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Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1225 - 29 Julho 2004 XIV Congresso Nacional PARTIDO SOCIALISTA 1, 2 e 3 de OUTUBRO DE 2004 DEBATER AS IDEIAS ESCOLHER OS PROTAGONISTAS Mais uma vez os militantes do PS são chamados a decidir, democraticamente, o rumo que querem para o partido. Para suceder a Ferro Rodrigues há três candidatos assumidos: João Soares, José Sócrates e Manuel Alegre. Sempre fiel ao lema de que o PS pertence aos militantes, segue-se agora até à eleição do secretário-geral, nos dias 25 e 26 de Setembro, um período em que os candidatos irão apresentar e debater, com a liberdade que nos caracteriza, as ideias e os projectos que têm para o partido e para o país. Na certeza de que o PS tem de estar preparado para governar e devolver a esperança de um futuro mais próspero e mais justo para todos os portugueses. BOAS FÉRIAS Como é habitual, o “Acção Socia- lista” vai de férias durante todo o mês de Agosto, voltando ao convívio dos militantes em Setembro, com edições semanais motivadas pela realização do Congresso Nacional a 1, 2 e 3 de Outubro. A equipa do “AS” deseja a todos os camaradas boas férias e/ou bom regresso ao trabalho. PS rejeita Programa de Governo PARLAMENTO 3 a 6 António José Seguro: “Este Governo é mais do mesmo para pior” ENTREVISTA 13 Costa eleito vice-presidente PARLAMENTO EUROPEU 15 Socialistas dos Açores e Madeira mobilizados para as eleições de Outubro REGIONAIS 12 Páginas 7 a 9

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Page 1: Augusto Santos Silva Silvino Gomes da Silva DEBATER AS ... · tem de estar preparado para governar e devolver a esperança ... O resultado é bem diverso: divergência de produto

Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1225 - 29 Julho 2004

XIV Congresso NacionalPARTIDO SOCIALISTA

1, 2 e 3 de OUTUBRO DE 2004

DEBATER AS IDEIASESCOLHER OS PROTAGONISTAS

Mais uma vez os militantes do PS são chamados a decidir,democraticamente, o rumo que querem para o partido. Parasuceder a Ferro Rodrigues há três candidatos assumidos: JoãoSoares, José Sócrates e Manuel Alegre. Sempre fiel ao lemade que o PS pertence aos militantes, segue-se agora até àeleição do secretário-geral, nos dias 25 e 26 de Setembro,

um período em que os candidatos irão apresentar e debater,com a liberdade que nos caracteriza, as ideias e os projectosque têm para o partido e para o país. Na certeza de que o PStem de estar preparado para governar e devolver a esperançade um futuro mais próspero e mais justo para todos osportugueses.

BOAS FÉRIASComo é habitual, o “Acção Socia-lista” vai de férias durante todo o mêsde Agosto, voltando ao convívio dosmilitantes em Setembro, com ediçõessemanais motivadas pela realizaçãodo Congresso Nacional a 1, 2 e 3 deOutubro.A equipa do “AS” deseja a todos oscamaradas boas férias e/ou bomregresso ao trabalho.

PS rejeitaProgramade Governo

PARLAMENTO

3 a 6

António JoséSeguro:“Este Governoé mais do mesmopara pior”

ENTREVISTA

13

Costa eleitovice-presidente

PARLAMENTO EUROPEU

15

Socialistas dosAçores e Madeiramobilizadospara as eleiçõesde Outubro

REGIONAIS

12

Páginas 7 a 9

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2 29 JULHO 2004ABERTURA

ANTOONIO COLAÇO

O MOMENTO POLÍTICO:CRISE E OPORTUNIDADESCrise – é um vocábulo que acompanha os portugueses nestes dois últimos anos.Crise é a palavra que acompanha o Governo da Coligação PSD/PP desde o seu início.É certo que existem causas estruturais para a crise “portuguesa”. Mas este Governonão só não combateu as debilidades estruturais como se enredou numa situação emque não distinguiu factores conjunturais e tendências de longo prazo nem objectivose variáveis instrumentais. Daqui decorre um errado estabelecimento de prioridades,bem como uma incorrecta arquitectura de políticas públicas.A expressão mais cruel desta crise é o facto de o nosso país viver hoje a mais longarecessão económica de que há memória e registo estatístico em Portugal: o PIBregrediu em seis trimestres consecutivos. Não há paralelo com a situação em qualqueroutro país da União Europeia. O forte crescimento do desemprego é outro traçodramático da crise em Portugal: o país que tem tradicionalmente baixos níveis dedesemprego avança hoje rapidamente para a média europeia. O Governo PSD/PPprometeu aos portugueses um processo acelerado de convergência económica coma União Europeia. Prometeu níveis de crescimento anual do PIB em dois pontos acimada média comunitária. O resultado é bem diverso: divergência de produto e riqueza,convergência dos níveis de desemprego.Crise financeira/crise económica/crise social são os elementos marcantes destasituação. E agora, também, uma crise política! O Governo é inevitavelmente parteexplicativa destas crises – porque pela condução das suas políticas influencia aconjuntura e as alterações estruturais. Por muito que custe aos neoliberais, no contextode hoje da globalização e dos desafios concorrenciais, tecnológicos, ambientais esocietais, a qualidade das políticas e da governação determinam o desempenho dassociedades modernas – em particular das sociedades mais frágeis e vulneráveis comoa portuguesa.A história recente portuguesa, sob a governação da maioria PSD/PP, é bem conhecida.E dramática. O Governo confrontado com uma crise financeira decorrente daincapacidade de equilibrar as contas públicas comete erros. Em primeiro lugar, umagestão desastrosa das expectativas dos empresários e dos consumidores conduzidapelo Governo por razões estritamente políticas. Face às dificuldades financeiras dopaís, o Governo procurou no curto prazo acentuar o “lado negro da conjuntura” (foi otempo do “discurso da tanga”) para provocar os ajustamentos económicos e sociaisque considerou necessários, para depois vir a gerir, em período de retoma, a distribuiçãode benefícios já mais perto das eleições. Fez de aprendiz de feiticeiro: a crise financeirado Estado propagou-se rapidamente à economia e à sociedade e a retoma económicaatrasou-se irremediavelmente.Em segundo lugar, a excessiva fixação das políticas económicas no curto prazo e noreequilíbrio do défice orçamental, com manifesto desprezo do esforço de investimentopúblico e privado, gerador de efeitos contracíclicos tanto macroeconómicos comona vida económica empresarial. Ou ainda, a incapacidade em afirmar políticas sectoriais– em particular no âmbito do Ministério da Economia – com capacidade para gerarreestruturações, processos de modernização e vantagens competitivas quecontrabalançassem o ajustamento das finanças públicas e gerassem ganhos deexportações.Mesmo aceitando que finanças públicas sãs e equilibradas são, no contexto da Zona

Euro, parte inevitável de uma consolidação orçamental necessária – porque sãoresponsabilidade do país mas também porque elas garantem as políticas estruturais decompetitividade e são a base das políticas sociais activas e progressistas, no longoprazo; dão também capacidade aos governos para conduzir as políticas anticíclicasnecessárias em tempo de recessão – a questão do défice orçamental deve ser relativizada.Ele tem uma natureza instrumental (é um instrumento e não um objectivo em simesmo) e não pode ignorar-se o papel do investimento e da política económica aosníveis micro e meso (as reformas da Administração, da justiça, da educação… queajudam a gerar sistemas competitivos e inovadores).Para um país, como Portugal, carenciado de investimentos e usufrutuário definanciamentos do Quadro Comunitário de Apoio não se compreende que o Governonão adira a esta visão que encontra fundamento na teoria económica e nas práticasgovernamentais de países com sólida tradição de políticas públicas.Mas à crise financeira, económica e social veio o Governo da Coligação PSD/PPadicionar agora uma crise política. O país dispensava este complemento de tragédia!JM Barroso (esta é a nova designação internacional não oficial do ex-PM português)abandona as suas responsabilidades a meio do mandato fugindo ao julgamentocívico e eleitoral da sua governação. O senhor Presidente da República, utilizando osseus poderes próprios, decidiu que este julgamento ocorrerá apenas em 2006 no finalda legislatura (ou talvez antes!). Devemos afirmar a nossa total disponibilidade para aluta. Uma luta que nos conduzirá à vitória.Este Governo só pode prolongar a instabilidade e a crise. Porque essa é a próprianatureza das figuras que nos governam: Santana e Portas. Basta relembrar os qualificativosutilizados em todos os quadrantes políticos e em analistas independentes paracaracterizar a personalidade do PM e estes primeiros dias de governo: “errático, instávele volúvel”, triunfo da mediocridade, displicência, ligeireza, manobrismo, “momentospenosos, hilariantes ou simplesmente patéticos”, amadorismo confrangedor, “ausênciade rigor, tendência para a improvisação, um certo desleixo”, salada russa, representaçãode interesses privados… Ou ainda “um Governo com ilusionistas, malabaristas,contorcionistas, trapezistas e outros artistas” na sátira certeira do Bartoon do “Público”.Esta forma de governar só pode ter como consequência a fragilização do Estado – maisainda do que fez o Governo nos seus dois primeiros anos – e das políticas públicasdebilitando-as nos seus objectivos e nos seus instrumentos. Não é difícil imaginar aenorme confusão nos serviços da Administração contrária a princípios de boa governação,de gestão eficiente e de eficácia e cultura de serviço público viradas para o cidadão. Èfácil antecipar as enormes dificuldades no quadro de gestão dos Programas Operacionaisdo QCA, com duplas e triplas tutelas numa altura crítica de trabalhos de reprogramaçãoe de preparação do novo Quadro Comunitário de Apoio. Fácil é também prever o tempoperdido – a meio de uma legislatura! – com a criação, mudanças e reestruturação deministérios que irresponsavelmente este Governo se vê envolvido.Crise prolongada no país é o que nos espera. Disponibilidade para a luta é o que todosexigem do Partido Socialista. Um PS credível, coerente, inovador. Para isso éindispensável uma solução directiva forte e legitimada e um processo interno rápidode estruturação. As crises criam oportunidades: esta é a oportunidade do combatepolítico protagonizado pelo PS, por Portugal.

MAXIMIANO MARTINSDeputado independente do GP/PS

Para um país, comoPortugal, carenciadode investimentose usufrutuário definanciamentos doQuadro Comunitáriode Apoio não secompreende queo Governo não adiraa esta visão queencontra fundamentona teoria económicae nas práticasgovernamentais depaíses com sólidatradição de políticaspúblicas.

GOVERNO METRALHAMETRALHAMETRALHAMETRALHAMETRALHA

ESTE GOVERNO METRALHA-NOS, DESDE HÁ 2 ANOS, 3MESES, 24 HORAS, N HORAS E O MINUTO EM QUE ESTÁA LER ESTE CARTOON:

- NA SAÚDE- NO DESEMPREGO- NO FIM DO RENDIMENTO MÍNIMO GARANTIDO- NO AUMENTO DO FOSSO ENTRE O INTERIOR E O LITORAL

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329 JULHO 2004 PARLAMENTO

PS APRESENTA MOÇÃO DE REJEIÇÃO

EXECUTIVO DE SANTANAVAI AGRAVAR SITUAÇÃO DO PAÍSO Grupo Parlamentar do PS apresentouuma moção de rejeição ao programa doXVI Governo Constitucional, discutido naAssembleia da república nos dias 27 e28 de Julho, por considerar que a acçãodo anterior Executivo é agora continuadano que respeita à sua herança e erros,particularmente no que toca ao agra-vamento do desemprego, à longa recessãoque atinge o país desde há ano e meio, àquebra do investimento produtivo e a umagravíssima insensibilidade social.Como disse o líder da bancada

parlamentar do PS, António José Seguro,a posição assumida pelos socialistas foiuma censura à actual maioria, que seapresentou no Parlamento no contexto deuma grave crise política geradora deinstabilidade no presente e no futuro.A moção de rejeição, que foi votadafavoravelmente apenas pelos deputadosdo PS e teve a abstenção dos outrospartidos à esquerda, sublinha que oprograma do XVI Governo repete, em traçogrosso, os erros que marcaram a acçãogovernativa nos dois últimos anos,

particularmente nos domínios daspolíticas sociais, economia e finançaspúblicas, educação, ciência, cultura,saúde, administração pública, trabalho,segurança social e ambiente.A nível das finanças, o país defronta-secom uma grave crise, sem que sevislumbre a consolidação de médio prazonem a convergência com os nossosparceiros europeus, levando à quebra daconfiança dos agentes económicos e àdescredibilização das políticas. “Emapenas um ano, o Governo inverteu a

tendência que se vinha verificando nadécada de noventa. Portugal desceu trêslugares na ordem correspondente aoíndice de desenvolvimento humano – de23º para 26º lugar – , sendo ultrapassadopela Grécia, Hong Kong e Singapura”,afirma a moção de rejeição.O PS critica também a orgânica doGoverno, que considera desadequada,bem como as escolhas feitas nas dife-rentes pastas governamentais, revelandoassim que “não só o Executivo não daráresposta aos anseios dos portugueses

como agravará o Estado da nação”.Já a concluir a justificação desta tomadade posição, sublinha-se que “o PartidoSocialista denunciou e combateu, nasdiversas frentes e sectores, a execuçãodo programa do XV Governo Constitu-cional e a sua vontade de insistir numrumo errado, que a maioria dos portu-gueses rejeita. Nestes termos, o PS afirmahoje, conhecido que está o Programa doXVI Governo Constitucional, a censura erejeição frontal à orientação política queo actual Governo pretende prosseguir”.

PROGRAMA DE GOVERNO

SUCESSÃO DE BANALIDADES E OMISSÕESO Programa de Governo davelha maioria de direitaresume-se a uma sucessãode omissões e vazios, debanalidades recicladas e noretorno às promessas nãocumpridas. Por isso, o GrupoParlamentar do PartidoSocialista (GP/PS) rejeitou-o.

“O seu discurso, dr Santana Lopes, foi umflop para esta Assembleia”, reagiu o líderda bancada parlamentar socialista, AntónioJosé Seguro, à estreia do novo primeiro-ministro no hemiciclo de São Bento, nopassado dia 27 de Julho.Numa intervenção muito aplaudida,Seguro criticou desde logo o corte nostempos de debate parlamentar, con-frontando de seguida o chefe doExecutivo azul-laranja com problemasconcretos do país para os quais exigiumedidas e decisões. Nomeadamente, opresidente do GP/PS questionou se o novoGoverno descerá o IVA de 19 para 17 porcento, conforme tinha sido anunciado,inquirindo ainda o primeiro-ministrosobre a estratégia portuguesa nas nego-ciações sobre as perspectivas financeirasda União Europeia entre 2007 e 2013.Descontente por Santana Lopes ter fugidoàs suas perguntas, o líder parlamentarsocialista pediu que fosse registado emacta que, “ao fim de sete minutos deintervenção do primeiro-ministro”, nadater dito. Só depois Santana Lopes declarouque não baixaria afinal o IVA.António José Seguro considerouincompreensível o silêncio do primeiro-ministro relativamente aos fogos florestaisque consomem Portugal, instando SantanaLopes a não apelar a contratos sociais ouconsensos políticos sem ter ainda honradoos compromissos que o anterior Governoassumiu em vão.“Antes de avançar com novas promessas,cumpra aquelas que a sua maioria fez aosportugueses e não cumpriu”, disse,manifestando surpresa “por o primeiro-ministro se mostrar orgulhoso pelasituação nas listas de espera, pelo aumentodo desemprego, pelo congelamento

salarial e pela perda de poder de compra dageneralidade dos portugueses”.Face à referência de Santana Lopes àsituação interna do Partido Socialista,Seguro dirigiu-se ao presidente da Assem-bleia da República para lavrar um protesto.“O PS é um partido democrático onde nãoelegemos o líder em Conselho Nacional,mas pelo voto dos militantes”, retorquiuAntónio José Seguro numa alusão directaao facto de Pedro Santana Lopes não terchegado à liderança do PSD por via de umcongresso.

Na primeira parte do debate em torno doprograma de Governo, o PS criticou forte-mente as políticas de educação, formaçãoprofissional e de investigação desenvol-vidas pelos executivos PSD/CDS-PP,acusando o primeiro-ministro de ser “retó-rico” e “vazio” em termos de quantificaçãode metas nestas áreas.“O programa de Governo nem uma palavradedica à qualificação, nem quantifica umúnico objectivo”, acusou o vice-presidenteda bancada socialista Manuel MariaCarrilho, que abriu a segunda ronda de

perguntas a Pedro Santana Lopes no debateno Parlamento.Carrilho insistiu depois em conhecer metasquantificadas por parte da tutela para asáreas da investigação e da educação paraadultos, assuntos que Pedro Santana Lopesremeteu para “um dos próximos Conselhosde Ministros”.Já o deputado do PS Mota Andrade quisque o primeiro-ministro esclarecesse oscritérios e os custos da deslocação dealgumas secretarias de Estado em nomede uma pretensa descentralização.De seguida, José Apolinário desafiou San-tana a falar com o presidente da Câmara deMonchique para apurar as responsabili-dades da situação de calamidade que viveeste concelho por causa de sucessivosfogos florestais.As questões da pobreza levaram o deputadoRui Cunha a questionar o chefe doExecutivo sobre as novas normas doRendimento Mínimo Garantido “rebapti-zado”, sobre a perda sucessiva de direitos,a precariedade do emprego e a desvir-tualização da protecção social em Portugal.“Com o novo Código do Trabalho e se istocontinuar assim em 2005, 78 por centodos trabalhadores verãos os seus direitosreduzidos”, rematou.

PORTUGUESES CADA VEZ MENOS COM A VELHA MAIORIA

Passe de mágicaou demagogia?

O debate sobre o Programa do XVI GovernoConstitucional ficou marcado também poruma intervenção muito crítica por parte dodeputado socialista Jorge Coelho.O parlamentar responsabilizou SantanaLopes pelas políticas do anterior Executivo,sublinhando que “formalmente, estamosa discutir o programa de um novo Governo,mas na verdade não é isso que se passa”porque “o Governo está em funções hádois anos, três meses e 21 dias, e as horase minutos que aqui estivemos hoje”.“O que estamos a debater é o programa deum Governo remodelado, com asubstituição do primeiro-ministro e deoutras figuras do executivo”, insistiu,rematando que “o programa é o mesmo,mas os objectivos parecem ser diferentes,pelo que é preciso perguntar ao senhorprimeiro-ministro se estamos perante umpasse de mágica ou demagogia”.Jorge Coelho centrou as suas críticas àactuação do Governo e às “promessas nãocumpridas” da coligação no Governo nosector da saúde, afirmando que PSD eCDS-PP “prometeram acabar com as listasde espera em Março e já adiaram o prazopara o final do ano”.Coelho contestou ainda os hospitais SApor não terem contas certas nem metastraçadas e insurgiu-se contra a destruiçãopremeditada do Serviço Nacional de Saúde.Por sua vez, o deputado socialista eleitopelo círculo da Madeira, MaximianoMartins, falou de “diagnóstico arrasadordas políticas económicas do Executivo”.Depois de sublinhar que no planoeconómico a tutela tudo prometeu e nadaconcretizou, o parlamentar do PS passouao domínio da Ciência e da Tecnologiaonde disse “este programa em discussãoé omisso quer sobre projectos quer sobreas instituições”.No segundo dia de debate, o Parlamentovotou quatro moções de rejeição doPrograma do XVI Governo constitucional,uma delas do PS, e uma moção deconfiança, que acabou por ser aprovadapela maioria de direita contra toda aoposição. MARY RODRIGUES

Depois de colocar o défice nos seis por cento e de se revelarnegligente no combate aos fogos que consomem as florestasnacionais, “a maioria PSD/CDS-PP está cada vez mais perto deregressar à oposição”, prognosticou, convicto, o líder dabancada socialista ao defender a moção de rejeição socialistaao Programa de Governo apresentado por Pedro Santana Lopes.Falando na sessão de encerramento do debate, António JoséSeguro caracterizou sempre o actual Executivo como uma equipabaseada numa “velha maioria” e numa “velha governação”,porque “a maioria dos portugueses já não está com esteGoverno”, declarou.Seguro sublinhou que o Executivo se apresentou na Assembleiada República “sem estratégia e com um conjunto devulgaridades”, citando de seguida uma série de indicadoresestatísticos das Nações Unidas e da União Europeia em termosde desenvolvimento humano e de crescimento económico faceà média comunitária que deixam Portugal muito mal colocado.Segundo o líder da bancada socialista, o nosso país já

ultrapassou o limite (do Pacto de Estabilidade e Crescimento daUnião Europeia) de 60 por cento de dívida pública e “apresentaum défice real de seis por cento”.“Se têm dúvidas sobre o valor do défice, então aceitem aconstituição de um comissão independente para avaliar as con-tas públicas, tal como aconteceu em 2001. Só se gera con-fiança com uma política de verdade”, disse em tom de repto.António José Seguro lançou também um ataque aos executivosda maioria de direita por causa da actual vaga de incêndios.“Todos sabemos que há causas meteorológicas e estruturaispara a ocorrência de fogos, mas há também negligência e muitaincompetência”, denunciou, dando como exemplos atitudesda maioria PSD/CDS-PP no Parlamento ao impedir audiçõescom responsáveis pelo combate aos incêndios e o facto de anova agência florestal só ter ainda reunido uma vez desde quefoi criada.A concluir a sua intervenção, o presidente do GP/PS voltou adenunciar a desatenção do Governo em relação a políticas sociais.

