aula 09

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  • OBRAS HDRICAS EM EXERCCIOS P/ O TCU + DISCURSIVA PROFESSOR: REYNALDO LOPES

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    Ol pessoal!

    Chegamos ltima aula do curso, mas no ao final do esforo. Ainda temos alguns dias de estudo e as dvidas podem aparecer no frum que sero rapidamente respondidas. Tambm ainda temos algumas redaes pendentes de correo, o que ser finalizado na prxima semana.

    Gostaria de agradecer a confiana em mim depositada e que soubessem que esse material fruto de um esforo no sentido de realmente auxili-los no caminho rumo aprovao.

    Tentamos manter a proposta inicial, apresentando questes de concursos anteriores sobre Obras Hdricas e solucionando-as de forma direta, focando nos conceitos necessrios para entender a lgica utilizada nas solues, alm da proposio e correo de questes discursivas sobre o assunto.

    Espero que tenham realmente gostado do curso e vocs continuem firmes nos estudos at a aprovao no concurso que escolherem.

    Ento vamos nossa aula, cuja proposta cobrir assuntos relativos a Gerenciamento Integrado de Recursos Hdricos e aspectos scio-culturais relacionados.

    01. (MP/2010 rea III) Em termos mundiais, a principal causa de mortalidade infantil a falta de gua potvel e de instalaes sanitrias.

    Utilizaremos esta questo para uma breve reviso terica sobre o tema Gerenciamento Integrado de Recursos Hdricos. Apesar de haver apresentado o clico hidrolgico na primeira aula do curso, cabe uma pequena reviso para discutir o planejamento dos recursos naturais. A caracterstica essencial de qualquer volume de gua superficial localizada em rios, lagos, tanques, represas artificiais e guas subterrneas so a sua instabilidade e mobilidade. Todos os componentes slidos, lquidos e gasosos (as trs fases em que a gua existe no planeta Terra) so parte do ciclo dinmico da gua, ciclo

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    este, perptuo. A fase mais importante deste ciclo para o homem justamente a fase lquida, em que ela est disponvel para pronta utilizao.

    Os fatores que impulsionam o ciclo hidrolgico so a energia trmica solar, a fora dos ventos, que transportam vapor dgua para os continentes, a fora da gravidade responsvel pelos fenmenos da precipitao, da infiltrao e deslocamento das massas de gua. Os principais componentes do ciclo hidrolgico so a evaporao, a precipitao, a transpirao das plantas e a percolao, infiltrao e a drenagem. Anualmente, aproximadamente 47 mil km3 retornam aos oceanos, a partir dos rios, represas, lagos e guas subterrneas. Se essa drenagem fosse distribuda igualmente em todos os continentes, cada uma das pessoas / habitantes do planeta Terra (aproximadamente 6 bilhes) teria disponveis 8 mil m3/ano. Entretanto, esta distribuio desigual, causa problemas de disponibilidade nos continentes, pases e regies. Tambm a distribuio no homognea durante o ano, em muitas regies, o que causa desequilbrio e desencadeia aes de gerenciamento diversificadas para enfrentar a escassez ou o excesso de gua. H uma variabilidade natural de sries hidromtricas histricas (medidas dos volumes e vazes dos rios) as quais determinam os principais usos da gua e as estratgias de gerenciamento.

    medida que a economia foi se tornando mais complexa e diversificada, mais usos foram sendo adicionados aos recursos hdricos superficiais e subterrneos, de tal forma que ao ciclo hidrolgico, superpe-se um ciclo hidrosocial de grande dimenso e impacto ecolgico e econmico. Este ciclo hidrosocial, que na verdade uma adaptao do homem s diferentes caractersticas do ciclo hidrolgico e, tambm as suas alteraes, causam inmeros impactos.

    As demandas de gua, especialmente no final do sculo 20, os inmeros impactos quantitativos e qualitativos, promoveram e estimularam novas solues para o gerenciamento de recursos hdricos, a nvel local, regional, nacional e internacional. A implementao da Agenda 21 foi tambm importante para esta mudana de paradigma. Os elementos fundamentais para o

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    gerenciamento integrado, em nvel de bacia hidrogrfica, preditivo e adaptativo so os seguintes: Descentralizao da gesto em nvel de bacia hidrogrfica. Promoo e implantao de instrumentos legais e de ao atravs da organizao institucional em nvel de bacia hidrogrfica. Proteo do hidrociclo e dos mananciais. Purificao e tratamento de guas (efluentes industriais e esgotos domsticos). Conservao da biodiversidade e dos habitats na bacia hidrogrfica. Gerenciamento conjunto da quantidade e qualidade da gua. Proteo do solo, preveno da contaminao e eutrofizao. Gerenciar conflitos e otimizar usos mltiplos adequando-os economia regional. Monitoramento sistemtico e permanente da qualidade e quantidade da gua. Promoo de avanos tecnolgicos na gesto integrada; monitoramento em tempo real, indicadores biolgicos de contaminao. Ampliar a capacidade preditiva do gerenciamento por bacia hidrogrfica e dar condies para a promoo de orientaes estratgicas para prospeco e a procura de alternativas.

    Em setembro de 2000, a Organizao das Naes Unidas, ao analisar os problemas mundiais, estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODMs), conhecidos tambm como os oito jeitos de mudar o mundo. A Declarao do Milnio reflete as preocupaes de 147 chefes de Estado e de governo de 191 pases e determina o compromisso compartilhado com a sustentabilidade do Planeta. Os ODMs perfazem um conjunto de oito objetivos, divididos em 18 metas e em 48 indicadores a serem atingidos, pelos pases signatrios, at o ano de 2015, atravs de aes dos governos e da sociedade.

    A Meta 10 desse conjunto reduzir pela metade, at 2015, a proporo da populao sem acesso permanente e sustentvel gua potvel segura.

    Os indicadores para verificao desta meta so: Proporo da populao (urbana e rural) com acesso a uma fonte de gua tratada. Fontes: Unicef e OMS.

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    Proporo da populao com acesso a melhores condies de saneamento. Fontes: Unicef e OMS.

    Voltando questo, segunda a OMS, a falta de gua potvel e de instalaes sanitrias adequadas so realmente a principal causa de mortalidade infantil no mundo.

    Resposta: C

    02. (MP/2010 rea III) A gesto da unidade territorial prevista na PNRH de responsabilidade exclusiva de rgos pblicos, em nvel municipal, estadual ou federal.

    Esta questo ser utilizada para uma reviso terica sobre alguns aspectos relacionados ao tratamento da bacia hidrogrfica como unidade territorial.

    A legislao brasileira de recursos hdricos, a partir da instituio da Lei das guas Lei n 9433, de 08 de Janeiro de 1997, definiu que a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.

    Esta mesma lei, em vrios de seus artigos, refere-se bacia hidrogrfica como definidora da rea de abrangncia de instrumentos da Poltica Nacional, como se observa nas citaes a seguir:

    Art. 1 A Poltica Nacional de Recursos Hdricos baseia-se nos seguintes fundamentos: (...) V - a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos;

    Art. 8. Os Planos de Recursos Hdricos sero elaborados por bacia hidrogrfica (...).

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    Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrana pelo uso de recursos hdricos sero aplicados prioritariamente na bacia hidrogrfica em que foram gerados e sero utilizados:.

    Art. 37. Os Comits de Bacia Hidrogrfica tero como rea de atuao: I a totalidade de uma bacia hidrogrfica; II sub-bacia hidrogrfica do curso de gua principal da bacia, ou de tributrio desse tributrio; III grupo de bacias ou sub-bacias hidrogrficas contguas.

    Art. 38. Compete aos Comits de Bacia Hidrogrfica, no mbito de sua rea de atuao: (...) III aprovar o Plano de Recursos Hdricos da bacia;.

    No entanto, esta lei no definiu expressamente bacia hidrogrfica ou curso principal da bacia. Como a rede de drenagem do pas muito extensa, a escala a ser considerada para o planejamento e para a gesto necessita ser definida, por meio da regulamentao destes conceitos.

    Essa indefinio gera demandas legtimas para a constituio de Comits, sem considerao dos aspectos de oportunidade e sustentabilidade. A inexistncia da Diviso Hidrolgica Nacional, na escala espacial requerida pelo Art. 37 da Lei das guas, tem dificultado a implantao do SNGRH. A Lei n 9433 indica alguns caminhos para essas definies, como se observa nas citaes a seguir: Art. 29. Na implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, compete ao Poder Executivo Federal: I tomar as providncias necessrias implementao e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos; Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hdricos: (...) VI estabelecer diretrizes complementares para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, aplicao de seus instrumentos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos;

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    VII aprovar propostas de instituio de Comits de Bacia Hidrogrfica e estabelecer critrios gerais para a elaborao de seus regimentos; (...) IX acompanhar a execuo e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hdricos e determinar as providncias necessrias ao cumprimento de suas metas;

    O CNRH, por intermdio da Resoluo n 5, de 10 de Abril de 2000, definiu que: Art. 5. A rea de atuao de cada Comit de Bacia ser estabelecida no decreto de sua instituio, com base no disposto na Lei n 9.433, de 1997, nesta Resoluo e na Diviso Hidrogrfica Nacional, a ser includa no Plano Nacional de Recursos Hdricos, onde devem constar a caracterizao das bacias hidrogrficas brasileiras, seus nveis e vinculaes. Pargrafo nico. Enquanto no for aprovado o Plano Nacional de Recursos Hdricos, a Secretaria de Recursos Hdricos (do Ministrio do Meio Ambiente) elaborar a Diviso Hidrogrfica Nacional Preliminar, a ser aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hdricos, tendo em vista a definio que trata o caput deste artigo.

