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ANATOMIA INTERNA E ASPECTOS DA HISTOLOGIA DE FÊMEAS ADULTAS DE ÁCAROS DO GÊNERO Raillietia TROUESSART, 1902 (ACARI: GAMASIDA) PARASITOS DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO DE BOVINOS TETSUO INADA 1992

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ANATOMIA INTERNA E ASPECTOS DA

HISTOLOGIA DE FÊMEAS ADULTAS

DE ÁCAROS DO GÊNERO Raillietia

TROUESSART, 1902 (ACARI:

GAMASIDA) PARASITOS DO CONDUTO

AUDITIVO EXTERNO DE BOVINOS

TETSUO INADA

1 9 9 2

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

I N S T I T U T O DE B I O L O G I A

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

ANATOMIA INTERNA E ASPECTOS DA

HISTOLOGIA DE FÊMEAS ADULTAS

DE ÁCAROS DO GÊNERO

R a i l l i e t i a

TROUESSART, 1902 (ACARI:

GAMASIDA) PARASITOS DO CONDUTO

AUDITIVO EXTERNO DE BOVINOS

TETSUO INADA

ITAGUAÍ, RIO DE JANEIRO

DEZEMBRO, 1992

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

PARASITOLOOIA VETERINÁRIA

ANATOMIA INTERNA E ASPECTOS DA HISTOLOGIA

DE FÊMEAS ADULTAS DE ÁCAROS DO

GÊNERO Raillietia TROUESSART, 1902 (ACARI: GAMASIDA)

PARASITOS DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO DE BOVINOS

TETSUO INADA

SOB ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR

Dr. JOÃO LUIZ HORÁCIO FACCINI

Tese submetida à defesa comorequisito parcial para aobtenção do grau dePhilosophiae Doctor emMedicina Veterinária-Parasitologia Veterinária

ITAGUAÍ, RIO DE JANEIRO

DEZEMBRO, 1992

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BANCA EXAMINADORA

TÍTULO DA TESE

ANATOMIA INTERNA E ASPECTOS DA HISTOLOGIA DE FÊMEAS ADULTAS

DE ÁCAROS DO GÊNERO Raillietia TROUESSART, 1902 (ACARI:

GAMASIDA) PARASITOS DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO DE BOVINOS

AUTOR

TETSUO INADA

APROVADA EM: 15/12/1992

Dr. JOÃO LUIZ H. FACCINI

Dr. PEDRO D. LANZIERI

Dr. RÔMULO C. LEITE

Dr. ERIK D. DE S. PINTO

Dr. CARLOS WILSON G. LOPES

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Dedico este trabalho à minha

esposa Marine e a meus

filhos Fábio e Lívia pela

compreensão das dificuldades

a que os submeti.

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v i

A G R A D E C I M E N T O S

O autor agradece ao professor João Luiz Horácio

Faccini, amigo e pesquisador que me incentivou a estudar

histologia de ácaros e posteriormente aceitou a tarefa de

orientador.

Aos professores Carlos Wilson Gomes Lopes e Rômulo

Cerqueira Leite que me incentivaram a ingressar no Curso de

Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Parasitologia

Veterinária, escolhendo como tema a anatomia interna e

histologia de ácaros do gênero Raillietia.

Aos professores Pedro Domingues Lanzieri e Hugo

Edson Barbosa de Rezende que, com as suas sabedorias, foram

os primeiros a contribuir na minha formação profissional.

Ao monitor Fernando Raphael de Almeida Ferry pelo

grande auxílio prestado, desde a coleta do material até a

preparação dos cortes histológicos.

À colega Regina da Silva Santos pela coleta e

preparação do material.

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vii

À professora Nadja Lima Pinheiro pela preparação do

material incluído em historesina.

identificação dos cactos,

d isseção dos ácaros.

Ao Dr. Roberto Hiromiti

Ao professor Oswaldo Luiz Peixoto pela

cujos espinhos foram úteis na

Akiyama pelos valiosos

desenhos de representação esquemática.

Finalmente a todos os professores e funcionários da

UFRRJ que direta ou indiretamente auxiliaram-me, permitindo a

conclusão desta etapa.

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viii

BIOGRAFIA

Tetsuo Inada, nascido aos dezessete dias do mês de

maio de 1946, no município de Araçatuba, SP, filho de Kiichi

Inada e Chieko Tame Inada.

Concluiu o primeiro grau no Grupo Escolar Papucaia

no município de Cachoeira de Macacú, RJ. Iniciou o segundo

grau no Colégio Agrícola de Campos, na cidade de Campos, RJ e

concluiu no Colégio Técnico Agrícola "Idelfonso Simões Lopes"

da UFRRJ, recebendo os certificados de Mestre Agrícola e

Técnico Agrícola.

Iniciou o curso de Medicina Veterinária da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 1968, tendo

sido Monitor de Histologia e Embriologia e posteriormente

Bolsista do CNPq, desenvolvendo trabalhos de pesquisa em

histologia de moluscos. Diplomou-se em dezembro de 1971.

Trabalhou como Médico Veterinário na Seção de

Anatomia Patológica do antigo Instituto de Pesquisas

Agropecuárias do Centro-Sul (IPEACS), de janeiro de 1972 a

julho de 1974.

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ix

Atualmente exerce o cargo de Professor Adjunto de

Histologia e Embriologia no Departamento de Biologia Animal

da Univercidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e desenvolve

trabalhos de pesquisa em histologia de artrópodes e moluscos

de importância em medicina veterinária.

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SUMÁRIO

1

3

5

9

9

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23

25

26

Página

1. INTRODUÇÃO

2. REVISÃO DE LITERATURA

3. MATERIAL E MÉTODOS

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Comentários sobre as técnicas utilizadas

4.2. Sistema digestivo

4.2.1. Glândula salivar

4.2.2. Faringe

4.2.3. Esôfago

4.2.4. Ventrículo e cecos

4.2.5. Intestino

4.2.6. Reto

4.2.7. órgão excretor

4.3. Sistema nervoso

4.4. Sistema respiratório

4.5. Sistema circulatório

4.6. Tecido muscular (Músculos)

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4.7.2. Sacculus foeminus, Rami sacculi, Tubu-

li annulati, Cornu sacculi e espermato-

4.7. Sistema reprodutor

4.7.1. Ovário

cistos

4.7.3. Oviduto e útero

4.7.4. Vagina

4.0. Tecido adiposo (células adiposas)

5- CONCLUSÕES

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ÍNDICE DAS FIGURAS

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41

41

Página

FIGURA 1.

FIGURA 2.

FIGURA 3.

FIGURA 4.

Representação esquemática dos planos de

(cortes realizados em ácaros: A. transver-

sais (T) e Sagitais (S), e mediano (M).

B. Frontais (F) (KUO & NESBITT, 1970)

Representação esquemática da glândula sa-

livar de fêmea adulta de ácaro do gênero

Raillietia de bovinos. Célula glandular

maior (CGMA), Célula glandular menor

(CGME) e Duto salivar (DS)

Corte transversal do gnatossoma de ácaro

do gênero Raillietia de bovinos. Faringe

(F), Músculos dilatadores (MD) da farin-

ge. Col. Tricrômico de Gomori. 300x

Corte sagital de ácaro do gênero Railli-

etia de bovinos. Câmara anterior do ven-

trículo (CAV). Esôfago (ES). Col. Tri-

crômico de Gomori. 300x

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FIGURA 5:

FIGURA 6:

FIGURA 7:

FIGURA 8:

Representação esquemática do sistema di-

gestivo de fêmea adulta de ácaros do gê-

nero Raillietia de bovinos. Esôfago

(ES), câmara anterior do ventrículo

(CAV), ceco ventral (CV), intestino

(IT), feto (R), túbulo excretor (TE),

e ânus (A)

Representação esquemática do sistema di-

gestivo e túbulos excretores de fêmea

adulta de ácaro do gênero Raillietia de

bovinos. Esôfago (ES), singânglio

(SIN), câmara anterior do ventrículo

(CAV), câmara posterior do ventrículo

(CPV), ceco dorsal anterior (CDA), ceco

dorsal posterior (CDP), ceco ventral

(CV), intestino (IT), reto (R), coxa I

(I), túbulo excretor (TE) e ânus (A)

Corte frontal de ácaro do gênero Railli-

etia de bovinos, ao nível do ventrículo

(V). Câmara anterior do ventrículo

(CAV), esôfago (ES) e músculos (M).

Col. Tricrômico de Gomori. 300x

Corte transversal de ácaro gênero

Raiillietia de bovinos ao nível do ven-

trículo (V). Células secretoras (CS),

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FIGURA 9:

FIGURA 10:

FIGURA 11:

FIGURA 12:

FIGURA 13:

células indiferenciadas (CI). Col. Tri-

crômico de Gomori. 300x

Corte sagital de ventrículo (V) de áca-

ro do gênero Raillietia de bovinos. Cé-

lulas secretoras (CS). Col. Tricrômico

de Gomori. 300x

Corte frontal de ventrículo (V) de áca-

ro do gênero Raillietia de bovinos. Ce-

co dorsal anterior (CDA) e células di-

gestivas (CD) com vacúolos (setas).