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4 29 JULHO 2004

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admininterna

GOVERNO VELHOCOM PROGRAMA CADUCONa área da Administração Interna, o Governo tinha duas opções: ou admitia queesta é uma área onde as coisas correram francamente mal nos primeiros doisanos e meio desta maioria; ou não reconhecia os erros e agia como se tudoestivesse bem, fazendo uma cega profissão de fé na mera continuidade daspolíticas.Se optasse pela primeira postura, poucos teriam razão para criticar tal opção. OGoverno assistiu aos maiores acréscimos dos índices de insegurança de que háregisto, com acréscimos dos indicadores de criminalidade de 5 por cento e 6por cento, em 2002 e 2003, respectivamente; foi impotente para conter ouminimizar a catástrofe dos fogos florestais de 2003 e também de 2004; nãoconseguiu um relacionamento saudável com as forças de segurança, e assistiuimpávido à degradação das condições de funcionamento das polícias. Por isso,ninguém se admiraria e os cidadãos esperariam que o Governo remodelado davelha maioria procurasse dar sinais de uma nova dinâmica, virada para arecuperação da confiança e do ânimo das forças de segurança, para oreequipamento, para a modernização das esquadras e sistemas de comunicação,para a restruturação do próprio sistema de forças. No momento em que o país éde novo engolido pela voragem do fogo, esperar-se-ia uma nova visão estratégicapara o sistema de protecção e socorro. Esperar-se-iam metas mais ambiciosaspara o combate à sinistralidade rodoviária. Esperar-se-ia uma calendarizaçãoprecisa do momento em serão cumpridas certas promessas, como a do subsídiode risco da PSP, entre outras.Mas o Governo optou preguiçosamente pela recuperação burocrática doprograma já apresentado em 2002, acrescentando apenas umas ridículas frasesde elogio da acção política dos dois últimos anos!Ficam, assim, os cidadãos sem saber como vai o Governo, em concreto,enfrentar o crescimento galopante dos índices de insegurança, melhorar osistema de protecção e socorro, aperfeiçoar os mecanismos de integração dosimigrantes, ou diminuir a sinistralidade rodoviária.Dois anos e meio depois do Governo da velha maioria, bastava de generalidades.Mas o Governo preferiu continuar a insultar a inteligência dos portugueses,tentando esconder a sua falta de visão ou de empenho nesta área vital para onosso bem-estar.

VITALINO CANAS

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ADMINISTRAÇÃO INTERNA

administracaopublica

AUSÊNCIA DE RUMOO programa de Governo de Santana Lopes, em matéria de AdministraçãoPública, é igualmente desolador. Não há qualquer referência à formacomo deverá ser concretizada a efectiva modernização da AdministraçãoPública. Tudo quanto é ali afirmado traduz-se por generalidades quepermitirão prosseguir as “maldades” e a violação dos direitos dostrabalhadores, nomeadamente na negociação colectiva e na negociaçãodo Estatuto de Aposentação que tão maltratado foi pelo anterior Governo.O programa deste Governo não aponta caminhos para a redefinição dasfunções do Estado, da desburocratização e simplificação de procedimentosou na forma de incentivar e motivar os trabalhadores. Não faz referência aomodelo que pretende adoptar em matéria de política salarial, ficando osportugueses sem saber se será ou não prosseguido o congelamento dossalários na Função Pública.Este primeiro-ministro e o seu Governo, com o programa que apresentamao país, demonstram claramente que prosseguirão o desinvestimentonas políticas sociais e consequentemente na redução de direitos nasrelações de trabalho, na segurança social e na protecção social.

ARTUR PENEDOS

COORDENADOR DO GP/PS

ambiente

AMBIENTE AMPUTADOA ideia de continuidade que marca o programa do novo Governo destavelha maioria, significa para a política de ambiente a continuação dodesastre dos últimos dois anos. Três ministros e sete secretários de

ADMINISTRAÇÃO INTERNA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estado depois, o PSD entrega o fragilizado Ministério do Ambiente aoseu parceiro de coligação, que não há muito tempo propunha a extinçãodesse mesmo Ministério! Para o cargo, a coligação insiste no critério derecrutar quem não saiba do assunto, agora com a particularidade de tercomo única ligação ao sector uns quantos negócios privados. Valha averdade, nesta matéria o Governo não está aqui para enganar ninguém:o programa do Governo não atribui qualquer prioridade à política deambiente e ignora a proposta de Estratégia Nacional de DesenvolvimentoSustentável. A orgânica do Governo, de resto, já dera os sinais suficientespara um bom entendedor: o Ambiente amputado da política de cidadese da gestão dos fundos comunitários; o ordenamento do territóriodesligado da informação geográfica e do desenvolvimento regional. Nomais, o programa do Governo repete o vazio do anterior, com três notascuriosas: Primeiro, o Governo não garante pôr a funcionar os centros detratamento de resíduos industriais perigosos, em alternativa à co-incineração. Só promete concluir o “processo conducente à suainstalação”. Segundo, o Governo não garante a aprovação do tãonecessário Plano Sectorial para a gestão territorial da Rede Natura. Sópromete colocá-lo a discussão pública. Terceiro, o Governo insiste narevisão do regime jurídico da REN e da RAN, sem dar sinal algum depretender travar o verdadeiro golpe de Estado ambiental que a propostaformulada preconiza. O ministro será novo mas já é o quarto em doisanos. Vá pedir “estado de graça” a quem achar graça a esta políticadesastrosa.

PEDRO SILVA PEREIRA

COORDENADOR DO GP/PS PARA ORDENAMENTO E AMBIENTE

ciencia

GENERALIDADESE ABSTRAÇÕES1. O elemento mais chocante do programa do Governo Santana Lopes

para o Ministério da Ciência e do Ensino Superior é a ausência absolutade qualquer referência à promoção da cultura científica e à divulgaçãocientífica junto das escolas e da população em geral. A cultura científicae a educação científica deixam de constituir um objectivo autónomoda política pública, ficando subsumidas no eixo do “aumento equalificação dos recursos humanos em ciência e inovação”. Não sónem uma vez se fala no programa Ciência Viva, como, ainda maisgrave, se omite qualquer dado sobre a articulação entre comunidadecientífica e educação básica e secundária. Há aqui, infelizmente, umaóbvia continuidade com a política de Durão Barroso: entre 2002 e2004, não se realizou nenhuma edição do concurso nacional deprojectos de educação científica nas escolas. É evidente que o Governoquer consumar o asfixiamento do programa Ciência Viva. Isso ficarácomo uma imagem de marca do desprezo da direita portuguesa pelapromoção democrática da ciência.De resto, o programa fica-se pelas generalidades mais abstractas eevita cuidadosamente responder a qualquer questão concreta. Comovai ser o novo modelo de financiamento da investigação? Vai ou nãoeste Governo pagar as quotas devidas pela participação portuguesanos organismos científicos internacionais, que o anterior Governodeixou de pagar? Não há qualquer resposta.Fica-se, finalmente, a saber, lendo o programa, que o XVI Governo nãotem qualquer intenção de recuperar o sistema de incentivos fiscais àinovação empresarial em investigação e desenvolvimento, que vigoroucom excelentes resultados entre 1997 e 2002 e que foi liquidado porDurão Barroso. Também aqui é clara a miopia política da nossa direita.

2. Quanto ao ensino superior, o Governo diz querer prosseguir a aplicaçãodo Processo de Bolonha, o que é positivo, mas implica responder aalgumas questões-chave. Vai ser financiado, e em que termos, osegundo ciclo de estudos? Como vai evoluir a política de propinas?Não se encontra qualquer resposta a estas e outras perguntas.O que ficamos já a saber é que não haverá nenhuma modificação defundo nos dois eixos fundamentais da política de Durão Barroso parao ensino superior. Ambos os eixos são extremamente negativos. Asaber: a) as transferências do Orçamento de Estado para as instituiçõesdo ensino superior continuarão a ter um crescimento nominal nulo,isto é, a baixar em termos reais, nos próximos anos, b) as vagas noensino público continuarão a ser reguladas de forma administrativa,com a excepção (que é consensual) das áreas da saúde, das tecnologiase das artes, de modo a impedir o crescimento dos lugares disponíveisnas escolas públicas mesmo quando estas têm procura continuada equalificada, assim se criando indirectamente uma reserva artificial derecrutamento para o ensino privado.Finalmente, o programa não esclarece uma das questões essenciaiscolocadas já no mandato da ministra Graça Carvalho, relativa àproliferação de novas escolas, públicas e privadas, por todo o território.

AMBIENTE

Não havendo esse esclarecimento, é de temer o pior: que a contribuiçãodo próximo Governo para o ordenamento da rede do ensino superiorportuguês seja ceder às pressões eleitoralistas locais e aos interessesprivados, aumentando a desregulação do sistema...

AUGUSTO SANTOS SILVA

COORDENADOR DO GP/PS PARA A CIÊNCIA E ENSINO SUPERIOR

COMUNICAÇÕES:

UM IMENSO NADAAo referir-se o tema das comunicações há que considerar o conjuntoconstituído pelas telecomunicações e pelos serviços postais que sãohoje um dos sectores mais dinâmicos da economia nacional.O Partido Socialista sempre prestou uma especial atenção àscomunicações electrónicas e aos serviços postais. Foram aliás, quer aLei de Bases das Telecomunicações de 1997 que ficou o quadro básicode regulação do sector, quer os diplomas subsequentes, que fixaram omarco normativo que demonstrou uma eficácia tal que permitiu que nonosso país tenha surgido uma multiplicidade de operadores para os maisvariados serviços, o que, na prática, possibilitou uma maior capacidadede escolha para os utentes, e também o surgimento de um importantesector das telecomunicações, o que, por sua vez, proporcionou as infra-estruturas e as condições idóneas para fomentar o desenvolvimento dasociedade de informação, mediante a sua convergência com o sectoraudiovisual e com os serviços telemáticos, tudo considerando aimplantação da Internet.Lido o programa do Governo não se nota uma única nova ideia que vá nosentido do aprofundamento dos princípios já consagrados eimplementados, no sentido de possibilidade da introdução de mecanismoscorrectores que garantam a viabilidade e o aparecimento de operadoresdistintos dos titulares do antigo monopólio, a protecção dos direitos dosutentes, a intervenção da Administração no sector a respeito da supervisãoadministrativa dos aspectos relacionados com o serviço público, odomínio público e a defesa da concorrência.Sobre estas magnas questões o novo programa do Governo aos costumesdisse Nada.

RAMOS PRETO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DAS COMUNICAÇÕES

coopera

AUSÊNCIA DE ESTRATÉGIANo domínio da cooperação, o programa deste XVI Governo Constitucional,agora recauchutado para pior, apresenta-nos uma série de banalidades,que escondem a persistência de uma ausência de estratégia, fundamentalpara a prossecução de um desígnio nacional, verdadeira mais-valia deafirmação de Portugal no mundo. De facto, das graves omissões que severificaram, no passado recente, expressas na incapacidade do Governolevar a efeito a Cimeira Europa-África, prevista para Abril do ano passado,nem uma palavra. E quanto ao mais, tendo presente que as instituiçõesvocacionadas para a cooperação tiveram nos últimos dois anos umaredução orçamental de mais de 50 por cento, com instabilidadepermanente, traduzida em três presidentes no IPAC e outros tantos noInstituto Camões, que mais dizer? Pela leitura do programa e das medidaspreconizadas, tudo continuará como dantes. Simplesmente lamentável!

VÍTOR RAMALHO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A COOPERAÇÃO

cultura

GOVERNO NÃO SABEO QUE QUERA prova provada do vazio do programa do Governo para a cultura está emque a única notícia pública saída a seu propósito diz respeito ao que nãoestá lá escrito: a fusão entre IPA e IPPAR. A direita abandona definitivamenteesse seu propósito, cuja gravidade denunciámos no tempo devido. Eabandona, porque pura e simplesmente não conseguiu vencer as justasresistências que se lhe opuseram. É uma derrota que agora reconhece, edeve ser assinalada: vale a pena combater os seus dislates.

CIÊNCIA EENSINO SUPERIOR

COOPERAÇÃO

CULTURA

COMUNICAÇÕES

PARLAMENTO

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529 JULHO 2004

Do ponto de vista doutrinário, este programa significa um novo passo nalógica da desresponsabilização do Estado e de menorização dos objectivoscentrais de uma política democrática, como a democratização do acessoaos bens culturais, a formação dos públicos e o apoio à criação artística.É muito significativo que a primeira medida contida no programa digarespeito à lei do mecenato, chegando a dizer-se, sem qualquer noção darealidade das coisas, mas revelando muito acerca da ideologia implícita,que será através da lei do mecenato que o Ministério financiará projectosculturais relevantes.De resto, o programa é uma lista desconexa de frases feitas e ideias desenso comum, que dizem tudo acerca da profunda ignorância dos novosresponsáveis pelas coisas da cultura. Por exemplo, diz-se que um objectivoda política para os arquivos é a “criação sistemática de arquivos privados”,como se essa fosse uma competência do Estado; ainda se fala no “nívelprimário” da educação, quando a designação de ensino primário hámuitos anos que desapareceu da nomenclatura do sistema educativo;chega a escrever-se que o Governo continuará a apoiar o projecto da Casada Música como se esta fosse uma instituição exterior ao Estado…Não há qualquer medida política substantiva que passe para lá destacortina de vulgaridades. Vai o MC aplicar aos outros teatros nacionais omodelo de empresa pública estabelecido para o D. Maria II? Silêncio.Quando e como vai ser estruturado o fundo de apoio ao cinema eaudiovisual? Silêncio. Como vai ser organizada Faro-Capital Nacional daCultura? Silêncio. Como vai ser o modelo de gestão e financiamento daCasa da Música? Silêncio. E assim sucessivamente.É claro o que o Governo Santana Lopes quer para a cultura: quer menosresponsabilidade do Estado, quer a mesma letargia que caracterizou oconsulado de Durão Barroso. Fora disso, não quer mais nada, porque,pura e simplesmente, não sabe o que quer.

AUGUSTO SANTOS SILVA

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DA CULTURA

defesa

AGRAVAMENTO DASQUESTÕES ESSENCIAISAo fim deste mais de dois anos do Governo do PSD/PP, na área daDefesa Nacional, o mínimo que se pode dizer é que houve umagravamento significativo em questões essenciais.Não foram tomadas as medidas adequadas, no tempo certo, como é ocaso da modernização e o reequipamento das Forças Armadas, assimcomo a alteração do paradigma do recrutamento com vista à suacompleta profissionalização. Agravou-se de forma muito preocupanteas questões orçamentais e financeiras, que a não serem resolvidas comurgência, têm sérias implicações na sua operacionalidade e naidentificação enquanto instituição nacional.Permanecem igualmente por resolver questões relacionadas com adignificação da condição militar e a consequente qualificação evalorização do factor humano, para o que é necessário e urgente, entremuitas outras iniciativas que têm a ver com o pessoal, a revisão doEMFAR (Estatuto Militar das Forças Armadas), a revisão do estatutoremuneratório, a revisão da Rede Nacional de Apoio ao Stress Pós-traumático que permanece, na prática, incapaz de dar resposta a muitosex-combatentes que vivem situações de saúde verdadeiramentedramáticas.Do ponto de vista conceptual continuam por rever, entre outros,documentos estruturantes da defesa nacional, como sejam a definiçãodas Missões Específicas das Forças Armadas, o Sistema de ForçasNacional, o Dispositivo, assim como a Lei da Defesa Nacional e dasForças Armadas, a Lei Orgânica de Bases da Organização das ForçasArmadas e a revisão ordinária da Lei de Programação Militar e a revisãoda política de contrapartidas de modo a aproveitar as oportunidadescriadas pela LPM (Lei da Programação Militar). É igualmente urgente aredefinição de mecanismos de cooperação entre as Forças Armadas eas Forças de Segurança em situações de crise, face ao novo quadroestratégico nacional e internacional.

MARQUES JÚNIOR

COORDENADOR DO GP/PS PARA ASSUNTOS DE DEFESA NACIONAL

desporto

OPORTUNIDADE PERDIDAPortugal viveu nos últimos dois anos momentos altos de afirmação dofenómeno desportivo. Grandes eventos desportivos internacionais,

DEFESA NACIONAL

DESPORTO

ORÇAMENTO

FINANÇAS

FISCALIDADE

OBRAS PÚBLICAS

com destaque para o Euro 2004, significaram a adesão e oenvolvimento positivo de milhares de pessoas criando condiçõespara uma aposta forte na dinamização e expansão do desporto emPortugal.O Programa de Governo deveria, por isso, reconhecer tal facto e apontarnovos caminhos, propondo medidas no sentido da promoção daprática desportiva e do reforço das condições de funcionamento efinanciamento do sistema desportivo.Não o faz. Limita-se a propor uma solução de continuidade,sistematizando, em forma diferente, as propostas já apresentadas noanterior programa.Vale como diferença positiva a assumpção clara de propostas debeneficiação e requalificação do Complexo Desportivo do Jamor,afastando as dúvidas sobre o seu destino em boa hora denunciadasperante o anterior Governo.Enuncia um conjunto de programas de promoção, apoio, formação,mobilização mas não especifica com que estruturas ou meioshumanos, técnicos e financeiros se propõe promovê-los.Ignora a realidade cada vez mais preocupante das chamadascompetições desportivas profissionais, bem como as dificuldadesfinanceiras e organizativas dos clubes e sociedades que nelasparticipam.Omitindo qualquer referência à Lei de Bases do Desporto, que só amaioria aprovou e que acaba de entrar em vigor, reconhece fatalmenteque não apenas se envergonha do que fez como que nada de bom oude novo resultará para o desporto português dessa Lei.Com este programa o desporto português vai perder, de novo, umaboa oportunidade.

LAURENTINO DIAS

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DO DESPORTO

orcamento

NENHUMA MEDIDACONCRETAA consolidação orçamental foi o objectivo fundamental do XV Governomas continua por fazer. A despesa corrente primária do sector públicocontinua a crescer, só que a menor ritmo à custa do congelamentodurante dois anos consecutivos das remunerações de uma partesignificativa dos funcionários públicos.O programa do XVI Governo é vago e nele não se vislumbram medidasconcretas de contenção da despesa.Controlar e conter a despesa pública é um dos maiores desafios comque Portugal e os portugueses estão confrontados.Trata-se de montar esquemas de controlo estruturais e também deconter despesas de forma sustentada sem pôr em causa preocupaçõessociais que forçosamente existem numa sociedade com grandesdesigualdades, quer em termos culturais quer em termos de rendimentos.Neste espirito conter despesas não será o mesmo que reprimir despesas.Pode-se exercer uma contenção continuada, inteligente, socialmenteequilibrada, compatibilizando objectivos de longo prazo com medidasde curto prazo, mesmo que estas últimas impliquem sacrifíciostemporários.A politica orçamental não se pode guiar apenas por pretenços critériosde eficiência. Deve saber balancear a desejada eficiência económicacom a aspiração de maior coesão social. A longo prazo poderemos falar de um modelo civilizacional diferente,mas não podemos propor aos portugueses piores condições de vida.

TERESA VENDA

COORDENADORA DO GP/PS PARA A EXECUÇÃO ORÇAMENTAL E CONTAS

financas

NADA DE BOMNO HORIZONTEA oposição ao programa de Governo na área das Finanças Públicastem a ver com a crítica clara à estratégia de consolidação orçamentalque foi seguida pelo Executivo de Durão Barroso e que a equipagovernamental de Santana Lopes parece querer continuar fingindonão saber efectivamente que o défice (à parte receitasextraordinárias) será de 5,3 por cento do PIB.Ora, essa falsa consolidação parece vir a fazer-se pela venda depatrimónio, como receita extraordinária tapando os “buracos” abertos

pela incapacidade de reequilibrar efectivamente as contas.O Governo parece também querer manter o programa de Estabilidadee Crescimento para 2004 – 2007, o qual segundo o próprio Ecofinpressupõe uma acentuada desaceleração do crescimento médioanual das transferências sociais totais. Esquece-se, entretanto, dadeliberação parlamentar de Janeiro de 2003 em que se mandata oGoverno para desencadear o reequacionamento com vista à revisãodo Pacto de Estabilidade e Crescimento. A evolução apontará paraa importância essencial do critério da sustentabilidade, tendonomeadamente em conta a dívida pública.O prosseguimento das politicas financeira e orçamental do Executivoquando liderado por Durão Barroso não augura nada de bom.

JOEL HASSE FERREIRA

COORDENADOR DO GP/PS PARA AS FINANÇAS

fiscalidade

ENTRE O ESQUECIMENTODAS PROMESSAS E A NOVAILUSÃOO programa do XVI Governo no domínio da política fiscal oficializao abandono das promessas eleitorais por cumprir e abre um novocaminho de ilusões que nem sequer coincidem com as declaraçõespúblicas de Santana Lopes e Bagão Félix.O famoso “choque fiscal”, incentivo à economia resultante daredução dos impostos, é esquecido de vez, incluindo oscompromissos do OE para 2004, designadamente a redução doIRC para 20 por cento.Consolida-se o aumento do IVA para 19 por cento.Mas o mais perigoso são os elementos inovadores do Programa.Considera-se no discurso a ilusão da possibilidade de baixa de IRSnão é assumindo nenhum compromisso concreto e é associada aduas opções perigosas.- A de que a baixa do IRS está dependente de cortes substanciaisna despesaSendo simpática a ideia de cortarmos impostos o Governo ameaçacom reduções adicionais na despesa social, designadamente coma degradação dos serviços públicos de saúde e de educação. Aqualidade de serviço protege a igualdade de oportunidades, a suadegradação aumenta as disparidades sociais.

- Corte nas deduções e benefícios fiscais em IRSO PS defende a racionalização dos benefícios fiscais, eliminandoescândalos com os níveis de tributação da banca ou o abuso da zona“off-shore” da Madeira, mas discorda da destruição de mecanismosde poupança fiscal para a classe média ou da degradação dosbenefícios fiscais que aprovou para a habitação própria, a educaçãode descendentes ou as despesas de saúde.

EDUARDO CABRITA

COORDENADOR DO GP/PS PARA OS ASSUNTOS FISCAIS

obraspub

TUDO POR DEFINIRCongelando o processo OTA, não definindo calendários reais, nemprioridades reais para a rede TGV, não decidindo sobre uma terceiratravessia sobre ou sob o rio Tejo, não dando substância às AutoridadesMetropolitanas de Transportes, não há definição de uma estratégia demobilidade integrada e intermodal.Insistindo na introdução de portagens no sistema SCUT, nãoconcretizando o projecto de “baldeação” em Sines, não definindo asnovas centralidades, não reformulado em função disso o PRN 2000,não decidindo sobre o futuro da ferrovia na vertente de mercadorias epassageiros, quer nos corredores nacionais, quer nos transeuropeus,não decidindo sobre uma política ferro-marítima e rodomarítima, nãohá Rede Nacional de Plataformas Logísticas nem definição de umaestratégia de mobilidade integrada e intermodal.Não há portanto uma verdadeira política para as Obras Públicas e oPrograma do Governo, como se verifica pela sua apreciação pontual, nemtão-pouco exclui do texto o que já está feito, as obras e os programas jáconcretizados pelos sucessivos Governos, incluindo alguns do PSD.