    Duas iniciativas foram tomadas pelo CNRH, consubstanciadas nas Resolues n 30 e n 32: a primeira estabelece a sistemtica de codificao e subdiviso de bacias hidrogrficas, utilizando-se o mtodo do engenheiro Otto Pfafstetter; a segunda institui a Diviso Hidrogrfica Nacional em 12 regies hidrogrficas.

    importante notar que a Resoluo n 32 insere uma nova e importante definio: a da regio hidrogrfica. Diz o texto: Considera-se como regio hidrogrfica o espao territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrogrficas contguas com caractersticas naturais, sociais e econmicas homogneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hdricos.

    Sob os aspectos hidrolgicos a bacia hidrogrfica a rea definida topograficamente, drenada por um curso dgua ou um sistema conectado de cursos dgua tal que toda vazo efluente seja descarregada atravs de uma simples sada. Observa-se que essa

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    definio considera somente as guas superficiais. Para as guas subterrneas define-se a bacia hidrogeolgica como aquela que contm pelo menos um aqfero de extenso significativa. Estas bacias, normalmente interligadas, no so coincidentes fisicamente podendo ocorrer diferenas significativas nos seus divisores de gua.

    O curso principal de uma bacia hidrogrfica aquele em cujo exutrio so drenadas todas as guas superficiais da bacia. Segundo o Anexo I da Resoluo n 30 do CNRH, o rio principal aquele curso dgua que drena a maior rea e os tributrios, os demais que drenam reas menores. Esta definio importante na anlise sobre a continuidade do curso principal quando existe uma bifurcao.

    Considerando-se que toda bacia hidrogrfica tem seu exutrio junto ao oceano (Atlntico no caso brasileiro), dessa forma, sob os aspectos hidrolgicos, podem-se definir as bacias hidrogrficas, os cursos principais, os tributrios destes cursos e os tributrios dos tributrios.

    Essas definies so imprescindveis para o entendimento do que trata o Art. 37 da Lei n 9.433/97, no qual so estabelecidas as reas de atuao dos Comits de Bacia.

    Quando se considera uma bacia hidrogrfica para a gesto das guas necessrio atentar a duas condies fundamentais: a garantia da disponibilidade hdrica e o atendimento qualitativo e quantitativo s demandas de gua naquele territrio.

    A proteo das guas superficiais promovida, principalmente, pela proteo dos ecossistemas naturais e pela regulao do uso do solo, tanto nas reas urbanas quanto nas reas rurais. As guas subterrneas so fortemente afetadas pelo cuidado dispensado s reas de recarga dos aqferos, bem como quanto s disposies de poluentes que podem contamin-las e pela impermeabilizao das camadas drenantes que alimentam os lenis.

    Ademais, a manuteno dos ecossistemas aquticos, parte importante no equilbrio geral do meio ambiente, necessita de aporte de gua com quantidade e qualidade suficiente, devendo ser garantida no balano hdrico da bacia.

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    Dessa forma, as reas de proteo ambiental e as polticas de uso e ocupao do solo contribuem fundamentalmente para a definio dos limites a serem considerados para uma unidade de planejamento e gesto, alm de representar um passo adiante em direo articulao e integrao com a Poltica Nacional de Meio Ambiente.

    A economia de uma regio depende, dentre outros fatores, dos recursos hdricos disponveis como insumo para o atendimento da produo rural e industrial, do abastecimento dos centros urbanos, da produo de energia e outros usos.

    Os eixos de desenvolvimento econmico e as demandas sociais influem sobremaneira nos usos das guas em uma bacia.

    Portanto, os fatores scio-econmicos devem ser considerados na definio dos limites para o planejamento e gesto das bacias hidrogrficas.

    Outro grande desafio para o gerenciamento das guas em um determinado territrio a estruturao para a implementao das aes de gesto e de planejamento.

    As organizaes sociais e as instituies polticas existentes no territrio da bacia hidrogrfica devem estar integradas, tanto na definio de aes e programas a serem executados, quanto na implementao prtica das polticas pblicas setoriais e regionais.

    A Lei das guas, nos seus artigos 4 e 31, prope a articulao das polticas municipais nas aes que promovam a integrao das polticas locais de saneamento bsico, de uso, ocupao e conservao do solo e de meio ambiente, com as polticas federal e estaduais de recursos hdricos.

    Dessa forma, a definio das unidades de planejamento, considerados os limites das bacias hidrogrficas, deve incorporar as organizaes locais atuantes na bacia, tais como os comits de bacia j existentes, bem como aquelas referentes ao planejamento regional no mbito das associaes intermunicipais e regies metropolitanas.

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    Voltando questo, conforme apresentado acima, a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos. J os comits de bacia, responsveis pela gesto das bacias, so compostas por rgos pblicos e sociedade civil. Assim, a assertiva est errada.

    Resposta: E

    03. (ANA/2006) Essa tabela serve para mostrar a importncia da participao dos diversos setores no processo de planejamento e gesto de recursos hdricos.

    Conforme j discutido nas primeiras questes, o processo de gesto e planejamento de recursos hdricos bastante complexo e envolve a participao de diversos setores da sociedade, alm de coordenao entre esferas de governo.

    Como a tabela associa as principais autoridades de planejamento ao foco de gerenciamento exercido, pode-se considerar que ela mostre parte importncia da participao dos diversos setores no processo de planejamento e gesto de recursos hdricos. Assim, a assertiva pode ser considerada correta.

    Resposta: C

    04. (ANA/2006) De acordo com a tabela, os efeitos da urbanizao sobre os recursos hdricos so mais sensveis nas bacias maiores.

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    Para se chegar resposta desta questo, basta associar as colunas rea da bacia e influncia das superfcies impermeveis (urbanizao). Desta associao percebe-se que os efeitos da urbanizao sobre os recursos hdricos so menos sensveis nas bacias maiores.

    Resposta: E

    Acerca dos aspectos sociais e culturais dos comits federais de bacias hidrogrficas e do Conselho Nacional de Recursos Hdricos (CNRH), julgue os itens a seguir.

    05. (ANA/2006) Uma das salvaguardas da participao da sociedade civil no CNRH que os representantes do Poder Executivo federal tm a minoria dos assentos desse conselho.

    Nessa questo, vale fazer uma reviso terica sobre o Conselho Nacional de Recursos Hdricos (CNRH).

    O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (SINGREH), criado pela Lei n 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional claro e baseado em novos princpios de organizao para a gesto compartilhada do uso da gua.

    O Conselho Nacional de Recursos Hdricos o rgo mais expressivo da hierarquia do SINGREH, de carter normativo e deliberativo, com atribuies de: promover a articulao do planejamento de recursos hdricos com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usurios; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hdricos; acompanhar a execuo e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hdricos; estabelecer critrios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hdricos e para a cobrana pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as grandes questes do setor, alm de dirimir as contendas de maior vulto. Caber tambm ao CNRH decidir sobre a criao de Comits de Bacias Hidrogrficas em rios de domnio da Unio, baseado em uma anlise detalhada da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimizao no estabelecimento dessas entidades. Para

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    tanto, estabeleceu, atravs da Resoluo n 05 de 10 de abril de 2000, regras mnimas que permitem demonstrar a aceitao, pela sociedade, da real necessidade da criao de Comits.

    O CNRH composto, conforme estabelecido por lei, por representantes de Ministrios e Secretarias da Presidncia da Repblica com atuao no gerenciamento ou no uso de recursos hdricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos; representantes dos usurios dos recursos hdricos e, representantes das organizaes civis de recursos hdricos. O nmero de representantes do poder executivo federal no poder exceder metade mais um do total dos membros do CNRH.

    A representao dos usurios ficou definida para os setores de irrigantes, indstrias, concessionrias e autorizadas de gerao hidreltrica, pescadores e lazer e turismo, prestadores de servio pblico de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio, e hidrovirios.

    Dentre as organizaes civis de recursos hdricos foram definidas: comits de bacias hidrogrficas, consrcios e associaes intermunicipais de bacias hidrogrficas; organizaes tcnicas e de ensino e pesquisa com interesse na rea de recursos hdricos e, organizaes no governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade Desde a instalao do CNRH, em novembro de 1998, at o momento j foram aprovadas 24 Resolues.

    O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) o principal frum de discusso nacional sobre gesto de recursos hdricos, exercendo o papel de agente integrador e articulador das respectivas polticas pblicas, particularmente quanto harmonizao do gerenciamento de guas de diferentes domnios.

    Voltando ao assunto da questo, o artigo 35, pargrafo nico, da Lei n. 9.433/97 dispe que o nmero de representantes do Poder Executivo federal no dever exceder a metade mais um dos assentos do comit, como j mencionado acima, o que torna a assertiva contida no item errada.

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    Resposta: E

    06. (ANA/2006) O comit de uma bacia hidrogrfica federal pode, dentro de suas atribuies, estabelecer mecanismos de cobrana pelo uso dos recursos hdricos, mas no sugerir os valores a serem cobrados.