Col. Tricrômico de Gomori. 150x

Representação esquemática de fêmea

adulta de ácaro do gênero Raillietia

de bovinos, evidenciando o trajeto dos

túbulos excretores (TE). Intestino

(IT), reto (R) e ânus (A)

Microfotografia de um ácaro do gênero

Raillietia de bovinos fixado em líqui-

do de Bouim, desidratado e montado en-

tre lâmina e lamínula. Túbulos excreto-

res (TE). 45x

Corte sagital de singânglio (SIN) de

ácaro do gênero Raillietia Córtex

(C), medula (MED), esôfago (ES), gân-

glio supraesofagismo (GSE) e gânglio

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XV

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infraesofagiano (GIE). Col. Hematoxili-

na-Eosina, 150x

Corte frontal de ácaro do gênero Rail-

lietia de bovinos. Singânglio (SIN).

Nervos podais (NP). Col. Hematoxilina-

Eosina. 90x

Corte transversal de ácaro do gênero

Raillietia de bovinos. Estígma respira-

tória (ER), traquéia (TR), ventrículo

(V), escudo dorsal (ED) e túbulo excre-

ror (TE). 90x

Corte transversal de ácaros do gênero

Raillietia de bovinos. Músculos da va-

gina, par ventral (MVV). Ventrículo

(V) e túbulo excretor (TE). Col. Tri-

crômico de Gomori. 90x

Corte longitudinal dos músculos dorso-

ventral de ácaro do gênero Raillietia

de bovinos. Faixas escuras, claras e

linha sinuosa (seta). Inserção fibrosa

(IF) e escudo dorsal (ED). Col. Tricrô-

mico de Gomori. 300x

Representação esquemática do sistema

reprodutor de fêmea adulta de ácaro do

gênero Raillietia de bovinos. Sacculus

foeminus (SF), Rami sacculi (RS), Tubu-

FIGURA 14:

FIGURA 15:

FIGURA 16:

FIGURA 17:

FIGURA 18:

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FIGURA 19:

FIGURA 20:

FIGURA 21:

FIGURA 22:

FIGURA 23:

li annulati (TA), Cornu sacculi (COS),

ovário (0), glândula ovulogênica (GO),

oviduto (OD), útero (UT) e vagina (VG)

Ovário de ácaro do gênero Raillietia

de bovinos. Porção póstero-ventral

(PPV) com ovócitos primários (OP) e tú-

nica própria (TP). Col. Tricrômico de

Gomori. 300x

Glândula ovulogênica (GO) de ácaro do

gênero Raillietia de bovinos. Camara

spermatis (CS). Col. Tricrômico de Go-

mori. 300x

Sacculus foeminus (SF) de ácaro do gê-

nero Raillietia de bovinos. Espermato-

cistos (SPC) e hemolinfa (HL). Col.

Tricrômico de Gomori. 150x

Corte sagital de ácaro do gênero Rail-

lietia de bovinos. Últero (UT), embrião

(E) e vagina (VG). Col. Hematoxilina-

Eosina. 150x

Corte sagital de ácaro do gênero Rail-

lietia de bovinos. Útero (UT), larva

(L.) e vagina (VG). Col. Hematoxilina-

Eosina. 150x

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FIGURA 24:

FIGURA 25:

FIGURA 26:

FIGURA 27:

FIGURA 28:

Células adiposas (CA) de ácaros do gê-

neto Raillietia de bovinos. Col. Azul

de Metileno a 1%. 300x

Corte sagital de ácaro do gênero Rail-

lietia de bovinos, mostrando intestino

(IT)., esfinter (ESF), reto (R) e maté-

ria fecal (MF). Col. Tricrômico de Go-

mori. 90x

Corte transversal e oblíquo do túbulo

excretor (TE) de ácaro do gênero Rail-

lietia de bovinos. Col. Tricômico de

Gomori. 150x

Corte transversal do reto (R) de ácaro

do gênero Raillietia de bovinos. Maté-

ria fecal (MF), túbulo excretor (TE),

uroporo (UP) e hemolinfa (HL). Col.

Tricrômico de Gomori. 150X

Corte transverasal de reto (R) de áca-

ro do gênero Raillietia de bovinos. Ma-

téria fecal (MF) com grânulos de pig-

mentos castanhos, túbulo excretor (TE)

com grânulos de pigmentos castanhos na

luz. Col. Hematoxilina-Eosina. 150x

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xviii

R E S U M O

A anatomia interna de fêmeas adultas de ácaro do

gênero Raillietia parasitos de bovinos foi estudada através

de dissecções de exemplares fixados durante 7 dias em formol-

álcool (1:1).

Para a histologia os exemplares foram fixados em

líquido de Bouin aquecido. Após a desidratação e inclusão em

parafina, foram obtidos cortes histológicos na espessura de 5

micrômetros e corados pela hematoxilina-eosina e tricrômico

de Gomori.

A anatomia e histologia dos sistemas digestivo,

nervoso, respiratório, circulatório e reprodutor de fêmeas de

ácaros do gênero Raillietia é semelhante a de outros

gamasídeos. Algumas diferenças significativas como a forma e

o tamanho das células e das estruturas internas, foi

observada como seguem: há dois tipos de células secretoras em

glândulas salivares: células altas com citoplasma

intensamente basófilo e células menores com citoplasma

acidofílico. Dois pares de músculos vaginais foram

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xix

encontrados. O par dorsal que se origina na superfície

interna da placa dorsal e se insere na face interna da cúpula

do recesso vaginal; o par ventral que se origina na placa

ventral e se insere lateralmente na porção ventral da parede

vaginal. As glândulas ovulogênicas apresentam forma de disco.

O Sacculus Foeminus está repleto de espermatocistos. No útero

das fêmeas grávidas estudadas observou-se a presença de uma

única larva.

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XX

SUMMARY

The internal anatomy of the genus Raillietia

Trouessart, 1902 parasite of bovine was studied through

dissections of specimens after fixed with formol-alcohol

(1:1) during seven days.

The same specimens were fixed in hot Bouin solution

dehytrated in a series of ethyl alcohols, embedded in

paraffin and sections were cut at 5 microns. This sections

were stained in hematoxylin and eosin and Gomori triple for

histological investigations.

The gross anatomy of the digestive, nervous,

respiratory, circulatory and reproductive system of these

mites is similar to the others Gamasida (Mesostigmata). Some

significants differences include shape and size of de cells

and the internal structures. These were described

accordingly: there are two types secretory cells in the

salivary glands: large cells with a dense and basophilic

cytoplasm, and small cells with acidophilic cytoplasm. Two

pairs of vaginal muscles was observed: the dorsal pair which

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xxi

originate in the inner surface of dorsal p1ate and inserted

on the inner side of domed recess of vagina; the ventral pair

originate in the ventral plate and inserted laterally on the

ventral position of the vagina. The "ovulogenic glands" are

globular in shape. The Sacculus foeminus is fuller of

spermatocysts. A completed developed larva was observed in

the uterus of several females.

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1. INTRODUÇÃO

Os ácaros do gênero Raillietia Trouessart, 1902,

conhecidos como parasitos do conduto auditivo externo e da

superfície externa da membrana timpânica de ruminantes

domésticos e selvagens vêm merecendo, cada vez mais, atenção

dos pesquisadores, pois destacam-se entre as causas

parasitárias da otite bovina (NUNES et alli, 1972).

Trabalhos realizados nestas duas últimas décadas

indicam que, o parasitismo por estes ácaros nos ruminantes

ocorre em todo território nacional (COSTA, 1992).

A biologia, a ecologia e a patologia dos ácaros do

gênero Raillietia é pouco conhecida, embora esteja provado

que espécies que afetam os bovinos (Raillietia auris e R.

flechtmanni) (FACCINI et alii, 1992), são patogênicas (NUNES,

1977; NUNES et alli, 1980; LEITE et alii, 1987 e LEITE et

alii, 1989a e b).

Os conhecimentos sobre a biologia e a ecologia

destes ácaros são relativamente escassos devido às muitas

dificuldades de se criar as espécies deste gênero em

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condições artificiais de laboratório.

Para entender melhor a biologia destes ácaros,

torna-se necessário conhecer a fisiologia da nutrição e

reprodução, as quais exigem um conhecimento sobre a anatomia

interna.

O presente trabalho tem como objetivo o estudo da

anatomia interna e da histologia dos sistemas orgânicos de

fêmeas adultas com o intuito de contribuir para um melhor

conhecimento da fisiologia da nutrição e reprodução dos

ácar os do gênero Raillietia.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Apesar da R. auris ter sido descrita há mais de um

século (LEIDY, 1872), os dados sobre a biologia e a ecologia

são ainda escassos e nenhum trabalho sobre a anatomia interna

foi realizada.

