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Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1208 - 19 Novembro 2003 Depois de um conjunto importante de iniciativas para discutir as questões relacionadas com o futuro da Europa, o PS marcou na última reunião da Comissão Nacional uma “Convenção Europeia” que será o ponto de viragem da estratégia do partido para as eleições ao Parlamento Europeu, que se realizam a 13 de Junho de 2004. Com os processos em curso de aprovação de uma Constituição e da adesão de dez países, a União Europeia vive actualmente um dos maiores desafios desde a sua criação, em 1957. Fiel à sua tradição europeísta e consciente das suas responsabilidades, o PS está a preparar o seu contributo para estar à altura deste momento histórico, não só através da apresentação de propostas para melhorar a futura Constituição e reactivar a “Estratégia de Lisboa”, como também para adaptar a Assembleia da República ao ritmo da União Europeia, de forma a que as posições portuguesas sobre temas europeus possam chegar a Bruxelas em tempo útil. PS MOBILIZA-SE PARA CONVENÇÃO EUROPEIA 3 Cortes orçamentais não poupam urgências pediátricas SAÚDE 5 PS aposta na qualificação dos portugueses ORÇAMENTO DE ESTADO 7 Governo quer vender gato por lebre ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 12 Carlos Luís: comunidades abandonadas à sua sorte ENTREVISTA 11

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  • Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

    Nº 1208 - 19 Novembro 2003

    Depois de um conjunto importante de iniciativas paradiscutir as questões relacionadas com o futuro da Europa,o PS marcou na última reunião da Comissão Nacional uma“Convenção Europeia” que será o ponto de viragem daestratégia do partido para as eleições ao ParlamentoEuropeu, que se realizam a 13 de Junho de 2004. Com osprocessos em curso de aprovação de uma Constituiçãoe da adesão de dez países, a União Europeia viveactualmente um dos maiores desafios desde a sua criação,em 1957. Fiel à sua tradição europeísta e consciente dassuas responsabilidades, o PS está a preparar o seucontributo para estar à altura deste momento histórico, nãosó através da apresentação de propostas para melhorar afutura Constituição e reactivar a “Estratégia de Lisboa”,como também para adaptar a Assembleia da República aoritmo da União Europeia, de forma a que as posiçõesportuguesas sobre temas europeus possam chegar aBruxelas em tempo útil.

    PS MOBILIZA-SEPARA

    CONVENÇÃOEUROPEIA 3

    Cortes orçamentais nãopoupam urgênciaspediátricas

    SAÚDE

    5

    PS apostana qualificaçãodos portugueses

    ORÇAMENTO DE ESTADO

    7

    Governo quervender gatopor lebre

    ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    12

    Carlos Luís:comunidadesabandonadas à suasorte

    ENTREVISTA

    11

  • 2 19 NOVEMBRO 2003ABERTURA

    ANTOONIO COLAÇO

    CABECINHA PENSADORA

    UMA CONVENÇÃOPARA O FUTURO EUROPEU DE PORTUGAL1.Os próximos 12 meses vão ser marcantes para o futuro da Europa e de

    Portugal.A conferência intergovernamental (CIG) em curso concluirá a sua apreciação doprojecto constitucional elaborado pela Convenção sobre o Futuro da Europa, emprincípio, até 12-13 de Dezembro. Cumprindo-se com sucesso este difícil objectivo,um novo Tratado de Roma – agora um assumido “tratado constitucional” – poderáser rubricado nas semanas seguintes.Em 1 de Maio ingressarão na União Europeia, após a realização de referendosem praticamente todos eles, dez novos países: Lituânia, Letónia, Estónia, RepúblicaCheca, Eslováquia, Hungria, Malta e Chipre. Cada um destes países irá ter o seucomissário. Em 9 de Maio, Dia da Europa, a assinatura solene do tratadoconstitucional poderá assim contar já com a participação dos novos membros,abrindo-se então o período em que se desenrolarão os processos de ratificação,por via parlamentar ou popular, nos vários Estados-membros.Em 13 de Junho terão lugar, pela primeira vez, eleições europeias em 25 países.É uma consulta democrática duma dimensão e dum significado novos, à escala daEuropa e do mundo. Vários países europeus, entre os quais Espanha – que nãotem dificuldades de natureza constitucional – procedem a referendos sobre aConstituição da União Europeia.Por último, daqui a um ano terá já iniciado o seu mandato uma nova Comissão com25 membros, formada pela primeira vez segundo a regra de ouro acordada emNice: um comissário por país, com igualdade de estatuto. Embora não esteja aindaem vigor o novo tratado constitucional, o seu espírito marcará já o processo queconduzirá à nova Comissão. A indigitação do respectivo presidente deverá pois vira fazer-se, assumidamente, “tendo em conta os resultados eleitorais” para oParlamento Europeu, com as consequências naturais desse requisito – que podemvir a representar um factor de interesse renovado para a participação dos cidadãos.

    2.O PS é, pela sua história e pelo seu presente, o partido português daresponsabilidade europeia – não apenas um “partido português” na Europa emenos ainda apenas um “partido europeu” em Portugal.Face ao calendário com que estamos confrontados e aos desafios de fundo quenos esperam, a decisão de convocar uma convenção sobre a temática europeia,saída da última Comissão Nacional, decorre da assunção dessa responsabilidade.Estão em causa, obviamente, as questões institucionais, decisivas no médio e longoprazo para a configuração e desempenho do “sistema Europa” e para a interacçãodele com o “sistema Portugal”. Neste último caso, Parlamento-Governo AdministraçãoPública-Tribunais (para não falar da vertente sociedade), vão precisar todos demudanças sérias no sentido, não só de responder em prazo aos impulsos eoportunidades europeias, como de projectar em tempo útil os nossos pontos de vistano sistema europeu de decisão. Uma “reforma europeia” da Assembleia da Repúblicavai ser necessária para assegurar a democraticidade dos próprios actos da União.Mas estão também em causa outras questões fundamentais, como as ligadas àspolíticas de promoção da coesão económica, social e territorial – sem as quais oacréscimo de integração política só acentuará as falhas do mercado, deixando semconteúdo as promessas de solidariedade. A “agenda de Lisboa”, a que o Governo

    socialista de António Guterres nos deixou prestigiosamente ligados, deve seraprofundada e responsavelmente relançada, de novo a partir de Portugal e do PS.Pleno emprego, modernização e responsabilidade social, qualificação, conhecimentoe inovação continuam a ser referências incontornáveis para as reformas de que omodelo europeu necessita. Só nós podemos reuni-las.Reactivar o processo de Lisboa e colocar a coesão económica, social e territorialno centro dum contrato europeu em renegociação são exigências a que umaconvenção socialista sobre o futuro europeu de Portugal deve responder.

    3.Entretanto, estando a decorrer a CIG, importa que sejam, por estas semanas,asseguradas – como o foram em Nice, mas agora num novo quadro – condiçõesinstitucionais que preservem um equilíbrio democrático no interior da União e termosjustos e adequados para a participação de países com as condições de Portugal.Se o projecto saído da Convenção é reconhecidamente uma boa base, torna-seindispensável introduzir algumas alterações, em particular na área institucional.Entre essas alterações destacam-se:i) Eleição do presidente do Conselho Europeu por consenso. Não faz sentido que

    um órgão que toma as suas decisões mais importantes, em regra, por unanimidade,eleja o seu presidente por maioria qualificada. É preciso salvaguardar um nívelmínimo de igualdade na influência dos Estados nessa eleição.

    ii) Estatuto de igualdade entre todos os membros da Comissão, respeitando-se aregra um comissário por país. A actual solução, criando comissários de primeirae de segunda, prestará um mau serviço à coesão europeia.

    iii) Presidência rotativa em todos os Conselhos de Ministros, em condições igualitárias(terminando assim a incongruência de um membro da Comissão presidir a umConselho de Ministros).

    iv) Autonomização do Conselho legislativo, a funcionar em condições de publicidadee a deliberar segundo o princípio um Estado um voto. Não pode ser admitida aacentuação da proporcionalidade em função da população no ParlamentoEuropeu (que se encontra prevista) sem que na outra câmara que intervém noprocesso legislativo se consagre o princípio da igualdade dos Estados nasdeliberações.

    v ) Redefinição da regra da maioria qualificada, por forma que a população não tenhanela o peso exagerado que tem (em vez dos actuais 50 por cento dos Estados e60 por cento da população, seria mais equilibrado 50 por cento-50 por cento).

    Cabe ao Governo a responsabilidade de encontrar no âmbito da CIG as soluçõesque assegurem tais objectivos. Cabe ao PS apoiá-lo nos esforços que faça nessesentido – mas igualmente ser rigoroso na avaliação dos resultados que foremefectivamente alcançados. Está em causa uma responsabilidade perante Portugal euma responsabilidade perante a Europa.Uma convenção europeia agendada para o final de Fevereiro será também, nahipótese de se cumprir o actual calendário da CIG, um momento privilegiado para sefazer essa avaliação.Preparar as eleições europeias será, assim, preparar também o futuro europeu dePortugal.

    ALBERTO COSTA

    - ZÉ MANEL, ESTÁS DE PÉ?!

    - O QUE É QUE TENS PARA ME DIZER, MANELA?!

    - FALTAM-NOS MAIS DE 2,2 MIL MILHÕES NO

    ORÇAMENTO?!

    - Ó MINHA NOSSA SENHORA!!! E AGORA, COMO É?!

    - ENTÃO, PARA QUE É QUE QUERES ESSA CABECINHA

    PENSADORA?!

  • 319 NOVEMBRO 2003 INICIATIVA

    COMISSÃO NACIONAL

    CONVENÇÃO EUROPEIAAGENDADA PARA FEVEREIROO Partido Socialista vai realizar em 28de Fevereiro de 2004 uma ConvençãoEuropeia que tem como principalobjectivo preparar as eleições para oParlamento Europeu, marcadas para 13de Junho. A lista de candidatos do PSao Parlamento Europeu será aprovadana primeira reunião da Comissão PolíticaNacional, após a realização daConvenção.A decisão foi tomada na última reuniãoda Comissão Nacional e insere-se numconjunto de outras actividades que vãomarcar a acção externa do partido.Nos últimos meses foram realizadasdiversas reuniões públicas e privadascom deputados nacionais e aoParlamento Europeu, bem como compersonalidades independentes, paradiscutir a futura Constituição europeia,e permitir a adopção de uma posiçãosobre as questões institucionais,designadamente sobre a composição daComissão, a ponderação de votos noConselho de Ministros e a presidênciada União.Já no próximo dia 5 de Dezembro, serárealizado na Assembleia da Repúblicamais uma iniciativa do Partido Socialista

    para analisar o projecto de Constituiçãoeuropeia.A discussão será introduzida pelocomissário António Vitorino e é destinadaaos membros do Secretariado Nacionaldo PS, deputados europeus e nacionaise aos membros do Gabinete de Estudos.Para o Partido Socialista há um conjuntode questões que são fundamentaisabordar na perspectiva das suasresponsabilidades históricas emmatérias europeias. Desde logo, asimplicações para o funcionamentoinstitucional da União Europeiadecorrentes da nova Constituição,cujos trabalhos, em princípio, ficarãoconcluídos na Cimeira de 12-13 deDezembro, em Itália. Há também anecessidade de fazer uma “reformaeuropeia” da Assembleia da Repú-blica, de forma a que as posiçõesportuguesas sobre os temas europeuspossam ser projectadas em tempo útil.Importa ainda reactivar a “Estratégia deLisboa” e relançá-la a partir de Portugal,na medida em que o pleno emprego, aresponsabilidade social, a qualificaçãoe a sociedade de informação continuama ser referências cada vez com mais

    peso na estratégia europeia dedesenvolvimento.Por fim, mas igualmente importante, épreciso sublinhar que a União Europeiavive actualmente um momento de

    viragem, na medida em que vaiproceder ao maior alargamento da suahistória e está já a preparar umaimportante reforma dos fundos e doorçamento comunitário, factos que terão

    a maior importância na vida de todos osEstados-membros.

