aulas de botanica

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Esse documento traz alguns exemplos de aulas da disciplina de botanica

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Page 1: Aulas de Botanica
Page 2: Aulas de Botanica

1

Capa Saintpaulia sp (Violeta-africana). Arquivo pessoal.

Ilustrações e fotos Luci Veiga de Freitas

Page 3: Aulas de Botanica

2

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho

Polo Avançado de Xerém

Programa de Pós-Graduação em Formação Científica para Professores de Biologia

Aulas de Botânica

Material teórico-prático direcionado a professores e alunos do 2º segmento do

Ensino Fundamental

Luci Veiga de Freitas

Rio de Janeiro

2014

Page 4: Aulas de Botanica

3

SUMÁRIO

1. Apresentação ........................................................................................................ 4

2. Introdução ao estudo das plantas ......................................................................... 4

3. Capítulos ............................................................................................................... 6

3.1 Capítulo 1- As Briófitas ................................................................................ 7

3.2 Capítulo 2 – As Pteridófitas ....................................................................... 12

3.3 Capítulo 3 – A raiz e a absorção de água ................................................. 17

3.4 Capítulo 4 – O caule e a condução da seiva ............................................. 22

3.5 Capítulo 5 – A importância da folha ........................................................... 27

3.6 Capítulo 6 – Os pigmentos vegetais .......................................................... 34

3.7 Capítulo 7 – A fotossíntese ........................................................................ 39

3.8 Capítulo 8 – A transpiração ....................................................................... 44

3.9 Capítulo 9 – A respiração .......................................................................... 49

3.10 Capítulo 10 – Os movimentos vegetais ..................................................... 54

3.11 Capítulo 11 – A importância da flor ........................................................... 59

3.12 Capítulo 12 – O fruto e o pseudofruto ....................................................... 66

3.13 Capítulo 13 – A importância da semente .................................................. 73

4 Considerações finais .......................................................................................... 78

5 Referências ........................................................................................................ 79

Page 5: Aulas de Botanica

4

1. APRESENTAÇÃO

Este manual é direcionado aos professores de Ciências do ensino

fundamental. Nele são apresentadas atividades simples que os alunos poderão

desenvolver em sala de aula, com a orientação do professor. Tais atividades visam

facilitar a compreensão dos conceitos básicos relacionados à morfologia e fisiologia

das plantas. Ao todo são 13 capítulos, cada qual dividido em 4 etapas denominadas:

Entendendo, Experimentando, Fixando e Sugerindo.

Na 1ª etapa, Entendendo, são explorados, de forma didática, os conceitos

básicos do assunto a ser abordado no capítulo.

Na 2ª etapa, Experimentando, é apresentado um protocolo experimental para

a realização de uma atividade, sempre a partir de um objetivo pré-determinado.

Na 3ª etapa, Fixando, são formuladas algumas questões sobre a atividade

realizada na 2º etapa (Experimentando) e também sobre o conteúdo apresentado na

1ª etapa (Entendendo). Esta etapa tem a intenção de levar o aluno, a partir da

leitura, da observação e da experimentação, a refletir, construir ideias e levantar

hipóteses sobre o material analisado ou sobre o resultado do experimento.

A 4ª etapa, Sugerindo, é bem diversificada. Como demonstrado pelo próprio

nome, nessa etapa é sugerida uma atividade que pode ser uma nova prática ou a

elaboração de algum produto necessário à realização da atividade proposta na 2ª

etapa ou, ainda, alguma informação complementar aos conceitos apresentados na

1ª etapa. De qualquer forma, a mesma está sempre relacionada ao capítulo no qual

está inserida.

.

2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS PLANTAS

Acredita-se que as plantas, organismos do Reino Plantae, evoluíram a partir

de um grupo de algas pluricelulares. Nas algas, as células se organizam para formar

um talo (sem raiz, caule ou folhas). Por viverem dentro d’água não correm risco de

ressecar nem de desidratar. Também não possuem vasos condutores de seiva,

porém seu talo é permeável e a absorção das substâncias do meio aquático se dá

por toda sua superfície corporal. Seus tecidos não são resistentes e a própria água

do ambiente em que vivem, dá sustentação ao talo. Os gametas das algas são

flagelados e o meio aquático favorece o encontro dos mesmos e a fecundação. No

decorrer da evolução algumas algas passaram a apresentar estruturas, semelhantes

a raízes, para fixação nas rochas à beira-mar. Essas estruturas são chamadas de

rizóides (rhiza = raiz; óide = semelhante a).

Page 6: Aulas de Botanica

5

As algas e os organismos do Reino Plantae são eucariontes e autótrofos,

necessitando apenas de substâncias inorgânicas obtidas do meio ambiente em que

vivem. Estas substâncias são: gás oxigênio, gás carbônico, água e sais minerais.

Além disso, necessitam de uma fonte de energia, a luz, com a qual produzem seu

próprio alimento através da fotossíntese.

Na vida aquática, porém, existem algumas dificuldades: o gás oxigênio e o

gás carbônico não circulam com a mesma facilidade que no ar e a luz penetra

somente até uma determinada profundidade (cerca de 200 m). Assim a conquista do

ambiente terrestre foi um evento importante para as plantas, pois na atmosfera há

luz em abundância e os gases circulam com grande facilidade. Durante a evolução

novas estruturas que se desenvolveram permitiram essa conquista: órgãos para

fixação e absorção de água e sais minerais que estão no solo (as raízes) e epiderme

com revestimento (cutícula) para impedir a transpiração excessiva e a desidratação.

Mas havia um problema a ser superado: se a água não saísse pelas folhas, também

não entraria pelas raízes. Porém, durante a evolução, surgiram pequenos poros nas

folhas, os estômatos. Esses poros podem se abrir ou se fechar, dependendo, por

exemplo, da quantidade de água no solo. Eles também permitem a passagem dos

gases para a respiração e para a fotossíntese.

Mas nem tudo aconteceu tão rápido assim, e nem de uma só vez... a

evolução das plantas foi gradual!

Em cada capítulo vamos apresentar partes e processos relativos aos quatro

grandes grupos do Reino Plantae: Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e

Angiospermas. No entanto, as características específicas de cada grupo também

serão abordadas para que você possa perceber a grande diversidade de organismos

que pertencem a este Reino!

As Briófitas e Pteridófitas, por exemplo, apresentam órgãos reprodutores que

não são facilmente visíveis. O gameta masculino, por ser flagelado, necessita estar

em ambiente úmido para encontrar o gameta feminino! Já as Gimnospermas e

Angiospermas possuem órgãos reprodutores bem visíveis (estróbilos ou flores) e a

reprodução independe da água!

Estas e outras questões serão abordadas com mais detalhes nos próximos

capítulos!

Agora, boa leitura e mãos à obra!

Page 7: Aulas de Botanica

6

3. CAPÍTULOS

1. As Briófitas;

2. As Pteridófitas;

3. A raiz e a absorção de água;

4. O caule e a condução da seiva;

5. A importância da folha;

6. Os pigmentos vegetais;

7. A fotossíntese;

8. A transpiração;

9. A respiração;

10. Os movimentos vegetais;

11. A importância da flor;

12. O fruto e o pseudofruto.

13. A importância da semente;

Page 8: Aulas de Botanica

7

CAPÍTULO 1

AS BRIÓFITAS

Page 9: Aulas de Botanica

8

1. Entendendo: As Briófitas.

As Briófitas foram os primeiros vegetais a colonizar o ambiente terrestre. Por

serem revestidas por uma camada de cera muito fina, só podem viver em ambientes

úmidos e sombreados. Seus representantes mais conhecidos são os musgos (fig. 1)

e as hepáticas. São plantas pequenas (em média 2 cm) que ainda dependem da

água para reprodução, já que o gameta masculino é flagelado. Não apresentam

vasos condutores de seiva e, assim, não possuem raiz, nem caule, nem folhas

verdadeiras. O corpo dessas plantas é formado por estruturas conhecidas como

rizóides, caulóide e filóides. Seu ciclo de vida consta de duas fases:

1ª fase: gametófito - produz gametas, dura mais tempo, é verde, faz fotossíntese;

2ª fase: esporófito - produz esporos, dura pouco e não faz fotossíntese.

Por serem avasculares, a água é absorvida do ambiente por toda superfície

da planta e é transportada de célula a célula, ao longo do corpo. Sendo um

transporte relativamente lento, elas não desenvolvem tamanho maior. Sendo assim,

apresentam pequeno porte. Os rizóides são responsáveis pela fixação da planta ao

substrato.

Os musgos vivem agrupados e a água da chuva ou do orvalho permite o

encontro dos gametas. A fecundação ocorre no gametófito feminino (local onde se

encontra o gameta feminino). Assim, forma-se o zigoto que se desenvolve sobre o

gametófito feminino, formando o esporófito. O esporófito consta de uma haste que

cresce sobre o gametófito feminino e, em sua ponta, forma-se uma cápsula

(esporângio), onde são produzidos os esporos. Quando a cápsula se abre, libera os

esporos que são levados pelo vento para novos ambientes. Ao caírem em local

úmido, germinam e dão origem a novos gametófitos (femininos e masculinos) que

irão produzir gametas. Os gametas masculinos são denominados anterozóides e os

femininos, oosferas. O ciclo descrito acima pode ser observado na figura 2.

Fig. 1: Musgos

Page 10: Aulas de Botanica

9

2. Experimentando: Observando musgos.

Objetivo:

Reconhecer as partes que compõem o corpo dos musgos

Material:

Musgos

Lupa

Tampa plástica de vidro de conserva

Pinça

Palitos

Borrifador

Água

Folha de papel

Caneta ou lápis

Procedimento:

1. Com a pinça, retire um pezinho de musgo e coloque sobre a tampa de plástico;

2. Observe com o auxílio da lupa;

3. Com um palito separe os filóides para melhor observação de todas as partes da

planta;

4. Mantenha os musgos úmidos borrifando água sobre os mesmos;

5. Faça um desenho do que você está observando.

Anterídio

Esporos

Gametófito feminino

Gametófito masculino

Gotas d’água

Anterozóide

Esporófito crescendo sobre o gametófito

feminino

Esporófito

maduro Cápsula do

esporófito

Gam

etó

fito

Fecundação!

Esporo germinando

Esporo germinando

Fig. 2: Ciclo de vida de um musgo

Page 11: Aulas de Botanica

10

3. Fixando: A partir do que você leu e observou, resolva as questões abaixo.

1) O esquema abaixo representa um pezinho de musgo. Identifique as partes

numeradas:

1. _______________________________

2. _______________________________

3. _______________________________

4. _______________________________

5. _______________________________

6. _______________________________

2) Responda:

a) Qual a fase sexuada: gametófito ou esporófito? Justifique:

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

b) Por que as Briófitas não podem atingir tamanho maior?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

c) Por que as Briófitas são dependentes da água para a reprodução?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

d) Por que as Briófitas só se desenvolvem em ambientes úmidos e sombreados?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

e) Qual a importância da produção de esporos para os musgos?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

f) Como se chama o gameta masculino dos musgos? E o gameta feminino?

