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AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO EXPERIMENTAL E NATURAL PELO Schistosoma mansoni (SAMBON, 1907) EM BOVINOS: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA CELINA MARIA MODENA RIO DE JANEIRO 1989

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AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO EXPERIMENTAL E NATURAL PELO

Schistosoma mansoni (SAMBON, 1907) EM BOVINOS:

UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA

CELINA MARIA MODENA

RIO DE JANEIRO

1989

Page 2: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICAr1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R109.pdfvestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre, RS. Em 1972, ingressou no Curso

UNIVERSIDADE FEDERAl RURAL DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

PARASI TOLOGI A VETERI NÁRIA

AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO EXPERIMENTAL E NATURAL PELO

Schistosoma mansoni (SAMBON, 1907) EM BOVINOS:

UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA

CELINA MARIA MODENA

SOB A ORIENTAÇÃO DO:

PROF: DR: ULISSES EUGÊNIO CAVALCANTI CONFALONIERI

TESE APRESENTADA COMO REQUISITO

PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM MEDICI-

NA VETERINÁRIA - PARASITOLOGIA

VETERINÁRIA

RIO DE JANEIRO

1989

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TÍTULO

AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO EXPERIMENTAL E NATURAL PELO

Schistosoma mansoni (SAMBON, 1907) EM BOVINOS:

UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA

AUTOR

CELINA MARIA MODENA

APROVADA EM: 28/07 /1989

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Aos meus p a i s p e l o

exemplo e estímulo.

iv.

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Este trabalho contou com apoio do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-

tífico e Tecnológico - CNPq, da Financia-dora de Estudos e Projetos- FINEP, do Gru-

po Interdepartamental de Estudos sobre Es-

quistosomose, GIDE-ICB-UFMG e do Programa

Institucional de Capacitacão de Docentes-

PICD/CAPES.

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AGRADECIMENTOS

A autora agradece a todos aqueles profissionais que

com seu conhecimento, experiência, espírito acadêmico, compe-

tência e amizade tornaram possível a realização desta pesqui-

sa.

-Ao Professor ULISSES EUGÊNIO

CAVALCANTI CONFALONIERI

- Ao Professor FREDERICO Sl-

MÕES BARBOSA

- Ao Professor PAULO MARCOS

ZECH COELHO

Professor Adjunto do Insti-

tuto de Biologia da Univer-

sidade Federal Rural do Rio

de J a n e i r o .

Professor Titular da Escola

Nacional de Saúde Pública

da Fundação Oswaldo Cruz

do Rio de Janeiro.

Professor Titular do Insti-

tuto de Ciências Biológicas

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da Universidade Federal de Mi-

nas Gerais.

- Ao Professor CARLOS WILSON

GOMES LOPES

Professor Adjunto do Institu-

to de Biologia da Universida-

de Federal Rural do Rio de Ja-

neiro.

- Ao Professor WALTER DOS SAN-

TOS LIMA

Professor Adjunto do Institu-

to de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Minas

Gerais.

- Ao Professor NICOLAU MAUÉS

DA SERRA FREIRE

- Ao Professor RAIMUNDO HIL-

TON GIRÃO NOGUEIRA

- Aos técnicos e funcionários

Professor Adjunto do Institu-

to de Biologia da Universida-

de Federal Rural do Rio de Ja-

n e i r o .

Professor Adjunto da Escola

de Veterinária da Universida-

de Federal de Minas Gerais.

do Grupo Interdepartamental de

Estudos sobre Esquistossomose

da Universidade Federal de Mi-

nas Gerais.

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Aos colegas, RÔMULO, IVO, TÂNIA e BETH, pela amizade e compa-

nheirismo demonstrados no decorrer do curso de Pós-Gradua-

ção.

Aos demais professores, funcionários e colegas, pelo conví-

vio.

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BIOGRAFIA

CELINA MARIA MODENA, filha de Adayr Paulo Modena e de

Eunice de Rezende Modena, nasceu em 30/10/1951, no município

de Três Corações, Estado de Minas Gerais.

Freqüentou o curso primário e ginasial nas seguintes

instituições: Colégio Hermantina Beraldo em Pouso Alegre, MG;

Colégio Liberato Salzano Vieira da Cunha em Cachoeira do Sul,

RS e Colégio Ipanema em Porto Alegre, RS. 0 científico e o pré-

vestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre,

RS.

Em 1972, ingressou no Curso de Medicina Veterinária

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, graduan-

do-se em 1977.

Cursou especialização em Microbiologia e Imunologia,

no instituto de Ciências Biológicas da UFRGS e em Medicina Ve-

terinária, Preventiva na Uníversidade Federal de Minas Gerais,

UFMG. Concluiu o curso de Mestrado em Epidemiologia em 1982,

na Escola de Veter inár ia da UFMG.

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Foi professora Assistente da Faculdade de Veterinária

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 1977 a 1982.

Prestou concurso para professor junto ao Departamento

de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária da

UFMG em 1982, onde é Professora Adjunto até a presente data.

Durante este período publicou 21 trabalhos de pesquisa na área

de Medicina Veterinária.

Iniciou o Doutorado em 1988 no curso de Pós-Gradua-

ção em Medicina Veterinária - Área de Parasitologia Veteriná-

ria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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32

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34

35

49

49

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE DE BOVINOS À INFECÇÃO

EXPERIMENTAL PELO Schistosoma mansoni

2.1. Revisão da L i t e r a t u r a

2 . 2 . M a t e r i a l e Métodos

2 . 3 . R e s u l t a d o s

2 . 4 . Discussão

3. HISTOPATOLOGIA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM BOVI-

NOS INFECTADOS EXPERIMENTALMENTE

3 . 1 . Rev isão da L i t e r a t u r a

3 . 2 . M a t e r i a l e Métodos

3.3. Resultados

3.4. Discussão

4. COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO COPROSCÓPICO E A CURETA-

GEM DE MUCOSA RETAL NO DIAGNÓSTICO DA ESQUISTOSSO-

MOSE MANSONI EM BOVINOS

4.1. Revisão da Literatura

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xii.

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100

4.2. Material e Métodos

4.3. Resultados

4.4. Discussão

5. TRANSMISSÃO DO Schistosoma mansoni EM CONDIÇÕES EX-

PERIMENTAlS DE CAMPO ATRAVÉS DO MODELO BOVINO

B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a - BOVINO

5.1. R e v i s ã o da L i t e r a t u r a

5.2. Material e Métodos

5 . 3 . R e s u l t a d o s

5 . 4 . D i s c u s s ã o

6. ALGUNS ASPECTOS DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM BOVI-

NOS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MINAS GE-

RAIS

6.1. Revisão da Literatura

6.2. Material e Métodos

6.3. Resultados

6.4. D i s c u s s ã o

7. CONCLUSÕES

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

9. APÊNDICE

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ÍNDICE DE TABELAS

Período pré-patente em bovinos infectados com

20.000 cercárias de Schistosoma mansoni, de a-

cordo com raça e faixa etária

Distribuição de helmintos adultos, recupera-

dos por perfusão do sistema porta, em cinco

bezerros da raça holandesa infectados por via

transcutânea com 20.000 cercárias de Schisto-

soma mansoni

Distribuição de helmintos adultos, recupera-

dos por perfusão do sistema porta, em cinco

bezerros mestiços infectados por via transcu-

tânea com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni

TABELA 1.

TABELA 2.

TABELA 3.

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x i v .

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Distribuição de helmintos adultos, recuperados

por perfusão do sistema porta, em cinco bovi-

nos adultos, da raça holandesa infectados por

via transcutânea com 20.000 cercárias de Schis-

tosma mansoni

D i s t r i b u i ç ã o de he lm in tos a d u l t o s , recuperados

por per fusão do sistema po r t a , em c inco bov i -

nos mest iços adu l t os i n f e c t a d o s por v ia t r a n s -

cutânea com 20.000 cercárias de Schistosoma

manson i

Comparação entre as taxas de recuperação de

helmintos adultos, de bovinos infectados expe-

rimentalmente com 20.000 cercárias de Schisto-

soma mansoni, segundo raça e faixa etária

Oograma quantitativo de fragmentos do intesti-

no grosso de cinco bezerros da raça holandesa

infectados por via transcutânea com 20.000 cer-

cárias de Schistosoma mansoni

Oograma quantitativo de fragmentos do intesti-

no grosso de cinco bezerros mestiços infecta-

dos por via transcutânea com 20.000 cercárias

TABELA 4.

TABELA 5.

TABELA 6.

TABELA 7.

TABELA 8.

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X V .

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de Schistosoma mansoni

Oograma quantitativo de fragmentos do intes-

tino grosso de cinco bovinos adultos da ra-

ça holandesa infectados por via transcutâ-

nea com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni

Oograma quantitativo de fragmentos do intes-

tino grosso de cinco bovinos mestiços adul-

tos infectados por via transcutânea com

20.000 cercárias de Schistosoma mansoni

Número de amostras positivas ao exame copros-

cópico de bezerros infectados com 20.000 cer-

cárias de Schistosoma mansoni

Número de amostras positivas ao exame copros-

cópico de bovinos adultos infectados com

20.000 cercárias de Schistosoma mansoni

Primeira detecção de ovos de Schistosoma man-

soni nas fezes de bezerros infectados em

condições experimentais de campo

TABELA 9.

TABELA 10.

TABELA 11.

TABELA 12.

TABELA 13.

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x v i .

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Recuperação de helmintos adultos, pela técni-

ca de perfusão do sistema porta em bezerros

infectados pelo Schistosoma mansoni em condi-

ções experimentais de campo

Oograma quantitativo de amostras de fígado e

intestino de bezerros infectados em condições

experimentais de campo pelo Schistosoma mansoni

Avaliação da densidade populacional de Biom-

phalaria glabrata, mantidas em condições ex-

perimentais de campo, segundo método de COE-

LHO et alii (1986)

Número de ovos viáveis (por grama de tecido)

obtidos por curetagem de mucosa fetal e pelo

exame coproscópico (por grama de fezes) em bo-

vinos naturalmente infectados pelo Schistoso-

ma mansoni

Número médio de ovos viáveis (por grama de te-

cido) obtidos por curetagem de mucosa retal e

pelo exame coproscópico (por grama de fezes) em

um bezerro da raça holandeza naturalmente in-

TABELA 14.

TABELA 15.

TABELA 16.

TABELA 17.

TABELA 18.

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x v i i .

