aspectos fisiolÓgicos de rhodnius prolixus stal: 1859...

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ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE Rhodnius prolixus STAL: 1859 (Hemiptera Reduviidae): I. SUBSTÂNCIAS INIBIDORAS DA ALI- MENTAÇÃO. lI. FATORES HEMOLÍTICOS E ANTIBACTERIANOS INDUZIDOS PATRICIA DE AZAMBUJA PENNA 1985

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ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE Rhodnius prolixus STAL: 1859

(Hemiptera Reduviidae): I. SUBSTÂNCIAS INIBIDORAS DA ALI-

MENTAÇÃO. lI. FATORES HEMOLÍTICOS E ANTIBACTERIANOS INDUZIDOS

PATRICIA DE AZAMBUJA PENNA

1985

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TÍTULO DA TESE

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE Rhodnius prolixus STAL, 1859

(Hemiptera, Reduviidae): I. SUBSTÂNCIAS INIBIDORAS DA ALI-

MENTAÇÃO: II FATORES HEMOLÍTICOS E ANTIBACTERIANO INDUZIDOS

AUTORA

PATRICIA DE AZAMBUJA PENNA

APROVADA EM: 26/julho/1985

WALTER R. TERRA

GONZALO EFRAIN MOYA BORJA

LUIZ FERNANDO FERREIRA DA SILVA

LEON RABINOVICH

ELOI DE SOUZA GARCIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE Rhodnius prolixus STAL, 1859

(Hemiptera, Reduviidae): I. SUBSTÂNCIAS INIBIDORAS DA ALI-

MENTAÇÃO. II. FATORES HEMOLÍTICOS E ANTIBACTERIANO INDUZIDOS

PATRICIA DE AZAMBUJA PENNA

SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR

ELOI DE SOUZA GARCIA

Tese submetida a Universidade

Federal Rural do Rio de Janei-

ro, como requisito parcial pa-

ra a obtenção do grau de Dou-

tor em Medicina Veterinária.

Área de Concentração em Para-

s i t o l o g i a V e t e r i n á r i a .

I t a g u a í , Rio de J a n e i r o

j u l h o , 1985

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iv

À Coordenação do Curso de Pós-

Graduação em Medicina Veterinária-Pa-

rasitologia Veterinária, da Universi-

dade Federal Rural do Rio de Janeiro,

pela oportunidade concedida.

Ao CNPq e OMS, pela bolsa de

estudo e recursos proporcionados ao

Laboratório de Fisiologia de Insetos,

propiciando a realização deste traba-

l ho .

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À J u l i ana e E l o i

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Eloi S. Garcia, da Fundação Oswaldo

Cruz, pela o r ien tação e apoio.

Ao Professor Gonzalo E. Moya Borja, da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro, pela orientação e estímulo à

pesquisa no campo da F i s i o l o g i a de Inse tos ;

Ao Professor Hugo Edison B. de Rezende, da Universi-

dade Federal Rural do Rio de Janeiro, pela amizade e apoio

concedido durante a rea l i zação do Curso de Pós-Graduação.

Ao Professor Carlos M. Morel, da Fundação Oswaldo Cruz,

pelo interesse e por ter oferecido as condições de infra-es-

trutura do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular,

sem as quais não poder ia t e r s ido rea l i zado este t r a b a l h o ;

Ao Professor Joacy D. Macarini, da Universidade Fede-

ral Fluminense, pelo incentivo no campo da pesquisa científi-

ca;

Ao Professor Jorge A. Guimarães, da Universidade Fe-

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deral do Rio de Janeiro, pelas sugestões em algumas etapas

desta tese;

Ao Professor Cícero C. de Freitas, da Universidade

Federal Fluminense, pela assistência e colaboração na etapa

f i n a l da tese ;

Ao Marcus Vinícius S. Bastos e Jorge Luis A. Perei-

ra, da Fundação Oswaldo Cruz, pelo dedicado trabalho computa-

c iona l ;

Ao Francisco Gomes, da Universidade Federal Fluminen-

se, e a Genilto Vieira da Fundação Oswaldo Cruz, pelos traba-

lhos de f o t o g r a f i a s ;

Ao Professor Oswaldo Duarte Gonçalves, da Universida-

de Federal Rural do Rio de Janeiro, pela minuciosa revisão ge-

ra l do e s c r i t o ;

Aos demais colegas da Universidade Federal Fluminen-

se e Fundação Oswaldo Cruz, pelo convívio produtivo e agradá-

vel durante a rea l i zação da tese.

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BIOGRAFIA

Patrícia de Azambuja Penna, filha de Fernando Adol-

pho Garcia Penna e Tais de Azambuja Penna, nasceu na cidade

do Rio de Janeiro em 15 de Julho de 1954. Fez o curso primá-

rio da Escola Minas Gerais, o primeiro ciclo do secundário no

Colégio Jacobina, e o segundo ciclo no Colégio Brasil Améri-

ca.

Em 1975 ingressou na Universidade do Estado do Rio

de Janeiro, concluindo o Curso de Ciências Biológicas, Moda-

lidade Biomédica, em 1978. Durante sua vida universitária es-

tagiou e desenvolveu uma monografia na disciplina de parasito-

logia para obtenção de grau de Bacharel em Ciências Biológi-

cas.

Em 1979 ingressou no Curso de Pós-Graduação em Medi-

cina Veterinária - Parasitologia da Universidade Federal Ru-

ral do Rio de Janeiro, tendo apresentado sua tese para obten-

ção do grau de Magister Scientiae em 1981. Nesse mesmo ano

inscrita no Curso de Pós-Graduação a nível de Doutorado, con-

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tinuou seu trabalho de Fisiologia de Insetos na Universidade

Federal Fluminense e no Departamento de Bioquímica e Biologia

Molecular da Fundação Oswaldo Cruz.

Em 1984, prestando concurso público na Universidade

Federal Fluminense, foi selecionada para o cargo de Profes-

sor-Assistente do Departamento de Biologia Geral, onde atual-

mente está trabalhando.

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ÍNDICE

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO

2. REVlSÃO DE LITERATURA

2. 1 . Pos ição taxonômica

2.2. C ic lo B io lóg ico de Rhodnius pro l ixus

2.3. S is tema Digest ivo

2.4. A l imentação

2.5. Fagoin ib idores

2.6. Precoceno

2.7. Azadi racht ina

2.8. D igestão de sangue

2.9. Imunolog ia de insetos

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Reagentes e out ros mater ia is

3.2 . Equipamentos

3.3. Estabelecimento da colônia de R. prolixus

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3.4. Alimentação e preparo das d ietas

3.5. Preparo das amostras para ensaios da at iv ida-

de hemoIít ica

3.6. Determinação da a t i v i dade hemol í t ica

3.7. Ensaio da a t i v idade p r o t e I í t i c a

3.8. Cultura de Streptococcus mutans

3.9. Inoculação de bactér ias e coleta de hemolin-

fa

3.10. Ensaio da a t i v idade an t ibac te r iana

3.11. Ensaio da atividade de lisozima

3.12. Indução da proteção contra S. mutans

3.13. Preparo das resinas cromatográficas

3.14. Determinação de proteínas

4. RESULTADOS

4.1. Estudo sobre substâncias inibidoras da ali-

mentação

4.2. Estudo sobre o sistema hemoIí t ico do intest i-

no médio

4.3. Estudo sobre o sistema imunológico h u m o r a l

5. DISCUSSÃO

5.1. Atividades "antifeedant" de precocenos e aza-

dirachtinas

5.2. Indução da atividade hemolítica

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5.3. Indução da atividade antibacteriana humoral

6. CONCLUSÕES

7. BIBLIOGRAFIA CITADA

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ÍNDICE DE FIGURAS

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Vista dorsal de Rhodnius prolixus (adulto),

sem os tergitos abdominal. Promesentero ("es-

tômago"), posmesentero ("intestino"), proc-

todeum ("reto")

Estrutura química de 7-metoxi-2,2 dimetil-

cromeno (PI); 6-7-dimetoxi-2,2 dimetilcrome-

no (PII); 7-etoxi-6-metoxi-2,2 dimetilcro-

meno (etoxi PII); e 6,7-dimetoxi-2,2 dime-

tilcromeno

Modelo proposto para a biotransformação de

precoceno II (BOWERS, 1980: SODERLUND et al.,

1980)

Estrutura química parcial de Azadirachtina A

(VlGNERON, 1978)

Inibição da alimentação (efeito "antifeedant")

por precocenos e análogos adicionais à die-

FIGURA 1

FIGURA 2

FIGURA 3

FIGURA 4

FIGURA 5

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FIGURA 6

FIGURA 7

FIGURA 8

FIGURA 9

FIGURA 10

FIGURA 11

ta de 4º estádio de Rhodnius prolixus

Efeito de azadirachtina A, azadirachtina B

e 7-acetil-azadirachtina A adicionada à die-

ta de 4º estádio de Rhodnius prolixus

Efeito do pH na atividade hemolítica de con-

teúdo do promesentero de 5º estádio de Rhod-

nius prolixus, em um meio de incubação con-

sistindo de Na2HPO4 0,01M, NaCl 0,15M CaC12

0,45mM e uma concentração definida de eri-

trócitos

Efeito da temperatura na atividade hemolíti-

ca de conteúdo de promesentero de 5º está-

dio de Rhodnius prolixus, em meio de incuba-

ção padrão

Efeito da variação da quantidade de proteí-

na de promesentero de 5º estádio de Rhodnius

prolixus na atividade hemolítica

Curso temporal da hemólise de conteúdo de

promesentero de 5º estádio de Rhodnius pro-

lixus em um meio de incubação padrão

Atividade hemolítica do conteúdo de prome-

sentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus

em diferentes períodos de tempo após a ali-

mentação

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FIGURA 12

FIGURA 13

FIGURA 14

FIGURA 15

FIGURA 16

FIGURA 17

Gel-filtração em Biogel P-6 do conteúdo de

promesentero de 5º estádio de Rhodnius pro-

lixus; fracionamento do fator hemoIítico

Cromatografia em coluna de SP-Sephadex C-50

da amostra 1

Observação da mortalidade de adultos de Rhod-

nius prolixus inoculados com 109 células de

Streptococcus mutans, em função do tempo de

corrido após a inoculação primária de 106

células

Cinética da atividade antibacteriana de he-

molinfa de adultos de Rhodnius prolixus ino-

culados com 106 células de Streptococcus mu-

tans

Indução da atividade antibacteriana de hemo-

linfa de adultos de Rhodnius prolixus inje-

tados com 103 a 106 células vivas

de Streptococcus mutans

Gel-filtração em Biogel A 0,5m de hemolinfa

de adultos de Rhodnius prolixus, coletada

no 5º dia após a inoculação de 106 células

de Streptococcus mutans

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ÍNDICE DE TABELAS

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TABELA 1

TABELA 2

TABELA 3

TABELA 4

Inibição da alimentação de 4º estádio de

Rhodnius prolixus induzida por precoceno

e análogos

Efeito de ATP sobre a inibição da alimen-

tação de 4º estádio de Rhodnius prolixus

induzida por precoceno II adicionado à

dieta artificial

Inibição da alimentação de 4º estádio de

Rhodnius prolixus induzida por azadira-

chtina A, azadirachtina B e 7-acetil-aza-

dirachtina A

Efeito da concentração de ATP sobre a ini-

bição da alimentação induzida por azadi-

rachtina A adicionada à dieta artificial

de 4º estádio de Rhodnius prolixus

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TABELA 5

TABELA 6

TABELA 7

TABELA 8

TABELA 9

TABELA 10

Observações da atividade hemolítica e pro-

teoIítica de amostras de promesentero (lú-

men ou homogenado de parede), homogenado

de posmesentero, tecido adiposo e hemolin-

fa de 5º estádio de Rhodnius prolixus no

3º e 16º dias após alimentação

Observação da atividade hemoIítica de a-

mostras de promesentero obtidas de ninfas

e adultos de Rhodnius prolixus no 2º e 3º

dia após a alimentação

Efeito da composição do alimento sobre a

atividade homoIítica de promesentero de

5º estádio de Rhodnius prolixus no 3º dia

após a alimentação

Purificação do fator hemoIítico de prome-

sentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus

Efeitos de diferentes tratamentos de amos-

tras da preparação bruta ou purificada (a-

mostra 2) do fator hemoIítico

Observação da atividade bacteriana de he-

molinfa de Rhodnius prolixus previamente

inoculados com 106 células de Streptococ-

cus mutans

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TABELA 11

TABELA 12

Atividade antibacteriana de hemolinfa de

Rhodnius prolixus previamente inoculados

com 106 células de Streptococcus mutans e

de lisozima sobre a parede celular de Mi-

crococcus lysodeikticus e Streptococcus

mutans

Efeitos de diferentes tratamentos sobre o

fator antibacteriano de hemolinfa de Rhod-

nius prolixus

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RESUMO

Neste trabalho, foram investigados alguns aspectos re-

lacionados à alimentação, digestão e imunidade humoral de

Rhodnius prolixus.

No estudo do efeito "antifeedant" de algumas substân-

cias em ninfas de 4º estádio de R. prolixus, o precoceno II,

adicionado à dieta, inibiu fortemente a alimentação, enquanto

o precoceno I, etoxiprecoceno II e o cromano de precoceno II

apresentaram efeitos menos drásticos. A azadirachtina A, aza-

dirachtina B e 7-acetilazadirachtina A demonstraram efeitos

"antifeedant" mais acentuados que o precoceno II. O mecanismo

de inibição da alimentação por esses compostos foi discutido

com base nos resultados obtidos pelo tratamento simultâneo com

ATP.

Em uma outra etapa, foi evidenciado, em promesentero

de ninfas e adultos R. prolixus, um fator que lisava eritrócito

em solução isotônica, e sugerido o seu papel fisiológico na di-

gestão do inseto. A atividade hemolítica aumentava após a in-

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XX

gestão de sangue total, eritrócitos e hemoglobina, mas não de

plasma e estroma de eritrócitos. Os resultados obtidos da pu-

rificação parcial e dos tratamentos químicos sugeriam ser o

fa tor de natureza peptídica e básico.

Finalmente, foi também evidenciado um fator antibac-

teriano, que era induzido na hemolinfa de adultos R. prolixus

por inoculação de Streptococcus mutans, e sugerido o seu pa-

pel fisiológico no mecanismo de defesa do inseto. Esse fator

agiu sobre esta bactéria somente em fase exponencial de cres-

cimento e atingiu nível máximo na hemolinfa no 4º e 5º dias

após a inoculação das bactérias. Uma purificação parcial e

caracterização química sugeriram ser este fator de baixo peso

molecular e de natureza proteica.

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ABSTRACT

Aspects concerning feeding, digestion and humoral

immunity of Rhodnius prolixus were investigated. In a study of

the antifeedant effect on fourth-instar larvae of R. prolixus,

precocene II added to the diet strongly inhibited feeding while

precocene, ethoxy precocene II and the chromane of precocene

II showed less drastic effects. Azadirachtin A, azadirachtin

B, and 7-acetyl-azadirachtin A showed stronger antifeedant

effects than precocene II. The mechanism for ihnibition of

feeding by these drugs was discussed based on the results

obta ined by s imul taneous t rea tmen t w i th ATP.

In another stage of the work, a factor which lysed

sheep red cells in an isotonic buffer, was demonstrated in

the anterior part of the midgut of nymphs and adults of R.

prolixus. Fifth-instar larvae fed on whole blood, erythrocytes

and heamoglobin produced large quantities of haemolytic factor,

while those fed on plasma and erythrocyte stroma did not. The

results obtained by purification and chemical treatment

suggested t h a t the f a c t o r i s a bas ic pep t i de .

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xxii

Finally, an antibacterial factor was found, which was

induced in the haemolymph of R. prolixus by injection of

Streptococcus mutans. This factor acted on S. mutans only in

the exponential phase of growth, and attained a high level in

the haemolymph on the fourth and fifth days after the bacterial

inoculation. Partial purification and characterization of the

factor showed that it is a peptide of small molecular weight.

The physiological role of this factor may be associated with

the defense mechanism of t h i s b l ood -suck i ng i n s e c t .

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I. INTRODUÇÃO

O Rhodnius prolixus Stal, 1859, apresenta ampla dis-

tribuição geográfica do Equador até o México. A sua importância

médica reside no fato de ser um inseto de hábito hematófago e

um dos principais vetores do Trypanosoma cruzi, agente etioló-

gico da Doença de Chagas (DIAS & DIAS, 1978).

O programa de controle de populações de Triatominae

tem sido realizado com o uso de inseticidas convencionais de

largo espectro, que podem representar riscos para o meio ambien-

te e para o homem. Atualmente, têm sido desviadas as atenções

para procedimentos de controle alternativos, como o uso de subs-

tâncias naturais (MARINI-BETTOLO, 1976) ou de microrganismos

(BOMAN & STEINER, 1981). De uma maneira geral, alguns métodos

efetivos no controle da proliferação de insetos, são baseados

no uso de anti-hormônios e de inibidores da alimentação e da

digestão.

