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Nomenclatura botânica

Veridiana Vizoni Scudeller

[email protected]

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• "A História é ingrata pois subvaloriza quem constrói alicerces e sobrevaloriza quem faz os acabamentos."

• Carl Von Linné (1707-1778) - Autor das obras:

• Philosophia Botanica - explica fundamentos da botânica

• Species Plantarum

• Systema Naturae

Gênero

Nome trivialNome legítimo

5 códigos de nomenclatura

• Código Internacional de Nomenclatura Botânica

• Código Internacional de Nomenclatura Zoológica

• Código Internacional de Nomenclatura de Bactérias

• Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas

• Classificação de Vírus

• "O passado é a chave para compreendermos o presente e para evitarmos cometer erros no futuro"

Termos importantes….

Caracteres taxonômicos são caracteres utilizados na classificação.

• Um caráter é qualquer atributo da planta. Ex: cor, tamanho, forma.• Táxon é um agrupamento taxonômico de qualquer categoria. • Espécie é a categoria básica de hierarquia taxonômica. O conceito

de espécie ainda não é um conceito definido.• “ Uma espécie é a menor população • permanente (em termos de tempo • humano) distinta e distinguível das • outras, em populações sexuais a • troca de genes dentro de uma espécie• é normalmente livre, enquanto que • tais trocas gênicas entre espécies • diferentes é bem restrita ou mesmo • impossível.” Cronquist (1968)

As regras mais importantes…• 1. As terminações dos nomes designam as categorias taxonômicas em

Angiospermas

• A. Divisão ou filo: ophyta (Magnoliophyta ou Anthophyta)

• B. Classe: opsida (Equisetopsida)

• C. Sub-classe: idae (Magnoliidae)

• Superordem: anae (Magnolianae) – são 15

• D. Ordem: ales (Magnoliales)

• E. Família: aceae (Magnoliaceae)

• F. Sub-família: oideae (Orchidoideae)

• Exceto as famílias• Palmae (Arecaceae)• Gramineae (Poaceae)• Cruciferae (Brassicaceae)• Leguminosae (Fabaceae)• Guttiferae (Clusiaceae)• Umbelliferae (Apiaceae)• Labiatae (Lamiaceae)• Compositae (Asteraceae)

Código Internacional de Nomenclatura Botânica

• Princípios:• 1. A nomenclatura botânica é independente da zoológica e

da bacteriológica.• 2. A aplicação de nomes é determinada por tipos

nomenclaturais (typus). (Holótipo e isótipo)• 3. A nomenclatura de um grupo taxonômico baseia-se na

prioridade de publicação• 4. Cada táxon tem apenas um nome válido (o mais antigo).• 5. Independentes da sua origem, os nomes dos táxons são

tratados como nomes latinos.• 6. As regras de nomenclatura são retroativas, exceto

quando claramente limitadas.

Epíteto validamente publicado….

• Publicação efetiva (revista científica especializada, na forma impressa ou on line)

• Especificar cada categoria taxonômica

• Descrição completa e diagnose em latim

• Indicação do tipo nomenclatural, o herbário depositado e a categoria do novo táxon.

• › Princípio da prioridade: a primeira data de publicação da diagnose de uma espécie é a que vale; se houverem outras diagnoses posteriores, estas deverão ser sinonimizadas, a menos que um nome posterior seja conservado.

• › Sinônimos: nomes diferentes que se aplicam a um mesmo táxon, e que portanto possuem uma diagnose e publicação efetiva; mesmo nomes inválidos podem ser sinonimizados

• Adenocalymma magnoalatum Scudeller, sp. nov. TYPE: Brazil. Minas Gerais: Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce (PERD), estrada do Restaurante, 10 Oct. 1996, V. V. Scudeller 579 (holotype, VIC; isotype, MO (fr. only).

• Paratypes: Brazil. Minas Gerais: Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, estrada da Campolina, 24 Jan. 1996 (fl.), V. V. Scudeller 187(VIC, PERD); 24 Jan. 1996 (fl.), V. V. Scudeller 191 (VIC, RB); estrada do Restaurante, 25 Jan. 1996 (fl.), V. V. Scudeller et al. 217 (VIC, PERD, UEC); 12 Mar. 1996 (fl.), V. V. Scudeller 232 (VIC, PERD); estrada do Porto Capim, 10 Oct. 1996 (fr.), V. V. Scudeller 574 (VIC, RB); estrada do Restaurante, 15 Oct. 1996 (fl.), V. V. Scudeller 594(VIC, MO, SPF).

• Haec species A. paulistarum Bureau et K. Schum. et A. duseniKranzl. affinis, sed ab eis calyce et corolla extus tomentosis, ovario4-angulari, capsula oblonga, 4-alata glandulis pateliformibus in aliset seminibus alatis differt.

• 2. Gênero e espécie não tem terminação fixa.

