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Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1210 - 17 Dezembro 2003 NOVAS POLÍTICAS PARA A SAÚDE Os cinco trimestres de recessão que vivemos correspondem a vinte meses de acção de um Governo incompetente e socialmente insensível, com as cunhas a alastrar e o desemprego a atingir novos recordes. O PS sempre se distinguiu por saber apresentar políticas alternativas, como agora volta a acontecer na área da saúde, um domínio particularmente sensível às questões de justiça e equidade social. As Jornadas Parlamentares de Coimbra, dedicadas à saúde, marcam um ponto de viragem na afirmação de uma alternativa que visa defender e aprofundar o Serviço Nacional de Saúde, e combater as tentativas para o seu desmantelamento. António Costa pede veto político de Sampaio SUBSÍDIO DE DOENÇA 7 Mulheres socialistas recolhem assinaturas para nova consulta popular ABORTO 13 Fracasso de Bruxelas dá razão ao PS na questão do referendo CONSTITUIÇÃO EUROPEIA Administração Interna feita em cacos COELHO DENUNCIA 15 17 Boas Festas e Feliz Ano Novo O “Acção Socialista” voltará em Janeiro 3 e 4

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Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1210 - 17 Dezembro 2003

NOVASPOLÍTICAS

PARA ASAÚDE

Os cinco trimestres de recessão que vivemos correspondem a vinte

meses de acção de um Governo incompetente e socialmente insensível,

com as cunhas a alastrar e o desemprego a atingir novos recordes.

O PS sempre se distinguiu por saber apresentar políticas alternativas,

como agora volta a acontecer na área da saúde, um domínio

particularmente sensível às questões de justiça e equidade social.

As Jornadas Parlamentares de Coimbra, dedicadas à saúde, marcam

um ponto de viragem na afirmação de uma alternativa que visa defender

e aprofundar o Serviço Nacional de Saúde, e combater as tentativas para

o seu desmantelamento.

António Costapede veto políticode Sampaio

SUBSÍDIO DE DOENÇA

7

Mulheres socialistasrecolhemassinaturas paranova consultapopular

ABORTO

13

Fracasso deBruxelas dá razãoao PS na questãodo referendo

CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

AdministraçãoInterna feitaem cacos

COELHO DENUNCIA

15

17

Boas Festas e Feliz Ano NovoO “Acção Socialista” voltará em Janeiro

3 e 4

2 17 DEZEMBRO 2003ABERTURA

ANTOONIO COLAÇO

AUGUSTO SANTOS SILVA

(DES)ARRANJOS DE NATAL! BOLAS!BOLAS!BOLAS!

O GOVERNO PP-PSDAs eleições de Março de 2002 deram a vitória ao PSD, por uma escassa margem de2 por cento sobre o PS. O PSD, como não obteve a maioria absoluta, decidiuconstituir uma coligação de governo com o PP. Não lhes foi difícil chegar aentendimento, dada a grande proximidade sociológica e ideológica entre as duasformações. Descontada uma franja, hoje claramente minoritária, de orientação maisliberal ou até social-democrata, o PSD situa-se à direita do espectro político. Bastaver a sua filiação no Partido Popular Europeu, isto é, do lado dos conservadores, parapercebê-lo. Durão Barroso é com Aznar e Berlusconi que sente as maiores afinidades,mesmo Chirac lhe parece já distante.

Mesmo assim, mesmo sabendo nós tudo isto, mesmo sendo evidente para todos amatriz de direita do actual Governo, impressiona o domínio ideológico e políticoque o PP vem imprimindo à coligação. Em vários aspectos cruciais, o PSD é umpartido a reboque do PP! E, portanto, já não basta caracterizar a actual maioria comouma coligação de direita, é preciso dizer, para ser rigoroso, que se trata de umacoligação de direita ideologicamente hegemonizada por uma liderança de extrema-direita (que é esse o nome próprio da actual liderança do PP).

Há quatro áreas em que este facto é particularmente saliente e gera consequênciasparticularmente graves.

A primeira é a frente doutrinária e ideológica. Como o projecto de revisãoconstitucional fabricado por Paulo Portas e Santana Lopes bem ilustra, esta direitaainda se sente pouco à vontade com o regime democrático e ainda é revanchista emrelação ao 25 de Abril. O ataque descabelado à Constituição democrática, ao�anticolonialismo�, ao �igualitarismo�, à natureza programática, designadamenteem matéria de direitos sociais, o que revela é essa incomodidade de uma direitaultramontana face ao modelo de democracia socialmente avançada que inspirou oregime político fundado pela revolução democrática de 1974.

A segunda área é a frente social. Não me refiro apenas à combinação entre privatizaçãoneoliberal dos bens e serviços públicos e assistencialismo que domina, hoje, as

políticas de saúde e segurança social. Refiro-me também aos enormes retrocessosque esta coligação quer impor em questões de civilização, como a redução deriscos na toxicodependência ou o tratamento humanista da interrupção voluntáriada gravidez. O que se passou nos últimos dias a propósito desta última questão ébem revelador quer da enorme hipocrisia da direita, quer da subordinação do PSDao radicalismo extremista do PP.

A terceira área diz respeito à comunicação e informação. Os métodos que a actualdirecção do PP aprendeu, nomeadamente na redacção do semanário �Independente�,são os que hoje dominam a política de comunicação do Governo: a manipulaçãomais descarada, os ataques mais soezes, a mentira ou ocultação convertidas em armapolítica quotidiana. Há-de ficar claro, mais dia menos dia, como é que estes métodosforam implantados e seguidos, em particular para atacar e diminuir o Partido Socialista.Só espero que não seja demasiado tarde para a saúde da nossa democracia.

Finalmente, a questão institucional. Impressiona a cegueira de que parece atingidaparte do PSD, face à avançada coordenada do PP de Portas e do sector santanista. Éque o que se joga nessa avançada é a própria mudança de natureza do regimepolítico, no perigosíssimo sentido do populismo. Não são apenas as eleiçõespresidenciais que estão em causa, embora naturalmente a eleição de Santana Lopespara Presidente da República fosse a etapa culminante do projecto. São também apresença na cena mediática, ou a já referida frente doutrinária.

Durão Barroso poderá vir a ser, ele próprio, vítima deste caminho. Mas, por enquanto,ele é o principal responsável. É ele o responsável pelo desmesurado poder que o PPveio a ter na coligação de direita, é ele o responsável pela marginalização dossectores mais modernos do seu próprio partido, é ele o responsável pelo alinhamentoincondicional por Bush e Berlusconi.

A lição é, pois, simples: para combatermos, como devemos, a deriva direitista epopulista da actual situação política, temos de combater Durão Barroso e PauloPortas. Ambos, ao mesmo tempo.

Impressiona a cegueirade que parece atingidaparte do PSD, face àavançada coordenadado PP de Portas e dosector santanista. Éque o que se joganessa avançada é aprópria mudança denatureza do regimepolítico, noperigosíssimo sentidodo populismo.

317 DEZEMBRO 2003

SISTEMA DE SAÚDE CADA VEZ PIORCOM A GOVERNAÇÃO PSD/PPDegradação dos serviços de saúde,aventureirismo na gestão hospitalar, faltade transparência na tomada de decisões,desmantelamento do Serviço Nacionalde Saúde e hipocrisia na questão doaborto, são algumas das acusações àpolítica do Governo feitas pelosecretário-geral do PS, Ferro Rodrigues,no encerramento das jornadasParlamentares, que decorreram emCoimbra entre os dias 15 e 17 deDezembro.Numa intervenção dura relativamente aoestado a que a coligação do PSD/PPconduziu a saúde em Portugal, FerroRodrigues anunciou também algumasiniciativas do Grupo Parlamentar,designadamente a apresentação de umrequerimento ao Tribunal de Contas pararealizar uma auditoria à gestão financeirados 31 hospitais SA, um projecto deresolução para a criação de uma Comis-são Eventual de Acompanhamento dasMedidas de Combate às Listas de Espera,o pedido de apreciação parlamentar dodiploma que criou a Entidade Reguladorada Saúde e a alteração à lei que regula aInterrupção Voluntária da Gravidez.Para Ferro Rodrigues, estas iniciativassão fundamentais para que os portu-gueses possam perceber o que está aacontecer na área da saúde e para queseja possível atenuar os erros que têmsido cometidos. �Algo vai mal � afirmao líder do PS � quando não há médicosnas urgências pediátricas em Lisboa,quando as listas de espera para interven-ções cirúrgicas aumentam todos os dias,quando há hospitais onde as salas de

espera são tendas de campanha�.Este estado de coisas atingiu-se nãosó por causa da incompetência dosgovernantes, mas também pelaobsessão pelo défice, ainda por cima,sem que o Governo o consiga controlar.Por isso, como sublinha FerroRodrigues, o Partido Socialista fará uma�oposição violenta� a todas as políticasque visem reduzir custos, privatizar odireito à saúde, diminuir a capacidadede resposta e afastar o doente do centro

do sistema e substituí-lo pela obsessãocontabilística.O secretário-geral do PS criticou �oaventureirismo� que foi a criação detrinta e uma sociedades anónimas, semque fossem avaliadas as experiênciasanteriores, sem terem sido realizadosestudos prévios e numa completaausência de transparência.�Será que o que se pretendia era criarclientelas partidárias�, interroga FerroRodrigues. � E já agora � acrescenta -

como explica o sr. primeiro-ministro queainda antes desta experiência terproduzido quaisquer resultados seavance já para o novo figurino dasparcerias público/privado? Será apenaspara esconder que dos oito novoshospitais prometidos se calhar apenasum irá entrar em funcionamento lá para2008?�O PS considera também que o País temde conhecer a verdadeira situação daslistas de espera. É que, afirma Ferro

Rodrigues, num domínio em que aspessoas enfrentam situações dramáticas,�os doentes têm de ser o princípio e ofim de toda a acção do sistema�.

Descriminalização do aborto

A descriminalização do aborto voltou aser um dos temas fortes da intervençãodo secretário-geral do PS, depois dofolhetim de desautorizações ereviravoltas dos partidos da coligaçãonesta matéria, com o PP a impor o seuconservadorismo radical ao PSD.�Sempre o disse e reafirmo-o. Quementende, como nós, que a criminalizaçãoda Interrupção Voluntária da Gravidez éuma violência contra a mulher só temum caminho: acabar com essacriminalização�, sublinhou.Utilizando as palavras do porta-voz doCDS/PP, Pires de Lima, Ferro Rodriguesdisse que, ao contrário dos partidos damaioria, no PS todos os socialistasconcordam que as mulheres quepraticam IVG não devem sercriminalizadas.�Na maioria há quem discorde da lei equeira a sua alteração e há quem discordee prefira a política do faz de conta. Nãoquerem que o aborto seja crime e, paratal, não querem que a lei se cumpra. Nósqueremos descriminalizar as mulheresque praticam o aborto e para talqueremos alterar a lei. A maioria tem deser confrontada com as suasresponsabilidades. Se discordam da lei,têm de a mudar. Nós discordamos dalei, e vamos propor a sua alteração�.

SETE DIPLOMAS PARA MELHORAR A SAÚDENas Jornadas Parlamentares de Coimbra foramaprovados sete diplomas na área da saúde queo PS irá apresentar brevemente na Assembleia daRepública, visando, nomeadamente, assegurarmais transparência, eficácia e uma maiorfiscalização em várias matérias relacionadas coma política de saúde, onde avulta desde logo medidasde combate às listas de espera para cirurgias.

Neste quadro, o Grupo Parlamentar doPS (GP/PS) irá apresentar um projectode lei que visa assegurar a todos oscidadãos em tempo útil o acesso àprestação de cuidados de saúde peloServiço Nacional de Saúde (SNS).Assim, nos termos da referida proposta,é dever do Ministério da Saúde promoverformas de articulação com asadministrações regionais de saúde comvista à utilização total da capacidadeinstalada no âmbito do SNS, bem comoprestar informação ao utente sobre a

Por outro lado, visando dotar oParlamento de informação adequada paraacompanhar plenamente as medidasadoptadas no plano da eliminação daslistas de espera, o diploma estabeleceainda que o Ministério da Saúde deveráenviar à Assembleia da República, emJaneiro de cada ano, um balanço sobrea avaliação das medidas de recuperaçãodas listas de espera, bem como aplanificação detalhada da suaprogressiva eliminação.A aprovação desta iniciativa legislativaa par de outras apresentadas pelo GrupoParlamentar do PS - projecto deresolução que cria uma ComissãoEventual de Acompanhamento doPrograma Especial de Combate às Listasde Espera Cirúrgicas (PECLEC) e oprojecto sobre a realização de umdiagnóstico rigoroso sobre as listas deespera � contribuirá para a resolução deum dos problemas que mais preocupa apopulação, devolvendo a confiança aoscidadãos e recolocando-os no centrodo sistema de saúde.Tornar exequível a instituição doConselho Nacional de Saúde, através deuma alteração à Lei de Bases da Saúde é

o objectivo de um outro diplomaapresentado pelo PS, que prevê aeliminação da exigência da eleição dosrepresentantes dos utentes pela AR,definindo com clareza o âmbito de acçãoConselho Nacional de Saúde.Na sequência deste diploma, o PSapresentará um projecto de lei que cria oConselho Nacional de Saúde, órgão deconsulta do Governo, independente, quefunciona junto do Ministério da Saúde,definindo a sua composição, compe-tências e funcionamento.Integrando representantes das organiza-ções de defesa dos utentes de saúde,das organizações socioprofissionais ede outras entidades relevantes em razãoda matéria analisada, o ConselhoNacional de Saúde, que reúne ordi-nariamente pelo menos ordinariamenteduas vezes por ano, terá, entre outrascompetências, acompanhar parceriaspúblico/privado, o processo deempresarialização dos hospitais, aprestação dos cuidados de saúdeprimários e adoptar eventuais programasou medidas de recuperação das listasde espera.A Lei das Associações de Defesa dos

Utentes de Saúde é outro dos diplomasapresentados pelo GP/PS, que tem comoobjectivo central valorizar o papel dasassociações de defesa dos utentes dosistema, estabelecendo para o efeito umconjunto de direitos de participação ede intervenção destas associações juntoda administração central, regional elocal.O PS apresentará ainda no Parlamentoum projecto de lei que cria a figura doProvedor da Saúde, órgão independentee imparcial que funcionará junto daAssembleia da República. Terá comocompetências receber queixas por acçãoou omissão relativas a serviços de saúdepúblicos ou dos sectores social eprivado, incluindo a prática liberal, eemitir pareceres, recomendações epropostas.Os deputados socialistas vão tambémrequerer ao Tribunal de Contas arealização de uma auditoria às contasdos 31 Hospitais SA, abrangendo,nomeadamente, a legalidade e a gestãofinanceira, incluindo a organização,funcionamento e fiabilidade dossistemas de controlo interno.

J. C. C. B.

posição que ocupa, a unidade hospitalare o serviço onde se encontra inscrito e aprevisão do tempo médio de espera paraa realização da intervenção cirúrgica.De acordo com o projecto de lei, osutentes do SNS passam a ter o direito depoder, no prazo de 180 dias a contar dasua inscrição na lista, realizar aintervenção cirúrgica em qualquerentidade prestadora de cuidados desaúde dos sectores público, privado esocial, que tenha contrato celebradocom a ARS respectiva.

Não aceitamos uma estratégia de saúde que se reduz aos objectivos contabilísticos

4 17 DEZEMBRO 2003

COSTA CONTRA VISÃOCONTABILÍSTICA DA SAÚDE

ALMEIDA SANTOS DEFENDE SNSE ALERTA PARA OFENSIVANEOLIBERAL

Uma defesa veemente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi feita porAlmeida Santos na abertura das Jornadas Parlamentares do PS em Coimbra,que manifestou a sua preocupação pela investida das teses neoliberais nasaúde.Na sua intervenção, o presidente do PS fez questão de lembrar e elogiar aacção do ex-ministro dos Assuntos Sociais António Arnaut, �um homemgeneroso, um humanista, que resolveu um belo dia, num sobressalto, levara sério a garantia constitucional de um direito à protecção da saúde, realizadoatravés de um SNS universal, geral e tendencialmente gratuito�.No entanto, alertou, �de recuo em recuo, a filosofia social � melhor dizendosocialista -, que presidiu ao desenho constitucional do SNS, vem sendoprogressivamente neoliberalizada. Não tarda que, quando dermos por isso,do originário SNS, só restará a tabuleta�.Salientando que �a saúde pública é apenas um dos muitos domínios ondese joga toda uma filosofia económica, política e social�, onde �o modeloeconómico neoliberal aspira a converter-se em verdade absoluta, em fim dahistória, impregnando com a sua lei todos os azimutes do pensamento e daacção�, Almeida Santos criticou os socialistas que acabam por aceitarestas premissas.Por isso, apelou para que o PS lute por �mais democracia�, �mais direitoshumanos�, �mais justiça social�, �mais solidariedade�, �mais socialismodemocrático�, concluindo que �quem criou o SNS pode salvá-lo e vaisalvá-lo�.

