aula n01 - historia da didatica

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A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA DIDÁTICA Texto : Amélia Domingues de Castro

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DIDÁTICA

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A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA DIDÁTICATexto : Amélia Domingues de Castro

DIDÁTICA

techné didaktiké

Arte ou técnica de ensinar

DIDÁTICA DIFUSA “ Como adjetivo - didático, didática - o

termo é conhecido desde a Grécia antiga, com significação muito semelhante à atual, ou seja, indicando que o objeto ou a ação qualificada dizia respeito a ensino: poesia didática” ( p.15).

Ensinar intuitivamente e/ou Seguindo a prática vigente

Contribuições dos filósofos e pensadores na constituição das ideias pedagógicas( Sócrates, Platão e Aristóteles)

A cultura helênica (grega) desenvolveu-se no período histórico que vai de 2000 a.C. até 146 a.C. A influência dos gregos afetou e continua a afetar toda a civilização ocidental. Deles herdamos a valorização do pensamento, da arte, da cidadania, da liberdade e da harmonia do corpo e da mente.

Desde pequena, as crianças gregas recebiam instrução: aprendiam a ler e a escrever, brincavam e faziam exercícios físicos, eram estimuladas a participar da vida cívica e cultural.

 

Sócrates, Platão, Aristóteles, na antiguidade e Santo Tomás de Aquino, na idade média, representam o pensamento da época ao desenvolvimento e difusão de suas ideias , como filósofos e educadores.

Definiram a educação do homem através de um ideal moral, de formação do caráter, de hábitos, da justiça e do desenvolvimento intelectual ( prática pedagógica baseada em dogmas, disciplina, autoridade).

A situação didática, pois, foi vivida e pensada antes de ser objeto de sistematização e de constituir referencial do discurso ordenado de uma das disciplinas do campo Pedagógico, a Didática.

História da Didática: surge de uma crise e constitui um marco revolucionário e doutrinário no campo da Educação. Ruptura com o feudalismo, surgimento do capitalismo. Todos teriam direito a educação escolarizada.

A delimitação da Didática constituiu a primeira tentativa que se conhece de agrupar os conhecimentos pedagógicos, atribuindo-lhes uma situação superior à da mera prática costumeira, do uso ou do mito.

Dois nomes se destacam como os mais importantes educadores dessa época: Ratíquio e Jan Amos Komensky (1592-1670), cujo sobrenome foi latinizado para Comenius (Comênio). Estes pensadores provenientes da Europa Central atuaram em países nos quais se havia instalado a Reforma Protestante.

Comênio escreveu uma obra importantíssima e marcante para a história da Didática: a Didática Magna que possuía um caráter revolucionário e pautava-se por ideais ético-religiosos.

Criou o método único para ensinar tudo a todos, pois preocupava-se especialmente com o ato de ler e de escrever, começando pela língua materna, em uma época em que predominava o latim.

Método, vem do grego : Méthodos, de metá ( pelo, através) e hodós ( caminho).

Um processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer reino cristão, cidades, aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez (COMÊNIO apud PIMENTA, 2002, p. 43).

Um pouco mais tarde, no século XVIII, aparece Rousseau o autor da segunda revolução da didática. Ele nos aponta a conhecer nosso aluno.

Sua obra chamada Emílio tornou-se manifesto do novo pensamento pedagógico Nessa obra, o pensador pretendeu provar que é bom tudo o que sai das mãos do criador da Natureza e que tudo degenera nas mãos do homem.

Põe em relevo a natureza da criança e transforma o método num procedimento natural, exercido sem pressa e sem livros.

O primeiro livro de leitura deveria ser Robinson Crusoé, considerado um tratado de educação natural. A obra de Rousseau deu origem a um novo conceito de infância – ressaltando-a e transformando o método de ensinar em um procedimento natural, que deveria ser exercido sem pressa.

Comênio, idealizava a natureza, pensava em domar as paixões das crianças, enquanto Rousseau partiu da idéia da bondade do homem, corrompido pela sociedade (CASTRO, 1991).

No século seguinte, João Frederico Herbart (1776-1841) desejando ser o criador da Pedagogia Científica defendeu a educação pela instrução, criando os passos formais da aprendizagem:

clareza (na exposição); associação (dos conhecimentos novos com

os anteriores); sistema; método.

Mais tarde, esses passos receberam nova divisão: 

• preparação (da aula e da classe: motivação); • apresentação; • sistematização; • aplicação (dos conhecimentos adquiridos). Herbart enfatizou o papel do professor no

processo de ensino.

As influências Herbart se difunde e uma delas se destaca em Edward Lee Thorndike ( EUA): associanismo . Lei dos efeitos que sustentará mais a frente os estudos de Skinner sobre o behaviorismo ( behavior: comportamento).

Rousseau ressaltava a criança, o aluno, como o sujeito que aprende; já Herbart, dava importância ao método, que pode ser interpretado como uma retomada ao desejo de um método único elaborado por Comênio em sua Didática Magna.

