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AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM LAVOURAS CAFEEIRAS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA – BAHIA GABRIEL FERNANDES PINTO FERREIRA 2011 UESB

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AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM LAVOURAS CAFEEIRAS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA –

BAHIA

GABRIEL FERNANDES PINTO FERREIRA

2011

UESB

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GABRIEL FERNANDES PINTO FERREIRA

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EM LAVOURAS CAFEEIRAS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA - BAHIA

Monografia apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação Lato sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade, para obtenção do título de “Especialista”.

Orientador: Prof. M.Sc. Carlos Henriques Farias Amorim

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

2011

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por abençoar a minha vida e me proporcionar mais esta conquista. À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, pela oportunidade de realização do curso de Especialização Lato sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade. À professora e coordenadora do curso de Especialização, Drª. Sandra Elizabeth de Souza, pela dedicação e por todo apoio dispensado. Ao professor Carlos Henriques Farias Amorim, pela orientação e amizade. Aos professores Hugo Andrade Costa e Célia Maria de Araújo Ponte pela participação na banca examinadora deste trabalho e pelas valiosas considerações. A todos os demais professores que contribuíram com importantes ensinamentos sobre a cafeicultura. Aos colegas de turma, pelo convívio durante o curso. Aos cafeicultores do município de Barra do Choça – BA, que permitiram a coleta de amostras de solo em suas lavouras cafeeiras. À minha família, pelo apoio e incentivo. À minha querida noiva Lurdinha, pelo amor e por tornar minha vida muito especial. Muito obrigado!

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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer!”

(Gandhi)

“Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo a sua colheita”

(Salmo 126:6)

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RESUMO

FERREIRA, G.F.P. Avaliação da fertilidade do solo em lavouras cafeeiras no município de Barra do Choça - Bahia. Vitória da Conquista - BA: UESB, 2011. 38p. (Monografia – Especialização Lato sensu em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade)•

A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para que o cafeeiro expresse todo seu potencial produtivo. Seu conhecimento é fundamental para a definição de práticas de manejo sustentáveis a serem adotadas em lavouras cafeeiras. Com o objetivo de avaliar a fertilidade do solo sob lavouras cafeeiras, na região de Rio do Meio, município de Barra do Choça – Bahia, foi realizada coleta de amostras de solos em 10 propriedades agrícolas, sob condições similares de solo, clima e relevo, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm. As amostras coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Química do Solo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, onde foram avaliados os seguintes atributos: pH; fósforo (P) e potássio (K+) disponíveis; cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) trocáveis; alumínio trocável (Al3+); acidez potencial (H+ + Al3+); soma de bases (S.B.); CTC efetiva (t) e CTC a pH 7,0 (T); saturação por bases (V%); saturação por alumínio (m%); matéria orgânica (M.O.) e os micronutrientes cobre (Cu+), manganês (Mn++), zinco (Zn++) e ferro (Fe++). Também foi realizada análise química e física (composição granulométrica) de solo de uma área sob vegetação nativa preservada para comparação com os solos manejados nas respectivas lavouras. Conforme os resultados obtidos para os atributos químicos do solo, observou-se que na profundidade de 0-20 cm, os solos das lavouras cafeeiras amostradas apresentaram, predominantemente, a seguinte classificação: “acidez fraca”; teores de Ca2+, Mg2+, K+ e P “muito bom”; Al3+ e m(%) “muito baixo”; H+ + Al3+ “baixo”; S.B. e t “muito bom”; T, V(%) e M.O. “bom”; variações nos teores de Cu+; teores de Mn++ “baixo”; Zn++ “alto” e Fe++ “médio”. Na profundidade de 20-40 cm, as lavouras cafeeiras amostradas apresentaram, predominantemente, a seguinte classificação: “acidez média”; teores de Ca2+ “baixo”; Mg2+ “bom”; K+ “muito bom”; P “muito baixo”; Al3+ “baixo” e m(%) “muito baixo”; H+ + Al3+ “alto”; S.B. “bom”; t, T, V(%) e M.O. “médio”; variações nos teores de Cu+; teores de Mn++ “muito baixo”; Zn++ “médio” e Fe++

• Orientador: Carlos Henriques Farias Amorim, M.Sc., UESB.

“bom”. Houve melhoria na fertilidade do solo nas lavouras cafeeiras amostradas em relação às condições originais encontradas no solo coletado sob área de vegetação nativa. De maneira geral, observou-se que os solos da maioria das propriedades cafeeiras analisadas apresentaram padrões satisfatórios de fertilidade e compatíveis com níveis adequados de produtividade, o que pode garantir a sustentabilidade técnica e econômica da atividade.

Palavras-chave: Coffea arabica, atributos químicos, sustentabilidade.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Regiões produtoras de café no Estado da Bahia.................................................. 1 Figura 2. Dados geoclimáticos do município de Barra do Choça, Bahia............................ 2 Figura 3. Gráficos de freqüência (%) da classificação das características químicas das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA......................................................................................

21 Figura 4. Gráficos de frequência (%) da classificação de micronutrientes das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA............................................................................................................

27 Figura 5. Gráfico de frequência (%) da classificação da matéria orgânica das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA............................................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH).................................. 8 Tabela 2. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo de acordo com o teor de argila do solo ou do valor de fósforo remanescente (P-rem) e para o potássio.................................................................................................................................

8 Tabela 3. Classes de interpretação de fertilidade do solo para a matéria orgânica e para o complexo de troca catiônica..............................................................................................

9

Tabela 4. Classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes................. 10 Tabela 5. Quantidades de macro e micronutrientes em uma saca de café beneficiado de 60Kg.....................................................................................................................................

12

Tabela 6. Atributos físicos e classe textural do solo da área sob vegetação nativa............ 19 Tabela 7. Atributos químicos de fertilidade do solo da área sob vegetação nativa............. 19

Tabela 8. Classificação química de fertilidade do solo da área sob vegetação nativa........ 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1 Cafeicultura na Bahia.................................................................................................... 1

1.2 Mercado cafeeiro.......................................................................................................... 3

1.3 Uso sustentável do solo na cafeicultura......................................................................... 3

1.4 Principais solos cultivados com café no Brasil............................................................. 4

1.5 Fertilidade do solo para a cafeicultura........................................................................... 5

1.6 Avaliação da fertilidade do solo.................................................................................... 7

1.7 Produtividade e nutrição mineral do cafeeiro................................................................ 10

1.8 Adubação do cafeeiro.................................................................................................... 12

2 OBJETIVO....................................................................................................................... 14

3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 15

3.1 Amostragem do solo...................................................................................................... 15

3.2 Análises químicas do solo............................................................................................. 15

3.2.1 pH em água................................................................................................................. 15

3.2.2 Alumínio trocável (Al3+ 16 )............................................................................................

3.2.3 Cálcio (Ca2+) e Magnésio (Mg2+ 16 ) trocáveis...............................................................

3.2.4 Fósforo (P) disponível ............................................................................................... 16

3.2.5 Potássio (K+ 16 ) disponível............................................................................................. 3.2.6 Hidrogênio (H+) + Alumínio (Al3+ 16 ) ...........................................................................

