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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP LAURETATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – PROACAD PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ADAÍAS SILVINO DA SILVA PROGRAMA DE MENTORIA – ESTUDO EM UMA EMPRESA INTERNACIONAL DE ENERGIA NATAL/RN 2013

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

LAURETATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA – PROACAD

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ADAÍAS SILVINO DA SILVA

PROGRAMA DE MENTORIA – ESTUDO EM UMA EMPRESA INTERN ACIONAL

DE ENERGIA

NATAL/RN

2013

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ADAÍAS SILVINO DA SILVA

PROGRAMA DE MENTORIA: ESTUDO EM UMA EMPRESA INTERNA CIONAL DE

ENERGIA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para qualificação ao título de Mestre em Administração na área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

Orientadora: Profª. Drª. Lydia Maria Pinto Brito

NATAL/RN

2013

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S586p Silva, Adaías Silvino da.

Programa de mentoria: estudo em uma

empresa internacional de energia / Adaías Silvino da Silva. –

Natal/RN, 2013.

115f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade

Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.

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ADAÍAS SILVINO DA SILVA

PROGRAMA DE MENTORIA: ESTUDO EM UMA EMPRESA INTERNA CIONAL DE

ENERGIA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade Potiguar, como requisito para qualificação ao título de Mestre em Administração na área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

Data da aprovação: ______/______/_______.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Profª. Drª. Lydia Maria Pinto Brito Orientadora

Universidade Potiguar - UnP

______________________________________________

Profª Drª Fernanda Fernandes Gurgel, Dra.

Membro Examinador Interno

Universidade Potiguar - UnP

______________________________________________

Profª. Drª Jomária Mata de Lima Alloufa

Membro Examinador Externo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

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DEDICATÓRIA

Às pessoas mais importantes na minha vida:

- Elza Silvino, mãe (in memoriam), educadora, quem mais me incentivou nos

estudos e me fez acreditar que, mesmo em meio às adversidades eu poderia chegar

longe;

- Antônio Silvino, pai, amigo, exemplo de moral, ética e responsabilidade,

valores que me transmitiu na sabedoria de sua vivência;

- Ângelo e Marianna, filhos adorados, razões da minha existência e motivos

de alegria em minha vida;

- Patrícia, alma-gêmea, companheira de todas as horas e situações, porto

seguro para todas as certezas e incertezas da vida;

- Silvano, irmão, amor fraterno que conserva o seu perfume de infância

através dos anos, como diria Rachel de Queiroz, quem possui irmão, guarda consigo

uma reserva de intacta meninice.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, o artífice da vida.

Agradeço à minha orientadora, professora Lydia, pela confiança e apoio

dados em todos os momentos, por sua paciência e toda a dedicação dispensados à

construção deste trabalho.

Agradeço aos meus professores, desde dona Zélia do jardim de infância até

os professores do mestrado, por me despertarem o gosto pela eterna procura pelo

saber.

Agradeço à professora Tereza que me fez perseverar na busca e

consecução dos meus objetivos.

Agradeço a meu amigo Filipe, pelo incentivo e suporte dados a todo

momento.

Agradeço à colega Catarina, por contribuir e viabilizar a pesquisa, sua

atenção e boa vontade foram essenciais para que tudo pudesse se concretizar.

Por fim, agradeço a todos que contribuíram para este trabalho direta ou

indiretamente com suas ideias, sugestões e apoio.

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RESUMO O conhecimento de talentos em uma organização constitui-se como fator primordial de sua sobrevivência, donde gerenciá-lo tornou-se ativo estratégico que provê à organização uma vantagem competitiva. Neste sentido, a mentoria tem se constituído como uma importante ferramenta de gestão de pessoas para disseminação e perpetuação do conhecimento organizacional. Nessa esguelha, este estudo teve como objetivo principal analisar o processo de compartilhamento de conhecimento, na perspectiva dos mentores e mentorados, que participaram de um programa de mentoria, implantado em uma empresa internacional de energia. Trata-se de um estudo de caso, com uma perspectiva quantitativa, no qual foram utilizados dois questionários - um para os mentores e outro para os mentorados -, baseado no modelo de compartilhamento de conhecimento de Tonet e Paz (2006). A pesquisa foi censitária com percentual de resposta de 86%. Os resultados evidenciaram que para as quatro fases do modelo - iniciação, implementação, apoio e incorporação - os valores apurados de Ranking Médio (superiores a 3) e os percentuais de concordantes (acima de 70%) são considerados aceitáveis, o que demonstra bom planejamento e boa execução do programa por parte da organização pesquisada, desde a fase de iniciação (com a escolha do conhecimento que faz parte da estratégia da organização e vinculado às atividades dos mentorados), passando para a fase de implementação (através de uma boa comunicação e o estabelecimento de uma relação de confiança entre mentores e mentorados), seguindo na fase de apoio (com o mentor tutoriando o uso do conhecimento e a assimilação do conhecimento pelo mentorado) e terminando na fase de incorporação - na qual a falta de obstáculos contribuiu para o uso do conhecimento às atividades do mentorado. Ante o exposto, pode-se afirmar que o conhecimento foi transmitido, assimilado e está sendo utilizado.

Palavras-chave : gestão do conhecimento; compartilhamento do conhecimento; mentoria.

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ABSTRACT

The knowledge of talents in an organization constitutes a prime factor for its survival, from where managing it has become a strategic asset that provides a competitive advantage for the organization. Thus, mentoring has been established as an important tool for people management and, also, the spread and perpetuation of organizational knowledge. Thereby, this study aimed to analyze the process of knowledge sharing, the perception of mentors and mentees, who participated in a mentoring program, deployed in an international energy company. This is a case study, with a quantitative perspective, where was used two questionnaires - one for the mentors and another for the mentees - based on knowledge sharing model of Tonet and Paz (2006). The research was censitary with 86% of responses. The result showed that for the four phases of the model - initiation, implementation, support and incorporation - the values calculated of medium Ranking (greater than 3) and the percentage of concordants (over 70%) are considered acceptable, which shows good planning and execution of the program by the studied organization, since the initiation phase (with the choice of knowledge that is part of the organization's strategy and also linked to the activities of mentees), moving to the implementation phase (through a good communication and the establishment of a relationship of trust between the mentors and mentees), following the support phase (with the mentor steering the use of knowledge and its assimilation by the mentee) and ending in the phase of incorporation - in which the lack of obstacles contributed for the use of knowledge on the mentee activities. Based on the foregoing, it can be said that knowledge was transmitted, absorbed and it's being used.

Keywords: knowledge management. knowledge sharing. mentoring

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição do efetivo de empregados da empresa pesquisada por tempo

de companhia. ........................................................................................................... 15

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Vantagens do mentor interno versus mentor externo .............................. 22

Quadro 2 - Relação entre a perspectiva industrial e a do conhecimento. ................. 29

Quadro 3 - Definição de dado, informação e conhecimento...................................... 33

Quadro 4 - Definições de conhecimento tácito e conhecimento explícito. ................ 35

Quadro 5 - Conhecimento. ........................................................................................ 36

Quadro 6 - Etapas no processo de gestão do conhecimento .................................... 38

Quadro 7 - Atritos e soluções para o compartilhamento do conhecimento. .............. 44

Quadro 8 - Fatores que influenciam a relevância da fase de iniciação. .................... 54

Quadro 9 - Principais dificuldades da fase de iniciação. ........................................... 55

Quadro 10 - Principais problemas da fase de implementação. ................................. 55

Quadro 11 - Fatores que influenciam a relevância da fase de implementação. ........ 56

Quadro 12 - Principais dificuldades da fase de implementação. ............................... 57

Quadro 13 - Problemas que podem surgir na fase de apoio. .................................... 58

Quadro 14 - Problemas que podem ocorrer na fase de incorporação. ...................... 59

Quadro 15 - Dificuldades que podem ocorrer na fase de incorporação. ................... 59

Quadro 16 - Pontuação da escala Likert. .................................................................. 65

Quadro 17 - Cálculo do Ranking Médio. ................................................................... 65

Quadro 18 - Objetivos do projeto versus instrumento de coleta de dados. ............... 67

Quadro 19 - Variáveis da pesquisa. .......................................................................... 68

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Atividades realizadas no processo de gestão de conhecimento ................ 39

Figura 2: Modelo de Compartilhamento do Conhecimento. ...................................... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sujeitos da pesquisa. ................................................................................. 63

Tabela 2: Gênero. ...................................................................................................... 71

Tabela 3: Tempo de empresa. ................................................................................... 71

Tabela 4: Nível de escolaridade. ............................................................................... 72

Tabela 5: Função com gratificação formal. ................................................................ 73

Tabela 6: Percepção dos mentores ........................................................................... 74

Tabela 7: Percepção dos mentorados ....................................................................... 74

Tabela 8: Fatores que mais contribuíram na fase de iniciação. ................................. 76

Tabela 9: Fatores que menos contribuíram na fase de iniciação............................... 79

Tabela 10: Fatores que mais contribuíram na fase de implementação. .................... 81

Tabela 11: Fatores que menos contribuíram na fase de implementação................... 83

Tabela 12: Fatores que mais contribuíram na fase de apoio. .................................... 86

Tabela 13: Fatores que menos contribuíram na fase de apoio .................................. 87

Tabela 14: Fatores que mais contribuíram na fase de incorporação. ........................ 88

Tabela15: Fatores que menos contribuíram na fase de incorporação. ...................... 90

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 13

1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 15

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16

1.3.1 Geral ................................................................................................................ 16

1.3.2 Específicos ..................................................................................................... 16

1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 17

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 18

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................... ....................................................... 19

2.1 MENTORIA ......................................................................................................... 19

2.2 TIPOS DE MENTORIA ........................................................................................ 20

2.3 MENTOR INTERNO VERSUS MENTOR EXTERNO ......................................... 21

2.4 AS FUNÇÕES DA MENTORIA ............................................................................ 23

2.4.1 Funções de carreira ....................................................................................... 24

2.4.2 Funções psicossociais .................................................................................. 25

2.5 ESTÁGIOS OU FASES DE MENTORIA ............................................................. 26

2.6 GESTÃO DO CONHECIMENTO ......................................................................... 27

2.6.1 Conceitos básicos - dados, informação e conhe cimento ........................... 31

2.6.2 Tipos de conhecimento ................................................................................. 33

2.6.3 Criação e conversão do conhecimento ........................................................ 35

2.6.4 Gestão do conhecimento ............................................................................... 37

2.6.5 Compartilhamento de conhecimento ........................................................... 41

2.6.6 Compartilhamento de conhecimento e mentoria ........................................ 44

2.6.7 Fatores que influenciam o compartilhamento de conhecimento ............... 46

2.6.8 Modelo de Compartilhamento de conhecimento ap licado na pesquisa .... 52

2.6.8.1 As Fases do Modelo ...................................................................................... 54

3 METODOLOGIA ..................................... ............................................................... 62

3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 62

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA ................................................................................. 62

3.3 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS ............................................................ 63

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS .............................................................................. 64

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS DE ESTUDO .............................................................. 67

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 68

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO .......................................................... 68

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS ........................................................ 70

4.2.1 Gênero ............................................................................................................. 70

4.2.2 Tempo de empresa ......................................................................................... 71

4.2.3 Escolaridade ................................................................................................... 72

4.2.4 Função gratificada ......................................................................................... 73

4.3 COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO NA MENTORIA ........................ 74

4.3.1 Diagnóstico da fase de iniciação .................................................................. 75

4.3.2 Diagnóstico da fase de implementação ....................................................... 80

4.3.3 Diagnóstico da fase de apoio ........................................................................ 85

4.3.4 Diagnóstico da fase de incorporação ............................................................... 88

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 92

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1 INTRODUÇÃO

Na sociedade atual, o principal fator de produção passou a ser o

conhecimento organizacional. Diante disso, o capital e os bens tangíveis deixaram

de ser os fatores determinantes para geração de valor. Atualmente, as empresas

possuem valor de mercado bem maior que o seu valor contábil. Com isso, o novo

cenário demonstra que a principal riqueza de uma organização está na sua

capacidade de inovação, através da experiência, conhecimento e do talento do seu

capital humano.

O conhecimento de valor que a organização necessita, para produção de

bens e serviços diferenciados, na maioria dos casos, está na própria organização.

Ele encontra-se consolidado na mente dos ativos intelectuais, dos talentos,

conhecimento este advindo da experiência desses indivíduos na organização.

Um dos grandes desafios das organizações é implementar práticas de

gestão que lhes permitam gerir melhor o conhecimento de seus empregados,

visando fazer dessa prática um diferencial competitivo em relação aos seus

concorrentes, de forma a extrair o conhecimento dos seus principais talentos e

repassá-los aos potenciais talentos. Essa transferência de conhecimento é

fundamental para que o conhecimento permaneça na organização, dessa forma, o

mesmo não se perde com a saída dos seus talentos; vê-se então a importância da

aceleração na aprendizagem dos novos talentos.

É nesse sentido que algumas organizações estão implementando programas

de mentoria com o objetivo de compartilhar os conhecimentos de empregados mais

experientes com empregados mais novos.

Dessa forma, esta dissertação tem como objetivo principal, analisar o

processo de compartilhamento de conhecimento, na perspectiva dos mentores e

mentorados, que participaram de um programa de mentoria, implantado em uma

empresa internacional de energia.

Nesse capítulo, é apresentada a contextualização que baseou a elaboração deste

trabalho, o problema e as questões de pesquisa, os objetivos geral e específicos a

serem atingidos, e a justificativa.

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Embora a tecnologia tenha evoluído de forma acelerada nos últimos anos,

no cenário atual, ainda é o conhecimento, o diferencial competitivo das

organizações, pois é ele o principal componente da inovação. Dessa forma, acredita-

se que o conhecimento é a alavanca definitiva da vantagem do capital humano sobre

o capital financeiro e a tecnologia, em organizações bem estruturadas,

eficientemente organizadas e tecnologicamente atualizadas (RODRIGUEZ, 2002).

É nesse sentido que a gestão do conhecimento tem se constituído, nas

últimas três décadas, objeto de estudo da academia e uma importante ferramenta de

gestão das organizações. Durante esse período, as organizações vêm se moldando

e adaptando suas formas de gestão para acompanhar as mudanças que a

tecnologia, as estratégias e as pessoas impõem constantes melhorias no processo

da gestão do conhecimento.

Até meados dos anos 80, o trabalhador era visto pelos gerentes apenas

como unidade de custo e não como um ativo da organização (DAVENPORT, 2001).

Foi nesse período que as organizações, motivadas pela reengenharia,

implementaram o downsizing, visando reduzir os seus custos, principalmente o custo

de pessoal (RODRIGUEZ, 2002). O enxugamento de pessoal resultou em uma

perda considerável de conhecimento nas organizações, com a saída de pessoas

experientes, acarretando um aumento de falhas nos seus processos (BUKOWITZ;

WILLIAMS, 2002).

Com a fabricação dos primeiros microcomputadores no início dos anos 80 e

o surgimento da internet, aproximadamente uma década depois, as organizações

passaram a ter acesso a um conjunto maior de informações. Entendiam os gestores

ocidentais, na visão de Nonaka e Takeuchi (1997), que a criação do conhecimento

se dava através da transferência das informações dos manuais, procedimentos,

portais, etc., para as pessoas. O conhecimento explícito era, na visão dos ocidentais,

a principal fonte de conhecimento organizacional.

Ao contrário do que entendiam os gestores ocidentais, os japoneses fizeram

da criação do conhecimento tácito o seu principal fator de competitividade

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997). De acordo com esses autores, a construção do

conhecimento nas organizações japonesas se dá através do relacionamento

sinérgico entre o conhecimento tácito que está na cabeça das pessoas. Este

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conhecimento é aumentado gradativamente através das experiências vividas pelos

indivíduos ao longo de sua carreira na organização.

De acordo com Sveiby (1998) ; Nonaka e Takeuchi (1997), o diferencial de

uma organização está no conhecimento de valor inerente a cada trabalhador, porém,

é necessário que haja a interação entre os mesmos para que assim ocorram trocas

desses conhecimentos, contribuindo para a inovação e o aprendizado da

organização mais rapidamente que dos seus concorrentes.

Toda organização possui, em maior ou menor escala, valiosos materiais

intelectuais sob as mais diversas formas. Saber garimpar o talento de valor, separar

o verdadeiro capital intelectual e gerenciá-lo de forma eficiente e eficaz é,

atualmente, um dos grandes desafios organizacionais (STEWART, 1998),

salientando-se que o capital intelectual compõe-se de: Capital Humano; Capital

Estrutural; e Capital de Marca (também chamado capital-cliente). Ainda, segundo

Stewart (1998), o ativo humano é o bem mais valioso que existe nas organizações,

porém, a verdade é que apenas uma pequena parcela se constitui nos ativos de

valor.

Em decorrência da importância da gestão do conhecimento nas estratégias

organizacionais e a possibilidade de perda dos seus trabalhadores através de

demissões, aposentadorias, etc., levando com eles o conhecimento de valor, as

organizações passaram a adotar, no início dos anos 90, programas de mentoria

visando à disseminação e retenção do seu principal ativo (BELL, 2005).

A ideia principal da mentoria é a transferência de conhecimento de um

profissional mais experiente, denominado mentor, para um profissional menos

experiente na organização, denominado mentorado. Segundo Bell (2005), a

mentoria é uma ferramenta de gestão onde o mentor, ou sábio corporativo, ajuda

outrem, ou um jovem inexperiente, a aprender algo que seria, de outra maneira,

aprendido não tão bem, mais lentamente ou de nenhuma maneira.

Os trabalhadores novatos ao chegarem às organizações, possuem o

conhecimento de sala de aula, da academia, dos cursos externos e dos cursos de

formação. Enquanto os trabalhadores que permanecem há mais tempo nas

organizações, ou os mais experientes, além do conhecimento adquirido na sala de

aula, possuem o conhecimento advindo da experiência, das redes de

relacionamento e o conhecimento organizacional, que na visão de Nonaka e

Takeuchi (1997), constituem-se no principal conhecimento organizacional.

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Diante disso, repassar o conhecimento dos trabalhadores mais experientes

para os novatos através de programas de mentoria é, atualmente, fator de

sobrevivência das organizações, na medida em que evita a perda ou fuga do

conhecimento de seus talentos. Assim sendo, o conhecimento permanece na

organização, evita a descontinuidade operacional, podendo também ser usado na

criação de produtos e serviços que garantam à organização uma vantagem

competitiva.

1.2 PROBLEMA

A organização estudada, uma empresa internacional de energia, passou por

um período de aproximadamente dez anos, entre 1990 e 2000, realizando apenas

admissões pontuais. Nesse período, conforme pode ser visto no gráfico 1, formou-se

um hiato de aproximadamente 10 anos entre o tempo de serviço na organização dos

empregados mais experientes e os novatos.

Gráfico 1: Distribuição do efetivo de empregados da empresa pesquisada por tempo de companhia.

Fonte: Base BW, jul/2011.

O vale existente entre os 52% de empregados com menos de 10 anos e os

46% com mais de 20 anos, despertou uma preocupação quanto ao distanciamento

entre o tempo de companhia dos empregados mais novos e os experientes. Na

visão da organização, o conhecimento de valor se dá de forma mais preponderante

a partir das experiências vividas ao longo da vida no trabalho, da construção de

redes de relacionamento e da identificação e absorção da cultura da empresa. Tal

visão é compartilhada por Nonaka e Takeuchi (1997), que afirmam que o

conhecimento de valor advém da experiência, das redes de relacionamento e do

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conhecimento organizacional.

A concentração de conhecimento estratégico/crítico em alguns especialistas

da organização, o elevado índice de potenciais aposentadorias desses técnicos e o

risco da saída dos mesmos, levando com eles conhecimentos estratégicos que não

haviam sido repassados para técnicos mais novos, despertou na organização a

necessidade de adoção de um programa de gestão para reter na empresa esse

conhecimento de valor.

Definidos o conhecimento, seus transmissores e receptores, foi planejado e

implementado na organização um programa formal de mentoria, com o objetivo de

compartilhar o conhecimento dos empregados com experiência e elevado

conhecimento técnico, com os empregados mais novos e inexperientes.

O fato do programa de mentoria formal planejado ter sido implementado não

é suficiente para concluir que o objetivo relacionado ao compartilhamento de

conhecimento foi atingido. Necessária se faz então uma investigação sobre a

efetividade desse processo, tomando como referência os fatores que contribuíram

de forma positiva e negativa.

Desse modo, a questão de pesquisa consiste em: De que forma é percebido

o compartilhamento de conhecimento, pelos mentores e mentorados de uma

empresa internacional de energia que participaram de um programa de mentoria?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Analisar o processo de compartilhamento de conhecimento, na perspectiva

dos mentores e mentorados, que participaram de um programa de mentoria,

implantado em uma empresa internacional de energia.

1.3.2 Específicos

a) Caracterizar o perfil dos respondentes segundo suas características

sociodemográficas;

b) Verificar de que forma ocorre a iniciação no processo de

compartilhamento de conhecimento;

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c) Averiguar de que forma são estabelecidos os vínculos entre mentores e

mentorados na implementação do processo de compartilhamento de

conhecimento;

d) Analisar de que forma acontece o apoio nas primeiras tentativas de

aplicação do conhecimento compartilhado;

e) Verificar de que forma acontece a incorporação do conhecimento

compartilhado.

1.4 JUSTIFICATIVA

Atualmente, as organizações estão buscando novas estratégias que visam o

alcance de vantagens competitivas. Nesse sentido, as organizações, sob uma nova

ótica para as práticas de gestão, estão implementando programas formais de

mentoria que visam criar e reter o conhecimento de valor dos seus ativos

intelectuais.

Diante disso, a organização internacional de energia pesquisada fomentou

iniciativas que valorizavam a gestão de conhecimento a partir de 2010. Dentre as

iniciativas planejadas, o programa mentor foi implementado no ano de 2012,

podendo ser analisado o processo de compartilhamento de conhecimento em todas

as suas etapas.

Do ponto de vista social, esta dissertação pode contribuir com os gestores

das demais organizações, à medida que os resultados obtidos permitem visualizar

uma real implementação de um programa de mentoria. Os pontos positivos e os

obstáculos constatados na pesquisa e aqui evidenciados servem de aprendizado

para os futuros implementadores da mentoria.

Do ponto de vista científico, é uma contribuição ou legado sobre um tema

que, embora seja importante na esfera da administração de empresas, não possui

muitos registros literários disponíveis em português. A maior parte das pesquisas

acadêmicas nacionais sobre mentoria enfocam as funções de carreira e

psicossocial; no entanto, esta pesquisa visa focar o compartilhamento de

conhecimento na mentoria, conforme a visão de seus principais atores.

Do ponto de vista do pesquisador, é uma oportunidade de incorporar novos

conhecimentos sobre um tema relevante, possibilitando trilhar novos desafios e

abrindo novas perspectivas para aplicação dos conhecimentos adquiridos.

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1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação se encontrada estruturada em cinco capítulos: o primeiro,

apresenta a introdução, contendo a contextualização, o problema, o objetivo geral,

os objetivos específicos e a justificativa.

No segundo capítulo é realizada uma revisão bibliográfica acerca da

Mentoria e da Gestão do conhecimento. Inicia pela mentoria – abarcando seus tipos,

Mentor Interno versus Mentor Externo, funções da Mentoria (Funções de Carreira,

Funções Psicossociais), e, por fim, seus estágios ou fases. Em seguida, aborda-se a

Gestão do conhecimento – seus conceitos básicos, tipos de conhecimento, criação e

conversão do conhecimento, compartilhamento de conhecimento, compartilhamento

de conhecimento e mentoria, fatores que influenciam o compartilhamento de

conhecimento, modelo de Compartilhamento de conhecimento aplicado na pesquisa

e, ainda, as fases do modelo.

O terceiro capítulo é destinado aos procedimentos metodológicos, contendo

o tipo e o universo da pesquisa, o plano de coleta de dados, a forma como os dados

foram tradados e as variáveis de estudo.

