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COMPLEXIDADE DE ASSENTAMENTOS E PROJETOS DE ASSENTAMENTOS: RELATO DE EXPERIÊNCIAS E OBSERVAÇÕES PROJETO JAÍBA – NORTE DE MINAS GERAIS Daniela Bernardes Rodrigues da Cunha Universidade Federal de Uberlândia - UFU [email protected] Resumo Este artigo intitulado “Complexidade de assentamentos e projetos de assentamentos: relato de experiências e observações do Projeto Jaíba – norte de Minas Gerais”, busca mostrar como foi feito o assentamento de produtores rurais no Projeto Jaíba e é feito um paralelo entre este e mais dois projetos de assentamentos localizados na região norte de Minas Gerais. Os resultados foram obtidos através de uma pesquisa de campo realizada em novembro de 2010. Através dos depoimentos de quatro fontes de informações, estabeleceram-se conclusões a respeito do que é feito na prática pelo Governo Federal e o que deveria ser disponibilizado para realizar um efetivo atendimento das famílias envolvidas. Palavras-chave: Projeto Jaíba. Assentamentos. Região Norte. Governo Federal. Famílias. Introdução Os resultados dos assentamentos no Brasil caracterizam um processo que se desenvolve única e exclusivamente pela força política de um governo. Outras motivações que emergem da luta e dos conflitos sociais materializados por grupos que caminham e reinvidicam a possibilidade de uma melhor qualidade de vida, a partir da luta e conquista da terra, também, devem ser considerados como forças políticas importantíssimas para que os projetos de assentamentos sejam colocados em prática. Através deste artigo intitulado “Complexidade de assentamentos e projetos de assentamentos: relato de experiências e observações do Projeto Jaíba – norte de Minas Gerais” busca-se mostrar os resultados do trabalho de campo realizado com pessoas ligadas às áreas do referido projeto de assentamento, além de fontes de outros dois projetos. Como havia referenciado anteriormente, a permanência de forças políticas nos contextos da agricultura ressalta a urgência de se compreender o bojo cultural dos grupos sociais que criam e recriam suas tecnologias e comercialização de produções

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COMPLEXIDADE DE ASSENTAMENTOS E PROJETOS DE

ASSENTAMENTOS: RELATO DE EXPERIÊNCIAS E OBSERVAÇÕES PROJETO JAÍBA – NORTE DE MINAS GERAIS

Daniela Bernardes Rodrigues da Cunha Universidade Federal de Uberlândia - UFU

[email protected]

Resumo

Este artigo intitulado “Complexidade de assentamentos e projetos de assentamentos: relato de experiências e observações do Projeto Jaíba – norte de Minas Gerais”, busca mostrar como foi feito o assentamento de produtores rurais no Projeto Jaíba e é feito um paralelo entre este e mais dois projetos de assentamentos localizados na região norte de Minas Gerais. Os resultados foram obtidos através de uma pesquisa de campo realizada em novembro de 2010. Através dos depoimentos de quatro fontes de informações, estabeleceram-se conclusões a respeito do que é feito na prática pelo Governo Federal e o que deveria ser disponibilizado para realizar um efetivo atendimento das famílias envolvidas. Palavras-chave: Projeto Jaíba. Assentamentos. Região Norte. Governo Federal. Famílias.

Introdução

Os resultados dos assentamentos no Brasil caracterizam um processo que se desenvolve

única e exclusivamente pela força política de um governo. Outras motivações que

emergem da luta e dos conflitos sociais materializados por grupos que caminham e

reinvidicam a possibilidade de uma melhor qualidade de vida, a partir da luta e

conquista da terra, também, devem ser considerados como forças políticas

importantíssimas para que os projetos de assentamentos sejam colocados em prática.

Através deste artigo intitulado “Complexidade de assentamentos e projetos de

assentamentos: relato de experiências e observações do Projeto Jaíba – norte de Minas

Gerais” busca-se mostrar os resultados do trabalho de campo realizado com pessoas

ligadas às áreas do referido projeto de assentamento, além de fontes de outros dois

projetos.