Relativamente há poucos trabalhos sobre a anatomia

interna e fisiologia da subclasse Acari (=Acarina). O

primeiro trabalho sobre a anatomia interna de Gamasida

(Mesostigmata) deve-se a WINKLER (1888) que estudou 4

espécies de ácaros de vida livre como Gamasus crassipes, G.

fucorum, Uropoda obscura e Hypoaspis nemorencis. A seguir

MICHAEL (1888), citado por JAKEMAN (1961), descreveu a

anatomia interna de Uropoda Krameri. Mais tarde MICHAEL

(1892) descreveu variações da anatomia interna de várias

espécies de Gamasida especialmente órgãos genitais e a

cópula.

JAKEMAN (1961), estudou a anatomia interna de

Laelaps (Echinolaelaps) echidninus (Gamacida) no qual fez uma

descrição anatômica e histológica.

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YOUNG (1968 a; 1968 b) estudando a morfologia

interna de Haemogamasus ambulans, descreveu a anatomia do

canal alimentar e do sistema reprodutor e relatou o

dimorfismo do canal alimentar entre machos e fêmeas. YOUNG

(1970) ainda estudou a distribuição dos músculos e endosterno

(plataforma tendinosa) de H. ambulans, enriquecendo mais

ainda o conhecimento sobre a anatomia interna de Gamasídeos.

Trabalho sobre a morfologia e histologia do sistema

nervoso da espécie Lardoglyptus konoi (Acaridida ou

Astigmata), foi realizado por VIJAYAMBICA & JOHN (1975).

WOODRING & GALBRAITH (1976) realizaram um amplo

estudo da anatomia interna do ácaro adulto, Fuscouropoda

agitans, ampliando ainda mais o conhecimento da morfologia

interna dos ácaros.

WOOLEY (1987) ao publicar o tratado de Acarologia

"MITES AND HUMAN WELFARE", fez uma ampla revisão

bibliográfica sobre a morfologia externa e interna da

subclasse Acari. Neste tratado no que concerne às espécies

de Raillietia, nada foi registrado.

O presente estudo foi baseado principalmente nos

trabalhos de MICHAEL (1892), JAKEMAN (1961), YOUNG (1968 a;

1968b), VIJAYAMBICA & JOHN (1975) e WOODRING) & GALBRAITH

(1976)

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Os ácaros foram coletados de ouvido externo de

bovinos azebuados, logo após o abate, no matadouro municipal

de Nilópolis, estado do Rio de Janeiro, utilizando-se o

método descrito por LEITE et alii (1989a).

Foram selecionadas fêmeas adultas, bem

desenvolvidas de ácaros do gênero Raillietia que foram

fixadas em líquido de Bouin aquecido à temperatura de 60ºC na

estufa, durante 40 minutos e a seguir retiradas e mantidas no

mesmo líquido, à temperatura ambiente, até completar 24 horas

de fixação. Após este período os ácaros foram mantidos em

álcool a 70º G.L. para a remoção do ácido pícrico, seguindo-

se a técnica histológica de rotina para a inclusão em

parafina. A inclusão foi orientada de modo que na microtomia

os cortes histológicos fossem transversais, sagitais e

frontais respectivamente (KUO & NESBITT, 1970) na espessura

de 5 micrômetros (Fig.1). A coloração foi realizada

utilizando-se hematoxilina e eosina segundo CONN (1946) e

tricrômico de Gomori, segundo GOMORI (1950).

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Para o estudo do tecido adiposo o material foi

incluído na resina histológica "HISTORESIN LKB 2218-500''1 de

acordo com os seguintes procedimentos; os ácaros, após a

fixação em aldeído glutário a 2% em tampão fosfato a 0,1 m

pH 7,2 foram desidratados em concentrações alcoólicas

crescentes, até o álcool 95º G.L. e colocados durante 50

minutos numa solução com 50% de historresina e 50% de álcool

a 95° G.L. A seguir, as amostras foram infiltradas em solução

com 100% de resina durante 2 horas e incluídas em recipientes

próprios após adicionar o endurecedor.

Preparo da historresina: resina básica, 50 ml;

acrescentar 0,5g do ativador e misturar vagarosamente, até a

dissolução completa do mesmo. O emprego desta solução

infiltradora também se deu como base do meio de inclusão.

Preparo do meio de inclusão: em 15ml de

historresina, adicionar 1 ml de endurecedor, misturar

levemente durante 1 minuto, evitando a formação de bolhas de

ar. Após o preparo da solução de inclusão, rapidamente deve

ocorrer a sua distribuição em recipientes apropriados e em

seguida, posicionar os ácaros objetivando os planos de cortes

desejados.

Os cortes histológicos do material incluindo em

historresina, com espessura de 2 a 3 micrômetros, foram

obtidos com a utilização de um micrótomo automático R JUNG

1 Manufactured for LKB. Produkter AB, Box 305, S-16126 BrommaSweden by Kulzer & Co Gm b H.

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HEIDELBERG. Os cortes obtidos foram corados pelo Azul de

Metileno 1%.

Para a observação do trajeto do túbulo excretor,

alguns exemplares de ácaros, fixados em líquido de Bouin,

foram desidratados, clarificados e montados entre lâmina e

lamínula.

Para a evidenciação da traquéia os ácaros, após a

fixação em álcool etílico a 70°G foram clarificados e

montados entre lâmina e lamínula de acordo com a técnica

padronizada em Acarologia (FLECHTMANN, 1973).

Para o estudo da anatomia interna os ácaros foram

fixados em formol-álcool (1:1) ou formalina comercial (YOUNG,

1968A). Após 7 dias de fixação os exemplares foram dissecados

em placa de Petri (contendo parafina solidificada). A

dissecção foi realizada com auxílio de microscópio

estereoscópico "WILD M5" com o aumento de 25 vezes,

utilizando-se agulhas B-D Microlance 27,5 G 1/2'' 13x3,8 ou

Neoject 26 G x 1/2" 0,45x13 ou espinhos de uma cactácea

Ferocactus acanthodes. Após a dissecção as estruturas

internas, transparentes, foram contrastadas colocando-se uma

gota de solução aquosa de azul de Evan a 0,1% durante 5 a 10

minutos (YOUNG, 1968a).

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Os cortes histológicos foram examinados com o

microscópio "WILD M 20". As microfotografias foram feitas com

câmaras acopladas ao microscópio "WILD M 20".

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Comentários sobre as técnicas utilizadas.

Os ácaros do gênero ácaros do gênero Raillietia

apesar de possuírem o idiossoma mole e flexível apresentam um

tegumento resistente mais espesso e rígido na região dorsal e

ventral do corpo onde se encontram os estudos. O tegumento

das patas também é espesso e rígido, exceto o tegumento

articular.

YOUNG (1968a) relata que o tegumento de

Haemogamasus ambulans é coriáceo e flexível.

Assim a própria estrutura do tegumento dificulta a

penetração do líquido fixador, bem como a desidratação e

inclusão do material em parafina. O tegumento pela sua

resistência ainda dificulta a realização dos cortes

histológicos. Visando facilitar a penetração do líquido

fixador no interior dos ácaros, as patas foram seccionadas ao

nível das coxas, mas isso provocou a perda de hemolinfa e

deformações internas dos órgãos do ácaro, principalmente após

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a desidratação.

JAKEMAN (1961) fixou os exemplares de ácaros da

espécie L. achidninus, inteiros, usando Bouin aquecido, onde

a temperatura favoreceu a penetração do fixador. O autor não

citou a que temperatura realizou a fixação e nem descreveu o

tempo gasto para a mesma.

Exemplares de ácaros do gênero Raillietia foram

melhor fixados quando se utilizou Bouin aquecido à

temperatura de 56 a 60ºC na estufa, durante 40 minutos. O

ácido acético, um dos componentes do líquido de Bouin, além

de ser fixador, amolece a cutícula e facilita a penetração de

outros componentes da mistura fixadora.

Os cortes foram realizados na espessura de 5

micrômetros utilizando-se navalhas descartáveis para

micrôtomo Model 818 "REICHERT-JUNG"2.

A dificuldade de se estudar o aparelho digestivo de

ácaros do gênero Raillietia através de dissecções, deve-se ao

fato de que os ventrículos e cecos são transparentes, pois

estas espécies não se alimentam de sangue como o H. ambulans

e E. echidninus, nas quais o sistema digestivo torna-se

vermelho escuro devido ao acúmulo de sangue na luz dos

ventrículos e cecos, facilitando assim, a diferenciação com

as outras estruturas internas durante a disseccão.

Após a fixação em formol a 40% os cecos e

---------------2Cambridge Instruments Inc. Buffalo. New York, 14215.

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ventrículos de ácaros do gênero Raillietia tornam-se

ligeiramente esbranquiçados o que pode diferencia-los melhor

das outras estruturas vizinhas. A utilização do corante azul

de Evans a 0,1% (YOUNG, 1968a) intensificou o contraste dos

ventrículos cecos e com as estruturas vizinhas.