No quarto capítulo apresenta-se a discussão dos resultados da pesquisa,

bem como, sua análise a partir da retomada do referencial teórico de acordo com os

objetivos previamente definidos para condução do estudo.

Por fim, no quinto capítulo, é exposta a conclusão do trabalho, sendo, para

tanto, realizada uma síntese dos capítulos anteriores, a análise crítica dos objetivos

propostos e dos resultados alcançados, a apresentação das limitações impostas ao

estudo e das recomendações para outros trabalhos afins.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A proposta deste capítulo é apresentar os principais conceitos que envolvem

os temas relacionados à Mentoria e Gestão do Conhecimento com ênfase no

compartilhamento de conhecimento.

2.1 MENTORIA

Vivencia-se, na atualidade, uma constante evolução na forma de trabalhar.

Paradigmas são quebrados e novos desafios surgem, afetando o relacionamento

entre as pessoas nas organizações. O discurso enseja um cenário de colaboração,

vontade de repasse da experiência, mas o que acontece no mundo real das

organizações é um ambiente competitivo, onde as pessoas por medo de perder suas

posições, buscam se capacitar e reter o conhecimento para que desta forma,

possam se tornar um diferencial, garantido assim o seu espaço na organização

(BERNHOEFT, 2001).

Dessa forma, as organizações passaram a adotar métodos formais de

disseminar ou compartilhar o conhecimento interno, com o objetivo de evitar que ele

fique restrito a poucas pessoas, e com a saída destas, a empresa venha a perder

seu bem mais valioso, o conhecimento (TONET; PAZ, 2006).

É neste sentido que as organizações passaram a implementar nas suas

práticas de gestão administrativa, uma ferramenta denominada mentoria, cujo

objetivo principal, é o repasse de conhecimento de uma pessoa mais experiente

para uma outra não tão experiente, conseguindo assim, disseminar e reter o

conhecimento organizacional (KRAM, 1988).

Várias são as definições de mentoria, como as de Bell (2005, p.3) “Mentoring

é o ato de ajudar o outro a aprender”, ou “Mentoring conjura a imagem de um sábio

corporativo, experiente, conversando com um jovem inocente, inexperiente”. Para

Chiavenato, (2002, p.134), mentoria é “uma relação de apoio e suporte na qual uma

pessoa mais experiente transfere seu conhecimento, sabedoria e experiência a um

novato no sentido de ajudá-lo no desenvolvimento de sua carreira.”. Porém a

definição de Kram (1988) é a mais clássica das definições: Mentoria é um

relacionamento entre duas pessoas, sendo uma mais velha, experiente, digna de

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respeito e confiança, denominada de mentor; e uma outra pessoa mais jovem,

inexperiente e ávida por receber conhecimento, conselhos e orientações,

denominada mentorado. Com um enfoque diferente, a mentoria reversa acontece

quando jovens técnicos ensinam executivos mais velhos, por exemplo tecnologia da

informação (MONTE, 2011).

Segundo Chiavenato (2002), o processo de mentoria, para obter êxito, deve

estar alicerçado em relacionamentos que atendam às seguintes exigências: ser

voluntária de parte a parte; confiança e respeito mútuo do mentor e do orientando ou

protegido; não fornecer soluções, mas facilitar o aprendizado; existir em uma

organização imbuída de integridade e de ética; relações não permanentes, podendo,

no entanto, serem sucessivas; a mentoria das pessoas mais capazes de rápido

crescimento é uma estratégia de alta alavancagem em certas organizações; muitos

executivos principais, ao escolher pessoas para ocupar cargos elevados, buscam

conhecer sua propensão para a mentoria; qualquer pessoa pode ser um mentor.

A mentoria pode ser usada em qualquer tipo de organização, em qualquer

nível organizacional, porém as organizações têm centrado os seus programas de

mentoria em grupos bem definidos, como profissionais que ocupam postos de muita

responsabilidade, ou os empregados recém-contratados que possuam uma

qualificação diferenciada e nos quais a organização veja uma possibilidade de

rápida ascensão dos futuros talentos (BERNHOEFT, 2001).

2.2 TIPOS DE MENTORIA

Dentre as formas de classificação da mentoria, a mais importante é a

definida pelo critério do grau de formalização do relacionamento, ou seja, a

existência ou não de uma estrutura de suporte da organização. (RAGINS; COTTON;

MILLER, 2000) classificaram a mentoria em dois tipos: formal e informal.

A mentoria formal, segundo Kram (1988), é um processo planejado e

executado pela organização, com metas bem definidas e com o objetivo de reter

talentos, transmitir valores, perpetuar a cultura, formar sucessores, desenvolver

carreiras e compartilhar o conhecimento tácito de seus empregados, para, assim,

manter o conhecimento no ambiente interno e aumentar seu capital intelectual. Para

Bernhoeft (2001), na mentoria formal, são definidos pela organização de forma

prévia e clara, o que pode e o que não pode ser usado no contexto da relação.

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A organização planeja o programa e espera resultados sobre sua evolução.

O resultado deste tipo de mentoria, conforme Scandura (1998), pode ser

comprometido em função de disfunções que podem ocorrer, porque a formação dos

pares (mentor e mentorado) não acontece de forma voluntária e espontânea; pelo

contrário, a formação dos pares é definida pela organização em função dos objetivos

a serem alcançados.

A mentoria formal, também é conhecida como mentoria intencional ou

sistemática. Neste modelo, há uma delimitação prévia de objetivos e benefícios com

controle e acompanhamento das ações pela organização. Existem encontros

agendados com o propósito de desenvolver habilidades em uma área específica.

Usualmente, é realizada uma seleção dos mentores e treinamento para que eles

possam orientar os mentorados. Existe um programa com objetivos, metas e

atividades bem definidas. A finalidade é fazer com que o mentorado, com o apoio do

mentor, possa alcançar os resultados esperados pela organização (KRAM, 1988).

Na mentoria informal, por sua vez, a formação dos pares (mentor e

mentorado), acontece de forma espontânea, surgindo, assim, uma admiração e

afinidade entre eles, estabelecida pela identificação dos interesses mútuos, objetivos

e características comuns (NOE, 1988).

Ainda no que concerne à mentoria informal, de acordo com (RAGINS;

COTTON; MILLER, 2000) as relações de confiança entre mentor e mentorado são

mais perceptíveis que na mentoria formal, em razão da formação dos pares ter sido

realizada de forma espontânea. Conforme Monte (2011), na mentoria informal não

há a ingerência de terceiros na definição dos objetivos e na condução do processo.

Assim, tudo é definido de forma tácita pela dupla “mentor e mentorado”. Desta

forma, pode-se vislumbrar que ambas as formas de mentoria são importantes,

podendo, portanto, coexistir na organização.

2.3 MENTOR INTERNO VERSUS MENTOR EXTERNO

Uma das fases críticas do processo de mentoria formal é a escolha do time

de mentores. De acordo com Bernhoeft (2001), a preferência depende de uma série

de fatores, devendo sua escolha ser definida através de critérios baseados nas

vantagens e desvantagens de cada tipo (Quadro 1).

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Quadro 1 - Vantagens do mentor interno versus mentor externo

Mentor interno Mentor externo

Conhece a cultura da empresa Tem neutralidade para julgar

Está ciente dos desafios estratégicos Pode sugerir alternativas inovadoras, observadas em outros ambientes

Fala a mesma linguagem orientado/empresa Traz nova linguagem e conceitos, fora do que é restrito ao negócio

Tem clareza sobre as relações de poder Observa as relações de poder com distanciamento e neutralidade

Está no mesmo território e tem acesso a detalhes do cotidiano

Conhece experiências de outros orientados para enriquecer a pauta

Fonte: Bernhoeft, 2001.

Segundo o autor, a contratação de mentores externos é mais indicada

quando a organização está implantando o programa de mentoria pela primeira vez,

pois vai permitir à organização a absorção de conhecimento de uma pessoa com

experiência no assunto e já habituada a lidar com a situação. Por não conhecer a

organização e possuir uma outra visão de mundo, o mentor externo: não é

influenciado pela cultura interna; pode trazer sugestões inovadoras; pode introduzir

uma linguagem diferente e melhor que a praticada na organização; tem neutralidade

nas relações de poder; e traz consigo um cabedal de experiência de orientandos de

projetos anteriores, para enriquecer a pauta.

Com relação ao mentor interno, Bernhoeft (2001) reconhece algumas

vantagens em relação ao mentor externo. Por fazerem parte do quadro de

empregados: conhecem bem a cultura da organização, o que lhes garante melhor

trânsito e reconhecimento; conhece bem a estratégia da organização, podendo ter

acesso a informações confidenciais da estratégia que não poderiam ser de

conhecimento de um mentor externo; por conhecer a linguagem interna, pode usar

termos, gírias, entre outros, que facilitam o entendimento do que está sendo

transmitido; por ter conhecimento das relações de poder, saberá como proceder em

relação a liderança; tem conhecimento do que acontece no cotidiano da

organização, podendo usar essas informações no processo.

Independente de ser interno ou externo, conforme Guptan (2006), o mentor

necessita de um conjunto de competências para lidar com as situações que venham

a surgir no decorrer do processo de mentoria. Assim, ele precisa: Focar no

aprendizado e desenvolvimento do seu mentorado tendo a criatividade de criar

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tarefas que estimulem a aquisição de conhecimento e habilidade por parte do

mentorado; Favorecer uma orientação positiva ao mentorado apoiando, encorajando

e fazendo-o acreditar no projeto e no processo de mentoria; Ser altruísta, ter

desprendimento para repassar seu conhecimento, orientar, buscar o sucesso do

mentorado, sem pensar em benefício próprio; Ser possuidor de um

autoconhecimento elevado, consciente do seu potencial elevado, das suas

limitações, dos pontos fortes e fracos. Conhecer a si mesmo; Ser um expertise no

seu campo de atuação, conhecendo em profundidade os assuntos técnicos que

serão repassados para o mentorado; Demonstrar clareza de objetivos e repassar

para o mentorado de forma clara, os objetivos das atividades, do projeto, do

programa. Ter clareza na comunicação; Ter a sensibilidade de perceber através dos

gestos, atitudes e comportamentos do mentorado, suas emoções e sentimentos não

expressos verbalmente, bem como, colocar-se no lugar do mentorado ao analisar

uma situação vivenciada pelo par;

No tocante a habilidade de relacionamento, o mentor precisa: Saber

construir e preservar os relacionamentos; Ter a capacidade de ajudar o mentorado a

captar e entender o significado das coisas e ajudá-lo a ter uma visão sistêmica dos

fatos; Saber se comunicar com o mentorado de forma verbal e não verbal,

repassando a mensagem de forma clara e objetiva, sabendo ouvir quando

necessário e captando o significado das mensagens não verbais através dos sinais

(postura, gestos).

2.4 AS FUNÇÕES DA MENTORIA

Existe uma diferença do modelo de mentoria em relação a outras formas de

relacionamento devido às características de suas funções. O que particulariza a

relação ou a faz ser diferenciada é o fornecimento de apoio e orientação, no tocante

aos aspectos pessoal e profissional, visando o desenvolvimento e crescimento do

mentorado.

Nesse sentido, Kram (1988) definiu um modelo conceitual de mentoria

voltado ao apoio e orientação a ser desenvolvida por um mentor, distribuído em duas

categorias: funções de carreira e funções psicossociais. Segundo a autora, as duas

funções não são totalmente distintas, ou seja, o mentor pode desempenhar

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simultaneamente as duas funções, desenvolvendo o profissional e ao mesmo tempo

atuando na parte pessoal ou comportamental.

As funções de carreira propiciam ao mentorado aprendizado de papéis

organizacionais, progressão profissional, preparando-o para desempenhar cargos

superiores. Não obstante, algumas funções só poderão ser aplicadas com a

mentoria interna, pois vai depender da posição na hierarquia e da influência do

mentor no contexto organizacional.

2.4.1 Funções de carreira

Kram (1988) definiu as seguintes Funções de Carreira:

Patrocínio/Apadrinhamento, Exposição e Visibilidade, Coaching (treinamento),

Proteção e Tarefas Desafiadoras.

O fluxo da função Patrocínio/Apadrinhamento ocorre nas situações em que,

ao ter o mentorado um bom desempenho no projeto de mentoria, poderá o mentor

solicitar para este a liderança da organização, isto é, uma promoção, pois que, a

posição do mentor na estrutura hierárquica da organização pode influenciar a

promoção do mentorado.

Na função Exposição e Visibilidade, o mentor poderá determinar tarefas para

o mentorado, com o objetivo de que, no decorrer da sua execução, possibilitem a

interação do mentorado com pessoas da organização que poderão no futuro ser

responsáveis pelo avanço em sua carreira. O objetivo da função é fazer com que o

mentorado tenha visibilidade para pessoas-chave na organização. Um mentorado

que não tenha avanço na carreira insinua um baixo desempenho do mentor nessa

função.

A função Coaching tem como foco o momento em que o mentor sugere ao

mentorado caminhos que possam levá-lo a alcançar os objetivos desejados. Com as

ferramentas repassadas pelo mentor, o mentorado deverá fazer escolhas para

navegar no mundo corporativo.

Quando o mentor se coloca como escudo ou barreira ao seu mentorado,

evitando que os erros cometidos por seu pupilo sejam expostos para pessoas de

nível hierárquico mais elevado, caracteriza-se aí a função Proteção. Esta função

deverá ser exercida no início do relacionamento e perdurar até que o mentorado

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possa alcançar níveis de desempenho superiores, podendo assim ter exposição e

visibilidade.

Nas Tarefas desafiadoras, o mentor repassa para o mentorado, afazeres que

exigem em sua execução o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimento

técnico. As competências adquiridas possibilitarão ao mentorado a segurança

necessária para assumir postos de maior relevância na organização.

2.4.2 Funções psicossociais

São funções cujos aspectos dizem respeito ao relacionamento interpessoal.

Este relacionamento permite uma identificação da pessoa menos experiente com o

seu par, que por ser mais experiente funciona como um modelo do que ele gostaria

de ser. As funções são exercidas através de laços de confiança e da intimidade

construída. Os benefícios perpassam as fronteiras organizacionais, prolongando-se

para outras esferas da vida do mentorado. Kram (1988) definiu as seguintes funções

psicossociais: Modelagem (Papel Modelo), Aceitação e Confirmação,

Aconselhamento e Amizade.

No tocante à função Modelagem de papel, define-se que esta é exercida na

medida em que o mentorado percebe no seu mentor atitudes e comportamentos que

servem como um exemplo a ser seguido. A função não é planejada ou programada,

acontece de forma espontânea, através da observação do mentorado em relação às

qualidades e virtudes pessoais de seu mentor. O processo é complexo. O mentorado

poderá rejeitar o modelo do seu mentor, caso veja nele um modelo que não deve ser

seguido.

Na função Aconselhamento, o mentor funciona como um confidente. Ele usa

a experiência de vida para oferecer ajuda ao mentorado, com habilidade para saber

ouvir e dar feedbacks assertivos. À medida que os encontros vão acontecendo, o

mentorado vai se abrindo, falando de seus medos, suas ansiedades, enquanto o

mentor ouve e o aconselha. Com o passar do tempo, os medos e as ansiedades são

revertidos e a produtividade do mentorado aumenta.

A função Aceitação-e-confirmação propicia um ganho entre as partes, pois

ambos desenvolvem autoconhecimento. Isso acontece da seguinte forma: ao

perceber a aceitação-e-confirmação do seu mentor, devido á melhora das suas

competências no trabalho, o mentorado externaliza a sua satisfação pelo apoio e

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suporte recebidos. Quando o reconhecimento por parte do mentorado é menos

frequente, a aceitação-e-confirmação do mentor é proporcionada pela percepção de

que o conhecimento transmitido foi absorvido.

Uma função importante, tanto interna quanto externamente, é a Amizade,

caracterizada por seu caráter de informalidade nas interações sociais entre as

partes. A interação pode ocorrer em locais fora do ambiente do trabalho, como

almoços, práticas de atividades esportivas, etc. A amizade construída melhora o

ambiente no local de trabalho. A diferença de geração pode ser um dificultador na

comunicação, devido à diferença de linguagem entre as partes. Dependendo da

cultura da organização, pode haver dificuldade quando envolver a questão de

gênero entre os pares.

A importância que mentor e mentorado dá a cada função muda no decorrer

do processo de mentoria. A relevância de cada função é alterada à medida que

habilidades e comportamentos vão sendo atendidos. No entanto, quanto maior o

número de funções fornecidas, melhor será o aproveitamento das partes, pois é a

soma das funções que vai propiciar uma melhor relação entre mentor e mentorado.

2.5 ESTÁGIOS OU FASES DE MENTORIA

No processo de mentoria formal ou informal, segundo Kram (1988),

observam-se quatro fases ou estágios distintos que acontecem em ordem

cronológica. De acordo com a autora, o tempo de duração de cada estágio ou até

mesmo a possibilidade de haver o estágio, vai depender do tipo de mentoria - se

formal ou informal. Os estágios definidos por Kram (1988) são: Iniciação, cultivo,

separação e redefinição.

No primeiro estágio, a Iniciação, as barreiras iniciais são quebradas e ocorre

uma identificação mútua entre mentor e mentorado. O mentorado vê no mentor uma

pessoa experiente, respeitada e que vai ajudá-lo no seu desenvolvimento

profissional; o mentor vê o mentorado como uma pessoa com necessidades a serem

preenchidas por ele. Após os primeiros encontros são, então, reveladas as

expectativas do mentor em relação ao mentorado e vice-e-versa.

No estágio denominado de Cultivo são testadas as expectativas ajustadas

na fase de iniciação, algumas funções de carreira começam a aflorar, outras funções

psicossociais começam a ser praticadas e o relacionamento se torna mais forte, pois

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as arestas começam a ser aparadas e as incertezas já não se fazem mais

presentes.

O estágio da Separação ocorre da seguinte forma: Caso a separação entre

mentor e mentorado ocorra de acordo com o que foi planejado, ou no tempo certo,

haverá uma separação emocional, onde o mentorado vai testar os conhecimentos e

habilidades adquiridas sem que o mentor precise fazer um acompanhamento mais

aproximado. Se a separação acontecer de forma prematura, poderá desencadear

um período de ansiedade por parte do mentorado, já que a sua independência

ocorreu de forma abrupta, antes mesmo que ele tivesse preparado para a

separação. E por fim, caso a separação psicológica ocorra antes da estrutural,

mentor e mentorado podem se tornar ressentidos e não mais suscetíveis às

mudanças de necessidades e preocupações individuais;

Encerrada a fase de separação, inicia-se a etapa de Redefinição; nesta, a

prática de mentoria não é mais uma preocupação da organização, porém, a relação

profissional entre mentor e mentorado pode tornar-se uma relação de amizade. Os

contatos tornam-se menos frequentes e informais, podendo haver suporte ou

aconselhamentos pontuais. Caso esta fase seja caracterizada por hostilidade ou

ressentimento, o mentorado pode se sentir abandonado, considerando a relação

definitivamente terminada.

Após a explanação sobre o contexto que envolve a Mentoria e suas

principais características e funções, surge a necessidade de um entendimento sobre

Gestão do Conhecimento e suas diversas fases, na qual foi dada ênfase no

Compartilhamento de Conhecimento, que se constitui em um dos pilares

estruturantes do presente estudo.

2.6 GESTÃO DO CONHECIMENTO

Desde as civilizações mais antigas até meados do século XIX, predominava

o modo de produção agrícola, isto é, as terras e a força braçal eram sinônimos de

poder. Com o advento da Revolução Industrial, a mecanização dos meios de

produção, a fabricação em larga escala, passaram a deter o poder aqueles que

possuíam máquinas e mão-de-obra para operá-las. Foi a partir da segunda metade

do século XX, com a ocorrência da 3ª Revolução Industrial ou Técnico-científica-

informacional, em razão das descobertas e evoluções tecnológicas, que surgiu uma

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nova sociedade onde o recurso econômico básico passou a ser o conhecimento

(DRUCKER, 2002).

Entre os anos 80 e 90 os trabalhadores ainda eram enxergados pelas

empresas como “custos” os quais eram cortados nos momentos de crise

(DAVENPORT, 2001). Nesse período, o foco da gestão organizacional era voltado

para os programas de qualidade total, por entender os gestores que esta prática era

o caminho do sucesso ou sobrevivência das organizações. Foi a partir de meados

dos anos 90, que as organizações perceberam a valorização de seus ativos

intelectuais como diferencial competitivo, deixando para trás a sociedade industrial e

iniciando a chamada sociedade da informação e do conhecimento (GOULART;

ANGELONI, 2009).

Percebe-se, então, uma mudança de paradigma: o conhecimento humano, e

não mais as terras, as máquinas, o trabalho físico, passou a ser um diferencial para

a competitividade das organizações. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p.6) “o

futuro pertence a quem usa a cabeça no lugar das mãos”. O conhecimento passou,

pois, a ser enxergado como um potencial (o maior) gerador de riquezas das

empresas, possibilitando a realização de novos produtos e o cumprimento das metas

estabelecidas (MUSSI; ANGELONI, 2001). A partir daí, as organizações perceberam

que o conhecimento passou a ser sua mais importante ferramenta, e aprender a

administrá-lo, tornou-se necessidade competitiva (VIGNATI; POPADIUK, 2010).

Essa mudança de perspectiva pode ser melhor observada a partir do Quadro 2:

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Quadro 2 - Relação entre a perspectiva industrial e a do conhecimento.

Item Visto pela perspectiva industrial

Visto pela perspectiva do conhecimento

Pessoas Geradoras de custos ou recursos. Geradoras de receita.

Luta de poder Trabalhadores físicos versus capitalistas.

Trabalhadores do conhecimento versus gerentes.

Informação Instrumento de controle Ferramenta para o recurso da Comunicação

Produção Trabalhadores físicos processando recursos físicos para criar produtos tangíveis.

Trabalhadores do conhecimento convertendo conhecimento em estruturas intangíveis.

Conhecimento Uma ferramenta ou um recurso entre outros O foco empresarial

Valores do mercado acionário Regidos pelos ativos tangíveis Regidos pelos ativos intangíveis

Fonte: Adaptado de Leuch (2006, p.25).

Segundo Buoro (2005), a eficiência da produtividade nas organizações

passou a ser sinônimo de informação e conhecimento. Diante disso, as

organizações passaram a dar mais ênfase ao conhecimento no trabalho, gerando

uma maior produtividade a partir da sua incorporação no processo produtivo, com

melhor aproveitamento da mesma quantidade, ou até menos recurso.

Isso porque o conhecimento é um recurso sustentável, uma vez, que

diferente dos ativos físicos que reduzem na medida em que vão sendo utilizados,

este cresce quando é compartilhado (TERRA, 2005). Além disso, ideias não

possuem finitude, em verdade, necessitam ser ciclicamente renovadas, e isso é

perfeitamente possível nos novos ambientes das organizações do conhecimento que

se preocupam em dar oportunidade de seus funcionários aprenderem, pensarem

(DAVENPORT; PRUSAK, 1999).

Nas organizações, o conhecimento pode se apresentar sob duas formas:

Conhecimento explícito que é encontrado em manuais e procedimentos; ou na forma

implícita, residindo na mente de seus detentores (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Ainda segundo os autores, o conhecimento explícito possui pouco valor porque é

fácil de ser criado e copiado, enquanto o conhecimento implícito, que é fruto da

experiência do empregado na organização, é o conhecimento dos talentos, de valor,

pois é difícil de ser criado e mais difícil ainda de ser transferido e compartilhado. Não

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basta à organização possuir o conhecimento sem usá-lo, pois ele só adquire valor

quando aplicado na geração de produtos e serviços melhores que a concorrência.

Parte do conhecimento que a organização necessita encontra-se na própria

organização, porém, de forma desestruturada e desorganizada. Faz-se necessário

então, implementar processos de gestão que visem estruturar o conhecimento para

melhor usá-lo (TERRA, 2005).