Recentemente, foram testados por BOWERS et al (1976)

o precoceno, uma substância isolada da planta Ageratum houstonianum,

e por REMBOLD (1980) a azarachtina, obtida do extrato de

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Azadirachta indica, em algumas espécies de insetos fitófagos,

e demonstradas as atividades biológicas de anti-hormônios. Foi

constatado que o precoceno II, quando adicionado à dieta de R.

prolixus, inibiu a alimentação (AZAMBUJA et al, 1981). Em do-

ses baixas, este composto agiu inibindo também a hemólise "es-

tomacal" promovendo distúrbios digestivos (AZAMBUJA & GARCIA,

1984).

Este trabalho, teve como objetivo esclarecer alguns

aspectos fisiológicos de R. prolixus, ainda escassos na litera-

tura, dando-se especial atenção a: a) efeitos de precoceno,

azadirachtina e análogos sobre a alimentação de ninfas; b)

evidenciação e caracterização parcial de um fator hemolítico

induzido de intestino médio e de um fator antibacteriano pre-

sente na hemolinfa de insetos previamente inoculados com

Streptococcus mutans.

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2. REVlSÃO DE LITERATURA

2.1. POSIÇÃO TAXONÔMICA

O Rhodnius prolixus Stal, 1859, espécie tipo do gêne-

ro, pertence à ordem Hemiptera, família Reduviidae, subfamília

Triatoninae (LENT, 1948; LENT & JURBERG, 1969).

2.2. CICLO BIOLÓGICO

O Rhodnius prolixus, inseto hemimetabólico, sob o pon-

to de vista ontogênico, possui três fases: ovo, ninfa e adulto.

2.2.1. Ovipostura e duração da embriogênese

FRIEND et al. (1965) observaram que, dependendo do nú-

mero de repastos e da quantidade de sangue ingerida por fêmea

de R. prolixus, havia uma variação do ciclo de postura bem co-

mo da quant idade de ovos depos i tados.

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Os trabalhos de URIBE (1927) e GALLIARD (1935) demons-

traram que o tempo da incubação dos ovos variava de acordo com

a tempera tu ra , sendo a média, a 27ºC, de 15 d ias .

2 . 2 . 2 . Desenvolv imento pós -embr ioná r i o

Alguns trabalhos destacaram a importância da alimen-

tação para que se processem as ecdises dos cinco estádios nin-

fais (BUXTON, 1930; HARINGTON, 1960). Um repasto sanguíneo sa-

turante, realizado em um curto espaço de tempo, é normalmente,

suficiente para que a muda ocorra (BUXTON, 1930). A quantidade

de sangue ingerida bem como o tempo para que ocorra a muda au-

mentam progressivamente com a evolução dos estádios ninfais

(GARClA et a l . , 1975).

Recentemente foi demonstrado que não só o volume de

sangue ingerido, mas também a fonte doadora do sangue, podem

alterar o período de muda e ovipostura de R. prolixus (LIMA GO-

MES et a l . , 1984a; 1984b).

Realizada a muda imaginal, que é caracterizada princi-

palmente pelas transformações morfológicas da genitália, os adul-

tos tornam-se potencialmente maduros para a reprodução

(WIGGLESWORTH, 1970).

2 .3. SISTEMA DIGESTIVO

De acordo com RAMIREZ PEREZ (1969), o tubo digestivo

de R . p ro l i xus d i v ide -se em t rês segmentos ( f i g u r a 1):

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Figura 1 - Vista dorsal de Rhodnius prolixus (adulto), sem

os tergitos abdominal. Promesentero ("estôma-

go"), posmesentero ("intestino"), proctodeum

("reto").

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a. intestino anterior ou estomodeum, que compreende a cavidade

buca l , a f a r i n g e e o esôfago;

b. i n t e s t i n o médio ou mesentero, que compreende o promesentero

("estômago") e o posmesentero ( " i n t e s t i n o " ) ;

c. i n t e s t i n o p o s t e r i o r ou proctodeum, que compreende o saco re-

ta l e o cone anal .

2.3.1. Estomodeum

Segundo BARTH (1952), não e x i s t e nos i nse tos sugado-

res , uma boca v e r d a d e i r a , mas sim uma boca f unc i ona l que cor -

responde ao lugar onde o jogo de e s t i l e t e s mandibu lares aban-

dona o sulco l a b i a l e penetra na ext remidade a n t e r i o r da cabe-

ça. A cavidade seguinte, limitada em cima pelo pós-clípeo e

nos lados pelas lâminas maxilares, deve ser considerada como a

cavidade bucal .

Dorsalmente apresenta uma lâmina chamada "epifaringe",

a qual é uma invaginação das paredes do pós-clípeo. Também se

conhece como lâmina perfurada porque apresenta orifícios onde

se encontram as células gustativas que são receptores químicos

encarregados de controlar a alimentação. Ventralmente está for-

mado por outra lâmina triangular, chamada "hipofaringe'', que

une os estiletes que vem separados de ambos os lados da farin-

ge, permitindo por sua vez a entrada do meato salivar e do ca-

nal s a l i v a r das max i las (RAMIREZ PEREZ, 1969).

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A faringe é uma estrutura fortemente esclerotizada, que

se encontra entre a cavidade bucal e o esôfago. Em sua extremi-

dade anterior se reduz a um sulco que penetra no canal alimen-

t a r das m a x i l a s .

O esôfago é um tubo simples que nasce na extremidade

p o s t e r i o r da f a r i n g e e desemboca no p r o m e s e n t e r o .

2 . 3 . 2 . Mesen te ro

O promesentero ou "estômago" é a parte dilatada do tu-

bo digestivo que se encontra entre o tórax e o quinto segmento

abdominal (figura 1). Segundo WIGGLESWORTH (1934), esse órgão

é considerado como um saco de armazenamento, porque nessa re-

gião o alimento é concentrado (pela absorção do excesso de lí-

quido) e retido por várias semanas. Sua forma e cor variam no-

tavelmente de acordo com o grau de alimentação: em jejum exibe

uma cor verde-clara com bolhas de ar no seu interior. Imediata-

mente após a alimentação se torna vermelho; depois de algumas

semanas t o r n a - s e com cor v e r d e - e s c u r a .

Apesar de ser relatado que o promesentero seja um ór-

gão de armazenamento de sangue ingerido, atualmente têm sido

encontradas nessa região enzimas que agem sobre nucleotídios (Rl-

BEIRO & GARCIA, 1979) e carboidratos (RIBEIRO & PEREIRA, 1984).

Uma revisão detalhada sobre o assunto foi recentemente publica-

da (GARCIA, 1985) .

O posmesentero ou "intestino" é um tubo que se comuni-

ca posteriormente com o reto ao nível do desembocamento dos qua-

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tro tubos de Malpigh. Originalmente apresenta numerosas circun-

voluções (figura 1). No posmesentero se processa a digestão de

proteínas, carboidratos e lipídeos (GARCIA, 1985).

2.3.3. Proctodeum

A ampola retal é uma estrutura piriforme que consti-

tui a úItima parte do tubo digestivo. Segundo WIGGLESWORTH (1932),

esse órgão desempenha importante papel na absorção de água e

na recuperação de minerais.

2.4. ALIMENTAÇÃO

Na seleção do alimento, a seqüência comportamental de-

sempenhada pelo inseto hematófago se resume em: orientação;

início da alimentação (degustação); continuação do repasto (in-

gestão); e término do repasto (GALUN, 1975).

2.4.1. Orientação

Na localização do hospedeiro, os insetos hematófagos

parecem ser capazes de discriminar gradientes de temperatura no

ar. WIGGLESWORTH & GILLET (1934a; 1934b) demonstraram que as

antenas de R. prolixus são responsáveis pela orientação do in-

seto para a fonte de calor. FRIEND & SMITH (1975) observaram

que para essa espécie o jejum prolongado também é um fator im-

portante para tornar o inseto mais sensível ao estímulo térmi-

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co. Nesse inseto, outros fatores de atração têm sido também ob-

servados, como por exemplo, o dióxido de carbono (FRIEND &

SMITH, 1977) e fezes depositadas por ninfas recém-engurgitadas

(SCHOFIELD & PATTERSON, 1977).

2 . 4 . 2 . I n í c i o da a l imentação (degustação)

Uma vez que o R. prolixus esteja sobre a fonte de

alimento, possivelmente, o contato da antena com a superfície

aquecida da pele desencadeia o reflexo da picada (WIGGLESWORTH

& GILLET, 1934a).

As mandíbulas perfuram a pele permintindo assim a ex-

tensão e movimentação das maxilas para o encontro de um vaso

sanguíneo (LAVOIPIERRE et al., 1959). Segundo RIBEIRO & GARCIA

(1979, 1980, 1981), RIBEIRO (1982) e RIBEIRO & SARKIS (1982) a

localização de um vaso sanguíneo em curto espaço de tempo é tam-

bém facilitada pela salivação do inseto. Esses autores mostra-

ram que a saliva contém substâncias biologicamente ativas que

aumentam o tempo de sangramento dos vasos. SMITH & FRIEND (1970),

utilizando "comedouros" artificiais, observaram que nessa fase

da alimentação o inseto experimenta pequenas amostras de dieta

(fase de degustação) que, ao entrarem em contato com certos

r e c e p t o r e s , podem e s t i m u l a r a fase de i nges tão .

2 . 4 .3 . Cont inuação do repas to ( i n g e s t ã o )

Desde 1959, tem sido observada a ação de certos nucleo-

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tídios fosfatados como estimuladores da alimentação para um

grande número de artrópodes hematófagos (HOSOI, 1959; GALUN,

1966; GALUN & MARGALIT, 1969). FRIEND (1965), através de um

estudo dos possíveis compostos que poderiam estimular a alimen-

tação de R. prolixus, observou que praticamente todos os nu-

cleotídios di e trifosfatados, na concentração de 1mM, indu-

ziam a ingestão de uma solução de NaC1 O,15M. SMITH & FRIEND

(1970) demonstraram, por método eletrofisiológico, que a ativi-

dade prolongada e regular de bomba faringeana resultava no en-

gurgitamento do inseto e que tal comportamento era dependente

da presença das substâncias estimuladora da alimentação. RIBEI-

RO & GARClA (1979). e SMITH et al., (1980) observaram a presença

na secreção salivar de R. prolixus de uma enzima que hidroli-

zava o ATP a AMP (atividade apirásica). Recentemente, MACARI-

NI (1983) demonstrou que o difosfoglicerato na concentração de

µM estimulava a alimentação de R. prolixus. Este autor sugeriu

que essa substância seria o principal fagoestimulante fisioló-

gico para os insetos hematófagos, devido a sua presença em al-

tas concentrações nos eritrócitos e a sua resistência à hidró-

l i s e pela ap i r ase .

Por muito tempo, os estiletes mandibulares e maxila-

res dos hemípteros foram considerados estruturas cuticulares

inertes que não possuiam nenhuma inervação, apresentando um pa-

pel passivo no transporte do alimento líquido. O fato das re-

giões antenais e tarsais não entrarem em contato com as dietas

levou os pesquisadores a sugerir que a localização dos quimior-

receptores do canal alimentar seria interna. KRAUS (1957) des-

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creveu em R. prolixus um grupo de estruturas inervadas dorsais

e anteriores à bomba faringeana e as denominou de sensilas epi-

faringeana. PINET (1963, 1968) observou a presença de oito sen-

silas localizadas nessa área, tendo FRIEND & SMITH (1972) con-

cluído que esses receptores respondem a fatores químicos do

sangue, podendo induzir a alimentação em R. prolixus.

A teoria proposta para explicar o estímulo químico se-

r ia que a molécula estimuladora (fagoestimulante) poderia in-

teragir com sítios moleculares específicos na superfície da mem-

brana dos receptores, induzindo, consequentemente, alguma mu-

dança conformacional ou eletrônica à qual a célula responderia

eventualmente pela produção de um potencial elétrico (FRIEND

& SMITH, 1972).

O sistema quimiorreceptor envolvido neste processo

transmite a informação da composição química do alimento ao sis-

tema nervoso central, codificando-a por impulsos nervosos. Al-

guns trabalhos demonstraram que cada espécie tem um sistema re-

ceptor fisiologicamente característico e distinto de outras

espécies de insetos (SCHOONHOVEN, 1972; DETHIER, 1982).

2 . 4 . 4 . Término do repas to

MADDRELL (1963) elucidou a questão da finalização do re-

pasto quando, tendo seccionado os cordões ventrais de ninfas de R.

prolixus, observou que os insetos assim operados se alimenta-

vam com quantidade de sangue superior à observada nas ninfas

não operadas. Esse autor concluiu que o processo de ingestão é

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normalmente encerrado por informação nervosa proveniente de re-

ceptores de estiramento local izados na cu t ícu la abdominal.

2.5. FAGOINIBIDORES

As plantas, de maneira geral, produzem substâncias de-

nominadas secundárias que as protegem do ataque de pragas. Al-

guns destes compostos, quando ingeridos pelos insetos, são ca-

pazes de alterar a fisiologia de algumas espécies.

O papel das substâncias secundárias no metabolismo bá-

sico das plantas produtoras não tem sido satisfatoriamente ex-

plicado, não sendo provável o desempenho de uma função especí-

fica (DETHIER, 1982; SCHOONHOVEN, 1972). Entretanto, como es-

tratégia coevolutiva na defesa contra insetos, as substâncias

secundárias podem ter atividade de hormônios, anti-hormônios

(BOWERS et al., 1976; BOWERS, 1984), e/ou agir como inibidores

da alimentação ("antifeedant ou fagoinibidor) (FRAENKEL, 1959;

DETHIER, 1982).

Fagoinibidores são compostos que, quando provados ou

ingeridos pelo inseto, previnem ou interrompem a atividade de

alimentação, temporária ou permanentemente, algumas vezes le-

vando à morte o inseto pelo jejum prolongado (FRAENKEL, 1959,

1969; CHAPMAN, 1974).

Alguns autores descrevem o efeito "antifeedant" em

concentrações (ppm) que reduzem a ingestão do alimento em 50%

(BERNAY & CHAPMAN, 1978) e outros consideram "antifeedant" quan-

do a inibição da alimentação atinge níveis de 80-100% (DETHIER,

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1982).

Os compostos fagoinibidores são virtualmente encontra-

dos em quase todas as classes químicas mas, especialmente, al-

guns terpenos e alcalóides têm sido relatados como potentes

inibidores da alimentação de insetos (MUNAKATA, 1977; VIGNERON,

1978).

Segundo NAKANISHI (1980), os compostos purificados com

atividade "antifeedant", geralmente, exibem outras atividades,

tendo sido utilizado este parâmetro, inclusive, para o isola-

mento rápido de substâncias bioativas como anti-hormônios de

insetos, antibióticos, antitumorais, etc.

O mecanismo de ação de substâncias fagoinibidoras tem

sido investigado, principalmente, por métodos comportamentais e

eletrofisiológicos (DETHIER, 1982).

2.6. PRECOCENO

Em 1976, BOWERS et al. reveleram a descoberta de dois

compostos com atividade de anti-hormônio juvenil de insetos em

extrato da planta Ageratum houstonianum. Essas substâncias fo-

ram identificadas como 7-metoxi 2,2-dimetil-cromeno e 6,7-di-

metoxi 2,2 dimetil-cromeno, sendo denominadas, respectivamente,

de precoceno 1 (PI) e precoceno II (PII) por promoverem, prin-

cipalmente, a metamorfose precoce em insetos. Posteriormente,

BOWERS (1977) obteve, pela síntese de análogos, uma variedade

de compostos mais ativos que os precocenos naturais (Pl e PII) e

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observou que os elementos estruturais importantes para o aumen-

to da atividade eram o anel cromeno e a substituição metoxi na

posição 7 por um radical etoxi, obtendo o 6-metoxi 7-etoxi

2,2-dimetil-cromeno (etoxiprecoceno II, EPII). Alguns traba-

lhos mostraram posteriormente ser o EPII o análogo mais ativo

para algumas espécies de insetos (BOWERS, 1977). Na figura 2

estão representados o PI, P I I , EPII e cromano do P I I .

A primeira revelação na literatura apresentando o pre-

coceno como uma possível substância inibidora da alimentação

foi de SLAMA (1978). De fato, esse autor demonstrou que o PII

inibia o crescimento e ovipostura de Pyrrhocoris apterus e

Dysdercus cingulatus de maneira semelhante ao tratamento da die-

ta dessas espécies com Miristicina e Elemicina, dois clássicos

"antifeedant". REMBOLD et al. (1979), observando o desenvolvi-

mento de larvas de Apis mellifera tratadas com PII, reportaram

que as doses maiores do composto induziam um menor ganho de pe-

so corporal em relação ao grupo controle, sugerindo o efeito

"antifeedant". Recentemente, foi demonstrado que altas con-

centrações de PII, adicionadas à dieta de R. prolixus, dimi-

nuiam a quantidade de alimento ingerido pelo inseto (AZAMBUJA

et a l . , 1981a).