JOSÉ JUNQUEIRO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DAS OBRAS PÚBLICAS

PARLAMENTO

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6 29 JULHO 2004

poderlocal

UMA MÃO-CHEIA DE NADARigorosamente nada de novo em favor do reforço da administração localautárquica!Salvo num propósito: o de aplicar a Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro,também às freguesias transferindo para os respectivos órgãos ascompetências aí contidas. Só que esta lei não contém uma únicacompetência destinada às freguesias!Mistificação ou incompetência?Falam da prevista revisão da Lei das Finanças Locais, não se vislumbrando,contudo, quaisquer sinais quanto ao sentido e alcance de tal revisão.Sobre a exigência estratégica de valorização dos recursos humanos dasautarquias locais, usam uma fraseologia que só ilude os incautos.Especificamente, no que respeita ao Programa Foral – legado do GovernoPS, criado em 2001 – melhor fora que tivessem a humildade de reconhecerque, percorridos dois anos e meio de governação de direita, falharamrotundamente na sua execução que, em termos nacionais, rondará apenas10 por cento.Finalmente, no respeitante à “obra-prima” das novas áreas metropolitanas ecomunidades intermunicipais, propõem-se “reforçar as atribuições ecompetências das novas realidades territoriais” (sic).Entendamo-nos: reforçar as atribuições? Estas enquanto finalidadesgenéricas constam da lei.Reforçar as competências? “Reforçar” é aplicar reforço, fortalecer. Oraanteriormente nada foi conferido aos órgãos de tais associações, a título decompetências. Por isso, falar neste caso em “reforço” é mistificar a realidade.Estamos entendidos. É a direita no seu melhor!

JOSÉ AUGUSTO DE CARVALHO

COORDENADOR DO GP/PS PARA O PODER LOCAL

SAÚDE

DESMANTELAMENTO DO SNSVAI CONTINUARPassados dois anos de governo de maioria de direita, na saúde, temosassistido ao progressivo desmantelamento do SNS, com consequênciasmuito graves e atentatórias dos direitos da maioria dos portugueses.O programa do XVI Governo assenta numa linha de continuidade do Governoanterior, mantendo a estratégia anteriormente definida, numa lógica dereforço da iniciativa privada, traduzido na intenção da continuidade dasparcerias publico/privado, favorecendo os grandes grupos económicos,politica esta desde já assegurada com a continuidade do ministro da Saúde.A prioridade dos resultados financeiros em detrimento dos ganhos emsaúde mantém-se, bem expressa no aprofundamento da experiência falhadada gestão hospitalar assente nos Hospitais SA (cerca de 200 milhões deeuros de dividas), substituindo a estrutura de unidade de missão por umaestrutura tipo “holding”, numa perspectiva de reforço da privatização dainformação e falta de transparência.Os casos de discriminação no acesso continuarão a proliferar nos próximosdois anos.Da promessa eleitoral de acabar com a lista de espera cirúrgica, passadosdois anos, em vez de uma existem duas listas, com mais de 150 milpessoas a aguardar uma intervenção cirúrgica.Um novo programa (SIGIC)promete que nenhum cidadão aguardará, em média, mais de seis mesespela intervenção (será para acreditar?). Mas nada se diz em relação às listasde espera para consultas e meios complementares de diagnóstico. Aacessibilidade dos portugueses aos serviços de saúde continuarácomprometida.Na saúde em Portugal nos próximos dois anos só podemos esperar mais domesmo.

LUÍS CARITO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A SAÚDE

SEGURANCASOCIAL

DEGRADAÇÃO DE DIREITOSNa Segurança Social mantêm-se as opções que penalizam fortemente osportugueses, designadamente a diminuição do subsídio de doença, a reduçãodo Rendimento Mínimo Garantido (a que deram o nome de RendimentoSocial de Inserção para permitir cortes superiores a 60 por cento das

necessidades dos mais desfavorecidos), a programada alteração ao subsídiode desemprego (que tem por objectivo não só reduzir a sua cobertura, mastambém limitar a livre negociação da rescisão dos contratos, favorecendo,objectivamente, o mais forte – o patrão), entre outras.Como revelam os mais variados e insuspeitos estudos, da política de DurãoBarroso continuada por Santana Lopes, resultará um aumento da pobrezaem Portugal.Durão Barroso e o seu Governo tinham prometido dar aos reformados porinvalidez, para efeitos de cálculo das reformas, carreiras contributivascompletas. Como muito bem sabem os pensionistas por invalidez, talpromessa não foi cumprida.Mas o Governo de Santana Lopes faz pior! Por um lado, usa a mesmalinguagem relativamente à convergência das pensões com o salário mínimonacional, por outro omite ou deixa cair promessas da concessão debenefícios a quem visse o “azar” bater-lhe à porta, tornando-o incapaz parao trabalho e, em muitas situações, lançando as suas famílias para umasituação de pobreza e exclusão social.Para resolver os problemas dramáticos da exclusão social, as medidaspreconizadas por este Governo, ao contrário do que seria de esperar, degradamainda mais os direitos sociais. A cobertura na doença e no desemprego,são disso exemplo.Na Segurança Social inclui-se a família e a criança. Procura o Governo dara ideia de que tem particular sensibilidade para a família e a criança! Puroengano. Quando se desinveste na protecção social, a família e, em particularas crianças, acabam por ser as principais vítimas dessa exclusão.

ARTUR PENEDOS

COORDENADOR DO GP/PS PARA A SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL

MISTIFICAÇÃO DA REALIDADENo trabalho, emprego e formação há uma “inovação” a assinalar: a decisãode reduzir o Ministério do Trabalho, a uma Secretaria de Estado, integradano Ministério de Estado e das Actividades Económicas e do Trabalho.Tal decisão não tem paralelo nos restantes Estados-membros da UniãoEuropeia onde, como acontece em Portugal, o Estado exerce um papelrelevante quer na regulação e arbitragem dos conflitos socioeconómicos,quer na promoção da formação profissional com fundos públicos.O Governo de Santana Lopes não é inocente. O objectivo, como podeperceber-se através de inúmeras referencias contidas no Programa deGoverno, é o de canalizar os apoios ao emprego e à promoção da formação,não para a qualificação dos empregados e dos desempregados, maspara a utilização destas políticas em favor das empresas e das autarquiaslocais.PSD e CDS são os campeões do desemprego em Portugal e, pelosindicadores disponíveis, querem ser também campeões do desempregona União Europeia.O Governo parece ter necessidade em afirmar grande empenhamento naconcertação social e na contratação colectiva. Também aqui se tentamistificar a realidade. O anterior Governo não fez concertação social! Nãocelebrou, por essa razão, qualquer acordo de concertação social!Em matéria de negociação colectiva a situação agrava-se de dia para dia.Dizia-se que o Código do Trabalho serviria para reanimar a negociaçãocolectiva. A realidade é bem diferente. Em quatro meses de aplicação doCódigo, o volume de emprego coberto por convenções colectivas é de22 por cento da média do período homólogo dos últimos quatro anos!A gravidade desta situação é de tal ordem que, prosseguindo obloqueamento da negociação colectiva, no início de 2005, 78 por centodos trabalhadores estarão com os seus direitos reduzidos ao mínimolegal.

ARTUR PENEDOS

COORDENADOR DO GP/PS PARA O TRABALHO

TRANSPORTES

MAIS DO MESMOPara quem tem acompanhado com atenção o percurso político do dr.Santana Lopes verifica facilmente que uma característica comum distinguea sua acção em todos os cargos que exerceu:- É pródigo em assumir promessas e não termina os mandatos para os quaisfoi eleito. Foi assim num clube desportivo, foi assim na Figueira e tambémem Lisboa.Os últimos dois anos e meio à frente da Câmara de Lisboa foram o paradigmadesta característica: foi eleito tudo prometendo, governou a cidade de formavirtual – política dos “outdoors” – e, quando começa a ser perceptível ovazio do seu mandato, naturalmente que se foi embora. Se não fosse paraprimeiro-ministro sê-lo-ia para assumir a candidatura presidencial. Vem

isto a propósito do programa de governo que submeteu à Assembleia daRepública, onde confirmando os seus traços de grande promotor deespectáculo foi contudo incapaz de assumir novos compromissos e ideiasinovadoras. Para além da criação de gabinetes para os ministros e secretáriosde Estado nalgumas capitais de distrito – naturalmente já estamos nodomínio do espectáculo – nada de novo e original apresentou aosportugueses.No que se refere à política para os transportes não apresenta uma únicanovidade, um único compromisso com o país. Porém, o Governo vai ter dedecidir muito brevemente sobre projectos vitais para o nosso desenvolvimentoque já vinham dos governos do PS e que desde que o PSD é governo forammetidos na gaveta.Em primeiro lugar, vai ter de esclarecer como vão implementar o TGV! Noprograma do governo nem uma única palavra, a não ser generalidades.Em segundo lugar, vai ter que decidir sobre projectos estruturantes para acirculação e mobilidade nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto! Nemuma única palavra.Em terceiro lugar, vai ter de decidir sobre as medidas a tomar com vista àsalvaguarda da saúde financeira das empresas públicas e privadas queoperam no sector dos transportes! Também aqui, mais do mesmo.Resumindo, confirmando a impressão geral o dr. Santana Lopes apresenta-nos um conjunto de ideias requentadas, algumas delas que já deviam tersido implementadas e nada de novo nos traz. Mas atenção:Daqui a uns tempos surgirão os “outdoors”, do tipo “já reparou…” paracom isso ganhar um bocado mais de tempo. E nisso, ele é bom.

MIGUEL COELHO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DOS TRANSPORTES

TURISMO SEM ESTRATÉGIAO Governo PP/PSD continua sem uma ideia estratégica para o turismo emPortugal. Com efeito, desde a ausência de referência ao turismo no programaeleitoral do PP ou nos primeiros meses do mandato do dr. Carlos Tavares naEconomia, ao Plano de Desenvolvimento do Turismo “a la carte”concentrando anseios dos vários agentes do sector até à criação do Ministériodo Turismo uma linha é comum: não há uma ideia consistente sobre apolítica de turismo no Governo PP/PSD. Quanto muito resumir-se à nareclamação de flexibilidade (na legislação laboral, nos licenciamentos, naclassificação, nos requisitos para apoios públicos) e a desmontagem dosserviços, com a confusão e dificuldades de articulação ICEP/Turismo, doturismo com a diplomacia económica, agora com a saída do turismo dasestruturas regionais do Ministério da Economia, há algum tempo com aprivatização de parte do capital da Enatur.A criação de um Ministério do Turismo recebeu o aplauso generalizado dosector. Mas, mais do que um representante do turismo no Conselho deMinistros esperava-se, ou seria de esperar, que a criação de um Ministérioautónomo representasse a assunção de uma política de turismo transversale multidisciplinar, pois para representar o turismo junto do poder políticoconta-se certamente com a CTP, as associações e sindicatos do sector.Recorde-se que no nosso regime constitucional existiu em vários governosum Ministério do Comércio e Turismo, quase sempre com uma Secretariade Estado do Turismo forte. Ou muito me engano, ou o que se anuncia é acontraposição entre uma Secretaria de Estado forte e um ministério fraco.Por outro lado, o Ministério do Turismo deveria incluir o Transporte Aéreo,Aeroportos e Portos da náutica de recreio para ter verdadeiramente umaperspectiva sectorial com substância. O transporte aéreo é crucial na políticade turismo da actualidade e o próprio Ministério do Turismo diz ser seuobjectivo desenvolver “estudos, iniciativas e acções com vista a conseguiruma maior competitividade das operações e das taxas aeroportuárias”,quando a resolução do Conselho de Ministros que aprovou o Plano deDesenvolvimento Turístico anunciava medidas “tendentes à observação decondições competitividade dos aeroportos nacionais face aos seuscongéneres do Sul da Europa”. Primeiro resultado concreto do novoMinistério do Turismo!Finalmente, a Secretaria de Estado do Turismo em Faro é um númeropolítico, sem conteúdo. Na verdade não passa de um gabinete de atendimentodo secretário de Estado encarregue de nos próximos dois anos coordenar aacção política do Governo PP/PSD no Algarve. Conhecendo-o sei que seempenhará. Será o interlocutor na Região de todos os interessados nosector, assim substituindo a Região de Turismo, cuja reformulação legal(Qual? Com que orientação?) se anuncia de novo para breve. Tambémrepresentará o Governo aquando dos incêndios, da abertura das diversasfeiras, concursos desportivos, corridas de cavalos, festas do caracol e dospercebes, abertura de escolas, e sempre que algum membro do Governoprecise de um substituto para uma iniciativa oficial no Algarve. Eis um casoa que se aplica totalmente o “slogan” da campanha do Governo PSD/PP em2003 “com o turismo não se brinca”.Em suma, Turismo com Ministério mas sem estratégia.

JOSÉ APOLINÁRIO

COORDENADOR DO GP/PS PARA A ÁREA DO TURISMO

PODER LOCAL

SEGURANÇA SOCIAL

TRANSPORTES

PARLAMENTO

SAÚDE

TURISMOTRABALHO, EMPREGOE FORMAÇÃO

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729 JULHO 2004 CONGRESSO

COMISSÃO NACIONAL

APROVADO CALENDÁRIO DO CONGRESSOSOARES ESÓCRATES ELOGIAMDISTANCIAMENTO DEFERRO RODRIGUES

Os candidatos à liderança do PS JoãoSoares e José Sócrates elogiaram adecisão do secretário-geral socialistademissionário, Ferro Rodrigues, de sedistanciar do processo de escolha doseu sucessor.Em declarações no final da últimareunião da Comissão Nacional, ocamarada João Soares considerou“muito correcto” o facto – anunciadopelo presidente do partido, AlmeidaSantos –, de Ferro Rodrigues seausentar do próximo Congresso do PSe não tomar posição relativamente anenhuma candidatura à liderança.Também o camarada José Sócratessalientou a posição tomada por FerroRodrigues, que referiu como “muitonatural”, tratando-se de um lídercessante, e acrescentou que “é muitorazoável e muito sensato que o anteriorsecretário-geral não se envolva agoranuma disputa eleitoral interna”.

A Comissão Nacional do PS aprovou adata de realização do próximo Congres-so Nacional, que terá lugar entre 1 e 3de Outubro, decorrendo as eleições parasecretário-geral do partido a 24 e 25 deSetembro.Segundo o calendário aprovado nareunião do passado dia 19, a entregade candidaturas à liderança e demoções de orientação política terminaa 26 de Agosto.A Comissão Nacional que aprovou porunanimidade o regimento e oregulamento para a eleição dosecretário-geral e dos delegados ao XIVCongresso Nacional (que sãopublicados nesta edição do “AS”),elegeu ainda a Comissão Organizadordo Congresso (COC), presidida pelocamarada Vieira da Silva.Além de Vieira da Silva, integram a COCos camaradas António Galamba,António Ramos Preto, Artur Penedos,Augusto Santos Silva, Carolina Tito deMorais, Carlos Luís, Idália Moniz, JoãoPaulo Rebelo, Maria de Belém, RenatoSampaio, Sónia Fertuzinhos e VeraJardim.Farão ainda parte da COC umrepresentante a indicar por cada um doscandidatos à liderança do PS, ou porcada moção de orientação global a

apresentar no Congresso.Entretanto, em mensagem lida porAlmeida Santos à Comissão Nacional,o secretário-geral demissionário do PS,Ferro Rodrigues, disse que “não irá aoCongresso por razões que consideraóbvias e justificadas”, e que “nãotomará posição relativamente a nenhumcandidato”, avisando que, “por isso,nenhum candidato poderá reclamar oseu apoio”Na reunião do Hotel Altis, o camaradaJoão Soares formalizou a suacandidatura a secretário-geral do PS,entregando as cem assinaturas que osestatutos determinam. E exigiu que opartido introduza um limite de despesasaos candidatos à liderança eproporcione igualdade de meios noacesso aos ficheiros de militantes.A Comissão Nacional ficou aindamarcada pelo anúncio do camaradaJosé Lamego de que não serácandidato à liderança do PS. O antigosecretário de Estado da Cooperaçãono primeiro Governo de AntónioGuterres justificou a sua decisão por“existir já no terreno uma candidaturano mesmo espaço programático”, doque a sua, a do dirigente socialistaJosé Sócrates.

J. C. C. B.

JOÃO SOARES

TODOS OS VOTOS TÊM O MESMO VALOR“Fazer frente à actual derivade direita” do Governo decoligação PSD/PP, repor oPartido no poder “no maisbreve espaço de tempopossível” e lutar contra a“descaracterização” do PS.Estas as razões de fundo quelevam João Soares acandidatar-se a secretário-geral do PS.

presidente da Câmara de Lisboa sublinhouque “rejeitará pretensas terceiras viaspolíticas” em termos de estratégiapartidária.“Sob a minha liderança, o PS não teráadversários à esquerda e repudiará emabsoluto o terreno pantanoso da negociatacom o nosso adversário político”,declarou categórico, afiançando aindaque não fará concessões nem pactuarácom miméticas da direita.Soares afirmou ainda que entra na corridaà liderança por temer que o partido possavir a ser “dominado por uma mãoinvisível” e “descaracterizado” comoforça de esquerda.“Na minha campanha usarei sempre opunho, a mão do PS, para que não hajadúvidas”, declarou, esclarecendo deseguida que tenciona dirigir-se directa-mente aos militantes socialistas durantea campanha para a liderança do partido.“Acredito na virtude do voto directo dosmilitantes do partido na escolha do seusecretário-geral. Acredito no voto livrede influências caciqueiras”, porque,insistiu, “todos os votos dos militantestêm o mesmo valor, seja qual for aposição que este ou aquele dirigenteocupe na estrutura do partido”.Na sessão de lançamento da suacandidatura a secretário-geral do PS,João Soares apresentou-se como umpolítico “à esquerda” no espaço do“socialismo democrático”.“Vejo o PS como uma força de esquerda,

avançar para a liderança do PS,candidatura que viria a formalizar naúltima reunião da Comissão Nacional,onde entregou ao Presidente AlmeidaSantos 100 assinaturas destinadas àsubscrição da mesma.

O apoio da família

Muitos apoiantes, entre as quais os seuspais Mário Soares e Maria de JesusBarroso, estiveram na apresentação dacandidatura a secretário-geral de JoãoSoaresO ex-Presidente da República MárioSoares manifestou apoio à candidaturado seu filho João Soares à liderança doPS e acusou o Governo de Pedro SantanaLopes de ser “um Executivo de opereta”.“Não é por ser meu filho que apoio acandidatura do João, mas porque estouconvencido que é o melhor líder para oPS”, afirmou, esclarecendo que oprimeiro grande contributo que podetrazer a candidatura de João Soares é “amoralidade”.“João Soares é alguém com grandeexperiência do partido e que seguiu umpercurso coerente. Tem energia e conheceo país real”, disse ainda Mário Soares.Assistiram também à sessão de lançamentoda candidatura de João Soares o presidentedo Sporting, Dias da Cunha, AlfredoBarroso, os deputados Vítor Ramalho,Carlos Luís, Rui Cunha entre outros.

MARY RODRIGUES

No discurso de apresentação da suacandidatura, proferido no passado dia22 de Julho, nos jardim da sede nacionaldo Largo do Rato, Soares prometeu lutarcontra “o neoliberalismo selvagem”,contra a desvirtualização da SegurançaSocial e do Serviço Nacional de Saúde.“Oponho-me, frontalmente e sem tréguas,ao esvaziamento da Segurança Social, odesmantelamento do sistema público desaúde e à sujeição ao economicismo”,disse, assegurando ainda ter como pri-oridades políticas as questões ambientaise do desenvolvimento sustentável, bemcomo a defesa e preservação dos direitossociais dos cidadãos.No plano partidário, o deputado socia-lista adiantou que, se vencer as eleiçõespara a liderança do PS, dará mais meios(incluindo financeiros) às estruturasintermédias do partido.Caso se torne secretário-geral, o ex-

com um discurso sem ambiguidades esem concessões. Quero discutir ideiase política e espero ser avaliado pelos

militantes por esses critérios”, avisou.Recorde-se que João Soares anunciouem Março a sua disponibilidade para

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8 29 JULHO 2004CONGRESSO

MOBILIZAR A ALMA POPULAR E DE ESQUERDA “Mobilizar a alma popular e deesquerda do PS é o únicocaminho para derrotar adireita”, afirmou Manuel Alegreao anunciar a sua candidaturaa secretário-geral do partido,que considerou “umimperativo cívico e político”.

candidatura, que apresentará umamoção, intitulada “Mais igualdade,melhor democracia”, Alegre sublinhouque “aquilo que está em causa nestemomento é a natureza do PS, que é etem de ser um partido de esquerda”.Nesta primeira declaração decandidatura, o camarada Manuel Alegrereferiu que a sua candidatura pretendeser um “contributo para a dignificaçãodo Congresso e debate de ideias” e quetem também como objectivo vencer aseleições para o cargo de secretário-geral, apesar de ter consciência que“parte em condições desiguais”.

Militantes não precisamde intermediários

“Vamos lutar contra o tempo. Pelosvistos, havia quem já estivesse apreparar-se há muito tempo paraeleições no PS”, afirmou, alertando que

militantes, desde autarcas atésindicalistas, passando por deputadose ex-ministros, entre outros, de apoio àcandidatura do actual vice-presidenteda Assembleia da República ao cargode secretário-geral do PS.Entre os cem subscritores do docu-mento consta o nome do presidentehonorário do PS, Fernando Valle,grande referência moral e cívica detodos os socialistas.Trata-se de uma lista, explicou Mariade Belém, “composta por mulheres ehomens livres, de vários pontos do país,intergeracional, militantes que queremparticipar no debate de ideias noCongresso, exercendo o seu direito decidadania” e que consideram que acandidatura de Manuel Alegre é aquelaque “mais garantias dá de presidir aeste grande debate democrático sobrequal o projecto do PS para o país”.