Perderam-se dois anos sem que seprocurasse, de facto, atacar o problemada falta de resposta dos hospitais civis àsnecessidades da população. A acusaçãoé do líder do líder do Grupo Parlamentardo PS, António Costa, no decurso de umavisita ao Hospital da Universidade deCoimbra, em que era acompanhado pelosdeputados Almeida Santos, João Rui deAlmeida e Renato Sampaio.Nesta deslocação inserida nas JornadasParlamentares do PS, António Costa acu-sou o Governo de ter feito uma �operaçãodemagógica� em torno da questão daslistas de espera nos hospitais, lembrandoque �antes das últimas eleiçõeslegislativas, o actual primeiro-ministrodisse que não haveria novo aeroportoenquanto houvesse listas de espera�.Só que, adiantou, �quase dois anosdepois, não temos novo aeroporto econtinuamos a ter listas de espera�.António Costa baseava-se nos resultadosque lhe tinham sido comunicadosmomentos antes pelo Conselho deAdministração dos HUC relativos aosprogramas especiais para o combate àslistas de esperaAssim, a 30 de Junho do ano passado,estavam em lista de espera cerca de 9200pessoas, tendo os serviços do hospital

dado resposta até hoje a cerca de oito milcasos.No entanto, desde 30 de Junho de 2002,os HUC voltaram a acumular uma lista deespera com mais de 7700 pessoas,números que levaram o líder parlamentarsocialista a concluir que o actual sistemade saúde nacional �é insuficiente paradar resposta à procura nacional�.Referindo ser �necessário investir maisno sistema e retirar o discursoeconomicista da área da saúde, que nãopode ser encarada pela ministra dasFinanças, Manuela Ferreira Leite, como

uma mera questão contabilística de devee haver�, António Costa considerou que�é perigoso� seguir este tipo de opção.Enquanto este grupo de deputadossocialistas visitava os HospitaisUniversitários de Coimbra, outrasdelegações percorriam a rede de saúde dodistrito. Os deputados socialistas visitaramdesignadamente o Hospital Pediátrico, oHospital de Covões, o IPO e a MaternidadeDaniel de Matos, em Coimbra, o Hospitalda Figueira da Foz, e os centros de saúdede Arganil, Góis, Lousã, Condeixa e Tábua.

J.C.C.B.

PS PEDE APRECIAÇÃO DO DECRETO

NOVA ENTIDADE REGULADORAÉ INEFICIENTEA Entidade Reguladora da Saúde (ERS),nos termos consagrados na propostagovernamental, tem escasso poder deintervenção e uma dependência exces-siva do Executivo. Por isso, o PS vaisolicitar a sua apreciação parlamentar.Esta posição socialista foi transmitidapor Rui Cunha no primeiro dia dasJornadas Parlamentares de Coimbra. Aointervir num colóquio que teve comooradores convidados os professoresuniversitários Pedro Ferreira e VitalMoreira, aquele membro do SecretariadoNacional manifestou-se contra a�insuficiência de equidade, cientifici-dade e qualidade� da nova entidade, porconsiderar que esta �não terá capacidadepara se pronunciar sobre nenhum destestrês critérios, uma vez que as suascompetências são limitadíssimas e sópode actuar sob proposta do poderpolítico�.Por outro lado, segundo Rui Cunha, �nodiploma do Governo, verifica-se uma clarainsuficiência do regime de contra-ordenações que poderá ser aplicado pelanova entidade, assim como não estãoprevistas quaisquer penas acessóriasperante casos de infracções�, sustentou..Também sobre este assunto, o deputadoJoão Rui de Almeida disse mesmo nãoacreditar �que a gente que a está a preparar[ERS] tenha estatura moral� para essamissão.O constitucionalista Vital Moreiraconsiderou que, �tendo em conta as

alterações existentes nos últimos anos�no sistema de saúde, �impõe-se umaentidade reguladora, caso contrário seriaa catástrofe�. Mas não deixou de explicarque há diferenças entre a opção domodelo adoptado pelo Governo e aqueleque ele mesmo propôs e que sustentoudever ser �uma regulação dedicada,independente e integrada�, salientandoainda que pelo caminho ficaram entidadesnão só como o conselho consultivo, mastambém o provedor do utente.Neste contexto, o vice-presidente do GP/PS Afonso Candal mostrou-se apreensivocom a �real independência da novaentidade�, assim como com �a falta dearticulação prevista com outras entidadesdo Ministério da Saúde�, estranhandoainda igualmente �a ausência da figurado provedor� no âmbito da ERS.Já Pedro Ferreira, que abordou a perspec-tiva económica do problema, defendendoque cada vez mais a saúde deixa de serencarada como um direito constitucional,para ser olhada como um negócio.�O Ministério da Saúde não pode esperarque seja a entidade reguladora a resolvertudo, cabe-lhe desenvolver competênciastécnicas para a elaboração de contratoscom privados�, concluiu.

Gestão privada dos hospitaisnão tem sido eficiente

A Saúde em Portugal foi o tema genéricodo colóquio de terça-feira, integrado nas

Jornadas e em que foram principaisoradores o sociólogo Manuel VillaverdeCabral e o ex-director Geral de SaúdeConstatino Sakelarides.Segundo o ex-director Geral da Saúde,ao contrário do que se passou em toda aEuropa, a entrega da gestão privada noAmadora-Sintra, que está �instaladonuma zona com fortes problemas sociaise com pressão populacional�, não teveconcorrência ao nível do concurso equem saiu beneficiado pela atribuição�não teve que fazer investimento, apesarde ter direito a retirar mais valias�.�Isso é único�, apontou o especialistaem saúde pública.Perspectiva também muito críticaassumiu Constantino Sakelarides emrelação à controvérsia em torno das listasde espera.�É preciso sabermos quantas pessoas equanto tempo se espera em cada hospitale em cada doença. Sem informação por-menorizada, não é possível fazer-semuito, porque é o mesmo que se fazeruma soma sem olhar para as parcelas�,sustentou.Por seu turno, Manuel Villaverde Cabraldisse que o último estudo nacional sobrea Saúde demonstrou que �os portugue-ses estão abertos aos genéricos, desdeque validados por médicos�.O sociólogo disse ainda que o mesmoestudo comprovou uma �tendênciahipocondríaca� dos portugueses.

M.R.

RECOLOCAR O CIDADÃO NOCENTRO DO SISTEMA DE SAÚDEO PS tem levado a cabo uma série de iniciativas ao longo das últimassemanas no sentido de fazer um diagnóstico rigoroso do estado da saúdeem Portugal, por forma a definir uma estratégia eficiente e eficaz de respostaaos verdadeiros problemas, numa área que considera dever constituir sempreuma prioridade política e onde os cidadãos devem ser olhados como oelemento central do sistema.Assim, no quadro das Jornadas Parlamentares que hoje terminam, emCoimbra, os socialistas apresentaram, num documento final, as conclusõesdos trabalhos, defendendo, na generalidade, a sua �convicção profunda�de que �o Serviço Nacional de Saúde deverá continuar a ser o elementoestruturante�, sem negar, no entanto, �a imprescindibilidade da suamodernização e reforma�, visando um cada vez melhor acesso eacompanhamento dos cidadãos e a sua sustentabilidade financeira.Para os deputados do PS, �só através do sector público se poderão desenvolverestratégias de prevenção e promoção da saúde que exigem acçõescoordenadas e transversais entre diversas áreas da governação�, pelo que�os objectivos políticos de gestão dos recursos e de controlo das despesasdevem procurar ganhos em saúde e ser enquadrados por normas e referenciaisde qualidade�.Assumindo uma �aposta clara nos cuidados primários�, o PS apela numreforço da qualificação dos recursos os humanos e exige, da parte dospoderes públicos, respostas adequadas e urgentes, nomeadamente no querespeita à abertura de vagas de especialidade e de valorização das carreirasde medicina familiar e de saúde pública.Na área da toxicodependência, os socialistas apontam para a ameaça deuma inversão de estratégia que se consubstancia num �discurso centradoexclusivamente na prevenção omitindo por completo as componentes dotratamento e de reinserção social�.Relativamente à empresarialização de determinadas unidades de saúde,teve amplo consenso a ideia segundo a qual esta podia e devia ser ampliadade forma controlada e sempre sem perder de vista o seu principal objectivo:�a racionalização de meios visando o combate ao desperdício onde esteexista e um reforço de gastos nas áreas com carências mais profundas�.Todavia, lamentam, �o objectivo de mérito e merecedor da nossa totalconcordância foi substituído, na prática de quase um ano, por uma lógicaredutora e centralizada em torno de objectivos económicos�.Os deputados socialistas analisaram ainda os enormes riscos que, nestecontexto, se perfilam em termos de controlo da utilização de dinheirospúblicos.Assim, o PS procedeu à aprovação de um conjunto de sete iniciativaslegislativas a serem apresentadas na Assembleia da República, que procuram,em linhas gerais, dar resposta ao drama das listas de espera, fiscalizar ascontas dos hospitais SA, imprimir transparência no sistema, regular acirculação de informações, promover o debate alargado, estimular oenvolvimento dos utentes do serviço de saúde pública e priorizar a suaprotecção.

INICIATIVA

517 DEZEMBRO 2003

SAÚDE

HOSPITAIS SEM CONDIÇÕES CHOCAM FERRO RODRIGUESDurão Barroso não está a dar a respostaprometida aos dramas hospitalares quesão evidentes, sobretudo, nos serviçosde urgência, um pouco por todo o País.Esta foi a denúncia feita por FerroRodrigues durante as visitas que efec-tuou, recentemente, a mais duas valên-cias públicas de cuidados de saúde.O secretário-geral do PS manifestou-se�indignado� com as condições em quefunciona o Hospital de Seia, afirmandoque se trata de uma �situação dramáticaem termos humanos�. É que a referidaunidade hospitalar está numa situaçãode ruptura tal que foi necessário aproveitarcorredores e casas de banho paradepartamentos e serviços de atendimentoaos utentes e mesmo para enfermarias.Ferro Rodrigues que a convite da CâmaraMunicipal visitou as instalações hospita-lares, alertou para o facto das mesmasnão terem condições de funcionamentopara utentes e profissionais da saúde.O líder socialista lamentou �o incumpri-mento total por parte deste Governo daspromessas que fez em momentosparticularmente importantes como foramas últimas eleições legislativas, em quefoi prometido que haveria um novoHospital em Seia�, considerando que

�essa promessa foi rasgada�.Aliás, é �muito surpreendente que oMinistro da Saúde tenha sido convidadojá várias vezes a visitar as instalações(hospitalares) e por três vezes tenhaadiado�, observou Ferro, classificandoesta atitude da tutela como um �muitomau sinal�.�As pessoas em Seia, os habitantes emSeia, a Câmara Municipal, osprofissionais do Hospital, aqueles quetêm procurado gerir com estasdificuldades, têm todos de sentir umaenorme indignação, uma enormevontade de protesto�, acrescentou osecretário-geral, recordando ainda quedurante o Governo do PS �houvediligências no sentido de haver novasinstalações� e que o então ministro daSaúde Correia de Campos visitou oHospital de Seia, tendo deixado expressoque se poderia e deveria na actuallegislatura �estar a proceder a umprojecto de um novo Hospital�.

Caos nas urgênciaspediátricas

Em Torres Vedras, dias antes, Ferro foiconfrontado com o que classificou

responsabilizando o Ministério da Saúdepela descoordenação.�Não é aceitável que haja um discurso

GOVERNO CEDESNS A PRIVADOS

O Governo está a ceder a interesses do sector privado na área da saúde. Adenúncia do PS/Algarve, divulgada no passado dia 12, aponta para aanunciada intenção de uma empresa privada abrir vários hospitais nodistrito de Faro.Em causa está a intenção da empresa Hospitais Privados de Portugal(HPP) � Sul de constituir uma rede de hospitais de proximidade naregião, nomeadamente, em Faro, Loulé, Lagos e provavelmente Tavira.Perante este cenário, os socialistas consideram que tal tomada de posiçãotem como objectivo conseguir uma posição privilegiada no futuroconcurso de parceria público/privado para a construção e gestão dofuturo Hospital Central do Algarve.�Definindo a estratégia dos Hospitais Privados de Portugal � Sul como deocupação do território, (um responsável da HPP) anuncia o seu interessepela constituição de uma empresa para gerir os centros de Saúde deLagos, Vila do Bispo e Aljezur�, acentua a distrital algarvia.O PS considera que tais intenções não constituiriam motivo depreocupação, por se enquadrarem na normal definição dos interesses deuma empresa privada, �se não existisse uma preocupante aproximaçãoentre os interesses públicos e privados�.Assim, aponta como exemplos o recente aval do Executivo entre o HPP ea Misericórdia de Loulé, a participação do HPP � Sul no Fórum de Saúdedo Algarve e a presença do ministro da Saúde na inauguração do HospitalPrivado de São Gonçalo de Lagos.�Estamos perante uma situação em que se vislumbra a cedência de partessignificativas do SNS aos interesses privados, nomeadamente na áreados meios complementares de diagnóstico e terapêutica, na contrataçãoe exploração pelos privados dos serviços mais rentáveis e na cedência deinstalações e equipamentos adquiridos com fundos públicos�, afirma-se no documento.Os socialistas acusam o Governo de criar condições para que o sectorprivado lucrativo da Saúde se desenvolva de uma forma segura e semriscos, �uma vez que é apoiado pelo Estado através da garantia de umamercado financiado pelo orçamento estatal�.Sublinhando que nada tem contra os interesses privados no sector, o PSalerta contudo para �os perigos da mercantilização da Saúde�, que sepode transformar �numa qualquer mercadoria, sujeita à lei da oferta e daprocura, só tendo acesso a ela, não quem precisa, mas sim quem temcapacidade financeira para pagar o preço que é pedido�.

político responsabilizando os médicosde uma unidade contra os outros paraexplicar uma situação que é de autênticocaos nas urgências nocturnas emLisboa�, afirmou o líder do PS após umavisita ao Centro Hospitalar local.O secretário-geral referia-se à declaraçãodo ministro Luís Filipe Pereira afirmandoque a falta de pediatras só se verificouquando as urgências nocturnas deLisboa foram asseguradas por médicosdo Hospital de Santa Maria e não quandoo serviço foi assegurado pelos clínicosdo Hospital S. Francisco Xavier.Segundo Ferro, �qualquer soluçãotecnicamente possível é boa exceptoaquela que existe que é uma situação detotal confusão e de total incapacidadede resposta� e o Ministério, �em vez deprocurar coordenar esforços, parece teruma vocação, através do senhorministro, de criticar, atacar e dividir�.Recorde-se que o actual modelo deurgências pediátricas nocturnas emLisboa centraliza-se no Hospital DonaEstefânia, de terça a sábado, entre as 22e as 9 horas, mas aos domingos esegundas-feiras é assegurado pormédicos que se deslocam do Hospitalde Santa Maria.

como um �autêntico caos� ao comentara situação que se vive nas urgênciaspediátricas nocturnas de Lisboa,

As medidas do Governo para as urgências pediátricas instalaram a confusãonos hospitais de Lisboa

INICIATIVA

DEBATES

PS DEFENDE LÓGICA INTEGRADORA DA SAÚDEOs socialistas não desistem da suaproposta de constituir Centros de Saúdede Terceira Geração, numa lógicaintegradora e multidisciplinar doscuidados primários de saúde, recusan-do a pretensão governamental deatomizar estas valências e segmentaros serviços.Esta a principal conclusão retirada dodebate sobre �Cuidados Primários ePolíticas de Saúde�, que o GrupoParlamentar do PS promoveu, nopassado dia 9, em Portimão, e que,tendo como moderador o deputado LuísCarito, contou com a participação deRui Nogueira (Associação Portuguesade Médicos de Clínica Geral), MárioJorge Rego (da Associação Portuguesados Médicos de Saúde Pública) eMargarida Santos (enfermeira especia-lista em reabilitação).Depois de assinalar os ganhos nosector que se têm verificado no nossoPaís como resultado de vários factores,como a melhoria substantiva daqualidade da água canalizada, aimplementação do Plano Nacional deVacinação e o seguimento de umapolítica materno-infantil cuidada, osoradores congratularam-se com o factode indicadores da Organização Mundialde Saúde posicionarem Portugal no 12ºlugar a nível mundial.Na análise feita ao decreto governamentalsobre os cuidados primários de saúde,os oradores apontaram para o queconsideraram ser �uma lógica clientelar�e �despesista�, assinalando os mais de1500 lugares de chefia agora criados.A ideia da �desvalorização dosinstrumentos de promoção de saúde em

favor da lógica de medicalização detodas as situações com duvidososresultados em termos de ganhos desaúde e com o provável aumento dasdespesas� não gerou controvérsia entreos diversos especialistas convidados,que também concordaram nainexistência de uma política socialintegrada, abrangendo não só osServiços de Saúde mas diversas outraspolíticas sociais, hoje postas em causapela indefinição relativamente aoRendimento Social de Inserção, pelasreduções quer do subsídio de Doençaquer do Subsídio de Desemprego, querprincipalmente pelo drástico aumentodo desemprego.A urgência de se estabelecer uma�actividade intersectorial entre aSegurança Social, as câmarasmunicipais e as IPPS foi também temaem discussão a par da necessidadecada vez mais evidente de formação deprofissionais.Durante o debate, ficou bem patente aconvicção generalizada de que épreciso �redireccionar política devagas� nos cursos relacionados comsaúde, passando, como se defendeu,�de uma lógica de disponibilidade deformação para uma lógica denecessidade operacional�, uma vez que�esta é condição fundamental paraminimizar os problemas decorrentes daactual escassez de médicos�. Casocontrário, em 2012 a situação atingiráa crise.Mas, para que isto não aconteça,afiançou Luís Carito, �impõe-se tomarmedidas de curto prazo�, como,apontou, �contratações exteriores�.

