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  PACOTE PARA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula um Prof. Antonio Nóbrega Prezados amigos, estamos de volta para dar continuidade aos nossos estudos. Espero que nosso primeiro encontro tenha sido suficiente para uma compreensão das noções básicas acerca do regime legal inaugurado pela Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), passo fundamental para que esta aula e as seguintes possam fluir de modo tranquilo e agradável. Recordo que, naquela oportunidade, foram apresentadas algumas noções básicas acerca dos princípios e regras trazidos pelo CDC, além dos fundamentos legais e das circunstâncias históricas que levaram à criação de um sistema protetivo dos direitos dos consumidores. Ademais, tratamos da classificação normativa de consumidor, fornecedor, produto e serviço, conceitos indispensáveis para compreensão plena dos temas que serão debatidos adiante e que se encontram previstos em nosso edital. Nesta segunda etapa, começaremos a nos aprofundar na matéria. Inicialmente, serão discutidos alguns pontos relativos à Política Nacional de Relações de Consumo, bem como sobre os Direitos Básicos do Consumidor, os quais se encontram elencados no art. 6º do CDC. Em momento posterior, entraremos na parte mais densa de nosso conteúdo, ao iniciarmos a discussão sobre a qualidade dos produtos e serviços e a reparação dos danos por eles causados. Esse tópico requer redobrada atenção por parte do candidato, pois serão debatidos uns tantos conceitos de grande relevância – como os de fato e vício do produto ou serviço -, além da apresentação dos prazos decadenciais e prescricionais referentes àqueles assuntos. Merecem destaque, ainda, os pontos relativos à oferta e publicidade, além do rol de prática abusivas previstas no art. 39 do CDC. Em relação a este último assunto, nosso estudo consistirá em apresentar cada uma daquelas práticas, seguidas de muitos exemplos, para que o candidato possa familiarizar-se com aquele elenco. Vamos aos estudos!

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Au la umPro f . An ton io Nób rega

Prezados amigos, estamos de volta para dar continuidade aos nossosestudos.

Espero que nosso primeiro encontro tenha sido suficiente para umacompreensão das noções básicas acerca do regime legal inaugurado pela Lei nº8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), passo fundamental para que estaaula e as seguintes possam fluir de modo tranquilo e agradável.

Recordo que, naquela oportunidade, foram apresentadas algumas noçõesbásicas acerca dos princípios e regras trazidos pelo CDC, além dos fundamentos

legais e das circunstâncias históricas que levaram à criação de um sistemaprotetivo dos direitos dos consumidores. Ademais, tratamos da classificaçãonormativa de consumidor, fornecedor, produto e serviço, conceitosindispensáveis para compreensão plena dos temas que serão debatidos adiantee que se encontram previstos em nosso edital.

Nesta segunda etapa, começaremos a nos aprofundar na matéria.

Inicialmente, serão discutidos alguns pontos relativos à Política Nacionalde Relações de Consumo, bem como sobre os Direitos Básicos do Consumidor,os quais se encontram elencados no art. 6º do CDC.

Em momento posterior, entraremos na parte mais densa de nossoconteúdo, ao iniciarmos a discussão sobre a qualidade dos produtos e serviços ea reparação dos danos por eles causados. Esse tópico requer redobrada atençãopor parte do candidato, pois serão debatidos uns tantos conceitos de granderelevância – como os de fato e vício do produto ou serviço -, além daapresentação dos prazos decadenciais e prescricionais referentes àquelesassuntos.

Merecem destaque, ainda, os pontos relativos à oferta e publicidade, alémdo rol de prática abusivas previstas no art. 39 do CDC. Em relação a este últimoassunto, nosso estudo consistirá em apresentar cada uma daquelas práticas,seguidas de muitos exemplos, para que o candidato possa familiarizar-se comaquele elenco.

Vamos aos estudos!

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AULA UM

ROTEI RO DA AULA – TÓPI COS 

1) Po l í t i ca Nac iona l de Re lações de Consumo e D i re i tos dos

consumido res

2 ) Pro t eção à saúde e segu rança do consum ido r

3) Responsab i l idade nas re lações de consum o

4) Prazos de decadênc ia e p rescr ição

5) Descons ideração da persona l idade j u r íd ica

6 ) Ofe r t a e pub l i cidade

7) Prá t icas abus ivas de m ercado

8) Cobr ança de d ív idas

9) Bancos de dados e cadas t ro s , serv iços de p ro t eção ao c réd i to

6) Exer c íc ios

1) Po l í t i ca Nac iona l de Re lações de Consumo e D i re i tos dosConsumido res

Com o escopo de criar sólidos alicerces para a implementação de ummicrossistema jurídico que proteja os direitos dos consumidores, a Lei nº8.078/90 nos traz um elenco de princípios e objetivos (art. 4º) que devempermear o regime legal inaugurado por aquela norma.

Busca-se desenvolver, desta forma, uma política real voltada às relaçõesde consumo, de modo que os conceitos e regras trazidos pelo Código de Defesado Consumidor (CDC) sejam considerados na aplicação das regras aliinsculpidas.

Além disso, os direitos dos consumidores (art. 6º) visam garantir aconstrução de um sistema de normas e princípios que busque a proteção e aefetiva realização daqueles direitos, por meio de regras de necessária

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observância por parte de todos aqueles que fazem parte do mercado deconsumo.

1.1 Princípios e execução da Política Nacional das Relações de Consumo 

Ao dispor sobre a Política Nacional das Relações de Consumo, o caput  doart. 4º do CDC dispõe o seguinte:

“A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 

atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,

a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harm onia das relações de consumo ( ... )” 

Trata-se de um rol de objetivos que devem ser buscados pelo aplicadordas regras trazidas pela Lei nº 8.078/90. Tendo em vista a relevância desteconteúdo, sugere-se atenção ao quadro abaixo:

Obje t i vos

NNNeeeccceeessssssiiidddaaadddeeesss dddooosss cccooonnnsssuuummmiiidddooorrreeesss 

DDDiiigggnnniiidddaaadddeee 

SSSaaaúúúdddeee 

SSSeeeggguuurrraaannnçççaaa 

IIInnnttteeerrreeesssssseeesss eeecccooonnnôôômmmiiicccooosss QQQuuuaaalll iiidddaaadddeee dddeee vvviiidddaaa 

TTTrrraaannnssspppaaarrrêêênnnccciiiaaa eee hhhaaarrrmmmooonnniiiaaa 

Para uma análise mais precisa deste tópico, trataremos dos princípiosconsignados nos incisos do art. 4º da Lei nº 8.078/90, que constituem umrelevante instrumento norteador para que sejam identificados o alcance e real

significado dos objetivos acima transcritos.

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A vulnerabilidade do consumidor  é reconhecida pelo i n ci so I d o a r t . 4 º

do CDC. O consumidor não dispõe das condições econômicas e técnicas que seencontram à disposição do fornecedor, o que cria um desequilíbrio na relação.

Em virtude desta desigualdade entre as partes, há uma tentativa de se igualar aposição jurídica do consumidor à do fornecedor, com a criação de ummicrossistema jurídico próprio para a proteção do primeiro.

Esta hipossuficiência – que, na realidade, é o principal fundamento para oregime consumerista – pode se manifestar em diversos aspectos da relação, taiscomo: técnico (falta de conhecimento das especificações do produto ou serviço), jurídico (falta de conhecimento das regras legais que regem sua relação com ofornecedor) ou sócioeconômico (maior capacidade econômica do fornecedor).

Os i n ci so s I I , V I e V I I I d o ar t . 4 º têm como escopo impulsionar umaatuação positiva do Estado no sentido da tutela os direitos dos consumidores. Éassumido nesses preceitos que o Estado deve garantir a todos o acesso aosprodutos e serviços essenciais, além de regular a qualidade e adequação destes,por meio de ações que busquem o atendimento dos objetivos insculpidos nocaput do art. 4º.

Essa política tem como amparo a ideia de criação de um Estado Social,com o aumento do intervencionismo estatal nas relações entre particulares.

Criam-se, então, mecanismos para que o Poder Público possa, por meio denormativos ou de órgãos e entidades integrantes da estrutura da Administração(Procons, INMETRO, CADE), atuar no mercado de consumo.

O i n c i s o I I I d o a r t . 4 º , além de reportar-se à harmonização dosinteresses dos participantes nas relações de consumo e à necessáriacompatibilização das regras protecionistas do CDC com os princípios da ordemeconômica – os quais encontram-se previstos no art. 170 da ConstituiçãoFederal -, também menciona a boa-fé e o equilíbrio nas relações de consumo.

A boa-fé – princípio da mais alta relevância nas relações de consumo -exige das partes uma conduta adequada com os objetivos do contrato, o qualnão deve ser considerado mera síntese de interesses conflitantes, mas sim uminstrumento de cooperação entre os contratantes. Com efeito, as partes devemagir com lealdade e confiança, antes, durante e após a contratação, de modoque os anseios depositados por ambas as partes naquele acordo possam livre e justamente prosperar.

O equilíbrio mencionado no referido dispositivo impede que os contratos

de consumo estabeleçam prerrogativas a uma das partes, sem fixar vantagens

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à outra. Ou seja, não pode o fornecedor obter benefícios do ajuste emdetrimento dos direitos do consumidor.

No tocante ao i n ci so I V d o ar t . 4 º , é oportuno notar que a educação einformação acerca dos direitos e deveres das regras consolidadas pela legislaçãoconsumerista aplicam-se tanto a consumidores quanto a fornecedores.

O i nc iso V do a r t . 4 º faz alusão a meios eficientes de controle dequalidade e segurança de produtos e serviços, que devem ser criados pelosfornecedores. Assim, deve o Estado incentivar a implantação de ouvidorias eserviços de atendimento ao consumidor (SAC), importantes mecanismos quebuscam o aprimoramento das relações de consumo e a realização dos objetivosestatuídos no caput do art. 4º da CDC.

Ao tratar dos serviços públicos, o i n c i s o V I I d o a r t . 4 º dispõe que sedeve buscar sua racionalização e melhoria. Como mencionamos em nossaprimeira aula, os contratos celebrados entre consumidores e órgãos públicos, ouempresas concessionárias ou permissionárias, também podem, em regra, serconsiderados de consumo.

Desta forma, a melhora e otimização destes serviços – os quais têm umanatureza própria e muitas vezes são indispensáveis para o bem-estar do

cidadão, tais como os serviços de água, energia elétrica e gás – atingediretamente a qualidade de vida de seus usuários, nos termos do caput  do jáaludido art. 4º.

O art. 5º conclui o capítulo em análise, com um elenco de instrumentospara utilização na execução e planejamento da Política Nacional de Relações deConsumo, de modo que possam ser concretizados os objetivos e princípiosprevistos no artigo anterior.

1.2 Direitos do consumidor 

A proteção à vida, saúde e segurança inaugura o rol de direitos previstosno ar t . 6 º do Cód igo de Defesa do Consumidor . Assim, o inc iso I daqueledispositivo busca impedir que se coloquem no mercado de consumo produtos eserviços que possam ser nocivos à segurança do consumidor.

As práticas comerciais que coloquem em risco à incolumidade física dos

consumidores devem ser retiradas do mercado, com a devida responsabilizaçãodos fornecedores.

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Os i n c i s o s I I e I I I d o a r t . 6 º tratam da educação e informação dosconsumidores. Como decorrência da norma aí estatuída, caberá aosfornecedores e ao Poder Público alertar os consumidores acerca de eventuais

riscos gerados pelo produto e serviço, além de esclarecer a forma adequada desua utilização. Além disso, é necessário que o consumidor tenha ciência daquantidade, características, composição, qualidade e preço do produto ouserviço contratado ou adquirido.

É relevante registrar que o inciso III também menciona a liberdade deescolha. A escolha livre e consciente, não impulsionada por oferta oupublicidade exagerada ou enganosa, é um direito do consumidor e pressupõe oconhecimento acerca das características e particularidades do produto ou

serviço contratado.Frise-se que a previsão de igualdade nas contratações é decorrência do

princípio da isonomia, lapidado no art. 5º da Constituição Federal. Com efeito,não pode o fornecedor preterir um consumidor em favor de outro, sem que haja justa causa para tanto. A oferta de produtos e serviços no mercado de consumodeve ser a mesma para todo o conjunto de possíveis consumidores, semqualquer distinção.

A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, bem como contra

práticas e cláusulas abusivas encontra-se estatuída no i nc i so I V do a r t . 6 º .

No tocante à publicidade enganosa ou abusiva, as definições de taisfiguras encontram-se previstas nos §3º e §4º do art. 37 e serão discutidas nasaulas seguintes. Por ora, é relevante observar, na esteira do que foi dito linhasacima, que o regime consumerista busca criar mecanismos próprios paraimpedir que o consumidor seja persuadido a adquirir produtos e serviços porimpulso, sem que haja uma reflexão sobre suas reais necessidades.

As práticas e cláusulas abusivas também serão objeto de nossos próximosencontros. Contudo, frise-se, desde já, que a proteção destinada ao consumidorpara estas hipóteses tem como fundamento sua vulnerabilidade em face dofornecedor. Ou seja, diante de um quadro desigual, a legislação passou a prevermecanismos justamente para que se tenha equilíbrio nesta relação.

O i nc iso V do a r t . 6 º segue na mesma direção do inciso anterior e prevêa possibilidade de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçamprestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientesque as tornam excessivamente onerosas.

Como vimos, o equilíbrio contratual está consignado no i n ci so I I I d o a r t .4 º e, desta forma, evidencia-se que a norma em comento tem como escopo

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  justamente manter essa relação de igualdade entre as partes contratantes. Acláusula que não estabelece direitos e obrigações recíprocas entre fornecedorese consumidores não deve prosperar, sendo lícito ao prejudicado pleitear em

 juízo a revisão do contrato.

Da mesma forma, o advento de fato novo que torne o contratoexcessivamente oneroso pode gerar a revisão de determinadas cláusulascontratuais. Tal direito visa à adequação do contrato a uma nova realidadefática que se impõe.

Adiante, os i n ci so s V I e VI I d o a r t . 6 º tratam da prevenção e reparaçãode danos morais e materiais causados aos consumidores. Neste ponto, éoportuno salientar que a redação do aludido dispositivo utiliza-se do termo “efetivo”, o que indica que não deve haver limitação à indenização de eventualprejuízo causado aos consumidores, tanto no âmbito material como moral.

A prevenção de danos deve ocorrer por meio da observância das normasdispostas na legislação consumerista, por parte do fornecedor, e na execução daPolítica Nacional de Relações de Consumo, por parte do Estado. Cria-se, assim,um ambiente de respeito à dignidade, saúde e segurança do consumidor, nostermos do caput do art. 4º da Lei nº 8.078/90.

Note, também, que a regra em discussão não se limita aos direitosindividuais dos consumidores, mas também abriga a tutela dos direitos difusos ecoletivos, os quais serão debatidos em nossos próximos encontros.

O i n c i s o V I I I , ao prever a facilitação da defesa dos direitos doconsumidor, apresenta-nos uma relevante figura jurídica: a inversão do ônus daprova. A redação daquele dispositivo é a seguinte:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 

ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 

Como vimos, o consumidor é a parte vulnerável em uma relação deconsumo e, por esta razão, encontra limitações de ordem técnica, jurídica eeconômica. Neste diapasão, é patente que, em certas hipóteses, encontrarásérias dificuldades em provar determinado fato em juízo.

Por exemplo, imagine-se que uma quadrilha de estelionatários efetuediversos saques indevidos na conta de um cliente de uma instituição financeira.

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O prejudicado entra em contato com o banco, que lhe informa daimpossibilidade de lhe ressarcir o valor, pois não há prova da atuação deterceiros, e que, desta forma, se presume que os saques foram realizados pelo

próprio cliente.

Caso o cliente proponha uma ação judicial em face da instituiçãofinanceira, com o objetivo de ser ressarcido pelos prejuízos suportados,dificilmente logrará êxito na comprovação de que os saques foram feitos poruma quadrilha, já que não tem acesso a instrumentos e meios adequados paratanto.

Para estas situações, o Código de Defesa do Consumidor positivou omecanismo da inversão do ônus da prova. Assim, a obrigação inicial de provardeterminado evento ou fato passa a ser do fornecedor.

No caso ventilado, o banco é que deverá demonstrar que o saque foi feitopelo próprio cliente, com a utilização, por exemplo, de câmeras de filmagem ouqualquer outro instrumento de prova.

Todavia, para que ocorra a inversão do ônus da prova, há necessidade,conforme a letra do inciso VIII do art. 6º, da verosimilhança da alegação doconsumidor ou a configuração de sua hipossuficiência.

A verosimilhança estará presente quando o fato alegado, de acordo com “as regras ordinárias de experiências”, tiver a aparência de verdadeiro. Há umaprobabilidade considerável de que as razões trazidas à baila pelo consumidorsejam pertinentes e correspondam à realidade fática em torno do evento.

Já a hipossuficiência encontra-se associada à vulnerabilidade econômicade uma das partes, a qual, em virtude desta condição, ficará em desvantagemna discussão de seus interesses e direitos.

No exemplo acima citado, é certo que ambas as condições são

preenchidas, tendo em vista que as alegações do cliente do banco apresentam-se como possíveis e que a vulnerabilidade econômica do consumidor em face dainstituição financeira é evidente.

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O i n c i s o V I I I da Lei nº 8.078/90 é o último do a r t . 6 º , e dispõe sobre aadequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Conforme tratamosnos parágrafos anteriores, os ajustes pactuados entre consumidores e órgãospúblicos, ou empresas concessionárias ou permissionárias que prestem serviçopúblico, também podem ser submetidos às regras do CDC.

