó integral 35g 110g

Açúcar 100g 50g

Óleo vegetal 20g 30g

Solução de eletrólitos/minerais 20ml 20ml

Água para completar 1000ml 1000ml

Adaptado do Manual de Atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar/Ministério

da Saúde, 2005.

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Tabela 3 – Composição da solução de eletrólitos/minerais

Adaptado do Manual de Atendimento da criança com desnutriçãi grave em nível hospitalar/Ministério

da Saúde, 2005.

A terceira fase é a de acompanhamento, que visa preparar para alta hospitalar e

encaminhar para a contra-referência a fim de prevenir a recaída e assegurar a continuidade do

tratamento (MS 2005). Os critérios de alta são: solução do quadro infeccioso, realização do

esquema de antibióticos, aceitabilidade à alimentação oferecida por via oral, ganho de peso

superior 10g/Kg de peso/dia por três dias consecutivos, inexistência de desidratação ou edema

e suplementação de potássio, magnésio e de outros minerais e vitaminas por duas ou mais

semanas. A seguir segue uma descrição pormenorizada das três fases (Tabela 4).

Tabela 4 - Esquema para o tratamento de uma criança com desnutrição grave.

Atividades Tratamento Inicial Reabilitação Acompanhamento

Tratar ou prevenir

Hipoglicemia - - - - >

Hipotermia - - - - >

Desidratação - - - - >

Corrigir desequilíbrio

eletrolítico

- - - - - - - - - - - - - - - >

Corrigir defciência de

micronutrientes

< - - -(sem ferro)- - -> < - - -(com ferro)- - ->

Substâncias Quantidade para 1000ml

Cloreto de potássio 89,5g

Citratotripotássico 32,4g

Cloreto de Magnésio 30,5g

Acetato de zinco 3,3g

Sulfato de cobre 0,56g

Água para completar 1000ml

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Iniciar a alimentação

Começar a

alimentação

Aumentar a

alimentação para

recupera o peso

perdido (crescimento

rápido).

- - - - - - - - - - - - - - - >

-(transição)- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ->

Estimular o

desenvolvimento

emocional e sensorial

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ->

Preparar para alta - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ->

Fonte: Adaptado do Manual de Atendimento da criança com desnutriçãi grave em nível

hospitalar/Ministério da Saúde, 2005.

5.5 Coleta do sangue

A coleta de sangue das crianças desnutridas foi realizada por profissionais

especializados do Laboratório do IMIP, mediante solicitação da médica responsável pela

enfermaria F do 4º andar, na admissão ou até 24 horas do internamento e no dia da alta. O

grupo controle teve a coleta de sangue realizada no dia da consulta na Puericultura, também

por profissionais do Laboratório do IMIP. Para a coleta, não há necessidade de jejum. Desta

forma, foi obtida uma amostra sanguínea de aproximadamente 4 mL por punção venosa para

cada paciente. Alíquota de 1mL de sangue foi utilizada para o leucograma, PCR, proteínas

totais e frações no laboratório do IMIP e 3 mL foram levadas para o LIKA/UFPE para análise

da liberação dos radicais livres, óxido nítrico e superóxido, dos monócitos e para taxa de

fagocitose.

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Figura 4. Tubo de ensaio com sangue venoso.

5.5.1 Leucograma

O leucograma foi realizado pelo laboratório de Hematologia do IMIP, onde foram

medidas automaticamente pelo método da cianometahemoglobina utilizando um

hemoglobinômetro da marca SYSMEX – XT2000i.

Figura 5. Hemoglobinômetro da marca SYSMEX – XT2000i.

5.5.2 Proteínas totais e frações

As dosagens das proteínas totais e suas frações foram dosadas no laboratório de

Bioquímica do IMIP, por automação com o equipamento ARCHITECT C8000, utilizando o

teste colorimétrico e reagente biureto.

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5.5.3 Proteína C reativa

A proteína C reativa foi mensurada no laboratório de Imunologia do IMIP, por

automação com o equipamento ARCHITECT C8000, através da reação antígeno-anticorpo

pelo método de ponto final.

Figura 6. ARCHITECT C8000.

5.5.4 Obtenção de monócitos do sangue periférico

Uma amostra sanguínea de 3 ml foi distribuída em containers a vácuo, contendo

EDTA a 15%. O sangue obtido foi diluído na proporção de 1:1 em soro fisiológico (10 mL de

sangue + 10 mL de soro fisiológico). Aos 20 mL da solução foram adicionados 10 mL de

histopaque (1077-SIGMA), sendo posteriormente centrifugados por 30 min a 3000 rpm.

O plasma foi aspirado e a camada formada pelas células mononucleadas do sangue

periférico foi coletada e transferida para outro tubo. Assim, neste último tubo adicionou-se 15

mL de RPMI 1640 e em seguida, centrifugados por 10 min a 1500 rpm. O sobrenadante foi

aspirado e desprezado. Posteriormente, duas novas lavagens do sedimento foram realizadas

com RPMI 1640, centrifugando-se por 5 min de cada vez. Desprezou-se o sobrenadante e o

sedimento resuspendido em 2 mL de meio de cultura RPMI 1640 completo, contendo soro

fetal bovino a 3 % e antibióticos (penicilina 100U/mL e estreptomicina 100 mcg/mL).

Ao final, realizou-se a contagem das células em hemocitômetro (câmara de Neubauer)

colocando-se a suspensão de células e o corante azul tripan na concentração de 0,3% e diluído

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de 1:10. A concentração celular foi ajustada em todos os experimentos para 1x106 células/mL.

Após a recuperação das células, foram ressuspendidas em RPMI 1640 completo, contadas e

distribuídas em placas tipo Falcon com 6 poços, na proporção de 1x106

células/mL. Para os

ensaios, obteve-se os monócitos após o tempo de adesão das células, em uma hora e

terminado esse tempo, realizou-se a lavagem do poço com meio de cultura RPMI para retirada

das células não aderentes, isolando desta forma apenas monócitos.

Figura 7. Etapas para obtenção, contagem e aderência dos monócitos a aprtir do sangue priférico de

crianças.

5.5.5 Avaliação da taxa de fagocitose

Para se avaliar a taxa de fagocitose, foram utilizados fungos Saccharomyces sp. Os

fungos foram lavados três vezes com solução salina balanceada de Hanks (HBSS). Em

seguida, 1x108

fungos/mL foram misturados em suspensão, contendo 1x106

células/mL de

meio RPMI 1640.

As células mononucleadas e os fungos foram distribuídos em lâminas para

microscopia óptica e incubados 37°C, em atmosfera úmida, por uma hora. Em seguida, as

lâminas foram lavadas com HBSS (com retiradas das células mononucleadas não aderentes),

secadas a temperatura ambiente e coradas com Diff-Quick set (BaxterDade, Dudunen,

Switzerland). A leitura foi realizada em microscópio óptico, com aumento de 1.000 vezes. A

taxa de fagocitose foi obtida em percentual, através da contagem de monócitos que

fagocitaram o fungo, em um total de 100 células.

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Figura 8. Etapas para avaliação da capacidade fagocítica de monócitos estimulados in

vitro pelos fungos Saccharomyces sp.

Figura 9. Vacúolo fagocítico com fungo no seu interior.

5.5.6 Análise da liberação de óxido nítrico (NO)

A produção de óxido nítrico foi determinada a partir do sobrenadante das células em

cultura e segundo o método descrito por Feder e col., (1994). A concentração de nitrito é uma

medida indireta da síntese de NO.

As células foram deixadas em uma concentração de 2x106 células/ml por cada poço

da placa tipo Falcon, em estufa incubadora. Após 24 horas a 37 ºC em estufa, com tensão de

5% de dióxido de carbono (CO2), coletou-se 500 ml do sobrenadante das culturas celulares e

acrescentou-se 50 l do reagente de Griess (1,5% de sulfanilamida em 5% de H3PO4, 0,1%

em H20 de naftiletilenediaminediidrocloride). Em seguida, foi realizada a leitura em

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espectofotômetro, com leitura de 540nm. A concentração de nitrito foi calculada pela média

de uma curva padrão de nitrito de sódio (NaNO2) e os dados expressos em µM/mL de

nitrito/nitrato.

Figura 10. Etapas para leitura dos níveis de nitrato/nitrito em sobrenadante de cultura de monócitos

estimulados in vitro pela Reação de Griess.

5.5.7Análise da produção de radicais superóxido

O ânion superóxido pode ser detectado pela sua habilidade em reduzir quimicamente

um composto aceptor de elétrons. Para isso, neste estudo, utilizou-se o ferrocitocromo C (30

mg/ml em HBSS, 2.4x 10-3

M, Ferrocitocromo c de mitocôndria de cavalo, tipo VI, SIGMA

ChemicalCompany, St. Louis, MO).

Para a avaliação da produção de superóxido formado, foi preparado 1 sistema de

análise descontínua com avaliação a cada 1h, durante um período de 2 horas. Para o preparo

deste sistema utilizaou-se monócitos em cultura (2ml/poço com 1x106 células/ml de RPMI

1640), acrescido de citocromo e PMA (acetato miristato de forbol-PMA, SIGMA) preparado

em solução concentrada de 3000mcg/ml em dimetil sulfóxido de sódio (DMSO, SIGMA). O

PMA utilizado para estimular as células, foi diluído para uma concentração de 2mcg/ml em

2.145 ml de Hanks (solução salina balanceada HBSS, GIBCO) e colocado nos poços da placa

de cultura.

Em seguida, foram colhidas alíquotas de 700 mcL e colocadas em tubos eppendorf, no

tempo “zero”, que correspondeu ao branco. Imediatamente após a coleta, as alíquotas foram

paralisadas em banho de gelo. As amostras subsequentes foram coletadas em intervalos de

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tempo regulares, nas mesmas condições, de uma em uma hora. Em seguida, foi realizada a

leitura em espectofotômtro a 550nm. Os resultados finais foram expressos nmoles/ml.

Figura 11. Etapas para leitura dos níveis de superóxido em sobrenadante de cultura de monócitos

estimulados in vitro por PMA.

5.6 Análise estatística

Os dados foram testados quanto à normalidade da distribuição pelo teste de Kolmogorov-

Smirnov e revelaram normalidade e homogeneidade de variâncias. Para comparação entre os

grupos experimentais foi utilizado o t test de Student. Para comparar as alterações que

ocorreram entre o gupo desnutrido e entre o grupo controle, foi utilizado t test pareado de

Student. Os resultados estão apresentados em média ± erro padrão. A significância estatística

foi considerada admitindo-se um nível crítico de 5% (p<0,05) em todos os casos. Os dados

foram analisados pelo software Graphpad Prisma versão 5.1 e os dados antropométricos

foram avaliados pelo Software WHO Anthro versão 3.1.

5.7 Aspectos éticos

O estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP (Anexo 1),

de acordo com a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sob número 1437. O

estudo foi esclarecido, com detalhes, aos pais ou responsáveis que, após concordar com o

mesmo, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A). Os dados são

mantidos sob sigilo, não expondo o paciente a nenhum tipo de risco e/ou constrangimento.

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54

_____________________RESULTADOS

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55

6.0 RESULTADOS

ARTIGO ORIGINAL 1

Título: Efeitos da desnutrição sobre parâmetros da resposta imunológica inata de crianças

com desnutrição grave hospitalizadas

Título abreviado: Parâmetros imunológicos de crianças desnutridas hospitalizadas

Érika M. C. Macêdo1.

Rebecca P. P. Silva2.

Ana Rodrigues Falbo3.

Célia M. M. B. de Castro4.

1

Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco.

[email protected]. Possui currículo cadastrado na plataforma Lattes do CNPq.

Participou na concepção, no delineamento do estudo, na coleta de dados e da análise e

interpretação dos dados.Participou da elaboração do projeto de pesquisa, da concepção e

delineamento da pesquisa, da coleta de dados, da tabulação, da discussão dos resultados e da

redação do artigo.