Como havia referenciado anteriormente, a permanência de forças políticas nos

contextos da agricultura ressalta a urgência de se compreender o bojo cultural dos

grupos sociais que criam e recriam suas tecnologias e comercialização de produções

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agrícolas, usadas no espaço dos assentamentos e em seus decorrentes projetos a partir de

experiências de vida.

Analisa-se a produção, reprodução, comercialização como fundamentos e as tecnologias

aplicadas à agricultura familiar e os modos de vida, dentro de uma perspectiva da

Geografia Cultural (nível de educação, capacitação técnica e vivências), para se

compreender as influências diretas e indiretas que se fazem presentes na dinâmica dos

projetos de assentamentos.

Nas últimas décadas mais, especificamente a partir da década de 1970, o Projeto Jaíba,

um dos projetos de assentamentos voltado para agricultura familiar, considerado um dos

maiores planejamentos de irrigação da America Latina, com iniciativas governamentais

criadas na região denominada Mata da Jaíba, que tem por característica marcante um

clima de altas temperaturas, com precipitações irregulares e solo carente de correção

com baixa produtividade agrícola e com aplicação de técnicas defasadas (FONSECA et.

al., 2011).

Inseridas na região norte de Minas Gerais, que faz parte do polígono das secas, com

sérios problemas, se busca soluções e resultados para a valorização das populações

menos favorecidas e políticas de beneficiamento de empresários mediante a ação do

Governo Federal.

Trata-se de um megaempreendimento que até os dias atuais ainda não trouxe o retorno

esperado, pois são evidentes as contradições de acordos e normatizações quando se

aborda o Projeto Jaíba na esfera política e econômica, já que existe um forte contraste

socioeconômico entre pequenos e grandes produtores.

O município de Jaíba encontra-se na maior região administrativa do norte mineiro

caracterizado como macrorregião com áreas semi-industrializadas ou de nenhuma

industrialização.

Projeto Jaíba e seu contexto

Diversas instituições foram criadas para implementação do projeto por meio do

Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento e Segundo a Companhia de

Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paraíba (Codevasf). Com isso, o

Projeto Jaíba teria como proposta desenvolver uma agricultura familiar de subsistência

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em uma área de 100 mil hectares (ha) à margem do Rio São Francisco e a esquerda do

Rio Verde, abrangendo os municípios de Matias Cardoso, Pirapora e Jaíba (MOURA,

2012).

Iniciativas federais, estaduais e municipais planejavam, inicialmente, como

beneficiários em curto prazo, pequenos e médios produtores rurais, o que não

aconteceu. Sendo o maior projeto de irrigação, inicialmente destinaram-se 32 mil ha

para agricultura familiar onde mais de 1.800 famílias foram assentadas (FONSECA et.

al., 2011). Fato que, na prática, foi totalmente contraditório, ilusório e utópico para a

maioria da população que acreditava na totalidade de áreas destinadas às famílias,

porém nos termos descritos e materializados o desenvolvimento da região gera

atualmente com em grande concentração de mão de obra da população que muitas das

vezes gera empregos informais e uma renda aplicada para a produção capitalista de

caráter único e exclusivamente direcionada pra o lucro das grandes empresas. Em

decorrência, aqueles produtores que não tinham muitos recursos desistiram de seus

lotes.

Desde o início, a intenção de investir em capital físico para o Projeto Jaíba teve e tem

como principal objetivo beneficiar o capital e condicionar o interesse de capitais

privados. Perante a isso, Celso Furtado (1962, p. 7) salienta que “política econômica é

política antes de ser economia”.

Todo este contexto apresenta uma grande estratégia capitalista de dominação e

articulação premeditada, com objetivos já elaborados para uma exploração

manipuladora. Já que o cenário escolhido possui carência de tecnologias da maioria da

população, ou seja, em sua maioria, as comunidades locais não possuem conhecimentos

prévios de uma agricultura mais atualizada tanto no setor de produção, reprodução e

comercialização dos produtos cultivados para uma terra que apresenta elaborações

técnicas para cultivo, como conhecimento de correções do solo, qualidades das

sementes e conhecimento nas formas de utilização de modelos de irrigações e captação

de recursos naturais, como a água.