Ainda no âmbito dos debates prepara-tórios das Jornadas Parlamentares doPS, a bancada socialista promoveu, nopassado dia 2, em Setúbal, sob amoderação de Manuela Arcanjo, umcolóquio dedicado ao tema da �GestãoHospitalar SA�. Neste encontro partici-param também Manuel Delgado(Associação Nacional de Administra-dores Hospitalares), Rogério Gaspar(professor universitário) e ArmandoGonçalves (Associação Portuguesa deMédicos de Carreira Hospitalar).A ex-ministra centrou a sua intervençãonas questões relacionadas com a posiçãodo actual titular da pasta da Saúde,relativamente aos hospitais SA,questionando até que ponto a actualestratégia não está demasiadamentedireccionada para os problemas finan-ceiros, sem atender a uma desejável eurgente melhoria dos cuidados prestados.Para Manuela Arcanjo, médicos egestores defrontam-se presentementecom carências ao nível dos reforços, oque poderá condicionar os actosterapêuticos a uma política dependentede preços, isto é, �a escolha nem sempreserá a mais eficiente, mas sim a maisbarata�.À semelhança do que aconteceu naEuropa, em que medidas congéneresforam tomadas, também em Portugal osutentes vão sofrer os efeitos negativosdessas decisões apressadas, nomea-damente, no que respeita à perda dequalidade dos serviços de saúde. Estaa conclusão defendida pela economistaque não põe em causa o modelojurídico dos hospitais SA, mas a suaaplicação precipitada.

6 17 DEZEMBRO 2003PARLAMENTO

ERROS E AUSÊNCIADE ESTRATÉGIA

1. A actuação do Governo português naquestão da aplicação do Pacto deEstabilidade e Crescimento tem sidoerrática e desqualificante doExecutivo, não defendendo como seimpunha, os interesses globais doPaís. Prejudica os portugueses, comrestrições excessivas, devido àobsessiva preocupação do défice edesprestigia Portugal no estrangeiro,com uma visão ultrapassada einadequada das necessárias regras defuncionamento da Eurozona.Tudo começa pela erradainterpretação do Pacto, adoptadapela ministra Manuela Ferreira Leitecom uma visão que ignora o crescimento e privilegia a falsa estabilidade.Adoptando na prática a ideia peregrina de que não é urgente alterar arelação entre receitas e despesas públicas, mas sim, usando receitasextraordinárias e irrepetíveis, chegar formalmente a um défice compatívelcom a regra do limite de 3 por cento do PIB. Entretanto, diminui oinvestimento, contribui para o aumento do desemprego e avalizatacitamente a desorçamentação na saúde, com a passagem de umnúmero elevadíssimo de unidades de saúde do Sector PúblicoAdministrativo para o Sector empresarial.

2. Os erros de Manuela Ferreira Leite e do Governo, no seu conjunto, nesteprocesso, são enormes. Procuremos enumerar os essenciais:Em primeiro lugar, colocaram o Estado português numa posiçãohumilhante perante a Europa, adoptando critérios diferenciados (e quenão voltaram a ser repetidos) na análise das contas públicas de 2002.Procuravam �vacinar� o País contra o PS, mas o que fizeram foi colocarPortugal na mira das sanções europeias, ao abrigo da regra dos déficesexcessivos.Depois, obcecados pelo défice público, considerado de formaexclusivamente nominal, adoptaram manigâncias distorcedoras das boasregras contabilísticas, mergulhando o País na recessão, com os cortesprovocados no investimento, com o aumento de preços e de impostos aque procederam (no IVA e no IRS), diminuindo a procura interna.Como efeito desta erradíssima politica, já se contam hoje cinco trimestressucessivos de diminuição do Produto Interno Bruto português. Oinvestimento reprodutivo desceu brutalmente. E o desemprego temcrescido, a um ritmo de há muito desconhecido em Portugal. Não háperspectivas de retomar o crescimento, a não ser por um efeito de lentoarrastamento, puxado pela procura externa. O que tem tardado. Entretanto,o tecido empresarial português está a sofrer danos irreversíveis.

3. No plano externo, o Governo português perdeu uma oportunidade deouro de intervir no quadro europeu, ao não propor em Janeiro de 2003o reequacionamento do Pacto de Estabilidade e Crescimento.Efectivamente ter-se-ia ganho um ano com o início da discussão dareavaliação do PEC. E caso a posição do Estado português, devidamentesuportada por uma votação parlamentar esmagadora e prenhe designificado, tivesse sido recusada (o que possivelmente nãoaconteceria), seria clara a capacidade de iniciativa do Estado português,no quadro de uma União que patina no terreno económico e orçamental.Longe vão os tempos em que os governos socialistas contribuíam paramarcar o ritmo europeu, em domínios como os das políticas de empregoe de inovação tecnológica, no quadro de uma concepção global dedesenvolvimento que a estratégia de Lisboa consagrou.

4. Assim, foi a vergonha!Marques Mendes condenou a posição face à França e à Alemanha,enquanto Manuela Ferreira Leite avalizou essa posição com o seu voto.Durão Barroso tentou compor, mas era praticamente impossível.As tíbias justificações de Ferreira Leite, no final do ECOFIN e noParlamento português, vieram praticamente fechar o quadro dos erroscometido pelo Governo nesta fase. Não foi capaz de explicar a suaincoerente posição no Eurogrupo e no Conselho ECOFIN, evidencioua ausência de qualquer estratégia económica, parecendo correr atrásdos objectivos de um Pacto em que já ninguém acredita. Sacrificando,com essa obstinação, Portugal e os portugueses.

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JOEL HASSE FERREIRA

As tíbias justificações de Ferreira Leite, nofinal do ECOFIN e no Parlamento português,vieram praticamente fechar o quadro doserros cometido pelo Governo.

SEGREDO DE ESTADO

TRANSPARÊNCIAÉ REGRA DE EXCELÊNCIA

SEGURANÇA

PS EXIGE EXPLICAÇÕESAO MINISTRO FIGUEIREDO LOPES

Numa instituição representativa davontade popular, a regra deve ser atransparência e o segredo a excepção.Esta a ideia central do projecto de lei doPS que visa regular o acesso daAssembleia da República e dosdeputados a documentos classificados,se tal se justificar para o cumprimentoda sua missão.Na apresentação da iniciativa legislativado PS, que decorreu no passado dia 3, odeputado socialista Medeiros Ferreiralembrou que o Parlamento �está emcontínuo escrutínio público�, sendo,portanto o �órgão de soberania onde atransparência é a regra de excelência�.�O que à Assembleia (da República) nãochega, também ao soberano ésonegado�, sustentou o ex-ministro dosNegócios Estrangeiros, antes de darreafirmadas garantias de que o projectodo PS assegurará condições desegurança na circulação de documentossecretos nos meios parlamentares.Segundo Medeiros Ferreira, o acesso adocumentos e informações comclassificação de segredo de Estado �éassegurado em condições de sigilo esegurança apropriadas aos presidentesdo grupos parlamentares, ou de umrepresentante de cada bancada que tenhatomado a iniciativa de requerer oacesso�.O parlamentar admitiu ainda apossibilidade de o documentoclassificado competir �exclusivamenteao presidente da Assembleia daRepública e presidente de comissão quesolicitou esse acesso, mediante decisãofundamentada assente em excepcionaisrazões de risco�.�A segurança das informaçõesclassificadas no percurso e decurso daactividade parlamentar é assim umapreocupação central da iniciativa do PS,a par com a defesa das competências daAssembleia da República�, sustentou odeputado açoriano.No texto introdutório ao projecto de leiexplicita-se que �a natureza excepcional

do segredo de Estado modela-se nacompreensão de que só podemconstituir matérias fechadas aoconhecimento dos cidadãos asinformações, objectos ou factos que aserem divulgados de modo nãoautorizado possam acarretar um dano,mais ou menos significativo, àsalvaguarda da independência nacional,da unidade e integridade do Estado e dasegurança interna e externa�.Ora, a necessidade de regulação destamatéria é tanto mais relevante, comosustenta a bancada socialista, quanto oexercício das competências fiscaliza-doras e legislativas da Assembleia daRepública exigem uma informação eacesso documental que não podesubmeter-se a uma lógica de segredo deEstado que excluam o Parlamento, comose este não fosse, também ele um órgãoestatal.Em declarações à Comunicação Social,Medeiros Ferreira não hesitou em lembrara polémica surgida com a chamada �listados espiões do SIEDM�, em 1999.�Se esta lei já tivesse sido aprovada, os

documentos que nessa altura aquichegaram tinham chegado dentro de umcircuito regulamentado por lei�.O projecto socialista, acrescentou,pretende �manter o equilíbrio de poderesentre a Assembleia e o Executivo�.O Parlamento tem como missão fiscalizaro Governo e o objectivo deve ser o da�atenuação da opacidade�, explicou.Assim, se o projecto socialista seconstituir em lei, uma vez decidido queo diploma baixa à especialidade semvotação, pode então finalmente ganharvida a Comissão de Fiscalização doSegredo de Estado, que existe há noveanos, mas só no papel.Entretanto, foi acordada a constituiçãode um grupo de trabalho, presidido pelopresidente da Assembleia da República,com o objectivo de permitir o acesso doParlamento a documentos classificadoscomo segredo de Estado.Esse grupo de trabalho deverá ser formadono âmbito da Comissão Parlamentar deAssuntos Constitucionais, Direitos,Liberdades e Garantias, cabendo-lhedepois levar a plenário um projecto final.

O PS está preocupado com os �indíciosde instabilidade e de falta de autoridade�no Ministério da Administração Interna,tendo requerido a presença urgente noParlamento do titular da pasta, FigueiredoLopes.Segundo o deputado socialista VitalinoCanas, �são públicos os inequívocosindícios de intranquilidade, deinstabilidade e de ausência de autoridadeem vários sectores dependentes doMinistério da Administração Interna�.�Todas as manhãs o ministro FigueiredoLopes tem o telefone a tocar com a notíciade uma nova crise no seu ministério�,

comentou em declarações aos jornalistasno Parlamento.Segundo Vitalino Canas, �há preocupa-ções manifestadas por vários sectoressobre o grau de preparação dos mecanis-mos e estruturas de segurança necessá-rios para o Euro 2004�.Além de observar a �crescente radicali-zação� das posições sindicais na PSP,�alegadamente por falta de resposta doMinistério, até às praxes no Instituto Supe-rior de Ciências Policiais de SegurançaInterna�, o deputado referiu haver �indica-dores claros de ausência ou deficiênciade comando e de orientação política�.

O ex-secretário de Estado do PS explicouainda que �o incidente mais graverevelador dessa instabilidade� foi ademissão do comandante da Brigada deTrânsito da GNR, o major general AlfredoAssunção, �em circunstâncias quemerecem ser avaliadas�.Vitalino Canas quer ainda conhecer aresposta política do ministro FigueiredoLopes �às recentes e graves revelaçõesfeitas pelo ex-presidente do ServiçoNacional de Bombeiros e de ProtecçãoCivil, Leal Martins, bem como àinstabilidade que este serviço continua adenotar a nível directivo�.

A salvagurda da independência nacional, a unidade e integridade do Estado e desegurança interna e exterior constituem os limites do segredo de Estado

717 DEZEMBRO 2003

MARIA DE BELÉM ROSEIRA NA AR

SUPRESSÃO DOS DIREITOS DOS DOENTESDIMINUI JUSTIÇA SOCIALAo contrário do proclamadopelo Governo, “as alteraçõesintroduzidas no subsídio dedoença visamverdadeiramente adiminuição de despesa e nãomaior justiça social naatribuição do subsídio”,denunciou Maria de Belém,numa intervenção noParlamento em que apontouos diversos erros de maisesta medida inserida nacontra-reforma social que amaioria de direita tem vindo alevar a cabo com o apoio dossectores mais retrógrados dasociedade portuguesa.

�É uma diminuição de despesa que sepretende para compensar o acréscimo dedespesa com o subsídio de desemprego�,afirmou, sublinhando que o flagelo dodesemprego �combate-se com políticaseconómicas eficazes que induzam ocrescimento do investimento e asoportunidades de emprego, não seconsegue comprimindo os direitos daspessoas doentes�É que, sustentou, �a justiça social nuncapoderá ser feita à custa dos maisfragilizados, através da redução dos seusdireitos�.Para a deputada socialista, uma alteraçãodas regras de atribuição do subsídio dedoença que se concretiza na diminuiçãoem 15 por cento do montante até agoraem vigor nas baixas até 30 dias, e de 10por cento nas baixas entre 30 e 90 dias é�absolutamente errada� e �contraprodu-cente� e só pode contar com a �oposiçãofrontal� do PS por várias ordens de razões.

Em primeiro lugar, disse, �é errada, porrazões de natureza conceptual�, dado que�o subsídio de doença integra o conjuntode prestações de natureza previdencial,que o mesmo é dizer de seguro públicoobrigatório, que devem estar ligadas aonível remumeratório que visam substituire não à duração do período de doença�.Para além disso, alertou, �é uma medidafragmentadora da solidariedade colectivaporque, em ambiente de plafonamento,os mais ricos tenderão a fugir paramodalidades de seguro privadas queapenas ao próprio beneficiarão, aumen-tando a clivagem entre ricos e pobres edebilitando a sustentabilidade financeirado sistema público�.Em segundo lugar, disse, a medida é�socialmente injusta� porque �diminui osníveis de rendimento expectáveisprecisamente perante a ocorrência de umaeventualidade � a doença � que visacompensar�. E isto, acrescentou, no paísda União Europeia �com os níveis salariaismais baixos de toda a União, com a maiordesigualdade na distribuição de rendi-

mentos e com a maior taxa de pobreza�.Para Maria de Belém, a redução do subsídiode doença é também uma medida �forte-mente marcada pela desigualdade dogénero�, uma vez que �as mulheres serãoas mais penalizadas�. É que, lembrou, emPortugal, as mulheres têm um nível médiosalarial inferior a cerca de 30 por cento aoauferido pelos homens, �o que explica asbaixas taxas de trabalho a tempo parcial� porque os rendimentos auferidos sãobaixos e, como tal, indispensáveis na suatotalidade�.Por sua vez, adiantou, �a taxa de absentis-mo das mulheres é mais elevada e a issonão é estranha a carga que assumem,praticamente sozinhas, com os cuidadosaos dependentes�.Para além de todos estes erros e malfeitoriasaos trabalhadores e à coesão social, Mariade Belém salientou ainda que esta medida�vem totalmente ao arrepio de todas asmensagens das modernas políticas desaúde, demonstrando uma visão sectoriale não integrada das políticas sociais�.

J. C. CASTELO BRANCO

COSTA PEDE VETO POLÍTICODE SAMPAIO NA REVISÃODO SUBSÍDIO DE DOENÇA

A revisão do subsídio de doença constitui um �retrocesso civilizacional�,considerou António Costa, lembrando que o Presidente da República podeusar o veto político ou o recurso para o Tribunal Constitucional.Falando aos jornalistas no final de uma reunião com a direcção da UGT, olíder parlamentar socialista considerou que a proposta do Governo para aalteração dos pagamentos do subsídio de doença prevê �uma reduçãosignificativa dos direitos dos trabalhadores�, sublinhando que Jorge Sampaio�não dispõe apenas do poder de pedir a fiscalização preventiva do diplomado Governo ao Tribunal Constitucional. Também tem o poder de usar o vetopolítico�.Referindo que o Governo, �pressionado pelo CDS-PP, quer introduzir emPortugal um modelo social próprio dos países emergentes, com redução dedireitos�, António Costa disse que o PS considera que se trata de �umretrocesso civilizacional e defende a manutenção do modelo social europeu,que trouxe a esses países desenvolvimento e inovação�.

SECRETÁRIO DE ESTADODAS COMUNIDADES

DEVE DEMITIR-SEA demissão do secretário de Estado das Comunicações, José Cesário, foipedida pelo PS, que o acusa de ter mentido no caso do favorecimento dafilha do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz.O deputado socialista Augusto Santos Silva sustentou que José Cesário�deixou de ter condições políticas� para continuar no Governo, porqueentrou em �total contradição� entre o que disse à Rádio Renascença, a 7 deOutubro, e o que afirmou, no dia 2 de Dezembro, numa audição sobre ocaso na Comissão parlamentar de Educação.Augusto Santos Silva referiu que nas declarações que fez à emissora católica,no dia da demissão de Martins da Cruz, José Cesário assumiu como sua ainiciativa de apresentar ao Conselho de Secretários de Estado, a 21 deJulho passado, a proposta de alteração do regime excepcional de acessoao ensino superior.José Cesário terá mesmo sustentado que apresentou uma proposta dealteração sem indicação do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.A proposta permitiria assim à filha de Martins da Cruz entrar no curso deMedicina, ao alargar o regime de excepção em vigor para filhos de diplomatasque completam o ensino secundário no estrangeiro.No entanto, segundo Augusto Santos Silva, na audição parlamentar, osecretário de Estado, após as suas perguntas, deixou bem claro que, noprocesso, foi apenas um mero porta-voz do então ministro. A partir deagora, para o dirigente socialista, �José Cesário deixou de ter condiçõespolíticas para permanecer no Governo�.

AUTORIZAÇÃO DEENDIVIDAMENTO DA MADEIRA

É DISCRIMINATÓRIOO PS quer que a ministra das Finanças explique os motivos que a levarama dar um parecer favorável a um empréstimo a contrair pelo Governo Regionalda Madeira, no montante de 35 milhões de euros, para cobrir o défice doorçamento desta região autónoma, quando o aumento do endividamentodas regiões está limitado.Em requerimento entregue na Mesa da Assembleia da República, osdeputados socialistas Joel Hasse Ferreira, José Medeiros Ferreira eMaximiano Martins pedem a Ferreira Leite que esclareça se autorizou e seconhece o decreto regional que aprova o orçamento da Madeira e autorizaum empréstimo de 35 milhões de euros em 2004.Os deputados do PS querem também saber se se confirma que a dívidaregional, directa e indirecta, se aproxima dos 1500 milhões de euros, ouseja, um valor superior ao do próprio Orçamento da Região Autónoma daMadeira para 2004, que é de cerca de 1420 milhões de euros.�Não considera o Governo que este despacho da ministra das Finançasconfigura uma forma de discriminação face às autarquias locais, no querespeita ao endividamento?�, perguntam ainda os deputados socialistas nodocumento.