3.2.7 Micronutrientes (Cu+, Fe++, Mn++ e Zn++ 17 )..................................................................

3.2.8 Somas de bases trocáveis (S.B.)................................................................................ 17

3.2.9 CTC efetiva (CTCe ou t)............................................................................................ 17

3.2.10 CTC à pH 7,0 (CTC ou T)........................................................................................ 17

3.2.11 Saturação por bases trocáveis (V%)......................................................................... 17

3.2.12 Saturação por alumínio (m%)................................................................................... 18

3.2.13 Matéria orgânica (M.O.).......................................................................................... 18

3.3 Análise física do solo: composição granulométrica...................................................... 18

3.4 Interpretação dos resultados......................................................................................... 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................... 19

4.1 Caracterização física do solo da área sob vegetação nativa.......................................... 19

4.2 Caracterização química do solo da área sob vegetação nativa...................................... 19

4.3 Caracterização química do solo sob lavouras cafeeiras................................................. 20

5 CONCLUSÕES................................................................................................................ 31

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 32

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Cafeicultura na Bahia

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da década de 1970 e teve uma grande influência

no desenvolvimento econômico de alguns municípios (CHALFOUN & REIS, 2010). Esta

atividade tem, portanto, importância considerável na economia agrícola do Estado que,

atualmente, ocupa a quarta posição em produção de café no Brasil tendo produzido 2,29

milhões de sacas de 60 Kg na safra 2010 (das espécies Coffea arabica L. e C. canephora

Pierre) em uma área produtiva de 139.550 hectares, contribuindo com aproximadamente 5%

da produção nacional (CONAB, 2010). O Estado da Bahia possui um parque cafeeiro

expressivo e compreendido por três regiões produtoras principais (Figura 1): a do Atlântico

(Sul e Extremo Sul), onde é cultivado C. canephora; a do Oeste (Cerrado) e a do Planalto,

onde são cultivados C. arabica. Na região do Planalto, estão localizadas as sub-regiões dos

Planaltos de Vitória da Conquista, de Jequié / Santa Inês e da Chapada Diamantina

(MATIELLO, 2000). O Planalto apresenta, atualmente, área em produção totalizada em

103.344,2 hectares, tendo produzido 1,24 milhões de sacas de café beneficiado na safra 2010

(CONAB, 2010).

Figura 1. Regiões produtoras de café no Estado da Bahia.

Coffea arabica

Coffea canephora

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No sudoeste da Bahia, está localizada a região do Planalto de Vitória da Conquista,

com uma altitude acima de 700 metros e com uma temperatura média anual em torno de

21 ºC, onde se encontram doze municípios produtores de café: Vitória da Conquista; Barra do

Choça; Poções; Planalto; Encruzilhada; Ribeirão do Largo; Itambé; Caatiba; Iguaí; Nova

Canaã; Boa Nova e Ibicuí. O total das áreas cultivadas com C. arabica, nessa região, é de

aproximadamente 50 mil hectares. O município de Barra do Choça é o maior produtor do

Estado, com uma área cultivada de cerca de 18.000 hectares e com uma produção média

histórica anual de aproximadamente 350.000 sacas de 60 Kg (DUTRA NETO, 2004).

A cafeicultura no município de Barra do Choça foi implantada segundo o modelo

agrícola tradicional, fundamentado no modelo tecnológico recomendado pelo antigo Instituto

Brasileiro do Café - IBC. As áreas destinadas inicialmente ao plantio de café geralmente eram

cobertas com matas virgens exuberantes que foram derrubadas para a exploração agrícola

(DUTRA NETO, 2004). Os solos dessa região, originalmente, apresentam baixa fertilidade,

nível elevado de alumínio, pH muito ácido e índice de saturação por bases muito abaixo do

ideal para o cultivo de café (DUTRA NETO, 1997). Segundo Vieira e Amorim (1996), os

solos da região do Planalto de Vitória da Conquista, onde é cultivado o café, são classificados

como Latossolo Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo. A seguir, são apresentados os

dados geoclimáticos referentes ao município de Barra do Choça – BA, na Figura 2.

Município Temperatura Precipitação

Latitude Longitude Altitude

média anual ºC média anual (mm) (m)

Barra do Choça 21,0 932,1 14º 52’ S 40º 34’ W 892

Fonte: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), 2010.

Figura 2. Dados geoclimáticos do município de Barra do Choça, Bahia.

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1.2 Mercado cafeeiro

O mercado de café apresenta elevada competição externa, pois o produto é exportado

por um grande número de países produtores (CAIXETA et al., 2008). O café é uma

commodity, cujo preço é definido pela oferta e demanda, na qual o produtor não exerce

influência, restando apenas a opção de ajustar seus custos a um nível que lhe garanta a

sobrevivência no mercado (SETTE, 2008).

O aumento da concorrência, a volatilidade dos preços e a concentração no mercado

vigente têm determinado, atualmente, lucros menores aos cafeicultores. É preciso baixar

custos de produção e ter uma gestão estruturada em tecnologia. O acirramento da competição

está exigindo do cafeicultor maior eficiência e esta será a condição para se manter na

atividade. A competitividade pode ser obtida pela alta produtividade de cafezais

adequadamente cultivados, enquanto a maior rentabilidade consegue-se com uma

administração adequada, programação empresarial e comercialização eficiente. Além disso,

investir e valorizar a qualidade do café são fatores determinantes de competitividade

(CAIXETA et al., 2008). A preservação ambiental e as preocupações com aspectos sociais

adotados na produção de café estão sendo, também, cada vez mais, incorporados como

instrumentos de concorrência para comercialização deste produto e considerados, portanto,

fatores relevantes que influenciam em sua competitividade (SAES et al., 2003).

1.3 Uso sustentável do solo na cafeicultura

A sustentabilidade na atividade agrícola está diretamente relacionada com os impactos

ambientais, econômicos e sociais provocados pela utilização de técnicas agrícolas. A busca de

um desenvolvimento rural sustentável passa pelas escolhas técnicas adequadas, seus efeitos

sobre a eficiência da produção e as externalidades ambientais geradas no processo

(RODRIGUES et al., 2001). O uso dos recursos naturais, especialmente o solo e a água, tem-

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se constituído num tema de crescente relevância em razão do aumento das atividades

humanas. Consequentemente, cresce a preocupação com o uso sustentável e a qualidade

desses recursos (ARAÚJO et al, 2007).

Devido à grande pressão pelo uso dos recursos naturais, em função do aumento da

população e das técnicas de manejo que têm sido utilizadas para o cultivo, nem sempre há a

preocupação com a sustentabilidade do sistema (MATIAS, 2003). Assim, tornam-se

necessárias a recuperação e a preservação dos recursos naturais como a biodiversidade, a água

e o solo, pois se tem verificado, cada vez mais, a escassez desses recursos ao longo dos anos

(LIMA et al., 2002). Desta maneira, a exploração de uma cultura deve estar condicionada à

utilização racional dos diversos fatores de produção, não apenas com objetivo de obter índices

de produtividade, mas também no sentido de preservar a qualidade do solo e prolongar a vida

útil dessa cultura (NUNES, 2003).

O solo como um componente fundamental da produção pode imprimir, em níveis

variáveis, dependendo de suas características, facilidades ou dificuldades no sentido da

obtenção de produtividades compatíveis com os níveis de investimento da cafeicultura.

Portanto, as características dos solos devem ser bem conhecidas de forma a permitir que se

retire o máximo proveito dos seus parâmetros favoráveis ou se contorne da melhor maneira

aqueles que podem atribuir limitações à produtividade (BOTELHO et al., 2010). A presença

de nutrientes, seu bom uso e manejo são aspectos fundamentais que garantem a boa qualidade

dos solos (LOPES & GUILHERME, 2007).

1.4 Principais solos cultivados com café no Brasil

No passado, quando imperava um sistema de manejo mais empírico das lavouras, o

mais importante a ser considerado na escolha do solo era sua fertilidade natural. Por isso, a

maioria das lavouras cafeeiras estava localizada em solos podzolizados (a exceção do

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Latossolo Roxo, em São Paulo e Norte do Paraná), geralmente os mais férteis, entretanto

ocupando invariavelmente relevos mais acidentados. Essas áreas, no entanto, são bastante

susceptíveis à erosão, exigindo cuidados conservacionistas e, em geral, não são adequadas ao

intenso uso de máquinas agrícolas (SANTANA & NAIME, 1978 apud GUIMARÃES &

REIS, 2010). Parte dos solos podzolizados é atualmente classificada como Argissolos

(EMBRAPA, 1999).

A necessidade de expansão da fronteira agrícola, a carência de mão-de-obra e o

avanço da tecnologia de adubos levaram a cafeicultura para solos mais pobres, em termos de

fertilidade natural, mas excelentes sob os aspectos físicos e topográficos, extremamente

favoráveis à mecanização intensiva, que são os Latossolos (SANTANA & NAIME, 1978

apud GUIMARÃES & REIS, 2010).