.............................................................................................................................

Fig. 3: Esquema de musgo

1

2

3

4

5

6

Page 12: Aulas de Botanica

11

4. Sugerindo: Montagem de um terrário com musgos.

Musgos podem ser encontrados agrupados em locais úmidos e sombreados

como, por exemplo, num cantinho de muro, rente ao chão, principalmente logo após

uma chuva.

Corte uma garrafa pet incolor conforme demonstrado na figura 4. Prepare

uma espécie de terrário colocando um pouco de terra bem úmida no fundo da

garrafa e, sobre ela, deposite os musgos coletados (fig. 5). Para colhê-los, utilize

uma pazinha de bordas finas e colete-os pela base, juntamente com o substrato

sobre o qual estão se desenvolvendo. Borrife água sobre os musgos e feche o

terrário com a outra parte da garrafa pet. Envolva a junção das duas partes do

terrário com fita adesiva (fig. 6). Isso evita que a água do terrário evapore,

mantendo, assim, a umidade no interior.

Fig 5: Musgos depositados sobre a terra

Fig. 6: Terrário fechado e lacrado

Fig. 4: Demonstração de como cortar a garrafa pet

Aqui você vai

colocar terra

Esta parte será

a tampa

Page 13: Aulas de Botanica

12

CAPÍTULO 2

AS PTERIDÓFITAS

Page 14: Aulas de Botanica

13

1. Entendendo: As Pteridófitas.

As Pteridófitas mais conhecidas são as samambaias (fig. 1) e as avencas (fig.

2). Durante a evolução das plantas, estes vegetais foram os primeiros a

apresentarem vasos condutores de seiva. Vivem em ambientes úmidos e

sombreados e, assim como as Briófitas, dependem da água para a reprodução. Seu

corpo é formado de raiz, caule e folhas verdadeiros. A raiz é responsável pela

fixação da planta ao substrato e também pela absorção de água e sais minerais. O

caule, na maioria das vezes subterrâneo, é chamado de rizoma. As folhas, em

muitas espécies, são divididas em pequenas partes chamadas folíolos. Seu ciclo

reprodutivo consta de 2 fases:

1ª fase: esporófito - produz esporos, é a fase duradoura da planta e faz fotossíntese;

2ª fase: gametófito - produz gametas, dura pouco tempo, é bem pequeno e também

faz fotossíntese. É conhecido como protalo.

Fig. 1: Folha de samambaia Fig. 2: Folha de avenca Fig. 3: Protalo (gametófito)

A água com sais minerais, absorvida do ambiente pela raiz, é transportada

através dos vasos condutores do caule até as folhas. Sendo um transporte mais

eficiente, estas plantas desenvolveram um porte maior que o das Briófitas.

Na superfície inferior dos folíolos da samambaia ou da avenca (os

esporófitos) formam-se pequenos manchas marrons, os soros. Alí estão os

esporângios que produzem esporos. Quando maduros, os esporângios se abrem e

liberam os esporos que, ao caírem no solo, germinam produzindo uma pequena

plantinha em forma de coração. Ela mede pouco mais de 0,5 cm de diâmetro e é

chamada de protalo (fig. 3). O protalo é um gametófito hermafrodita, pois nele são

produzidos os gametas masculinos (anterozóides) e femininos (oosferas). Na

presença de algumas gotas de água, os gametas masculinos alcançam os gametas

femininos e ocorre a fecundação. Forma-se o zigoto que cresce sobre o protalo,

dando origem a uma nova planta, um novo esporófito. O ciclo de vida de uma

samambaia pode ser observado na figura 4.

Page 15: Aulas de Botanica

14

2. Experimentando: Observando samambaias.

Objetivo:

Reconhecer as partes reprodutoras de uma samambaia

Material:

Folha de samambaia com soros

Protalo cultivado

Lupa

Tampa plástica de vidro de conserva

Palitos

Água

Borrifador

Folha de papel

Caneta ou lápis

Procedimento:

1. Destaque um folíolo da folha de samambaia e coloque sobre a tampa;

2. Observe com o auxílio da lupa;

3. Com um palito toque nos soros para ver o pozinho que se desprende dos

mesmos;

4. Faça um desenho do que você está observando;

5. Com a lupa, observe o protalo, não esquecendo de borrifar água sobre o

mesmo;

6. Faça um desenho do que você está observando.

Fig. 4: Ciclo de vida de uma samambaia

Fig. 4: Ciclo de vida de uma samambaia

Soro Esporófito

adulto

Esporângio

Folíolos com soros Esporos

Gametófito hermafrodita

Esporo

germinando

Esporófito jovem

Fecundação!

Gotas d’água

Anterozóide

Page 16: Aulas de Botanica

15

3. Fixando: A partir do que você leu e observou, resolva as questões abaixo.

1) O esquema abaixo representa um pé de samambaia. Identifique as partes

numeradas:

1. _______________________________

2. _______________________________

3. _______________________________

4. _______________________________

5. _______________________________

2) Responda:

a) As samambaias que usamos para decorar nossas casas representam a fase

sexuada ou assexuada da planta? Justifique:

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

b) Por que as Pteridófitas podem alcançar porte maior que as Briófitas?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

c) Por que as Pteridófitas são dependentes da água para a reprodução?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

d) Qual a importância dos soros?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

e) Qual a importância do protalo?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

1

2

4 5

Fig. 5: Esquema de samambaia

3

Page 17: Aulas de Botanica

16

4. Sugerindo: Cultivando esporos de samambaias.

Colete algumas folhas de samambaia ou avenca que contenham soros (fig.

7). Deposite-as, separadamente, entre as páginas de um jornal. Coloque um peso

sobre o jornal e deixe por alguns dias, em lugar seco e ventilado. Depois desse

tempo, abra as folhas e recolha o pozinho que se depositou sobre o jornal. São os

esporos que caíram dos esporângios.

Coloque um pouco de terra dentro de uma tampa plástica de vidro de

conserva e borrife água. Espalhe o pozinho que você coletou sobre essa terra.

Envolva com plástico filme (fig. 8) para manter o ambiente interno úmido e aguarde.

Depois de alguns dias começarão a brotar os protalos.

Fig. 7: Folha de samambaia com soros Fig. 8: Cultivando esporos

Em algumas espécies de samambaia os esporos demoram muito

para germinar. Às vezes demoram semanas. Por isso, se

pretende fazer esta prática, comece com bastante antecedência.

Vale a pena!

Page 18: Aulas de Botanica

17

CAPÍTULO 3

A RAIZ E A

ABSORÇÃO DE ÁGUA

Page 19: Aulas de Botanica

18

1. Entendendo: A raiz e a absorção de água.

A raiz é o órgão da planta responsável pela sua fixação e pela absorção de

água e sais minerais que estão no solo. Para executar adequadamente suas

funções, a raiz tem regiões especializadas para tal. Podemos observar essas

regiões na figura 1.

1. Coifa: protege a ponta da raiz do desgaste causado pelo atrito com as partículas

do solo. Protegido pela coifa encontra-se um tecido cujas células se dividem

continuamente, permitindo o crescimento da raiz, o tecido meristemático;

2. Zona de crescimento: Neste local as células produzidas no tecido meristemático,

se alongam muito contribuindo para o crescimento da raiz;

3. Zona pilífera: Apresenta pelos absorventes, que se infiltram entre as partículas

do solo (fig. 2). Esses pelos aumentam consideravelmente a área de absorção de

água e sais minerais da raiz;

4. Zona suberosa ou de ramificação: Região de onde partem as raízes laterais.

zona de

ramificação

zona pilífera

zona de crescimento

Fig. 1: Regiões da raiz

colo

raízes laterais

zona pilífera

zona de crescimento

coifa

zona de ramificação

Fig. 2: Pelos absorventes

ar

água

partícula do solo

célula epidérmica

pelo absorvente

Page 20: Aulas de Botanica

19

2. Experimentando: Comprovando a absorção de água pela raiz.

Objetivo:

Reconhecer que a raiz realiza a absorção de água.

Material:

Um molho de coentro

1 copo

Água

Óleo

Caneta marcadora permanente (para escrever em vidro, CD etc)

Procedimento:

1. Coloque o molho de coentro dentro do copo;

2. Coloque água dentro do copo até uma altura que permita que as raízes fiquem

totalmente submersas;

3. Com a caneta, marque o nível da água no copo (fig. 3);

4. Adicione cuidadosamente o óleo sobre a água. Não se preocupe se o óleo, de

início, afundar. Como ele é menos denso que a água, em alguns minutos flutuará

formando uma película. Para melhor visualização é sugerido que se coloque óleo

até que essa película tenha cerca de 0,5 cm;

5. Exponha o conjunto à luz solar indireta, em local ventilado e aguarde por 30

minutos;

6. Após decorrido esse tempo, marque o nível da água no copo;

7. Caso não haja ventilação suficiente, deixe o experimento repousar durante

algumas horas a fim de obter um resultado visível.

Fig. 3: Experimento montado

água

óleo marca do nível da água

Page 21: Aulas de Botanica

20

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação, responda às

perguntas abaixo.

1) Que diferença você observou no nível da água do copo ao final do experimento?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2) Como você pode explicar essa diferença?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3) Se deixarmos o experimento em repouso de um dia para o outro, como deverá

estar o nível da água ao final desse período: igual ou mais baixo? Justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

4) Quais os nomes dos fenômenos envolvidos no experimento:

Realizado pela raiz: ..................................................................................................

Realizado pelas folhas: ............................................................................................

5) Qual a importância de adicionar óleo à água, de modo a formar uma película

sobre a mesma?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6) Observando-se a copa de uma árvore podemos entender porque a área ocupada

pela mesma seja extensa: é através das folhas, que compõem a copa, que as

plantas absorvem gás carbônico e energia luminosa para produzirem seus

alimentos através da fotossíntese. Se pudéssemos observar o sistema radicular

(conjunto de todas as raízes de uma planta), veríamos que este sistema, muitas

vezes, ocupa uma área bem mais extensa que a copa da mesma planta. Quais

as vantagens que uma planta pode ter em função de um sistema radicular tão

extenso?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

Page 22: Aulas de Botanica

21

4. Sugerindo: Demonstrando a reprodução vegetativa em raiz tuberosa.

Esta atividade pode desempenhar um importante papel enquanto elemento

lúdico-pedagógico, pois, além de demonstrar cientificamente que determinadas

raízes podem originar novas plantas, é sensorialmente estimulante no sentido de

fornecer ao jovem aluno a oportunidade de explorar o desenvolvimento de um ser

vivo.