VIEIRA DA SILVA AO “AS”

CORTES NOS SUBSÍDIOS DE DOENÇASÃO INACEITÁVEISA alteração que o Governo está a prepararno sistema de subsídios de doença foiconsiderada pelo dirigente do PS Vieirada Silva como �uma má mudança�,porque, alertou, �para a grande maioriados trabalhadores que, por doença,recebem o subsídio, o Governo vai cortaros seus rendimentos�.Assim, explicou Vieira da Silva ao�Acção Socialista�, �nas baixas até 30dias, que envolvem a maior parte dasdoenças e dos trabalhadores querecorrem a este subsídio, o corte dosseus rendimentos é de 15 por cento�,adiantando que com esta alteração �sãocentenas de milhares de pessoas quevão ver os seus rendimentos cortados,em muitos casos agravando situaçõesde pobreza�.Segundo o porta-voz do PS, �esta é umamudança que afecta principalmenteaqueles que recebem salários maisbaixos, ou seja a maioria dostrabalhadores�.

�E não se diga que este corte é para�moralizar� as �baixas��, disse,sustentando que se há quem recebasubsídio fraudulentamente �compete aoGoverno combater essa fraude,mobilizando os serviços da SegurançaSocial e sensibilizando os médicos,trabalhadores e empresas�.

Salientando que �é possível reduzir asirregularidades sem cortar os rendimentosde quem deles precisa�, Vieira da Silvalembrou os resultados positivosalcançados pelos governos do PS entre1995 e 2001 quando se conseguiu�reduzir a despesa com as baixas em quase30 por cento sem cortar nos direitos�.E alertou que este corte que o Governo deDurão Barroso quer fazer �tem dois resul-tados graves: reduz o rendimento de quemprecisa e obriga trabalhadores a renun-ciarem a um direito, indo trabalhar doentespara não perderem o seu salário, pondoem risco a sua saúde e até a dos outros�.Referindo que os socialistas estão contra�estes cortes tecnicamente errados epoliticamente insensíveis�, adiantou queo PS �afirma desde já que, se estediploma vier a ser promulgado, solicitaráa sua apreciação parlamentar e tudo farápara que as mudanças negativas que seanunciam não se venham a concretizar�.

J.C.C.B.

PARLAMENTO

É absolutamente errada e contraprudecente a alteração das regras do subsídio de doença

8 17 DEZEMBRO 2003

UNIVERSIDADE LUSÍADA

ESCLARECER TODAS AS DÚVIDAS

LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO

DEPUTADOS SOCIALISTASOUVEM PARCEIROSO Partido Socialista quer reformular a Leide Bases do Sistema Educativo para quePortugal tenha mais e melhor educação.Por isso, não pactua com abordagensbanalizadoras, nem com descoordena-ções políticas que ameaçam a qualidadee até a vida quotidiana das instituiçõesde ensino.Tendo apresentado e conseguido aprovarna generalidade, em Julho passado, o seuprojecto de lei, os deputados do PS pros-seguem as audições públicas aosdiversos parceiros educativos e sociais,porque, segundo defendem, �a formaçãodas nossas crianças e jovens e até dosmais velhos, ao longo da vida, é umassunto que afecta a sociedade em geral�.Assim, no passado dia 3, no Parlamento,Augusto Santos Silva, Ana Benavente,Isabel Pires de Lima e Cristina Granadareuniram-se na sala D. Maria daAssembleia da República para, mais umavez, ouvirem as preocupações de pais,professores e responsáveis por insti-tuições de ensino públicas e privadas,que também deram o seu contributo parao aperfeiçoamento da iniciativalegislativa do PS, com críticas constru-tivas e sugestões alternativas.À espera do debate na especialidade, quedeverá realizar-se em Janeiro do próximoano, o projecto de lei de bases socialistarecolhe a aceitação geral dos parceirosque o saudaram reiteradamente porconsiderarem que o sistema �está emcrise� e que �o Estado não pode conti-nuar a fugir às suas responsabilidadesnesta matéria�.Para a deputada Ana Benavente, destareunião, que antecede outras sobre�aspectos mais específicos�, há a retirarque, nas diversas abordagens feitas,ganha relevo uma vontade comum: �ade não deixar que se perca a lei de 1986sobre a afirmação da escola pública�.�Está bem patente uma grande preocu-pação com a qualidade da educação eface às respostas que o Governo tem dadoe continua a dar às aspirações de quali-ficação dos cidadão�, lembrou a ex-secretária de Estado, que não esqueceuas �achegas� deixadas em matéria degestão escolar e regime de autonomias.

PRINCÍPIOS SOCIALISTASPARA A EDUCAÇÃO

� Consagração do direito à educação e formação ao longo da vida;� Articulação entre o sistema educativo e o sistema de formação profissional;� Consolidação do ensino básico de nove anos e das competências fundamentais

que assegura com pedagogias diferenciadas;� Educação e formação profissional obrigatórias para todos até aos 18 anos com

efectivas condições para a sua realização;� Atenção à dimensão educativa dos cuidados com a primeira infância;� Clarificação da identidade própria e da natureza certificadora do ensino secundário

diversificando e enriquecendo as suas vias e libertando-o do ónus directo doacesso ao ensino superior;

� Desenvolvimento de formações pós-secundárias;� Organização do ensino superior em dois ciclos de estudos;� Atribuição aos estabelecimentos de ensino superior de maior capacidade na

definição das condições de ingresso aos seus cursos e a sua abertura a novospúblicos;

� Modernização da concepção e da organização da educação à distância;� Extensão, a todos os estudantes, do direito à acção social escolar,

independentemente da natureza pública ou privada dos estabelecimentos quefrequentem;

� Articulação dos estabelecimentos de ensino e outros recursos educativos numarede nacional de educação e formação;

� Flexibilização das modalidades de administração e gestão dos estabelecimentosde educação, sempre em obediência aos princípios de autonomia e de participaçãodemocrática e de primado do pedagógico.

A viabilidade de uma extensão daobrigatoriedade de frequência escolar atéao 12º ano, a complementaridade neces-sária entre as rede escolar pública eprivada, o crucial papel do Estado, aimportância da participação cívica na

Opi

nião

FRANCISCO SALGADO ZENHANOS DEZ ANOS DA SUA MORTEO ano de 2003 corresponde ao ano donascimento e, por coincidência, aos dezanos da morte de Francisco SalgadoZenha, que foi um dos mais emblemáticosopositores ao regime ditatorial de Oliveira Salazar.Natural de Braga onde nasceu no dia 2 de Maio de 1923, Francisco SalgadoZenha viria a falecer no dia 1 de Novembro de 1993.Salgado Zenha exerceu sempre a advocacia com distinção, sem nunca descurara sua participação cívica na política, com destaque para um persistentecombate à ditadura fascista,e após o 25 de Abril de 1974, na luta pelaconsolidação da democracia. Ainda como estudante de Coimbra, no anolectivo de 1944/45, e numa altura em que era presidente da direcção da maisemblemática Associação Académica do País, a da Universidade de Coimbra,recusou participar numa manifestação de apoio a Oliveira Salazar acabando,por isso, por ser demitido da respectiva Associação Académica.Apesar desta demissão, Salgado Zenha não se intimidou e fundou, comoutros colegas, o Movimento de Unidade Juvenil (MUD-Juvenil). Tambémpor isso foi preso e torturado.Como grande opositor ao regime salazarista, Salgado Zenha participouactivamente na candidatura a Presidente da República do general Norton deMatos, em 1948. Foi nessa altura que conheceu Mário Soares. A participaçãoactiva de Salgado Zenha nesta campanha levou-o, mais uma vez, à prisão.Entre 1953 e 1958, e já depois de liberto, Salgado Zenha é proibido de exercerqualquer tipo de actividade política.A violência física e psicológica exercida pelo regime ditatorial contra SalgadoZenha não o atemorizavam. Decide, por isso, integrar a candidatura do generalHumberto Delgado à Presidência da República. Nesta mesma altura solicita,através de um abaixo-assinado, a libertação de Álvaro Cunhal, também eleum preso político.Foi, de facto, invulgar a coragem e a ousadia demonstrada por FranciscoSalgado Zenha. Revelando toda a sua coragem, candidata-se a deputadopela Oposição Democrática em 1965 e em 1970.Em 1970, ano de eleições, Salgado Zenha é novamente preso em Lisboa edurante meio ano é permanentemente vigiado pela polícia. Em 1973, obracarense Francisco Salgado Zenha integra o grupo que fundou o PartidoSocialista.Após a restauração da democracia em Portugal, a 25 de Abril de 1974,Francisco Zalgado Zenha foi eleito deputado à Assembleia Constituinte, em1975. A partir daí foi diversas vezes deputado e ainda ministro da Justiça nosI, II, III e IV Governos provisórios, e no VI Governo provisório foi ministro dasFinanças.Na sua terra natal, Francisco Salgado Zenha não deixou de exercer umainfluente actividade política, tendo sido o primeiro presidente da AssembleiaMunicipal de Braga, funções que exerceu entre 5 de Março de 1977 e Setembrode 1985. O corajoso percurso político e social de Salgado Zenha foireconhecido quando o Parlamento português o distinguiu, na sessãocomemorativa do XXI aniversário do 25 de Abril.Numa altura em que se aproximam as comemorações dos trinta anos derestauração da liberdade em Portugal e numa época em que as comemoraçõesdesta importante data começam a ter cada vez menos importância junto danossa sociedade, torna-se importante projectar-se iniciativas que invertamesta situação.Neste contexto, seria fundamental homenagear este ilustre bracarense dandoo seu nome, nomeadamente, a uma estrutura com funcionalidade e dimensãosignificativa nas áreas da saúde, do social, do cívico ou do cultural.Neste contexto, e levando em consideração que a Escola é um símbolo desabedoria, de inovação e de juventude, uma das melhores homenagens queBraga lhe poderia prestar era baptizar, precisamente, uma das suas principaisEscolas, com o nome de Francisco Salgado Zenha.É lamentável que sempre que se projecta baptizar uma escola com o nome deum político com dimensão nacional, como é o caso de Salgado Zenha,permanentemente se diga que isso é politizar o nome da escola. No entanto,qualquer cidadão que se destaque em qualquer outra área, nem que seja nos�reallity shows� da televisão, ou em outros alienadores com muito maistempo de existência, logo é dado grande destaque pela nossa sociedade,cada vez mais massificada e dogmatizada pelo consumismo fácil.Não se compreende que homens como Salgado Zenha, com uma extraordináriadimensão na sua difícil profissão de advogado e essencialmente como umaluta tenaz e generosa contra a ditadura e sempre pela defesa da democracia,que tudo fez para impedir o regresso de qualquer totalitarismo, sejam agorarejeitados pelos jovens e pelas elites pequeno-burguesas, que foram os sectoressociais que mais beneficiaram com as lutas de Zenha.Salgado Zenha foi também um autarca que ajudou a construir o poder localdemocrático. Por isso, em sua homenagem e na de outros homens quelutaram pela liberdade e pela autonomia das autarquias, devia-se consideraroficialmente o 25 de Abril, não somente como o dia da Liberdade, mastambém como dia do Poder Local e do Associativismo.Esta decisão tinha a vantagem de trazer uma nova imagem às comemoraçõesdo 25 de Abril, tornando-as mais pujantes e renovadas.Com isso, as associações, o poder local e o povo em geral encarregar-se-iamde não deixar que acontecesse às comemorações do 25 de Abril o mesmoque se verifica com outros feriados nacionais, que pouco mais representampara as pessoas que mais um dia de típico passeio familiar.

RICARDO GONÇALVESDEPUTADO

Mais uma vez um acto legislativo doGoverno despertou fundadas dúvidas.A aprovação por decreto-lei datransformação da Cooperativa deEnsino Universidade Lusíada emFundação Minerva gerou polémica,uma vez que não é claro que o processotenha obedecido à estrita legalidade.As dúvidas avolumam-se ainda maisquando são conhecidas as ligaçõesprofissionais de membros do Governoàquela instituição de ensino superiorprivado.O PS, não tendo nenhuma objecção a

que organizações de ensino privado seconstituam em fundações, não deixade pedir os devidos esclarecimentos.Falando em Bruxelas à entrada de umareunião de lideres do PSE, FerroRodrigues afirmou que quer veresclarecida a legalidade e regularidadeda passagem da Universidade Lusíadaa fundação.Na mesma linha, Augusto Santos Silvarefere que �neste processo a dúvida ése foram aplicadas todas as regras legaisno processo de formação da FundaçãoMinerva�.

reforma do sector, a colocação deprofessores e o crescente perigo damercantilização do ensino foram outrostemas abordados na audição públicapromovida pela bancada do PS.

MARY RODRIGUES

INICIATIVA

917 DEZEMBRO 2003

DURÃO BARROSO:O SENHOR 5%

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MARK KIRKBY

A política orçamental e económicado Governo é um desastre e esseerro monumental custou e custa oemprego e a qualidade de vida adezenas de milhar de pessoas. É hojeevidente que o Governo de DurãoBarroso se deixou iludir pelo aparenteretorno político imediato do discursoda tanga culpabilizador do PS.Parecia simples. O PS deixou asfinanças num caos e o défice teriaprovocado uma crise económica quecabia ao Governo resolver. Solução:controlar o défice, retrair oinvestimento público, porque contas

equilibradas dão confiança e estimulam o investimento privado. Umerro. O discurso da tanga, do caos, aliado à contracção brutal e cegada despesa pública, designadamente de investimento, agravou acrise financeira e provocou a mais grave crise económica e socialde que há memória na última década. Porque não há investimentoprivado se não há consumo e não há consumo se as pessoas estãono desemprego, ou em crise de confiança. A acrescer a tudo isto, oGoverno não perdeu um minuto a pensar em adoptar medidas deamortecimento dos efeitos negativos do desemprego e de combateà exclusão social. Resultado, o desemprego é hoje uma via abertapara a exclusão e não tinha que ser.Com efeito, no momento presente, o problema maior para as pessoase para as famílias é muito mais do que o problema do desemprego: é,isso sim, o de como o Estado trata as pessoas que por força daconjuntura estão no desemprego. Um Estado dirigido por um Governosolidário, cuja política se dirige à defesa da qualidade de vida daspessoas e não tem por objectivo maior e exclusivo o de dourar mapasestatísticos, balancetes contabilísticos e quadros de execuçãoorçamental, preocupar-se-ia, num quadro conjuntural de desemprego,em defender os desempregados. E defender os desempregadossignifica adoptar medidas que impeçam que quem seja atirado para odesemprego fique, por essa via, na miséria, sem o mínimo que lhegaranta a possibilidade de nesse período fazer face às despesasessenciais do seu agregado familiar e, sobretudo, que não entre numaespiral de exclusão que o impeça de, no curto prazo, voltar a umasituação de emprego. Isto passa por respeitar os direitos que a leireconhece aos trabalhadores desempregados e a adopção de medidasactivas que, por exemplo, ocupem transitoriamente os desempregadosem programas de formação profissional e qualificação. Ora, o que ogoverno tem feito, e é espelhado neste orçamento, é exactamente ocontrário. Desinvestimento nas políticas de combate à exclusão e àpobreza e nas políticas activas de emprego e, pasme-se, tentativa delimitar os efeitos negativos do desemprego sobre o défice reduzindoos direitos dos trabalhadores desempregados, designadamentecortando ao nível do subsídio de desemprego. Para além dainsensibilidade social que este tipo de medidas representa � e queestá também patente no ataque que é feito aos direitos dostrabalhadores em situação de baixa por doença � agravando aindamais, em nome do combate ao défice, a situação já de si desesperadade quem tem o azar de ficar desempregado, a verdade é que sãotambém medidas com efeito travão sobre a retoma da economia, jáque retiram o poder de compra a segmentos da população com umaelevada propensão marginal para o consumo e agravam o clima dedesconfiança generalizado.O Orçamento aprovado pela maioria chefiada por Durão Barroso é umainsistência no erro. É como se estivéssemos a ver alguém a tentarpregar um prego à cabeçada. Sem perceber que o prego está na mesma,mas a cabeça cada vez em pior estado. Não há como fugir a umaverdade factual: em 2001 o défice foi de 3.5 por cento e não haviarecessão económica. Agora temos um défice de 5 por cento e quasemeio milhão de desempregados, a um ritmo crescente de oito por hora.

É hoje evidente que o Governo de DurãoBarroso se deixou iludir pelo aparente

retorno político imediato do discurso datanga culpabilizador do PS. Parecia simples.