2 Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de [email protected].

Possui currículo cadastrado na plataforma Lattes do CNPq. Participou da elaboração do

projeto de pesquisa, da concepção e delineamento da pesquisa, da coleta de dados e da análise

e interpretação dos resultados.

3 Doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saude Pública. [email protected].

Possui currículo cadastrado na plataforma Lattes do CNPq. Participou da elaboração do

projeto de pesquisa, da concepção e delineamento da pesquisa, da discussão dos resultados e

da redação do artigo.

4 PhD pela Universidad de Salamanca. [email protected]. Possui currículo cadastrado

na plataforma Lattes do CNPq. Participou da elaboração do projeto de pesquisa, da concepção

e delineamento da pesquisa, da discussão dos resultados e da redação do artigo.

Declaração de conflito de interesse: nada a declarar.

Instituição: Departamento de Nutrição. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE.

Autor responsável pela correspondência e pelos contatos pré-publicação:

Érika Michelle Correia de Macêdo. Rua Múcio Uchoa Cavalcante, 470, apto. 202A – CEP:

50730-670 – Engenho do Meio - Recife, PE – Brasil. Telefone: (00 55 81) 8888-5125. Fax:

(00 55 81) 2126-8463. E-mail: [email protected]

Fonte Financiadora: Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq

Número total de palavras no texto: 2648

Número total de palavras no resumo: 281

Número de tabelas e figuras: 3 tabelas e 1 figura

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56

Resumo

Objetivo: O presente estudo teve como objetivo comparar parâmetros da resposta

imunológica inata de lactentes com denutrição grave admitidas no Instituto de Medicina

Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), com crianças eutróficas. Método: Estudo

experimental, onde foram avaliadas 16 crianças com desnutrição grave na admissão

hospitalar, entre os meses de abril e outubro de 2010. Para comparação com o grupo

desnutrido, foram estudadas 10 crianças eutróficas atendidas no Serviço de Puericultura do

IMIP. As avaliações do grupo desnutrido foram realizadas até 24 horas após o internamento e

a do grupo controle no dia de atendimento no Serviço de Puericultura. Foi coletada de cada

criança uma alíquota de sangue de 4mL, para as dosagens imunológicas. Foram analisados o

leucograma, a taxa de fagocitose e a produção dos radicais livres: ânion superóxido e óxido

nítrico produzidos pelos monócitos. Resultados: No grupo desnutrido predominou o sexo

masculino e a idade variou entre 4 e 16 meses. A maioria das crianças apresentava

desnutrição do tipo marasmática e de causa secundária a outras patologias, principalmente a

cardiopatia congênita e as principais causas do internamento foram diarréia e pneumonia. Em

relação ao grupo controle, também prevaleceu o sexo masculino e a idade variou entre 6 e 14

meses. Crianças desnutridas mostraram redução significativa no número de linfócitos

(C=56,9±4,5; D=45,0±16,5), da capacidade fagocitária (C=35,9±1,9; D=31,8±0,9), da

liberação do ânion superóxido tanto na primeira hora (1h: C=6,8±0,5; D=4,7±0,4) quanto na

segunda hora (C=12,3±0,6; D=7,3±0,8) e do óxido nítrico (C=7,1±0,6; D=4,0±0,2) quando

comparadas ao grupo controle. Conclusão: Crianças com desnutrição grave apresentam

redução importante na capacidade fagocitária e da atividade oxidante acarretando assim,

prejuízo na imunocompetência.

Palavras-chave: desnutrição proteico-energética, leucócitos, fagocitose, radicais livres.

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Introdução:

Apesar da crescente importância dada ao excesso de peso na atualidade, a desnutrição

infantil ainda configura-se como um importante problema de saúde pública, em especial, nas

crianças menores de cinco anos. Os primeiros anos de vida caracterizam-se por ser um

período crítico para diversos sistemas, entre eles o imune1-3

. Em particular, o sistema imune

requer uma nutrição adequada para gerar uma resposta eficaz. Na desnutrição, vários

mecanismos de defesa estão prejudicados4,5

.

Na infância o sistema imune é imaturo, sendo assim, a desnutrição nesta fase acarreta

efeitos adversos nos mecanismos imunológicos de forma mais pronunciada do que em

adultos. Este fenômeno é conhecido como imunodeficiência secundária, que ocasiona

aumento da susceptibilidade às infecções e, consequentemente, maior morbimortalidade,

originando um ciclo vicioso entre desnutrição e infecção6,7

.

Comprometimento da função de monócitos em crianças com desnutrição é relatado

como um importante fator para aumento na severidade e frequência de infecções na

desnutrição8,9

. Os monócitos são células presentes no sangue periférico e constituem a

segunda maior população celular do sistema imune. Na presença de um patógeno, migram

para os tecidos e se diferenciam em macrófagos8-10

.

Como importante célula fagocitária, o macrófago está diretamente envolvido na

resposta inflamatória, particularmente na fagocitose, mecanismo fundamental para a

destruição de micro-organismos11-13

. Ainda, é responsável pela atividade oxidante, pois

produz e libera um amplo espectro de mediadores, como as espécies reativas de oxigênio

(superóxido) e de nitrogênio (óxido nítrico) as quais agem na destruição dos micro-

organismos fagocitados11-13

.

Nas últimas décadas, o índice de mortalidade hospitalar devido à desnutrição

permaneceu inalterado. Os óbitos, em torno de 20-30%, ocorrem principalmente, em

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desnutridos graves. Este valor está muito acima do preconizado pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), que determina um limite de 5%14-16

. O provável fator que colabora para estes

elevados índices seria o desconhecimento das particularidades acerca do binômio desnutrição-

sistema imune, com consequente manejo inadequado, resultando em complicações

irreversíveis logo nos primeiros dias de internamento2,16

.

Em humanos, escassos são os estudos que avaliam a resposta imune em crianças

desnutridas graves na admissão hospitalar.

Sendo assim, parece de interesse conhecer parâmetros da resposta imune inata de

crianças com desnutrição grave no momento da admissão hospitalar, a fim de que práticas

clínicas eficazes sejam direcionadas para o tratamento hospitalar. Diante disso, este trabalho

teve como objetivo avaliar o leucograma, atividade fagocitária e a atividade oxidante de

crianças menores de dois anos com desnutrição grave hospitalizadas no Instituto de Medicina

Integral Professor Fernando Figueira (IMIP).

Métodos:

Estudo experimental onde foram avaliadas 25 crianças menores de dois anos de idade,

sendo 15 classificadas como desnutridas graves (P/A < -3DP ou presença de edema em ambos

os pés, de causa não secundária a outras doenças), internados no IMIP, durante o período de

abril a outubro de 2010. O IMIP é uma entidade não governamental, filantrópica, situada na

região metropolitana do Recife, estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Como centro de

referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para o atendimento de doenças de alta

complexidade, atende rotineiramente crianças de Pernambuco e dos estados vizinhos. Em

2000, tornou-se centro de referência para desnutridos graves, atendendo anualmente cerca de

cinquenta crianças com emagrecimento grave15

.

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59

Para compor o grupo controle foram incluídas 10 lactenteseutróficas, com índice P/A

entre -1 e +1 escore Z, com a mesma faixa etária do grupo desnutrido, atendidas no Setor de

Puericultura do IMIP. Foram excluídas do estudo, crianças re-internadas no período das

avaliações e as portadoras do vírus HIV. Os pais ou responsáveis autorizaram a pesquisa

mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Coleta do sangue. A coleta de sangue foi realizada no Laboratório do IMIP. Foi obtida uma

amostra sanguínea de aproximadamente 4mL, por punção venosa, de cada paciente. Alíquota

de 1mL de sangue foi utilizada para o leucograma e de 3 mL para análise da liberação dos

radicais livres, óxido nítrico e superóxido, dos monócitos e para taxa de fagocitose.

Leucograma. Foi realizado pelo laboratório de Hematologia do IMIP, onde foram medidas

automaticamente pelo método da cianometahemoglobina utilizando um hemoglobinômetro da

marca SYSMEX – XT2000i.

Obtenção de monócitos do sangue periférico. A amostra foi distribuída em containers a

vácuo, contendo EDTA a 15%. O sangue obtido foi diluído na proporção de 1:1 em soro

fisiológico (10 mL de sangue + 10 mL de soro fisiológico). Aos 20 mL da solução foram

adicionados 10 mL de histopaque (1077-SIGMA), sendo posteriormente centrifugados por 30

min a 3000 rpm. O plasma foi aspirado e a camada formada pelas células mononucleadas do

sangue periférico foi coletada e transferida para outro tubo. Assim, neste último tubo

adicionou-se 15 mL de RPMI 1640 e em seguida, centrifugados por 10 min a 1500 rpm. O

sobrenadante foi aspirado e desprezado. Posteriormente, duas novas lavagens do sedimento

foram realizadas com RPMI 1640, e a solução foi centrifugada por 5 min de cada vez.

Desprezou-se o sobrenadante e o sedimento ressuspendido em 2mL de meio de cultura RPMI

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1640 completo, contendo soro fetal bovino a 3 % e antibióticos (penicilina 100U/mL e

estreptomicina 100 mcg/mL). Ao final, realizou-se a contagem das células em hemocitômetro

(câmara de Neubauer) colocando-se a suspensão de células e o corante azul tripan na

concentração de 0,3% e diluído de 1:10. A concentração celular foi ajustada em todos os

experimentos para 1x106 células/mL. Após a recuperação das células, foram ressuspendidas

em RPMI 1640 completo, contadas e distribuídas em placas tipo Falcon com 6 poços, na

proporção de 1x106

células/mL. Para os ensaios, obtiveram-se os monócitos após o tempo de

adesão das células, em uma hora e terminado esse tempo, realizou-se a lavagem do poço com

meio de cultura RPMI para retirada das células não aderentes, isolando desta forma apenas os

monócitos.

Avaliação da taxa de fagocitose. Para avaliar a taxa de fagocitose, foram utilizados fungos

Saccharomyces sp. Os fungos foram lavados três vezes com solução salina balanceada de

Hanks (HBSS). Em seguida, 1x108

fungos/mL foram misturados em suspensão, contendo

1x106

células/mL de meio RPMI 1640. As células mononucleadas e os fungos foram

distribuídos em lâminas para microscopia óptica e incubados a 37°C, em atmosfera úmida,

por uma hora. Em seguida, as lâminas foram lavadas com HBSS (retirando as células

mononucleadas não aderentes), secadas a temperatura ambiente e coradas com Diff-Quick set

(BaxterDade, Dudunen, Switzerland). A leitura foi realizada em microscópio óptico, com

aumento de 1.000 vezes. A taxa de fagocitose foi obtida em percentual, através da contagem

de monócitos que fagocitaram o fungo, em um total de 100 células.

Avaliação da produção de ânion superóxido (O2-). O ânion superóxido pode ser detectado

pela sua habilidade em reduzir quimicamente um composto aceptor de elétrons. Para isso,

neste estudo, utilizou-se o ferrocitocromo C (30 mg/mL em HBSS, 2,4x10-3

M,

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ferrocitocromo c de mitocôndria de cavalo, tipo VI, SIGMA ChemicalCompany, St. Louis,

MO). Para a avaliação da produção de superóxido formado, foi preparado 1 sistema de análise

descontínua com avaliação a cada 1h, durante um período de 2 horas. Para o preparo deste

sistema utilizou-se monócitos em cultura (2mL/poço com 1x106 células/mL de RPMI 1640),

acrescido de citocromo e PMA (acetato miristato de forbol-PMA, SIGMA) preparado em

solução concentrada de 3000mcg/mL em dimetil sulfóxido de sódio (DMSO, SIGMA). O

PMA utilizado para estimular as células, foi diluído para uma concentração de 2mcg/mL em

2.145 mL de solução salina balanceada de Hanks, e colocado nos poços da placa de cultura.