Material:

Batata doce

1 copo transparente

Água

Palitos de dentes

Papel

Lápis ou caneta

Procedimento:

1. Espete três palitos na região mediana da batata

doce, equidistantes um do outro;

2. Coloque água dentro do copo e acomode a batata

doce de modo que sua parte inferior (aquela onde

podem ser observados alguns fios ou raízes) fique

dentro da água (fig. 4);

3. Deixe o experimento em repouso por pelo menos

uma semana em lugar ventilado e com iluminação

indireta, observando sempre a quantidade de água e

trocando-a de 2 em 2 dias (para evitar a postura de

ovos por mosquitos);

4. Faça um desenho do experimento ao final desse

período;

Resultados esperados:

Ao final de alguns dias é esperado que surjam pequenas folhas na parte

superior da batata doce. Com o passar do tempo se desenvolverá uma folhagem

exuberante. Os alunos podem ser estimulados a descobrir de onde a plantinha em

crescimento obteve substâncias que permitissem seu desenvolvimento e, assim,

associar o fato ao armazenamento de amido como substância de reserva. Também

pode ser explorado o tipo de reprodução (vegetativa ou assexuada), dando origem a

exemplares geneticamente idênticos à planta original, preservando, nos

descendentes, características que possam interessar aos agricultores.

Fig. 4: Experimento montado

Page 23: Aulas de Botanica

22

CAPÍTULO 4 O CAULE E A

CONDUÇÃO DA SEIVA

Page 24: Aulas de Botanica

23

1. Entendendo: O caule e a condução da seiva.

Nas plantas vasculares, a água com sais minerais precisa subir da raiz até as

folhas, local onde ocorre a fotossíntese. Esse líquido, absorvido do solo pelas raízes,

compõe a seiva bruta e seu transporte se dá através de finíssimos tubos (vasos

condutores) que existem no interior da planta. Após a ocorrência da fotossíntese e a

síntese de matéria orgânica, forma-se a seiva elaborada que deve ser distribuída

para as demais partes do vegetal. Esse transporte ocorre através de outro tipo de

vasos condutores. Temos então, no interior da planta, um tecido de condução

especializado no transporte da seiva bruta e da seiva elaborada, que se distribui da

seguinte maneira (fig. 1):

1. Vasos lenhosos, cujo conjunto é chamado de xilema, transportam a seiva bruta

da raiz até as folhas. A seiva bruta é constituída de água e sais minerais

absorvidos do solo através dos pelos absorventes da raiz;

2. Vasos liberianos, cujo conjunto é chamado de floema, transportam a seiva

elaborada das folhas para as demais partes da planta. A seiva elaborada contém,

além da água e dos sais minerais, as substâncias orgânicas produzidas nas

folhas durante fotossíntese.

Fig.1: O caule e seus vasos condutores.

Folha (fotossíntese)

Caule (transporte)

Vasos lenhosos (transportam a

seiva bruta)

Vasos liberianos (transportam a

seiva elaborada)

Raiz (absorção)

Fruto (com açúcares)

Page 25: Aulas de Botanica

24

2. Experimentando: Comprovando o transporte de seiva através do caule.

Objetivo:

Reconhecer que a seiva bruta sobe pelo interior da planta, para as partes aéreas.

Material:

Duas flores brancas iguais (cravo, rosa etc) com haste

Dois copos

Tesoura

Água

Corante alimentício (anilina vermelha ou azul)

Caneta marcadora permanente (para escrever em vidro, CD etc)

Folha de papel

Caneta ou lápis

Procedimento:

1. Com a caneta, identifique os copos com as letras A e B;

2. Coloque água em ambos os copos;

3. Coloque uma flor em cada copo;

4. Ainda dentro da água, corte mais ou menos 2 cm da haste de cada flor, de forma

oblíqua (fig. 2);

5. Coloque anilina apenas no copo A;

6. Deixe o experimento durante algumas horas, em um lugar ventilado e iluminado

(fig. 3);

7. Após haver decorrido esse tempo, observe e registre o que observou.

Fig. 2: Como cortar a haste Fig. 3: Experimento montado

Page 26: Aulas de Botanica

25

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação, responda às

perguntas abaixo.

1) Que diferença de coloração você observou entre as flores do copo A e do copo

B?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2) Como você explica essa diferença?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3) Que estruturas levaram a água com anilina até as pétalas da flor?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

4) Supondo que no lugar da flor houvesse uma folha e que o experimento fosse

exposto à luz, que fenômeno teria ocorrido?

..................................................................................................................................

5) Nesse caso (pergunta 4) que seiva teria sido formada?

..................................................................................................................................

6) Que estruturas distribuiriam a seiva recém formada para todo o corpo da planta?

..................................................................................................................................

7) Com relação à constituição, qual a principal diferença entre a seiva bruta e a

seiva elaborada?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

Page 27: Aulas de Botanica

26

4. Sugerindo: Variação da prática de condução da seiva através do caule.

Uma variação interessante dessa prática, que pode ser feita com os alunos,

consiste em cortar a haste da flor longitudinalmente até certa altura, colocando cada

metade da haste em um copo. Cada copo deve conter anilina de cores diferentes.

Material:

Uma flor branca com haste

Dois copos

Tesoura

Estilete

Água

Corante alimentício (anilina) nas cores vermelha e azul

Procedimento:

1. Com o estilete, corte longitudinalmente a haste da

flor até certa altura;

2. Coloque água nos dois copos;

3. Coloque anilina vermelha em um copo e a anilina

azul no outro;

4. Coloque cada parte da haste da flor em um copo

(fig. 4);

5. Deixe a flor nessa situação durante algumas

horas em lugar ventilado e iluminado.

Para saber mais:

O fenômeno da capilaridade permite que a água suba através dos vasos

condutores. Esse fenômeno ocorre em conseqüência da força intermolecular (força

de atração entre as moléculas). Estabelece-se, dessa forma, uma corrente contínua

de água até as pétalas. Ao cortarmos a haste em meio aéreo, forma-se uma bolha

de ar que interrompe a subida da água. Cortando-se a haste dentro d’água, elimina-

se a parte da haste que contém a bolha e a água volta a fluir normalmente, com

velocidade. O corte diagonal fornece maior área de contato com a água,

favorecendo uma absorção maior de água.

Fig. 4: Experimento montado

Se o experimento for realizado pelos alunos,

é aconselhável que o corte com o estilete

seja executado por um adulto.

Page 28: Aulas de Botanica

27

CAPÍTULO 5

A IMPORTÂNCIA

DA FOLHA

Page 29: Aulas de Botanica

28

1. Entendendo: A importância da folha.

Ao olharmos as plantas podemos observar a enorme diversidade de tamanho

que as folhas apresentam. Em algumas espécies as folhas são muito pequenas,

enquanto que em outras, são enormes. Quanto ao formato, as folhas também

podem ser muito diversificadas. Podem apresentar a forma de lança, de coração, de

foice, de seta e até mesmo de uma palma de mão. O bordo das folhas também pode

variar muito: existem folhas de bordos lisos, dentados, ondulados, partidos. Mas seja

qual for o tamanho ou a forma, as folhas têm uma importante função para a planta:

ela é responsável pela sua nutrição. É através da fotossíntese, realizada pelas

folhas, que a planta produz seu alimento.

Para facilitar o estudo das plantas e também o estudo das folhas, os

botânicos deram nomes a cada uma de suas partes (fig. 1). A maior parte de uma

folha é uma lâmina achatada chamada limbo. É nessa parte que ocorre a

fotossíntese. No limbo encontramos estruturas semelhantes às veias dos animais.

Essas estruturas são as nervuras, constituídas pelos vasos condutores do xilema e

do floema. É através das nervuras que a água com sais minerais chega a cada uma

das células que formam o limbo, e é através das nervuras que os açúcares

produzidos na fotossíntese são transportados da folha, para as demais partes da

planta. O cabinho que prende a folha ao caule é chamado pecíolo. Dentro dele

correm os vasos condutores. O pecíolo está preso ao caule através de uma base

mais larga chamada bainha.

Limbo

Nervuras

Pecíolo

Gema axilar

Bainha

Fig. 1: As partes de uma folha

Page 30: Aulas de Botanica

29

Mas nem todas as folhas apresentam todas estas partes. Algumas não

apresentam bainha, outras não apresentam pecíolo e em outras, ainda, o limbo é tão

reduzido que perdeu sua função, a fotossíntese. Mas isso não causa problema para

a planta, já que essa função passou, nesse caso, a ser realizada pelo caule que é

clorofilado. Um exemplo dessa situação é encontrado nos cactos (fig. 2).

Algumas plantas possuem folhas cujo limbo é inteiro, sem nenhuma divisão.

Elas são chamadas de folhas simples (fig. 3); em outras o limbo é dividido em várias

partes chamadas folíolos. Nesse caso a folha é dita composta (fig. 4). Mas como

saber se uma folha é simples ou composta? Basta olhar o local de inserção do

pecíolo no caule. Neste local sempre existe uma gema, estrutura constituída de

tecido meristemático que, ao se desenvolver, dará origem a flores e a novos ramos.

Fig. 2: Cactus

caule clorofilado

folhas transformadas em espinhos

Fig. 3: Folha simples Fig. 4: Folha composta

folíolos

limbo

pecíolo

pecíolo

gema

gema

Page 31: Aulas de Botanica

30

Há ainda folhas que assumem cores exuberantes, simulando as pétalas de

uma flor. Este tipo de folha é denominado bráctea. Isso geralmente ocorre quando

as flores são pequenas e podem passar despercebidas aos olhos dos polinizadores.

Nesse caso, as brácteas indicam aos animais onde estão as flores com o néctar (fig.

5).

Fig.5: Brácteas de Boungainvillea sp.

Flores

Brácteas

Page 32: Aulas de Botanica

31

2. Experimentando: Observando as partes que formam uma folha.

Objetivo:

Observar a estrutura anatômica da folha.

Material:

Folhas de diversos formatos

Lápis

Borracha

Papel

Procedimento:

1. Escolha uma das folhas para esta atividade;

2. Observe-a com atenção procurando identificar todas as partes que a constituem;

3. Faça um desenho do que você está observando e nomeie todas as partes;

4. Utilizando as figuras abaixo, classifique a folha que você desenhou quanto à

forma (fig. 6) e quanto ao bordo (fig. 7) do limbo.

1. lanceolada 2. palmatilobada 3. cordada 4. elíptica 5. orbicular 6. hastada 7. ovada 8. reniforme 9. sagitada

1. lisa

2. ondulada

3. lobada 4. crenada 5. serrada 6. fendida 7. partida 8. cortada

Fig. 6: Forma do limbo Fig. 7: Bordo do limbo

Page 33: Aulas de Botanica

32

3. Fixando: A partir do que você aprendeu sobre a função das folhas e baseado

no texto abaixo, responda às perguntas a seguir.

“Além da fotossíntese, as folhas também realizam a transpiração que nada mais é

do que a eliminação de vapor d’água para a atmosfera. Graças à transpiração ocorre

uma coluna contínua de água desde a raiz até as folhas, sendo o excesso eliminado

através de microscópicos poros geralmente situados na face inferior do limbo, os

estômatos.”