J. C. C. B.

o Congresso “não é uma nomeação,coroação ou plebiscito”.“Ao contrário do que alguns pretendemfazer o secretário-geral do PS ainda nãofoi eleito. O Congresso só será decididopelos militantes, não há intermediários.Não são os presidentes das federaçõesque vão escolher o futuro secretário-geral do PS”, disse, tendo de seguidaacrescentado que “ninguém é dono deninguém e não há vencedores àpartida”.E aproveitou a ocasião para reafirmarque não tem “adversários” dentro dopartido. “Os meus adversários são adireita política e, sobretudo, a direitados interesses”, afirmou.Questionado sobre se será tambémcandidato a primeiro-ministro casoseja eleito secretário-geral, Alegreesclareceu que quer os estatutos dopartido quer a Constituição referem queos candidatos a primeiro-ministro não

são escolhidos no Congresso. “Se foreleito haverá no momento próprio umprimeiro-ministro à altura de vencer aseleições”, acrescentou.Na sua intervenção, o deputadosocialista referiu ainda que a suacandidatura está assente num projectoque pretende “federar e congregarpessoas que se revêem em determinadosvalores e princípios com um objectivo:combater e derrotar o inimigo comum,a direita”.Manuel Alegre saudou ainda a“coerência” da candidatura de JoãoSoares anunciada desde Março, “já queoutros não o fizeram e estavam a preparara sua candidatura”.

Candidatura intergeracional

Numa curta intervenção inicial, acamarada Maria de Belém divulgou umabaixo-assinado de cem destacados

Em conferência de Imprensa naAssembleia da República, Manuel Alegre,que se encontrava acompanhado dacamarada Maria de Belém, reafirmou quenunca teve a ambição de ser líder do PS,só que, explicou, “os acontecimentosvieram ter comigo”. E garantiu que “nãovai desistir”, porque, sublinhou,“quando me meto num combate é parair até ao fim”.Depois de agradecer os incentivos querecebeu para avançar com a sua

MANUEL ALEGRE

PELA MODERNIZAÇÃO DO PSNA FIDELIDADE AOS PRINCÍPIOSUm PS inspirado por uma cultura de valores e princípios,genuinamente democrático e plural nas suas possibilidadesde participação, enformado pela ética republicana de serviçopúblico e aberto aos sinais e às exigências do nosso tempo,empenhado na construção de uma modernidade queincorpore os avanços da ciência e das tecnologias ao serviçodas pessoas, no quadro de uma verdadeira alternativa aoGoverno de direita, foram ideias avançadas por Manuel Alegrena formalização da sua candidatura a secretário-geral do PS.

Na sessão de apresentação que teve lugarno dia 29 de Julho, no Largo do Rato,Alegre afirmou que a alternativa que secoloca aos militantes é entre “uma culturade partido inspirada por valores e princípiosque a acção política deve necessariamentetraduzir, com exigência e espírito de rigor,mesmo quando as decisões possamimplicar rupturas com o situacionismovigente e o pragmatismo que procura evitaro conflito das diferenças profundas e tentagerir o sistema sem nunca afectar oscentros de interesse nele instalados”.Referindo que a sua candidatura étambém “um teste para avaliar até queponto há correspondência entre a opiniãopública e a vida interna do PS”, ManuelAlegre apelou a todos os militantes “paraque participem, para que se interrogueme nos interroguem, para que decidamlivre e conscientemente”, já que“ninguém é dono de ninguém, nenhumaestrutura se pode substituir à consciênciaindividual de cada militante”.Entre as razões que o levaram a entrar nacorrida à liderança do PS, Alegre afirmouque se candidata “pela democracia, cujaqualidade foi degradada pela coligaçãochefiada por Durão Barroso e corre orisco de sê-lo ainda mais com o novogoverno populista de direita”, por “umnovo idealismo democrático, baseadona síntese entre a liberdade e a justiçasocial”, por “uma política de paz e de

independência nacional, no quadro danossa integração europeia”, pela “igualliberdade de homens e mulheres” e “paravalorizar a nossa diversidade étnica,cultural, nacional e espiritual,transformando-a numa oportunidade dedesenvolvimento”.Alegre salientou ainda que se candidataà liderança do partido “para que ademocracia não se resuma aofuncionamento da alternância e para queseja possível construir uma verdadeiraalternativa de esquerda à coligação dedireita. Para que quem vota socialistasaiba que vota pela mudança e por umgoverno diferente dos governos de direita,não apenas no estilo, mas no conteúdodas suas políticas”.E sublinhou: “Candidato-me pelosocialismo, cuja palavra que não tenhomedo nem vergonha de dizer e cujoconceito moderno não confundo nemcom as fracassadas experiênciastotalitárias do comunismo soviético eseus derivados, nem com a incapacidaderevelada pelas recentes experiências degovernos socialistas na Europa parainverterem a lógica neoliberal dominantee criarem soluções políticas alternativas”.

Terceira via é passado

Afirmando ainda que se candidata pela“modernização do projecto socialista,

pela modernização da democracia, pelamodernização do PS e pela modernizaçãodo país”, o deputado e dirigente do PSconsiderou que face ao processo demutação do capitalismo o socialismotambém tem de mudar.Só que, sublinhou, a grande questão quese coloca é a de saber em que sentidodeve o socialismo mudar, adiantandoque não pode ser “no sentido de umadiluição nem da capitulação perante oneoliberalismo dominante, mas nosentido da conjugação do rigoreconómico e financeiro com aconsolidação dos serviços públicos edas políticas sociais, que constituem a

essência do socialismo”.E frisou, a propósito, que “amodernidade não está na chamadaterceira via. A terceira via é já passado. Amodernidade passa por um novo contratosocial. Por instrumentos eficazes deregulação da economia de mercado, mastambém por um Estado estratega, cujafunção não se reduz ao papel de árbitro”.Sobre a contra-reforma social levada acabo pela direita, Alegre afirmou que“não aceitamos o progressivodesmantelamento do Serviço Nacionalde Saúde”, a “transformação da se-gurança social numa segurança socialpública de segunda para pobres e noutra

privada, de luxo, para ricos”, o“desinvestimento na educação e nainovação”, o “desequilíbrio sistemáticodas leis laborais em desfavor dostrabalhadores” e a “multiplicação depoderes burocráticos contra os poderesdemocráticos”.

Tentação centristaé um arcaísmo

Por outro lado, no plano interno, Alegrereferiu que “fala-se muito em re-novação”, só que, defendeu, “a re-novação não é uma questão de nomesnem de gerações, a renovação é umaquestão de método, de valores, arenovação é intergeracional, paritária,faz-se com homens e mulheres, comjovens e idosos e, sobretudo, comideias, com causas, com projectos”.E considerou que “a tentação centristaé um arcaísmo e um mito que leva àdiluição e descaracterização do socia-lismo democrático e à degenerescênciada democracia num neo-rotativismoentre dois partidos cada vez maisparecidos e dependentes do blococentral dos interesses”Na sua declaração política, Alegredefendeu ainda que “o PS não deve fazercoligações pré-eleitorais. Deve apre-sentar-se às eleições sozinho, com assuas cores e o seu programa. E develutar por uma maioria absoluta”.Contudo, adiantou, “se conseguir umamaioria relativa, deve assumir aresponsabilidade de criar condiçõesestáveis de governabilidade. E deve fazê-lo negociando com as outras forçasparlamentares de esquerda. A esta-bilidade não é um privilégio da direita, aestabilidade também pode construir-seà esquerda”.

J. C. CASTELO BRANCO

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929 JULHO 2004

O PS “não tem, nem precisa de ter umacrise de identidade política”, afirmou napassada terça-feira José Sócrates, numareunião com militantes em Santarém, noâmbito da sua campanha para a liderançado partido.Para Sócrates, o PS deve ser um “partidoque corporize um projecto de umaesquerda moderna, fiel aos seusprincípios ideológicos, à altura da suahistória, mas concentrado na procura derespostas para os complexos problemase desafios de hoje”.

SÓCRATES EM CASTELO BRANCO

APOSTA NA RENOVAÇÃOE ABERTURA DO PARTIDO“Renovação e abertura”foram as palavras utilizadaspor José Sócrates para definiro rumo que deseja para o PSno dia do arranque da suacampanha de candidatura àliderança do partido.

enquanto custo ao estar entregue àEconomia. Isso é um erro político muitosignificativo”, referiu.José Sócrates criticou também a“instabilidade absoluta” que diz existir noMinistério do Ambiente, com quatroministros em dois anos, manifestando-secontra a escolha de Luís Nobre Guedes paraministro do Ambiente, “uma pessoa sempreparação e conhecimento dos dossiês”.Para o camarada Sócrates, “não houve umacritério global que presidisse à escolha dos

membros do governo” liderado por SantaLopes, que diz ter sido constituído “em cimado joelho”.Em declarações aos jornalistas no decursodo jantar, Sócrates considerou positivo oeventual aparecimento de mais candidatosao cargo de secretário-geral do partido.“Quantos mais aparecerem, melhor para oPS. Este é um momento de diversidade”,declarou.“O congresso vai ser clarificador dasescolhas do PS. Vai ser definida uma lide-

rança e uma estratégia, com a qual o partidose vai apresentar nas próximas eleições”,realçou.À tarde durante uma visita à Universidade daBeira Interior (UBI), na Covilhã, onde reuniucom os professores da instituição, JoséSócrates disse que quer um PS aberto aosindependentes e aos quadros universitários.“Começo por aqui, na Covilhã, porque esteé o distrito que represento e foi aqui queaprendi a fazer política: com os pés bemassentes na terra, como é próprio do interior”,disse, afirmando ter como um dosobjectivos da sua acção política “fazer todosos possíveis para que o interior não fique tãoesquecido e marginalizado como o tem sidona vida política nacional”.José Sócrates referiu ainda que o facto decomeçar a sua “campanha” na UBI temoutro significado: “A abertura do PS àparticipação e ao trabalho com indepen-dentes”, nomeadamente “os quadrosuniversitários”.“Independentes com os quais devemosconstruir um projecto político modernizadorpara Portugal”, acrescentou.No fundo, frisou, “é trazer de novo ao PS oespírito dos Estados Gerais, um projectopolítico aberto, em que Portugal volte a

acreditar, face ao actual vazio na estratégianacional”.Neste âmbito, José Sócrates apontou aciência e educação como uma dasprioridades da sua candidatura.“Se uma palavra resume essa aposta, entãoela é: conhecimento, conhecimento,conhecimento”, repetiu.Na sua deslocação ao distrito de CasteloBranco, Sócrates esteve ainda no Fundãoonde reuniu com empresários acerca dasituação difícil que passa a economia local,marcada pelo encerramento de váriasempresas, nomeadamente da área têxtil. “Ointerior passou um mau bocado e, por isso,é necessário justiça e solidariedade para comas áreas afectadas”, defendeu.

Apoiantes criam clubede política

Entretanto, militantes da Secção de Benficae S. Domingos apoiantes da candidatura deJosé Sócrates a líder do PS criaram umnovo clube de política, denominado“Cidadania”, com o objectivo de discutir aparticipação, a cidadania e também osproblemas das suas freguesias e da cidadede Lisboa.

JANTAR COM AUTARCAS EM LISBOA

“NOVO PARADIGMAPARA A GESTÃO AUTÁRQUICA”

JANTAR COM MILITANTES DO PORTO

CHOQUE TECNOLÓGICOÉ A RESPOSTA PARA O

ACTUAL VAZIO ESTRATÉGICO

DEBATE EM SANTARÉM

PS NÃO TEM CRISE DE IDENTIDADENa sua intervenção, o candidato à liderançado PS referiu-se às preocupaçõesambientais como uma das novas áreas dapolítica de particular relevância,sublinhando a importância da articulaçãodas políticas florestais com as ambientais,nomeadamente na prevenção dos fogos.José Sócrates falou ainda de uma novageração de políticas sociais, que devemassentar num conjunto de respostas aosproblemas com que se debatem asfamílias, em particular no que diz respeitoà articulação entre trabalho e vida familiar.

Um “novo paradigma para a gestãoautárquica” assente em três vectores,ambiente, valorização urbanística e umnovo modelo de financiamento, foidefendido no passado dia 22 por JoséSócrates, durante um jantar, na antigaFIL em Lisboa, com cerca de 80 autarcassocialistas de todo o país, apoiantes dasua candidatura a secretário-geral do PS.Neste jantar, em que defendeu também adivisão do país em cinco regiões,retomando assim a bandeira daregionalização, José Sócrates afirmou

que, se for eleito secretário-geral do PS,o partido recusará coligações pré-eleitorais com outras forças de esquerdae lutará por obter maioria absoluta naseleições legislativas.“O PS tem a ambição de ganhar sozinho,é assim que me apresento”, disse,sublinhando: “Comigo a líder do PS ascoisas serão claras. O PS tem a ambiçãode ganhar sozinho as próximas eleiçõeslegislativas, lutando pela maioriaabsoluta”.Por outro lado, o dirigente socialista

voltou a insistir na tónica de “um PS daesquerda moderada”, sublinhando que“foi assim que o PS nasceu e é assimque os portugueses nos querem”.E sustentou que o partido “deve terorgulho na sua história, mas tem deprocurar soluções para o futuro”.José Sócrates voltou a saudar ascandidaturas adversárias, referindo quea entrada dos camaradas João Soares ede Manuel Alegre na corrida à liderançado partido “vai contribuir para oenriquecimento do debate”.

DIRECÇÃODE CAMPANHAA candidatura de José Sócrates asecretário-geral decidiu organizar-senuma estrutura de campanha segundofunções definidas. Assim, o camaradaCapoulas Santos é responsável peladirecção política, Pedro Silva Pereira peladirecção da candidatura, MarcosPerestrelo pela direcção operacional,Fernando Serrasqueiro pela direcçãofinanceira, Rui Pedro Soares peladirecção de comunicação, Ramos Pretopelo departamento jurídico e SérgioSousa Pinto pela moção de estratégia.

O PS tem que construir “uma alternativa política”, capaz de “responderao actual vazio estratégico”, que deve assentar, em primeiro lugar, num“choque tecnológico”, defendeu o candidato a secretário-geral dopartido, José Sócrates.Falando no dia 23, num jantar com militantes do Porto, José Sócratesafirmou que deve ser feito “um investimento sério na área doconhecimento, da inovação, da investigação e da cultura”, salientandoque “é neste domínio da tecnologia e da formação que o PS tem queestruturar uma proposta política capaz de responder ao actual vazioestratégico”.Para o candidato à liderança do PS, depois de “dois anos maus de maispara Portugal”, o país tem pela frente um enorme desafio que é “voltar acrescer economicamente”, o que passa por “um choque tecnológico”que suprima as lacunas de formação e educação que afectam apopulação activa portuguesa.Na sua intervenção, o camarada José Sócrates criticou também o Governoe o novo primeiro-ministro, salientando nomeadamente que SantanaLopes “tomou posse já com uma grande cruz em cima” que é “a dequem teve o maior insucesso de que há memória na Câmara Municipalde Lisboa”.É que, acrescentou, “qualquer que seja o ângulo por onde se analise asua obra em Lisboa, o resultado é sempre um desastre”, dando comoexemplos paradigmáticos o Parque Mayer e o Túnel das Amoreiras.No plano interno, Sócrates voltou a reafirmar que a sua candidaturarepresenta “a esquerda democrática e moderna em Portugal” e que, sefor eleito, “promoverá uma renovação de métodos e de quadros” nopartido.A abrir a série de discursos durante o jantar, o líder da Federação doPorto, Francisco Assis, anunciou que tinha endereçado aos trêscandidatos à liderança do partido um convite para debaterem na CidadeInvicta os seus projectos e as suas propostas para o PS, de forma a queSócrates, Soares e Alegre possam “travar um combate aberto”.

CONGRESSO

Num jantar em Castelo Branco, na noite dodia 21, que reuniu centenas de militantes,Sócrates defendeu renovação nos métodos,na acção política, nos rostos e abertura àcolaboração com independentes.Na sua intervenção, José Sócrates teceuduras críticas ao novo Governo, que consi-dera ter virado “declaradamente à direita”.“Não é só o facto de o CDS/PP ter quatro emvez de três ministérios, mas sim o facto deter-lhe sido entregue o mais nobre, o quedistingue qualquer Governo, para o bem epara o mal. O Ministério das Finanças estarentregue ao partido com menos votos nacoligação é o sinal dessa viragem”, referiu.A separação ministerial do Trabalho e daSegurança Social também mereceu fortescríticas do candidato a líder do PS.“Há uma desvalorização do Trabalhoenquanto elemento social e uma valoração

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10 29 JULHO 2004INICIATIVA

O ROLOCOMPRESSOR

Na Assembleia da República, a oposiçãotem estado submetida a um rolocompressor. Em geral, as suas ideias nãosão valorizadas; as suas propostas nãosão tidas em conta; os seus projectosrelevantes não são aprovados.Um dos casos mais exemplares destadinâmica é o da transformação do RMGem RSI. Disposto a que não ficassepedra sobre pedra da nova geração depolíticas sociais assim baptizada peloJosé António Vieira da Silva e lançadapelo então ministro Ferro Rodrigues,Bagão Félix decidiu mudar o nome àmedida. A cosmética até pareciapositiva, dado que acrescentava apalavra inserção, palavra de mérito numa medida de combate à pobrezaextrema. Mas os erros cometidos e logo denunciados – discriminaçãodas pessoas em função da idade, incapacidade de reflectir a pluralidadede formas familiares contemporâneas e, sobretudo, uma fórmula de cálculode rendimentos que afastaria pessoas sem um cêntimo de rendimento doacesso à prestação – foram simplesmente ignorados, apesar daargumentação dos deputados do PS.Foi preciso esperar pelos efeitos, para se ver a dimensão do impacte doserros cometidos. Como a verdade acaba sempre por vir ao de cima, sabe-seagora que o disparate governamental redundou em desastre para quem vivena mais extrema pobreza.O erro cometido pelo rolo compressor foi o de ignorar que ter maioria dálegitimidade para agir, não dá razão e que o erro não sabe se é maioritário ouminoritário, é apenas erro. Esqueceu-se que a vitória é um resultado, não é umvalor, pelo que quem aplica mal a legitimidade que recebe acaba derrotado.

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PAULO PEDROSO

O erro cometido pelo rolo compressor foio de ignorar que ter maioria dá legitimidadepara agir, não dá razão e que o erro não sabese é maioritário ou minoritário, é apenas erro.Esqueceu-se que a vitória é um resultado,não é um valor, pelo que quem aplica mala legitimidade que recebe acaba derrotado.

CONGRESSO DA JS

NOVO LÍDER QUER RETOMARCAUSAS FRACTURANTESA promessa de um combate sem tréguasa Santana Lopes, o retomar de algumascausas fracturantes e a exigência dareposição imediata do crédito jovembonificado para a compra de habitação,marcaram a intervenção de Pedro NunoSantos na sessão de encerramento do XIVCongresso da JS, em Guimarães, em quefoi eleito líder.Pedro Nuno Santos foi eleito com 365votos, mais 122 do que o outro candidatoà liderança da JS, Luís Filipe Pereira, tendobeneficiado da desistência de duas outraslistas, encabeçadas pelos camaradasHélio Fazendeiro e João Ribeiro.No seu discurso de encerramento doCongresso, o novo secretário-geral da JSsustentou que “o eleitorado do centro nãose conquista deslocando-nos para adireita nas políticas defendidas, mas simapresentando uma alternativa de esquerdapara o país”.E prometeu uma luta permanente contrao actual Governo. “ O dr. Santana Lopespode ter a certeza de uma coisa: vai ter a

CONCLUÍDO RELATÓRIOSOBRE INCIDENTESDA LOTA DE MATOSINHOSA Comissão de Inquérito aos incidentes ocorridos na lota deMatosinhos durante a última campanha para as eleições europeiascompletou já os seus trabalhos, elaborando os relatórios, conclusõese propostas finais.Esta entidade, composta por Almeida Santos, Vera Jardim e JorgeLacão e constituída pela Comissão Política do PS em 15 de Junhopassado, entregou o respectivo processo ao presidente do partido esecretário-geral em exercício, visando a apreciação do mesmo pelaComissão Política na primeira reunião que venha a ter lugar.

JS à perna durante os próximos dois anos”,avisou, exigindo ainda que o novoprimeiro-ministro reponha de “imediato”o crédito jovem bonificado para a comprade habitação.Na sua intervenção, Pedro Nuno Santosafirmou ainda que a “JS voltará a ocupar

ANTÓNIO GALAMBACOORDENADOR AUTÁRQUICOO Secretariado Nacional do PS, na sua última reunião de dia 27 de Julho,designou o deputado António Galamba coordenador autárquico, nasequência da apresentação da demissão de Jorge Coelho.Galamba vai exercer o cargo a título provisório, até às realização do próximocongresso do partido, marcado para os dias 1, 2 e 3 de Outubro.De referir que António Galamba já exercia competências naquela área naqualidade de adjunto de Jorge Coelho.

ALMEIDA SANTOS

MAIORIA ABSOLUTA PARA O PSNAS LEGISLATIVAS DE 2006

MILITANTES COM DUPLA SECÇÃO

OPÇÃO PELA SECÇÃO DE VOTOTermina no próximo dia 3 de Agosto o prazopara os camaradas optarem pela secção ondedesejam exercer o seu direito de voto paraefeitos do próximo Congresso.A comunicação desta opção tem de serfeita para a sede nacional, Largo do Rato, 2– 1269-143 Lisboa, ou através do fax n.º21 382 20 31, a fim de se proceder àsalterações dos cadernos eleitorais.Esta obrigação decorre do artigo 4º, n.º 3 doRegulamento do XIV Congresso, aprovadona última Convenção Nacional e que sepublica nesta edição do “Acção Socialista”.