Em seguida, foram colhidas alíquotas de 700 mcL e colocadas em tubos eppendorf, no tempo

“zero”, que correspondeu ao branco. Imediatamente após a coleta, as alíquotas foram

paralisadas em banho de gelo. As amostras subsequentes foram coletadas em intervalos de

tempo regulares, nas mesmas condições, de uma em uma hora. Em seguida, foi realizada a

leitura em espectofotômetro a 550nm. Os resultados finais foram expressos nmoles/mL.

Análise da liberação de óxido nítrico (ON). A produção de óxido nítrico foi determinada a

partir do sobrenadante das células em cultura e segundo o método descrito por Feder e col.,

(1994)17

. A concentração de nitrito é uma medida indireta da síntese de ON. As células foram

deixadas em uma concentração de 2x106 células/mL por cada poço da placa tipo Falcon, em

estufa incubadora. Após 24 horas a 37ºC em estufa, com tensão de 5% de dióxido de carbono

(CO2), coletou-se 500 mL do sobrenadante das culturas celulares e acrescentou-se 50 l do

reagente de Griess (1,5% de sulfanilamida em 5% de H3PO4, 0,1% em H20 de

naftiletilenediaminediidrocloride). Em seguida, foi realizada a leitura em espectofotômetro,

com leitura de 540nm. A concentração de nitrito foi calculada pela média de uma curva

padrão de nitrito de sódio (NaNO2) e os dados expressos em µM/mL de nitrito/nitrato.

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Análise estatística. Para comparação entre os grupos experimentais foi utilizado o test t de

Student para os dados paramétricos e o teste de Mann-Whitney para os dados não

paramétricos. Para comparar as alterações que ocorreram entre o gupo desnutrido e entre o

grupo controle, foi utilizado t test pareado de Student. Os resultados estão apresentados em

média ± erro padrão. A significância estatística foi considerada admitindo-se um nível crítico

de 5% (p<0,05) em todos os casos. Os dados foram analisados pelo software Graphpad

Prisma versão 5.1 e os dados antropométricos foram avaliados pelo Software WHO Anthro

versão 3.1.

O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), sob número 1437, aprovado em

11.06.2009.

Resultados:

A idade e as características antropométricas das crianças estudadas estão descritas na

tabela 1. Em relação ao sexo, das 10 crianças do grupo controle, 6 eram do sexo masculino e 4

do sexo feminino. No grupo desnutrido, 7 eram do sexo feminino e 8 do sexo masculino.

Crianças do grupo controle apresentaram os índices P/A, P/I e A/I dentro da normalidade. O

grupo desnutrido apresentou peso e comprimento reduzidos em relação aos seus pares e

comprometimento grave nos índices P/A e P/I.

Em relação às características clínicas, das crianças desnutridas internadas, 12

apresentavam desnutrição do tipo marasmática e apenas 3 Kwashiorkor-marasmáticas. As

causas mais prevalentes que acarretaram a desnutrição foram as secundárias a outras

patologias, principalmente decorrente de cardiopatia congênita (50%), e as principais

condições clínicas que induziram o internamento foram a pneumonia (54,5%) e a diarreia

(27,3%).

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Crianças desnutridas não apresentaram alteração no número de leucócitos totais,

segmentados, eosinófilos e de monócitos quando comparado ao grupo controle. No entanto,

mostraram redução (p<0,05) nos valores de linfócitos (Tabela 2), na taxa de fagocitose

(Figura 1), na produção de superóxido (O2-), tanto na 1h quanto após 2h de estímulo dos

monócitos e na produção média de ON no sobrenadante de cultura de monócitos (Tabela 3)

quando comparados às crianças saudáveis.

Discussão:

Entre os meses de abril a agosto de 2010, foram internadas no IMIP 15 crianças com

desnutrição grave, resultado semelhante ao encontrado por Rocha et al. (2006), que ao avaliar

o estado nutricional de 203 na admissão hospitalar, na cidade de Fortaleza-CE, durante 5

meses, encontrou 15 crianças com desnutrição grave18

. Resultado semelhante foi encontrado

por Sarni et al. (2005) que avaliou 803 prontuários e encontrou 13 crianças com diagnóstico

de desnutrição grave na cidade de São Paulo-SP19

.

Apesar de a OMS utilizar o índice P/A como critério para o diagnóstico da desnutrição

grave, em nosso estudo, o índice P/I foi o que mostrou maior comprometimento, mesmo com

a inclusão de 3 crianças edematosas. Nossos resultados coincidem com os apresentados no

estudo de Sarni et al (2005). Neste estudo as crianças desnutridas também apresentaram

déficit importante no índice E/I16

. Desta forma, é evidenciado que o grupo desnutrido, além de

apresentar desnutrição aguda devido ao comprometimento do peso em relação à estatura e a

idade, também apresentou desnutrição crônica devido ao déficit estatural em relação à idade.

Em relação ao diagnóstico clínico na admissão, a pneumonia foi a principal causa de

internação seguida pela doença diarréica. Da mesma forma, um estudo de Rice et al (2005),

encontrou forte e consistente relação entre desnutrição e risco de morte por diarreia e infecção

respiratória aguda20

. Além disso, foi observado que quanto maior o grau de desnutrição mais

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elevado foi o risco de morte, o que torna importante o diagnóstico e tratamento precoce das

intercorrências infecciosas, principalmente em pacientes imunocomprometidos.

Na admissão hospitalar é frequente a presença de infecções em crianças desnutridas,

levando a um ciclo vicioso de desnutrição e infecção, que muitas vezes culmina em óbito. No

presente estudo a desnutrição grave acarretou importante imunodeficiência no momento da

admissão hospitalar, um dos parâmetros observados tendo sido a redução no número de

linfócitos. Os linfócitos são importantes células de defesa do sistema imune adaptativo,

redução de seus níveis plasmáticos pode comprometer a efetividade na destruição de

antígenos, uma vez possuem a habilidade em memorizar e reconhecer expressivo número de

antígenos21,22

. No entanto, ao contrário dos nossos achados, Vásquez-Garibayet al. (2008) não

encontraram diferença significativa dos linfócitos de 10 crianças com desnutrição grave,

contudo, a avaliação só tendo sido realizada após estabilização do quadro clínico, o que pode

justificar o resultado encontrado10

.

Estudos em crianças com desnutrição grave apontam deficiência significativa dos

minerais cobre e zinco que possuem ação regulatória no sistema imune12,15

. Por o cobre

desempenhar um papel importante na maturação dos tecidos linfóides e a deficiência de zinco

ocasionar atrofia do timo e de outros órgãos linfóides22

, a deficiência desses dois minerais

pode justificar a linfocitopenia encontrada em nosso estudo.

A fagocitose é a principal linha de defesa do sistema imune. As crianças desnutridas

avaliadas neste estudo apresentaram menor capacidade fagocitária de monócitos, com isso,

podendo torná-las mais susceptíveis a infecções mais graves e recorrentes. Resultados

similares foram encontrados em crianças por Vásquez-Garibayet al. (2008)10

e Forte et al.,

(1999)23

e, em ratos, por Souza et al., (2001)24

. Evidências apontam que a deficiência de zinco

acarreta comprometimento no processo de fagocitose realizado por macrófagos e neutrófilos,

como a deficiência de zinco em crianças com desnutrição grave é freqüente, a redução sérica

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65

desse mineral pode ter sido a causa para o comprometimento da taxa de fagocitose do grupo

desnutrido.

Os Radicais livres apresentam papel importante na mediação da resposta imune por

atuarem no processo de fagocitose. Em células infectadas e em patógenos, acarretam danos

aos lipídios da membrana celular, proteínas intracelulares, e ao DNA nuclear e mitocondrial,

levando a injúria celular induzindo a apoptose e morte25

.

O ânion superóxido (O2-) é um radical livre formado a partir do oxigênio

25. As células

fagocitárias, ao serem estimuladas por um patógeno, sintetizam (O2-) utilizado para destruir os

mesmos. O óxido nítrico, radical livre de nitrogênio, é um produto de fagócitos ativados por

citocina e/ou compostos microbianos, derivado do aminoácido L-arginina. O ON produzido é

altamente tóxico para as células infectadas e os agentes patogênicos. Ele ingressa nas células e

inativa as proteínas que são importantes para a produção de energia, transdução de sinais e

síntese de ácidos nucléicos provocando a morte celular dos patógenos26

.

Assim, a produção de ânion superóxido e de óxido nítrico é importante para a

destruição dos micro-organismos. A avaliação da liberação destes radicais livres é uma forma

sensível e conveniente de monitorar a função dos monócitos27

. Nosso estudo demonstrou que

a desnutrição reduziu a liberação tanto do O2- quanto do NO. Diminuição destes radicais livres

compromete a atividade oxidante e a ação microbicida sobre patógenos aumentando a

suscetibilidade a infecções. Deficiência de zinco. Deficiência de IL-6 diminui a citotoxidade.

Estudos em ratos verificaram redução tanto do O2-

quanto de NO em animais

desnutridos em comparação ao grupo controle11,17,28-30

. Em humanos, poucos estudos

avaliaram a produção de radicais livres em crianças desnutridas. Corroborando com os nossos

achados, Jahoor et al, (2007) ao avaliar 21 crianças com desnutrição grave, sendo 7

marasmática, 7 com kwashiorkor e 7 kwashiorkor-marasmática, também encontraram redução

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significativa dos níveis de óxido nítrico na admissão hospitalar, sem diferença entre os três

grupos28

.

Nossos resultados permitem concluir que crianças desnutridas graves no momento da

admissão hospitalar, apresentam redução importante na capacidade fagocitária, de linfócitos e

na atividade oxidante, o que compromete a principal linha de defesa do sistema imune,

acarretando assim, prejuízo na imunocompetência.

Referências Bibliográficas:

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WL. Causas do declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007. Rev Saúde Pública.

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Guidelines in Turbo, Colombia. J PedGastr and Nutr. 2008;46:322-328.

3. LAGO GA, HERNÁNDEZ DG, SUÁREZ GA. Malnutrición proteico-energética em

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4. CHANDRA RK. Nutrition and the immune system: an introduction. Am J ClinNutr.

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Tabela 1 – Idade e características antropométricas de crianças menores de dois anos de idade,

atendidas no IMIP. Os resultados estão representados em média e erro padrão (EPM).

Grupos Desnutrido

(n=15)

Controle

(n=10)

Média EPM Média EPM

Idade (meses) 9,77 1,6 10,6 1,3

Peso (kg) 4,99* 1,7 9,77 0,6

Comprimento (cm) 66,34* 2,4 76,1 2,4

Índice P/A -3,98* 0,2 0,67 0,2

Índice P/I -4,12* 0,4 0,49 0,1

Índice A/I -2,649*| 0,6 0,007 0,2

* p<0,05 vs grupo controle. t test de Student.

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71

Tabela 2 – Contagem total e diferencial de leucócitos do sangue de crianças menores de dois

anos de idade, atendidas no IMIP. Os resultados estão representados em média e erro padrão

(EPM).

Grupos

Desnutrido

(n=15)

Controle

(n=10)

Média EPM Média EPM

Leucócitos 12150,0 693,3 14050 1412

Segmentados 38,6 0,7 28 4,7

Eosinófilos 2,3 3,9 3,7 0,8

Linfócitos 45,0* 16,5 56,9 4,5

Monócitos 5,7 0,7 6,1 1,5

* p<0,05 vs grupo controle. t test de Student.

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Figura 1 – Taxa de fagocitose de macrófagos de crianças menores de dois anos de idade,

hospitalizadas no IMIP. Os resultados estão representados em média e erro padrão (EPM).

Controle Desnutrido0

5

10

15

20

25

30

35

40Controle

Desnutrido*

Grupos

Taxa d

e f

agocitose

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Tabela 3 – Atividade oxidante (O2- e ON) em sobrenadante de cultura de monócitos de

crianças menores de dois anos de idade, internadas no IMIP. Os resultados estão

representados em média e erro padrão (EPM).