Pelo tamanho reduzido (em torno de 2 milímetros de

comprimento), os exemplares de ácaros do gênero Raillietia

foram dissecados com dificuldade. As estruturas internas

observadas, através

esquemàticamente.

das dissecções, foram representadas

MICHAEL (1892) utilizou cortes histológicos

seriados sagital, frontal e transversal, de várias espécies

de ácaros pertencentes a Gamasídeos para esclarecer partes

observadas com dificuldade na dissecção.

Assim, o estudo da anatomia interna de ácaros do

gênero Raillietia foi uma combinação de interpretações de

cortes histológicos seriados e dissecções (realizadas com

auxílio de agulhas B-D Microlance 27,5 G 1/2" 13x3,8 ou

Neoject 26 G x 1/2" 0,45x13 e espinhos de cactus Ferocactus

acanthodes).

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12

4.2. Sistema digestivo.

4.2.1. Glândula salivar.

Em ácaros do gênero Raillietia à semelhança do

observado nos demais ácaros encontra-se também um par de

glândulas salivares localizados ântero-dorsalmente no

idiossoma, entre os dois músculos retratores das quelíceras.

A glândula salivar é constituída de células

secretoras que desembocam num duto coletor (Fig.2). As

células secretoras de glândula salivar apresentam forma

piramidal possuindo um núcleo vesiculoso com nucléolo bem

desenvolvido e citosplasma granular (Fig.2).

Nos cortes histológicos corados pela hematoxilina e

eosina observamos que as células secretoras das glândulas

salivares de ácaros do gênero Raillietia são de dois tipos:

células altas com grânulos citoplasmáticos basóilos e

proximadamente 150 micrômetros de altura que se localizam na

porção posterior da glândula com grânulos citoplasmáticos

basófilos e células baixas com cerca de 50 micrômetros de

comprimento situadas na porção anterior da glândula salivar.

Quando utilizamos o tricrômico de Gomori as células

secretoras da porção posterior da glândula salivar acumulam

no citoplasma apical grânulos de secreção que se coram em

verde. O restante do citoplasma apresenta basofilia. As

células secretoras da porção anterior de glândula cujos

grânulos tem afinidade à eosina, coram-se em vermelho pelo

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"Cromotrope 2R" do tricrômico de Gomori. Nestas células os

grânulos ocupam todo o citoplasma.

Foi possível observar presença de secreção

esverdeada ou avermelhada na luz dos respectivos dutos

coletores das glândulas salivares, comprovando a existência

de pelo menos dois tipos de secreção.

4.2.2. Faringe.

É o segmento do tubo digestivo situado entre a

cavidade oral e o esôfago. Apresenta um rico componente

muscular em sua parede.

Funciona como uma "bomba de sucção" que apresenta

propriedade elástica (WOODRING & GALBRAITH, 1976). Ao corte

transversal a parede da faringe de ácaros do gênero

Raillietia é espessa e apresenta luz em forma de "Y" (Fig.

3), semelhante à luz da faringe de Haemogamasus hirsutus

(MICHAEL, 1892), e F. agitans (WOODRING & GALBRAITH, 1976).

Os músculos dilatadores em grupo de 4 feixes, originam-se da

superfície interna da cutícula do gnatossoma e se inserem na

parede da faringe (Fig. 3). Os músculos constritores se

inserem nos ápices da configuração em "Y" da parede e

circundam o órgão como descrito em H. hirsutus (MICHAEL,

1892), M. ambulans (YOUNG, 1968a) F. agitans (WOODRING &

GALBRAITH, 1976). A luz da faringe ainda apresenta um

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revestimento espesso

espessada.

eosinofílico semelhante à cutícula

4.2.3. Esôfago.

É um tubo estreito que se segue à faringe. Após

emergir do singlânglio o esôfago ascende em um ângulo de

aproximadamente 45º para desembocar na porção ventral da

câmara anterior do ventrículo. Nesta região o assoalho da

câmara anterior do ventrículo se expande em forma de funil

constituindo o bulbo que recebe o esôfago (Fig. 4).

Em corte transversal o esôfago de ácaros do gênero

Raillietia apresenta uma seção circular e um diâmetro

reduzido em torno de 40 a 50 micrômetros (Fig. 7). As células

epiteliais de revestimento do órgão são cúbicas baixas (Fig.

4).

JAKEMAN (1961) descreveu que o esôfago de L.

echidninus não é quitinizado, pois a quitina limita-se apenas

na superfície: interna da faringe. Em ácaros do gênero

Raillietia a quitina, também, não se estende além da faringe.

BALASHOV (1972) observou o revestimento cuticular no esôfago

de carrapato Ornithodoros papillipes. Sendo a quitina uma

substância complexa e constituída por um polissacarídeo

nitrogenado (EDNEY, 1977), citado por WOOLEY (1987), a

utilização do termo quitina, cutícula esclerosada e não

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esclerosada depende da caracterização química comprovando a

presença de ortoquinona (BRODY, 1969).

Não foi observado tecido muscular circundando o

esôfago de ácaros do gênero Raillietia como em F. agitans

(WOODRING & GALBRAITH, 1976).

4.2.4. Ventrículo e cecos.

O ventrículo, localizado na porção mediana dorsal

do propodossoma, está constituído em duas câmaras: anterior e

posterior (Figs. 5 e 6). Do limite entre a câmara anterior e

posterior originam-se, lateralmente, dois pares de

divertículos. O par anterior é denominado de ceco dorsal

anterior e o par posterior denominado de ceco dorsal

posterior (Figs. 5 e 6). Os cecos dorsais anteriores, de

tamanhos menores, seguem em direção à glândula salivar,

enquanto que os cecos dorsais posteriores, bem maiores,

seguem em direção à porção final do opistossoma. Esta

disposição é semelhante à observada por JAKEMAN (1961) em L.

echidninus, por YOUNG (1968a) em H. ambulans.

A câmara anterior do ventrículo de ácaros do gênero

Raillietia é menor em relação a câmara posterior (cerca de

1/3) e apresenta extremidade anterior bilobada como observada

em L. echidninus (JAKEMAN,1961). Da câmara posterior do

ventrículo originam-se dois cecos menores, denominados cecos

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ventrais posteriores direito e esquerdo, que se dirigem para

a porção final do opistossoma (Figs. 5 e 6).

O ventrículo é mantido suspenso por tecido muscular

estriado (Figs. 4-7 e 15), que se insere numa estrutura

denominada endoesterno (YOUNG, 1970). MICHAEL (1982)

denominou esta mesma estrutura de "plataforma tendinosa" ou

"episternite". O endoesterno de ácaros do gênero Raillietia é

uma estrutura em forma de placa que apresenta dois pares de

prolongamentos (anterior e posterior).

Em ácaros do gênero Raillietia o epitélio da parede

do ventrículo é idêntico ao dos cecos, o que está de acordo

com as observações feitas por WOODRING & GALBRAITH (1976) em

ventrículo e cecos de F. agitans.

O epitélio de revestimento da parede do ventrículo

é simples sendo constituído de pelo menos três tipos de

células: células indiferenciadas baixas (20 micrômetros),

localizadas na base do epitélio e dois tipos de células altas

(130 micrômetros) com base afilada e porção apical dilatada

ou esférica (Fig. 8). As células indiferenciadas dão origem

às células altas (WOODRING & GALBRAITH, 1976). As células

altas são denominadas células digestivas e células secretoras

(AGBEDE & KEMP, 1985). Ambas assentam-se na membrana basal

através da parte basal estreitada. As diferenças de altura

das células

estratificado (Fig.8). Enquanto as células secretoras

indiferenciadas e altas proporcionam níveis

diferentes de núcleos, dando a impressão de que o epitélio é

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acumulam grânulos no citoplasma (Figs. 8 e 9), as células

digestivas, apresentam vacúolos citoplasmáticos (Fig. 10).

Ambas as células, após um período de vida, desprendem-se da

membrana basal e encontram-se livres na luz do ventrículo e

cecos (Figs. 9-10-25-27 e 28). Estas células desprendidas

também são vistas em grande quantidade no reto, constituindo,

juntamente com os pigmentos provenientes dos túbulos

excretores, a matéria fecal (Figs. 25-27 e 28).

4.2.5. Intestino.

É a porção do tubo digestivo situado entre a câmara

posterior do ventrículo e o reto (Figs. 5 e 6). Origina-se da

parte inferior da câmara posterior do ventrículo e após

seguir um trajeto medial desemboca no reto. Várias

denominações foram dadas a esta parte do tubo digestivo:

intestino posterior (DOUGLAS, 1943), tubo retal (JAKEMAN,

1961), intestino (YOUNG, 1968a), colon (WOODRING & GALBRAITH,

1976), acarretando assim dificuldades na escolha do termo

adequado. O epitélio do intestino é semelhante ao observado

nos cecos e ventrículos, porém nota-se a presença de poucos

grânulos e vacúolos no citoplasma das células epiteliais.