A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos será vista adiantequando falarmos sobre o art. 22 do CDC, mas é relevante recordar que taisserviços devem atender às necessidades de seus usuários, considerando queimpactam diretamente na qualidade de vida daqueles consumidores.

Por fim, o ar t . 7 º permite a abertura do microssistema legal trazido pelaLei nº 8.078/90 à incidência de outras regras e princípios previstos nas maisdiversas fontes legislativas.

Deste modo, candidato, sempre que outra lei assegurar direitos aoconsumidor, estes direitos não entram em conflito nem se sobrepõe aoconteúdo do CDC. Pelo contrário, devem ser somados ao microssistemaprotetivo do consumidor, de modo que se harmonizem e dialoguem com asregras trazidas pela Lei nº 8.078/90.

Na hipótese, a regra de que a lei especial derroga a lei geral no que forincompatível é afastada. Com efeito, ainda que a regra mais benéfica para oconsumidor encontre-se prevista fora do âmbito da Lei nº 8.078/90 – que é a leiespecial que trata das relações de consumo -, ira produzir efeitos no mundo  jurídico. Para mais claro entendimento, é oportuno trazer as palavras da

Inversão do Ônusda Prova

Verossimilhançada alegação. Hipossuficiência

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doutrinadora Claudia Lima Marques, que ao discorrer sobre o art. 7º, asseveraque:

“O CDC é um sistema permeável, não exaustivo, daí determinar o art. 7º,

que se utilize a norma mais favorável ao consumidor, encontre-se ela no CDC ou em outra lei geral, lei especial ou tratado do sistema de direito 

brasileiro. Esta abertura é tanta que o art. 7º do CDC permite a utilização 

da equidade para preencher lacunas em favor dos consumidores.

Seguindo ainda na lição daquela autora, é conveniente apresentar as

razões aduzidas acerca de eventual conflito entre as regras do CDC e do CódigoCivil de 2002:

“(...) no caso do CC/2002, o ideal não e mais perguntar somente qual o campo de aplicação de Novo Código Civil de 2002 , quais seus lim ites, qual 

o campo de aplicação do CDC e quais seus limites, mas visualizar que a relação jurídica de consumo é civil e é especial, tem uma lei geral 

subsidiária por base e uma (ou mais) lei especial para proteger o sujeito 

de direito, sujeito de direitos fundamentais, o consumidor. (…) Neste sentido, não é o CDC que limita o Código Civil, é o Código Civil que dá 

base e ajuda o CDC, e se o Código Civil for mais favorável ao consumidor do que o CDC, não será esta lei especial que limitará a aplicação da lei 

geral (art. 7º do CDC), mas sim dialogarão à procura da realização do 

mandamento constitucional de proteção especial do sujeito mais fraco.” 

O art. 7º trata também, em seu parágrafo único, da solidariedade. Tal

fenômeno, que resulta da lei ou da vontade das partes, permite que a vítimavenha a exigir e receber de um ou alguns dos autores da ofensa, parcial outotalmente, a reparação dos danos morais e materiais eventualmentesuportados.

É curioso notar que a redação lapidada no dispositivo legal ventilado ésemelhante à parte final do caput do art. 942 do Código Civil que dispõe que “sea ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pelareparação”.

Adiante, ao discorrermos sobre a responsabilidade do fornecedor por vícioou fato do produto ou serviço, voltaremos a falar da solidariedade.

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2) Pro t eção à saúde e segu rança do consum ido r

Os arts. 8º, 9º e 10º do Código de Defesa do Consumidor estãonitidamente vinculados entre si, tratando das questões relativas à segurança e anocividade dos produtos e serviços que são colocados à disposição doconsumidor.

Isto posto, é relevante notar que a redação do art. 8º permite a colocaçãono mercado de produtos e serviços que acarretem riscos à saúde ou segurançados consumidores, desde que tais riscos sejam normais e previsíveis em

decorrência de sua natureza e fruição. Além disso, é imperativo que osfornecedores divulguem as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Mais a frente, veremos que o art. 31 do CDC, ao tratar do dever deinformação, dispõe que a oferta e a apresentação de produtos ou serviçosdevem assegurar informações acerca dos riscos que apresentam à saúde esegurança dos consumidores.

É mister observar que, ao mencionar que os riscos devem ser “normais eprevisíveis”, a Lei Consumerista permite que os produtos e serviços tenham um

potencial nocivo, desde que tal perigo possa ser controlado e de conhecimentodo consumidor padrão que há no mercado.

Caso contrário, ficaria inviável a comercialização dos mais diversosprodutos. Exemplificando: um fogão pode potencialmente causar um incêndioou uma explosão caso seja mal utilizado. Da mesma forma, um remédio ousuplemento alimentar pode gerar um grave dano à saúde se for consumido sema devida orientação.

O objetivo da norma é justamente impedir que o consumidor seja expostoa produtos e serviços que tenham um potencial lesivo desconhecido,considerando que são novos no mercado ou apresentam características que sãodesconhecidas da população em geral. Para essas situações, é necessária adivulgação de informações adequadas sobre a segurança destes produtos eserviços.

O CDC não exige que o produto ou serviço sejam absolutamente seguros,mas demanda que o eventual potencial lesivo seja de conhecimento doconsumidor.

Observe-se que o art. 9º da Lei 8.078/90 foi enfático ao tratar dos  “produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde”, dispondo

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que o fornecedor deve “informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeitoda sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidascabíveis em cada caso concreto.” 

Tal obrigação decorre da racionalidade do art. 4º da Lei nº 8.078/90, queprevê o dever da transparência. Se o fornecedor apresentar as informaçõesacerca dos riscos do produto ou serviço de forma insuficiente ou inadequada –como, por exemplo, por meio de letras minúsculas inseridas no rótulo de umproduto – estará atuando de modo contrário a este mandamento.

Adiante, o art. 10 impede que sejam colocados no mercado os produtos eserviços que apresentem “alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ousegurança”.

Perceba, candidato, que, não obstante permitir que produtos e serviçosque apresentam certo risco sejam colocados no mercado, o legislador impedetal oferta caso seja alta a medida deste risco.

Infere-se, desta forma, que a permissão normativa está estabelecidaentre o que é potencialmente danoso à saúde ou segurança do consumidor e oque se apresenta com um alto grau de nocividade ou periculosidade.

Denota-se que a avaliação de quando o produto ou serviço tem este alto

grau de risco deverá ser feita caso a caso, já que o termo é vago e impreciso,sendo prudente o exame detalhado do contexto fático em que a norma seráaplicada.

Os parágrafos primeiro a terceiro do art. 10 criam uma obrigação, tantopara os fornecedores, quanto para o próprio Estado.

O chamado recall  é tratado no referido §1º. O objetivo deste instrumento  jurídico é impedir que o consumidor venha a sofrer algum prejuízo moral oumaterial em razão de vício que o produto ou serviço tenha apresentado após

sua comercialização.

Nem sempre o fornecedor consegue vislumbrar a totalidade dos riscos quecerto produto ou serviço podem apresentar. Muitas vezes, somente através deevoluções cientifica, pesquisas ou pela própria ocorrência de situações pontuaisé que o fornecedor descobre os males causados por um produto.

De acordo com o regime deflagrado pelo CDC, não seria razoável admitirque a responsabilidade do fornecedor seja totalmente afastada pelo fato de oproduto já estar na posse do consumidor. De fato, há um complexo deobrigações pós-contratuais para o fornecedor, e, dentre elas, a de comunicar os

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consumidores acerca desta periculosidade do produto que fora colocado nomercado.

Imagine a produção em série de certo tipo de aparelho de ar-condicionado. Após tal produto ter sido colocado no mercado e adquirido pordiversos consumidores, a fabricante (fornecedora) percebe que o usoprolongado do aparelho pode gerar um superaquecimento e,consequentemente, um princípio de incêndio.

Nesta hipótese, a periculosidade do produto foi detectada somente apóssua comercialização, gerando para o fornecedor a obrigação de “comunicar ofato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, medianteanúncios publicitários” (§1º).

Se os possíveis danos à saúde causados por um composto de vitaminas sóvêm a ser descobertos após a colocação daquele produto no mercado, é certoque o laboratório deverá agir para que todos os possíveis consumidores sejamcientificados daquela nocividade. Deverão ser veiculados anúncios publicitários  “na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ouserviço” (§2º).

Repare, candidato, que a comunicação deve ser feita tanto para os

consumidores, quanto às autoridades competentes.É imperativo registrar que a inobservância desta regra pode configurar um

ilícito penal, nos termos do art. 64 do CDC, que dispõe que é crime “deixar decomunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade oupericulosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação nomercado”.

Além disso, o recolhimento, a troca, o reparo ou a substituição dosprodutos reconhecidamente nocivos ou que possam representar uma ameaça à

saúde ou segurança dos consumidores devem ser feitos sob o ônus dofornecedor, sem cobrança de quaisquer valores dos respectivos adquirentes.

Para concluir, insta ressaltar que a obrigação debatida nas linhasanteriores também se aplica ao Poder Público. Eis que o parágrafo terceiro doart. 10 determina que “sempre que tiverem conhecimento de periculosidade deprodutos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito”.

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3) Responsab i l idade nas re lações de consum o

Candidato, ingressaremos agora em um dos tópicos mais relevantes denosso curso e, por essa razão, sugiro especial e dedicada atenção aos temasque serão aventados adiante, tanto em relação aos aspectos doutrinários acercada matéria, quanto ao texto da lei.

O inciso VI do art. 6º da Lei nº 8.078/90 prevê como um dos direitos doconsumidor a efetiva prevenção e reparação dos danos patrimoniais e moraispor ele suportados. Para tutelar esta garantia e dar sustentação a um sistemade proteção ao consumidor, criou-se um regime próprio para responsabilização

dos fornecedores de produtos e serviços.A responsabilidade dos fornecedores por fato do produto ou serviço

encontra-se estatuída nos arts. 12 a 17 do CDC, enquanto a responsabilidadepor vício está lapidada nos arts. 18 a 25 daquele mesmo diploma legal.

Contudo, antes de adentrarmos na análise do texto legal (arts. 12 a 25), énecessário que seja compreendida a diferença entre fato e vício do produto ouserviço, bem como as peculiaridades do regime de responsabilidade civiladotado pelo CDC.

3.1 Diferença entre fato e vício do produto ou serviço 

Imagine que uma pessoa adquira um computador doméstico em uma lojade informática. Antes de realizar a compra, o vendedor especificara, dentreoutras características do produto, a possibilidade de gravação de DVDs e oacesso à internet.

Ao chegar em casa, o consumidor percebe que o computador nãoconsegue conectar à internet, devido a um problema em seus componentesinternos. Além disso, o gravador de DVDs também não está funcionando demodo adequado.

Diante desse quadro, é certo que o bem adquirido não correspondeexatamente ao que foi oferecido na loja, frustrando as legítimas expectativasdepositadas pelo consumidor na ocasião em que efetuou a compra. Tais

de fe i tos cons t i tuem v íc ios , que ge ram uma d im inu ição no va lo r do

p ro d u to .

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Essa desvalia pode se originar de impropriedades na qualidade ouquantidade do bem. Ademais, também é poss íve l cons iderar v ic iado um

produ to que ap resen te d i s to rções em re lação às i n fo rmações

pub l ic i tá r ias d ivu lgadas a seu respe i to . Perceba, candidato, que o vício fazcom que ocorra uma desconformidade do produto ou serviço, o quecompromete sua prestabilidade ou servibilidade e acaba por lhe reduzir o valor.

Agora, seguindo no mesmo exemplo, caso o monitor do computador, poruma falha de fabricação,  venha a aquecer e gerar uma pequena explosão,causando danos físicos ao consumidor, ainda é possível se falar em vício doproduto?

Nesta hipótese, evidencia-se que a pessoa do consumidor foi diretamenteatingida pelo defeito. Por uma falha de segurança no processo de produção dobem, o mesmo acabou por gerar um acidente de consumo. Nestes casose sta m o s d ia n te d e u m fa to d o p ro d u to .

No v ício os p re ju ízos são m eram en te econôm icos , o que ge ra u m a

desva lo r i zação no p rodu to ou se rv i ço , to rnando -os impróp r ios ou

inadequados pa ra o uso . No fa to há um de fe i to de segu rança , o queacaba po r ge ra r um p re ju ízo à i n teg r idade f í s i ca ou mora l do

c o n s u m i d o r .

Para solidificar o entendimento acerca da diferença entre fato e vício,vamos pensar em outra situação, envolvendo agora a prestação de um serviço.Imagine que uma pessoa celebre um contrato de transporte com uma empresade ônibus, com o objetivo de viajar de um Estado para outro.

Considerando o longo período de viagem, o passageiro adquire passagensde valor elevado, para viajar em um ônibus executivo com cadeiras maisespaçosas. Todavia, no momento em que embarca no veículo, nota que oônibus disponibilizado é igual a todos os outros e que, além disso, encontra-seem péssimo estado de conservação. Ao ser questionada acerca desta situação,a empresa de ônibus limita-se a alegar que, em virtude de um imprevisto, nãofoi possível disponibilizar o ônibus executivo.

Neste caso, estaremos diante de um fato ou vício do serviço oferecido pelaempresa fornecedora?

É certo que se trata de vício do serviço. Evidencia-se que, aparentemente,não houve dano à pessoa do consumidor. O que ocorreu foi uma ruptura entre a

legítima expectativa depositada no fornecedor e o modo como o serviço foiprestado, o que caracterizou um vício de qualidade.

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Por outro lado, depreende-se que, caso tivesse ocorrido um acidentedurante a viagem, os danos físicos e morais suportados pelo passageiro iriamcaracterizar um fato do serviço, o que geraria a responsabilidade por parte da

empresa fornecedora.

FFFaaatttooo dddooo ssseeerrrvvviiiçççooo ooouuu ppprrroooddduuutttooo HHHááá uuummm dddaaannnooo ààà pppeeessssssoooaaa dddooo cccooonnnsssuuummmiiidddooorrr 

VVVí í í ccciiiooo dddooo ssseeerrrvvviiiçççooo ooouuu ppprrroooddduuutttooo 

3.2 Regime de responsabilidade civil do CDC 

Nos termos dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil de 2002, o regime deresponsabilidade que predomina em nosso ordenamento jurídico tem comofundamento a culpa1.

Assim, para que se configure o dever de reparação de uma pessoa emface de outra, é necessário que o causador do dano tenha atuado com dolo –tenha agido com intenção ou assumido o risco de produzir o resultado – ouculpa – nas modalidades de imprudência, negligência ou imperícia.

Caso um dano seja causado em virtude de um fato involuntário, como nahipótese de caso fortuito ou força maior, não há de se falar em responsabilidadedo causador do dano.

Para melhor ilustrar essa situação, vamos imaginar uma colisão causada

por um automóvel em uma moto. Ora, para que o motorista do carro sejaresponsabilizado e tenha a obrigação de indenizar o motoqueiro pelos prejuízossuportados, é necessário demonstrar que aquele atuou, pelo menos, comimprudência. Caso reste comprovado que o acidente ocorreu, por exemplo, pordeficiência da via ou queda de uma árvore, é patente que estará afastada aresponsabilidade do condutor do automóvel.

Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidadedos fornecedores nas relações de consumo passou a ser tratada de modo

1 Frise-se que o parágrafo único do art. 927 do Código Civil prevê a responsabilidade sem culpa, “nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,risco para os direitos de outrem.”

HHHááá uuummmaaa iiinnnaaadddeeeqqquuuaaaçççãããooo dddooo ppprrroooddduuutttooo àààsss llleeegggí í í tttiiimmmaaasss eeexxxpppeeeccctttaaatttiiivvvaaasss dddooo 

cccooonnnsssuuummmi

iidddooorrr 

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diferenciado pela legislação. A justificativa para essa mudança na forma comque é aferida a responsabilidade tem como um dos principais fundamentos amassificação dos meios de produção.

Considerando que atualmente o consumidor encontra-se exposto a bens eserviços oferecidos em grande escala, é possível vislumbrar uma hipótese emque o fornecedor atue com diligência e cautela durante a produção do bem, maso produto final comercializado no mercado venha a apresentar um defeito aptoa causar um dano ao seu adquirente.

Evidencia-se que não houve dolo ou culpa do fornecedor, já que este agiude modo cuidadoso, com a observância de um rigoroso controle de qualidade naconfecção do produto. Ocorre que, ainda assim, o bem foi colocado defeituosono mercado. Trata-se de uma consequência da produção em massa e pode teras mais variadas justificativas – tais como: defeitos em uma peça entregue poroutro fornecedor, problemas no transporte do produto, desconhecimento acercade alguma característica do bem etc.

Neste caso, não seria razoável que o dano suportado pelo consumidorficasse sem reparação. Deste modo, a solução encontrada pelo legislador foia t r i bu i r a responsab i l i dade ob je t i va aos fo rn ecedo res.

De acordo com essa teoria, o fornecedor assume os riscos pelo exercíciode sua atividade, e irá responder, independentemente da existência de culpa oudolo, por eventuais prejuízos suportados pelo consumidor, desde que haja umnexo de causalidade entre o vício ou defeito do produto ou serviço e o dano.

Caso um alimento seja colocado à disposição do público em geral e,posteriormente, seja comprovado que um fungo gerou danos a diversosconsumidores, o fornecedor deverá ser acionado para reparar o prejuízocausado. Tal responsabilidade persistirá mesmo diante da prova de que ofornecedor atuou de modo diligente no controle de qualidade do alimento. Nãohouve culpa, mas há o dever de reparação.

Por fim, é oportuno recordar que a dificuldade na demonstração de culpapor parte do fornecedor constitui um relevante fundamento para a adoção doregime da responsabilidade objetiva por parte do Código de Defesa doConsumidor.