Grupos

O2- 1h

(nmoles/ml)

O2- 2h

(nmoles/ml)

ON plasma

(μM/ml)

Média EPM Média EPM Média EPM

Desnutrido (n=15) 4,7* 0,4 7,3*† 0,8 4,0* 0,2

Controle (n= 10) 6,8 0,5 12,3‡ 0,6 7,1 0,6

O2-, superóxido; ON, óxido nítrico, * p<0,05 vs grupo controle, t test de Student. †

comparação entre as horas de estímulo com PMA no grupo desnutrido, t test pareado de

Student; ‡ comparação entre as horas de estímulo com PMA no grupo controle, t test pareado

de Student.

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ARTIGO ORIGINAL 2

Introdução:

Artigo 2

Título: Efeitos do tratamento com Protocolo adaptado da OMS sobre a atividade microbicida

de crianças com desnutrição grave em nível hospitalar.

Título abreviado: Atividade microbicida de crianças desnutridas.

Érika M. C. Macêdo1.

Rebecca P. P. Silva2.

Ana R. Falbo3.

Célia M. M. B. de Castro4.

1 Mestre da Pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco.

[email protected]. Participou na concepção, no delineamento do estudo, na

coleta de dados e da análise e interpretação dos dados. Participou da elaboração do projeto de

pesquisa, da concepção e delineamento da pesquisa, da coleta de dados, da tabulação, da

discussão dos resultados e da redação do artigo.

2 Mestre da Pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco.

[email protected]. Participou da elaboração do projeto de pesquisa, da concepção e

delineamento da pesquisa, da coleta de dados e da análise e interpretação dos resultados.

3 Doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública. [email protected].

Participou da elaboração do projeto de pesquisa, da concepção e delineamento da pesquisa, da

discussão dos resultados e da redação do artigo.

4 PhD pela Universidad de Salamanca. [email protected]. Participou da elaboração do

projeto de pesquisa, da concepção e delineamento da pesquisa, da discussão dos resultados e

da redação do artigo.

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Resumo

Objetivo: O estudo teve como objetivo comparar na alta hospitalar, a atividade microbicida

de crianças menores de dois anos internadas por desnutrição grave e submetidas ao tratamento

preconizado pela OMS, com crianças eutróficas. Métodos: Estudo do tipo experimental com

20 crianças menores de 2 anos de idade, sendo 10 classificadas com desnutrição grave e 10

clasificadas como eutróficas. O grupo desnutrido foi composto por lactentes internados no

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira e submetidos ao protocolo da

OMS, no período de abril a outubro de 2010. Para comparação com o grupo desnutrido, foram

estudadas 10 crianças eutróficas atendidas no Serviço de Puericultura do IMIP. As avaliações

do grupo desnutrido foram realizadas no dia da alta hospitalar e as crianças do grupo controle

foram avaliadas no dia de atendimento no Serviço de Puericultura. Foi coletada de cada

criança uma alíquota de sangue de 4mL, para realizar leucograma, dosagem de PCR,

proteínas totais e frações alem de, realizar o isolamento de monócitos para avaliação da taxa

de fagocitose e atividade oxidante (ânio superóxido e óxido nítrico). Resultados: No grupo

desnutrido predominou o sexo masculino e a idade variou entre 4 e 16 meses. A maioria das

crianças apresentava desnutrição do tipo marasmática e de causa secundária a outras

patologias, principalmente a cardiopatia congênita, e as principais causas do internamento

foram a diarreia e pneumonia. Em relação ao grupo controle também prevaleceu o sexo

masculino e a idade variou entre 6 e 14 meses. O tempo médio de internamento do grupo

desnutrido foi de 13,5±6,7 dias, sendo maior nos pacientes com desnutrição secundária.

Crianças desnutridas mostraram redução significativa nos valores de linfócitos

(C=56,9,8±1,5; D=39,7±1,1) e da produção de superóxido na segunda hora (C=12,3±0,6;

D=7,8±0,9) e de óxido nítrico (C=7,1±0,6; D=4,6±0,1) quando comparadas ao grupo controle.

Conclusão: Crianças desnutridas graves apresentaram, mesmo após o tratamento preconizado

pela OMS, redução importante na liberação de radicais livres e no número de linfócitos, o que

pode repercutir em déficits na função imunológica de monócitos.

Palavras-chave: desnutrição proteico-energética, monócitos, leucócitos, fagocitose, radicais

livres.

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Introdução:

Há uma tendência mundial para o declínio da prevalência da desnutrição infantil,

inclusive no Brasil. Entretanto, ainda não há uma região no país onde se tenha corrigido

completamente esta problemática1. Ademais, crianças desnutridas são frequentemente

acometidas por infecções. A infecção nestas crianças pode ser tanto causa como consequência

da desnutrição, uma vez que a carência alimentar leva a diminuição da resistência

imunológica, desta forma, afetando negativamente o estado nutricional e o processo

infeccioso leva a má absorção, perda de apetite e de nutrientes, levando a depleção do estado

nutricional1,2

.

Frente a um patógeno, o sistema imune inato é ativado na tentativa de destruí-lo. Há

ativação dos monócitos, que produzem agentes oxidantes como ânion superóxido (O2-) e

óxido nítrico e outros potentes produtos microbicidas que são responsáveis pela destruição

dos microrganismos fagocitados3,4

. Esse mecanismo imunológico pode estar comprometido

frente a uma carência nutricional.

É descrito na literatura que a desnutrição afeta a imunocompetência por depletar a

imunidade celular, a produção de anticorpos, as concentrações de imunoglobulina A, o

sistema complemento, e produção de citocinas5,7

. Porém, poucos estudos avaliaram a reversão

da disfunção do sistema imunológico após o tratamento em nível hospitalar.

Apesar da tendência de declínio da desnutrição, o índice de mortalidade hospitalar

permaneceu inalterado nas últimas décadas. Os óbitos, em torno de 20%, ocorrem,

principalmente, em desnutridos graves, muito por conta do acometimento da resposta imune.

Este valor está muito acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que

aponta um limite de 5%8,9

.

Com o intuito de reduzir essas altas taxas de mortalidade em nível hospitalar, a OMS

publicou, em 1999, um protocolo com diretrizes para o atendimento e tratamento da criança

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desnutrida grave em nível hospitalar, com idade entre 1 e 60 meses. Sua utilização foi

recomendada em países em desenvolvimento com adaptações necessárias a cada local. Esta

indicação é baseada na experiência de pesquisadores e de centros de reabilitação nutricional8-

16. O protocolo visa corrigir falhas que incluem dietas inadequadas com alto teor protéico,

calórico e sódico, reduzido teor de micronutrientes e, ainda, inadequado manejo da

desidratação, uso indevido de antibióticos e utilização de diuréticos10-13

.

Após sua publicação, vários países do mundo implementaram o protocolo8-16

. Estudos,

em nível mundial, demonstraram redução média da mortalidade hospitalar após a sua

utilização15,16

. No Brasil, o Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP),

adotou o Protocolo da OMS em 2000, tornando-se centro de referência para atendimento do

desnutrido grave17

.

Centros de saúde que utilizam o protocolo da OMS verificaram, em sua maioria,

redução nas taxas de mortalidade local e facilidade em sua aplicação11-13

. Escassos são os

estudos que investigam a capacidade fagocítica e a atividade oxidante, após o tratamento com

o Protocolo. Por isso, é de interesse avaliar parâmetros imunológicos em crianças desnutridas

graves após a utilização do protocolo. Com isso, o presente estudo se propõe a avaliar a

atividade oxidante, a fagocitose e o leucograma em crianças desnutridas graves após o

tratamento preconizado pela OMS. Assim, pode-se analisar se o Protocolo da OMS,

elaborado conforme particularidades fisiopatológicas apresentadas por crianças com

desnutrição grave em nível hospitalar, induzir melhora efetiva em parâmetros da resposta

microbicida dessas crianças.

Métodos:

O estudo caracteriza-se por um ensaio clínico transversal. Foram avaliadas 20 crianças

menores de dois anos de idade, sendo 10 classificadas como desnutridas graves (P/A < -3DP

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ou presença de edema em ambos os pés), internadas no IMIP e submetidas ao Protocolo da

OMS, durante o período de abril a outubro de 2010. O IMIP é uma entidade não

governamental, filantrópica, situada na região metropolitana do Recife, estado de

Pernambuco, nordeste do Brasil. Como centro de referência do Sistema Único de Saúde

(SUS) para o atendimento de doenças de alta complexidade, atende rotineiramente crianças de

Pernambuco e dos estados vizinhos. Em 2000, tornou-se centro de referência para desnutridos

graves, atendendo anualmente cerca de cinquenta crianças com emagrecimento grave18

.

Para compor o grupo controle foram incluídas 10 lactentes saudáveis, com índice P/A

entre -1 e +1 escore Z, com a mesma faixa etária do grupo desnutrido, atendidas no Setor de

Puericultura do IMIP. Foram excluídas do estudo, crianças re-internadas no período das

avaliações e as portadoras do vírus HIV. Os pais ou responsáveis autorizaram a pesquisa

mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Tratamento com o protocolo da OMS. O tratamento da criança desnutrida grave em nível

hospitalar baseado no protocolo da OMS tem como objetivo reduzir o risco de óbito, encurtar

o tempo de permanência hospitalar, facilitar a reabilitação e promover recuperação

completa13

.

O protocolo é realizado em três fases. A primeira é a de estabilização e tem a

finalidade de corrigir as deficiências nutricionais específicas, reverter às anormalidades

metabólicas, iniciar a alimentação e tratar, de imediato, os problemas que podem acarretar

risco de morte (hipoglicemia, hipotermia, desidratação, infecção)8-14

.

A alimentação é iniciada de forma gradativa, com restrição de volume conforme a

apresentação da desnutrição. O preparado alimentar foi formulado a partir das peculiaridades

fisiopatológicas da desnutrição grave, atendendo adequadamente às necessidades nutricionais.

Os aportes nutricionais nesta fase são essenciais para manter os processos fisiológicos básicos

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da criança. É recomendada ingestão calórica entre 80-100kcal/kg de peso/dia e consumo

protéico entre 1-1,5g/kg de peso/dia8-16

.

A segunda fase é a de reabilitação e tem como meta assegurar o crescimento rápido e o

ganho de peso através de uma alimentação com maior aporte calórico-protéico. Nesta etapa,

as necessidades nutricionais aumentam para 120-150kcal/kg de peso/dia e consumo protéico

de 4-6g/kg de peso/dia. Estímulos emocionais e físicos e orientação aos pais e/ou

responsáveis devem ser implementados e incentivados para continuidade do tratamento8-16

.

A terceira fase é a de acompanhamento, a qual visa preparar a criança para alta

hospitalar e encaminhá-la para a contra referência, a fim de prevenir a recaída e assegurar a

continuidade do tratamento13

. Para a alta hospitalar são acatados os seguintes critérios:

realização do esquema de antibióticos, resolução do quadro infeccioso, aceitabilidade à

alimentação oferecida por via oral, ganho de peso superior a 10g/Kg de peso/dia por três dias

consecutivos, inexistência de desidratação ou edema e suplementação de potássio, magnésio e

de outros minerais e vitaminas por duas ou mais semanas13

.

Coleta do sangue. A coleta de sangue foi realizada no Laboratório do IMIP. Foi obtida uma

amostra sanguínea de aproximadamente 4 mL, por punção venosa, de cada paciente. Alíquota

de 1mL de sangue foi utilizada para o leucograma e de 3 mL para análise da liberação dos

radicais livres, óxido nítrico e superóxido, dos monócitos e para taxa de fagocitose.

Leucograma. Foi realizado pelo laboratório de Hematologia do IMIP, onde foram medidas

automaticamente pelo método da cianometahemoglobina utilizando um hemoglobinômetro da

marca SYSMEX – XT2000i.