Têm sido reportados na literatura inúmeros efeitos de

precocenos sobre insetos, podendo-se destacar: a indução da me-

tamorfose precoce em algumas espécies pertencentes às ordens

Hemiptera, Homoptera e Orthoptera (BOWERS et al., 1976; CHENEVERT

et al., 1981; MIALL, 1980; BELLES & BALDELLOU, 1983; AZAMBUJA

et al., 1981a; MACKAUER et al., 1979; HALES & MITTLER, 1981).

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Figura 2 - Estrutura química de 7-metoxi-2,2 dimetilcromeno

(PI); 6,7-dimetoxi-2,2 dimetilcromeno (PII); 7-eto-

xi-6-metoxi-2,2 dimetilcromeno (etoxi PII), e 6,7-

-dimetoxi-2,2 dimetilcromano.

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Em Coleoptera, Diptera, Hemiptera e Orthoptera, os

precocenos, dependendo da espécie, promovem a inibição do de-

senvolvimento ovariano e, em alguns casos, esterilidade perma-

nente (BOWERS et al., 1976; KELLY & FUCHS, 1978; LANDERS &

HAPP, 1980; JUDSON et al., 1979; BOWERS & ALDRICH, 1980; TARRANT

et a l . , 1982; FREYEREISEN et a l . , 1981).

Outras atividades induzidas pelos precocenos foram

também evidenciadas, como: atividade ovicida (BOWERS et al.,

1976; TARRANT & CUPP, 1978), diminuição da atividade neurosse-

cretora (UNNITHAN et al., 1978; MASNER et al., 1979; AZAMBUJA

et al., 1981b) e a indução da diapausa (BOWERS et al., 1976).

OHTA et al. (1977) verificaram transformações metabó-

licas do precoceno em várias espécies de insetos. Usando pre-

coceno marcado no radical metil (C14), esses autores demonstra-

ram que 13-24% do C14 não eram recuperados em Trichoplusia ni,

o que sugeria a descarboxilação do composto. Apesar da caracte-

rização dos metabólitos in vivo ser complexa, esses mesmos au-

tores observaram que o principal produto de detoxicação era o

3,4 d i o l ( f i g u r a 3) .

SODERLUND et al. (1980), em investigação in vitro uti-

lizando corpo gorduroso (tecido que possui alta atividade de

monooxigenases) de T. ni, identificaram vários derivados meta-

bólicos do precoceno (inclusive o 3 cromanol) que concordavam

com os compostos observados por OHTA et al. (1977) (figura 3).

PRATT et al. (1980) demonstraram que o corpus allatum

de fêmeas adultas de Locusta migratoria metabolizava o PI for-

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Figura 3 - Modelo proposto para a biotransformação de preco-

ceno II (BOWERS, 1980; SODERLUND et al., 1980).

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necendo misturas geométricas cis e trans de dihidrodióis e que

parte da amostra do precoceno podia ser encontrada covalente-

mente l igada a macromoléculas da g lându la .

Em T. ni, SODERLUND et al. (1980) pela observação do

rápido aparecimento do diol sugeriu que a dupla ligação 3,4 so-

fresse uma epoxidação, pela atividade de enzimas do tipo oxida-

se, seguida de uma rápida hidratação (figura 3). Isto pode ser

confirmado pela obtenção de epoxiprecoceno utilizando bromohi-

drina em condições anidras (SODERLUND et al., 1980; JENNINGS &

OTTRIDGE, 1979). De fato, o epóxido pode ser hidratado ou rea-

g i r com qualquer n u c l e o f í l o instantaneamente (BOWERS, 1980).

Resumindo, o precoceno é epoxidado hidratado, conjuga-

do e eliminado do organismo do inseto. Uma pequena quantidade

do composto que alcança o corpus allatum pode ser rapidamente

epoxidada (provavelmente pela alta atividade da enzima que epo-

xida o hormônio juvenil), e então, instantaneamente, reagir com

componentes celulares através de ligações covalentes promoven-

do a destruição da glândula (BOWERS, 1980; BROOKS et al., 1979)

(Figura 3)

2.7. AZADIRACHTINA

A planta Azadirachta indica, uma espécie de árvore dis-

tribuída na Ásia e África, tem sido amplamente utilizada na me-

d i c i na e no con t ro le de pragas ag r í co las (REMBOLD, 1980).

Na literatura está reportado, em um dos primeiros tra-

balhos sobre essa planta, que sua semente causa uma inibição da

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alimentação de L. migratoria (PRADHAN et al., 1962). Além des-

se efeito, alguns autores têm demonstrado que o extrato da se-

mente pode causar, dependendo da espécie de inseto tratado, a

inibição do crescimento perda de fecundidade e aumento da mor-

t a l i d a d e (STEFFENS & SCHMUTTERER, 1982; ZEBITZ, 1984).

STEFFENS & SCHMUTTERER (1982) observaram que a exposi-

ção de larvas de Ceratitis capitata, a extrato da semente de

A. indica resultava no aumento do período larval e mortalida-

de. Em Aedes aegypti, ZEBITZ (1984) demonstrou que a atividade

do extrato aumentava com o decréscimo da polaridade do sol-

vente orgânico empregado para a extração dos componentes ati-

vos da A. indica.

MEISNER et al., (1983) observaram que as larvas de

Spodoptera litoralis submetidas a dieta compostas de folhas tra-

tadas por pulverização com extrato metanólico seco resultava em

perda de peso, quando se comparava ao peso do inseto controle

alimentado com dieta normal. O extrato testado dessa forma de-

terminou um forte efeito "antifeedant", sendo também evidencia-

do com um regulador do crescimento dessa espécie, pois, o trata-

mento i n i b i u a pupação e promoveu d i s t ú r b i o s na muda.

As estruturas químicas dos principais compostos puri-

ficados de A. indica foram elucidados e atribuídos por LAVIE

et al. (1967) como sendo o meliantriol e por BUTTERWORTH &

MORGAN (1968) e ZANNO et al. (1975) como sendo a azadirachtina

(figura 4).

REMBOLD et al. (1980), na tentativa de isolar os com-

postos de A. indica que poderiam causar distúrbios de metamor-

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Figura 4 - Estrutura química parcial da Azadirachtina A

(VIGNERON, 1978.

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fose, independentemente da inibição da alimentação, purifica-

ram e obtiveram uma série de frações que induziam atraso no de-

senvolvimento larval e deformação de pupas e adultos de Ephestia

kuchniella e Apis mellifera. Em Epilachna verivestis, o tra-

tamento promoveu alta percentagem de mortalidade. Posteriormen-

te, REMBOLD et al. (1982), purificando azadirachtina por croma-

tografia Iíquida de alta pressão, demonstraram que o composto

é um potente regulador do crescimento de insetos e possui esta

propriedade independentemente da atividade "antifeedant", pois,

na sua forma pura, o composto não demonstrou nenhuma atividade

de i n i b i d o r da a l imentação nas t r ês espécies ho lome tabó l i cas .

Entretanto, SIEBER & REMBOLD (1983), utilizando o úl-

timo estádio ninfal de L. migratória, notaram que o consumo de

alimento era influenciado pela azadirachtina de forma dependen-

te da concentração da substância na dieta, e que as ninfas sub-

metidas a injeção do composto apresentavam ganho de peso corpo-

ral normal mas tinham uma inibição da ecdise pelo bloqueio da

s ín tese de e c d i s t e r ó i d e s .

Nessa mesma espécie, foi também demonstrado que a aza-

dirachtina alterava a ovogênese, tendo-se concluído que o com-

posto interferia na regulação neuroendócrina e diminuia a sín-

tese de e c d i s t e r ó i d e s (REMBOLD & SIEBER, 1981).

Recentemente, GARCIA & REMBOLD (1984) demonstraram o

efeito da azadirachtina sobre o desenvolvimento de 4º estádio

de R. prolixus. A administração oral do composto levou os au-

tores a estabelecer uma dose-resposta para o efeito "antifeedant"

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e a inibição da muda. GARCIA & REMBOLD (1984) assim puderam cal-

cular as doses efetivas (DE50) que inibem 50% desses dois parâ-

metros biológicos, e concluíram que a diferença entre elas foi

de 650 vezes. Este dado enfatiza que as atividades "antifeedant"

e inibidora da muda da azadirachtina são fisiologicamente dis-

t i n t o s e independentes e n t r e s i .

2 .8 . DIGESTÃO DE SANGUE

A digestão, em insetos hematófagos, é a seqüência de

modificações que o sangue ingerido sofre até ser transformado em

moléculas s imples que podem ser u t i l i z a d a s pelo organismo.

2 . 8 .1 . O processo h e m o l í t i c o

Segundo BALASHOV (1972), a hemoglobina é essencial pa-

ra suprir as necessidades nutricionais dos insetos hematófagos,

por constituir mais de 50% das proteínas totais do sangue. Entre-

tanto, pouca atenção tem sido dada aos fatores responsáveis pe-

lo processo hemolítico e seu papel fisiológico na digestão dos

i nse tos hematófagos.

Um dos primeiros trabalhos que enfoca esse aspecto foi

realizado por YORKE & MACFIE (1924), quando tentaram demons-

trar atividade hemolítica em homogenatos de glândulas saliva-

res de Glossina taquinides, Culex pipiens fatigans e Aedes

aegypti. Entretanto, não foi evidenciada alteração nas hemácias

incubadas com os homogenatos das glândulas. ADLER & THEODOR

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(1926), trabalhando com Phlebotomus papatasi também não encon-

traram atividade hemoIítica em extratos de glândulas saliva-

res.

Em 1975, GEERING reportou que homogenato de intestino

médio de A. aegypti apresentava um fator Iítico para hemácias

de coelho que era inibibo por SBTI (inibidor de tripsina). Es-

se autor sugeriu a participação de proteínas digestivas no pro-

cesso hemolítico e, embora não tenha comprovado, também suge-

r iu a existência de fosfol ipases.

GOODING (1977) demonstrou a presença de uma hemolisina

na porção digestiva do intestivo médio de Glossina morsitans.

Esse autor evidenciou o agente hemoIítico no lúmen do intesti-

no e observou que em fêmeas em jejum, as amostras intestinais

apresentavam pequena atividade hemoIítica que aumentava com o

repasto sanguíneo, atingindo a um máximo de efeito Iítico 24-

48 horas após a alimentação.

SPATES & DELOACH (1980) demonstraram também uma ativi-

dade hemolítica em homogenato de intestino médio de Stomoxys

calcitrans. Segundo os autores, essa atividade era aumentada

pela ação de tripsina e ligeiramente inibida pelo SBTI. Na ten-

tativa de purificar a hemolisina, SPATES & DELOACH (1981) ob-

servaram alta atividade hemolítica em extrato lipídico do in-

testino. Posteriormente, SPATES et al. (1982) atribuíram a áci-

dos graxos livres, principalmente os ácidos palmítico, palmito-

leico e oleico, a responsabilidade pelo processo hemoIítico. Se-

gundo SPATES et al. (1982), esses ácidos graxos, por suas ca-

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24

racterísticas semelhantes a detergentes, em altas concentra-

ções, l i s a r i a m as hemácias inger idas pelo i nse to .

2.8.2. Mecanismos hemolíticos

Vários mecanismos têm sido postulados para explicar o

rompimento da membrana de hemácias. O mais simples deles seria

uma modificação da osmolaridade do alimento, na região do tubo

digestivo, onde o sangue está sendo concentrado. Um segundo me-

canismo seria a interação direta de moléculas na membrana dos

eritrócitos. Assim, por exemplo, é explicada a ação de certos

ácidos graxos livres com agente Iítico (SPATES et al.,1982), e

ainda, a ação de peptídios básicos como a melitina e a barbato-

lisina, purificados de insetos Hymenoptera. Esses peptídios não

somente interagem com os lipídios da membrana, como promovem a

diminuição da tensão interfacial entre a solução salina e a su-

perfície da hemácia (SCHMIDT, 1982). A ação físico-química dos

peptídios Iíticos sobre a superfície celular resulta no aumen-

to da permeabilidade do eritrócito (HABERMANN, 1972). Um ter-

ceiro mecanismo possível de hemólise seria a ação de enzimas do

tipo fosfolipase, que hidrolisam as ligações ésteres dos com-

postos fosfatídicos (fosfatidilcolina, fosfatidilserina ou fos-

fatidiletanolamina) liberando ácidos graxos e produzindo um de-

rivado liso, o monoacilfosfatídeo (BEARD, 1963; HABERMANN, 1971).

Exemplificando, a lisolecitina (composto lítico) pode ser for-

mada pela hidrólise da ligação 2 acil da fosfatidilcolina (le-

citina), sendo essa reação catalisada pela fosfolipase A.

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No modelo de dupla camada da membrana, cerca de 30%

dos lipídios são constituídos de fosfolipídios, sendo que os

resíduos de ácidos graxos (hidrofóbicos) estão voltados para

dentro da membrana, enquanto os grupamentos fosforil-base (hi-

drofílicos) formam a superfície externa da membrana. Admite-se

que devido a estar o sítio de ataque da enzima protegido, a

fosfolipase A não lisa diretamente os eritrócitos lavados e

mantidos em soluções isotônicas. Nessa condição, a fosfolipa-

se A induz lise de eritrócitos somente se um substrato acessí-

vel for adicionado ao meio, como por exemplo, gema de ovo (al-

tamente rica em lecitina) ou lipoproteínas do soro. Assim, a

hemólise indireta resultaria da formação de lisocompostos no

meio de incubação (HABERMANN, 1971).

Por outro lado, LANKISCH & VOGT (1972) demonstraram

que, em meio ligeiramente hipotônico, a fosfolipase A lisa eri-

trócitos lavados, sem necessidade de adicionar-se substrato ao

meio. Da mesma forma, se a melitina era incubada juntamente

com a fosfolipase A, ocorreria a potencialização do efeito he-

molítico. Esses autores sugeriram que, em condições de desar-

ranjo estrutural da membrana, a ligação éster de posição 2 (sí-

tio de ataque da fosfolipase A) tornava-se exposta para a a-

ção da enzima. Entretanto, não está claro se a hemólise ocor-

ria pela destruição dos fosfolipídios estruturais, ou pela for-

mação de lisocompostos liberados, ou ainda, se ambos os efei-

tos participariam da atividade biológica da fosfolipase A

(HABERMANN, 1972).

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2.9. IMUNOLOGIA DE INSETOS

Os insetos possuem um sistema imune que em alguns ca-

sos protege o organismo contra agentes agressores. A manifesta-

ção mais óbvia da imunidade de invertebrados é demonstrada pe-

los hemócitos. A introdução de agentes estranhos na cavidade

corporal promove adesão de hemócitos ao objeto e, dependendo

do tamanho do agente , sua f a g o c i t o s e ou sua encapsulação (LACKIE,

1980, 1981a). Ambos os fenômenos têm sido amplamente investiga-

dos, sendo bem conhecida a ultra-estrutura do envolvimento ce-

lular do sistema imune de invertebrados (LACKIE, 1981b); RATCLIFE,

1982).

Em uma primeira etapa, ocorre a ativação de fenoloxi-

dases localizadas no interior dos hemócitos e sua liberação na

hemolinfa, promovendo a formação de quinonas e melanina de fe-

nóis p r e e x i s t e n t e s (LACKIE, 1980).

Assim, a encapsulação e formação de nódulos é, freqüê-

temente, acompanhada de deposição de melanina ao redor do obje-

to i nvaso r (LACKIE, 1981b).

Tem sido reportado que em algumas espécies a fenoloxi-

dase está associada à resistência ao parasita, sendo que, se nos

insetos hospedeiros essa enzima for inibida, sua resistência i-

munológica é reduz ida (SODERHALL, 1982).

A reação a um agente invasor bacteriano e subsequente

melanização pode prevenir o crescimento celular devido não só

à presença de quinonas, que agem como verdadeiros "desinfetan-

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tes", mas também como pré-requisito para adesão de hemócitos.

A indicação recente de que a ligação da fenoloxidase

e/ou outras proteínas a superfície estranha é atrativa, pois

tem sido considerada a implicação de opsoninas na fagocitose

em insetos (SODERHALL, 1982).

Em hemolinfa de insetos tem sido também demonstrada a

presença de outros agentes humorais que atuam na defesa con-

tra organismos invasores (DALES, 1979; BRIGGS, 1958; BOMAN &

STEINER, 1981).

Em insetos, de uma maneira geral, à imunidade humo-

ral é caracterizada pelo aparecimento in vivo de atividade an-

tibacteriana e sua concomitante proteção inespecífica contra

i n fecções secundár ias (BOMAN & HULTMARK, 1981).

Quanto ao aspecto bioquímico, no que concerne à imu-

nidade livre de células, extensivos estudos têm sido feitos

utilizando, principalmente, larvas de lepidópteras (HULTMARK

et al., 1980; HOFFMANN et al., 1981). Em Galleria melonella,

Bombyx mori (POWNING & DAVIDSON, 1973), Spodoptera eridania

(ANDERSON & COOK, 1979) e Hyalophora cecropia (HULTMARK et

al., 1980) um dos fatores humorais com atividade antibacteria-

na tem sido identificados como enzimas do tipo lisozima. Nes-

ses insetos os autores puderam relacionar o aparecimento da

a t i v i d a d e enz imát i ca com a inocu lação de mic ro rgan ismos.