FERRO APELA

É URGENTE ACABARCOM BAGUNÇA NO GOVERNOUm apelo a Durão Barroso para que nopróximo ano ponha ordem na�bagunça� reinante no Governo foilançado pelo secretário-geral do PS,Ferro Rodrigues, no domingo, emMontalegre.�Em 2004, o primeiro-ministro tem quepôr ordem no seu Governo, que já nãoé um Governo, é uma bagunça, pois oque se passa nos vários ministérios éabsolutamente descontrolado� afirmouFerro Rodrigues no decorrer da festa deNatal do PS do Barroso.Durão Barroso tem �a obrigação deproceder rapidamente a alterações nosvários ministérios�, disse, salientandoque, para isso, o primeiro-ministro teráde �colocar em ordem aquele pequenopartido mais da direita que tem umaforça desproporcionada para os votosque teve nas eleições�.É que, sublinhou, �os portugueses nãovotaram para terem o senhor doutorPaulo Portas como ministro da Defesa epara terem, em sectores como a Justiçaou a Segurança Social, o CDS-PP, queé um pequeno partido da direita querepresenta muito pouco em Portugal�.Por outro lado, reafirmou ser�inaceitável� que o referendo daConstituição europeia decorra nomesmo dia das eleições para oParlamento Europeu, como foi sábadoreiterado pelo primeiro-ministro, depoisdo �falhanço estrondoso� da cimeiraeuropeia.

Reformar o PEC

Entretanto, Ferro Rodrigues temmantido uma série de contactos comempresários e personalidades de relevodo País com o objectivo de recolhercontributos que permitam formularuma proposta de reforma do Pacto de

Estabilidade e Crescimento.Nesse âmbito, destaque para umalmoço de trabalho com empresáriosda região do Algarve, onde o líder doPS defendeu que o PEC está�moribundo� e que, perante um pacto�estúpido�, a solução passa por�acabar com a estupidez�.�Tal como está, o pacto estámoribundo, para não dizer morto, enecessita não só de ser revitalizadocomo de novas regras que o tornemcredível e aplicável em todos ospaíses�, disse.Ferro Rodrigues considera que oactual PEC peca por se centrarexcessivamente no critério do déficee por não incluir a diferenciação entreas situações estruturais dos paísessubscritores.O secretário-geral defendeuigualmente que o futuro pacto terá desalvaguardar os encargos relativos aosinvestimentos onde serão aplicados osfundos estruturais.A política económica do Governo, sobo pano de fundo da obsessão pelodéfice, foi alvo de fortes críticas de FerroRodrigues que considera pautar-se porum �experimentalismo inconsequente�

e por �uma falta de visão a longo prazo�.Num jantar com militantes socialistasem Olhão, Ferro Rodrigues considerouque o Governo seguiu uma propostado PS para um debate em Portugal ena Europa sobre uma eventual revisãodo PEC.O secretário-geral acusou o Executivode Durão Barroso de assumir �umaatitude contraditória nas reuniõeseuropeias� sobre a ultrapassagem dodéfice público da França e daAlemanha.Ferro Rodrigues recordou que o PSavançou com propostas para alterar asregras do PEC, num debate europeusério e profundo.Na sua intervenção, o líder do PSacusou ainda o Governo de direita dedesenvolver um combate desleal contraa fraude �protegendo os poderosos eatacando os mais fracos�.

Defender a Constituição

Já na Póvoa de Lanhoso, a questão darevisão constitucional esteve no centrodo discurso de Ferro Rodrigues, queacusou o PSD e o PP de quererem calaro Presidente da República, impedindo-o de falar sobre esta questão.�Era o que faltava que o Presidente daRepública não pudesse falar sobre aConstituição que jurou cumprir e fazercumprir�, afirmou, alertando para ofacto de o actual Governo querer fazeruma contra-reforma polít ica,económica e social.O líder socialista considerou ainda�indamissível� que o Governo ande adizer que governa com umaConstituição que não é democrática,reafirmando que �a direita não devecontar com o PS para mudar o legadoda Constituição de 1976�.

SUBSTITUIÇÃO NO GOVERNODE CARLOS CÉSARRicardo Rodrigues pediu a sua demissão de secretário da Agricultura e Pescas doGoverno Regional dos Açores, na sequência de uma onda de boatos que o envolviamno escândalo de pedofilia na ilha de S. Miguel. Fê-lo para não prejudicar a imagem doGoverno e do partido e para não fragilizar a sua autoridade enquanto governante.Entretanto, veio a saber-se que não estava sequer a ser investigado pela Polícia Judiciária.Reagindo de imediato à demissão de Ricardo Rodrigues, o presidente do GovernoRegional, Carlos César, nomeou para o cargo Vasco Cordeiro, até agora líder dabancada socialista no Parlamento açoriano.Para líder do Grupo Parlamentar do PS foi entretanto eleito Francisco Sousa.

AÇORES

APROVADOS PLANO E ORÇAMENTOREGIONAIS PARA 2004Cerca de 279 milhões de euros é ovolume de verbas afectadas àdinamização dos sectores produtivosaçorianos tradicionais, como aagricultura, o turismo e a indústria. Assimo estabelecem as propostas de Plano e oOrçamento do Governo de Carlos Césarpara 2004, aprovadas pela AssembleiaLegislativa Regional dos Açores, nopassado dia 4.Os documentos estratégicos para agovernação do arquipélago fixam destemodo o maior plano de investimentosde sempre naquele arquipélago.No debate parlamentar em torno destesdocumentos estratégicos, o presidentedo Governo Regional lembrou a obra feitapelo seu executivo ao longo dos últimossete anos, recordando que nas décadasde governação laranja, as ilhas sofriam

de atrasos muito mais graves.�Os Açores de hoje são muito melhoresque os Açores que os governos do PSDnos deixaram�, reafirmou Carlos César,

obtendo o apoio total da bancadasocialista que, por outro lado, acusou aoposição de só criticar e não apresentaralternativas.

INICIATIVA

12 17 DEZEMBRO 2003

ZERO DECISÕES EM TURISMOMais de seis meses decorridos desde a Conferência de Vilamoura, poucos dias apósa discussão na Assembleia da República do OE e PIDDAC para 2004 e com o XXIXCongresso da APAVT ainda na retina uma breve passagem pelo TURISMO obriga-nosa um decálogo de comentários e premissas sobre o � estado da nação� neste sector.

Do Governo do PS ficou uma marca de credibilidade no sector. Os factos falam por si:Portugal cresceu em entradas de turistas, aumentou as receitas, não só em 1998 comotambém nos anos subsequentes à Expo, consolidou uma estratégia, garantiu umvolume de verbas muito significativo para o período 2000-2006: 180 milhões decontos no Programa Operacional Economia, um Plano de Formação Turística comobjectivos de formação e execução bem precisos, um Plano de Expansão das Pousadasde Portugal. Segundo os dados da OMT divulgados pelo actual Governo, Portugalpassou de 9706 milhões de turistas em 1995 para os 12.167 milhões no final de 2001.O quadro legislativo sectorial ficou igualmente consolidado. Uma estratégia que foiassumida no quadro do PNDES e estimulou positivamente as perspectivas do tecidoempresarial com uma dinâmica sectorial activa que deixou aberto o caminho departicipação na concertação social, com a integração no Conselho Económico eSocial. Com o actual Governo, o turismo começou por ser desvalorizado � a título deexemplo recordo que o próprio ministro da Economia pouco ou nada falou de turismono primeiro debate de orientação orçamental para 2003 �, o primeiro secretário deEstado mudou aparentemente em conflito com o ministro, e, repentinamente, anunciam-se 40 medidas, tipo ementa, com as escolhas dos diversos subsectores e agentes doturismo, com o nome de Plano de Desenvolvimento do Turismo. Acto contínuo, apropaganda do dito Plano passa a �estratégia�, o grande desígnio político para osector, como se o Turismo em Portugal tivesse começado em Maio de 2003, perdão,em 1 de Agosto de 2003, data da publicação da resolução do Conselho de Ministros.

O Governo PSD/PP começou por sublinhar a novidade dos prazos, da calendarizaçãodas medidas, como novo sinal de responsabilização política. Primeiro truque: osprazos pomposamente anunciados em Maio só começaram afinal a contar em 1 deAgosto, data de publicação da resolução.

Veio depois esse objectivo de colocar Portugal no top ten do turismo mundial.Objectivo irrealista, assente num crescimento em quantidade do sector, que não emqualidade, que rapidamente se percebeu insensato, pese embora as declarações desimpatia e apoio de alguns agentes do sector. O novo secretário de Estado, o segundodo actual ministro, veio mesmo demarcar-se de tal objectivo, só atingível se Portugalcrescesse e outros destinos, nomeadamente destinos turísticos emergentes,estagnassem. Infelizmente, verificou-se o crescimento do número de turistas noutrosdestinos concorrentes, e em Portugal os tempos são de estagnação ou de ligeiraregressão.

Cada dia decorrido no calendário do mandato PSD/PP acentua uma ideia: o actualGoverno aposta na quantidade (ainda que sem resultados concretos), na pressãosobre o meio-ambiente, nas soluções de revisão da legislação ambiental e deordenamento do território, num nivelar por baixo, estando claramente mais apostadona imobiliária de lazer (também importante, mas não certamente o eixo fundamental deuma estratégia de turismo) do que na hotelaria tradicional. O grande desafio que secoloca ao sector é exactamente o de crescer sem destruir, sem beliscar a qualidadeambiental, sem se transformar em alvo de todos os que consideram o ambiente comointegrante das diversas políticas sectoriais. Abstenho-me de desenvolver o conteúdode recente comunicação da Comissão Europeia sobre turismo e desenvolvimentosustentável, mas não resisto a uma nota sobre o projecto Vilamoura XXI: diz-se noscorredores do actual poder que é um exemplo da burocracia, mas a pressão públicadas organizações ambientalistas acabou por funcionar como estímulo a inovações eincrementos qualitativos no próprio projecto.

Mas também a estruturação orgânica institucional do sector passa por incertezas econtradições. A estrutura de Turismo do ICEP no exterior, como de resto as demaisáreas, sofrem um processo de mudança, em nome da implementação da diplomaciaeconómica. A ideia da diplomacia económica merecendo uma reflexão e ponderação,corre o risco de ser emenda muito pior do que o soneto. Para já acumulou a primeiragrande derrota, e por falta de comparência. Onde esteve a diplomacia económica, anossa estrutura diplomática, o trabalho de articulação sectorial, na promoção dacandidatura portuguesa à Taça da América? Basta fazermos o contraponto: nacandidatura portuguesa ao Euro 2004, sem estar instituída a diplomacia económica,tivemos de facto uma estrutura no terreno e ganhámos. Com o actual Governo PSD/PPe a tão propagandeada diplomacia económica foi o que se viu. Onde pára afinal adiplomacia económica?

No domínio da fiscalidade e do turismo as contradições também não podiam ser maisevidentes. A subida do IVA de 17 para 19 por cento penalizou desde logo o sector doscongressos e incentivos, com uma taxa de sete por cento em Espanha. Nos PagamentosEspeciais por Conta, com as alterações introduzidas pelo actual Governo, encontraram-se soluções específicas para alguns sectores, mas não foi aceite a nossa proposta paraas agências de viagem, que propunha um cálculo com base nos proveitos daintermediação e não do volume global. A dedução do IVA de despesas profissionais,reclamada pelo PSD e PP quando na Oposição está na gaveta e já discutimos trêsOrçamentos de Estado, tendo Durão Barroso como primeiro-ministro.

Nas Pousadas, numa senda liberal que só não vende o que não pode, o Estado vendeuparte do capital da Enatur e concessionou a sua gestão a um privado.Independentemente dos pergaminhos no sector de diversos dos grupos concorrentes,a solução não é boa, desde logo porque o Estado perdeu um instrumento público depolítica de turismo. O Plano de Expansão de novas Pousadas para 2000-2006 estácomprometido, na disponibilidade da decisão do concessionário, e com menosdinheiro; de uma medida fechada com 60 milhões de euros estamos agora com 34milhões de euros, cuja decisão de investimento, mesmo tratando-se de dinheirospúblicos, é anunciada pelo concessionário, sem uma palavra da Enatur, SA de maioriade capital público e perante o silêncio da tutela. Onde ficam os compromissos ComPeniche? e Faro (Estói)? E Linhares da Beira? E...?

Se falarmos de taxas aeroportuárias, face às quais o Governo definiu como objectivoadaptá-las a um quadro de competitividade, num prazo de 90 dias (30 de Outubro de2003), o próprio secretário de Estado veio, em entrevista ao �Público�, de 10 deNovembro, assumir que esta era uma promessa até agora não cumprida, que o problemanão era apenas de taxas mas também de funcionamento dos aeroportos e em acçõesnada. Em Lisboa, no Porto, em Faro, os agentes do sector apontam o dedo à ANA,temos até o tal Plano de Desenvolvimento do Turismo, mas de decisões em concretozero.

Sobre o cumprimento do tal Plano muito se poderia desde já escrever, mas reservemo-nos para Janeiro. Estarão passados 180 dias desde a publicação da resolução doConselho de Ministros, mais de 240 dias desde o anúncio do mesmo pelo próprioprimeiro-ministro, conhecer-se-ão os resultados provisórios do ano turístico de 2003.Ano turístico para já classificado de tempo de estagnação por credenciados agenteseconómicos do sector.

2004 será o ano do Campeonato Europeu de Futebol. A imagem de Portugal tal comoa promoção turística do nosso país estarão em escrutínio por muitos milhões detelespectadores em todo o mundo. Vejamos se esta oportunidade para o turismo nãoé desbaratada.

JOSÉ APOLINÁRIOCOORDENADOR DE TURISMONO GP/PS

ARGUMENTOS

1317 DEZEMBRO 2003

«Aborto não devia ser penalizado.»D. Armindo Lopes Coelho

Expresso, 13 de Dezembro

«Ao contrário da Comissão Europeia, cujos cartões de ano novodeixaram de fazer referência à festa natalícia, nós ainda gostamos defestejar o Natal Cristão»

João Carlos Espadaidem

«Prestei um serviço à leitura.»Miguel Sousa TavaresPúblico, 13 de Dezembro

«A manifestação de apoio a Paulo Portas no ano passado, foi ummarco na história do país.»

Luís Nobre GuedesDN, 13 de Dezembro

«A mãe de todas as reformas é a luta contra o Estado tablóide que seinstalou em Portugal.»

idemPúblico, 13 de Dezembro

«Parece que é crime falar de presidenciais»Santana Lopes

DN, 13 de Dezembro

«Apetecia-me dizer que não sou candidato, mas isso tornava-sedesinteressante.»

idem

«Nas eleições presidenciais não pode haver um miligrama deirresponsabilidade.»

idemExpresso, 13 de Dezembro

«Quem não consegue ganhar eleições chama aos outrospopulistas.»

idemsobre Pacheco Pereira

«Cuidado com os rapazes!»Alfredo Barroso sobre Santana Lopes e Paulo Portas

Expresso, 13 de Dezembro

VIOLÊNCIA DOMÉSTICANA MIRA DAS SOCIALISTAS

ABORTO

SOCIALISTAS MOBILIZAM-SENA RECOLHA DE ASSINATURASPARA NOVO REFERENDOO Departamento Nacional das MulheresSocialistas (DNMS) organizou, juntodo Tribunal de Aveiro, uma concen-tração que contou com a presença dedestacadas mulheres que em Portugaltêm estado na primeira linha da lutapela descriminalização da interrupçãovoluntária da gravidez.No dia em que foi retomado o julga-mento de sete mulheres acusadas deprática de aborto, Sónia Fertuzinhos,presente na sessão de julgamento,afirmou em declarações ao �AcçãoSocialista� que é �imoral, indigno erevoltante a forma como estas mulheresforam questionadas�.�É inacreditável que num país comoPortugal, em pleno século XXI as mu-lheres ainda sejam julgadas poraborto�, considerou a presidente doDNMS, para quem, apesar de tudo, jáse vislumbra uma luz ténue ao fundo

de prisão nos casos de interrupçãovoluntária da gravidez, embora persistana ideia da necessidade de umapunição�, explicou a deputada do PS,para quem o castigo, até às 12 sema-nas, é �simplesmente inadmissível�,mas não negou �esperar com expecta-tiva a proposta da maioria parlamentar�.Questionada sobre a posição dasmulheres socialistas face à realizaçãode um novo referendo sobre o aborto,Sónia Fertuzinhos adiantou que �oDNMS está a mobilizar-se paracolaborar no esforço da recolha dasassinaturas necessárias� para a referidaconsulta popular.A acompanhar a presidente dasmulheres do PS estiveram MariaAntónia Palla, Ana Gomes, ElisaFerreira, Lígia Amâncio, Ana Sara Britoe Teresa Almeida.

M.R.

O Departamento Nacional de Mulheresdo Partido Socialistas (DNMPS)promoveu, no passado sábado, naGuarda, um encontro com as militantese com dirigentes do PS local paradiscutir o programa nacional de acçãopara o biénio 2003-2005.Antes disso, na parte da manhã, asmulheres socialistas visitaram umgabinete de atendimento às vítimas deviolência doméstica da PSP da Guarda,

seguindo-se uma deslocação a umacasa-abrigo localizada na mesma cidade.Na parte da tarde, teve lugar uma reuniãocom o Conselho Consultivo do DNMPS,onde foi debatido o programa, a posiçãodo departamento relativamente à petiçãopor um novo referendo sobre o aborto.O preocupante problema do desempregofeminino em Portugal foi outro dosassuntos em análise, a par danecessidade de se levar a efeito uma

do túnel.�A direita tem manifestado vontade derever a legislação existente sobre estamatéria no sentido de eliminar a pena

www.ps.pt

APROVADO PROGRAMA DE ACÇÃODO DEPARTAMENTO DAS MULHERESAcções de formação,campanhas temáticas e ainstituição do PrémioCarolina Beatriz Ângelo sãoalgumas das iniciativasincluídas no programa deacção para 2004-2005 doDepartamento Nacional dasMulheres Socialistas (DNMS),aprovado pelo seu ConselhoConsultivo reunido naGuarda.