No século XIX passa-se a pensar na ênfase : sujeito x método

Ênfase no método: como caminho que conduz do não-saber ao saber, caminho formal descoberto pela razão humana.

Ênfase no sujeito : que seria induzido, talvez "seduzido" a aprender pelo caminho curiosidade e motivação.

RELAÇÃO HOMEM / MEIO : O QUE É MAIS PODEROSO?

De dentro para fora: o esforço auto-educativo do sujeito?

De fora para dentro : a pressão externa do meio social e cultural?

Século XVII : a constituição dos estados nacionais e a modernidade; valorização do

ensino ; aumentar seu rendimento escolar. Época revolucionária de consolidação do

Estado. Foco: é a criança. Na Europa e América dos séculos XIX e XX. O

pressuposto é a igualdade entre os homens e a Educação política do povo, só conseguida se houver uma Educação liberal.

A era do liberalismo e do capitalismo, da industrialização e urbanização exigiram novos rumos à Educação. Na burguesia dominante e enriquecida, a Escola Nova vai encontrar ressonância, com seus ideais de liberdade e atividade.

Influências da Psicologia O movimento doutrinário, ideológico,

caracteriza-se por sua denominação mais comum: Escola Nova, também Renovada, Ativa ou Progressista em oposição as concepções tradicionais

Nos Estados Unidos da América

A vertente americana é dominada por John Dewey:

Criou uma escola-laboratório na Universidade de Chicago, defendendo a metodologia da Escola Ativa, no âmbito da Escola Progressiva, comprometida com a expansão democrática americana.

A fundamentação filosófica e psicológica de Willian James :

Valorizava o conhecimento como orientador da ação

Na Europa

A Psicopedagogia com CLAPARÈDE, FERRIÈRE, BOVET;

A medicina pedagógica com : MONTESSORI e DECROLY;

A sociopedagogia de FREINET e COUSINET; KERSCHENSTEINER;

A base psicológica e sociológica são as raízes destes movimentos.

Adolphe FERRIÈRE : divulga o termo - EscolaAtiva - a partir do final da Primeira Guerra Mundial.

A expansão da Escola Nova ou Ativa: preocupação dos educadores com um novo formalismo, pois se tratava de uma experiência aberta, em termos de programas e métodos, mas centrada em torno do ideal de uma "atividade espontânea, pessoal e produtiva".

O movimento escolanovista muda o aspecto da Didática, enfatizando o aluno como agente ativo da aprendizagem e valorizando os métodos que respeitassem a natureza da criança que a motivassem e a estimulassem a crescer.

O naturalismo em seu aspecto filosófico, do respeito à criança;

Ou As pesquisas psicológicas que destacam a

atividade interessada e espontânea como fonte de conhecimento, e nos movimentos sociais cujo denominador comum -entre socialismos e democracias - é a exigência da participação de toda a população nas decisões políticas, uma igualdade teórica.

“Um paradigma (ou um conjunto de paradigmas) é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma.”

(Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas)

Paradigmas são, portanto, um conjunto de conceitos interrelacionados de tal forma a ponto de proporcionar referenciais que permitem observar, compreender determinado problema em suas características básicas: o quê, como, o que se pretende observar e orientar possíveis soluções. É um conjunto conceitual que garante a coerência interna de qualquer proposta na área da educação e articulação entre o que se faz e o que se pensa, permitindo ao professor agir intencionalmente (FERREIRA, 2000).

A Didática nunca foi monolítica é o que prova a própria necessidade de adjetivação da mesma. A Didática pode ser : renovada, ativa, nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral, especial etc.

a Didática têm uma determinada contribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disciplina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica, nem a cibernética ou a tecnologia do ensino, nem a psicologia aplicada à Educação atingem o seu núcleo central: o Ensino.

E, conforme a Teoria, surge todo o problema do desenvolvimento intelectual, afetivo, moral, social, igualmente interdisciplinar. Mais um problema de limites, e crucial, está nas outras questões: por que ensinar? e para quê? E chegamos aos limites da Filosofia da Educação, da Sociologia, da Política.

Quais são os caminhos tomados pela Didática em torno da compreensão de seu objeto de estudos e da delimitação de seu campo ,de sua autonomia e relacionamento com outras áreas de conhecimento?

Será possível uma convergência dos especialistas das várias ciências da educação — sociólogos, psicólogos. lingüistas e outros - em torno de problemáticas especificas do ensino, da docência, da sala de aula. sem disputar exclusividade? Qual é a relevância e utilidade da Didática na formação de professores? Em que a Didática se distingue da Psicologia da Educação, das Metodologias de Ensino. das Práticas de Ensino e, ao mesmo tempo. como pode

ocorrer uma integração entre essas e outras áreas de conhecimento? ( LÎBÂNEO, 2002).