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Proteínas totais e frações. Foram dosadas no laboratório de Bioquímica do IMIP por

automação com o equipamento ARCHITECT C8000, utilizando o teste colorimétrico e

reagente biureto.

Proteína C reativa. Foi mensurada no laboratório de Imunologia do IMIP por automação

com o equipamento ARCHITECT C8000, através da reação antígeno-anticorpo pelo método

de ponto final.

Obtenção de monócitos do sangue periférico. Aamostra foi distribuída em containers a

vácuo, contendo EDTA a 15%. O sangue obtido foi diluído na proporção de 1:1 em soro

fisiológico (10 mL de sangue + 10 mL de soro fisiológico). Aos 20 mL da solução foram

adicionados 10 mL de histopaque (1077-SIGMA), sendo posteriormente centrifugados por 30

min a 3000 rpm. O plasma foi aspirado e a camada formada pelas células mononucleadas do

sangue periférico foi coletada e transferida para outro tubo. Assim, neste último tubo

adicionou-se 15 mL de RPMI 1640 e em seguida, centrifugados por 10 min a 1500 rpm. O

sobrenadante foi aspirado e desprezado. Posteriormente, duas novas lavagens do sedimento

foram realizadas com RPMI 1640, e a solução foi centrifugada por 5 min de cada vez.

Desprezou-se o sobrenadante e o sedimento ressuspendido em 2mL de meio de cultura RPMI

1640 completo, contendo soro fetal bovino a 3 % e antibióticos (penicilina 100U/mL e

estreptomicina 100 mcg/mL). Ao final, realizou-se a contagem das células em hemocitômetro

(câmara de Neubauer) colocando-se a suspensão de células e o corante azul tripan na

concentração de 0,3% e diluído de 1:10. A concentração celular foi ajustada em todos os

experimentos para 1x106 células/mL. Após a recuperação das células, foram ressuspendidas

em RPMI 1640 completo, contadas e distribuídas em placas tipo Falcon com 6 poços, na

proporção de 1x106

células/mL. Para os ensaios, obtiveram-se os monócitos após o tempo de

adesão das células, em uma hora e terminado esse tempo, realizou-se a lavagem do poço com

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meio de cultura RPMI para retirada das células não aderentes, isolando desta forma apenas os

monócitos.

Avaliação da taxa de fagocitose. Para avaliar a taxa de fagocitose, foram utilizados fungos

Saccharomycessp. Os fungos foram lavados três vezes com solução salina balanceada de

Hanks (HBSS). Em seguida, 1x108

fungos/mL foram misturados em suspensão, contendo

1x106

células/mL de meio RPMI 1640. As células mononucleadas e os fungos foram

distribuídos em lâminas para microscopia óptica e incubados a 37°C, em atmosfera úmida,

por uma hora. Em seguida, as lâminas foram lavadas com HBSS (retirando as células

mononucleadas não aderentes), secadas a temperatura ambiente e coradas com Diff-Quick set

(BaxterDade, Dudunen, Switzerland. A leitura foi realizada em microscópio óptico, com

aumento de 1.000 vezes. A taxa de fagocitose foi obtida em percentual, através da contagem

de monócitos que fagocitaram o fungo, em um total de 100 células.

Avaliação da produção de ânion superóxido (O2-). O ânion superóxido pode ser detectado

pela sua habilidade em reduzir quimicamente um composto aceptor de elétrons. Para isso,

neste estudo, utilizou-se o ferrocitocromo C (30 mg/mL em HBSS, 2,4x10-3

M,

ferrocitocromo c de mitocôndria de cavalo, tipo VI, SIGMA ChemicalCompany, St. Louis,

MO). Para a avaliação da produção de superóxido formado, foi preparado 1 sistema de análise

descontínua com avaliação a cada 1h, durante um período de 2 horas. Para o preparo deste

sistema utilizou-se monócitos em cultura (2mL/poço com 1x106 células/mL de RPMI 1640),

acrescido de citocromo e PMA (acetato miristato de forbol-PMA, SIGMA) preparado em

solução concentrada de 3000mcg/mL em dimetil sulfóxido de sódio (DMSO, SIGMA). O

PMA utilizado para estimular as células, foi diluído para uma concentração de 2mcg/mL em

2.145 mL de solução salina balanceada de Hanks e colocado nos poços da placa de cultura.

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Em seguida, foram colhidas alíquotas de 700 mcL e colocadas em tubos eppendorf, no tempo

“zero”, que correspondeu ao branco. Imediatamente após a coleta, as alíquotas foram

paralisadas em banho de gelo. As amostras subsequentes foram coletadas em intervalos de

tempo regulares, nas mesmas condições, de uma em uma hora. Em seguida, foi realizada a

leitura em espectofotômetro a 550nm. Os resultados finais foram expressos nmoles/mL.

Análise da liberação de óxido nítrico (ON). A produção de óxido nítrico foi determinada a

partir do sobrenadante das células em cultura e segundo o método descrito por Feder e col.,

(1994)20

. A concentração de nitrito é uma medida indireta da síntese de NO. As células foram

deixadas em uma concentração de 2x106 células/mL por cada poço da placa tipo Falcon, em

estufa incubadora. Após 24 horas a 37ºC em estufa, com tensão de 5% de dióxido de carbono

(CO2), coletou-se 500 mL do sobrenadante das culturas celulares e acrescentou-se 50 l do

reagente de Griess (1,5% de sulfanilamida em 5% de H3PO4, 0,1% em H20 de

naftiletilenediaminediidrocloride). Em seguida, foi realizada a leitura em espectofotômetro,

com leitura de 540nm. A concentração de nitrito foi calculada pela média de uma curva

padrão de nitrito de sódio (NaNO2) e os dados expressos em µM/mL de nitrito/nitrato.

Análise estatística. Para comparação entre os grupos experimentais foi utilizado o t test de

Student para os dados paramétricos e o teste de Mann-Whitney para os dados não

paramétricos. Para comparar as alterações que ocorreram entre o grupo desnutrido, foi

utilizado t test pareado de Student. Os resultados estão apresentados em média ± desvio

padrão. A significância estatística foi considerada admitindo-se um nível crítico de 5%

(p<0,05) em todos os casos. Os dados antropométricos foram avaliados pelo Software WHO

Anthro versão 3.1.

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83

O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), sob número 1437, aprovado em

11.06.2009.

Resultados:

No período de abril a outubro de 2010 foram internadas no IMIP 16 crianças com

desnutrição grave e nenhuma criança evoluiu para óbito. No grupo desnutrido, predominou o

sexo masculino (60%) e a idade variou entre 4 e 16 meses. O peso e estatura permaneceram

significativamente inferiores ao grupo controle mesmo após o tratamento em nível hospitalar.

Nenhum índice da avaliação nutricional foi recuperado na alta hospitalar, apresentando-se

reduzidos significativamente, e o índice P/I permaneceu abaixo de -3 desvios padrão (Tabela

1). O tempo médio de internamento foi de 13,5±6,7 dias, sendo maior nos pacientes com

desnutrição secundária. Em relação às condições clínicas, a maioria apresentou desnutrição do

tipo marasmática (80%) e secundária a outras patologias (45%), principalmente a cardiopatia

congênita (50%) e dentre os principais motivos que motivaram o internamento tivemos a

pneumonia (54,5%) e a diarreia (27,3%).

Crianças desnutridas, mesmo após o tratamento com as diretrizes do protocolo da

OMS, não apresentaram alteração no número de leucócitos totais, segmentados, eosinófilos e

monócitos. No entanto, mostraram redução (p<0,05) nos valores de linfócitos (Tabela 2).

Também não houve diferença entre os grupos para PCR (C=0,8±0,1; D=1,5±0,5), proteínas

totais (C=6,6±0,9; D=6,5±1,0) e frações (Albumina - C=4,1±0,1; D=3,7±0,3/Globulina -

C=2,1±0,6; D=2,1±0,5) e taxa de fagocitose (C=35,8±1,9; D=36,8±1,6). Quanto àprodução de

superóxido (O2-), tanto na 1h quanto após 2h de estímulo dos monócitos, como a produção

média de ON das crianças desnutridas, houve redução (p<0,05) quando comparados às

crianças saudáveis (Tabela 3).

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Discussão:

Apesar das evidências recentes de redução dos índices de desnutrição energético-

proteica no Brasil, especialmente no Nordeste, ela continua como uma importante endemia

carencial em nosso país, provocando uma elevada demanda nos serviços de saúde e aumento

nas taxas de mortalidade hospitalar21

.

Para um tratamento mais específico e com intuito de reduzir a mortalidade hospitalar

de crianças com desnutrição grave, a OMS elaborou um protocolo para tratamento hospitalar

dessas crianças. O IMIP, após iniciar o tratamento de acordo com as diretrizes do protocolo,

reduziu a taxa de letalidade hospitalar de 38%, antes de sua implementação, para 16,2%, em

apenas um ano de utilização19

. Outros estudos também encontraram resultados positivos

quanto à viabilidade da implementação e redução da mortalidade hospitalar11-17

. Entretanto,

ainda há resistência para sua utilização, visto que ainda são poucos os estudos que avaliam

sua eficácia. Desta forma, este estudo verificou a eficácia do protocolo sobre parâmetros da

resposta imunológica de crianças com desnutrição grave.

No período do estudo, das 16 crianças internadas por desnutrição grave no IMIP,

nenhuma evoluiu com óbito. Esse dado demonstra que o objetivo de reduzir a mortalidade

hospitalar foi atingido.

Dentre as condutas para o tratamento do desnutrido grave em nível hospitalar proposta

pela OMS tem-se a indicação de uma fórmula alimentar preparada de acordo com as

particularidades da desnutrição a qual fornece maior aporte calórico-protéico, atendendo

adequadamente às necessidades nutricionais. A elaboração da fórmula teve como meta

assegurar o crescimento rápido e o ganho de peso10

. Porém, apesar do tratamento preconizado

pela OMS ser efetivo para corrigir as intercorrências agudas, reduzindo a mortalidade, no

entanto, não modifica o estado nutricional das crianças durante o período de internação

hospitalar22

. Essa condição foi observada no nosso estudo, onde, as crianças com desnutrição

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grave internadas permaneceram, na alta hospitalar, com comprometimento pondero-estatural

em todos os índices avaliados.

A OMS preconiza que a criança desnutrida grave tenha alta quando há recuperação de

90% no índice P/A10

. No entanto, isso raramente é viável devido à escassez de leitos

disponíveis nos hospitais, restrições orçamentárias e, ainda, o tempo de internação prolongado

pode acarretar maior risco de infecções e mortalidade10,22

. No presente estudo foi verificado

que na alta hospitalar as crianças desnutridas não apresentavam infecção. Tal fato foi

evidenciado pela análise da PCR, a qual não houve diferença entre os grupos estudados, e

trata-se de um indicador extremamente sensível de infecção e inflamação.

Durante a infância, o timo constitui, junto com a medula óssea, os principais tecidos

linfóides responsáveis pela síntese e maturação das células linfóides23

. Em estudo prévio foi

descrito que crianças com desnutrição grave apresentam atrofia do timo e a

recuperação do seu tamanho só ocorre após 2 meses de recuperação nutricional. Como o

tempo de internamento hospitalar foi em média 11 dias, provavelmente o tamanho do timo

não foi recuperado, o que pode justificar a diminuição significativa no número de linfócitos

no grupo desnutrido quando comparado as crianças do grupo controle24

. Ademais, Vásquez-

Garibayet al. (2008) observou em seu estudo que a interleucina-2, uma importante citocina

oxidativa, responsável pela proliferação de linfócitos, está reduzida em crianças desnutridas

mesmo após 4 semanas de recuperação nutricional25

.