Seguindo esse pensamento, há uma nova tendência às organizações

embasarem-se no conhecimento, buscando novos modelos de gestão: mudança no

perfil do profissional (voltado para o conhecimento e não para a produção mecânica

e burocrática), investimento em Tecnologia da Informação e aprendizagem (BUORO,

2005; DRUCKER, 2002).

Diante disso, as organizações estão implementando processos bem

estruturados que visam captar, reter, disseminar, compartilhar o conhecimento

especializado, para a geração de ativos de valor, pois que, gerir o conhecimento é,

hoje, a principal estratégia organizacional para a criação de uma vantagem

competitiva sustentável. Corroborando esse pensamento, Stewart (1998), Beckman

(1999) e Vignati e Popadiuk (2010), reconhecem que o conhecimento, como a

essência de tudo aquilo que se produz, faz, compra e vende, deve ser administrado

(armazenado, vendido e compartilhado) para que possa se tornar um ativo

organizacional de valor. A gestão do conhecimento passa a ser vista, então, como

essencial à criação de uma vantagem competitiva sustentável (VIGNATI;

POPADIUK, 2010).

Conforme Terra (2005) há uma tendência das empresas, atualmente, em

disseminar as boas práticas dentro da organização, com o intuito de eliminar os gaps

internos e as deficiências de desempenho. Complementa Bolson (2012) que se faz,

então, necessária à criação de mecanismos que possibilitem aos conhecimentos

adquiridos com a experiência não serem perdidos ou ficarem restritos a poucas

pessoas, devendo ser partilhado, enquanto um recurso de valor.

Segundo Santos (2011), as organizações estão focando suas estratégicas

nas várias formas de conhecimento. Com isso, estão passando a usar ferramentas

de gestão para gerar, reter e utilizar o conhecimento, caracterizando-a como sistema

de conhecimento.

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Assim, as organizações do século XXI estão incluindo o conhecimento como

estratégia organizacional e implementando processo de gestão de conhecimento

para produzir mais rápido e melhor que a concorrência.

2.6.1 Conceitos básicos - dados, informação e conhe cimento

Dados, informação e conhecimento são coisas distintas, mas o que se vê na

prática é o termo informação por vezes confundido como a definição das três

expressões. Os dados são espécies de códigos em sua forma bruta, ou o átomo de

matéria prima a ser trabalhado pelo homem (PIMENTA, 2006). Isto é, apenas

quando analisados e estruturados passam a constituir a informação. Conforme

Davenport e Prusak (1999, p. 02), “dados são um conjunto de fatos distintos e

objetivos, relativos a eventos. Nas organizações são descritos como registros

estruturados de transações”. Buoro (2005) afirma que os dados são registros do que

aconteceu, funcionam como uma fotografia do ocorrido, sem que haja qualquer

julgamento de valor ou interpretação. Isolados possuem pouca ou nenhuma

importância, porém são essenciais para as organizações porque constituem matéria-

prima para criação da informação.

Dados são geralmente armazenados em algum tipo de sistema de

informação e são fortemente usados por setores da sociedade que dependem

fortemente deles, como bancos, receita federal entre outros (DAVENPORT;

PRUSAK, 1999). São facilmente estruturados e obtidos por máquinas,

frequentemente quantificados e facilmente transferidos.

A informação, por sua vez, constitui-se nos dados tratados, possuem

significado, mediante o qual é possível fazer considerações e mesmo tomar

decisões. Há uma certa discussão dos autores quanto a esse ponto: alguns, como

Sveiby (1998, p. 58), consideram a informação como “desprovida de significado [...]

deve ser tratada como um produto abundante de pouco ou nenhum valor

econômico”. Outros, a exemplo de Davenport e Prusak (1999, p. 01), afirmam ser a

informação “dados dotados de relevância e propósito [...] o que decerto sugere que

dados, por si só, têm pouca relevância ou propósito”. Corroborando tal

entendimento, Brito (2005) diz ser a informação “o dado investido de relevância e

propósito e que requer unidade e análise, exige consenso em relação ao significado

e exige necessariamente a mediação humana”. E alguns vão além, ao dizer que “o

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mais importante não é apenas ter acesso à informação, mas saber lidar com a

informação e transformá-la em conhecimento” (TAJRA, 2002, p.17).

Em suma, os dados registram o que aconteceu, sem um tratamento prévio; a

informação, por sua vez, apresenta significado. Já o conhecimento, excede a

informação, pois possui um significado que poderá ser aplicado. Segundo Nonaka e

Takeuchi (1997), o pilar do conhecimento é o indivíduo, entretanto, pode ocorrer sua

expansão, de indivíduos para grupos, destes para a organização e destas para

outras organizações. Buoro (2005) complementa, afirmando que o conhecimento faz

parte da complexidade e imprevisibilidade humana - necessita ser aprendido - dessa

forma, ele se torna mais precioso que o dado e a informação (que podem ser

comprados) na medida em que está mais próximo da ação.

Além disso, o conhecimento é reutilizável, isto é, quanto mais se usa, mais

valor lhe é agregado e mais fácil se deprecia quando não é utilizado (TERRA, 2005).

Torna-se essencial, pois, compreender no que consiste o conhecimento para melhor

geri-lo (BUORO, 2005). Assim, Davenport e Prusak (1999), o definem como “uma

mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight

experimentado” que irá proporcionar uma estrutura para avaliação e incorporação de

novas experiências e informações; ou, ainda, pode significar informação,

conscientização, saber, cognição, sapiência, percepção, ciência, experiência,

qualificação, discernimento, competência, habilidade prática, sabedoria, etc

(SVEIBY, 1998, p.36); ou pode ser entendido como resultado das interações

ocorridas no ambiente (FLEURY; OLIVEIRA, 2001); ainda, Sveiby (1998, p.43)

ressalta a existência de cinco características no conhecimento: ser tácito, orientado

para a ação, sustentado por regras, individual e em constante mutação.

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Quadro 3 - Definição de dado, informação e conhecimento.

Dado Informação Conhecimento

Simples observação sobre o estado do mundo.

Dados possuidores de relevância e propósito.

Informação valiosa da mente humana. Inclui reflexão, sínteses e contexto.

Facilmente Estruturado; Facilmente obtido por máquinas; Fácil de ser quantificado; Fácil de ser transferido

Demanda unidade de análise; De complexa estruturação;

Requer consenso em relação ao significado;

Difícil de ser apreendida em máquinas;

Demanda a medição humana. Comumente tácito;

De transferência complexa.

Fonte:Adaptado de Davenport e Prusak (1999).

Conforme Souza (2007), percebe-se no Quadro 3, a existência de uma

relação de hierarquia entre os termos, caracterizada pela evolução ou passagem de

estágios. Os dados constituem a base ou alicerce, estes dotados de relevância e

propósito se constituem na informação e estas acrescentadas da experiência,

insights, valores e crenças, formam o conhecimento.

Ziviani, Dufloth e Ferreira (2010) afirmam que informação e conhecimento

estão presentes em todos os atos que a organização realiza e, quando usados

corretamente, permitem à empresa maior capacidade de adaptação às eventuais

mudanças surgidas no ambiente.

A utilização adequada do conhecimento resulta em produtos e serviços a

menores custos e qualidade mais elevada, mantendo os clientes mais antigos e

cativando outros, resultando no incremento da participação da organização no

mercado (TERRA, 2005).

2.6.2 Tipos de conhecimento

Podemos inicialmente dividir o conhecimento em duas dimensões diferentes:

conhecimento tácito e conhecimento explícito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

O conhecimento explícito é representado por meio de uma linguagem formal

e sistemática, através de símbolos, letras, sons, vídeos, etc. Sendo de fácil

comunicação, compartilhado através de processos computacionais ou

eletronicamente; é o conhecimento objetivo, teórico, digital (ZIVIANI; DUFLOTH;

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FERREIRA, 2010). É transmitido por meio de uma linguagem formal e sistemática

(NONAKA; TAKEUCHI,1997).

Nas organizações o conhecimento explícito é exibido em manuais,

procedimentos, portais, relatórios, etc. Vignati e Popadiuk (2010) afirmam que o

conhecimento explícito pode estar presente em procedimentos ou mesmo

representado em documentos e banco de dados, e transferido com razoável eficácia

com a ajuda oferecida pela tecnologia da informação. Devido às características

citadas é por vezes confundido com informação.

Por sua vez, o conhecimento tácito, que inclui elementos cognitivos e

técnicos, é altamente pessoal, complexo, e em razão de sua natureza

eminentemente subjetiva e intuitiva, torna-se de difícil formalização, processamento,

transmissão e comunicação. Ele é acumulado pelo indivíduo no decorrer de um

longo período de tempo decorrente das experiências vividas no cotidiano (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997). É voltado para as ações e baseado em práticas. Tem uma

dimensão cognitiva e não é facilmente visível e explicável, estando voltado para a

experiência do indivíduo (ANGELONI, 2002). Consegue ser, ao mesmo tempo,

dinâmico e estático, num processo de contínua mutação (SVEIBY, 1998). É o

conhecimento do corpo, que é subjetivo, prático, análogo (ZIVIANI, DUFLOTH E

FERREIRA, 2010). Geralmente, a esse tipo de conhecimento é dado mais valor por

ser de difícil captura, registro e divulgação, sendo nomeado como o verdadeiro

conhecimento. Assim, é através da experiência que se incorpora o conhecimento

tácito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.69). Fleury e Oliveira (2001) complementam

ainda, dizendo estar enraizado na prática de trabalho, podendo auxiliar a empresa a

criar valor.

De acordo com Galvão (2012), o conhecimento tácito é inerente ao ser

humano e se dá ao longo da vida dos indivíduos. E, por ter caráter subjetivo,

depende da habilidade do transmissor para que haja efetividade na sua transmissão

(BINNOTO; NAKAYAMA; SIQUEIRA, 2011) vão mais além, na visão dos autores, o

que se transmite é parte do que se conhece, pois o que se sabe é muito mais do que

se pode verbalizar. Assim, para que haja eficácia na transmissão ou transformação

do conhecimento tácito, faz-se necessário que o transmissor tenha não só o

conhecimento do que vai ser transmitido, mas a sensibilidade na seleção da fonte de

conhecimento, e principalmente habilidade na forma de repassá-lo. O Quadro 4

explicita o pensamento dos autores referenciados.

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Quadro 4 - Definições de conhecimento tácito e conhecimento explícito.

Conhecimento Tácito (Subjetivo) Conhecimento Explícito (Objetivo)

Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento da racionalidade (mente)

Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento sequencial (lá e então)

Conhecimento análogo (prática) Conhecimento digital (teoria) Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 67).

Em síntese, existe um conhecimento sabido (explícito), ou seja, o indivíduo

sabe que sabe; e um conhecimento desconhecido (tácito), o indivíduo não tem plena

ciência de que sabe, uma vez que o conhecimento está enraizado na sua maneira

de trabalhar. (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002, p.19).

Os conhecimentos de maior valor para as organizações estão nos indivíduos

(conhecimento tácito), ou seja, grande parte do saber das organizações reside na

mente de seus detentores. Diversos autores como Nonaka, Takeuchi (1997),

Davenport e Prusak (1999), destacam a importância da transformação do

conhecimento tácito em explícito, porém, é sabido da dificuldade que existe na

conversão desse conhecimento.

2.6.3 Criação e conversão do conhecimento

Criação e conversão do conhecimento são temas bastante discutidos pelos

mais diversos autores, que nem sempre concordam com todas as etapas ou

processos postos. Nonaka e Takeuchi (1997) ressaltam a importância da interação

entre os dois tipos de conhecimento (explícito e implícito) na criação e conversão do

conhecimento nas organizações. O fenômeno acontece através de quatro

processos, conforme o Quadro 5: a socialização (processo de troca de experiências

e de transformação do conhecimento tácito em conhecimento tácito, por meio do

compartilhar das experiências, da observação, imitação ou prática ocorridas em

grupos ou contexto sociais diversos ); a exteriorização ou externalização (processo

de articulação/transformação do conhecimento tácito em conceitos explícitos,

quando expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou

modelos) é um processo de criação do conhecimento perfeito; a combinação

(processo de combinação de diferentes partes de conhecimentos explicitos em um

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novo conhecimento explicito através da categorização e da reconfiguração de

informações, por meio de documentos, reuniões, conversas ao telefone ou

computador); e a interiorização ou internalização (incorporação de conhecimento

explicito em conhecimento tácito, o conhecido “aprender fazendo”). Para que o

conhecimento explícito se torne tácito, é necessária a verbalização e diagramação

do conhecimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais.

Quadro 5 - Conhecimento.

Tipo de conhecimento Conhecimento tácito Conhecimento

explícito

Conhecimento tácito (Socialização) Conhecimento compartilhado

(Externalização) Conhecimento

conceitual

Conhecimento explícito

(Internalização) Conhecimento operacional

(Combinação) Conhecimento sistêmico

Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p. 81).

Assim, os conhecimentos tácitos e explícitos não se excluem, mas, ao revés,

devem se complementar interagindo por meio da troca de seus elementos no

decorrer da execução de atividades da organização, no que Nonaka e Takeuchi

(1997) chamaram de “Espiral do Conhecimento”, onde estão presentes as quatro

formas de conversão do conhecimento. Desta maneira, a socialização dá origem ao

conhecimento tácito, por meio da externalização converte-se em explícito,

recombina-se com outros tipos de conhecimento pela combinação e volta a ser tácito

através da internalização. A combinação e a internalização são formas de conversão

mais fáceis, uma vez que o conhecimento de origem é explícito. Na socialização e

na externalização, por outro lado, pelo conhecimento ser tácito, o compartilhamento

é geralmente mais demorado e difícil.

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2.6.4 Gestão do conhecimento

Ao contrário do que defendem alguns autores, a gestão do conhecimento

não se constitui em tópico novo na administração das empresas. Seu destaque na

atualidade se dá em razão de aprofundamentos e desdobramentos em linhas

teóricas já existentes (FLEURY; OLIVEIRA, 2001). Diversos autores, a exemplo de

Nonaka e Takeuchi (1997), Sveiby (1998), Davenport e Prusak (1999) buscaram

aprofundar o tema. Segundo Nonaka e Takeuchi (2008, p. 39):

Em uma economia onde a única certeza é a incerteza, a fonte certa de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento. Quando os mercados transformam-se, as tecnologias proliferam, os competidores multiplicam-se e os produtos tornam-se obsoletos quase do dia para a noite, as empresas bem-sucedidas são as que criam consistentemente novos conhecimentos, disseminam-no amplamente pela organização e o incorporam rapidamente em novas tecnologias e produtos. Essas atividades definem a empresa “criadora do conhecimento”, cujo negócio principal é a inovação constante.

Percebe-se, na visão dos autores, que para serem bem-sucedidas, as

organizações precisam implementar processos que possam gerir a criação,

disseminação e incorporação do conhecimento, constituindo a soma dessas fases

no processo de gestão do conhecimento organizacional.

Sveivy (1998) por sua vez, percebe a gestão do conhecimento pelo prisma

da criação de valores e bens intangíveis, sendo este último representado pela

estrutura externa como relacionamento com clientes; a estrutura interna como os

sistemas administrativos, sistema de informação e da competência individual como

os especialistas, profissionais, etc.

Já para Davenport e Prusak (1999), as organizações necessitam qualificar

seu pessoal e adotar processos de aprendizagem, distribuição e uso do

conhecimento para obter sucesso com a gestão de conhecimento. Ainda, segundo

os autores, a gestão do conhecimento só será eficaz se não ficar restrita a grupos ou

indivíduos, ou seja, ela deve ser responsabilidade de todos.

Conforme Terra (2005), a gestão do conhecimento pode ser aplicado em

qualquer tipo de organização, sendo necessária, para sua implementação, a adoção

de um suporte da liderança para enfrentar as barreiras impostas pelas mudanças

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advindas com o novo processo. Na visão do autor, a organização necessita de uma

cultura voltada para a gestão do conhecimento.

Estudiosos da área de gestão do conhecimento, conforme Quadro 6,

propuseram e/ou apresentaram seus modelos de processo. Observa-se uma

variedade de fases ou etapas em relação às atividades envolvidas em cada modelo.

Este fato se deve às diferentes experiências, ou, do foco das linhas de pesquisa de

cada autor, e, por isso, cada um acabou definindo as etapas do processo de gestão

do conhecimento do seu modelo.

Quadro 6 - Etapas no processo de gestão do conhecimento

Davenport (1997) Bukowitz; Williams (1999) Davenport e Marchand (2000)

Determinar Exigências Obter Mapear

Obter Utilizar Adquirir/criar/capturar

Distribuir Aprender Empacotar

Utilizar Contribuir Armazenar

Avaliar Compartilhar/Transferir/Aplicar

Construir e sustentar Inovar/Evoluir/Transformar

Abster-se Fonte: Adaptado de De Sordi (2008).

Observa-se no Quadro 6, que durante o período analisado, são encontradas

algumas fases análogas no processo, porém, não há congruência em sua totalidade

nos diversos estágios dos modelos sugeridos pelos autores, ensejando visões

distintas para um mesmo processo.

De Sordi (2008), então, propôs um modelo que na sua visão engloba as

principais etapas da gestão do conhecimento, conforme figura 1:

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Figura 1: Atividades realizadas no processo de gestão de conhecimento

Fonte: De Sordi (2008,p.90).

A primeira fase, denominada Identificação/Mapear conhecimento, consiste

na identificação e análise dos ambientes, existente e desejado, de conhecimento da

organização. Ex: Mapas de conhecimento que é uma forma de tornar o

conhecimento mais compreensível e familiar às pessoas da organização. Envolve a

análise crítica dos conhecimentos.

A segunda fase, Obter/adquirir conhecimento, envolve atividades humanas e

automatizadas para explorar o ambiente de conhecimento organizacional. Deve-se

ter um cuidado especial com a classificação, a formatação, a estruturação e a

contextualização do novo conhecimento identificado (DAVENPORT, 2001).

Distribuir/Partilhar conhecimento, esta fase define como o conhecimento

será disponibilizado ao usuário, se ele será distribuído diretamente da fonte ao

receptor ou se será simplesmente comunicado, aguardando a análise por parte dos

receptores de quais conhecimentos são pertinentes para que possam “puxar”.

A fase Usar/Aplicar conhecimento preocupa-se em gerar estímulos para que

os usuários experimentem e recebam os novos conhecimentos.

Na etapa denominada Aprender/criar conhecimento estimula-se a

criatividade para geração de novos conhecimentos. Embora o processo de

criatividade seja pessoal, diversos pesquisadores já constataram ser possível a

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criação de processos de ensino, capazes de desenvolver pessoas criativas, que

aprendem tornando-se mais criativas.

O objetivo da etapa conhecida como Contribuir/Compartilhar novos

conhecimentos é conscientizar os usuários e os grupos da organização sobre a

importância em se transferir conhecimentos aprendidos por eles aos demais

membros da organização. O capital intelectual da organização só poderá ser

acrescido se os novos conhecimentos adquiridos individualmente vierem a ser

compartilhados com todos que deles necessitam. Para que o compartilhamento

possa ocorrer, é imprescindível a pré-disposição e contribuição da fonte do

conhecimento.

A prerrogativa da fase Construir/sustentar relacionamentos é a de que a

organização deve ter a capacidade de construir e sustentar relacionamentos com

suas principais fontes de conhecimento – stakeholders, seus funcionários, seus

fornecedores ou até mesmo seus clientes. Para isso, a organização deve prover

desenvolvimento e apoio de infraestrutura e de pessoas necessárias ao aumento e

renovação dos conhecimentos indispensáveis à estratégia da organização.

Na fase de Descartar/despojar conhecimento, as organizações têm

dificuldade em despojar-se de seus ativos, tendendo a agarrar-se ao conhecimento,

às atividades e aos recursos atrelados. Quando o conhecimento estiver trazendo

pouco ou nenhum retorno, a organização deve substituí-lo por conhecimento de

maior valor e descartá-lo. Em suma, a gestão do conhecimento pode ser

condensada na definição de Brito (2005, p. 99):

Gestão do Conhecimento como arte de criar valor alavancando os ativos intangíveis significa, na prática, identificar e mapear os ativos de conhecimento ligados à empresa; gerar novos conhecimentos para oferecer vantagens na competição do mercado; tornar acessíveis grandes quantidades de informações corporativas, compartilhando as melhores práticas e a tecnologia que torna possível tudo isso – groupware e intranets. É orientar a empresa inteira para produzir esta que é a mercadoria/bem mais valiosa da nova economia (o conhecimento) e descobrir formas de aproveitá-la, difundi-la, combiná-la e de gerar lucro com ela.

Vê-se, então, que para Bolson (2012) gerir o conhecimento é, pois, garantir

a sobrevivência da organização; que a gestão do conhecimento está caminhando

rapidamente para se tornar uma prioridade máxima nas organizações e uma das

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razões principais para isso é que as empresas de ponta estão sofrendo com a perda

de seus executivos-chave (experts), responsáveis pelo know-how das mesmas

(BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). E isso ocorre em razão das aposentadorias

voluntárias antecipadas, adesão a PDVs (Planos de Demissão Voluntária), com o

intuito de montar suas próprias empresas ou conseguir um melhor emprego em

outro local.

Percebe-se, pois, que os esforços devem ser realizados visando encontrar

as melhores maneiras de utilizar o conhecimento já existente, permitindo que as

boas práticas sejam permeadas pela organização, pois que, compartilhar o

conhecimento gera mais lucro que retê-lo (DRUCKER, 2002). Ainda, se apenas uma

pessoa monopoliza o conhecimento, ao exemplo do que ocorre com as mercadorias

físicas, o conhecimento torna-se caro e restrito a poucos, denotando uma escassez

artificial (DAVENPORT; PRUSAK, 1999, p.51). Neste panorama torna-se

imprescindível criar maneiras para que o conhecimento presente nas organizações

seja difundido, atingindo cada indivíduo que dela faz parte (MUSSI; ANGELONI,

2001).

2.6.5 Compartilhamento de conhecimento

Conforme Tonet e Paz (2006), o compartilhamento de conhecimento é um

assunto controverso no meio literário. Quanto à denominação dada à forma como o

conhecimento passa da fonte para o receptor, são usados termos como

disseminação, repasse ou transferência do conhecimento. Em relação ao conteúdo,

os autores usam os termos compartilhamento de conhecimento e compartilhamento

da informação.

De acordo com Davenport e Prusak (1999) o processo de compartilhamento

de conhecimento acontece nas organizações quer ele seja gerenciado ou não,

porque ele faz parte do dia-a-dia das organizações. Estar trabalhando em um

mesmo ambiente faz com que algum conhecimento seja transferido, independente

de haver gestão. No entanto, essa transferência é localizada e fragmentada. A

eficácia do compartilhamento para as pessoas e para a organização, porém, só

ocorrerá se o processo for sistematizado. Ainda, segundo Davenport e Prusak

(1999), a abundância de conhecimento na organização não assegura seu uso na

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geração de valor sendo necessária então, a adoção de estratégias voltadas à gestão

do compartilhamento de conhecimento.

Ao compartilhamento de conhecimento que Davenport e Prusak (1999)

intitulam como não gerenciável, Angeloni (2002) denomina como informal,

acontecendo seu compartilhamento através de conversas informais, solicitação de

ajuda para solução de um problema, na execução de atividades rotineiras ou não.

No compartilhamento informal, o processo acontece de forma espontânea, sem a

necessidade de um objetivo específico. Por outro lado, ao que Davenport e Prusak

(1999) nomeiam de conhecimento sistematizado, Angeloni (2002) denominou de

conhecimento formal, havendo a necessidade clara do seu objetivo e a formulação

da estratégia de compartilhamento pela organização. Não há por parte dos

transmissores e receptores do conhecimento domínio sobre o processo e o principal

método de transmissão é o treinamento planejado e executado pela organização.

Embora possa parecer um paradoxo, segundo Davenport e Prusak (1999),

as organizações podem criar condições para que o compartilhamento fortuito de

conhecimento ocorra. Entendem os autores que a criação de locais e ocasiões para

os empregados se encontrarem, bem como, a promoção de passeios pela

organização estimula o compartilhamento informal.