    Iniciativas e reforçoda articulação interna

    Além da marcação da Convenção, aComissão Nacional ratificou o voto desolidariedade e de apoio à liderançade Ferro Rodrigues, aprovado naúltima reunião da Comissão Política erecomendou aos restantes órgãos dedirecção do partido que “reforcem asua articulação interna”, através,nomeadamente, da realização de“reuniões regulares” do SecretariadoNacional com os presidentes dasfederações, bem como o envolvimentode “forma mais intensa” dos membrosda Comissão Política na vida quotidianado partido.Por outro lado, nos termos da moçãoaprovada, o Gabinete de Estudosdeve intensificar “as iniciativas externasde forma a consolidar e dar maiorvisibilidade” às alternativas que o PSpretende construir, particularmente emtorno da reforma da AdministraçãoPública e das políticas de saúde.

    MENSAGEM DE MANUEL ALEGRE

    APOIO A FERRO EM NOMEDA AUTONOMIA E IDENTIDADE DO PS

    Ausente por motivos de doença da reunião da Comissão Nacional, o camaradaManuel Alegre não quis deixar de participar enviando uma mensagem, na qualexpressa o seu apoio a Ferro Rodrigues pedindo-lhe para não desistir, porque,entre outros motivos, quer que o PS “continue a ser um partido livre, autónomo esenhor do seu próprio destino”.“Um partido pode tornar-se historicamente desnecessário”, começa por alertar ManuelAlegre na missiva, acrescentando: “Pode acontecer-nos a nós, se não formos capazesde compreender o que está em causa. E o que está em causa não é apenas apessoa de Ferro Rodrigues, é a autonomia e a independência do PS. Autonomia eindependência perante a concentração mediática, perante o poder económico eperante qualquer outro poder fáctico, seja ele qual for”.Sublinhando que “não é por acaso que o secretário-geral do PS é objecto de umacampanha como nunca se viu”, Alegre encontra razões políticas para explicar o queestá a acontecer ao PS que, a contragosto, se viu envolvido num processo judicial.Ou seja, “Ferro é suspeito de três coisas que os vários poderes fácticos não consentem.Em primeiro lugar, é suspeito de imprimir ao PS uma orientação clara e firme naprossecução de políticas sociais progressistas contra as soluções do neoliberalismodominante. Em segundo lugar, é suspeito de recusar o bloco central, sobretudo obloco central dos interesses. Em terceiro lugar, é suspeito de, em caso de o PS nãoobter maioria absoluta, estar disponível para negociar com outras forças de esquerdauma solução que permita governar com apoio parlamentar maioritário e estável”São estas as razões políticas que, segundo o deputado socialista, “explicam a formidávelcampanha dirigida contra o secretário-geral, pretendendo-se “dizer de fora ao PS oque o PS pode ou não pode ser, que secretário-geral pode ou não pode ter”Os socialistas, defende Alegre na sua mensagem, “não podem admitir que poderesexternos ponham em causa a sua liberdade de decisão”, acrescentando que “senão fossem concedidas a Ferro Rodrigues condições inequívocas para ele continuara exercer o seu cargo em plenitude, isso significaria que, a partir de então, só poderiaser líder do PS quem obtivesse o consentimento dos vários poderes dominantes”.Por isso, sublinha, “o que está em jogo não é a permanência ou não de FerroRodrigues, é a própria natureza do PS, a sua autonomia, a sua independência e asua própria identidade”.“É isso o que me leva a vir por este meio dizer à Comissão Nacional que estou comFerro Rodrigues. Não apenas por solidariedade pessoal, nem só porque ele omerece. Mas porque quero que o PS, que também ajudei a fazer, continue a ser umpartido livre, autónomo e senhor do seu próprio destino”, afirma.

    PS REFORÇADO E COESONO COMBATE AO GOVERNOA coesão interna em torno da liderançade Ferro Rodrigues, expressa nasvotações, foi a nota dominante da últimareunião da Comissão Nacional,amplamente participada, em que foimarcada uma convenção europeia edefinidas como prioridades do PS aoposição às reformas da saúde e daAdministração Pública.Em conferência de Imprensa no final daComissão Nacional, Ferro Rodriguesreafirmou que o seu “combate funda-mental é o da afirmação do PS comoalternativa à governação de direita” que,conforme avisou, “iria conduzir à crise eao desemprego”.O secretário-geral socialista salientou que“os partidos políticos não servem para aintriga interna” e que “o que o País querdo PS é respostas aos problemas dedesemprego, da falta de expectativa emrelação ao futuro e da crise económica”.O PS, acrescentou, “conta comigo paraesses desafios”.Ferro Rodrigues adiantou ainda que oPS se vai apresentar com listas própriasnas próximas eleições europeias. “Anossa coligação é com os portugueses,em especial com aqueles que, tendovotado no PSD ou no CDS, neste mo-mento mostram todo o seu desagradoperante a situação gravíssima em que oPaís se encontra”, disse.“O meu combate é no sentido de, já naspróximas eleições europeias, o País mos-trar o que pensa deste Governo, da coli-gação de direita que pelos vistos se vaiapresentar em conjunto”, acrescentou.Depois de referir que o PS sai da

    Comissão Nacional “reforçado nacoesão, unidade e espírito de luta”, FerroRodrigues salientou que as votaçõesmostraram de uma “forma esmagadora-mente maioritária” que tem condiçõespara continuar a ser líder do PS e queestá determinado a virar o partido parafora, para o combate, nomeadamenteapresentando propostas para melhorar“o Orçamento de Estado do desespero eda recessão” apresentado pelo Governo.Ao fim de sete horas de reunião daComissão Nacional, amplamente partici-pada, onde foram aprovados tambémimportantes documentos para a vidainterna do partido, como as alteraçõesao regulamento de quotização e umaproposta de alteração ao regulamentodisciplinar do PS, Ferro Rodrigues fezuma intervenção em enalteceu “o modoelevado” como decorreu a reunião eafirmou-se “determinado e mobilizado”para liderar o combate do nosso partidocontra o Governo.Por isso, disse, o PS “vai colocar no topoda agenda política as responsabilidadesdo Governo na grave crise do País”,definindo como prioridades as áreas dasaúde e da Administração Pública.Na sua intervenção, Ferro Rodriguesdefendeu que o PS vai procurar com asua acção que no Orçamento de Estadopara 2004 “o programa de investimentopúblico não se afunde”.O líder do PS respondeu ainda às críticasmais contundentes que lhe foram feitasna Comissão Nacional, realçou asolidariedade política que lhe foimanifestada, expressa por larga maioria

    nas votações realizadas, mas avisou que“não precisa de solidariedade comreserva política”.“O que está em causa é a solidariedadede hoje e futura com o secretário-geral”,disse, recordando ainda que foi alvo deuma miserável campanha que tevehonras de abrir cirurgicamente durantevários dias consecutivos a maioria dostelejornais.

    Congresso extraordináriorejeitado por larga maioria

    As duas propostas apresentadas naComissão Nacional para a realização deum congresso extraordinário foramrejeitas, por larga maioria, registando-se13 votos a favor e seis abstenções.As propostas foram apresentadas pelodirigente do PS/Porto Barbosa Ribeiro epelo presidente da Comissão deCoordenação e Desenvolvimento daRegião de Lisboa e Vale do Tejo,Fonseca Ferreira.Entre as intervenções mais críticas à linhatraçada pela direcção do PS, destacam-se as de Manuel Maria Carrilho e JoãoSoares. O ex-ministro da Cultura doGoverno de António Guterres disse queo PS, com a estratégia de FerroRodrigues, continuará “entrincheirado”e “cercado” pelo processo Casa Pia. Porsua vez, o ex-presidente da Câmara deLisboa criticou também a estratégia dadirecção do PS neste processo, avisandoo secretário-geral que o seu “espaço demanobra é já reduzidíssimo”.

    J. C. CASTELO BRANCO

  • 4 19 NOVEMBRO 2003

    ENCONTRO AUTÁRQUICO DA AMADORA

    GOVERNO MALTRATA PODER LOCAL

    INICIATIVA

    Ganhar com maioria absoluta as legislativas de2006, foi o objectivo traçado para o PS por FerroRodrigues no encerramento do I EncontroAutárquico da Amadora, onde reafirmou que opartido irá concorrer sozinho às próximaseleições europeias e acusou o Governo deinsensibilidade social e autoritarismo.

    “O PS quer ganhar com maioria absolutaas próximas eleições legislativas para, pelaprimeira vez, poder governar de acordocom o seu programa”, disse o lídersocialista, sublinhando que não basta “oempate absoluto de 1999”, em que o PS ea oposição tinham exactamente o mesmonúmero de votos. “Viu-se ao que levouesse empate absoluto”, acrescentou.Frisando que “não há divergência nopartido quanto à estratégia e deafirmação dos nossos valores”, osecretário-geral afirmou que “o PS irásozinho às eleições europeias, com osseus candidatos e os seus programas”.Ferro Rodrigues criticou o facto de o PSDe CDS/PP se apresentarem coligadosàs próximas eleições europeias. “Vamosver se indo juntos, os eleitores se somamou se subtraem”, disse recordando, apropósito, que o partido de DurãoBarroso andou sempre a “reboque” doPS na questão europeia, enquanto opartido de Paulo Portas “sempre foi umferoz adversário da União Europeia”.Quanto ao projecto comum de revisãoconstitucional apresentado pelo PSD eCDS/PP no Parlamento, o secretário-geral dos socialistas ironizou: “Pareceque já só há um partido no Governo dePortugal. Quem diria lembrando osdebates eleitorais da última campanha”.

    No encontro de autarcas socialistas daAmadora, Ferro Rodrigues centrougrande parte da sua intervenção naanálise dos malefícios da “desgover-nação da direita”, acusando o Governode “conformismo inaceitável na eco-nomia”, nomeadamente na “sacrali-zação do défice” que levou à recessão,e de “insensibilidade social”, consi-derando “trágico” o que se passa como desemprego, que aumentou 22,5 porcento em relação ao ano anterior, um“crescimento brutal digno de figurar noGuiness”.