    O Comit de Bacias Hidrogrficas um rgo colegiado, inteiramente novo na realidade institucional brasileira, contando com a participao dos usurios, da sociedade civil organizada, de representantes de governos municipais, estaduais e federal. Esse ente destinado a atuar como parlamento das guas, posto que o frum de deciso no mbito de cada bacia hidrogrfica. Os Comits de Bacias Hidrogrficas tm, entre outras, as atribuies de: promover o debate das questes relacionadas aos recursos hdricos da bacia; articular a atuao das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em primeira instncia, os conflitos relacionados a recursos hdricos; aprovar e acompanhar a execuo do Plano de Recursos Hdricos da Bacia; estabelecer os mecanismos de cobrana pelo uso de recursos hdricos e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critrios e promover o rateio de custo das obras de uso mltiplo, de interesse comum ou coletivo.

    Comporo os Comits em rios de domnio da Unio representantes pblicos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos municpios e representantes da sociedade, tais como, usurios das guas de sua rea de atuao, e das entidades civis de recursos hdricos com atuao comprovada na bacia.

    A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hdricos, atravs da Resoluo n 05, de 10 abril de 2000. Esta norma estabelece diretrizes para formao e funcionamento dos Comits de Bacia Hidrogrfica, representando um avano na participao da sociedade civil nos Comits. A Resoluo prev que os representantes dos usurios sejam 40% do nmero total de representantes do Comit. A somatria dos representantes dos governos municipais, estaduais e federal no poder ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mnimo de 20%.

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    Nos Comits de Bacias de rios fronteirios e transfronteirios, a representao da Unio dever incluir o Ministrio das Relaes Exteriores e, naqueles cujos territrios abranjam terras indgenas, representantes da Fundao Nacional do ndio FUNAI e das respectivas comunidades indgenas.

    Cada Estado dever fazer a respectiva regulamentao referente aos Comits de rios de seu domnio. Alguns Estados, a exemplo de So Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Esprito Santo j esto em estgio bem avanado no processo de regulamentao, com diversos Comits criados.

    Conforme explicado acima, os Comits podem estabelecer os mecanismos de cobrana pelo uso de recursos hdricos e sugerir os valores a serem cobrados, o que torna a assertiva errada.

    Resposta: E

    No tocante Lei n. 9.433/1997 que, entre outros aspectos, instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, julgue os itens subseqentes.

    07. (ANA/2006 - CF) Os fundamentos em que se baseia a Poltica Nacional de Recursos Hdricos incluem: a gua um bem de domnio pblico; a gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico; em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos refere-se ao consumo humano e dessedentao de animais.

    O sistema introduzido pela Poltica Nacional de Recursos Hdricos, procura organizar este setor no mbito nacional, consolidando o conceito de gesto integrada e de viso sistmica da gua, definindo papis, funes e competncias de cada um de seus componentes, alm de constituir diretrizes que procuram promover a articulao do planejamento dos recursos hdricos com os dos setores usurios, Poder Pblico e a sociedade como um todo, buscando tambm a sua interao com o planejamento regional, estadual e nacional, bem como, sua integrao com a gesto ambiental.

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    Nesse sentido, o conjunto de diretrizes sobre as quais se apia todo o desenvolvimento desta nova viso da administrao da gua prescrito pelo art. 1 da Lei 9433/97, que consagra os seguintes preceitos como fundamentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos: a) a gua um bem de domnio pblico; b) a gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico; c) em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos o consumo humano e a dessedentao de animais; d) a gesto dos recursos hdricos deve sempre proporcionar o uso mltiplo das guas; e) a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos; f) a gesto dos recursos hdricos deve ser descentralizada e contar com a participao do Poder Pblico, dos usurios e das comunidades.

    Tais disposies fornecem a base estrutural e a composio de valores que formam a razo de ser da poltica da gua no Brasil, exteriorizando disposies que legitimam a interveno do Estado e a aplicao de instrumentos para a gesto qualitativa e quantitativa dos recursos hdricos.

    Do mesmo modo, estes preceitos, que servem de alicerce para o modelo brasileiro, so adotados no sentido de se permitir a estruturao descentralizada do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos, subsidiando a atuao de seus rgos e da sociedade e orientando a aplicao dos instrumentos previstos para a gesto da gua no Brasil.

    Assim, a assertiva est correta. Mas aproveitaremos a questo para uma breve reviso terica sobre o assunto.

    O fato da gua constituir-se como um dos elementos do meio ambiente e exercer indispensveis funes quanto sobrevivncia da vida na terra e manuteno do equilbrio ecolgico, faz dela um bem de interesse difuso, recaindo sua titularidade sobre toda a coletividade, sem qualquer forma de discriminao.

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    A Lei n 9.433/97 corroborou com o preceito de publicizao das guas trazido inicialmente pelos arts. 20, III, e 26, I, da Constituio Federal de 1988, inexistindo a propriedade privada sobre o referido bem, estando o seu domnio diludo entre Unio, Estados e Distrito Federal.

    Sob este aspecto, Christian Caubet (2004) destaca que: A propriedade privada da gua j no existe mais na nossa ordem jurdica, no sentido de uma pessoa proclamar-se e agir como proprietria da gua que se encontra em seu fundo, quer como corpo dgua, cercado por terras do dono do fundo, quer como curso dgua, proveniente de outro fundo e com destino para um terceiro.

    Sob a rubrica do domnio pblico representa-se o conjunto de bens sujeitos ou pertencentes ao Estado, englobando, num sentido amplo e genrico, tanto os bens das pessoas jurdicas de direito pblico interno, como tambm as demais coisas que, em decorrncia de sua utilidade coletiva ensejarem a interveno do Poder Pblico para sua proteo, dentre elas, a gua, classificada como um bem inaproprivel, cuja utilizao e acesso subordina-se s normas estatais

    No exerccio desta prerrogativa, o Poder Pblico deve atuar apenas como um gestor, administrando a gua no interesse e em nome de toda a coletividade, garantindo seu acesso e distribuio a todos, privando pela racionalidade em seu uso, alm de implementar medidas de conservao e recuperao da qualidade e quantidade dos recursos hdricos.

    Os instrumentos utilizados pelo Poder Pblico no gerenciamento dos recursos hdricos, como a outorga e a cobrana, no significam meios de se alienar a gua, correspondendo apenas a elementos que permitem o exerccio de suas funes, regulando o acesso e uso racional, alm de garantir fundos para as medidas de preveno, conservao e recuperao da gua.

    O fato de ser um bem vulnervel, limitado em decorrncia de seu mau uso e por sua possibilidade de renovao atravs do ciclo hidrolgico no acompanhar a crescente demanda de suas utilizaes, fizeram com que os recursos hdricos se afastassem do

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    status de um bem de acesso livre e passassem a integrar o plano econmico.

    Realizada em Dublin, na Irlanda, em 1992, a Conferencia Internacional sobre gua e Meio Ambiente, definiu um conjunto de princpios para as estratgias de gesto das guas assumindo o seu carter finito e vulnervel (princpio 1) e, ao mesmo tempo, reconhecendo que os recursos hdricos possuem valor em todos os seus usos competitivos, sendo que a falta de ateno quanto a este aspecto, no passado, conduziu sua utilizao prejudicial (princpio 4).

    Ao se atribuir um valor econmico aos recursos hdricos, procura-se estabelecer critrios para o seu uso, garantindo a perenidade em seu acesso para as presentes e futuras geraes.

    A consagrao deste fundamento da PNRH, reflete a racionalidade imposta pelo princpio poluidor-usurio pagador que rege as polticas de proteo ao meio ambiente e seus recursos, cuja atuao se orienta no sentido de possibilitar a internalizao das externalidades negativas do acesso gua, suportando, o usurio com os custos necessrios diminuio, eliminao ou neutralizao dos prejuzos provocados.

    A previso quanto prioridade estabelecida em favor de usos como o consumo humano e a dessedentao de animais surge como uma necessidade fundamental, tendo em vista o fato da gua constituir-se como elemento essencial para a existncia de todos os organismos vivos no planeta.

    Condicionada aos casos de escassez, a priorizao permite, de acordo com o art. 15, V, da Lei 9433/97, a suspenso das outorgas de uso de recursos hdricos que prejudiquem o consumo humano ou a dessedentao de animais.

    Cumpre ressaltar que, dentro da concepo de consumo humano, englobam-se apenas os usos direcionados satisfao das necessidades mnimas de cada pessoa, como o consumo para comer, beber e para a higiene, excluindo-se os outros usos como a recreao por exemplo.

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    A proteo quanto multiplicidade de usos da gua decorrncia direta da vasta cadeia de utilidades e de consumidores abrangidos por este recurso, sendo considerado como usurio toda pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, que faa uso de recursos hdricos que dependem ou independem de outorga, nos termos do art. 2, XXIX da Instruo Normativa n 04/2000 do MMA Ministrio do Meio Ambiente.

    No que se refere s distintas modalidades de uso dos recursos hdricos, estas podem ser classificadas entre: uso consuntivo, considerado como aquele uso onde se retira a gua de sua fonte natural, causando uma diminuio em sua disponibilidade espacial e temporal (irrigao e uso industrial, por exemplo); e uso no consuntivo, quando a utilizao retorna praticamente a totalidade de gua usada sua fonte de suprimento, ocasionando apenas uma modificao temporal em sua disponibilidade, como na navegao e na recreao.

    A defesa dos usos mltiplos da gua como fundamento da PNRH, manifesta a inteno da norma em garantir o suprimento ao grande volume de demandas buscando satisfazer toda a diversidade de modos de sua utilizao, com o menor custo hdrico possvel.