Os Latossolos são solos em avançado estágio de intemperização; normalmente muito

profundos; em geral, fortemente ácidos; com baixa saturação por bases; distróficos ou álicos.

São típicos das regiões equatoriais e tropicais, sendo encontrados sob condições variadas de

clima e vegetação (EMBRAPA, 2006). Assim, esses solos apresentam importante limitação

decorrente da baixa fertilidade, elevada acidez, alta saturação por alumínio, baixa saturação

por bases e deficiências em micronutrientes. Entretanto, favorecem a utilização agrícola,

desde que sejam corrigidas as deficiências de nutrientes (OLIVEIRA, et al., 1992).

1.5 Fertilidade do solo para a cafeicultura

A fertilidade do solo é naturalmente associada ao crescimento e ao desenvolvimento

das plantas, o que, no entanto, não é suficiente para conceituá-la, considerando que a

produtividade é consequência da interação de vários fatores (CANTARUTTI et al., 2007).

Diante desta dificuldade de conceituação, usualmente, relaciona-se a fertilidade do solo com a

disponibilidade dos nutrientes que a planta pode absorver durante o seu ciclo de vida (RAIJ,

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1991). A fertilidade do solo em uso agrícola constitui-se num dos fatores de maior

importância para que a planta expresse seu potencial máximo de produtividade, sendo

também um dos requerimentos básicos mais importantes na conservação do solo e da água e,

consequentemente, do meio ambiente (COGO et al., 2003) já que demanda integração de

conhecimentos básicos de biologia, física e química do solo que visam ao desenvolvimento de

práticas de manejo dos nutrientes e à proteção ambiental (SIMS, 1999 apud CANTARUTTI

et al., 2007).

A cafeicultura brasileira está implantada, em sua grande maioria, em solos de baixa

fertilidade (natural ou solos desgastados), com predominância de acidez elevada; altos teores

de alumínio; baixos teores de matéria orgânica, fósforo, cálcio, magnésio e potássio; baixa

disponibilidade de micronutrientes e baixo índice de saturação por bases (MATIELLO et al.,

2002). Nestas condições, a fertilidade deve ser reconstituída para o bom desenvolvimento e

produtividade adequada dos cafeeiros (MATIELLO et al., 2005). O uso e manejo adequados

desses solos pressupõem a melhoria de sua fertilidade por meio das várias práticas que

preservem e aumentem a matéria orgânica, diminuam a acidez, garantam um crescimento

radicular vigoroso e mantenham os nutrientes em quantidade e proporções adequadas. Os

novos desafios voltam-se, agora, para a construção da fertilidade do solo sob todos os

aspectos da sustentabilidade (GUIMARÃES & REIS, 2010).

O fornecimento de nutrientes, através de práticas de calagem e adubação, é muito

importante para o sucesso da cafeicultura (MATIELLO et al., 2002). O uso racional de

corretivos e fertilizantes é de suma importância para a manutenção de uma cafeicultura

sustentável, economicamente rentável e ambientalmente correta (GUIMARÃES & REIS,

2010) o que requer conhecimentos técnicos indispensáveis, tais como: o diagnóstico das

deficiências, a avaliação da fertilidade do solo, a análise da demanda de macro e

micronutrientes pelo cafeeiro, além do exame criterioso do potencial atual e metas desejadas

de produtividade em cada talhão ou lavoura (MATIELLO et al., 2002).

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1.6 Avaliação da fertilidade do solo

A avaliação da fertilidade do solo envolve, em síntese, processos de amostragem,

métodos de análise, técnicas de diagnóstico dos resultados e modelos de interpretação e de

recomendação de corretivos e fertilizantes (CANTARUTTI et al., 2007).

A amostragem do solo é a primeira e principal etapa de um programa de avaliação da

fertilidade do solo, pois é com base na análise química da amostra do solo que se realiza a

interpretação e que se definem as doses de corretivos e de adubos. Para que a amostra de solo

seja representativa, a área amostrada deve ser a mais homogênea possível. Assim, a

propriedade ou a área a ser amostrada deverá ser subdividida em glebas ou talhões

homogêneos, levando-se em conta a vegetação, a posição topográfica, as características

perceptíveis do solo e o histórico da área. Na amostragem de área com cultura perene, devem

ser consideradas, na estratificação, as variáveis de cultivar, idade das plantas, características

do sistema de produção e, principalmente, a produtividade (CANTARUTTI et al., 1999).

A análise de solo permite determinar o grau de suficiência e/ou deficiência de

nutrientes, bem como avaliar condições adversas que podem prejudicar as culturas, tais como

acidez ou salinidade (RAIJ, 1981). De acordo com Taiz & Zeiger (2004), a análise de solo

reflete os níveis de nutrientes potencialmente disponíveis para as raízes das plantas.

A interpretação dos resultados varia de acordo com o método de análise e com os

critérios de diagnóstico da fertilidade, com base na análise química do solo, assim como as

orientações para fertilização das culturas são organizadas em manuais (CANTARUTTI et al.,

2007) como, por exemplo, o proposto pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de

Minas Gerais – 5ª Aproximação (RIBEIRO et al., 1999). A utilização destes critérios permite

diferenciar glebas ou talhões com diferentes probabilidades de resposta à adição de nutrientes,

ou seja, pertencentes a diferentes classes de fertilidade do solo (ALVAREZ V. et al., 1999).

As culturas, e mesmo os cultivares, variam muito na sua capacidade de tolerância ou

sensibilidade à acidez ativa, à acidez trocável, à saturação por bases, à saturação por alumínio

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e à disponibilidade de nutrientes. Desta forma, as classes de fertilidade devem ser

interpretadas considerando-se as exigências específicas de cada empreendimento agrícola,

pecuário ou florestal (ALVAREZ V. et al., 1999). O café, como outras culturas, também

depende das condições químicas do solo determinadas pela acidez e fertilidade (BOTELHO et

al., 2010). As Tabelas 1, 2, 3 e 4 seguintes apresentam as classes de interpretação para acidez

e fertilidade do solo.

Tabela 1. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH) 1/

Classificação química

.

Acidez muito Acidez Acidez Acidez Neutra Alcalinidade Alcalinidade elevada elevada média fraca fraca elevada < 4,5 4,5 – 5,0 5,1 – 6,0 6,1 – 6,9 7,0 7,1 – 7,8 > 7,8

Classificação agronômica 2/ Muito Baixo

Baixo

Bom Alto Muito Alto < 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0

Fonte: Adaptado de Alvarez V. (1999). 1/ pH em H2O, relação 1:2,5, TFSA: H2O. 2/

A qualificação utilizada indica adequado (Bom) ou inadequado (Muito Baixo e Baixo ou Alto e Muito Alto). Tabela 2. Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo de acordo com o teor de argila do solo ou do valor de fósforo remanescente (P-rem) e para o potássio.

Classes de fertilidade Característica

Muito Baixo Baixo Médio Bom Muito Bom

------------------------------------(mg/dm3) 1/

Argila (%) ------------------------------------

Fósforo disponível (P) 60 – 100

2/ ≤ 2,7 2,8 - 5,4 5,5 - 8,0 8,1 - 12,0 3/ > 12,0

35 – 60 ≤ 4,0 4,1 - 8,0 8,1 - 12,0 12,1 - 18,0 > 18,0 15 – 35 ≤ 6,6 6,7 - 12,0 12,1 - 20,0 20,1 - 30,0 > 30,0 0 – 15 ≤ 10,0 10,1 - 20,0 20,1 - 30,0 30,1 - 45,0 > 45,0

P-rem 4/ (mg/L) 0 – 4 ≤ 3,0 3,1 - 4,3 4,4 - 6,0 6,1 - 9,0 3/ > 9,0 4 – 10 ≤ 4,0 4,1 - 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 12,5 > 12,5 10 – 19 ≤ 6,0 6,1 - 8,3 8,4 - 11,4 11,5 - 17,5 > 17,5 19 – 30 ≤ 8,0 8,1 -11,4 11,5 - 15,8 15,9 - 24,0 > 24,0 30 – 44 ≤ 11,0 11,1 - 15,8 15,9 - 21,8 21,9 - 33,0 > 33,0 44 - 60 ≤ 15,0 15,1 - 21,8 21,9 - 30,0 30,1 - 45,0 > 45,0

Potássio disponível (K)

2/ ≤ 15 16 - 40 41 – 70 71 - 120 5/ > 120,00

Fonte: Adaptado de Alvarez V. (1999). 1/ mg/dm3 = PPM (m/v). 2/ Método Mehlich-1. 3/ Nesta classe apresentam-se os níveis críticos de acordo com o teor de argila ou com o valor do fósforo remanescente. 4/ P-rem = Fósforo remanescente, concentração de fósforo da solução de equilíbrio após agitar durante 1h a TFSA com solução de CaCl2 10 mmol/L, contendo 60 mg/L de P, na relação 1:10. 5/ O limite superior desta classe indica o nível crítico.