O intestino sofre modificação ao desembocar no

reto, com o epitélio tornando-se mais alto. Consequentemente

a luz torna-se mais estreita e provavelmente esta parte

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funciona como esfínter, impedindo o refluxo da matéria fecal

acumulada no reto (Fig. 25). JAKEMAN (1961) denominou esta

porção de válvula retal.

O intestino e os cecos ventrais de fêmeas grávidas

de ácaros do gênero Raillietia encontram-se deslocados e

comprimidos pelo embrião em desenvolvimento.

4.2.6. Reto.

É a porção final do tubo digestivo. Em ácaros do

gênero Raillietia o reto encontra-se também frequentemente

distendido (Figs. 25, 27 e 28), muito mais do que em L.

echidninus como descreveu JAKEMAN (1961), devido ao acúmulo

de grande quantidade de material fecal. WOODRING & GALBRAITH

(1976) denominaram este segmento de saco retal em F. agitans.

A matéria fecal é constituída principalmente de

células digestivas e secretoras desprendidas dos cecos e

ventrículo. Os núcleos destas células são pequenos (Figs. 27

e 28) e no citoplasma pode-se às vezes observar remanescentes

de grânulos ou vacúolos. Entre estas células observam-se

grânulos de pigmentos castanhos provenientes dos túbulos

excretores (Figs. 27 e 28).

WOODRING & GALBRAITH (1976) descreveram que o

epitélio do saco retal de F. agitans varia de colunar a

cuboidal, dependendo da distensão retal. Observaram ainda uma

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distinta borda em escova na superfície apical das células

epiteliais do reto. Segundo estes autores o saco retal serve

para estocagem temporária do material a ser excretado, onde

provavelmente ocorre, a reabsorção de água da matéria fecal.

JAKEMAN (1961) referiu que a célula epitelial de

revestimento do reto de L. echidininus, quando não

distendido, é alta.

O revestimento eptelial do reto de ácaros do

gênero Raillietia é cúbico simples, quando não distendido

(Fig. 27), tornando-se pavimentoso quando o mesmo está

repleto de matéria fecal (Figs. 25 e 28). O citoplasma das

células epiteliais de revestimento do reto de Raillietia

apresenta afinidade aos corantes básicos contrariamente à

acidofilia citoplasmática observada nas células epiteliais de

revestimento do reto de F. agitans (WOODRING & GALBRAITH,

1976). Não foi observada uma borda em escova na superfície

apical das células de revestimento do epitélio retal de

ácaros do gênero Raillietia. O reto diminui gradativamente de

diâmetro, à medida que se dirige posteriormente para o ânus.

4.2.7. Órgão excretor.

É constituído de uma par de túbulos excretores,

cujas extremidades em fundo cego, originam-se das bases das

coxas I de cada lado e seguem em direção ântero-posterior

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(Fig. 11). Das suas origens seguem ventralmente até ao nível

da coxa IV de cada lado e ascendem oblíquamente passando

atrás do divertículo dos cecos e a seguir dorsolateralmente

passando pela face medial do ceco dorsal posterior (Fig. 6).

Após aproximar-se da porção final do opistossoma novamente

descem realizando uma curva em direção anterior, para

finalmente, desembocarem no limite entre o intestino e reto

(Figs. 5, 6 e 11), através do uroporo (Fig. 27).

Os diâmetros dos túbulos excretores em torno de 80

micrômetros aumentam gradativamente à medida que este se

aproximam das coxas IV de cada lado para depois novamente

diminuírem.

Histológicamente em corte transversal a parede do

túbulo excretor é constituída de 3 a 5 células epitelias

piramidais (Fig. 26) e na luz dos mesmos podem ser

encontrados. Frequentemente grânulos de pigmentos castanhos

esverdeados (Fig. 27 e 28). Estes grânulos de pigmentos são

também encontrados nos túbulos excretores de larvas, ninfas e

adultos jovens de Ácaros do gênero Raillietia que näo tinham

se alimentado. VITZTHUM (1941) e BAKER & WHARTON (1952),

citados por YOUNG (1968a),

resultam do metabolismo

desoxirribonucleicos.

descreveram que estes pigmentos

de ácidos ribonucleicos e

Quando os túbulos excretores de ácaros do gênero

Raillietia, estäo repletos de pigmentos tornam-se escuro,

facilitando portanto a observação dos trajetos dos mesmos

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através de exames dos ácaros montados entre a lâmina e

lamínula (Fig. 12). Para este tipo de estudo não se utilizou

o meio de montagem de Hoyer (FLECHTMANN, 1972), pois este

meio destrói a maioria dos órgãos internos do ácaro. Assim,

para preservar a integridade dos túbulos excretores, os

exemplares de fêmeas adultas de ácaros do gênero Raillietia

foram fixados em líquido de Bouin, desidratados em álcoois

crescentes, clarificados em xilol e montados entre a lâmina e

lamínula.

O corte histológico dos túbulos excretores, quando

repletos de grânulos mostram células epiteliais pavimentosas

com núcleos achatados. Na superfície apical das células

epiteliais dos túbulos excretores vazios podem ser observadas

estriações na forma de borda em escova semelhantes as

descritas por KUO & NESBITT (1970) em Caloglyphus mycophagus.

Na porção média do túbulo excretor as células epiteliais

projetam-se em direção à luz. Nessas projeções, claviformes,

se acumulam granulações acidófilas. Estas projeções também

foram descritas em H. ambulans por YOUNG (1968a).

4.3. Sistema nervoso.

O sistema nervoso é constituído de uma massa de

tecido nervoso (singâglio) e troncos nervosos que se

originam da mesma. De acordo com WOODRING & GALBRAITH (1976)

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o singânglio resulta da fusão de todos os glânglios em uma

mesma massa, sendo a sua estrutura básica semelhante em todos

os ácaros.

Histologicamente o singânglio de ácaros do gênero

Raillietia coincide com os padrões gerais descritos por

JAKEMAN (1961), VIJAYAMBIKA & JOHN (1975), KUO & NESBITT

(1971) e WOODRING & GALBRAITH (1976). Assim o córtex do

singânglio de ácaros do gênero Raillietia também é

constituído por uma estreita camada, rica em células com

citoplasma escasso que possuem pequenos núcleos esféricos que

se coram intensamente pela hematoxilina e que segundo KUO &

NESBITT (1971) são células ganglionares. Envolvida pelo

córtex existe uma parte central fibrosa e eosinofílica

denominada medula (WOODRING & GALBRAITH, 1976), a que JAKEMAN

(1961) denominou de neurópilo (Fig. 13).

O esôfago penetra e atravessa a medula do

singânglio, dividindo-o em gânglio supra-esofagiano do

tamanho menor e gânglio infra-esofagiano de tamanho maior

(Fig. 13). Do gânglio infra-esofagiano originam-se 4 pares de

grandes troncos nervosos, denominados nervos podais, que

inervam cada pata (Fig. 14) além dos nervos do palpo.

JAKEMAN (1961), VIJAYAMBIKA & JOHN (1975), WOODRING

& GALBRAITH (1976) ainda descreveram em L. echidninus, L.

konor e F. agitans, respectivamente, troncos nervosos menores

como nervos dorsais, ventricular, queliceral, dorsal

anterior, faringeal e nervo do tritosterno. Em ácaros do

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gênero Raillietia foi difícil a identificação de todos os

ramos acima citados. Uma membrana muito fina denominada

neurolema (JAKEMAN, 1961) cobre a superfície do singânglio.

Em ácaros do gênero Raillietia, o neurolema é mais visível na

superfície dorsal do singânglio.

À luz da microscopia óptica, em cortes corados pela

hematoxilina-eosina não nos foi possível distinguir no córtex

cerebral de ácaros do gênero Raillietia tipos celulares como

neurônios e células da glia concordando com as observações

feitas por WOODRING & GALBRAITH (1976) em singânglio de F.

agitans. Os mesmos autores ainda observaram que o singânglio

é suprido por traqueíolas que penetram e ramificam no seu

interior.

4.4. Sistema respiratório.

O sistema respiratório é constituído de estígma,

átrio, peritrema, traquéia e traqueíolas.

Na impossibilidade de se observar o sistema

respiratório de ácaros do gênero o Raillietia através de

material montado em glicerina como fez JAKEMAN (1961) em

L. echidninus, optou-se por estudar a anatomia do sistema

respiratório, examinando exemplares montados em meio de HOYER

e veririficou-se que o sistema respiratório de ácaros do gênero

Raillietia é semelhante ao da espécie supra citada. Esta

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impossibilidade se deve à presença da camada de gordura

localizada logo abaixo da cutícula que dificulta a

visualização órgãos internos.

