identificaçao botanica 2

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MANUAL DE INSTRUES PARA COLETA, IDENTIFICAO E HERBORIZAO DE MATERIAL BOTNICO.

MANUAL DE INSTRUES PARA COLETA, IDENTIFICAO E HERBORIZAO DE MATERIAL BOTNICO.

Elaborao: Ivonei Wiggers Carlos Eduardo Bittencourt Stange

Realizao: Programa de Desenvolvimento Educacional SEED PR UNICENTRO

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Laranjeiras do Sul PR 2008 Introduo A classificao de plantas em um sistema filogentico o principal objetivo da Botnica Sistemtica. Para alcanar este objetivo, a Taxonomia baseia-se em caracteres clssicos da morfologia floral, mas tambm se utiliza de elementos oriundos da estrutura epidrmica (tais como pelos e tricomas), da palinologia, da anatomia e da fitoqumica, dentre outros. Ao lado destes aspectos tradicionalmente valorizados em Botnica Sistemtica, interessante comentarmos um pouco sobre a Dendrologia (dendron, rvore e logos, estudos; em grego), que se vale de caracteres tidos como secundrios por aquela cincia, tais como a cor, a estrutura e o aspecto da casca, o porte, a forma da copa e do tronco, a presena de acleos e espinhos, de ltex e outras exsudaes, bem como da presena de odores peculiares em folhas, casca e outras partes vegetais. A identificao botnica necessria para dar subsdios a estudos taxonmicos; auxiliar na elaborao de trabalhos cientficos sobre a flora de uma determinada regio; determinar as espcies de um inventrio; facilitar o conhecimento de plantas medicinais e txicas com o objetivo de melhor utiliz-las e control-las; armazenar exemplares de todas as espcies possveis para identificao de outras espcies por comparao (Ferreira, 2006) e no caso deste manual, em particular, auxiliar os professores da rede estadual do Paran a montarem em suas escolas e colgios, pequenos herbrios com o principal objetivo de enriquecer as aulas de botnica e conseqentemente despertar nos alunos um interesse maior pela conservao da sade do ambiente onde vivem, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida a todos, as fotos colocadas neste trabalho foram tiradas nas ruas, bosques e stios aos redor da cidade, o que demonstra a viabilidade se trabalhar botnica em um meio onde existem escolas urbanas. Convm lembrar que as florestas no so apenas suas rvores. Incluem os arbustos, as lianas, as epfitas e outras formas de vida vegetal e suas interaes. Tambm parte integrante da floresta a sua fauna, tanto de animais de grande porte como a micro e a mesofauna, que juntamente com fungos, bactrias e outros microorganismos, cumprem uma funo insubstituvel na circulao de nutrientes e na 3

manuteno do habitat. A floresta tambm o seu solo, a gua e o clima (MARCHIORI 1995, p. 11).

Para que identificar A identificao botnica se faz necessrio para a obteno de diferentes informaes sobre espcies que possuem diferentes caractersticas e particularidades individuais. A identificao cientfica correta das espcies essencial para o desenvolvimento das cincias bsica (desenvolvimento de teorias) e aplicada (aplicao de teorias s necessidades humanas). importante lembrar que os inventrios florestais, baseados em nomes vernaculares (populares), provocam muita confuso; essas denominaes variam bastante de uma regio para outra e, em muitos casos, dentro de uma mesma regio, dependendo de quem as utiliza. Porm, a nomenclatura cientfica, expressa em linguagem universal, denomina a mesma planta, com um nico nome, em qualquer lugar do Planeta; oferecendo, dessa forma, maior segurana para os usurios. Por essa razo, a nomenclatura cientfica permite o dilogo entre cientistas de diferentes pases e regies, promovendo acesso s informaes necessrias para o desenvolvimento de pesquisa, no s na botnica, mas em diversas reas do conhecimento (Da Silva, 2002). Como identificar Identificao a determinao de um txon, como idntico ou semelhante a outro j existente, utilizando-se a comparao com material de herbrio devidamente identificado, as chaves dicotmicas de identificao e a literatura especfica. Durante o processo de identificao, podem ser encontrados txons novos para a cincia, os quais devem ser descritos de acordo com as normas preconizadas pelo Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica (CINB). A identificao por chaves dicotmicas muito complexo e exige grande conhecimento sobre a morfologia vegetal, sugerimos ento a comparao com