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Tabela 3. Classes de interpretação de fertilidade do solo para a matéria orgânica e para o complexo de troca catiônica.

Classificação Característica

Unidade Muito Baixo 1/ Baixo Médio Bom 2/ Muito Bom

Carbono Orgânico (C.O.) dag/Kg 3/ ≤ 0,40 0,41 – 1,16 1,17 – 2,32 2,33 – 4,06 > 4,06 Matéria Orgânica (M.O.) dag/Kg 3/ ≤ 0,70 0,71 – 2,00 2,01 – 4,00 4,01 – 7,00 > 7,00 Cálcio trocável (Ca2+) cmolc/dm4/ ≤ 0,40 3 0,41 – 1,20 1,21 – 2,40 2,41 – 4,00 > 4,00 Magnésio trocável (Mg2+) cmolc/dm4/ ≤ 0,15 3 0,16 – 0,45 0,46 – 0,90 0,91 – 1,50 > 1,50 Soma de Bases (S.B.) cmolc/dm5/ ≤ 0,60 3 0,61 – 1,80 1,81 – 3,60 3,61 – 6,00 > 6,00 CTC efetiva (t) cmolc/dm7/ ≤ 0,80 3 0,81 – 2,30 2,31 – 4,60 4,61 – 8,00 > 8,00 CTC pH 7,0 (T) cmolc/dm8/ ≤ 1,60 3 1,61 – 4,30 4,31 – 8,60 8,61 – 15,0 > 15,0 Saturação por bases (V) % 10/ ≤ 20,0 20,1 – 40,0 40,1 – 60,0 60,1 – 80,0 > 80,0

Muito Baixo Baixo Médio Alto 2/ Muito Alto Acidez trocável (Al3+) cmolc/dm4/ ≤ 0,20 3 0,21 – 0,50 0,51 – 1,00 1,01 – 2,00 > 2,00 Acidez potencial (H+ + Al3+) cmolc/dm6/ ≤ 1,00 3 1,01 – 2,50 2,51 – 5,00 5,01 – 9,00 > 9,00 Saturação por Al3+ (m) % 9/ ≤ 15,0 15,1 – 30,0 30,1 – 50,0 50,1 – 75,0 > 75,0 Fonte: Adaptado de Alvarez V. (1999). 1/ dag/Kg = % (m/m); cmolc/dm3 = meq/100 cm3. 2/ O limite superior desta classe indica o nível crítico. 3/ Método Walkley & Black; M.O. = 1,724 x C.O.

4/ Método KCl 1 mol/L. 5/ S.B. = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+. 6/ H+ + Al3+, Método Ca(OAc)2 0,5 mol/L, pH 7,0. 7/ t = S.B. + Al3+. 8/ T = S.B.+ (H+ + Al3+). 9/ m = 100 Al3+ / t. 10/

V = 100 S.B. / T.

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Tabela 4. Classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes.

Micronutriente

Classificação disponível Muito Baixo

Baixo Médio Bom 1/ Alto

------------------------------------ (mg/dm³)2/------------------------------------ Zinco (Zn) ≤ 0,4 3/ 0,5 – 0,9 1,0 – 1,5 1,6 – 2,2 > 2,2

Manganês (Mn) ≤ 2 3/ 3 - 5 6 - 8 9 - 12 > 12 Ferro (Fe) ≤ 8 3/ 9 - 18 19 - 30 31 - 45 > 45 Cobre (Cu) ≤ 0,3 3/ 0,4 – 0,7 0,8 – 1,2 1,3 – 1,8 > 1,8 Boro (B) ≤ 0,15 4/ 0,16 – 0,35 0,36 – 0,60 0,61 – 0,90 > 0,90 Fonte: Adaptado de Alvarez V. (1999). 1/ O limite superior desta classe indica o nível crítico. 2/ mg/dm3 = ppm (m/v). 3/ Método Mehlich-1. 4/

O estudo do modo como as plantas obtêm e utilizam os nutrientes minerais é chamado

de nutrição mineral (TAIZ & ZEIGER, 2004). Dezessete elementos são considerados

essenciais para o crescimento das plantas: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O),

nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B),

cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn)

(DECHEN & NACHTIGALL, 2007). Os elementos C, H e O não são considerados nutrientes

Método água quente. 1.7 Produtividade e nutrição mineral do cafeeiro

A tecnologia cafeeira busca continuamente maior produtividade, melhor qualidade dos

grãos, redução dos custos e estabilidade de produção, visando um sistema produtivo eficiente,

competitivo e, consequentemente, sustentável (GUERRA et al., 2007). Diversas pesquisas

têm demonstrado que a produtividade do cafeeiro é dependente de diversos fatores, tais como:

cultivares (CARVALHO et al., 2010; MARTINEZ, et al., 2007); densidade de plantas

(BRACCINI et al., 2002; TOLEDO & BARROS, 1999); irrigação (LIMA et al., 2008;

SILVA et al., 2008); fertilidade do solo (CORRÊA et al., 2007); manejo da adubação

(BARTHOLO et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2006; SILVA et al., 2001), dentre outros. A

nutrição é um dos requisitos importantes para que as plantas possam expressar o seu potencial

produtivo (GUERRA et al., 2007).

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11

minerais porque são absorvidos primariamente da água (H2O) ou do dióxido de carbono

(CO2) (TAIZ & ZEIGER, 2004).

Os elementos minerais essenciais são geralmente classificados como macronutrientes

ou micronutrientes, de acordo com suas concentrações relativas no tecido vegetal (TAIZ &

ZEIGER, 2004). Os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) são exigidos pelas plantas em

maiores quantidades (da ordem de g/Kg de matéria seca da planta) e os micronutrientes são

absorvidos em pequenas quantidades (da ordem de mg/Kg de matéria seca da planta). É

necessário que haja absorção dos nutrientes em proporções adequadas, via solução do solo ou,

como suplementação, via foliar (DECHEN & NACHTIGALL, 2007). O suprimento

inadequado de um elemento essencial resulta em um distúrbio nutricional que se manifesta

por sintomas de deficiências característicos (TAIZ & ZEIGER, 2004).

O cafeeiro, na primeira fase de desenvolvimento, destina a maior parte dos nutrientes

absorvidos à sua formação, isto é, ao crescimento das raízes, tronco, ramos e folhas. Depois

que a planta atinge certo grau de desenvolvimento e inicia o fenômeno da frutificação, essa

também passa a consumir uma parte dos nutrientes absorvidos. Quando o cafeeiro se encontra

em pleno regime de produção, a maior porcentagem dos nutrientes absorvidos é destinada à

frutificação e outra parte é consumida na formação de ramos e folhas novas (GUIMARÃES &

REIS, 2010). Assim, o cafeeiro tem como característica grande exportação de nutrientes do

solo, necessitando de adequada aplicação de corretivos e fertilizantes para alcançar altas

produtividades (REIS JÚNIOR et al., 2002).

O cafeeiro, aos cinco anos de campo, exporta, através da colheita, em função do

conteúdo total da planta: 45% de N; 56% de P; 62% de K (CIETTO et al., 1991a); 25% de

Ca; 32% de Mg; 37% de S (CIETTO et al., 1991b); 30% de B; 46% de Cu; 26% de Fe; 14%

de Mn e 25% de Zn (CIETTO & HAAG, 1989).