O estígma respiratório em ácaros do gênero

Raillietia encontra-se ventro-lateralmente de cada lado entre

o 3º e o 4º par de patas e é circundada pela placa estigmal

que se estende antero-dorsalmente e na forma de sulco

denominado peritrema. O peritrema apresenta cutícula

espessada e ao longo do seu trajeto encontram-se minúsculas

cerdas transversais. Internamente ao estígma encontra-se uma

câmara denominada átrio que se ramifica dando origem a três

grandes troncos da traquéia (Fig. 15). Um tronco segue em

direção anterior, outro cruza transversalmente o corpo do

ácaro e o terceiro segue em direção posterior. Os troncos da

traquéia ramificam-se dando origem a ramos com diâmetros cada

vez menores que são as traqueíolas. Pode-se observar ramos da

traquéia próximo ao singânglio (Fig. 14).

Histologicamente a traquéia e seus ramos

(traqueíola) em ácaros do gênero Raillietia são semelhantes

às traqueias e traqueíolas de insetos. Elas consistem de uma

tubo formado por uma camada cuticular acidófila internamente

a um epitélio pavimentoso simples (CANTWELL et alii, 1976).

Da parede interna do estígma e átrio originam-se minúsculas

cerdas o que está de acordo com as observações de WITALINSKY

(1979) feita em Parasitus viator. WOODRING & GALBRAITH (1976)

observando o estígma respiratório de F. agitans descreveram

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que a aparência de disco radiado desta estrutura decorre da

presença de minúsculas cerdas originando-se da parede de

átrio.

4.5. Sistema circulatório.

Assim como em L. echidninus (JAKEMAN, 1961) não foi

observado em ácaros do gênero Raillietia, um sistema

circulatório desenvolvido com coração, aorta dorsal, seio

perineural e veias como observado em Dermacentor andersoni

(DOUGLAS, 1943) e Argas persicus (BALASHOV, 1972). WOODRING &

GALBRAITH (1976) também afirmaram que não há coração em

F. agitans. WOOLEY (1987) considera que a ausência de coração

e vasos sanguíneos na maioria dos ácaros é devida aos seus

t amanhos reduzidos.

A cavidade do corpo, denominada hemocele é

contínua com as cavidades dos membros e de outros apêndices e

contém um líquido viscoso e transparente denominado

hemolinfa. Nos cortes histológicos a hemolinfa, coagulada

pela ação dos fixadores, é homogênea e acidófila (Fig. 21).

Existem células na hemolinfa, porém é impossível identificar

os tipos celulares através dos exames de cortes histológicos.

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4.6. Tecido muscular. (Músculos)

(Fig. 17). Os

preparados bem fixados.

Como em outros artropódes, as fibras musculares de

ácaros do gênero Raillietia, também apresentam estriações

transversais. Em corte longitudinal observa-se nítidamente a

alternância de faixa clara e escura, podendo ainda, em cortes

histológicos de material bem fixado, observar uma linha

sinuosa dividindo a faixa clara, o que faz lembrar a linha

"Z" de fibras musculares estriadas de vertebrados

escassos núcleos alongados, dispõem-se

perifericamente no sarcoplasma, visíveis somente em

A distribuição dos músculos em ácaros do gênero

Raillietia é semelhante à dos músculos de H. ambulans

estudado por YOUNG (1970).

No idiossoma de ácaros do gênero Raillietia

encontra-se de 9 a 10 feixes musculares orientados dorso-

ventralmente. Os feixes situam-se internamente nos cecos

dorsais anteriores e posteriores, com exceção de um que se

localiza externamente ao lado do divertículo destes dois

cecos. O último par corresponde ao músculo elevador do ânus

descrito por MICHAEL (1892) em Gamasídeos. Os músculos

originam-se da superfície interna das placa-dorsal e se

inserem na superfície interna das placas encontradas na

região ventral, na superfície do endosterno e na cutícula

espessada das coxas. Na maioria dos ácaros a contração destes

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27

músculos modifica a forma e o contorno do corpo. O

conseqüente aumento da pressão hidrostática provocada pela

contração destes músculos, causa a extensão das quelíceras,

palpos e patas TREAT (1975), citado por WOOLEY (1987).

Os músculos retratores das quelíceras e os múscu1os

do gnatossoma, originados na superfície interna da placa

dorsal, seguem um trajeto oblíquo e em sentido anterior

entre as glândulas salivares e inserem-se na base das

quelíceras e do gnatossoma respectivamente.

Na faringe encontramos os músculos dilatadores

(Fig. 3) e constrictores que se alternam ao longo do seu

trajeto.

A musculatura das patas é constituída de feixes

musculares oblíquos: os músculos coxais e subcoxais. Nas

coxas ainda são observadas de músculos (flexor e extensor) de

disposição semelhantes aos músculos da coxa de H. ambulans

(YOUNG, 1970). Nos demais segmentos das patas são observados

somente músculos flexores que se originam da superfície

interna da cutícula de um segmento e inserem na superfície

interna da cutícula do segmento subsequente.

YOUNG (1970) ainda subdividiu o feixe muscular

dorso ventral em promotor e remotor dorsais e promotor e

remotor ventrais, respectivamente. Os músculos promotor e

remotor ventrais originam-se da superfície ventral do

endosterno e se inserem na cutícula espessada da base das

coxas I, II, Ill e IV.

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28

Os três pares de músculos suspensórios do

endosterno originados da superfície interna da placa dorsal

estão inseridos no endosterno.

Em cortes transversais ao nível da vagina,

observam-se dois pares de músculos que se inserem na parede

da vagina. Um par ventral, originando na superfície interna

do escudo genital, sobe obliquamente em direção ao assoalho

da vagina inserindo-se na cutícula espessada do bordo lateral

da vagina (Fig. 16). O segundo par dorsal, origina-se da

superfície interna do escudo dorsal e desce obliqüamente em

direção ao teto da glândula vaginal. Pela disposição dos

feixes musculares, concluímos que as contrações dos mesmos

são responsáveis pela abertura da vagina, durante a passagem

da larva.

Nas extremidades dos músculos as fibras musculares

não apresentam estriações transversais. Segundo BALASHOV

(1972) estudando Hyalomma asiaticum a extremidade do músculo

recebeu a denominação de inserção fibrosa, pois penetra na

cutícula espessada dos estudos, através da face interna da

mesma (Fig. 17).

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4.7. Sistema reprodutor.

4.7.1. Ovário.

Em ácaros do gênero Raillietia o ovário é um órgão

ímpar (Fig. 18), medindo em torno de 200 micrômetros de

diâmetro estando localizado no opistossoma, atrás da câmara

posterior do ventrículo. Apresenta forma globosa com duas

porções distintas: a porção ântero-dorsal e a porção póstero-

ventral. A porção ântero-dorsal do ovário denominada Camera

spermatis por MICHAEL (1892) é constituída de células com

citoplasma basófilo. A porção póstero-ventral denominada

porção cavitária por MICHAEL (1892) mostra a parede

constituída de células localizadas mais internamente que são

as células germinativas e de ovócitos em diversas fases de

desenvolvimento localizados mais na periferia do ovário

(Fig. 19). O núcleo do ovócito é esférico de cromatina difusa

e nucléolo desenvolvido. Os ovócitos maiores são secundários

e projetam-se para dentro da hemocele e acumulam no

citoplasma, grande quantidade de grânulos de vitelo estando

ligados à superfície do ovário através de um pedúnculo. Na

porção póstero-dorsal do ovário, desemboca um curto e

estreito canal que liga o Sacculus foeminus ao ovário (Fig.

18) o qual MICHAEL (1892) denominou de Cornu sacculi e YOUNG

(1968b) denominou de espermateca em H. ambulans.

WINKLER (1888) estudando a anatomia de gamasídeos

descreveu a presença da túnica própria constituída por

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30

células pavimentosas na superfície dos ovários de Uropoda

obscura, Gamasus crassipes, Gamassus fucorum e Hyposopis

nemorensis.

YOUNG (1968b) relata que a túnica própria que

reveste a superfície do ovário de H. ambulans é acelular. Em

ácaros do gênero Raillietia, o ovário é revestido por uma

túnica própria celular (Fig. 19).

Da porção dorso-lateral do ovário de ácaros

Gamasida (Mesostigmata) (JAKEMAN, 1961 MICHAEL, 1892 e

YOUNG, 1968b) e de Ixodida (Metastigmata) (POUND & OLIVER,

1976), originam-se duas estruturas, uma de cada lado (Fig.

18) e constituídas de células poligonais basófilas (Fig. 20)

denominadas porçäo em forma de lira do ovário ou "lyrate

organ" (MICHAEL, 1892) ou glândula ovulogênica (YOUNG,

1968b). A morfologia desses órgãos é bastante variada de

acordo com as espécies de Gamasida estudadas (MICHAEL, 1892).

A função desta glândula ovulogênica ainda não é conhecida

(YOUNG, 1968b), mas MICHAEL (1892) especulou que este órgão

pode ter função vitelogênica ou germinativa.