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material de herbrio, onde pode-se ter o auxilio do Museu Botnico Municipal de Curitiba - MBM. No herbrio, o processo de identificao mais comum por meio de comparao; neste processo a amostra recm coletada comparada com outra anteriormente coletada e identificada. Se todas as caractersticas assemelharem-se pode se determinar o nome da amostra. O Museu Botnico, no Jardim Botnico de Curitiba, possui um herbrio de 310 mil plantas, mundialmente conhecido, em nmero de amostras o quarto maior do pas e possui o maior nmero de gneros e famlias de plantas no Brasil. Foi criado em 1965, a partir da doao do acervo pessoal do botnico Gerdt Hatschbach. Sua primeira sede funcionou no Passeio Pblico. Somente em 1992 o Museu foi transferido para o Jardim Botnico. Contato: Tel (41) 3264-7365 (Herbrio: 3362-1800). bom deixar bem claro que, classificao a ordenao das plantas em nveis hierrquicos, de acordo com as caractersticas apresentadas, de modo que cada nvel rena as caractersticas do superior. Por exemplo, as espcies de um determinado gnero devem apresentar as caractersticas ou traos particulares desse gnero; os gneros de uma determinada famlia devem apresentar as caractersticas ou traos particulares dessa famlia e assim por diante. Quando se denomina uma planta j descrita, est ocorrendo determinao das caractersticas comuns a outra j catalogada, est se fazendo uma identificao, enquanto que, quando se procura localizar uma planta ainda no conhecida, dentro de um sistema de classificao, est ocorrendo classificao (Da Silva, 2002). Material para coleta Caderno, lpis ou caneta e borracha - para registrar as informaes inerentes a cada amostra coletada. Cinto de segurana - como segurana durante a coleta em rvores e arbustos. Peonha, escadas de alumnio ou de corda, equipamento de alpinismo e esporas para coletar material botnico nas rvores, cips ou arbustos.

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Fita mtrica - para medir o dimetro e/ou a circunferncia das rvores.

Podo, tesoura de poda, faca, faco ou canivete - usado no corte de ramos a serem coletados. -Podo Obs: pode ser comprado nas lojas de ferragens e/ou agro veterinrias por um preo acessvel.

-Tesoura de poda

Jornal - para acondicionar as amostras coletadas. Folhas de papelo - medindo cerca de 35 x 28 cm para intercalar entre as folhas de jornal que contm as amostras coletadas. Folhas de alumnio corrugado - so dispostas entre as folhas de papelo.

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Prensas de madeira - para prender as pilhas formadas pelos jornais contendo os exemplares intercalados com papelo e folhas de alumnio .

Corda de sisal ou nilon - para amarrar a prensa; o material botnico deve ser comprimido para que as folhas possam permanecer da maneira que foram dispostas e ao secarem no fiquem enrugadas.

lcool 92,8 0 GL - para borrifar as amostras coletadas.

lcool 70% - para conservar flores e frutos.

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Recipientes

de

vidro

-

para

acondicionar flores e frutos em meio lquido.

GPS (Global

Position

System)

-

utiliza-se

para

medir

altitude

e

coordenadas geogrficas do espcime coletado. Binculos de longo alcance - para observar a copa das rvores a fim de localizar flores e frutos. Botas - para caminhar na floresta.

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Repelente indicado principalmente para quem tem algum tipo de alergia a insetos.

Etiquetas adesivas ou pedaos de papel vegetal - para marcar as amostras colocadas nos recipientes de vidro. Sacos de plstico com capacidade de 40 e 60 litros - para acondicionar amostras que sero conservadas em lcool.

Procedimentos Normalmente se utiliza uma caderneta de coletor, onde so feitas as anotaes de dados das plantas coletadas. primeiro passo anotar as informaes a respeito

do coletor, ou seja, seu nome e nmero de coleta, a data do procedimento e o nome dos coletores adicionais quando for o caso. A seguir, devem ser registradas informaes inerentes localizao da planta da qual se deseja coletar amostras: usando-se o GPS, anota-se a latitude, a longitude e a altitude. Muitas escolas no possuem GPS, pelo fato de ser um aparelho caro e que geralmente pouco usado pelos professores, mas com a ajuda de um programa chamado Google Earth, pode se determinar a latitude e longitude de qualquer regio, com preciso de graus, minutos e segundos. O programa no mede altitude, porm um altmetro bem mais barato, em torno de cento e cinqenta reais e geralmente j vem com barmetro junto. A seguir, os nomes do pas, do estado, do municpio, do distrito e da localidade onde est sendo realizada a coleta; necessrio anotar, tambm, alguns pontos como referncia localizao da planta, os quais facilitem um possvel retorno ao local. Essas anotaes devem ser tomadas de maneira que outra pessoa possa localizar a mesma planta, caso necessite observ-la 9