As conseqüências resultaram na desistência de muitos agricultores e mão de obra sendo

explorada em larga escala para produção e reprodução e comercialização de grandes

lavouras privadas, com objetivos de alta renda e lucro, voltados para comercializações

nacionais e internacionais.

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Cenário atual

O cenário atual da região de Jaíba apresenta um quadro de desigualdade social em um

clima seco, como salientam Pereira e Almeida (2004), ao afirmarem que o norte de

Minas é visto como a parte nordestina das Minas Gerais pelas características

semelhantes socioeconômicas que apresentam em relação à região Nordeste.

Na década de 1960, pela sua semelhança social, econômica e ambiental com a região

Nordeste, o norte de Minas Gerais tornou-se nacionalmente conhecido e incluído na

área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),

autarquia criada no governo de Juscelino Kubitschek e que tinha por principal

finalidade, estabelecer perspectivas e maneiras para melhorar a conjuntura de vida dos

residentes que moravam no chamado polígono das secas (área abrangida pelo nordeste e

pelo norte de Minas Gerais) (MOURA, 2012).

Como destaca Siqueira (2001), perante aos acontecimentos, os resultados de melhoria

das condições socioeconômicas não foram aceitáveis, como também, ocorreu em todo o

nordeste brasileiro contemplado pela Sudene. Com isso, mais uma vez a elite

econômica rouba a cena, como é descrito por Oliveira (1996, p. 37) “a função da

Sudene é propiciar o domínio do nordeste à burguesia do centro Sul”, ou seja, a referida

autarquia criada para ser um fator de desenvolvimento e cuja a intenção primordial de

acabar com as desigualdades sociais existentes na área do polígono das secas, em breve

período de tempo “se transformou em um paraíso para os empresários, onde consegue

seus contornos definitivos quando o próprio conflito, classe dominante versus

populares, atinge o próprio centro do sistema” (MOURA, 2012).

Como descreve Abreu (1990, p. 239) “a evolução favorável de diversos setores foi

influenciada por políticas governamentais especificas. Assim a agricultura beneficiou-se

de farto volume de crédito concedido pela atividade monetária”.

Nesse sentido, o norte de Minas sempre foi observado por ter uma vocação agrícola e,

conseqüentemente, esta modificação afetou a localidade, como salienta Oliveira (2000,

p. 225), “na época, as ações do estado passaram a revelar de maneira mais destacada

surgindo os diversos agentes econômicos a expectativa de obtenção de um ambiente

econômico, mais vigoroso”.

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Com a criação do Projeto Jaíba, é importante ressaltar que intencionava-se buscar

soluções para os problemas socioeconômicos da região que, eventualmente, na primeira

etapa teve diversas dificuldades enfrentados por uma população carente e desconhecida

de informações da produção no campo, na sua maioria pequenos produtores rurais, que

não tinham terras, conhecimento técnico e nem perspectivas para a circulação e troca de

seus produtos.

Além disso, Oliveira (2000, p. 239) comenta sobre a problemática a respeito do direito

de posse das terras onde:

Os títulos de propriedade das terras colonizadas no Jaíba não chegaram a ser repassada aos colonos, assim este fato tornou-se, uma fonte geradora de problemas, pois não se tinha uma clara diferenciação entre os que eram legítimos proprietários e os que eram posseiros.

Também deve-se destacar que houve crises após a concepção do projeto para levá-lo

adiante:

A estrutura agrária brasileira consiste em modificar decorrentes da própria dinâmica dos núcleos capitalistas localizados no Brasil e no exterior, é que o processo capitalista de produção necessariamente envolve áreas pré-capitalistas, integrando-as como um todo (IANNI, 1963, p. 132)

E Moura (2012) prossegue a discussão quando fala que:

A mentalidade capitalista é de lucro acima de tudo, a existência da exploração do homem pelo próprio homem e quando se fala em crise do Projeto Jaíba não existe um conflito em se extinguir o projeto, no entanto, apresenta uma clara crise de sonhos, de utopias, onde somente os pequenos produtores rurais sentem os impactos, que no início foi provocada por duas grandes empresas privadas e a expansão dos lucros obtidos por estas, fez com que mais organizações e criações de cooperativas incorporassem na atividade agroindustrial para produção e comercialização, sem nenhuma reação do governo perante a dominação privada e de associação de cooperativas em detrimento dos pequenos proprietários rurais, em sua maioria lavradores submissos aos oligopolistas.

