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[email protected] Farmacodinâmica 1 Interações ligante- receptor

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Farmacodinâmica 1

Interações ligante-receptor

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Corpora non agunt nisi fixata

• Uma vez que o xenobiótico tenha chegado até o órgão-alvo, deve interagir com as moléculas receptoras de forma a produzir um efeito farmacológico.

• Podemos dividir essa etapa em1. Reconhecimento molecular2. Reação de ligação3. Reação de ativação4. Transdução de sinal

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A especificidade das interações moleculares

• Fischer (1894): Modelo “chave-e-fechadura” valoriza a complementaridade da forma das moléculas.

• Koshland (1958): Tanto o receptor quanto o ligante adaptam suas estruturas para ligarem-se uns aos outros (“induced fit”).

• Foote e Milstein (1994): Existem diferentes conformações tanto do receptor quanto do ligante, e a ligação ocorre preferencialmente entre as conformações que são complementares.

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Proteínas não são peças de Lego®

• Como as propriedades biofísicas das interfaces de ligação de uma proteína diferem das propriedades do resto da proteína?

• Essas diferenças são suficientes para prever quais são os sítios de ligação?

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Base física do reconhecimento

• Pauling e Delbrück (1940) propuseram que as interações de van der Waals, as interações eletrostáticas, e as pontes de hidrogênio estabilizam moléculas e complexos.

• Kauzmann (1959) descreveu o efeito hidrofóbico, uma atração baseada na entropia.

Page 6: Aula 3 Medicina

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Efeito hidrofóbico

• A dissolução das partes polares e carregadas da molécula no momento da formação do complexo tem um grande custo energético.

• Esse custo energético é parcialmente compensado pelas interações de Coulomb e pontes de hidrogênio que são formadas no complexo.

• Essas interações não são tão favoráveis qto as interações com a água.

• A dissolução das partes apolares da superfície libera moléculas de água, o que aumenta a entropia do sistema. Isso ocorre quando a proteína forma um “buraco” em sua estrutura.

• Esse ganho de entropia é favorável à formação de complexos.

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Biofísica da especificidade

• O efeito hidrofóbico é o maior termo estabilizador dos complexos moleculares em sistemas biológicos.

• As interações de Coulomb e pontes de hidrogênio provém especificidade a interações proteína-ligante.

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Superfície acessível

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Propriedades do sítio de ligação

• Aminoácidos presentes

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Propriedades do sítio de ligação

• Estrutura secundária

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Propriedades do sítio de ligação

• Curvatura da superfície

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Propriedades do sítio de ligação

• Potencial eletrostático

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Farmacologia in silico e ancoragem

p38 MAPK

BIRB796

Kitchen et al., 2004

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Funções padrão de energia potencial

• A energia potencial eletrostática é representada como a somação em pares das interações Coulombicas

• O potencial de van der Waals geralmente é modelado pela função 12-6 de Lennard-Jones

A BN

i

N

j ij

jicoul r

qqrE

1 1 04)(

N

j

N

i ij

ij

ij

ijvdW rr

rE1 1

612

4)(

Kitchen et al., 2004

Page 15: Aula 3 Medicina

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Reação de ligação

• A primeira etapa na ação de uma droga consiste na formação de um COMPLEXO DROGA-RECEPTOR reversível, governada pela Lei da Ação das Massas.

ADroga

(XA)

RReceptor livre

(Ntot - NA)

+ ARComplexo

(NA)

k+1

k-1

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Lei da Ação das Massas

)(, 1 AtotARA NNkV

ADroga

(XA)

RReceptor livre

(Ntot - NA)

+ ARComplexo

(NA)

k+1

ADroga

(XA)

RReceptor livre

(Ntot - NA)

+ARComplexo

(NA)

k-1

ARAA NkV 1,

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Em equilíbrio...

AAtotA NkNNXk 11 )( 11 /ˆ

kkX

Xp

A

AA

Constante deequilíbrio paraa reaçãoA + R AR

AA

AA KX

Xp

ˆ

KA

1

ˆ

A

A

A

A

KX

KX

Ap

EQUAÇÃO DE HILL-LANGMUIR

•Possui a dimensão de concentração

•É numericamente igual à concentração da droga necessária para ocupar 50% dos sítios em equilíbrio

•Quanto maior a AFINIDADE da droga pelos

receptores, menor o KA

“Tendência ou grau com que as moléculas de drogas são atraídas para seus receptores”

AFINIDADEDescreve a relação entre a ocupação dos receptores e a concentração da droga.

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Entropia na reação de ligação

• Além do aumento da entropia do solvente, também aumenta a entropia dos solutos:– Perda de entropia translacional e rotacional

devido à formação do complexo.– Mudanças na entropia vibracional devido à

formação do complexo.– Mudanças na entropia conformacional devido

à restrição dos ângulos diedricos durante a formação do complexo.

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Estabilidade do complexo ligante-receptor

• A estabilidade de um dado complexo pode ser mensurada determinando-se KA ou determinando-se k+1 e k-1.