    Autoritarismo, conformismoe insensibilidade social

    Criticando o facto de o Governo ter como“preocupação atacar os que têm menosforça”, o líder do PS classificou de“indecorosas” as alterações propostasno subsídio de doença. “Como é queum ministro que se reclama dedemocrata e cristão pode admitir pôr emcausa direitos justos e pagos pelostrabalhadores?”, perguntou, numaalusão a Bagão Félix.Ferro Rodrigues acusou também oExecutivo de Durão Barroso de“autoritarismo e autismo político” narelação com as autarquias. “Nunca

    houve um Governo que tratasse tão talmal as autarquias, com tanto menos-prezo, diria até desprezo”, disse.O líder do PS acusou ainda o Governode “mistificação” na questão daspensões, “porque houve uma tentativade enganar os portugueses, quandoanuncia que este foi o maior aumentodas pensões” desde 1995.“Os pensionistas terão a oportunidadede verificar e comparar o que foi a prá-tica do PS e o que é a prática deste Gover-no”, disse, sublinhando que o PS é afavor de uma Segurança Social públicae universal, onde sejam valorizadas ascarreiras contributivas mais longas.“Somos a favor de uma política social com

    direitos e obrigações universais, aocontrário da direita que tem umaconcepção da política social assente noassistencialismo e na caridade”, explicou.Por outro lado, Ferro Rodrigues defen-deu que o PS deve desenvolver a suapolítica “junto das pessoas, sempopulismo, tentando explicar quais osreflexos que esta política de desinves-timento tem na vida dos cidadãos”,salientando “coragem, determinação esolidariedade” devem ser as palavrasde ordem do partido.Neste Encontro Autárquico, promovidopela Comissão Política Concelhia daAmadora, a abertura dos trabalhosesteve a cargo do camarada Jorge

    Coelho que num discurso inflamadoapontou os erros da política económicae social do Governo e as suasconsequências na degradação dascondições de vida dos portugueses.Por sua vez, Joaquim Raposo,presidente da FAUL e da CâmaraMunicipal da Amadora, e AntónioRamos Preto, deputado à Assembleiada República e líder da Concelhia daAmadora centraram as suas interven-ções na análise das conclusões desteencontro de autarcas em que estiveramem debate temas como a educação,fiscalização municipal, ambiente, acçãosocial e obras municipais.

    J. C. CASTELO BRANCO

    O Governo despreza o poder municipal e mistifica o aumento das pensões

    PROCESSO CASA PIA

    LÍDER DO PS DENUNCIANOVO PATAMARDE PATIFARIAEm reacção a uma “notícia gravemente caluniosa” publicada no “Correio daManhã” no passado dia 10 sobre a sua pessoa, o secretário-geral do PSpediu nesse mesmo dia ao procurador-geral da República que esclareça sefoi ou não confrontado com a existência de “insinuações ou depoimentoscontra si”, quando do depoimento prestado no DIAP em 4 de Junho. Horasdepois, o procurador-geral da República confirmava, num comunicado, sertotalmente falso que Ferro Rodrigues tenha sido confrontado com quaisquertestemunhos incriminatórios, que o envolveriam no processo Casa Pia.Em comunicado lido na sede nacional do PS pelo ex-ministro da Justiça VeraJardim, Ferro Rodrigues referia que passadas 48 horas depois da reuniãoda Comissão Nacional do PS, “a patifaria” tinha chegado a “um novo patamar”.E garantia: “Os socialistas e os portugueses em geral podem ter a certeza deque Ferro Rodrigues não se deixará abater, condicionar ou vergar”“A honra de um homem que só tem motivos de orgulho do seu passado edo seu presente em termos de comportamento, moral e de carácter nãopode ser atingida de uma forma baixa e miserável como faz o jornal‘Correio da Manhã”, afirmava o secretário-geral no comunicado.Por isso, anunciou ir processar este matutino de Lisboa, sem qualquerpossibilidade de acordo, uma vez que se trata de uma “matéria em queestá em causa a honra e a dignidade de uma pessoa”.

    NOVAS SECÇÕES DO PSEM FRANÇA, INGLATERRA E BRASILO PS vai abrir no próximo ano duasnovas secções em França, três emInglaterra e oito Brasil, país onde seráainda instalada uma Federação. Oanúncio foi feito pelo director doDepartamento Nacional de Emigraçãodo PS, o deputado Carlos Luís, queadiantou ir endereçar um convite aosecretário-geral, ou alguém que orepresente, para estar presente nacerimónia de instalação da Federaçãodo PS no Brasil, que agrupará todos osnúcleos socialistas, um acontecimentoque classifica de “muito importante”, peloque representa na implantação dopartido junto das comunidadesportuguesas naquele país.Esta nova estrutura, explica, será maisuma Confederação do que umaFederação, devido à especificidade doBrasil, que verdadeiramente umcontinente. Carlos Luís adianta aindaque para presidente da Confederaçãodo PS no Brasil as secções estão apropor um ex-deputado federal e

    secretário particular do governador emSão Paulo, enquanto o secretário-coordenador indicado pelas secçõesserá uma figura de grande relevo quefoi vice-presidente da Câmara em SãoPaulo e que tem hoje a seu cargo asegurança deste estado. As novassecções no Brasil surgem na sequênciade uma deslocação em Agosto, aexpensas próprias, do director do

    Departamento de Emigração do PS edo presidente da Federação da Suíça,Manuel de Melo, a Belo Horizonte,Santos, Praia Grande, São Vicente eSão Paulo, onde deixaram os embriõesdestas secções. Para breve estáprevista nova deslocação para“alicerçar” estas estruturas que seprevê venham a ter um mínimo de 60militantes cada.

  • 519 NOVEMBRO 2003

    SAÚDE SEM MELHORAS NENHUMASHá hoje mais gente em lista de espera paracirurgias do que havia antes deste Governoentrar em funções. Das 123 mil pessoas emlista de espera passou-se agora para 151 mildoentes nessa situação. “Este são factos,números indesmentiveis”, afirma AfonsoCandal.Recorde-se que compromisso do ministro foi ode que iria em dois anos eliminar o stock degente em listas de espera, tendo para o efeitoapurado cerca de 123 mil pessoas nessasituação. Este até seria um compromissorazoável se a lógica da recuperação das listasde espera fosse a que existia até então. Nesteregisto, o objectivo seria difícil mas era positivo.Agora o que tem acontecido é que parte daprodução normal dos hospitais está a serpreterida para recuperação das listas atrasadas.Resultando daqui que se recupera mais asatrasadas mas criam-se novas listas de esperaque não tem resposta na produção normal doshospitais. No limite, se pararem as cirurgiasnormais, se todos os blocos operatórios do Paísse concentrarem na recuperação da lista deJunho de 2002, consegue-se dar vazão e acabarcom a lista de espera dos 123 mil. O problemaé que o caudal de novas entradas é superior aoda saída de doentes das lista de espera.

    Medicamentos mais caros

    Preocupante, também, para o coordenadorsocialista da Comissão Parlamentar de Saúde,é o facto de as famílias desembolsarem hojemais pelos medicamentos do que pagavamantes deste Governo entrar em funções. Amonitorização que tem vindo a ser feita dosresultados dos preços de referência demons-tram que, de facto, as famílias estão a gastarmais com os medicamentos. A causa destasituação está na introdução dos preços de

    referência, uma vez que “deixou de haver aligação estreita que havia dantes entre o utentee o Estado, ou seja, como a comparticipaçãoera feita em percentagem, se o utente pagassemais o Estado também pagava mais; se outente pagasse menos o Estado tambémpagava menos. Neste momento com ospreços de referência o Estado paga sempre omesmo, quer o utente pague menos quer paguemais”, explica Afonso Candal.Para o deputado aveirense, “o Estadodesresponsabiliza-se de alguma forma, deixade sofrer as consequências das prescrições demedicamentos mais caros, porque quem vaipagar mais não é o Estado, é o utente.”

    Doentes preteridospela “selecção adversa”

    Nas declarações que prestou ao “AcçãoSocialista”, Candal manifestou-se tambémpreocupado com a prática “da chamadaselecção adversa” que consiste em haverdoentes que são preteridos, que são

    encaminhados para outros hospitais, que nãosão aceites pura e simplesmente, ou doentesa quem não lhes são prestados todos ostratamentos e meios auxiliares de diagnósticoe terapêutica necessários.As razões para a selecção adversa resultam,segundo Afonso Candal, da “política diferen-ciada de financiamento” que os hospitais têmem função de ser-se só utente do SNS(Serviço Nacional de Saúde) ou de um sub-sistema, nomeadamente de se ter um segurode saúde, dado que o hospital é pago de formadiferente pelo mesmo tratamento. Ou seja, “noseguro de saúde, sai uma factura detalhada ea seguradora paga tudo, e o hospital tem agarantia de que tudo o que faz recebe, enquantoem relação aos utentes do SNS, como épago numa lógica de produção final, o preçoque o Estado paga por cirurgia supostamenteinclui tudo aquilo que está no meio. Mas se odoente precisar de mais radiografias ouanálises do que é suposto, o hospital terá deas fazer mas não recebe mais do Estado poras ter feito”, esclarece. Grave, para o vice-

    presidente do GP/PS, é que “isto pode levar,e as informações que tenho é que está já alevar a um racionamento – não é umaracionalização – dos custos.”Decorre daqui que cada doente só pode gastarx, sabendo-se à partida que os doentes comsituações mais complicadas “vão entrar nasmargens do hospital, o que é uma coisa nova egravíssima”, acrescenta Afonso Candal, quetambém retira outras ilações: “Podem serpreteridos utentes do SNS face a utentes quevêm dos subsistemas das seguradoras. Podeestar em risco livre acesso dos cidadãos aoshospitais e a universalidade do sistema, porquehá tratamento diferenciado conforme se tem ounão seguro.”

    Poupanças são uma falácia

    Esta nova questão das grandes poupanças, deque o ministro tem falado, por via da novagestão dos Hospitais SA, impõe que Luís FilipePereira se explique relativamente ao aumentogalopante da dívida à industria farmacêutica e auma noticiada injecção de mais 250 milhões deeuros no sistema hospitalar.Sobre este ponto, Afonso Candal questiona aorigem desse dinheiro e quais os custos para odéfice. “Ao falar-se de 250 milhões de euros,fala-se de 0,2 por cento do PIB e sabendo-seque o défice orçamental está à risca na casados 2,9, haver quaisquer 0,2 por cento a maispode ser a morte do artista. Isto tem estarelevância simbólica.”Não obstante a alteração da forma definanciamento e dos 31 hospitais SA terem tidouma dotação de 900 milhões de euros postoscomo capital social inicial, dinheiro esse quepodem gastar, além da capacidade deendividamento que também têm, facto é que oministro se vê na contingência e obrigação de

    fazer uma injecção extra na ordem dos 250milhões de euros.A justificação “especulativa” que Afonso Can-dal encontra para esta realidade está em que “oministro inicialmente esperava que com estadotação de capital as novas empresas pagas-sem as facturas que lá tinham do passado,sendo que e a dotação do capital inicial nãoconta para efeitos de défice. Portanto, essedinheiro que o Estado desembolsa para criaruma nova empresa não é considerado despesapara efeitos de défice mas ia fazer face a umadespesa corrente. A despesa diminuía porqueas facturas em dívida passavam a estar emnome de uma sociedade anónima e nãoaumentava a despesa pelo facto de o Governoter passado o dinheiro a título de capital inicial.”Obedecendo a uma lógica empresarial, e ape-sar de alguns terem gasto o seu capital sociala pagarem essas facturas atrasadas, “a maiorparte dos conselhos de administração não ofez e assumiu um posição típica de adminis-trações SA e disse não, este capital social éa partir de agora para a frente para o nossoexercício e isso que já ai estava ai continuará,o senhor ministro que resolva”, refere AfonsoCandal. Daí terem começado a aumentargravemente as despesas e os prazos depagamento estarem agora muito mais dilata-dos, nomeadamente as dívidas à indústriafarmacêutica. Uma situação deveras preocu-pante se, como tudo indica, indústria colocar oGoverno em tribunal e exigir os juros de moraque são brutais. Para evitar essa situação, “eventualmente será essa a justificação paraessa injecção extraordinária de dinheiro, desses250 milhões de euros que no fundo são parapagar dívidas dos hospitais que estiveram naorigem das sociedades anónimas”, conclui ocoordenador socialista da área da Saúde naAssembleia da República.