De fato, caso se adotasse o regime de responsabilidade subjetiva, a meracomprovação de que agiu de modo zeloso e prudente seria suficiente para

afastar a responsabilidade do fornecedor. Como demonstrar que uma fábricanão adotou a cautela devida na produção de um bem? Como comprovar que os

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problemas ocorridos após a contratação de um serviço de TV a cabo ou internetsão causados pela gestão inadequada da empresa?

O regime de responsabilidade objetiva afasta esta problemática. Acomprovação de que o fornecedor adotou um comportamento diligente não ésuficiente para afastar sua responsabilidade em ressarcir os prejuízossuportados pelo consumidor. O que interessa é o dano e o vínculo deste com odefeito do produto ou serviço.

RRReeessspppooonnnsssaaabbbiii lll iiidddaaadddeee SSSuuubbb j j jeeetttiiivvvaaa 

RRReeessspppooonnnsssaaabbbiii lll iiidddaaadddeee OOObbb j j jeeetttiiivvvaaa 

3.3 Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço 

Após estes dois tópicos introdutórios, em que discorremos acerca dadiferenciação de fato e vício do produto ou serviço e do regime deresponsabilidade adotado pela Lei Consumerista, vamos tratar das disposiçõeslegais específicas que versam sobre estes temas.

O art. 12 do CDC inaugura a seção relativa à responsabilidade pelo fatodo produto ou serviço, dispondo o seguinte:

“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 

reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes 

de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 

inform ações insuficientes ou inadequadas sobre sua ut ilização e r iscos.” 

De acordo com a racionalidade da norma supratranscrita, e nos termos doque foi debatido até o momento, depreende-se que a responsabilidade do

TTTeeemmm cccooommmooo f f f uuunnndddaaammmeeennntttooo aaa cccuuulllpppaaa ooouuu dddooolllooo,,, pppooorrr aaaçççãããooo ooouuu ooommmiiissssssãããooo... 

TTTeeemmm cccooommmooo f f f uuunnndddaaammmeeennntttooo ooo rrriiissscccooo dddaaa aaatttiiivvviiidddaaadddeee... AAA ooobbbrrriiigggaaaçççãããooo dddeee iiinnndddeeennniiizzzaaarrr iiinnndddeeepppeeennndddeee dddaaa eeexxxiiissstttêêênnnccciiiaaa dddeee cccuuulllpppaaa 

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fornecedor do produto pelos danos causados ao consumidor ocorre“ i ndependen tem en te da ex i s tência de cu lpa ” .

Da leitura do aludido dispositivo normativo, percebe-se que o legisladornão utilizou o termo fornecedor, que é gênero, optando por mencionar algumasespécies daquela categoria (fabricante, produtor, construtor, nacional ouestrangeiro, e o importador).

Deste modo, vislumbra-se que, no caso de acidente de consumo, somenteaqueles agentes poderão ser inicialmente responsabilizados – mais a frenteveremos as exceções previstas no art. 13, que permitem que o comercianteseja acionado.

Neste diapasão, segue a doutrina de Rizzato Nunes, celebrado autor deDireito do Consumidor, que, ao tratar deste assunto, apresenta um esclarecedorexemplo:

“Na hipótese de dano por acidente de consumo com produto, a ação do 

consumidor tem de se dirigir ao responsável pelo defeito: fabricante,produtor ou construtor e, em caso de produto importado, o importador.

Veja-se o exemplo dos dois consumidores que vão à concessionária 

receber seu automóvel zero-quilômetro no mesmo momento. Ambos recebem seu carro com o mesmo problema de fabricação: o sistema de 

freios não funcionará quando acionado. O primeiro conduz o veículo, e quando aciona o breque não consegue pará-lo. Mas, aos poucos,

reduzindo as marchas, consegue encostar o carro na guia e, assim,

estacioná-lo. O outro, ao atingir a esquina em certa velocidade, depara com o sinal vermelho. Pisa no breque e este não funciona. Acaba numa 

colisão, com danos no seu e em outro veículo. No primeiro caso, dia a lei 

(art. 18) que a escolha do responsável por consertar o veículo (vício) é do consumidor ( ... ) pode tanto acionar a concessionária quanto a m ontadora.

Na segunda hipótese, não. Como se trata de acidente de consumo e defeito (art. 12), o consumidor lesado é obrigado a pleitear o 

ressarcimento dos danos junto à m ontadora, na qualidade de fabricante.

É conveniente observar que também é considerado fato do produto odano causado em virtude de informações insuficientes ou inadequadas sobre o

bem.Nesta situação, caso o manual de determinado eletrodoméstico não

mencione a necessidade da utilização de uma trava de segurança e o

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consumidor venha a sofrer um prejuízo material em virtude desta omissão, écerto que o fornecedor deverá ser responsabilizado. Repare que não houve maufuncionamento ou grave defeito no bem. O que ocorreu foi somente a falta de

informação adequada acerca do produto.

Em relação aos defeitos que o bem pode apresentar, é possível conceituá-los como: de confecção (relativos à criação e formulação), de produção(montagem, manipulação e acondicionamento) e de informação (informação oupublicidade inadequada ou insuficiente).

Insta registrar que o parágrafo primeiro lista três circunstâncias quedevem ser consideradas na análise acerca de eventual defeito em produto: aapresentação, o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam e a épocaem que foi colocado em circulação.

No tocante a esta última circunstância, denota-se que a análise daqualidade e das características deve ser feita de acordo com a ocasião em que oproduto foi disponibilizado no mercado. Com efeito, a colocação de produto dequalidade superior ou mais seguro em circulação não tem o condão de justificara alegação de defeito no anterior.

O §2º do art. 12 do CDC segue esta direção e prevê que “o produto não é

considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocadono mercado”. Caso fosse adotado entendimento contrário, o parque industrialnacional estaria condenado a permanecer obsoleto, pois não haveria umincentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Adiante, o §3 apresenta o relevante elenco de hipótese nas quais aresponsabilidade do fornecedor pode ser afastada. São três os casos previstospor aquela norma:

não ter colocado o produto no mercado;

ter colocado o produto no mercado, mas o defeito inexistir;

culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Apesar de ter previsto que o fornecedor responderá objetivamente pelosdanos causados pelos produtos colocados no mercado – não há necessidade daexistência de culpa ou dolo -, há situações pontuais que excluem este dever jurídico.

A primeira hipótese (inciso I) consiste na prova de que o fornecedor não

colocou o produto no mercado. Ora, se alguém tem acesso a um bem que aindaestá em fase experimental e, consequentemente, não foi colocado em

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circulação, ainda que o produto venha a causar um dano em seu usuário, nãohá de se falar em responsabilidade do fornecedor.

Do mesmo modo, se uma empresa tem sua marca ilegalmente copiada eutilizada em produtos falsos, não poderá ser acionada para ressarcir eventuaisprejuízos gerados por esses bens.

Se o defeito inexistir (inciso II), afastado estará o nexo de causalidade etambém a responsabilidade do fabricante, construtor, produtor ou importador.Há uma ruptura na relação causal.

Se um consumidor alegar que sentiu fortes dores em virtude da ingestãode um remédio e posteriormente restar comprovado que, na realidade, os danos

foram provocados pela ingestão de outro produto, o laboratório não teráqualquer obrigação indenizatória.

O inciso III menciona a culpa exclusiva do consumidor ou terceiro. Repareque, para a incidência deste dispositivo, é necessária a presença de culpa, aqual não é discutida na responsabilidade objetiva do fornecedor. Deve oconsumidor ou terceiro estranho à relação de consumo agir de mododeterminante para que o dano seja causado, de forma que fique definitivamenteexcluída a existência de defeito no produto.

De início, é oportuno repisar que no Direito Consumerista vigora oprincípio da inversão do ônus da prova, de acordo com a racionalidade do incisoVIII, do art. 6º. Assim, considerando que milita em prol do consumidor apresunção de defeito do produto, caberá ao fornecedor demonstrar a presençade uma conduta culposa, nas modalidades de negligência, imprudência eimperícia.

Outro ponto que merece atenção é fato de que grande parte da doutrinaentende que a culpa mencionada no inciso III, do parágrafo 3º do art. 12 do

CDC refere-se à culpa exclusiva da vítima.Com efeito, entende-se que, caso esteja configurada a culpa concorrente

– que ocorre quando tanto o fornecedor, como o consumidor ou terceiro, agiramcom culpa –, não há como excluir a responsabilidade do fabricante, construtor,produtor ou importador.

A culpa exclusiva seria a única hipótese com aptidão para afastar o deverde indenizar, já que extingue a relação de causalidade entre o defeito doproduto e o evento danoso.

Como exemplo, imagine que um aparelho elétrico, não obstante todos osavisos no respectivo manual de utilização, venha a causar um princípio de

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incêndio em virtude de ter sido ligado em uma saída de energia inapropriada.Nesta hipótese, é evidente que o dano foi causado exclusivamente devido auma conduta imprudente do consumidor, não sendo possível vislumbrar defeito

do produto.

Na culpa concorrente, a responsabilidade se atenua, em virtude daconcorrência de um defeito do bem com uma conduta culposa. Todavia,remanesce a obrigação do fornecedor de reparar parte do dano.

Repare, candidato, que, ainda que o produto apresente um maufuncionamento, se o dano foi oriundo exclusivamente da conduta do consumidorou terceiro, não haverá responsabilidade do fornecedor, considerando que odefeito não contribuiu para o evento.

Insta salientar que, no elenco de hipóteses que excluem aresponsabilidade do fornecedor, não há menção ao caso fortuito ou a forçamaior – o primeiro decorre de fato ou ato inevitável que independe da vontadedas partes; o segundo ocorre em virtude de forças físicas, superior às forças doagente.

Contudo, a doutrina majoritária entende que a configuração desteseventos seria suficiente para afastar responsabilidade do fornecedor quando o

produto já se encontra em circulação. Nesta linha de entendimento, vale trazerà baila trecho da obra “Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, comentadopelos autores do anteprojeto”, na qual um dos autores discorre sobre o temanos seguintes termos:

“(...) quando o caso fortuito ou força maior se manifesta após a 

introdução do produto no mercado de consumo, ocorre uma ruptura do nexo de causalidade que liga o defeito ao evento danoso.(...) Na verdade,

diante do impacto do acontecimento, a vítima sequer pode alegar que o produto se ressentia de defeito, vale dizer, fica afastada a 

responsabilidade do fornecedor pela inocorrência dos respectivos 

pressupostos.” 

Superada esta etapa, vamos discutir agora acerca do art. 13 do Código deDefesa do Consumidor.

Como debatido nos parágrafos anteriores, vimos que, no caso de fato doproduto, a responsabilidade por danos causados ao consumidor limita-se aofabricante, produtor, construtor e importador, de acordo com a regra positivada

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no art. 12 da Lei nº 8.078/90. Diante deste quadro, pergunta-se: o comerciantepode ser responsabilizado por fato do produto?

Pois bem, o art. 13 do CDC apresenta três hipóteses nas quais ocomerciante também pode ser acionado:

RESPONSABI LI DADE DO COMERCI ANTE

Tra ta -se de responsab i l idade subs id iá r ia . O comerciante só poderáser responsabilizado nestes casos. Busca-se, deste modo, permitir que oconsumidor possa ser ressarcido de outra forma pelo prejuízo suportado, tendoem vista que não logrou êxito na identificação do fabricante, produtor,construtor e importador. Além disso, também não seria justo responsabilizarestes agentes quando o dano se originou do indevido armazenado do produtopelo comerciante (inciso III).

Se o rótulo de um suco industrializado não identifica seu produtor,eventual dano provocado pela ingestão da bebida deverá ser ressarcido peloestabelecimento que comercializou o produto (incisos I e II). Da mesma forma,se aquele comerciante não estoca adequadamente um alimento perecível, serápossível acioná-lo na hipótese de o produto gerar um prejuízo à saúde doconsumidor.

Na primeira situação, caso reste comprovado que o comerciante não tevequalquer responsabilidade na má qualidade do suco, não seria razoável que

•  Fabricante, construtor, produtor ouimportador não podem seridentificados (Inciso I)

•  Produto é fornecido semidentificação clara do seufabricante, produtor, construtor ouimportador (inciso II)

•  Falta de conservação adequada dosprodutos perecíveis (Inciso III)

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suportasse sozinho os prejuízos causados. Assim, o parágrafo único do art. 13do CDC prevê que “aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderáexercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua

participação na causação do evento danoso”.

Da leitura daquele dispositivo, infere-se que, depois de satisfeito oconsumidor, o comerciante que arcar com a indenização poderá exercer seudireito de regresso contra aquele que é efetivamente responsável pelo fato doproduto.

Note, candidato, que, na hipótese do inciso III do aludido dispositivo, nãose vislumbra a possibilidade do exercício do direito de regresso, pois aresponsabilidade pelos danos será, em regra, exclusiva do comerciante.

Consumidor (direito de ressarcimento) comerciante (direito deregresso) fabricante, produtor, construtor e importador

A responsabilidade por fato do serviço é aferida nos termos do art. 14 doCódigo de Defesa do Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da 

existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 

insuficientes ou inadequadas sobre sua fr uição e riscos.

A responsabilidade por fato do serviço tem os mesmos contornos que aresponsabilidade por fato do produto. Com efeito, não há necessidade da

demonstração de culpa. Tra t a -se da responsab i l idade em sua m oda l idadeo b j e t i v a .

Como no texto do art. 12 aventado acima, o art. 14 também prevê, noque se refere a acidente de consumos envolvendo serviços, que a informaçãoinsuficiente, ou inadequada, é considerada um defeito e pode gerar aresponsabilidade do fornecedor.

Ainda no caput  do art. 14, enfatize-se que o termo fornecedor é usado emseu sentido amplo. Não há determinação legal para que a responsabilidade fique

limitada somente a alguns daqueles agentes, o que ocorre no caput  do art. 12,

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sendo possível utilizar o conceito genérico de fornecedor (art. 3º), de acordocom o que foi discutido em nosso primeiro encontro.

O serviço é considerado “defeituoso quando não fornece a segurança queo consumidor dele pode esperar” (art. 14, §1º). Para tanto, deve-se considerar:

-ooo mmmooodddooo dddeee ssseeeuuu f f f ooorrrnnneeeccciiimmmeeennntttooo;;; 

-ooo rrreeesssuuullltttaaadddooo eee ooosss rrriiissscccooosss qqquuueee rrraaazzzoooaaavvveeelllmmmeeennnttteee dddeeellleee ssseee eeessspppeeerrraaammm;;; 

-aaa ééépppooocccaaa eeemmm qqquuueee f f f oooiii f f f ooorrrnnneeeccciiidddooo... 

Como exemplo de serviços defeituosos, podemos imaginar: o consertomau feito de um veículo antigo, o qual, posteriormente, envolve-se em umacidente justamente em virtude do defeito que não fora sanado; o indevidolançamento do nome de um cliente de uma instituição financeira em umcadastro de devedores, o que o impede de celebrar diversos negócios; ou ofurto de objeto que estava sob a guarda do transportador, que não observou oscritérios mínimos para proteger o bem.

Em todos esses casos, é patente o prejuízo causado ao consumidor, o que

cria a obrigação de ressarcimento por parte do fornecedor do serviço,independentemente da existência de culpa.

Como no caso do produto, o serviço também não é considerado defeituosopela adoção de novas técnicas (art. 12). Se uma empresa de dedetizaçãodesenvolve um veneno mais eficiente, não é possível afirmar que os serviçosanteriores prestados por aquele fornecedor são defeituosos.

O parágrafo terceiro, nos mesmos moldes do dispositivo equivalente doart. 12, prevê que a responsabilidade do fornecedor de serviços é afastado nos

casos em que o defeito inexistir (inciso I) ou culpa exclusiva da vítima (incisoII).

O parágrafo seguinte versa sobre um importante tema e, por isso, requeruma atenção especial por parte do candidato:

“§4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 

mediante a verificação de culpa” 

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Diante do texto do dispositivo legal acima transcrito, percebe-se que háuma exceção à regra geral de responsabilidade objetiva do CDC. De fato,t ra t ando- se de p ro f issiona l l ibe ra l , a sua responsab i l idade se estab e lece

somen t e m ed ian te ve r i f i cação de cu lpa .

Para melhor compreendermos a razão deste tratamento diferenciado, énecessário que alguns fatores sejam considerados.

Inicialmente, é imperativo recordar que uma das razões da legislaçãoconsumerista ter adotado o regime da responsabilidade objetiva foi equilibrar acontundente relação de desigualdade econômica existente entre fornecedor econsumidor, notadamente em virtude da dificuldade do segundo de produzirprovas que demonstrem a responsabilidade do primeiro.

Pois bem, quando se trata de profissional liberal, tais como médicos,advogados, dentistas, dentre outros, tal desigualdade não se apresenta deforma tão nítida. Em certos casos, o profissional encontra-se em posição deigualdade fática e econômica em relação ao consumidor, o que faz com que adificuldade de produção das provas em torno de um evento danoso seja igualpara ambos.

Outrossim, os serviços prestados por aqueles profissionais têm

característica pessoal (intuitu personae ). A confiança que inspiram nosrespectivos clientes é o que possibilita a contratação. A prestação do serviçonão é voltada para o mercado de massa, e sim para a individualidade doconsumidor.

Não dispõe o profissional liberal de um aparato industrial ou de umaorganização econômica por trás do serviço oferecido. Assim sendo, a análise desua responsabilidade de forma objetiva, sem que se verifique se sua conduta foiimprudente, negligente ou imperita, poderia não se mostrar adequada aoscritérios de razoabilidade.