Na área da formação, e em colaboraçãocom a Fundação José Fontana e Gabinetede Estudos do PS, vai realizar-se umaacção de formação de formadores,estando também previstos workshopstemáticos trimestrais e acções deformação em todo o País, na área daigualdade do género.O plano de acção prevê também adescentralização das actividades do

Conselho Consultivo por todas as federa-ções e a criação do Conselho de presi-dentes federativas que reunirão bimensal-mente com o Secretariado Nacional.Visando reforçar o trabalho do PS com asONG�S e CIDM, as Mulheres Socialistaspropõem-se levar a cabo reuniões,encontros e acções conjuntas com estasorganizações.Por outro lado, está nos planos do DNMSa dinamização de debates e colóquiosnas diferentes estruturas do PS com temasde âmbito nacional, regional e local,internos ou externos ao partido.As Mulheres Socialistas propõem-setambém assinalar com acções deformação e sensibilização datasimportantes relacionadas com as questõesda igualdade de género, bem comopromover campanhas de acção comexpressão nacional que marquem aagenda política.O plano de acção para 2004-2005 prevê

também a criação do Prémio CarolinaBeatriz Ângelo, de periodicidade anual,destinado a distinguir militantes quecontribuíram decisivamente para apromoção da igualdade de género.Uma maior participação a todos os níveis,nomeadamente na elaboração dos pro-gramas eleitorais, das Mulheres Socialis-tas nas eleições regionais, autárquicas,regionais e legislativas são tambémobjectivos a atingir pelo DNMS, bem comouma maior articulação com o GP/PS.A comunicação também ocupa um lugarde destaque no programa do Departa-mento, que pretende lançar umsuplemento mensal no �Acção Socialista�e a criação de um site na Internet.No plano internacional, é objectivo doDNMS liderado por Sónia Fertuzinhosfortalecer a presença e participação destaorganização na Internacional Socialista eno Partido Socialista europeu.

J.C.C.B.

INICIATIVA

campanha de sensibilização e infor-mação sobre o projecto de Constituiçãoeuropeia na perspectiva da igualdade degénero.Finalmente, foi também consideradoimportante que a prioridade defendidapelo partido relativamente à política desaúde tivesse em conta o apoio àsfamílias (maternidade/paternidade) noâmbito da estruturação vocação dosserviços de saúde.

14 17 DEZEMBRO 2003

MÁRIO SOARES

VALORIZAR E DEFENDER A ÁGUA

MANUEL DOS SANTOS RELATORDA DIRECTIVA “EUROVINHETA”

CARLOS LAGE

UNIÃO DEVIA ADOPTAR MEDIDASDE EMERGÊNCIA PARA A PESCA

�Por uma nova cultura da água�, é osentido de um manifesto assinado poreurodeputados de vários países quepretende que as instituições europeias eos governos nacionais adoptem uma novaatitude relativamente a este recurso naturaltão precioso. O eurodeputado socialistaMário Soares, que tem desenvolvido umaintensa acção de sensibilização emrelação à necessidade de preservação daágua e dos elementos que lhe estãoassociados, subscreveu o documento.O Manifesto, designado �Um abraço azul:por uma nova cultura da água�, é umainiciativa de membros do ParlamentoEuropeu de várias nacionalidades efamílias políticas e pretende constituirum sinal de alerta para a necessidade deuma defesa activa do meio ambiente,assente na sustentabilidade dos recursoshídricos. Entre outras coisas, o Manifestochama a atenção para a situação de�perigo� que representa o PlanoHidrológico espanhol, cuja imple-mentação altera os caudais dos rios,alguns deles a desaguar em Portugal,devido à transferência de água de unspara outros.O documento pretende, por isso,

reivindicar uma profunda mudançapolítica e cultural ao nível dasinstituições europeias e dos governos

O fracasso de acordos de pesca com paísesterceiros deveria ter de imediato umaresposta global para suprir as situações devulnerabilidade daí decorrentes para ascomunidades piscatórias, adoptandomedidas de emergência, considerou oeurodeputado Carlos Lage, ao intervir emplenário sobre a alteração do Regulamento

referente à reconversão dos navios epescadores que até 1999 estavam depen-dentes do acordo de pesca com Marrocos.Referindo-se à revisão deste plano deapoios, adoptado em 2001, o eurodepu-tado sublinhou as �deficiências efragilidades� que agora se procuram corrigire que poderiam ter sido evitadas se a

Comissão Europeia �tivesse dado ouvidosao Parlamento quando o assunto foidebatido.�Para que a União não tenha de responderapenas pontualmente a este tipo decolapsos, devem ser previstas medidas deemergência mais globais e adequadas�,defendeu Carlos Lage.

O eurodeputado socialista Manuel dosSantos será o relator de um parecer daComissão dos Assuntos Económicosdo Parlamento Europeu sobre o novoregime tarifário a aplicar à circulaçãode veículos pesados nas estradas eauto-estradas da Europa, conhecido por�Eurovinheta�.Outro dos objectivos da proposta derevisão da Directiva do sistema tarifárioé fazer com que a carga fiscal sobre otransporte rodoviário não aumente coma nova legislação, pelo que é sugeridoaos Estados-membros, face a umpossível acréscimo a pagar (emportagens ou em taxas de circulação), adiminuição equivalente dos impostossobre veículos.Manuel dos Santos considera que aspropostas em análise visam generalizare harmonizar as regras naquele domínioe criar condições para a diminuição de

acidentes e o uso de alternativas àsestradas europeias mais saturadas.O eurodeputado já solicitou diversospareceres sobre o assunto a associaçõesdo sector, estando também prevista arealização de uma audição pública.

Possível subida das taxasde juro

Numa intervenção perante o presidentedo Banco Central Europeu, Jean-ClaudeTrichet, que reuniu com a Comissão dosAssuntos Económicos do ParlamentoEuropeu, Manuel dos Santos considerouque a situação de indisciplina nas duasmaiores economias da zona euro (Françae Alemanha) acabará por conduzir àsubida das taxas de juro.�Tal subida poderá ser adiada secontinuar a haver uma valorização doeuro face ao dólar, mas nesse caso podeestar em causa a própria recuperaçãoeconómica da Europa�, afirmou,acrescentando que uma valorização de10 por cento na cotação do eurocorresponde, num ano, a uma perdapotencial de crescimento na ordem deum por cento.

nacionais quanto ao modo de valorizar egerir as águas dos rios, lagos e outrosmeios aquíferos.

UM FRACASSOEM TODA A LINHA

MANUEL DOS SANTOS

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las

A cimeira europeia, que decorreu emBruxelas no último fim-de-semana,traduziu-se num evidente e rotundofracasso.Sempre se poderá dizer, como o fizeramalguns (antes e depois de desaire) quenão deveria defender-se um acordo a todoo custo sobre a Constituição europeia,sendo antes aceitável que, perante certasdificuldades, se prolongasse, por maisalgum tempo, o período de reflexão.Não se vê bem como é que com maisalgum tempo (outra coisa diferente épensar em muito mais tempo) se podealterar a natureza das questões e dasrespostas que estiveram na base doimpasse.O objectivo principal da Cimeira de Bruxelas era o de aprovar o novo TratadoConstitucional, com base no projecto preparado pela Convenção Europeia.O mandato de Laeken, sob o qual decorreram os trabalhos da Convenção,incorporava quatro objectivos essenciais:- responder à necessidade de dotar a União Europeia de um quadro institucionalmais coerente e estruturado;- melhorar o funcionamento da União na sequência dos problemas nãoresolvidos e (nalguns casos agravados) na Cimeira de Nice;- racionalizar o processo legislativo que tem vindo a perder coerência eeficácia;- aproximar e motivar (e mobilizar) os cidadãos europeus para a construçãoeuropeia.Estes objectivos, tornados necessidades absolutas, decorriam, em boa parte,do próprio estado de integração europeia, cada vez mais complexo e maisexigente e para o qual o equilíbrio actual já tem imensas dificuldades emencontrar soluções.Tendo sido tomada, e bem, a decisão de avançar para um novo alargamento,a situação criada, com o súbito �crescimento� da Europa, exigia novas emais eficazes respostas para esses mesmos problemas.Ora é exactamente este �quase vazio� institucional que acaba por não serpreenchido. E, não o sendo, ou se aceita que a Europa pode esperar,eventualmente renegando os compromissos e, quem sabe, mudando a suanatureza e ambições ou se conclui que o resultado da Cimeira foi um rotundofracasso, do qual terá de se partir de forma estruturada para outro patamar deexigência.Desta vez não vale a pena meter a cabeça na areia...É certo que ninguém pôs ainda em causa o interesse europeu; é possível queesta pausa não possa ser aproveitada para uma maior reflexão e audição dasopiniões públicas; é formalmente correcto que o projecto europeu continuaa ser unitário e de inclusão; é verdade que há muito trabalho realizado quepode ser aproveitado; e, é inequívoco que, mais cedo ou mais tarde, haveráum Tratado Constitucional.Só que isto é o futuro sendo que o presente está já aí e não pode, no actualcontexto, perceber-se bem como poderá ser realizado.Não foi, aliás, preciso esperar muito tempo para ver surgir as primeiras, emboramoderadas, tentações de uma Europa a duas velocidades.E mesmo alguns aspectos �consolidados�, como, por exemplo, a políticamonetária e a moeda única dela decorrente, começam a ser postos em questão.O método da Cimeira de Bruxelas demonstrou que a Europa só se construirápela positiva e sempre se autolimita e estrangula, quando se pretende decidirna base do bloqueamento.Alguns afirmam que 95 por cento dos problemas foram resolvidos e quebasta agora um pequeno esforço para resolver os 5 por cento que ficaram.Só que nada pode estar resolvido, enquanto tudo não estiver resolvido, e dá-se o infeliz acaso de os 5 por cento dos problemas em aberto corresponderema equilíbrios de poder e, portanto, a questões mais permeáveis aos egoísmosnacionais.A construção europeia não pode passar, sistematicamente, de Cimeira emCimeira, à procura dos restos que vai deixando por resolver.Há que encontrar uma saída que permita concluir, se todos queremos caminharjuntos ou separados ou, se preferimos estar unidos ou divididos.A derrota da Europa em Bruxelas já fez algumas vítimas: os novos Estados-membros, os que esperavam ansiosamente por uma atitude positiva para ofuturo e até os actuais membros menos desenvolvidos que irão agora serconfrontados com perspectivas financeiras menos ambiciosas.O enfraquecimento da Europa (político, económico e social) é, por outrolado, uma boa notícia para a estratégia mundial unilateralista dos EstadosUnidos que somam a este acontecimento a recente divisão a propósito daGuerra do Iraque.Ter a consciência destes factos é o primeiro passo para lutar contra o desairee uma condição absolutamente indispensável para, no tempo adequado,retomar o caminho agora interrompido.Como afirmou Romano Prodi no Parlamento Europeu: �A Europa não é umideal abstracto ou um capricho, mas sim uma exigência da História�. Devemospor isso respeitá-la.

A construção europeia não pode passar,sistematicamente, de Cimeira em Cimeira, à procurados restos que vai deixando por resolver.

EUROPA

1517 DEZEMBRO 2003

PAULO CASACA

AÇORES PODERÁ VOLTAR A PRODUZIRVINHOS COM CASTAS LOCAIS

FERRO RODRIGUES

FRACASSO DA CIMEIRA DE BRUXELASDÁ RAZÃO AO PS EM ADIAR REFERENDO

FERRO ESCREVE A LÍDERES EUROPEUSPARA REFORMAR PACTO DE ESTABILIDADE

LAMEGO NO MINISTÉRIODOS REFUGIADOS DA

ADMINISTRAÇÃO IRAQUIANA�Perante um Pacto estúpido, a soluçãonão é acabar com ele; a solução é acabarcom a estupidez�, disse o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, numa cartaque enviou aos líderes socialistaseuropeus para exigir a reforma do Pactode Estabilidade Crescimento, cuja rigideznão só tem impedido o crescimento emalguns Estados-membros, como a suacredibilidade tem vindo sucessivamentea ser abalada pelo assumido desrespeitodos seus critérios por parte da França eda Alemanha.Neste sentido, Ferro Rodrigues afirma que�a boa solução� para a Europa, para osEstados-membros e para a estabilidadeda economia mundial é a de voltar aconstruir um instrumento credível decoordenação das políticas económicas

e orçamentais, articulando os equilíbriosmacroeconómicos, com os objectivosdo crescimento e emprego.�Se acreditamos na consolidação e norigor orçamental, se queremos emprego,bem-estar, crescimento económico, énossa obrigação enquanto socialistasreformar o Pacto, designadamente paraque os objectivos traçados na Cimeirade Lisboa, de Março de 2000, sejamconcretizados�, afirma o líder do PS.Ferro Rodrigues considera que, hoje, épossível identificar as principaisfragilidades do Pacto e os motivos pordetrás da necessidade da sua reforma.�O Pacto revelou demasiada rigidez faceàs flutuações de natureza conjuntural enão demonstrou capacidade para serum instrumento de combate e inversão

da fase baixa do ciclo económico�,afirma.Segundo explica, o PEC centrou-seexclusivamente no critério do défice, eesse não é o único da disciplinaorçamental, devendo também serconsideradas a variação da despesa oua dimensão da dívida pública. Alémdisso, não incluiu a necessáriadiferenciação entre as situaçõesestruturais dos países subscritores doPacto e foi cego face à natureza dadespesa pública.�Estas fragilidades � afirma FerroRodrigues � tiveram impacto diferen-ciado, consoante as especificidades departida de cada país e, sabemos hoje,Portugal foi uma das principais vítimasdesses erros�.

A União Europeia poderá levantar aproibição da utilização de castasintraespecíficas ou de �produtor directo�na produção de vinho, em vigor desde1995, e que atinge particularmente osarquipélagos dos Açores e da Madeira,revela um estudo enviado pelo comissárioeuropeu responsável pela agricultura,Franz Fischler, ao eurodeputado PauloCasaca.

Neste contexto, numa carta enviada aFranz Fischler como resposta, o eurode-putado defende que a legislação relativaao vinho devia ser profundamente alterada,de forma a acabar com a proibiçãogeneralizada das variedades intraespecí-ficas ou de �produtores directos�.Com efeito, o possível levantamentodaquela proibição que vigora desde 1995é particularmente importante para as ilhas

de São Miguel e do Pico, onde as referidascastas são muito utilizadas em vinhoscomo o �Morangueiro�, �Americano� ouo �Vinho de Cheiro�.Ao defender a alteração da legislação,Paulo Casaca considera que devia tambémhaver controlos sistemáticos sobre o teorde metanol (álcool nocivo) presente nosvinhos obtidos a partir de castas propíciasao aparecimento daquele agente.

O fracasso da Cimeira de Bruxelas quedeveria ter decidido a adopção de umaConstituição para a União Europeia veiodar razão ao Partido Socialista ao defendera realização do referendo para uma dataposterior à realização das eleiçõeseuropeias e regionais, afirmou osecretário-geral do PS, Ferro Rodrigues,durante a Convenção Autárquica Distritaldo PS/Viseu.�Este adiamento em matéria deConstituição europeia significa que o PSteve razão e que não faz qualquer sentidoestar a antecipar calendários de umreferendo sobre a matéria, quando não sesabe se, e quando, haverá umaConstituição europeia�, disse FerroRodrigues.Para o secretário-geral do PS, a data maisadequada para a realização de umreferendo será no final do próximo ano,início de 2005, �se entretanto os impassesforem ultrapassados e a Europa se dotarde uma Constituição�. Neste contexto,considerou que �não faz qualquersentido� que o primeiro-ministro DurãoBarroso já tenha assegurado que oreferendo sobre a Constituição se realizaria

em simultâneo com as eleições europeias,em 13 de Junho próximo.Ferro Rodrigues criticou os países que seopuseram à aprovação da Constituição,designadamente a Espanha e a Polónia,

considerando que depois das eleiçõesespanholas haverá possivelmente maiscondições para se resolverem algunsimpasses. �Há Estados onde os interesseseleitorais e outros do ponto de vista

nacional continuam a ser superiores aointeresse da construção europeia�,afirmou.No entanto, o secretário-geral do PStambém sublinhou que a Constituição é

um instrumento demasiado importantepara ser tratado de ânimo leve, pelo que�não faria qualquer sentido aprovar ummau texto, a qualquer custo�.Ferro Rodrigues criticou ainda o facto doGoverno português não ter levado para odebate os problemas relacionados com acoesão económica e social em matériade Constituição, na medida em que elesirão ter uma grande importância dentrode pouco tempo, quando se discutiremas perspectivas financeiras da UniãoEuropeia e a reforma dos FundosEstruturais. �Acho que Portugal teve umprotagonismo inferior ao que deveria tertido, mesmo numa situação de impassee dificuldade como a que se viveu�,afirmou.Como resultado positivo da Cimeira deBruxelas, Ferro Rodrigues salientou ofacto de os líderes europeus teremdecidido atribuir a Portugal a AgênciaEuropeia de Segurança Marítima. Naopinião do líder do PS, tal decisão ficoua dever-se �em 75 por cento aos Governosdo PS que apresentaram a proposta etrabalharam no sentido dela vir acontemplar o nosso país�.

A estruturação do Ministério dos Refugiados e Deslocados Internos éuma das principais funções que o socialista José Lamego irádesempenhar na administração do Iraque, na qualidade de conselheiroespecial nomeado pelo Governo português.Nas suas funções, José Lamego está a trabalhar juntamente com oministro responsável por aquela área, o xiita Jassmim Al-Otbee, naturalde Bassorá.Com o objectivo de preparar a sua ida para o Iraque, aquele socialistareuniu-se previamente em Genebra com o Alto-Representante das NaçõesUnidas para os Refugiados (ACNUR), Rudd Lubbers, e com o presidenteda Organização Internacional para as Migrações, Brunson McKinley.Depois de alguns adiamentos da sua partida para o Iraque, devido aproblemas de natureza burocrática, José Lamego deixou Lisboa nopassado dia 3 de Dezembro.Com a recente detenção do ex-ditador Saddam Hussein, José Lamegoconsidera que existem condições para que aumente a segurança no país.