P á g i n a s

87fectado pelo Schistosoma mansoni

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ÍNDICE DE FIGURAS

Número médio de ovos maduros de Schistosoma

mansoni, por grama de fezes, em bovinos in-

fectados com 20.000 cercárias

Número médio de ovos maduros de Schistosoma

mansoni, obtidos por curetagem de mucosa

retal em bovinos infectados com 20.000 cer-

cár ias

Fígado de um bovino: Reação granulomato-

sa ao redor do ovo; infiltração de células

mononucleares ao redor do S. mansoni. (H.E.,

= 0 ,1 mm)

Fígado de um bovino: Reação granulomato-

sa ao redor do ovo de S. mansoni. (H.E.,

= 0,02 mm)

FIGURA 1.

FIGURA 2.

FIGURA 3.

FIGURA 4.

Nilson
Nilson
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Fígado de um bovino: Reação granulomatosa,

ovo de S. mansomi. (H.E., ------ = 0,03 mm)

Fígado de um bovino: reação inflamatória

ao redor da veia porta constituída de fi-

broblastos e células mononucleares, duto

biliar e S. mansoni. (H.E., ------ = 0,02

mm ) "

Fígado de um bovino: S. mansoni, veia por-

tal circundada por reação inflamatória cons-

tituída de fibrose, células mononucleares,

hemorragia e necrose. (H.E., ------- = 0,05

mm)

Fígado de um bovino: Degeneração da forma

adulta do S. mansoni e infiltração eosino-

fílica. (H.E., ------- = 0,03 mm)

Intestino grosso de um bovino. Presença de

adultos de S. mansoni no interior de uma

veia localizada na serosa. (H.E., ------- = 0,1

mm)

FIGURA 5.

FIGURA 6.

FIGURA 7.

FIGURA 8.

F IGURA 9.

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x x .

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Intestino grosso de um bovino. Calcificação

ao redor de ovos de S. mansoni e reação gra-

nulomatosa localizada na sub-mucosa. (H.E.,

------- = 0,1 mm)

Intestino grosso de um bovino: ovos de S.

mansoni circundados por intensa reação in-

flamatória constituída por células mononu-

cleares. (H.E., ------- = 0,03 mm)

Região anal de um bovino: ovos de S. mansoni

circundados por reação granulomatosa locali-

zada ao redor das pequenas vênulas da sub-

mucosa. (H.E., ------- = 0,1 mm)

Parênquima pulmonar de um bovino: presença

de forma adulta de S. mansoni em uma veia

pulmonar circundada por reação ínflamatória

caracterizada em sua maioria por eosinófi-

los. (H.E., ------- = 0,03 mm)

Número médio de ovos maduros, obtidos pelo

método coproscópico e pela curetagem de muco-

sa retal em bovinos infectados experimen-

talmente pelo Schistosoma mansoni

FIGURA 10.

FIGURA 11.

FIGURA 12.

FIGURA 13.

FIGURA 14.

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x x i .

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Área onde foram mantidos os bovinos para fe-

chamento do ciclo do Schistosoma mansoni, a-

través do modelo bovino - Biomphalaria gla-

brata - bovino

Percentual de positividade para Schistosoma

mansoni nas áreas dos Centros Regionais de

Saúde - Secretaria do Estado da Saúde Mi-

nas Gerais, 1986

FIGURA 15.

FIGURA 16.

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ÍNDICE DE QUADROS

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QUADRO 1. Modelo de quadro para cálculo de sensibilida-

de e especificidade do método coprológico em

relação a curetagem de mucosa

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ÍNDICE DE APÊNDICES

Páginas

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APÊNDICE 1. A n á l i s e de v a r i â n c i a para os dados das Ta-

b e l a s 2, 3, 4 e 5

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nados, terminando por integrar o perfil epidemiológico destas

áreas e populações.

Dentro desta visão, alguns autores questionam a pos-

sibilidade de que no país a esquistossomose possa transformar-

se de uma típica zooantroponose numa anfixenose em áreas de al-

ta e média endemicidade, em função da participação de outras

espécies na transmissão. A persistêncía de focos associados à

potencialização da exposição de risco, determinaria que novas

estratégias de controle tenham que ser repensadas.

No Brasil, os hospedeiros definitivos não humanos do

S. mansoni mais importantes, isto é, com altos índices de in-

fecção natural e mais suscetívies ao parasito, são aqueles de

hábitos semi-aquáticos. São animais das espécies Holochilus

brasiliensis, Nectomis squamipes e o Procyon C. nigripes en-

contrados com índices relativamente elevados de infecção natu-

ral. A revisão bibliográfica referente aos hospedeiros defini-

tivos não humanos do S. mansoni foi realizada com bastante ri-

gor por COELHO et alii (1979).

Com relação aos animais doméstícos pouco se conhece

sobre sua inserção no processo de transmissão e manutenção da

endemia. Quando aos bovinos, até o momento, existem cinco tra-

balhos que abordam a questão, sendo dois deles no país. O pri-

meiro relato da infecção natural foi realizado por BARBOSA et

alii (1962) no Estado de Pernambuco.

Àpesar do trabalho de BARBOSA et alii ter sido publi-

cado em 1962, e ser conhecida a importância que tem certos ani-

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mais domésticos como disseminadores da esquistossomose japôni-

ca associada a facilidade com que se obtém infecções experimen-

tais e naturais nos mais variados mamíferos pelo S. mansoni,

a esquistossomose mansoni não tem sido devidamente considera-

da do ponto de vista epidemiológico.

Em função do exposto, nosso objeto de pesquisa será a

caracterização da esquistossomose bovina enquanto problema de

saúde pública, tendo como objetivo geral, procurar avaliar a

real importância epidemiológica da espécie enquanto hospedei-

ros e transmissores do S. mansoni, analisar o fenômeno enquan-

to biológico, caracterizá-lo sob alguns aspectos ecológicos e

tentar explicá-lo em relação a sua inserção em estruturas de

produção pecuárias diferenciadas, através dos seguintes objeti-

vos específicos:

- determinar o potencial de bovinos como hospedeiros

do S. mansoni;

- avaliar a histopatologia da infecção experimental;

- estabelecer método de diagnóstico mais sensível e

compará-lo com o método coproscópico;

- avaliar o potencial da espécie na manutenção da en-

demia com fechamento do ciclo em condições experimentais atra-

vés do modelo bovino - Biomphalaria glabrata - bovino.

- determinar alguns aspectos da infecção natural, no

município de Governador Valadares, Minas Gerais.

,

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2. AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE DE BOVINOS À INFECÇÃO

EXPERIMENTAL PELO Schistosoma mansoni

2.1. Revisão da Literatura

Dentre os critérios utilizados para se estudar os pro-

cessos de adaptação do Schistosoma mansoni aos hospedeiros de-

finitivos, a evolução da parasitose se apresenta como parâme-

tro fundamental. As variáveis que permitem determiná-la com-

preendem: a extensão do período pré-patente, a percentagem de

cercárias que se desenvolvem em helmintos adultos, o oograma

quantitativo e a eliminação de ovos pelas fezes do hospedeiro.

A presente revisão bibliográfica abordará tais variáveis tam-

bém em outras espécies, em função do número reduzido de infor-

mações quanto a espécie bovina.

SAAED et alii (1969) foram os primeiros pesquisadores

a demonstrar a susceptibilidade de bovinos à infecção experimen-

tal pelo S. mansoni. Os autores infectaram dois bezerros de

três meses de idade com 10.000 cercárias de S. mansoni (amos-

tra Porto Rico). A infecção foi realizada através da imersão

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da cauda dos animais na suspensão de cercárias por trinta minu-

tos. Os bezerros foram sacrificados nove semanas após a infec-

ção. À necropsia o percentual de helmintos recuperados foi de

1,2% a 0,2%. Segundo os autores, valores obtidos através da ins-

peção visual do mesentério, talvez subestimem a taxa real de

recuperação de helmintos adultos.

COELHO et alii (1982), infectaram seis bezerros, trans-

cutaneamente, com 30.000 cercárias de S. mansoni (amostra LE),

sacrificando-os dos 38 aos 94 dias após infecção. A perfusão do

fígado e mesentério, mostrou alta taxa de recuperação de helmin-

tos (média de 9%) e o exame de amostras do fígado e intestino

revelou numerosos ovos viáveis. O oograma foi similar ao de ca-

mundongos albinos, infectados com a mesma amostra de S. manso-

ni. Ovos obtidos das fezes destes animais, produziram miraci-

dios infectantes para a Biomphalaria glabrata (41% de infec-

ção). Cercárias provenientes destes moluscos produziram infec-

ção em camundongos. Assim, o ciclo do S. mansoni foi completa-

do, sob condições de laboratório, utilizando-se bovinos infec-

ta dos experimentalmente. Deve ser ressaltado, que os autores

criaram uma técnica para perfusão de bovinos que, segundo SAEED

et alii (1969) seria inviável em animais de grande porte.

O período compreendido entre a data da infecção à pri-

meira detecção de ovos viáveis nas fezes, tem sido objeto de es-

tudos em diferentes modelos experimentais. No homem, o período

pré-patente compreendido desde a penetração das cercárias até a

postura de ovos abrange uma faixa de 40-60 días (ORGANIZACION

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PANAMERICANA DE LA SALUD OPS/OMS, 1986).

MOORE et alii (1949) ao avaliarem a infecção experimen-

tal em diferentes animais de laboratório, dentre estes o camun-

dongo, hamster, coelho e rato, concluíram que os dois primeiros

seriam os modelos adequados à infecção pelo S. mansoni. Os auto-

res demonstraram que em camundongos o período pré-patente foi de

42 a 46 dias. No hamster, estes ovos foram detectados nas fezes

entre 35 e 42 dias pós infecção. Em ambos os animais, observa-

ram-se, durante toda a vida, eliminação de ovos viáveis.

BARRETO (1961) verificou em camundongos que o início da

eliminação de ovos nas fezes se deu entre os 41 a 45 dias pós in-

fecção, observando-se que tais períodos estariam na dependência

do número de casais de S. mansoni albergados pelo animal.

KLOETZEL (1967), observou em camundongos infectados ex-

perimentalmente que o início da eliminação de ovos se deu aos

53 dias de infecção,

Período pré-patentes, compreendidos numa faixa de va-

riação de 40 a 55 dias, foram observados em diferentes modelos

experimentais por FAUST et alii (1934); BRENER (1956); MOORE &

SANDGROUND (1956); KLOETZEL (1967); NELSON & SAOUD (1968); CHEE-

VER & ANDERSON (1971).

Quanto a recuperação dos helmintos, através de perfu-

são, MOORE et alii (1949) observaram em camundongos e hamsters per-

centual de 29% de recuperação de parasitos adultos em relação ao

número de cercárias. BARRETO (1961), entretanto, obteve em camun-

dongos albinos, variação de 1,6% a 37,8%, estando de acordo com

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amplitudes semelhantes, observadas por CHEEVER (1965);

FAROOQ & HAIRSTON (1966); CHEEVER & ANDERSON (1971) e KASSIM

et alii (1979).