    Sendo assim, a proteo multiplicidade de usos questo a ser buscada em primeiro plano, atravs da elaborao dos instrumentos de planejamento, como o Plano de Recursos Hdricos e o enquadramento dos corpos dgua e, posteriormente, por intermdio do instrumento de gesto, como a outorga, afrontando os preceitos da Lei, a permisso de formas de acesso exclusivo ao recurso que acabem por injustamente limitar ou impedir outras formas de utilizao.

    O carter da gua como um bem social, indispensvel para a realizao de variadas atividades, como tambm para a sobrevivncia humana, ampara a previso de descentralizao e da participao nos processos de gesto.

    A Constituio Federal de 1988 apregoa o carter indissocivel entre o Poder Pblico e sociedade na gesto da qualidade do meio

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    ambiente, determinando, em seu art. 225, que as aes de ambos devem convergir para a garantia deste direito para as presentes e futuras geraes.

    Deste modo, tal fundamento da PNRH, alm de corroborar com os preceitos do Estado Democrtico de Direito, permite aos cidados o exerccio de sua cidadania, servindo como sustentculo para a criao de novos rgos no sistema de gesto dos recursos hdricos, como os Comits de Bacia, que serviro como parlamento para as discusses da comunidade a respeito da melhor forma de gerir o recurso.

    Resposta: C

    08. (MP/2010 rea III) objetivo da PNRH assegurar s geraes atual e futuras a necessria disponibilidade de gua, com padres de potabilidade.

    O captulo II da Lei 9433/97 trata dos objetivos da PNRH, nos seguintes termos: Art. 2 So objetivos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos:

    I - assegurar atual e s futuras geraes a necessria disponibilidade de gua, em padres de qualidade adequados aos respectivos usos;

    II - a utilizao racional e integrada dos recursos hdricos, incluindo o transporte aquavirio, com vistas ao desenvolvimento sustentvel;

    III - a preveno e a defesa contra eventos hidrolgicos crticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

    Assim, a assertiva est errada, pois no necessria gua potvel que deve ser garantida, mas com padres de qualidade adequados aos respectivos usos.

    Resposta: E

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    09. (FC-Consultor Legislativo/2003) A cobrana pelo uso da gua uma forma de implementao do princpio usurio-pagador, permitindo que o uso e o aproveitamento desse recurso se processe de forma mais racional e em benefcio da coletividade.

    Para responder a esta questo, cabe uma pequena reviso terica sobre o assunto.

    A maioria das pessoas no sabe, mas o valor que pagamos todos os meses na conta de gua se refere ao trabalho de captao, tratamento e s despesas com que as concessionrias tm de arcar para que ela chegue at nossas casas ou s indstrias e agricultores. Ou seja, na verdade, no pagamos pelo consumo da gua em si, mas pelo servio de fornecimento.

    Essa postura, pautada na crena h muito j desmentida de que gua um recurso infinito, acaba por fazer com que as pessoas e, principalmente, as indstrias no se preocupem com a reduo no consumo da gua e preveno do desperdcio e da poluio j que ela um insumo barato e os custos com tratamento e recuperao da gua acabam sendo arcados por toda a sociedade. Mas uma ideia que j vem sendo aplicada em diversos pases e que comea a ser aplicada no Brasil promete mudar esse quadro: a cobrana pelo uso da gua.

    Pases como Frana, que cobra pelo uso da gua bruta (captao) h anos e o Japo, onde cerca de 80% da gua utilizada pelas indstrias reutilizada devido ao alto custo cobrado pela gua (SuperInteressante Abril/2009), tem servido de exemplo para a implementao de uma poltica que visa atribuir um valor econmico a gua garantindo assim, o seu uso racional e sustentvel alm de obter recursos para o financiamento de programas que visem sua preservao.

    Pautada no princpio do usurio-pagador ou poluidor-pagador, a cobrana pelo uso da gua aparece como um dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos na Lei N. 9.433 de 8 de

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    janeiro de 1997, cabendo ANA (Agncia Nacional de guas) a implementao deste instrumento em conjunto com os Comits de Bacias Hidrogrficas (Lei N. 9.984 de 17/07/00).

    Princpio do usurio-pagador e do poluidor-pagador so princpios do direito ambiental segundo os quais o poluidor deve arcar com os custos da reparao dos danos causados pela poluio e o usurio, pelos custos da manuteno ou preservao dos bens ambientais utilizados (a gua, por exemplo).

    Existente desde 1934 quando foi criado o Cdigo de guas no qual j constava que o uso comum da gua poderia ser gratuito ou retribudo, a idia da cobrana pelo uso dos recursos hdricos ganhou fora no mbito federal apenas com a criao da ANA em 1997 embora j fosse objeto de estudos no Estado de So Paulo desde 1991 quando foi feita a primeira simulao de cobrana na Bacia do Rio Piracicaba (Fonte DAEE SP).

    A cobrana pelo uso da gua j vem sendo aplicada ou est em fase de implantao em alguns Estados brasileiros como Paran, Santa Catarina, Cear, So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, alm de estar em vigor tambm em bacias de mbito federal como a do Rio Paraba do Sul que atravessa os Estados de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

    A idia de se cobrar pelo uso dos recursos hdricos captao de gua e lanamento de efluentes tem como objetivo principal incentivar a economia de gua e medidas que previnam a poluio (afinal, quando algo de graa, geralmente, ningum se preocupa em economizar), mas tambm, tem como objetivo, arrecadar recursos para ser investidos em programas de preservao da gua (saneamento bsico, recuperao de matas ciliares, etc.). Assim, para que o instrumento de cobrana funcione necessrio que se garanta a aplicao dos recursos arrecadados na bacia hidrogrfica onde foram captados na forma de planos, projetos e programas de recuperao, preservao, fiscalizao e gerenciamento da bacia. Por isso, to importante a atuao dos Comits de Bacia Hidrogrfica que so os responsveis por definir a aplicao dos recursos alm de determinar o valor a ser pago pelos usurios.

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    Segundo o que vem sendo praticado no Brasil, apenas os usurios sujeitos a outorga devem pagar pelo uso dos recursos hdricos. So as indstrias, agricultores, concessionrias de gua e energia (hidreltricas), hotis, condomnios e outros. Mas, no caso das concessionrias de gua fica facultada a elas a escolha de repassar ou no os custos ao consumidor final. Geralmente os pequenos produtores rurais e pessoas de baixa renda ficam isentos do pagamento. Mas nada impede que indstrias e produtores rurais repassem os custos para seus produtos.

    Resposta: C

    10. (ANA/2006 - CF) A cobrana pelo uso de recursos hdricos constitui um objetivo da Poltica Nacional de Recursos Hdricos.

    Os objetivos da PNRH so os acima descritos, no incluindo a cobrana pelo uso de recursos hdricos, que um dos instrumentos da PNRH, mostrados no captulo IV da Lei 9433/97, nos seguintes termos: Art. 5 So instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos:

    I - os Planos de Recursos Hdricos;

    II - o enquadramento dos corpos de gua em classes, segundo os usos preponderantes da gua;

    III - a outorga dos direitos de uso de recursos hdricos;

    IV - a cobrana pelo uso de recursos hdricos;

    V - a compensao a municpios;

    VI - o Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos.

    Assim, o item deve ser considerado errado.

    Resposta: E

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    11. (ANA/2006 - CF) O uso de recursos hdricos para a satisfao das necessidades de pequenos ncleos populacionais, distribudos no meio rural, depende de outorga pelo poder pblico.

    A outorga de direito de uso de recursos hdricos um dos seis instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5 da Lei Federal n 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Esse instrumento tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da gua e o efetivo exerccio dos direitos de acesso aos recursos hdricos.

    De acordo com o inciso IV, do art. 4 da Lei Federal n 9.984, de 17 de junho de 2000, compete Agncia Nacional de guas ANA outorgar, por intermdio de autorizao, o direito de uso de recursos hdricos em corpos de gua de domnio da Unio, bem como emitir outorga preventiva. Tambm competncia da ANA a emisso da reserva de disponibilidade hdrica para fins de aproveitamentos hidreltricos e sua conseqente converso em outorga de direito de uso de recursos hdricos.

    Em cumprimento ao art. 8 da Lei 9.984/00, a ANA d publicidade aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hdricos e s respectivas autorizaes, mediante publicao sistemtica das solicitaes e dos extratos das Resolues de Outorga (autorizaes) nos Dirios Oficiais da Unio e do respectivo Estado.

    A gua pode ser aproveitada para diversas finalidades, como: abastecimento humano, dessedentao animal, irrigao, indstria, gerao de energia eltrica, preservao ambiental, paisagismo, lazer, navegao, etc. Porm muitas vezes esse usos podem ser concorrentes, gerando conflitos entre setores usurios, ou mesmo impactos ambientais. Neste sentido, gerir recursos hdricos uma necessidade premente e que tem o objetivo de buscar acomodar as demandas econmicas, sociais e ambientais por gua em nveis sustentveis, de modo a permitir a convivncia dos usos atuais e futuros da gua sem conflitos. nesse instante que o instrumento da Outorga se mostra necessrio, pois ordenando e regularizando o uso da gua possvel assegurar ao usurio o efetivo exerccio do direito

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    de acesso gua, bem como realizar o controle quantitativo e qualitativo desse recurso.