posteriormente. Importantes tambm so as informaes acerca do ambiente, ou seja, tipo de solo e de vegetao predominante. Finalmente, devem ser anotadas as caractersticas da planta que no sero observadas aps a desidratao do material, tais como: altura e circunferncia da planta, hbito, forma da rvore, disposio dos ramos, forma do tronco, tipo de base do tronco, aspectos das sapopemas, caractersticas da casca, exsudao, colorao das flores e tamanho, textura e cor dos frutos, tipo de odor, denominao local e uso. Para facilitar os procedimentos apresentamos aqui uma ficha de campo, onde esto reunidas as caractersticas mais importantes e necessrias que s podem ser anotadas no campo. Ficha de campo Local coleta: Coletor: Espcie: Nome vulgar: HBITO: rvore( ); arbusto( ); erva( ); cip( ); epfita( ); hemiepfita ( ) Altura: DAP: Circunferncia: Observao: BASE: reta( ) digitada( ) com razes areas( ) FUSTE: cilndrico( ) dilatada( ) razes flcreas( ) sapopemas( ) N Col.: N amostra/vore: Data: / /

cnico( )

tortuoso( )

acanalado( )

CASCA: Ritidoma/aparncia: liso( ) rugoso( ) sujo ou spero( ) reticulado( ) fissurado( ) fendido( ) estriado ( ) lenticelado( ) Desprendimento: placas lenhosas ( ) c/ depresses( ) escamoso( ) esfoliante papirceo( ) esfoliante coriceo( ) Cor: espessura: observao: Casca morta: cor: espessura: Casca viva: cor: cheiro: espessura: Presena de: acleos( ) espinhos( ) Observao: ALBURNO: cor: espessura: 10

EXSUDATO: aps exposio ao ar torna-se: Cor:

consistncia:

FOLHAS: Cor: concolor( ) discolor( ) Consistncia: membrancea ( ) cartcea( ) face abaxial: face adaxial: FLORES: Cor: clice: FRUTOS: Carnosos( ) Cor: corola: secos( ) deiscentes( ) odor:

coricea( ) odor: odor: indeiscente( ) Obs:

carnosa( )

obs:

Retirada da apostila: Diretrizes para coleta, herborizao e identificao de material botnico nas Parcelas Permanentes em florestas naturais da Amaznia brasileira.

Como preencher a ficha de campo O local de coleta refere-se s informaes da localizao da planta, da qual ser coletada a amostra: anota-se o nome do pas, do estado, do municpio, do distrito, da localidade, o tipo de vegetao e alguns pontos de referncia que possibilitaro que outra pessoa localize este espcime. Havendo possibilidade deve-se anotar a latitude, longitude e a altitude. Em seguida so anotados o nome e nmero do coletor principal, coletores adicionais, data da coleta, numero da amostra ou arvore e nome vernacular. Cada nmero de coletor ser um numero nico da seqncia numrica, iniciando com 1 e em seguida continuamente (o coletor nunca deve repetir um nmero j utilizado). Deve-se anotar caractersticas da planta, que so observadas apenas no campo e antes da desidratao da amostra, como: hbito, altura, DAP, circunferncia, tipo de base, fuste, copa, aparncia, desprendimento, cor e espessura do ritidoma, espessura, cheiro e cor da casca viva antes e aps a oxidao, presena de acleos ou estrias, cor do exsudato antes e aps da oxidao, consistncia, cor e odor da folha, cores da flor, tipo, deiscncia e cor do fruto.

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Quaisquer informaes adicionais devem ser anotadas nos espaos reservados as observaes ou no verso da ficha. Hbito: se refere forma de vida da planta quando adulta (RIBEIRO et al., 1999; IBAMA, 1991; MORI, 1989, apud FERREIRA 2006). rvore: vegetal grande, lenhoso, com tronco bem definido e sem ramos na parte inferior, composto de tronco e copa frondosa. Dominam as florestas, podendo atingir at 50m de altura em florestas tropicais.

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Arbusto: vegetal lenhoso, resistente, sem tronco predominante, ramifica-se desde a base. Ocorrem em maior freqncia no sub-bosque das florestas e em capoeiras novas.

Erva: planta geralmente pequena, cujo caule no possui ou apresenta pouco tecido lenhoso. Dominam os campos e os estratos herbceos das savanas e cerrados.

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Cip, liana ou trepadeiras: vegetal lenhoso, com ramos longos, delgados e flexveis, sobe apoiando se em rvores, podendo atingir muitos metros de altura, em geral apresentam folhas apenas no dossel. Algumas trepadeiras sobem sem ajuda de qualquer suporte especial, outras se prendem aos suportes atravs de gavinhas e garras.

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Epfita: vegetal principalmente herbceo, usando galhos ou troncos de rvores apenas como suporte, como orqudeas e bromeliceas.

Hemiepfitas: Plantas lenhosas ou herbceas utilizam o mesmo tipo de suporte das epfitas, diferenciando-se delas por manter ligao com o solo. s vezes so confundidas com cips, diferentes destes por no apresentar um tronco nico. 18

17 Base: Tipo de base do espcime de acordo com RAMALHO (1975) e RIBEIRO (1999) apud FERREIRA (2006). 15

Reta: apresenta-se em linha reta, sem expanses.