Quanto a outros roedores, BORDA (1972) infectando ex-

perimentalmente Nectomys sp. encontrou em dez animais, varia-

ção de 2,0 a 21,5%. Valores mais significativos foram obtidos

por CARVALHO (1974) que encontrou uma média de 30,5% de recupe-

ração de helmintos em Holochilus brasiliensis e DIAS (1976) que

observou um percentual variando entre 6,0 a 56,0%, no mesmo

hospedeiro.

Quanto a localização intravascular dos parasitos adul-

tos, PIVA & BARROS (1966) encontraram em 32 Holochilus sciu-

reus naturalmente parasitados, distribuição mais ou menos uni-

forme dos helmintos ao nível da veia porta, ramos intra-hepáti-

cos e mesentéricos.

CARVALHO (1974), em sete exemplares de H. brasilien-

sis infectados com linhagem humana de S. mansoni, encontrou

68,5% de vermes nas veias mesentéricas, estando de acordo com

os resultados de BORDA (1972) que também encontrou maior pre-

sença de helmintos nas veias mesentéricas (65,7%) em três Nec-

tomys sp., enquanto ANTUNES (1971) obteve maior percentual de

helmintos no fígado, na mesma espécie de roedor.

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2.2. Material e Métodos

2.2.1. Animais

Para determinação da diferença de susceptibilidade en-

tre raça e faixa etária ã infecção experimental pelo S. manso-

ni, foram infectados 20 bovinos que estratificados segundo ra-

ça e idade, formaram quatro grupos, com a seguinte composição.

Bovinos da raça holandesa Bovinos

mestiços (holandês x zebú)

5 bezerros

grupo I

5 adultos

grupo III

5 bezerros

grupo II

5 adultos

grupo IV

Os bovinos eram originários de área indene de esquis-

tossomose. Antes do início do experimento, permaneceram 90 dias

sob observação no Hospital de clínica Veterinária, EV- UFMG.

Neste período, foi realizado semanalmente o exame coproscópico

e a curetagem de mucosa retal, para comprovação de sua negati-

vidade ao S. mansoni.

2.2.2. Técnica de infecção e cepa de S. mansoni utilizada

Os bovinos foram contidos em decúbito dorsal e infec-

tados com uma suspensão com cerca de 20.000 cercárias amostra

LE via transcutânea, na região abdominal segundo técnica de

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COELHO et alii (1982). A cepa LE, foi isolada de um paciente,

Luís Evangelista, com infecção crônica, contraída de uma única

exposição à cercárias de Belo Horizonte. É mantida, em condi-

ções de laboratório, no Grupo Interdepartamental de Estudos so-

bre Esquistossomose (GIDE-ICB-UFMG), matendo suas característi-

cas biológicas de infectividade em relação aos hospedeiros in-

termediários e definítivos. Após infecção os animais foram man-

tidos em piquetes, na Escola de Veterinária da UFMG.

2.2.3. Determinação de ovos nas fezes e na mucosa retal

O exame parasitológico de fezes foi realizado confor-

me técnica descrita por COELHO et alii (1982). A curetagem de

mucosa retal foi utilizada pela primeira vez no diagnóstico da

esquistossomose mansoni em bovinos. A cureta para raspagem bem

como a técnica utilizada foram semelhantes àquelas descritas

por PELLEGRINO et alii (1965).

. . « ,

2.2.4. Infecção da Biomphalaria glabrata

Para a infecção do hospedeiro intermediário, utili-

zou-se miracídios provenientes das fezes bovinas, de acordo

com a técnica de PELLEGRINO & KATZ (1968).

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2.2.5. Recuperação de helmintos adultos do fígado e mesen-

tério

Os animais dos quatro grupos, foram sacrificados em

diferentes períodos pós infecção. Imediatamente após a necrop-

sia, realizou-se a perfusão das vísceras segundo técnica de

COELHO et alii (1982). Os animais receberam 5 ml de uma solu-

ção de heparina* por vía intravenosa, antes do sacrifício. A

perfusão das vísceras para recuperação de helmintos foi reali-

zada com solução físiológica de salina (Nac1 0,85%) injetada

nos vasos mesentéricos e do fígado através de um tubo de polie-

tileno. Este tubo era inserido em um frasco plástico colocado

um metro acima do materíal visceral. Aproximadamente 10 litros

de salina foram necessárias para perfundir todo o conteúdo dos

vasos sanguíneos viscerais de cada animal.

2.2.6 Avaliação qualitativa e quantitativa dos ovos no

intestino

Os ovos nos tecidos foram classificados através do mé-

todo do oograma quantitativo descrito por PELLEGRINO et alii

(1962). Fragmentos do intestino dos bovinos foram comprimidos

entre lâmina de vidro e lamínula de plástico e examinados ao

microscópio. Foram contados os ovos viáveis; separados confor-

me estágios de desenvolvímento, bem como os ovos mortos e as

* Liquemine - Roche L a b o r a t ó r i o s .

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cascas.

2.2.7. Análise estatística

Usou-se o teste "t" de Student para comparar as médias

do percentual de recuperação de vermes. Como trabalhou-se com

percentagens, fez-se a transformação dos dados pela fórmula

X = ARC sen V% , conforme SNEDECOR (1948).

2 .3 . Resultados

O período pré-patente, considerando-se os 20 animais dos

diferentes grupos, apresentou uma amplitude de variação de 47 a

64 dias, com valor médio de 56. Os períodos médios dos grupos

I a IV, Variavam de 54 a 58 dias, conforme dados da Tabela 1.

Quanto ao percentual de cercárias recuperadas como ver-

mes adultos, observou-se em todos os grupos uma relação inversa

ao tempo de infecção.

Nos animais do grupo I (Tabela 2) um morreu aos 60 dias

pós exposição e os demais foram sacrificados aos 90, 120, 240 e

360 dias. A taxa total de recuperação de helmintos, variou de

17% a 32%; com 60,5% dos parasitos localizados nos vasos mesen-

téricos, contrastando aos 39,5% dos vasos hepáticos.

A taxa de recuperação de helmintos nos animais do gru-

po lI, sacrificados dos 90 aos 360 dias, apresentou amplitude de

4,0 a 7,0. Quanto a distribuição dos helmintos, observou-se que

JUREMA
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39,8% estavam Iocalizados no fígado e 60,2% no mesentério (Tabe-

la 3).

Os animais do grupo IIl, sacrificados dos 120 aos 180

dias pós exposição, apresentaram percentuais de recuperação in-

feriores quando comparados ao grupo de bezerros (Tabela 4). O va-

lor máximo observado foi de 4,0 e o mínimo de 0,8%, com 62,1%

dos helmintos localizados a nível mesentérico.

Os anímais do grupo IV, demonstraram o menor percentual

de recuperação de parasitos adultos.

Observa-se pela Tabela 5, que 80% dos valores oscilaram

entre 0,4% a 1,0%, sendo que somente um animal, apresentou valor

de 5%, bastante superior a média do grupo. Quanto a distribui-

ção dos helmintos, este foi o único grupo em que houve predomi-

nância da localização hepática (53,7%).

A análise de variância e a comparação entre as médias

de recuperação de vermes permítiu estabelecer diferença entre

faixa etáría (Apêndice I).

Quanto a raça, não foi observada diferença estatística-

mente significativa (P < 0,05) entre os animais adultos (Tabela

6).

- Em relação ao oograma quantitativo, observou-se em to-

dos os grupos redução no número de ovos viáveis, com o decorrer

da infecção.

Nos bezerros holandeses, grupo I, o maior percentual foi

observado aos 90 dias (95,7%) com 63,9% dos ovos maduros. Nos 360

dias pós exposição, não foi observado nenhum ovo maduro e o núme-

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ro de ovos mortos e cascas alcançou os 99,7% (Tabela 7) .

Nos bezerros mestiços, grupo lI, a dinâmica dos elemen-

tos esquistossomóticos, foi semelhante ao grupo anterior (Tabe-

l a 8) .

Nos animais adultos, observou-se que a magnitude dos

valores absolutos e percentuais dos diferentes elementos esquis-

tossomóticos diferem significativamente, quando comparado ao

grupo dos bezerros. Assim, enquanto nos bezerros holandeses e-

videnciou-se, 3.266 (33,7%) ovos viáveis; nos bezerros mestiços

1.909 (38,0%); nos bovinos holandeses adultos somente 159 (10,9%)

dos ovos eram viáveis, sendo que nos animais mestiços adultos

estes valores foram de 65 (4,9%). Em ambos os grupos de bovinos

adultos, aos 180 dias pós infecção, a maioria dos animais não

apresentaram ovos maduros (Tabela 9 e 10). Nos grupos anterio-

res, tal negativação foi observada aos 240 dias.

Quanto a variação quantitativa na produção e elimina-

ção de ovos viáveis, avaliados através da técnica coproscópica

e da curetagem da mucosa retal, observou-se uma dinámica seme-

lhante em todos os grupos.

A análise das Fíguras 1 e 2, demonstra que a partir da

sétima semana pós infecção, houve um aumento gradativo no núme-

ro de ovos, atingindo seu ponto máximo em torno da 11ª semana,

seguido de um declínio, até a negativação.

Os bezerros, após 32 semanas de infecção, não apresen-

taram ovos viáveis, tanto nas fezes como na mucosa retal. Nos

animais adultos esta negativação se deu em torno da 17ª semana.

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2 .4 . Discussão

Sob a óptica epidemiológica para que um animal seja con-

siderado como hospedeiro potencial do S. mansoni, este não deve

somente ser suscetível mas sobreviver ao parasitismo eliminando

ovos viáveis a fim de que, eventualmente, possa comportar-se co-

mo agente difusor da parasitose nas regiões com condições ecoló-

gicas adequadas ao desenvolvimento do hospedeiro intermediário.

Dentro desta visão e mesmo sob o ponto de vista estritamente pa-

rasitológico, os resultados obtidos demonstraram que sob condi-

ções experimentais a espécie bovína mostrou possuir potencialida-

de para manter o ciclo na natureza.