De maneira geral, o termo lisozima pode ser aplicado

a acetilmuromidase, que hidrolisa a ligação glicosídica entre

o ácido N-acetilmurâmico e N-acetil-D-glicosamina, constituin-

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tes da camada glicopeptídica da parede celular de bactérias e

cujas propriedades químicas, tais, como, ponto isoelétrico, pe-

so molecular e estabilídade, sejam bem definidas (GHUYSEN et

a l . , 1966).

O outro fator humoral de defesa de insetos, a que não

tem sido dada muito atenção pelos pesquisadores, é constituído

pelas aglutininas. Elas recebem este nome por sua habilidade

de aglutinar in vitro eritrócitos de vertebrados e, em alguns

casos, ou t ros t i p o s c e l u l a r e s (LACKIE, 1980).

É sabido que, a maioria das aglutininas são do tipo

lectina, isto é, moléculas proteicas cujos receptores se ligam

a carboidratos específicos (SHARON & LIS, 1972). Em hemolinfa

de Periplaneta americana e Schistocerca gregaria, foi observa-

da a presença de hemaglutininas e dependendo da espécie de in-

seto observada, a aglutinação in vitro poderia ser inibida

por açúcares (LACKIE; 1981b).

Recentemente, PEREIRA et al. (1981) observaram a ati-

vidade de diferentes lectinas específicas para alfa e beta ga-

lactose em hemolinfa de R. prolixus. É interessante ressaltar

que os autores detectaram receptores de lectinas em epimasti-

gotas mas não em tripomastigotas de Trypanosoma cruzi.

Entretanto, é ainda discutida a possibilidade de as

aglutininas serem consideradas um dos fatores da imunidade hu-

moral (LACKIE, 1981a). Em Sarcophaga peregrina já foi demons-

trada a indução in vitro do aparecimento dessas moléculas (KOMANO

et a l . , 1983).

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Recentemente, foi purificado, de hemolinfa de pupas

imunizadas de H. cecropia, uma família de peptídios antibac-

terianos, denominados de cecropinas A, B, C, D, E e F (HULTMARK

et al., 1980, 1982; STEINER et al., 1981). Esses peptídios são

fortemente básicos, de baixo peso molecular (em torno de 4000

daltons), termoestáveis, e com alto grau de homologia em suas

e s t r u t u r a s p r i m á r i a s (BOMAN & STEINER, 1981).

As cecropinas A e B, primeiramente chamadas de P9A e

P9B por HULTMARK et al. (1980), tiveram suas seqüências escla-

recidas por STEINER et al. (1981), tendo sido demonstrada a

presença de 37 resíduos de aminoácidos em ambas as cecropinas.

As observações comparativas entre a cecropina e a me-

litina (de veneno de abelha) levaram os pesquisadores a con-

cluir que ambas as moléculas contêm uma parte fortemente bá-

sica e uma longa cadeia hidrofóbica. Entretanto, a polaridade

de ambas é contrária: enquanto a porção N terminal da cecropi-

na contêm resíduos de aminoácidos básicos, na melitina os úl-

timos resíduos da porção C terminal contêm a seqüência Lis-

Arg-Lis-Arg. Quanto à atividade Iítica, esses peptídios lisam

(em concentrações menores do que l µ M) algumas bactérias Gram

p o s i t i v a s e Gram nega t i vas (BOMAN & HULTMARK, 1981).

HULTMARK et al. (1982), em prosseguimento aos estu-

dos de proteínas com atividade antibacteriana de hemolinfa de

H. cecropia demonstraram seis formas ativas de proteínas indu-

zidas com pesos moleculares entre 20000-23000 daltons. Esses

autores apresentaram uma terceira classe de proteína antibac-

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teriana do sistema imune de H. cecropia com o nome de Atacina

(HULTMARK et al., 1983).

Assim, as substâncias humorais, quimicamente defini-

das, implicadas no sistema imune de insetos, são representadas

por três classes de proteínas com propriedades distintas: liso-

zimas, cecropinas e atacinas.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. REAGENTES E OUTROS MATERIAIS

Neste trabalho, os reagentes tiveram as seguintes pro-

cedências.

Os precocenos II e análogos: Precoceno I (Sigma Chemi-

cal Co). Precoceno II, etoxiprecoceno II e cromano de precoce-

no II foram gentilmente fornecidos pelo Dr. W.S. BOWERS. New

York State Agriculture Experimental Station, Cornell University,

Geneva, N.Y. USA.

As azadirachtina e análogos: Azadirachtina A, Azadi-

rachtina B e 7-acetilazadirachtina A foram gentilmente doadas

pelo Dr. H. REMBOLD, Max-Planck I n s t i t u t f u r B ioch imie , FRG.

As proteínas: Tripsina (Worthington Biochemical Co).

Azocaseína e SBTI (inibidor de tripsina) (Sigma Chemical Co).

Soroalbumina bovina cristalina (Pentex Biochemicals). Hemoglobi-

na humana purificada gentilmente cedida pelo Dr. J. D. MACARINI,

Departamento de B io log ia Geral , UFF, N i t e r ó i , RJ.

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Outros reagentes: Coomassie Blue G-250, SP-Sephadex

C-50 120 mesh, Feniltiocarbamida, Adenosina Trifosfato, Lisozi-

ma de ovo, Micrococcus lisodeikticus (Sigma Chemical Co). Bio-

gel P-6 e Biogel A 0,5m (Bio-Rad Lab). Kit para dosagem de he-

moglobina (Roche). Bacto-Peptona, Agar (Difco). Extrato de Le-

vedura (B iob rás ) .

Todos os demais reagentes eram de grau a n a l í t i c o .

3.2. EQUIPAMENTOS

Este estudo envolveu o emprego de:

Centrífugas: International, modelo HN. Beckman, mo-

delo J2-21. Eppendorf, modelo 5414.

Espectrofotêmetro: Hitachi Perkin-Elmer 139 (ultravio-

l e ta e v i s í v e l ) .

Outros equipamentos: Incubadora BOD Fanen, modelo 347.

Banho de água circulante, modelo Masterline 2095 Forma Scien-

tific. Bloco aquecedor VanLab, modelo 13259-005. Banho de tem-

peratura constante Fanen Ltda. Balança analítica Mattler, mode-

Io AE 100. Medidor de pH Micronal B 274. Microscópio estereos-

cópico Carl Zeiss. Microscópio ótico Carl Zeis Jena. Bomba pe-

ristálica LKB 2120. Coletor de frações LKB 2112 Red Rac. Micro-

pipetas e pipetas automáticas Gilson e Finnpipette. Microsse-

r ingas Hamilton Co.

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33

3.3. ESTABELECIMENTO DA COLÔNIA DE Rhodnius prolixus

Foram usados insetos de uma colônia de R. prolixus,

mantida em laboratório na temperatura de 28ºC e 60-70% de umi-

dade relativa. Os insetos eram, periodicamente, alimentados com

sangue humano citratado ou sangue de ovelha desfibrinado, atra-

vés de um "comedouro" artificial descrito por GARCIA et al.

( 1 9 8 4 ) .

3.4. ALIMENTAÇÃO E PREPARO DAS DIETAS

Ninfas de 4º estádio de R. prolixus foram separadas ao

acaso da colônia e mantidas em jejum por 20-30 dias. Após esse

p e r í o d o foram c o n s t i t u í d o s grupos de 20-35 i n s e t o s que, e x p o s -

tos ao "comedouro" artificial, sugaram amostras de sangue huma-

no ou dietas artificais, nas quais foram adicionados os compos-

tos a serem t e s t a d o s .

3.4.1. Precoceno I, precoceno II, etoxiprecoceno II e cro-

mano de p recoceno I I

Esses compostos foram diluídos em etanol na concentra-

ção final de 50 mg/ml. Alíquotas dessas soluções foram adicio-

nadas ao sangue alimentar nas proporções adequadas para obter-

se de 10 a 100 µg dos compostos por ml de sangue. Uma dieta

artificial constituída de 1 µl de Tween 80, 30 µl de etanol con-

tendo ou não precoceno II nas concentrações de 10 a 100 µg/ml

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e 10 ml de ATP 30-3000 µM em NaCI 0,15M também foi utilizada

nas experiências com precoceno II e análogos.

3.4.2. Azadirachtina A (Aza A), azadirachtina B (Aza B) e

7 - a c e t i l a z a d i r a c h t i n a A ( 7 - a c e t i l A z a A)

Esses compostos foram dissolvidos em etanol na con-

centração de 25 mg/ml e adicionadas ao sangue alimentar nas con-

centrações de 1 a 50 µg/ml. Aza A também foi adicionada a uma

dieta artificial constituida de 10-20 µl da solução de etanol

Aza A e 10 ml de ATP 30-3000 µM em NaCl 0,15M.

Em todas as experiências dos itens 3.4.1. e 3.4.2.,

decorridos 30 minutos após o início da alimentação (tempo ne-

cessário para o término do repasto), os insetos foram separados

para pesagem e calculados os pesos do alimento ingerido pela

diferença obtida entre as pesagens anterior e imediatamente a-

pós a a l i m e n t a ç ã o .

3 . 4 . 3 . Frações de sangue

No estudo sobre a atividade hemolítica de R. prolixus

foram usadas frações de sangue citratado de ovelha para alimen-

tação de ninfas de 5º estádio de R. prolixus. Para obtenção das

frações de plasma, eritrócitos lavados e estroma de eritrócitos

procedeu-se da seguin te maneira:

a) Obtenção de plasma e eritrócitos: após a centrifu-

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gação do sangue a 3000 g por 10 minutos, o plasma foi separado

dos glóbulos e mantido a -20ºC até ser usado. Os eritrócitos fo-

ram lavados por cinco vezes em NaCI 0,15M, sendo que, após a

última centrifugação, os eritrócitos foram ressuspendidos em

NaCl 0,15M em volume correspondente ao volume inicial;

b) Obtenção de estroma de eritrócitos: neste caso, o

sangue citratado de ovelha foi centrifugado a 3000 g por 10 mi-

nutos, e desprezado-se o plasma. Após sucessivas lavagens das

hemácias, utilizando tampão de Na2HP04 e NaH2P04 0,01M, NaCI

0,15M, CaC12 0,45 mM, pH 7,3 as células concentradas foram li-

sadas em tampão fosfato 0,01M, NaCI 5 mM, CaC12 0,45 mM, pH 7,3,

em volume de 1:40. Utilizando este úItimo tampão para manuten-

ção do meio hipotônico, os estromas foram várias vezes ressus-

pendidos, lavados e precipitados por centrifugação de 20000 g

por 15 minutos a 4ºc, até a eliminação da hemoglobina. Após a úl-

tima centrifugação, o precipitado foi ressuspendido para o vo-

lume i n i c i a l em I í q u i d o de Tyrode contendo 30 µM de ATP.

3.5. PREPARO DAS AMOSTRAS PARA ENSAIOS DAS ATIVIDADES HEMOLÍTICA

Adultos e ninfas de todos os estádios de R. prolixus

foram dissecados, em diferentes intervalos de tempo após a ali-

mentação, preparando-se as amostras para análise da atividade

h e m o l í t i c a .

3 .5 .1 . Hemol in fa , t ec ido gorduroso e posmesentero

Preparo da hemolinfa, tecido gorduroso e posmesente-

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ro: no 3º dia após a alimentação de ninfas de 5º estádio, rea-

lizou-se a coleta da hemolinfa com auxílio de micropipeta, após

secção de uma das coxas do inseto. Após dissecação das ninfas,

amostras do tecido gorduroso e de posmesentero foram também

extraídas. Esses materiais foram homogenizados em tampão Na2HP04

0,01M, NaC1 0,15M, CaC12 0,45 mM, pH 7,3 e centrifugados a

15000 g por 10 minutos. Os sobrenadantes foram guardados a

-20ºC para a n á l i s e p o s t e r i o r .

3 .5 .2 . Conteúdo e parede do promesentero

Os promesenteros de ninfas de 5º estádio foram reco-

lhidos, as paredes rompidas e, após centrifugação a 3000 g por

10 minutos, o sobrenadante foi diluído no tampão acima para

dar aproximadamente 0,2 g proteína/ml (preparação bruta). Após

a lavagem por centrifugação das paredes dos promesenteros, es-

tas foram homogeneizadas no mesmo tampão e centrifugadas a

15000 g por 10 minutos. O conteúdo do promesentero e o sobre-

nadante do homogeneizado das paredes foram também estocados a

-20ºC até o uso.

3 .5 .3 . Suspensão de e r i t r ó c i t o s

Os eritrócitos foram obtidos por centrifugação do san-

gue citrato a 3000 g por 10 minutos, sendo o plasma despreza-

do. Após cinco lavagens em tampão fosfato-salina isotônico, as

células foram ressuspendidas em um volume de 1:30 no mesmo tam-

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pão (v/v) e estocadas a 4ºC até o uso (não mais de uma sema-

na).

3.6. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE HEMOLÍTICA

O grau de hemólise produzido pelas diferentes amos-

tras foi determinado pela medida da quantidade de hemoglobina

liberada dos eritrócitos no meio de incubação, tendo sido ex-

pressa em % de hemólise. Basicamente, cada tubo foi adicionado

0,1 ml de uma suspensão de eritrócitos e 0,1 a 0,4 ml do mate-

rial bruto ou purificado, ou ainda das diferentes amostras

testadas. Caso fosse necessário, o volume era ajustado com tam-

pão fosfato-salina isotônico para 0,5 ml. Após a mistura, os

tubos foram incubados a 37ºC por 2 a 4 horas e, posteriormen-

te, centrifugados a 3000 g por 10 minutos. A percentagem de he-

mólise foi determinada pelo dosagem da hemoglobina no sobrena-

dante e comparada com a hemólise total (0,1 ml de eritrócitos

adicionados em 0,4 ml de tampão e 0,1 ml desta solução foi adi-

cionada em 1,5 ml do reagente de cianometahemoglobina), padro-

nizado para 0,5 de absorbância a 546 nm. Para cada experimento,

tubos controles, constituídos de eritrócitos em tampão isotô-

nico, foram incubados juntamente com os tubos experimentais, pa-

ra verificação de uma possível hemólise espontânea. A quantida-

de de hemoglobina livre de todos os tubos foi medida antes da

incubação. Uma unidade de hemólise foi definida como a quanti-

dade de material testado necessária para liberar hemoglobina

de 50% dos eritrócitos em 4 horas de incubação a 37ºC. A con-

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38

centração de hemoglobina nas preparações foi medida pelo méto-

do da cianometahemoglobina (KAMPEN & ZIJLSTRA, 1961).

3.7. ENSAIO DA ATIVlDADE PROTEOLÍTICA (CASEINOLÍTICA)

Esta atividade foi estimada em homogenatos de posme-

sentero em tampão citrato-fosfato 0,01M, pH 5,5 na proporção

final de 2 intestinos de ninfa de 5º estádio/ml. Após centri-

fugação a 15000 g por 15 minutos, esta atividade foi ensaiada

no sobrenadante, colorimetricamente, usando o método descrito

por GARCIA et al. (1981). Após a incubação de 0,5 ml do homoge-

nato e 0,5 ml da solução de azocaseina 2% por 4 horas a 37ºC, a

reação foi interrompida pela adição de 1 ml de TCA 20%. Esse

material foi centrifigado a 3000 g por 15 minutos sendo que 1

ml do sobrenadante era adicionado 1 ml da Na0H 2N. Uma unidade

caseinolítica foi definida como a amostra de enzima que formava

produtos TCA solúveis suficientes para dar uma variação de ab-

sorbância de 0,1 a 420 nm em 4 horas de incubação a 37ºC.

3.8. CULTURA DE Streptococcus mutans

As células de S. mutans cepa 6715-12 (gentilmente cedi-

da pelo Dr. CÍCERO C. FREITAS, Universidade Federal Fluminense,

Niterói, RJ) eram cultivadas em meio Bacto Peptona líquido, cons-

tituído de: 1 g de Bacto Peptona, 1 g de Extrato de levedura,

0,5 g de NaC1 em um volume final de 100 ml.

A viabilidade dessas células era testada por diluição

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39

adequada da cultura líquida sendo posteriormente espalhada uma

alíquota em placa de Petri contendo meio Bacto Peptona, acres-

cido de 1,5% de agar (meio sólido), e contado o número de uni-

dades formadoras de colônicas 24 horas após incubação a 37ºC.

3.9. INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS E COLETAS DE HEMOLINFA

No estudo sobre o sistema imunológico humoral de R.

prolixus foram utilizados adultos (machos e fêmeas, em jejum

por 7-12 dias após a última muda. Com auxílio de uma microsse-

ringa (Hamilton, 10 µ l), era inoculado no tórax 1 µl de meio

de cultura Bacto Peptona, contendo fase estacionária de cres-

cimento de S. mutans (106 células viáveis/inseto). Os inóculos

de 103 células foram obtidos por diluição da cultura em meio

estéril (1:1000) e, aqueles constituídos de 109 células/inseto,

a cultura foi centrifugada (15000 g por 10 minutos), desprezan-

do-se parte do sobrenadante, tendo sido as células ressupendi-

das em volume adequado do meio de cultura Os insetos do grupo

c o n t r o l e receberam 1 µl do meio e s t é r i l .