Quando a carência nutricional incide no período crítico de desenvolvimento do

sistema imune, isto é, ainda na infância, é capaz de interferir nos mecanismos essenciais para

defesa do hospedeiro26

. Na desnutrição energético-protéica, várias funções dos monócitos

encontram-se comprometidas6, estas células são de importância fundamental para controle e

resolução dos processos infecciosos e também na regulação da homeostase, justamente por

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atuarem no início da resposta inflamatória, por participarem do processo de reparação tecidual

e por estarem envolvidas na resposta imune tanto inata quanto adaptativa27

.

Os monócitos participam da resposta imune pela aderência a substratos; quimiotaxia;

ingestão de células e partículas inertes; fagocitose de bactérias; liberação de mediadores

bioativos, de citocinas pró-inflamatórias e de radicais livres27,28

. A capacidade funcional de

monócitos pode ser avaliada por funções como adesividade, fagocitose e liberação de radicais

livres29

.

No nosso estudo, avaliamos além do número de monócitos no sangue periférico a

funcionalidade dos monócitos pelos parâmetros, fagocitose e produção de radicais livres.

Apesar de não ter sido encontrada uma redução no número de monócitos, a função dos

monócitos, quando avaliada pela capacidade oxidante, foi significativamente menor em

relação ao grupo controle, mesmo após o tratamento preconizado pela OMS.

A atividade oxidante avaliada neste estudo foi relacionada a produção dos radicais

livres, superóxido e óxido nítrico. O ânion superóxido ataca microorganismos e/ou células

infectadas, proporcionando a defesa do hospedeiro contra patógenos, assim, crianças cujas

células são incapazes de produzir O2- são altamente susceptíveis às infecções

30. Nascimento et

al, ao estudar a produção de ânion superóxido em ratos estressados, verificou que a

diminuição dos níveis deste radical livre pode estar associada à concomitante liberação de

glicocorticóides, ocorrida em condições de estresse29

. Como se sabe, na desnutrição há uma

intensa liberação de glicocorticóides31

o que pode ter propiciado junto com a carência de

nutrientes, a redução dos níveis de superóxido.

O óxido nítrico funciona como uma molécula tumoricida e antimicrobiana in vivo e in

vitro, redução de seus níveis também comprometem a destruição de microrganismos

fagocitados pelos monócitos32

. Este dado corrobora com o estudo de JAHOOR et al., 2007

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que também encontraram redução nos níveis de óxido nítrico após 55 dias de internamento de

21 crianças desnutridas graves hospitalizadas33

. A redução dos níveis de óxido nítrico mesmo

na alta hospitalar, provavelmente deve-se a deficiência do aminoácido arginina que é

precursora do NO, uma vez que Jahoor em seu estudo encontrou níveis reduzidos de arginina

em crianças com desnutrição grave, mesmo após a recuperação nutricional33

. Logo, a

suplementação com arginina no tratamento de crianças desnutridas pode ser uma importante

terapêutica para melhora do sistema oxidante de crianças gravemente desnutridas.

Ademais, como uma adequada recuperação nutricional tem uma influência decisiva no

processo pró-inflamatório da resposta imune de crianças com desnutrição grave34

, os

prejuízos encontrados na atividade oxidante pode ter sido decorrente do pouco tempo de

permanência hospitalar, uma vez que os critérios de alta são incipientes, pois não preconiza a

recuperação do estado nutricional.

Em estudo experimental realizado por Melo et al. (2008) também foi encontrado

prejuízos na defesa oxidante (superóxido e óxido nítrico) de ratos adultos submetidos à

desnutrição no período neonatal, mesmo após a recuperação nutricional34

. Tal resultado

aponta que insultos nutricionais no período de desenvolvimento do sistema imune, mesmo

após recuperação nutricional, podem acarretar prejuízos na resposta imune na idade adulta.

A capacidade dos monócitos em fagocitar patógenos das crianças do grupo desnutrido

não foi prejudicada na alta hospitalar em comparação as crianças saudáveis. Resultados

semelhantes foram encontrados por Vasquez-Garibay, et al. (2008) ao avaliar 12 crianças com

desnutrição grave após 4 semanas de recuperação nutricional25

. Uma importante função dos

monócitos é a capacidade de fagocitar antígenos e constitui a primeira linha de defesa do

sistema imune, pois trata-se da primeira etapa na tentativa de destruição dos patógenos. Com

isso, o tratamento realizado no IMIP de acordo com as recomendações do protocolo da OMS

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foi eficaz em recuperar a atividade fagocítica, visto que estudos prévios demonstram prejuízos

na fagocitose em crianças com desnutrição grave.

Nossos resultados indicam que o protocolo foi eficaz em reduzir a mortalidade em

nível hospitalar, porém é necessária que haja plena recuperação nutricional para que o sistema

imune de uma criança com desnutrição grave restaure totalmente sua atividade oxidante.

Mesmo as crianças com desnutrição grave apresentando redução na liberação de radicais

livres, acarretando prejuízo na função microbicida de monócitos e tornando-as mais

suscetíveis a infecções e reinternamento hospitalar, o encaminhamento a contra referencia

pode ser uma estratégia interessante para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do

tratamento.

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Tabela 1 – Idade e características antropométricas de crianças menores de dois anos de idade

atendidas no IMIP. Os resultados estão representados em média e erro padrão (EPM).

Grupos Controle

(n=10)

Desnutrido

(n=10)

Média EPM Média EPM

Idade (meses) 10,6 1,3 10,3 1,6

Peso (kg) 9,77 0,6 5,68* 0,5

Comprimento (cm) 76,1 2,4 67,1* 2,3

Índice P/A 0,67 0,2 -2,95* 0,4

Índice P/I 0,49 0,2 -3,09* 0,5

Índice A/I 0,007 1,3 -2,220* 0,7

* p<0,05 vs grupo controle. t test de Student.

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Tabela 2 – Contagem total e diferencial de leucócitos do sangue periférico de crianças

menores de dois anos de idade atendidas no IMIP. Os resultados estão representados em

média e erro padrão (EPM).

Grupos

Controle

(n=10)

Desnutrido

(n=10)

Média EPM Média EPM

Leucócitos 14050 1412 11410 1363

Segmentados 28 4,7 35 6,8

Eosinófilos 3,7 0,8 2,4 1,2

Linfócitos 56,9 4,5 39,7* 6,0

Monócitos 6,1 1,5 7,5 1,1

* p<0,05 vs grupo controle. t test de Student.

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Tabela 3 – Atividade oxidante (O2- e ON) em sobrenadante de cultura de monócitos de

crianças menores de dois anos de idade atendidas no IMIP. Os resultados estão representados

em média e erro padrão (EPM).

Grupos

O2- 1h

(nmoles/ml)

O2- 2h

(nmoles/ml)

ON plasma

(μM/ml)

Média EPM Média EPM Média EPM

Controle (n= 10) 6,8 0,5 12,3‡ 0,6 7,1 0,6

Desnutrido (n=10) 5,5 0,5 7,8*† 0,9 4,6* 0,1

O2-, superóxido; ON, óxido nítrico, * p<0,05 vs grupo controle, t test de Student. ‡

comparação entre as horas de estímulo com PMA no grupo controle; † comparação entre as

horas de estímulo com PMA no grupo desnutrido, t test pareado de Student.

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__________CONSIDERAÇÕES FINAIS

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7.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossos resultados indicam que crianças desnutridas graves apresentam importante

comprometimento da resposta imunológica inata no momento da admissão hospitalar e esta

condição é um fator decisivo para o estabelecimento de infecções e possível causa de óbitos

nesta população em nível hospitalar.

Ao avaliar o sistema imune após o tratamento com o protocolo adaptado da OMS,

verificou-se uma recuperação da atividade fagocítica. No entanto, a atividade oxidante e o

número de leucócitos permaneceram reduzidos em relação ao grupo controle. Esses dados

fornecem informações relevantes e servem de base para melhorar a abordagem médica de

crianças com desnutrição grave hospitalizadas e podem servir para futuras intervenções como

a suplementação de arginina.

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PERSPECTIVAS

Foram levantadas novas hipóteses e sugeridas alguns estudos, entre os quais:

Avaliar os níveis de óxido nítrico de crianças com desnutrição grave, na alta

hospitalar, após suplementação com arginina;

Avaliar a atividade antioxidante na admissão e na alta hospitalar.

Analisar parâmetros da resposta imune inata de crianças que foram desnutridas na

infância, quando atingirem a idade adulta;

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____________________REFERÊNCIAS

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111

_______________________APÊNDICES

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112

APÊNDICES

APÊNDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

APÊNDICE B Formulário para coleta de dados

APÊNDICE C Artigo de revisão: Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o

sistema imune de crianças com desnutrição grave

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Apêndice A.Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO E LIVRE ESCLARECIMENTO

(De acordo com os critérios da resolução 196/96 de Conselho Nacional da Pesquisa)

Eu,__________________________________________________________________,

declaro que fui devidamente informado(a) pela pesquisadora Érika Michelle Correia de

Macêdo, sobre a finalidade da pesquisa: “Avaliação de Parâmetros da Resposta Imunológica

de Crianças Desnutridas Graves Internadas no IMIP” e que estou completamente consciente

de que:

1. Autorizei a participação da criança na pesquisa sem que recebesse nenhuma pressão dos

que participaram do projeto.

2. A criança continuará sendo atendida e dispondo de toda a atenção devida neste Hospital,

independente da minha participação na pesquisa.

3. Fui informado que a coleta de sangue será realizada por profissionais especializados do

laboratório de análises clínicas do IMIP e que acarretará riscos mínimos para a criança.

4. Será necessária a retirada de uma alíquota de material sanguíneo, através da qual serão

realizadas dosagens no laboratório do IMIP e na UFPE.

5. Tenho conhecimento de que os dados obtidos nesta pesquisa serão mantidos

confidencialmente e que terei acesso as pesquisadoras para qualquer esclarecimento.

6. Poderei retirar a criança a qualquer momento da pesquisa caso não me sinta satisfeito (a),

sem que isso venha a prejudicar o atendimento da criança no IMIP.

Recife, ____ de _______________ de _______

__________________________________________

Responsável pelo participante da pesquisa

__________________________________________

Responsável pela Pesquisa

(Érika Macêdo – cel: (81)88885125

Av. Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária, Recife-PE)

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Apêndice B: Formulário para coleta de dados

PROJETO: AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA INATA DE

CRIANÇAS COM DESNUTRIÇÃO GRAVE HOSITALIZADAS NO IMIP

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Nome:

Data de nascimento: Idade: Registro:

Procedência: Data admissão:

Data da alta:

Sexo:

Hipótese diagnóstica:

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL - ADMISSÃO

Peso: Estatura: Edema: ( ) sim ( ) não

Escore Z P/A: Escore Z P/I: Escore Z A/I:

Causa da desnutrição: ( ) primária ( ) secundária ( ) mista

Classificação da desnutrição: ( ) Kwashiorkor ( ) Marasmo ( ) kwashiorkor-Marasmático

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL - ALTA

Peso: Estatura:

Escore Z P/A: Escore Z P/I: Escore Z A/I:

EXAMES BIOQUÍMICOS

Leuc Monóc Linf Eos Neut PCR Ptn alb glob

Admissão

Alta

DOSAGENS IMUNOLÓGICAS

Óxido nítrico Superóxido Taxa de fagocitose

Admissão

Alta

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Apêndice C. Artigo de revisão: Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o

sistema imune de crianças com desnutrição grave.

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Introdução

Os micronutrientes são compostos orgânicos essenciais para replicação celular, crescimento e

desenvolvimento dos sistemas fisiológicos(1)

. Sua deficiência pode ocorrer devido à ingestão

inadequada ou associada a doenças específicas(2)

. Além de sua função regulatória, atuam de

maneira decisiva na modulação da resposta imune(2,3)

. Em especial, os minerais têm um papel

crítico nesse sistema, agindo em inúmeras atividades enzimáticas(4)

.