Digitada: apresenta projees, semelhante a "dedos".

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Dilatada: alargamento do fuste a pouca distncia do solo.

Com razes flcreas ou escoras apresentam-se como um emaranhado de razes, que partem do tronco alcanando o solo, deixando espaos.

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Com sapopemas ou razes tabulares: conjunto de expanses tabulares.

Fuste: Consiste no eixo principal da rvore economicamente aproveitvel, que vai da superfcie do solo at a insero das primeiras ramificaes.Pode ser:

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Cilndrico: forma de cilndro e geralmente reto.

Tortuoso: fuste irregular, com sinuosidades longitudinais.

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Cnico: apresenta base mais larga que o pice. Forma de cone.

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Acanalado: com depresses e reentrncias longitudinais, formando canais.

Casca: Anatomicamente a casca de uma rvore, consiste de duas regies distintas: casca viva ou interna e casca morta ou ritidoma (MARCHIORI, 1995, apud FERREIRA, 2006).

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Para melhor caracterizao, o ritidoma ser considerado a aparncia externa da casca. Caractersticas da casca (adaptado de RIBEIRO et al., 1999; RAMALHO, 1975; MARCHIORI, 1995; IVANCHECHEN, 1998, apud FERREIRA, 2006).

Tipos de ritidoma

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Liso: no apresenta nenhuma forma de desprendimento, protuberncias e nem ornamentaes.

Rugoso: apresenta uma superfcie acidentada, formada por anis horizontais proeminentes.

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Reticulado: Apresenta fendas verticais e horizontais, formando pequenos retculos, geralmente quadrados e fortemente aderidos.

Fendido: provida de rachaduras, como sulcos, mais ou menos retos, com profundidade heterognea e os bordos no apresentam cicatrizao.

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20 Sujo ou spero: Apesar de apresentar alguma forma de ornamentao ou desprendimento, no definem o aspecto da casca. A casca tem aspecto desordenado.

Estriado: a casca caracterizada por linhas superficiais, semelhantes a estrias, de colorao distinta.

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Fissurado: caracterizado por sulcos longitudinais em forma de V ou profundas, mais ou menos amplos, com profundidade quase homognea, apresentando bordos com aspecto de terem sido cicatrizados.

Lenticelado: presena de lenticelas (estruturas presentes no tronco que auxiliam nas trocas gasosas) evidentes. Podem ser: - Densamente lenticelado: as lenticelas assemelham-se a verrugas. - Lenticelas dispersas: as lenticelas so evidentes, mas distribudas de forma dispersa. - Nitidamente agrupadas: so em grande nmero e distribudas com uma proximidade expressiva. - Lenticelas em linhas horizontais: geralmente assemelham-se com troncos rugosos, quando formam um anel contnuo. - Lenticelas em linhas verticais: so confundidas com o tronco estriado, quando formam linhas finas, de colorao mais clara. 22

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Lenticelas no caule de acerola

Tipo de desprendimento do ritidoma Depresses: Caracterizado pelo desprendimento do ritidoma, apresentando cicatrizes, com uma colorao mais viva que a casca velha.

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Esfoliante: desprende-se em uma ou vrias camadas finas, geralmente irregulares, enrolando-se ou pelo menos as bordas so recurvadas.

Escamoso: o ritidoma desprende-se em placas finas e esfarelante ou rgidas e lenhosas, em geral retangulares, associadas a fendas verticais, ficando aderidas ao tronco num ponto, lateral, central ou apical.

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Placas lenhosas: o ritidoma desprende-se em placas grandes, grossas e lenhosas, sem deixar cicatrizes, que provoquem manchas.

23 Presena de estruturas externas Acleos: so semelhantes a espinhos, diferem por ser facilmente removido, devido originar-se superficialmente e no possuem tecidos condutores.

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Espinhos: no se desprende com facilidade, por estarem ligados, por tecidos condutores, ao floema e xilema.

Casca morta e viva Cor: A variao da cor da casca muito grande, e apresenta padres que se mostram muitas vezes em arranjos mosqueados. Em algumas espcies a cor da casca viva pode alterar com a exposio ao ar, em um curto ou longo perodo de tempo. Deve-se fazer anotao da cor inicial e aps a exposio ao ar. Cheiro: Costuma-se comparar o cheiro da casca viva com odores que conhecemos. Alburno: Camada externa do xilema situada entre o cerne e a casca (VASCONCELLOS & FREITAS, 2001 apud FERREIRA, 2006). o tecido mais recentemente produzido, apresenta uma colorao distinta formando um anel 30

(RIBEIRO et al., 1999 apud FERREIRA, 2006). Geralmente a colorao do alburno varia do amarelo-claro ao bege.