• 3. O nome de uma planta é a combinação de dois nomes (binária).

• 4. Quando uma espécie muda de gênero o nome do autor do basiônimo deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a nova combinação.

• Tecoma alba Cham.

• Tabebuia alba (Cham.) Sandw.

• 5. Os nomes de taxa devem ter a letra inicial maiúscula, exceto de espécie.

• 6. O nome científico da espécie deve vir acompanhado do nome (abreviado) do autor que a descreveu. Ex.: Rosa alba L.

• 7. O nome científico da espécie deve vir grifado ou destacado no texto.

Citação de autores de táxons

• Autor original

• Co-autoria “et” ou “&” (para 2 autores) ou “et al.”

• Proposta de nomes (“nomen nudum” –invalido) usa “ex” (pode omitir o primeiro autor)

• Ex. Havetia flexilis Spruce ex Planch et Triana

• Publicação – uma descrição ou diagnose fornecida por um autor num trabalho de outro “in” (nesse caso o primeiro nome é mais importante e não pode ser omitido)

• Ex. Polygala glochidiata Kunth in H.B.K.

• Mudança de descrição “emendavit” ou emend. = corrigido

• Phyllanthus L. emend. Müll. Arg.

Tipificação

• A aplicação de nomes de táxons do nível de família ou inferior é determinada através de tipos nomenclaturais.

• Tipo nomenclatural = elemento ao qual o nome de um taxon, seja correto ou sinônimo, está permanentemente ligado.

• Não é, necessariamente, o elemento mais típico ou mais representativo de um táxon.

• Holótipo Espécime ou ilustração que o autor utilizou ou designou como tipo nomenclatural. Enquanto existe, ele regula automaticamente a aplicação do nome correspondente

• Isótipo Duplicata do holótipo.• Parátipo Qualquer outro exemplar citado no protólogo, não sendo o

holótipo, nem os síntipos, nem o isótipo (o número do coletor é diferente).

• Síntipo Qualquer espécime citado no protólogo, sem especificação do holótipo.

• Léctotipo é um espécime ou ilustração designado posteriormente à publicação original, quando seu autor não designou o holótipo, comprovado tratar-se de parte do material original utilizado pelo autor da publicação, mesmo que por ele não tenha sido visto.

• Neótipo Espécime ou ilustração selecionado para servir de tipo nomenclatural, quando todo o material sobre o qual o nome do táxon está baseado, se encontra desaparecido.

• Epítipo é um espécime ou ilustração selecionado para servir de tipo quando nenhum dos tipos designados anteriormente servir para identificar o nome da espécie, geralmente devido à ambiguidade do material.

• Localidade tipo é o local onde foi recolhido o holótipo, fixando a população tipo.

Formação de nomes botânicos

• Família é um adjetivo plural empregado como substantivo

• É formado pelo genitivo singular de um nome legítimo de gênero incluído pela inflexão do genitivo singular (latim: ae, -i, -us, -is; grego transliterado: -ou, -os, -es, -as, ous, -eos) com a desinência –aceae

• Rosa, Rosae = Rosaceae

• Plumbago, Plumbaginis = Plumbaginaceae

• O nome do gênero é um substantivo no singular ou palavra tratada como tal

• O nome do gênero é sempre escrito em latim e essa língua tem três gêneros: masculino, feminino e neutro. Exemplos: Amaranthus (m) Couepia (f) e Solanum (n) **

• Não pode coincidir com o termo técnico hoje empregado (ex Lanceolatus)

• Não pode ser formado por 2 palavras, a não ser que unidas ou com hífen (ex. Neves-armondia ou Quisqualis)

Recomendações

• Evitar nomes difíceis no latim

• Não formar nomes extensos ou difícil pronúncia

• Evitar emprego de adjetivo como substantivo

• Não empregar nomes semelhantes ao epíteto específico

• Não homenagear pessoas (ou dar forma feminina)

• Não combinar partes de 2 nomes genéricos existentes

Ortografia

• Deve-se reter a grafia original, salvo se for para correção

• Thevetia nereifolia – Thevetia neriifolia

• Cereus jamacaru – Cereus mandacaru

• Uffenbachia (1763)- Vffenbachia (1757)

• Exemplos de combinação de gênero

• Masculino feminino neutro

• albus alba album

• pulcher pulchra pulchrum

• laevis laevis laeve

• repens repens repens

Código internacional de nomenclatura de plantas cultivadas (1995)

• Cultivar “cv”

• Iniciais maiúsculas, colocados entre aspas simples e em geral são nomes de fantasia, em língua moderna, não latim (depois de 1º. de janeiro de 1959)

• Citrillus lanatus cv. ‘Sugar Baby’

• Cucurbita pepo ‘TableQueen’

Plantas cultivadas

• Os nomes de subespécies são combinações ternárias (trinômios)

• Hibiscus moscheutos ssp. palustris (L.) Clausen

• Os nomes de variedades são combinações quaternárias (quadrinômios)

• Lilium catesbaei ssp. catesbaei var. longii Fernald.