A metodologia a ser usada no compartilhamento de conhecimento, deve ser

compatível com a cultura da organização (DAVENPORT; PRUSAK, 1999). É de

suma importância na percepção de Terra (2005) que a organização tenha uma

cultura voltada para a inovação, à experimentação e o aprendizado, propicie um

ambiente à troca de conhecimento de forma confortável e transparente, para que

haja eficácia no compartilhamento de conhecimento.

Para Terra (2005), o compartilhamento de conhecimento estruturado pode

gerar insumos para que as organizações possam tomar decisões mais rápidas e

precisas, melhorar o relacionamento com os clientes, produzir mais rápido, melhorar

a produtividade e reduzir custos.

A tradição e a informação são os modos pelos quais o compartilhamento de

conhecimento acontece (SVEIBY, 1998). Na visão do autor, o compartilhamento pela

tradição é transmitido de um indivíduo para outro através do aprendizado, tanto pelo

aprender fazendo como pela participação em palestras, favorecendo a transmissão

do conhecimento tácito. Já o compartilhamento pela informação é mais propício à

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transmissão do conhecimento explícito, que é de fácil disseminação, podendo ser

utilizado inclusive às ferramentas de tecnologia da informação.

Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) enfatizam a dificuldade na transferência de

grande volume de conhecimento tácito. Enquanto o conhecimento explícito pode ser

transmitido em massa através de ferramentas de tecnologia da informação, a

transferência do conhecimento tácito em conhecimento tácito (socialização),

depende da interação física entre as partes para sua execução, motivo pelo qual se

torna mais moroso e de difícil implementação.

Segundo Mussi e Angeloni (2001), a estrutura organizacional, o estilo

gerencial, o espaço físico, a linguagem, a diversidade de interesses, precisam ser

analisados e considerados pela organização, verificando-se as barreiras e

facilidades, os prós e contras, para se implementar um processo de

compartilhamento na organização.

Independente de quais sejam os métodos e ferramentas usadas no

compartilhamento do conhecimento, vários são os fatores que contribuem para

facilitar, retardar ou inibir o processo. Esses fatores são inerentes aos próprios

indivíduos ou ao planejamento e estrutura da organização (KROGH, ICHILO E

NONAKA , 2001).

De acordo com Davenport e Prusak (1999, p. 125), “a adoção e a aplicação

do conhecimento novo pode ser um processo lento e árduo, e o índice de sucesso

será altamente influenciado pela cultura da empresa”. Na percepção dos autores, a

eficácia do compartilhamento de conhecimento organizacional, está vinculada a uma

cultura que fomente o compartilhamento e propicie um ambiente favorável.

Davenport e Prusak (1999) enumeram sete barreiras individuais, grupais e

organizacionais que podem atrasar ou até mesmo impedir o compartilhamento de

conhecimento. No Quadro 7 constam ainda as possíveis soluções para cada atrito.

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Quadro 7 - Atritos e soluções para o compartilhamento do conhecimento.

Atrito Soluções possíveis

1. Ausência de laços de confiança. Promover o estabelecimento de laços de confiança nos encontros.

2. Distintas culturas, vocabulários e quadros de referência.

Buscar uma padronização, através de discussões e do trabalho em equipe.

3. Escassez de tempo e de lugar de encontro;

Disponibilizar tempo e criar espaços para transferência do conhecimento.

4. Status e recompensas direcionados aos detentores de conhecimento.

Avaliar o desempenho e oferecer incentivos baseados no conhecimento.

5. Incapacidade de absorção pelos recipientes.

Verificar a capacidade de absorção dos empregados desde o processo de seleção.

6. Confiança no conhecimento enquanto prerrogativa de determinados grupos.

Proporcionar a interação entre os grupos para troca de iadeias.

7. Intransigência com erros ou necessidades de ajuda.

Trabalhar as competências relacionadas ao comportamento do funcionário inflexível.

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998).

Com base no que foi visto neste capítulo, é imprescindível a adoção de

processo formal e estruturado para que a riqueza de conhecimentos, tácitos e

explícitos, seja compartilhada e difundida nas organizações. O mercado competitivo

exige das organizações a adoção de práticas de gestão, de processos estruturados,

não permitindo o resultado ao acaso. Assim, as organizações precisam incluir no seu

planejamento estratégico, práticas voltadas à gestão do conhecimento

(compartilhamento) para que se possa disseminar e reter o seu bem de maior valor.

2.6.6 Compartilhamento de conhecimento e mentoria

Atualmente, pode-se dizer que o principal diferencial competitivo de uma

empresa é o conhecimento organizacional; sendo o conhecimento de valor o

conhecimento tácito dos seus talentos (RODRIGUEZ, 2002; SVEIBY, 1998). Este

conhecimento tácito é aquele fruto das experiências do empregado, ou seja,

contempla elementos cognitivos e técnicos, possuindo também uma dimensão

subjetiva, uma vez que decorre da prática e funda-se nas experiências individuais

(NONAKA; TAKEUCHI, 1997; ANGELONI, 2002).

Diante disso, Poole e Sheehan (2006) afirmam que é inevitável a perda de

conhecimento organizacional, quer seja por iniciativa própria do empregado, quer

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seja por outros fatores como aposentadoria. No entanto, as organizações precisam

adotar medidas que visem mitigar suas perdas. Precisam identificar o conhecimento

crítico (que lhes permite se diferenciar num dado mercado), os principais detentores

do conhecimento (pessoas críticas para entregar o conhecimento), bem como

estratégias para gerir a fuga de cérebros (mobilização do conhecimento crítico e

propagação dentro da organização). Ainda segundo os autores, uma vez que o

conhecimento e a experiência em uma área saem da organização, é provável que

seja difícil de recuperá-los.

Contudo, não existe uma forma de compartilhamento de conhecimento que

seja ideal para todas as organizações. Antes de se adotar um modelo, devem ser

levados em consideração alguns fatores como o tamanho da organização, a

natureza do mercado, o perfil dos empregados e o tipo de conhecimento que será

perdido. Em alguns casos, o conhecimento pode ser compartilhado através da

intranet, programas de formação, oficinas, melhores práticas, conferências, etc.

Estas ferramentas (processos) atingem a um número maior de empregados, visto

que podem ser usadas através de tecnologia da informação, ou um único

transmissor pode passar o conhecimento para várias pessoas ao mesmo tempo. O

compartilhamento de conhecimento tácito dos talentos, no entanto, exige estratégias

que envolvam as pessoas e a interação entre elas. Assim, o desafio é saber que

estratégias de transferência de conhecimento e táticas adotar (MAVUSO, 2007).

Além disso, a partir da análise do modelo de conversão de conhecimento de

Nonaka e Takeuchi (1997), discutida anteriormente no referencial teórico, percebe-se

que a mentoria se encaixa na descrição de socialização e internalização, pois se

trata da partilha de experiências através da comunicação (reuniões entre mentor e

mentorado), da relação face-a-face, traduzindo-se como uma ferramenta útil de

aprendizagem e transferência de competências entre novatos e especialistas (DE

LONG, 2004; HANSEN, 1999).

Assim, a mentoria, que na Era industrial era marcada pelo foco na carreira

do empregado, na Era da informação centra-se nas competências especializadas,

formando mentores capazes de atender necessidades conjunturais por possuírem

uma visão global sobre mentoria (SHEA, 2003). Pode-se dizer que é também

utilizada para reter o conhecimento tácito, combinando os diferentes conhecimentos

de seus talentos para a produção de um novo conhecimento organizacional global

(BOLLINGER; SMITH, 2001); ou ainda segundo Cranwell-Ward; Bessons; Gover

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(2004) e Mavuso (2007), é utilizada por algumas organizações como ferramenta de

apoio na sucessão gerencial, na medida em que prepara sua liderança futura

através da troca de conhecimento e experiência de seus atuais líderes e líderes

potenciais.

Dessa forma, conclui-se que a comunicação entre pessoas é variável

imprescindível à transferência do conhecimento tácito (DAVENPORT; PRUSAK,

1999), uma vez que os processos e interações sociais são essenciais à

transferência deste tipo de conhecimento (GREER, 2001). A mentoria permite que

esse conhecimento seja compartilhado em ambos os sentidos entre mentor e

mentorado (CRANWELL-WARD; BESSONS; GOVER, 2004), possibilitando a este

ser aconselhado e orientado para potencializar os seus conhecimentos e habilidades

(MAVUSO, 2007). Nesse viés, como retratado por Gallupe (2001), embora haja

pouca pesquisa na área, é imprescindível o desenvolvimento de táticas que

permitam o compartilhamento do conhecimento face a face; mesmo porque se trata

de um processo que se reveste de ganhos tanto para a organização (evita a perda

do capital intelectual) quanto para os funcionários (ascensão na carreira

profissional).

Assim, bons resultados de compartilhamento de conhecimento podem ser

alcançados se a organização mantiver uma cultura de compartilhamento de

conhecimento de seus especialistas, propiciando um ambiente em que as pessoas

têm um desejo e uma paixão de aprender, mediante o apoio de fazê-lo (MAVUSO,

2007).

Diante do exposto, conclui-se que a mentoria é uma ferramenta de gestão

eficaz para transferência de conhecimento tácito dos empregados da organização,

(MAVUSO, 2007). Entretanto, alguns fatores podem influenciar positiva ou

negativamente este processo, o que determinará a ocorrência ou não do

compartilhamento.

2.6.7 Fatores que influenciam o compartilhamento de conhecimento

O Capital humano diz respeito, pois, à dimensão individual da parcela de

conhecimento pertencente ao trabalhador; esta dimensão não mais é considerada

suficiente para assegurar a reprodução do capital, além de representar risco de

depreciação, visto que permanece sob a posse do trabalhador. Ainda na Teoria do

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Capital Humano, existe a preocupação quanto ao risco de se manter, sob a

propriedade individual do trabalhador, um fator de produção estratégico como o

conhecimento.

O Capital de conhecimento da organização, formado pelo capital intelectual

dos seus empregados, é a chave para vantagem competitiva. Mas, para que se

torne uma vantagem competitiva sustentável, é preciso que este conhecimento seja

compartilhado de forma contínua, ininterrupta entre os empregados mais experientes

e os mais novos, tornando-se conhecimento organizacional (LUBIT, 2001).

No entanto, as organizações precisam planejar o seu compartilhamento de

conhecimento organizacional, porque ele não ocorre de forma fluida. Neste sentido,

deve-se dispensar atenção aos fatores que podem facilitar, retardar ou impedir que

as pessoas compartilhem o que sabem.

As Intenções e ações para compartilhar conhecimento sofrem influências de

diferentes fatores (IPE, 2003). Esses fatores, quando positivos, se tornam

facilitadores, e quando negativos, se tornam barreiras ao compartilhamento de

conhecimento. Conforme Wang e Noe (2010); Ordaz, Cruz e Ginel (2009) e Riege

(2005), estes mesmos fatores variam se as organizações são multinacionais,

pequenas e médias empresas do setor público ou privado, com ou sem fins

lucrativos; porém, estão invariavelmente atrelados em relação ao indivíduo ou a

estrutura e processos organizacionais.

No que tange ao compartilhamento de conhecimento baseado no indivíduo,

os fatores que influenciam o compartilhamento estão relacionados ao

comportamento, ações e percepções de cada pessoa (RIEGE, 2005). De acordo

com Ordaz, Cruz e Ginel (2009); Nodari et al (2012); Scully e Khosrowshahi (2011),

a confiança é caracterizada como um importante fator facilitador de

compartilhamento de conhecimento na medida em que o receptor percebe no

transmissor alguém que é capaz, que não está lhe enganando, passando

conhecimento errado. Em pesquisa realizada por Wang e Noe (2010) sobre a

influência da confiança, foi constatado que indivíduos eram mais propensos a

compartilhar conhecimento com aqueles que foram percebidos como capazes,

íntegros e benevolentes.

Diante disso, Floriano (2013) relata que a falta de confiança é uma barreira

ao compartilhamento de conhecimento, na medida em que gera distorções na

comunicação entre receptor e emissor. Já Goman (2013) afirma que a rotatividade

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de pessoas através de demissões, aposentadorias precoces, dificulta ou retardam a

relação de confiança entre as pessoas. Por fim, Riege (2005) destaca que a falta de

confiança pode estar atrelada a possibilidade de uma pessoa tomar crédito do seu

conhecimento.

Outro fator individual que influencia o compartilhamento de conhecimento é

a motivação que segundo Lahti (2000) é necessária, não apenas para quem

transmite, mas também para quem recebe o conhecimento. Na visão do autor, para

que ocorra o compartilhamento de conhecimento as pessoas devem estar motivadas

para ouvir e aprender. Conforme Floriano (2013), as pessoas necessitam ser

estimuladas por meio de benefícios para se sentirem motivadas em compartilhar o

seu conhecimento. Estes benefícios podem ser financeiros ou não e incluem

promoções, oportunidades de crescimento, visibilidade na organização, valorização,

etc. e, para que tenham sustentabilidade, devem ser estimulados por longo prazo.

De acordo com Wang e Noe (2010) o fator “motivação” em compartilhar

conhecimento está relacionado à crença de posse do conhecimento, das

recompensas, tais como: respeito, reputação e incentivos tangíveis, da confiança

interpessoal e justiça, atitudes individuais. Os resultados da pesquisa realizada por

Scully e Khosrowshahi (2011) apontaram que motivação e confiança são fortemente

ligadas e são positivas em relação ao compartilhamento de conhecimento.

Conhecimento como poder também é um fator que influencia o

compartilhamento de conhecimento, ele é visto pelos autores como obstáculo ao

compartilhamento de conhecimento. De acordo com Ipe (2003), uma pessoa, que

possui conhecimento que são necessários, tende a criar uma noção de poder.

Bollinger e Smith (2001) acreditam que esta sensação de poder é uma barreira ao

compartilhamento de conhecimento individual porque diminui a motivação em

compartilhar. Ainda segundo o autor, alguns empregados não compartilham o que

sabem porque o conhecimento para eles é fator de segurança para garantir o

emprego. De acordo com Floriano (2013), se uma organização possui uma cultura

individualista, as pessoas dificilmente compartilharão seus conhecimentos com

medo de enfraquecer o seu poder na empresa; e as pessoas que necessitam do

conhecimento, sentem-se desencorajadas a solicitar, com medo de admitir fraqueza

e incompetência. Barros et al (2010), em pesquisa sobre as barreiras do

compartilhamento de conhecimento, encontrou conhecimento como poder. Conforme

Husted e Michailova (2002), o conhecimento como poder é potencializado em

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ambientes organizacionais competitivos, onde os trabalhadores lutam por

promoções e aumentos salariais.

Já Nodari et al (2012) e Riege (2005) afirmam que, a comunicação verbal e

escrita pobre nos relacionamentos interpessoais e a falta de habilidade de

comunicação das partes, constituem uma barreira no compartilhamento de

conhecimento.

Ainda sobre as barreiras existentes no processo de compartilhamento de

conhecimento, outro enfoque abordado por autores é a abordagem estrutural e dos

processos organizacionais envolvidos. Sobre isso, Wang e Noe (2010); Nodari et al

(2012); Scully e Khosrowshahi (2011), afirmam que as pessoas que possuem a

mesma visão de cultura, usam a mesma língua, são mais propensos a compartilhar

conhecimento. Para Riege (2005), diferenças de cultura nacional ou étnica e os

valores e crenças associados com ela (a linguagem é parte do presente) são

barreiras ao compartilhamento de conhecimento. De acordo com Floriano (2013),

pessoas que compartilham a mesma cultura de trabalho podem comunicar-se

melhor e transferir conhecimento de forma mais eficaz, pois possuem interesses e

experiências em comum. O autor afirma que o desenvolvimento de uma cultura de

compartilhamento de conhecimento é a parte mais difícil na criação de um ambiente

de aprendizado.

Além disso, Riege (2005) menciona que a falta de infraestrutura adequada,

para apoio à prática de partilha de conhecimento, é sim uma barreira ao

compartilhamento. Segundo Floriano (2013), sistemas e estruturas organizacionais

podem ajudar a promover um ambiente propício ao compartilhamento de

conhecimento. Um ambiente físico que facilite o compartilhamento de conhecimento

é uma importante premissa nesse cenário. De acordo com Terra (2005), cada vez

mais as empresas destinam espaços específicos para a prática de compartilhamento

de conhecimento, sejam eles espaços internos da empresa ou ambientes totalmente

desconectados da realidade do trabalho. O mais comum são locais informais como

bebedouros, cozinhas, sala de café, etc. Conforme Riege (2005), o ambiente físico

de trabalho e layout das áreas de trabalho mal planejados restringem práticas de

partilha eficazes. Ainda na visão do autor, escassez de espaços formais e informais

para compartilhar, refletir e gerar (novo) conhecimento, s não barreiras ao

compartilhamento de conhecimento.

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De acordo com Wang e Noe (2010), recompensas e incentivos apresentam

resultados mistos sobre a influência positiva em relação ao compartilhamento de

conhecimento. Em pesquisas recentes, alguns autores encontraram valores

distintos, recompensas percebidas como fator positivo, sistema de recompensa com

pouca relevância em relação ao compartilhamento de conhecimento (SOUZA;

AMARAL,2012). Conforme Riege (2005), há falta de um sistema de recompensas

transparentes e sistemas de reconhecimento que motivam as pessoas a

compartilhar mais de seus conhecimentos. Decorrentes dos instintos competitivos da

natureza humana, os incentivos são um método de otimizar o desempenho do

empregado e os resultados corporativos. Enquanto para a empresa o condutor final

é o lucro, para as empregados o condutor é o pacote de remuneração, incentivos e

reconhecimento. Vários autores argumentam que a introdução de um sistema de

recompensa ou mudança nas políticas de incentivo e remuneração raramente

melhora o compartilhamento de conhecimento porque o processo precisa ser

natural. Na visão de Goman (2013), uma forma de reconhecer os esforços e

contribuições para a partilha de conhecimento é introduzi-lo como critério de

avaliação de desempenho. Enquanto o sistema de recompensas, promoções e

avaliações foram baseados em números relativos, o compartilhamento ficará em

segundo plano. As organizações precisam reconhecer e promover os empregados

pelo que eles ensinam, compartilham, aprendem, e penalizar os que não o fazem. As

pessoas podem ser incentivadas através da valorização em compartilhar

conhecimento.

Floriano (2013), com base em O´Dell e Grayson (1998), afirma que

organizações com estruturas organizacionais fechadas, incentivam as pessoas a

sonegarem informações, enquanto as organizações com estruturas abertas facilitam

o contato e o diálogo, que por sua vez estimulam o compartilhamento de

conhecimento. Em várias organizações a concorrência interna agressiva é

estimulada entre indivíduos e grupos, ocasionando a retenção de conhecimento e

causando uma barreira ao compartilhamento de conhecimento. De acordo com

Riege (2005), uma organização com estrutura hierárquica inibe ou retarda a maioria

das práticas de compartilhamento de conhecimento.

Em relação ao desconhecimento de fonte e receptor ou identificação das

necessidades de compartilhar conhecimento, de acordo com Floriano (2013), via de

regra, quem possui o conhecimento não sabe quem precisa dele e quem necessita

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não sabe onde encontrar. Geralmente as pessoas estão abertas a compartilhar, mas

tem a sensação de que ninguém necessita. Conforme Tonet e Paz (2006), localizar

as fontes aptas e disponíveis para compartilharem conhecimento é relevante para o

processo de compartilhamento de conhecimento.

Segundo Floriano (2013), ainda sobre as barreiras estruturais, a distância

física pode se tornar um impecilho ao compartilhamento de conhecimento na medida

em que alguns tipos de conhecimento só se tornam possíveis de compartilhamento

quando existe a interação física entre as partes. Isto ocorre principalmente quando o

conhecimento é complexo demais para ser explicado em palavras, sendo necessário

ser mostrado pessoalmente, e requerem diálogo e interatividade. Muitas vezes, o

receptor necessita olhar a pessoa que está fornecendo conhecimento, verificando se

ela é confiável, só para então aceitá-lo. A distância física é uma barreira ao

compartilhamento de conhecimento (BARROS et al, 2010).

Conforme O´Dell e Grayson (1998), a falta de tempo para contato entre a

fonte e o destinatário do conhecimento constitui-se numa barreira ao

compartilhamento de conhecimento. Segundo os autores, apesar dos gestores

estarem cientes dos benefícios da partilha de conhecimentos, eles encontram

dificuldade em relação ao tempo disponível para implementá-la. Na visão de Husted

e Michailova (2002), ao invés de gastar tempo com partilha de conhecimento, as

pessoas naturalmente se concentram nas tarefas que são mais benéficas para elas.

Outros obstáculos ao compartilhamento de conhecimento advêm de

aspectos ligados à liderança. Segundo Riege (2005), a falta de liderança e direção

gerencial, constitui um obstáculo quando relacionado à dificuldade em se comunicar

claramente os benefícios e valores das práticas de compartilhamento de

conhecimento. Conforme Goman (2013), os gestores devem fomentar um clima de

colaboração dentro do seu grupo de trabalho ou equipe porque as pessoas

naturalmente relutam em compartilhar o que sabem.

De acordo com Riege (2005), a falta de integração do processo de gestão de

conhecimento e iniciativas de compartilhamento com os objetivos estratégicos da

organização, é uma barreira ao compartilhamento de conhecimento. Na visão do

autor, independentemente da forma como a partilha de conhecimentos começa ou

qual estrutura é preciso, os mais bem sucedidos programas são aqueles que estão

intrinsecamente ligados ao negócio e seus objetivos estratégicos.

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Além dos fatores já citados, podemos ainda elencar outros fatores, que

dependendo da abordagem e importância dada pela organização, podem se

constituir uma barreira ou um incentivo ao compartilhamento de conhecimento

organizacional, como: Status: as pessoas costumam julgar o conhecimento

transmitido baseando-se no que a hierarquia da empresa confere ao indivíduo e não

pela qualidade do conhecimento (FLORIANO, 2013); Relacionamento recíproco,

intenção de compartilhar, conhecimento pregresso, Identidade comum, papel

gestor/alta administração, Rede de relacionamentos, limitações tecnológicas,

conhecimento pregresso, risco percebido, falta de conhecimento no uso de

tecnologias (NODARI et al, 2012); Ambiguidade do conhecimento, incapacidade de

entendimento do receptor, dificuldade de relacionamento entre os agentes, medo de

perder privilégios, ignorância da necessidade de conhecimento dos outros agentes

;Diferença de idade, diferença de gênero, falta de rede social, diferença de níveis de

educação (RIEGE, 2005); Deficiência de recursos da empresa em oferecer recursos

adequados, competitividade interna elevada dentro de unidades de negócios

(RIEGE, 2005).

Como podem ser observados, os fatores que influenciam o

compartilhamento de conhecimento são discutidos separadamente por diversos

autores, embora muitas deles estejam interligados, favorecendo a diferentes

combinações de partilha de conhecimento, consequentemente, também podem

resultar em diferentes barreiras a serem trabalhadas e sanadas dentro da

organização.

2.6.8 Modelo de Compartilhamento de conhecimento ap licado na pesquisa

O compartilhamento de conhecimento no trabalho é visto por Tonet e Paz

(2006), como uma forma de garantir que a força de trabalho da organização possa

estar repassando uns aos outros o conhecimento que possuem, garantindo assim a

disseminação e retenção do conhecimento. Ainda segundo as autoras, o diferencial

competitivo de uma organização, é a sua capacidade em fazer uso do conhecimento

existente, que invariavelmente fica restrito a poucos indivíduos ou alguns grupos,

enquanto os demais indivíduos que do conhecimento precisam para solucionar

problemas e executar melhor suas atividades, não tem a oportunidade de fazer uso

do conhecimento já dominado internamente.

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De acordo com Davenport e Prusak (1998); Tonet e Paz (2006), o

compartilhamento de conhecimento sofre influência de inúmeras variáveis que se

constituem em barreiras ou facilitadores do processo. Segundo as autoras, essas

variáveis estão relacionadas com o transmissor e o receptor do conhecimento, com

o conhecimento compartilhado e com o contexto onde ocorre o compartilhamento.