A análise geral da construção do Projeto Jaíba, Rodrigues (1998, p. 309) esclarece:

com a implantação do projeto Jaíba, o estado acabou beneficiando o grande capital privado. Outros setores de médios e pequenos empresários ‘pegaram carona’. Mostrou-se nos objetivos do projeto, elaborado em 1976, estava explicito a intenção do estado. Todavia para efetivar o investimento, foi preciso uma justificativa social.

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É importante analisar todo este contexto do Projeto Jaíba após 50 anos de existência, a

enorme soma de recursos aplicados e suas viabilidades e perspectivas para a execução

de uma agricultura familiar.

Após a conclusão da primeira etapa destinada aos colonos, em termos estruturais,

segundo a Codevasf, no entanto, a ocorrência de inúmeros lotes abandonados ou

vendidos para camponeses emigrantes da região Sul do Brasil e para pequenos

produtores rurais é um fato importante a se destacar.

O Projeto Jaíba foi pensado em uma época em que questões ambientais e de segurança

alimentar não era uma prioridade. Pesquisas realizadas apontaram para uma distorção de

multifuncionalidade na agricultura familiar praticada no projeto, fatores de existência

comprovam a presença de funções que não ocorreram em sua totalidade, sendo que este

foi moldado em um modelo arcaico que não conseguiu acompanhar as mudanças no

cenário atual devido à grande demora de sua construção.

Para Oliveira et. al (2011, p. 245) apud Rodrigues (2000),

As maiores dificuldades encontradas pelos produtores estão ligadas ao transporte e armazenamento e técnicas assim com preço dos produtos e as altas taxas de juros, bem como as dificuldades para aprovação de crédito, aos valores elevados das tarifas de água e energia (ambas foram revistas, serão implantados relógios noturnos), também ao custo dos insumos fertilizantes e defensivos.

Observa-se que o acesso à terra e à irrigação não foram suficientes para o êxito desse

empreendimento, já que condições como tecnologia empregada, sementes de boa

qualidade, assistência técnica eficiente, tratos culturais, financiamento, técnicas de

produção, condições de venda, entre outros, não poderiam estar ausentes.

É preciso haver uma forte intervenção estatal articulada nos três níveis de gestão para

que o projeto seja reestruturado de forma que a agricultura familiar seja valorizada e

merecidamente contemplada com recursos que possam fixar o pequeno produtor no

campo.

Como afirma Fonseca et. al. (2011), a agricultura familiar é qualitativamente a que mais

emprega mão de obra no campo. Por isso, a sua redução é totalmente relacionada ao

crescimento de “uma massa desempregada ou a formação de um contingente de mão de

obra barata no campo ou na cidade” (op. cit, p. 246), ressaltando os trabalhadores

informais.

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Objetivos e metodologia

Esse estudo tem por objetivos: contextualizar a situação socioeconômica dos produtores

rurais participantes do Projeto Jaíba em comparação com outros dois projetos da mesma

região; evidenciar os problemas que os assentados enfrentam para garantir sua produção

agrícola e revelar suas críticas e expectativas em relação à produção por meio de terras

desse e de outros projetos de mesmo teor.

Para isso, buscou-se entender, através de questionamentos, a realidade de cada produtor

entrevistado: quais as críticas a respeito do Projeto Jaíba e de outros semelhantes? Quais

as necessidades e desafios enfrentados pelo pequeno produtor da região norte de Minas

Gerais assentados nesses projetos?

As respostas fazem parte do tópico resultados e conclusões deste artigo, que para

executá-lo foi preciso realizar uma pesquisa bibliográfica de autores que tratam a

respeito do objeto de estudo, que é o Projeto Jaíba, e confrontar as informações com os

dados colhidos da história oral de cada fonte entrevistada.