Referendo sobre a Europa só em final do próximo ano ou início de 2005

EUROPA

16 17 DEZEMBRO 2003

LUÍS MARINHO PUBLICA LIVRO�Europa na hora da verdade� é o primeiro livro de Luís Marinho lançado emLisboa no passado dia 10, e em Coimbra a 11. Trata-se de uma obra quecondensa grande parte dos artigos de opinião que o eurodeputado socialistafoi publicando, em diversos jornais, ao longo dos 16 meses que duraramos trabalhos da Convenção a que pertencia por indicação do PartidoSocialista Europeu.Confessando que nunca esteve na sua ideia a publicação de um livro, LuísMarinho explicou que este só acontece após verificar que nas suas crónicashá uma ideia central que passa por �acreditar na Europa e que Portugal sófaz sentido no quadro europeu�. Com a vantagem de terem sido escritas apar do evoluir dos trabalhos dos convencionais, algumas das quais no�Acção Socialista�.Pedro Vieira, jornalista da �Visão�, a quem coube a apresentação da obra,realçou a sua valia afirmando que ela é �indispensável para estudantes eacadémicos�, tendo também salientado que o livro em presença �não épartidário apesar de ter sido escrito por um socialista�.

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO

DOZE RAZÕES PARA JUSTIFICARUMA CONSTITUIÇÃO EUROPEIAHá pelo menos doze razões que levam oPartido Socialista a ser favorável aoprojecto de Constituição europeia. Estasrazões foram apresentadas pelo deputadosocialista António José Seguro, duranteuma intervenção a propósito de umainterpelação parlamentar suscitada peloBloco de Esquerda para discutir aConstituição europeia.Em primeiro lugar, o deputado socialistacitou o facto da Constituição incluir aCarta dos Direitos Fundamentais, dando-lhe, portanto, força vinculativa. Por outrolado, porque apresenta a coesãoeconómico, social e (pela primeira vez)territorial como um dos objectivos daUnião europeia.A terceira razão prende-se com o factodo projecto definir valores com os quaiso PS se identifica, designadamente adignidade humana, a paz e aprosperidade como condições para arealização do progresso social.A Constituição clarifica e torna maistransparente a acção da União europeia,no respeito dos princípios dasubsidiariedade e da proporcionalidadee reforça o papel dos parlamentosnacionais que, pela primeira vez, podeminterferir no processo de decisãocomunitário. Também o processo de

decisão é mais simples, o que constituiuma vantagem para a percepção que oseuropeus têm da União Europeia,enquanto a instituição das cooperaçõesreforçadas permitirá progressos à medidada vontade dos Estados-membros, comoaconteceu, por exemplo, com o euro.Existe, por outro lado, uma cláusula desolidariedade, o que permite que numasituação de catástrofe todos os Estados-membros possam agir em defesa de umúnico Estado em dificuldades.A clarificação do artigo 10º é também

uma razão de peso, já queassim fica esclarecido queo primado do direito comu-nitário sobre o direitonacional não é uma coisanova, antes faz parte doacervo comunitário desde1962, o que é importantepara acabar com umaambiguidade que tem dadoazo a manifestações depopulismo.A décima razão prende-secom o facto de agora seprever que um Estado possadeixar livremente a União,em circunstâncias espe-ciais. Por outro lado, há

transparência nas decisões do Conselhode Ministros quanto ao processolegislativo e, finalmente, porque a figurado presidente do Conselho Europeu nãoreforça o directório.�Queremos uma União Europeia � disseAntónio José Seguro � onde sejapossível, livremente, partilhar asoberania. E aqueles que entendem queé possível mais União Europeia sempartilha de soberania não querem umacoisa nem outra, porque esse é umexercício impossível�.

TRÊS PERGUNTASA ANTÓNIO JOSÉ SEGUROPorque é que falhou a Cimeira de Bruxelas, inviabilizando assimo nascimento da futura Constituição europeia?Porque o egoísmo de dois Estados, Espanha e Polónia, prevaleceu sobre oideal europeu. Aqueles dois países não querem abdicar de um podercircunstancial que lhes foi atribuído em Nice, em favor de um método dedecisão (no Conselho) mais claro e, acima de tudo, respeitador do princípioda igualdade dos Estados. Quem perdeu, com o adiamento da decisão,foram os cidadãos europeus que têm problemas comuns (desastresambientais, imigração ilegal, criminalidade organizada, mas para os quaistardam soluções comuns.

Quais passos que a União deveria agora dar para ultrapassareste impasse?A situação não é fácil. Em duas semanas o ideal europeu sucumbiu aoegoísmo dos Estados (o processo da aprovação do Tratado Constitucionale a �absolvição� da França e da Alemanha pelos seus défices excessivos)e esses factos constituiem mais um sinal. Julgo que o mais sensato é fazeruma pausa e reflectir sobre as sucessivas evoluções institucionais. Extrairconsequências face aos resultados e avançar para uma conceptualizaçãode arquitectura institucional da União, com base em critérios objectivos ecoerentes, decorrentes da dupla legitimidade em que assenta a União:igualdade de Estados e igualdade de cidadãos. O calendário de 2004 nãoajuda muito a essa reflexão, mas têm de ser feitas opções.

Porque é tão importante para a Europa dotar-se de umaConstituição?A União necessita de ter um único Tratado onde, com clareza, sejam definidosos seus valores e objectivos, as suas competências e o modo defuncionamento das suas instituições, bem como um conjunto de direitosfundamentais, se quer - como nós socialistas defendemos - ser mais queum simples mercado com uma moeda única.Este Tratado Constitucional, elaborado por livre vontade dos Estados enuma base de reciprocidade, tem um significado político que vai maisalém do que representa o seu significado jurídico.Trata-se de um pacto entre Estados e cidadãos europeus que expressam umavontade política de constituir uma comunidade e não apenas uma sociedade.

ANA GOMES

PORTUGAL DEVE ESTAR NO CENTRODO PROJECTO EUROPEU DE DEFESAÉ fundamental que o Governo valorize aparticipação portuguesa na cooperaçãoestruturada e na estratégia de defesacomum europeia, sem esquecer oscompromissos assumidos no seio daNATO.Esta a posição reiterada por Ana Gomes,numa audição pública sobre �DefesaEuropeia e Cooperação Transatlântica,promovida pelo Departamento deRelações Internacionais do PartidoSocialista, que decorreu no Centro JeanMonnet, no passado dia 9 de Dezembro.Face às novas ameaças que afectam asegurança mundial, como o terrorismo,a dirigente socialista alertou para aurgência de se encontrarem �novasrespostas�.�Avançar na política de defesa comumé absolutamente essencial para que oprojecto europeu possa evoluir comsucesso e isso implica planificação einvestimento�, afirmou, reincidindo naideia de que Portugal não deve manter-se à margem deste processo e criticandoa �posição ambígua� assumida até agorapelo Governo de direita.Mas, disse, não basta participar, �épreciso que o nosso país integre o núcleoduro deste projecto�, porque, rematou,�este é um sector estratégico que podeir de encontro aos nossos interesseseconómicos e sociais�.No caso específico do Iraque, Ana

Gomes classificou a missão como �umdesafio a curto prazo�, perante o qualPortugal não pode virar costas e onde aparticipação europeia deve ser progra-mada no quadro de �uma verdadeira forçainternacional, devidamente mandatadapelas Nações Unidas�.No debate moderado por Luísa Meireles,a jornalista classificou 2004 como umano �crucial para a Europa�, numaconjuntura de debate da futuraconstituição europeia.Presente na sessão, o docenteuniversitário Luís Moita posicionou-se

como �totalmente partidário de umaarquitectura política na União�,ressalvando, porém, não acreditar queesta passe pela via de um novo equilíbriodo terror.�A Europa pode e deve desempenhar umpapel importante na prossecução doobjectivo de fomentar o abaixamentodos níveis de armamento�, considerou.Por seu turno, Vasco Rato defendeu umapolítica de defesa e segurança comumque tenha como meta exclusiva aprevenção e gestão de conflitos.

MARY RODRIGUES

EUROPA

A existência de uma política comum de defesa é essencial para o projecto europeu

1717 DEZEMBRO 2003

JORGE COELHO DENUNCIA

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNAESTÁ FEITO EM CACOS

FEDERAÇÕES

Teve lugar na passada segunda-feira uma reunião da Federaçãode Beja com os militantes desta estrutura, que contou com aparticipação de Pedro Adão e Silva, do Secretariado Nacional.

Numa iniciativa conjunta da Federação do Porto e daConcelhia de Gondomar do PS, teve lugar no dia 5 um debatesubordinado ao tema �Metro do Porto: das expectativas aodesnorte�.Moderado por Rio Fernandes, o debate teve como oradoresFrancisco Assis, Fernando de Jesus, Ricardo Bexiga e GuilhermeFerreira.

CONCELHIAS

A Comissão Política da Concelhia de Ourique do PS emitiuum comunicado dando conta das razões que levaram osvereadores e os eleitos socialistas à Assembleia Municipal avotarem contra o Orçamento e as Grandes Opções do Plano para2004 daquela autarquia.

O dirigente socialista Pedro Adão e Silva esteve presente no jantarde Natal da Concelhia de Figueiró dos Vinhos, que teve lugarno passado sábado.

A Comissão Política Concelhia de Mangualde homenageouno dia 13 um dos seus fundadores, o camarada António LúcioAlbuquerque, num jantar que reuniu 500 pessoas de váriosquadrantes políticos.

O presidente da Federação do PS/Porto, Francisco Assis, deuposse à Comissão Política da Concelhia de Felgueiras,presidida pelo camarada Manuel Inácio de Lemos. Na ocasião, osdois socialistas salientaram o clima de �unidade� existente comvista à �vitória nas próximas eleições municipais�.

A Concelhia de Tavira do PS homenageou os seus fundadores,no âmbito da tradicional Festa de Natal, que reuniu no sábado, emCabanas, cerca de duas centenas de militantes e simpatizantes.

A Concelhia do PS/Mondim de Basto emitiu um comunicadocriticando a aquisição de um automóvel de luxo pelo presidente dacâmara local, com uma verba de milhares de euros inicialmentedestinada ao saneamento básico, num concelho com carências avários níveis.

A decisão da Câmara de Lisboa de avançar com a instalação de umagasolineira em plena zona residencial do Alto da Faia, em Telheiras,apesar dos veementes protestos da população e da oposição, foiclassificada pela Concelhia de Lisboa do PS como �umamanifestação de arrogância�.

Jorge Coelho participou num jantar de Natal com militantes daConcelhia de Lisboa, onde criticou Santana Lopes por tertriplicado o Orçamento da Câmara para publicidade e diminuído oinvestimento em segurança.

O PS/Ourém exige a introdução de algumas obras relacionadascom a educação e ambiente no Orçamento camarário comocondição para aprovar o documento em Assembleia Municipal.

SECÇÕES

As questões europeias foram o tema de um debate na Secção daAjuda, no dia 3, que contou com a presença de António JoséSeguro, director do Gabinete de Estudos do PS.

MULHERES SOCIALISTAS

A necessidade de se arrancar com o Departamento dasMulheres Socialistas da Federação Oeste do PS foi o tema dareunião de Sónia Fertuzinhos com os dirigentes da FRO e presidentesde câmara e junta socialistas de Torres Vedras, que teve lugar no dia3, no auditório da câmara municipal local.

GRUPO PARLAMENTAR DO PS

O Grupo Parlamentar do PS promoveu audições públicas sobre

financiamento das artes do espectáculo que decorreram nos dias9 e 12 de Dezembro, respectivamente, no auditório novo da AR,em Lisboa, e na Fundação Cupertino Miranda, no Porto.Estas iniciativas tiveram como coordenadores os deputadossocialistas Augusto Santos Silva e Manuela de Melo.

No âmbito das Jornadas Parlamentares sobre Saúde emCoimbra, os deputados socialistas efectuaram visitasinstitucionais ao reitor da Universidade de Coimbra, AssociaçãoAcadémica, Instituto Politécnico, Câmara Municipal e bispo deCoimbra.

No quadro das Jornadas, a direcção do GP/PS teve um jantar detrabalho, no passado domingo, 14 de Dezembro, com deputadosde Coimbra e o Secretariado da Federação, e na terça-feira, 16, osdeputados do GP/PS jantaram com militantes do distrito.

AUTARQUIAS

Os vereadores socialistas da Câmara de Viseu justificaramo seu voto contra o Orçamento municipal para 2004 alegando queeste é �ilusionista� e voltaram a apontar �a forma poucodemocrática e até ilegal� como Fernando Ruas e o PSD dirigem aautarquia, como se de uma �quinta privativa� se tratasse.

Os vereadores do PS da Câmara de Baião solicitaram aoMinistério Público a anulação da aprovação final do Plano deUrbanização daquela vila. Na origem desta acção dos socialistasestá o facto de o Executivo da câmara, de maioria PSD, tersubmetido à assembleia municipal a aprovação final do Plano deUrbanização sem que os vereadores do PS tivessem umdocumento que provasse aquilo que se estava a votar.

INTERNACIONAL

Vítor Ramalho representou o PS no Congresso do MPLA, quedecorreu de 6 a 9 de Dezembro, em Luanda. O deputado socialistafoi portador de uma mensagem do secretário-geral, FerroRodrigues.

Breves

Com o Ministério da AdministraçãoInterna �completamente feito em cacos�,a autoridade de Estado deixou de existirem Portugal, denunciou Jorge Coelhona intervenção que efectuou naConvenção Autárquica do PS/Viseu.O deputado do PS afirmou ser �inacreditá-vel o que se passa em Portugal na área dasegurança�, lamentando que, a seismeses do Euro 2004, o País não esteja,como deveria, �totalmente sereno,tranquilo, com a sua macroestrutura daárea da segurança totalmente estabilizadae os órgãos a trabalhar em pleno�.E acrescentou: �As polícias, aprotecção civil, os serviços deinformações, tudo devia estar há muitotempo totalmente sereno ao nível da suamacroestrutura, da direcção, para queo País estivesse já a trabalhar emproblemas concretos�.No entanto, frisou, o que se viveactualmente em Portugal é �airresponsabilidade total�, com �o MAIcompletamente feito em cacos�, sem umórgão que tenha a direcção estabilizada.�A GNR, praticamente de dois em dois

dias, avança com um nome para aBrigada de Trânsito. Conforme avançam,assim caem, já nem se sabe quem ospropõe e quem é que os tira, a confusãoé total�, disse.Por outro lado, �na protecção civil tudotem acontecido, uma tragédia total, osserviços de informações não têm

direcção, nada daquilo funciona, e osecretário de Estado põe nos jornais queestá farto do ministro�.Perante este cenário, Jorge Coelho disseque �o responsável único e máximo dabagunça que se vive em Portugal� é oprimeiro-ministro, Durão Barroso,�acolitado por Paulo Portas�.

MORREU RAUL JUNQUEIRO

UM VISIONÁRIO DASOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Vítima de doença prolongada,faleceu no dia 3 o ex-dirigentesocialista e antigo secretário deEstado das Comunicações doGoverno de Mário Soares na décadade 80, Raul Junqueiro. Contava 55anos.Natural de Viseu, Raul Junqueiro,irmão de José Junqueiro, líder daFederação do PS/Viseu, eraactualmente presidente daAssembleia Geral da AssociaçãoPortuguesa para o Desenvolvimentodas Telecomunicações (APDC).

�Perdemos um amigo e um companheiro de muitas causas�, afirmouo secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, manifestando �profundopesar� pelo desaparecimento de Raul Junqueiro �que foi deputado doPS, secretário de Estado, gestor e, sobretudo, um dos mais empenhadoscombatentes pelo desenvolvimento das comunicações e da sociedadeda informação em Portugal��O seu percurso de homem público perdurará�, sublinhou o secretário-geral do PS, prestando, em seu nome pessoal e do partido, homenagem�ao democrata, ao socialista e ao homem de bem que foi e será RaulJunqueiro�.À família enlutada, e muito em especial ao nosso camarada JoséJunqueiro, o �Acção Socialista� apresenta as mais sentidas condolências.

INICIATIVA

O primeiro-ministro é o único e máximo responsável pela bagunça que se vive em Portugal

18 17 DEZEMBRO 2003

GUARDA

SOCIALISTAS CONTRA DESMANTELAMENTODA PONTE DO POCINHO

AMBIENTE

PS ALERTA PARA ESTRANGULAMENTOFINANCEIRO DO POLIS

NOVO REGIME DE APOSENTAÇÕES

CONTRA O ATROPELO DOS DIREITOSDOS TRABALHADORESO PS manifestou-se categoricamentecontra o novo estatuto da aposentaçãoda função pública, feito aprovar pelamaioria parlamentar de Direita, no passadodia 4, em votação final global.No debate na generalidade, o diploma foifortemente criticado pela bancadasocialista, que vaticinou um novo�chumbo� no Tribunal Constitucional.O PS defendeu que a �inconstituciona-lidade se mantém�, já que, explicaram osdeputados socialistas, �o Governo nãorespeitou o princípio da negociaçãocolectiva� que tem de presidir à fixação ealteração do estatuto de aposentação.De acordo com uma declaração de votoapresentada por deputados socialistas, as�violações da Constituição� mantiveram-se após a discussão na especialidade.Assim, Artur Penedos, Paulo Pedroso, RuiCunha, Alberto Martins, Maria do CarmoRomão e Custódia Fernandes declararamter votado contra o projecto de lei laranja/azul por entenderem que o mesmo �põeem crise o direito de negociação colectivaque a Constituição reconhece àsassociações representativas dos

trabalhadores da Administração Pública�e por considerarem que �as soluçõesapresentadas atentam contra expectativasjurídicas legítimas dos funcionáriospúblicos�.É que, até agora, era possível a reforma nafunção pública desde que o funcionáriotivesse 36 anos de serviço, indepen-dentemente da idade.Essa possibilidade mantém-se com a

aprovação do actual diploma, mas prevêuma penalização de 4,5 por cento napensão por cada ano de antecipação. Onovo estatuto da aposentação prevê aindaalterações ao cálculo do valor daspensões.De acordo com este novo regime, quemse quiser reformar com a pensão �porinteiro� terá de acumular 36 anos de servi-ço com, pelo menos, 60 anos de idade.