A Tabela 5, seguinte, demonstra as quantidades de macro e micronutrientes, expressas

em gramas, que ocorrem em uma saca de café beneficiado de 60 Kg.

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Tabela 5. Quantidades de macro e micronutrientes em uma saca de café beneficiado de 60Kg.

Elemento Café beneficiado: saca de 60 Kg ---------------------------g--------------------------

N 1026 P 60 K 918 Ca 162 Mg 96 S 78 B 0,96 Cu 0,90 Fe 3,60 Mn 1,20 Mo 0,003 Zn 0,72

Fonte: Adaptado de Malavolta (1976).

1.8 Adubação do cafeeiro

A elevada quantidade de nutrientes extraídos pelo cafeeiro gera cada vez mais a

necessidade de aplicação de adubos e corretivos por parte dos produtores a fim de maximizar

sua produção, além de obter outros benefícios proporcionados pela adequada nutrição das

plantas, como o aumento da qualidade do café e a resistência a pragas e doenças (CORRÊA et

al., 2001). A quantidade de nutrientes a ser aplicada depende da idade da lavoura, do teor de

elementos no solo e da produtividade esperada para o ano seguinte (LOPES, 1998). A

adubação química, orgânica ou verde em cafeeiros tem apresentado diferentes efeitos na

fertilidade do solo, no estado nutricional das plantas e na produção de café (FAGUNDES et

al., 2010; GUIMARÃES et al., 2002; NEVES et al., 2005; PAULO et al., 2001).

O conhecimento da exigência em nutrientes pelo cafeeiro tem importância

fundamental para nortear a adubação e permitir que se obtenham produtividades máximas e

econômicas (GUIMARÃES & REIS, 2010). Segundo Carvalho et al. (2010), existe

correlação positiva dos caracteres vegetativos com a produtividade do cafeeiro, sendo que os

caracteres vegetativos são influenciados pela interação genótipo x ambiente. Segundo Silva et

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al. (2001), em decorrência da alternância anual de grande e pequena produção, a planta de

cafeeiro extrai e exporta quantidades variáveis de nutrientes do solo de um ano para outro.

Como a nutrição do cafeeiro é analisada principalmente sob o ponto de vista da produção e

por ser uma cultura de alta exigência nutricional, a adubação baseada apenas nas quantidades

dos nutrientes exportados nos grãos não constitui uma recomendação muito correta. É preciso

levar em consideração, também, a quantidade dos elementos minerais necessários para a

manutenção da planta (MALAVOLTA et al., 1974), pois, mesmo em ano de baixa produção,

a demanda por nutrientes continua sendo direcionada, principalmente, para o crescimento de

ramos plagiotrópicos e para a formação de novos ramos, folhas e raízes (MALAVOLTA et

al., 2002).

Um dos fatores que tem contribuído significativamente para a baixa produtividade da

cultura cafeeira é o manejo inadequado dos fatores edáficos, especialmente os relacionados

com a nutrição e adubação, que se agrava pelo cultivo contínuo na mesma área de terra devido

ao enorme desgaste do solo e ao desequilíbrio entre nutrientes (VALARINI, 2005). A situação

nutricional das lavouras cafeeiras difere de acordo com a região e com o ano amostrado,

sendo os problemas nutricionais mais acentuados nas lavouras menos produtivas

(MARTINEZ et al., 2003).

Para que a produção agrícola seja uma atividade sustentável, é necessário que os

nutrientes removidos do solo sejam repostos por meio da aplicação de fertilizantes e estes

alcancem elevados índices de aproveitamento (CUNHA et al., 2010). Assim, para o

estabelecimento de um programa apropriado de adubação, é necessário identificar os

principais problemas inerentes à nutrição da planta e, posteriormente, determinar quais os

nutrientes são limitantes, suas quantidades, épocas e formas de aplicação corretas

(MARTINEZ et al., 2003). O uso dos fertilizantes deve seguir rígidos critérios, visando à

otimização de sua utilização para que se obtenha a maior produtividade com os menores

custos possíveis (CORRÊA et al., 2001).

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2 OBJETIVO

Objetivou-se com este trabalho avaliar a fertilidade do solo em lavouras cafeeiras na

região de Rio do Meio, município de Barra do Choça – BA, para verificar as possíveis

alterações dos atributos químicos, em função das práticas agronômicas de manejo adotadas

pelos cafeicultores, em comparação com o solo original de uma área sob vegetação nativa

preservada.

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3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Amostragem do solo

A amostragem de solo foi realizada em 10 (dez) lavouras cafeeiras selecionadas, em

fase de produção, sob condições similares de solo, clima e relevo, na região de Rio do Meio,

localizada no município de Barra do Choça – BA. Em cada lavoura foi coletada uma amostra

composta de solo, formada por 20 amostras simples, obtidas na projeção da copa das plantas,

em talhões homogêneos de 1,0 ha, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm.

Foi também coletado solo em uma área sob vegetação nativa preservada (que

representa o solo da região amostrada), nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, que foi

escolhida para comparação com os solos das lavouras cafeeiras, com objetivo de verificar as

possíveis alterações dos atributos químicos estudados em decorrência das práticas

agronômicas de manejo adotadas pelos cafeicultores. Foi também realizada análise física

deste solo para caracterização da composição granulométrica.

3.2 Análises químicas do solo

As amostras compostas foram encaminhadas ao Laboratório de Química do Solo da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, onde foram secas ao ar e peneiradas

para obtenção de TFSA e, posteriormente, foram feitas análises químicas dos seguintes

parâmetros:

3.2.1 pH em água

O pH em água foi obtido mediante utilização de peagâmetro imerso em suspensão

solo/água na proporção de 1:2,5, sendo a leitura realizada diretamente no aparelho

(EMBRAPA, 1997).

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3.2.2 Alumínio trocável (Al3+)

O teor de Al3+ do solo foi obtido através da extração com KCl 1 N e titulação com

NaOH 0,025 N, sendo o teor de Al3+, expresso em cmolc/dm3, equivalente ao volume gasto

na titulação (EMBRAPA, 1997).

3.2.3 Cálcio (Ca2+) e Magnésio (Mg2+) trocáveis

Os teores de Ca2+ e Mg2+ do solo foram obtidos mediante extração com KCl 1 N e

titulação com EDTA 0,025 N, sendo os resultados expressos em cmolc/dm3 (EMBRAPA,

1997).

3.2.4 Fósforo (P) disponível

O teor de P disponível foi determinado mediante extração com Mehlich-1 (HCl 0,05 N

+ H2SO4 0,025 N) e leitura em fotocolorímetro, sendo o resultado expresso em mg/dm3

(EMBRAPA, 1997).

3.2.5 Potássio (K+) disponível

O teor de K+ disponível foi determinado mediante extração com Mehlich-1 (HCl 0,05

N + H2SO4 0,025 N) e leitura em fotômetro de chamas, sendo o resultado expresso em

cmolc/dm3 (EMBRAPA, 1997).

3.2.6 Hidrogênio (H+) + Alumínio (Al3+)

A acidez potencial (H+ + Al3+) foi obtida pelo método SMP (Shoemaker, Mcleam &

Pratt), sendo o resultado expresso em cmolc/dm3 (EMBRAPA, 1997).

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3.2.7 Micronutrientes (Cu+, Fe++, Mn++ e Zn++)

A disponibilidade dos micronutrientes Cu+, Fe++, Mn++ e Zn++ foi determinada

mediante extração com Mehlich-1 (HCl 0,05 N + H2SO4 0,025 N), sendo os resultados

expressos em mg/dm3 (EMBRAPA, 1997).

3.2.8 Somas de bases trocáveis (S.B.)

A soma de bases trocáveis foi determinada a partir da seguinte equação: S.B. = Ca2+ +

Mg2++ K+ + Na+, sendo o resultado expresso em cmolc/dm3 (EMBRAPA, 1997).