Para concluir, ressalte-se que, na maioria das vezes, a obrigação doprofissional liberal é de meio e não de resultado – o advogado não secompromete a ganhar a causa e nem o médico a curar o paciente, até porquetais sucessos podem escapar ao seu controle. A obrigação daqueles profissionaisé em relação às diligências que devem ser efetuadas e as técnicas utilizadas naprestação do serviço.

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  Os pro f iss iona is l ibe ra is respondem pe los seus a tosm ed ian t e a ver i f i cação de cu lpa .

O art. 17, que dispõe sobre uma das hipóteses de consumidor porequiparação, já foi discutido na aula passada.

3.4 Responsabilidade por vício do produto ou serviço 

O art. 18 do CDC trata da responsabilidade do fornecedor por vícios doproduto nos seguintes termos:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 

duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que 

se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 

decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 

embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a 

substituição das partes viciadas.” 

O texto legal determina que os fornecedores – incluindo aí os fabricantese comerciantes – respondam solidariamente pelos vícios de qualidade ouquantidade.

E o que significa dizer que a responsabilidade é solidaria? Imagine que

uma televisão não esteja funcionando adequadamente, o consumidor lesadopoderá acionar somente a empresa que fabricou o produto ou poderá tambémresponsabilizar o comerciante?

Com o a responsab i l idade é so l idár ia , o consum idor p oderá ac ionar

qua lque r dos agen tes que pa r t i c ipa ram da cade ia de fo rnec imen to dop r o d u t o, inseridos na relação jurídica de consumo. Qualquer deles pode serdemandado para adotar as medidas previstas no §1º do art. 18, que serãodebatidas adiante.

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A solidariedade também se encontra consignada no §1º do art. 25, quedispõe que, “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todosresponderão solidariamente pela reparação.” 

É importante notar que não é qualquer vício de qualidade ou quantidadeque se amolda à hipótese normativa do art. 18. O vício com aptidão para gerara responsabilidade do fornecedor é aquele que torna o produto impróprio ouinadequado ao consumo a que se destina, diminui o valor do produto ou decorrede disparidade entre o conteúdo líquido e suas indicações.

Podemos dividir os vícios em de qualidade e de quantidade. Os primeirossão aqueles que tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo, oulhes diminuam o valor (atente-se ao art. 23, que dispõe que “a ignorância dofornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos eserviços não o exime de responsabilidade). Como exemplo, podemos citar odefeito no som de uma televisão ou no motor de um veículo.

Repare que o §6º do art. 18 acrescenta, ainda, os vícios aparentes, queocorrem quando o produto: está com prazo de validade vencido; estádeteriorado, alterado, adulterado, avariado, falsificado, corrompido, fraudado, énocivo à vida ou à saúde, perigoso ou, ainda, está em desacordo com asnormas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; e, por

qualquer motivo, se revele inadequado ao fim a que se destina.

O art. 19 versa especificamente sobre os vícios de quantidade, os quais seapresentam quando o conteúdo líquido do produto “for inferior às indicaçõesconstantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagempublicitária”.

Recorde-se a previsão do art. 18, que se refere à disparidade entre oconteúdo líquido e as indicações do produto. Como exemplo, vale mencionar agarrafa de suco ou refrigerante que tem conteúdo inferior ao anunciado naembalagem.

Superada esta etapa, pergunta-se: qual será a responsabilidade dofornecedor no caso de vício constatado em um produto?

Nos termos do parágrafo primeiro do art. 18, caso o vício não tenha sidosanado no prazo de 30 dias – lapso temporal que pode ser modificado conformeo parágrafo segundo -, o consumidor poderá exigir uma das seguintes medidas:a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições

de uso (atente-se para o texto do §4º), a restituição imediata da quantia paga,monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e dano ou oabatimento proporcional do preço.

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É relevante registrar que a opção por uma das três providências deve serfeita pelo consumidor. Não há participação do fornecedor.

Assim, caso um computador esteja com problemas de acesso à internet, oconsumidor poderá se dirigir ao estabelecimento que lhe vendeu o produto,solicitando que o defeito seja reparado. Após trinta dias, caso não haja umaresposta da loja, o consumidor pode simplesmente exigir que lhe seja entregueoutro computador de igual qualidade, a restituição do que foi pago, ou adevolução do computador danificado com o respectivo abatimento do preço.

Todavia, há casos em que o vício não pode ser sanado sem ocomprometimento do valor do produto. Imagine que um quadro seja adquiridoem uma loja especializada. Após a entrega, percebe-se que, no transporte feitopelo estabelecimento, o bem foi danificado. Ora, é certo que não há comoreparar o quadro sem causar algum prejuízo no seu valor.

Para estes casos, a regra estatuída no §3º prevê que as três alternativaselencadas acima podem ser imediatamente escolhidas pelo consumidor “sempreque, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas pudercomprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ouse tratar de produto essencial”.

Em relação a produtos in natura  – aqueles colocados no mercado semsofrer qualquer processo de industrialização, tais como produtos agrícolas – oparágrafo quinto reza que o fornecedor imediato – em regra, o comerciante – éque será o responsável. Há ressalva, contudo, na hipótese de identificação doprodutor.

No caso dos vícios de quantidade, as medidas previstas no art. 19 sãopraticamente as mesmas, com pequenas diferenças: abatimento proporcionaldo preço, complementação do peso ou medida, substituição do produto poroutro da mesma espécie, marca ou modelo e restituição imediata da quantiapaga monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

Repare, candidato, que permanece o direito do consumidor de escolherqual a providência será adotada pelo fornecedor.

Deste modo, podemos apresentar o seguinte quadro:

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No caso de v íc io de p roduto , o consumidor pode esco lher , após t r in tad ias , as segu in t es p rov id ênc ias:

Art. 18 Art. 19

-substituição do produto por outro damesma espécie.

-substituição do produto por outro damesma espécie, marca ou modelo.

-restituição da quantia paga. -restituição da quantia paga.

-abatimento proporcional do preço. -abatimento proporcional do preço.

-complementação do peso ou medida.

O art. 20 passa a tratar da responsabilidade por vícios nos serviços com aseguinte redação:

“Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 

por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária (...)” 

O serviço estará viciado quando se mostrar inadequado para os fins parao qual foi contratado, ou não atender às normas regulamentares para aprestação dos serviços (§2º). Podem, ainda, estar viciados em razão dadiminuição do seu valor ou pela divergência com a oferta ou informaçãopublicitária.

São inúmeros os exemplos de vícios na prestação de serviços, tais como:má prestação de serviços bancários, configurada pelo bloqueio indevido daconta do cliente; consertos realizados que não resolvem o defeito deeletrodomésticos ou veículos; pacote de viagem, na qual o turista é pegodesprevenido com a baixa qualidade do hotel; dentre muitos outros.

As opções para o consumidor são:

 a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível

(observe-se a regra do §1º);

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 a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

 o abatimento proporcional do preço.

Adiante, é oportuno mencionar o teor do art. 22 do Código de Defesa doConsumidor, que dispõe que os serviços públicos devem ser “adequados,eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”.

Recorde-se que, conforme aventado em nosso primeiro encontro, não háimpedimento legal para que prestadores de serviços públicos sejamconsiderados fornecedores, desde que haja uma contraprestação por parte doconsumidor, deve haver o pagamento pelo serviço. Aos serviços prestados em

caráter universal (chamados de UTI universi) não se aplicam as regrasconsignadas na Lei Consumerista.

Candidato, é necessário atentar, na esteira do que resta positivado noaludido art. 22, que os serviços públicos podem ser prestados pelo próprioEstado, por meio da Administração Direta ou Indireta – como, por exemplo, nocaso de empresas públicas e sociedades de economia mista -, ou por empresasprivadas.

No tocante à prestação de serviço adequado, é mister lembrar que a

própria Constituição, no inciso IV do ser art. 175 já prevê que a lei deverádispor sobre “a obrigação de manter serviço adequado”. Além disso, a Lei nº8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviçospúblicos, conceitua serviço adequado como aquele que satisfaz as condições deregularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,cortesia e modicidade das tarifas.

Os serviços devem ser eficientes, com a produção de um efeito positivopara o consumidor. Neste passo, ressalte-se que a eficiência é um dos princípios

que regem a Administração Pública, nos termos do art. 37 da ConstituiçãoFederal. Pode-se afirmar que a eficiência é um plus da adequação. Afinal paraque o serviço seja eficiente, necessariamente deverá estar adequado àsnecessidades de seus usuários.

A falta de segurança de um serviço, como vimos, pode gerar um dano aoconsumidor, o que caracteriza o fato do serviço e a consequente obrigação deressarcimento. Caso, por exemplo, da explosão de uma tubulação de gás nodomicílio de um consumidor, causando prejuízos materiais e morais ao morador.

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O conceito jurídico de serviço essencial é aberto, e deve ser analisadocaso a caso para que doutrina ou jurisprudência possa determinar o seu realcampo de atuação2.

Da leitura do art. 22, depreende-se que os serviços essenciais nãopoderiam ser interrompidos, tendo em vista que devem ser “contínuos”.

Tal questão não é pacífica em nossos tribunais e na doutrina, haja vista aracionalidade do §1º, do art. 6º da Lei nº 8.987/95, que prevê a possibilidadede interrupção dos serviços em situação de emergência ou após prévio aviso,quando: motivada por razões de ordem técnica ou de segurança dasinstalações; e por inadimplemento do usuário, considerado o interesse dacoletividade.

Desta forma, não obstante a determinação contida no art. 22 do CDC,seria possível, em certas hipóteses e de acordo com alguns entendimentosesposados no meio jurídico, a descontinuidade do serviço público de caráteressencial.

Em seguida, o art. 24 dispõe que “a garantia legal de adequação doproduto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneraçãocontratual do fornecedor.” 

De fato, a Lei nº 8.078/90 introduziu um sistema próprio de garantias, deacordo com o que foi visto nos temas ventilados nas páginas anteriores. Não hánecessidade de que os direitos discutidos acima estejam previstos nosrespectivos instrumentos contratuais. Decorrem da própria força normativa doCódigo de Defesa do Consumidor.

A garantia do produto ou serviço é um ônus que deve ser suportado portodos aqueles que atuam na cadeia de fornecedores do mercado de consumo.Outrossim, não se limita a vícios e defeitos. É uma garantia que abarca todo o

complexo de funcionalidades do produto ou serviço, de modo que estesatendam aos fins a que se propõe.

Neste mesmo diapasão, o art. 25 do CDC também veda cláusulacontratual “que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar”.

Assim, busca-se garantir a efetiva reparação dos prejuízos suportadospelo consumidor em virtude de fato ou vício de produto ou serviço. Saliente-seque tal disposição atende a um dos direitos básicos do consumidor, estatuído noinciso VI, do art. 6º do CDC.

2 É possível fazer alusão à Lei nº 7.783/89, que trata do direito de greve e enumera os serviços consideradosessenciais em seu art. 10.

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4) Prazos de decadênc ia e p rescr ição

No regime consumerista, a decadência e a prescrição têm característicaspróprias. A primeira aplica-se a vício de produto ou serviço, enquanto a segundavale para o caso de acidente de consumo, em virtude de fato do produto ouserviço. Trata-se de uma garantia legal (art. 24) estipulada em favor doconsumidor.

A doutrina reconhece na prescrição a extinção de uma pretensão em razãoda inércia de seu titular durante um certo lapso temporal. A decadência gera aextinção do próprio direito, em virtude de o titular não o ter exercido dentro de

um determinado período de tempo.Tais institutos visam garantir estabilidade e segurança nas relações

 jurídicas. Ora, não seria razoável que um credor pudesse acionar o devedor 30ou 40 anos depois de contraída a dívida. Da mesma forma, a aplicação de umasanção penal várias décadas após o cometimento do crime também não seajusta ao nosso sistema jurídico.

Não obstante o tratamento dado à prescrição e decadência em nossoordenamento legal, a legislação consumerista inovou. Quanto a esse aspecto e

matéria, por ser despiciendo o aprofundamento neste tema tão vasto e cheio depeculiaridades, iremos nos ater às regras trazidas pelos arts. 26 e 27 da Lei nº8.078/90.

O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor trata da decadência dodireito de reclamar pelos vícios de produtos e serviços. Desta forma, o prazodecadencial é de t r i n t a d i a s, tratando-se de fornecimento de serviço e deprodutos não duráveis, e de noven ta d ias, tratando-se de fornecimento deserviços e de produtos duráveis.

Um produto ou serviço é considerado durável quando sua utilidade não seesgota no primeiro uso, tais como uma geladeira, um carro ou um computador.Os produtos e serviços não duráveis são aqueles que se exaurem após a suaaquisição, como um alimento, um remédio ou a contratação de um serviço degarçom para uma determinada festa.

E quando tem início a contagem deste prazo decadencial? Seria razoávelque este período se iniciasse sempre no momento em que o consumidorrecebesse o produto ou em que o serviço fosse concluído? É certo que não.

De fato, há situações em que o vício de um produto só passa a serconhecido semanas ou meses após sua aquisição. Como exemplo, imagine um

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veículo que apresente um mau funcionamento somente quando alcançavelocidades elevadas. Supondo que seu proprietário só venha a descobrir odefeito após dirigir em uma estrada, meses depois da aquisição do carro, seria

desarrazoado que o prazo decadencial para reclamação em face do fornecedorse iniciasse na data da entrega do bem, e não do momento em que o víciopassou a ser conhecido.

Deste modo, perceba, candidato, que o caput  do art. 30 reporta-se aosvícios aparentes e de fácil constatação – como um arranhão na lataria do carroou um problema nos freios. O parágrafo primeiro então dispõe que se inicia “acontagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou dotérmino da execução dos serviços”.

E nos casos em que o ví cio estava oculto?

Nestas hipóteses, aplica-se a regra do parágrafo terceiro do mesmo art.26, que reza que, “tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se nomomento em que ficar evidenciado o defeito”.

Conclui-se que, para que o prazo decadencial se deflagre no momento emque o produto for recebido pelo consumidor ou em que o serviço for terminado,o vício deve ser facilmente constatável e perceptível durante o seu uso e

consumo regular.O paragrafo segundo prevê duas causas que podem obstar o prazo

decadencial: a reclamação perante o fornecedor (inciso I) e a instauração deinquérito civil (inciso II).

Na primeira hipótese, o prazo fica suspenso até que o fornecedormanifeste-se negativamente acerca do pleito do consumidor. Após a resposta, oprazo decadencial volta a correr, ou seja, o consumidor ainda terá um períodopara decidir se irá ou não propor uma ação judicial. No caso de inquérito civil

instaurado pelo Ministério Público, instrumento usado para esclarecimento defatos e verificação de eventual violação da Lei Consumerista, a decadência ficaobstada até a conclusão do procedimento.

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Em relação à prescrição, tal fenômeno é ventilado no art. 27 do CDC.Conforme o teor daquela norma, a pretensão à reparação pelos danossuportados em virtude de acidente de consumo prescreve no prazo de c inco

anos.

Insta ressaltar que, para que ocorra o início deste lapso, é necessário oconhecimento do dano, bem como de sua autoria. Com efeito, se um incêndiocausa prejuízos no apartamento de um consumidor em virtude da falha elétricade um eletrodoméstico, o prazo prescricional só começará a correr a partir domomento em que o aparelho defeituoso – e, consequentemente, o respectivofornecedor - for identificado.

Por fim, é imperativo registrar que os prazos previstos nos arts. 26 e 27

do CDC são de ordem pública e, portanto, não podem ser alterados pelavontade das partes.

AAA ppprrreeettteeennnsssãããooo ààà rrreeepppaaarrraaaçççãããooo eeemmm vvviiirrrtttuuudddeee dddeee dddaaannnooosss cccaaauuusssaaadddooosss pppooorrr f f f aaatttooo dddeee ppprrroooddduuutttooo ooouuu ssseeerrrvvviiiçççooo ppprrreeessscccrrreeevvveee eeemmm ccciiinnncccooo aaannnooosss... 

Decadência – Prazos

  30dias – produtos e serviços não duráveis

  90 dias – produtos e serviços duráveis

⇒  Início do prazo – prazo da entrega do produtoou conclusão do serviço.

Exceção: vício oculto - momento em que ficarevidenciado o defeito

Obsta a decadência:

-Reclamação do consumidor

-Instauração de inquérito civil

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5) Descons ideração da Persona l idade Jur íd ica

No momento em que uma sociedade adquire personalidade jurídicadistinta da dos sócios, ela passa a ter obrigações e deveres em seu nome, alémde possuir patrimônio próprio. Para evitar abusos na utilização desta ficção  jurídica, foi desenvolvida uma teoria que permite a desconsideração dapersonalidade jurídica em relação a certos atos, para atingir o patrimônio dossócios.

Esta situação excepcional, e que ocorrerá somente em casos específicos,

não tem como escopo a declaração de nulidade da personificação da sociedade,mas sim sua ineficácia para determinados atos. Busca-se, desta forma, apreservação do instituto, com a separação do patrimônio da sociedade e dossócios, medida que, de certa maneira, limita a perda destes últimos e incentivao investimento em novos negócios.

A matéria, além de ser aventada no art. 50 do Código Civil, tambémencontra amparo no art. 28 do CDC, que dispõe o seguinte:

“O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade 

quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou 

contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa 

  jurídica provocados por má administração..” 

A utilização da expressão “em detrimento do consumidor” evidencia que,na legislação consumerista, a desconsideração da personalidade jurídica temcomo principal escopo justamente a proteção daquele participante da relação deconsumo, considerando a sua situação de vulnerabilidade.