Terra (2005) acrescenta as variáveis relacionadas à estrutura, aos processos

operacionais, à cultura e ao clima organizacional.

O modelo de compartilhamento do conhecimento de Tonet e Paz (2006) tem

como objetivo ajudar o entendimento sobre o que acontece quando pessoas

compartilham conhecimento no trabalho. Ele está ancorado na teoria de sistemas de

Bertalanfly (1975). O modelo em questão é composto por quatro fases,

caracterizadas por ações específicas, próprias de cada fase: Iniciação,

implementação, apoio e incorporação; baseando-se em quatro elementos básicos

análogo ao processo: a fonte do conhecimento, o destinatário, o conhecimento a ser

compartilhado, e o contexto em que o compartilhamento ocorre.

Figura 2: Modelo de Compartilhamento do Conhecimento.

Fonte: Tonet e Paz (2006, p.81).

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2.6.8.1 As Fases do Modelo

Como primeira fase do processo de compartilhamento do conhecimento, a

Fase de Iniciação é responsável pela identificação de necessidades ou demandas

de conhecimento que servirão de insumo para que possam ser detectadas as fontes

de conhecimento para prover as carências identificadas. Ao receber um novo

empregado, a organização deve realizar uma análise de gap de suas competências,

para que possa verificar quais são suas necessidades em termos de conhecimento,

bem como os conhecimentos que possui para que a organização não desperdice

tempo e dinheiro ensinando o que ele já sabe. Esta fase implica também em

investigar quais conhecimentos internos de valor, não estão sendo usados ou que

poderiam ser melhor aproveitados, pois é sabido que existem pessoas que sabem

muito mais do que mostram no seu dia a dia e garimpar este conhecimento,

repassando para outros empregados, vai trazer vantagem competitiva para a

organização.

Segundo as autoras, Tonet e Paz (2006), a organização deve realizar uma

investigação criteriosa das necessidades de conhecimento das pessoas, grupos de

trabalho e da organização, no sentido de evitar investimento e esforços

desnecessários.

Quadro 8 - Fatores que influenciam a relevância da fase de iniciação.

Fatores que influenciam a relevância da fase de ini ciação

1- Localizar demandas existentes

2- Perceber as oportunidades de transferência de conhecimentos úteis já dominados

3- Manter contextos favoráveis à busca e criação de conhecimento Fonte: Tonet e Paz (2006, p.82).

A relevância dos fatores, apresentados no Quadro 8, aumenta quando estão

acontecendo situações adversas, tais como: perda de mercado, necessidade de

inovação, desempenho insuficiente.

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Quadro 9 - Principais dificuldades da fase de iniciação.

Principais dificuldades da fase de iniciação

1- Identificação precisa das necessidades e demandas do conhecimento;

2- A localização das fontes aptas e disponíveis para repassar o conhecimento;

3- O mapeamento e desenvolvimento das competências requeridas tanto para a fonte quanto para o destinatário;

4- Aspectos inerentes à estrutura interna: crença, cultura e valores. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.82).

Em referência as dificuldades desta fase, enfatizadas no Quadro 9, a cultura

aberta ao diálogo e à discussão poderão facilitar a localização de fontes de

conhecimento na organização. Outra prática que pode ser adotada é a flutuação ou

caos criativo do modelo de criação do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997).

Na Fase de Implementação, o ponto central são as trocas que ocorrem entre

a fonte e o destinatário do conhecimento, bem como, as condições nas quais as

trocas acontecem. É nesta fase onde são estabelecidos os vínculos entre o

repassador e o recebedor do conhecimento. As autoras destacam aspectos

diferentes sobre os problemas que surgem nessa fase, conforme especificado no

Quadro 10.

Quadro 10 - Principais problemas da fase de implementação.

Principais problemas da fase de implementação

1- Com as habilidades da fonte para repassar aquilo que sabe, e do destinatário, para compreender e conseguir manejar o conhecimento que está sendo compartilhado;

2- Com as atitudes e traços pessoais de ambos, que poderão facilitar ou dificultar o processo, a depender de como se coloquem diante do compartilhamento de conhecimento;

3- Com aspectos do contexto organizacional, como disponibilidade de tempo e condições estruturais adequadas para o compartilhamento; como, por exemplo, situações formais e informais para encontros e conversas entre as pessoas, e locais e equipamentos adequados para o repasse de conhecimentos que exigem demonstrações. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.83).

Segundo as autoras, a organização deverá planejar ações mitigadoras para

os problemas citados. São recomendadas as seguintes ações: (a) identificação do

conhecimento a ser compartilhado, seu volume e fracionamento em unidades a

serem repassadas; (b) a escolha de estratégias que serão empregadas, por

exemplo, verbalização, simulações, práticas; (c) o controle de variáveis relacionadas

à fonte e ao receptor, tais como: sobrecarga de atividades; preparo para repassar o

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conhecimento de forma efetiva; domínio de competências consideradas requisitos

para a apreensão do conhecimento; crença na viabilidade e oportunidade do

compartilhamento; (d) o cuidado com a recorrência de problemas já conhecidos, que

poderão afetar a disposição e o interesse tanto da fonte quanto do destinatário do

conhecimento; (e) a existência de critérios de avaliação do progresso obtido no

compartilhamento.

Ainda para as autoras, a troca de conhecimento poderá ser sincrônica ou

diacrônica. Na primeira, a fonte apenas transmite e o receptor decodifica o que foi

repassado de acordo com seus referenciais tecnológicos, linguísticos e vivenciais.

Assim, ocorrerá a intercomunicação síncrona ou monólogo. No segundo caso, fonte

e receptor estudam o problema e buscam solução alternativa. Neste caso, acontece

o diálogo, ou comunicação diacrônica, onde a fonte contribui com sua experiência e

o receptor com suas dúvidas e juntos buscam o conhecimento que vai solucionar o

problema.

Quadro 11 - Fatores que influenciam a relevância da fase de implementação.

Fatores que influenciam a relevância da fase de implementação

1- Com o grau de necessidade de o destinatário aplicar em suas atividades o conhecimento alvo do processo de compartilhamento;

2- Com o valor que essa aplicação poderá gerar para a organização;

3- Com a insuficiência de portadores ou fontes do conhecimento a ser compartilhado, que será tão mais relevante quanto menor for o número e disponibilidade de fontes;

4- Com o rompimento das rotinas da fonte e do destinatário para dedicar tempo e atenção ao compartilhamento. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.85).

As dificuldades esperadas durante a fase de implementação são

demonstradas no Quadro 12.

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Quadro 12 - Principais dificuldades da fase de implementação.

Principais dificuldades da fase de implementação

1- Dificuldades de comunicação e uso de linguagem e códigos comuns, pela fonte e pelo destinatário do conhecimento;

2- Resistência da fonte em repassar o conhecimento que detém, por receio de perder status ou poder, por temer ser substituído pelo aprendente, ou outros motivos;

3- Resistência do destinatário em adquirir o conhecimento, devido a não estar disposto a mudar a forma como trabalha, por sentir desconforto em colocar-se na posição de aprendente, por temer não assimilar a nova aprendizagem, ou outro;

4- Falta de interesse e comprometimento com as demandas da organização, tanto da parte da fonte como do destinatário;

5- Existência na organização de gerentes com estilos de gestão refratários à cooperação interna, e conseqüentemente, ao compartilhamento de conhecimento;

6- Necessidades de mudança de hábitos e práticas pessoais de pensamento e de trabalho do destinatário, e às vezes de seus pares, geralmente internalizadas de forma profunda e com pouca chance de mudança;

7- Possíveis necessidades de revisão de crenças, atitudes e valores arraigados na cultura organizacional, que em decorrência do compartilhamento do conhecimento precisarão ser abandonados ou substituídos. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.85).

Visando mitigar as dificuldades elencadas no Quadro 12, as organizações

necessitam implementar processos voltados para: aperfeiçoar a comunicação dos

indivíduos e da organização; incentivar a aquisição de novas competências; o

estímulo a estilos gerenciais facilitadores do trabalho cooperativo,etc.

Na Fase de Apoio o foco principal é esclarecer pontos de atenção sobre o

conhecimento que não foi repassado com êxito e que se usado poderá não alcançar

os resultados esperados. A relevância desta fase está vinculada a volume e

gravidade dos problemas surgidos nas primeiras tentativas de aplicação do

conhecimento compartilhado, e do esforço exigido para encontrar e encaminhar as

necessárias soluções.

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Quadro 13 - Problemas que podem surgir na fase de apoio.

Problemas que podem surgir na fase de apoio

1- Reações do ambiente à prática do conhecimento compartilhado e suas consequências; por exemplo, o compartilhamento de nova metodologia de trabalho poderá levar a mudanças no desempenho de funções ou cargos, com possível aumento ou redução de responsabilidades e de níveis de poder em algumas posições, gerando resistências dos atingidos;

2- Falta de linguagem comum entre os usuários ou aplicadores do conhecimento compartilhado;

3- Treinamento insuficiente dos usuários para a aplicação do conhecimento;

4- Dificuldades de assimilação por falta de requisitos pessoais necessários ao uso do conhecimento compartilhado;

5- Retomada de conhecimentos dominados anteriormente, por parecerem mais fáceis e rápidos de aplicar nas situações de sobrecarga de trabalho;

6- Falta de acesso à fonte do conhecimento, para solução de dúvidas surgidas;

7- Desempenho insuficiente ou fora dos padrões esperados;

8- Falta de condições físicas e materiais necessários para a prática do novo conhecimento;

9- Movimentação de pessoas pós-compartilhamento de conhecimento para posições impeditivas da sua aplicação; desligamento de pessoas envolvidas no compartilhamento de conhecimento, e a consequente perda desse conhecimento;

10- Mudanças tempestivas, que forçam redirecionamentos da organização e afetam a forma como os indivíduos realizam o trabalho. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.86).

Visando mitigar os problemas apresentados no Quadro 13, a organização

precisa tomar medidas rápidas que evitem o uso do conhecimento repassado que é

passível de correção, pois o seu uso contínuo poderá tornar-se arraigado nas

práticas de trabalho, sendo mais difícil à posteriori a sua correção.

Conforme Tonet e Paz (2006) a aplicação do conhecimento pode ocorrer de

duas formas: gradual ou imediata. O mais esperado é que a aplicação ocorra de

forma gradual, com a substituição de práticas já dominadas por práticas novas ao

longo do tempo, até que aconteça a total substituição das práticas antigas. Poderá

ocorrer também a substituição imediata, passando o mentorado a adotar a nova

prática com o conhecimento adquirido.

Por fim, tem-se a fase de Incorporação. Esta envolve a aplicação prática do

conhecimento recebido no contexto de trabalho, com destaque na inserção do

conhecimento na execução das atividades por um número maior de pessoas. A

relevância desta fase reside nas medidas que a organização deve implementar para

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remover possíveis obstáculos ao uso do conhecimento compartilhado e também,

com os desafios surgidos para a sua aplicação, pois poderá ser necessário

mudanças nas atividades ou na unidade de trabalho do recebedor, para o uso do

conhecimento recebido.

Eventos externos e internos, conforme Quadro 14, poderão conturbar a

eficácia desta fase.

Quadro 14 - Problemas que podem ocorrer na fase de incorporação.

Problemas que podem ocorrer na fase de incorporação

1- Expectativas inadequadas dos recebedores, por estarem aplicando o novo conhecimento; exemplo, expectativas não previstas de promoção ou atribuição de diferencial salarial, devido à agregação de novas competências com o conhecimento assimilado;

2- Exigência de aplicação do conhecimento em situações não totalmente esclarecidas; exemplo: orientação para transpor conhecimento de uma situação para outra, sem que as implicações da ação estejam plenamente claras;

3- Evidências de conseqüências disfuncionais ou indesejáveis, decorrentes do uso do conhecimento; exemplo, redução de quadro funcional e desligamento de pessoal;

4- Mudanças súbitas nas atividades realizadas pelas pessoas, que dificultem ou inviabilizem o uso do novo conhecimento; exemplo, atribuição de novas e diferentes atividades, com sobrecarga de trabalho para os indivíduos. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.87).

As principais dificuldades, Quadro 15, estão associadas à capacidade que a

organização possui para fazer a gestão dos conflitos, que podem ocorrer com o uso

do conhecimento compartilhado, bem como, com as habilidades e atitudes

necessárias para a aplicação do conhecimento.

Quadro 15 - Dificuldades que podem ocorrer na fase de incorporação.

Dificuldades que podem ocorrer na fase de incorpora ção

1- Diferenças nos mecanismos de percepção dos benefícios e das ameaças que poderão advirdo seu uso rotineiro;

2- Falta de habilidades para redirecionar ações e rever as rotinas, quando ocorrem obstáculos ou dificultadores ao emprego do conhecimento de forma rotinizada;

3- Resistência ou indisponibilidade das pessoas para mudanças que se tornam necessárias, à medida que as práticas decorrentes do novo conhecimento começam a se consolidar;

4- Descrédito, e conseqüente pressão contrária, das chefias e pares sobre as vantagens e benefícios do uso do novo conhecimento. Fonte: Tonet e Paz (2006, p.87).

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Conforme explicitado anteriormente, as fases do Modelo de

Compartilhamento do Conhecimento, elaborado por Tonet e Paz (2006), estão

ancoradas no processo de comunicação que considera quatro elementos

participantes, quais sejam: a Fonte do Conhecimento, o Destinatário do

Conhecimento, o Conhecimento, e o Contexto Organizacional.

A Fonte do Conhecimento é o possuidor do conhecimento a ser

compartilhado. Sua efetividade está relacionada à habilidade de saber comunicar,

exemplo: domínio de vocabulário, uso de metáforas e imagens para transmitir

conhecimento tácito; crer naquilo que está fazendo e na mensagem que está

passando; o nível de domínio do conhecimento a ser compartilhado (não se pode

repassar aquilo que não é sabido); se a fonte é muito especializada e o destinatário

um neófito no conhecimento a ser compartilhado e se a fonte não usar uma

linguagem e técnicas que permitam o destinatário entender o que está sendo

repassado, o compartilhamento será prejudicado; contexto organizacional e posição

da fonte no contexto organizacional (tipo, crença, valores da organização e os

papeis desempenhado pela fonte), suas atribuições, o prestígio que possui, a

influência que consegue exercer são barreiras ou facilitadores no repasse do

conhecimento.

De acordo com Tonet e Paz (2006) a motivação da fonte de conhecimento

em repassar o que sabe é influenciada pelo incentivo que recebe em cooperar com o

destinatário, no entanto, se o destinatário é um potencial competidor, o

compartilhamento tende a ser prejudicado.

O Destinatário do conhecimento é o receptor do conhecimento, quem tem a

expectativa ou necessidade em obtê-lo; caso a necessidade de conhecimento não

esteja clara, vai haver dificuldade na aquisição deste pelo destinatário, em particular,

nos casos em que as práticas aprendidas venham substituir práticas já dominadas.

Tal qual o emissor, necessita de habilidades comunicadoras como saber ouvir ou

elaborar perguntas além de atitudes frente à fonte, a si, ao conhecimento, ao

contexto em que está inserido a fim de acreditar no conhecimento recebido, na

percepção de que o conhecimento recebido é importante para ele e para o trabalho,

tendo a fonte de conhecimento como confiável.

O Conhecimento é a mensagem a ser compartilhada, constituída de três

características: compreensibilidade, validade, utilidade. A compressibilidade está

ligada ao conhecimento e ao processo empregado no uso do compartilhamento.

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Quanto maior a compressibilidade, menor será a ambiguidade no resultado do

compartilhamento. A validade e a utilidade dizem respeito à aplicação do

conhecimento, ao quanto e como o conhecimento compartilhado podem atender ao

compartilhamento demandado.

Existe uma forte influência do Contexto Organizacional, no processo de

compartilhamento de conhecimento. Embora Cong e Pandya (2003) afirmem que a

prática de compartilhamento de conhecimento independe do tipo de organização que

é praticado, segundo Tonet e Paz (2006), organizações autocráticas, muito

centralizadas, formais, com procedimentos rígidos, quer sejam públicas ou privadas

tendem a inibir o compartilhamento de conhecimento. Segundo as autoras algumas

variáveis de contexto, como atitudes, crenças predominante na cultura e liderança

estão relacionadas ao compartilhamento de conhecimento. Assim, as organizações

devem buscar ações estratégicas para gerar um contexto propício ao

compartilhamento de conhecimento.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os aspectos relativos aos procedimentos

metodológicos adotados na consecução dos objetivos dessa pesquisa. O capítulo

está estruturado com os seguintes tópicos: tipo de pesquisa, universo, coleta dos

dados, tratamento dos dados e variáveis analíticas de estudo.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Visando alcançar os objetivos propostos nesse estudo, foi escolhida como

forma de abordagem a pesquisa quantitativa, considerando que as variáveis de

estudo foram classificadas, analisadas, tratadas e quantificadas através de métodos

estatísticos e expressas em números.

Quanto à tipologia, a pesquisa foi classificada como descritiva, pois estas

são caracterizadas pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se

deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo

significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante

análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados.

Por fim, quanto aos meios de investigação, esta pesquisa foi classificada

como estudo de caso, na medida em que mostra a situação real de uma

organização, através dos dados coletados entre os próprios colaboradores da

organização pesquisada.

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA

Devido o acesso aos pesquisados, bem como, o tempo disponível para a

realização da pesquisa, optou-se por uma pesquisa censitária, envolvendo todos os

mentores e mentorados que fizeram parte do programa implementado. De acordo

com Vergara (2011), a pesquisa censitária é aquela que abrange a totalidade dos

elementos do universo da pesquisa. Participaram e concluíram o programa de

mentoria, quarenta e três empregados.

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Tabela 1: Sujeitos da pesquisa.

Sujeitos da pesquisa Universo Respondentes % Respondentes

Mentores 17 15 88%

Mentorados 26 22 85%

Total 43 37 86% Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Os questionários foram enviados para todos os quarenta e três empregados,

sendo respondido por trinta e sete pessoas, constituindo-se, assim, em um

percentual de 86%. Dos dezessete mentores, 15 responderam representando 88% e

dos vinte e seis mentorados, vinte e dois responderam perfazendo 85%. Observa-se

que todos os percentuais de respondentes foram iguais ou acima de 85%.

3.3 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de questionário

composto por perguntas que colheram informações sóciodemográficas, bem como,

dados que responderam os objetivos da pesquisa.

A elaboração do questionário pelo autor da pesquisa foi ancorada no modelo

de compartilhamento de conhecimento de Tonet e Paz (2006). Foi utilizada uma

escala Likert variando de 1 (discordo totalmente) até 5 (concordo totalmente) para

resposta das questões objetivas. Neste sentido, quanto maior for a pontuação,

melhor será o compartilhamento do conhecimento, segundo a interpretação dos

respondentes. Até a efetiva coleta de dados, foram executados os passos a seguir:

Inicialmente, foram elaborados dois tipos de questionário pelo autor da pesquisa: um

para os mentores e outro para os mentorados;

a) As questões foram elaboradas a partir dos fatores relevantes e das

principais dificuldades de cada fase;

b) A coordenadora do programa de mentoria da organização pesquisada,

contribuiu com informações do programa implantado;

c) Realizado teste piloto com um mentor e um mentorado;

d) Realizados ajustes finais. O questionário dos mentores é composto por 34

perguntas, divididas em quatro seções, 4 perguntas na seção

sóciodemográfico, 11 perguntas na seção iniciação, 14 na implementação e

5 na seção de apoio . Já o questionário dos mentorados, é composto por 51

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perguntas divididas em cinco seções, 4 perguntas na seção sócio-

demográfico, 11 perguntas na seção iniciação, 16 na implementação, 9 na

seção de apoio e 11 na seção de incorporação. Em ambos os questionários

as perguntas do perfil sócio-demográfico são as mesmas. Observa-se que o

questionário dos mentores não possui a seção incorporação, visto que, esta

seção é voltada para a aplicação do compartilhamento do conhecimento,

sendo no caso em estudo, aplicado apenas para os mentorados;

e) Os questionários foram enviados pelo pesquisador para área de Recursos

humanos da organização pesquisada;

f) A área de RH enviou os questionários para os respondentes via aplicação

de tecnologia da informação (google drive);

g) Os dados foram coletados;

h) Finalizadas todas as etapas supracitadas para coleta dos dados, passou-

se ao tratamento dos mesmos.

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

A codificação e tabulação dos dados obtidos na aplicação do questionário,

foram realizadas no aplicativo drive da google e os cálculos estatísticos foram

realizados através da ferramenta excel do pacote office da Microsoft.

Na realização da análise dos resultados foi utilizada uma abordagem

quantitativa para a escala Likert, sendo estabelecido o Ranking Médio usado por

Brida e Santos (2011); Corrêa (2006), para mensurar o grau de concordância dos

pesquisados.

Os cálculos foram realizados levando-se em consideração os critérios de

pontuação da escala Likert e a frequência absoluta dos respondentes das questões,

conforme os seguintes procedimentos:

a) A pontuação da escala Likert obedece à pontuação do Quadro 16:

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Quadro 16 - Pontuação da escala Likert.

Percepção do pesquisado Pontuação equivalente

Discordo totalmente 1

Discordo parcialmente 2

Não concordo nem discordo 3

Concordo parcialmente 4

Concordo Totalmente 5

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

b) Quando a resposta no questionário for igual a “Discordo totalmente”,

multiplicar a frequência absoluta de respondentes por 1;

c) Quando a resposta no questionário for igual a “Discordo parcialmente”,

multiplicar a frequência absoluta de respondentes por 2;

d) Quando a resposta no questionário for igual a “Não concordo nem

discordo”, multiplicar a frequência absoluta de respondentes por 3;

e) Quando a resposta no questionário for igual a “Concordo parcialmente”,

multiplicar a frequência absoluta de respondentes por 4;

f) Quando a resposta no questionário for igual a “Concordo parcialmente”,

multiplicar a frequência absoluta de respondentes por 5;

O Ranking Médio (RM) de cada questão é obtido através da soma dos

valores calculados nos itens “b”,”c”,”d” e ”f” divididos pelo total de respondentes de

cada questão.

Quadro 17 - Cálculo do Ranking Médio.

Questão N

Percepção do pesquisado

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo,

nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

Frequência de

respondentes f1 f2 f3 f4 f5

Pontuação equivalente 1 2 3 4 5

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

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n = Número da questão

f(n) = Frequência absoluta dos respondentes da questão (n).

RM = Ranking Médio

RM(n) = f1(n) x 1 + f2(n) x 2 + f3 x 3 + f4(n) x 4 + f5(n) x 5 / (f1(n)+f2(n)+f3(n)+f4(n)+f5(n))

Baseado no Ranking Médio das respostas, foi analisada a aceitabilidade ou

não dos itens avaliados. Para valores de Ranking Médio menor que três considera-

se como não aceitáveis e maiores que três como aceitáveis. O Ranking Médio igual

a três é avaliado como neutro. Foi analisado também o percentual de concordantes

de cada pergunta dos questionários, levando em consideração as respostas

(concordo parcialmente e concordo totalmente) em relação as demais . Considera-se

como aceitável valores acima de 70%.O cálculo é efetuado da seguinte forma:

CP = Concordo Parcialmente

CT = Concordo Totalmente

NCND = Nem Concordo Nem Discordo

DP = Discordo Parcialmente

DT = Discordo Totalmente

CP + CT

Concordante=

DT + DP + NCND + CP + CT

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Quadro 18 - Objetivos do projeto versus instrumento de coleta de dados.

Objetivos Instrumento de coleta de dados

Ferramenta estatística

Geral Analisar o processo de compartilhamento de conhecimento, na perspectiva dos mentores e mentorados, que participaram de um programa de mentoria, implantado em uma empresa internacional de energia

Questionário elaborado a partir do modelo de Compartilhamento de conhecimento de Tonet e Paz

Descritiva

Específico 1 Caracterizar o perfil dos respondentes segundo suas características sóciodemográficas.

Questionário sóciodemográfico. Descritiva

Específico 2 Verificar de que forma ocorre a iniciação no processo de compartilhamento de conhecimento.