Tal inferência se sustenta, especialmente, na produção

e eliminação de ovos que se manteve durante grande parte do pe-

ríodo de observação, nos quatro grupos, ainda que em forma irre-

gular, sendo os miracídios infectantes para B. glabrata em eleva-

do percentual (média de 70,0%). "

Os esquistossomos alcançaram a maturidade sexual e, a-

pós o acasalamento, localizaram-se preferencialmente nos vasos

mesentéricos. O exame das Tabelas 2, 3, 4 e 5, mostra que a mai-

or parte dos helmintos recuperados estavam localizados nesta re-

gião. Esses resultados coincidem com aqueles obtidos em infec-

ções naturais e experimentais em roedores, por PIVA & BARROS

(1966); BORDA (1972) e CARVALHO (1974) e diferem das observações

de ANTUNES (1971) que obteve maior percentual de helmintos no

fígado.

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Além disso, pode-se também observar que existiu uma so-

brevida apreciável do parasito no organismo do hospedeiro uma

vez que, quando alguns animais foram sacrificados, já haviam

transcorridos no mínimo, mais de oito semanas da exposição e

o índice de recuperação de helmintos foi apreciável, conforme

o observado nas Tabelas 2, 3, 4 e 5. Tais proporções de recupe-

ração são semelhantes aquelas observadas em camundongos, hams-

ters, Nectomys sp. e Holochilus brasiliensis (MOORE et alii,

1949; BARRETO, 1961; CHEEVER et alii, 1965; FAROOQ & HAIRSTON,

1966; CHEEVER & ANDERSON, 1971; KASSIM et alii, 1979), sendo in-

feriores as obtidas por CARVALHO (1974) e DIAS (1976).

Quanto aos resultados obtidos por outros autores, em

bovinos, deve ser ressaltado que os resultados obtidos nesta pes-

quisa apresentaram maior percentual de recuperação de helmin-

tos. Deve ser considerado entretanto, que SAEED et alii (1969),

consideraram a técnica de perfusão inviável à espécie, estiman-

do os valores através da simples inspeção visual do mesentério.

Já COELHO et alii (1982) obtiveram nove por cento de recupera-

ção somente em bezerros mestiços.

A idade dos animais não foi levada em consideração pe-

los autores que trabalharam com a esquistossomose em bovinos

(SAEED et alii, 1969 e COELHO et alii, 1982). Todas as observa-

ções assinaladas referem-se somente a suscetibilidade dos ani-

mais jovens. Os dados apresentados neste trabalho, permitiram

conhecer pela primeira vez a existência de diferenças na susce-

tibilidade ao S. mansoni, segundo a idade e a raça dos bovinos

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expostos a infecção. Categorizados segundo gradações de poten-

cial biótico, os bezerros holandeses seriam os melhores hospe-

deiros do S. mansoni, seguidos dos bezerros mestiços, dos adul-

tos holandeses e dos adultos mestiços.

O menor índice de recuperação de helmintos nos ani-

mais adultos, o menor tempo na eliminação de ovos viáveis (Fi-

gura 1 e 2) parecem indicar a existência de alguma incompatibi-

lidade entre o hospedeiro adulto e o parasito.

Tal hipótese se torna mais consistente, quando da ob-

servação de que os poucos ovos infectantes ganharam acesso à

luz intestinal, principalmente ao final de infecção quando ape-

nas um percentual médio de I0,0% das B. glabrata expostas se

infectaram. Ao nível de hipótese, acreditamos que fatores de

natureza tissular e/ou humoral poderiam, talvez, inibir de al-

gum modo a reprodução dos esquistossomos.

Ao contrário dos adultos, em todos os dez bezerros,

o parasito conseguiu instalar-se plenamente alcançando a ma-

turidade sexual. Além disto, um bezerro holandês morreu aos

60 dias pós exposição, provavelmente em conseqüência de infec-

ção já que em suas fezes, semi-diarréicas, foram encontrados o-

vos do helminto, existindo também granulomas esquistossomóti-

cos em grande número no fígado associado ao quadro cIínico si-

milar ao da esquistossomose.

Após infecção, realizou-se a partir do 38º dia o exa-

me coprológico e a curetagem de mucosa retal de todos os ani-

mais objetivando-se determinar o período pré-patente. Obser-

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vou-se que este período foi de 55 dias nos bezerros holandeses,

54 dias nos bezerros mestiços, 57 nos holandeses adultos e de 58

dias nos bovinos mestiços adultos, com média geral de 56 dias

(Tabela 1). Tais valores são semelhantes aos encontrados por

SAEED et alii (1969), únicos autores a determiná-lo na espécie

bovina, que observaram um período de pré-patência compreendido

entre nove a sete semanas em bezerros infectados experimentalmen-

te. Tais valores também se aproximam daqueles observados em po-

pulações humanas, e de roedores (FAUST et alii, 1934; MOORE et

alii, 1949; BRENER, 1956; MOORE & SANDGROUND, 1956; KLOETZEL,

1967; NELSON & SAOUD, 1968; CHEVER & ANDERSON, 1971; OPS/OMS,

1986).

Para avaliar a dinâmica da infecção e determinar a va-

riação quantitativa na produção e eliminação de ovos, os animais

foram observados em períodos que variaram da oitava a 48ª semana

após infecção. Através da análise das figuras 1 e 2, observa-se

que a partir da sétima semana há um aumento gradativo na produ-

ção de ovos atingindo o ponto máximo em torno da 11ª semana, se-

guindo por um declínío, que em alguns grupos, como por exemplo,

o III e IV tendem a negativar-se em torno da 17ª semana pós in-

fecção.

Pode-se afirmar que, parece haver uma fase máxima de e-

liminação de ovos viáveis e maduros seguido de um decréscimo a-

centuado. Se é realmente isto que ocorre com os animais natural-

mente parasitados, conclui-se que o bovino teria maior importân-

cia epidemiológica na fase de produção e eliminação máxima, para

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contaminaçào e disseminação, em maior escala das coleções hídri-

cas. Deve ser ressaltado que a dinâmica da eliminação de ovos

viáveis, através da infecção experimental ou natural, não foi

até o momento, avaliada por outros autores, o que torna difícil

a comparação e discussão nesta espécie.

A diminuição de ovos poderia ser explicada admitindo-

se certo grau de resistência inerente a cada hospedeiro defini-

tivo; uma vez que este responde de diferentes formas à presença

de um corpo estranho. Em se tratanto do S. mansoni, sabe-se que,

em sua maioria, as lesões orgânicas são devidas a presença de

ovos que, em determinados mamíferos, são destruídos ou retidos

em alguns órgãos, como fígado e intestino e mais raramente em

outros locais. Nesses órgãos há formação de granulomas, através

de mecanismos de defesa do hospedeiro, que poderão dificultar a

passagem de ovos para a luz intestinal. Desse modo, no início

da oviposição, quando os ovos não são destruídos em grande núme-

ro, há maior chance de atravessarem a mucosa e serem eliminados

com a matéria fecal, fato comprovado pelo oograma quantitati-

vo do intestino grosso (Tabelas 6 a 9).

No referente ao oograma é oportuno tecer algumas consi-

derações sobre a relação parasito hospedeiro.

Nem todos os ovos postos pelas fêmeas são eliminados

nas fezes. Muitos são destruídos, imaturos ou maduros, pela rea-

ção tecidual, outros são carregados pela circulação porta ao fí-

gado, de onde não chegam ao exterior e apenas uma pequena parte

consegue atingír a luz intestinal. MOORE & SANDGROUND (1956),

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trabalhando com hamsters, modelo experimental ao estudo da es-

quistossomose calcularam que apenas 22,0% dos ovos passam para

as Fezes, 26,0% ficam retidos no fígado, 50,0% nas paredes do

intestino e 2,0% nos outros órgãos.

A retenção de ovos deve aumentar quando a evolução da

infecção tende para a cronicidade, diminuindo sua eliminação

nas fezes, devido ao englobamento dos mesmos pelos tecidos ci-

catriciais de neoformação nas paredes intestinais.

A título de considerações finais, deve-se ressaltar

que na interpretação dos parâmetros aqui apresentados, é ne-

cessário levar em consideração que esses animais foram manti-

dos sob condições experimentais vários meses e alguns, até um

ano. É possível que certos fatores, como dose infectante de

cercárias, condições de manejo, entre outros, possam ter in-

fluenciado na resposta dos hospedeiros à infecção e, que tais

resultados obtidos em condições experimentais, possam diferir

daqueles observados na natureza.

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TABELA 1. Período pré-patente em bovinos infectados com 20.000 cercárias de

Schistosoma mansoni, de acordo com raça e faixa etária.

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TABELA 2. Distribuição de helmintos adultos, recuperados por perfusão do sistema porta, em cinco be-

zerros da raça holandesa infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias de Schistoso-

ma mansoni

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TABELA 3. Distribuição de helmintos adultos, recuperados por perfusão do sistema porta, em cinco

bezerros mestiços, infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias de Schistosoma

mansoni.

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TABELA 4. Distribuição de helmintos adultos, recuperados por perfusão do sistema porta, em cinco

bovinos adultos da raça holandesa infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias

de Schistosoma mansoni.

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TABELA 5. Distribuição de helmintos adultos, recuperados por perfusão do sistema porta, em cinco

bovinos mestiços adultos infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias de Schis-

tosoma mansoni.

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25.

TABELA 6. Comparação en t re as taxas de recuperação de he lm in -

tos a d u l t o s , de bovinos i n f ec tados exper imenta lmen-

te com 20.000 c e r c á r i a s de Schistosoma mansoni, se-

gundo raça e f a i x a e t á r i a .

D.M.S. = 13,39.

Nível de s i g n i f i c â n c i a = 0,05.

n.s = d i f e r e n ç a não s i g n i f i c a t i v a .

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TABELA 7. Oograma quantitativo, de fragmentos do intestino grosso de cinco bezerros da

raça holandesa, infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias de Schis-

tosoma mansoni.

* Dias pós infecção.

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TABELA 8. Oograma quantitativo de fragmentos do intestino grosso de cinco bezerros mesti-

ços, infectados por via transcutânea com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni.

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TABELA 9. 0ograma quantitativo de fragmentos do intestino grosso de cinco bovinos adultos

da raça holandesa, infectados com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni.

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TABELA 10. 0ograma quantitativo de fragmentos do intestino grosso, de cinco bovinos mestiços

adultos, infectados com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni.

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D C

FIGURA 1 - NÚMERO MÉDIO DE OVOS VIÁVEIS DE Schistosoma mansoni,POR GRAMA DE FEZES, EM BOVINOS INFECTADOS COM 20.000CERCÁRIAS.

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FIGURA 2 - NÚMERO MÉDIO DE OVOS VIÁVEIS DE Schistosoma mansoni,OBTIDOS POR CURETAGEM DE MUCOSA RETAL EM BOVINOS INFECTADOS COM 20.000 CERCÁRIAS.