• Em alguns casos aparecem como ternárias, mas… variação da subespécie típica

Híbridos

• Produto de um cruzamento natural ou artificial de duas plantas de diferentes linhagens, raças, formas, variedade, subespécies, espécies ou gêneros

• O símbolo x junto a um nome ou entre eles indica um híbrido

• Híbrido de espécie = notoespécie

• Híbrido de gênero = notogênero

Táxon híbrido = nototáxon

Qualquer variante híbrida derivada da mesma espécie ancestral = nm (notomorfo)

• Agrostis L. x Polygonon Desf.

• Mentha aquatica L. x M. arvensis L. x M. spicata L.

• O sinal de + geralmente substitui o x em híbrido de enxerto também chamado quimera, indicando um cruzamento sexual

• Syringa + correlata

• + Crataegomespilus dardarii

abreviações

• Aff. Affinis relacionado a um táxon

• Auct. Auctorum dos autores

• Auct. Non auctoris non não dos autores

• Aa. Circa cerca

• Cf. Confer, conferatur compare

• E.g. Exempli gratia por exemplo

• Emend. Emendatus emendada, melhorada

• Ex ex segundo, validado por

• Ex majore parte para a maior parte

• Ex parte parcialmente

• F. Fide, filius forma

• Ib. Ibidem o mesmo local ou lugar

• Id. Idem o mesmo

• Stat. nov. status novus novo status

Exercícios

• Em que caso se deve usar “ex” ou “in” na citação de autores de um novo táxon?

• Em que casos um lectótipo tem de ser escolhido?

Exercícios

• Himatanthus tarapotensis (Schulman ex Markgraf) Plumel, comb. nov.

• Basiônimo Plumeria tarapotensis K. Schum., in Bot Jahrb. 40: 4010. 1909. nomen nudum; Markgraf, in Notizbl. Bot Gart., Berlin, 11: 339. 1932.

• Porque o autor fez uma nova combinação?

• Quais as razões que levaram a acreditar que P. tarapotensis é um nome nu?

• Porque Schulman está ligado a Markgraf por “ex”?

• Manihot esculenta Crantz, 1766

• Sin. Jatropha manihot L. Sp. Pl. ed 1: 1007. 1753

• Porque o epíteto específico “manihot” do sinônimo não pode ser aproveitado na transferência da espécies para o gênero Manihot?

• Como se faz uma combinação de um táxon? Exemplifique

• Em que condições um neótipo deve ser designado?

Exercícios

• Considerando o princípio da prioridade, indique os nomes válidos para as espécies abaixo, as quais possuem as seguintes sinonímias:

• a. Aristolochia gardens Lineu (1856) • Aristolochia glabra Benton (1873)

• b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin (1967) • Gaudinia holosica Moore (1952)

• c. Omphalobium ovatifolius Martius (1817) • Omphalobium glabratum A. DC. (1978)

• d. Combretum Loefl (1758) (Nomina conservanda) • Crislea Lineu (1753)

• e. Viburnum fragrans Bunge (1831) • Viburnum fragrans Lorsel. (1824)

• Leia a informação abaixo e responda as perguntas: • “Panicum maximum Poir. in Lam., Encycl., suppl. 4: 281.

1816. Planta herbácea, estolonífera ...... cariopses amarelo-avermelhados. Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Cachoeirinha, 3/II/1999, Mattos 2233 (SP, RB, UEC); São José dos Pinhais, Roseira, 5/XI/1961, Hatschbach 8444 (MBM, US)”.

• a. Quem foi o primeiro autor a descrever esta espécie? • b. Qual o autor e o ano da publicação válida? • c. O que significa “Mattos 2233”? • d. Como eu posso identificar os herbários possuidores de

exemplares desta planta?

• Os textos abaixo foram extraídos de títulos de monografias. Alguns apresentam erros de nomenclatura. Escreva a forma correta.

• a. “Biologia floral de Cassia conferta IRWIN & BARNEBY”.

• b. “Estudos polínicos da família amaranthaceae”.

• c. “Morfologia floral de Eucalyptus maculata Hook.”

• d. “Sinopse da família ACANTHACEA”.

• e. “Análise da fenologia de Echinodorus macrocarpus do maciço de Baturité, CE”.

• f. “Variação intrapopulacional de Ficus Benjamina L.”

• g. “Leguminosae do Estado do Ceará”.

• Explique a citação dupla de autores nas seguintes ocasiões:

• a. Cyathocalyx apoensis (Elmer) J. Sinclair

• b. Cyathocalyx crassipetalus R.J. Wang & R.M.K. Saunders, sp. nov.