Um dia após a inoculação, os insetos foram alimenta-

dos com sangue de ovelha. Em diferentes períodos após a alimen-

tação, as patas foram cortadas, sendo a hemolinfa coletada em

microcapilar calibrado e colocada em tubos Eppendorf contendo

alguns cristais de feniltiocarbamida. A hemolinfa foi centrifu-

gada a 15000 g por 5 minutos, sendo posteriormente recolhido o

sobrenadante e f o i mant ido a -20ºC até o uso.

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40

3.10. ENSAIO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

A atividade antibacteriana de hemolinfa de R. prolixus

foi ensaiada em meio de cultura de S. mutans em fase exponen-

cial de crescimento. Mantidos nesta condição a 4ºC, 3 ml do meio

que continha aproximadamente 1 X 108 células viáveis/ml cuja a

leitura da absorbância era de 0,15 a 0,20 a 540 nm, sendo pre-

viamente aquecido a 37ºC por 10 minutos e adicionados 25 µl

(0,7 mg de proteína) da amostra de hemolinfa. Após agitação em

vórtex, a mistura foi incubada a 37ºC tendo sido acompanhado o

crescimento celular pela absorbância medida a 540 nm em diferen-

tes tempos de incubação.

A atividade antibacteriana foi expressa pela leitura

da absorbância ou pelo percentual relativo da atividade antibac-

teriana comparada com a atividade da hemolinfa dos insetos do

grupo c o n t r o l e .

3.11. ENSAIO DA ATIVIDADE DE LISOZIMA

Esta atividade foi medida pela adaptação do método de

POWNING & DAVlDSON (1973). A lisozima (0,8 mg), ou hemolinfa

de insetos vacinados com S. mutans (0,3 mg de proteínas), era

adicionada a paredes celulares purificadas de Micrococcus

lysodeikticus (0,3 mg) suspendido em 1 ml de tampão fosfato

0,01M, NaC1 0,15M, pH 7,0. Após 30 minutos de incubação a 30ºC,

o grau de digestão das células era observado por variação de

absorbância a 450 nm.

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41

3.12. INDUÇÃO DA PROTEÇÃO CONTRA S. mutans

Com a finalidade de obter-se informação sobre uma pos-

sível proteção, in vivo induzida por inoculação prévia de S.

mutans, foram usados grupos de 90 insetos adultos que recebe-

ram 106 células em 1 µl do meio de cultura. O grupo controle,

constituído também de grupos de 90 insetos, receberam um inócu-

lo de 1 µl do meio de cultura Bacto Peptona. Decorridos dife-

rentes intervalos, após essa primeira inoculação, 10-15 inse-

tos de cada grupo foram reinoculados com 1 µl do meio de cultu-

ra contendo 109 células. A mortalidade de cada grupo foi obser-

vada 24 horas após o segundo i n ó c u l o .

3 .13. PREPARO DAS RESINAS CROMATOGRÁFICAS

3.13.1. Preparo da resina de Biogel P-6 e Biogel A0, 5m

Na cromatografia de exclusão molecular, as resinas de

Biogel P-6 (poder de resolução de 1000 a 6000 daltons) e de

Biogel A 0,5m (poder de resolução de 10000 a 250000 daltons)

foram suspensas por 24 horas em um volume suficiente de tampão

Na2HP04 0,01M, NaC1 0,15M, pH 6,0. Após esse tempo, procedia-se

se à deaeração por aspiração com pressão reduzida para ambos

os géis. A percolação das resinas foi feita utilizando-se o

mesmo tampão.

3 . 1 3 . 2 . Preparo da res ina de SP-Sephadex C50

Neste caso a resina foi preparada por suspensão em vo-

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42

lume suficiente do tampão Na2HP04 0,01M, NaCl 0,05M, pH 6,0 por

48 horas. Após várias lavagens com o mesmo tampão, procedia-se

à deaeração por aspiração com pressão reduzida. A percolação

fo i f e i t a u t i l i z a n d o - s e o mesmo tampão.

3.14. DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS

A concentração de proteínas nas diferentes amostras

foi determinada pela técnica de Coomassie blue descrita por

SPECTOR (1981) utilizando BSA como padrão. Em algumas experiên-

cias determinaram-se as concentrações de proteínas pela absor-

bância a 280 nm.

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4. RESULTADOS

4.1. ESTUDO SOBRE SUBSTÂNCIAS INIBIDORAS DA ALIMENTAÇÃO

4.1.1. Efeito de prococeno II e análogos sobre a alimenta-

ção

No estudo do efeito de precoceno e análogos sobre a

alimentação de Rhodnius prolixus, foi observado que, dependen-

do da substância utilizada, ocorria diferentes graus de inibi-

ção da ingestão do alimento. Na figura 5, está demonstrado que

os grupos de ninfas de 4º estádio expostos as dietas que con-

tinham cromano de precoceno II, etoxiprecoceno II e precoceno

I, nas concentrações de 10, 30, 60 e 100 µg dos compostos por

ml de sangue, não ocorreu uma forte diminuição da quantidade

de alimento ingerido. Conforme pode ser notado, somente o pre-

coceno I I induz iu um f o r t e e f e i t o " a n t i f e e d a n t " ( f i g u r a 5) .

A tabela 1 mostra que as doses efetivas (DE50) "anti-

feedant" do cromano de precoceno II, etoxiprecoceno II e pre-

coceno I foram muito maiores (acima de 140 µg/ml) do que a do-

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44

Figura 5 - Inibição da alimentação (efeito "antifeedant")

por precocenos e a análogos adicionais à dieta

de 4º estádio de Rhodnius prolixus. Cromano deprecoceno II ; precoceno I ;

precoceno II ; etoxiprecoceno ;

precoceno II em dieta artificial.

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45

se de precoceno II (48 µ g/ml). Foi também observada a ativida-

de "antifeedant" na dieta artificial que continha as mesmas con-

centrações de precoceno II testadas no sangue. Nesse caso, a

DE50 de 43 µg/ml da dieta foi semelhante à observada na ali-

mentação em que se adicionava precoceno II ao sangue (DE50 de

48 µ / m l , f i g u r a 5, t abe la 1 ) .

A possibilidade da atividade "antifeedant" do preco-

ceno II em R. prolixus ser inibida pelo ATP (potente fagoesti-

mulante desse inseto) foi testada em grupos de 20-30 insetos,

que foram expostos a dieta artificial que continha 50 µg de

precoceno ll/ml e ATP nas concentrações que variaram de 30 a

3000 µM. Na tabela 2, pode ser observado que a redução da quan-

tidade de alimento ingerido induzida pelo acréscimo de precoce-

no II à dieta não foi dependente da concentração do fagoesti-

mulante tes tado .

4.1.2 Efeito de azadirachtina A, azadirachtina B e 7-ace-

t i l a z a d i r a c h t i n a A sobre a a l imentação

Na alimentação de grupos constituídos de 20-30 insetos

de 4º estádio de R. prolixus com amostras de sangue acrescidas

de azadirachtina A, azadirachtina B ou 7-acetilazadirachtina

A, foi observado que essas substâncias promoveram a inibição

da ingestão do alimento proporcionalmente ao aumento da concen-

tração dos compostos (figura 6). A tabela 3 demonstra que as

doses efetivas (DE50) obtidas para os diferentes compostos e

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46

Tabela 1 - Inibição da alimentação de 4º estádio de

Rhodnius prolixus induzida por precocenos e

análogos.

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47

Tabela 2 - Efeito de ATP sobre a inibição da alimenta-

ção de 4º estádio de Rhodnius prolixus in-

duzida por precoceno II adicionado à dieta

artificial.

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28

Figura 6 - Efeito de azadirachtina A, azadirachtina B e

7-acetil-azadirachtina A adicionada à dieta de

4º estádio de Rhodnius prolixus. Azadirachtina

A ; azadi racht ina B ; 7-acet i l -aza-

dirachtina A .

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49

Tabela 3 - Inibição da alimentação de 4º estádio de

Rhodnius prolixus induzida por azadira-

chtina A, azadirachtina B e 7-acetil-aza-

dirachtina A.

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50

da azadirachtina A adicionada à dieta artificial não apresenta-

ram d i f e renças s i g n i f i c a t i v a s na i n i b i ç ã o da a l imen tação .

O mecanismo da atividade "antifeedant" foi testada pe-

la presença de ATP acrescentado à dieta artificial contendo

azadirachtina A. A tabela 4 mostra que a ingestão da dieta é

reduzida pela adição de azadirachitina A nas concentrações de

25 a 50 µg/ml. O acréscimo de ATP à dieta (30 a 3000 µM), man-

tendo-se as concentrações de azadirachtina A constantes, cau-

sou um aumento da ingestão da alimentação artificial (tabela

4).

4.2. ESTUDO SOBRE O SISTEMA HEMOLÍTICO DO INTESTINO MÉDIO

Com a finalidade de esclarecer melhor a homólise no

tubo digestivo de R. prolixus, foi realizado um estudo sobre a

poss íve l e x i s t ê n c i a de um agente responsável pelo processo.

4 .2 .1 . Ev idênc ias de um f a t o r h e m o l í t i c o no promesentero

Para evidenciar a presença de um fator hemolítico, fo-

ram testadas amostras do conteúdo de promesentero, homogenatos

de parede "estomacal" ou tecido gorduroso bem como de hemolin-

fa para ensaios in vitro, foram observadas também amostras de

promesentero com a finalidade de esclarecer a possibilidade

do processo hemolítico estar implicado com as enzimas proteoli-

tícas existentes nessa região do tubo digestivo. Nesses ensaios

foram utilizadas ninfas de 5º estádio dissecadas no 3º e 16º

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51

Tabela 4 - Efeito da concentração de ATP sobre a ini-

bição da alimentação induzida por azadira-

chtina A adicionada à dieta artificial de 4º

estádio de Rhodnias prolixus.

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52

dias após a a l imentação com sangue de ove lha .

Foi observado que no 16º dia, quando a atividade ca-

seinolítica estava aumentada, o homogenato de posmesentero não

induzia hemólise em eritrócitos lavados de ovelhas e mantidos

em solução isotônica. Porém, a atividade hemolítica foi encon-

trada no 3º dia após a alimentação no lúmen "estomacal" (pro-

mesentero) não tendo sido associada com a parede do órgão (ta-

bela 5). No 3º dia após a alimentação, o tecido e hemolinfa de

30 ninfas de 5º estádio foram ensaiados para a atividade hemo-

Iítica, de maneira similar à adotada para o conteúdo do prome-

sentero. Conforme está demonstrado na tabela 5, não foi eviden-

ciada atividade hemolítica nas amostras, excluindo assim a pos-

sibilidade da contaminação por hemolinfa ou tecido gorduroso

que pudessem inadvertidamente ter sido recolhidos juntamente

com o promesentero. Essas observações demonstraram a presença

de um f a t o r h e m o l í t i c o no lúmen do promesentero.

4 .2 .2 . Padronização das condições do ensaio h e m o l í t i c o

a) Efeito de pH e temperatura: No 3º dia após a ali-

mentação, foram obtidos os conteúdos "estomacais" de 5º está-

dio, e determinadas as condições ótimas do ensaio da atividade

hemolítica. Essa atividade apresentou pH ótimo em torno de 7,3

(figura 7), sendo que a temperatura ótima foi de 37ºC, com rá-

pido declínio de hemólise em temperatura acima e abaixo dessa

f a i x a ( f i g u r a 8) .

b) Linearidade do processo de ensaio: Esta cinética

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53

Tabela 5 - Observação da atividade hemolítica e proteolí-

tica de amostras de promesentero (lúmen ou ho-

mogenado de parede), homogenado de posmesente-

ro, tecido adiposo e hemolinfa de 5º estádio

de Rhodnius prolixus no 3º e 16º dias após ali-

mentação. Ensaios realizados com 10 mg de pro-

teína das amostras e 2 horas de incubação.

*Uma unidade proteolítica foi definida como a atividade

enzimática sobre azocaseína que causa uma variação de ab-

sorbância de 0,1 em 420 nm após 4 horas de incubação a

37ºC.

ND - não determinado

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54

Figura 7 - Efeito do pH na atividade hemolítica de conteúdo

do promesentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus,

em um meio de incubação consistindo de Na2HPO40,01M, NaCI 0,15M, CaCI2 0,45mM e uma concen-

tração definida de eritrócitos (ver métodos). O

pH foi ajustado com HCI. A concentração final de

proteínas da preparação bruta foi de 20 mg/ml. A

incubação se efetuou a 37ºC por 4 horas. Cada pon-

to representa a média de duas determinações.

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55

Figura 8 - Efeito da temperatura na atividade hemolítica de

conteúdo de promesentero de 5º estádio de Rhodnius

prolixus, em meio de incubação padrão (veja Fig.

7). A concentração final de proteínas da prepara-

ção bruta foi de 20 mg/ml. A incubação se efetuou

a 37ºC por 4 horas. Cada ponto representa a média

de duas determinações.

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56

foi determinada pela variação do conteúdo "estomacal" adicio-

nado ao meio de incubação (mg de proteína/ml) em relação a uma

concentração estabelecida de eritrócitos (figura 9) e pela va-

riação do tempo de incubação (figura 10). Dessas observações

concluiu-se que o processo é linear até 20 mg de proteínas/ml

da preparação e por um tempo de 4 horas de incubação a 37ºC em

pH 7,3.

c) Estabilidade: Um estudo preliminar da estabilidade

do fator hemolítico indicou que a sua atividade permanecia inal-

terada por, pelo menos dois meses quando a preparação bruta do

conteúdo do promesentero, era guardada a -20ºC. A 4ºC a estabi-

lidade foi mantida por 12 horas. Além disso, o fator hemolíti-

co não foi alterado quando incubado a 27ºC por, pelo menos, 5

horas.

4 .2 .3 . A t i v i d a d e h e m o l í t i c a em n i n f a s e adu l tos

A atividade hemolítica do conteúdo "estomacal" pôde

ser detectada em todos os estádios ninfais e adultos de S.

prolixus (tabela 6), quando os insetos foram alimentados com

sangue de ovelha e dissecados para obtenção dos promesenteros en-

tre o 2º e o 3º dias após a alimentação. Embora tenham sido pa-

dronizadas as condições de ensaio hemolítico com 20 mg de pro-

teínas do conteúdo "estomacal" por ml do meio de incubação e

mantida a temperatura de 37ºC por 2 horas para todos os está-

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57

Figura 9 - Efeito da variação da quantidade de proteína de

promesentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus

na atividade hemolítica. Meio de incubação pa-

drão (veja Fig. 7). A quantidade de proteína

acrescentada está expressa em mg/ml da mistura da

incubação. Os ensaios foram realizados a 37ºC por

4 horas. Cada ponto representa a média de duas

determinações.

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Figura 10 - Curso temporal da hemólise de conteúdo de prome-

sentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus em

um meio de incubação padrão (veja Fig. 7). A con-

centração de proteína da preparação bruta adi-

cionada foi de 20 mg/ml da mistura de incubação.

Os ensaios foram efetuados a 37ºC. Cada ponto

representa a média de duas determinações.

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59

Tabela 6 - Observação da atividade hemolítica de amos-

tras de promesentero obtidas de ninfas e a-

dultos de Rhodnius prolixus no 2º e 3º dia

após a alimentação. Ensaios realizados com

amostras de 20 mg de proteínas e 2 horas de

incubação.

* Amostras de no mínimo se i s i n s e t o s .

* * Média ± E. P. de c i nco d e t e r m i n a ç õ e s .

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60

dios ninfais e adultos, foi observada grande variabilidade no

grau de hemólise entre os grupos. Enquanto houve pouca ativida-

de hemolítica nos promesenteros de 1º, 2º e 3º estádios, essa

atividade alcançou níveis significativamente maiores em 4º e

5º estádios e nos insetos adultos (p < 0,01, tabela 6).

4 .2 .4 . Aspecto temporal da secreção do f a t o r h e m o l í t i c o

Os grupos constituídos de seis ninfas de 5º estádio de

R. prolixus, mantidos em jejum por 20 dias após a última mu-

da, foram alimentados com sangue de ovelha para que fosse, pos-

teriormente, observado o aspecto temporal do aparecimento da

atividade hemolítica no conteúdo do promesentero. Em diferen-

tes dias após a alimentação, os insetos foram dissecados e as

atividades hemolíticas ensaiadas. Nos conteúdos "estomacais" ob-

tidos de insetos em jejum ou imediatamente após a alimentação,

as atividades hemolíticas não foram detectadas mas, poucas ho-

ras depois, aumentava rapidamente, mostrando-se máxima entre o

2º e 4º dia (figura 11). Após esse período, o nível hemolítico

diminuia gradualmente até o 12º dia quando atingia níveis se-

melhantes aos encontrados nos insetos em jejum, tornando-se

constante até à próxima alimentação. O modelo de lise dos eri-

trócitos in vivo segue o mesmo padrão da atividade observada

in vitro, ou seja, maiores níveis hemolíticos são encontrados

somente nos p r ime i r os dias após a a l imen tação .