Outra obrigação dos militantes é a de teremas quotas em dia, dever fundamental parapoderem participar plenamente na vidapartidária. Assim, os camaradas que desejemvotar nos próximos actos eleitorais devemproceder ao pagamento das respectivasquotas. Só assim podem eleger e ser eleitos,só assim podem fazer valer a sua voz.O pagamento das quotas pode ser efectuadona sede nacional do PS ou nas secções quetenha estabelecido protocolo, por depósitobancário em dinheiro ou cheque ou aindapor transferência para a conta BCP-Nova Rede

/ PS-Quotizações – N.º 45234162873,indicando sempre ao balcão o n.º demilitante correspondente.Os camaradas poderão optar igualmente pelopagamento através de multibanco daseguinte forma: Entidade 20132 / Referência0000... + n.º de militante num total de 9dígitos / preenchendo o item “Montante”com o valor em dívida.Qualquer outra informação sobre pagamentode quotas poderá ser solicitada junto doDepartamento Nacional de Dados do PS oupela linha azul 808 201 695.

o espaço que lhe pertencia” e retomaráalgumas causas fracturantes como a“legalização” das drogas leves e a“regularização” da prostituição.Em representação do partido falou o líderdo Grupo Parlamentar, António JoséSeguro, que exortou a JS a “inquietar,interrogar e abalar” o PS, o que só seconsegue, frisou, “quando há irreverência,mas sobretudo quando há causas”.Referindo que os socialistas se posicio-nam na área da “esquerda moderna emoderada”, Seguro sustentou que o novoGoverno da direita chefiado por SantanaLopes tem “legitimidade democrática,mas não tem autoridade política”.A sessão de encerramento do Congressoda JS contou também com a presençade João Soares, Paulo Pedroso, Joa-quim Barreto, presidente da Federaçãodo PS de Braga, António Magalhães,presidente da Câmara Municipal deGuimarães, e Jamila Madeira, asecretária-geral cessante da JS e actualeurodeputada pelo PS.

Nas próximas eleições legislativas o PSobterá, pela primeira vez, a maioriaabsoluta. Esta a convicção expressa pelopresidente do partido, Almeida Santos,após acusar o Governo da coligação dedireita de “proteger os ricos em prejuízodos pobres”.Acredito que nas legislativas o PS tenhaa maioria absoluta”, disse AlmeidaSantos, durante as comemorações do“Dia da Federação” do PS de Coimbra,em Arganil, com a participação dopresidente honorário do PS, FernandoValle, que na próxima semana completa104 anos de vida.António Almeida Santos sustentou que osgovernos socialistas só podem sercomparados com os formados pelo PSDquando o PS obtiver maioria absoluta.

“Quisemos aprovar muitos projectos quea maioria da direita com alguns da esquerdachumbou contra nós, e não pudemosimpor a nossa vontade”, sublinhou.Sobre os próximos combates, AlmeidaSantos afirmou que o PS “irá ganhar (aseleições regionais) nos Açores e melhoraro score na Madeira”.Numa alusão ao recém-empossadoGoverno de Santana Lopes, Almeida Santoscriticou-o por “querer reduzir os custos omais que puder cortando aos pobres”.Trata-se de “um Governo que vive para darcontinuidade a um Governo anterior, comum programa de protecção aos que têmmuito e de sacrifícios dos que têm menos”,disse, considerando que “a grande fortunaem Portugal coincide com a grandemiséria”.

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1129 JULHO 2004 ACTUALIDADE

EQUIPA DE SANTANA LOPESNÃO CONVENCE SOCIALISTAS

PR EMPOSSA GOVERNO

O PAÍS NÃO SUPORTADERIVA ELEITORALISTA

Marcas e erros do passadoconstituem a dominante doGoverno empossado no dia17 de Julho, chefiado porPedro Santana Lopes.

À margem de uma reunião de militantesdo PS, Santos Silva afirmou que “48horas depois de tomarem posse, não seconhece às novas ministras umpensamento político, uma ideia que seja”sobre as áreas que tutelam.“Na Educação e na Cultura é o completovazio” acrescentou.Já sobre Maria da Graça Carvalho, quetransitou do Governo de Durão Barrosona pasta da Ciência e Ensino Superior, odeputado socialista antevê uma “políticade continuidade onde temos divergên-cias fundamentais”.O parlamentar do PS criticou aindaSantana Lopes, sublinhando que o novoprimeiro-ministro “acaba de bater umrecorde. Consegue fazer um governoainda pior do que o anterior de DurãoBarroso” e contestou a separação daspastas do Trabalho e da SegurançaSocial, bem como as designações dealguns ministérios, exemplificando como da Segurança Social, Família e Criança.“É típica demagogia, diz tudo da formade Santana Lopes fazer política”

sustentou.Já a escolha de Nobre Guedes paraministro do Ambiente foi classificadapelo PS como uma “péssima notícia”por considerar que este dirigente doCDS-PP “é uma pessoa sem qualquerconhecimento ou experiência na área”.Em declarações à Imprensa, o deputadosocialista Pedro Silva Pereira sublinhouque a pasta do Ambiente “vai ser entreguea um partido que se apresentou na últimacampanha eleitoral propondo a extinçãodo Ministério do Ambiente e a suasimples redução a secretaria de Estado”.“Vamos para o quarto ministro doAmbiente em apenas dois anos e, pelaquarta vez, temos um ministro que nãotem nenhuma experiência ouconhecimento desta área. Já não é umdefeito, é feitio. Na coligação de direita,nunca se escolhe para ministro doAmbiente alguém que perceba deambiente”, comentou o deputado.Para Silva Pereira, fica “demonstrado” quea intenção do Governo é “acabar de vezcom o Ministério do Ambiente”.

No discurso que efectuou na tomada deposse do Governo PSD/PP liderado porSantana Lopes, o Presidente daRepública afirmou que “o país não está,de facto, em condições de suportarqualquer deriva eleitoralista”, tendodeixado claro que nos próximos doisanos não existe “margem para programasadicionais de aumento de despesas, nempara reduções de impostos que nãosejam compensadas por equivalentediminuição de despesa”.Jorge Sampaio fez questão de salientarque a consolidação orçamental “não

está garantida”, a retoma “é ténue” e ocontrolo do défice abaixo dos três porcento do PIB tem sido conseguido àcusta de “medidas extraordinárias quenão se podem transformar em regra”.E sustentou que “é preciso contercriteriosamente a despesa públicacorrente e combater eficazmente a evasãofiscal”, porque, frisou, “só assim sepoderá ganhar margem de manobra paraevitar que se sacrifiquem indevidamentedespesas sociais desnecessárias”.Depois de salientar que, nos últimos doisanos, “agravaram-se os problemas

sociais”, com destaque para odesemprego, o Presidente da Repúblicaconsiderou que “não poderá haver agorahesitações ou ambiguidades na defesado caminho europeu que, num extensoe quase consensual entendimentopolítico, temos percorrido, e que osvários governos têm sabido proteger”.No seu discurso, Jorge Sampaio pediuainda melhor produtividade, aumento docrescimento económico e maisinvestimentos em investigação,inovação, desenvolvimento tecnológicoe qualificação de recursos humanos.

ALEGRE SUBSTITUI FERRONO CONSELHO DE ESTADO

O dirigente socialista Manuel Alegre vai voltar a integrar o Conselho de Estado,em representação do PS, substituindo o secretário-geral demissionário, FerroRodrigues, que renunciou também ao seu lugar naquele órgão de consultado Presidente da República na sequência da não convocação de eleiçõesantecipadas.O camarada Manuel Alegre era o terceiro na lista do PS votada em 2002, naAssembleia da República, e a seguir a Almeida Santos, que integra tambémo Conselho de Estado, e do próprio Ferro Rodrigues.O Conselho de Estado é actualmente composto por 19 conselheiros, algunsdos quais ocupando o lugar por inerência – o primeiro-ministro, o presidentedo Tribunal Constitucional, os presidentes dos governos regionais e os antigosPresidentes da República eleitos na vigência da Constituição e que nãotenham sido destituídos, além do próprio chefe de Estado, Jorge Sampaio.Fazem também parte daquele órgão político de consulta cinco membrosnomeados pelo Presidente da República e outros cinco escolhidos pelaAssembleia da República.

SANTANA PERDULÁRIO

CÂMARA DE LISBOAREPLETA DE DÍVIDAS

Uma dívida de cem milhões de euros a fornecedores e um aumento exponencialda despesa são o resultado de “uma gestão onerosa e sem rigor baseada noshow-off permanente”, considerou o presidente da Concelhia do PS/Lisboa.Miguel Coelho reagia assim a uma notícia do jornal “Público”, que refere quea Câmara Municipal de Lisboa, sob a gestão do agora primeiro-ministro,Santana Lopes, terminou o ano de 2003 com dívidas de 100 milhões deeuros a fornecedores devidas, em grande parte, a um aumento abrupto dadespesa e à estagnação da receita nos dois últimos anos.Em declarações ao “Acção Socialista”, o líder da Concelhia de Lisboa refereque as sérias dificuldades financeiras que a câmara enfrenta, “são o paradigmada gestão de Santana Lopes assente numa cultura de publicidade permanentepara promover iniciativas efémeras, que não se preocupa com a receita”.Por isso, defende que “a câmara tem de mudar os métodos de gestão. Ou seja,é necessária uma gestão muito rigorosa do ponto de vista financeiro e maisconsentânea com os reais problemas da cidade, tendo como objectivo umequilíbrio das contas”.Entretanto, o vereador do PS na Câmara de Lisboa Vasco Franco afirmou que onovo presidente da autarquia, Carmona Rodrigues, poderá ter de atrasar obraspara conseguir equilibrar o orçamento camarário devido às dívidas acumuladas.“O atraso no pagamento a fornecedores e o evoluir da situação de dívida”obriga Carmona Rodrigues a adoptar medidas, as quais podem passar pela“venda de património e o atraso de algumas obras para moderar as despesas”,sustentou Vasco Franco.Para além das dívidas e de outras obras virtuais como o Parque Mayer ou ojardim do Arco Cego, Santana Lopes deixa também como herança o imbrógliodo túnel do Marquês, uma infra-estrutura desde sempre alvo de forte contestaçãopor parte do PS.Assim, os deputados socialistas da Assembleia Municipal de Lisboa apelaramno dia 20 ao novo presidente da autarquia, Carmona Rodrigues, para desistirda construção do túnel do Marquês, obra suspensa por decisão judicialdesde Abril.“Lanço um apelo a Carmona Rodrigues: se se vier a confirmar a legalidade doseu mandato, que reconsidere sobre o que vai ser feito, que se fique pelodesnivelamento dos cruzamentos e desista do túnel do Marquês”, afirmouMiguel Coelho, líder da Concelhia do PS de Lisboa, na reunião da AssembleiaMunicipal. J. C. C. B.

Para o vice-presidente do GrupoParlamentar do PS, Guilherme d’OliveiraMartins, numa primeira reacção àformação do Executivo, “a maioria PSD/CDS está cansada”.“Verifica-se uma continuidade relati-vamente ao Executivo de Durão Barroso.Não estamos perante um Governo novo”,defendeu.Também o deputado do PS AugustoSantos Silva criticou, em Coimbra, astitulares das pastas da Cultura e daEducação, afirmando não se conhecerqualquer ideia às novas ministras.A pasta da Educação do XVI GovernoConstitucional foi assumida por Mariado Carmo da Costa Seabra, sendo MariaJoão Bustorff Silva a nova ministra daCultura.

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12 29 JULHO 2004

PS: ALTERNÂNCIA OUALTERNATIVA?

A decisão do Presidente da Repúblicade viabilizar um novo Governo PSD/PPabriu um novo ciclo na vida políticaportuguesa. Muito se falou já sobre estadecisão controversa. Não é preciso lançarmais achas para a fogueira, pois ela jáfaz parte do passado e o futuro exige aoPS que concentre todas as suas forçaspara vencer a manta de retalhosgovernamental de direita cerzida porSantana Lopes. Importa, porém, recordarque Jorge Sampaio tem uma leituraparlamentarista dos poderes doPresidente da República, leitura que foireforçada pela revisão constitucional de1982, subscrita pelo PS. Quem se tivesse dado ao trabalho de ler os textosque Jorge Sampaio publicou nos jornais sobre estas questões, não ficariasurpreendido pela decisão tomada. O que não se pode aceitar é o axioma deque se a decisão fosse a de não viabilizar o Governo de Santana Lopes, o PSe a esquerda já seriam os vencedores antecipados das eleições legislativas.A demissão de Ferro Rodrigues de secretário-geral do Partido Socialistainiciou uma nova etapa na vida do maior partido da esquerda portuguesa,da única organização política capaz de derrotar o Governo de SantanaLopes e de construir uma alternativa política a uma direita que se mantémno poder há mais de dois anos. Para isso não bastam chavões, frases feitase a reintrodução de receitas esgotadas. O ponto de partida é completamentenovo, é o derrubamento de um Governo que tem como objectivo primordialdestruir todas as conquistas sociais do 25 de Abril e de uma direita que seprepara para eleger um Presidente da República e assim realizar o ansiadolema sá carneirista “Um presidente, um governo e uma maioria”.Perante um Governo que elabora um Código do Trabalho que aponta para acaducidade dos contratos colectivos de trabalho e o total esvaziamentodos direitos conquistados e um patronato que se recusa a negociar asconvenções colectivas com o intuito de vê-las definitivamente caducar,não basta dizer que é preciso opor ao neoliberalismo o contrato socialeuropeu do pós-guerra, pois hoje os protagonistas são outros: um mundodo trabalho que perde direitos sob a iminente ameaça das deslocalizaçõese da redução das funções sociais do Estado e uma direita que, perante otriunfo e a preponderância do mercado a nível mundial, considera comoum obstáculo um Estado de bem-estar que no período da Guerra Friatolerava apenas por razões tácticas.Perante um Governo que considera que “o quase monopólio da escolapública” põe em causa “a liberdade de aprender e ensinar”, que aprova umalei de bases em que a gestão democrática das escolas é substituída porgestores profissionais não eleitos e o ensino básico é reduzido para seisanos, que elabora uma revisão curricular do ensino secundário em quedisciplinas de formação específica estruturantes surgem como optativas eem que a separação radical entre cursos gerais e cursos tecnológicos eprofissionais é a regra, não basta dizer que o PS aposta num “choquetecnológico” que supere as limitações da formação e da educação dapopulação activa portuguesa: é necessário dizer que tipo, que modelo deeducação públicas propõe o Partido Socialista.Não basta dizer que o PS é o partido da solidariedade e da justiça social paraque se faça luz e a ofensiva da direita se desvaneça, como se por encantofosse tocada por uma varinha mágica. Se quiser ser alternativa, o PS temque saber conjugar a riqueza do seu passado político com a clarividênciarelativamente às mudanças em curso no mundo actual. Não pode fechar-sehermeticamente no seu passado à procura de uma pureza perdida, nemdeve limitar-se a posturas minimalistas ou a ceder à tentação de um pantanosocentrismo político que apenas consegue realizar a alternância fugaz, mas serevela incapaz de construir verdadeiras alternativas duradouras. O futuro éuma aposta que terá que necessariamente ser ganha. O que importa hojemais do que nunca é quebrar um ciclo longo de hegemonia da direita quese iniciou em 1979 e ameaça perpetuar-se.

Se quiser ser alternativa, o PS tem que saberconjugar a riqueza do seu passado políticocom a clarividência relativamente àsmudanças em curso no mundo actual. Nãopode fechar-se hermeticamente no seupassado à procura de uma pureza perdida,nem deve limitar-se a posturas minimalistasou a ceder à tentação de um pantanosocentrismo político

REGIÕES

PROGRAMA DE GOVERNO DO PS

UMA NOVA GERAÇÃO DE POLÍTICASPARA A MADEIRAO PS/Madeira tem já pronto o programade governo com que vai apresentar-se àspróximas regionais de Outubro. Uma novageração de políticas capazes deresponderem nas mais diversas áreas àsprofundas assimetrias da sociedademadeirense e de combate à exclusão deuma parte da população, que apostanuma dinâmica de desenvolvimento nãocentrada exclusivamente no betão são assuas ideias centrais. Os socialistasmadeirenses defendem uma visãoestratégica para a região de forma a torná-la mais moderna, competitiva, desen-volvida e solidária, fundada na qualidadedos seus recursos humanos e apostadano desenvolvimento sustentável.Partindo do diagnóstico de que a maiorfragilidade da sociedade madeirense é aqualificação das pessoas - trabalhadorese empresários -, o programa de governodo PS dá prioridade absoluta àqualificação dos recursos humanos,preconizando uma aposta total naeducação articulada com a formação,ciência e cultura.O programa de governo socialistacoordenado pelo deputado MaximianoMartins, e que envolveu os dirigentes do

partido e independentes, dá tambémprioridade à competitividade da economiada região baseada num modelo dedesenvolvimento sustentável e gerador deemprego, no quadro de uma reorientaçãodas políticas económicas e sociais.Assim, o desígnio de uma nova geraçãode políticas que, ao contrário do Estadopaternalista, corporativo e intervencionistaque caracteriza os últimos 30 anos naregião autónoma, aposta nas empresas eno empreendedorismo, na descentra-

lização, na aplicação do princípio dasubsidariedade e no reforço e capacitaçãodo associativismo voluntário.Outra das prioridades do programasocialista é a coesão social e combate àpobreza e a todas as formas de exclusãosocial, importando para isso colocar emprimeiro plano um programa de luta contraa pobreza, implementar políticas activase progressistas de apoio à natalidade eaumentar significativamente o número decentros de dia e de lares para a populaçãosénior.O programa de governo do PS dá aindauma particular atenção ao sector dasaúde, considerando que a qualidade dosserviços de saúde é um elementoimportante de prossecução das políticasde coesão social e de qualidade de vida.Nesse sentido, e numa linha desustentabilidade do sistema e de melhoriada eficiência dos serviços públicos, oprograma de governo refere que deveapoiar-se o desenvolvimento de formasde empresarialização dos hospitais,garantindo a não exclusão social e averificação de princípios de tratamentoigual, no contexto de uma entidadepública empresarial. J .C. C. B.

PS/AÇORES MOBILIZA-SEPARA COMBATE ELEITORALDE OUTUBROProsseguindo o trabalho de preparaçãopara as eleições regionais de 17 deOutubro, o Secretariado Regional doPartido Socialista dos Açores vai reunir-se no próximo dia 13 de Agosto.Nessa reunião, os socialistas açorianosprocederão à aprovação final doPrograma Eleitoral que o PS/Açoresapresentará a sufrágio dos eleitores naseleições regionais.O documento integra já os contributosdas cerca de cinco centenas de pessoassem filiação partidária, provenientes detodas as ilhas do arquipélago, que fizeramparte do Conselho Consultivo deIndependentes do PS/Açores e quedurante várias semanas reuniram em váriosgrupos sectoriais para reflectirem ediscutirem ideias a serem implementadasnos próximos quatro anos.A reunião do Secretariado Regional doPS/Açores de Agosto servirá tambémpara ultimar os manifestos eleitorais decada um dos nove círculos de ilha daregião.Da agenda de trabalhos desse encontrofaz também parte a aprovação final daslistas de deputados por cada uma dasilhas, que posteriormente serãodivulgadas, tornando-se, assim, o PS/Açores o primeiro partido na região aconcluir este processo.Entretanto, são já conhecidos os nomesdos cabeças de lista por cada um dosnove círculos. Assim, pela Ilha de S.

Miguel, encabeça a lista o presidente dopartido, Carlos César, enquanto que naTerceira em primeiro lugar está SérgioÁvila, presidente da Câmara Municipalde Angra do Heroísmo.No Faial, a lista é encabeçada pelopresidente da Assembleia LegislativaRegional dos Açores, FernandoMeneses, e, no Pico, o independenteLizuarte Machado surge em primeirolugar.Alberto Costa, presidente da CâmaraMunicipal de Vila do Porto, é o cabeçade lista por Santa Maria, lugar que em S.Jorge é ocupado por Manuel Silveira,que já foi deputado na última legislatura.

Pelos círculos das ilhas da Graciosa, Florese Corvo encabeçam as listas ManuelAvelar Santos, Herberto Rosa e GuilhermeFraga Nunes, respectivamente.Neste momento, a estrutura regional doPS está também a preparar as acções decampanha que se desenrolarão nasdiversas ilhas e que visam dar a conheceras propostas do partido para a próximalegislatura.Para breve está também o lançamentodo novo site de campanha do PS/Açores.Na nova página, poder-se-á encontrartoda a informação sobre o PS, e oscibernautas poderão ter acesso à agendaactualizada do partido.

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JOAQUIM JORGE VEIGUINHA

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1329 JULHO 2004 ENTREVISTA

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO AO “ACÇÃO SOCIALISTA”

ESTE GOVERNO É MAIS DO MESMOPARA PIOR“Sem energia e sem vontade” o novo Governoreflecte, para pior, “mais do mesmo”, afirmaAntónio José Seguro ao “Acção Socialista”. Parao líder parlamentar do PS, “a velha maioria estáagarrada ao poder” e, por isso, nos “próximosdois anos vai valer tudo para tentarem ganhar aseleições”. Sem pôr em causa a legitimidadedemocrática do Governo, o Presidente do GP/PSnão tem dúvidas de que o Executivo liderado porSantana Lopes está “ferido” na sua “autoridadepolítica”.

Tem afirmado que não se pode“deixar o governo à solta”. Como sevai posicionar o Grupo Parlamentardo PS face ao novo quadro político?Confrontando o Governo com as suaspromessas não cumpridas (exemplo:prometeu diminuir os impostos eaumentou-os); com a execução depolíticas erradas que originaram, porexemplo, o agravamento do desemprego(cerca de 450 mil desempregados) eexigindo que o Governo da velha maioria,até ao final do mandato, adopte políticasque diminuam as dificuldades dosportugueses.

Como analisa a recomposição dadireita e a distribuição de pastasno interior do Governo?Na minha opinião este Governorepresenta mais do mesmo, em pior.Tivemos oportunidade de o comprovarrecentemente na Assembleia daRepublica, aquando do debate do seuprograma. Tivemos pela frente umGoverno vencido pelo seu própriocomportamento. Sem energia e semvontade. Neste momento, o país nãopossui um rumo, nem tem umadirecção. A responsabilidade vaiinteirinha para esta velha maioria.

Do seu ponto de vista onde é queestão as maiores incoerênciasorgânicas deste Executivo?Na minha análise, a orgânica desteGoverno foi definida em função daspessoas que aceitaram ser ministros eministras, e não de acordo com umprojecto de transformação da sociedade.Não nos podemos esquecer que esteGoverno só existe porque a actual maioriase manteve agarrada ao poder. Assimtodas as orgânicas são possíveis ejustificáveis. Estou convicto que a actualmaioria parlamentar, que apelido de velhamaioria, já não tem apoio maioritárioentre os portugueses.