• A constante KA é diretamente relacionada à energia livre de Gibbs.

1

1lnlnk

kRTKRTG Aligação

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Energia de ligação

• A energia de ligação também pode ser determinada através da estimação das contribuições entálpicas e entrópicas para a estabilidade do complexo ligante-receptor.

• A melhor forma de determinar numericamente a energia de ligação é por métodos de dinâmica molecular (perturbação de energia livre e integração termodinâmica). Isso precisa ser feito tanto para o complexo qto para o ligante livre.

)( ligantereceptorcomplexoligação GGGSTHG

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Experimentos de saturação de ligação

AA KA

Atotaltotalp

][

][ˆ

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Experimentos de ligação competitiva

• Uma única concentração do radioligante.

• Várias concentrações de ligante não-marcado.

IC50

)log(]log[ 50101

)(ICB

caInespecífiTotalcaInespecífiY

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Experimentos de ligação competitiva

• “‘Competir’ significa que o receptor pode ligar-se a apenas uma molécula da droga de cada vez” (Rang)

• Assim, se adicionarmos uma droga B à preparação com a droga A, e B for um antagonista competitivo, esse irá reduzir a ocupação pela droga A.

B

B

A

A

A

A

KX

KX

KX

Ap

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Experimentos de ligação competitiva

• O valor de IC50 é determinado por 3 fatores:

– Constante de dissociação para a ligação da droga B, não-marcada (KB); se KB é baixa (i.e., a afinidade da droga B é alta), o IC50 tbm será baixo.

– Concentração do radioligante (droga A); qto > a [A], mais droga B é necessária para deslocar a droga A do receptor.

– Afinidade do radioligante pelo receptor (KA)

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Cinética de ligação: Experimentos de dissociação

• Mensuração da taxa de dissociação do complexo radioligante-receptor.

• Utiliza-se um radioligante e permite-se que ele se ligue aos receptores, interrompendo a reação qdo. do equilíbrio.

tkecaInespecífiTotalcaInespecífiTotal 1)(

ln(2)/k-1

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Determinando k-1

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Cinética de ligação: Experimentos de associação

][1

1 teradioligan

kkk obs

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Reação de ativação

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Reação de ativação

• “As drogas que atuam sobre receptores podem ser agonistas ou antagonistas do receptor.

• Os agonistas causam alterações na função celular, produzindo vários tipos de efeitos; os antagonistas ligam-se aos receptores sem provocar essas mudanças.” (Rang)

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Curvas de concentração-efeito

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Antagonismo competitivo

• “‘Competir’ significa que o receptor pode ligar-se a apenas uma molécula da droga de cada vez” (Rang)

• Assim, se adicionarmos uma droga B à preparação com a droga A, e B for um antagonista competitivo, esse irá reduzir a ocupação pela droga A.

B

B

A

A

A

A

KX

KX

KX

Ap

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Antagonismo competitivo

Rang et al., 2007

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Agonistas parciais

• Se aplicarmos agonistas diferentes (mas quimicamente relacionados) sobre uma preparação, verificamos que a resposta máxima difere de uma droga para outra.

• Alguns compostos (AGONISTAS PLENOS) podem produzir uma resposta máxima, enquanto (AGONISTAS PARCIAIS) só podem produzir uma resposta submáxima.

• PORTANTO, a capacidade de uma molécula de droga em ativar o receptor é mais uma propriedade graduada do que “tudo-ou-nada”

Page 34: Aula 3 Medicina

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Agonistas inversos

• Além disso, certos agonistas diminuem o nível de atividade que é observado em uma preparação. Esses são chamados AGONISTAS INVERSOS, e também podem ser parciais ou plenos.

Rang et al., 2007

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Alosterismo• Modulador alostérico: Um ligante que aumenta ou diminui a ação

de um agonista ou antagonista primários ligando-se a um sítio distinto na molécula receptora.

• Agonista alostérico: Um ligante que pode mediar a ativação do receptor por si próprio, ligando-se a um domínio de ligação que é distinto do sítio primário (ortostérico).

• Modulador ago-alostérico: Um ligante que funciona tanto como agonista quanto como modulador alostérico da eficácia e/ou potência e um ligante ortostérico.

• Co-agonista: Um modulador ago-alostérico que age junto com o agonista endógeno, de forma a promover eficácia aditiva.

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[email protected] e Holst, 2007

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Eficácia

• A relação quantitativa entre o grau de ocupação e o grau de resposta produzida é chamado de EFICÁCIA.

• Agonistas (inversos ou não) parciais são menos eficazes do que agonistas plenos.

• Diferente de POTÊNCIA (EC50)

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Eficácia

• A eficácia é determinada– Por características do tecido– Por características da droga

AA

Atot

KX

XNfR

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Eficácia vs. potência

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Modelos de dois estados

Leff et al., 1997

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Modelos mais complexos

Kenakin, 1999

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http://www.slideshare.net/caio_maximino/medicina1_aula3

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