A pesquisa é qualitativa e de caráter exploratório (já que possui trabalho de campo) com

o uso do método dialético.

Dessa forma, a partir das informações coletadas no município de Jaíba, cuja pesquisa de

campo foi feita entre os dias 18 a 20 de novembro de 2010, com a participação de

quatro fontes (história oral), sendo duas moradoras em Jaíba, uma de Pirapora e outra

reside em Janaúba, e das referências de conhecidos autores (citações diretas e indiretas),

catalogaram-se os dados para o computador e, posteriormente, foi realizada a

elaboração textual e decorrentes conclusões para a finalização deste estudo.

Resultados e conclusões

Para dar entendimento às conclusões em que serão apresentadas é necessário descrever

os relatos das fontes de informações, conforme mostra-se a seguir.

Central Jaí

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A primeira coleta de dados deste estudo ocorreu na Central Jaí Área A – Associação de

Cooperativas de Produtores Rurais de Jaíba. As informações foram prestadas pelo Sr.

Ideomar, funcionário da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Estado de Minas Gerais).

Ele conta qual a função dessa organização:

A Central Jaí foi fundada no ano de 2001 é uma associação civil sem fins lucrativos dos produtores rurais do Projeto Jaíba, que tem como objetivo congregar os direitos e os interesses na finalidade dos processos de produção, comercialização, transporte, armazenagem, beneficiamento e industrialização com qualidade. (2010)

O que importa ressaltar é que os produtores rurais do município de Jaíba e envolvidos

no projeto têm uma organização própria fundada para atender aos interesses

relacionados ao plantio. Contudo, apesar da existência da Central Jaí, os produtores

rurais encontram muitos desafios a serem alcançados para conseguirem concretizar

todas as suas metas anuais, conforme segue abaixo o depoimento do Sr. Luis.

Agricultor do projeto Jaíba

Na segunda coleta de dados, foi realizada uma entrevista com o Sr. Luis, dono de uma

propriedade rural da região e pequeno produtor de gêneros frutíferos.

O camponês Luis veio da região Sul do país, mais precisamente de Santa Catarina, para

trabalhar em terras do Projeto Jaíba que foram vendidas a ele por assentados da

população local que desenteressaram-se da terra sedida pelo governo em projetos de

assentamentos, pois não tinham conhecimento prévio do trabalho no campo. Hoje, é

proprietário de 30 hectares de terras, total de seis lotes, sendo cada um administrado por

um membro da família. Ele é um exemplo de agricultor que possui conhecimento

técnico, além da vivência no campo.

“Com muito trabalho e determinação conquistei meu espaço, sou dono do meu próprio

trabalho. Produzo e comercializo atemóia, frutas e pimentas.” (2010)

A Figura 1 mostra o resultado de suas plantações de cultivo de pomares frutíferos, onde

o uso de tecnologias foi empregado para a correção do solo, na manutenção e qualidade

das sementes, entre outras necessidades que este tipo de plantio requer.

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Figura 1 – Pomares de reprodução de cultivo frutífero do Sr. Luis

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

Segundo o Sr. Luis, a propriedade conta com uma equipe técnica especializada, sendo

que parte dela é composta por uma de suas filhas que possui formação em Engenharia

Agrônoma, que trabalha especificamente com o cultivo das plantações, e por um dos

filhos que tem formação em Técnico Agrícola, por isso é o responsável pelo cuidado

com pragas e uso de agrotóxicos e pesticidas, mantendo atualmente em sua sede um

programa computadorizado das horas e dias para aplicação dos produtos em questão de

quantidade e período.

Para o Sr. Luis, a questão climática para a produção desse tipo de plantação é bastante

satisfatória, ao contrário, do contraste em que trabalhava na região Sul no que se refere,

além do clima, à infraestrutura e custo de vida.

“Pois o norte de Minas Gerais, especificamente a região de Jaíba, pode-se produzir em

qualquer época do ano. Os contratempos são poucos, o povo tem costumes simples e é

hospitaleiro e o custo de vida é mais baixo.”