MICHAEL (1892) cita no seu trabalho que o "lyrate

organ" (órgão em forma de lira) é o mais volumoso órgão do

Gamasida. Ao contrário, em ácaros do gênero Raillietia este

órgäo é pouco desenvolvido e apresenta a forma de um disco

(Figs. 18 e 20).

Histologicamente em ácaros do gênero Raillietia, as

células que constituem a glândula ovulogênica säo semelhantes

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31

as da porção ântero-dorsal do ovário (Fig. 20) com o qual

mantém continuidade. Essas células com núcleo de cromatina

compacta, são basófilas e semelhantes às observadas em

diversas espécies de Gamasida por MICHAEL, (1892) e em L.

echidninus por JAKEMAN (1961), respectivamente.

4.7.2. "Sacculus foeminus", "Rami sacculi", "Tubuli

annulati" "Cornu sacculi" e espermatocistos.

O Sacculus foeminus descrito por MICHAEL, 1892 é

uma estrutura em forma de bolsa, de parede fina que varia de

tamanho e se localiza dorsalmente ao ovário (Fig. 18).

Histologicamente observam-se núcleos achatados na parede do

Sacculus foeminus. MICHAEL (1892) atribuiu ao Sacculus

foeminus a função de recepção de sêmen. WOODRING & GALBRAITH

(1976) estudando F. agitans observaram logo abaixo do útero

um receptáculo seminal, em cujo interior encontram-se

espermatóforos. O Sacculus foeminus difere do receptáculo

seminal descrito por WOODRING & GALBRAITH (1976) e se

comunica com a parte póstero-dorsal do ovário através de um

curto e estreito canal, denominado de Cornu sacculi (Fig.18)

que, em Ácaros do gênero Raillietia, só foi visto em cortes

histológicos. No interior do Sacculus foeminus de Ácaros do

gênero Raillietia encontram-se estruturas alongadas dispostas

radialmente que MICHAEL (1892) denominou de espermatocistos,

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YOUNG (1968b) de espermocistos, enquanto JAKEMAN (1961)

denominou-as de células-mãe de espermatozóides. Os

espermatocistos através da porção dilatada entram em contato

com a membrana do Sacculus foeminus, ficando assim próximo à

hemolinfa (Fig. 21).

Os Rami sacculi, em número de dois, originam-se

dorso-lateralmente do Sacculus foeminus e afinam bruscamente

dando origem ao Tubuli annulati (Fig. 18). Estes últimos

direcionam-se entre as coxas III e IV, onde se encontram as

aberturas genitais primárias, uma de cada lado. Segundo YOUNG

(1968b) os Tubuli annulati em H. ambulans também abrem-se nas

aberturas genitais primárias conhecidas também como poros de

indução de esperma. Histologicamente os Rami sacculi

apresentam parede fina idêntica ao do Sacculus foeminus.

Microscopicamente o espermatocisto de ácaros do

gênero Raillietia é uma estrutura alongada com uma das

extremidades dilatada e outra afilada (Fig. 21). A

extremidade dilatada contém uma cavidade onde se encontram

pelo menos três estruturas esféricas com ponto escuro

central, que se assemelham a espermatozóides de Gamasus

crassipes estudados por WINKLER (1888). A estrutura alongada

cora-se levemente pela eosina e corresponde aos

espermatocistos descritos por MICHAEL (1892).

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4.7.3. Oviduto e útero. 33

Não foi possível observar o oviduto e o útero em

ácaros do gênero Raillietia através da dissecção. Em cortes

histológicos sagitais observa-se a existência de uma câmara,

logo abaixo do ovário, em cujo interior nota-se a presensa de

um embrião em desenvolvimento (Fig. 22).

JAKEMAN (1961) descreveu a existência de apenas um

oviduto em L. echidninus POUND & OLIVER (1976) também

descreveram a existência de apenas um oviduto que liga o

ovário à vagina em Ornithonyssus sylviarum.

YOUNG (1968b) estudando o sistema reprodutor de H.

ambulans, descreveu um único oviduto, originado da porção

póstero-ventral do ovário e, em cujo trajeto, foi observado

uma dilatação posterior, em forma de bolsa denominada de

glândula da casca do ovo. Não foi descrito a presença de

útero nessa espécie.

WINKLER (1888), estudou gamasus crassipes e

descreveu a presença de um oviduto e útero, este último

contendo glândulas.

MICHAEL (1982) estudando Haemogamasus horridus e

Gamasus crassipe encontrou um único tubo comunicando o ovário

a câmara onde se desenvolve o embrião. Como não distinguiu

diferenças estruturais entre as duas porções que correspondem

ao oviduto e ao útero respectivamente denominou ambos de

oviduto.

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34

JAKEMAN (1961) estudando L. echidninus também

descreveu a existência de uma câmara subjacente ao ovário na

qual se desenvolve o embrião e considerou inadequado e

questionável o termo oviduto para designar a referida câmara.

O mesmo autor ainda inferiu que deveria haver um estreito

tubo, correspondente ao oviduto ligando o ovário a esta

câmara, mas cita que não foi possível evidenciar o referido

tubo nos cortes histológicos uma vez que sempre havia um

embrião em desenvolvimento. É possível que, por ter escolhido

somente fêmeas completamente maduras, a observação desse tubo

tenha sido dificultada.

Em cortes histológicos de fêmeas adultas de ácaros

do gênero Raillietia também foi observada uma câmara

subjacente ao ovário contendo sempre um único embrião em

desenvolvimento. O embrião à medida que desenvolve desloca o

intestino para os lados ou para baixo, comprimindo-o e atinge

uma forma bem desenvolvida, ou seja, uma forma larvar de

ácaro com palpos, quelíceras e 3 pares de patas totalmente

formadas (Fig. 23). Esta larva no interior da câmara é

envolvida por uma fina membrana (Figs. 23). A parede desta

câmara quando contém o embrião desenvolvido torna-se

distendida e delgada, sendo constituída de células achatadas

com núcleos alongados. Em fêmeas adultas de ácaros do gênero

Raillietia, após a saída da larva (postura) é possível

observar um estreito e curto tubo que une ovário a câmara

sujacente onde desenvolveu a larva. A referida câmara, quando

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vazia, apresenta a parede pregueada com células mais altas.

Baseando-se no trabalho realizado sobre G. crassipes por

WINKLER (1888), a câmara onde ocorre o desenvolvimento do

embrião à larva corresponde ao útero e o referido tubo

corresponde ao oviduto.

WOODRING & GALBRAITH (1976) descreveram a presença

de dois ovidutos em F. agitans que se dirigem anteriormente

para desembocar no útero, em cuja parede encontra tecido

muscular orientado longitudinalmente. Em ácaros do gênero

Raillietia não foi observada a presença de tecido muscular,

na parede uterina conforme descrita em F. agitans por

WOODRING & GALBRAITH (1976).

4.7.4. Vagina.

A vagina localizada anteriormente ao útero onde se

desenvolve o embrião e larva (Figs. 22 e 23) abre-se no

assoalho do propodossoma ao nível das coxas II e llI,

anteriormente ao escudo gênito-ventral. JAKEHAN (1961)

descreveu a existência de um par de glândulas tubulares

simples em L. echidninus. WOODRING & GALBRAITH (1976) também

descreveram a existência de duas glândulas vaginais em F.

agitans. Em cortes frontais de ácaros do gênero Raillietia

observa-se um recesso dorsal com a luz em forma de semilua e

que, em corte sagital, abre-se na direção da vagina (Figs. 18

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36

e 23).

Não há evidência da presença das glândulas vaginais

em ácaros do gênero Raillietia.

Uma fina cutícula situa-se sobre o epitélio do

orifício vaginal.

4.8. Tecido adiposo (células adiposas).

Encontra-se sob a cutícula, formando uma camada de

3 a 4 fileiras de volumosas células com núcleo esférico,

central ou ligeiramente excêntrico e citoplasma com aspecto

espumoso (Fig. 24). As células adiposas acumulam gotículas de

gordura de diversos tamanhos no citoplasma, constituindo

gordura multilocular, idêntica à células de gordura dos

insetos. Observamos ainda, entre as células adiposas mais

desenvolvidas, células jovens, menores, com o citoplasma

glotículas de gordura.

totalidade do corpo de Ácaros do gênero Raillietia,

basófilo e ainda com poucos vacúolos deixados pelas

Esta camada de adipócitos envolve quase a

constituindo um manto de gordura que WOODRING & GALBRAITH

(1976) denominaram ele parênquima ao estudarem F. agitans.

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37

5. CONCLUSÕES

A anatomia e a estrutura dos órgãos internos de

fêmeas adultas de ácaros do gênero Raillietia Trouessart,

1902, (Acari, Gamasidae) assemelham-se as das espécies de

Gamasídeos mais estudadas como Laelaps echidninus,

Haemogamasus ambulans, H. horridus, H. hirsutus e

Fuscouropoda agitans, destacando-se algumas observações e

pequenas variações a seguir:

1- As glândulas salivares apresentam dois tipos de

células secretoras: células altas com grânulos

citoplasmáticos basófilos, e células baixas com grânulos

citoplasmáticos acidófilos.