    Esto sujeitos outorga os seguintes usos de Recursos Hdricos:

    - A derivao ou captao de parcela da gua existente em um corpo d'gua para consumo final, inclusive abastecimento pblico, ou insumo de processo produtivo; - A extrao de gua de aqfero subterrneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; - Lanamento em corpo de gua de esgotos e demais resduos lquidos ou gasosos, tratados ou no, com o fim de sua diluio, transporte ou disposio final; - Uso de recursos hdricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidreltricos; - Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da gua existente em um corpo de gua. Usos que independem de Outorga:

    - O uso de recursos hdricos para a satisfao das necessidades de pequenos ncleos populacionais, distribudos no meio rural; - As derivaes, captaes e lanamentos considerados insignificantes, tanto do ponto de vista de vazo como de carga poluente; - As acumulaes de volumes de gua consideradas insignificantes.

    Cabe tambm conhecer os usos que no so objeto de outorga de direito de uso de recursos hdricos, mas, obrigatoriamente, de cadastro, em formulrio especfico disponibilizado pela ANA:

    - Servios de limpeza e conservao de margens, incluindo dragagem, desde que no alterem o regime, a quantidade ou qualidade da gua existente no corpo de gua; - Obras de travessia de corpos de gua que no interferem na quantidade, qualidade ou regime das guas, cujo cadastramento deve ser acompanhado de atestado da Capitania dos Portos quanto aos aspectos de compatibilidade com a navegao; e

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    - Usos com vazes de captao mximas instantneas inferiores a 1,0 L/s ou 3,6m3/h, quando no houver deliberao diferente do CNRH.

    A no exigibilidade do instrumento de outorga no significa sua dispensa; apenas garante o direito a certas pessoas de utilizarem a gua sem ter, necessariamente, autorizao expressa de uso. A no obrigatoriedade da emisso no impede ou desobriga o Poder Pblico de exercer o poder de polcia, inspecionando e constatando a ocorrncia das situaes supra, bem como exigindo o cadastro dos usurios que gozam deste direito. Assim, a assertiva est errada.

    Resposta: E

    12. (ANA/2006 - CF) As derivaes, captaes, lanamentos e as acumulaes de volumes de gua considerados insignificantes independem de outorga pelo poder pblico.

    Conforme resposta da questo anterior, a assertiva est correta.

    Resposta: C

    13. (ANA/2006 - CF) O direito de aproveitamento do potencial hidreltrico de um rio localizado em territrio brasileiro est sujeito outorga pelo poder pblico.

    Conforme resposta da questo anterior, a assertiva est correta.

    Resposta: C

    14. (ANA/2006 - CF) Toda outorga de uso de recurso hdrico est condicionada s prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hdricos e deve respeitar a classe em que o corpo de gua estiver enquadrado e a manuteno de condies adequadas ao transporte aquavirio, quando for o caso.

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    Para responder questo, cabe uma breve introduo sobre o enquadramento dos corpos de gua em classes, segundo os usos preponderantes da gua, que, de acordo com o Art. 9 da Lei das guas, visa a: I - assegurar s guas qualidade compatvel com os usos mais exigentes a que forem destinadas;

    II - diminuir os custos de combate poluio das guas, mediante aes preventivas permanentes.

    J o Art. 13 da mesma Lei, traz o texto abaixo:

    Art. 13. Toda outorga estar condicionada s prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hdricos e dever respeitar a classe em que o corpo de gua estiver enquadrado e a manuteno de condies adequadas ao transporte aquavirio, quando for o caso.

    Pargrafo nico. A outorga de uso dos recursos hdricos dever preservar o uso mltiplo destes.

    Assim, a assertiva est correta.

    Resposta: C

    15. (ANA/2006 - CF) O Poder Executivo Federal pode delegar aos estados e ao Distrito Federal competncia para conceder outorga de direito de uso de recurso hdrico de domnio da Unio.

    Resposta pode ser encontrada no seguinte dispositivo da Lei 9433/97:

    Art. 14. A outorga efetivar-se- por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

    1 O Poder Executivo Federal poder delegar aos Estados e ao Distrito Federal competncia para conceder outorga de direito de uso de recurso hdrico de domnio da Unio.

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    Resposta: C

    Apesar de ter seu prazo de outorga de uso de gua ainda vlido, um fazendeiro irrigante recebeu uma comunicao do rgo concedente determinando que ele reduzisse, durante um perodo de 4 meses, a retirada de gua para 50% da vazo outorgada, pois estava havendo escassez de gua em um municpio a jusante de sua fazenda. Partindo da situao hipottica acima, julgue os itens que se seguem.

    16. (ANA/2006) Legalmente, o irrigante pode recusar o pedido, uma vez que ele tem direto de usar 100% de seu volume outorgado durante todo o prazo de validade da outorga, independentemente da necessidade de outros usurios da bacia.

    possvel a suspenso da outorga, total ou parcialmente, em definitivo ou por prazo determinado, caso o outorgado incorra em uma das circunstncias listadas no artigo 15 da Lei n 9.433/97:

    "I - no cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

    II - ausncia de uso por trs anos consecutivos;

    III - necessidade premente de gua para atender a situaes de calamidade, inclusive as decorrentes de condies climticas adversas;

    IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradao ambiental;

    V - necessidade de se atender a usos prioritrios, de interesse coletivo, para os quais no se disponha de fontes alternativas;

    VI - necessidade de serem mantidas as caractersticas de navegabilidade do corpo de gua."

    A supervenincia de uma das circunstncias citadas acima gera a suspenso da outorga. Circunstncias supervenientes, no presentes

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    no momento da emisso da outorga, no so responsabilidade da Administrao Pblica ou do usurio, contudo, em razo do interesse pblico geral (princpio da supremacia do interesse pblico), faz-se necessria a suspenso. Motivao pelo Poder Pblico e proporcionalidade do ato administrativo so requisitos fundamentais para a suspenso. A suspenso da outorga no gera direito indenizao por parte do outorgado.

    A ausncia de outorga nos casos supracitados ou o no cumprimento da suspenso da outorga configuram infraes das normas de utilizao de recursos hdricos (art.49), estando o infrator sujeito s sanes administrativas previstas no artigo 50 da Lei n 9.433/97, que culminam com a revogao da outorga. As sanes sero aplicadas findo o respectivo procedimento administrativo. cabvel ao civil pblica nos casos em que a Administrao Pblica queira pleitear a obrigao de reconstituio do ambiente hdrico (o recurso hdrico, o leito e a margem indevidamente utilizados) pelo infrator.

    A extino da outorga, apesar de no estarem explicitados os casos em lei, ocorrer nas seguintes circunstncias: morte do usurio (pessoa fsica) e no solicitada a retificao do ato administrativo pelos herdeiros; liquidao judicial ou extrajudicial do usurio (pessoa jurdica); trmino do prazo de validade da outorga sem o pedido de renovao, observados os interesses da bacia hidrogrfica.

    A competncia para a emisso dos atos de outorga obedece a dominialidade constitucionalmente estabelecida, assim, a outorga das guas superficiais de competncia da Unio, dos Estados e do Distrito Federal, e, a das guas subterrneas, dos Estados e do Distrito Federal. Quanto s guas minerais, a competncia atribuda ao Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM), vinculado ao Ministrio de Minas e Energia.

    Aos Poderes Executivos Federal, Estaduais e do Distrito Federal compete a emisso das respectivas outorgas, bem como a regulamentao e fiscalizao dos usos dos recursos hdricos, abrangendo inspees peridicas. A lei expressamente estabeleceu a no competncia, gesto privada, para a emisso das outorgas de uso.

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    O artigo 4 da Lei 9.433/97 previu a articulao da Unio com os Estados para o gerenciamento dos recursos hdricos de interesse comum. Porm, como a lei no determinou explicitamente a forma de articulao, Jerson Kelman entende ser sensato o condicionamento do poder de outorga dos Estados manuteno de vazo mnima, atendidos os padres de qualidade, no ponto a jusante em que a gua passa a ser de domnio da Unio. Porm, reconhece a existncia da controvrsia se a condicionalidade pode ser objeto do Decreto de Regulamentao ou se precisaria ser includa numa nova lei que venha a complementar a Lei 9.433/97.

    O Poder Executivo Federal pode delegar aos Estados e ao Distrito Federal a competncia para conceder outorga de recursos hdricos de domnio da Unio. A delegao ou transferncia do poder de outorga est condicionada verificao da existncia, nos Estados e no Distrito Federal, das condies administrativas para a perfeita execuo da tarefa delegada. A delegao no constitui um direito a ser reclamado pela unidade federada, muito menos, pode ser imposta pela Unio. Por questo de prudncia e eficcia no controle da outorga, a Unio deve conservar este poder quando houver conflito de usos em um rio federal que banha dois ou mais Estados. A delegao da outorga no exime a Unio da co-responsabilidade pela implementao das regras da outorga, pois a responsabilidade pelo bom uso dos rios federais originria.

    Alguns Estados brasileiros adiantaram-se Unio, aprovando suas leis relacionadas s polticas estaduais de recursos hdricos e implementado seus sistemas. Quatro exemplos de organizao podem ser citados, pela relevncia e diversidade de orientaes: o de So Paulo, o do Cear, o da Bahia e o do Rio Grande do Sul.