Os períodos de chuva na região são de novembro a março, e de maio a outubro são

períodos mais secos, época quando as plantações são irrigadas para atender a área de

plantio. A Figura 2 mostra os canais de irrigação dos colonos (produtores rurais)

utilizados para irrigar as lavouras e para o abastecimento para uso doméstico. Os

produtores pagam três contas de fornecimento de água: a de água tratada pela Copasa

(Companhia de Saneamento de Minas Gerais); outra pela água dos canais de irrigação e

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a última pela água dos poços artesianos existentes no projeto, o que corresponde a uma

super exploração no que se refere ao fornecimento deste recurso, um dos motivos pelo

qual influenciou a desistência de muitos agricultores do projeto.

Figura 2 - Canal de abastecimento para irrigação e abastecimento.

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

No que se refere às percepções negativas e críticas com relação ao projeto, o Sr. Luis

destaca, entre suas dificuldades, trabalhar sem mão de obra qualificada. Os motivos

encontram-se na falta de preparo e vivências no campo, ou seja, a maioria das pessoas

que vão procurar emprego é composta por pescadores, eletricistas, mecânicos,

comerciantes, entre outros.

Além disso, devido a carência de recursos humanos qualificados, o Sr. Luis não

consegue vender tudo o que produz.

O mercado consumidor requer uma maior quantidade de produto e pela falta de mão de obra qualificada para separação e classificação deste, não consigo atender esse mercado totalmente dizendo: ‘não consigo exportar para o mercado tudo que tenho no campo’. (2010)

A Figura 3 apresenta a plantação frutífera do Sr. Luis, a qual carece de mão de obra

qualificada, resultando disso a não comercialização de toda a sua produção e, em

decorrência, desestimula investir no aumento de plantios.

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Figura 1 – Plantação frutífera do Sr. Luis: falta mão de obra.

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

Outra questão também ressaltada é sobre a atual política assistencialista do Governo

Federal que acaba gerando, segundo o entrevistado, certa acomodação na maioria da

população local que, por receber benefícios, “muita das vezes se acomoda e desiste de

trabalhar ou de cuidar da terra. A mão de obra qualificada torna-se, assim, o maior custo

para o proprietário”.

Atualmente Sr. Luis conta com seis funcionários da própria região que passaram por

treinamentos para aprender a trabalhar com a produção frutífera.

O Sr. Luis pode ser enquadrado no contexto em que como emigrante camponês que com

seu conhecimento no campo pode se encaixar nos parâmetros delineatos pelo Projeto

Jaíva, o qual possui recursos tanto técnicos quanto financeiros para investir na

produção.

Contudo, existem projetos que possuem características divergentes do objeto desta

pesquisa (Projeto Jaíba), principalmente, no que tange ao perfil da produção. A seguir,

esta questão é exemplificada através do Projeto Carnaúba, do município de Janaúba,

também da região norte de Minas Gerais.

Projeto Carnaúba

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A terceira fonte de informações foi à professora Viviane, formada pelo Instituto de

Geografia, da Universidade Federal de Uberlândia, atualmente reside na região de

Janaúba trabalhando como presidente do CODEMA (Conselho Municipal de

Conservação e Defesa do Meio Ambiente) e atuando no Projeto Carnaúba.

A professora conta que sua saída do Triângulo Mineiro para região do norte de Minas

Gerais ocorreu devido ao fator de maior e melhor oferta de trabalho, não havendo muita

concorrência naquela região e, sim, uma necessidade de profissionais para atuar na área,

como professora e pesquisadora de projetos e programas relacionados à produção

frutífera no campo, com os projetos de irrigação e a integração da cultura local neste

novo contexto do espaço geográfico.

O Projeto Carnaúba, segundo Viviane, tem semelhança com o de Jaíba, por isso, para

este estudo é relevante relacionar este depoimento para comparar os dois projetos. Além

da analogia destes no que tange à função e público-alvo, existem alguns diferenciais,

pois trabalha com produtores em escala voltada mais para subsistência e não industrial,

como o Projeto Jaíba, e os lotes são menores, com a maioria da produção voltada para a

banana prata.