No cenário epidemiológico, a desnutrição energético-proteica (DEP) é a causa mais comum

de imunodeficiência secundária(5,6)

. Carências nutricionais envolvem, geralmente, escassez de

proteínas, calorias e vários micronutrientes(7)

. Estudos sobre desnutrição apontam deficiências

graves, principalmente de vitamina A e dos minerais cobre, zinco e magnésio(8-10)

.

Nas sociedades modernas, as crianças constituem um dos grupos mais vulneráveis da

população, uma vez que são expostas a situações de alto risco para problemas nutricionais

durante seu crescimento(11,12)

. O déficit nutricional é responsável, direta ou indiretamente, por

mais de 60% das 10 milhões de mortes que acometem crianças menores de cinco anos,

causadas, em sua maioria, por doenças infecciosas, como a diarreia. A nutrição adequada é

um dos fatores de maior impacto na saúde infantil(10,11)

.

A incidência de doenças infecciosas na infância é um problema de saúde pública em países

em desenvolvimento(6)

. Em áreas desfavorecidas, condições precárias de saneamento somadas

à alta prevalência de déficit nutricional e à reduzida oferta de tratamento acarretam aumento

da gravidade e duração das infecções(13)

.

Desta forma, a carência de micronutrientes durante a infância pode induzir a déficits na

maturação biológica(14)

, em especial dos sistemas nervoso(15)

e imune(3,16)

. Quando associada à

DEP, a multideficiência de minerais pode afetar gravemente a eficácia de intervenções

terapêuticas(14)

.

Cobre, zinco e magnésio têm ação regulatória sobre o sistema imunológico. Na desnutrição

grave, esses micronutrientes encontram-se reduzidos(9,10)

, o que pode acarretar disfunções

imunológicas(3,16)

e aumento na suscetibilidade a infecções(3,15)

.

Desta forma, entender os mecanismos subjacentes pelos quais esses minerais atuam sobre o

sistema imune e compreender a inter-relação entre desnutrição, micronutrientes e sistema

imune pode possibilitar intervenções terapêuticas mais efetivas. Por serem ainda incipientes

as pesquisas desenvolvidas acerca do tema, o presente estudo buscou esclarecer as

repercussões da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças

com desnutrição grave. Para isso, foi realizada revisão bibliográfica mediante consulta às

bases de dados Pubmed Medline, Lilacs e SciELO, nas quais foram selecionadas publicações

científicas da última década e representativas sobre o tema, utilizando-se os descritores:

desnutrição infantil, cobre, zinco, magnésio e sistema imune.

Sistema imune

O sistema imune de mamíferos inclui um complexo conjunto de células e de moléculas que

interagem para fornecer a proteção contra micróbios patogênicos (bactérias, vírus,

parasitas)(17)

. Esse sistema compreende dois componentes principais: o sistema imune inato e

o adquirido(18-20)

.

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117

A defesa inata está presente desde o nascimento, não é específica e pode responder aos

diferentes agentes da mesma forma sem produzir células de memória. Compreende barreiras

estruturais (pele e membranas mucosas) e fisiológicas (pH e níveis de oxigênio). Em adição,

células fagocitárias e outros leucócitos, como as células natural killer (NK), estão envolvidas

diretamente na fagocitose, pinocitose, morte celular e resposta inflamatória. Tais processos

não são influenciados pelo contato prévio com o agente infeccioso e formam a primeira linha

de defesa do organismo, eliminando células infectadas por vírus e células tumorais,

retardando o estabelecimento da infecção(18-20)

.

As células de maior destaque na resposta imune inata são os neutrófilos e macrófagos. Os

macrófagos produzem citocinas, proteínas sinalizadoras que recrutam outras células

inflamatórias, como os neutrófilos, durante o desencadeamento da resposta imune. Interferons

(IFN), interleucinas (IL) e o fator de necrose tumoral (TNF-a e TNF-b) são as principais

citocinas envolvidas na resposta imune. As células NK reagem rapidamente à presença de

células infectadas por vírus e agem também eliminando determinados tipos de células

tumorais(18-20)

.

A resposta imune adquirida atua por maior período do que a inata e apresenta especificidade e

memória. Essa defesa fornece uma proteção mais efetiva contra patógenos por sua habilidade

de memorizar e reconhecer expressivo número de antígenos. É composta por células de

memória B e T. As células B contribuem para a resposta imune por meio da secreção de

anticorpos ou imunoglobulinas que são subdividas em cinco classes: IgA, IgD, IgE, IgG, IgM

(imunidade humoral) e as células T, na imunidade mediada por células. As células T

apresentam-se em populações funcionais distintas: células T helper (CD4, também chamada

Th) e células T citotóxicas (CD8 - divididas em citotóxicas e supressoras)(18-20)

.

Durante a infância, o timo e a medula óssea constituem os principais tecidos linfoides,

responsáveis pela síntese e maturação das células linfoides(17)

. A integridade desses órgãos é

primordial para uma resposta imune eficaz na infância. A imunodeficiência é expressa por

leucopenia, linfopenia, redução no número de células T e das subpopulações CD4 e CD8,

além da inversão na relação entre linfócitos T helper e supressor(21)

.

Epidemiologia da carência de micronutrientes

Nos últimos anos, estudos apontam as implicações epidemiológicas da deficiência de

micronutrientes comparando-as à de macronutrientes. A maioria dessas deficiências é

subclínica, fenômeno chamado de "fome oculta"(15,22)

.

São escassos os estudos que relacionam o perfil de micronutrientes e a saúde infantil no

Brasil. Em 2003, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que a

deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais) foi uma das responsáveis por cerca de 1

milhão de óbitos de crianças, além de contribuir para o acometimento cognitivo de cerca de

100 milhões e para o nascimento de aproximadamente 250 mil crianças com

malformações(23)

.

O período que compreende o final da gestação, a lactação e os primeiros anos de vida é a fase

mais vulnerável do processo de crescimento e desenvolvimento. Por ser um período crítico de

desenvolvimento de diversos sistemas fisiológicos, a deficiência de micronutrientes pode

repercutir de maneira deletéria em várias respostas orgânicas, incluindo o sistema imune(3,14)

.

A ingestão adequada de elementos traços é necessária para a função eficiente do sistema

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imune(3,15)

. Assim, crianças com deficiência de minerais são mais suscetíveis a desenvolver

infecções frequentes e mais graves, desencadeando um ciclo vicioso de desnutrição e

infecções recorrentes(3,6,15)

.

Desnutrição energético-proteica (DEP): apresentação e realidade

A DEP é definida como uma condição patológica resultante de baixa ingestão de macro e

micronutrientes e está associada a infecções, acometendo frequentemente crianças menores de

cinco anos(24)

. A desnutrição grave apresenta-se de três formas: marasmática, kwashiokor e a

kwashiokor-marasmática. O marasmo ocorre frequentemente em lactentes, caracterizando-se

por reduzido tecido subcutâneo. Crianças marasmáticas são geralmente pequenas para idade,

têm membros delgados devido à atrofia muscular, apetite variável e, na maioria das vezes,

apresentam-se irritadas. O kwashiokor caracteriza-se por alterações na pele, edema, cabelos

quebradiços e hepatomegalia. O marasmo-kwashiokor ou desnutrição mista é a forma

intermediária, com sinais clínicos de ambas as formas(24)

.

Até o século 19, acreditava-se que o edema da forma clínica kwashiokor ocorria devido aos

baixos níveis de albumina e proteínas. Entretanto, atualmente, acredita-se que o edema possa

ser ocasionado pelo desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e

a sua eliminação(25)

. Esse desequilíbrio poderia acarretar diminuição das defesas

antioxidantes, que ocorre durante a desnutrição, particularmente quando associada a infecções

graves. O aumento nas EROs circulantes provocaria lesão no endotélio vascular, com

aparecimento de edema. Assim, infecções graves podem funcionar como deflagradoras de

edema causado pela agressão das EROs ao endotélio vascular(25,26)

. Tal abordagem trouxe

novas perspectivas para a prática clínica em relação à suplementação de micronutrientes(25)

.

Apesar do crescente interesse nos problemas nutricionais relacionados ao excesso de peso, a

desnutrição infantil ainda é prevalente em boa parte do mundo. Associada à pobreza e às

desigualdades sociais, é um fator expressivo de mortalidade de crianças nos países em

desenvolvimento, a despeito dos esforços realizados nas últimas décadas para reduzir sua

incidência(13)

. Dados da literatura apontam redução significativa na prevalência da DEP(25)

. Na

população brasileira, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da

Mulher (PNDS, 2006), a prevalência da desnutrição em crianças menores de cinco anos,

segundo o indicador altura para idade (A/I), foi reduzida de 13% em 1996 para 7% em 2006.

Em relação ao indicador peso para altura (P/A), foi encontrado um percentual de 1,5%,

redução de 50% em relação a 1996(27)

.

Ademais, o índice de mortalidade hospitalar permaneceu inalterado nas últimas décadas(10,25)

.

Os óbitos, em torno de 20%, ocorrem principalmente em desnutridos graves. Esse valor está

muito acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual aponta um

limite de 5%(10)

. Com o intuito de reduzir essas altas taxas de mortalidade em nível hospitalar,

a OMS publicou, em 1999, um protocolo com diretrizes para o atendimento e tratamento

desses pacientes. Suas determinações objetivavam assegurar a retomada do crescimento,

buscando condições para a completa reabilitação nutricional e diminuição da permanência

hospitalar(9,10)

.

Após sua publicação em 1999, vários países do mundo implementaram o manual. Estatísticas

mundiais mostram redução média da mortalidade hospitalar, de 30 para 5%, com a sua

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119

aplicação(8,9)

. No Nordeste brasileiro, especificamente em Recife, o Instituto de Medicina

Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) passou a aplicar o Manual a partir de dezembro

de 2000. Em 2001, Falbo e Alves verificaram que a taxa de letalidade hospitalar foi menor

nas crianças tratadas segundo o Manual (16,2 versus 33,8% antes da sua implementação)(10)

.

Dentre as diversas condutas desse protocolo, destaca-se a correção das deficiências de

micronutrientes com solução de eletrólitos/minerais, denominado Resomal (Reidratation

Solution for Malnutrition), adicionada ao preparado alimentar e ao soro de reidratação oral

para a criança desnutrida grave. Devido à magnitude das alterações que ocorrem nas

concentrações de eletrólitos, minerais e elementos traços, principalmente potássio, sódio,

cobre, zinco e magnésio, em consequência da desnutrição, estes são adicionados à solução

como forma de suplementação(9,10)

.

Interação: desnutrição e sistema imune

Uma alimentação balanceada é essencial para o desenvolvimento do sistema imunológico(7)

.

Os efeitos da deficiência de nutrientes sobre a resposta imune dependem da magnitude,

duração e do período do agravo. Crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos da DEP

e apresentam maior morbimortalidade devido a doenças infecciosas(3,15)

. As repercussões da

desnutrição sobre os mecanismos de defesa na criança diferem daquelas que ocorrem no

adulto, uma vez que a infância é caracterizada como um período crítico para o

desenvolvimento da defesa imunológica. Sendo assim, agravos nutricionais nesse período

acarretarão reduzida resposta imune, a qual pode se manter em longo prazo.

Durante a vida fetal e a infância, quando se inicia a fase de desenvolvimento do sistema

imune, há maior vulnerabilidade. Ao nascimento, o sistema imune é imaturo(3)

e seu

desenvolvimento está diretamente relacionado aos nutrientes; assim sendo, a resposta

específica aos patógenos e agentes pode estar alterada pela desnutrição(7)

. Estudo

experimental realizado por Melo et al encontrou prejuízos na defesa oxidante e antioxidante

de ratos adultos submetidos à desnutrição no período neonatal em relação ao grupo controle,

mesmo após a recuperação nutricional, sendo avaliados o superóxido e o óxido nítrico para a

atividade oxidante e a enzima superóxido dismutase quanto à atividade antioxidante(28)

.