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61

Figura 11 - Atividade hemolítica do conteúdo de promesente-

ro de 5º estádio de Rhodnius prolixus em dife-

rentes períodos de tempo após a alimentação. Ca-

da ponto representa seis determinações (média

± E.P.). Ensaio feito com 0,1 ml da preparação

bruta e 2 horas de incubação.

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62

4 .2 .5 . Frações sanguíneas e a t i v i d a d e h e m o l í t i c a

Com a finalidade de determinar se alguns componentes

do sangue poderiam induzir a produção ou liberação do fator he-

molítico no promesentero, grupos constituídos de cinco ninfas

de 5º estádio foram alimentados com sangue de ovelha, plasma,

eritrócitos lavados de ovelhas e ressuspendidos ao volume ori-

ginal em NaC1 0,15M, hemoglobina humana (15g/100 ml de plasma)

e estroma de eritrócitos de ovelhas em líquido de Tyrode (vo-

lume original). No 3º dia após a alimentação com essas dietas,

os insetos foram dissecados, determinando-se as atividades he-

molíticas dos diferentes grupos. Na tabela 7 pode ser observa-

do que a atividade hemolítica estava associada à alimentação do

inseto com sangue total, eritrócitos intactos ou hemoglobina,

tendo sido o grau hemolítico semelhante entre os dois últimos

grupos, enquanto nos demais não houve indução da atividade he-

m o l í t i c a no conteúdo "es tomaca l " .

4 .2 .6 . P u r i f i c a ç ã o do f a t o r h e m o l í t i c o

O estudo da purificação do fator hemolítico foi abor-

dado visando à posterior caracterização bioquímica do fator.

a) Gel-filtração em coluna de Biogel P-6: Inicialmen-

te, a preparação bruta do conteudo "estomacal" foi submetida a

gel-filtração em coluna de Biogel P-6 (coluna de 1 X 17 cm). Na

figura 12 está demonstrado um fracionamento obtido por esse

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63

Tabela 7 - Efeito da composição do alimento, sobre a

atividade hemolítica de promesentero de 5º

estádio de Rhodnius prolixus no 3º dia após

alimentação. Ensaios realizados com amostras

do conteúdo de promesentero de 20 mg de pro-

teína e 2 horas de incubação.

* Média ± E.P. de cinco de terminações.

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64

Figura 12 - Gel-filtração em Biogel P-6 do conteúdo de prome-

sentero de 5º estádio de Rhodnius prolixus; fra-

cionamento do fator hemolítico. Condições: coluna

1 X 17 cm, empacotada com gel e equilibrada com

tampão fosfato 0,01M, NaCl 0,1M pH 6,0. Amostra:

2 ml da preparação bruta. Eluição: mesmo tampão

de equilíbrio; frações de 1 ml coletadas a um flu-

xo de 16 m l /h .

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65

processo. Pode ser observado um pico largo de proteína eluído

com Na2HP04 0,01M, NaC1 0,015M, pH 6,0, que corresponde ao pico

de hemoglobina e outros componentes de pesos moleculares ele-

vados, o qual foi desprovido de atividade hemolítica. O fator

hemolítico foi eluído nas frações correspondentes a um volume

de e l u i ç ã o de 35 a 50 ml amostra 1, f i g u r a 12).

b) Cromatografia em coluna de SP-Sephadex: Uma alíquo-

ta de 3 ml da amostra 1 após ser diluída para a concentração fi-

nal de 100 µg proteína/ml em Na2HP04 0,01M, NaC1 0,05M, pH

6,0, foi aplicada a uma coluna preparada com SP-Sephadex C-50

(0,5 X 6,0 cm), equilibrada com o mesmo tampão e com o fluxo

ajustado para 76 ml/h/cm2. Após a lavagem da coluna com três

volumes do tampão de equilíbrio para remoção de material não

absorvido, o fator hemolítico foi eluído com Na2HP04 0,01M,

NaC1 0,1M, pH 6,0, em frações de 1,0 ml. A figura 13 ilustra

esses resultados. Para posterior caracterização do fator hemo-

Iítico, as frações ativas foram combinadas (amostra 2) e, pos-

teriormente, utilizadas. Na tabela 8 estão sumarizados os re-

sultados dos procedimentos de purificação do fator hemolítico,

sendo que foram obtidas purificações nas etapas de gel-filtra-

ção e cromatografia de troca iônica de, respectivamente, 200 e

1200 vezes, com a l t o rendimento 73%).

4 . 2 .7 . Ca rac te r i zação química do f a t o r h e m o l í t i c o

Alguns experimentos foram feitos com a finalidade de

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66

Figura 13 - Cromatografia em coluna de SP-Sephadex C-50 da

amostra 1. Condições: coluna 0,5 X 6 cm equili-

brada com tampão fosfato 0,01M, NaCI 0,05M,

pH 6,0. Amostra: alíquota da amostra 1 diluída

(100 µg de proteína/ml de tampão fosfato). Elui-

ção após a lavagem da coluna com tampão de e-

quilíbrio, o fator hemolítico foi eluído com

tampão fosfato 0,01M, NaCl 0,1M, pH 6,0. Fra-

ções de 1 ml foram coletadas e um fluxo de 76

ml/h/cm2.

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67

Tabela 8 - Purificação do fator hemolítico de promesentero de

5º estádio de Rhodnius prolixus.

*Este percentual foi calculado como se amostra 1 tivesse sido toda purificada.

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68

se obter informações sobre a natureza química do fator hemolí-

tico. A amostra da preparaçäo bruta "estomacal" ou do fator

hemolítico purificado (amostra 2) foi submetida a diferentes

tratamentos e comparada aos tubos controles, não tratados e

mantidos em idênticas condições. Nesses ensaios, as atividades

h e m o l í t i c a s foram sempre est imadas em d u p l i c a t a s .

O fator hemolítico purificado (1 ml da amostra 2) foi

submetido a diálise em membrana com poros para 10000 daltons,

contra 1 litro de Na2HP04 0,01M, NaC1 0,15M, pH 0,6, por 18

horas a 4ºC, tendo sido renovado uma vez o tampão fosfato. O

tubo de diálise foi submetido a rotação em plano horizontal pe-

la utilização de um agitador magnético. Foi feito controle man-

tendo a amostra 2 a 4ºC por 18 horas tendo sido constatado que

nestas condições não ocorreu perda da atividade hemolítica, en-

quanto que na amostra submetida à diálise o fator não foi recu-

perado. O fator hemolítico foi estável quando submetido a amos-

tra 2 em tampão Na2HP04 0,01M, NaC1 O,15M, pH 7,3, a 100ºC por

10 minutos. Após a adição de etanol a frio (concentração final

de 70%) à amostra 2, a mistura foi centrifugada e o sobrenadan-

te aquecido a 50ºC até a eliminação do álcool. A incubação de

eritrócitos com a amostra assim tratada resultou na completa re-

cuperação da atividade hemolítica no sobrenadante alcoólico. A

preparação bruta "estomacal" constituída de 20 mg de proteína/

ml foi tratada com tripsina (1 mg/ml) a 37ºC por 2 horas, ten-

do sido a reação parada pela adição de SBTI (1 mg/ml). Após a

incubação da mistura com a suspensão de eritrócitos foi obser-

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69

vada uma inativação de 85% da atividade hemolítica. Foram fei-

tos controles com SBTI acrescentado à amostra 2 (sem tripsi-

na), e incubado com hemácias nas condições anteriores. Nesse

caso não ocorreu inibição da hemólise. Também foi observado que

a incubação de tripsina e SBTI, nas concentrações testadas, di-

retamente com hemácias de ovelha, não resultou em hemólise. Es-

ses resu l tados estão sumarizados na tabe la 9.

4.3 ESTUDO SOBRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO HUMORAL

Com a finalidade de estudar o sistema imunológico hu-

moral de R. prolixus, foi realizada uma série de experiências.

4.3.1. Evidenciação da proteção contra Streptococus mutans

in vivo:

Testes preliminares mostraram que a inoculação de 109

células de S. mutans em adultos de R. prolixus induziu em 24 ho-

ras alta mortalidade (aproximadamente 90%). Na figura 14, está

demonstrado que no grupo de insetos que havia sido previamente

inoculado com o meio de cultura, estéril, uma alta mortalidade

era também observada após a inoculação de 109 bactérias. Na ino-

culação dessa concentração celular em adultos que tinham rece-

bido, previamente, injeção com 106 células de S. mutans, foi

observado que a percentagem de mortalidade variava com o tempo

decorrido após a primeira inoculação. Pode ser claramente ob-

servado que, nesse grupo, ocorria a indução da proteção, já no

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70

Tabela 9 - E f e i t o s de d i f e r e n t e s t ra tamen tos de amostras da

preparação bruta da purificada (amostra 2) do fa-

tor hemolítico.

* Ver Métodos. * * M i s t u r a de amostras p u r i f i c a d a s (ver métodos)

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71

Figura 14 - Observação da mortalidade de adultos de Rhodnius

prolixus inoculados com 109 células de Streptococcus

mutans, em função do tempo decorrido após a inocu-

lação primária de 106 células. Cada ponto represen-

ta a média de 10-15 insetos observados 24 horas a-

pós a ínoculação secundária (109 células). Insetos

imunizados ; Insetos controles que receberam

uma inoculação primária de 1µl do meio Bacto Pep-

tona em substituição à injeção de 106 células de

S. mutans .

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72

3º dia após o inóculo primário. O pico máximo da atividade pro-

tetora foi atingido no 5º dia após a inoculação de 106 células

e a percentagem de sobrevivência foi mantida até o 7º dia. A

partir desse dia a mortalidade aumentou, gradualmente, alcan-

çando os va lo res do grupo c o n t r o l e , 1 1 dias após a imunização.

4.3.2. Evidência da atividade antibacteriana em hemolin-

fa l i v r e de hemócitos

A indução da atividade antibacteriana pôde ser obser-

vada na hemolinfa de insetos injetados com 106 células de S.

mutans, quando testada a hemolinfa coletada cinco dias após a

inoculação da bactéria no inseto. O lote controle (hemolinfa ob-

tida de insetos injetados com o meio de cultura puro) não apre-

sentou efeito algum sobre o crescimento da bactéria (figura 15).

O modelo de curva mostrado na figura 15 foi observado indepen-

dentemente do sexo dos insetos adultos utilizados. Normalmente,

após 5 horas de incubação a 37ºC, o crescimento da bactéria

era r e s t a b e l e c i d o nos t e s t e s do grupo e x p e r i m e n t a l .

No estudo sobre o efeito do fator antibacteriano so-

bre o crescimento e viabilidade, foi demonstrado que a incuba-

ção de células de S. mutans com hemolinfa ativa de R. prolixus

resultou em decréscimo da contagem de unidades formadoras de

colônias somente quando as bactérias se encontravam em fase

exponencial de crescimento. Nessa condição, ocorreu um decrés-

cimo de 1,1 X 108 para 5,4 X 105 unidades, o que indica a ação

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73

Figura 15 - Cinética da atividade antibacteriana de hemolinfa

de adultos de Rhodnius prolixus inoculados com

106 células de Streptococcus mutans. A hemolinfa

foi coletada no 5º dia após a inoculação e ensaia-

da em meio de cultura de Streptococcus mutans, con-

forme as condições descritas em Material e Méto-

dos. Grupos: controle ; imunizado .

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74

bactericida do fator (tabela 10). Por outro lado, se S. mutans

em fase estacionária era incubado com hemolinfa ativa, não ocor-

ria modificação do número de unidades formadoras de colônias,

ind icando a ausência de e f e i t o b a c t e r i c i d a .

4.3.3. Aparecimento da atividade antibacteriana na hemolin-

fa

A atividade antibacteriana foi investigada na hemolin-

fa de insetos adultos, que receberam inóculos de 103 (grupo I)

e 106 (grupo II) células de S. mutans, ou em insetos que rece-

beram somente inóculo do meio estéril (grupo III). Nesse expe-

rimento foram usados tubos que continham uma concentração pré-

determinada de células de S. mutans, em fase exponencial de cres-

cimento, a 37ºC, os quais foram acrescentadas amostras de he-

molinfa procedentes dos três grupos (padronizada a concentra-

ção final de 0,25 mg de proteínas/ml do meio de cultura para

todos os grupos). O desenvolvimento da bactéria, após 2 horas

de incubação a 37ºC, foi monitorada, e o resultado expresso co-

mo percentagem de a t i v i d a d e a n t i b a c t e r i a n a .

A figura 16 mostra as atividades encontradas nos gru-

pos I e II sendo, claramente, evidenciadas as diferenças entre

os insetos que receberam 103 células e os inoculados com 106

células. Embora nos grupos I e II alguma atividade antibacteria-

na tenha sido encontrada na hemolinfa, um dia após a inocula-

ção, a atividade aumentou, rapidamente, atingindo o máximo no

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Tabela 10 - Observação da atividade bacteriana de hemolinfa de

Rhodnius prolixus previamente inoculados com 106

células de Streptococcus mutans.

75

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76

Figura 16 - Indução da atividade antibacteriana em hemolinfa

de adultos de Rhodnius prolixus injetados com 103

e 1 0 6 c é l u l a s v i v a s d e

Streptococcus mutans. As amostras foram ensaia-

das em meio de cultura de Streptococcus mutans,

conforme descrito em Material e Métodos.

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77

5º e 6º dia, e então declinou gradualmente, desaparecendo no

12º dia após a inoculação com S. mutans. Nos insetos que rece-

beram meio estéril (grupo III), a atividade antibacteriana per-

maneceu nula.

4 .3 .4 . A t i v i d a d e a n t i b a c t e r i a n a e a t i v i d a d e de l i s o z i m a

No ensaio sobre a atividade de lisozima foi observa-

do que o S. mutans resistiu à ação Iítica dessa enzima sendo,

como esperado, a suspensão de Micrococcus lysodeikticus sen-

sível a essa ação enzimática (tabela II). Por outro lado, pôde

ser também observado que o fator antibacteriano de R. prolixus

não agiu sobre o substrato de lisozima (tabela II). Assim, foi

excluída a possibilidade do fator antibacteriano ter atividade

do t i p o l i s o z i m a .

4 .3 .5 . P u r i f i c a ç ã o p a r c i a l do f a t o r a n t i b a c t e r i a n o

Com a finalidade de purificar o fator responsável pe-

la atividade antibacteriana, hemolinfa obtida de insetos adul-

tos previamente inoculados com 106 células viáveis de S. mutans

foi submetida a gel-filtração em coluna de Biogel A 0,5m (1,25X

16 cm). Nas condições padronizadas, o fracionamento resultou

em um pequeno pico de 280 nm, correspondente a proteínas de al-

to peso molecular e sem atividade antibacteriana. Essa ativida-

de pôde ser eluída no segundo pico, cujas frações correspondiam

a proteínas de pesos moleculares menores, sendo o volume de

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78

Tabela 11 - Atividade antibacteriana de hemolinfa de Rhodnius

prolixus previamente inoculados com 106 células de

Streptococcus mutans e de lisozima sobre a parede

celular de Microcooccus lysodeikticus e Streptococcus mutans.

* Células ressuspendidas em tampão fosfato 0,01M NaCI 0,15M pH 7,0

**Células ressuspendidas em meio Bacto peptona líquido

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79

e l u i ç ã o deste p ico de 75 a 85 ml ( f i g u r a 17).

4 . 3 . 6 . Ca rac te r i zação química do f a t o r a n t i b a c t e r i a n o

A natureza química da atividade antibacteriana pôde

ser investigada por diferentes tratamentos de amostras de hemo-

linfa ativa (purificada ou não), obtidas de R. prolixus previa-

mente inoculados com 106 células de S. mutans. Sempre as ativi-

dades foram comparadas às informações preliminares com amostras

c o n t r o l e s não submetidas a t r a t amen to .

Foi observado que a atividade antibacteriana da hemo-

linfa de insetos imunizados demonstrou alto grau de estabilida-

de quando submetida a congelamento e descongelamento ou mantida

a temperatura ambiente (tabela 12). Foi também constatado que

a atividade da hemolinfa era mantida após um tratamento de 30

minutos a 60ºC, em tampão fosfato 0,01M, NaCI 0,15M pH 6,4. Na

mistura de frações com atividade antibacteriana (amostra A), ob-

tida após purificação em Biogel A 0,5m pôde ser observado que

o fator responsável pela atividade antibacteriana resistia a

100ºC por 10 minutos, pH 5,3, tendo sido recuperados 100% da

atividade no sobrenadante (centrifugado a 15000 g por 10 minu-

t o s ) .