No que se refere aos pontos positivos do projeto da região, foi destacada a boa

qualidade dos frutos produzidos, a localidade tem um mercado consumidor satisfatório,

excelentes terras para o cultivo, incentivo dos governos federal e estadual, boas

condições climáticas, sendo a captação de água feita através do rio São Francisco para

irrigação do campo, beneficiando as terras, principalmente, no período da seca.

A produção de gêneros frutíferos na região trouxe alguns benefícios, também, para

cidade, como crescimento populacional, melhorias na infraestrutura local, como

avenidas asfaltadas, sinalizadas, com faixa de ciclovia, estacionamento para motos e

carros, posto médico, comércios de lazer e consumo de bens materiais.

Já os pontos negativos relacionados, a professora Viviane destaca a escassez de mão de

obra qualificada para atuar no campo e “pessoas com o interesse em trabalhar na

agricultura”, realidade idêntica a dos produtores rurais do Projeto Jaíba:

Muitos são os que desistem de suas lavouras e acabam se endividando, e outros não têm o interesse em tentar. Os próprios produtores de hoje não incentivam os seus filhos a continuarem a trabalhar com a terra, preferem incentivá-los nos estudos. Muitos produtores usam o dinheiro do trabalho no campo para pagar faculdade para seus filhos em outra região, como em Belo Horizonte. (2010)

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Nesse contexto, entende-se que, mesmo com os aspectos negativos do projeto, os

apontamentos feitos pela professora Viviane mostram que a realidade deste

assentamento, apesar de mais humilde que a dos produtores de Jaíba, ainda é satisfatória

para os envolvidos ou pelo menos para parte deles. É fato que devido à falta de preparo

em trabalhar no campo ou de recursos financeiros e técnicos (mão de obra

especializada) muitos produtores desistem de levar adiante o projeto.

Por isso, se faz necessário criticar a forma com que os projetos de assentamento são

colocados em prática devido a pouca ou inexistente cooperação e assistência, de órgãos

governamentais e/ou públicos ligados à agricultura, prestada aos assentados para ajudá-

los no entendimento técnico, administrativo e comercial da produção agrícola.

A seguir será apresentada a realidade do Assentamento Paco Paco, na cidade de

Pirapora, onde foi feita uma entrevista com um produtor de gênero frutífero, Sr. Valdir,

que destaca aspectos importantes de se trabalhar por meio deste projeto, criado no ano

de 2000, com uma área de 597,12 ha, no qual residem 42 famílias.

Projeto assentamento Paco Paco

A última entrevista foi realizada na cidade de Pirapora, onde estabeleceu-se o

Assentamento Paco Paco, que surgiu devido ao processo de desapropriação de uma

fazenda a qual foi dividida em lotes. Através deste exemplo, este estudo busca

apresentar um contexto de um produtor que conseguiu atingir seus objetivos por meio

do cultivo de alguns gêneros frutíferos, sem que hoje precise de apoio financeiro do

Governo Federal. Além disso, este projeto constitui, em distinção ao de Jaíba, um marco

no desenvolvimento econômico do município já que através deste, os produtores

comercializam seus produtos para grandes indústrias.

O produtor rural Sr. Valdir, trabalhou como empregado de uma fazenda do Projeto

Geba muitos anos até que teve a oportunidade, em 2004, de comprar seu próprio lote

através dos assentamentos de posseiros que desistiram de suas terras.

Na Figura 4 é mostrada a lavoura do Sr. Valdir que produz banana prata, mamão,

maracujá e alguns alimentos para subsistência e comercialização. Ele faz parte das 42

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famílias que trabalham em seus assentamentos no modo entendido como agricultura

familiar.

Figura 2 - Lavoura do produtor rural Sr. Valdir: produção de bananeiras e maracujá

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

A Figura 5 mostra a lavoura de mamão desse produtor rural que empenha seus esforços

na produção de frutos, para que consiga, a cada ano, obter um aumento em termos

quantitativos, em sua produção para alimentação familiar e para o comércio.

Figura 3 - Lavoura de mamão do Sr. Valdir.