Quais as maiores dificuldades quevê na liderança de Santana Lopesà frente do Governo e do PSD?A tendência obrigatória para transformar

o Governo num Comité Eleitoral em favorda velha maioria. Isso beneficiará o PPDe o PP mas prejudicará os portugueses.

Porque considera que o novoExecutivo PSD/PP consubstanciaráuma “espécie de comité eleitoral atéao final da legislatura”?Porque foi essa a principal razão que levoua esmagadora maioria dos dirigentes dosdois partidos a calarem-se perante a crisepolítica de Julho de 2004 e a nãoaceitarem a realização de eleiçõesantecipadas, como defenderam emDezembro de 2001.A velha maioria está agarrada ao poder evai fazer tudo para lá continuar por maisquatro anos. Nestes dois próximos anos,vai valer tudo para tentarem ganhar aseleições autárquicas, presidenciais efinalmente (o grande objectivo) aslegislativas.

A anunciada descentralização dealguns ministérios, para além decorresponder a uma deriva popu-lista, permite concluir já por umestilo errático do novo primeiro-ministro?Talvez sim. Mas acima de tudo assentanuma ideia errada de que a proximidadefísica de seis gabinetes de secretáriosde Estado, irão resolver os problemasdessas populações. É mais uma ilusãoque contribuirá para o descrédito dasinstituições políticas portuguesas. Ofomento do turismo no Algarve realiza-se com políticas e com recursos. Com adescentralização de competências ecom o envolvimento dos principaisoperadores do sector. A deslocação dasSecretarias de Estado não passa de umaduplicação dos gabinetes dos membrosdo Governo, de mais burocracia e demais aumento da despesa publica demá qualidade.

Acha que a estabilidade políticaestá garantida até ao final dalegislatura?Essa é uma responsabilidade, emprimeiríssimo lugar, dos partidos davelha maioria.

O facto de Santana Lopes não tersido escrutinado pelo voto popularnão retira legitimidade ao Governo?Não. Em minha opinião este Governotem legitimidade democrática. Noentanto, encontra-se ferido, e de quemaneira, na sua autoridade política, pelacircunstância excepcional de seconjugarem diversas razões: a queapontou na sua questão, o resultadoeleitoral de 13 de Junho e a quebra docompromisso entre o “candidato aprimeiro-ministro Durão Barroso” e osportugueses.Ora, com a situação em que o país estáteria sido desejável que em vez de umGoverno fraco para dois anos, setivessem criado as condições para aconstituição de um Governo forte paraquatro anos.

Como vê o processo de nomeaçãode Durão Barroso para a presidên-cia da Comissão Europeia?Foi um processo nada recomendável.Fica a sensação de que muito foi feito“nas costas dos portugueses”. Quanto àsubstância, o dr. Durão Barroso sabiaque tinha um compromisso com osportugueses. Está tudo dito.

Fugiu Durão Barroso para aEuropa?Para quem afirmou que tinha um projectopara o país, que não desistiria nunca eque na noite das eleições europeias tinhacompreendido a mensagem dos portu-gueses... está tudo dito.

De que modo interpreta as contra-dições do PSD que em 2001 exigiueleições antecipadas e que agoradefendeu exactamente o contrário?Estão agarrados ao poder e vão fazer tudopara lá se manterem.

Em seu entender qual é o “Estadoda Nação” em que Barroso deixouPortugal?Facto 1: Nestes dois anos Portugalatrasou-se em relação à média dosEstados-membros da União Europeia

Facto 2: Nestes dois anos, Portugal ficoumais pobre. Em 2003, o nossocrescimento foi negativo (1,3 por cento)

Facto 3: O desemprego cresceu.Actualmente estão registados oficialmentecerca de 450 mil desempregados.

Facto 4: Nestes dois anos, o número deportugueses em lista de espera para umacirurgia aumentou, Actualmente são cercade 150 mil em lista de espera.

Facto 5: O investimento estrangeirodiminuiu em cerca de 70 por cento.

Facto 6: A consolidação das contaspúblicas não foi efectuada. A divida ésuperior a 60 por cento e o défice real ésuperior a 6 por cento.

Infelizmente poderia continuar a constatarfactos, mas sei que não há mais espaçopara a entrevista.

Como vê as eleições regionais deOutubro, nos Açores e naMadeira?Com muita tranquilidade. A obra dossocialistas açorianos fala por si própria,como tivemos oportunidade decomprovar no início de Julho, porocasião da realização das JornadasParlamentares de Ponta Delgada. NaMadeira, a situação é bem mais difícilpara os socialistas. Não é nada fácilfazer política na Madeira. Tenho muitaconfiança nos novos líderes socialistasmadeirenses e sei que estão a construirum projecto por fases. Desejo aossocialistas dos Açores e da Madeiramuitas felicidades.

Depois de ter recebido inúmerasmanifestações incentivando-o aavançar para a liderança do PSdecidiu não o fazer. Porquê?Entre outras razões, porque nesta fasedifícil do nosso Partido (em que nãoexiste secretário-geral e nosencontramos num processo eleitoralinterno com vários candidatos àliderança) alguém tinha de garantir queo Governo não ficaria à solta.Entendi que a principal trincheira dessecombate seria a Assembleia daRepublica, até à eleição do próximosecretário-geral.Nesse sentido, limitei-me a assumir asminhas responsabilidades de presidentedo Grupo Parlamentar. Julgo que seriaa atitude que qualquer socialistatomaria.

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14 29 JULHO 2004

TRAPALHADASPARTE II

MANUEL DOS SANTOS

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sO actual primeiro-ministro, ex-presi-dente (meteórico) da Câmara Municipalde Lisboa, mantém a sua incontornáveltendência para a trapalhada.Basta analisar sem comentários a formaoriginal como foi formado o Governo,como decorreu o seu acto de posse ecomo foram lançados as suas primeirasmedidas.Depois da experiência na Cultura (osviolinos de Chopin), no ParlamentoEuropeu (onde não deixou rasto), noParlamento nacional (onde mal se ouviu),na Câmara Municipal de Lisboa (ondenada de útil executou), chegou agora,por caminhos tortuosos que, às vezes, ademocracia consente à chefia do Governo.A vida de Santana Lopes é um case study que, se for bem resolvido, lançamais luz e conhecimento sobre a natureza e permissividade das opiniõespúblicas do que propriamente sobre a “capacidade” do político, que é,bem vistas as coisas, a personagem menos importante e mais inofensiva.Em condições normais ninguém levaria o dr. Santana Lopes a sério. Masmuitos portugueses, entre os quais o Presidente da República, acham ouacharam que as coisas não são tão claras e estão, ainda, disponíveis paralhe dar uma nova oportunidade.No entanto, o grau de dificuldade vai aumentando proporcionalmente coma carreira política do personagem e cada vez são maiores e mais graves asconsequências que podem resultar para os cidadãos das suas acções e dassuas omissões.Não é, reconheça-se, a mesma coisa aceitar que o dr. Santana Lopes seja opresidente do Sporting (por maior respeito que esta instituição mereça) ouque seja o chefe do Governo com poderes relativamente vastos e suficientespara condicionar negativamente o futuro de Portugal durante muitos anos.Não estando em causa (felizmente) o uso de soluções de ruptura políticano limiar das regras do funcionamento democrático, o remédio contra estadoença tem de desenvolver-se no quadro da apresentação de soluçõesalternativas credíveis.Soluções alternativas credíveis que passem pelas políticas, naturalmente,mas que também se reconheçam nas pessoas.O maior erro que será cometido na actual situação política pode ser o de sepensar que, neste caso especifico, a mordedura do cão se pode curar como pêlo do mesmo cão.A sociedade portuguesa é actualmente condicionada por duas espéciesdiferentes de pressões e condicionantes.Por um lado, é indiscutível que o país atingiu no plano económico(crescimento) e no plano social (emprego) um nível de pré-ruptura quenão pode ser ultrapassado. Por outro lado, considera-se (sem grande rigortécnico e científico) que o pior já passou e que existe margem de manobrapara alterar as coisas.É certo que esta situação resultou dos erros políticos cometidos peloGoverno de Durão Barroso, que antecedeu o actual, e que, segundo toda aprobabilidade, não será julgado pelo eleitorado, mas independentementedisso alguém terá de ser responsabilizado pelo resultado final.Ora a mistura explosiva daquelas duas condicionantes é um instrumentoperigoso nas mãos de um homem politicamente irresponsável e trapalhãocomo é o actual chefe de Governo.A ilusão da facilidade e a tendência para a trapalhada constituirão umaatracção fatal para o Dr. Santana Lopes.Evitar que ele a possa exercer mais do que estimulá-lo para a concretizar,acaba por ser o verdadeiro desígnio de uma alternativa política responsável.O actual líder do PSD ficará, se todos quiserem, na história políticaportuguesa como o responsável pelo buraco do Túnel do Marquês,transformado em símbolo máximo de um projecto de vida e acção.Tolerado agora como primeiro-ministro, até que a paciência se lhe esgotecomo tem sucedido em tantas outras tarefas, não pode por isso merecerdescanso, cumplicidades ou contemplações.Este é verdadeiramente o segredo para acabar, de vez, com as suas trapalhadas.

O actual líder do PSD ficará, se todosquiserem, na história política portuguesacomo o responsável pelo buraco do Túneldo Marquês, transformado em símbolomáximo de um projecto de vida e acção.

EURODEPUTADOS JÁ TÊMDISTRIBUÍDAS COMISSÕESPARLAMENTARES ESPECIALIZADASAs comissões parlamentares especiali-zadas em que cada um dos doze euro-deputados socialistas portugueses vaiexercer as suas funções ficaram definiti-vamente atribuídas com a respectivaratificação no plenário de Estrasburgo, quedecorreu entre 19 e 21 de Julho.Sem grandes surpresas na medida em queos eurodeputados eleitos na lista do PSpossuíam já um perfil muito definidoquanto à sua área de especialização, oseurodeputados socialistas conseguiramposições chave no âmbito da distribuiçãodos cargos nas várias comissõesparlamentares.Assim, António Costa, que é o líder dadelegação portuguesa e vice-presidente doParlamento Europeu, é membro daComissão das Liberdades Cívicas esuplente na Comissão do Mercado Interno.Ana Gomes é membro da Comissão deAssuntos Externos, da qual é a primeiravice-presidente na sub-comissão deSegurança e Defesa e coordenadora doGrupo Socialista para estas áreas. AnaGomes é ainda membro suplente daComissão para o Desenvolvimento.

Francisco Assis é membro efectivo daComissão do Comércio Internacional esuplente nos Assuntos Externos e naComissão dos Direitos do Homem.Elisa Ferreira é membro efectivo daComissão dos Assuntos Económicos esuplente no Comércio Externo.Paulo Casaca continua como membro daComissão do Controlo Orçamental e agoraé também o coordenador do GrupoSocialista para estes assuntos. É tambémmembro efectivo da Comissão dosOrçamentos e suplente nas Pescas. Paulo

Casaca integra ainda a DelegaçãoParlamentar das Relações com aAssembleia Parlamentar da NATO.Sérgio Sousa Pinto é membro efectivo daComissão dos Assuntos Constitucionaise suplente nas Liberdades Cívicas.Fausto Correia é membro efectivo daComissão dos Assuntos Constitucionaise suplente nos Transportes e Turismo.Edite Estrela é membro efectivo nascomissões do Ambiente e dos Direitos daMulher.Capoulas Santos é membro efectivo nascomissões da Agricultura e na das Pescase suplente no Ambiente.Jamila Madeira é membro efectivo naComissão do Desenvolvimento Regionale suplente no Emprego e Assuntos Sociais.Integra também a Delegação ParlamentarEuro-mediterrânica.Emanuel Jardim Fernandes é membroefectivo na Comissão dos Transportes eTurismo e suplente no DesenvolvimentoRegional.Manuel dos Santos é membro efectivo nosAssuntos Económicos e suplente nascomissões da Indústria, Investigação eEnergia e na do Controlo Orçamental.

ANTÓNIO COSTA ELEITOVICE-PRESIDENTE DO PEO presidente da delegação socialistaportuguesa, António Costa, foi eleitovice-presidente do Parlamento Europeu,sendo o único português a ocupar estedestacado lugar de gestão e orientaçãoda instituição.A eleição de António Costa permitiuaos socialistas portugueses manter avice-presidência que detinha daanterior legislatura, o que nãoaconteceu com o PSD, que nãoconseguiu nenhuma das sete vice-presidências a que o PPE tinha direito.A eleição para o cargo, que decorreu nohemiciclo de Estrasburgo, foi feitainicialmente por aclamação, dadoexistirem tantos candidatos quantos os14 lugares disponíveis, votando-se

depois a ordem dos vice-presidentes,tendo o líder dos socialistas portuguesesobtido 228 votos. De referir que o Grupodos Socialistas Europeus tinha apenasdireito a três vice-presidências.Costa era o único candidato português,o que ocorre em virtude do resultadodas últimas eleições europeias, em queo PS teve, em termos percentuais, omelhor dos resultado entre ossocialistas.“É bom que Portugal mantenha umavice-presidência. O grande desafio quese coloca agora é fazer um exercício deaproximação aos cidadãos, porque nãofaz sentido lamentarmo-nos que estesnão se interessam pelas eleições edepois sermos indiferentes”, salientou.

Para António Costa, o combate àabstenção far-se-á, por isso, nos cincoanos de mandato e não na próximacampanha eleitoral.Também por isso, o líder dos socialistasportugueses no PE se comprometeu ecumprir o mandato até ao fim, aomesmo tempo que continuará aparticipar na vida política do PS.Os 14 lugares de vice-presidente doParlamento Europeu foram distribuídospelos grupos políticos em função dosresultados eleitorais das europeiasrealizadas em 13 de Junho. Assim, oPPE teve direito a sete vice-presi-dências, o PSE a três, os liberais e de-mocratas a duas, e os Verdes e aEsquerda Unida a uma cada.

SOCIALISTA ESPANHOL JOSEP BORRELPRESIDENTE DO PARLAMENTO EUROPEUO eurodeputado socialista espanhol JosepBorrel foi eleito presidente do ParlamentoEuropeu com 388 votos, deixando longeo candidato dos liberais e dos Verdes, oconhecido intelectual polaco BronislawGeremek, que obteve 208 votos.A eleição de Josep Borrel, o cabeça delista do PSOE nas últimas eleiçõeseuropeias, decorre de um acordo entre asduas maiores famílias políticas doParlamento Europeu, o PPE e o PSE,segundo o qual cada uma apresenta umcandidato que preside à instituiçãodurante dois anos e meio, ou seja, metade

da legislatura. Um terceiro candidato,apresentado pelo Grupo Comunista,obteve 51 votos.Um dos principais temas da campanhade Borrel foi a forte oposição à guerra noIraque, o que serviu precisamente paracontrapor à candidatura de Geremek, jáque a Polónia foi um dos paísessubscritores do documento que apoiouo alinhamento de alguns Estados-membros da União ao lado dos EstadosUnidos.Borrel, de 57 anos, foi membro de váriosgovernos de Felipe González, designa-

damente como secretário de Estado doTesouro e ministro nas pastas das ObrasPúblicas e do Ambiente. Foi tambémpresidente da Comissão dos AssuntosEuropeus nas cortes espanholas emembro da Convenção sobre o Futuroda Europa, que concebeu o projecto deTratado Constitucional.O novo presidente do Parlamento Europeu,que sucede ao irlandês Pat Cox, tem umalicenciatura em engenharia aeronáutica,um doutoramento em ciências econó-micas e dois mestrados em economia deenergia e matemáticas aplicadas.

EUROPA

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1529 JULHO 2004 EUROPA

SOCIALISTAS EUROPEUSVOTARAM CONTRA BARROSOPARA A COMISSÃOOs socialistas europeus votaram contraDurão Barroso para presidir à ComissãoEuropeia, tendo o alinhamento com osEstados Unidos e o apoio a George Bushna guerra no Iraque sido um dos factoresdeterminantes para aquele sentido de voto.O líder dos socialistas portugueses no PE,António Costa, criticou no plenário deEstrasburgo precisamente o apoio dadopor Barroso à guerra no Iraque, mastambém abordou outras questões com asquais existem divergências que interessavaesclarecer.O líder dos socialistas portugueses no PEsalientou que os três pontos de maiordivergência entre os socialistas e Barrosoforam, além do Iraque, a revisão do Pactode Estabilidade e Crescimento e adesvalorização da componente social daEstratégia de Lisboa, questionando-o se,como presidente da Comissão Europeia,iria ou não seguir a mesma linha de rumo.António Costa registou as alterações dasposições de Barroso e pediu garantias deque o seu programa à frente da Comissão

será diferente da sua prática como primeiro-ministro em Portugal. Os socialistasquiseram também garantias de que astarefas centrais da manutenção da Europasocial seriam cumpridas.Durão Barroso foi submetido ao fogocerrado das perguntas dos deputados detodas as famílias políticas, embora o apoiodado a Bush na guerra no Iraque acabassepor ser uma das questões que esteve emmaior evidência, embora as orientaçõesliberais nas suas políticas também tivessemsuscitado muitas reservas por parte dospartidos de esquerda.Depois de analisadas as declarações eposições de Durão Barroso na sua audiçãono Grupo Socialista, os eurodeputadoschegaram à conclusão que “não cumpreas condições necessárias para serpresidente da Comissão”, como disse opresidente da Grupo Socialista MartinSchultz. Barroso acabou por ter apenas 413votos a favor num universo de 711, menosdo que inicialmente era esperado. Os votoscontra foram 251 e as abstenções 44.

“Se Barroso dissesse que se tinhaenganado, ou que teria agido de outra formase tivesse as informações que tem hoje,talvez as coisas fossem diferentes”, disseSchultz, acrescentando que “a forma comoele respondeu às perguntas sobre o Iraqueestá ao nível de George Bush”.Também o ex-primeiro-ministro italianoMassimo D’Alema sublinhou que Barrosoaté podia ser um bom candidato, mascomo é um homem de direita, ossocialistas, por uma questão de coerência,teriam de votar contra.No entanto, António Costa referiu que adelegação portuguesa não inviabilizaria aeleição de um português para a presidênciada Comissão. “Organizaremos o nossovoto no respeito da consciência de cadaum, mas também com o perfeito sentidoda responsabilidade desta nossa decisão.Enquanto delegação, não inviabilizaremosa eleição e esse é o grande contributo quepoderemos dar num exercício responsávelno nosso mandato europeu”, afirmou olíder da delegação portuguesa no PE.

PAULO CASACA

CENTRO TRANSATLÂNTICO PARA REVITALIZARDIÁLOGO ENTRE EUROPA E ESTADOS UNIDOS

GUTERRES NA CONVENÇÃO DEMOCRATA QUE NOMEOUJOHN KERRY CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DOS EUAO presidente da InternacionalSocialista, António Guterres, esteve emBoston, entre 25 e 29 de Junho, aconvite do Partido Democrata norte-americano para participar naConvenção Nacional que nomeouJohn Kerry candidato à presidência dosEstados Unidos, nas eleições que serealizarão em 2 de Novembro.Durante a sua estada nos EstadosUnidos, Guterres participou em diversasiniciativas políticas, entre as quaisdestaque para a que foi organizada peloInternational Leaders Forum, que tinhacomo lema “Conversas sobre

Democracia com Líderes de Todo oMundo” e na qual participaram os ex-presidentes Bill Clinton, FernandoHenrique Cardoso e Mary Robinson.O presidente da Internacional Socialistaparticipou ainda num seminário sobreparcerias internacionais para odesenvolvimento entre partidos políticos,na qual esteve também presente aresponsável do PS pelas RelaçõesInternacionais, Ana Gomes. Esteseminário contou com intervenções deMadeleine Albright, Poul Rasmussen,entre outras.No âmbito dos encontros regulares entre

a Internacional Socialista e o PartidoDemocrata, houve uma reunião doSteering Committee, onde foramabordados temas como a proliferaçãonuclear, o aquecimento global, agovernação global e nation building.Por outro lado, de 1 a 3 de Agosto,António Guterres participará em Sofia,na reunião do Conselho Supremo doPartido Socialista da Bulgária, paracelebrar o primeiro ano do partidoenquanto membro da InternacionalSocialista. O Partido Socialista daBulgária, fundado em 1891, é um dosmais antigos partidos socialistas.

Os Açores poderiam acolher a sede de umfuturo centro de cooperação entre a Europae os Estados Unidos que aprofundasse asligações em diversas áreas, do mundo aca-démico ao desenvolvimento económicoe regional.Numa conferência de imprensa realizadana Ilha Terceira, o eurodeputado PauloCasaca defendeu que os Açores fossem olugar para instalar aquilo que designoucomo “Centro Transatlântico” destinado arevitalizar o diálogo entre a Europa e osEstados Unidos, o que seria também umaforma da região beneficiar mais daqueleorganismo.Paulo Casaca considerou que esse centro

devia ser implementado na dependênciada Fundação Luso-Americana para oDesenvolvimento, um organismo criadono âmbito do acordo de cooperação edefesa assinado entre Portugal e os EstadosUnidos.“A FLAD deverá associar esse centro àUniversidade dos Açores e ao Governo Re-gional”, sugeriu, de forma a permitir que odiálogo se alargue às áreas científica, eco-nómica, social e dos transportes, entreoutras.Paulo Casaca fez estas declarações no con-texto de uma visita à Base das Lajes, tendoconsiderado que as exigências dos Açoresnão devem apenas ficar centradas na

reivindicação de um administrador naFLAD, “o que é muito pouco para o queaquele organismo pode e deve dar à região”.Durante a visita à Base das Lajes, oeurodeputado manteve contactos com oComando Português, o comandante dodestacamento norte-americano e com acomissão de trabalhadores portugueses.Sobre as reivindicações laborais dos civisportugueses ao serviço das forças armadasdos Estados Unidos, Paulo Casaca admitiupoder fazer alguma pressão informal, masadvertiu que se trata de um problema aonível dos dois Estados e que, como tal,deve ser acompanhado pelos deputadosnacionais e regionais.