    INICIATIVA

    DEPUTADOS E AUTARCAS DENUNCIAM

    HOSPITAL DE SANTIAGODO CACÉM A FUNCIONAR

    EM CONTENTORES

    FERRO VISITA HOSPITAIS

    CORTES ORÇAMENTAIS NÃO POUPAMURGÊNCIAS PEDIÁTRICAS“Mesmo em períodos de crise, há áreasque são intocáveis”, afirmou o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, numa visitaaos hospitais pediátricos de Lisboa, paraavaliar os problemas de funcionamentoque actualmente os afectam devido aproblemas financeiros e precaridade derecursos humanos.Acompanhado por alguns deputados doPS, Ferro Rodrigues fez um apelo ao bomsenso e afirmou que os factores humanose as questões de vida presentes no qua-dro dos serviços médicos devem ter prio-ridade relativamente aos assuntoseconómicos.A visita aos hospitais de Santa Maria eD. Estefânia serviu para observar in locoos problemas existentes com a concen-tração das urgências pediátricas de umaforma que claramente prejudica o acessoa este tipo de serviços médicos tãosensível.Entre as queixas que Ferro Rodriguesmais ouviu contam-se as que serelacionam com a escassez de recursoshumanos e com os problemas financeirosdaquelas unidades hospitalares, que têmfeito regredir a facilidade e qualidade noatendimento das urgências pediátricas.Refira-se que em apenas um ano osrecursos humanos na unidade de pediatriado Hospital de Santa Maria foramreduzidas em cerca de 20 por cento. Comefeito, os médicos deste hospital criticaram

    a concentração das urgências pediátricasnocturnas de Lisboa no Hospital D.Estefânia, com o argumento de estar a serprejudicada a qualidade dos cuidadosprestados aos utentes.Como os responsáveis do Hospital D.Estefânia têm uma perspectiva diferente,mas que põem ambas as instituições emconfronto, Ferro Rodrigues chegoumesmo a aconselhar a criação de umacomissão para analisar os efeitos daexistência de apenas uma única unidadede urgências pediátricas para a regiãode Lisboa. “Espero que o bom sensopermita que exista uma solução melhorpara este problema”, disse o secretário-geral do PS, acrescentando não fazerqualquer sentido que haja médicos quesaem a correr de Santa Maria para irem

    para o D. Estefânia.Ferro Rodrigues sublinhou que, em com-paração com anos anteriores, as urgên-cias pediátricas “têm menos meios e umamaior afluência de doentes”, pelo que énecessário que os serviços sejam melho-rados para que o sistema de saúde sepossa adequar às necessidades doscidadãos.Refira-se que os problemas da saúdeserão um dos temas em destaque naspróximas jornadas parlamentares do PS,que decorrerão, em princípio, em 15, 16e 17 de Dezembro.Estas iniciativas que o PS tem realizadono âmbito da saúde inserem-se numprograma de intensificação da acçãopolítica, no qual estão incluídos diversoscolóquios, visitas e audições.

    Os cortes orçamentais feitos pelo Governo do PSD/PP estão a atrasar aentrada em funcionamento do Hospital do Litoral Alentejano, obrigandoas populações da região a recorrer ao velho Hospital Conde Bracial,que está a funcionar em condições de grande precaridade, indo,inclusivamente, ser instalados contentores para albergar uma parte dosserviços de urgência, gabinetes médicos, salas de espera e serviçosadministrativos.Esta denúncia pública foi feita na semana passada por uma delegação dedeputados do Partido Socialista, da qual faziam parte Paulo Pedroso,Afonso Candal, Alberto Antunes, Ana Catarina Mendes, Luís Miranda epor autarcas socialistas dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola,Santiago do Cacém, Sines e Odemira, numa visita aos dois hospitais, aovelho e sem condições, e ao novo, que só ainda não entrou emfuncionamento porque o Governo não dá luz verde.Os deputados criticaram a demora na entrada em funcionamento do Hospitaldo Litoral, que vai servir uma população de 90 mil habitantes e que étambém considerado como um elemento fundamental para odesenvolvimento do turismo e das actividades que com ele estãorelacionadas na região.“Vai ser um Inverno de contentores”, disse o deputado Paulo Pedroso,referindo-se às medidas que o Hospital Conde Bracial está a tomar paracolmatar as muitas deficiências que existem no seu funcionamento em que,inclusivamente, uma parte das urgências vai funcionar em contentores.O novo Hospital do Litoral teve o seu “plano funcional” aprovado em 1995,mas a primeira pedra para a sua construção só foi lançada no ano 2000pela então ministra da Saúde do PS, Manuela Arcanjo.Os deputados e autarcas do PS quiseram demonstrar com esta visita nãosó as dificuldades que estão a ser sentidas pelas populações dos concelhosque o Hospital Conde de Barciela serve, mas também apresentar exemplosconcretos de como os cortes orçamentais feitos pelo Governo estão aafectar, neste caso, a prestação de cuidados de saúde.O deputado Paulo Pedroso sublinhou que o PS vai continuar a fazer adenúncia de situações que estão a prejudicar os portugueses, muitoparticularmente na área da saúde.

  • 6 19 NOVEMBRO 2003

    FERRO NA RTP

    “TENHO DIREITO A SABER”

    ATENTADOS NO IRAQUE

    PS SOLIDÁRIOCOM FORÇAS PORTUGUESASO ataque terrorista ocorrido em Nassiria, no passado dia 12, contra o quartel-general onde deveria ter ficado instalado o contingente da GNR portuguesa,mereceu do PS a sua “total condenação” e o “sentido pesar pelas vítimas”.Recorde-se que, no passado dia 24 de Outubro, a bancada parlamentar socia-lista votou favoravelmente uma moção de apoio e solidariedade com contingenteportuguês a destacar para o Iraque, apesar da desaprovação que desde o inícioexpressou à condução de todo o processo por parte do Governo.Assim, é com legitimidade reforçada que o PS instou Durão Barroso a“reconsiderar a oportunidade de partida” das forças portuguesas face aodevastador ataque, ressalvando de seguida que “uma tal reapreciação nãoacarreta desprestígio para a honra nacional”.“Qualquer que seja a actuação do Governo, o PS está e estará solidáriocom os homens e as mulheres que se predispuseram para uma missão dealta perigosidade, em serviço patriótico, no Iraque”, diz uma nota à Imprensaassinada pelo secretário-geral, Ferro Rodrigues.

    Ferro Rodrigues anunciou ter requeridoao juiz do Tribunal de Instrução Criminal(TIC) de Lisboa, Rui Teixeira, esclare-cimentos sobre a eventual existência detestemunhos contra si no âmbito doprocesso Casa Pia.Em entrevista à RTP, no passado dia11, o líder socialista disse querer apurarquem o ligou a práticas pedófilas parapoder proceder criminalmente contra osautores de tais declarações.“A ser verdade, esses depoimentosestão eivados de falsidade, que meafectam directamente” e que “constituemum ataque político contra o secretário-geral do PS”, declarou, reivindicandopor isso o seu “direito de saber”.Na entrevista, o secretário-geral do PSrecusou ainda ter feito qualquer tentativade impedir que o ex-porta-voz socialistapudesse escapar a responder perantea justiça.Segundo Ferro Rodrigues, “havia ape-nas que procurar que Paulo Pedroso sedisponibilizasse o mais depressa possível(para responder perante o juiz), levan-tando a sua imunidade e, caso fossenecessário, suspendendo inclusivamenteo seu mandato de deputado”.Sobre as transcrições ilegais dasescutas telefónicas de que foi alvo, Ferrogarantiu que não ofendeu o MinistérioPúblico, quando usou expressões como“isto só vai à canelada”, garantindoainda que “o PS não está em querelacom a magistratura” nem em guerra coma Justiça.Quanto à “pseudo-pressão sobre aJustiça” que ditou a prisão de Pedroso,

    Ferro lembrou que “nenhum destescontactados disse ter sido pressionado”e estranhou que não sendo suspeito denada, estivesse sob escuta.A propósito da revelação mediática departes de telefonemas seus que,segundo afirmou, “lesaram o PS, comose viu nos resultados das sondagens”,o secretário-geral falou em “cinco diasde massacre”, de forte pressão e aindade “violação criminal”, factos perante osquais não quis nunca ceder.

    Neste contexto, Ferro assegurou queas recorrentes tentativas da direita e daextrema-direita de o empurrarem daliderança do PS têm-se saldado numlogro.O secretário-geral afastou desta formaa possibilidade de se demitir do cargose o deputado ex-porta-voz socialistafor efectivamente acusado no âmbito doprocesso Casa Pia.“Continuarei secretário-geral do PS e aconsiderar que Paulo Pedroso, até uma

    sentença transitar em julgado, épresumivelmente inocente”, frisoucategórico, após recusar associar acontinuação da sua liderança a umaeventual acusação contra o parlamentar.É que, afirmou Ferro, “no dia em que oPartido entregar a cabeça do seusecretário-geral numa bandeja, nuncamais conseguirá ter um líder autónomo”,identificando de imediato o seu principaladversário nesta batalha como sendo“o populismo”: uma “mistura explosivaentre uma Comunicação Social acéfalae um determinado tipo de fugas deinformação”.Por outro lado, afirmou que osecretário-geral do PS não pode ficarrefém do procurador João Guerra.“Se isso acontecesse, então seria apolitização da justiça”, acrescentou, paradepois explicar que a sua demissão teriasido “a solução mais fácil, mas tambémrepresentaria falta de coragem, comgraves consequências” para o PS.Ferro Rodrigues frisou igualmente a suadeterminação cumprir o seu mandatode secretário-geral até Novembro de2004.