    Existem aes pontuais em todo o territrio nacional com o intento de garantir a efetividade do instrumento de outorga. Dentre elas, importante mencionar a parceria, iniciada na Bahia, entre a Secretaria de Recursos Hdricos (SRH/MMA) e os bancos do Nordeste e Banco do Brasil, objetivando cadastrar os usurios de recursos hdricos para as demandas de irrigao. Por este acordo verbal, a outorga do direito de uso de recurso hdrico constitui um dos requisitos para a obteno do financiamento bancrio. Desta forma, o agricultor via-se obrigado a requerer a outorga e SRH/MMA caberia

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    o controle e a fiscalizao dos usos das guas, outrora impossibilitados pela ausncia do cumprimento legal. No obstante os resultados favorveis, essa parceria no se estendeu s entidades privadas, conseqentemente, no abarcou todos os usurios.

    No mbito federal, at o ano de 2000, as outorgas foram emitidas atravs de atos do Secretrio de Recursos Hdricos, segundo o disposto na Instruo Normativa n 4, de 21/6/2000. Com a criao da Agncia Nacional de guas, pela Lei n 9.984, de 17/7/2000, a partir do ano de 2001, os atos de outorga passaram a ser por ela expedidos.

    Voltando questo, no h como afirmar que o irrigante pode recusar o pedido, pois h possibilidades de suspenso de parte do volume outorgado durante o prazo de validade da outorga.

    Resposta: E

    17. (ANA/2006) A situao hipottica em tela inadmissvel, pois o rgo outorgante, no processo de concesso de outorga ao irrigante, deveria ter previsto o problema.

    Conforme comentado na questo anterior, circunstncias supervenientes, no presentes no momento da emisso da outorga, no so de responsabilidade da Administrao Pblica ou do usurio, contudo, em razo do interesse pblico geral (princpio da supremacia do interesse pblico), faz-se necessria a suspenso. Motivao pelo Poder Pblico e proporcionalidade do ato administrativo so requisitos fundamentais para a suspenso. A suspenso da outorga no gera direito indenizao por parte do outorgado.

    Apenas para lembrar, caso o outorgado incorra em uma das circunstncias listadas no artigo 15 da Lei n 9.433/97 a outorga poder ser suspensa:

    "I - no cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

    II - ausncia de uso por trs anos consecutivos;

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    III - necessidade premente de gua para atender a situaes de calamidade, inclusive as decorrentes de condies climticas adversas;

    IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradao ambiental;

    V - necessidade de se atender a usos prioritrios, de interesse coletivo, para os quais no se disponha de fontes alternativas;

    VI - necessidade de serem mantidas as caractersticas de navegabilidade do corpo de gua."

    Resposta: E

    18. (MP/2010 rea III) O escalonamento da tarifao na cobrana pelo uso da gua, implementado no Brasil pela Agncia Nacional de guas (ANA), representa uma estratgia de promoo do uso consciente desse recurso nos domiclios.

    Novamente uma questo sobre a cobrana pelo uso da gua. Pelo exame da literalidade do texto da Lei das guas, temos:

    Art. 19. A cobrana pelo uso de recursos hdricos objetiva:

    I - reconhecer a gua como bem econmico e dar ao usurio uma indicao de seu real valor;

    II - incentivar a racionalizao do uso da gua;

    III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenes contemplados nos planos de recursos hdricos.

    A promoo do uso consciente da gua realmente um dos objetivos da cobrana pelo uso da gua, porm, esse escalonamento visa a distribuio mais justa do nus da cobrana e no implementada pela ANA.

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    Resposta: E

    19. (ANA/2006 - CF) Os valores arrecadados com a cobrana pelo uso de recursos hdricos devem ser aplicados prioritariamente no pagamento de salrios de funcionrios pblicos federais da administrao direta.

    Questo que pode ser resolvida pela literalidade da Lei 9433/97:

    Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrana pelo uso de recursos hdricos sero aplicados prioritariamente na bacia hidrogrfica em que foram gerados e sero utilizados:

    I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras includos nos Planos de Recursos Hdricos;

    II - no pagamento de despesas de implantao e custeio administrativo dos rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.

    1 A aplicao nas despesas previstas no inciso II deste artigo limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.

    2 Os valores previstos no caput deste artigo podero ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benfico coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazo de um corpo de gua.

    Resposta: E

    20. (ANA/2006 - CF) O Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperao de informaes sobre recursos hdricos e fatores intervenientes em sua gesto.

    Outra questo literal da Lei das guas, reforando novamente a necessidade de conhecimento do texto desta Lei.

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    Art. 25. O Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperao de informaes sobre recursos hdricos e fatores intervenientes em sua gesto.

    Pargrafo nico. Os dados gerados pelos rgos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos sero incorporados ao Sistema Nacional de Informaes sobre Recursos Hdricos.

    Art. 26. So princpios bsicos para o funcionamento do Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos:

    I - descentralizao da obteno e produo de dados e informaes; II - coordenao unificada do sistema;

    III - acesso aos dados e informaes garantido toda a sociedade.

    Art. 27. So objetivos do Sistema Nacional de Informaes sobre Recursos Hdricos:

    I - reunir, dar consistncia e divulgar os dados e informaes sobre a situao qualitativa e quantitativa dos recursos hdricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informaes sobre disponibilidade e demanda de recursos hdricos em todo o territrio nacional;

    III - fornecer subsdios para a elaborao dos Planos de Recursos Hdricos.

    Resposta: C

    21. (ANA/2006 - CF) vedada a participao de usurios dos recursos hdricos, ou de seus representantes, no Conselho Nacional de Recursos Hdricos, para que as decises desse conselho no sejam influenciadas por interesses de seus membros.

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    Conforme j discutido em questes anteriores, a participao de usurios dos recursos hdricos fundamental para a composio do CNRH. Mas analisemos sobre a tica da Lei das guas novamente: Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hdricos composto por:

    I - representantes dos Ministrios e Secretarias da Presidncia da Repblica com atuao no gerenciamento ou no uso de recursos hdricos;

    II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos; III - representantes dos usurios dos recursos hdricos; IV - representantes das organizaes civis de recursos hdricos.

    Pargrafo nico. O nmero de representantes do Poder Executivo Federal no poder exceder metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hdricos.

    Resposta: E

    22. (FC-Consultor Legislativo/2003) Alm da gesto democrtica, a lei prev uma gesto descentralizada das guas, contando com a participao dos usurios e das comunidades, sem a presena do poder pblico.

    Novamente uma questo que trata dos fundamentos nos quais se baseia a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, que, nos termos do Art. 1 da Lei 9433/97, so aqui repetidos:

    I - a gua um bem de domnio pblico;

    II - a gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico;

    III - em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos o consumo humano e a dessedentao de animais;

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    IV - a gesto dos recursos hdricos deve sempre proporcionar o uso mltiplo das guas;

    V - a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos;

    VI - a gesto dos recursos hdricos deve ser descentralizada e contar com a participao do Poder Pblico, dos usurios e das comunidades.

    Assim, o inciso VI deixa claro que a assertiva est errada.

    Resposta: E

    23. (FC-Consultor Legislativo/2003) A gua reconhecidamente um recurso vulnervel, finito e j escasso em quantidade e qualidade, sendo tambm reconhecido na lei como um recurso dotado de valor econmico.

    Conforme inciso II do Art. 1 acima transcrito.

    Resposta: C

    A poltica nacional de recursos hdricos, elaborada a partir de preceitos constitucionais para a gesto do meio ambiente, fundamentada em alguns princpios e prev certos instrumentos. A respeito desses princpios e instrumentos, julgue os itens seguintes.

    24. (CAIXA/2006) A unidade territorial para gesto dos recursos hdricos o municpio.

    Conforme j discutido anteriormente, a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.

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    Resposta: E

    25. (CAIXA/2006) A outorga dos direitos de uso da gua um dos instrumentos previstos.

    Conforme j apresentado, os instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos so os seguintes:

    I - os Planos de Recursos Hdricos;

    II - o enquadramento dos corpos de gua em classes, segundo os usos preponderantes da gua;

    III - a outorga dos direitos de uso de recursos hdricos;

    IV - a cobrana pelo uso de recursos hdricos;

    V - a compensao a municpios;

    VI - o Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos.

    Resposta: C

    26. (CAIXA/2006) O fato de que os corpos de gua so enquadrados em classes um dos princpios previstos.

    Conforme j estudado nessa aula, o fato de que os corpos de gua so enquadrados em classes no um dos princpios previstos na Lei das guas.

    Resposta: E

    27. (CAIXA/2006) Em situaes de escassez, o uso prioritrio da gua para consumo humano e dessedentao de animais.

    Conforme j estudado, este um dos princpios (fundamentos) da Lei das guas.

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    Resposta: C

    28. (UFU/2008) De acordo com a legislao, a entidade federal responsvel pela implementao da poltica nacional de recursos hdricos o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).

    Conforme j estudado, a entidade federal responsvel pela implementao da poltica nacional de recursos hdricos a ANA (Agncia Nacional de guas).

    Resposta: E

    29. (EMBASA/2009) Segundo a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, os planos de recursos hdricos devem ser elaborados por bacia hidrogrfica e por municpio.

    Percebam que as cobranas continuam sobre a literalidade da Lei.

    Como j vimos em questo anterior desta aula:

    Art. 1 A Poltica Nacional de Recursos Hdricos baseia-se nos seguintes fundamentos: (...)

    V - a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos;

    Resposta: E

    30. (EMBASA/2009) A cobrana pelo uso dos recursos hdricos um instrumento da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, que visa diminuir os custos de combate poluio das guas, assegurando a elas qualidade compatvel com os usos mais exigentes a que forem destinadas.