3.2.9 CTC efetiva (CTCe ou t)

O cálculo da capacidade de troca catiônica efetiva foi determinado a partir da seguinte

equação: t = S.B. + Al3+, sendo o resultado expresso em cmolc/dm3 (EMBRAPA, 1997).

3.2.10 CTC à pH 7,0 (CTC ou T)

O cálculo da capacidade de troca catiônica à pH 7,0 foi determinado a partir da

seguinte equação: T = S.B. + H+ + Al3+, sendo o resultado expresso em cmolc/dm3

(EMBRAPA, 1997).

3.2.11 Saturação por bases trocáveis (V%)

A saturação por bases trocáveis foi determinada a partir da seguinte equação: V = S.B.

x 100 / T, sendo o resultado expresso em porcentagem (%) (EMBRAPA, 1997).

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3.2.12 Saturação por alumínio (m%)

A saturação por alumínio foi determinada a partir da seguinte equação: m = Al3+ x 100

/ t, sendo o resultado expresso em porcentagem (%) (EMBRAPA, 1997).

3.2.13 Matéria orgânica (M.O.)

O teor de matéria orgânica foi determinado com base no teor de carbono orgânico do

solo, segundo Quaggio & Raij (1979). O teor de carbono orgânico total obtido foi então

multiplicado pelo fator 1,724, obtendo-se, assim, o teor matéria orgânica, expresso em g/dm3.

3.3 Análise física do solo: composição granulométrica

A análise dos atributos físicos de composição granulométrica para definição da classe

textural do solo da área sob vegetação nativa foi determinada pelo método da pipeta

(EMBRAPA, 1997).

3.4 Interpretação dos resultados

Os resultados dos atributos químicos analisados foram interpretados determinando-se

as frequências (%) com que ocorreram, conforme os critérios de interpretação da fertilidade

do solo propostos pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais –

CFSEMG, através do manual “Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em

Minas Gerais – 5ª Aproximação” (RIBEIRO et al., 1999).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização física do solo da área sob vegetação nativa

Os resultados referentes aos atributos físicos de composição granulométrica e à classe

textural do solo da área sob vegetação nativa, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, estão

apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Atributos físicos e classe textural do solo da área sob vegetação nativa.

Profundidade Composição Granulométrica (TFSA g/Kg)

Classe textural Areia grossa 2-0,20 mm

Areia fina 0,20-0,05 mm

Silte 0,05-0,002 mm

Argila < 0,002 mm

0-20 cm 385 85 80 450 Argila arenosa 20-40 cm 325 85 50 540 Argila

Conforme os resultados obtidos, verifica-se o elevado teor de argila neste solo, sendo a

classe textural definida como “Argila arenosa” na camada de 0-20 cm e como “Argila” na

camada de 20-40 cm.

4.2 Caracterização química do solo da área sob vegetação nativa

Os resultados referentes às características químicas do solo da área sob vegetação

nativa, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Atributos químicos de fertilidade do solo da área sob vegetação nativa.

Profundidade pH mg/dm3 cmolc/dm3 de solo % g/dm3

(H2O) P K+ Ca2+ Mg 2+ Al3+ H+ Na+ S.B. t T V m M.O.

0-20 cm 4,8 1 0,05 1,5 1,0 1,2 10,8 - 2,6 3,8 14,6 18 32 46

20-40 cm 4,9 1 0,02 0,5 0,4 1,4 8,0 - 0,9 2,3 10,3 9 60 17

Profundidade mg/dm3

Cu Mn+ Zn++ Fe++ ++

0-20 cm 0,20 1,70 1,00 46,00

20-40 cm 0,20 0,10 0,90 27,00

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A classificação dos atributos químicos de fertilidade do solo da área sob vegetação

nativa, segundo Alvarez V. et al. (1999), está apresentada na Tabela 8.

Tabela 8. Classificação química de fertilidade do solo da área sob vegetação nativa.

Característica Unidade Profundidade 0 – 20 cm 20 – 40 cm

pH (H2 - O) Acidez elevada Acidez elevada P mg/dm³ Muito baixo Muito baixo K cmol+ c Baixo /dm³ Muito baixo Ca cmol2+ c Médio /dm³ Baixo Mg cmol2+ c Médio /dm³ Baixo Al cmol3+ c Alto /dm³ Alto H+ + Al cmol3+ c Muito alto /dm³ Muito alto S.B. cmolc Médio /dm³ Baixo t cmolc Médio /dm³ Médio T cmolc Bom /dm³ Bom V % Muito baixo Muito baixo m % Médio Alto M.O. g/dm³ Muito bom Médio Cu mg/dm³ + Muito baixo Muito baixo Mn mg/dm³ ++ Muito baixo Muito baixo Zn mg/dm³ ++ Médio Baixo Fe mg/dm³ ++ Alto Médio

Os atributos químicos observadas neste solo concordam com algumas informações

disponibilizadas por Vieira & Vieira (1983) que caracterizam os latossolos, como de acidez

elevada, baixo conteúdo de fósforo assimilável, baixa saturação por bases e a alta

porcentagem de saturação com alumínio. Este solo apresenta, também, deficiências de

micronutrientes. Entretanto, verifica-se boa capacidade de troca catiônica total e destaca-se o

elevado teor de matéria orgânica no mesmo, especialmente na camada superficial (0-20 cm).

4.3 Caracterização química do solo sob lavouras cafeeiras

Os resultados das análises químicas dos solos amostrados em lavouras cafeeiras, nas

profundidades de 0-20 e 20-40 cm, estão apresentados nos gráficos ilustrados na Figura 3

seguinte.

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Figura 3. Gráficos de freqüência (%) da classificação das características químicas das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Ac. muitoelevada

Ac.elevada

Ac. média Ac. fraca Neutra Alc. fraca Alc.elevada

pH (H2O )

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

P (mg/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

K+ (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

Ca2+ (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

Mg2+ (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

Al3+ (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

H+ + Al3+ (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

S.B. (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

t (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

T (cmolc/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

V (% )

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

m (% )

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De acordo com os valores obtidos para pH da solução do solo, verifica-se que, na

profundidade de 0-20 cm, as amostras analisadas apresentaram acidez classificada como

“média” e “fraca” em 40 e 60%, respectivamente. Na profundidade de 20-40 cm, observa-se

que 80% das amostras apresentaram “acidez média”. Tais resultados podem ser explicados

pelo fato das propriedades agrícolas amostradas possuírem manejo agronômico de solo

adequado para a produção cafeeira, especialmente em relação à correção da acidez do solo,

através da prática de calagem. Para neutralização da acidez, os produtos mais utilizados são os

calcários. A prática da calagem procura corrigir a acidez do solo, criando nele condições

favoráveis ao desenvolvimento das plantas, em particular ao crescimento das raízes. A

calagem aumenta a eficiência da adubação, pois, de um modo geral, nos solos ácidos, há uma

perda de eficiência dos adubos (MALAVOLTA, 1987). Os critérios de recomendação de

calagem são variáveis e, para se obter uma correta recomendação da quantidade de calcário a

ser aplicada no solo, é necessária uma amostragem representativa do solo considerado, uma

adequada interpretação da análise de solo, seguir a recomendação de calcário calibrada para a

região de cultivo e considerar as condições climáticas, a forma de manejo do solo e o histórico

de produção dos cultivos da área estudada (NOLLA & ANGHINONI, 2004).

A acidez do solo, quando em excesso, pode ocasionar alterações na química e

fertilidade, restringindo o crescimento das plantas. Tais restrições podem ocorrer na camada

mais explorada pelas raízes, nos 20 cm superficiais do solo como, também, em maior

profundidade, reduzindo o crescimento radicular nessas camadas e limitando a absorção de

água e nutrientes, conferindo menor produtividade. (SOUSA et al., 2007). Segundo Raij

(1981), os solos podem ser naturalmente ácidos, pela própria natureza de materiais de origem,

por terem teores baixos de cátions básicos, ou por condições de pedogênese ou de formação

do solo que favorecem a remoção de elementos químicos do mesmo. Segundo Quaggio

(2000), aproximadamente 70% dos solos do Brasil são ácidos, capazes de reduzir o potencial

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produtivo das culturas em cerca de 40%. Os valores de pH para um bom crescimento e

desenvolvimento da maioria das culturas variam de 5,5 a 6,3 (SOUSA et al., 2007).