Agora responda:

1) Em que ecossistema brasileiro você acha que podemos encontrar plantas com

folhas de limbos grandes: Floresta Amazônica ou Caatinga? Justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2) Com base no texto acima, cite uma adaptação dos cactos a regiões áridas e

justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3) A imagem abaixo representa um antúrio na época da floração. As minúsculas

flores se reúnem em uma inflorescência chamada espádice que tem a forma de

uma espiga longa e relativamente fina. Envolvendo essa inflorescência há uma

folha modificada que, dependendo da espécie, pode assumir diversas cores:

vermelha, branca, rosa ou amarela.

Sabendo que as plantas com flores geralmente dependem da polinização para se

reproduzirem e sendo as flores do antúrio tão pequenas, como você explica que

essa planta consiga atrair os polinizadores?

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

Inflorescência

Fig. 8: Antúrio

Page 34: Aulas de Botanica

33

4. Sugerindo: Montagem de um painel com folhas.

Uma atividade muito prazerosa pode ser realizada em grupo pelos alunos

com as folhas que eles trouxerem. Depois de completa, pode ser exposta em um

mural valorizando o trabalho do grupo.

Material:

Folhas de tamanhos e formatos diferentes

Cartolina

Cola

Plástico contact transparente

Lápis ou caneta

Borracha

Procedimento:

1. Distribua as folhas sobre a cartolina da maneira que desejar. Aqui vale a sua

imaginação e criatividade;

2. Cole cada folha na posição que você determinou;

3. Se você souber o nome da planta de onde a folha foi retirada, escreva embaixo.

Seu professor poderá ajudá-lo nessa tarefa;

4. Seu trabalho ficará mais interessante se você escrever o nome dado à forma e

ao bordo de cada folha (fig. 9).

5. Cubra o trabalho com plástico contact transparente.

Fig. 9: Esquema de montagem do trabalho.

Neste caso, há apenas 3 folhas, mas você pode colar quantas folhas couberem na cartolina.

O ESTUDO DA FOLHA

Folha de .....

Limbo .........

Borda .........

Folha de .....

Limbo .........

Borda .........

Folha de .....

Limbo .........

Borda .........

Page 35: Aulas de Botanica

34

CAPÍTULO 6

OS PIGMENTOS

VEGETAIS

Page 36: Aulas de Botanica

35

1. Entendendo: Os pigmentos vegetais.

Ao passarmos por um jardim observamos a grande variedade de cores

encontradas nas plantas. A maioria apresenta folhas de cor verde, que já sabemos

ser dada pelo pigmento clorofila. Porém, é comum observarmos também a presença

de folhas vermelhas, púrpuras, violetas, roxas, laranjas etc. A que se devem essas

colorações? Será que a clorofila também está presente nessas folhas? Os frutos

também apresentam grande variedade de cores. Que pigmentos acessórios estão

presentes nessas folhas e nesses frutos?

São dois os principais grupos de pigmentos acessórios que determinam a

coloração dos vegetais:

a) as antocianinas, responsáveis pelas cores que vão do vermelho ao azul e

todas as suas gradações. É por intermédio das antocianinas e da mistura de

diferentes proporções de azul e vermelho que surgem os tons de roxo,

magenta, lilás e vinho.

b) os carotenóides, que abrangem as colorações de amarelos, alaranjados e até

os avermelhados.

Será que esses pigmentos podem ajudar no processo da fotossíntese?

Sabemos que a clorofila absorve energia luminosa para que a planta realize a

fotossíntese, mas a luz branca é formada por várias cores que correspondem aos

seus comprimentos de onda. A clorofila absorve luz nos comprimentos de onda do

azul e do vermelho (fig. 1). Já os carotenóides absorvem luz em comprimentos de

ondas diferentes (por exemplo, o verde), transferindo a energia absorvida para a

clorofila. Esta, por sua vez, a transfere para as reações químicas que ocorrem com o

gás carbônico e a água para formar açúcares. É certo que os pigmentos acessórios

captam pouca quantidade de energia luminosa, mas sua importância é pela

capacidade de absorver luz em comprimentos de onda diferentes dos da clorofila.

Isso faz com que a luz que incide na planta seja mais aproveitada pela folha.

As antocianinas ocorrem com maior freqüência em flores e frutos. Estes

pigmentos colaboram para a atração de animais polinizadores (os que transportam

os grãos de pólen da parte masculina para a parte feminina da flor) e animais

dispersores de sementes (os que se alimentam dos frutos, eliminando as sementes

junto com as fezes).

Luz incidente

Folha com clorofila

Luz refletida

Fig. 1: Absorção de luz pela folha

Page 37: Aulas de Botanica

36

2. Experimentando: Extraindo os pigmentos das folhas.

Objetivo:

Reconhecer que, apesar das folhas poderem apresentar outras cores, elas também

possuem clorofila.

Material:

Folhas de Coleus (Solenostemon sp) que apresentem pigmentos vermelhos

Papel-filtro para coar café

Copo

Álcool

Socador de alho

Tesoura

Gaze

Funil

Tampa plástica de vidro de conserva

Procedimento:

1. Pegue três folhas da planta, picote-as com uma tesoura;

2. Coloque os pedaços dentro do socador de alho;

3. Coloque um pouco de álcool dentro do socador e macere as folhas até obter um

extrato foliar (líquido obtido a partir da maceração das folhas);

4. Coloque a gaze no fundo do funil e deposite o funil sobre o copo;

5. Despeje o extrato sobre a gaze, de modo a recolher o filtrado no copo;

6. Coloque um pouco desse filtrado dentro de uma tampa plástica de vidro de

conserva;

7. Corte uma tira do papel-filtro de aproximadamente 10 cm x 10 cm, tomando

cuidado para não engordurar o papel com a gordura da mão;

8. Dobre levemente o papel-filtro ao meio e coloque-o, em pé, dentro da tampa

plástica, em contato com o filtrado (fig. 2);

9. Aguarde e observe.

As cores poderão ser facilmente

distinguidas se, após a ascensão do

filtrado, deixarmos o papel-filtro secar

durante alguns minutos.

Fig. 2: Experimento montado

Page 38: Aulas de Botanica

37

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação, responda às

perguntas abaixo.

Fig. 3: Duas variedades de Coleus (Solenostemon sp)

1) Observando a planta desta aula, que cores você pode identificar?

..................................................................................................................................

2) Reproduza com lápis de cor, no quadro abaixo, a distribuição dos pigmentos que

você observou nessa prática:

3) Agora, observando o desenho que você coloriu, responda:

a) Existe clorofila na folha de Coleus? ....................................................................

b) Existem outros pigmentos? .................................................................................

c) Qual seria a função desses outros pigmentos nas folhas?

.............................................................................................................................

.............................................................................................................................

Page 39: Aulas de Botanica

38

4. Sugerindo: Demonstrando a decomposição da luz.

A luz branca é, na verdade, composta por várias cores. Podemos observar

isso facilmente quando olhamos para um arco-íris. As cores que vemos são o

resultado da decomposição da luz branca ao atravessar as gotículas de água

dispersas na atmosfera, após uma chuva (fig. 4).

As cores que vemos nos objetos resultam da

reflexão das cores que compõem a luz

branca. Por exemplo, um tomate tem a cor

vermelha porque absorve todas as cores que

compõem a luz branca, exceto o vermelho

que é refletido e alcança nossos olhos; já

uma folha é verde porque a clorofila reflete a

luz verde, absorvendo as demais cores (fig.

5). Quando todas as cores são refletidas e

atingem simultaneamente nossos olhos,

temos a sensação visual da luz branca.

Uma demonstração da decomposição da luz branca

pode ser realizada utilizando-se um CD. A simples

exposição da área de dados (lado que reflete) do

CD à luz nos permite visualizar essa decomposição

(fig. 6). Você pode brincar com as cores fazendo

incidir um feixe de luz (pode ser de uma lanterna),

sobre o CD.

Fig. 6: Decomposição da luz no CD

V

Luz

branca

Gota

s d

e á

gu

a

Fig. 4: Decomposição da luz branca

Fig. 5: Absorção e reflexão

Luz solar Luz

refletida Luz

refletida Luz solar

Page 40: Aulas de Botanica

39

CAPÍTULO 7

A FOTOSSÍNTESE

Page 41: Aulas de Botanica

40

1. Entendendo: A fotossíntese.

A fotossíntese é o processo através do qual os seres clorofilados produzem

matéria orgânica (açúcares) a partir de substâncias inorgânicas (gás carbônico e

água). Para que as plantas consigam realizar a fotossíntese é necessária a energia

luminosa que é absorvida pela clorofila, pigmento verde existente dentro dos

cloroplastos das células vegetais. Como resíduo deste processo temos o gás

oxigênio que a planta elimina para a atmosfera (fig. 1).

Fig. 1: Esquema da fotossíntese

Grande parte dos açúcares produzidos durante a fotossíntese é armazenada

sob a forma de amido, tanto nas próprias folhas, quanto em órgãos de reserva como

caules do tipo tubérculo (batata inglesa) e raízes do tipo tuberosa (batata doce). Um

desses açúcares, a glicose, é utilizado na respiração celular, processo pelo qual as

plantas e a maioria dos seres vivos obtêm energia química. Além disso, a partir dos

açúcares produzidos na fotossíntese, as plantas sintetizam outras substâncias

importantes para o seu metabolismo e formam a celulose que compõe as paredes

de suas células.

Mas será que a fotossíntese também ocorrerá sem a presença da luz, ou

seja, no escuro?

ENERGIA DA LUZ

AÇÚCARES

GÁS CARBÔNICO

GÁS OXIGÊNIO

ÁGUA

Fig. 1: Esquema da fotossíntese

Page 42: Aulas de Botanica

41

2. Experimentando: Comprovando a necessidade da luz para a fotossíntese.

Objetivo:

Reconhecer que a fotossíntese só ocorre na presença da luz.

Material:

Ramos de Elódea (planta aquática)

Recipiente de vidro grande e largo

Copo transparente pequeno

Água

Bicarbonato de sódio

Fonte de Luz

Papel

Lápis ou caneta

Procedimento:

1. Coloque água dentro do recipiente de vidro grande até enchê-lo quase

totalmente;

2. Dissolva uma colher de café de bicarbonato na água;

3. Coloque alguns ramos de Elódea dentro desse recipiente;

4. Encha o copo com a mesma água e inverta-o sobre a Elódea, de modo que a

planta fique totalmente acomodada dentro dele. Procure não deixar nenhuma

bolha de ar dentro do copo (fig. 2);

5. Coloque o conjunto num local em que receba luz direta ou ilumine com uma

lâmpada fluorescente, observe durante alguns minutos e anote o que ocorre;

6. Coloque o conjunto em um lugar onde não receba luz, observe durante alguns

minutos e anote o que ocorre;

7. Deixe o conjunto exposto à luz durante 30 minutos;

8. Após haver decorrido esse tempo, observe e anote a diferença que você pode

observar dentro do copo (aquele que estava invertido sobre a Elódea).