Além disso, foi demonstrado que o fator antibacteriano

foi dializável quando a diálise era feita por 18 horas a 4ºC,

contra tampão fosfato 0,01M, NaC1 0,15M, em membrana de diáli-

se com poros para 12000 de peso molecular (tabela 12). Essa ati-

vidade, por outro lado, pôde ser destruída por tratamento com

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80

Figura 17 - Gel-filtração em Biogel A 0,5m de hemolinfa de adul-

tos de Rhodmius prolixus, coletada no 5º dia após

a inoculação de 106 células de Streptococcus mutans.

condições: coluna de 1,25 X 15 cm. empacotada com

o gel e equilibrada com tampão fosfato 0,01M, NaCl

0,15M, pH 6,4. Uma amostra de 40 mg de proteí-

nas/ml foi aplicada na coluna e eluída com o mes-

mo tampão de equilíbrio. Frações de 1,4 ml foram

coletadas a um fluxo de 16,8 ml/hora. As frações

foram ensaiadas em meio de cultura de Streptococcus

mutans para observação da atividade antibacteria-

na como descrito em Material e Métodos.

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81

Tabela 12 - Efeitos de diferentes tratamentos sobre o fator an-

tibacteriano da hemolinfa de Rhodnius prolixus.

* Ver Método.

** Mistura de amostra purificada ver figura 17.

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82

tripsina (20 mg proteína/ 1 mg tripsina) em tampão fosfato 0,01M,

NaC1, 0,15M, pH 7,3, em incubação de 30ºC por 30 minutos, ten-

do sido inibida a reação pela adição de 1 mg de SBTI/ml. Preli-

minarmente a esse experimento, foi constatado que o tratamento

de hemolinfa ativa sendo imediatamente acrescentada de tripsi-

na e SBTI, não inibia a atividade antibacteriana. Nas concen-

trações utilizadas, essas substâncias também não promoviam a

inibição do crescimento bacteriano quando adicionadas ao meio

de incubação.

Assim, como demonstra a tabela 12, nessas condições a

t r i p s i n a i n a t i v o u mais de 90% da a t i v i d a d e a n t i b a c t e r i a n a .

Esses dados sugerem que o fator antibacteriano seja

de natureza peptidica, com peso molecular baixo, provavelmente

menor que 12000 d a l t o n s .

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5. DISCUSSÃO

5.1. ATIVlDADES FAGOINIBIDORAS DE PRECOCENOS E AZADIRACHTINA

Neste trabalho, as observações com diferentes clas-

ses de compostos (cromenos e triterpenos) adicionados à dieta

de Rhodnius prolixus, resultaram em diferentes efeitos sobre

a ingestão do a l imen to .

Foi evidenciado que as mudanças na estrutura dos cro-

menos testados promovia um maior ou menor grau de inibição da

alimentação, sendo que somente o precoceno II induziu um for-

te efeito "antifeedant". Esses dados indicaram que os radi-

cais 6,7 dimetoxi, no grupamento 2,2 dimetil cromeno (PII). São

essenciais para a propriedade "antifeedant". Se um desses ra-

dicais é substituído por 7 etoxi (etoxi PII), ou H (PI), a a-

t i v i d a d e " a n t i f e e d a n t " é d im inu ída .

Na espécíe estudada não foi possível inibir a ação

do PII pelo aumento de ATP à dieta, o que indicou a possibili-

dade do PII agir não só como um verdadeiro fagoinibidor, mas

também, indiretamente, em conseqüência de sua elevada toxici-

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dade aos insetos. Sabe-se que, em concentrações altas, o pre-

coceno II induz grande mortalidade em R. prolixus (AZAMBUJA et

a l . , 1981a) .

Segundo SCHOONHOVEN (1982), as substâncias com proprie-

dades "antifeedant" podem ser ao mesmo tempo tóxicas, embora

muitos inibidores da alimentação não exerçam danos físiológi-

cos aos i n s e t o s .

A possibilidade de ser o PII um verdadeiro "antifeedant"

foi levantada em alguns trabalhos, mas o fato das espécies tes-

tadas serem de hábitos alimentares contínuos tornou controver-

tida essa questão entre os pesquisadores (SCHOONHOVEN, 1982).

Nesse caso, o efeito inibidor da alimentação é, geralmente, me-

dido indiretamente pela avaliação do ganho de peso corporal a

longo prazo, o que torna as conclusões sujeitas a erros. SLAMA

(1978) observou que, quando o PI era adicionado à dieta

Pyrrhocoris apterus, o composto inibia o crescimento, promoven-

do também uma alta percentagem de mortalidade dos insetos tra-

tados. Este mesmo autor demonstrou que o precoceno, tal como

Miristicina e Elemicina (dois potentes fagoinibidores), alterava

o ganho de peso corporal e ovipostura de fêmeas de Pyrrhocoris.

apterus e Dysdercus cingulatus. Em contraste, BOWERS & ALDRICH

(1980) observaram uma dessincronização de fêmeas adultas de

Oncopeltus fasciatus a se alimentarem, quando eram tratadas com

doses subtóxicas de PII. Entretanto, BOWERS 1981) demonstrou

que, em concentrações de PII que promoviam a esterilização, a

principal diferença de peso entre os O. fasciatus, normais e

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tratados com PII, era devido à inibição do desenvolvimento ova-

riano nos insetos alimentados com o composto, excluindo assim

a propriedade "antifeedant" do precoceno para a referida espé-

cie. Recentemente, foi reportado que o PII adicionado em altas

concentrações à dieta de R. prolixus, reduzia a quantidade de

sangue ingerido pelo inseto, sendo sugerido ser o PII um poten-

te "antifeedant" para R. prolixus (AZAMBUJA et al., 1981a).

Quando às características do PII, essa substância po-

de ser incluída na relação dos principais "antifeedant", como

os de anéis aromáticos metoxilados descritos por MUNAKATA (1975).

Neste trabalho, foi observada a inibição da alimenta-

ção induzida pelo PII e verificou-se que dose crescentes de ATP

na dieta não alteravam esse efeito. Alguns mecanismos de ação

de substâncias fagoinibidoras foram revisados por CHAPMAN (1974),

DETHIER (1982) e SCHOONHOVEN (1982), principalmente em insetos

fitófagos de importância econômica. Entretanto, algumas expli-

cações quanto ao mecanismo de ação do PII em R. prolixus podem

ser suger idas .

Se o precoceno agisse como um verdadeiro "antifeedant",

essa substância poderia modificar, de maneira reversível, a a-

tividade dos receptores a fagoestimulante, alterando assim o

sinal de reconhecimento do sistema nervoso central a presença

de ATP. DETHIER (1982) relatou que algumas substâncias extraí-

das de plantas, como o ácido tânico e certos alcalóides, ini-

bem os receptores de açúcar em certas espécies de insetos fitó-

fagos. É interessante notar que, da mesma maneira, um composto

purificado da árvore Ziziphus jujuba altera também a resposta

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do homem à percepção de sacarose (KENNEDY & HALPERN, 1980).

Uma explicação alternativa seria a possibilidade do

PII, agir pelo estímulo e/ou inibição de quimiorreceptores pou-

co específicos, promovendo um padrão mais complexo de ativida-

de celular, determinando um modelo de atividade multineural,

irregular, que codificaria a inibição do comportamento alimen-

t a r ao sistema nervoso c e n t r a l .

Alguns trabalhos de neurofisiologia, desenvolvidos em

larvas de Danaus plexippus, nos quais alguns compostos são a-

plicados na sensila galeal, indicaram que três ou mais células

responderam a 59% dos casos envolvidos na aplicação de um sim-

ples composto "antifeedant", e que uma resposta multicelular

era obtida em 100% dos casos na exposição de alimentos não a-

c e i t á v e i s pela c i t ada espéc ie (DETHIER, 1980).

Em alguns trabalhos tem sido demonstrada a toxicidade

tecidual de precoceno (BOWERS et al., 1976; BOWERS, 1981). Os

estudos, relacionados à biotransformação in vitro desse compos-

to, indicaram que 99% do precoceno foram metabolizados em dife-

rentes tecidos, especialmente no trato digestivo e no tecido

gorduroso onde, sabiamente, também ocorrem enzimas do tipo mo-

nooxigenase, capazes de epoxidar o precoceno, tornando-o cito-

t ó x i c o (BOWERS, 1980; SODERLUNO et a l . , 1980).

Baseado no estudo de preparação de oxidases do corpo

gorduroso e identificação dos metabólitos, SODERLUND et al.

(1980) propuseram um modelo de biotransformação oxidativa de

PII, tendo sido demonstrado, em tal estudo, que a transforma-

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ção de dióis variava entre 5 a 60 minutos, dependendo da linha-

gem de Trichoplusia ni utilizada como fonte enzimática.

A rápida metabolização do PII foi reportada por

SCHOONEVELD (1979) quando observou mudanças degenerativas das

células do corpus allatum, 90 minutos após o tratamento do in-

seto com PII. Assim, uma necrose rapidamente induzida pela a-

ção tóxica dos produtos de precocenos diretamente sobre os te-

cidos de R. prolixus principalmente no trato digestivo, pode-

r i a e x p l i c a r a d im inu ição da a l imen tação .

E sabido que a potência do PI, PII e etoxi PII, como

agentes antijuvenilizantes, varia dependendo do composto e da

sensibilidade do inseto (BOWERS, 1980), de forma que a diferen-

ça das atividades fagoinibidoras para o R. prolixus poderia ser

devida à especificidade das monooxigenases intestinais para o

PI.I.

O esc la rec imen to do mecanismo de s e l e t i v i d a d e do pre-

coceno, a nível dos tecidos ou do organismo inteiro, parece ser

a preocupação atual dos pesquisadores. SODERLUND et al. (1980),

utilizando ensaios in vitro para determinar a sensibilidade in-

trínseca de tecidos, tal como o corpus allatum de O. fasciatus,

ao PI, PII e etoxi PII, observaram que a potência dos precoce-

nos variava com o método de tratamento. A atividade anti-alla-

totrópica do PI, in vitro, era igual à de PII, sendo que in

vivo era 20 vezes menor. Dessa forma, SODERLUND et al. (1980)

sugeriram a presença de um ou mais mecanismos extra allatum,

que poderiam l i m i t a r a expressão i n t r í n s e c a dos precocenos.

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Por outro lado, o presente estudo também mostrou que

mudanças na estrutura dos triterpenos testados pela adição de

Aza A, Aza B ou 7-acetil Aza A no alimento de R. prolixus não

composto em Spodoptera frugiperda e Heliothis zea. Tem sido

alterava a inibição da alimentação. As evidências das DE50, se-

melhantes nos três compostos, não resultaram em uma significa-

t i v a perda no e f e i t o f a g o i n i b i d o r .

A inibição da alimentação promovida pela Aza A foi su-

gerida por GARCIA & REMBOLD (1984) como um efeito indireto des-

se composto, pela sua interferência sobre o sistema endócrino

de R. prolixus.

Entretanto, uma explicação alternativa, quanto ao me-

canismo de ação da Aza A como "antifeedant", seria pelo blo-

queio da atividade de quimiorreceptores que normalmente respon-

dem a fagoestimulantes (DETHIER, 1982) com poucas exceções, es-

te mecanismo pode ser revertido pelo aumento de fagoestimulan-

te (BERNAYS & CHAPMAN, 1978).

Assim as informações obtidas nesta etapa indicaram que

o efeito "antifeedant" promovido pela Aza A, possivelmente, es-

taria relacionado a quimiorreceptores da alimentação. Esta hi-

pótese foi suportada pela observação de que concentrações cres-

centes de ATP, adicionadas à dieta artificial que continha Aza

A, i n i b i r a m o e f e i t o " a n t i f e e d a n t " .

A atividade fagoinibidora do extrato de Azadirachta

indica foi observada em várias espécies de insetos. MCMILLAN

et al (1969) assinalaram a inibição da alimentação por esse

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também testada e verificada a diminuição do alimento ingerido

quando esse composto é adicionado a dieta de Schistocerca gregaria

(GILL & LEWIS, 1971) e Locusta migratoria (PRADHAN & JOTWANI,

1968).

Em S. gregaria, a concentração que causou inibição

da alimentação foi µg/1 (BUTTERWORTH & MORGAN, 1968). No pre-

sente estudo, foi observado que ocorria maior resistência de

R. prolixus a azadirachtina, sendo que a concentração efetiva

i n i b i t ó r i a obt ida fo i de µg/ml .

A azadirachtina não pode ser considerada um "antifeedant"

universal, pois não provoca alteração no comportamento alimen-

t a r de algumas espécies de inse tos (VIGNERON, 1978).

A questão dos quimiorreceptores responsáveis pelo es-

tímulo ou inibição da alimentação tem sido amplamente estuda-

da em várias espécies de insetos fitófagos. Têm sido reporta-

dos receptores sensíveis a "antifeedant" ocorrendo na sensila

estilocomica maxilar e epifaringe de larvas de lepidoptera

(ISHIKAWA et al., 1969; SCHOONHOVEN, 1969). Em Bombyx mori,

um receptor localizado na maxila responde a vários alcalóides,

que agem como inibidores da alimentação (ISHIKAWA, 1966). Lar-

va de Pieris brassicae, bem como de várias outras espécies,

também possuem um ou mais receptores de "antifeedant"

(SCHOONHOVEN, 1973, 1982).

Em S. gregaria e L. migratoria, HASKELL & SCHOONHOVEN

(1969) demonstraram a existência de uma célula especializada

que respondia à presença de azadirachtina. Entretanto, BLANEY

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(1980) observou que insetos com uma variedade enorme de célu-

las quimiorreceptoras (cerca de 15000), tal como a L. migratoria,

não produz um modelo de atividade nervosa simples na presença

de um único " a n t i f e e d a n t " .

Com base nas extensivas investigações dos diferentes

mecanismos que envolvem a percepção de compostos "antifeedant"

pelos insetos, a nível sensorial, tem sido demonstrado que os

sistemas de receptores de diferentes espécies, embora possuam

morfologia idêntica, são consideravelmente diferentes no sen-

tido fisiológicos (SCHOOCHOVEN, 1982). Aparentemente, não exis-

tem duas espécies com sistemas sensoriais idênticos fisiologi-

camente (SCHOONHOVEN, 1973; 1 9 8 2 ) .

Poucos trabalhos têm levantado a questão quanto à

substância com atividade fagoinibidora para insetos hematófa-

gos. Dentre eles destacam-se o trabalho de SALAMA (1966), que

reportou a rejeição de dietas que continham álcoois (butanol

e pentanol) por Aedes aegypti e R. prolixus e de GALUN et al.

(1969), que observaram que o metilfenildiazarecarboxilato ini-

bia a alimentação de Ornithodoros tholozani, Glossina austeni,

A. aegypti e Culex molestus.

Em estudo eletrofisiológico mais detalhado, associa-

do à morfologia de R. prolixus, PINET et al. (1969) observa-

ram células sensoriais bipolares, localizadas na estrutura

de inervação do estiletes maxilares e mandibulares. Na estru-

tura maxilar, esses autores encontraram receptores que eram

sensíveis a variações de umidade do ar. BERNARD et al. (1970)

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também observaram alterações elétricas nessas estruturas em

Triatoma infestans, quando submetidos a estímulos térmicos.

Em R. prolixus, FRIEND & SMITH (1971a; 1971b) avalia-

ram e correlacionaram as mudanças da resistência elétrica en-

tre o inseto e a dieta, na presença, ou ausência, do fagoesti-

mulante ATP, com as fases de degustação e ingestão do alimen-

to. Entretanto, esses estudos eletrofisiológicos são ainda

preliminares para se avaliar e caracterizar a sensibilidade

dos receptores (localizados nos estiletes mandibulares e maxi-

l a r e s ) a f a g o e s t i m u l a n t e s e " a n t i f e e d a n t " .

5.2 INDUÇÃO DA ATIVIDADE HEMOLÍTICA

No presente trabalho, foi demonstrado a presença de

um fator hemolítico no intestino médio de ninfas de adultos

de R. prolixus.

Na literatura, poucos são os trabalhos que abordam a

questão da existência de fatores que seriam responsáveis pelo

processo h e m o l í t i c o de i n s e t o s hematófagos (GOODING, 1977).

GOODING (1977), em Glossina morsitans, e SPATES &

DELOACH (1980), em Stomoxys calcitrans, observaram que as a-

mostras de homogenados intestinais apresentavam níveis altos

de atividade hemolítica para eritrócitos lavados e incubados

em soluções isotônicas, somente se os insetos eram, previamen-

te, alimentados com sangue total. Entretanto, se os insetos

fossem alimentados com outras dietas, como plasma e estroma

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de eritrócitos, os níveis de atividade hemolítica eram mais

baixos.

Esses dados estão de acordo com os encontrados neste

trabalho, pois em R. prolixus também pôde ser demonstrada a

relação da atividade hemolítica com a dieta ingerida. Nessa

espécie, os resultados sugerem que o estímulo da produção de

hemolisina estaria associado ao conteúdo de eritrócitos, tal

como, provavelmente, nas outras espécies hematófagas. Esse a-

chado exclui a possibilidade de, em R. prolixus, a distensão

abdominal ser reguladora do processo hemolítico, entretanto,

nada se pode ainda concluir sobre a natureza química do estí-

lo.

Tem sido reportado na literatura que as hemolisinas

de insetos hematófagos estão distribuídas na porção posterior

do intestino médio onde, sabidamente, se encontram as enzimas

proteolíticas (GEERING, 1975; GOODING, 1977; SPATES & DELOACH,

1980). Em alguns casos, os resultados obtidos de tratamento

dos homogenados ativos com tripsina, ou inibidor de tripsina,

sugerem que as proteases estariam envolvidas no processo hemo-

lítico (SPATES & DELOACH, 1980).