Seção referente à fase de iniciação do questionário proposto com 11 questões para os mentorados e 11 para os mentores.

Descritiva

Específico 3 Averiguar de que forma são estabelecidos os vínculos entre mentores e mentorados na implementação do processo de compartilhamento de conhecimento.

Seção referente à fase de implementação do questionário proposto com 16 questões para o mentorados e 14 para os mentores.

Descritiva

Específico 4 Analisar de que forma acontece o apoio nas primeiras tentativas de aplicação do conhecimento compartilhado.

Seção referente à fase de apoio do questionário proposto com 9 questões para os mentorados e 5 para os mentores.

Descritiva

Específico 5 Verificar de que forma acontece a incorporação do conhecimento compartilhado.

Seção referente a fase de incorporação do questionário proposto com 11 questões para os mentorados.

Descritiva

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Assim, para cada objetivo traçado para o projeto, delineou-se um

instrumento de coleta de dados específico.

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS DE ESTUDO

As quatro fases do modelo de compartilhamento de Tonet e Paz (2006)

estão representadas no Quadro 19.

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Quadro 19 - Variáveis da pesquisa.

Indicador Variável Definição

Perfil Sóciodemográfico Perfil sóciodemográfico dos mentores e mentorados pesquisados

Conhecimento compartilhado

Fase de iniciação

É a fase de planejamento, onde são analisadas as necessidades, oportunidades do conhecimento a ser compartilhado, bem como, as fontes de compartilhamento

Fase de implementação

É a fase onde se verifica a interação entre mentor e mentorado (Fonte e destino) no compartilhamento de conhecimento.

Fase de apoio

É a fase de exercitar a prática orientada, onde o conhecimento compartilhado pode ou não ser assimilado.

Fase de incorporação

É a fase prática do conhecimento assimilado. Onde a organização deve remover possíveis obstáculos ao uso do conhecimento compartilhado e também, com os desafios surgidos para a sua aplicação, pois poderá ser necessário mudanças nas atividades ou na unidade de trabalho do recebedor, para o uso do conhecimento recebido

Fonte: Elaborado pelo pesquisador

Cada fase do compartilhamento do conhecimento apresenta definições próprias e

características peculiares, consoante o quadro supra.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

É uma sociedade anônima de capital aberto, cujo acionista majoritário é o

governo do Brasil, fundada na década de 50, atua de forma integrada e

especializada com suas subsidiárias e controladas na indústria de óleo, gás e

energia nos segmentos de exploração e produção, refino, comercialização,

transporte de óleo e gás natural, petroquímica, distribuição de derivados, energia

elétrica, biocombustíveis e outras fontes renováveis de energia.

Possui atividades em 25 países e em todos os continentes. No Brasil é a

maior empresa em valor de mercado, líder no setor petrolífero e, de acordo com o

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Ranking da consultoria PFC Energy de janeiro de 2013, ocupa o sétimo lugar dentre

as maiores companhias de energia do mundo. Possui mais de 100 plataformas de

produção, 16 refinarias, 30 mil quilômetros de dutos e mais de seis mil postos de

combustíveis. O centro de pesquisa é o maior da América Latina contribuindo para

que a empresa seja reconhecida mundialmente por sua tecnologia de prospecção

em águas profundas.

Desenvolve e comercializa diversos produtos para atender os consumidores

das mais diversas áreas, tais como: termelétrico, industrial, rodoviário, aéreo,

aquaviário, etc. Também tem participação em empresas que produzem matéria

prima para fabricação de plástico, borracha, embalagens, propeno, bezeno, etc..

A missão e visão foram construídas com base nos três pilares: crescimento

integrado, rentabilidade e responsabilidade socioambiental. Sua missão é atuar de

forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados

nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às

necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos

países onde atua. E sua visão é ser uma das cinco maiores empresas integradas de

energia do mundo e a preferida pelo seu públicos de interesse.

A valorização de seus recursos humanos e o reconhecimento da importância

da gestão do conhecimento está presente no seu plano de negócio. Neste, destaca-

se no item “desafios e oportunidades” que o crescimento, da aludida empresa do

ramo de energia, de longo prazo tem forte relação com a atração, retenção e

capacitação dos recursos humanos. Consta também que seus ativos intangíveis são

compostos pelo conhecimento de seus empregados, por seu capital organizacional,

de relacionamento, de domínio tecnológico e ambiental.

Em relação à cultura, de acordo com Carvalho (2007) pelo viés militar de

formação a organização tem uma estrutura hierárquica, favorecendo a centralização

das decisões, além de condutas Taylorista e mecanicistas. Esta estrutura difere

completamente de um sistema de cooperação em que se baseia a relação horizontal

e descentralizada. Por outro lado, em seu portal a organização tem em suas políticas

e diretrizes o estímulo a uma cultura empresarial única e humanizada que respeite

os valores locais, a consolidação e troca de conhecimentos e priorize o

reconhecimento pelos resultados das equipes e das pessoas.

Devido a importância dada à gestão dos ativos intangíveis, a companhia ganhou o

reconhecimento no Prêmio Intangíveis Brasil 2011, destacando-se a premiação na

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categoria “Conhecimento Corporativo”, assim como o recebimento do Prêmio Make

Brasil, que reconhece as melhores iniciativas em gestão do conhecimento. Além

disso, está associada à Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC).

Segundo o Reputation Index 2011, o principal Ranking de reputação

empresarial do Brasil, que leva em conta os ativos intangíveis, a referida empresa,

líder no mercado petrolífero, é a segunda empresa de melhor reputação no País.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS

Os dados obtidos na pesquisa referente ao perfil sociodemográfico dos

mentores e mentorados estão apresentados na sequência, caracterizando-os em

relação aos seguintes aspectos: Gênero, Nível de escolaridade, Função com

gratificação formal e Tempo de empresa.

Entende-se por função com gratificação aquela exercida pelo empregado

que ocupa cargo de liderança e que, portanto detém competência e experiência -

supervisão, coordenação e gerência de equipes de trabalho – estando diretamente

relacionadas à remuneração, experiência e competências ( dentre elas o nível de

conhecimento ).

Além destas, a função de consultor, a qual se designa aos empregados que

se destacam por conhecimento específico em áreas técnicas do negócio da

Empresa, o que se constitui numa forma de bônus, de melhor remunerar um técnico

que se destaca por ter um alto conhecimento técnico e experiência acumulada, isto

é, que possui expertise, sendo referência na sua atividade.

4.2.1 Gênero

Verifica-se na Tabela 2 dentre os mentores e mentorados pesquisados uma

predominância do gênero masculino.

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Tabela 2: Gênero.

Pesquisados Quantidade Percentual

Masculino Feminino Total % Masculino % Feminino

Mentor 15 0 15 100% 0%

Mentorado 18 4 22 82% 18% Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Em relação aos mentores os resultados apontam um percentual de 100% do

gênero masculino e uma consequente ausência da presença feminina. Já para os

mentorados, embora a sua maioria 82%, seja do sexo masculino, a presença

feminina se faz presente com 18%.

O número de mulheres entre os mentorados é reflexo do aumento da

participação feminina no quadro de empregados da Organização. De acordo com o

blog fatos e dados, em um ambiente onde predominam os homens, a participação

feminina tem aumentado substancialmente. Entre 2003 e 2012, a taxa de

crescimento relativo à participação feminina na força de trabalho na organização foi

de 120%.

4.2.2 Tempo de empresa

Os dados da Tabela 3 demonstram que há uma divisão clara entre o tempo

de empresa dos mentores e mentorados. Das quatro faixas existentes, os

mentorados predominam nas duas primeiras, “Menos de 5 anos” e “De 5 a 20 anos”;

e os mentores perfazem a maioria das duas últimas, “De 21 a 30 anos” e “Mais de

30 anos”.

Tabela 3: Tempo de empresa.

Tempo em anos Quantidade Percentual

Mentor Mentorado Mentor Mentorado

Menos de 5 anos 0 7 0% 31,8%

De 5 a 20 anos 0 15 0% 68,2% De 21 a 30anos 8 0 53% 0,0%

Mais de 30 anos 7 0 47% 0,0%

Total 15 22 100% 100,0% Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

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Verifica-se que todos os mentores possuem mais de 21 anos de trabalho na

organização, enquanto todos os mentorados possuem menos de 20 anos.

Os dados obtidos reforçam um bom planejamento na elaboração do

programa neste quesito, pois segundo Kram (1998), a mentoria é um relacionamento

entre duas pessoas, sendo uma mais experiente, denominada de mentor; e uma

outra pessoa mais jovem, inexperiente, denominada mentorado.

4.2.3 Escolaridade

Observa-se na Tabela 4, uma divisão clara em relação à escolaridade de

mentores e mentorados.

Tabela 4: Nível de escolaridade.

Escolaridade Quantidade Percentual

Mentor Mentorado Mentor Mentorado

Nível médio 0 0 0% 0,0%

Nível superior 1 8 7% 36,4%

Especialista 2 8 13% 36,4%

Mestre 8 6 53% 27,3%

Doutor 4 0 27% 0,0%

Total 15 22 100% 100,0% Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Enquanto a escolaridade dos mentores se concentra no nível de mestres

(53%) e doutores (27%), atingindo-se uma soma de 80%, dentre os pesquisados, a

escolaridade dos mentorados está concentrada no nível superior (36,4%) e

especialista (36,4%) perfazendo 73%.

O resultado de 80% de mentores entre mestres e doutores, aliado ao

resultado da Tabela 3, onde 100% dos mentores possuem mais de 21 anos na

organização, sugere que a organização investe em programas de pós-graduação

stricto sensu para os empregados que representam seu capital intelectual, ao longo

da vida do empregado na empresa.

O conhecimento acadêmico, adquirido em programas de mestrado e

doutorado e que abarca todo o arcabouço conceitual e teórico, aliado à experiência

na organização advinda das trocas e experiências vivenciadas nos anos de trabalho,

são ingredientes importantes no exercício da função de mentor, a qual é melhor

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desempenhada a partir da incorporação dos conhecimentos técnicos e científicos.

4.2.4 Função gratificada

A função gratificada está diretamente relacionada à valores/remuneração.

No caso da organização estudada, as funções de gerentes, coordenadores e

supervisores estão mais relacionadas à experiência. No tocante aos consultores, em

especial, a função está ligada a um elevado conhecimento técnico e experiência na

atividade.

Conforme os resultados apresentados na Tabela 5, da mesma forma que

escolaridade e tempo de empresa, os percentuais obtidos estão bem divididos entre

as faixas existentes.

Tabela 5: Função com gratificação formal.

Função com gratificação Quantidade Percentual Mentor Mentorado Mentor Mentorado

Não possui 4 21 27% 95,5% Supervisor 0 0 0% 0,0% Coordenador 0 1 0% 4,5% Gerente 0 0 0% 0,0% Consultor 11 0 73% 0,0% Total 15 22 100% 100,0% Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

No que se refere à função gratificada, a maioria dos mentores, 73%, estão

enquadrados como consultores, enquanto o restante, ou seja, 27%, não possui

qualquer função gratificada. No que tange aos mentorados, a quase totalidade -

95,5% dos entrevistados - não possui função gratificada.

Como na organização pesquisada a função de consultor é atribuída ao

empregado que demonstra requisitos de excelência em conhecimento, experiência e

competência técnica, os valores substanciais no resultado dos mentores como

consultores e os valores baixos dos mentorados, demonstram que o planejamento

na seleção dos atores do programa foi adequada.

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4.3 COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO NA MENTORIA

Conforme o modelo utilizado por Tonet e Paz (2006) é possível diagnosticar

o compartilhamento de conhecimento analisando-se as fases que constituem o

modelo.

Desta forma, estão apresentados nas Tabelas 6 e 7 os valores referente aos

dados obtidos e tratados na pesquisa para que possa ser realizada uma análise dos

resultados.

Tabela 6: Percepção dos mentores

Fases Ranking Médio Concordantes

Iniciação 4,5 90%

Implementação 4,1 76%

Apoio 4,4 89% Fonte: Dados da pesquisa, 2013

Tabela 7: Percepção dos mentorados

Fases Ranking Médio Concordantes

Iniciação 4,3 84%

Implementação 4,1 82%

Apoio 4,2 82%

Incorporação 4,0 74% Fonte: Dados da pesquisa, 2013

De acordo com as Tabelas 6 e 7, observa-se que tanto para mentores

quanto para mentorados, o Ranking Médio de todas as fases ficaram acima de 3 e

os percentuais de concordantes acima de 70%.

Conforme Brida e Santos (2011); Corrêa (2006), para um grau de

concordância dos pesquisados maior que 3 ou percentual de concordantes

(concordo parcialmente + concordo totalmente) maior que 70% , os resultados são

considerados como aceitáveis.

Conclui-se, então, com base no modelo de Tonet e paz (2006), que os

resultados da pesquisa demonstram um bom desempenho e valores aceitáveis para

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o compartilhamento de conhecimento no programa de mentoria implementado.

Como os valores de Ranking Médio de todas as fases foram superiores a 3,

provavelmente por tratar-se de uma pesquisa em uma organização que é referência

na gestão de conhecimento, que reconhece as melhores práticas de gestão de

conhecimento, para uma melhor análise, serão averiguadas em todas as fases as

questões dos questionários de mentores e mentorados (Apendices C e D) cujo

Ranking Médio foi inferior a 4.

Visando ainda aprofundar a análise dos resultados, serão analisados

também os valores das questões que mais contribuíram para o compartilhamento de

conhecimento.

4.3.1 Diagnóstico da fase de iniciação

Conforme apresentado nas Tabelas 6 e 7, os valores de 4,5 para o Ranking

Médio e de 90% de concordantes para os mentores e de 4,3 para o Ranking Médio e

de 84% de concordantes para os mentorados na fase de iniciação, representam o

melhor resultado dentre todas as fases, tanto para os mentores quanto para os

mentorados. Valores estes aceitáveis para o compartilhamento de conhecimento

nesta fase do modelo. Estes resultados, ampliados na Tabela 8, demonstram que foi

realizado um bom planejamento do programa de mentoria ao se escolher o

conhecimento compartilhado vinculado a estratégia, ao selecionar os mentores e os

mentorados com as competências desejáveis, pois Tonet e Paz (2006) afirmam que

as principais dificuldades da fase de iniciação estão em localizar demandas

existentes, localizar as fontes aptas e disponíveis para repassar o conhecimento e o

mapeamento e desenvolvimento das competências requeridas.

Embora o resultado da pesquisa para esta fase tenha sido elevado, é

importante destacar os fatores que mais contribuíram, bem como, aqueles que

menos contribuíram e, portanto, necessitam de uma melhor atenção. Ver Tabela 8.

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Tabela 8: Fatores que mais contribuíram na fase de iniciação.

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

Conhecimento compartilhado fazer parte da estratégia da organização 4,9 100% 4,4 82%

Domínio sobre o conhecimento técnico transmitido (compartilhado). 4,8 100%

Habilidade de comunicação e relacionamento 4,7 93%

Conhecimento compartilhado vinculado as atividades cotidianas 4,8 100%

Conhecimento compartilhado não era do inteiro domínio 4,5 91%

Motivação 4,5 91%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

O fator que mais contribuiu nesta fase foi a percepção de que o

conhecimento compartilhado fazia parte da estratégia da organização, avaliado

pelos mentores com Ranking Médio de 4,9 e percentual de concordantes de 100%.

Também para os mentorados, esse fator apresentou números expressivos com

Ranking Médio de 4,4 e percentual de concordantes de 82%.

Os resultados obtidos denotam que a organização acertou quando decidiu

reter o conhecimento de valor que estava com alguns especialistas, conhecimento

este crítico e estratégico para a organização. Esta percepção é reforçada por Riege

(2005), ao afirmar que a falta de integração do processo de gestão de conhecimento

e iniciativas de compartilhamento com os objetivos estratégicos da organização, é

uma barreira ao compartilhamento de conhecimento. Na visão do autor,

independentemente da forma como a partilha de conhecimentos começa ou qual sua

estrutura, os mais bem sucedidos programas são aqueles que estão intrinsecamente

ligados ao negócio e seus objetivos estratégicos. A boa contribuição deste fator

deve-se também a participação de mentores internos, pois segundo Bernhoef

(2001), uma das vantagens do mentor interno é o conhecimento da estratégia da

organização, pois ele pode ter acesso a informações confidenciais da estratégia que

não poderiam ser de conhecimento de um mentor externo.

Outro fator que teve grande contribuição na fase de iniciação, segundo a

percepção dos mentores, foi o domínio do conhecimento técnico transferido

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(compartilhado) que eles possuem, com Ranking Médio de 4,8 e percentual de

concordantes de 100%. Os bons resultados alcançados neste fator estão

relacionados ao fato de a empresa pesquisada ter no seu quadro de mentores

profissionais com perfil de consultor, pois conforme verificado na Tabela 5, 73% dos

mentores possuem função de consultor – função atribuída ao empregado que

demonstra requisitos de excelência em conhecimento, experiência e competência

técnica. O alto grau de conhecimento técnico é potencializado pela formação

acadêmica dos mentores, pois conforme a Tabela 4, 53% possuem mestrado e 27%,

doutorado. Os resultados confirmam a visão de Guptan (2006), consoante o autor, o

mentor precisa ter expertise no seu campo de atuação, conhecendo em

profundidade os assuntos técnicos que serão repassados para o mentorado.

Ainda na percepção dos mentores, merece destaque o fator que refere-se às

competência e atitudes em comunicação e relacionamento com pessoas, com

Ranking Médio de 4,7 e percentual de concordantes de 93%. Não é possível fazer

relação desse fator com a escolha dos mentores, visto que a seleção deles foi

realizada em função do conhecimento a ser compartilhado e não em relação as suas

competências de comunicação e atitudes de relacionamento com pessoas.

No entanto, os resultados alcançados estão coerentes com Bernhoeft

(2001), na sua visão, o mentor interno, por conhecer a linguagem interna, pode usar

termos, gírias, etc, que facilitam o entendimento do que está sendo transmitido. Além

do mais, conforme Guptan (2006), o mentor deve ter a habilidade de saber se

comunicar com o mentorado de forma verbal e não verbal, repassando a mensagem

de forma clara e objetiva, sabendo ouvir quando necessário e captando o significado

das mensagens não verbais através dos sinais (postura, gestos), auxiliando o

mentorado a captar e entender o significado das coisas e ajudá-lo a ter uma visão

sistêmica dos fatos.

Por fim, para Tonet e Paz (2006), a fonte do conhecimento é o possuidor do

conhecimento a ser compartilhado. Sua efetividade está relacionada à habilidade de

saber comunicar, como por exemplo: domínio de vocabulário; uso de metáforas e

imagens para transmitir conhecimento tácito; o nível de domínio do conhecimento a

ser compartilhado (não se pode repassar aquilo que não é sabido); se a fonte é

muito especializada e o destinatário um neófito no conhecimento a ser compartilhado

e se a fonte não usar uma linguagem e técnicas que permitam o destinatário

entender o que está sendo repassado, o compartilhamento será prejudicado.

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Já em relação aos mentorados, o fator “Conhecimento compartilhado

vinculado às atividades cotidianas”, com Ranking Médio de 4,8 e percentual de

concordantes de 100%, obteve o maior resultado. Concorreu para expressividade

dos números, o fato do conhecimento compartilhado no programa de mentoria, estar

diretamente ligado às atividades do mentorado. A organização definiu o

conhecimento compartilhado, selecionou os mentores que detinham o conhecimento

e os mentorados que possuíam um gap desse conhecimento para o desempenho

das suas atividades. Consoante Tonet e Paz (2006), o ingresso de um novo membro

no grupo de trabalho, por exemplo, sugere de pronto, a necessidade de repasse de

conhecimento; é prudente, entretanto, que seja feita uma análise de quais

conhecimentos deverão ser repassados ao novo elemento, e localizadas as fontes

que melhor poderão atender a essa demanda.

No que se refere ao fator “O conhecimento compartilhado não era do inteiro

domínio”, obteve-se como resultado, Ranking Médio de 4,5 e percentual de

concordantes de 91%. Pode-se relacionar o resultado auspicioso, ao correto

planejamento na seleção dos mentorados, escolhendo profissionais que possuíam

gap acentuado do conhecimento compartilhado. Caso o mentorado já tivesse o

conhecimento na sua totalidade ou em grande parte, seria um desperdício de tempo

e dinheiro repassar algo já sabido, o que é corroborado por Tonet e Paz (2006), ao

afirmar que pode ocorrer de o novato já dominar pelo menos parte do conjunto de

conhecimentos que deverá possuir, para compreender bem o que ocorre na unidade;

assim, repassar-lhe aquilo que já domina, além de tedioso, seria perda de tempo.

Por último, entre os mentorados, aparece o fator “Motivação” com resultado

semelhante ao item anterior, com Ranking Médio de 4,5 e percentual de

concordantes de 91%. Como 73% dos mentores possuem função gratificada formal

como consultores (Tabela 5), com reconhecimento financeiro e de status e o fato de

95% dos mentorados não possuírem qualquer função gratificada (Tabela 5), terem

sido escolhidos para receberem o conhecimento dos mentores que estão se

aposentando, motivam os mentorados para que eles, participando de um programa

de mentoria, possam ter visibilidade e ainda escalar etapas para ascensão

profissional. Esses argumentos são compartilhados com Floriano (2013); Barros et al

(2010), alegam que as pessoas necessitam ser estimuladas por meio de benefícios

para se sentirem motivadas em compartilhar conhecimento. Estes benefícios podem

ser financeiros ou não e incluem promoções, oportunidades de crescimento,

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visibilidade na organização, valorização, etc. e, para que tenham sustentabilidade,

devem ser estimulados por longo prazo.

De acordo com Wang e Noe (2010) o fator “motivação” em compartilhar

conhecimento está relacionado à crença de posse do conhecimento, das

recompensas, tais como: respeito, reputação e incentivos tangíveis, da confiança

interpessoal e justiça, atitudes individuais. Os resultados da pesquisa realizada por

Scully e Khosrowshahi (2011) apontaram que motivação e confiança são fortemente

ligadas e são positivas em relação ao compartilhamento de conhecimento. Por fim,

para Lahti (2000) a motivação é necessária, não apenas para quem transmite, mas

também para quem recebe o conhecimento. Na visão do autor, para que ocorra o

compartilhamento de conhecimento as pessoas devem estar motivadas para ouvir e

aprender.

Tabela 9: Fatores que menos contribuíram na fase de iniciação

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

Organização possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento

3,8 80% 3,9 82%

Consultar previamente sobre os assuntos que devem ser compartilhados

3,6 68%

Fonte: Dados da pesquisa,2013

Dentre os fatores que menos contribuíram na fase de iniciação, “A

organização possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento”

obteve o maior valor com Ranking Médio de 3,8 e percentual de concordantes de

80% entre os mentores e Ranking Médio de 3,9 e percentual de concordantes de

82% entre os mentorados. O baixo resultado obtido, se analisado na visão de

Carvalho (2007) se deve a estrutura organizacional. Segundo o autor, a aludida

empresa internacional de energia possui uma estrutura hierárquica militar, que

favorece a centralização das decisões e possui condutas tayloristas mecanicistas.

Ainda na visão do autor, a estrutura existente é antagônica as estruturas baseadas

nas relações horizontais, que possuem decisões descentralizadas e sistemas de

cooperação.

Por outro lado, em seu portal, a referida empresa tem em suas políticas e

diretrizes o estímulo a uma cultura empresarial única e humanizada que respeite os

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valores locais, a consolidação e troca de conhecimentos e priorize o reconhecimento

pelos resultados das equipes e das pessoas.

Assim, não é possível concluir que o fato de uma organização não possuir

uma cultura de compartilhamento de conhecimento se dá em razão de sua estrutura

hierárquica, centralizada e taylorista, pois conforme visto anteriormente, a

organização ganhou prémios relacionados à gestão de conhecimento. Deste modo,

é possível que as iniciativas de compartilhamento de conhecimento não estejam

sendo bem comunicadas. Neste sentido, Floriano (2013), afirma que pessoas que

compartilham a mesma cultura de trabalho podem comunicar-se melhor e transferir

conhecimento de forma mais eficaz, pois possuem interesses e experiências em

comum. O autor afirma que o desenvolvimento de uma cultura de compartilhamento

de conhecimento é a parte mais difícil na criação de um ambiente de aprendizado.