Ramos de Elódea

podem ser adquiridos

em lojas de aquariofilia.

Fig. 2: Experimento montado

Recipiente

de vidro

Copo com

elódea

Água com

bicarbonato

Page 43: Aulas de Botanica

42

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação, responda às

perguntas abaixo.

1. O bicarbonato, ao ser dissolvido na água, libera gás carbônico. Para a Elódea

qual a importância desse fato?

..................................................................................................................................

.................................................................................................................................

2. O que ocorreu quando colocamos o conjunto exposto à luz (procedimento 5)?

.................................................................................................................................

3. Como você justifica esse fato?

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

4. O que ocorreu quando retiramos o conjunto da luz (procedimento 6)?

..................................................................................................................................

5. Como você justifica esse fato?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6. Comparando os resultados obtidos com os procedimentos 5 e 6, a que conclusão

você chegou sobre a influência da luz?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

7. Após 30 minutos, o que é possível observar dentro do frasco menor

(procedimento 7)?

..................................................................................................................................

8. Como você justifica esse fato?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

9. O que a planta precisa para fazer a fotossíntese?

..................................................................................................................................

10. O que a planta produz quando faz a fotossíntese?

..................................................................................................................................

Page 44: Aulas de Botanica

43

4. Sugerindo: Comprovando que a planta produz e armazena amido.

Para provar que a planta produz amido, é necessário demonstrar uma das

propriedades dessa substância. Isso pode ser feito com o experimento abaixo.

Material:

Amido de milho (maisena)

Copo

Água

Tintura de iodo

Batata doce ou batata inglesa

Faca de plástico

1º Procedimento:

1. Coloque água no copo até a altura de 2 cm;

2. Faça uma solução de amido, dissolvendo um pouco de maisena na água que

está no copo;

3. Pingue algumas gotas de tintura de iodo sobre a solução de amido e observe.

Resultado esperado:

Em contato com amido, a tintura de iodo adquire uma coloração que pode

variar do azul-escuro ao preto. Isso ocorre porque o iodo combina-se com as

moléculas de amido formando um composto que apresenta essa coloração.

2º Procedimento:

1. Corte a batata doce em fatias;

2. Pingue algumas gotas de tintura de iodo sobre uma fatia e observe;

3. Proceda da mesma forma com a batata inglesa.

Resultado esperado:

Como grande parte dos açúcares produzidos é armazenada na forma de

amido em órgãos de reserva, é possível demonstrar sua presença através da

mudança de coloração observada após a adição de algumas gotas de tintura de iodo

sobre os alimentos.

A partir do experimento, o aluno pode ser estimulado a raciocinar sobre a

relação entre o armazenamento de amido pela planta e o período em que ela não

faz fotossíntese. Além disso, o aluno também pode entender como as plantas

conseguem sobreviver sem dificuldades no inverno, quando os dias são mais curtos

e sombrios e a intensidade da luz é menor.

Page 45: Aulas de Botanica

44

CAPÍTULO 8

A TRANSPIRAÇÃO

Page 46: Aulas de Botanica

45

1. Entendendo: A transpiração.

Nas plantas vasculares, a água é absorvida do solo pela raiz, sobe pelos

vasos condutores do caule e chega às folhas. Lá ocorre a fotossíntese, processo

através do qual a planta transforma gás carbônico e água em açúcares. Mas nem

toda a água que chega às folhas é utilizada na fotossíntese. A maior parte dela é

eliminada para o ambiente pela transpiração, contribuindo, dessa forma, para a

manutenção da umidade do ar e para o ciclo da água na natureza.

A transpiração é a perda de água na forma de vapor. Graças a ela forma-se

uma corrente contínua de água desde a raiz até as folhas. Esse fato, é claro,

contribui para a realização da fotossíntese, mas, além disso, a transpiração ajuda a

manter a temperatura da planta em um nível adequado à sua sobrevivência. A

exposição direta da planta aos raios solares provoca um aquecimento que pode ser

fatal. A transpiração não permite que isso ocorra porque, ao evaporar, a água

“rouba” calor da planta, diminuindo sua temperatura.

A maior parte da transpiração ocorre através de poros microscópicos

existentes nas folhas, os estômatos (fig. 1). Estes poros, que podem abrir ou fechar,

permitem as trocas gasosas entre a planta e o ar atmosférico durante a respiração e

a fotossíntese, mas também permitem a saída de água na forma de vapor. É

possível, então imaginar que durante o dia, em situação de disponibilidade de água

no solo, os estômatos estão abertos e a transpiração é intensa. Já durante a noite

ou quando a água no solo é escassa, os estômatos estão fechados e a transpiração

diminui muito.

Fig.1: Folha mostrando, em aumento maior, os estômatos.

Estômatos

Page 47: Aulas de Botanica

46

2. Experimentando: Comprovando que a planta transpira.

Objetivo:

Reconhecer que a planta elimina água na forma de vapor.

Material:

Um vaso pequeno com planta

Saco plástico transparente

Fita adesiva

Água

Procedimento:

1. Molhe a terra do vaso, mas sem encharcá-la;

2. Envolva um ramo da planta com o saco plástico;

3. Fixe o saco plástico ao ramo com a fita adesiva, de modo a não deixar nenhum

espaço por onde o ar possa sair ou entrar (fig. 2);

4. Exponha o experimento à luz solar e observe depois de 30 minutos.

Fig. 2: Experimento montado

Page 48: Aulas de Botanica

47

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação e do

entendimento do texto, responda às perguntas abaixo.

1) O que você observou de diferente no experimento depois de 30 minutos?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2) Como você explica essa diferença?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3) Qual a importância de molhar a terra antes de envolver a planta com o saco

plástico?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

4) Imagine dois ambientes diferentes: o primeiro é uma mata onde existem muitas

árvores; o segundo uma região seca com alguns cactos. Em qual dos dois a

umidade do ar é maior? Por quê?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

5) Os cactos são plantas que sobrevivem sem dificuldade em ambientes áridos.

Suas folhas são tão reduzidas que se transformaram em espinhos e, dessa

forma não podem mais fazer fotossíntese. Nesses vegetais, esse fenômeno

passou a ser realizado pelo caule que é clorofilado e apresenta menos

estômatos, se comparado com outras plantas. Que vantagem os cactos obtêm

por terem suas folhas tão reduzidas e menor número de estômatos no caule?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6) Como as plantas contribuem para o ciclo da água na natureza?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

7) É costume colocarmos alface ou outra folhagem, comprada em um hortifruti, na

geladeira dentro de um saco plástico. Qual a importância desse procedimento?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

Page 49: Aulas de Botanica

48

4. Sugerindo: Comprovando que a luz solar influencia na transpiração.

No intuito de levar os alunos a uma reflexão sobre as condições que permitem

maior ou menor transpiração por parte da planta, pode ser realizado o experimento

abaixo:

Material:

Dois vasos pequenos com plantas da mesma espécie e do mesmo porte

Dois sacos plásticos transparentes

Fita adesiva

Água

Procedimento:

1. Molhe a terra dos vasos, mas sem encharcá-la;

2. Envolva um ramo de cada planta com um saco plástico. Procure trabalhar com

ramos que apresentem a mesma quantidade de folhas;

3. Fixe os sacos plásticos aos respectivos ramos com a fita adesiva, de modo a não

deixar nenhum espaço por onde o ar possa sair ou entrar;

4. Exponha um dos experimentos à luz solar;

5. Deixe o segundo experimento em local sem luz;

6. Observe ambos os experimentos depois de decorridos 30 minutos.

Resultado esperado:

É esperado que no experimento exposto à luz haja maior taxa de

transpiração, o que pode ser comprovado pela quantidade de gotículas de água

aderidas à face interna do saco plástico. O vaso exposto à luz simula o

comportamento da planta de dia e o vaso que ficou no escuro simula o seu

comportamento à noite. Dessa forma, os alunos podem ser estimulados a pensar em

que situação os estômatos se encontram de dia e à noite (abertos ou fechados) e

relacionar este fato com a ocorrência ou não da fotossíntese.

Para que o experimento tenha o

sucesso almejado é indicado que seja

realizado entre 10:00 e 16:00 horas.

Page 50: Aulas de Botanica

49

CAPÍTULO 9

A RESPIRAÇÃO

Page 51: Aulas de Botanica

50

1. Entendendo: A respiração.

A respiração, fenômeno que ocorre dentro de cada célula de um organismo, é

o processo através do qual os seres vivos obtêm a energia que necessitam para

todas as suas atividades. Esta energia está contida nos alimentos.

A respiração pode ocorrer de forma anaeróbia (sem o uso do gás oxigênio) ou

aeróbia (com o uso do gás oxigênio). As plantas, assim como os animais, realizam a

respiração aeróbia.

Na respiração aeróbia, que ocorre com a participação do gás oxigênio obtido

da atmosfera, a glicose (um açúcar) é desmontada, resultando, então, em gás

carbônico (eliminado para a atmosfera), água e energia, que é liberada para as

atividades celulares (fig. 1). Como as células precisam de energia o tempo todo,

podemos entender que a respiração ocorre continuamente, sem parar, tanto durante

o dia quanto durante a noite.

Nas folhas das plantas, as trocas gasosas se dão através de diminutos

orifícios chamados estômatos (fig. 2).

GÁS OXIGÊNIO

GÁS CARBÔNICO

Fig. 1: Esquema dos gases trocados na respiração

Estômatos

Fig. 2: Folha mostrando, em aumento maior, os estômatos

Page 52: Aulas de Botanica

51

2. Experimentando: Comprovando que a planta respira.

Objetivo:

Reconhecer que as plantas respiram.

Material:

Dois ramos frescos de espinafre

Um recipiente de vidro estreito e alto com tampa

Água de cal

Copo transparente

Canudo

Plástico filme

Papel

Caneta ou lápis

Procedimento:

1ª parte:

1. Coloque água de cal dentro do recipiente até a altura

de 4 cm;

2. Coloque os ramos de espinafre dentro do recipiente,

de modo que os talos fiquem imersos na água de cal.

As folhas devem ficar fora da água;

3. Feche o recipiente;

4. Deixe o experimento em repouso de um dia para o

outro.

2ª parte: (no dia seguinte)

1. Coloque água de cal dentro de um copo até a altura de 4 cm;

2. Tampe o copo com plástico filme a fim de isolar a água de cal, do ar;

3. Faça um pequeno furo no plástico filme que tampa o copo e introduza o canudo;

4. Através do canudo (sem encostá-lo na água), sopre lentamente dentro do copo

cerca de 5 vezes, para que o ar expelido se misture com o ar que está dentro do

copo;

5. Sacuda o copo, de modo a misturar o ar que está em seu interior com a água de

cal;

6. Observe como ficou a água de cal e registre a informação;

7. Sacuda o recipiente com o espinafre (aquele do item 4, 1ª parte), de modo a

misturar o ar que está em seu interior com a água de cal;

8. Observe como ficou a água de cal deste recipiente e registre a informação;

9. Compare a água de cal deste recipiente com a água de cal do copo;

10. Registre o que você observou (semelhante/diferente);

Fig. 3: Experimento montado

Page 53: Aulas de Botanica

52

3. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação e da leitura do

texto abaixo, responda às perguntas a seguir.