A grave situação em que se encontra oprograma Polis está na origem de mais umrequerimento do PS ao Governo.Para dar explicações ao País em relação aoestrangulamento financeiro deste projectode ordenamento das cidades, torna-se,pois, urgente a ida do ministro AmílcarTheias ao Parlamento �com a maiorbrevidade possível�, exige Pedro SilvaPereira.É que, explicou o deputado, �o motivopara ouvir o ministro é a situação descalabrodo programa de derrapagem nos calen-dários e não tanto a demissão de NunesCorreia [gestor nacional do programaPolis]�, embora o PS também queira

questionar a tutela sobre essa demissão.Segundo Pedro Silva Pereira, �em todo oano de 2003, o Governo não transferiu umúnico cêntimo da Direcção-Geral do

Tesouro para as Sociedades Polis, violandoassim grosseiramente a lei e oscompromissos assumidos�.�Falta de vontade política�, considerou oparlamentar, acrescentando depois que �oGoverno demorou quinze meses aconcretizar a já prevista redução da taxa doPolis para 5 por cento, causando com issoum longo período de incerteza e dereprogramação�.Além disto, o Executivo também �nãotomou uma única medida para superar assituações de bloqueio que se verificam portodo o País e que são responsáveis pelageneralizada derrapagem nos calendáriosfixados�, concluiu.

Preocupados com o eventual desmantela-mento da centenária ponte rodo-ferroviáriasobre o Douro no Pocinho, em Foz Côa,os deputados socialistas eleitos pelocírculo da Guarda, Pina Moura e FernandoCabral, dirigiram um requerimento aoministro das Obras Públicas pedindoinformações sobre a actual situação, emtermos de segurança, desta infra-estruturae se está a decorrer ou está prevista algumaintervenção.O requerimento surge na sequência deinformações recolhidas pelos deputados

socialistas, segundo as quais técnicosda REFER e da Direcção de Estradas daGuarda terão manifestado à Câmara de VilaNova de Foz Côa �o interesse em que aponte sobre o rio Douro, no Pocinho,passasse para a alçada da autarquia, comos óbvios encargos de reparação emanutenção�, acrescentando que caso omunicípio não aceitasse essa tutela, �aponte seria eliminada�.�A confirmarem-se estas intenções, asituação é, em nosso entender, grave erevela uma completa falta de senso�,

afirmam os parlamentares do PS,sustentando que �dificilmente umaautarquia do interior terá capacidadefinanceira para aceitar um desafio comoaquele que foi colocado á CâmaraMunicipal de Vila Nova de Foz Côa�.Por isso, Pina Moura e Fernando Cabralquerem que o ministro CarmonaRodrigues informe �quais as orientações,e dadas por quem, que levaram ostécnicos da REFER e da Direcção deEstradas da Guarda a efectuar a propostaà Câmara�.

NAZARÉ

PEDIDA AVERIGUAÇÃODO ESTADO DO FAROLDA BARRA DO PORTO

Uma averiguação do estado do farolda barra do porto da Nazaré, que terásido afectado pela queda de parte domolhe, foi reclamada pelo deputadodo PS José Miguel Medeiros numrequerimento enviado ao ministro dasObras Públicas, Transportes eHabitação.Segundo informações recolhidaspelo deputado e também presidenteda Federação do PS de Leiria, �aponta do molhe do porto de abrigo

da Nazaré, que ruiu por acção do mar, pode pôr em risco o funcionamentodo farol de luz vermelha que, juntamente com a luz verde no pontão Sul,assinala a entrada no porto�.Salientando que �o direito à segurança e à protecção da integridade físicados cidadãos são direitos constitucionalmente tutelados�, José MiguelMedeiros pediu ao ministro Carmona Rodrigues uma avaliação dos danose a correcção rápida do problema.Apresentando no requerimento o caso da Nazaré como exemplo, e �dada aantevisão de um Inverno extremamente rigoroso�, o parlamentar socialistaexige medidas �para evitar situações de potencial perigo quanto àiluminação nos portos de abrigo�.

DEPUTADA QUER GARANTIASDE SEGURANÇA PARAOS PESCADORESUm grave acidente na faina da sardinha ocorrido a vinte milhas do Porto deLeixões que deixou um pescador com uma incapacidade física para toda avida, devido a não ter sido assistido de uma forma �rápida e eficiente�,motivou a apresentação de um requerimento no Parlamento pela deputada doPS Paula Cristina.No documento dirigido ao primeiro-ministro, a deputada socialista pretendeapurar se é verdade ou não que existe falta de meios como refere a PolíciaMarítima e saber onde estava na altura do acidente a lancha rápida atribuída àGuarda Fiscal.Paula Cristina quer ainda que o primeiro-ministro esclareça se o Governoassume as responsabilidades gravíssimas deste acidente indemnizando osinistrado e os seus familiares e pergunta onde estão as garantias de segurançae de assistência mínimas, quando no dia-a-dia os pescadores lutam pela suasobrevivência.

Escola EB 1,2 de Águas Santas

Num outro requerimento, a mesma deputada questiona o Ministério daEducação sobre quais os critérios que levaram à exclusão da construção daEscola EB 1,2 de Águas Santas do PIDDAC para 2004.No documento, Paula Cristina pergunta ainda ao ministério se tem presenteas graves consequências para o concelho da Maia e em particular para aFreguesia de Águas Santas com a tomada desta decisão e se há perspectivade incluir novamente a construção desta escola nos objectivos prioritáriosdo Governo.

DEPUTADOS SOCIALISTASNA COMISSÃO EVENTUALDE REVISÃO CONSTITUCIONALA bancada socialista apresentou na passada segunda-feira os nomesdos deputados do PS que vão integrar a Comissão Eventual de RevisãoConstitucional.São eles: António Costa, Alberto Martins, José Magalhães, MaximianoMartins, Medeiros Ferreira, Jorge Lacão, Vitalino Canas, Osvaldo Castro,Silva Pereira, Eduardo Cabrita, Strecht Ribeiro e Fagundes Duarte.

INICIATIVA

O novo estaatuto de aposentação atenta contra os direitos dos trabalhadores

1917 DEZEMBRO 2003

SERÁ NECESSÁRIO REORGANIZARO TERRITÓRIO PARA DESENVOLVERO PAÍS?Proponho-me contribuir para o debate sobre os modelos de áreas metropolitanas que anova legislação sobre este assunto veio lançar.

Um enquadramento geral teórico sobre a gestão do território

O Estado tem, essencialmente, dois modos de organização do espaço físico: o modo de organização sectorial (MOS) e o modode organização territorial (MOT)O MOS exige do Estado e das autarquias locais uma visão sectorializada dos problemas económicos e sociais e umaintervenção com objectivos de mudança e de desenvolvimento sustentado.O MOT, que não é já a outra face da acção pública, diz respeito a um maior investimento do Estado com as autarquias locaisquando o impulso é o equipamento e a criação de infraestruturas básicas necessárias. Afinal, uma intervenção com objectivosde estabilidade e de crescimento.Ora esta acepção teórica condiz a prazer com a identidade política do actual Governo de direita e o processo de metropolizaçãoem curso reveste esta forma de pensar a territorialização do país.Isto a propósito da nova legislação sobre as configurações intermunicipais que o Governo aprovou em Maio do corrente ano(DL 10 e 11/03 de 13 de Maio, com bênção divina?). O Governo da nação optou pelo modo da estabilização social com oreforço dos actuais municípios e a criação de novas áreas metropolitanas.Na verdade, estas novas entidades não são novas autarquias, no sentido constitucional. As autarquias portuguesas continuama ser as Regiões (por instituir), os Municípios e as Freguesias, tal como fixado na Constituição.A introdução destas novas figuras de direito público é meramente uma extensão do direito municipal, na perspectiva em quetrata de entidades criadas por vontade dos municípios, como acontece já com as associações de municípios que conhecemos.Os autarcas terão que aderir às propostas do Governo, e, no quadro da presente legislação, adoptar uma ou outra forma deorganização administrativa intermunicipal ou eventualmente fixar-se nas actuais associações de municípios, adaptadas estasà legislação de Maio.As configurações geográficas são portanto da responsabilidade política destes eleitos e das suas instituições, em particularas assembleias e as câmaras municipais, sendo que estas últimas detêm o direito de iniciativa.Quanto à dimensão modelar que poderíamos defender, isto para os diversos concelhos do País, deve-se referir que na teoriada administração pública, a dimensão das estruturas não é proporcional à sua eficácia: grandes estruturas conseguem melhordesempenho do que as pequenas e vice versa. Tudo dependendo da estratégia adoptada, dos planos de acção definidos e dosmeios colocados à disposição da estrutura. Os municípios e em concreto as suas estruturas políticas legítimas devemreflectir, na realidade, sobre o que querem fazer, com quem e com que meios. As actuais associações de municípios possuemjá um tempo de vigência suficiente para poder apresentar resultados do seu desempenho político e dos resultados alcançados.Antes portanto de discutir as configurações de superfície(s) deveríamos (eleitos e sociedade civil, acentuo esta relação poisos cidadãos e os militantes políticos têm participado pouco neste debate) assentar sobre as estratégias e os projectos dedesenvolvimento que melhor satisfazem as populações actuais e futuras. Depois, naturalmente colocar-se-á a questão dadimensão territorial mais adequada para atingir esses objectivos, optando-se por uma comunidade alargada a quatro, sete oumais municípios.Chamo a atenção para a necessidade de algumas soluções vindas a público relativamente às configurações territoriais que seanunciam, parecerem resultado de estruturas existentes que comandam as estratégias políticas, estas subalternizadas, o quena minha opinião, não deveria acontecer. Pois a responsabilidade é, antes de mais, de ordem política e nunca de ordemtécnica. Quando tal não se verifica, é porque a estrutura comanda a estratégia, o que é necessário ser corrigido.Na França de 2001, assiste-se a uma profusão de experiências interterritoriais, intercomunalidades, interregionalidades emetropolizações, sendo que as dúvidas dos peritos permanecem sobre o aprofundamento da democracia local e dacidadania. Afinal, parece que a metropolização encomendada pelo Governo, jacobino, e de direita, tal como em Portugal,indicia uma verdadeira demissão das suas funções tradicionais nos territórios. Investigadores questionam se este não estaráa �colonizar� os municípios e a procurar mobilizá-los para uma associação à gestão da coisa (crise) pública que compete aoEstado central. Então podemos formular a pergunta: onde residirá a singularidade do local? se constrói-se e/ou persiste aconfusão semântica e funcional entre os diferentes níveis de governo.E deixo a pergunta: Será a intermunicipalidade um paliativo da falência do Governo central ?A nova legislação sobre as áreas metropolitanas contem alguns indícios que referímos. Há uma clara opção pelo modoterritorial de gestão do País. É pena que assim seja, pois Portugal precisa de mudança e de projectos arrojados de desenvolvimento.

*Arnaldo Ribeiro é militante de Viana do Castelo (Secção da Margem Esquerda) e prepara uma tese de mestrado sobre “Governâncialocal e participação dos cidadãos” (www.governancia.blogspot.com)

ARNALDO RIBEIRO*

TRIBUNA LIVRE

Esta rubrica designada “Correio dos Leitores” estáaberta a todos os militantes que pretendam enviar-nos

os seus pontos de vista sobre questões queconsiderem relevantes. A direcção do “Acção

Socialista” reserva-se o direito de ajustar a dimensãodos textos em função do espaço disponível.

Os endereços são: [email protected] ou, porcorreio normal, para Partido Socialista, Largo do

Rato, 2 - 1269-143 Lisboa

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O SEGREDO DE JUSTIÇAE A COMUNICAÇÃO SOCIAL

[...]O que mais interessaria é que não houvesse segredo de justiça nemnenhum dos outros segredos, dado que estes impedem ou dificultam atransparência e facilitam a vida a métodos e procedimentos menos sérios,encobrem práticas irregulares e criam situações de injustiça, favor ecorrupção; minam os alicerces do Estado de Direito que são a certeza, aboa-fé e a confiança. Bastaria ter mais respeito pelo princípio datransparência em que assentam as sociedades mais desenvolvidas; fazerfuncionar efectivamente os mecanismos de controlo e deresponsabilização sobre todos os agentes responsáveis pela notíciaquando esta ponha em causa valores, interesses ou direitos que tenhamde ser protegidos.O sistema em que vivemos está carregado e tolhido por excessivo númerode segredos funcionais (segredo de justiça, sigilo bancário, segredofiscal, segredos profissionais vários), segredos que, afinal de contas,servem para muito pouco. Mais parece que fazemos todos parte de umasociedade secreta, onde tudo tem de ser escondido de todos; ninguémsabe de nada, mas todos querem saber da vida de cada um; tudo estásujeito a segredo quando alguém pergunta, mas logo tudo se fica a sabere ninguém é responsabilizado. No fim de tudo isto, feitas as contas,ninguém tem culpa, esta vai ter de continuar solteira até morrer.E já agora se alguém tiver de ser culpado que sejam os �curiosos� dosjornalistas, esses �malandros� que não têm mais que fazer e que insistemem �perturbar� esta paz podre em que alguns teimam em viver na ilusãode que os costumes vão continuar brandos no Portugal globalizado.

Domingos Pereira de Sousa

FEDERAÇÃO DISTRITAL DO PORTO

NOTIFICAÇÃO EDITALFica notificada Fátima Felgueiras, militante n.º 20 888, de que, no processodisciplinar contra si instaurado, e nos termos do qual foram provadosfactos ilícitos, violadores do art.º 15º, alíneas c) e h) dos Estatutos doPartido Socialista, a Comissão Federativa de Jurisdição tomou adeliberação que, a seguir, se transcreve;

�DECISÃO

A Comissão Federativa de Jurisdição do Partido Socialista, em 3 deSetembro de 2003, deliberou, por unanimidade, concordar com a propostae aplicar à arguida a pena de expulsão, nos termos conjugados dos art.º98º e 94º in fine, dos Estatutos do Partido Socialista, por ser a pena justae adequada ao caso.�Mais fica notificada que esta decisão se torna definitiva se não forimpugnada no prazo de 30 dias, contados da presente notificação, nostermos do n.º 5 do art.º 57º.Em caso de recurso de impugnação, deve o mesmo ser dirigido àComissão Nacional de Jurisdição e entregue na Secretaria da Federaçãodo Porto do Partido Socialista.O Processo está disponível na Secretaria da Federação do Porto do PartidoSocialista para consulta pela própria ou por quem, por si, for mandatado.

O Instrutor do ProcessoDr. Afonso Paixão

Data da publicação17 de Dezembro de 2003

20 17 DEZEMBRO 2003BLOCO DE NOTAS

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w w w . p s . p t / a c c a oToda a colaboração deverá ser enviada para o endereço do jornalou para [email protected]

OS NÚMEROS DA CRISE ECONÓMICA E SOCIAL

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS

Mais 74.332 (20%) do que em Novembro de 2002

Mais 5.810 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

453.727

76.806

O MAIOR Nº DE JOVENS DESEMPREGADOS

Mais 9.743 (15%) do que em Novembro de 2002

Mais 434 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

260.281

O MAIOR Nº DE MULHERES DESEMPREGADAS

Mais 36.385 (16%) do que em Novembro de 2002

Mais 1.739 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

174.043

O MAIOR Nº DE DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO E MAIOR

CRESCIMENTO HOMÓLOGO

Mais 39.625 (30%) do que em Novembro de 2002

Mais 4.441 (3%) do que no mês passado (Outubro.03)

417.128

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS Á PROCURA DE NOVO EMPREGO

Mais 69.344 (20%) do que em Novembro de 2002

Mais 6.019 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

279.684

O MAIOR Nº DE NOVOS DESEMPREGADOS

Mais 34.707 (14%) do que em Novembro de 2002

Mais 1.369 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

188.031

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS NA REGIÃO NORTE

Mais 38.063 (25%) do que em Novembro de 2002

Mais 2.297 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

62.416

156.017

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS NA REGIÃO CENTRO

Mais 10.568 (20%) do que em Novembro de 2002

Mais 506 (1%) do que no mês passado (Outubro.03)

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS NA REGIÃO DE LISBOA

Mais 21.415 (16%) do que em Novembro de 2002

Mais 150 (0,1%) do que no mês passado (Outubro.03)

5.933

O MAIOR Nº DE DESEMPREGADOS NA REGIÃO A. DA MADEIRA

Mais 1.272 (27%) do que em Novembro de 2002

Mais 150 (3%) do que no mês passado (Outubro.03)

NOVOS RECORDES DO DESEMPREGO EM NOVEMBRO DE 2003