Ainda, segundo Floriano (2013), se uma organização possui uma cultura

individualista, as pessoas dificilmente compartilharão seus conhecimentos com

medo de enfraquecer o seu poder na empresa, o que não se configura no estudo em

pauta, pois na percepção dos mentorados com 4,5 de Ranking Médio e percentual

de concordantes de 91%, os mentores transmitiram o conhecimento sem qualquer

demonstração de medo (perda de posição, poder, emprego) ou resistência.

O outro fator que obteve Ranking Médio abaixo de quatro na fase de

iniciação foi “A consulta ao destinatário sobre o que deveria ser compartilhado”, com

Ranking Médio de 3,6 e percentual de concordantes de 68%. A consulta ao

destinatário sobre o que deve ser compartilhado, no caso não é tão relevante, por

tratar-se de um programa de mentoria formal , onde segundo Bernhoeft (2001), a

organização sabe o que deve ser compartilhado e conhece através de seus bancos

de dados , as pessoas que devem receber o conhecimento, não se fazendo

necessária a consulta aos mentorados do que deve ser compartilhado.

4.3.2 Diagnóstico da fase de implementação

Em relação à fase de implementação, observa-se na Tabela 7, que o

resultado do Ranking Médio tanto de mentores, quanto de mentorados apresentaram

o mesmo valor, 4,1. No entanto, o percentual de concordantes dos mentorados 82%,

foi superior aos concordantes de mentores, com 76%.

Os resultados apurados encontram-se acima da média, demonstrando que

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as trocas ocorridas através da interação entre mentor e mentorado, bem como, as

condições em que o compartilhamento de conhecimento ocorreu, aconteceram

conforme o planejado para o programa de mentoria implementado.

Tabela 10: Fatores que mais contribuíram na fase de implementação.

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

Habilidade de comunicação (Destinatário) 4,9 100%

Relação de confiança 4,8 93% 4,6 100%

Não houve resistência do mentorado em adquirir o conhecimento.

4,6 93%

Domínio do conhecimento transmitido (Fonte) 4,7 100%

Habilidade de comunicação (Fonte) 4,5 86%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Em relação aos fatores que mais contribuíram nesta fase, destaca-se a

habilidade de comunicação de mentores e mentorados. É importante ressaltar que

na fase de iniciação este fator foi avaliado em relação ao próprio avaliador, pois

ainda não haviam acontecido os encontros; já na fase de implementação, após

mentores e mentorados participarem dos encontros, foi possível avaliar a percepção

de um em relação ao outro. Os mentores avaliaram os mentorados com Ranking

Médio de 4,9 e percentual de concordantes de 100% - resultado expressivo, e os

mentorados avaliaram os mentores com Ranking Médio de 4,5 e percentual de

concordantes de 86%. Conforme relatado na análise da fase de iniciação, mentores

e mentorados não foram escolhidos com base nas suas habilidades de comunicação

e sim no conhecimento que deveriam ser repassados e recebidos, porém, a alta

capacidade técnica, a alta formação acadêmica e o treinamento que foi realizado na

fase de preparação dos mentores e mentorados, contribuíram para os números

elevados obtidos nesta fase. Os resultados estão em consonância com Davenport e

Prusak (1999); (GREER, 2001) que afirma ser a comunicação entre pessoas,

variável imprescindível à transferência do conhecimento tácito, uma vez que os

processos e interações sociais são essenciais à transferência deste tipo de

conhecimento . Ainda, Tonet e Paz (2006), colocam que a fonte do conhecimento é o

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possuidor do conhecimento a ser compartilhado; sua efetividade está relacionada a

habilidade de saber comunicar e tal qual o emissor, o receptor necessita de

habilidades comunicadoras como saber ouvir ou elaborar perguntas.

Outro fator que contribui para os bons resultados nesta fase foi relação de

confiança, onde os mentores avaliaram com Ranking Médio de 4,8 e percentual de

concordantes de 93% e os mentorados avaliaram com Ranking Médio de 4,6 e

percentual de concordantes de 100%. A seleção do conhecimento a ser

compartilhado no programa de mentoria, proporcionou a seleção de mentorados e

mentores que trabalhavam na mesma atividade, ou seja, mentores e mentorados já

se conheciam e trabalhavam juntos anteriormente a implementação do programa de

mentoria. Esta particularidade contribuiu para potencializar os resultados do fator

laços de confiança entre mentores e mentorados, o que é defendido por Chiavenato

(2002) ao colocar a confiança e o respeito mútuo do mentor e mentorado como

alavanca para o compartilhamento. Para que isso ocorra, entretanto, segundo

Guptan (2006), o mentor deve ser altruísta, ter desprendimento para repassar seu

conhecimento, orientar, buscar o sucesso do mentorado, sem pensar em benefício

próprio,ser possuidor de um autoconhecimento elevado, consciente do seu potencial

elevado, das suas limitações, dos pontos fortes e fracos.

A falta de confiança, não obstante, consoante apregoa Floriano (2013), é

uma barreira ao compartilhamento de conhecimento, na medida em que gera

distorções na comunicação entre receptor e emissor. E isso pode ocorrer em razão

da rotatividade de pessoas através de demissões, aposentadorias precoces, que

dificultam ou retardam a relação de confiança entre as pessoas (GOMAM, 2012).

Por fim, Riege (2005) destaca que a falta de confiança pode estar atrelada a

possibilidade de uma pessoa tomar crédito do seu conhecimento, pois o

conhecimento para eles é fator de segurança para garantir o emprego.

Outro fator de destaque na percepção dos mentores foi não haver

resistência do mentorado em adquirir o conhecimento com Ranking Médio de 4,6 e

percentual de concordantes de 93%. Na percepção dos mentores, por serem

técnicos especialistas não houve por parte dos mentorados, temor em assimilar o

conhecimento, e por já trabalharem ainda que de forma embrionária em suas

atividades com os conhecimentos transferidos, não houve medo de mudança na

forma de trabalhar. Estes resultados estão de acordo com o pensamento de Tonet e

Paz (2006) as quais trazem que a resistência do destinatário em adquirir o

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conhecimento advêm do medo em não assimilar a nova aprendizagem,ou ao

destinatário não estar disposto a mudar a forma como trabalha.

Semelhante ao fator comunicação, o fator domínio do conhecimento do

mentor, foi avaliado na fase de iniciação na percepção do próprio avaliador e na fase

de implementação na percepção do mentorado. Os resultados da fase de

implementação apontam o Ranking Médio de 4,7 e um percentual de concordantes

de 100%. Os resultados obtidos na percepção dos mentorados superam os

resultados obtidos na percepção dos próprios mentores. Este aspecto tem relação

com o fator confiança, pois nessa esguelha seguem Scully e Khosrowshahi (2011),

ao caracterizar a confiança como um importante fator facilitador de

compartilhamento de conhecimento na medida em que o receptor percebe no

transmissor alguém que é capaz, que não está lhe enganando, passando

conhecimento errado.

Tabela 11: Fatores que menos contribuíram na fase de implementação.

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

Sobrecarga de atividades 2,9 40% 3,2 55%

Trabalhar antecipadamente problemas já conhecidos 3,5 47%

Forma dos encontros (Reunião presencial, vídeoconferência)

3,7 60% 3,9 73%

Avaliação do programa 3,6 73%

Mentoria reversa 3,8 73%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Em relação aos fatores que menos contribuíram na fase de implementação,

o fator de pior desempenho tanto para os mentores, quanto para os mentorados, foi

sobrecarga de atividades com Ranking Médio de 2,9 e percentual de concordantes

de 40% para os mentores e 3,2 de Ranking Médio e percentual de concordantes de

55% para os mentorados. Este resultado está atrelado à dificuldade de conciliar as

atividades cotidianas com os encontros de mentoria; podendo ainda estar

relacionado à dispersão geográfica da organização e ao regime de trabalho, visto

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que na organização existe o regime de embarque para sondas e plataformas. A

sobrecarga de trabalho deve estar relacionado à falta de tempo, que na visão O´Dell

e Grayson (1998), constitui-se numa barreira ao compartilhamento de

conhecimento. Segundo os autores, apesar dos gestores estarem cientes dos

benefícios da partilha de conhecimentos, eles encontram dificuldade em relação ao

tempo disponível para implementá-la. Na visão de Husted e Michailova (2002), ao

invés de gastar tempo com partilha de conhecimento, as pessoas naturalmente se

concentram nas tarefas que são mais benéficas para elas. Os resultados estão

consoantes também com Tonet e Paz (2006), que afirmam ser a sobrecarga de

trabalho um dos fatores que dificultam o compartilhamento de conhecimento.

Outro fator que apresentou baixo desempenho para os mentores foi

trabalhar antecipadamente problemas já conhecidos, com Ranking Médio de 3,5 e

percentual de concordantes de 47%. Conforme Tonet e Paz (2006) deve-se ter

cuidado com a recorrência de problemas já conhecidos, que poderão afetar a

disposição e o interesse tanto da fonte quanto do destinatário do conhecimento. No

caso em estudo, não foi possível tratar este problema, devido ao programa de

mentoria implantado ser pioneiro. Como já estão em curso, outros dois programas, é

possível que para estas turmas se obtenha melhores resultado.

Em relação ao fator forma dos encontros (Reunião presencial,

vídeoconferência), os resultados foram baixos para os mentores, com Ranking

Médio de 3,7 e percentual de concordantes de 60% e também para os mentorados,

com Ranking Médio de 3,9 e percentual de concordantes de 73%. Os resultados

revelam que a estrutura definida no planejamento para os encontros não foram

adequadas na percepção de mentores e mentorados. Por tratar-se de um

compartilhamento de conhecimento tácito, onde se faz necessário o contato face-a-

face entre mentor e mentorado, uma estratégia inadequada na forma dos encontros,

compromete a eficácia do programa de mentoria. Os resultados estão consoantes

Tonet e Paz (2006) que afirmam serem necessárias condições estruturais

adequadas para o compartilhamento de conhecimento.

Outro fator com baixo desempenho pelos mentorados foi a existência de

avaliação do programa de mentoria, com Ranking Médio de 3,6 e percentual de

concordantes de 73%. Para 23% dos mentorados não há uma avaliação do

progresso obtido nos encontros entre mentores e mentorados. Estes números são

preocupantes na medida em que não havendo monitoração do programa, problemas

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que podem ser tratados durante o programa, sejam percebidos apenas no final,

quando não poderão mais ser tratados. Na visão de Tonet e Paz (2006) a

organização deverá planejar ações mitigadoras como avaliação periódica do

progresso obtido nos encontros, para evitar problemas no compartilhamento de

conhecimento.

O fator “Mentoria reversa” com Ranking Médio de 3,8 e percentual de

concordantes de 73%, também fez parte dos fatores que menos contribuíram entre

os mentorados na fase de implementação. Os valores baixos não devem preocupar

a organização, porque no processo de compartilhamento de conhecimento definido,

não fazia parte dos objetivos do programa a chamada mentoria reversa, que

segundo Monte (2011) acontece quando uma pessoa menos experiente ensina a

uma pessoa mais experiente. Como existe uma diferença de gerações entre

mentores e mentorados (ver Tabela 3), o conhecimento transferido pelos mentorados

que são mais jovens, segundo Monte (2011), está mais relacionado à tecnologia da

informação.

4.3.3 Diagnóstico da fase de apoio

Conforme apresentado nas Tabelas 6,7, os valores de 4,4 para o Ranking

Médio e de 89% de concordantes para os mentores e de 4,2 para o Ranking Médio e

de 82% de concordantes para os mentorados na fase de apoio, representam valores

aceitáveis para o compartilhamento de conhecimento nesta fase do modelo. Estes

resultados, e os resultados da Tabela 12, demonstram que houve apoio do mentor

ao mentorado nas primeiras tentativas de uso do conhecimento por parte deste, e

tanto na percepção dos mentores quanto dos mentorados, o conhecimento

compartilhado foi assimilado por este último.

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Tabela 12: Fatores que mais contribuíram na fase de apoio.

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

Liderança não obstaculou o apoio do mentor ao mentorado 4,7 100%

Foi possível apoiar o mentorado no exercitamento da prática 4,6 93%

Conhecimento compartilhado foi assimilado pelo mentorado 4,4 87% 4,7 100%

Teve acesso ao mentor para retirar dúvidas ou ajudar no exercitamento da prática

4,8 100%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

Na percepção dos mentorados, com Ranking Médio de 4,8 e com percentual

de 100% de concordantes, o fator “Teve acesso ao mentor para retirar dúvidas ou

ajudar no exercitamento da prática”, obteve o resultado mais relevante na fase. A

adoção e aplicação de conhecimento novo é, na visão de Davenport e Prusak

(1999), um processo árduo e lento, e a intolerância com erro ou a falta de ajuda

pode atrasar ou impedir o compartilhamento de conhecimento. Corrobora com esta

visão, Tonet e Paz (2006), ao afirmar que a falta de acesso à fonte de conhecimento,

para solução de dúvidas surgidas constitui-se num problema ao compartilhamento

de conhecimento. Assim, reveste-se de grande importância a abertura que os

mentorados tiveram para ter acesso aos mentores.

Em relação aos mentores, o fator “Liderança não obstaculou o apoio do

mentor ao mentorado”, apresentou o resultado mais expressivo nesta fase, com

Ranking Médio de 4,7 e percentual de concordantes de 100%. Em um programa de

mentoria formal, as etapas são bem definidas, porém, nem sempre o que foi

planejado é executado. Por isso, contar com o patrocínio da liderança para apoiar o

mentorado nos seus primeiros passos, contribuindo para que ele possa superar as

barreiras ao compartilhamento de conhecimento é determinante para o processo

TERRA (2005). Nesse viés, Tonet e Taz (2006) afirmam que algumas variáveis de

contexto como liderança estão relacionadas nas fases e são determinantes ao

compartilhamento de conhecimento.

Outro fator bem avaliado pelos mentores, “Foi possível apoiar o mentorado

no exercitamento da prática”, apresentou resultado de 4,6 para Ranking Médio e

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93% de concordantes. A importância desse fator é ressaltado por Kram (1988), ao

afirmar que uma das finalidades da mentoria é fazer com que o mentor possa apoiar

o mentorado, para que este alcance os resultados esperados pela organização.

Ainda nesse viés, Guptan (2006) assevera que uma das funções do mentor é

conceder uma orientação positiva ao mentorado apoiando e fazendo-o acreditar no

projeto e processo de mentoria.

O fator “Conhecimento compartilhado foi assimilado pelo mentorado”

apresentou resultado de 4,4 de Ranking Médio e 87% de concordantes para os

mentores e 4,7 de Ranking Médio e 100% de concordantes para os mentorados.

Analisado nas perspectivas de quem transferiu e de quem recebeu o conhecimento,

os resultados deste fator foram positivos, configurando êxito no compartilhamento de

conhecimento se analisado o fator de forma isolada. Observa-se também, que a

concordância dos mentores foi maior que os mentorados, atingindo o valor máximo,

ou seja, 100%.

Tabela 13: Fatores que menos contribuíram na fase de apoio

Fator Mentor Mentorado

Ranking Médio Concordantes Ranking

Médio Concordantes

A mentoria trouxe direcionamentos para a carreira

3,3 45%

Substituição de conhecimentos antigos por conhecimentos adquiridos no programa

3,8 68%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013

Em relação aos mentores, todos os fatores tiveram Ranking Médio superior

a 4, motivo pelo qual não serão analisados, no entanto, em relação aos mentores,

dois fatores ficaram abaixo de 4. O primeiro, “A mentoria trouxe direcionamento para

carreira do mentorado”, apresentou resultado com Ranking Médio de 3,8 e

percentual de concordantes de 45%. Em outro contexto, o resultado poderia ser

preocupante, mas no caso em estudo, o resultado é esperado porque nos moldes

em que o programa de mentoria foi planejado, os mentorados já ocupam os mesmos

cargos dos mentores, só que em níveis inferiores. Nesta caso, não se aplica a

afirmativa de Kram (1988), de que um mentorado que não tenha avanço na carreira

insinua um baixo desempenho do mentor nessa função.

O segundo fator, “Substituição de conhecimentos antigos por conhecimentos

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adquiridos no programa”, apresentou resultado com Ranking Médio de 3,8 e

percentual de concordantes de 68%. Os resultados não são preocupantes, na

medida em que a pesquisa com os mentorados foi realizada, aproximadamente, um

ano após a conclusão do programa de mentoria e segundo Tonet e paz (2006) a

aplicação do conhecimento compartilhado poderá ser gradual ou imediata. Em

alguns casos, a substituição das práticas será imediata, já em outros, a prática do

conhecimento compartilhado vai conviver com práticas já dominadas pelo

mentorado, até que ocorra a substituição total.

4.3.4 Diagnóstico da fase de incorporação

Como esta fase é referente à prática do conhecimento assimilado, e este é

inerente aos mentorados, não foi necessário aplicar a pesquisa aos mentores. Desta

forma, serão analisados apenas os resultados dos mentorados.

Conforme apresentado na Tabela 7, os valores de 4,0 de Ranking Médio e

74% de concordantes, representam valores aceitáveis para o compartilhamento de

conhecimento nesta fase do modelo. Estes resultados e os resultados da Tabela 14,

demonstram que foram evidenciados poucos obstáculos ou desafios para a

aplicação do conhecimento.

Tabela 14: Fatores que mais contribuíram na fase de incorporação.

Fator Mentorado

Ranking Médio Concordantes

Não houve mudança das atividades, consequentemente o conhecimento compartilhado pôde ser aplicado 4,5 100%

Não foram repassadas novas atividades com sobrecarga de trabalho, dificultando o uso do conhecimento adquirido 4,4 95%

Os objetivos propostos pelo programa, referente ao compartilhamento de conhecimento, foram atingidos 4,4 86%

Não houve redução no quadro de funcionário em função do programa de mentoria 4,4 73%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

O fator “Não houve mudança das atividades, consequentemente o

conhecimento compartilhado pôde ser aplicado”, apresentou resultado com Ranking

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Médio de 4,5 e percentual de concordantes de 100%. Em alguns casos, durante ou

após o término do programa de mentoria, os mentorados mudam de atividades

devido à mudança de função, transferências, etc, ficando impossibilitado de usar o

conhecimento adquirido. Essas mudanças segundo Tonet e paz (2006) constituem

uma barreira ao compartilhamento de conhecimento, porém, no caso em estudo, os

mentores permaneceram executando as mesmas atividades.

Outro fator que contribuiu de forma significativa foi “Não foram repassadas

novas atividades com sobrecarga de trabalho, dificultando o uso do conhecimento

adquirido”, com Ranking Médio de 4,4 e percentual de concordantes de 95%. Na

fase de implementação o fator sobrecarga de trabalho apresentou baixos valores na

percepção dos mentorados, ensejando um choque na agenda entre as atividades

cotidianas e os encontros de mentoria, no entanto, nesta fase, a sobrecarga de

trabalho não foi percebida. Segundo Tonet e paz (2006) a adição de novas

atividades nesta fase do processo, pode se constituir numa barreira ao

compartilhamento de conhecimento.

O fator “Não houve redução no quadro de funcionário em função do

programa de mentoria”, apresentou resultado com Ranking Médio de 4,4 e

percentual de concordantes de 73%. Segundo Tonet e Paz (2006) a incorporação

dos conhecimentos adquiridos podem resultar em redução do quadro ou até mesmo

demissão de funcionários onde o conhecimento está sendo aplicado. Esta situação

pode se tornar um obstáculo ao uso do compartilhamento do conhecimento, exigindo

por parte da organização um grande esforço para reverter a situação.

E por fim, o fator “Os objetivos propostos pelo programa, referente ao

compartilhamento de conhecimento, foram atingidos”, com Ranking Médio de 4,4 e

percentual de concordantes de 86%. O resultado deste fator, analisado de forma

isolada, revela que em relação ao compartilhamento de conhecimento o programa

de mentoria implantado foi eficiente na percepção dos mentores. Porém, a análise

do programa deve envolver todas as variáveis do modelo de Tonet e Paz (2006).

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Tabela15: Fatores que menos contribuíram na fase de incorporação.

Fator Mentorado

Ranking Médio Concordantes

Expectativas de promoção ou melhoria salarial não realizadas 2,6 23%

Liderança acredita nas vantagens e benefícios ao uso do conhecimento adquirido 3,5 50%

Fonte: Dados da pesquisa, 2013.

O fator “Expectativas de promoção ou melhoria salarial não realizadas”, com

Ranking Médio de 2,6 e percentual de concordantes de 23%, apresentou o menor

score da pesquisa. Expectativas não previstas de promoção, de diferenciação

salarial devido ao uso do novo conhecimento, constituem uma barreira ao

compartilhamento de conhecimento segundo TONET e PAZ (2006). Neste sentido,

na visão de Kram (1988) ao ter um bom desempenho no programa de mentoria, o

mentorado cria uma expectativa de que o mentor possa solicitar à liderança uma

promoção para ele. Os baixos valores auferidos pelo fator não eram esperados, visto

que, nas organizações administradas pelo governo, seus empregados sabem que as

promoções e melhorias salarias obedecem regras procedimentais. De qualquer

forma, uma investigação detalhada deste fator deve ser realizada.

E por fim, o fator, “A liderança acredita nas vantagens e benefícios ao uso do

conhecimento adquirido”, apresentou resultado com Ranking Médio de 3,5 e

percentual de concordantes de 50%. Este fator merece uma análise mais detalhada.

Analisando todos os fatores relacionados à liderança na pesquisa, percebe-se que

apenas este fator apresentou resultado abaixo de 4,0. Na fase de iniciação, a

questão 12 para mentores e 12 para mentorados, sobre o apoio da liderança para

participação dos atores no programa de mentoria, apresentaram valores de Ranking

Médio acima de 4,1 e percentual de concordantes de 80%. Semelhante resultado foi

encontrado na fase de implementação, onde na questão 29 para mentores e questão

31 para os mentorados, sobre o apoio da liderança aos encontros de mentoria,

apresentaram valores de Ranking Médio acima de 4,0 e percentual de concordantes

acima de 80%; e na fase de apoio, a questão 34 para mentores e questão 38 para

os mentorados, sobre o patrocínio da liderança ao apoio do mentor ao mentorado no

uso do conhecimento, com Ranking Médio acima de 4,1 e percentual de

concordantes acima 82%. Verifica-se portanto, que a liderança apoio ou contribuiu

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com a mentoria em todas as fases, provavelmente por tratar-se de um processo

formal da empresa, porém, os dados revelam que ele não acredita nas vantagens do

programa. Como o programa pesquisado é pioneiro, tem pouco mais de ano

implantado, é possível que num futuro próximo esta percepção seja revertida.

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5 CONCLUSÃO

Neste capítulo são apresentadas as conclusões, limitações e

recomendações finais do estudo. Para isso, o capítulo apresenta uma análise crítica

com relação aos objetivos, bem como, as limitações encontradas e algumas

recomendações para trabalhos futuros.

Alguns autores destacam o compartilhamento de conhecimento como

ferramenta de gestão de pessoas e a mentoria como uma das principais ferramentas

de compartilhamento de conhecimento tácito nas organizações.

Nesse sentido, o objetivo principal deste trabalho foi analisar o processo de

compartilhamento de conhecimento, na perspectiva dos mentores e mentorados,

que participaram de um programa de mentoria, implantado em uma empresa do

ramo petrolífero.