“Uma das propriedades do gás carbônico é a capacidade de reagir com a água de

cal formando uma substância chamada carbonato de cálcio. Esta substância dá um

aspecto leitoso à água de cal, demonstrando a presença de gás carbônico na

solução.”

1. Dentro do copo, qual o aspecto da água de cal depois de misturada com o ar que

foi soprado com o canudo? (Veja o que você registrou no item 6 da 2ª parte)

..................................................................................................................................

2. O aspecto da água de cal indica o gás que é eliminado na respiração. Que gás é

esse?

..................................................................................................................................

3. Dentro do recipiente com o espinafre, qual o aspecto da água de cal depois de

misturada com o ar? (Veja o que você registrou no item 8 da 2ª parte)

..................................................................................................................................

4. O aspecto da água de cal do recipiente com o espinafre indica a presença de um

gás. Que gás é esse?

..................................................................................................................................

5. Como você justifica a presença desse gás dentro do recipiente com o espinafre?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6. Nas plantas, que estruturas possibilitam as trocas gasosas com o ar?

..................................................................................................................................

7. Em que parte da planta estas estruturas geralmente são encontradas?

..................................................................................................................................

Page 54: Aulas de Botanica

53

4. Sugerindo: Preparando água de cal.

Material:

Cal virgem

Água

Funil

Colher de sobremesa de plástico

Papel-filtro para coar café

Duas garrafas de plástico com tampa

Procedimento:

1ª parte:

1. Coloque cerca de 500 mL de água dentro de uma das garrafas;

2. Adicione aos poucos, três colheres bem cheias de cal virgem à água;

3. Mexa bem e tampe a garrafa;

4. Deixe em repouso de um dia para o outro;

2ª parte: (no dia seguinte)

1. Coloque o funil sobre a segunda garrafa;

2. Acomode o papel filtro dentro do funil;

3. Despeje cuidadosamente a parte líquida da água de cal dentro do funil para filtrá-

la, desprezando o conteúdo que se depositou no fundo;

4. Se for necessário, troque o papel de filtro;

5. Tampe bem a garrafa. Agora você tem a água de cal para usar em seus

experimentos.

A cal virgem pode ser adquirida em

lojas de materiais de construção.

Page 55: Aulas de Botanica

54

CAPÍTULO 10

OS MOVIMENTOS

VEGETAIS

Page 56: Aulas de Botanica

55

1. Entendendo: Os movimentos vegetais.

Os vegetais não são imóveis. Eles realizam movimentos em resposta a

estímulos ambientais. Esses movimentos são chamados tropismos e são regulados

por substâncias, chamadas hormônios, produzidas pelos vegetais.

É fácil perceber que em uma planta as raízes crescem para baixo e os caules

crescem para cima. Dizemos, então, que os caules, por terem seu crescimento

orientado por influência da luz, apresentam fototropismo positivo e geotropismo

negativo. Já as raízes, por terem seu crescimento orientado para o centro da Terra,

sob a influência da gravidade, apresentam geotropismo positivo e fototropismo

negativo.

Como as plantas são beneficiadas com tais fenômenos? Os caules, ao

crescerem para cima e, sendo a maioria deles, ramificados, conseguem expor uma

grande área de suas folhas à luz solar e, dessa forma aumentar a capacidade de

absorção de energia luminosa para a realização da fotossíntese. Assim, as plantas

produzem seu próprio alimento, a matéria orgânica. Já as raízes, ao crescerem em

direção ao solo e nele penetrarem e se ramificarem, conseguem abranger uma

grande área para absorção de água e sais minerais, elementos indispensáveis à

fotossíntese (fig. 1).

Com o fototropismo e o geotropismo positivos a planta consegue obter tudo

aquilo que necessita para sobreviver e se desenvolver, já que a absorção de gás

carbônico também é favorecida pelo fototropismo positivo do caule.

Sob o estímulo da

luz, o caule cresce

para cima.

Sob o estímulo da

gravidade, a raiz cresce

para baixo.

Fig. 1: Esquema do desenvolvimento do caule e das raízes

Page 57: Aulas de Botanica

56

2. Experimentando: Observando os movimentos dos vegetais.

Objetivo:

Reconhecer que o caule apresenta fototropismo positivo e a raiz apresenta

geotropismo positivo.

Material:

Sementes de feijão previamente deixadas dentro de água de um dia para o outro

Recipiente de vidro de pequeno diâmetro

Algodão

Água

Papel

Caneta ou lápis

Procedimento:

1. Coloque algodão dentro do recipiente de modo a enchê-lo completamente;

2. Coloque as sementes de feijão dentro do vidro de modo que fiquem entre o

algodão e o vidro permitindo sua visualização (fig. 2);

3. Molhe bastante o algodão;

4. Observe durante 4 ou 5 dias, mantendo sempre o algodão molhado;

5. Faça um desenho do experimento ao final desse período, detalhando a maneira

como as estruturas que emergiram da semente se desenvolveram;

6. Decorridos 5 dias, inverta a posição do recipiente e observe por mais 4 ou 5 dias.

7. Faça um desenho do experimento ao final desse período.

Fig. 2: Experimento montado

Page 58: Aulas de Botanica

57

4. Fixando: A partir do resultado obtido com a experimentação e da leitura do

texto, responda às perguntas abaixo.

1. Descreva o comportamento da raiz depois de decorridos os cinco primeiros dias

do experimento (aquele que você desenhou no procedimento 5):

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2. Descreva o mesmo para o caule:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3. Descreva o comportamento da raiz depois de decorridos cinco dias desde que

você inverteu a posição do recipiente (aquele que você desenhou no

procedimento 7):

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

4. Descreva o mesmo para o caule:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

5. O que você pode concluir a respeito dos tropismos observado no caule e na raiz?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6. Qual a vantagem que o fototropismo positivo do caule traz para a planta?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

7. Qual a vantagem que o geotropismo positivo da raiz traz para a planta?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

Page 59: Aulas de Botanica

58

4. Sugerindo: Demonstrando o crescimento do caule em direção à luz.

Com esta prática é possível demonstrar o crescimento exagerado

(estiolamento) do caule em busca de luz.

Material:

Sementes de feijão previamente deixadas dentro de água de um dia para o outro

Dois recipientes pequenos (copo, tampa de vidro de conserva etc)

Uma caixa de sapatos com tampa

Caneta marcadora permanente (para escrever em vidro, CD etc)

Algodão

Água

Procedimento:

1. Com a caneta marcadora, identifique os recipientes com os números 1 e 2;

2. Coloque algodão dentro dos recipientes e molhe bastante;

3. Coloque algumas sementes de feijão dentro de cada recipiente, sobre o

algodão;

4. Faça uma abertura com um diâmetro de aproximadamente 5 cm na tampa da

caixa;

5. Deposite o recipiente 1 dentro dessa caixa e coloque a tampa com a abertura em

posição oposta à posição do recipiente com os feijões (fig. 3);

6. Coloque essa caixa onde receba luz solar indireta;

7. Coloque o recipiente 2 em local protegido do vento, mas onde receba luz solar

indireta;

8. Acompanhe o experimento por cerca de 7 a 10 dias, tomando o cuidado de

conservar o algodão de ambos os recipientes sempre molhado.

Resultado esperado:

Espera-se que o caule do feijão do recipiente 1 se alongue demasiadamente

(estiolamento) em busca de luz até sair pela abertura da caixa, enquanto que o

feijão do recipiente 2 deve crescer normalmente. Os alunos poderão ser estimulados

a raciocinar sobre a causa do estiolamento, ou seja, que a planta direcionou todos

os nutrientes dos cotilédones para o alongamento do caule a fim de expor suas

folhas à luz. No recipiente 2 isso não foi necessário já que havia luz em abundância.

Neste caso a planta se desenvolveu normalmente.

Recipiente com feijão

Abertura para entrada de luz

Fig. 3: Experimento montado.

Page 60: Aulas de Botanica

59

CAPÍTULO 11

A IMPORTÂNCIA

DA FLOR

Page 61: Aulas de Botanica

60

1. Entendendo: A importância da flor.

Grandes ou pequenas, coloridas e perfumadas, as flores enfeitam nossas

casas, nossos jardins e nossas praças. Mas, para a planta, a flor tem uma função

muito especial: a reprodução. É nela que são produzidos os gametas e é nela que

ocorre a fecundação e a formação de um embrião que ficará protegido dentro de

uma semente.

Enquanto é um botão, a flor é protegida por pequenas peças verdes

chamadas sépalas. Quando o botão floral se abre, aparecem peças geralmente

coloridas, as pétalas, que variam do amarelo ao vermelho, do lilás ao violeta. Elas

atraem os animais polinizadores, aqueles que transportam os grãos de pólen

produzidos na parte masculina (androceu), para a parte feminina (gineceu) (fig. 1).

As flores podem apresentar muitas formas diferentes e, em alguns casos,

pétalas ou sépalas podem faltar. A maioria das plantas apresenta flores

hermafroditas, ou seja, com androceu e gineceu na mesma flor. No entanto existem

plantas que apresentam androceu e gineceu em flores separadas, ou seja, algumas

flores são masculinas e outras, femininas.

As peças que formam a flor estão dispostas sobre o receptáculo floral. Em

algumas espécies, pétalas e sépalas podem estar soltas; em outras podem se

apresentar soldadas umas às outras formando uma só peça. O androceu é formado

por estames que podem estar soltos, presos às pétalas ou até mesmo unidos,

formando um tubo que envolve o gineceu, como no caso do Hibisco. O número de

estames pode variar dependendo da espécie estudada. No gineceu, o ovário pode

estar situado sobre o receptáculo ou inserido nele. Algumas flores não apresentam

diferenciação entre pétalas e sépalas. Neste caso, ambas (pétalas e sépalas)

apresentam a mesma coloração e forma e são, então, chamadas de tépalas. Um

exemplo de flor deste tipo é a Palma de Santa Rita.

pedúnculo

sépala (conjunto = cálice)

receptáculo

ovário

estilete

estigma

gineceu filete

antera estame

(conjunto = androceu)

óvulo

pétala (conjunto = corola)

Fig. 1: As partes de uma flor hermafrodita

Page 62: Aulas de Botanica

61

Fecundação é a união do gameta masculino com o gameta feminino. Esse

fenômeno ocorre nas plantas, assim como nos animais. Mas nas Angiospermas,

onde são produzidos os gametas? O gameta masculino é produzido pelo grão de

pólen, enquanto que o gameta feminino (oosfera) está no interior do óvulo.

O grão de pólen, portador do gameta masculino, é produzido na antera do

estame que é uma das partes que formam o androceu. O óvulo, portador do gameta

feminino, está protegido dentro do ovário que é uma das partes do gineceu.