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    Mas uma questo sobre cobrana pelo uso de recursos hdricos. Notem a recorrncia do assunto em provas do CESPE.

    Art. 19. A cobrana pelo uso de recursos hdricos objetiva:

    I - reconhecer a gua como bem econmico e dar ao usurio uma indicao de seu real valor;

    II - incentivar a racionalizao do uso da gua;

    III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenes contemplados nos planos de recursos hdricos.

    Resposta: E

    O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o rgo consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), tendo sido institudo pela Lei n. 6.938/1981, que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto n. 99.274/1990. Entre as atribuies do CONAMA encontra-se a expedio de resolues que visam estabelecer diretrizes e normas tcnicas, critrios e padres relativos proteo ambiental e ao uso sustentvel dos recursos ambientais. Considerando que as reas de preservao permanente (APP), localizadas em cada posse ou propriedade, so bens de interesse nacional e espaos territoriais especialmente protegidos, cobertos ou no por vegetao, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas, o CONAMA expediu algumas resolues. Nesse aspecto, julgue os itens a seguir, relativos s Resolues de n. 302, 303 e 369 do CONAMA.

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    31. (IEMA/2007) Segundo a Resoluo n. 302 do CONAMA, h parmetros para definio da APP em reservatrios artificiais.

    Apesar de no ser um item explicito no edital, julgo importante que conheamos parte das principais resolues do CONAMA, cobertas por esta questo.

    A Resoluo n. 302 do CONAMA dispe sobre os parmetros, definies e limites de reas de Preservao Permanente de reservatrios artificiais e o regime de uso do entorno.

    Os principais artigos dessa resoluo so:

    Art 3 Constitui rea de Preservao Permanente a rea com largura mnima, em projeo horizontal, no entorno dos reservatrios artificiais, medida a partir do nvel mximo normal de: I - trinta metros para os reservatrios artificiais situados em reas urbanas consolidadas e cem metros para reas rurais; II - quinze metros, no mnimo, para os reservatrios artificiais de gerao de energia eltrica com at dez hectares, sem prejuzo da compensao ambiental. III - quinze metros, no mnimo, para reservatrios artificiais no utilizados em abastecimento pblico ou gerao de energia eltrica, com at vinte hectares de superfcie e localizados em rea rural.

    1 Os limites da rea de Preservao Permanente, previstos no inciso I, podero ser ampliados ou reduzidos, observando-se o patamar mnimo de trinta metros, conforme estabelecido no licenciamento ambiental e no plano de recursos hdricos da bacia onde o reservatrio se insere, se houver.

    2 Os limites da rea de Preservao Permanente, previstos no inciso II, somente podero ser ampliados, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, e, quando houver, de acordo com o plano de recursos hdricos da bacia onde o reservatrio se insere.

    3 A reduo do limite da rea de Preservao Permanente, prevista no 1 deste artigo no se aplica s reas de ocorrncia original da floresta ombrfila densa - poro amaznica, inclusive os

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    cerrades e aos reservatrios artificiais utilizados para fins de abastecimento pblico.

    4 A ampliao ou reduo do limite das reas de Preservao Permanente, a que se refere o 1, dever ser estabelecida considerando, no mnimo, os seguintes critrios: I - caractersticas ambientais da bacia hidrogrfica; II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrogrfica; III - tipologia vegetal; IV - representatividade ecolgica da rea no bioma presente dentro da bacia hidrogrfica em que est inserido, notadamente a existncia de espcie ameaada de extino e a importncia da rea como corredor de biodiversidade; V - finalidade do uso da gua; VI - uso e ocupao do solo no entorno; VII - o impacto ambiental causado pela implantao do reservatrio e no entorno da rea de Preservao Permanente at a faixa de cem metros.

    5 Na hiptese de reduo, a ocupao urbana, mesmo com parcelamento do solo atravs de loteamento ou subdiviso em partes ideais, dentre outros mecanismos, no poder exceder a dez por cento dessa rea, ressalvadas as benfeitorias existentes na rea urbana consolidada, poca da solicitao da licena prvia ambiental.

    6 No se aplicam as disposies deste artigo s acumulaes artificiais de gua, inferiores a cinco hectares de superfcie, desde que no resultantes do barramento ou represamento de cursos d`gua e no localizadas em rea de Preservao Permanente, exceo daquelas destinadas ao abastecimento pblico.

    Art. 4 O empreendedor, no mbito do procedimento de licenciamento ambiental, deve elaborar o plano ambiental de conservao e uso do entorno de reservatrio artificial em conformidade com o termo de referncia expedido pelo rgo ambiental competente, para os reservatrios artificiais destinados gerao de energia e abastecimento pblico.

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    1 Cabe ao rgo ambiental competente aprovar o plano ambiental de conservao e uso do entorno dos reservatrios artificiais, considerando o plano de recursos hdricos, quando houver, sem prejuzo do procedimento de licenciamento ambiental.

    2 A aprovao do plano ambiental de conservao e uso do entorno dos reservatrios artificiais dever ser precedida da realizao de consulta pblica, sob pena de nulidade do ato administrativo, na forma da Resoluo CONAMA n 09, de 3 de dezembro de 1987, naquilo que for aplicvel, informando-se ao Ministrio Pblico com antecedncia de trinta dias da respectiva data.

    3 Na anlise do plano ambiental de conservao e uso de que trata este artigo, ser ouvido o respectivo comit de bacia hidrogrfica, quando houver.

    4 O plano ambiental de conservao e uso poder indicar reas para implantao de plos tursticos e lazer no entorno do reservatrio artificial, que no podero exceder a dez por cento da rea total do seu entorno.

    5 As reas previstas no pargrafo anterior somente podero ser ocupadas respeitadas a legislao municipal, estadual e federal, e desde que a ocupao esteja devidamente licenciada pelo rgo ambiental competente.

    Art. 5 Aos empreendimentos objeto de processo de privatizao, at a data de publicao desta Resoluo, aplicam-se s exigncias ambientais vigentes poca da privatizao, inclusive os cem metros mnimos de rea de Preservao Permanente.

    Pargrafo nico. Aos empreendimentos que dispem de licena de operao aplicam-se as exigncias nela contidas.

    Resposta: C

    32. (IEMA/2007) Segundo a Resoluo n. 303 do CONAMA, a vereda definida como espao rido, onde h ocorrncia de

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    solos hidromrficos, caracterizado por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetao tpica.

    A Resoluo CONAMA N 303 dispe sobre parmetros, definies e limites de reas de Preservao Permanente.

    Em seu artigo 2, esta Resoluo adota as seguintes definies:

    I - nvel mais alto: nvel alcanado por ocasio da cheia sazonal do curso d`gua perene ou intermitente; II - nascente ou olho d`gua: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a gua subterrnea; III - vereda: espao brejoso ou encharcado, que contm nascentes ou cabeceiras de cursos d`gua, onde h ocorrncia de solos hidromrficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetao tpica; IV - morro: elevao do terreno com cota do topo em relao a base entre cinqenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade; V - montanha: elevao do terreno com cota em relao a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por plancie ou superfcie de lenol d`gua adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depresso mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqncia de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de guas; VIII - restinga: depsito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentao, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influncia marinha, tambm consideradas comunidades edficas por dependerem mais da natureza do substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encontra-se em praias, cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando, de acordo com o estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivos e abreo, este ltimo mais interiorizado;

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    IX - manguezal: ecossistema litorneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos ao das mars, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, s quais se associa, predominantemente, a vegetao natural conhecida como mangue, com influncia flvio-marinha, tpica de solos limosos de regies estuarinas e com disperso descontnua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amap e Santa Catarina; X - duna: unidade geomorfolgica de constituio predominante arenosa, com aparncia de cmoro ou colina, produzida pela ao dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta, ou no, por vegetao; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade mdia inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfcie superior a dez hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfcies a mais de seiscentos metros de altitude; XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinao igual ou superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sop por ruptura negativa de declividade, englobando os depsitos de colvio que localizam-se prximo ao sop da escarpa; XIII - rea urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critrios: a) definio legal pelo poder pblico; b) existncia de, no mnimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. malha viria com canalizao de guas pluviais, 2. rede de abastecimento de gua; 3. rede de esgoto; 4. distribuio de energia eltrica e iluminao pblica ; 5. recolhimento de resduos slidos urbanos; 6. tratamento de resduos slidos urbanos; e c) densidade demogrfica superior a cinco mil habitantes por km2.

    Analisando o inciso III, verifica-se que a definio trazida pela questo est correta.

    Resposta: E

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    33. (IEMA/2007) Segundo a Resoluo n. 369 do CONAMA, h casos excepcionais de utilidade pblica, interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a interveno ou supresso de vegetao em rea de preservao permanente.

    A Resoluo CONAMA N 369 dispe sobre os casos excepcionais, de utilidade pblica, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente- APP.

    Em seu Art. 1, traz o seguinte texto: Esta Resoluo define os casos excepcionais em que o rgo ambiental competente pode autorizar a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente - APP para a implantao de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social, ou para a realizao de aes consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

    1 vedada a interveno ou supresso de vegetao em APP de ascentes, veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetao, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3 da Resoluo CONAMA n 303, de 20 de maro de 2002, salvo nos casos de utilidade pblica dispostos no inciso I do art. 2 desta Resoluo, e para acesso de pessoas e animais para obteno de gua, nos termos do 7, do art. 4, da Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965.