    A política tem que termemória

    Na parte da entrevista em que se tratoude política nacional, o secretário-geraldo PS voltou a criticar a estratégia doGoverno para a angariação de receitasextraordinárias, tendo em vista aredução do défice.De acordo com Ferro Rodrigues, se o

    anterior Governo socialista tivesseutilizado receitas extraordinárias namesma ordem que as actuais, o déficeem 2001 teria sido de dois por cento enão de 3,6 por cento.Ferro mostrou-se ainda convicto deque, se Portugal tivesse em 2002 umdéfice superior a três por cento,nenhuma penalização seria decretadacontra o país por parte da UniãoEuropeia, dada a conjuntura existentena França e na Alemanha.O secretário-geral do PS manifestouconcordância com o Presidente daRepública, Jorge Sampaio, na ideia deque haverá “um semi-proteccionismo”em Espanha face a empresasportuguesas e atacou duramente oExecutivo a propósito do TGV.Assim, citou declarações proferidaspelos líderes do PSD e do CDS-PP,Durão Barroso e Paulo Portas, em2001, sobre o comboio de altavelocidade, quando ambos seencontravam na oposição, porque,lembrou, “a política tem que ter memória”.Segundo o secretário-geral do PS,Paulo Portas acusou o anterior Governosocialista de “irresponsabilidade” e“megalomania num país com doismilhões de pobres”, enquanto queDurão Barroso defendeu que as obrasdas principais linhas deveriam começarem simultâneo.“A forma como no passado reagiram aoTGV coloca agora uma questão deseriedade”, referiu, dizendo mesmoestar-se perante um caso de “hipocrisiapolítica”. M.R.

    ACTUALIDADE

    REUNIÕES COM LÍDERES SINDICAIS

    CONVERGÊNCIA DE PONTOS DE VISTACom vista a optimizar a reforma da Admi-nistração Pública e porque a alternânciademocrática leva a que as regras dosector não sejam apenas para servir estaou aquela cor partidária, o PS manifes-tou disponibilidade para chegar a umacordo de regime.O anúncio foi feito pelo líder socialista, àsaída de um encontro com o secretário-geral da UGT, João Proença, realizadono largo do Rato, na passada sexta-feira,ocasião em que afirmou que os socialistasestão disponíveis para que “os projectosdo PS e do Governo sejam discutidosem condições de debate aberto e francona Assembleia da República” e para quese consiga, “em conjunto, uma boaReforma da Administração Pública”.No âmbito desta reforma, há três tipos dediplomas em cima da mesa: Organizaçãoda Administração Directa do Estado,Estatuto do Pessoal Dirigente e Lei-Quadro dos Institutos Públicos.Aprovados na generalidade, no dia 30de Setembro, tanto os projectos do PScomo as propostas do Executivo baixaramà respectiva comissão, para discussãona especialidade.Um dia antes, o secretário-geral do PSreuniu-se com o responsável máximo daCGTP-IN, Carvalho da Silva, tendoambos condenado a conduta política“populista” e de “mistificação” da realidadeque o Governo azul/laranja tem

    assumido, por exemplo, no caso dosaumentos das pensões mínimas.Face à convergência de análise do PS eda CGTP-IN sobre a situação económicae financeira do País, Ferro fez questãode sublinhar que não se tratou de umaacção política de “socorros mútuos”.“Na reunião, houve diálogo e há umagrande autonomia entre as organizaçõessindicais e o PS”, sublinhou o secretário-geral do PS, antes de sintetizar a políticado Governo a três palavras: “insensi-bilidade, incompetência e mistificação”.Ferro Rodrigues acusou o Executivo deDurão Barroso de ser insensível na

    proposta de revisão do pagamento dossubsídios de doença, “cortando direitosa pessoas que descontam para osistema”.“Este Governo também tem reveladoincompetência, porque, até agora, aindanão se viu uma única reforma”, justificouo líder do PS, para quem, “é ainda umamistificação que haja em 2004 umaumento grande das reformas”, pois,“pelo orçamento da Segurança Social,prova-se que o aumento médio daspensões será no próximo ano beminferior aos aumentos que se verificaramno período dos governos socialistas”.

  • 719 NOVEMBRO 2003

    ORÇAMENTO DE ESTADO

    “O PSD É O GRANDE PARTIDO DO DÉFICE ELEITORALISTA”

    ALTERAÇÕES AO OE-2004

    PS PROPÕE MAIS BENEFÍCIOSFISCAIS PARA A QUALIFICAÇÃO

    Apesar dos constantes alertas face aoevidente retrocesso no crescimento dePortugal, o Orçamento de Estado para2004, que prossegue com uma filosofiaparalisante, foi aprovado na genera-lidade, no passado dia 6, com o votocontra do PS.As críticas socialistas ao OE noencerramento do debate parlamentarficaram a cargo de João Cravinho, quechamou reiteradas vezes a atenção doplenário para o facto do documentofalsificar os números, ao incluir receitasextraordinárias nas contas do défice.O deputado acusou o Executivo de, comeste OE, não aumentar o investimentopúblico, continuar obcecado com o Pactode Estabilidade e Crescimento, contribuirpara o aumento do desemprego e não

    apostar no combate à fraude e evasãofiscal.Cravinho alertou ainda para o facto doGoverno se preparar para aumentar odéfice do País em 2005 e 2006, antesdas eleições presidenciais e legislativas,responsabilizando, ao mesmo tempo, oprimeiro-ministro por falhas decoordenação política e pelos sacrifíciosvãos que o portugueses terão de fazer.O parlamentar socialista não hesitou emdenunciar que as despesas inscritas noOE-2004 “são as que forem necessáriaspara engordar os números dapropaganda”, fazendo uma previsãosegundo a qual o Governo ultrapassaráos limites da dívida pública do Pacto deEstabilidade e Crescimento (60 porcento) no próximo ano – isto no caso da

    ministra das Finanças utilizar os 7.800milhões de euros de endividamento.O deputado socialista classificouigualmente a proposta orçamental como“injusta” do ponto de vista social edemonstrou que 2004 “será o terceiroano de aumento da carga fiscal sobreas famílias”.Segundo Cravinho, o OE não traráqualquer consolidação ao nível dasdespesas públicas, antecipando mesmoum eventual aumento do défice em 2005e 2006.“O PSD é historicamente o grandepartido do défice eleitoralista, desde odéfice de 12 por cento no início dadécada de 80, até à média de 5,9 porcento entre 1985 e 1995”, afirmou, paraapontar de seguida que Durão Barroso

    ACTUALIDADE

    Os socialistas defendem a introdução deum conjunto de medidas cirúrgicas noOrçamento de Estado (OE) para aEducação, Qualificação e Ciência quepassem pela concessão de incentivosfiscais para a formação ao longo da vida,nomeadamente a dedução no IRS daaquisição de computadores pessoais oude despesas com o ensino obrigatórioou profissional, até 30 por cento, paramaiores de 18 anos.Estas algumas das propostas que o PSvai levar ao Parlamento face ao“castrante” Orçamento de Estado para2004 em áreas que os socialistasconsideram “prioritárias para o País”.Em conferência de Imprensa, quedecorreu no passado dia 11, osdeputados do PS Luiz Fagundes Duarte,Manuela Melo, Eduardo Cabrita e JoelHasse Ferreira exigiram o reforço dosinvestimentos e dos incentivos para a

    qualificação dos cidadãos, no que foi aapresentação da primeira de um conjuntode propostas de alteração ao Orçamentode Estado para 2004, que, segundoasseguraram, não agrava o défice.“Estamos particularmente preocupadoscom os cortes no Orçamento e noPIDDAC [Programa de Investimentos eDespesas de Desenvolvimento daAdministração Central] para 2004, noque respeita aos ministérios da Educaçãoe da Ciência e Ensino Superior”, frisou odeputado socialista Luiz FagundesDuarte, para depois defender que essescortes “vão provocar graves consequên-cias, para o próximo ano, na qualificaçãodos portugueses e poderão provocarferidas que levarão muitos anos a sarar”.O PS explicou deste modo a proposta deeliminação das cativações de 15 por centonos ministérios da Educação, Ciência eEnsino Superior e também no ministério

    da Segurança Social e do Trabalho.“Queremos apostar nas empresas quedão prioridade à formação, ao investi-mento e à requalificação ambiental, e nãonas empresas que estão cotadas nabolsa”, afirmou, por sua vez, o deputadoEduardo Cabrita, que defendeu aproposta de contabilizar os encargos cominvestigação e desenvolvimento nadeterminação de lucro tributável dasempresas.O PS propõe ainda compensar osmunicípios onde ocorreu o encerramentode escolas, com o reforço das verbaspara os transportes escolares, e aumentaras verbas destinadas a investimentos noMinistério da Ciência e do EnsinoSuperior, contemplando a rede decomputação científica nacional e osprogramas dinamizadores de ciências etecnologias da informação.

    MARY RODRIGUES

    teve a “suprema irresponsabilidade deafirmar no Parlamento que a ideia doinvestimento público como factor decompetitividade é uma ilusão”.“Com afirmações destas, o primeiro-ministro lesa gravíssimamente a posiçãode Portugal em busca dos apoios comu-nitários necessários ao seu aceleradodesenvolvimento interno e à suaintegração europeia no futuro”, advertiu.O dirigente do PS criticou também oprimeiro-ministro por “nunca estarpresente nos momentos difíceis” e por,“em vez de fazer remodelações, se versucessivamente empurrado a fazerrenovações de cadáveres políticos comcertidão passada por outros”.João Cravinho considerou ainda que aposição do chefe do Governo sobre as

    auto-estradas com portagem virtual(SCUT’s) se revelou “um logro” econstituiu “uma irresponsabilidade”.O dirigente do PS citou depoisdeclarações proferidas por Durão naCovilhã, em que terá defendido asSCUT’s, para denunciar umacontradição, adiantando, ainda, terdocumentação para provar que oscustos das SCUT’s não atingirão ostrês mil milhões, como estima oExecutivo, mas “apenas mil milhões decontos”.Recorde-se ainda que a discussão naespecialidade do Orçamento de Estadopara 2004 decorreu ao longo dapassada semana, estando a votaçãofinal global agendada para depois deamanhã, dia 21 de Novembro.

    BANDEIRAS SOCIALISTASPARA O OE-2004

    Promoção da competitividade e da inovação empresariala) Combate à desertificação:

    • Redução para 20 por cento do IRC para as empresas instaladas no interior• Isenção do Imposto Municipal sobre as Transmissões de Imóveis, para asempresas do interior• Taxa de 15 por cento do IRC para as micro-empresas do interior• Renovação até 2006 dos incentivos à criação de emprego e à constituiçãode empresas por jovens

    b) Majoração fiscal em IRC em 150 por cento dos encargos realizados cominvestigação e desenvolvimento e de despesas que contribuam para o aumentoda eficiência ambiental, de recuperação paisagística e de formação profissionalcertificada dos trabalhadores

    c) Alargamento das despesas de investigação e desenvolvimento consideradaspara redução da taxa de IRC, e renovação até 2006 da Reserva Fiscal deInvestimento para as despesas das empresas em I&D

    d) Renovação, até 2006, do crédito fiscal para investimento em protecçãoambiental

    e) Reforma do Imposto Automóvel, incentivando a eficiência energética erelacionando o encargo fiscal com o custo ambiental, reduzindo a tributaçãona venda de veículos menos poluentes

    f) Justiça fiscal no PEC, reduzindo o pagamento mínimo e alargando asempresas obrigadas a pagamento por conta

    g) Promoção da competitividade no turismo, ajustando o regime do PEC dasagências de viagens