2- Observam-se dois pares de másculos estriados na

parede da vagina responsáveis pela abertura da vagina,

durante a passagem da larva: o primeiro par, ventral,

origina-se da superfície interna da placa ventral e sobe

obliquamente para se inserir no assoalho da vagina; o segundo

par, dorsal, origina-se da superfície interna da placa dorsal

e desce obliquamente para se inserir na extremidade do

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38

recesso vaginal.

3- As estruturas correspondentes aos órgãos em

forma de lira, "lirate organ" ou glândulas ovulogênicas são

pouco desenvolvidas e de forma discoidal.

4- Os espermatocistos existentes na luz do Sacculus

foeminus são estruturas alongadas com uma das extremidades

dilatada e outra afilada, e estão dispostos radialmente com a

porção

foeminus.

dilatada em contato com a membrana do Sacculus

5- No útero de fêmeas adultas de ácaros do gênero

Raillietia com opistossoma bem volumoso, histologicamente

verificamos a existência de larva bem densenvolvida, envolta

por uma fina membrana.

6- Ausência de glândulas vaginais, confirmados

através de cortes histológicos seriados.

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FIGURA 1: Representação esquemática dos planos de cortesrealizados em ácaros. A. transversal (T) e Sagital (S), e (M)Mediano. B. frontal (F) (KUO & NESBITT, 1970).

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FIGURA 2: Representção esquemática da glândula salivar defêmea adulta de ácaro do gênero Raillietia de bovinos. Célulaglandular maior (CGMA), Célula glandular menor (CGME) e Dutosalivar (DS).

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FIGURA 3: Microfotografia de um corte transversal do gnatossoma de ácaro do gê- nero Raillietia de bovinos. Faringe (F), Músculos dilatadores (MD) da faringe. Col. Tricrômico de Gomori. 300x.

FIGURA 4: Microfotografia de um cortesagital de ácaro do gênero Raillietiade bovinos. Câmara anterior doventrículo (CAV). Esôfago (ES),Endosterno (EN) Col. Tricrômico de Gomo-ri. 300x.

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FIGURA 5: Representação esquemática do sistema digestivo defêmea adulta de ácaro do gênero Raillietia de bovinos.Esôfago (ES), câmara anterior do ventrículo (CAV), câmaraposterior do ventrículo (CPV), ceco dorsal anterior (CDA),ceco dorsal posterior (CDP), ceco ventral (CV), intestino(IT), reto (R), túbulo excretor (TE) e ânus (A).

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FIGURA 6: Representação esquemática do sistema digestivo etúbulos excretores de fêmea adulta de ácaro do gêneroRaillietia de bovinos. Esôfago (ES), singânglio (SIN), câmaraanterior do ventrículo (CAV), câmara posterior do ventrículo(CPV), ceco dorsal anterior (CDA), ceco dorsal posterior(CDP), ceco ventres1 (CV), intestino (IT), Feto (R), coxa I(I), túbulo excretor (TE) e ânus (A).

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FIGURA 7: Microfotografia de um cortefrontal de ácaro do gênero Raillietiade bovinos, ao nível do ventrículo(V). Câmara anterior do ventrículo(CAV), esôfago (ES) e músculos (M),endosterno (EN). Col. Tricrômico deGomori. 300x.

FIGURA 8: Microfotografia de um cortetransversal de ácaro do gêneroRaillietia de bovinos ao nível doventrículo (V). Células secretoras(CS) e células indiferenciadas (CI).Col. Tricrômico de Gomori. 300x.

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FIGURA 9: Microfotografia de um corte sagital de ventrículo (V) de ácaro do gê- nero Raillietia de bovinos. Células secre- toras (CS). Col. Tricrômico de Gomori. 300 x.

FIGURA 10: Microfotografia de um corte frontal de ventrículo (V) de ácaro dogênero Raillietia de bovinos. Ceco dorsal anterior (CDA) e células diges-tivas (CD) com vacúolos (seta). Col.Tricrômico de Gomori, 150x.

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FIGURA 11: Representação esquemática de fêmea adulta de ácaro do gênero Raillietia de bovinos evidenciando o trajeto dos túbulos excretores (TE). Intestino (IT), feto (R) e ânus (A).

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FIGURA 12: Microfotografia de um ácaro do gênero Raillietia de bovinos fixado em líquido de Bouin, desidratado e mon- tando entre lâmina e larnínula. Túbulos excretores (TE). 45x.

FIGURA 13: Microfotografia de um corte sa- gital de singânglio de ácaro do gêneroRaillietia. Córtex (C), medula (MED), esô- fago (ES), gânglio supra-esofagiano (GSE)e gânglio infra-esofagiano (GIE). Hemato-xilina e Eosina. 150x.

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FIGURA 14: Microfotografia de um cortefrontal de ácaro do gênero Raillietiade bovinos. Singânglio (SIN); nervospodais (NP). Col. Hematoxilina-Eosi-na. 90x.

FIGURA 15: Microfotografia de um cortetransversal de ácaro do gênero Railli- etia de bovinos. Estígma respiratório(ER), traquéia (TR), ventrículo (V),escudo dorsal (ED), túbulo excretor (TE), endosterno (EN). Col. Tricrômicode Gomori. 90x.

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FIGURA 16: Microfotografia de um cortetransversal de ácaro do gênero Railli-etia de bovinos. Músculos da vagina,par ventral (MVV), ventrículo (V) etúbulo excretor (TE) Col. Tricrômicode Gomori. 90x.

FIGURA 17: Microfotografia de um corte lon-gitudinal dos músculos dorso-ventral de áca-ro do gênero Raillietia de bovinos. Faixasestufas, claras e linha sinuosa (seta). In-serção fibrosa (IF), estudo dorsal (ED).Col. Tricrômico de Gomori. 300x.

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FIGURA 18: Representação esquemática do sistema reprodutor defêmea adulta de ácaro do gênero Raillietia de bovinos.Sacculus foeminus (SF), Rami sacculi (RS), Tubuli annulati(TA), Cornu sacculi (COS), Ovário (O), Glândula ovulogênica(GO), Oviduto (OD), útero (UT), Vagina (VG).

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FIGURA 19: Microfotografia de um cortefrontal de ovário de ácaro do gênero Rail-lietia de bovinos. Porção póstero-ventral(PPV) com ovócitos primários (OP), túnicaprópria (TP). Col. Tricrômico de Gomori.300x.

FIGURA 20: Microfotografia de um cortefrontal de glândulas ovulogênicas (GO)de ácaro do gênero Raillietia de bovi-nos. Camera spermatis (CS). Col. Tricô-mico de Gomori. 300x.

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FIGURA 21: Microfotografia de um cortefrontal de Sacculus foeminus (SF) deácaros do gênero Raillietia de bovinos.Espermatocistos (SPC), hemolinfa (HL).Col. Tricrômico de Gomori. 150x.

FIGURA 22: Microfotografia de um corte sa-gital de ácaro do gênero Raillietia de bo-vinos. útero (UT), larva (L) e vagina(VG). Col. Hematoxilina e Eosina. 150x.

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FIGURA 23: Microfotografia de um cortesagital de ácaro do gênero Raillietia debovinos. Útero (UT), embrião (E) e vagina(VG). Col. Hematoxilina-Eosina. 150x.

FIGURA 24: Microfotografia de um cortehistológico de ácaro do gênero Railli-etia de bovinos mostrando células adi-posas (CA). Col. Azul de Metileno.300x.

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FIGURAS 25-28: Microfotografia de cortes Histológicos defêmeas adultas de ácaros do gênero Raillietia de bovinos.

FIGURA 25: Microfotografia de um corte sagital de ácaro dogênero Raillietia de bovinos, mostrando intestino (IT),esfínter (ESF), feto (R), matéria fecal (MF). Tricrômico deGomori. 90x.

FIGURA 26: Microfotografia de um corte transversal e oblíquodo túbulo excretor (TE) de ácaro do gênero Raillietia debovinos. Col. Tricrômico de Gomori. 150x.

FIGURA 27: Microfotografia de um corte transversal do feto(R) de ácaro do gênero Raillietia de bovinos. Matéria fecal(MF), túbulo excretor (TE), uroporo (UP) e hemolinfa (HL).Col. Tricrômico de Gomori. 150x.

FIGURA 28: Microfotografia de um corte transversal de reto(R) de ácaro do gênero Raillietia de bovinos. Matéria fecal(MF) com grânulos de pigmentos castanhos, túbulo excretor(TE) com grânulos de pigmentos castanhos na luz. Col.Hematoxilina-Eosina, 150x.

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FIGURA 26 FIGURA 25

FIGURA 27 FIGURA 28

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