Nesse momento, tanto o objetivo geral, quanto os objetivos específicos

podem ser comparados com os resultados obtidos. Em relação ao primeiro objetivo

específico, o de caracterizar o perfil dos respondentes segundo suas características

sociodemográficas, o objetivo foi atingido, na medida em que foi encontrado o

seguinte perfil: Em relação ao gênero, uma predominância do sexo masculino; No

que se refere ao tempo de empresa, que os mentorados possuem pouco tempo,

enquanto os mentores estão próximos da aposentadoria; Com relação à

escolaridade, que os mentores são altamente qualificados, enquanto os mentorados

estão buscando esta qualificação; E, por fim, função gratificada, que em sua maioria

os mentores possuem função gratificada e os mentorados não. Este levantamento

possibilitou que fosse feita uma relação entre esses elementos e os encontrados nos

demais objetivos.

Com relação ao segundo objetivo específico, verificar de que forma ocorre a

iniciação no processo de compartilhamento de conhecimento, pode-se concluir que

as necessidades de compartilhamento de conhecimento foram bem definidas pela

organização, destacando-se o vínculo com suas estratégias e que as fontes e

destinatários foram selecionados de acordo com o que apregoa uma programa de

mentoria formal. A organização deve atentar para comunicação de seus projetos e

programas, visto que possui prêmios na área de gestão de conhecimento, e o fator

cultura de compartilhamento de conhecimento apresentou baixo resultado.

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No que se refere ao terceiro objetivo específico, averiguar de que forma são

estabelecidos os vínculos entre mentores e mentorados na implementação do

processo de compartilhamento de conhecimento, conclui-se que a interação entre

mentores e mentorados ocorreu de forma fluida, favorecendo o estabelecimento de

vínculo entre as partes. Contribuíram de forma positiva fatores que estão mais

presentes na mentoria informal, como laços de confiança. Como ponto de atenção,

ressalva-se o fator sobrecarga de atividades que na percepção dos mentorados,

constitui-se numa barreira ao compartilhamento de conhecimento.

No que tange ao quarto objetivo específico, analisar de que forma acontece

o apoio nas primeiras tentativas de aplicação do conhecimento compartilhado,

conclui-se que o mentorado foi assistido pelo mentor nos seus primeiros passos de

uso do conhecimento compartilhado, bem como, foi percebido pelos atores do

programa de mentoria que o conhecimento compartilhado foi assimilado. Nenhum

ponto de atenção foi evidenciado para este objetivo, visto que, os baixos resultados

obtidos estão sob controle.

Com relação ao quinto objetivo específico, verificar de que forma acontece a

incorporação do conhecimento compartilhado, conclui-se que não foram

evidenciados obstáculos ao uso do conhecimento compartilhado, favorecendo assim

a incorporação dele pelo mentorado. Dois pontos merecem destaque: o primeiro e

positivo, é que na percepção dos mentorados os objetivos do programa de mentoria

em relação ao compartilhamento de conhecimento foram alcançados; o segundo e

negativo, é em relação ao baixo resultado das expectativas dos mentorados,

necessitando assim, de um aprofundamento no assunto.

Por fim, como o modelo de compartilhamento de conhecimento do estudo é

dividido em fases e conforme visto nos parágrafos anteriores, em todas as fases os

resultados foram positivos, conclui-se que o objetivo geral, qual seja, analisar o

processo de compartilhamento de conhecimento, na perspectiva dos mentores e

mentorados, que participaram de um programa de mentoria, implantado em uma

empresa internacional de energia, foi atingido uma vez que foi percebido pelos

pesquisados que o conhecimento foi transmitido, assimilado e está sendo utilizado.

Como limitação desse trabalho aponta-se a parca literatura brasileira

existente em pesquisas sobre compartilhamento de conhecimento na mentoria

formal, revestindo-se, pois, de grande importância, novas pesquisa nessa área. A

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partir dessa observação, seguem abaixo algumas proposições para trabalhos

futuros:

a) Realizar pesquisa em organizações de pequeno e Médio porte;

b) Realizar pesquisa em empresas de outro ramo de atividade;

c) Realizar pesquisas qualitativas sobre mentoria formal e compartilhamento

de conhecimento.

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APÊNDICES

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO (MENTORADO)

Pesquisa sobre a percepção dos atores de um programa de mentoria em uma empresa internacional de energia. O presente instrumento é composto de duas partes distintas, sendo que a primeira refere-se ao perfil sócio-demográfico, enquanto a segunda aborda o compartilhamento de conhecimento, utilizando o modelo de compartilhamento de conhecimento de Tonet e Paz. As respostas do questionário sócio-demográfico devem ser respondidas, tendo como base a data final do programa de mentoria. Em relação à confidencialidade das respostas, está definido que nenhum resultado individual será divulgado. Apenas o consolidado das respostas de mentores e mentorados serão apresentados.

QUESTIONÁRIO SÓCIODEMOGRÁFICO Nesta primeira parte, você encontrará itens referentes ao seu perfil sócio-demográfico. Para responder assinale com “X” apenas um dos espaços em cada questão. 1. Gênero Masculino Feminino

2. Nível de escolaridade Nível médio Nível superior Especialista Mestre Doutor

3. Função com gratificação na empresa (Formal) Não possui Supervisor Coordenador Gerente Consultor

4. Tempo de empresa Menos de 5 anos De 5 a 20 anos De 21 a 30anos Mais de 30 anos

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QUESTIONÁRIO COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

FASE DE INICIAÇÃO É a fase de planejamento, onde são analisadas as necessidades, oportunidades do conhecimento a ser compartilhado, bem como, as fontes de compartilhamento.

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5 - Fui consultado previamente sobre os conhecimentos que poderiam me serem repassados (compartilhados).

6 - Estava ciente de que o conhecimento a ser recebido (compartilhado) fazia parte da estratégia da organização.

7 - O conhecimento programado para ser recebido era do meu inteiro domínio.

8 - O conhecimento programado para ser recebido estava vinculado às minhas atividades cotidianas.

9 - Fui informado de que o compartilhamento de conhecimento fazia parte dos objetivos do programa.

10 - Foi apresentado pela organização um plano de implementação do programa de mentoria (agenda de encontros, etc.).

11 - Possuía as competências de habilidades e atitudes (comunicação, relacionamento com pessoas) necessárias para receber o conhecimento.

12 - Recebi apoio gerencial para a minha participação no programa.

13 - A minha empresa possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento

14 - Ao ser convocado, acreditava na proposta do programa de mentoria.

15 - Ao ser convocado, me senti motivado para participar do programa de mentoria..

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FASE DE IMPLEMENTAÇÃO

É a fase onde verifica-se a interação entre mentor e mentorado (Fonte e destino) no compartilhamento de conhecimento.

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

16 - Meu MENTOR possuía as habilidades necessárias (comunicação, linguagem) para transmitir o conhecimento.

17 - Meu MENTOR possuía domínio sobre o conhecimento técnico compartilhado.

18 - Havia uma relação de confiança com o meu MENTOR.

19 - Meu MENTOR transmitiu o conhecimento sem qualquer demonstração de medo (perda de posição, poder, emprego) ou resistência.

20 - Estive sempre aberto a receber novos conhecimentos, sem temer não assimilá-los.

21 - Estive sempre aberto a receber novos conhecimentos, sem recear mudanças na forma de trabalho.

22 - A estratégia adotada pela organização para os encontros foram adequadas (reunião presencial, videoconferência, etc.).

23 - O tempo destinado a cada encontro foi adequado.

24 - O tempo destinado ao programa de mentoria foi suficiente para receber o conhecimento planejado.

25 - Os locais dos encontros foram adequados à pratica da mentoria (leiaute, privacidade).

26 - Os recursos (equipamentos de TI e telecomunicações) foram adequados à pratica da mentoria.

27 - Foi possível conciliar as atividades cotidianas com os encontros de mentoria. Não houve sobrecarga de trabalho.

28 - O volume de conhecimento compartilhado (recebido) em cada encontro foi adequado.

29 - Havia avaliação por parte da organização, do progresso obtido nos encontros entre mentor e mentorado.

30 - Houve efetivo compartilhamento (transmissão) de conhecimento da minha pessoa (mentorado) para o meu mentor.

31 - Minha gerência deu apoio aos encontros da mentoria.

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103

FASE DE APOIO

É a fase de exercitamento da prática orientada, onde o conhecimento compartilhado pode ou não ser assimilado.

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

32 - O conhecimento compartilhado foi assimilado.

33 - Tive acesso ao mentor para retirar dúvidas ou ajudar no exercitamento da prática..

34 - Os encontros de mentoria foram suficientes para a aplicação do conhecimento.

35 - Substituí conhecimentos antigos por conhecimento adquiridos no programa de mentoria.

36 - Incorporei novos conhecimentos adquiridos às atividades cotidianas.

37 - A organização proporciona as condições necessárias à aplicação dos conhecimentos recebidos.

38 - Minha gerência dá apoio à aplicação do conhecimento.

39 - A mentoria proporcionou troca de informações sobre cultura e valores da organização.

40 - A mentoria trouxe direcionamentos para a minha carreira.

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104

FASE DE INCORPORAÇÃO É a fase prática do conhecimento assimilado. Onde a organização deve remover possíveis obstáculos ao uso do conhecimento compartilhado e também, com os desafios surgidos para a sua aplicação, pois poderá ser necessário mudanças nas atividades ou na unidade de trabalho do recebedor, para o uso do conhecimento recebido. Discordo

totalmente Discordo

parcialmente Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

41 - O conhecimento adquirido está sendo aplicado na organização.

42 - O entregável (produto proposto) no programa de mentoria foi concluído.

43 - Os objetivos propostos pelo programa, referente ao compartilhamento de conhecimento, foram atingidos.

44 - Houve mudança das minhas atividades e consequentemente o conhecimento compartilhado não pôde ser aplicado.

45 - Houve reestruturação na organização e consequentemente o conhecimento compartilhado não pôde ser aplicado.

46 - Havia expectativa de promoção ou melhoria salarial que não foram realizadas..

47 - Houve redução no quadro de funcionário em função do programa de mentoria.

48 - Foram repassadas novas atividades com sobrecarga de trabalho, dificultando o uso do conhecimento adquirido.

49 - Meu gerente acredita nas vantagens e benefícios ao uso do conhecimento adquirido.

50 - Recomendo o programa de mentoria para os colegas de trabalho (acredito no programa).

51 - Acredito na mentoria como ferramenta de compartilhamento de conhecimento.

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APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO (MENTOR)

Pesquisa sobre a percepção dos atores de um programa de mentoria em uma empresa internacional de energia. O presente instrumento é composto de duas partes distintas, sendo que a primeira refere-se ao perfil sócio-demográfico, enquanto a segunda aborda o compartilhamento de conhecimento, utilizando o modelo de compartilhamento de conhecimento de Tonet e Paz. As respostas do questionário sócio-demográfico devem ser respondidas, tendo como base a data final do programa de mentoria. Em relação a confidencialidade das respostas, está definido que nenhum resultado individual será divulgado. Apenas o consolidado das respostas de mentores e mentorados serão apresentados.

QUESTIONÁRIO SÓCIODEMOGRÁFICO Nesta primeira parte, você encontrará itens referentes ao seu perfil sócio-demográfico. Para responder assinale com “X” apenas um dos espaços em cada questão. 1. Gênero Masculino Feminino

2. Nível de escolaridade Nível médio Nível superior Especialista Mestre Doutor

3. Função com gratificação na empresa (Formal) Não possui Supervisor Coordenador Gerente Consultor

4. Tempo de empresa Menos de 5 anos De 5 a 20 anos De 21 a 30anos Mais de 30 anos

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106

QUESTIONÁRIO COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

FASE DE INICIAÇÃO É a fase de planejamento , onde são analisadas as necessidades, oportunidades do conhecimento a ser compartilhado, bem como, as fontes de compartilhamento.

Discordo

totalmente Discordo

parcialmente Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5 - Fui consultado previamente sobre os conhecimentos que poderiam ser transmitidos (compartilhados).

6 - Estava ciente de que o conhecimento a ser transmitido (compartilhado) fazia parte da estratégia da organização.

7 - Tinha domínio sobre o conhecimento técnico a ser transmitido (compartilhado).

8 - Fui informado de que o compartilhamento de conhecimento fazia parte dos objetivos do programa.

9 - Acreditava que o conhecimento transmitido seria utilizado pelo mentorado nas suas atividades.

10 - Foi apresentado pela organização um plano de implementação do programa de mentoria.

11 - Possuía as competências de habilidades e atitudes (comunicação, relacionamento com pessoas) necessárias para transmitir o conhecimento.

12 - Recebi apoio gerencial para a minha participação no programa.

13 - A minha empresa possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento.

14 - Ao ser convocado para participar como mentor, acreditava na proposta do programa de mentoria.

15 - Ao ser convocado para participar como mentor, me senti motivado para participar do programa de mentoria.

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FASE DE IMPLEMENTAÇÃO

É a fase onde verifica-se a interação entre mentor e mentorado (Fonte e destino) no compartilhamento de conhecimento.

Discordo

totalmente Discordo

parcialmente

Não concordo

Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

16 - Meu MENTORADO possuía as habilidades necessárias (comunicação, linguagem) para receber o conhecimento.

17 - Havia uma relação de confiança com o meu MENTORADO.

18 - Houve resistência do mentorado em adquirir o conhecimento.

19 - Trabalhei antecipadamente problemas já conhecidos (em outros programas) que poderiam afetar a eficiência dos encontros.

20 - Houve efetivo compartilhamento (transmissão) de conhecimento do meu mentorado para mim.

21 - A estratégia adotada pela organização para os encontros foram adequadas (reunião presencial, videoconferência, etc.).

22 - O tempo destinado a cada encontro foi adequado.

23 - A duração (tempo) do programa de mentoria foi suficiente para transmitir o conhecimento planejado para o meu mentorado.

24 - Os locais dos encontros foram adequados à pratica da mentoria (leiaute, privacidade).

25 - Os recursos (equipamentos de TI e telecomunicações) foram adequados à pratica da mentoria.

26 - Foi possível conciliar as atividades cotidianas com os encontros de mentoria. Não houve sobrecarga de trabalho.

27 - O volume de conhecimento compartilhado (transmitido) em cada encontro foi adequado.

28 - Havia avaliação por parte da organização, do progresso obtido nos encontros entre mentor e mentorado.

29 - Minha gerência deu apoio aos encontros da mentoria.

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FASE DE APOIO

É a fase de exercitamento da prática orientada, onde o conhecimento compartilhado pode ou não ser assimilado. Responder as perguntas, caso tenha havido mentoria reversa (do mentorado para o mentor)

Discordo

totalmente Discordo

parcialmente

Não concordo

Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

30 - O conhecimento transmitido (compartilhado) foi assimilado pelo MENTORADO.

31 - Foi possível apoiar o MENTORADO no exercitamento da prática.

32 - Os encontros de mentoria foram suficientes para a aplicação do conhecimento pelo mentorado.

33 - A organização proporciona as condições necessárias à aplicação dos conhecimentos recebidos pelo MENTORADO.

34 - Minha gerência não obstaculou meu apoio ao mentorado (exercitamento da prática).

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APÊNDICE C

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORADOS

INICIAÇÃO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5 - Fui consultado previamente sobre os conhecimentos que poderiam me serem repassados (compartilhados).

4 1 2 8 7

6 - Estava ciente de que o conhecimento a ser recebido (compartilhado) fazia parte da estratégia da organização.

0 1 3 5 13

7 - O conhecimento programado para ser recebido NÃO era do meu inteiro domínio. 0 2 0 5 15

8 - O conhecimento programado para ser recebido estava vinculado às minhas atividades cotidianas.

0 0 0 5 17

9 - Fui informado de que o compartilhamento de conhecimento fazia parte dos objetivos do programa.

0 0 5 7 10

10 - Foi apresentado pela organização um plano de implementação do programa de mentoria (agenda de encontros, etc.).

0 0 5 7 10

11 - Possuía as competências de habilidades e atitudes (comunicação, relacionamento com pessoas) necessárias para receber o conhecimento.

0 2 1 5 14

12 - Recebi apoio gerencial para a minha participação no programa. 0 0 4 10 8

13 - A minha empresa possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento

1 1 2 13 5

14 - Ao ser convocado, acreditava na proposta do programa de mentoria. 0 1 2 11 8

15 - Ao ser convocado, me senti motivado para participar do programa de mentoria.. 0 1 1 7 13

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FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORADOS

IMPLEMENTAÇÃO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

16 - Meu MENTOR possuía as habilidades necessárias (comunicação, linguagem) para transmitir o conhecimento.

0 1 2 4 15

17 - Meu MENTOR possuía domínio sobre o conhecimento técnico compartilhado. 0 0 0 6 16

18 - Havia uma relação de confiança com o meu MENTOR. 0 0 0 8 14

19 - Meu MENTOR transmitiu o conhecimento sem qualquer demonstração de medo (perda de posição, poder, emprego) ou resistência.

0 1 1 5 15

20 - Estive sempre aberto a receber novos conhecimentos, sem temer não assimilá-los.

0 3 2 4 13

21 - Estive sempre aberto a receber novos conhecimentos, sem recear mudanças na forma de trabalho.

1 2 1 4 14

22 - A estratégia adotada pela organização para os encontros foram adequadas (reunião presencial, videoconferência, etc.).

0 3 3 9 7

23 - O tempo destinado a cada encontro foi adequado. 1 0 6 5 10

24 - O tempo destinado ao programa de mentoria foi suficiente para receber o conhecimento planejado.

1 2 1 11 7

25 - Os locais dos encontros foram adequados à pratica da mentoria (leiaute, privacidade).

0 1 1 16 4

26 - Os recursos (equipamentos de TI e telecomunicações) foram adequados à pratica da mentoria.

0 2 1 9 10

27 - Foi possível conciliar as atividades cotidianas com os encontros de mentoria. Não houve sobrecarga de trabalho.

3 6 1 7 5

28 - O volume de conhecimento compartilhado (recebido) em cada encontro foi adequado.

0 2 1 8 11

29 - Havia avaliação por parte da organização, do progresso obtido nos encontros entre mentor e mentorado.

3 2 1 11 5

30 - Houve efetivo compartilhamento (transmissão) de conhecimento da minha pessoa (mentorado) para o meu mentor.

0 4 2 10 6

31 - Minha gerência deu apoio aos encontros da mentoria. 0 0 3 9 10

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111

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORADOS

APOIO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

32 - O conhecimento compartilhado foi assimilado. 0 0 0 6 16

33 - Tive acesso ao mentor para retirar dúvidas ou ajudar no exercitamento da prática..

0 0 0 4 18

34 - Os encontros de mentoria foram suficientes para a aplicação do conhecimento.

0 0 2 12 8

35 - Substituí conhecimentos antigos por conhecimento adquiridos no programa de mentoria.

1 1 5 9 6

36 - Incorporei novos conhecimentos adquiridos às atividades cotidianas. 0 0 3 7 12

37 - A organização proporciona as condições necessárias à aplicação dos conhecimentos recebidos.

0 1 0 13 8

38 - Minha gerência dá apoio à aplicação do conhecimento. 1 2 1 7 11

39 - A mentoria proporcionou troca de informações sobre cultura e valores da organização.

0 1 5 9 7

40 - A mentoria trouxe direcionamentos para a minha carreira.

3 1 8 7 3

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112

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORADOS

INCORPORAÇÃO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

41 - O conhecimento adquirido está sendo aplicado na organização. 1 1 3 6 11

42 - O entregável (produto proposto) no programa de mentoria foi concluído. 0 1 2 10 9

43 - Os objetivos propostos pelo programa, referente ao compartilhamento de conhecimento, foram atingidos.

0 2 1 5 14

44 - Não houve mudança das minhas atividades, consequentemente o conhecimento compartilhado pôde ser aplicado.

0 0 0 10 12

45 - NÃO houve reestruturação na organização, consequentemente o conhecimento compartilhado pôde ser aplicado.

0 3 2 3 14

46 - Havia expectativa de promoção ou melhoria salarial que não foram realizadas.. 8 1 8 2 3

47 - Não houve redução no quadro de funcionário em função do programa de mentoria.

0 1 5 1 15

48 - Não foram repassadas novas atividades com sobrecarga de trabalho, dificultando o uso do conhecimento adquirido.

0 0 1 12 9

49 - Meu gerente acredita nas vantagens e benefícios ao uso do conhecimento adquirido.

3 0 8 4 7

50 - Recomendo o programa de mentoria para os colegas de trabalho (acredito no programa).

1 3 3 3 12

51 - Acredito na mentoria como ferramenta de compartilhamento de conhecimento.

2 1 2 7 10

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113

APÊNDICE D

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORES

INICIAÇÃO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

5 - Fui consultado previamente sobre os conhecimentos que poderiam ser transmitidos (compartilhados).

0 2 0 4 9

6 - Estava ciente de que o conhecimento a ser transmitido (compartilhado) fazia parte da estratégia da organização.

0 0 0 1 14

7 - Tinha domínio sobre o conhecimento técnico a ser transmitido (compartilhado).

0 0 0 3 12

8 - Fui informado de que o compartilhamento de conhecimento fazia parte dos objetivos do programa.

0 1 0 3 11

9 - Acreditava que o conhecimento transmitido seria utilizado pelo mentorado nas suas atividades.

0 0 2 4 9

10 - Foi apresentado pela organização um plano de implementação do programa de mentoria.

0 0 0 6 9

11 - Possuía as competências de habilidades e atitudes (comunicação, relacionamento com pessoas) necessárias para transmitir o conhecimento.

0 1 0 2 12

12 - Recebi apoio gerencial para a minha participação no programa.

1 1 1 5 7

13 - A minha empresa possui uma cultura que propicia o compartilhamento de conhecimento.

2 0 1 8 4

14 - Ao ser convocado para participar como mentor, acreditava na proposta do programa de mentoria.

0 0 2 5 8

15 - Ao ser convocado para participar como mentor, me senti motivado para participar do programa de mentoria.

0 0 2 3 10

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114

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORES

IMPLEMENTAÇÃO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

16 - Meu MENTORADO possuía as habilidades necessárias (comunicação, linguagem) para receber o conhecimento.

0 0 0 1 14

17 - Havia uma relação de confiança com o meu MENTORADO. 0 0 1 1 13

18 - Não houve resistência do mentorado em adquirir o conhecimento. 1 0 0 2 12

19 - Trabalhei antecipadamente problemas já conhecidos (em outros programas) que poderiam afetar a eficiência dos encontros.

0 1 7 5 2

20 - Houve efetivo compartilhamento (transmissão) de conhecimento do meu mentorado para mim.

0 1 3 4 7

21 - A estratégia adotada pela organização para os encontros foram adequadas (reunião presencial, videoconferência, etc.).

0 2 4 6 3

22 - O tempo destinado a cada encontro foi adequado.

0 1 3 5 6

23 - A duração (tempo) do programa de mentoria foi suficiente para transmitir o conhecimento planejado para o meu mentorado.

1 0 1 7 6

24 - Os locais dos encontros foram adequados à pratica da mentoria (leiaute, privacidade).

1 0 2 5 7

25 - Os recursos (equipamentos de TI e telecomunicações) foram adequados à pratica da mentoria.

0 1 3 3 8

26 - Foi possível conciliar as atividades cotidianas com os encontros de mentoria. Não houve sobrecarga de trabalho.

3 4 2 3 3

27 - O volume de conhecimento compartilhado (transmitido) em cada encontro foi adequado.

0 1 2 6 6

28 - Havia avaliação por parte da organização, do progresso obtido nos encontros entre mentor e mentorado.

0 2 0 7 6

29 - Minha gerência deu apoio aos encontros da mentoria. 1 1 1 6 6

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115

FREQUÊNCIA DOS RESPONDESTES – MENTORES

APOIO Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Não concordo Nem discordo

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

30 - O conhecimento transmitido (compartilhado) foi assimilado pelo MENTORADO.

0 1 1 4 9

31 - Foi possível apoiar o MENTORADO no exercitamento da prática. 0 0 1 4 10

32 - Os encontros de mentoria foram suficientes para a aplicação do conhecimento pelo mentorado.

0 1 0 7 7

33 - A organização proporciona as condições necessárias à aplicação dos conhecimentos recebidos pelo MENTORADO.

0 0 4 5 6

34 - Minha gerência não obstaculou meu apoio ao mentorado (exercitamento da prática).

0 0 0 4 11