Para haver fecundação, é necessário que os dois gametas se encontrem.

Uma das etapas que permite este acontecimento é a polinização, ou seja, o

transporte do grão de pólen da antera até o estigma. O vento, os insetos, as aves e

até os morcegos são ótimos agentes polinizadores. Atraídos pelas cores ou pelo

odor exalado pelas flores, esses animais realizam a polinização e, em troca,

recebem das flores, o néctar.

O grão de pólen é depositado sobre o estigma, mas a fecundação ainda não

ocorreu, pois o óvulo (onde se encontra o gameta feminino) está lá embaixo, no

ovário. A superfície do estigma é pegajosa e serve para grudar o grão de pólen e

ajudá-lo a germinar. Ao germinar, o grão de pólen forma um longo tubo, o tubo

polínico. Este tubo, levando o gameta masculino, desce pelo estilete até atingir o

ovário e penetrar no óvulo. Agora sim, o gameta masculino se une ao gameta

feminino, ocorrendo a fecundação.

A partir da fecundação inúmeras modificações ocorrem na flor terminando por

originar o fruto: pétalas, sépalas e estames murcham e caem; o ovário se

desenvolve e se transforma em fruto; o óvulo se desenvolve e se transforma em

semente; o gameta masculino e o gameta feminino, que se uniram, dão origem ao

embrião de uma nova planta, que fica protegido dentro da semente. O ciclo descrito

está representado na figura 2.

Tubo polínico

Fecundação!

Antera

Polinização!

Estigma

Semente

Fruto

Semente liberada

Germinação

da semente

Ovário

Óvulo

Embrião

Fig. 2: Ciclo de vida de uma Angiosperma.

Page 63: Aulas de Botanica

62

2. Experimentando: Observando as partes que formam uma flor.

Objetivo:

Identificar as partes que formam uma flor

Material:

Flores (um ramo de palma de Santa Rita (Gladiolus sp.) e dois hibiscos (Hibiscus

sp.)

Lupa

Estilete

Palitos de dentes

Cartolina

Lápis

Borracha

Lápis de cor

Cola

Plástico contact transparente

Procedimento:

1. Comece com a palma de Santa Rita (fig. 3). Separe uma das flores e procure

identificar todas as partes indicadas, obedecendo às etapas abaixo:

a. Observação das tépalas: observe que nesta flor não há diferenciação entre

sépalas e pétalas. Estes elementos são totalmente soltos um do outro. Conte-

as e anote.

b. Observação do androceu: Com a lupa, observe a antera de um dos estames.

Veja se há um pozinho amarelado sobre a antera. Eles são os grãos de

pólen.

c. Observação do gineceu: observe o estigma com a lupa. Veja como é sua

superfície: seca ou úmida; lisa ou áspera. Isso é importante para a retenção

do grão de pólen. Abaixo do estigma há um tubo, o estilete, no final do qual

há uma porção um pouco dilatada, o ovário. Corte o ovário ao meio e observe

seu interior com a lupa. Com o palito de dentes, destaque as inúmeras

“bolinhas” esbranquiçadas, os óvulos. Procure contá-los e anote.

d. Faça o mesmo com um dos hibiscos (fig. 4), porém perceba que nesta flor

sépalas e pétalas são diferentes entre si. Além disso, as sépalas são

parcialmente unidas, mas as pétalas são totalmente soltas umas das outras.

Conte-as e anote. Perceba, também, que os estames são unidos na base

formando um tubo que envolve o gineceu. Nesta flor, o estilete passa por

dentro desse tubo e o que vemos no ápice é o estigma, que é dividido em

cinco partes.

Sendo o experimento realizado pelos

alunos, é aconselhável que o corte

dos ovários das flores seja executado

por um adulto.

Page 64: Aulas de Botanica

63

2. Escolha uma das flores para fazer seu trabalho, desenhe-a e pinte-a em um

canto da cartolina. A seguir, separe todas partes da flor escolhida e cole-as,

separadamente, na folha de cartolina, escrevendo abaixo de cada parte o nome

correspondente.

3. No gineceu, identifique as partes que o formam: estigma, o estilete e o ovário.

4. No androceu, identifique as partes que formam os estames: o filete e a antera.

5. Cubra todos os elementos da flor que você colou na cartolina com o plástico

contact. Seu trabalho estará pronto para exposição (fig. 5)

Se a flor escolhida for o hibisco, não esqueça de colar e identificar

separadamente as sépalas e as pétalas.

Se a flor escolhida for a palma de Santa Rita, não esqueça de

colar as tépalas juntas, identificando-as.

Fig. 3: Esquema da flor da palma de Santa Rita Fig. 4: Esquema da flor de hibisco

Fig. 5: Trabalho pronto para exposição

https://www.youtube.com/watch?v=EfjY6LIP-OY – Acesso em ag. 2013

Page 65: Aulas de Botanica

64

3. Fixando: A partir do entendimento do texto e do que você observou na

atividade, responda às perguntas abaixo.

1. Em ambas as flores você observou o ovário e, dentro deles, os óvulos. Após a

fecundação, que estrutura se originará do desenvolvimento do ovário?

..................................................................................................................................

2. Após a fecundação, que estruturas se originarão do desenvolvimento dos

óvulos?

..................................................................................................................................

3. Supondo-se que todos os óvulos do ovário da palma de Santa Rita sejam

fecundados, quantas sementes, aproximadamente, existirão dentro do fruto que

se formará?

.................................................................................................................................

4. Quem provavelmente será o polinizador destas duas plantas: o vento ou um

animal? Justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

5. As Angiospermas, assim como as Gimnospermas, são plantas independentes da

água para a reprodução. Este fato contribuiu para que estas plantas se

disseminassem e conquistassem o ambiente terrestre. Qual a grande inovação

surgida nestes grupos que tornou estas plantas independentes da água para a

reprodução? Justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

CÁLICE COROLA PÉTALA SÉPALA

TÉPALA ANDROCEU ESTAME FILETE

ANTERA GINECEU ESTIGMA ESTILETE

OVÁRIO ÓVULOS GRÃOS DE PÓLEN

Caso seja interessante, utilize o quadro abaixo. Isso

facilitará a identificação das peças que formam a flor.

Page 66: Aulas de Botanica

65

4. Sugerindo: Diferenciando Monocotiledôneas de Dicotiledôneas.

As angiospermas, plantas que produzem flores, são divididas em dois grupos:

Monocotiledôneas e Dicotiledôneas. Veja, no quadro abaixo, algumas características

distinguem um grupo do outro:

DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS ENTRE DICOTILEDÔNEAS E

MONOCOTILEDÔNEAS

Órgão da

planta

Dicotiledôneas

Monocotiledôneas

Semente

2 cotilédones

1 cotilédone

Flor

Sépalas

e pétalas

em número de 5

ou 4

(raramente 2)

Tépalas

(sépalas e

pétalas iguais)

em número de 3

Folha

Nervuras

reticuladas

Nervuras

paralelas

Agora responda:

1) Em qual grupo pode ser classificada a palma de Santa Rita?

..................................................................................................................................

2) Em qual grupo pode ser classificado o hibisco?

..................................................................................................................................

Quadro 1: Algumas diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas

Luci Freitas/2013

Page 67: Aulas de Botanica

66

CAPÍTULO 12

O FRUTO E O

PSEUDOFRUTO

Page 68: Aulas de Botanica

67

1. Entendendo: O fruto e o pseudofruto.

O fruto é uma estrutura exclusiva das Angiospermas. Origina-se do ovário da

flor após a fecundação. Dentro do fruto encontram-se as sementes que se

desenvolveram a partir dos óvulos fecundados (fig. 1). Dentro de cada semente há o

embrião de uma nova planta, que se originou da união dos gametas masculino e

feminino.

Muitos frutos são apreciados como alimento. Laranja, manga, pêssego,

abacate, tangerina e mamão são alguns exemplos. Estes frutos são popularmente

chamados de frutas. Há, no entanto, frutos que não são considerados frutas. Apesar

de cientificamente serem frutos, são popularmente chamados de legumes. São

exemplos de frutos conhecidos como legumes o tomate, a abóbora, o pepino, a

berinjela, o pimentão e o quiabo. Dentro destes “legumes” são encontradas as

sementes. Isso é uma prova de que eles são frutos, ou seja, originaram-se dos

ovários das flores. Legume não é um termo científico para designar esses frutos.

Algumas outras estruturas produzidas pelas Angiospermas, por serem

suculentas e geralmente adocicadas, são chamadas popularmente de frutas, no

entanto não são frutos verdadeiros, pois não se originaram do ovário, mas de outras

partes da flor. Estas estruturas são chamadas de pseudofrutos ou falsos frutos. Elas

podem se originar do desenvolvimento do pedúnculo, do receptáculo e até mesmo

das pétalas. Neste caso, após a fecundação, estas partes se desenvolvem e se

tornam suculentas e, assim são conhecidas como frutas, mas cientificamente não

são frutos. São exemplos de pseudofrutos a maçã (fig. 2), o caju (fig. 4), o morango

(fig. 6), o abacaxi, a pêra e o figo.

O desenvolvimento de três pseudofrutos - maçã, caju e morango – estão

representados, respectivamente nas figuras 3, 5 e 7.

óvulo

ovário fruto

semente

Fruto em

desenvolvimento

Fig. 1: Desenvolvimento do fruto e da semente

Page 69: Aulas de Botanica

68

Fig. 4: Caju - um pseudofruto

óvulo

ovário

pedúnculo

semente

fruto

pseudofruto

pseudofruto em

desenvolvimento

Fig. 5: Caju – desenvolvimento do pseudofruto

flor do cajueiro

Fig. 2: Maçã - um pseudofruto

ovário

óvulo

receptáculo

pseudofruto em

desenvolvimento

pseudofruto

fruto

semente

Fig. 3: Maçã - desenvolvimento do pseudofruto

flor da macieira

Page 70: Aulas de Botanica

69

Nos frutos podemos identificar duas partes principais: o pericarpo e a

semente. O pericarpo é dividido em epicarpo, mesocarpo e endocarpo. Em alguns

frutos como, por exemplo, o abacate, o mesocarpo é a parte comestível (fig. 5); em

outros como, por exemplo, a laranja, a parte comestível é o endocarpo (fig. 6).

Os frutos protegem as sementes e auxiliam na sua dispersão para novos

ambientes. Há uma série de estratégias que facilitam essa dispersão como, por

exemplo, frutos que apresentam expansões simulando asas (são transportados pelo

vento); frutos que possuem ganchos que lhes permitem se fixar ao corpo de algum

animal que realize seu transporte; frutos adocicados e suculentos que são

apreciados por diversos animais (suas sementes são eliminadas nas fezes) e frutos

que acumulam ar em seu mesocarpo, permitindo que flutuem na água.