Para que esta medida seja determinada – note que, nos moldes do caput do art. 50, tal providência deve ser adotada pela autoridade judiciária – umadas seguintes hipóteses deve estar presente: abuso de direito, excesso depoder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato

social.Todas estas situações configuram espécies de atos fraudulentos. O abuso

de direito e o excesso de poder decorrem de atos que, não obstante sua

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licitude, geram um resultado condenável pelo ordenamento jurídico. A infraçãoda lei e fato ou prática de ato ilícito constituem condutas contrárias àsdisposições legais vigentes, com prejuízo a direitos dos consumidores. A

violação do estatuto ou do contrato social de uma sociedade também pode tercomo escopo impedir o exercício de um direito por parte do consumidor.

A desconsideração também é possível quando houver falência, estado deinsolvência, encerramento ou inatividade da sociedade; mas, nesta hipótese, énecessário que tal situação configure-se em virtude de má administração.

A última hipótese legal para a desconsideração encontra-se estatuída no§5º do mesmo art. 28. Destarte, tal providência pode ser determinada sempreque a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimentodos prejuízos causados aos consumidores.

Esta possibilidade normativa causa alguma divergência no meio jurídico,tendo em vista que a desconsideração poderia ocorrer ainda que não houvessedesvio de finalidade ou demonstração de confusão patrimonial. Bastaria a provade que a existência da pessoa jurídica constitui um óbice ao efetivoressarcimento dos danos causados aos consumidores.

Os parágrafos segundo, terceiro e quarto têm como objetivo criar um

sistema mais eficiente de proteção ao consumidor, estendendo aresponsabilidade a outras pessoas jurídicas além do fornecedor, desde queaquelas tenham algum liame com este.

Denota-se, da leitura daqueles parágrafos, que o CDC permite aresponsabilização subsidiária e a responsabilidade solidária. O primeiro casoaplica-se às sociedades integrantes dos grupos societários e às sociedadescontroladas, enquanto o segundo às sociedades consorciadas.

Ainda que seja improvável que o examinador venha a cobrar detalhes

acerca deste tema, enfatize-se que o grupo societário é composto pelasociedade controladora e suas controladas, nos termos do art. 265 da Lei6.404/76 (Lei das S.A.).

Nos termos daquele dispositivo legal, a “sociedade controladora e suascontroladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de sociedades,mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforçospara a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ouempreendimentos comuns”.

Ainda, de acordo com o teor do §2 do art. 243 do mesmo diploma legal,considera-se “controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ouatravés de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem,

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de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder deeleger a maioria dos administradores”.

No tocante às sociedades consorciadas, é oportuno fazer alusão ao art.278, que reza que as “companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmocontrole ou não, podem constituir consórcio para executar determinadoempreendimento, observado o disposto neste Capítulo”. Ademais, o parágrafoprimeiro prevê que o “consórcio não tem personalidade jurídica e asconsorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivocontrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção desolidariedade”.

A responsabilidade exclusivamente por culpa também encontra guarida noart. 28 do CDC, que determina que as sociedades coligadas só respondem destaforma. Registre-se que, conforme o teor do §1º do art. 243, consideram-se “coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa”.

6) Ofe r t a e pub l i cidade

6.1 Ofert a 

No regime normatizado pelo Código de Defesa do Consumidor, a ofertarecebe um tratamento especial.

À época da promulgação da Lei 8.078/90 não havia uma legislaçãosuficientemente apta a defender os interesses dos consumidores. Partia-se dopressuposto de que as partes eram iguais no que diz respeito à sua capacidadee disposição para contratar, e que a oferta ocorria entre pessoas determinadas.

Não era exatamente verdade. Na prática das relações de consumo, aoferta pode dar-se entre pessoas indeterminadas. Assim, alcança tanto aqueleque, de fato, irá adquirir o produto ou serviço, como também aqueles que estãopropensos a se tornarem consumidores.

Até a edição do CDC, a falta de uma regulação acerca da questão acabavapor gerar abusos por partes dos fornecedores, os quais podiam atuar compouquíssimas restrições no mercado de produtos e serviços. Os limites impostosà oferta e a publicidade não eram suficientemente claros e davam margem às

práticas nocivas ao mercado de consumo.

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Neste particular aspecto, o CDC inovou, ao desenhar e impor um conjuntode regras que passaram a disciplinar o regime jurídico da oferta, pelas quais sebuscava tutelar o consumidor na defesa de seus direitos em um mercado

evidentemente massificado.

Conceitualmente, podemos afirmar que a oferta é uma declaraçãounilateral de vontade que se utiliza de técnicas e instrumentos para aproximar oconsumidor dos produtos e serviços oferecidos pelo fornecedor.

O art. 30 inaugura a seção relativa à oferta no Código de Defesa doConsumidor com o seguinte texto:

“Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa,veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a 

fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser 

celebrado.” 

Assim concebido, esse dispositivo legal venho positivar uma importanteregra para o regime consumerista: o e fe i to v incu lan t e da o fe r t a . Com efeito,

desde que suficientemente precisa, a oferta vincula o fornecedor.

Como exemplo, imagine-se que uma concessionária de veículos resolvafazer uma promoção relâmpago de veículos semi-novos, possibilitando que, naprimeira semana do mês, os compradores paguem a entrada 90 dias após aentrega efetiva do automóvel. Para que esta promoção atinja o público-alvo, aconcessionária decide então publicar um anúncio em um jornal de grandecirculação.

Todavia, por um erro da própria concessionária, o anúncio é publicado deforma incorreta, com a informação de que a promoção iria ocorrer nas duasprimeiras semanas.

Pedro, interessado em trocar de carro, comparece à concessionária nasegunda semana do mês para se informar acerca das condições de compra.Neste caso, vindo ele a se interessar por um dos veículos colocados a venda,Pedro poderá exigir que o primeiro pagamento tenha data de efetivaçãomarcada para noventa dias após a entrega do automóvel?

A resposta é positiva. Na realidade, não obstante a promoção só terocorrido na primeira semana do mês, o fornecedor ficará desde então vinculado

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à oferta publicada no jornal nas mesmas condições oferecidas, e deverá atenderaos termos exatos da expectativa e do desejo de Pedro.

É imperativo frisar que a oferta deve ser suficientemente precisa para queocorra este fenômeno. O mero exagero nas qualidades do produto ou serviçonão tem o condão de vincular o fornecedor.

Se o dono de um restaurante assegura que a sua feijoada é a melhor dacidade, ou se uma empresa de automóveis afirma que sua garantia é a maiscompleta do mercado, é certo que não haverá vinculação com esses termos daoferta, tendo em vista a imprecisão das expressões utilizadas.

O que deve ser levado em conta é se a oferta cumpriu seu objetivo e

chegou de modo razoavelmente preciso e mensurável ao consumidor, o quegera uma expectativa de consumo. Neste caso, é evidente a vinculação dofornecedor.

Insta salientar que, em determinadas hipóteses, é possível que ainformação constante em determinada oferta publicitária traga um errogrosseiro. Imagine que o anúncio de um veículo que custa R$ 50.000,00 sejapublicado com o valor de R$ 50,00.

Ora, ainda que existam entendimentos contrários na doutrina e

  jurisprudência, trata-se de erro flagrante, facilmente perceptível peloconsumidor, não sendo razoável vincular o fornecedor a este tipo de oferta. Deoutro modo, estar-se-ia permitindo o desequilíbrio contratual entre as partes darelação jurídica de consumo, além de se afastar o princípio da boa-fé, que deveser rigorosamente observado por fornecedores e consumidores.

É oportuno notar que, para que ocorra o efeito vinculante, a oferta deveser veiculada de modo que chegue ao conhecimento dos consumidores empotencial do produto ou serviço. Se a divulgação de um anúncio publicitário é

suspensa horas antes da publicação do jornal, é certo que não há de se falar emforça vinculante da oferta.

Merece ênfase, ainda, a determinação para que a oferta integre o contratoque vier a ser celebrado. Deste modo, uma cláusula contratual que apresenteconteúdo contrário àquilo que foi divulgado na oferta não irá prevalecer. Ostermos e condições consubstanciados na oferta devem fazer parte do contratoque será celebrado pelas partes.

E se o contrato não contiver tais cláusulas? Poderia admitir-se que o

consumidor abriu mão dos termos da oferta ao assinar o contrato? Não. Ostermos da oferta consideram-se como integrantes do contrato, ainda que nãoestejam previstos no instrumento contratual.

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Esta regra mantém harmonia com o princípio da boa-fé objetiva, queimpõe às partes um dever de agir com lealdade e cooperação durante todas asfases do contrato (antes, durante e depois da conclusão do ajuste).

O art. 31 do CDC está em sintonia com o direito à informação, previsto noinciso III, do art. 6º. Cumprindo-se a norma e preservando-se a integridade dodireito, assegura-se a liberdade de escolha (inciso II, do art. 6º), já que oconsumidor conhecerá todas as características do produto e serviço.

Este dever jurídico trazido pelo art. 31 decorre da própria racionalidade domicrossistema de defesa do consumidor inaugurado pela Lei nº 8.078/90 e,ainda que não encontrasse amparo normativo, deveria ser imposto aosfornecedores.

Repare, candidato, que o dispositivo legal em comento não se referesomente à oferta. Abarca, também, a apresentação, que é aquela informaçãopresente no rótulo ou embalagem de um produto.

Nos termos do art. 31, as informações da oferta ou apresentação devemestar corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa, e devemversar sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço,garantia, prazos de validade, origem, riscos que apresentam à saúde e

segurança dos consumidores, dentre outros dados.Atente-se que ao mencionar “dentre outros dados”, o legislador teve

como intuito esclarecer que se trata de um elenco exemplificativo. Na realidade,qualquer elemento relevante que possa interessar ao consumidor deve serinformado. A oferta é a etapa que antecede a conclusão do ato de consumo edeve ser feita de forma clara e transparente, para que o consumidor possaexercer com tranquilidade o seu direito de livre escolha.

Saliente-se que, apesar da determinação para que a informação seja

passada em língua portuguesa, não há impedimento para que o fornecedorutilize certos termos importados de línguas estrangeiras que já se incorporaramao uso local, tais como cheeseburger  ou leasing . O objetivo da regra é que amensagem seja compreendida em toda sua plenitude pelo consumidor.

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Adiante, no regime de oferta, o caput  do art. 32 da Lei nº 8.078/90 reza “que fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes epeças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação doproduto”. O parágrafo único esclarece que cessadas “a produção ou importação,a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.” 

Como já discutido em diversos momentos neste curso, vimos que o deverde boa-fé objetiva apresenta-se em todas as fases do contrato, não se limitandoao momento da contratação. Então, da mesma forma que o fornecedor deve

observar todos os deveres atinentes à apresentação e conteúdo da oferta,também deve atuar na fase pós-contratual.

Com fulcro neste entendimento, o CDC inseriu a regra prevista nomencionado art. 32.

Assim, ao comprar um eletrodoméstico novo em uma loja, o consumidorterá a garantia de que, por um período de tempo razoável – é claro que aimprecisão deste termo exige a análise fática de cada caso -, se o aparelho viera apresentar um defeito, haverá peças de reposição para conserto. Se um

automóvel parar de ser fabricado no País, os fornecedores deverão dispor depeças de reposição para os compradores daqueles veículos.

AArrtt.. 3311.. AA oof f eerrttaa ee aapprreesseennttaaççããoo ddee pprroodduuttooss oouu 

sseerrvviiççooss ddeevveemm aasssseegguurraarr iinnf f oorrmmaaççõõeess ccoorrrreettaass,, ccllaarraass,, pprreecciissaass,, oosstteennssiivvaass ee eemm llí í nngguuaa ppoorrttuugguueessaa ssoobbrree ssuuaass ccaarraacctteerrí í ssttiiccaass,, qquuaalliiddaaddeess,, qquuaannttiiddaaddee,, ccoommppoossiiççããoo,, pprreeççoo,, ggaarraannttiiaa,, pprraazzooss ddee vvaalliiddaaddee ee oorriiggeemm,, eennttrree oouuttrrooss ddaaddooss,, bbeemm ccoommoo ssoobbrree ooss rriissccooss qquuee aapprreesseennttaamm àà ssaaúúddee ee sseegguurraannççaa ddooss ccoonnssuummiiddoorreess ((eelleennccoo eexxeemmpplliif f iiccaattiivvoo)).. 

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A regra consubstanciada no art. 33 do Código de Defesa do Consumidordecorre do princípio da transparência que deve reger as relações de consumo.

Note que, recentemente, a Lei nº 11.800/08 inseriu um parágrafo úniconaquele dispositivo legal. Assim, em caso de oferta por telefone, o fornecedorsó poderá fazê-las quando a ligação for gratuita ao consumidor. Não é permitidoque o fornecedor aproveite-se de uma ligação originada pelo consumidor parafazer publicidade de seus bens e serviços.

A responsabilidade solidária do fornecedor por atos de prepostos erepresentantes autônomos é ventilada no art. 34 da Lei nº 8.078/90.

Na aula passada vimos que a solidariedade na cadeia de fornecedores

permite que o consumidor acione qualquer um deles por eventual prejuízosuportado. No tratamento dado à oferta pelo CDC, foi determinado que ofornecedor também responda pelos atos de seus prepostos e representantesautônomos.

Imagine que um funcionário de uma instituição financeira ligue para acasa do consumidor e faça uma proposta de empréstimo com uma taxa de jurosaltamente atrativa. Ao chegar ao banco, o consumidor é informado que a taxafora informada incorretamente e que os juros, na realidade, são mais elevados.

Neste caso, o consumidor poderá exigir o empréstimo nos moldes oferecidospelo funcionário naquela primeira oportunidade? Claro que sim.

O funcionário é considerado preposto – tem vínculo trabalhista com ainstituição –, e todos os atos por ele praticados no exercício de sua funçãovinculam o fornecedor, ainda que exorbitem ou contrariem as determinações doseu empregador.

A idéia-princípio de responsabilizar o empregador pelos atos de seusprepostos é antiga. Presente no art. 1.521, inciso III do Código Civil de 1916,

tendo sido reproduzida no art. 932, inciso III de seu sucessor. Além dessesdispositivos, também teve acolhimento na jurisprudência, ao ser consagradapela Súmula 341 do STF que prevê que “é presumida a culpa do patrão oucomitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”. O que surpreende,então, no texto do Art. 34 do CDC, não é a novidade, mas a previsão legal daresponsabilidade solidária do fornecedor por atos cometidos por seusrepresentantes autônomos.

O que decorre impositivamente da lei é que os atos dos representantes

autônomos – aqueles que não possuem vínculo – que atuarem em nome deuma pessoa jurídica também vinculam o fornecedor.

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Neste passo, é oportuno transcrever a lição de Claudia Lima Marquesacerca do assunto:

“O fornecedor é responsável, não importando a sua culpa, a culpa ou não 

de seus prepostos (culpa in eligendo), a culpa de seus eventuais auxiliares (como no caso dos contratos de viagem turística), de seus representantes 

autônomos (mandatários de outras pessoas jurídicas do mesmo grupo 

bancário, corretores de seguros, agentes de telemarketing, vendedores etc.). A responsabilidade imposta ao fornecedor pelo art. 34 do CDC é por 

todo o ato (negocial ou prática), diligente ou não, de seu preposto ou 

representante autônomo.” 

Até agora, vimos que o regime legal discutido linhas acima traz uma gamade obrigações para o fornecedor, notadamente o efeito vinculante da oferta. Emlinha de consequência, pode-se então indagar: e se o fornecedor recusar-se acumprir os termos da oferta que fez veicular?

Para estas hipóteses, o art. 35 do CDC prevê que o consumidor poderá:exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação

ou publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; ourescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmenteantecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

É relevante enfatizar que a escolha dentre as três opções será doconsumidor, sem necessidade de que seja apresentada por este qualquer justificativa ou fundamento.

Imagine-se o primeiro exemplo mencionado na aula de hoje (oferta deuma concessionária, possibilitando que a quantia referente à entrada para a

compra de veículos semi-novos seja dada noventa dias após a entrega do bem).Caso o fornecedor (a concessionária) recuse-se a cumprir esta oferta, oconsumidor poderá ingressar em juízo, com pedido para que o pagamento sejafeito somente noventa dias após a entrega do bem.

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Na hipótese, também mencionada acima, do oferecimento de empréstimopor taxa de juros incorreta, nada impede que o consumidor aceite, por suaexpressa vontade, um outro serviço ou produto colocado à disposição pela

instituição financeira. Todavia, ressalte-se que a escolha caberá ao consumidor,o qual poderá também acionar o judiciário para que seja concedido oempréstimo nos termos oferecidos inicialmente.

1.2 Publicidade 

A publicidade encontra-se presente em nosso dia-a-dia. Mesmo quandonão percebemos, estamos sendo bombardeados por anúncios de produtos eserviços pelos mais diversos meios de comunicação (rádio, TV, jornaisimpressos, internet etc). Para tutelar os direitos dos consumidores e garantirque a transparência, lealdade e boa-fé não sejam turbados pelos excessos da

propaganda, o CDC apresenta um elenco de regras de grande relevância, asquais se encontram consignadas nos arts. 36 a 38 daquele diploma legal.

A publicidade é uma espécie do gênero marketing . Trata-se de todainformação que tem como destinatário o público em geral, com o objetivo depromover e difundir, de modo direto ou indireto, mercadorias oferecidas nomercado de consumo.

E qual é a diferença entre publicidade e propaganda?