24Exsudado A exsudao pode ser varivel com as condies ambientais, com as caractersticas fenolgicas e, possivelmente, com a idade das rvores, especialmente, no que se refere abundncia e velocidade de fluxo dos exsudatos (RAMALHO, 1975, apud FERREIRA, 2006). Caractersticas dos exsudatos segundo RIBEIRO (1999), apud FERREIRA, 2006. Seiva: fluida e aquosa, nunca pegajosa, caracteriza-se como um lquido incolor e translcido ou levemente colorido. Ltex: Soluo fluda, pegajosa ou viscosa, sempre opaca, de colorao branca, as vezes amarela, marrom, alaranjada ou vermelha. Quando pegajosa, diferencia-se das resinas e gomas por no apresentar brilho e solidifica-se. Resina: Insolvel em gua e pegajosa, solidificando quando exposta ao ar. As resinas so geralmente aromticas, podendo ser opacas, semitranslcida ou mesclado.

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Goma: No possui cheiro e solvel em gua. Solidifica em contato com o ar.

Obs: pode ser observado a direita nas fotos acima, uma ecdise ou muda de cigarra. Folhas Quanto cor:

-Concolor: mesma cor em ambos os lados da folha.

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-Discolor: faces da folha com colorao diferente.

Quanto consistncia: -Membrancea: consistncia delgada, semitransparente, assemelha-se a uma membrana. -Cartcea: ao passar a mo, parece-se com papel grosso. -Coricea: consistncia parecida com couro, de maior rigidez em relao cartcea. -Carnosa: densa, opaca e suculenta. Flores Todas as cores da flor devem ser anotadas, principalmente cor do clice e corola.

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Frutos Bagas indeiscentes carnosos deiscentes Frutos simples: derivado de um nico ovrio. indeiscentes Drupas Cpsula carnosa Cpsula drupcea Aqunio Cariopse ou gro Smara Noz secos deiscentes Folculo Vagem ou legume cpsula sliqua Obs: este esquema apresenta apenas os frutos simples, j que existem os agregados, mltiplos, complexos e partenocrpicos. Quanto consistncia:

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Carnosos: frutos com polpa suculenta internamente.

Secos: no apresenta polpa internamente.

Quanto liberao de sementes:

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Deiscentes: quando maduros, liberam as sementes.

Indeiscentes: os frutos no liberam as sementes. Em frutos indeiscentes, deve se cortar transversal na ocasio e da longitudinalmente, prensagem.

Apresentamos tambm este outro modelo de ficha, denominada ficha catalogrfica para Diagnose e Identificao Botnica para fins de Ensino de graduao em Cincias Biolgicas. Esta ficha foi elaborada para ser trabalhada com alunos universitrios, mas pode ser adaptada para trabalhos com alunos dos ensinos fundamental e mdio. 1. NMERO 1.1.COLETA 1.2.VEGETAL 2.NOMENCLATURA 2.1.VULGAR 2.2.FAMLIA 36

3.HBITO 4. RAIZ

5. CAULE

6. FOLHA

2.3.GNERO 3.1. DO VEGETAL 3.2. DA RAIZ 4.1. SISTEMA RADICULAR 4.2. ADAPTAO 5.1. CONSISTNCIA 5.2. RAMIFICAO a) SIMPLES b) MONOPODIAL c) SIMPODIAL 5.3. LOCALIZAO NO AMBIENTE 6.1. COMPLETA 6.2. INCOMPLETA 6.3. SIMPLES a) forma do limbo b) bordo do limbo 6.4. COMPOSTA a) disposio dos fololos b) forma do limbo do fololo c) bordo do limbo do fololo 6.5. NERVURA 6.6. FILOTAXIA 6.7. CONSISTNCIA 6.8. COLORAO 6.9. ADAPTAO 7.1. PEDICELO 7.2. ISOLADA 7.3. INFLORESCNCIA 7.4. VERTICILOS DE PROTEO a) quanto cor b) quanto ao nmero c) quanto simetria d) quanto concrescncia 7.5. PERFLORAO ( BOTO ) 7.6. VERTICILOS DE REPRODUO 37

7. FLOR

a) Androceu a.1Aspecto do androceu a.2.Insero na flor a.3.Tamanho a.4.Ramificao do filete a..5.Insero do filete na antera a.6.Aspecto da antera a.7.Deiscncia da antera a.8.Nmero a.9.Concrescncia b) Gineceu b.1. Nmero de pistilos b.2. Insero do estilete no ovrio b.3. Aspecto do gineceu b.4. Estigma b.5.Concrescncia b.6.Posio do ovrio b.7.Nmero de lculos b.8.Nmero de carpelos b.9.Placentao 8.1. DA FLOR 8.GENITLIA 8.2. DO VEGETAL 9.CLASSE 9.1. MONOCOTILEDNEA 9.2. DICOTILEDNEA 10. SUBCLASSE DE 10.1. ARQUICLAMDEA 10.2. METACLAMDEA DICOTILEDNEA 11.FRMULA K C A G FLORAL 12. OBSERVAES

Ficha Catalogrfica para Diagnose e Identificao Botnica para fins de Ensino de Graduao em Cincias Biolgicas.