SEMANAS PÓS INFECÇÃOSEMANAS PÓS INFECÇÃO

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3. HISTOPATOLOGIA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSORI EM

BOVINOS INFECTADOS EXPERIMENTALMENTE

3.1. Revisão da Literatura

CHEEVER (1965), avaliou a patologia da esquistossomo-

se mansoni humana, determinando que as lesões observadas ti-

nham gênese na presença do ovo do tramatódeo e do helminto a-

dulto no fígado e intestino. Observações semelhantes, em ou-

tros hospedeiros foram realizadas por SADUN et alii (1966),

CHEEVER & ANDRADE (1907) e CHEEVER (1969) .

MOORE & MELENEY (1952) e ANDRADE (1964) associando a

histopatologia aos achados parasitológicos, determinaram gradi-

entes diferencíados na relação parasito-hospedeiro, que per-

mitem avaliar a suscetibilidade de hospedeiros potenciais ao

S. mansoni.

McCULLY & KRUGER (1969) estudaram detalhadamente as-

pectos histopatológicos da esquistossomose em bovinos e ovi-

nos, infectados natural e experimentalmente pelo Schistosoma

mattheei (Veglia & Le Roux, 1929). As alterações mais signifi-

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cativas eram oriundas da presença do ovo ou da morte do helminto

adulto a nível hepático. A reação do hospedeiro ao ovo foi de

natureza granulomatosa, interpretada como reação de hipersensibi-

lidade retardada. O granuloma, caracterizou-se pela concentração

de eosinófilos em torno do ovo contendo o miracídio, acompanha-

do, em alguns casos de necrose das células hepáticas.

A resposta do hospedeiro ao helminto adulto foi caracte-

rizada por uma trombose inicial, seguida de reação granulomato-

sa. Os autores concluíram que as alterações eram similares a for-

ma toxênica da esquistossomose humana. Observações semelhantes

à descritas pelos autores, foram relatadas por PITCHFORD et alii

(1973) e HUSSEIN (1980). ADAM & MAGZOUB (1977) e COELHO et alii

(1982) demonstraram lesões semelhantes em bovinos e caprinos in-

fectados experimentalmente pelo S. mansoni.

SAEED et alii (1980) avaliaram a histopatologia da in-

fecção pelo Schistosoma bovis (SONSINO, 1876), determinando que

as alterações eram similares a aquelas produzidas pelo S. matthe-

ei. DARGIE (1980), entretanto, ao avaliar a patogenia da infec-

ção em bovinos naturalmente parasitados pelo S. bovis, observou

que os animais com infeccão aguda perderiam em média seis quilo-

gramos por semana e na infecção crônica, deixariam de ganhar de

um a dois quilogramos. A patogênese dos mecanismos que levariam

a tais perdas, centra-se nas lesões causadas, principalmente pe-

lo ovo de parasito ou pela presença do helminto adulto.

'

o

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3 . 2 . Materia l e Métodos

Vinte bovinos foram infectados experimentalmente com

20.000 cercárias de S. mansoni amostra LE.

Após necropsia foram colhidos fragmentos de pulmão, fí-

gado e intestino, que foram fixados em formalina neutra a I0%,

desidratados, diafanizados, incluídos em parafina, cortados a

cinco micrometros, corados pela técnica de hematoxilina e eo-

sina (LUNA, 1968) e examinados ao microscópico óptico.

3.3. Resultados

A nível hepático, os elementos lesivos devidos ao pa-

rasitismo por S. mansoni mais características foram os granulo-

mas em torno do ovo, associados a presença do helminto adulto

(Figura 3 e 4). Em algumas áreas observou-se a substituição do

parênquima hepático por reação granulomatosa ao redor dos ovos

(Figura 5). Observou-se também, vasculite portal com fibrose,

acompanhada de infiltração mononuclear e eosinofílica, em torno

do parasito adulto (Figura 6), ou mesmo hemorragia e necrose em

determinadas áreas do espaço porta (Figura 7). Já em outras

áreas do fígado, encontrou-se embora raramente, a degeneração

do S. mansoni com reação inflamatória a seu redor com predomi-

nância de eosinófilos (Figura 8).

Quanto a lesões ao nível do intestino, macroscopica-

mente observou-se a presença do helminto nas veias mesentéri-

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cas. Ao exame microscópico foram observados numerosos helmintos

acasalados na serosa (Figura 9). As alterações intestinais fo-

ram focais e raramente difusas. Ovos do S. mansoni esparsos, ou

englobados por reação granulomatosa, foram encontrados em núme-

ro variável no intestino, principalmente no intestino grosso,

localizando-se preferencialmente na submucosa (Figura 10). Rara-

mente, foram observados ovos no interior das glândulas de Lie-

berkün, sendo constante, a presença das mesmas na lâmina pró-

pria circundado por extensa reação inflamatória (Figura 11). No

reto, as lesões determinadas por ovos do S. mansoni foram carac-

terizadas por alguns granulomas localizados na submucosa (Figu-

ra 12). Em apenas dois animais foram observadas alterações no

pulmão; um animal apresentou granuloma e, outro, helminto adul-

to circundado por reaçäo eosinofílica (Figura 13). Não se obser-

varam alterações esquistossomóticas no baço, rim e coração. Con-

vém ressaltar, o fato de que as lesões descritas, nos diferen-

tes grupos de animais e dentro do mesmo grupo sacrificados nos

mesmos períodos de tempo, não exibiram a mesma intensidade le-

sional, caracterizadas pelo número e tamanho dos granulomas. As-

sim, não se pode afastar a existência de um fator individual,

de difícil avaliação, dependente ou não do grau da infecção.

3.4. Discussão

As lesões histopatológicas observadas foram similares a

aquelas encontradas na esquistossomose mansoni no homem (CHEE-

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VER & ANDRADE, 1967; CHEEVER, 1969), em primatas (SADUN et alii,

1966) e em animais de laboratório como o hamster e camundongo,

considerados modelos experimentais de estudo desta parasitose

(CHEEVER, 1965). Em todos os animais, durante os diferentes pe-

ríodos experimentais, foram observados ovos do Schistosoma man-

soni e granulomas em diferentes estágios a nível hepático e in-

testinal, resultados semelhantes aos encontrados em bovinos e ca-

prinos infectados experimentalmente (ADAM & MAGZOUB, 1977; COE-

LHO et alii, 1982).

Não se observou destruição de helmintos adultos ao ní-

vel hepático. Tais resultados, contrastam aos de MOORE & MELENEY

(1952), que utilizando este parâmetro, determinaram que o rato

albino não era hospedeiro favorável ao S. mansoni em condições

experimentais. As alterações histopatológicas, atestavam destrui-

ção do helminto no fígado, bem como sua ausência ao nível intes-

tinal. Quanto a presença do ovo no fígado, verificou-se que a

reação inflamatóría foi escassa e quando da formação do granulo-

ma, estes eram menores do que os observados em animais suscetí-

veis, por exemplo o camundongo.

Além dísto, observou-se predominância de ovos na mucosa

e submucosa parâmetro que também permite avaliar a suscetibilida-

de da espécie; contrastando aos achados de ANDRADE (1964) que

observaram em Cavía aperea aperea hospedeiro não suscetível, a

quase totalidade dos ovos retidos nas camadas mais profundas do

intestino, especialmente nas porções próximas a Muscularis muco-

sae.

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As lesões histopatológicas, observadas em bovinos, nes-

ta pesquisa, foram semelhantes as causadas pelo Schistosoma ma-

ttheei e bovis, descritas por McCULLY & KRUGER (1969), PITCH-

FORD et alii (1973), HUSSEIN (1980) e SAAED et alii (1980). Es-

tes são agentes de enfermidades, que apresentam importância eco-

nômica considerável na pecuária bovina (DARGIE, 1980). Em fun-

ção das similaridades de lesões, acreditamos que a esquistosomo-

se mansoni bovina talvez possa apresentar a mesma importância

das esquistossomoses específicas da espécie na produção e produ-

tividade animal.

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38.

FIGURA 3. Fígado de um bovino: Reação granulomatosa ao re-

dor do ovo (A); Infiltração de células mononuclea-

res ao redor do S. mansoni (B). (H.E., ------ = 0,1 mm).

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39.

FIGURA 4. Fígado de um bovino: Reação granulomatosa ao re-

dor do ovo de S. mansoni. (H.E., ----- = 0,02 mm).

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40.

FIGURA 5. Fígado de um bovino: Reação granulomatosa (A), ovo

de S. mansoni (B). (H.E., ----- = 0,03 mm).

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42.

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43.

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44.

FIGURA 9. Intestino grosso de um bovino. Presença de adul-

tos de S. mansoni (A) no interior de uma veia

localizada na serosa (B). (H.E., ----- = 0,1 mm).

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45.

FIGURA 10. Intestino grosso de um bovino. Calcificação ao

redor de ovos de S. mansoni (A) e reação gra-

nulomatosa (B) localizada na sub-mucosa. (H.E.,

---- = 0,1 mm).

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46.

FIGURA 1 1 . Intestino grosso de um bovino: Ovos de S. mansoni(A) circundados por intensa reação inflamatória

constituída por células mononucleares (B). (H.E.,

---- = 0,03 mm).

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47.

FIGURA 12. Região anal de um bovino: ovos de S. mansoni

circundados por reação granulomatosa locali-

zada ao redor das pequenas vênulas da submu-

cosa ( ). (H.E., ----- = 0,1 mm).

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48.

FIGURA 13. Parênquima pulmonar de um bovino: presença

de forma adulta de S. mansoni (A) em uma

veia pulmonar (B) circundada por reação in-

flamatória caracterizada em sua maioria por

eosinófilos (C). (H.E., ----- = 0,03 mm).

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4. COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO COPROSCÓPICO E A CURETAGEM

DE MUCOSA RETAL NO DIAGNÓSTICO DA ESQUITOSSOMOSE

MANSONI EM BOVINOS

4.1. Revisão da Literatura

As pesquisas referentes a esquistossomose mansoni em

animais domésticos, não utilizaram, em geral, o método copros-

cópico quantitativo para diagnóstico da infecção.

SAEED et alii (1969), ao avaliar a suscetibilidade de

bezerros à infecção experimental utilizaram a técnica de infec-

ção do hospedeiro intermediário, afirmando que o exame parasi-

tológico de fezes seria inviável à detecção de ovos de Schis-

tosoma mansoni na massa fecal.

VERYCRUSSE & SCHANDEVYL (1984) assinalaram que é ex-

tremamente difícil; senão impossível, demonstrar a presença de

ovos do parasito ao exame coproscópico de ruminantes e que re-

sultados mais sensíveis seriam obtidos com a raspagem de muco-

sa retal.