A publicidade tem natureza comercial. Busca a sedução direta e imediatados consumidores, com a utilização das mais variadas técnicas para despertar o

AAA lll ttt eee rrr nnn aaa ttt iii vvv aaa sss ddd ooo ccc ooo nnn sss uuu mmm iii ddd ooo rrr nnn ooo ccc aaa sss ooo ddd eee rrr eee ccc uuu sss aaa nnn ooo ccc uuu mmm ppp rrr iii mmm eee nnn ttt ooo  

ddd aaa ooo fff eee rrr ttt aaa :::  

•• eexxiiggiirr oo ccuummpprriimmeennttoo f f oorrççaaddoo ddaa oobbrriiggaaççããoo,, nnooss tteerrmmooss ddaa oof f eerrttaa,, aapprreesseennttaaççããoo oouu ppuubblliicciiddaaddee;; 

•• aacceeiittaarr oouuttrroo pprroodduuttoo oouu pprreessttaaççããoo ddee sseerrvviiççoo eeqquuiivvaalleennttee;; 

•• rreesscciinnddiirr oo ccoonnttrraattoo,, ccoomm ddiirreeiittoo àà rreessttiittuuiiççããoo ddee qquuaannttiiaa eevveennttuuaallmmeennttee aanntteecciippaaddaa,, mmoonneettaarriiaammeennttee aattuuaalliizzaaddaa,, ee aa ppeerrddaass ee ddaannooss.. 

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interesse em produtos e serviços. Tem como escopo conquistar novos clientesou manter os que já possui.

Diferente deste imediatismo, a propaganda tem um fim ideológico,filosófico, econômico ou religioso. Divulgam-se idéias com o intuito de sepromover adesão a uma determinada corrente de pensamentos, tal como umaagenda de um partido político ou as convicções de um segmento religioso.

O art. 36 determina que a publicidade deve ser facilmente identificadacomo tal. Trata-se do princípio da identificação da publicidade. Tem oconsumidor o direito subjetivo de compreender que está diante de umainformação comercial, a qual naturalmente apresenta o produto ou serviço comcerta parcialidade. Evita-se, assim, a chamada publicidade subliminar.

Candidato, você já reparou que alguns anúncios têm o aviso “informepublicitário”? Esta é uma forma usada por fornecedores para permitir que anatureza publicitária do anúncio veiculado em determinado instrumento demídia seja rapidamente percebida pelo consumidor.

Muitas vezes, os fornecedores utilizam-se de técnicas diferenciadas paraatrair a atenção de sua possível clientela. Se for publicado um encartepublicitário com aparência de jornal, afirmando que determinado produto foi

considerado o melhor do mercado nacional, é certo que deverá constar umainformação de que se trata de um anúncio comercial. Caso contrário, oconsumidor poderá ser induzido a erro.

Ainda no art. 36, em seu o parágrafo único, define-se a obrigação de ofornecedor manter em seu poder os dados fáticos, técnicos e científicos que dãosustentação à mensagem publicitária.

Se uma empresa de alimentos assegura que determinado produtocolocado no mercado tem, comprovadamente, efeitos que auxiliam na redução

do colesterol, deverá guardar os dados fáticos ou as pesquisas que sustentamtal afirmação. É lógico que não há obrigatoriedade de que tal fornecedordivulgue informações próprias da sua atividade empresarial (como fórmulas deremédios ou refrigerantes).

Prosseguindo na matéria, devemos agora tratar da relevante diferençaentre publicidade enganosa ou abusiva, nos termos dos parágrafos primeiro esegundo do CDC:

“§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de 

caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 

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modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a 

respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,

origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.” 

“§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se 

aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 

consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.” 

No estrito entendimento do parágrafo primeiro do art. 37, para serconsiderada enganosa a publicidade deve divulgar uma informação falsa ouparcialmente falsa, criando no consumidor, independentemente de seu grau deinstrução expectativas que não correspondem à realidade do produto ouserviço.

Imagine-se que um consumidor assista a um anúncio na televisão de umnovo tipo de forno microondas, capaz de descongelar alimentos em poucos

segundos. Na TV, um ator coloca uma lasanha congelada no aparelho e,enquanto bebe um pequeno copo de suco, o alimento fica pronto para consumo.O locutor afirma que o forno é extremamente potente e capaz de fazerverdadeiros “milagres”.

Interessado neste fantástico produto, o consumidor dirige-se à loja maispróxima e adquire o aparelho. Ao chegar em casa, coloca uma pizza no forno e,para sua surpresa, não obstante ser realmente mais potente que a maioria dosmicroondas à disposição no mercado, ainda tem que aguardar alguns minutos

para que o alimento seja descongelado.Note, candidato, o anúncio não menciona que a lasanha

será‘descongelada em menos de um minuto. Contudo, ao criar a expectativa deque tal procedimento dura menos do que o tempo para beber um pequeno copode suco, é certo que o consumidor poderá ser induzido a erro, acreditando que,de fato, o descongelamento irá ocorrer em período inferior a um minuto.

Na hipótese apresentada, estamos diante de um caso de publicidadeenganosa.

Os fornecedores e publicitários que estiverem mal intencionados podemser muito criativos no momento de seduzir o consumidor. Para criar a ilusão que

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pretendem vender, utilizam-se do apelo impacto visual sempre aceitável, dasedutora presença de atores muito bem pagos e objetivamente dirigidos, paraconvencer, por meio de frases de efeito ou de afirmações parcialmente

verdadeiras para enganar. Também podem fazer uso de mensagens ambíguas(que apresentam um dos sentidos em descompasso com a realidade) ouimplícitas (que apresentam uma mensagem implícita falsa).

Com a utilização destas ferramentas, o consumidor passa a ter uma visãodistorcida da realidade, notadamente em relação à natureza, características,qualidade, quantidade, preço e formas de pagamento dos produtos e serviçoscolocados no mercado. Por essa razão, a publicidade enganosa é condenadapelo Código de Defesa do Consumidor.

É evidente que o puffing , técnica publicitária que utiliza o exagero, aindapode ser utilizado, desde que não se preste à ilusão do consumidor e sejainofensiva. Com efeito, não é possível considerar uma publicidade enganosasomente porque ela afirmou que determinado serviço é o melhor do mercado ouque determinado produto pode levar o consumidor ao paraíso.

Essa publicidade viciada também pode ocorrer por omissão. Nos termosdo §3º do art. 37, “a publicidade é enganosa por omissão quando deixar deinformar sobre dado essencial do produto ou serviço”.

Se um anúncio informa a venda de pacotes de turismo por preço muitoinferior aos praticados no mercado, mas omite a informação de que a viagemdeverá ser feita até determinada data e que os hotéis são de baixa qualidade, épatente que dado essencial sobre o serviço não foi repassado ao consumidor,sendo possível considerar tal publicidade como enganosa por omissão.

E quanto à publicidade abusiva?

De acordo com o teor do §2º do art. 37, é evidenciado que o CDC buscou

proteger à sociedade e os valores que a suportam, impedindo a divulgação deideias, pensamentos e informações que possam prejudicar a integridade físicaou moral do consumidor.

Se o anúncio de um brinquedo mostra a criança utilizando-o de maneiraperigosa ou incitando a violência, é certo que a publicidade será consideradaabusiva. Como exemplo, imagine-se o material publicitário de uma espada deplástico que é apresentada por um menino que agride outras crianças.

Da mesma forma, se a publicidade de um novo modelo de carro traz,

ainda que implicitamente, mensagens discriminatórias a respeito da classesocial ou raça, com a sugestão de que somente certo segmento da sociedadetem condições de adquirir o veículo, poderá ser considerada abusiva.

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É necessário atentar que o elenco de práticas que podem ser consideradasabusivas é meramente exemplificativo, tendo em vista que o legislador optoupor utilizar a expressão “entre outras”.

Registre-se que tanto a publicidade enganosa como a abusiva são ilícitospenais, de acordo com os arts. 67 e 68 do Código de Defesa do Consumidor.

Para concluir esta etapa, merece destaque o art. 38 da Lei nº 8.078/90,que prevê que o “ônus da prova da veracidade e correção da informação oucomunicação publicitária cabe a quem as patrocina.” 

Não se trata de inversão do ônus da prova, o qual foi discutido em nossoúltimo encontro. Na realidade, trata-se de uma regra específica que distribui o

ônus da prova no caso de discussão em torno da veracidade e correção dainformação ou publicidade. Ou seja, é uma inversão que decorre da própria lei,independentemente da vontade do juiz.

Assim, havendo discussão judicial em torno da adequação dasinformações divulgadas por determinada campanha publicitária, caberá aoanunciante demonstrar que os dados disponibilizados na mídia estão emsintonia com o produto ou serviço colocado no mercado de consumo.

2) Prá t i cas abusivas de m ercado

Segundo o art. 6º, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, um dosdireitos básicos do consumidor é a proteção contra as cláusulas e práticasabusivas. Este texto, que é um standard  legal, ganha preenchimento no que éfigurado pelo art. 39, onde se tem a enumeração de um rol de doze práticascomerciais que podem ser consideradas abusivas, e cuja execução é vedada aofornecedor de produtos ou serviços.

O alcance desse elenco de hipóteses é amplo mas, desde o advento da Lei8.894/94, tornou-se meramente exemp l i f i ca t i vo , com a introdução do termo “dentre outras”, justamente no caput  do referido artigo.

Entende-se que o legislador, diante da impossibilidade de preverlegalmente todas as espécies de práticas abusivas, buscou ampliar o alcance doreferido preceito, de forma a se resguardar contra as constantes mudanças nasociedade de consumo e abranger a maior gama de condutas abusivas

praticadas por fornecedores.Não se trata, portanto, de numerus clausus , e nem estão esgotadas aí as

situações que a norma considera prática abusiva. A própria Lei 8.078/90 já

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abria margem à previsão de diversas outras práticas comerciais que sãoconsideradas abusivas, mas que pela técnica legislativa utilizada não seencontram previstas no rol do art. 39. É o que consta dos arts. 10, 18 em seu

parágrafo sexto, 20 em seu parágrafo segundo, 32, 36, dentre outros.

O objetivo da regra do art. 39 é propiciar a criação de um ambientesaudável entre consumidores e fornecedores, consignando um rol de práticasque ultrapassam a regularidade do comércio e afastam-se do dever genérico deboa conduta, decorrente do princípio da boa-fé objetiva.

Candidato, para que você possa familiarizar-se com este assunto, vamosfazer uma breve exposição sobre cada uma destas práticas nas linhas seguintes,para que sejam melhor compreendidas e memorizadas.

I - cond iciona r o fo rnec imen t o de p rodu t o ou de serv i ço ao  

fo rnec imen to de ou t ro p rodu to ou se rv i ço , bem como, sem jus ta  

causa , a l im i tes quan t i ta t i vos .

A prática comercial chamada “venda casada” encontra-se prevista noinciso I do art. 39 do CDC, e consiste no condicionamento do fornecimento de

um produto ou serviço à aquisição forçada ou induzida de outro produto ouserviço. No mesmo dispositivo também está expressa a proibição de condicionaro fornecimento de produto ou serviço a limites de quantidade, sem justa causa.

Como exemplo deste tipo de conduta reprimida pela legislaçãoconsumerista, podemos recordar a utilização das gerências comerciais debancos para a venda de seus produtos de seguros, capitalização e previdênciacomplementar. O cliente recorre à instituição financeira para obter umempréstimo e, em troca do crédito, o banco “sugere”, praticamente exigindo, na

chamada “contrapartida”, a aquisição de um daqueles produtos.Outra hipótese onde é evidente a prática da venda casada ocorre quando

o consumidor deseja comprar somente um ingresso para o cinema, e a empresaexibidora exige que também seja adquirido um vale, que dá direito a umrefrigerante ou pipoca.

É necessária cautela na análise de alguns casos, tendo em vista que, paraque se configure a venda casada, há necessidade de que os produtos e serviçosnão sejam usualmente comercializados separadamente. O fornecedor de

produtos de informática não está obrigado a vender peças isoladas docomputador colocado à disposição do mercado.

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A proibição da venda casada tem como fundamento preservar o direitobásico da livre escolha do consumidor. Se há o desejo pela aquisição dedeterminado produto ou serviço, não é possível obrigá-lo a adquirir aquilo que

no momento não lhe interessa.

Apenas para ilustrar a gravidade desta conduta, frise-se que a vendacasada também é considerada um ilícito penal, de acordo com o art. 5º, incisoII, da Lei nº 8.137/90, que prevê pena de dois a cinco anos de detenção paraaquele que subordinar a venda de um bem ou utilização de um serviço àaquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço.

I I - r ecusa r a tend im en to às dem andas dos consum ido res, na exa ta  

med ida de suas d ispon ib i l idades de es toque, e , a inda , de  

con fo rm idade com os usos e cos tum es  .

O art. 39, inciso II do CDC, reza que se o fornecedor negar-se a atender àdemanda do consumidor, quando tem os produtos em estoque ou quando seache habilitado à prestação do serviço, tal prática será considerada abusiva. O

mesmo inciso menciona, ainda, a necessidade da aplicação dos “usos ecostumes” nessa fase pré-contratual.

Cria-se uma obrigação para que o fornecedor contrate e atendaindistintamente a qualquer consumidor, não sendo possível a escolha arbitráriade seus clientes, salvo motivo excepcional devidamente comprovado.

Deste modo, havendo disponibilidade, um hotel não poderia recusarcertos hóspedes e nem o restaurante negar-se a receber determinados clientes.Contudo, se uma casa noturna não permitir a entrada de grupo de pessoas quenão está adequadamente vestida para o ambiente, não há violação à regra aquidiscutida. A análise deve ser feita de modo pontual.

Da mesma forma, se há divulgação de uma promoção, com oferta de umproduto por preço inferior à média praticada no mercado, o fornecedor deveatender à respectiva demanda gerada pela publicidade, de acordo com seusestoques. É comum que alguns fornecedores, com o escopo de atender ao CDC,mencionem em seus anúncios a quantidade de peças que tem em estoque.

Repare, candidato, que o inciso II do art. 39 pode ser considerado comouma complementação do art. 30, debatido anteriormente, e que dispõe sobre oefeito vinculante da oferta.

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I I I - env ia r ou en t rega r ao consum ido r , sem so l i ci tação p rév ia ,

qua lque r p rodu to , ou f o rnecer qu a lque r serv i ço .

É comum recebermos em nossa casa correspondências com cartões decrédito ou propostas para a realização dos mais diversos serviços. Nos termosdo inciso III, do art. 39 do CDC, esta remessa espontânea não obriga oconsumidor, o qual, caso não se interesse pelo serviço ou produto, podedesconsiderar a proposta.

Neste passo, é oportuno fazer menção ao parágrafo único do mesmo

artigo 39, que assevera que os “serviços prestados e os produtos remetidos ouentregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se àsamostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento”.

Sendo assim, o consumidor não pode ser cobrado por estes produtos eserviços, que devem considerados como amostras grátis.

I V - p reva lece r - se da f r aqueza ou igno r ânc ia do consum ido r , tendo  

em v is ta sua idade, saúde, conhec imento ou cond ição soc ia l , para  im p ing i r - l he seus p rodu t os ou se rv i ços .

O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é um dos traçosmarcantes do CDC, e serve como principio basilar às normas de proteção que  justificam sua própria existência. E é com vistas a esse princípio que olegislador inseriu no rol de práticas abusivas o inciso IV do art.39, em que éproibido ao fornecedor aproveitar-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,

tendo em vista sua saúde, conhecimento ou condição social, para induzi-lo àobtenção de seus produtos ou serviços.

Como exemplo, podemos citar a instituição financeira que se aproveita daidade avançada do consumidor para o oferecimento de produtos e serviços emcondições desarrazoadas, ou a clínica particular que exige uma série degarantias diferenciadas dos familiares do paciente que se encontra em graveestado de saúde.

Evidencia-se que o dispositivo legal em comento busca impedir que o

fornecedor aproveite-se de situações nas quais o consumidor não tem acompreensão ou o discernimento completo para avaliar a proposta. Assim, são

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preservados os direitos à integridade física, moral e patrimonial e da livreescolha.

V - ex ig i r do consum ido r van t agem m an i festam en te excessiva .

O inciso V do art. 38 da Lei nº 8.078/90 tem como foco principal agarantia do equilíbrio contratual entre as partes da relação de consumo. Buscaimpedir que o fornecedor, aproveitando-se de sua condição de superioridadeeconômica e da hipossuficiência do consumidor, imponha uma condiçãoexcessivamente onerosa a este último.

O equilíbrio na relação de consumo é um dos pilares de sustentação doregime consumerista e permeia todo o microssistema normativo inauguradopelo CDC. Qualquer prática que ameace violar este princípio basilar éconsiderada como uma ameaça ao Sistema de Defesa do Consumidor.

Como veremos em nosso próximo encontro, o inciso IV do art. 51 do CDCtambém trata deste tema, ao prever a nulidade das cláusulas que coloquem oconsumidor em exagerada desvantagem.

Neste passo, em harmonia com o entendimento da doutrina, podemosutilizar o parágrafo primeiro do art. 51 como auxílio para identificação do que seriauma vantagem manifestamente excessiva. Assim, seriam aquelas que ofendemos princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertencem (inciso I);restringem direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza docontrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual (inciso II);mostram-se excessivamente onerosas para o consumidor, considerando-se anatureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstânciaspeculiares ao caso (inciso III).

Por fim, é oportuno notar que não há necessidade de que a vantagemexcessiva seja concretizada para que seja configurada uma prática abusiva: aexigência já é suficiente.

VI - execu ta r se rv i ços sem a p rév ia e labo ração de o r çamen t o e  

au to r ização expressa do consumidor , ressa lvadas as decor ren tes  

de p rá t icas an t e r io res en t r e as par t es .

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Para que sejam observados os princípios da boa-fé objetiva, datransparência e da informação, a execução dos serviços deve ser precedida deinformação suficientemente clara acerca dos custos que serão suportados pelo

consumidor.