O que coletar 38

Coletar no mnimo cinco amostras de cada espcime preferencialmente frtil, isto , com flores e/ou frutos porque estes rgos so essenciais identificao ou classificao dos vegetais. A escolhida para compor a coleo do herbrio dita unicata; as demais so chamadas de duplicatas, servindo para manuseio, envio a especialistas ou troca com outras instituies. Adicionar mais flores e/ou frutos a coleta, armazenando em meio lquido (flores e frutos) ou dissecados (frutos), para que quando seja necessrio utiliz-los, no sejam retirados da exsicata.

Como coletar Planejamento da coleta: inicialmente deve-se planejar a coleta, com auxlio de mapas. Nunca a coleta deve ser feita por apenas uma pessoa , do grupo formado, deve ter pelo menos um integrante que conhea a rea de coleta. Fazer as anotaes na ficha de campo: as anotaes dos dados, caractersticos das plantas, devem ser feitas no ato da coleta, isto , em baixo da rvore ou de frente para o espcime, para com isso no esquecer de anotar nenhum dado importante. Coletar o material botnico: coletas feitas em plantas lenhosas (rvore, arbustos, cips) retirar parte de ramos, cerca de 35 cm, com flores e frutos. Plantas herbceas (ervas, epfitas e hemiepfitas) coletar o vegetal inteiro, inclusive as razes. Fazer anotaes no jornal: anotar na barra do jornal o nmero da amostra, local de coleta, data, nome e numero de coletor. Prensar o material ainda no campo: a prensagem do material coletado requer bastante cuidado e pacincia, pois o mesmo no pode ficar muito agrupado dificultando o estudo; deve ser arrumado, no jornal, de maneira, a evidenciar flores e/ou frutos, muito importantes na identificao; as folhas devem ficar arrumadas de maneira a evidenciar as duas faces (virar algumas folhas para expor o lado inferior), quando forem muitas e/ou grandes demais deve-se retirar algumas que sero cortadas no pecolo, para que seja possvel verificar a filotaxia das mesmas. prtico colocar a amostra em jornal apenas entre dois papeles e estes entre os dois lados da prensa de madeira, fazer uma pequena presso e amarrar com a corda ou cinta. Os corrugados podero ser 39

adicionados apenas no final de todas as coletas de um dia, quando as amostras estaro menos frescas, facilitando a organizao das mesmas. Caso possvel corta-se um fruto longitudinalmente e outro transversalmente, para adicionar em cada amostra. Separar flores e frutos suculentos para conservao em soluo: quando for possvel separar flores e frutos suculentos para conservao em lcool 70% ou FAA, no esquecendo de fixar no vidro as mesmas informaes anotadas no jornal. Pode-se tambm, fazer as anotaes em papel vegetal e colocar dentro do vidro. Para alguns tipos de plantas h necessidade de ter alguns cuidados durante a coleta, como: - Plantas aquticas: pode-se fazer uso de uma folha de papel, colocando-a submersa sob o individuo, retirando-o da gua, dessa forma a amostra fica apegada a folha. - Plantas ramifloras ou caulifloras: se possvel destaque os frutos e flores junto com a rea de suporte do tronco. Caso no seja possvel destacar com a regio de suporte, destaque-as e faa anotao de como estavam presas e agrupadas. - Bromlias: os espcimes pequenos so coletados inteiros, quanto aos grandes, coleta-se algumas folhas e inflorescncia e/ou frutescncia, no esquecendo de especificar o tipo de base, geralmente herbceo. - Cip: algumas vezes encontramos vrias espcies de cip, no mesmo suporte, deve-se ter o cuidado de no coletar informaes e amostras de caule de um espcime e ramos de outro. - Palmeira: como as folhas das palmeiras so geralmente grandes, corta-se cada folha em trs partes, especificando a base com a letra B, o meio com a letra M e o pice com a letra A. - Brifitas: como as brifitas so vegetais avasculares, no devem ser prensadas, devem ser acondicionadas em sacos de papel. - Algas: As algas so conservadas em gua do mesmo local da coleta, ou em formol a 4% quando no for possvel herborizar logo. Processamento do material coletado A organizao do material para desidratao inicia-se dispondo, em uma superfcie plana, um dos lados da prensa, depois uma folha de papelo, um corrugado, mais um papelo, depois a amostra em jornal, uma folha de papelo, um corrugado, um