Quanto ao diagnóstico da esquistossomose humana, inú-

meros métodos visando a comprovação parasitológica foram desen-

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volvidos e avaliados.

Vários pesquisadores assinalaram tendenciosidade na a-

valiação precisa, da prevalência, através do exame parasitológi-

co de fezes, em virtude da variação quantitativa na eliminação

de ovos, decorrente de diferentes interações da relação parasi-

to-hospedeiro, associadas a sensibilidade dos diferentes méto-

dos de diagnóstico (CHAIA et alii, 1968; TEESDALE & AMIN, 1976;

PETERS et alii, 1980; SLEIGH et alii, 1982).

Assim, em decorrência da baixa sensibilidade da. co-

proscopia, CUNHA (1963) indicam o método da biopsia e cureta-

gem retal como recurso fundamental ao diagnóstico da esquistos-

somose humana.

PELLEGRINO et alii (1965), propõe o uso da curetagem

retal em macacos Cebus infectados por S. mansoni e S. japonieum,

ressaltando que este seria o método adequado à experimentação

em outras espécies animais.

4.2. Material e Métodos

4 . 2 . 1 . Amostra

Foram analisados 347 amostras de fezes e mucosa retal,

coletada, semanalmentede 20 bovinos infectados experimentalmen-

te com cerca de 20.000 cercárias de S. mansoni. Os animais, fo-

ram sacrificados em períodos diferentes, o que determinou tama-

nho diferenciado das amostras segundo extratos, conforme esque-

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ma que se segue.

Grupo I: Bezerros holandeses: 84 amostras.

Grupo II: Bezerros mestíços: 109 amostras.

Grupo III: Bovinos holandeses adultos: 77 amostras.

Grupo IV: Bovinos mestiços adultos: 77 amostras.

4.2.2. Método Coproscópico

Utilizou-se o método proposto por COELHO et alii (1982)

por ser o único descrito até o momento para avaliação quantitati-

va da infecção na espécie bovina. Cinco gramos de fezes eram di-

luídas em aproximadamente 500 ml de água destilada. A emulsão

era filtrada em tela metálica de Kato, para cálices cônicos, per-

manecendo em repouso durante meia hora. O sedimento era lavado

em água fria (± 5°C) para prevenção da eclosão do miracídio, ob-

tendo-se um volume final de 2,5 ml. Deste, eram examinados 0,5

ml, em cinco lâminas de 0,1 ml cada uma.

4.2.3. Método da curetagem de mucosa

A curetagem de mucosa retal foi utilizada pela primeira

vez no diagnóstico da esquistossomose mansoni em bovinos. A cure-

ta para raspagem de mucosa foi adaptada para-bovinos. A técni-

ca utilizada foi semelhante àquela descrita por PELLEGRINO et

alii (1965).

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52

4.2.4. Comparação entre os métodos de diagnóstico

O cálculo da especificidade e sensibilidade do método

coproscópico, em relação à curetagem de mucosa retal foi reali-

zado segundo THORHER & REMEIN (1981). Os dados foram registra-

dos em tabelas de cálculo (Quadro 1) e processados de acordo

com as fórmulas de THORNER & REMEIN (1981).

QUADRO 1.

Modelo de quadro para

cálculo de sensibilidade e especificidade

do método coprológico em relação à curetagem de mucosa

a = bovinos infectados detectados pelo teste.

b = falsos positivos ao teste.

c = falsos negativos ao teste.

d = bovinos não nfectados negativos ao teste.

Nota :

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4.3. Resultados

ção direta com a intensidae da infecção.

A sensibilidade do método coproscópico apresentou rela-

A análise dos resultados apresentados nas Tabelas 11 e

12 demonstram que a técnica detectou 54,5% dos bezerros holan-

deses positivos; 37,6% dos bezerros mestiços, 38,7% dos bovinos

holandeses adultos e 14,0% dos bovinos mestiços adultos.

Observou-se, também que a capacidade do método em de-

monstrar a positividade, foi diretamente proporcional a evolução

da infecção. Verificou-se que, por exemplo, nos animais do grupo

II, a sensíbilidade a 12ª semana foi de 73,0% e a 32ª semana de

37,6%. Comportamento, semelhante, foi observado em todos os gru-

pos.

Quando se compara a dinâmica da infecção, consideran-

do-se os dois métodos (Figura 14) verifica-se, que de maneira ge-

ral, há uma superposição de curvas. Entretanto, nos animais a-

dultos o exame parasitológico de fezes apresentou resultados ne-

gativos, durante a fase máxima de eliminação de ovos viáveis (em

torno da 11ª semana).

A partir da 17ª semana a curetagem demonstrou uma queda

linear, mais homogênea no número de ovos. Ao exame coproscópico,

entretanto, observou-se oscilações, com negativação que se man-

teve por todo o período.

O maior percentual de falsos negatívos foi observado nos

bovinos mestiços adultos (86,00%) e o menor, nos bezerros ho-

. ' .

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landeses (45,5%).

4.4. Discussão

A baixa sensibilidade do exame parasitológico de fezes

levaria a se subestimar a prevalência real em detrimento de uma

prevalência aparente extremamente inferior. Tal tendenciosida-

de se manteve em todos os grupos e períodos, sendo mais marcan-

te naquelas infecções de menor intensidade (Tabelas 11 e 12).

Diversos fatores podem ser imputados ao elevado percentual de

resultados falsos negativos, e dentre estes a irregularidade no

ritmo de postura do parasito, a baixa sensibilidade da técnica

utilizada, como o observado no diagnóstico da esquistossomose

humana por CHAIA et alii (1968), TEESDALE & AMIN (1976), PE-

TERS et alii (1980) e SLEIGH et alii (1982).

Quanto ao paradoxo da diferença, entre os valores mé-

dios quantitatívos observados nas duas técnicas (Figura 14), po-

deria ser explicado também pela diluição dos ovos na massa fe-

cal. A curetagem ao retirar os ovos da mucosa retal, local on-

de geralmente estes se concentram (PELLEGRINO et alii, 1965

e CUNHA, 1963), elimina em grande parte tais fatores de erro.

Considerando-se que a curetagem de mucosa oferece sub-

sídios que permitem avalíar mudanças nas características morfo-

lógicas dos ovos, indicando desaparecimento gradual dos ovos

viáveis demonstrando a interrupção da postura, sendo o método

de escolha para avaliação da dinâmica da infecção (PELLEGRINO

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et alii, 1965 e CUNHA, 1963) associada a sua alta sensibilidade,

recomenda-se utilização em conjunto como exame coproscópico no

diagnóstico da esquistossomose bovina.

A associação das duas técnicas permitiria conhecer o

grau de confiança que se pode atribuir aos resultados obtidos e,

desta maneira, corrigir adequadamente os níveis de prevalência

encontrados.

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TABELA 11. Número de amostras positivas ao exame coproscópico de bezerros infectados

com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni.

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TABELA 12. Número de amostras positivas ao exame coproscópico de bovinos adultos in-

fectados com 20.000 cercárias de Schistosoma mansoni.

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58. .

SEMANAS PÓS INFECÇÃO SEMANAS PÓS INFECÇÃO

LEGENDA :

Coprológico-------- Curetagem

SEMANAS PóS INFECÇÃO SEMANAS PóS INFECÇÃO

FIGURA 14 - NÚMERO MÉDIO DE OVOS VIÁVEIS, OBTIDOS PELO MÉTODO

COPROLÓGICO E PELA CURETAGEM DE MUCOSA RETAL EM

BOVINOS INFECTADOS EXPERIMENTALMENTE PELO

Schistosoma mansoni.

Nilson
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5. TRANSMISSÃO DO Schistosoma mansoni EM CONDIÇÕES

EXPERIMENTAIS DE CAMPO ATRAVÉS DO MODELO

BOVINO - Biomphalaria glabrata - BOVINO

5.1. Revisão da Literatura

A análise do conhecimento sobre o processo de trans-

missão da esquitossomose mansoni revela relativa centraliza-

ção de pesquisas em duas vertentes: o homem e os moluscos,

contrastando à reduzida informação quanto a importância epide-

miológia de outros mamíferos.

Em relação a inserção da espécie bovina enquanto elo

participante, no processo de manutenção da endemia, também é

reduzido o número de observações que permitam avaliar tais a-

nimais como mantedores ou difusores da infecção.

As investigações restringiram-se a demonstração da

suscetibilidade da espécie (SAEED et alii, 1969; COELHO et

alii, 1982) além de descrições casuísticas da infecção natu-

ral (BARBOSA et alii, 1962; PIVA & BARROS, 1966; MAYAUDON &

POWER 1970; COELHO et alii, 1982).

Assim, todos os autores deixam em aberto a questão

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da real inserção dos bovinos na cadeia epidemiológica da en-

fermidade pelo fato de não ter sido demostrada a existên-

cia de focos de transmissão na ausência da população humana

infectada.

Estas condições já foram demonstradas, em popula-

ções de roedores, através de diferentes modelos ecológicos.

A primeira abordagem nesse sentido foi realizada por

PITCHFORD & VISSER (1962), objetivando elucidar o papel do

roedor Mastomys matalensis na epidemiologia da esquistosso-

mose mansoni na Africa. O fato de não ter se completado o

ciclo do Schistosoma mansoni utilizando Mastomys e Biomphala-

ria, sem contato com a população humana, após oito meses de

observação, levaram os autores, a confirmar hipóteses ante-

riormente formuladas de que os roedores contribuem muito pou-

co para a manutenção da endemia naquele continente.

No Brasil ANTUNES (1971), CARVALHO (1974) e KAWAZOE

(1980) demonstraram o fechamento do ciclo através de diferen-

tes modelos ecológicos.

ANTUNES (1971) descreveu a obtenção do ciclo do S.

mansoni em condições denominadas "semi-naturais", partindo de

Nectomys naturalmente infectado, Biomphalaria glabrata cria-

das em laboratório e Nectomys nascidos em cativeiro. Em fun-

ção destes resultados, o autor, acredita que no Brasil os

roedores estariam transformando a esquistossomose de uma típi-

ca zooantroponose numa anfixenose, em áreas de média e alta

endemicidade.

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CARVALHO (1974) obteve o fechamento do ciclo utilizan-

do o modelo B. glabrata - Holochilus B. glabrata; tendo como

fonte de infecção planorbídeos infectados.

KAWAZOE (1980), em condições experimentais de campo,

não conseguiu manter o ciclo do S. mansoni, utilizando como

hospedeiro intermediário Biomphalaria tenagophila e como hos-

pedeiros definitivos Holochilus b. leucogaster; Zygodontomys

lasiurus; Oryzomys nigripes eliurus e Cavia aperea aperea. A-

pós introdução de B. glabrata na área, obteve-se o fechamento

do ciclo com a infecção de Holochilus.