Imagine-se que um consumidor perceba que seu aparelho celular não estafuncionando adequadamente e então se dirija à respectiva autorizada. Oproduto é deixado na loja para que seja feita uma análise do problema. Aoretornar, dias depois, o consumidor tem a notícia de que o aparelho já estáfuncionando normalmente e que o valor do serviço é de R$ 300,00. Ora, talprática é evidentemente abusiva, tendo em vista que o conserto foi realizadosem autorização do cliente e sem que fosse previamente feito um orçamento.

O art. 40 do CDC nos apresenta um conjunto de relevantes regras quedevem ser observadas pelos fornecedores na elaboração do orçamento.

De início, cabe destacar que o orçamento deve ser preciso e completo, demodo que o consumidor seja devidamente informado sobre as condições emque o serviço será realizado. Com efeito, o caput  do art. 40 reza que devem serdiscriminados “o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a seremempregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início etérmino dos serviços”.

O prazo da proposta é de dez dias, contados do seu recebimento peloconsumidor (§1º). É importante notar, ainda, que a proposta de orçamento temforça obrigatória para o fornecedor e o consumidor – ressalte-se que ofornecedor já se encontrava obrigado pela mera elaboração da peça, nos termosdo art. 30 -, e só pode ser modificada pela livre negociação entre as partes.

VI I - r epassa r i n fo rm ação dep recia t i va , r e feren t e a ato p r a t i cado  

pe lo consum idor n o exerc íc io de seus d i re i t os  

O inciso em comento busca preservar a intimidade do consumidor, deforma que os dados negativos a respeito de sua pessoa fiquem restritos a umfornecedor.

Nenhum fornecedor pode divulgar a informação de que determinadoconsumidor ingressou com uma demanda judicial ou apresenta constantementequeixas no Procon. Evita-se, assim, constrangimentos desnecessários ao

consumidor, o qual poderia passar por situações vexatórias, em virtude de terexercido um direito legalmente previsto.

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O inciso VII do art. 39 do CDC é um reforço ao art. 43, que será vistoadiante nesta aula. É naquele dispositivo legal que são discutidos os limites quedevem ser observados pelos cadastros de informações a respeito dos

consumidores.

V I I I - c o lo ca r , n o m e r ca d o d e co n su m o , q u alq u e r p r o d u to o u  

serv iço em desacordo com as normas exped idas pe los ó rgãos  

o f ic ia is com pet en t es ou , se norm as especí f i cas não ex is t i rem , pe la  

Assoc iação Bras i le i ra de Normas Técn icas ou ou t ra en t idade 

c redenc iada pe lo Conse lho Nac iona l de Met r o log ia , Norm al ização e  

Qu a l id a d e I n d u s t r i a l ( Co n m e t r o ) .

Conforme já debatido em nossas aulas, o eixo de articulação dos objetivosdo CDC é a busca da satisfação dos consumidores, através da proteção de suaslegítimas expectativas acerca dos produtos e serviços adquiridos.

Caminhando neste sentido, o art. 39 do Código de Defesa do Consumidorprevê, em seu inciso VIII, que se será considerará abusiva a colocação nomercado de consumo de qualquer produto ou serviço em desacordo com as

normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes.O objetivo da norma e diminuir os riscos a que os consumidores estão

expostos no mercado de consumo, resguardando as legítimas expectativasdepositadas no produto ou serviço. Devem ser observados os direitos previstosno art. 6º do CDC, tais como o direito à proteção da vida, saúde e segurança eo direito à informação adequada e clara acerca dos serviços e produtoscolocados à disposição no mercado.

De acordo com o que será apresentado nas próximas aulas, a colocação

de produtos ou serviços que desatendam às normas técnicas expedidas pelasautoridades competentes pode gerar uma sanção administrativa ao infrator, deacordo com a racionalidade do art. 56 da Lei nº 8.078/903.

I X - recusar a vend a de bens ou a p res tação de serv iços,

d i r e tamen te a quem se d i sponha a adqu i r i - l os med ian te p ron to  

3 Saliente-se que, nos termos do inciso III, do art. 2º da Lei 1.521/51, que dispõe sobreos crimes contra a economia popular, é crime expor a venda ou vender mercadoria ou produtoalimentício, cujo fabrico haja desatendido a determinações oficiais, quanto ao peso ecomposição.

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pagamento , ressa lvados os casos de in te rmed iação regu lados em 

le is espec ia is .

A Lei nº 8.884/94 (também chamada de Lei Antitruste) introduziu aredação do inciso IX, do art. 39 do CDC.

Note, candidato, que tal dispositivo tem forte correlação com o inciso II,  já debatido nas linhas anteriores, e que também veda a recusa da venda deprodutos ou serviços aos que se dispuserem a efetuar o pronto pagamento.

Em relação à distinção entre os dois incisos, é oportuna a transcrição dalição apresentado pelo doutrinador Rizzato Nunes, que, ao tratar do tema,

assevera o seguinte:

“(...) a norma do inciso IX é mais ampla e se dirige a qualquer pessoa (“a 

quem”), independente de ser consumidora ou não. Isso fica mais patente quando, na segunda parte, a norma faz uma ressalva aos casos de 

intermediação que, eventualmente, sejam regulados em leis especiais.

Logo, dois alvos surgem com o inciso IX: a) o dos comerciantes, que não podem recusar-se à venda, ainda que o comprador não seja consumidor; 

b) o dos atacadistas, distribuidores e fabricantes, que não podem recusar as vendas quer o comprador seja consumidor ou outro fornecedor qualquer” 

X - e levar sem j us ta causa o p reço de p rodu to s ou serv iços .

O inciso X está em harmonia com o §4º do art. 173 da Constituição

Federal, que veda o abuso do poder econômico e o aumento arbitrário doslucros.

Ou seja, ainda que vigore em nosso País um sistema de liberdade demercado, o Estado poderá agir para evitar uma elevação injustificada de preços,o que gera insegurança social, com evidente prejuízo às classes menosfavorecidas.

É claro que, de acordo com os princípios da livre iniciativa e da livreconcorrência, o fornecedor poderá decidir livremente aumentar ou reduzir seuspreços, até para que possa se adaptar a novas condições de mercado. O que a

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lei veda é a busca desenfreada pelo lucro, por meio da elevação desarrazoadade preços em situações de excepcionalidade.

Registre-se que o art. 41 prevê a possibilidade de tabelamento de preço,dispondo que “os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de,não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso,monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, odesfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis”.

X I I - d e i x a r d e es t i p u l ar p r a z o p ar a o c u mp r im e n to d e su a  

obr igação ou de ixar a f i xação de seu te rmo in ic ia l a seu exc lus ivo  

c r i té r io .

É usual no mercado de consumo o aparecimento de contratos onde estejaprevisto um determinado período para que o consumidor cumpra a suaprestação contratual, sem que ocorra o mesmo em relação ao fornecedor.Desse modo, cria-se unilateralmente para o fornecedor a opção de escolha dequando deseja cumprir a obrigação pactuada.

O Código de Defesa do Consumidor, buscando justamente coibir o

aparecimento de situações como estas – em que fica evidenciado o desequilíbrioentre os contratantes -, inscreve, no elenco de práticas que são consideradasabusivas, a falta de prazo para o cumprimento da obrigação, ou sua fixaçãoquando é mantida a exclusivo critério do fornecedor.

Como exemplo, imagine-se que um consumidor contrate o seguro de seucarro e, após alguns meses, o bem venha a ser roubado. A falta de prazo paraque a empresa seguradora pague a indenização gera intranquilidade e fere oespírito do regime consumerista.

Deste modo, da mesma forma que há um prazo para que o seguradopague as prestações do seguro contratado, também deve haver previsão paraque seja feito o pagamento do sinistro.4 

X I I I - ap l i ca r fó rm u la ou índ ice de reaju s te d i ve rso do lega l ou  

con t ra tu a lmen t e estabe lecido .

4 A circular nº 256 de 2004 da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP estabeleceo prazo de trinta dias para liquidação do sinistro, a partir da comunicação do evento por partedo segurado.

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3) Cobr ança de d ív idas

Com o intuito de proteger os direitos à imagem e à privacidade doconsumidor, bem como resguardar sua integridade física e moral, o art. 42 daLei nº 8.048/90 prevê algumas restrições na forma com que os consumidorespodem ser cobrados por eventuais débitos.

Assim, o aludido preceito legal determina que “o consumidor inadimplentenão será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo deconstrangimento ou ameaça.” 

Muitas vezes, empresas fornecedoras mal assessoradas juridicamente, na

busca desenfreada pela lucratividade de seus produtos e serviços, acabam porviolar o regime consumerista, expondo devedores a práticas condenadas peloCDC. Insta repisar que a hipossuficiência do consumidor é um dos alicerces daLei nº 8.078/90, não sendo lícito ao fornecedor aproveitar-se desta fraquezapara a cobrança de débitos.

A divulgação pública de lista de inadimplentes ou a restrição para que oconsumidor ingresse em determinados estabelecimentos comerciais oueducacionais – como a proibição para que o estudante ingresse nas salas de

aula da faculdade – podem criar uma situação vexatória, o que gera o direito àindenização por danos morais. Se um restaurante coloca do lado de fora doestabelecimento um quadro com um cheque de um cliente, devolvido por faltade provisão de fundos, é patente que o consumidor estará exposto a umconstrangimento não tolerado pela lei.

Por outro lado, é importante notar que o fornecedor pode perfeitamenteusar de meios lícitos e adequados para a cobrança de débitos em atraso. Oenvio de correspondência para a residência do consumidor inadimplente não

caracteriza constrangimento legal, desde que não constem ameaças ou palavrasofensivas.

A cobrança judicial de dívida vencida também não caracteriza violação àregra positivada no art. 42 do CDC, ainda que o pedido seja julgadoimprocedente. Trata-se do exercício regular do próprio direito de ação. Nestadireção, o artigo 153 do Código Civil reza que não “se considera coação aameaça do exercício normal de um direito (…) ”.

É importante enfatizar que o art. 71 do CDC serve como complemento à

regra aqui aventada, ao dispor que é considerado um ilícito penal a utilização, “na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento

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que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seutrabalho, descanso ou lazer”. Destarte, diante da dificuldade de se determinarse a cobrança de uma dívida constituiu ou não uma ofensa à Lei Consumerista,

devem ser utilizados estes elementos consignados na redação do art. 71, quepermitem uma melhor interpretação e compreensão dos termos do art. 41.

O parágrafo único do art. 42 do CDC dispõe que “o consumidor cobradoem quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por va lo r i gua l aod o b ro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juroslegais, salvo hipótese de engano justificável.” 

Imagine que uma pessoa entre em contato com a empresa de telefoniafixa e solicite o cancelamento do serviço. Diante de tal pedido, a empresafornecedora determina o corte imediato da linha. Apesar de não estar maisusufruindo dos serviços, o consumidor continua a receber boletos bancáriospara o pagamento de R$ 100,00 reais por mês.

Mesmo tendo ciência de que tal cobrança é indevida, o consumidor, comreceio de que seu nome seja inscrito em algum cadastro de inadimplentes,resolve pagar aquela quantia pelo prazo de quatro meses, quando, enfim,decide propor uma ação judicial.

Nesta hipótese, de acordo com a regra vista acima, considerando que oconsumidor pagou a quantia de R$ 400,00, é certo que terá direito a serressarcido no valor de R$ 800,00, o dobro do que foi gasto, com juros ecorreção monetária, já que o serviço não estava mais sendo prestado pelaempresa de telefonia.

Todavia, se, em virtude de obras em uma residência, a medição doconsumo de água é feita de modo incorreto pela empresa prestadora desteserviço, gerando uma cobrança em valor superior ao que foi efetivamenteutilizado, pode-se argumentar que se trata de engano justificável, o queafastaria a obrigação de devolver em dobro os valores que foram cobradosindevidamente (é lógico que remanesce o direito de o consumidor de reaver oque foi pago).

Repare, candidato, que, de acordo com a racionalidade do texto legalacima transcrito, para que exista o direito à repetição do indébito, por valorigual ao dobro do que se pagou em excesso, deve ter ocorrido o p a g a m e n todaquela quantia. A mera cobrança de valores indevidos não é suficiente paraque seja aplicada a regra do parágrafo único do art. 42.

A norma do art. 42-A garante o direito à informação do consumidor.Assim, nos “documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor,

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deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro dePessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ dofornecedor do produto ou serviço correspondente”.

4) Bancos de dados e cadas t ro s , serv iços de p ro t eção ao c réd i t o

De acordo com os princípios da transparência e da informação, o art. 46da Lei nº 8.078/90 dispõe que o consumidor deverá ter acesso às informações

existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumoarquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

O objetivo da norma é criar um mecanismo eficiente para evitar quefornecedores utilizem-se de bancos de dados secretos, para troca deinformações acerca do perfil do consumidor.

O direito às informações que se encontram guardadas nesses bancos dedados tem índole constitucional. De fato, o habeas data é um remédio previstona Constituição Federal, e poderá ser concedido pela autoridade judiciária para:(a) assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou decaráter público; (b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo porprocesso sigiloso, judicial ou administrativo.

Como exemplos de bancos de dados, podemos citar os Serviços deProteção ao Crédito – SPCs ou o Serasa, que normalmente registra os débitosrelativos a cheques emitidos sem provisão de fundos. Tais cadastros guardaminformações acerca do não-pagamento por parte do consumidor de dívidasvencidas de valor já determinado. Esses serviços prestam relevantes

OOO pppaaagggaaammmeeennntttooo ééé cccooonnndddiiiçççãããooo nnneeeccceeessssssááárrriiiaaa pppaaarrraaa qqquuueee ssseee ttteeennnhhhaaa dddiiirrreeeiiitttooo ààà rrreeepppeeetttiiiçççãããooo dddooo iiinnndddééébbbiiitttooo,,, nnnaaa f f f ooorrrmmmaaa dddooo aaarrrttt... 444222... 

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informações para os comerciantes, os quais poderão melhor avaliar o perfil deum consumidor para vendas a crédito.

É imperativo destacar que tal serviço não encontra óbice no ordenamentoconsumerista. Com efeito, a redação do próprio parágrafo primeiro do art. 43permite alcançar o entendimento de que é possível que os cadastros e dadoscontenham informações negativas a respeito do consumidor.

Ainda naquele dispositivo normativo, observe-se que o legisladorconsumerista determinou que os cadastros e dados de consumidores devem serobjetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, de modoque reste garantido o atendimento aos princípios já mencionados datransparência e informação. Imagine que o nome de um consumidor estejainscrito em um cadastro de proteção ao crédito por dívida de valor impreciso.Logicamente, estará ocorrendo a violação da norma em comento.

Cabe ao fornecedor a obrigação de enviar ao arquivista as informações arespeito do devedor de modo preciso e completo, para que o cadastro seja feitode forma correta, permitindo que o consumidor compreenda com perfeição arazão pela qual seu nome foi negativado.

Ademais, o parágrafo primeiro do art. 43 veda que os referidos cadastros

contenham informação negativas referentes a período superior a cinco anos. Ouseja, decorridos cinco anos da inserção de uma informação, deve ser canceladoo apontamento negativo do consumidor.

Contudo, conforme os parâmetros do parágrafo quinto do mesmo art. 43,parte significativa da doutrina entende que o prazo pode ser inferior a cincoanos. De fato, se os Sistemas de Proteção ao Crédito não devem manter oudisponibilizar dados referentes a débitos prescritos e, caso a prescrição ocorraem prazo menor do que cinco anos, não há necessidade de que o nome doconsumidor permaneça negativado.

Ora, se o fornecedor não exerceu seu direito de ação dentro do prazolegal estabelecido, a manutenção do nome do devedor em cadastro deinadimplentes não terá qualquer utilidade, servindo somente como uminstrumento para constranger o consumidor5.

5 Neste sentido, O STJ decidiu que o ”nome do devedor inadimplente há de ser mantido

nos cadastros de proteção ao crédito pelo período máximo de cinco anos, a contar da data desua inclusão. No entanto, há possibilidade de haver sua exclusão antes do decurso desse prazose verificada a prescrição do direito de propositura de ação, visando à cobrança do débito” (STJ,AGRG 630893/RS, julgado em 15/02/05)

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Nesta linha, merecem destaque novamente as palavras de Rizzato Nunes:

“O máximo de tempo que um consumidor pode, então, ficar “negativado” é cinco anos. Mas haverá prazos bem menores. Conforme já expusemos,

para a inserção do nome do consumidor no cadastro de inadimplentes a dívida tem de estar vencida, ser liquidada e certa e há de estar baseada 

em título. E muitos títulos de crédito prescrevem em prazos menores: 

cheque prescreve em 6 meses a contar da apresentação; duplicata em 3 anos contra o sacado, contados do vencimento do título etc” 

É conveniente frisar que, para garantir a possibilidade de o consumidoradotar medidas judiciais ou extrajudiciais oportunamente, bem como propiciar achance de o consumidor pagar seu débito, a negativação deve ser comunicadapor escrito ao consumidor (§2º). Note, candidato, que a comunicação feita portelefone não é válida.

Saliente-se que esta oportunidade para que o consumidor manifeste-setem como escopo impedir uma situação constrangedora, que poderia serevitada com o mero adimplemento da obrigação que está em atraso. A

negativação do nome não é a forma para que a dívida seja cobrada, e sim uminstrumento de pressão no consumidor.

Ainda sobre a necessidade de comunicação ao consumidor da inscrição emcadastro de devedores, a súmula nº 359 do Superior Tribunal de Justiça dispõeque cabe “ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito anotificação do devedor antes de proceder à inscrição.” 

O terceiro parágrafo do art. 43 permite que o consumidor corrija os dadosincorretos a seu respeito que estiverem nos bancos de dados e cadastros de

consumidores. Ressalte-se que a negativação indevida do nome de consumidorque se encontra em dia com suas obrigações pode, por si só, gerar umaindenização por danos morais e materiais, ainda que haja demora para o pedidode correção.