Os teores de fósforo (P), nas amostras de solo analisadas, variaram entre as

propriedades amostradas. Na profundidade de 0-20 cm, destaca-se que 50% das amostras de

solo apresentaram teores classificados como “muito bom” e 20% como “bom”, ao passo que,

na profundidade de 20-40 cm, um total de 50% das amostras apresentou teor “muito baixo”,

20% teor “baixo” e apenas 30% apresentou teor “médio”. Tomando-se como referência o solo

da área sob vegetação nativa, cujos teores de P foram classificados como “muito baixo” em

ambas as profundidades, verifica-se que há um manejo de adubação fosfatada nas

propriedades agrícolas avaliadas, entretanto com possíveis diferenças entre as mesmas no que

diz respeito às fontes, doses e modo de aplicação do fósforo.

Um dos fatores que mais interferem na disponibilidade de P é o pH, e a sua

disponibilidade máxima acontece quando este está ao redor de 6,5; uma vez que valores mais

baixos favorecem a formação de fosfatos de Fe e Al de baixa disponibilidade

(MALAVOLTA, 1980). Os fatores físicos do solo também apresentam importante papel na

disponibilidade do P, pois, de modo geral, solos que apresentam maiores teores de argila

possuem maior potencial de fixação deste elemento, e consequentemente, a diminuição de sua

disponibilidade para as plantas, principalmente quando essa argila é rica em óxidos de ferro e

alumínio (NOVAIS et al., 2007). Assim, além dos solos brasileiros apresentarem uma baixa

concentração natural de P, este nutriente é fixado rapidamente pela fração argila, formando

compostos menos solúveis (LAVIOLA et al., 2007).

Em relação aos teores de potássio (K+), os resultados demonstram que 90% das

amostras analisadas na profundidade de 0-20 cm e 70% das amostras da profundidade de 20-

40 cm apresentaram teores classificados como “muito bom”, sendo, portanto, bastante

superiores aos teores de potássio encontrados no solo da área sob vegetação nativa. Esses

resultados evidenciam que as propriedades agrícolas amostradas apresentam manejo de

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adubação potássica das lavouras com disponibilidade deste elemento para o bom

desenvolvimento e produção dos cafeeiros. Segundo Garcia et al. (2003), o potássio é o

segundo nutriente mais exigido pelo cafeeiro e esta exigência aumenta com a idade da planta,

principalmente no período de frutificação. A quantidade de potássio a ser aplicada durante a

adubação depende da produção de frutos, da necessidade para a vegetação e do nível desse

elemento no solo.

Os teores de cálcio trocável (Ca+2) foram classificados como “muito bom”, em 100%

das amostras analisadas na profundidade de 0-20 cm, e como “baixo” em 40% das amostras

analisadas na profundidade de 20-40 cm. Em relação ao magnésio (Mg+2), verifica-se que

90% das amostras foram classificadas como “muito bom” na profundidade de 0-20 cm e 80%

foram classificadas como “bom” na profundidade de 20-40cm. A calagem, comumente

utilizada para a correção da acidez do solo, proporciona o fornecimento de Ca+2 e Mg+2

Os teores de alumínio trocável (Al

para

as plantas (SOUSA et al., 2007).

3+), encontrados na profundidade 0-20 cm, foram

classificados como “muito baixo” em 100% das amostras analisadas, demonstrando, portanto,

a correção da acidez do solo através de prática de calagem, insolubilizando o Al tóxico às

plantas. Isto é evidenciado ao comparar este resultado com o solo da área sob vegetação

nativa, cujo teor de alumínio é considerado “alto” nesta profundidade. Na profundidade de 20-

40 cm, 40% das amostras foram classificadas como “muito baixo” e 50% como “baixo”,

também evidenciando menor teor de alumínio quando comparado ao solo da área sob

vegetação nativa. A alta disponibilidade de íons alumínio (Al+3), nos solos ácidos, prejudica o

desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, proporcionando a exploração de menor

volume de solo, influenciando diretamente na absorção de água e nutrientes pela planta

(BRACCINI et al., 1998). O efeito fitotóxico do alumínio em solução ocorre em solos com

pH em água abaixo de 5,5. À medida que o pH do solo diminui, aumenta a atividade do

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alumínio no solo e, consequentemente, ocorre potencialização dos efeitos nocivos e deletérios

às culturas (NOLLA & ANGHINONI, 2003).

Para a acidez potencial (H+ + Al3+), verifica-se que, na profundidade de 0-20 cm, 50 e

40%, respectivamente, das amostras analisadas apresentaram teores “baixo” e “médio”,

possivelmente devido à prática de calagem, enquanto que, na profundidade de 20-40 cm foi

“alto” em 70% das amostras. O solo da área sob vegetação nativa apresentou classificação

“muito alto” tanto na profundidade de 0-20 cm, quanto na de 20-40 cm, ou seja, há uma

elevada participação da acidez potencial no complexo de troca catiônica. Segundo Souza et al.

(2000a), a aplicação de calcário resultou em maiores valores de pH e saturação por

bases e em menores valores de H+ + Al3+ e alumínio do solo sob cafeeiros.

Para a soma de bases (S.B.), os resultados demonstram que 100% das amostras

analisadas na profundidade de 0-20 cm foram classificadas como “muito bom”, enquanto que

na profundidade de 20-40 cm, apenas 50% foram classificadas como “bom”. O elevado teor

de Ca+2 e Mg+2

Para a CTC a pH 7,0 (T), os resultados demonstram que 100% das amostras analisadas

na profundidade de 0-20 cm foram classificadas como “bom”. Na profundidade de 20-40 cm,

60% foram classificadas como “médio” e 40% como “bom”. O elevado teor de Ca

, na profundidade de 0-20 cm, nos solos com a cultura do café, contribuiu

para elevar a soma de bases desses, quando comparado ao solo da área sob vegetação

nativa.

Para a CTC efetiva (t), os resultados demonstram que 90% das amostras analisadas na

profundidade de 0-20 cm foram classificadas como “muito bom”, enquanto na profundidade

de 20-40 cm, 60% das amostras foram classificadas com teor “médio” e 40% com teor “bom”.

Dentre outros benefícios, a calagem proporciona o aumento das cargas negativas do solo,

aumentando, assim, a sua CTC efetiva (SOUSA et al., 2007).

+2 e Mg+2

na profundidade de 0-20 cm, além da participação do H+, nos solos com a cultura do café,

também contribuíram para a elevada CTC (T) desses. Possivelmente, no solo da área sob

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vegetação nativa, a contribuição para a elevada CTC seja dada pelo elevado teor de H+ + Al3+,

ou seja, pela acidez potencial.

Em relação ao índice de saturação por bases (V%), verifica-se que 70% das amostras

analisadas na profundidade de 0-20 cm foram classificadas como “bom”, enquanto que, na

profundidade de 20-40 cm, observa-se que 40% foram classificadas como “baixo” e 60%

como “médio”. Um método muito utilizado para quantificar a prática da calagem é o do

Índice de Saturação por Bases (V%), sendo o valor de V = 60% considerado como adequado

para a cultura do cafeeiro (RIBEIRO et al., 1999). Segundo Corrêa et al. (2001), o aumento do

valor da saturação por bases, através da calagem, elevou os teores de cálcio, a relação Ca:Mg

e o pH do solo e reduziu os teores de Al, a saturação por alumínio (m%) e a acidez potencial

(H+ + Al3+), sendo que as maiores produções dos cafeeiros analisados foram obtidas a uma

saturação por bases de V = 55,11%. Segundo Souza et al. (2000a), o aumento da saturação

por bases resultou numa melhoria nas características químicas dos solos sob cafeeiros na

Bahia.