5.2. Material e Métodos

A pesquísa foi realizada numa área (piquete) de apro-

ximadamente 850 m2, localizada na Escola de Veterinária, da U-

niversidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. A área

foi totalmente cercada com fios de arame farpado, e no centro

da mesma construído um cocho coberto para alimentação e abri-

go dos animais.

Para a manutenção dos planorbídeos e bebedouro dos bo-

vinos, foi construído um tanque de 16 m2 com uma profundidade

variável de 15 a 55 cm. Manteve-se como única fonte de água,

sem tratamento químico um poço artesiano (Figura 15).

Neste local foram mantidos por um período médio de 10

meses, três bezerros infectados com S. mansoni (grupo I) e cin-

co bezerros sentinelas (grupo II), sendo a densidade de bovi-

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nos na área de 1 animal por 106 m2. O grupo de animais infec-

tados era composto de dois bezerros da raça holandesa (HPB e

HVB) e um bezerro mestiço (holandês x zebú), e o grupo senti-

nela composto de três animais da raça holandesa e dois mesti-

ços, com idade de oito a 12 meses. Os bezerros do grupo l foram

infectados através da região abdominal com uma única dose de

25.000 cercárias de S. mansoni (amostra LE) via transcutânea,

segundo técnica de COELHO et alii (1982). Num período de 90

dias anterior ao experimento, os exames coprológicos e raspa-

gem de mucosa retal de todos os animais sentinelas, foram ne-

gativos ao S. mansoni.

Quarenta dias após eliminação de ovos viáveis, os

animais sentinelas e os infectados foram mantidos em conjunto

na área de estudo. Realizou-se semanalmente, nos bovinos sen-

tinelas a raspagem de mucosa retal segundo técnica de PELLEGRINO

et alii (1965) e exame coproscópico técnica de COELHO et alii

(1982).

Dois meses antes da introdução dos bovinos no pique-

te foram colocados no tanque 500 B. glabrata nascidas e cria-

das no laboratório do Grupo Interdepartamental de Estudos so-

bre Esquistossomose (GIDE-ICB-UFHG).

A avaliação da densidade populacional dos planorbí-

deos, foi realizada por marcação individual de caramujos se-

gundo técnica de COELHO et alii (1986). Os caramujos foram

coletados através de conchadas aleatórias em diferentes locais

do tanque, distantes entre si, cerca de 1m. Contavam-se

todos os caramujos capturados, anotando-se os respectivos

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diâmetro de concha. Foram marcados aqueles com diâmetro supe-

rior a 5 mm. A marcação foi realizada através da perfuração

de dois orifícios em torno de 2 mm de diâmetro, um de cada la-

do, na parte anterior da concha, usando-se, para tanto, um es-

tilete.

Após a marcação, os caramujos eram imediatamente de-

volvidos ao ambiente aquático. Uma semana após, repetia-se a

coleta por meio de conchadas, anotando-se os diâmetros de to-

dos os Caramujos capturados, como também o número daqueles mar-

cados. Imediatamente, todos indivíduos eram reintroduzidos nos

locais onde se processou a captura.

A estimativa da densidade populacional foi realizada

através da fórmula:

Densidade populacional = A x C

B

onde:

A = total de caramujos capturados, marcados e não mar-

cados;

B = total de caramujos recapturados, marcados:

C = total de marcados introduzidos no habitat logo a-

pós a marcação.

Simultaneamente, os planorbídeos foram examinados,

a cada sete dias, sob luz artificial com o fim de observar se

os mesmos eliminavam cercárias.

Nilson
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Após a primeira detecção de ovos nas fezes, nos ani-

mais sentinelas, dois bezerros foram sacrificados aos 60 dias

e três aos 90 dias. A perfusão das vísceras para recuperação

de helmintos foi realizada segundo técnica de COELHO et alii

(1982) e a determinação de ovos nos tecidos segundo método do

oograma quantitativo (PELLEGRINO et alii, 1962).

5 .3 . Resultados

Foi possível, em condições experimentais de campo,

completar-se o ciclo do S. mansoni utílizando o modelo bovi-

no - B. glabrata - bovino. Todos os animais sentinelas, manti-

dos na área infectaram-se num período que variou de 79 a 202

dias após primeira eliminação de ovos dos animais infectados,

produzindo ovos viáveis e com desenvolvimento de helmintos adul-

tos compatível com animal suscetível (Tabelas 13, 14 e 15).

Apesar de não se conhecer a data da infecção, nem

a dose infectante dos animais sentinelas, observou-se que em

média os bezerros holandeses, foram os primeiros a eliminar

ovos viáveis nas fezes; apresentando também recuperação de

helmintos e oograma superiores aos bovinos mestiços.

Em relação a densidade populacional de B. glabrata,

observou-se que entre outubro e dezembro houve um crescimen-

to acentuado da população de 1.161 para 2.804 planorbídeos

havendo, a partír daí, um decréscimo chegando a janeiro qua-

se a população inicíal de 1.372 moluscos. A partir deste pon-

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to a população volta novamente a cresce atingindo em abril um

total de 3.375 hospedeiros intermediários (Tabela 16).

Um mês após a introdução dos animais positivos, houve

aparecimento de planorbídeos eliminando cercárias. Durante a

permanência dos bovinos na área a taxa de infecção dos caramu-

jos chegou a 42% em média.

5.4. Discussão

Os resultados demonstram, pela primeira vez, em con-

dições experimentais de campo a manutenção do ciclo extra huma-

no atuando o bovino como hospedeiro definitivo. O fechamento do ciclo demonstrou a probabilidade da

espécie atuar como elemento potencial no processo de manuten-

ção e difusão da endemia, independentemente da população huma-

na, principal hospedeira. Este fato torna-se mais consisten-

te, quando verifica-se que a taxa de infecção dos caramujos

foi extremamente alta (Tabela 16), mostrando positividade du-

rante todo o período experimental. Ao lado disto, o período

pré-patente dos animais sentinelas foi relativamente curto, pró-

ximo, em alguns casos ao período pré-patente determinado na in-

fecção experimental. Mesmo não conhecendo-se a dose infectan-

te, observa-se pela Tabela 14 que o índice de recuperação de

helmintos adultos foi significativo.

Assim, estas observações nos levam a considerar que,

em áreas com ambiência favorável, o bovino possa se integrar

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ao ciclo da endemia.

Quanto a hipótese de ANTUNES (1971) relativa a mudança

no perfil da esquistossomose, enquanto zoonose, acreditamos que,

para a espécie bovína, em função dos dados disponíveis até o mo-

mento, qualquer generalização nesse sentido seria prematura. Ca-

da biocenose deve ser considerada de maneira distinta na depen-

dência da interação entre os diferentes componentes do modelo e-

pidemiológico.

É possível que este fenômemo possa ocorrer em determi-

nadas áreas com alta densidade de hospedeiro vertebrado especifi-

camente H. brasiliensis ou Nectomys s. squamipes, roedores de há-

bitos semi-aquáticos, juntamente com alta densidade do hospedei-

ro intermediário de boa suscetibilidade como a B. glabrata, como

o observado por ANTUNES (1971), CARVALHO (1974) e KAWAZOE (1980).

No caso específico da espécie bovina deve ser ressalta-

do que nas condições em que foi realizada a pesquisa a densida-

de era de aproximadamente um animal por 100 m2 o que de certo mo-

do facilitava o processo de transmissão. Também deve ser ressal-

tado que, como a fonte de água era um reservatório com profundi-

dade variável de 15 a 55 cm (Figura 15) os bovinos penetravam e

as vezes, permaneciam no local. Assim, a quantidade de fezes no

tanque era relativamente abundante, especialmente nas partes mais

rasas.

Além disto, o fato das descriçòes da infecção natural

na espécie (BARBOSA et alii, 1962; PIVA & BARROS, 1966; MAYADOUN

& POWER, 1970; COELHO et alii, 1982) não excluir a possibilida-

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de da infecção humana, ter sido o elo principal no processo de

infecção do hospedeiro intermediário, deixa em aberto a ques-

tão da real importância dos bovinos na manutenção e dispersão

da esquistossomose em condições naturais.

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P L A N T A B AIXA ESCALA 1:125 FIGURA 15 - Área onde foram mantidos os bovinos para fecha-

mento do ciclo do Schistosoma mansoni através domodelo bovino - Biomphalaria glabrata - vovino

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69.

TABELA 13. Primeira detecção de ovos de Schistosoma mansoni

nas fezes de bezerros infectados em condicões ex-

perimentais de campo.

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TABELA 14. Recuperação de helmintos adultos, pela técnica de perfusão do sistema porta, em, bezer-

ros infectados pelo Schistosoma mansoni em condicões experimentais de campo.

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71.

TABELA 15. Oograma quantitativo de amostras de fígado e intes-

tino de bezerros, infectados em condições experimen-

tais de campo pelo Schistosoma mansoni.

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TABELA 16. Avaliação da densidade populacional de Biomphalaria glabrata, mantidas em con-

dições experimentais de campo, segundo método de COELHO et alii (1986).

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6. ALGUNS ASPECTOS DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM

BOVINOS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR

VALADARES, MINAS GERAIS

6.1. Revisão da literatura

A primeira descrição da infecção natural por Schis-

tosoma mansoni em bovinos foi realizada por BARBOSA et alii

(1962), em uma área rural endêmica do Estado de Pernambuco. Os

autores observaram quatro animais adultos com helmintos a ní-

vel de mesentério, sendo que um apresentou ovos não viáveis

nas fezes.

PIVA & BARROS (1966) observaram no Estado de Sergipe

ovos do S. mansoni no fígado de três bovinos adultos.

MAYAUDON & POWER (1970) demonstraram, na Venezuela, a

presença de ovos do trematódeo em fígados de cinco animais a-

dultos, provenientes de matadouro.

COELHO et alii (1982) em levantamentos epidemiológi-

cos realizados em áreas endêmicas do Estado de Minas Gerais,

observaram prevalência em torno de três por cento. Ressaltam,

entretanto, que em determinadas condições, a espécie poderia

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atuar na persistência de focos, pois em uma das fazendas estu-

dadas, quatro dentre oito bezerros eliminavam ovos viáveis

nas fezes.

KAROUM & AMIN (1985) avaliaram a infecção natural em

bovinos, caprinos, ovinos e caninos em área endêmica de esquis-

tossomose humana no Sudão. De um total de 98 bovinos, examina-

dos através de inspeção de vísceras, somente dois bezerros a-

presentaram helmintos a nível do mesentério, inclusive fêmea

adulta com ovos no útero.