UM CAMALEÃOCHAMADO DURÃO

1. Sempre me surpreenderam asmetamorfoses e a adaptabilidade ao meioenvolvente. Neste registo, a penúltimasemana de Julho foi fascinante!Durão Barroso adaptado ao espaço europeué outro homem! Chama-se agora JoséManuel Barroso; fala francês, inglês,espanhol e o mínimo possível deportuguês; é um homem que “faz pontes”,um homem “de diálogo” (onde é que eu jáouvi isto?); é um homem que pedehumildemente apoio e confiança a todasas forças representadas no Parlamento; éum homem que tem nas suas primeirasprioridades “o ambiente (!!!), o

desenvolvimento sustentável, o crescimento económico e o emprego”.Sobre o passado, evoca episódios vários para ilustrar o seu respeito pelaliberdade, o seu amor à Europa e à defesa dos direitos humanos.Selectivamente, outros desaparecem do mapa, o mais notório dos quais éo seu currículo fundamental – as suas opções e resultados não quandocombateu o poder mas sim quando o exerceu (e com uma maioria absoluta).A perguntas sobre os dois últimos anos, a resposta foi seca e curta: “Nãoestou aqui para discutir o passado, mas antes o futuro; não estou aqui paradiscutir Portugal, antes a Europa”. Mas, se a técnica parcialmente resultouem relação a Portugal, a mesma receita aplicada à guerra do Iraque nãosatisfez ninguém e o tema nunca chegou a saír de cima da mesa.

2. Como era de esperar, Barroso foi eleito. Não por ser conhecido mas antespor ser desconhecido (“Mr. Nobody”, nos títulos do “Financial Times”);não por resultar de um encontro de vontades mas antes por preencher ovazio aberto pelos conflitos de interesses reinantes; não por ter, de entre assuas características, a clareza das ideias e a firmeza das convicções masantes pela sua “habilidade discursiva e capacidade de comunicar”.Sabemos isso: tal como muitos outros políticos de diversos quadrantes(não excluindo o próprio PS), Durão Barroso vende bem! As frases sãocurtas, as ideias simples, as metáforas bem escolhidas e a imagem bemtrabalhada. O produto é que, por vezes, não existe.Só que a capacidade de conquistar o poder é bem menos importante doque o modo como se usa esse poder; e, se é verdade que o uso requerpreviamente a conquista, convém garantir o mínimo de coerência entre asduas fases.Durão Barroso fez tudo, mesmo promessas impossíveis de cumprir, paracomandar o “navio”; chegado ao leme, com poder absoluto, entrou empânico; continuou a prometer um porto paradisíaco enquanto levava obarco, em descontrolo, para águas tumultuosas; mal viu passar umtransatlântico, mais seguro e com melhor motor, prontificou-se a capitaneá-lo; abandonou à pressa o velho navio, deixando-o nas mãos de um imediatode capacidades mais que duvidosas e, enquanto o navio se arrisca aafundar, espera que os passageiros, perplexos, se esqueçam do perigo queos ameaça para se regozijarem com a recente promoção do capitão.A vida é o que é. Deste episódio, resultam duas ilacções: a primeira, e emrelação a Barroso, é que, mesmo que se perdoe, convém não esquecer; asegunda é que não convém caír na tentação de combater um mal commales semelhantes, embora de diferente coloração.

3. Dito isto, e sendo a realidade o que é, não é impossível que Durão Barrosovenha a ser bem sucedido como Presidente da Comissão Europeia nemque o seu trabalho venha a beneficiar Portugal.É que o novo José Manuel Barroso não arriscará a sua carreira pessoal se derprioridade política à conciliação, no interior dos dossiês herdados daComissão Prodi, de temas como a revisão do PEC, a continuação dareforma da PAC, o aperfeiçoamento das perspectivas financeiras da UE ouo reforço e refinamento da Estratégia de Lisboa com a coesão social eespacial. Em todos estes temas, ao resistir às tentações hegemónicas dealgum(ns) grande(s) país(es), poderá responder aos anseios dos pequenose médios, maioritários no actual formato da UE.Mais grave será se a um discurso inevitável em torno destas temáticas e deoutras semelhantes corresponderem iniciativas concretas mais poderosasde cedência aos interesses instalados, com o consequente desmantelamentodas estruturas reguladoras e reequilibradoras do funcionamento do mercadoe da concorrência.Veremos se, ao menos desta vez, Barroso não volta a defraudar Portugal!

ELISA FERREIRA

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Como era de esperar, Barroso foi eleito. Nãopor ser conhecido mas antes por ser

desconhecido (“Mr. Nobody”, nos títulos do“Financial Times”)

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16 29 JULHO 2004INICIATIVA

“Este Governo não tem que responder pelas suficiênciasou insuficiências do anterior”

Nuno Morais Sarmento, ministro da Presidência doanterior e actual Governo, em conferência de Imprensa

20-07-04

“Alguns aspectos da turbulência política a que temosvindo a assistir lembram irresistivelmente o PREC, agoraengravato, constitucional...e de sinal contrário”

Teodora Cardoso“Jornal de Negócios, 20-07-04

“Este Governo formado em pleno Verão é muito pior doque se poderia imaginar e obrigará o Presidente daRepública a um fim de mandato bem activo”

Medeiros Ferreira“Diário de Notícias”, 20-07-04

“O novo ministro das cidades, José Luís Arnaut, ocupou oMinistério das Cidades e do Ambiente, na rua do Século,impedindo que o titular da outra pasta, Luís Nobre Guedes,pudesse instalar-se no gabinete ministerial”

Notícia do jornal “Público” de 21-07-04

“Está a desenhar-se um novo quadro político-partidário,caracterizado pela ascensão de figuras menores doespectro partidário, sem densidade política consistente epor uma grande imprevisibilidade quanto ao futuro”

Mário Soares“Visão”, 22-07-04

“O que está a acontecer com o Rendimento Social deInserção reflecte o pior que a política tem e que é o ataquedemagógico das medidas dos governos que passam porrazões de puro eleitoralismo”

Eduardo Dâmaso“Público” de 26-07-04

“Folheiam-se as dezenas de folhas [do Programa deGoverno] dedicadas às áreas económicas e muitodificilmente se encontra algo concreto (...) que se possaidentificar como um projecto ou um desígnio claro doGoverno de Santana Lopes”

Luís Miguel Viana“Diário Económico”, 27-07-04

FEDERAÇÕES

Os socialistas escalabitanos, em comunicado, lamentamque passado um ano de catástrofe na área das florestas,como foi o Verão de 2003, o Governo nada tenha feitopara melhorar as condições de combate e prevençãodos incêndios, apelando à urgente implementação demedidas de defesa das populações afectadas e dopatrimónio.No mesmo documento, a Federação do PS deSantarém manifesta a sua solidariedade a José Alho eFernanda Asseiceira, recentemente despedidos peloGoverno das funções que exerciam no Parque Naturaldas Serras D’Aire e Candeeiros e Inatel, respectivamente.

Face à “guerra pelos tachos” entre laranjas e azuis, aFederação Distrital do PS/Bragança manifestou asua apreensão, receando, em comunicado que estasituação, aliada “à incapacidade demonstrada peloprimeiro-ministro, Santana Lopes, em conseguirmobilizar ministros competentes para o seu Governo,possa degenerar no “agravamento das condiçõeseconómico-sociais do país, particularmente, no distritode Bragança”.

AUTARQUIAS

O PS venceu as eleições para a assembleia daComunidade Urbana do Oeste (Comurb).As assembleias municipais das 11 autarquias que fazemparte da Comurb reuniram-se no passado dia 22 deJulho à noite para uma votação de desempate, já que naprimeira volta (realizada a 9 de Julho) o PS e o PSDtinham obtido o mesmo número de votos (83).Na segunda volta, os socialistas do Oeste obtiveram108 votos o que permitiu eleger 17 mandatos mais doque os sociais-democratas.

Os socialistas de Marcos de Canaveses, emconjunto com a CDU e com o PSD locais, deram aconhecer ao Conselho Superior da Magistraturaafirmações do edil do CDS-PP, Avelino Ferreira Torres,que consideram configurar actuação “ilícita” contraadvogados e juízes.Segundo o PS de Marco de Canaveses, o provedor deJustiça, a Ordem dos Advogados e os Ministérios daAdministração Interna e da Justiça foram tambémdestinatários da exposição conjunta de toda a oposição,enviada no passado dia 23 de Julho.

O ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso(PS) refutou as acusações do seu sucessor, Rui Rio(PSD), e afirmou que havia financiamento garantido paraa construção do Pavilhão das Descobertas, obraabandonada por alegada falta de dinheiro.“Havia financiamento garantido através do projectoMetrópolis, um fundo comunitário. O doutor Rui Rio é

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que tem de explicar o que foi feito desse dinheiro”,disse.Nuno Cardoso criticou Rio por este “continuar a culparo executivo anterior por tudo e por nada, acusando-o dese limitar a inaugurar obras lançadas por si”.

Dois vereadores do PS da Câmara de Almadaanunciaram, no passado dia 22 de Julho, a sua decisãode processar, pela segunda vez num mês, a presidentedo município (CDU) por violação da lei das autarquias.Os socialistas acusam Maria Emília de Sousa de recusara inclusão de uma proposta do PS na ordem de trabalhosda reunião do município, visando a isenção, em 2005,do imposto de derrama sobre o rendimento de pessoascolectivas.

O PS de Penafiel acusou a autarquia local de pretendervender, “sem qualquer justificação coerente”, por 250mil euros, um terreno que comprou há menos de trêsanos por 355 mil euros.Em comunicado, os socialistas penafialenses referem quenuma reunião a câmara decidiu, com o voto de qualidadedo seu presidente, colocar em hasta pública uma parcelade terreno em Serradelas, que em Dezembro de 2001 haviadeliberado adquirir por um valor bem mais elevado.A aquisição do terreno, dizem os socialistas, visouimpedir a construção naquele local, considerando quetal “colocaria irremediavelmente em causa odesenvolvimento da cidade”.

Os vereadores socialistas de Miranda do Corvoacusam o executivo camarário de cometer um “crime”ao localizar a nova pré-primária nos terrenos para ondeestava projectado um Centro Cultural Municipal.“A localização é péssima”, denuncia o camarada JorgeCosme, para quem esta “atitude revanchista” pretende“modificar tudo o que estava planeado, à semelhançado que fez com a anulação das obras que deixámosempreitadas do novo cemitério municipal e daconstrução dos balneários e bancadas do estádiomunicipal”.Para o PS de Miranda do Corvo, a nova pré-primáriadevia ser construída junto ao restante equipamentoescolar.

SINDICALISMO

Em comunicado, a Tendência Sindical Socialista(TSS) classifica o novo Governo como sendo de“confusão e ilusão”, uma vez que constrói “ministériosà dimensão de ministros, sem critério de Estado e comgovernantes que ignoram completamente as áreas quevão tutelar”.Criticando também o facto das secretarias de Estadoterem assumido um carácter “polivalente”, pois “circulamentre ministérios, ao sabor de interesses da coligação”,a TSS manifestou ainda a sua “total discordância com odesaparecimento do Ministério do Trabalho”.

CANDIDATURAS À LIDERANÇA DO PS

João Soares

30 de Julho – Contactos do candidato com apoiantesna FRO e em Leiria; Rui Cunha e Antunes desenvolvemcontactos com apoiantes em Quarteira, Loulé e Vila Realde Santo António.31 de Julho – Jantar do candidato com apoiantes noPorto; Maria Antónia Palla desenvolve contactos comapoiantes em Lagos, Vila do Bispo e Portimão e FernandoCosta em Santiago do Cacém, Santo André e Beja.3 de Agosto – 21h30 – Debate público com JoãoSoares, no auditório da Casa do Brasil, em Santarém.

José Sócrates

29 de Julho – Reunião com militantes em Santarém.

AG

EN

DA 30 de Julho – Jantar com militantes em Braga.

31 de Julho – Reunião com militantes do distrito deSantarém.1 de Agosto – Almoço com militantes de Resende, distritode Viseu.2 de Agosto – Jantar com militantes em Leiria.

Manuel Alegre

30 de Julho – 21h30 – Debate público, com ManuelAlegre, no auditório da Casa do Brasil, em Santarém.

FEDERAÇÕES

11 de Setembro – 10h00 – A Federação do PS deSetúbal promove, nas suas instalações e no âmbito dainiciativa “Diálogos”, um encontro subordinado ao tema“Autarquias e Autarcas / Lei das Autarquias”.

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1729 JULHO 2004

FOGOS FLORESTAIS

REFORÇAR A PROTECÇÃO DOPARQUE NACIONAL DA ARRÁBIDA

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OBRAS PÚBLICAS

FUTURO DO AEROPORTO DA OTACONTINUA POR DEFINIR

CASA ARISTIDES DE SOUSA MENDES

RECUPERAR O EDIFÍCIO E TRANSFORMÁ-LOEM ESCOLA DEMOCRÁTICA DE APRENDIZAGEM

O início, este ano, da época dos fogosflorestais afectou o Parque Natural daArrábida, motivando a preocupação dosdeputados socialistas Paulo Pedroso,José Magalhães, Ana Catarina Mendonçae Alberto Antunes, que em requerimentoreivindicaram a imediata apresentaçãodas medidas tomadas e planeadas paraminimizar os impactos negativos dosincêndios ocorridos, bem como dedesastres similares ou mais graves.Os parlamentares do PS confrontaram oMinistério do Ambiente com anecessidade de se clarificar “o estadoem que se encontra a preparação doPlano de Ordenamento do Parque Naturalda Arrábida”, lembrando que esta foi já“sucessivamente adiada e eivada deinexplicáveis défices de fundamentaçãoe participação”.No mesmo documento, os deputadoseleitos pelo círculo de Setúbal pediramesclarecimentos ao Ministério daAdministração Interna sobre os meiosde vigilância contra incêndios afectos àArrábida em 2001, 2002, 2003 e 2004,requerendo ainda dados relativos àdimensão da área ardida, segundo cadade classificação de protecção em vigor.Para os parlamentares do PS, é urgenteque se dêem a conhecer os conteúdosdos relatórios produzidos pelas forças

que actuaram no combate aos fogos naprimeira semana deste mês, e que sedivulguem as medidas para reforço dosmeios e condições de actuação dascorporações de bombeiros na época deintenso calor por que estamos a passar.

Entretanto, uma delegação deparlamentares socialistas visitou oParque da Arrábida, tendo insistido naurgência de medidas de prevenção ecombate e na necessidade de mobilizaro pessoal de vigilância.

Depois de dois anos e mio de avanços erecuos, os socialistas querem queSantana Lopes defina o futuro do novoaeroporto internacional da Ota. Nestesentido, o deputado António Galambaentregou um requerimento na Assembleiada República em que desafia o primeiro-ministro a garantir que “posiçõespessoais face a este empreendimento não

se sobreporão ao interesse regional, àsiniciativas já desenvolvidas e àsexpectativas criadas junto daspopulações e dos agentes económicos”.Em caso de reafirmação do projecto deconstrução do novo aeroporto na Ota,Galamba quer saber “quando prevê o XVIGoverno que possa ser dado um novo edecisivo impulso no sentido de tornar

irreversível a sua concretização?”Em caso negativo, refere o deputadosocialista, o PS exige que o Executivoexponha as suas “intenções perante umproblema que assumirá particularacutilância no futuro”, com oesgotamento da capacidade do aeroportoda Portela e com o eventual desperdíciode fundos comunitários.

O deputado socialista Carlos Luís, eleitopelo círculo eleitoral da Europa,questionou o ministro da Cultura sobrea falta de apoio para a reconstrução dacasa de Cabanas de Viriato que pertenciaao cônsul Aristides de Sousa Mendes.Num requerimento apresentado naAssembleia da República, Carlos Luíslembrou que, durante a II Guerra Mundial,o cônsul português salvou da morte 30mil refugiados, um terço dos quaisjudeus, concedendo-lhes vistos parafugirem de França em direcção a Portugal.

“É lamentável que uma casa que deviaser um símbolo, uma escola dos valoresda democracia e da liberdade, estejanaquele estado deplorável quando já sevive há 30 anos em democracia”,afirmou.Na opinião do deputado socialista, 50anos após a morte de Aristides de SousaMendes, os portugueses ainda lhe estãoem dívida, sendo a recuperação da casa“uma forma de simbolicamente lhe fazerjustiça”.“O Governo português tem obrigação

moral, ética e política de ajudar aFundação Aristides de Sousa Mendes arecuperar a casa, transformando-a numaescola democrática, de aprendizagem,que deveria ser passagem obrigatóriapara os estudantes, desde a primária aoensino superior”, defendeu.Lembrando que o Executivo socialistaapoiou a causa da fundação, atribuindo-lhe uma verba para ajudar a comprar amansão do diplomata, Carlos Luíslamentou a falta de continuidade dosapoios para a prossecução do projecto.

LUIZ FAGUNDES DUARTE DENUNCIA

AÇORIANOS ESQUECIDOSPELO GOVERNO PSD/PP

O Governo de direita esqueceu-se de todas as promessas feitas aos açorianosnos últimos dois anos. Quem o diz é Luiz Fagundes Duarte, que emconferência de Imprensa na ilha Terceira, destacou desde logo a “falta desolução” para as reivindicações laborais dos trabalhadores portugueses aoserviço dos militares norte-americanos da Base das Lajes.O parlamentar socialista eleito pelo círculo eleitoral dos Açores salientoutambém que o Governo da coligação PSD/CDS-PP não transferiu para aposse da região autónoma o antigo hospital da Boa Nova, para onde estáprevista a instalação da colecção militar do Museu de Angra do Heroísmo.Encontra-se, assim, no centro histórico de Angra do Heroísmo, um imóveldo século XVII “em adiantado estado de ruína, só porque o ministro daDefesa, Paulo Portas, por teimosia ou incompetência, não tomou a decisãoque se esperava”, referiu o deputado do PS.Luiz Fagundes Duarte disse ainda que o Tribunal Judicial do Nordeste, ilhade São Miguel, constituiu “mais uma promessa por cumprir”, apesar doprojecto dispor de dotação orçamental para a construção.O deputado acusou também o antigo primeiro-ministro Durão Barroso deter esquecido a sua promessa de generalização gratuita nas RegiõesAutónomas do sinal dos canais de televisão privados, que continua porconcretizar.

DISCRIMINAÇÃO

SOCIALISTAS CONTRAEXIGÊNCIAS INSÓLITAS

NOS CONSULADOSPORTUGUESES

Na sequência de notícias que dão conta de que os consulados portuguesesnos países africanos de língua portuguesa e de Leste têm exigido aoscidadãos que desejem deslocar-se a Portugal a apresentação dedocumentação “insólita” e “vexatória”, aparentemente, em cumprimentode instruções do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, os deputadossocialistas Celeste Correia e José Leitão exigiram aos ministros dos NegóciosEstrangeiros e da Administração Interna a exposição da “razão justificativadessas exigências e a sua sustentação legal”, bem como o esclarecimentosobre quais os documentos efectivamente exigidos.

INTEGRAÇÃO DE IMIGRANTES

REDUÇÃO DA PROTECÇÃO SOCIALPREOCUPA JOSÈ LEITÃO

Ao mesmo tempo que o Governo apregoa a intenção de promover umamelhor integração dos imigrantes na sociedade portuguesa, as estatísticasdenunciam que tem vindo a diminuir o número de cidadãos estrangeiroscom acesso ao Rendimento Social de Inserção.Esta situação paradoxal e contraditória motivou a entrega de umrequerimento, no passado dia 27 de Julho, no Parlamento, pelo deputadosocialista José Leitão, no qual se exige que o ministro da Segurança Social,da Família e da Criança fundamente legalmente esta variação negativa.Leitão quer que Fernando Negrão diga quantos cidadãos estrangeiros tiverambeneficiaram do RSI desde 2001, a sua nacionalidade e o seu estatuto no país.

PARLAMENTO

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18 29 JULHO 2004

REGULAMENTO PARA A ELEIÇÃO DO SECRETÁRIO-GERALE DOS DELEGADOS AO XIV CONGRESSO NACIONAL

CAPITULO IDisposições Gerais

Art.º 1º(Do Congresso Nacional)

O Congresso Nacional é o órgão de apreciação edefinição das linhas gerais da política nacional doPartido, competindo-lhe aprovar, no momentopróprio, o programa de legislatura e, quando setrate de Congresso ordinário, eleger o Presidente doPartido, a Comissão Nacional, a Comissão Nacionalde Jurisdição e a Comissão Nacional de FiscalizaçãoEconómica e Financeira.

Art.º 2º(Do Secretário-Geral)

O Secretário-Geral representa o Partido, coordena eassegura a sua orientação política, vela pelo seufuncionamento harmonioso e pela aplicação dasdeliberações dos órgãos nacionais, tem assentoem todos os órgãos do Partido e preside às reuniõesda Comissão Política e do Secretariado Nacional,com voto de qualidade.

Art.º 3º(Da Comissão Organizadora do Congresso

– COC)1. Até 60 dias antes do Congresso Nacional, a

Comissão Nacional marca a data e o local dereunião do Congresso Nacional; aprova oRegulamento e o Regimento e elege a ComissãoOrganizadora do Congresso(COC).

2. Para além do estabelecido especificamente noRegulamento do Congresso Nacional, competeà COC a preparação e organização do processoeleitoral do Secretário-Geral e dos Delegadosao Congresso.

3. A COC será composta por um numero de 13militantes, sendo um dos elementos oPresidente, que terá direito a voto de qualidade.

4. Após a entrega das moções políticas deorientação nacional, terá assento nas reuniõesda COC, com direito a voto, um representantede cada moção.

Art.º 4(Da capacidade eleitoral)

1. Só têm capacidade eleitoral activa os militantesdo partido constantes do recenseamento referidono n.º 7 do art.º 7º dos Estatutos, com mais deseis meses de inscrição no momento do actoeleitoral e que tenham regularizado o pagamentode quotas com o pagamento do 1º semestre de2004.

2. Tem capacidade eleitoral passiva para os órgãosdo PS, os inscritos há seis meses comomilitantes, excepto a capacidade para a eleiçãode Secretário-Geral a qual só se adquire apósdezoito meses de inscrição, e desde quetenham regularizado pagamento de quotas como pagamento do 1º semestre de 2004.