A natureza pública dos bancos de dados e cadastros de consumidores estáconsignada no parágrafo quarto do art. 43. A opção do legislador de oferecer taltratamento, tem como fundamento a necessidade de sujeitar este serviço a umcontrole mais rigoroso, sujeitando-o a todas as limitações impostas às entidades

públicas, inclusive a possibilidade de figurar em uma ação de habeas data proposta pelo consumidor.

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Nesta linha, deve-se recordar que, nos termos da Lei nº 9.507/97, queregula o aludido remédio constitucional, considera-se “de caráter público todoregistro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser

transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ouentidade produtora ou depositária das informações.” 

Por fim, o art. 44 do CDC idealizou um banco de dados de mausfornecedores, dispondo que os “órgãos públicos de defesa do consumidormanterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contrafornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente.A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.” 

Assim, busca-se criar um relevante instrumento de defesa de interessesda coletividade, com inegável repercussão pedagógica, para que consumidorespossam se resguardar contra fornecedores de produtos ou serviços em relaçãoaos quais existam reclamações fundamentadas.

É imperativo salientar que, nos termos do parágrafo segundo do mesmoart. 44, as regras acima discutidas, relativas ao art. 43, também devem serobservadas por estes cadastros.

Garante-se, desta forma, a observância do princípio da boa-fé objetiva e

dos deveres de lealdade e transparência também por parte dos consumidores edos órgãos privados ou públicos que os representam, tais como os Procons. Asreclamações dos consumidores devem estar fundamentadas em fatosverossímeis, para que não prejudiquem indevidamente o nome de umfornecedor no mercado.

Insta salientar que a aplicação do parágrafo único do art. 22 do CDC,conforme o parágrafo segundo do art. 44, reforça a ideia de que os órgãospúblicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sobqualquer outra forma de empreendimento, estão sujeitas às reclamações dosconsumidores.

Prezados amigos, chegamos ao fim de nossa aula.

Conforme você deve ter percebido, o conteúdo apresentado neste

material é mais complexo e específico do que aquele que foi debatido em nossoprimeiro encontro. Naquela oportunidade foram ventilados alguns assuntosfundamentais para a compreensão do que foi visto nesta aula e nas seguintes.

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Sugiro especial atenção aos tópicos atinentes à responsabilidade por fatoe vício do produto ou serviço, bem como àqueles relativos às práticas abusivas,os quais são constantemente são cobrados em prova.

Vale lembrar, ainda, conforme já mencionado em nosso primeiroencontro, que a leitura pura dos dispositivos do Código de Defesa doConsumidor é medida indispensável para que a matéria seja compreendida emtoda a sua plenitude.

Forte abraço e até a próxima.

6) Exer c íc ios

1. (Juiz do Trabalho/TRT 21ª Região – 2010) O art. 28 do Código de Defesa doConsumidor (CDC) prevê a desconsideração da personalidade jurídica:

a) na hipótese de encerramento da pessoa jurídica, quando provocado por máadministração;

b) como dever do juiz, restringindo-se a concessão aos casos de abuso dedireito, excesso de poder e infração da lei;

c) atribuindo responsabilidade solidária às sociedades integrantes dos grupossocietários e às sociedades controladas;

d) atribuindo responsabilidade às sociedades coligadas apenas em caso de dolo;

e) como faculdade do juiz, aplicável quando houver estado de insolvência,encerramento ou inatividade de pessoa jurídica, sendo dispensável, nestescasos, a ocorrência da má administração.

2. (Delegado de Polícia/DF, NCE/UFRJ - 2005) Em matéria de direito doconsumidor, a responsabilidade por fato do produto verifica-se quando:

a) o bem adquirido apresenta algum defeito que compromete seufuncionamento;

b) o bem adquirido não foi entregue ao consumidor;

c) o bem adquirido, em decorrência de um defeito, causou um dano aoconsumidor;

d) o consumidor tem o dever de indenizar o fornecedor por eventuais danosdecorrentes do não pagamento ou do atraso no cumprimento de suasobrigações contratuais;

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e) o consumidor tem o dever de indenizar o comerciante por eventuais danosdecorrentes do não pagamento ou do atraso no cumprimento de suasobrigações contratuais.

3. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Com relação à reparação dedanos e à responsabilidade pelo fato e pelo vício do produto, marque a opçãocorreta:

a) profissionais liberais respondem objetivamente pelos danos que causaremaos consumidores;

b) como a responsabilidade do fabricante, construtor, produtor ou importador é

objetiva, a culpa exclusiva de terceiro não é suficiente para afastar o dever deindenizar por eventuais prejuízos gerados ao consumidor;

c) a adoção de novas técnicas faz com que um serviço possa ser consideradodefeituoso;

d) o comerciante não poderá ser responsabilizado por fato do produto;

e) as vítimas de acidente de consumo, ainda que não tenham participadodiretamente da relação, podem ser equiparadas a consumidores.

4. (OAB-MT – 2005) Cidadão cuiabano sofre grave lesão comprometedora davida ao servir-se de ônibus municipal, em razão da negligência do motorista.Nesse caso, a responsabilidade em questão é denominada:

a) pelo vício do serviço;

b) pelo fato do produto;

c) pelo vício do produto;

d) pelo fato do serviço.

5. (Magistratura/MS, FCC – 2010) Sobre a responsabilidade por fato e vício dosprodutos e serviços prevista no Código de Defesa do Consumidor, é incorretoafirmar que:

a) não sendo sanado o vício de qualidade no prazo legal, o consumidor podeexigir do fornecedor, a substituição do produto, a restituição da quantia paga ouo abatimento proporcional do preço;

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b) para fins de responsabilidade decorrente de fato do produto, equiparam-se aconsumidores todas as vítimas do evento danoso, ainda que não integrantes darelação contratual de consumo;

c) o comerciante é igualmente responsável pelo fato do produto quando ofabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem seridentificados;

d) a ignorância do fornecedor não o exime de responsabilidade por vício dequalidade por inadequação do produto vendido;

e) constatado pelo consumidor vício de qualidade do produto, o fornecedor teráum prazo máximo de 45 dias para saná-lo.

6. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Qual das opções abaixo nãoconstitui, nos termos da Lei nº 8.078/90, um direito do consumidor:

a) Adequada e eficaz prestação dos serviços públicos;

b) isenção de custas em processos judiciais envolvendo relação de consumo;

c) inversão do ônus da prova quando for verossímil a alegação;

d) revisão das cláusulas contratuais em razão de fatos supervenientes que as

tornem excessivamente onerosas;

e) divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços.

7. (MP/PA – 2000) O código de Defesa do Consumidor considera comoexcludente de responsabilidade pelo fato do produto:

a) ignorância do fornecedor sobre os defeitos do produto colocado no mercado;

b) culpa exclusiva do consumidor, unicamente;

c) culpa concorrente do consumidor ou de terceiro;

d) culpa concorrente do consumidor, unicamente;

e) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

8. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Em relação aos prazos dedecadência e prescrição previstos no Código de Defesa do Consumidor, é

possível afirmar que:

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a) os prazos decadenciais para reclamação em virtude de vício do produtoiniciam-se sempre do momento em que o consumidor notar o defeito;

b) o CDC prevê somente duas hipóteses que obstam o prazo decadencial:reclamação perante o fornecedor e instauração de inquérito civil;

c) o prazo prescricional para a pretensão à reparação pelos danos causados porfato do produto é de três anos;

d) o prazo decadencial para reclamar de vícios aparentes em bens não duráveisé de noventa dias;

e) os prazos para reclamar de vício ou fato do produto são decadenciais.

9. (Juiz/TJ-AC, CESPE - 2007) Ivan, a fim de consertar seu automóvel, procurouoficina mecânica e solicitou orçamento de serviços. Considerando essa situaçãohipotética, assinale a opção incorreta quanto às normas de defesa doconsumidor:

a) se aprovado por Ivan, o orçamento vinculará as partes contraentes;

b) se for executado qualquer serviço por terceiro, não-previsto no orçamento,Ivan não se obrigará a arcar com eventual acréscimo, mesmo que reste

comprovada a imperativa necessidade do mencionado serviço acrescido;c) o orçamento entregue a Ivan tem validade de 30 dias, salvo disposição emsentido contrário;

d) no orçamento confeccionado pela oficina, deve constar o valor da mão-de-obra, dos materiais e dos equipamentos a serem empregados, bem como ascondições de pagamento e as datas de início e término do serviço.

10. (Ministério Público/AM - 2001) Por intermédio de publicidade veiculada pelatelevisão, determinada empresa apresentou aos consumidores produto novoque, nos termos divulgados, seria a salvação para os calvos e carecas. Informouque o referido produto foi desenvolvido após longos anos de pesquisa científica.Comunicou, ainda, que a venda seria feita por via postal. Determinadoconsumidor, após efetuar o pagamento, recebeu uma peruca:

a) publicidade desleal;

b) publicidade enganosa;

c) publicidade abusiva;

d) exagero lícito no meio publicitário;

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e) situação que somente poderá ser considerada irregular após manifestação doConselho Nacional de Auto-Regulamentação.

11. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Se o fornecedor de produtosou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade:

I - o consumidor poderá exigir o cumprimento forçado da obrigação;

II – o consumidor poderá rescindir o contrato, com direito à restituição dequantia eventualmente antecipada, desde que o fornecedor concorde com talmedida;

III – o consumidor poderá aceitar outro produto ou prestação de serviçoequivalente.

a) Somente o item III está correto;

b) Somente o item II está correta;

C) Somente os itens I e III estão corretos;

d) Todos os itens estão corretos;

e) Somente os itens I e II estão corretos.

12. (SEFAZ/DF – FCC/2001) Em matéria de direitos do consumidor, é vedado aofornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas,

a) repassar informação referente a ato praticado pelo consumidor;

b) elevar o preço de produtos e serviços;

c) deixar de estipular prazo para cumprimento de sua obrigação;

d) aplicar fórmulas ou índices de reajuste;

e) exigir do consumidor qualquer vantagem.

13. (OAB/RO – 2005) Segundo o Código de Defesa do Consumidor, apublicidade que explora a deficiência de julgamento e a falta de experiência dacriança é denominada:

a) abusiva;

b) enganosa;

c) inverossímil;

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d) nenhuma das respostas.

14. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Qual dessas práticas não éconsiderada abusiva:

a) aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmenteestabelecido;

b) enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,ou fornecer qualquer serviço;

c) exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

d) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorizaçãoexpressa do consumidor;

e) Elevar os preços de produtos e serviços para adequá-los à realidadeeconômica.

15. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Acerca dos bancos de dadose cadastro de consumidores, marque a afirmativa incorreta:

a) Os cadastros e dados de consumidores não podem conter informaçõesnegativas referentes a período superior a cinco anos;

b) Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão;

c) A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deveráser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele;

d) Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços deproteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter

privado;

e) O consumidor deverá ter acesso às informações existentes em cadastros,fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bemcomo sobre as suas respectivas fontes.

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Gabar i to

Questão 1 – A

Questão 2 - C

Questão 3 - E

Questão 4 - D

Questão 5 - E

Questão 6 - B

Questão 7 - E

Questão 8 - B

Questão 9 – C

Questão 10 - B

Questão 11 - C

Questão 12 - C

Questão 13 - A

Questão 14 - E

Questão 15 - D

Comen tá r ios

Questão 1

A opção correta é a letra “a”, que está de acordo com a segunda parte doart. 28 da Lei nº 8.078/90.

A alternativa “b” não elenca todas as hipóteses previstas no art. 28 doCDC que permitem a desconsideração da pessoa jurídica. A opção “e” tambémnão se ajusta à redação daquele dispositivo, ao dispensar a configuração da máadministração para a desconsideração em virtude de estado de insolvência,encerramento ou inatividade de pessoa jurídica.

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As assertivas “c” e “d” não se harmonizam com o teor dos §2º e §4º,respectivamente, do aludido art. 28.

Questão 2

A única opção que se amolda ao conceito de fato do produto é aalternativa “c”. Como vimos, o fato do produto é caracterizado pela existênciade dano ao consumidor, em virtude de acidente de consumo.

Questão 3

A responsabilidade dos profissionais liberais deve ser apurada mediante averificação de culpa, nos termos do §4º, do art. 14, o que demonstra ainexatidão da alternativa “a”.

A opção “b” também é incorreta. A culpa exclusiva do consumidor é umadas causas aptas a afastar a responsabilidade daqueles agentes, conforme oinciso I, do §3º, do art. 14.

Do mesmo modo, as alternativas “c” e “d” não se harmonizam,respectivamente, com o teor do §2º do art. 14 e com o art. 13, ambos da Lei

Consumerista.A assertiva correta é a letra “e”. De fato, o art. 17 do CDC permite que

todas as vítimas do evento sejam equiparadas a consumidores.

Questão 4

A situação hipotética apresentada no enunciado configura claramente umfato do serviço (opção “d”). Trata-se de um acidente de consumo na prestação

do serviço de transporte, o que acabou por gerar danos ao consumidor.

Questão 5

A única opção que se encontra em descompasso com o CDC é aalternativa “e”. De fato, o prazo para que o consumidor reclame por vícios dequalidade em produtos é de trinta ou noventa dias, no caso de bem não durávelou durável, respectivamente.

A assertiva “a” está em harmonia com o §1º do art. 18, enquanto a opção “b” compatibiliza-se com o art. 17. Da mesma forma, as letras “c” e “d” estão

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de acordo, respectivamente, com o inciso I do art. 13 e com o art. 23, todos doCódigo de Defesa do Consumidor.

Questão 6

O direito mencionado na opção “b” da questão não se encontra previstono elenco do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor.

As letras “a”, “c”, “d” e “e” tem previsão, respectivamente, nos incisos X,VIII, V e II daquele dispositivo.

Questão 7Conforme o texto consignado no inciso III, do §3º, do art.12 do CDC,

evidencia-se que tanto a culpa do consumidor como a do terceiro podem afastara responsabilidade do fabricante, construtor, produtor ou importador, desde queseja exclusiva (alternativa “e”).

A culpa concorrente – que ocorre quando ambas as partes contribuem dealguma forma para o evento danoso – não é suficiente para afastar talresponsabilidade.

Questão 8

A opção “b” está de acordo com o teor do §2º, do art. 26 do CDC, queaponta as duas causas aptas a obstar a prescrição.

A letra “a” não se harmoniza com o CDC, tendo em vista que se aplicasomente na hipótese do §3º do art. 26.

Ressalte-se que os prazos previstos nas letras “c”e “d” estão incorretos,

de acordo, respectivamente, com o art. 27 e com o inciso I do art. 26.

Por fim, como vimos, a decadência aplica-se a vício de produto ou serviço,enquanto a prescrição vale para o caso de acidente de consumo, o que indica ainexatidão da assertiva “e”.

Questão 9

A opção “c” está incorreta, tendo em vista que o prazo de validade do

orçamento, nos termos do parágrafo primeiro do art. 40, é de dez e não detrinta dias.

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As alternativas “a”, “b” e “d” estão em harmonia, respectivamente, comos parágrafos segundo e terceiro, e o caput  do art. 40.

Questão 10

Conforme discutido em nossa aula, a publicidade enganosa (opção “b”) éaquela que cria no consumidor expectativas que não correspondem à realidadedo produto ou serviço.

No caso apresentado, evidencia-se que, ao afirmar que se tratava de umproduto novo e que seria a salvação para os calvos e carecas, criou-se umaexpectativa equivocada em torno da realidade do bem, já que se tratava de

uma peruca, produto amplamente comercializado no mercado.

Questão 11

As opções I e III estão de acordo, respectivamente, com os incisos I e IIdo art. 35 do Código de Defesa do Consumidor.

O item II está equivocado, tendo em vista que, nos termos do inciso IIIdo art. 35, não há necessidade da anuência do consumidor para que o

consumidor decida pela rescisão do contrato.

Questão 12

Repare, candidato, que, não obstante fazer alusão a diversas práticasque, prima facie , podem parecer abusivas, somente a assertiva “c” se amolda auma das hipóteses do art. 39.

O repasse de informações (“a”) é vedado quando se trata de informação

depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seusdireitos (inciso VII). Do mesmo modo, para que a elevação de preço (“b”) sejacondenável sob o ponto de vista do regime consumerista, não deve haver justacausa para que tal medida seja adotada (inciso X).

A aplicação de fórmulas ou índices de reajuste (“d”) só é vedada quandofor contrária ao previsto em lei ou no termo celebrado entre as partes (incisoXIII). Por fim, para ser condenada sob a ótima da Lei Consumerista, avantagem exigida do consumidor (“e”) deve ser manifestamente excessiva

(inciso V).

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Questão 13

A alternativa correta é a letra “a”, tendo em vista que o enunciado daquestão corresponde ao parágrafo segundo do art. 37 do CDC.

Questão 14

As práticas comerciais apresentadas nas letras “a”, “b”, “c” e “d” sãoconsideradas abusivas, nos termos, respectivamente, dos incisos XIII, III, V eVI do art. 39 da Lei nº 8.078/90.

A elevação de preços (opção “e”) só é reprimida pelo ordenamento  jurídico consumerista quando não há uma causa justificável para tal medida.Tratando-se de adequação à uma nova realidade econômica, não há de se falarem abusividade.

Questão 15

O exercício explora o art. 43 do Código de Defesa do Consumidor. Asopções “a” e “b” estão em sintonia com o parágrafo primeiro daquele dispositivolegal, enquanto as assertivas “c” e “e” harmonizam-se, respectivamente, com o

parágrafo segundo e com o caput .A alternativa incorreta é a letra “d”,   já que os serviços de proteção ao

crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público (§4º).

Bib l i og ra f i a

ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 4 ed. ver. e atual.

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