Os componentes necessários para gerar uma resposta imunológica eficaz estão reduzidos

diante de uma nutrição desequilibrada(5,7)

. Observações realizadas tanto em estudos

experimentais quanto em humanos privados de micronutrientes específicos têm confirmado o

papel crucial dos minerais na manutenção da imunocompetência. Esses trabalhos

demonstraram que a reposição do nutriente deficiente à dieta pode restaurar a função imune e

aumentar a resistência à infecção(7)

.

O êxito da resposta imune requer a participação e a coordenação de células não-específicas e

específicas(21)

, as quais são determinadas pela nutrição(16)

. Assim, a desnutrição tem efeitos

adversos sobre os mecanismos imunológicos, aumentando a suscetibilidade às infecções e

estabelecendo um ciclo vicioso. Com o agravamento do estado nutricional por diminuição da

ingestão, há aumento das perdas, má absorção e comprometimento da mobilização dos

estoques corporais(6,13,16)

.

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120

Mecanismo de ação do cobre e repercussões de sua deficiência sobre o sistema imune

O cobre é um micromineral essencial e um importante constituinte do sangue. Encontra-se em

maior concentração no fígado, cérebro, coração e rim. Está bem distribuído nos alimentos,

sendo suas maiores fontes: crustáceos, nozes, sementes, legumes, farelo e gérmen dos cereais

e vísceras. O leite humano contém aproximadamente dez vezes mais cobre do que o leite de

vaca, além de ser mais biodisponível(29,30)

.

A deficiência de cobre em seres humanos é muito rara, sugerindo que a ingestão dietética é

suficiente para prevenir sua carência. Entretanto, a deficiência do mineral é observada em

circunstâncias especiais, como: lactentes recuperando-se de desnutrição, lactentes prematuros

e de baixo peso ao nascimento alimentados com fórmulas lácteas e pacientes recebendo

nutrição parenteral total prolongada(30)

.

Evidências recentes indicam sua influência sobre a função imunológica(11,30)

. O cobre

desempenha papel importante na maturação dos tecidos linfoides. Atua também como cofator

para a enzima superóxido dismutase (SOD), enzima chave na defesa antioxidante(31,32)

. O

cobre livre no plasma é um agente catalizador de espécies reativas de oxigênio. Em crianças

eutróficas, o organismo evita o efeito oxidante desses metais, mantendo-os ligados a proteínas

e, no caso do cobre, à ceruloplasmina. Contudo, Agudelo et al observaram, em crianças

gravemente desnutridas edematosas, níveis elevados de cobre livre e concentrações

significativamente menores de ceruloplasmina, tanto em comparação ao grupo controle

quanto ao grupo marasmático(26)

, sugerindo ser esse o fator desencadeante do edema na

desnutrição do tipo kwashiokor.

Existem evidências de que, diante da redução dos níveis séricos de cobre, há depleção da

atividade antioxidante. Thakur et al e Tatli et al verificaram, em crianças gravemente

desnutridas, redução significativa nos níveis séricos de cobre e na atividade da enzima SOD,

quando comparadas ao grupo controle(32,33)

. Takur et al encontraram ainda associação positiva

entre baixos índices de cobre e aumento dos episódios diarreicos(32)

. Portanto, sugere-se que a

depleção de cobre contribua para uma maior suscetibilidade a infecções. Além disso, devido à

diminuição da atividade da enzima SOD, os baixos índices de cobre podem levar ao excesso

da produção de radicais livres, ocasionando danos no DNA nuclear e mitocondrial, na

membrana lipídica celular e nas proteínas intracelulares, culminando na morte celular(33)

, o

que, de acordo com evidências recentes, contribui para a formação de edema em crianças

desnutridas.

Mecanismo de ação do zinco e repercussões de sua deficiência no sistema imune

O zinco é um elemento traço com diversas funções no organismo humano. É importante para

o funcionamento adequado do metabolismo(22,32,33)

, necessário à reprodução, diferenciação

celular, crescimento(22,34)

, desenvolvimento(34,35)

, reparação tecidual e defesa

imunológica(5,34,36,37)

, além de ser constituinte de mais de 300 enzimas(34)

que participam do

metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas e da síntese e degradação dos ácidos

nucleicos(1,38)

.

A deficiência de zinco é considerada um problema nutricional mundial, afetando países

desenvolvidos e em desenvolvimento(39,40)

. Atinge cerca de um terço da população mundial e

é frequente na DEP. Em crianças, aproximadamente 800 mil óbitos por ano estão relacionados

à carência desse mineral(2,11)

.

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121

A necessidade de zinco pode ser maior em crianças(39)

devido ao rápido crescimento(41)

,

sobretudo naquelas com baixo peso ao nascer(21)

. Ainda, seus níveis reduzidos na dieta,

consequentes à pobreza e aos hábitos alimentares com baixa oferta de proteína animal(34,40)

,

submetem as crianças dos países subdesenvolvidos a um alto risco dessa deficiência(21)

. Uma

alimentação pobre em proteínas e calorias e rica em cereais, os quais inibem a absorção de

zinco(42)

, potencializam os efeitos deletérios de sua carência.

Neste sentido, Anderson et al observaram que, dentre 187 crianças desnutridas com seis

meses a três anos, 73% apresentaram deficiência de zinco (<9,9numol/L)(43)

. Amesty-

Valbuena et al e Thakur et al verificaram que as concentrações séricas de zinco em crianças

de zero a cinco anos com desnutrição grave mostraram redução significativa de níveis

plasmáticos em comparação ao grupo controle, mais pronunciada em crianças com

kwashiokor(32,38)

.

O papel do zinco no sistema imunológico(44)

, principalmente na redução de infecções, vem

sendo investigado. Borges et al, ao estudarem crianças de um a cinco anos, de baixa renda,

encontraram concentrações séricas médias de zinco significativamente inferiores naquelas

com relato de diarreia (125±43µL/dL), quando comparadas às crianças nas quais a diarreia

não foi referida (155±58µL/dL)(45)

.

No sistema imune, pelo fato de as células específicas e não-específicas apresentarem alta

proliferação, o zinco desempenha papel fundamental no processo de transcrição, tradução e

replicação do DNA(46)

. Em adição, o zinco, em conjunto com o cobre, participa da estrutura

da enzima SOD, sendo sua atividade reduzida pela deficiência desse mineral(37,47)

.

Evidências apontam comprometimento no processo de fagocitose realizado por macrófagos e

neutrófilos na lise celular mediada pelas células NK e na atividade antioxidante da SOD(20,46)

.

De acordo com Wintergerst et al, em estudos com humanos, há redução na produção de

interferon, IL-2 e TNF-a(4)

. Nessas condições, parece ocorrer diminuição dos efeitos

quimiotáxicos e bactericidas.

Wieringa et al analisaram os efeitos da deficiência de zinco sobre a produção de citocinas

imunorreguladoras em crianças e concluíram haver significativa redução de células brancas e

da IL-6(48)

, a qual atua tanto na imunidade humoral quanto na mediada por células, uma vez

que estimula a síntese de anticorpos, a proliferação de células T, a ativação do mecanismo

natural de morte celular e citotoxidade. Logo, a deficiência de zinco afeta tanto a

imunocompetência mediada por células quanto a humoral em crianças.

Além disso, a deficiência de zinco pode ocasionar atrofia do timo(5)

e de outros órgãos

linfoides, acarretando diminuição da proliferação de linfócitos, reconhecida como

linfocitopenia(37)

, o que reduz a ação citolítica das células T e diminui a relação das células

CD4+/CD8+(46)

. Tal modificação pode contribuir, conforme verificado por Prasad et al, com

o desequilíbrio do sistema imunológico, afetando sua regulação e resposta(12,44)

.

O efeito da suplementação de zinco, mesmo por curtos períodos, pode melhorar a defesa

imune desses pacientes. Resultados satisfatórios dessa suplementação foram vislumbrados por

Makonnen et al em 150 crianças com idade entre seis e 60 meses, internadas com DEP e

suplementadas com 10mg de zinco elementar durante três meses. A suplementação resultou

em uma significativa redução de diarreia, febre, infecções respiratórias e de pele, com

melhora clínica da anemia e dos episódios de vômitos(49)

.

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122

Mecanismo de ação do magnésio e repercussões de sua deficiência sobre o sistema

imune

O magnésio é um elemento essencial, que desempenha papel fundamental nas atividades

enzimáticas(50)

. Atua como cofator em mais de 300 reações metabólicas, como no

metabolismo energético e proteico, glicólise e síntese de adenosina trifosfato. Atua, ainda, na

estabilidade da membrana neuromuscular e cardiovascular e como regulador fisiológico da

função hormonal e imunológica(51)

. Evidências apontam que o magnésio tem papel-chave na

imunidade, agindo tanto na resposta imune inata quanto na adquirida(52)

. Os alimentos fonte

de magnésio são as leguminosas, nozes, amêndoas e vegetais folhosos verde-escuros(50)

.

A deficiência de magnésio é relacionada a prejuízos na função imune celular(51,52)

. Bussiére et

al observaram, em ratos com deficiência de magnésio, ativação das células da resposta imune

inata, como macrófagos, neutrófilos e células endoteliais(53)

. Malpuech-Brugère et al e

Kabashima et al notaram que a deficiência grave desse mineral em ratos induziu, após alguns

dias, a ativação de macrófagos, liberação de citocinas pró-inflamatórias e maior produção de

EROs(54,55)

. Tal condição é deletéria, pois acarreta aumento expressivo da produção de EROs

e de citocinas pró-inflamatórias, com consequente disfunção endotelial e edema.

Conclusões

As alterações desencadeadas pelos déficits séricos dos minerais cobre, zinco e magnésio

comprometem o funcionamento do sistema imunológico, podendo ocasionar um estado de

imunossupressão. Há, ainda, a possibilidade do aparecimento de doenças oportunistas e

infecciosas e de redução da proteção antioxidante, fatores que podem contribuir para a

fisiopatologia da desnutrição. Sendo assim, a oferta desses minerais no tratamento de crianças

desnutridas graves é importante, pois, além de melhorar a resposta imune combatendo

infecções, atua no combate aos EROs, possibilitando a regressão do edema e a reversão do

quadro clínico. Ademais, são necessários estudos para verificar a eficácia do Manual de

Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar da OMS sobre o

sistema de defesa antioxidante.

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Endereço para correspondência:

Érika Michelle C. de Macêdo

Rua Múcio Uchoa Cavalcante, 470, apto. 202A - Engenho do Meio

CEP 50730-670 - Recife/PE

E-mail: [email protected]

Recebido em: 27/2/2009

Aprovado em: 8/7/2009

Fonte de financiamento: Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco Conflito de interesse: nada a declarar

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Instituições: Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP);

Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE,

Brasil

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__________________________ANEXOS

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ANEXOS

ANEXO A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

ANEXO B Comprovante de encaminhamento do manuscrito “Efeitos da desnutrição sobre

parâmetros da resposta imunológica inata de crianças desnutridas

gravehospitalizadas” ao periódicoJornal de Pediatria.

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO B – Comprovante de encaminhamento do manuscrito “Efeitos da desnutrição sobre

parâmetros da resposta imunológica inata de crianças com desnutrição grave hospitalizadas”

ao periódico Jornal de Pediatria.

Érika Michelle Correia de Macêdo:

Thank you for submitting the manuscript entitled "JPED-339 - Efeitos da

desnutrição sobre parâmetros da resposta imunológica inata de crianças

com desnutrição grave hospitalizadas" to Jornal de Pediatria. You will be able

to track the progress of your submission through the editorial process by

logging in to the online journal management system using the following

information:

Manuscript URL:

http://submission.scielo.br/index.php/jped/author/submission/50091

Username: erikamcm

Please contact us if you have any questions.

We thank you for considering Jornal de Pediatria as a venue for your work.

Renato S. Procianoy

Editor

Jornal de Pediatria

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