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papelo, outra amostra, da em diante seguindo a mesma seqncia de material. No final da pilha, geralmente de quatro palmos de altura, colocar o outro lado da prensa, apertando-a ao mximo possvel, com auxilio da corda ou cinto de lona. As partes da pilha devem ficar dispostas de modo que, as amostras e corrugados, fiquem entre as folhas de papelo. Quando o fruto for grande e no for possvel prensar, este deve ser enrolado em jornal, no esquecendo de anotar as informaes de coleta neste jornal. Para secagem do material, utiliza-se uma fonte de calor branda, geralmente estufas, com temperatura de aproximadamente 45C, as amostras sero expostas o tempo suficiente para sec-las por completo, as escolas no dispem de estufas, mas mesmo assim as amostras podem ser secadas ao sol, a nica diferena que ser preciso trocar os jornais e de um tempo maior, mas o resultado ser o mesmo. O material prensado deve ser examinado regularmente, tendo o cuidado de apertar as cordas e virar a prensa, pra que o calor seja distribudo igualmente. Caso no seja possvel desidratar o material coletado, pode-se borrifar cada amostra com lcool 70%, colocando o pacote em sacos plsticos, selando a abertura do saco com fita no solvel em lcool, de preferncia. O lcool preserva o contedo durante alguns meses. E importante verificar os pacotes semanalmente e, se tiver sinal de estar secando, deve-se adicionar mais lcool. Por se tratar de vegetal avascular, as brifitas, no devem ser prensadas e nem mesmo desidratadas em estufa. Quanto aos liquens e fungos, segundo INPA/KEW (1998) apud FERREIRA (2006), quando secos em estufa so mais suscetveis a ataques por insetos, recomenda-se antes de incorporar na coleo, que sejam tratados, de preferncia por congelamento. Herbrio e colees de referncia O herbrio uma coleo de plantas inteiras ou ramos com folhas, flores e frutos desidratadas, montadas geralmente em cartolina padro com etiquetas contendo informaes de coleta e nmero de registro, recebendo o nome de exsicata, conservadas de acordo com tcnicas especficas. No herbrio as amostras coletadas so identificadas, pela comparao com as amostras depositadas na coleo. Geralmente a coleo botnica atualizada por especialistas de famlias, gneros ou espcies, chamados de Taxonomistas. 41

As colees de um herbrio so as mais importantes ferramentas para o conhecimento sistemtico e entendimento das relaes evolutivas e fitogeografias da flora de uma regio, para o desenvolvimento de pesquisas, dissertao, teses e monografias sobre os mais variados aspectos da Botnica. O sistema de manejo de herbrio envolve vrios processos como prensagem, secagem, montagem das amostras, registro, conservao, informatizao, intercmbio e atualizao de exsicatas, aqui sugerimos ao professor, que monte uma equipe com seis alunos e divida as tarefas: dois para ajudar a coletar, dois para a prensagem e secamento e dois para a montagem, registros e conservao. 32 As etapas bsicas para o manejo das colees so: Montagem de exsicatas: as amostras so montadas em cartolinas rgidas e de preferncia na cor branca. O tamanho ser em funo do local onde as amostras sero armazenadas, geralmente as colees em herbrio, so conservadas em armrio de ferro, separadas em escaninhos, com tamanho mdio de 35 X 45 X 20 cm. As informaes de coleta devem constar em uma etiqueta, afixada no canto inferior direito da cartolina, no outro lado ser lanado o nmero de registro da exsicata, o qual no deve repetir em coletas diferentes, funciona de forma semelhante ao nmero de coletor. O nmero de registro inicia no 1 at o infinito.

Exemplo de etiqueta. HERBRIO DEPT CINCIAS FLORESTAIS UFSM SANTA MARIA - RS - BRASIL HDCF. N 3222 FAM. FLAC 42

Azara aruguayensis (speg.) Sleum NOME POLPULAR: Amargoso LEG. : Marchiori, J. N. C. DET. : Sobral, M. LOCAL: Canguu, RS OBS. : flores amarelas. Madeira coletada. Marchiori n 840 Observar a amarrao com o livro de registro. Registro de exsicata: para controle, ser lanado em um livro ou caderno, o nmero de registro, nome e nmero do coletor, local e data da coleta, nome vulgar, nome cientfico e famlia. DATA: 06/08/87 DATA: 06/08/87