A saturação por alumínio (m%) encontra-se “muito baixo” em 100% e 90% das

amostras nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, respectivamente, favorecendo, assim, o

plantio do cafeeiro. Considerando a condição do solo original sob vegetação nativa, verifica-

se que os teores de Al3+ encontrados no mesmo comprometem o desenvolvimento de culturas

agrícolas. Segundo Quaggio (2000), a saturação por alumínio superior a 30% limita o

crescimento de raízes da maioria das espécies cultivadas. Segundo Sousa et al. (2007), a

saturação por alumínio na CTC efetiva do solo é um indicador do grau de toxidez do Al+3

De maneira geral, os diversos atributos químicos do solo comportam-se de forma

bastante diferenciada ao longo das áreas cultivadas, devido, entre outros fatores, às alterações

provocadas pelo manejo agrícola (SILVA et al., 2010). A prática de calagem, necessária à

correção do solo para a produção cafeeira nesta região de estudo, conferiu, portanto,

para

as plantas.

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modificações nas características químicas do solo, quando tomado como referência o solo da

área sob vegetação nativa. A calagem é fundamental para proporcionar ganhos de

produtividade pelas melhorias conferidas ao sistema radicular das plantas (SOUSA et al.,

2007).

Os resultados das análises químicas de micronutrientes dos solos amostrados em

lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, estão apresentados nos gráficos

ilustrados na Figura 4 seguinte.

Figura 4. Gráficos de frequência (%) da classificação de micronutrientes das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA.

Em relação aos micronutrientes, na profundidade de 0-20 cm, verifica-se que houve

variações nos teores de Cu+; os teores de Mn++ foram classificados como “baixo” em 70% das

amostras; os teores de Zn++ foram classificados como “alto” em 100% das amostras e os

teores de Fe++

Considerando a profundidade de 20-40 cm, verifica-se que também houve variações

nos teores de Cu

predominaram como “médio” em 60% das amostras analisadas.

+, com tendência de “baixo” a “médio” no solo; os teores de Mn++ foram

classificados como “muito baixo” em 60% e “baixo” em 40% das amostras; os teores de Zn++

foram classificados como “médio” em 50% e teores de Fe++ foram classificados como “bom”

em 80% das amostras analisadas.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Alto

Cu+ (mg/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

iaMuito baixo Baixo Médio Bom Alto

Mn++ (mg/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Alto

Zn++ (mg/dm3)

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Alto

Fe++ (mg/dm3)

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De modo geral, os solos utilizados com a cafeicultura apresentam baixa

disponibilidade de alguns micronutrientes (MARTINEZ et al., 2003). Os micronutrientes são

importantes para o desenvolvimento e produtividade do cafeeiro e seu suprimento ocorre

através das reservas do solo ou pelas adubações, sendo os principais, para a lavoura cafeeira,

o zinco, o boro, o cobre, o ferro e o manganês. O conhecimento da disponibilidade desses

nutrientes, nos solos cultivados com café, facilita a indicação racional das aplicações visando

economia e equilíbrio (MIGUEL et al., 2002).

Os resultados da análise química de matéria orgânica dos solos amostrados em

lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, estão apresentados nos gráficos

ilustrados na Figura 5 seguinte.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Freq

uênc

ia

Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom

M.O. (g/dm3)

0-20 cm 20-40cm

Figura 5. Gráfico de frequência (%) da classificação da matéria orgânica das amostras de solo em lavouras cafeeiras, nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, do município de Barra do Choça – BA.

Para a matéria orgânica (M.O.), os teores encontrados na profundidade de 0-20 cm

foram classificados como “bom” em 80% das amostras analisadas. Ressalta-se que o solo da

área sob vegetação nativa apresentou teores mais elevados de M.O., sendo classificados como

“muito bom”. Entretanto, destaca-se, de forma positiva, a presença destes teores de M.O.

encontrados nos solos das lavouras cafeeiras. Na profundidade de 20-40 cm, 100% das

amostras foram classificadas como “médio” para os teores de M.O., sendo a mesma

classificação encontrada no solo da área sob vegetação nativa nesta profundidade.

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Segundo Pavan & Chaves (1996) apud Rangel et al. (2007), o acúmulo de matéria

orgânica no solo em áreas de cultivo de cafeeiro é de suma importância, tendo em vista que a

mesma pode contribuir com mais de 90% da capacidade de troca de cátions do solo. As

respostas que tem sido obtidas no crescimento e produtividade de cafeeiros, com adubação

orgânica, são variáveis e dependem das fontes, das doses, do modo de aplicação, da fase da

cultura e das condições de solo e clima da área (FAGUNDES et al., 2010).

O estudo da matéria orgânica e de seus diversos compartimentos, bem como sua

relação com o manejo, visa desenvolver estratégias para utilização sustentável dos solos a fim

de reduzir o impacto das atividades agrícolas sobre o meio ambiente (PINHEIRO et al.,

2004). A matéria orgânica é um componente importante para a manutenção da qualidade

física, química e biológica do solo e, como consequência, para a sustentabilidade dos sistemas

produtivos a médio e longo prazo (SILVA & MENDONÇA, 2007). Do ponto de vista físico,

a matéria orgânica melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a

capacidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e distribuição das

raízes. Quimicamente, a matéria orgânica é a principal fonte de macro e micronutrientes

essenciais às plantas; além de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos, devido à

elevação do pH, aumenta a capacidade de retenção dos nutrientes, evitando perdas.

Biologicamente, a matéria orgânica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser

fonte de energia e de nutrientes (KIEHL, 1985). Assim, as alterações na matéria orgânica têm

consequências sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e se mostram

dependentes das condições do próprio solo, do clima e das práticas culturais adotadas

(MARCHIORI JUNIOR & MELO, 2000). Rangel et al. (2007) destacam que o declínio

contínuo da capacidade produtiva do solo tem sido um dos maiores problemas associados aos

plantios de cafeeiro em espaçamentos largos ou com baixa densidade de plantas, pois, sob

essas condições, a erosão, a lixiviação e a oxidação da matéria orgânica contribuem para

acidificação e perda de fertilidade do solo.

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Segundo Theodoro et al. (2003), as formas de manejo para produção de café orgânico,

em conversão e convencional, de modo geral, proporcionaram aumentos na fertilidade do solo

quando comparados com a condição do solo do fragmento de mata nativa, sendo estas

alterações mais evidentes na camada superficial do solo.

A grande maioria das lavouras de café da região Sudoeste da Bahia concentra-se em

solos de baixa fertilidade natural e que, certamente, tem problemas nutricionais específicos

(SOUZA et al., 2000b). Entretanto, de maneira geral, observa-se que os solos da maioria das

propriedades cafeeiras analisadas na região de Rio do Meio, município de Barra do Choça –

BA, apresentam padrões satisfatórios de fertilidade e compatíveis com níveis adequados de

produtividade, o que podem garantir a sustentabilidade técnica e econômica da atividade.

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5 CONCLUSÕES

Conforme os resultados obtidos para os atributos químicos do solo, verifica-se que as

lavouras cafeeiras amostradas apresentaram, predominantemente, a seguinte classificação:

Na profundidade de 0-20 cm: “acidez fraca”; teores de Ca2+, Mg2+, K+ e P “muito

bom”; Al3+ e m(%) “muito baixo”; H+ + Al3+ “baixo”; S.B. e t “muito bom”; T, V(%) e M.O.

“bom”; variações nos teores de Cu+; teores de Mn++ “baixo”; Zn++ “alto” e Fe++ “médio”;

Na profundidade de 20-40 cm: “acidez média”; teores de Ca2+ “baixo”; Mg2+ “bom”;

K+ “muito bom”; P “muito baixo”; Al3+ “baixo” e m(%) “muito baixo”; H+ + Al3+ “alto”; S.B.

“bom”; t, T, V(%) e M.O. “médio”; variações nos teores de Cu+; teores de Mn++ “muito

baixo”; Zn++ “médio” e Fe++ “bom”.

Houve melhoria na fertilidade do solo das lavouras cafeeiras amostradas em relação às

condições originais encontradas no solo da área sob vegetação nativa.

A construção da fertilidade do solo na região de Rio do Meio, município de Barra do

Choça – BA, é favorável ao desenvolvimento pleno das lavouras cafeeiras.

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