    Aposta na qualificação dos portuguesesa) Criação do Plano-Poupança-Educação/Formação, incentivando a afectação

    da poupança a despesas de formação profissionalb) Possibilidade de dedução à colecta das despesas com formação profissionalc) Incentivo fiscal à conclusão da escolaridade obrigatória e à formação

    profissional por adultosd) Renovação, até 2006, dos incentivos fiscais à aquisição de computadores,

    equipamento informático e ligação à Internet pelas famílias

    Justiça fiscal para os mais fracos e incentivos à poupançada classe média

    a) Actualização em 2,5 por cento dos escalões e de todas as deduçõesespecíficas previstas no Código do IRS

    b) Actualização em 2,5 por cento dos benefícios fiscais para deficientes,deficientes das Forças Armadas e reformados com contas poupança-reforma

    c) Incentivo à poupança da classe média com a actualização em 2,5 por centodas deduções fiscais para contas poupança-habitação, planos poupança-acções, PPR, PPE e PPRE

    Combate à fraude e evasão fiscaisa) Cruzamento de dados entre a administração fiscal e a segurança socialb) Possibilidade de levantamento de sigilo bancário relativamente a contribuintes

    que pretendam obter benefícios fiscais, gozar de regimes fiscais privilegiadosou de auxílios do Estado

    c) Acesso directo à informação notarial e registral dos contribuintes titulares debenefícios fiscais ou com direito a auxílios de Estado

    d) Recolha de informação sistemática sobre os contribuintes com imóveis,viaturas ou barcos de recreio, propriedade de sociedades registadas emzonas off-shore

    e) Controlo de pagamentos a entidades residentes em off-shoresf) Perda de benefícios fiscais para entidades domiciliadas na zona franca da

    Madeira que violem regras de transparência fiscalg) Adopção de medidas que permitam determinar a variação do património

    líquido dos contribuintes com elevados acréscimos patrimoniais

    É preciso apostar nas empresas que dão prioridade à formação, ao investimento e à requalificação ambientale não naquelas que estão cotadas em bolsa

  • 8 19 NOVEMBRO 2003ORÇAMENTO DE ESTADO

    FEDERAÇÕES DE PORTO, BRAGAE BRAGANÇA REPUDIAM PIDDAC

    O PERÍODO MAIS NEGRODO PODER LOCALNarciso Miranda, presidente da Câmara de Matosinhos, disse que “este éo período mais negro do poder local democrático”.Em declarações aos jornalistas após um jantar entre autarcas socialistascomo líder do PS, realizado no passado dia 5, Narciso apontou para os“três anos de atrofiamento forçado pelo Governo”, afirmando-se crítico emrelação ao Orçamento do Estado para o próximo ano.“O PIDDAC para 2004 é um desastre completo e o desenvolvimento vaiparar”, defendeu o edil socialista, denunciando ainda que tem sido“impossível” para as autarquias “resolver os problemas da habitação social”e “assumir a sua parcela de financiamento em obras comunitárias”.No encontro com Ferro Rodrigues, promovido pelo PS/Matosinhos,estiveram presentes vários presidentes de câmara socialistas, comoJoaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto, Rui Soalheiro, de Melgaço, eCarlos Tuta, de Monchique.Maria de Belém, também presente no encontro, acusou o Governo de“privilegiar”, no orçamento, “os municípios do PSD”, pois disse, “verifica-se um enorme desequilíbrio”.“O OE-2004 representa um enorme sacrifício para as autarquias ecompromete a realização dos seus programas de trabalho”, afirmou adirigente socialista no final da reunião.

    LISBOA

    FAUL DENUNCIAINSENSIBILIDADEGRITANTE DO GOVERNOO desprezo do Governo pela melhoria das condiçõesde vida e da qualificação do portugueses ficou bempatente, em particular na Área Metropolitana de Lisboa,com o corte do investimento público, efectuado,nomeadamente, através da redução das verbas doPIDDAC para 2004.Esta a denúncia feita, em comunicado, peloSecretariado da FAUL, depois de auscultar aspreocupações que se colocam aos municípios dodistrito face às dotações orçamentais para o próximoano.Os socialistas alertam para o facto dos concelhos daregião não poderem continuar a suportar restriçõesquanto ao acesso ao crédito para a construção dehabitação social, “sob pena de comprometer, entreoutros, o processo de realojamento das famílias quevivem em condições de inabitabilidade”.A FAUL reivindica também que o Governo articule osseus investimentos com o Plano Regional deOrdenamento da Área Metropolitana de Lisboa, porforma a concretizar “um modelo de desenvolvimentopara o território da AML que não pactue com umapolítica casuística e de pesca à linha, baseada emcedências a pressões políticas dos municípios geridospelo PSD”.Assim, e depois de apontar para o corte nas dotaçõesinscritas no PIDDAC 2004 para as autarquias dodistrito, pelo que acusam o Governo de“insensibilidade gritante”, os socialistas reiteram anecessidade de se financiarem e continuarem“projectos fundamentais e estruturantes” que ficaramde fora, identificando-os em domínios como amobilidade e as acessibilidades, a construção deequipamentos de saúde, a educação, a segurançade pessoas e bens e o ambiente.O Secretariado da FAUL exige ainda que o OE-2004 inscreva os meios financeiros necessários àinstalação e exercício das competências atribuídas àscâmaras municipais.

    CASTELOBRANCO

    ORÇAMENTO AGRAVADEPRESSÃONO INTERIORMais de 7 por cento de quebra nas dotaçõesorçamentais é o que 2004 reserva para aspopulações do distrito de Castelo Branco. Por isso,o deputado e líder distrital do PS, FernandoSerrasqueiro, em declarações ao “Acção Socialista”,acusa o Governo de desinvestir nas regiõesdeprimidas do interior, correndo o risco de, assim,desincentivar também o investimento privado nazona.Por outro lado, Fernando Serrasqueiro denunciaque o investimento per capita do PIDDAC de CasteloBranco será inferior à média nacional.“Trata-se de um Orçamento de Estadoconstrangedor no que se prevê venha a ser odesemprego no distrito”, disse Serrasqueiro,lembrando também que no interior do País osmercados de trabalho alternativos são escassos.Acresce que longe de dar apoios aos municípiosmais carenciados, “este OE inscreve um aumentoda carga fiscal em sede de IRS sem trazeracréscimo de riqueza” e, portanto, “agrava aindamais a situação de depressão em que algunsdistritos vivem”. “Estamos a afastar-nos dos distritos maisdesenvolvidos”, lamentou Serrasqueiro,questionando de seguida a exclusão de umconjunto de obras “estruturantes” do PIDDAC2004, que foi incluído no plano de investimentospúblicos do ano em curso.A título de exemplo, o deputado referiu a EscolaSuperior de Artes Aplicadas e anunciou que ossocialistas vão apresentar uma proposta para asua inscrição no PIDDAC.Quanto às rodovias, Fernando Serrasqueiro disseque o plano azul/laranja de investimentos públicosnão contempla o Regadio Cova da Beira, semque até agora o Governo tenha feito saber o quepretende fazer com esta obra, e criticou a execuçãoorçamental do corrente ano, que não irá além deuns curtos 48 por cento.

    As dotações inscritas no Programa deInvestimentos do Estado para o próximopara os distritos de Braga, Bragança ePorto são insuficientes, gerando orepúdio e o descontentamento dossocialistas.Em conferência de Imprensa conjunta,das três federações do PS, MotaAndrade, Joaquim Barreto e FranciscoAssis insurgiram-se contra asescandalosas injustiças que sedesenham no PIDDAC 2004 para aregião do interior transmontano.Coube ao líder da distrital socialista deBragança abrir as intervenções, tendocomeçado por afirmar que “este PIDDACé um embuste para todos e, nomea-damente, para a região bragantina”.“Trata-se de uma fraude monumental”,denunciou Mota Andrade, citando como

    exemplos a ligação da ponteinternacional de Quintanilha, a ligaçãoda Torre de Moncorvo ao IP2, aduplicação do IP4 e a conclusão do IC5e do IP2, cujas dotações são “verbasinsignificantes” ou, em alguns casos,desprovidas de qualquer montante.Por seu turno, o presidente da federa-ção bracarense chamou a atenção parao facto de o seu distrito, apesar de ser oterceiro em termos demográficos, sertambém o sexto relativamente a dotaçõesorçamentais, mantendo-se por isso um“adiamento permanente de váriasobras”.Joaquim Barreto disse ainda que algumasdas obras que estavam inscritas noPIDDAC 2003 nem sequer arrancaramou pararam por falta de verbas, tendo,nalguns casos, desaparecido agora do

    VILA REAL

    PEQUENAS ILUSÕESNÃO TRADUZEMINTENÇÕES“Os Orçamentos de Estado de 2003 e 2004demonstram, com a límpida clareza dos números,que o sentido da discriminação positiva, afinal,virou sentido de discriminação negativa, porqueo voluntarismo na distribuição de recursos queo Governo proclamou, deve estardefinitivamente perdido em alguma das gavetasda ministra Manuela Ferreira Leite”.Assim reagiram os socialistas de Vila Real depoisde analisarem o plano de investimentos públicospara a região.Criticando Durão Barroso por não ter cumpridoa promessa de colocar o distrito vila-realense ea região transmontana no mapa político do País,o PS de Vila Real desmontou o que, à primeiravista, parece ser um aumento das verbasinscritas no PIDDAC para o próximo ano.Segundo os socialistas, a maioria dos projectosinscritos no plano de investimentos públicoscorresponde a pequenas ilusões, das quais,uma parte muito significativa, não corresponderáa “nenhuma intenção de realização durante2004”.Por outro lado, assinalam, o Orçamento deEstado em discussão, embora consagre adiminuição da taxa de IRC para todas asempresas, “acaba com os benefícios fiscais quecontemplavam pequenas e médias empresaslocalizadas em 167 concelhos do interior doPaís”.Quanto ao IVA aplicável ao fornecimento de Gás,fixado em 5 por cento para o natural e em 19por cento para o de garrafa, o PS/Vila Realconsidera ser este “um apoio interessante paraas regiões deprimidas e para as famílias commenores rendimentos”.

    PIDDAC 2004 ou contando apenas comuma dotação insignificante.Já Francisco Assis, que tambémsalientou o “castigo” que o Governo estáa infringir ao interior transmontano,salientou que o Porto é o distrito maisprejudicado uma vez que o actualprograma de investimentos públicosinscreve uma dotação inferior em 30 porcento ao financiamento estatal do anopassado.Caustico, o líder da distrital portuensereferiu-se ao autarca laranja Rui Rio,acusando-o de estar “dominado por umautismo que o impede de ver o que sepassa à sua volta”.Mantendo o tom duro de crítica, Assislembrou que “este PIDDAC não trazprojectos novos” e que o Orçamento deEstado “é mau e lesa as populações”.