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

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A Figura 6 mostra a lavoura de banana prata e o modo de irrigação por gotejamento na

raiz das plantações feita de uma maneira econômica de irrigação e elaborada pelo

conhecimento técnico do Sr. Valdir. Com a experiência que já possuía de outros

trabalhos, ele afirma que se estrutura muito bem e desenvolve um “ótimo trabalho no

campo, assim como, no sistema de irrigação por aspersão instalado e na captação da

água do rio São Francisco para irrigação através sistema de bombeamento” (2010),

ambos feitos por ele.

Figura 4 - Modo de irrigação por gotejamento em lavoura de banana prata.

Fonte: Autoria própria,CUNHA, 2010.

Com a experiência do Sr. Valdir, quando trabalhava para outros produtores, e o

conhecimento técnico dos tipos de plantio feitos em sua propriedade, proporcionaram

sucesso na comercialização, principalmente, de banana prata e ele já conta com

mercados de fora da região do norte de Minas Gerais, como a cidade de Uberlândia e

municípios de Rio de Janeiro e Goiás.

Ele não apontou nenhum fator negativo do projeto, porém destaca que por meio de

experiências em outras propriedades rurais do assentamento é que obteve o êxito

necessário para desenvolver seu trabalho com a produção de banana prata. O relato dele

mostra, novamente, que graças à cultura das famílias assentadas é que basicamente

tornaram-se bem sucedidas.

Dessa forma, conclui-se que a criação do Projeto Jaíba, entre outros, mostra o quão a

atuação das políticas econômicas governamentais são frágeis ou insípidas, já que não é

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somente preciso ofertar o lote e facilitar a sua aquisição, mas sim, disponibilizar meios

de capacitação que auxiliem o produtor rural a garantir o sucesso de sua produção, sob o

foco da agricultura familiar de subsistência.

Conforme Moura (2012) afirma que a gênese do Jaíba e seu declínio ocorrem com a

presença da iniciativa privada, pois esta toma posse das terras dos pequenos produtores

rurais, através de compras, acordos e ajuda do próprio Governo Federal, maquiando a

verdadeira face do projeto que é priorizar os grandes produtores rurais.

Lembrando que o projeto foi dividido em quatro etapas: a primeira foi o assentamento

de colonos destinados a uma agricultura familiar e as seguintes destinadas aos médios e

grandes empresários, o que não condiz com as reais iniciativas do então presente Projeto

Jaíba.

Considerações Finais

Com objetivos delineados de contextualizar a situação socioeconômica dos produtores

rurais participantes do Projeto Jaíba em comparação com outros dois projetos da mesma

região; evidenciar os problemas que os assentados enfrentam para garantir sua produção

agrícola e revelar suas críticas e expectativas em relação à produção por meio de terras

desse e de outros projetos de mesmo teor.

O presente artigo intitulado “Complexidade de assentamentos e projetos de

assentamentos: relato de experiências e observações do Projeto Jaíba – norte de Minas

Gerais” buscou mostrar os resultados de uma pesquisa de campo realizada com pessoas

ligadas às áreas do referido projeto de assentamento, como o Sr. Ideomar (funcionário

da Emater) que prestou depoimento sobre a Central Jaí e o Sr. Luis (emigrante

camponês que comprou terras de desistência de antigos assentados em loteamentos

agrícolas) que contou a respeito de sua realidade e desafios ao se trabalhar com a

produção voltada para as indústrias e suas perspectivas.

Além de ter ouvido fontes de outros dois projetos: o Carnaúba (professora Viviane,

colaboradora do projeto) e o Paco Paco (Sr. Valdir, produtor agrícola assentado), ambos

localizados na região norte de Minas Gerais.

Todos receberam a atenção necessária para fazer entender os motivos que podem levar à

desistência do assentamento e como, realmente, os órgãos públicos e/ou governamentais

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devem proceder para implantar de formar efetiva e assertiva nos assentamentos dos

colonos para uma qualidade na agricultura familiar de subsistência e para a

comercialização de seus produtos, que é, basicamente, oferecer apoio técnico,

administrativo e comercial (não somente financeiro) para que possam conseguir gerir

sua propriedade. A capacitação é a maneira de preparar culturalmente o pequeno

produtor rural para administrar seu trabalho.

Referências

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