Fig. 6: Morango - um pseudofruto

ovários com óvulos

receptáculo pseudofruto

frutos com

sementes

pseudofruto em

desenvolvimento

flor do morangueiro

Fig. 7: Morango – desenvolvimento do pseudofruto

pericarpo

semente

epicarpo

mesocarpo

endocarpo

Fig. 8: Abacate – partes do fruto Fig. 9: Laranja – partes do fruto

Page 71: Aulas de Botanica

70

2. Experimentando: Observando as partes de um fruto.

Objetivo:

Identificar as partes que constituem um fruto

Material:

Frutos conhecidos por legumes (pimentão, quiabo, tomate, abóbora etc)

Frutos conhecidos como frutas (laranja, abacate, kiwi, goiaba, mamão etc)

Faca de plástico

Pratinhos de plástico

Papel

Lápis ou caneta

Procedimento:

1. Coloque cada fruto sobre um pratinho de plástico;

2. Corte os frutos (o legume e a fruta) longitudinalmente;

3. Observe as sementes no seu interior;

4. Faça um desenho do que você está observando;

5. Identifique as principais partes (pericarpo e semente) que constituem cada fruto.

Page 72: Aulas de Botanica

71

3. Fixando: A partir do entendimento do texto e do que você observou na

atividade, responda às perguntas abaixo.

1) O que você observou dentro do fruto conhecido popularmente como fruta?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

2) O que você observou dentro do fruto conhecido popularmente como legume?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

3) Os legumes estudados são frutos verdadeiros? Justifique:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

4) Por que frutas como morango, maçã e caju não são consideradas frutos

verdadeiros?

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

5) Cite as funções dos frutos:

..................................................................................................................................

..................................................................................................................................

6) Observe as imagens abaixo e tente identificar o agente dispersor de cada fruto:

a) __________________________ b) __________________________

c) __________________________ d) __________________________

Page 73: Aulas de Botanica

72

4. Sugerindo: Observando pseudofrutos.

A fim de complementar a prática anterior, alguns pseudofrutos podem ser

adicionados à experimentação. Para facilitar, os alunos devem consultar as imagens

3, 5 e 7 e comparar com os pseudofrutos que estarão observando.

Material:

Morango

Maçã

Caju

Faca de plástico

Pratinhos de plástico

Procedimentos:

1. Coloque cada fruta sobre um pratinho de plástico;

2. Observe externamente o morango e procure identificar os pequenos pontos

escuros em sua superfície. Eles são os verdadeiros frutos;

3. Corte o morango longitudinalmente;

4. Observe seu interior e identifique o receptáculo;

5. Corte a maçã longitudinalmente;

6. Observe seu interior e tente identificar o verdadeiro fruto com as sementes;

7. Observe externamente o caju e identifique o verdadeiro fruto, a castanha;

8. Corte a parte comestível do caju e observe se há sementes em seu interior.

Resultados esperados:

Com esta prática os alunos podem comprovar que as frutas observadas não

são frutos verdadeiros, já que em seu interior não são encontradas sementes. No

caso da maçã, é interessante que os alunos observem que há sementes em seu

interior, no entanto a parte comestível deriva do desenvolvimento do receptáculo,

sendo, portanto, um pseudofruto. O verdadeiro fruto, aquele derivado do

desenvolvimento do ovário, é a parte interna que contém as sementes, conforme

mostra a figura 2.

Page 74: Aulas de Botanica

73

CAPÍTULO 13

A IMPORTÂNCIA

DA SEMENTE

Page 75: Aulas de Botanica

74

1. Entendendo: A importância da semente.

Todos os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Um

pintinho, por exemplo, nasce do ovo, cresce porque obtém matéria prima e energia

dos alimentos que ingere, transforma-se em adulto, acasala-se e põe ovos, isto é,

reproduz-se, e um dia morre. Os demais animais, com algumas variações,

apresentam o mesmo ciclo de vida. As plantas, como também são seres vivos,

nascem, crescem, reproduzem-se e, mais cedo ou mais tarde, morrem. Assim como

o embrião de muitos animais fica no ovo antes de nascer, o embrião da maioria das

plantas fica nas sementes antes delas germinarem.

As Gimnospermas, por só possuírem óvulos, só produzem sementes, que

são, por isso, chamadas de sementes nuas (fig. 1). Já as Angiospermas apresentam

seus óvulos dentro de estruturas das flores chamadas ovários. Após a fecundação,

os ovários se desenvolvem em frutos. Os óvulos fecundados, que estavam dentro do

ovário, se desenvolvem em sementes. Logo, nas Angiospermas, as sementes estão

no interior dos frutos (fig. 2) e cada semente apresenta, em seu interior, o embrião

de uma nova planta.

Além do embrião, as sementes possuem reservas nutritivas que irão alimentá-

lo durante as primeiras etapas de seu desenvolvimento. Em condições adequadas

de temperatura e água, a semente germina dando origem a uma nova planta (fig. 3).

Semente

Fig. 1: pinhão (semente do Pinheiro-do-Paraná) Fig. 2: Abacate (fruto) e semente (caroço)

Fig. 3: (a), (b), (c) Etapas do desenvolvimento do embrião do abacateiro

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2. Experimentando: Observando o interior de uma semente.

Objetivo:

Observar as partes que compõem uma semente.

Material:

Vagens

Feijões deixados de molho de um dia para o outro

Estilete

Faca de plástico

Papel

Lápis ou caneta

Procedimento:

1. Com a faca, abra a vagem;

2. Observe as sementes em seu interior;

3. Faça um desenho do que você está observando;

4. Descasque um dos feijões com cuidado e abra-o ao meio;

5. Observe o seu interior com uma lupa;

6. Faça um desenho do que você está observando.

Para esta prática é conveniente deixar os feijões dentro de

um copo com água de um dia para o outro. Dessa forma,

absorverão água e incharão, facilitando a retirada da casca.

flor

semente

folha

fruto

Fig. 4: Feijoeiro com flor e fruto

Page 77: Aulas de Botanica

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3. Fixando: A partir do entendimento do texto e do que você observou no

experimento, resolva as questões abaixo.

1) O esquema abaixo representa uma vagem, fruto do feijoeiro. Identifique as partes

numeradas:

1. _______________________________

2. _______________________________

2) O esquema abaixo representa uma semente de feijão. Identifique as partes

numeradas:

1. _______________________________

2. _______________________________

3) Responda:

a) De que parte da flor se originou o fruto do feijão (a vagem)?

.............................................................................................................................

b) De que parte da flor se originou a semente de feijão?

.............................................................................................................................

c) O que você encontrou dentro da semente de feijão?

.............................................................................................................................

d) De onde o embrião retira nutrientes para se desenvolver no início da

germinação, enquanto não faz fotossíntese?

.............................................................................................................................

Fig. 5: Vagem

1

2

2 1

Fig. 6: Grão de feijão aberto

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4. Sugerindo: Comprovando que a água é indispensável à germinação.

A fim de complementar a prática anterior, os alunos podem ser orientados a

realizar, em casa, o experimento a seguir.

Material:

Dois copos

Algodão

Água

Sementes de feijão (deixe metade das sementes imersas em água no dia

anterior)

Caneta marcadora permanente (para escrever em vidro, CD etc)

Procedimentos:

1. Com a caneta marcadora identifique os copos com as letras A e B;

2. Coloque um pedaço de algodão no fundo de cada copo (fig. 7);

3. Molhe bem o algodão do copo A e deposite as sementes de feijão previamente

umedecidas sobre o algodão;

4. Deposite as sementes de feijão secas sobre o algodão do copo B;

5. Coloque os copos em local protegido do vento e da luz solar direta;

6. Molhe o algodão do copo A diariamente, não deixando que ele fique seco, mas

mantenha o algodão do copo B, sempre seco;

7. Observe e desenhe diariamente o comportamento das sementes dos dois copos

durante 5 (cinco) dias.

Resultado esperado:

É esperado que apenas os feijões do copo A germinem. Dessa forma os

alunos podem perceber a importância da água no processo da germinação.

Também podem observar que, enquanto o feijoeiro se desenvolve, os cotilédones

murcham e caem. A partir dessa observação, podem discutir o motivo pelo qual isso

ocorre e como o feijoeiro vai sobreviver quando isso acontecer. Os alunos podem,

ainda, ser estimulados a pensar sobre o fato de no abacate haver apenas uma

semente, enquanto que na vagem existem várias e, assim, relacionar esse fato à

quantidade de óvulos presentes no ovário de cada flor (do abacateiro e do feijoeiro).

algodão

A B

Fig. 7: Demonstração da montagem do experimento

Page 79: Aulas de Botanica

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a leitura e execução das atividades propostas neste manual, podemos

entender os principais eventos que ocorreram, durante a evolução das plantas, que

permitiram seu desenvolvimento no ambiente terrestre. Em ordem cronológica esses

eventos foram:

1º) O surgimento dos vasos condutores de seiva e de uma cutícula protetora, que

permitiram o desenvolvimento das plantas no ambiente terrestre;

2º) O surgimento do grão de pólen que, por transportar em seu interior o gameta

masculino completamente protegido, ofereceu maior eficiência no processo de

reprodução no ambiente terrestre. Além disso, o grão de pólen forma um tubo

através do qual o gameta masculino é conduzido ao encontro do gameta

feminino, não necessitando da água para que ocorra a fecundação;

3º) O surgimento da semente que, por guardar o embrião em seu interior, ofereceu

melhores condições para o seu desenvolvimento, protegendo-o e nutrindo-o

durante suas primeiras fases de desenvolvimento (enquanto ainda não faz

fotossíntese);

4º) O surgimento das flores que, por serem coloridas, perfumadas e produtoras de

néctar, ofereceram maiores oportunidades de polinização, já que atraem

diferentes polinizadores que as buscam para se alimentarem;

5º) O surgimento do ovário que origina o fruto. Este, por sua vez, ofereceu proteção

para a semente e maior oportunidade para sua dispersão, pois os animais ao

comê-lo, por exemplo, depositam as sementes com as fezes, distantes da planta

mãe, evitando assim a competição pelos nutrientes (água e sais minerais)

existentes no solo. Assim, as Angiospermas se disseminaram pelo planeta e

conquistaram todos os ambientes.

Page 80: Aulas de Botanica

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5. REFERÊNCIAS

FERRI, M. G. Botânica: morfologia externa das plantas (organografia). 15. ed.

São Paulo: Nobel, 1983. 149 p.

FERRI, M. G. Botânica: morfologia interna das plantas (anatomia). 10. ed. São

Paulo: Nobel, 1996. 113 p.

JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 5. ed. São Paulo: Ed.

Nacional, 1979. 777 p.

PURVES, W. K.; SADAVA, D.; ORIANS, G. H.; HELLER, C. H. Vida: a ciência da

biologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. V. 3. 357 p.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 6. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 906 p.

VIDAL, W. N. Botânica – organografia: quadros sinóticos ilustrados de

fanerógamos. 4. ed. Viçosa: UFV, 2010. 124 p.

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