    2 O disposto na alnea c do inciso I, do art. 2 desta Resoluo no se aplica para a interveno ou supresso de vegetao nas APP's de veredas, restingas, manguezais e dunas previstas nos incisos IV, X e XI do art. 3 da Resoluo CONAMA n 303, de 20 de maro de 2002.

    3 A autorizao para interveno ou supresso de vegetao em APP de nascente, definida no inciso II do art. 3 da Resoluo CONAMA n 303, de 2002, fica condicionada outorga do direito de uso de recurso hdrico, conforme o disposto no art. 12 da Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

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    4 A autorizao de interveno ou supresso de vegetao em APP depende da comprovao pelo empreendedor do cumprimento integral das obrigaes vencidas nestas reas.

    Assim, a assertiva est correta.

    Resposta: C

    34. (IEMA/2007) As referidas resolues do CONAMA tratam do tema rea de preservao permanente.

    A Resoluo n. 302 do CONAMA dispe sobre os parmetros, definies e limites de reas de Preservao Permanente de reservatrios artificiais e o regime de uso do entorno.

    J a Resoluo CONAMA N 303 dispe sobre parmetros, definies e limites de reas de Preservao Permanente.

    Enquanto a Resoluo CONAMA N 369 dispe sobre os casos excepcionais, de utilidade pblica, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente - APP.

    Assim, correta a afirmao de que as referidas resolues do CONAMA tratam do tema rea de preservao permanente

    Resposta: C

    35. (IEMA/2007) A Resoluo n. 369 do CONAMA prev a interveno ou supresso de vegetao em APP para a extrao de substncias minerais, independentemente de estudo prvio de impacto ambiental (EIA).

    Em seu Art. 7, a Resoluo n 369 do CONAMA traz o seguinte texto:

    Art. 7 A interveno ou supresso de vegetao em APP para a extrao de substncias minerais, observado o disposto na Seo I

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    desta Resoluo, fica sujeita apresentao de Estudo Prvio de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatrio de Impacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no processo de licenciamento ambiental, bem como a outras exigncias, entre as quais: I - demonstrao da titularidade de direito mineral outorgado pelo rgo competente do Ministrio de Minas e Energia, por qualquer dos ttulos previstos na legislao vigente; II - justificao da necessidade da extrao de substncias minerais em APP e a inexistncia de alternativas tcnicas e locacionais da explorao da jazida; III - avaliao do impacto ambiental agregado da explorao mineral e os efeitos cumulativos nas APP's, da sub-bacia do conjunto de atividades de lavra mineral atuais e previsveis, que estejam disponveis nos rgos competentes; IV - execuo por profissionais legalmente habilitados para a extrao mineral e controle de impactos sobre meio fsico e bitico, mediante apresentao de Anotao de Responsabilidade Tcnica-ART, de execuo ou Anotao de Funo Tcnica-AFT, a qual dever permanecer ativa at o encerramento da atividade minerria e da respectiva recuperao ambiental; V - compatibilidade com as diretrizes do plano de recursos hdricos, quando houver; VI - no localizao em remanescente florestal de mata atlntica primria.

    1 No caso de interveno ou supresso de vegetao em APP para a atividade de extrao de substncias minerais que no seja potencialmente causadora de significativo impacto ambiental, o rgo ambiental competente poder, mediante deciso motivada, substituir a exigncia de apresentao de EIA/RIMA pela apresentao de outros estudos ambientais previstos em legislao.

    2 A interveno ou supresso de vegetao em APP para as atividades de pesquisa mineral, observado o disposto na Seo I desta Resoluo, ficam sujeitos a EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental, caso sejam potencialmente causadoras de significativo impacto ambiental, bem como a outras exigncias, entre as quais:

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    I - demonstrao da titularidade de direito mineral outorgado pelo rgo competente do Ministrio de Minas e Energia, por qualquer dos ttulos previstos na legislao vigente; II - execuo por profissionais legalmente habilitados para a pesquisa mineral e controle de impactos sobre meio fsico e bitico, mediante apresentao de ART, de execuo ou AFT, a qual dever permanecer ativa at o encerramento da pesquisa mineral e da respectiva recuperao ambiental.

    3 Os estudos previstos neste artigo sero demandados no incio do processo de licenciamento ambiental, independentemente de outros estudos tcnicos exigveis pelo rgo ambiental.

    4 A extrao de rochas para uso direto na construo civil ficar condicionada ao disposto nos instrumentos de ordenamento territorial em escala definida pelo rgo ambiental competente.

    5 Caso inexistam os instrumentos previstos no 4, ou se naqueles existentes no constar a extrao de rochas para o uso direto para a construo civil, a autorizao para interveno ou supresso de vegetao em APP de nascente, para esta atividade estar vedada a partir de 36 meses da publicao desta Resoluo.

    6 Os depsitos de estril e rejeitos, os sistemas de tratamento de efluentes, de beneficiamento e de infra-estrutura das atividades minerrias, somente podero intervir em APP em casos excepcionais, reconhecidos em processo de licenciamento pelo rgo ambiental competente, atendido o disposto no inciso I do art. 3 desta resoluo.

    7 No caso de atividades de pesquisa e extrao de substncias minerais, a comprovao da averbao da reserva legal, de que trata o art. 3, somente ser exigida nos casos em que: I - o empreendedor seja o proprietrio ou possuidor da rea; II - haja relao jurdica contratual onerosa entre o empreendedor e o proprietrio ou possuidor, em decorrncia do empreendimento minerrio.

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    8 Alm das medidas ecolgicas, de carter mitigador e compensatrio, previstas no art. 5, desta Resoluo, os titulares das atividades de pesquisa e extrao de substncias minerais em APP ficam igualmente obrigados a recuperar o ambiente degradado, nos termos do 2 do art. 225 da Constituio e da legislao vigente, sendo considerado obrigao de relevante interesse ambiental o cumprimento do Plano de Recuperao de rea Degradada-PRAD.

    Pela anlise do caput do artigo, verifica-se que a assertiva da questo est errada.

    Resposta: E

    A Lei Federal n. 9.433/1997, conhecida como Lei das guas, instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos e, ampliando a mobilizao social em relao s questes das guas, inovou no modelo de controle e de participao social. A partir da Lei das guas, foi possvel, em 2006, o lanamento do Plano Nacional de Recursos Hdricos, que culminou com a criao, em cada estado e no Distrito Federal, de conselhos estaduais e do DF para a gesto dos recursos hdricos. A respeito do regime jurdico e da gesto dos recursos hdricos, julgue os itens seguintes.

    36. (INMETRO/2009) Constitui infrao das normas de utilizao de recursos hdricos superficiais ou subterrneos, entre outros: derivar ou utilizar recursos hdricos para qualquer finalidade sem a respectiva outorga de direito de uso; utilizar-se dos recursos hdricos ou executar obras ou servios relacionados com estes em desacordo com as condies estabelecidas na outorga; perfurar poos para extrao de gua subterrnea ou oper-los sem a devida autorizao.

    Inicialmente, cabe destacar que a Constituio Federal de 1988 estabeleceu, em seu Art. 20, a diferenciao entre as guas de domnio federal e estadual. Determinou, ainda, a competncia da

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    Unio para instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e para definir critrios de outorga de direitos de seu uso.

    Importante tambm ressaltar que o sistema de gerenciamento foi institudo com a Lei N 9.433/97, que trata da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, apresentando, como um de seus instrumentos, a outorga de direito de uso dos recursos hdricos.

    Na esfera institucional, uma importante mudana foi a transferncia, em 1995, da responsabilidade sobre a gesto dos recursos hdricos, do Ministrio das Minas e Energia para o Ministrio do Meio Ambiente, arrefecendo a primazia do setor hidroenergtico no desenvolvimento do setor de recursos hdricos. No novo Ministrio foi criada a Secretaria de Recursos Hdricos (SRH/MMA), responsvel pelas funes de planejamento e regulamentao do setor.

    Mas voltando resoluo desta questo, ela novamente est na anlise da letra da Lei 9433/97:

    Art. 49. Constitui infrao das normas de utilizao de recursos hdricos superficiais ou subterrneos:

    I - derivar ou utilizar recursos hdricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;

    II - iniciar a implantao ou implantar empreendimento relacionado com a derivao ou a utilizao de recursos hdricos, superficiais ou subterrneos, que implique alteraes no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorizao dos rgos ou entidades competentes;

    III - (VETADO)

    IV - utilizar-se dos recursos hdricos ou executar obras ou servios relacionados com os mesmos em desacordo com as condies estabelecidas na outorga;

    V - perfurar poos para extrao de gua subterrnea ou oper-los sem a devida autorizao;

  • OBRAS HDRICAS EM EXERCCIOS P/ O TCU + DISCURSIVA PROFESSOR: REYNALDO LOPES

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    VI - fraudar as medies dos volumes de gua utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;

    VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instrues e procedimentos fixados pelos rgos ou entidades competentes;

    VIII - obstar ou dificultar a ao fiscalizadora das autoridades competentes no exerccio de suas funes.

    Art. 50. Por infrao de qualquer disposio legal ou regulamentar referentes execuo de obras e servios hidrulicos, derivao ou utilizao de recursos hdricos de domnio ou administrao da Unio, ou pelo no atendimento das solicitaes feitas, o infrator, a c