Em R. prolixus, um exame mais detalhado do apareci-

mento do fator revelou que a atividade hemolítica era mínima

nos insetos em jejum e atingia níveis máximos 2 a 4 dias após

a alimentação com sangue. Nessa espécie, o agente hemolítico

foi encontrado no lúmen da região anterior do intestino médio

("estômago" ou promesentero), mas não na parede do órgão ou

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na porção posterior do intestino médio (intestino ou posmesen-

tero). Nesse trabalho, o fato da distribuição da hemolisina

ser restrita ao lúmen do promesentero, concorda com os acha-

dos de WIGGLESWORTH (1943) e PICK (1951, 1953), quando obser-

varam a presença de cristais de hemoglobina livres no "estô-

mago" de R. prolixus. Nessa espécie, é possível que a hemoli-

sina seja secretada da parede do promesentero imediatamente

após a sua síntese, ou que seja ativada no lúmen do órgão. .

Alguns agentes conhecidamente hemolíticos têm sido

purificados e caracterizados de estádios larvares, ou insetos

adultos, que não exercem o hematofagismo. Dentre esses agen-

tes, destacam-se as fosfolipases, que hidrolisam fosfolipí-

dios, formando lisocompostos e ácidos graxos livres (SCHMIDT,

1982). Enzimas do tipo fosfolipase foram encontradas em homo-

genados totais de larvas de Culex pipiens fatigans, Aedes aegypti

e Anopheles stephensis (HANUMANTHA-RAO & SUBRAHMANYAN, 1969a;

1969b; 1970).

A caracterização de fatores hemolíticos de insetos

hematófagos têm sido restrita a poucas espécies.

Em A. aegypti, GEERING (1975) demonstrou uma ativi-

dade hemolítica em intestino das formas adultas tendo o autor

sugerido a participação de fosfolipases no processo digesti-

vo dessa espécie.

Em S. calcitrans, SPATES & DELOACH (1981) observaram

atividade hemolítica somente em extrato lipídico obtido de ho-

mogenado de intestino médio. Posteriormente, foi caracteriza-

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do, por cromatografia em camada fina, que a hemólise nessa es-

pécie seria produzida por ácidos graxos livres, que estariam

presentes em altas concentrações no intestino médio (SPATES et

a l . , 1982).

GOODING (1977), estudando hemolisina de G. morsitans.

sugeriu, pelo tratamento dos insetos com puromicina, que esse

fator seria de natureza proteica. Em estudo preliminar, demons-

trou que o fator era inativado por fervura e que não passava

at ravés de membrana de d i á l i s e .

Neste trabalho, em R. prolixus, alguns experimentos

preliminares excluíram a possibilidade de o fator hemolítico a-

gir como uma enzima do tipo fosfolipase pois a pré-incubação de

lecitina com conteúdo "estomacal" não resultou em aumento da

atividade hemolítica quando hemácias lavadas eram incubadas

com as amostras. Também pôde ser constatado que a amostra puri-

ficada do fator hemolítico, pré-incubada com lecitina e anali-

sada em c roma tog ra f i a de camada f i n a , não r e s u l t o u na formação

de l i s o l e c i t i n a e ácidos graxos l i v r e s .

No processamento das duas etapas cromatográficas para

purificação do fator hemolítico foi obtido aproximadamente uma

purificação de 1200 vezes, com um rendimento de 73%. Na primei-

ra etapa, utilizando uma coluna de Biogel P-6, o fator pôde ser

separado da hemoglobina e proteínas plasmáticas de alto peso mo-

lecular. Na segunda etapa, o fator semi purificado, obtido da

gel-filtração, pôde ser fracionado em cromatografia de troca

iônica, utilizando SP-Sephadex. As investigações posteriores

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sobre as propriedades do fator hemolítico de R. prolixus suge-

riram que o agente poderia ser de natureza peptídica, de bai-

xo peso molecular e, provavelmente, de característica básica

(observado pela adsorção em SP-Sephadex pH 6,0). Esses acha-

dos indicam, portanto, que o fator hemolítico de R. prolixus

seja distinto daqueles encontrados por GEERING (1975) e SPATES

et a l . (1982) .

Em venenos de insetos, pertencentes à classe Hymenop-

tera, têm sido caracterizados fatores que lisam diretamente

hemácias lavadas e mantidas em solução isotônica. Desses fato-

res, destacam-se a melitina de Apis mallifera (SCHMIDT, 1982),

uma hemolisina semelhante a melitina de Pogonomyrmex badius

(SCHMIDT & BLUM, 1978) e a barbatolisina de Pogonomyrmex barbatus

(BERNHEIMER et al., 1980). Estes compostos já são relativamen-

te bem estudados e caracterizados como peptídeos de baixo pe-

so molecular e básicos (SCHMIDT, 1982; BERNHEIMER et aI, 1980).

Neste trabalho, as observações das características do

fator hemolítico, purificado, sugerem que o R. prolixus pos-

sui uma classe de agente responsável pela hemólise, distinta

das encontradas nas outras espécies de insetos hematófagos, e

provavelmente semelhante aos fatores encontrados em venenos de

Hymenoptera.

Em R. prolixus, o papel fisiológico desse fator deve

estar associado à lise da membrana dos eritrócitos e, portan-

to, à liberação de hemoglobina. Nessa espécie, a passagem da

hemoglobina livre para o posmesentero antecipa o contato dire-

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96

to das enzimas proteolíticas com o substrato proteico facili-

tando, p rovave lmente , o processo d i g e s t i v o .

5.3. INDUÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA HUMORAL

Neste estudo, foi evidenciada a presença de um fator

antibacteriano na hemolinfa de Rhodnius prolixus previamente

inoculado com células vivas de Streptococcus mutans.

Em algumas espécies de insetos, tem sido observada a

indução de atividade antibacteriana na hemolinfa quando o in-

seto é inoculado tom diferentes bactérias, ou mesmo em respos-

ta ao dano físico provocado pela injeção (LACKIE, 1980, 1981a;

BOMAN & STEINER, 1981; BOMAN & HULTMARK, 1981).

A indução desses f a t o r e s com a t i v i d a d e a n t i b a c t e r i a n a

em insetos está, geralmente, associada a um período de tempo

que decorre a partir da inoculação, sendo que a atividade máxi-

ma é alcançada em horas, ou dias, dependendo da espécie inves-

tigada. Em R. prolixus, esse pico foi observado entre o 5º e 6º

dias após a inoculação de S. mutans. Em O. fasciatus, GINGRICH

(1964) observou que o nível máximo era alcançado em 24 horas

após a injeção de Pseudomonas aeruginosa.

Nesse caso, em R. prolixus, a injeção do meio de cul-

tura, isento de bactérias, não induziu o aparecimento da ativi-

dade antibacteriana na hemolinfa testada contra S. mutans.

Foi também observado que a inoculação de uma concentra-

ção sub letal de bactérias induzia a resistência de R. prolixus a

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uma posterior inoculação, cuja concentração de S. mutans, era,

normalmente, letal ao inseto. Por outro lado, a cinética do

aparecimento e desaparecimento da atividade antibacteriana na

hemolinfa dos insetos vacinados coincidia com o grau de prote-

ção (observado pela sobrevivência) dos insetos desafiados em

diferentes intervalos de tempo após a vacinação. Esses dados

sugerem que o papel fisiológico do fator antibacteriano pode-

ria estar relacionado a um tipo de defesa imunológica do in-

seto.

POWNING & DAVIDSON (1973; 1976), em Galleria mellonella

e Bombyx mori, ANDERSON & COOK (1979), em Spodoptera eridania,

e POWNING & IRZYKIEWICZ (1967), em Periplaneta americana, re-

portaram uma atividade induzida, do tipo lisozima, na hemolin-

fa dessas espécies de i n s e t o s .

As observações de que a hemolinfa obtida de adultos

de R. prolixus, previamente inoculados com S. mutans, não a-

gia sobre Micrococcus lysodeikticus, um dos organismos mais

susceptíveis à atividade lítica de lisozima (FLEMING, 1922),

somadas às observações de que células de S. mutans, ressuspen-

didas em tampão fosfato, e incubadas com lisozima, não resul-

tavam em alteração de absorbância lida a 450 nm, excluíram a

possibilidade da atividade antibacteriana de R. prolixus ser

do t i p o l i s o z i m a .

Em insetos, têm sido também demonstrados outras ati-

vidades antibacterianas, diferentes de lisozima, que possuem

natureza química não proteica e são termo estáveis, como as

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encontradas em hemolinfa imune de O. fasciatus (GINGRICH,

1964), G. mellonella (HINK & BRIGGS, 1968) e L. migratoria

(HOFFMANN, 1980).

Em outras espécies de insetos, tem sido evidenciada

a presença de atividade antibacteriana de natureza proteica,

termo lábil, ou termorresistente (BOMAN & HULTMARK, 1981; BOMAN

& STEINER, 1981; OKADA & NATORI, 1984).

Em Hyalophora cecropia, HULTMARK et al. (1983) iden-

tificaram uma classe de proteína, a atacina, com peso melecu-

lar entre 20000 e 23000 daltons, que agia sobre Escherichia coli

somente em fase exponencial de crescimento, mas não apresen-

tava atividade antibacteriana quando a E. coli era ressuspen-

dida em tampão e incubada com a t a c i n a .

Em R. prolixus, uma caracterização química prelimi-

nar indicou ser o fator antibacteriano sensível à tripsina e,

portanto, relacionado à natureza proteica. Além dessa caracte-

rística, os resultados obtidos neste trabalho, da fervura e

da diálise, sugerem a possibilidade de tal fator ser de baixo

peso molecular. Esse dado é reforçado pela obtenção da ativi-

dade, quando fracionada em coluna de Biogel A 0,5m, nas fra-

ções correspondentes a moléculas de pesos moleculares peque-

nos.

Atualmente, já está bem definida uma classe de fato-

res antibacterianos como sendo peptídios básicos de pesos mo-

leculares baixos (até 5000), que são resistentes ao aquecimen-

to a 100ºC. Nessa classe, os seguintes peptídios podem ser in-

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cluídos: a sarcotoxina isolada de Sarcophaga peregrina (OKADA

& NATORI, 1983) e a cecropina de H. cecropia (HULTMARK et al.,

1980; STEINER et al., 1981), ou peptídios semelhantes à cecro-

pina, isolados de outras espécies de Lepidoptera (BOMAN &

STEINER, 1981; HOFFMANN et a l . , 1981).

ANDREU et al. (1983) observaram que a cecropina, na-

tural ou sintética, age sobre algumas espécies de bactérias

Gram positivas e Gram negativas, como Pseudomonas aeruginosa,

Micrococcus lutens, Bacillus megaterium e Escherichia coli.

Um aspecto interessante foi detalhado, por esses autores, quan-

do demonstraram que pequenas alterações nas extremidades ami-

no-terminal ou carboxi-terminal do peptídeo poderiam promover

a alteração da atividade antibacteriana em relação às diferen-

tes espécies dos microrganismos t es tadas .

A cecropina, em contraste com seu espectro de ação,

pois age em várias espécies de bactérias, não lisa eritróci-

tos lavados (STEINER et al., 1981). Por outro lado, a meliti-

na ataca, indiscriminadamente, a membrana de bactérias e tam-

bém de células de eucariontes (STEINER et al., 1981; BOMAN &

HULTMARK, 1981).

Neste trabalho, foi observado que a atividade anti-

bacteriana induzida em hemolinfa de R. prolixus; se restrin-

gia ao S. mutans. Os ensaios preliminares realizados com

Streptococcus fecalis e E. coli mostraram que a hemolinfa,

obtida de insetos vacinados com S. mutans, não apresentava ne-

nhuma ação sobre esses microrganismos. O fator antibacteriano

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100

também não demonstrou atividade hemolítica. Esses resultados,

embora preliminares, sugerem que deve haver uma certa espe-

cifidade na ação do fator antibacteriano. Entretanto, esta in-

terpretação deve ser vista com cautela, pois a observação da

atividade deve ser estendida a outras espécies de bactérias e

outras cé l u l as de e u c a r i o n t e s .

Quanto ao efeito do fator antibacteriano sobre S.

mutans, foi observado que havia um decréscimo na contagem de

unidades formadoras de colônias (atividade bactericida) somen-

te quando a bactéria estava em fase exponencial de crescimen-

to. Quando as células de S. mutans eram ressuspendidas em tam-

pão, esse efeito não ocorria. Este dado pode indicar a possi-

bilidade do mecanismo de ação do fator humoral de R. prolixus

ser semelhante ao da atacina, isolada de H. cecropia por

HULTMARK et a l . (1983).

No momento, algumas experiências estão sendo desen-

volvidas para explicar aspectos da defesa humoral de R. prolixus,

ainda não e s c l a r e c i d o s :

a) Quais as espécies de bactérias ou componentes mo-

leculares que poderiam induzir o aparecimento desse fator hu-

moral;

b) Qual seria o tecido responsável pela síntese e/ou

l i b e r a ç ã o do f a t o r a n t i b a c t e r i a n o ;

c) Como poderia o fator agir sobre a bactéria: se por

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101

ação f i s i c o - q u í m i c a , do t i p o d e t e r g e n t e , ou c a t a l í t i c a ;

d) Poderia a atividade antibacteriana ser estendida

a células eurarióticas, especialmente protozoários; que sabi-

damente parasitam o R. prolixus;

De maneira geral, a questão sobre a imunologia humo-

ral de insetos está concentrada em alguns tópicos pouco escla-

recidos, tais como se poderia o inseto produzir uma resposta

específica a um determinado antígeno, poderia esta resposta es-

tar relacionada a uma memória imunológica ou qual seria a ba-

se gené t i ca e mo lecu la r da imuno log ia de i n s e t o s .

Espera-se que nos próximos anos esses pontos possam

ser bem conhecidos para melhor compreensão dos mediadores hu-

morais da resistência dos insetos à infecção por microrganis-

mos.

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6. CONCLUSÕES

Neste trabalho, os resultados observados sobre alguns

aspectos da fisologia de Rhodnius prolixus permitem concluir

que:

No estudo sobre as substâncias inibidoras da alimen-

tação em n in fas de 4º e s t á d i o :

a) O precoceno II tem uma atividade "antifeedant" sen-

do a quantidade de alimento ingerido dependente da concentra-

ção do composto ad ic ionado à d i e t a .

b) Os análogos de precocenos II (cromano de precoce-

no II, precoceno I e etoxiprecoceno II) não apresentaram ati-

vidade "antifeedant" até doses de 100 µg/ml de sangue.

c) A adição de ATP à dieta artificial que continha

precoceno I I não a l t e r o u a i n i b i ç ã o da a l imen tação .

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103

d) A adição de azadirachtina A, azadirachtina B e

7-acetilazadirachtina A ao sangue alimentar promoveu a inibi-

ção da ingestão do alimento, sendo que as doses efetivas para

esses compostos foram semelhantes.

e) O acréscimo de ATP à dieta, mantendo-se constan-

tes as concentrações de azadirachtina A, promoveu o aumento

da ingestão do a l imen to .

q

No estudo sobre o s istema h e m o l í t i c o :

a) Ninfas e adultos de R. prolixus possuem no intes-

t i n o médio um f a t o r h e m o l í t i c o r e s t r i t o ao promesentero.

b) A atividade hemolítica em ninfas de 5º estádio foi

induzida pela ingestão de sangue total, eritrócitos ou hemo-

globina, atingindo um nível máximo do 2º ao 4º dias após a a-

l imen tação .

c) Uma purificação parcial (gel-filtração em Biogel

P-6 e cromatografia de troca iônica em SP-Sephadex) e caracte-

rização bioquímica revelou que o fator hemolítico é de natu-

reza p e p t í d i c a , bás ica , e de baixo peso mo lecu la r .

No estudo sobre a a t i v i d a d e a n t i b a c t e r i a n a i nduz ida :

a) Insetos adultos de R. prolixus, previamente inocu-

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lados com dose sub letal de Stroptococcus mutans, foram pro-

t e g i d o s à um d e s a f i o secundá r i o com dose l e t a l des ta b a c t é r i a .

b) A hemolinfa, livre de hemócitos, dos insetos inocu-

lados com dose sub-letal de células de S. mutans, possuía uma

atividade antibacteriana (bactericida), in vitro, contra a bac-

t é r i a i n o c u l a d a , em fase e x p o n e n c i a l de c r e s c i m e n t o .

c) A atividade antibacteriana atingiu nível máximo

em hemolinfa dos insetos no 5º dia após a inoculação de S.

mutans, e diferiu, da atividade do tipo lisozima por não agir

sobre suspensão de Micrococcus lysodeikticus (substrato de liso-

zima).

d) Uma parcial purificação (gel-filtração em Biogel A

0,5m) e caracterização por tratamentos químicos revelaram ser o

fator antibacteriano de natureza proteica e de baixo peso mole-

cular.

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