    AVEIRO

    PIDDAC PARA 2004CONCRETIZAOPÇÕES ERRADASOs socialistas de Aveiro acusam o Governo dedesconsiderar o distrito, de atrasar o seudesenvolvimento e de pôr em causa a qualidadede vida das populações.O Secretariado da Comissão Polít ica daFederação Distr i tal de Aveiro do Part idoSocialista, tendo analisado o PIDDAC (Planode Investimentos Descentral izados e deDesenvolvimento da Administração Central)para o distrito, manifestou, em comunicado, asua “profunda preocupação e tristeza” porverificar que, “o PIDDAC para 2004 concretizaopções erradas e não cumpre promessas feitas”.“Da Feira à Mealhada, de Sever do Vouga àMurtosa, por todo o distrito, os nossos autarcasconstatam, incrédulos que se ecl ipsaramprojectos outrora previstos, que não aparecemcompromissos assumidos, que se protelaminvestimentos urgentes”, acusam os socialistasaveirenses, para depois fr isar que “avalorização do distrito torna a adiar-se”, umavez que “há verbas irrisórias que se inscrevemapenas para dissimular a incapacidade deexecutar, há projectos de um município queaparecem imputados a outros e há projectos deíndole nacional com os quais se tentam disfarçaros montantes ridículos com que foram brindadosalguns concelhos”.Quanto à actuação da distrital laranja, oscamaradas de Aveiro acusam-na de, “em nomeda mais pura subserviência part idária”,permanecer “acrítica”, o que, dizem, “demonstraa incapacidade de defender os interesses dodistrito, curvando-se, sem coragem política”.A concluir, os socialistas aveirenses prometemnão conformar-se. É que, frisou, “Aveiro ePortugal precisam de mais investimento público,de uma política diferente e de um Governomelhor”.

    ANÁLISE DISTRITAL DO PIDDACConclusão do trabalho iniciado na edição anterior

  • 919 NOVEMBRO 2003

    JOSÉ JUNQUEIRO DENUNCIA

    PORTAGENS NAS SCUT’SSÃO NOVO IMPOSTO PARA O INTERIORO interior já pagou, desde sempre,“as portagens do subdesenvolvi-mento” e não pode pactuar “com maisesta discriminação de Durão Barrosoe do Governo PSD/CDS”, afirmouJosé Junqueiro, numa reacção logoapós o anúncio pelo primeiro-ministro,no Parlamento, da introdução deportagens nas SCUT’s que actual-mente estão em execução.“As populações, depois de ouvirem oGoverno cortar o incentivo de cincopor cento, em sede de IRC, paralocalização de empresas no interior,assistem agora ao lançamento de umnovo imposto sob a forma deportagens”, salienta o coordenador doPS na Comissão parlamentar deObras Públicas.Para José Junqueiro, “o problema doGoverno não é só o de ter cortado oorçamento das estradas, de 1121milhões de euros, em 2002, para 924milhões de euros em 2003. Oproblema é que só executou 659milhões de euros”, concluindo que “oproblema não é a falta de dinheiro,mas sim a incompetência de umGoverno que não é capaz de gastaro que tem”.“Como pode o primeiro-ministro andara inaugurar as SCUT’s, bater palmas,para, por outro lado, desonestamente,se refugiar no ataque à obra feita?”,perguntou ainda o deputado socialista.

    Governo decidiu TGVa reboque de Espanha

    A reboque do Governo espanhol, oExecutivo de Durão Barroso acaboupor aceitar o traçado definido porMadrid. Depois de ter interrompido o

    processo do comboio de altavelocidade (TGV) por dois anos , é“com alguma perplexidade” que odeputado do PS José Junqueiro vê adecisão de “avançar com o processodo TGV em quatro sentidos diferentes”.“O PS não compreende porque é queeste processo, que estava emandamento no Governo do PS, foisubitamente interrompido por DurãoBarroso sem outra justificação a nãoser as filas de espera nos hospitais”,acrescentou o ex-secretário de Estadoda Administração Marít ima ePortuária, acusando o Governo dedecidir, agora, “a reboque” do

    ACTUALIDADE

    SANTARÉM

    PS ALERTA PARA SITUAÇÕESDE RISCO NO DISTRITOA ausência de verbas no Orçamentode Estado de 2004 para prevençãode situações de risco no distrito deSantarém indignou os deputadossocialistas que, em carta a DurãoBarroso, exigem “o accionamento demedidas urgentes”.Entre as situações para as quais osparlamentares socialistas entendemser necessária uma “decisãoempenhada” do primeiro-ministro,contam-se a sustentação dasbarreiras de Santarém e aregularização das margens, protec-ção dos mouchões, recuperação ereparação de diques e a avaliaçãodos impactos da extracção de areiasno rio Tejo.Na missiva, enviada também aogovernador civil de Santarém, é aindareferida a situação da travessia do rioSorraia, em Coruche, onde duas dassete pontes se encontram interditas apesados desde Julho, e a “poluição

    adicional a que o rio Alviela estásujeito por manifesta incapacidade” daEstação de Tratamento de ÁguasResiduais de Alcanena.No caso da sustentação das barreirase suporte das muralhas de Santarém,“que deixou de ter rubrica própria noOrçamento e que foi até agora umprograma de intervenção plurianual”,a situação é “insustentável”, afirmamos deputados Jorge Lacão, VitalinoCanas, Nelson Baltazar e LuísaPortugal.Citando o parecer do ConselhoSuperior de Obras Públicas, referemcomo “muito urgentes” as medidas deprevenção para o Inverno que seaproxima, a intervenção na ribeira deAlfange, a actualização do Plano deEmergência, o tratamento das zonasde escavações arqueológicas críticase outras acções de “maiorcomplexidade do que aquelas quecompetem à Câmara de Santarém e

    Governo espanhol.José Junqueiro criticou também oExecutivo de direita por não saberainda qual será a localização, nem ocalendário para a construção daterceira travessia sobre o Tejo e por“não ter inscri to no PIDDAC” oprojecto.“Questionei o Governo, no passadodia 30, sobre onde é que seráconstruída a nova ponte e quando”,referiu o deputado do PS, adiantandoque a resposta foi que “não havianenhuma ideia sobre isso porqueainda não tinha sido feito nenhumestudo”.

    A VERDADE SOBRE APOLÍTICA DE PENSÕES

    DO GOVERNOA confusão lançada pelo Governo em relação à sua política de pensões,enganando os portugueses, foi denunciada e desmontada pelo PS, quecontestou que o aumento das pensões mínimas seja o maior desde 1995,conforme foi anunciado com pompa e circunstância pelo primeiro-ministrona Assembleia da República.“Tem que ser reposta a verdade”, disse o dirigente socialista Vieira daSilva, salientando que “o maior aumento das pensões mínimas foi emNovembro de 2001, quando houve uma subida de 5,9 por cento, de umasó vez”.Vieira da Silva afirmou que, ao contrário do que foi anunciado, “o aumentodas pensões mínimas não será de seis por cento”, explicando que “aspensões mínimas do regime geral vão ter um aumento faseado, ou seja,durante metade do ano que vem, vai haver um acréscimo de quatro porcento e a meio do ano haverá um aumento de dois por cento, o quesignifica que o aumento do rendimento destes pensionistas, em 2004, serápróximo dos cinco por cento”.O porta-voz do PS esclareceu também que o aumento anunciado peloGoverno “não é para todos os pensionistas, mas apenas para uma partedos que recebem pensões mínimas”, ou seja, aqueles pensionistas doregime geral que têm carreiras contributivas inferiores a 15 anos.“O primeiro-ministro não disse quais vão ser os aumentos para todas asoutras pensões, como as pensões sociais ou de regime agrícola”, disse.Vieira da Silva também desmontou, com a realidade indesmentível dosnúmeros, a tão propagandeada convergência das pensões mínimas como salário mínimo nacional.“Não existe uma convergência entre as pensões mínimas e o saláriomínimo nacional, mas uma indexação de algumas das pensões mínimasao salário mínimo, enquanto outras passaram a ser uma percentagemdesse salário”, explicou o antigo secretário de Estado da Segurança Social.Aliás, lembrou que para as pensões mínimas da pensão social, dasactividades agrícolas e do regime geral para carreiras contributivassuperiores a 16 anos a aproximação ao salário mínimo já foi feita pelosgovernos do PS e é muito superior às que o Governo de Durão Barrosopromete fazer até 2006.Vieira da Silva apontou ainda outra diferença substancial entre a práticados governos socialistas e a actual governação da direita. Assim, explicou,entre 1995 e 2002 a convergência foi realizada com o salário mínimo acrescer sempre acima da inflação, enquanto o actual Governo já deu osinal em 2003: um salário mínimo a diminuir em termos reais.O dirigente socialista afirmou ainda que, “para que as pensões cresçam, énecessário que a dotação no Orçamento do Estado seja suficiente paraisso, e nos últimos dois anos o aumento da despesa com pensões foiinferior ao de 2002, 2001 e 2000”.

    que têm sido executadas à custa doorçamento municipal”.Os socialistas sublinham que “estãoem risco” as pessoas que habitam nolugar de Alfange, as que circulam decomboio na linha do Norte, as quehabitam os prédios na parte superiorda cidade e as que circulam naestrada de acesso à ponte que ligaSantarém a Almeirim.Quanto à intervenção nas margensdo Tejo, os parlamentares lamentamque a única acção prevista para 2004seja a reparação de diques, quandoé “urgente” uma intervenção entreAbrantes e Constância, entre aBarquinha e a Golegã e entre aGolegã e Almeirim/Santarém.“Sem estas intervenções, ainda esteano, e com o Inverno rigoroso que seantecipa, irão ocorrer situações derisco para bens e em especial parapessoas, cujas consequências podemser muito graves”, alertam.Se não forem tomadas medidas urgentes as consequências podem ser muito graves este Inverno

  • 10 19 NOVEMBRO 2003ACTUALIDADE

    ENSINO SUPERIOR

    ORÇAMENTO TRANSFEREMAIS CUSTOS PARA AS FAMÍLIAS

    CIÊNCIA E TECNOLOGIA

    QUEBRA NO INVESTIMENTO DE 27 POR CENTOAMEAÇA REDE CIENTÍFICAA proposta de Orçamento de Estadopara 2004 prevê uma quebra de 27por cento (menos 89 milhões de euros)relativamente ao ano passado noinvestimento em Ciência e Tecnologia.Esta a denúncia feita pelo PartidoSocialista, que acusaram DurãoBarroso de ter mentido prometendo umaumento de recursos onde só seregistam cortes.“Ao contrário do que o primeiro-ministrofalsamente anunciou, os recursospúblicos para o sistema de Ciência eTecnologia baixarão de novo, e muito,em 2004”, acusa a bancada do PS emcomunicado.“A dotação inicial de 2003 parainvestimento no sector de Ciência eTecnologia era de 329 milhões de euros;a dotação proposta para 2004 é de 240milhões”, continuam os deputadossocialistas, calculando em menos 89milhões o investimento previsto.Da sua análise à proposta orçamentaldo Executivo, o PS conclui também queo Programa Operacional da Sociedadede Informação (POSI) deixará deconstituir uma fonte de financiamento

    relevante para o sistema de Ciência eTecnologia.“Dos 120 milhões contabilizados para2003, no POSI, 96 milhões foram

    considerados pelo Governo despesa deinvestigação e desenvolvimento. Ora,em 2004, estão inscritos, como receitada Fundação de Ciência e Tecnologia(FCT) 17 milhões”, aponta.O PS, o único partido até à data aautonomizar em pasta ministerialprópria a Ciência e Tecnologia,considera por isso que estão em perigoos apoios à Investigação e Desenvol-vimento em tecnologias da informaçãoe comunicação.A FCT é um dos principais instrumentosde suporte financeiro a projectos deinvestigação, através de concursos eda atribuição de bolsas dedoutoramento e pós-doutoramento.“Os 17 milhões não chegam para pagaro atraso e os compromissos jáacordados para 2004”, apontam.O Grupo Parlamentar socialista temetambém que a Rede Ciência, Tecnologiae Sociedade (RCTS), ou seja, a redecientífica, a Internet nas escolas, asligações entre bibliotecas públicas e osprogramas de acesso de cidadãos comnecessidades específicas estejaameaçada.