3. Os militantes inscritos igualmente em secçõesde acção sectorial e que possam optar peloexercício da sua capacidade eleitoral nessaestrutura, devem comunicar essa intenção àsede nacional, para efeitos de elaboração decaderno eleitoral, no prazo de 15 dias após amarcação da data das eleições.

4. Após a data da marcação da eleição doSecretário-Geral e dos Delegados ao CongressoNacional, não são admitidas transferencias paraalém das previstas no numero anterior bemcomo as decorrentes do facto das secçõesnão terem o numero mínimo de 15 militantes.

Art.º 5º(Da eleição do Secretário-Geral)

1. A eleição do Secretário-Geral decorrerá emsimultâneo com a eleição dos Delegados aoCongresso Nacional, em todas as AssembleiasGerais de militantes das secções de residênciae de acção sectorial, com um numero mínimode 15 militantes.

2. O Secretário-Geral é eleito pelo sistemamaioritário, em lista uninominal, por sufrágiodirecto e universal de todos os militantes deentre os candidatos propostos por um numeromínimo 100 militantes do Partido.

3. Caso nenhuma das candidaturas obtenha amaioria absoluta dos votos expressos, decorreráno dia 29.09 nova Assembleia Geral demilitantes das secções de residência e de acçãosectorial, com o mínimo de 15 militantes, nomesmo local, à mesma hora, com despensa deconvocatória.

4. Compete à Mesa da Assembleia Geral da Secçãoorientar os actos eleitorais e, em especial,proceder à contagem dos votos e à elaboraçãoda acta.

Art.º 6º(Da apresentação de candidatura a

Secretário-Geral)1. A candidatura a Secretário-Geral deverá ser

entregue à COC até 28 dias antes da data daeleição nas secções.

2. A candidatura a Secretário-Geral temobrigatoriamente subjacente uma moçãopolítica de orientação nacional.

Art.º 7º(Da eleição dos Delegados ao Congresso)

1. Os Delegados ao Congresso Nacional, emnumero definido no presente Regulamento, sãoeleitos pelas secções de residência e de acçãosectorial, com base em moções políticas deorientação nacional.

2. Os delegados ao Congresso são eleitos pelométodo da média mais alta de Hondt, devendoos candidatos considerar-se ordenados segundoa sequência constante da respectiva lista.

3. Os delegados por inerência ao CongressoNacional com direito a voto não podem excederum quarto do numero total dos delegadoseleitos.

4. Cada militante do partido só pode serproponente de uma única candidatura a cadaórgão nacional e candidato numa única lista.

5. Compete à Mesa da Assembleia Geral da secçãoorientar os actos eleitorais e, em especial,proceder à contagem dos votos e à elaboraçãoda acta.

6. Até ao inicio do Congresso Nacional, a COCpublicitará a lista completa dos Delegadoseleitos e inerentes ao Congresso.

Art.º 8(Da apresentação de listas de candidatos

a Delegados)1. As listas de candidatos a Delegados ao

Congresso Nacional deverão ser entregues àMesa da Assembleia Geral ou, na sua ausência,ao Secretariado da Secção, até quatro dias antesda data marcada para a eleição, acompanhadasda declaração da aceitação das candidaturas,com referência à moção política de orientaçãonacional que apoiam.

2. Cada lista deve garantir uma representação nãoinferior a 33% de militantes de qualquer dos sexos.

3. As listas de candidatos a Delegados terão deser compostas por um numero de efectivoscorrespondentes ao numero de Delegadosatribuídos à secção e por, pelo menos, metademais um de candidatos suplentes.

4. As listas de candidatos a delegados, após asua aceitação, deverão ser expostas na Secçãopara que os militantes tenham conhecimentoda sua existência.

Art.º 9º(Das moções políticas de orientação

nacional)1. As moções políticas de orientação nacional

são documentos de apreciação e definição daslinhas gerais da política nacional do Partido,subjacente à eleição do Secretário-Geral e dosDelegados ao Congresso.

2. As moções políticas de orientação nacionalpodem ser apresentadas por pelo menos 100militantes com capacidade eleitoral passiva edeverão ser entregues até 28 dias antes da datada eleição.

3. Para os efeitos de apresentação e discussão emCongresso, apenas serão consideradas asmoções subscritas por um numero mínimo de50 delegados.

Art.º 10º(Das moções Sectoriais)

1. As moções sectoriais são documentos quedesenvolvem temas específicos e/ou parcelares;

2. As moções sectoriais podem ser apresentadaspor delegados ao congresso, devendo serentregues à COC até 4 dias antes da realizaçãodo Congresso Nacional.

3. Para efeitos de apresentação e discussão emCongresso, apenas serão consideradas asmoções subscritas por um mínimo de 20delegados até às 13 horas do dia 2.10.

CAPITULO IIAssembleia Geral Eleitoral

Art.º 11º(Da convocatória)

1. A Assembleia Geral de Militantes é convocadacom, dois pontos na Ordem de Trabalhos:Eleição do Secretário-Geral e eleição dosDelegados ao Congresso Nacional.

2. A Assembleia Geral de Militantes é convocadapela Mesa, mediante aviso enviado a todos osmilitantes com capacidade eleitoral até dez diasantes da data marcada para a Assembleia Geral.

3. A convocatória mencionará obrigatoriamenteo dia, o local, o período do horário defuncionamento e a Ordem de Trabalhos daAssembleia.

4. A Assembleia Geral Eleitoral realizar-se-á atéseis dias antes da data do Congresso Nacional,em todas as secções, em dois dias alternativose por um período mínimo de quatro horas.

5. A Mesa da Assembleia Geral de Militantesdeverá endereçar à COC cópia da Convocatória,no prazo máximo de 3 dias após o seu envio.

6. A COC poderá deliberar a convocação deAssembleias Gerais de Militantes nas estruturasque não reuniram na data prevista.

Art.º 12º(Acta da Assembleia Eleitoral)

1. A Mesa da Assembleia Geral terá de lavrar umaacta do acto eleitoral, da qual deverão constar

os seguintes elementos:a. Relação nominal das listas de candidatos

e Delegados com menção obrigatória dasmoções políticas de orientação nacionalque subscrevem.

b. Numero de votos entrados nas urnas;c. Resultados finais das votações para a eleição

do Secretário-Geral e dos Delegados dasecção ao Congresso Nacional;

d. Identificação dos Delegados eleitos, commenção do numero de militante e damoção pela qual foral eleitos;

2. À acta deverá ser anexado o caderno eleitoralrubricado pelos votantes.

3. A acta e o anexo deverão ser recepcionadospela COC, na Sede Nacional, até ao dia 29.09.

4. Os resultados eleitorais deverão ser afixados nolocal da Assembleia Geral de Militantes.

5. Das deliberações da Assembleia Geral deMilitantes cabe recurso para a COC.

6. O recurso das deliberações da Assembleia Geralde Militantes tem de ser recepcionados pelaCOC, na Sede Nacional, até ao dia 27.09.

7. Para efeitos de contagem de prazos, seráconsiderada a data de recepção na SedeNacional.

Art.º 13º(Do numero de Delegados)

O numero de delegados a eleger por cada secçãoserá proporcional ao numero de militantes inscritosem cada secção com capacidade eleitoral activa,de acordo com o seguinte quadro:

15-50 1 Delegado51-150 2 Delegados

151-250 3 Delegados251-350 4 Delegados351-450 5 Delegados451-550 6 Delegados551-650 7 Delegados651-750 8 Delegados751-850 9 Delegados851-950 10 Delegados

951-1050 11 Delegados1051-1150 12 Delegados1151-1250 13 Delegados1251-1350 14 Delegados1351-1450 15 Delegados

+ 1 Delegado por cada 100 militantes

Art.º 14º(Da interpretação e integração)

A interpretação e a integração de lacunas desteRegulamento cabe à COC, tendo em conta oestabelecido nos Estatutos do Partido.

Art.º 15º(Das reclamações)

Os cadernos eleitorais definitivos para a eleição doSecretário-Geral e dos Delegados ao CongressoNacional deverão ser endereçados às secções, atéquinze dias antes da data das eleições, podendoser apresentadas reclamações à COC nos quatrodias subsequentes à data de envio.

Art.º 16º(Da publicidade)

A data e local do Congresso, o presenteRegulamento, o Regimento e a composição da COCserão publicadas no órgão oficial do PS “ AcçãoSocialista”, após a aprovação em ComissãoNacional.

XIV CONGRESSO DO PS

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1929 JULHO 2004

REGIMENTO DO XIV CONGRESSO NACIONALDO PARTIDO SOCIALISTA

Art.º 1(Da data e local do Congresso Nacional)

1. O XIV Congresso Nacional do PS realiza-se nosdias 1,2 e 3 de Outubro de 2004.

2. O XIV Congresso Nacional do PS realiza-se emlocal a definir pela Comissão Organizadora doCongresso.

Art.º 2(Da composição

do Congresso Nacional)1. O Congresso tem, no que respeita ao direito de

voto, a composição seguinte:a. Delegados eleitos pelas secções;b. O Secretário-Geralc. O Presidente do Partido;d. O Presidente Honorário do Partido;e. Os membros da Comissão Política Nacional

e do Secretariado Nacional;f. Os Presidentes dos Grupos Parlamentares e

de representantes do PS na Assembleia daRepublica, no Parlamento Europeu e nasAssembleias Regionais;

g. Os Presidentes das Federaçõesh. Os membros da JS que integram a

Comissão Nacional;i. Os Presidentes da Tendência Sindical

Socialista, da Associação Nacional deAutarcas Socialistas e do DepartamentoNacional das Mulheres Socialistas;

j. O Socialista que presida à InternacionalSocialista se for membro do PS.

2. Participam ainda no congresso, sem direito avoto;a. Os restantes membros dos órgãos

nacionais;b. Os membros do Governo e dos Grupos

Parlamentares na Assembleia da Republica,nas assembleias Regionais e no ParlamentoEuropeu, filiados no PS;

c. Os membros dos Governos Regionaisfiliados no PS;

d. Os presidentes das Câmaras Municipais,os presidentes das Assembleias Municipaise membros das Assembleias Regionais doPS, ou os primeiros eleitos para aquelesórgãos municipais filiados no PS;

e. Os presidentes das Comissões PolíticasConcelhias;

f. Os membros do órgão executivo nacionaldo Departamento Nacional das mulheresSocialistas.

3. Os Delegados ao Congresso enumerados nasalíneas b)a j) do nº1 não podem exceder umquarto do numero total dos Delegados eleitos.

Art.º 3( Da eleição do Presidente do Partido )

1. O Presidente do Partido é eleito por voto secreto,em lista uninominal, no início dos trabalhosdo Congresso, proposta pelo mínimo de 5%dos delegados;

2. As candidaturas a Presidente, subscritas pelosdelegados, deverão ser entregues à COC até 3dias antes do início do Congresso;

3. A votação para a eleição do Presidente doPartido realiza-se por um período mínimo deduas horas e até à sessão de abertura doCongresso.

Art.º 4( Dos órgãos do Congresso )

1. No início dos trabalhos, o Congresso elege, deentre os seus membros, a Comissão deVerificação de Poderes e a Mesa, sob propostado Secretário-Geral eleito; e a Comissão deHonra do Congresso, sob proposta doPresidente do Partido;

2. A Comissão de Verificação de Poderes éconstituída por quatro membros eleitos peloCongresso e presidida pelo Presidente daComissão Nacional de Jurisdição, competindo-lhe julgar a regularidade da composição doCongresso e conhecer de quaisquerirregularidades surgidas na identificação dosrespectivos membros;

3. A mesa do Congresso é composta por cincoVice-Presidentes e dez Secretários eleitos pelosdelegados, e pelo Secretário-Geral eleito, pordireito próprio;

4. A Comissão de Honra do Congresso éconstituída por sete a quinze membros de entreos seus militantes que tenham desempenhadopapel relevantes ao serviço do Partido, daDemocracia ou do País.

Art.º 5( Do Presidente do Congresso )

1. O Presidente do Partido é o Presidente da Mesado Congresso, competindo-lhe iniciar ostrabalhos do Congresso; conceder ou retirar ouso da palavra; e assegurar a normalidade dosdebates, em cooperação com os restantesmembros da Mesa, nos termos em que para oefeito acordem;

2. Compete aos Vice-Presidentes substituir oPresidente nas suas ausências e impedimentos.

Art.º 6( Da Ordem de Trabalhos )

1. O XIV Congresso Nacional terá a seguinte Ordemde Trabalhos:

Dia 1 – Sexta-feira

20 às 24 – Período de acreditação dos Delegados20 às 24 – Início das votações

Ponto 1 – Eleição do Presidente do PartidoPonto 2 – Eleição da Comissão de Verificação

de PoderesPonto 3 – Eleição da Mesa do Congresso

NacionalPonto 4 – Eleição da Comissão de Honra do

Congresso Nacional

Dia 2 - Sábado

9 às 11 – Conclusão das votações dos Pontos1, 2, 3 e 4

Ponto 5 – Sessão de Abertura do CongressoNacional

– Proclamação dos resultados davotação para a eleição do Presidente

– Intervenção do Presidente eleitoPonto 6 – Apresentação, discussão e votação

das Moções políticas de orientaçãonacional, subscritas por um numeromínimo de 50 delegados.

Interrupção para almoçoContinuação do Ponto 6Votações do Ponto 6Interrupção para jantar

Ponto 7 – Apresentação, discussão e votaçãodas moções sectoriais, subscritaspor um mínimo de 20 delegados

Entrega das listas de candidatos aos órgãosnacionais (Prazo definido pela Mesa )

Dia 3 - Domingo

Ponto 8 – Apresentação das listas decandidatos aos órgãos nacionais

Ponto 9 – Votação das listas de candidatos aosórgãos nacionais

Proclamação dos resultadosPonto 10 –Sessão de Encerramento com

Intervenção do Secretário-Geral

2. A COC procederá à definição horária da Ordemde Trabalhos.

Art.º 7( Funcionamento do Congresso )

1. As deliberações do Congresso Nacional sãoválidas desde que tomadas pela maioria donúmero total dos seus membros, e por maioriasimples, sendo imperativas para todos osórgãos e membros do Partido;

2. O voto é pessoal e presencial;3. O “quorum” previsto no número um só é

exigível para deliberar, sendo que a respectivaverificação ocorrerá ou por iniciativa da Mesaou a pedido de qualquer dos delegadospresentes, podendo o Congresso funcionarcom qualquer número de presenças;

4. É dispensada a leitura das propostas e moçõesapresentadas para discutir e votar peloCongresso, desde que tenham sidodistribuídas pelos delegados;

5. A Mesa é soberana na orientação dos trabalhosdo Congresso.

Art.º 8( Das discussões políticas )

1. Para a apresentação das moções políticas deorientação nacional, subscritas por umnumero mínimo de 50 delegados, os seusproponentes poderão intervir durante vinteminutos;

2. Para a apresentação das moções sectoriais,subscritas por um mínimo de 20 delegados,os seus proponentes poderão intervir por umperíodo de tempo fixado pela Mesa em funçãodo cumprimento da Ordem de Trabalhos;

3. Para a apresentação das lista de candidatosaos órgãos nacionais, subscritas por ummínimo de 5% dos delegados ao Congresso,os seus proponentes poderão intervir duranteum período global de dez minutos;

4. Em função do número de inscritos em cadaponto da Ordem de Trabalhos, a mesa estipulaa duração máxima de cada intervenção;

5. A Mesa definirá a duração global dasintervenções dos proponentes noencerramento da discussão das moçõespolíticas de orientação nacional.

Art.º 9( Das intervenções )

1. Os delegados ao Congresso poderão participarnos trabalhos através de intervenções,requerimentos, reclamações e declarações devoto;

2. As intervenções poderão ser efectuadasmediante a entrega na mesa de um pedido depalavra;

3. Os requerimentos, são pedidos dirigidos àMesa e reportam-se ao modo de apresentação,discussão e votação de qualquer assunto;

4. Os requerimentos, que terão de ser votadospelo Congresso, consideram-se aprovados seobtiverem 2/3 dos votos dos delegadospresentes;

5. As reclamações ( Pontos de Ordem ), que sãopedidos dirigidos à Mesa, reportam-se àinfracção dos Estatutos, do Regulamento oudo Regimento do Congresso;

6. À Mesa cabe deliberar imediatamente sobreas reclamações ( Pontos de Ordem ), comrecurso, para o plenário do Congresso, porparte do reclamante;

7. As declarações de voto são apresentadas àMesa por escrito, ficando anexas à acta doCongresso, a qual será elaborada pela Mesaaté 30 dias após a data da realização doCongresso e entregue ao SecretariadoNacional.

Art.º 10(Das listas de candidatos aos órgãos

nacionais)1. As listas de candidatos a membros da

Comissão Nacional, da Comissão Nacional deJurisdição e da Comissão Nacional deFiscalização Económica e Financeira sãosufragados por voto secreto, através do sistemade listas completas e segundo o princípio darepresentação proporcional, sendo propostaspor um mínimo de 5% dos delegados aoCongresso;

2. As listas apresentadas serão compostas por umnúmero de candidatos efectivoscorrespondentes ao órgão nacional em causae, pelo menos, de metade de candidatossuplentes;

3. Cada lista deve garantir uma representação nãoinferior a 33% de militantes de qualquer dossexos

4. No decurso dos trabalhos, a Mesa determinaráo prazo limite para a entrega das listas decandidatos;

5. As listas de candidatos deverão ser entreguesna Mesa acompanhadas das respectivasdeclarações de aceitação dos candidatos, daqual constará obrigatoriamente o nomecompleto, o número de militante e a assinaturado candidato;

6. Cada delegado ao Congresso só pode serproponente de uma única candidatura a cadaórgão nacional e candidato numa única lista.

Art.º 11(Da interpretação e integração das

lacunas)Compete à Mesa a interpretação e integração delacunas do presente Regimento e a resolução doscasos omissos, cabendo recurso para o Congresso.

Art.º 12(Da publicidade)

O presente Regimento do XIV Congresso Nacionaldo PS será publicado no órgão oficial do PS “AcçãoSocialista”, após ser aprovado em ComissãoNacional.

COMISSÃOORGANIZADORA

DO XIV CONGRESSOANTÓNIO VIEIRA DA SILVA – PRESIDENTEANTÓNIO GALAMBAANTÓNIO RAMOS PRETOARTUR PENEDOSAUGUSTO SANTOS SILVACAROLINA TITO MORAISCARLOS LUISIDÁLIA MONIZJOÃO PAULO REBELOMARIA DE BELÉMRENATO SAMPAIOSÓNIA FERTUZINHOSVERA JARDIM

NOTA: A estes elementos acrescem umdelegado por cada candidato / moção deorientação global apresentada.

XIV CONGRESSO DO PS

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20 29 JULHO 2004

DIRECTOR Augusto Santos Silva | DIRECTOR-ADJUNTO Silvino Gomes da Silva [email protected] | REDACÇÃO J.C. Castelo

Branco [email protected]; Mary Rodrigues [email protected]; P. Pisco [email protected] | SECRETARIADO Virginia Damas [email protected]

PAGINAÇÃO ELECTRÓNICA Francisco Sandoval [email protected] | EDIÇÃO INTERNET José Raimundo; Francisco Sandoval

REDACÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E EXPEDIÇÃO Partido Socialista; Largo do Rato 2, 1269-143 Lisboa; Telefone 21 382 20 00, Fax 21 382 20 33

DEPÓSITO LEGAL Nº 21339/88 | ISSN: 0871-102X | IMPRESSÃO Mirandela, Artes Gráficas SA; Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaÓRGÃO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA

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w w w . p s . p t / a c c a oToda a colaboração deverá ser enviada para o endereço do jornalou para [email protected]

Quotas em diaDever cumprido

Direitos assegurados

PPPPPAGUEAGUEAGUEAGUEAGUEA SUA SUA SUA SUA SUA!A!A!A!A!

CALENDÁRIO XIV CONGRESSO NACIONAL1, 2 E 3 DE OUTUBRO

PUBLICAÇÃO DO REGULAMENTO E REGIMENTOS 29.07

OPÇÃO DE VOTO PARA MILITANTES COM DUPLA MILITANCIA 15 DIAS APÓS MARCAÇÃO 03.08

ENVIO DE LISTAGEM PROVISÓRIA DE INSCRITOS EDE EXTRACTO DE PAGAMENTO DE QUOTAS 09.08

RECEPÇÃO DE RECLAMAÇÕES DA LISTAGEM PROVISÓRIA 24.08

ENTREGA DAS CANDIDATURAS A SECRETÁRIO-GERAL 28 DIAS ANTES DA ELEIÇÃO DO SECRETÁRIO-GERALE DE MOÇÕES DE ORIENTAÇÃO POLITICA E DOS DELEGADOS 26.08

PUBLICAÇÃO DAS MOÇÕES DE ORIENTAÇÃO POLITICA 02.09

ENVIO DE CADERNOS ELEITORAIS DEFINITIVOS ATÉ 15 DIAS ANTES DA AGM 06.09

PRAZO PARA A RECLAMAÇÃO DOS CADERNOS ELEITORAIS 4 DIAS APÓS O ENVIO 10.09

ENVIO DE CONVOCATÓRIAS PARA A AGMILITANTES 10 DIAS ANTES DA AGM 14 e 15.09

ENVIO DE EXTRACTO DE PAGAMENTO DE QUOTAS 17.09

ENTREGA DAS LISTAS DE DELEGADOS 4 DIAS ANTES DA AGM 20 e 21.09

ELEIÇÃO DO SECRETÁRIO-GERAL E DELEGADOS AO CONGRESSO 24 e 25.09

ENTREGA DAS MOÇÕES SECTORIAIS 4 DIAS ANTES DO CONGRESSO 27.09

PRAZO DE RECEPÇÃO DE RECLAMAÇÕES 27.09

PRAZO DE RECEPÇÃO DA ACTA DAS ASSEMBLEIAS GERAIS DE MILITANTES 29.09

PRAZO DE ANALISE DE RECLAMAÇÕES 24 HORAS APÓS A RECEPÇÃO 29.09

EVENTUAL REPETIÇÃO DAS ASSEMBLEIAS GERAIS DE MILITANTES 29.09

CONGRESSO NACIONAL 01.02 e 3.10

XIV CONGRESSO DO PS