Exemplo de registro. 840 Flacourtiaceae

Azara aruguayensis (speg.) Sleum

N. C. : Amargoso Coleta: Cangu- RS Marchiori, J. N. C. Det.: Sobral, M. Obs. Flores amarelas. Madeira coletada. HDCF 3232 Tratamento e conservao: prudente fazer o tratamento das exsicatas, antes de inser-las na coleo, para evitar a contaminao do acervo. A forma mais prtica por meio do congelamento, por um perodo de sete dias, quando for utilizado freezer comum. Pode-se fazer uso de Gastoxin a base de fosfina, seguindo as determinaes 43 06-08-87 06-08-87

tcnicas, de uma empresa especializada. A coleo deve ser conservada a uma temperatura mdia de 18-23 C e umidade a 40-60% diariamente. Nas escolas sugerimos que seja utilizado naftalina triturada para conservao das exsicatas, pelo fato do baixo custo e facilidade de aceso ao produto, e ser pouco txico, o que no causar problemas aos alunos. Convm lembrar que sua ao apenas repelente no agindo como inseticida. E importante no utilizar o mesmo ambiente para manusear amostras ainda verdes e desidratadas, evitando assim contaminao do material seco e exsicatas. Identificao botnica Reconhecer um espcime como uma unidade biolgica a principal preocupao que se deve ter para o estabelecimento da identificao cientfica como necessidade bsica. Identificar nada mais do que determinar a individualizao do vegetal, ou seja, indicar nominativamente o valor sistemtico do material botnico, debaixo do qual fica firmado cientificamente seu significado biolgico. Estudos morfolgicos envolvendo caracteres vegetativos de espcies requerem tempo, visto que muito difcil coletar material botnico frtil, primeiramente, pela dificuldade de acesso s rvores (distncia x recursos), e, tambm pelas espcies apresentarem diferentes pocas de florao que muitas vezes no coincidem com as excurses botnicas, ou ainda, quando esto em perodo frtil, produzem flores diminutas a muitos metros do solo, passando despercebidas pelos coletores. Apesar de a identificao cientfica requerer conhecimentos de taxonomia e sistemtica vegetal baseada em estruturas reprodutivas das plantas (flores e frutos), equipamentos e literaturas especializadas, alm de uma larga experincia em trabalhos de laboratrio, queremos que este manual mostre aos professores de Cincias e Biologia, que com um pouco de criatividade e disposio possvel montar um pequeno herbrio escolar, tendo assim uma valiosa ferramenta no processo de ensino e aprendizagem de botnica. Abre-se aqui uma oportunidade de se poder construir um material didtico nico e especfico do local. O estudo das rvores pressupe diversas atividades auxiliares que tambm podem ser realizadas no espao escolar, como a organizao no s de herbrios, mas tambm de xiloteca (coleo de amostras de madeira), carpoteca (coleo de frutos), espermoteca (coleo de sementes) e se a escola ou colgio estiver prximo de uma 44

rea de floresta, pode propor as autoridades locais, a transformao desta floresta em um parque fenolgico, com o estabelecimento de caminhos permanentes e a definio de setores, para facilitar o acesso dos alunos e comunidade e a localizao dos indivduos em estudo. Bibliografia BACKES, P. & IRGANG, B. Mata Atlntica: as rvores e a paisagem. Instituto Souza Cruz, Editora Paisagem do Sul, 2004. FERREIRA, G. C. Diretrizes para coleta e identificao de material botnico. Belm-PA: Embrapa, 2006. INSTITUTO DE BOTNICA (So Paulo). Tcnicas de Coleta, Preservao e Herborizao de Material Botnico. 1984. 61p. (Manual N0 4). LONGHI, R. A. Livro das rvores: rvores e arvoretas do sul. Porto Alegre: L&PM, 1995. 176p. MARCHIORI, J. N. C. Elementos de dendrologia. Santa Maria: Ed. UFSM, 1995. 163 p. MARCHIORI, J. N. C. Dendrologia da Gimnospermas. Santa Maria: Ed. UFSM, 1996. 158 p. FERRI, M. G., MENEZES, N. L. de. & MONTEIRO, W. R. Glossrio ilustrado de botnica. So Paulo: Nobel, 1992. 197 p. MARTINS-DA-SILVA, R. C. V. Coleta e identificao de espcimes botnicos. Belm-PA: Embrapa (Srie Documentos, 143), 2002. MODESTO, Z. M. M., SIQUEIRA, N. J. B. Botnica. 7. ed. So Paulo: EPU, 1981. STANGE, C. E. B. Ficha Catalogrfica para Diagnose e Identificao Botnica para o Ensino de Graduao em Cincias Biolgicas. Obra no publicada. Fundao Biblioteca Nacional, Registro 410.569, Livro 766, Folha 229. Rio de Janeiro, RJ, 18 de setembro de 2007. TAKEDA, I. J. M. & FARAGO, P. V. Vegetao do Parque Estadual de Vila Velha. Curitiba: UFPR, 2001. volume 1, 419 p. World Wide Web: http://www.curitiba-parana.net/parques/jardim-botanico.htm

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