    O Orçamento de Estado para 2004 cortanos financiamentos do Ensino Superiorpúblico, transferindo mais custos paraas famílias dos alunos, e retira apoiosao funcionamento das universidades epolitécnicos, o que acarretará umagravamento das dificuldades jáexistentes no sector.Assim o denunciam, em comunicado, osdeputados do Partido Socialista que, apartir da análise das informaçõescontidas na proposta do Orçamento ecom base na discussão havida em sedede comissões especializadas, lamentamque o tão propagandeado aumento dasverbas para a acção social escolartenha sido um produto lógico da subidado valor das propinas.Para os deputados socialistas, a “conclu-

    são é clara”. É que, explicam, “pelosegundo ano consecutivo, verifica-seuma quebra real no esforço público como funcionamento do ensino superior”.“O Estado desinveste e transfere paraos estudantes e suas famílias o preço apagar por esse desinvestimento”,reiteram os parlamentares do PS, paraquem esta manobra terá o “efeitoperverso” de aumentar a despesa coma acção social, aumentando a pressãoinflacionista sobre a economiaportuguesa.Para o socialistas, o Governo retira15 milhões de euros das transferên-cias ao abrigo da fórmula de financia-mento, para criar um fundo de contra-tos-programa, a ser atribuído de forma“menos equitativa e transparente”.

    O PIDDAC (zinho)da Educação

    Entretanto, o PS/Algarve encarou com tris-teza e preocupação o “indecoroso desin-vestimento que este Governo pretendefazer na Educação, uma área vital para odesenvolvimento”, quando o que eraurgente era dar continuidade aos projectose à construção de infra-estruturas,particularmente no pré-escolar e 1º ciclo.Questionando até quando os professo-res, os pais e os alunos vão suportar asafrontas de um Governo sem educação,o socialistas algarvios condenam o queconsideram ser uma estratégia de riscopara o futuro do País, que tudo sacrificaem nome do défice, “o bezerro de ourode Manuela Ferreira Leite”.

    Op

    iniã

    oOE-2004 E POLÍTICADE PENSÕES

    1.Paulo Portas, o Paulinho das Feirascomo ele próprio se assumiu nodebate na generalidade do OE emPlenário da Assembleia, temprometido a esmo aumentos depensões. Fê-lo durante agovernação do PS e procuroumesmo assumir-se ou arvorar-se emgrande protector dos pensionistas.Nesse sentido, procurou apresentarà comunicação social e aos idososaumentos de pensões propostospelo PS ou acordados com o PS,como de sua exclusiva iniciativa. Naúltima campanha eleitoral, ademagogia acentuou-se. PauloPortas anunciou a convergência dasPensões Mínimas com o Salário Mínimo; o PSD assumiu umcompromisso análogo – convém, então, analisar o que se passa, nãosó quanto à convergência prometida como relativamente à declaraçãodo ministro Bagão Félix, elogiando o grande aumento de pensões queconsiderou o maior desde há muito.

    2.O que se passa, na realidade, é bastante diferente. Efectivamente,apenas uma pequena parte das Pensões Mínimas serão, no final dalegislatura, idênticas ao salário mínimo.Vejamos o esforço nacional com o crescimento das pensões, medidoem valores e em variação percentual, durante os últimos anos.

    Anos Despesas Acréscimocom Pensões Orçamental

    1999 6.388 ME 8,7%

    2000 7.009 ME 9,7%

    2001 7728 ME 10,3%

    2002 8411 ME 8,8%

    2003 (estimado) 9077 ME 7,9%

    2004 (proposto) 9857 ME 8,6%

    Assim se vê que os maiores crescimentos percentuais se verificaramem 2001 e em 2000 e não em 2003 e muito menos em 2004. Asdeclarações de Durão Barroso sobre as pensões vieram assim lançara confusão, procurando mistificar os portugueses.É preciso também esclarecer que o aumento anunciado pelo Governoé apenas o aumento para os pensionistas do regime geral que têmcarreiras contributivas inferiores a 15 anos.

    3.É também importante sublinhar que o aumento desta pensão em 6 porcento é apenas para a segunda metade do próximo ano. Na primeirametade de 2004, o aumento é apenas de 4 por cento. Portanto, estenão é o maior aumento da pensão mínima do Regime Geral, já que em2001 ele foi de 5,9 por cento para todo o ano e não apenas parametade.

    4.Da análise dos dados, conclui-se que entre 1995 e 2002, a convergênciafoi realizada com o salário mínimo a crescer sempre acima da inflação.Com o actual Governo de direita, em 2003 o salário mínimo diminuiu emtermos reais.Quer na área das pensões, quer no domínio das políticas sociais, desteGoverno só vêm promessas. Do Governo socialista anterior, veio asólida concretização de políticas sociais solidárias com o povo portuguêse nas quais se integrou a política de aumento das pensões.O Orçamento para 2004, de acordo com a proposta apresentada, nãoconsolida as contas públicas, não procede à convergência das pensõesda forma que propagandeou, não reforça o investimento, diminui oesforço de qualificação, aumenta os impostos sobre os trabalhadores ea generalidade dos portugueses. É de facto um orçamentodecepcionante, com uma conclusão económica pouco credível, comreceitas mal estimadas, não avançando no sentido do equilíbrioorçamental e recorrendo a receitas extraordinárias para camuflar asua incapacidade. Com este Governo, o país não se desenvolve, asfinanças públicas não se equilibram, as pensões não convergem como salário mínimo, o horizonte do desenvolvimento fecha-se.

    JOEL HASSE FERREIRA

    Quer na área das pensões, quer no domínio daspolíticas sociais, deste Governo só vêm promessas.Do Governo socialista anterior, veio a sólidaconcretização de políticas sociais solidárias com o povoportuguês e nas quais se integrou a política de aumentodas pensões.

  • 1119 NOVEMBRO 2003

    CARLOS LUÍS AO “ACÇÃO SOCIALISTA”

    POLÍTICA DO GOVERNO PARA AS COMUNIDADESPORTUGUESAS É CRIME DE LESA-PÁTRIAO PSD quando está no Governo tem semprecomo imagem de marca penalizar fortemente osnossos emigrantes espalhados pelo mundo. Aacusação é do deputado e director doDepartamento Nacional de Emigração do PS,Carlos Luís, que, em entrevista ao “AcçãoSocialista”, passa em revista os principaispecados do orçamento para 2004 destinado àscomunidades portuguesas, que considera serum “embuste” e uma “falácia”.

    A reestruturação consular prejudi-cou os nossos emigrantes que seviram menos apoiados pelo Estadoportuguês. Neste contexto, comocomenta o encerramento de embai-xadas e consulados?Portugal não tem consulados a mais,Portugal tem consulados a menos. E oPS tem autoridade para poder fazer estaafirmação, na medida em que quandofomos Governo abrimos cinco novosconsulados e várias embaixadasespalhadas pelo mundo. O PSD, aocontrário, quando está no Governo temsempre como imagem de marcapenalizar fortemente os nossosemigrantes. Assim, logo no início daactual governação despediu sem apelonem agravo cerca de 160 funcionáriosdos consulados e embaixadas,atrofiando o seu normal funcionamento.Além de cortes orçamentais, esta medidalevou ao encerramento de váriosconsulados e embaixadas devido àsdificuldades geradas por esta vaga dedespedimentos. Esta e outras medidaspenalizaram como nunca as comu-nidades portuguesas.

    Outra das matérias em que se verificaa ausência do Estado respeita aoapoio e ajuda aos emigrantes emsituação difícil, cujos programassociais, ASIC e ASEC, deixaram deser aplicados. Que reflexos já teveeste facto na vida dos nossosemigrantes carecidos de apoio?O PS estendeu também a sua políticade solidariedade durante os governoschefiados por António Guterres àscomunidades portuguesas. Para oefeito, foram criados dois mecanismossociais, um deles, o ASIC, que visa aassistência social aos emigrantes idosose carenciados, com mais de 65 anos,através da atribuição de uma pensãosocial, de que beneficiam actualmentecerca de quatro mil portugueses. Masverificámos que o ASIC só por si nãodava resposta àqueles emigrantes quese confrontavam com determinadassituações de emergência social commenos de 65 anos. Por isso, criámos oASEC, que é um programa de apoiosocial aos portugueses em situaçãoeconómica difícil, por exemplo, um nossocompatriota que tenha sido vítima decrime organizado ou que tenha sofridoum acidente e que não tenha recursos

    para fazer face às necessidadesimediatas. O PS criou este instrumentosocial e dotou-o de uma dotaçãoorçamental de cem mil contos em 2001,acontece que o PSD ganhou as eleiçõesem 2002 e não aplicou um único cêntimo.Assim, quando na África do Sul nomesmo ano foram abatidos 28portugueses nem um único cêntimo foidestinado aos familiares das vítimas.Também na Venezuela 317 portu-gueses viram arrasados os seus negó-cios e destruídas as suas casas, devidoà agitação social, não tendo recebidoqualquer tipo de apoio do Estadoportuguês, isto apesar do secretário deEstado das Comunidades se terdeslocado duas vezes àquele país comuma mão-cheia de promessas quenunca foram concretizadas. Aocontrário, é preciso lembrar, o Governodo PS, aquando das terríveis cheias naVenezuela, disponibilizou a maiorquantia concedida até hoje aos cidadãosportugueses no estrangeiro, ou seja, ummilhão de contos. São exemplosilustrativos do enorme fosso existenteentre as políticas do PS e do PSDdireccionadas para as comunidadesportuguesas na área social.

    Relativamente ao ensino do portu-guês no estrangeiro assistiu-se umpouco por todo o lado à redução donúmero de professores e de cursos.Esta política não põe em perigo acontinuação da promoção da línguaportuguesa no estrangeiro?Já está a pôr em perigo a difusão danossa língua. Senão vejamos, em 1995quando o PS chegou ao Governo oinvestimento no ensino era de 4,2 milhõesde contos, passados cinco anos era de8,3 milhões de contos. Ou seja, houveuma duplicação de verbas. Aumentámoso número de professores, de cursos ede alunos. Saliente-se que em cinco anoscom os governos socialistas foi possívela mais de 20 mil alunos frequentaremaulas de ensino do português, além delevarmos pela primeira vez o ensino dalíngua de Camões a Andorra e à Namíbiae reforçarmos em todos os países comrede de ensino oficial. Também criámoscoordenações de ensino na Holanda,Estados Unidos e Canadá, e regulámoscom critérios de rigor e transparência acolocação de professores no estrangeiro.Também pela primeira vez foi com o

    Governo do PS que os professoresreceberam formação específica a partirde 1998. Por outro lado, com o PSD noGoverno, o ensino do português noestrangeiro sofre este ano um corte brutalde um milhão e 200 mil euros. Em todosos países de rede oficial foramdispensados professores, suprimidoscursos e muitos milhares de alunosficaram sem aulas. Esta triste situação