Demonstra-se assim, a infecção natural em bovinos,

sem entretanto excluir a possibilidade do homem atuar como prin-

cipal hospedeiro vertebrado na cadeía epidemiológica.

Quanto a participação de outras espécies, especialmen-

te roedores, no processo de manutenção e transmissão de ende-

mia, observou-se que, mesmo após o encontro de animais natural-

mente infectados, todos os exemplares provinham de área endê-

mica humana, questionando-se assim, a sua real importância na

epidemiologia da enfermidade.

BARBOSA (1971) mostrou que em Pontezinha, Estado de

Pernambuco, somente a presença de roedores infectados existen-

tes na área, após saneamento da mesma, não foram capazes de

impedir o decréscimo da infecção dos caramujos de 6,9% em 1962

para 0,1% em 1968.

REY (1973) julga que não se pode excluir a possibili-

dade de que os roedores sejam antes vítimas de uma antropozoo-

nose, por viverem perto dos homens do que reservatórios ani-

• ÷

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mais efetivos, capazes de manter um ciclo parasitário indepen-

dente.

Segundo PESSOA (1982) a esquistossomose mansoni no

Brasil, de uma típica zooantroponose estaria se transformando

em uma anfixenose, em áreas de média e alta endemicidade. Se-

riam principalmente os roedores os reservatórios do parasita,

que poderiam manter o ciclo do S. mansoni paralelo ao mantido

pelo homem.

O mesmo autor estudando aspectos da infecção esquis-

tossomótica em animais no Brasil admite, em termos de probabi-

lidade, três ciclos do parasita: ciclo em que o único hospedei-

ro vertebrado é o homem; ciclo em que o roedor é o único hos-

pedeiro; ciclo em que o homem e o roedor são hospedeiros de-

finitivos.

6.2. Material e Métodos

6.2.1. Descrição da área e da amostra

O estudo foi realizado no município de Governador Va-

ladares, Estado de Minas Gerais, área endêmica de esquistosso-

mose humana. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a Região

apresenta o segundo maior índice de infecção do Estado (Figu-

ra 16). Este fato associado as pesquisas anteriores sobre es-

quistossomose bovina desenvolvidas no município por COELHO et

alii (1982) orientaram a seleção pela área.

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O estudo consistiu-se de um levantamento preliminar da

infecção, através de estudo transversal com análise ao nível

descritivo. ,

A seleção das propriedades foi orientada por critérios

bioecológicos inerentes ao processo de transmissão da esquistos-

somose mansoni associadas ao tipo de exploração pecuária. Foram

selecionadas, 20 propriedades, sendo 10 de exploração de leite

com predomínio de animais de raça holandesa (grupo I) e 10 vol-

tadas a exploração de carne ou mista (grupo II), com predomi-

nio de animais mestiços, resultantes de cruzamentos das raças

zebuínas com a raça holandesa. Simultaneamente, a amostra foi

categorizada, segundo a forma de organização de produção de a-

cordo com metodologia proposta por OBIAGA et alii (1979).

O tamanho da amostra dentro de cada grupo foi obtido

através de amostragem aleatória crítica ao nível de 1%, sendo

298 o número de amostras recomendadas para bovinos pelo Centro

Panamericano de Zoonosis (1979). A este número foram acrescen-

tados 20%, elevando-se o valor da amostra para 447 animais, pa-

ra cada grupo.

A população amostral (n = 894) compreendeu animais de

até 12 meses de idade, de ambos os sexos. Para os animais adul-

tos, estimou-se amostras diferenciadas que variaram de cinco a

dez por cento, proporcionais ao tamanho do rebanho, determinan-

do-se um "n " de 355 animais.

Para complementação deste extrato foram colhidas 107

amostras, a nível de matadouro de animais provenientes de 19 pro-

°

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priedades do município, não incluídas na amostragem inicial.

6.2.2. Exames parasitológicos

População bovina

O exame coproscópico foi realizado segundo método pro-

posto por COELHO et alii (1982) e a curetagem de mucosa confor-

me técnica de PELLEGRINO et alii (1965).

Nos 107 animais provenientes de abatedouro foi reali-

zada a curetagem de mucosa retal e a inspeção das veias mesen-

téricas, objetivando-se a visualização do helminto adulto.

População humana

Para determinação da infecção, empregou-se a intra-

dermo-reação com antígeno de helminto adulto, segundo técnica

de KAGAN, PELLEGRINO & MEMÓRIA (1961). Naquelas propriedades

onde observou-se bovinos positivos, foi realizado exame copros-

cópico da população humana segundo método de KATO-KATZ (1972).

6.2.3. Estudo malacológico

Nas propriedades positivas foi realizada a coleta de«

planorbídeos que foram examinados coletivamente em recipientes

com água filtrada sem cloro, e quando não eliminavam cercárias

.

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foram esmagados entre lâminas de vidro para avaliar se estavam

infectados pelo S. mansoni segundo técnica de PELLEGRINO &

KATZ (1968).

6.2.4. Infecção experimental de planorbídeos

Dez B. glabrata, com diâmetro variando entre 10 e 15

mm, nascidas e criadas em laboratório, foram expostas, indivi-

dualmente a miracídios obtidos das fezes de um bovino natural-

mente infectado e examinadas 50 dias após por esmagamento en-

tre lâminas de vidro.

6.3. Resultados

Dentre os 894 bezerros examinados, encontrou-se nove

(1%) eliminando ovos viáveis nas fezes (Tabela 17) e dois apre-

sentaram ovos não viáveís à curetagem de mucosa retal.

Estes animais pertenciam a quatro propriedades, sen-

do que destas três foram categorizadas como de subsistên-

cia.

Em uma propriedade, do tipo empresarial para produção

de leite, observou-se que dois bezerros holandeses apresenta-

vam ovos não viáveis à curetagem de mucosa retal e uma bezerra

holandesa preto e branco, pura de origem, de um ano de idade,

apresentou ovos viáveis nas fezes. Segundo informações do pro-

prietário, o animal havia sido adquirido há dois meses de área

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indense de esquistossomose humana. Assim, é provável que o ani-

mal tenha se infectado nesta propriedade. Este animal foi leva-

do para a Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas

Gerais e acompanhado por exame de fezes e curetagens retais

por um período de seis meses, durante o qual, permaneceu eli-

minando ovos nas fezes (Tabela 18). Em todos os caramujos in-

fectados em laboratórios, com miracídios provenientes de fezes

deste animal e examinados 50 dias após, verificou-se a presen-

ça de cercárias de mansoni.

As outras três propriedades estavam situadas em áreas

com condições bioecológicas ideais ao processo de manutenção e

transmissão da endemia. Um córrego percorria, as propriedades,

recebendo dejetos dos domicílios, sendo utilizado pelos bezer-

ros que permaneciam mais tempo na área próximo ao domicílio.

Os animais adultos eram levados para pastagens arrendadas em

outra propriedade. Os animais positivos, situavam-se na faixa

etária dos quatro a oito meses, sendo cinco holandeses e três

mestiços. O levantamento malacológico da área proporcionou a

captura de exemplares de B. glabrata, positivas para cercária

e/ou esporocistos do S. mansoni. Em todas as quatro proprieda-

des positivas a população humana apresentou exame coproscópico

positivo. Os animais adultos de todas as fazendas onde foram

detectados bezerros positivos, bem como as amostras provenien-

tes de matadouro, apresentaram resultados negativos.

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6.4. Discussão

A explicação para os índices de positividade obtidos

entre os animais de pequenas propriedades, de economia de

subsistência, associado a infecção humana, talvez deva-se ao

fato de que estes animais tenham se infectado próximo ao domi-

cílio.

A questão de inserção da espécie bovina no processo

de transmissão e manutenção da endemia talvez não ultrapasse

o espaço peridomiciliar concordando com o observado por BARBO-

SA (1971) e REY (1973) sem entretanto excluir outras formas

de transmissão, como as postuladas para roedores por PESSOA

(1982), uma vez que a amostra estudada não permite maiores in-

ferências.

A explicação úItima portanto, está na forma de orga-

nização da produção pecuária que determinaria as condições

ecológicas, associada a fatores biológicos específicos rela-

tivos a interação parasito-hospedeiro.

A análise da infecção natural em hospedeiros não hu-

manos, especialmente roedores, espécie na qual centra-se gran-

de parte da bibliografia sobre reservatórios, difere fundamen-

talmente da dinâmica da infecção em bovinos.

Em qualquer análise de um processo biológico asso-

ciado a estrutura de produção pecuária deve-se considerar que

a reprodução natural ou artificial da espécie vem represen-

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tar, essencialmente a condição de mercadoria que pode assu-

mir diferentes categorias, segundo os diversos interesses so-

ciais de grupos vinculados ao setor. Estes grupos diferen-

ciam-se social e economicamente, pelas formas peculiares com

que desenvolvem o trabalho produtivo, considerando-se a pro-

priedade da terra, a utilização intensiva ou extensiva da mes-

ma, a especialização produtiva, o predomínio do trabalho as-

salariado e/ou familiar ou suas combinações, o maior ou me-

nor investimento do capital, o acesso aos meios produtivos

entre outros.

Através do exame destas dimensões OBIAGA et alii

(1979) caracterizaram formas concretas de expressão do modelo

capitalista no campo que permitem analisar a questão do pro-

cesso infeccioso, e em especial as zoonoses na população ani-

mal, ou seja; a economia de subsistência, a mercantil sim-

ples, a empresarial e a extrativa. Este modelo foi por nós e-

leito pois sendo centrado na produção pecuária, permite anali-

sar o fator risco, quando a espécie animal ou o homem apresen-

ta-se como fonte de infecção.

Segundo OBIAGA et alii (1979) as formas econômicas

de subsistência caracterizadas por áreas de minifúndio, man-

tém poucas conexões com o mercado, em função da reprodução a-

nimal aparecer como "mercadoria de reserva". A família, se con-

* Segundo BREILH (1979) "mercadoria" é aquele produto que foi

elaborado para a venda e permite acumulação de capital.

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figura como unidade de produção, uma vez que a força de traba-

lho é a familiar.

Esta forma de produção determina que o perfil de saú-

de da população humana e animal, especificamente nas zoonoses,

seja inferior ao correspondente a outras formas. No caso parti-

cular de esquistossomose pelas condições bioecológicas caracte-

rísticas haverá potencialização de risco de infecção, atuando

o homem e talvez o bovino como fonte de infecção.

A exposição ao risco será potencializada pelas formas

específicas de trabalho produtivo, através do uso intensivo da

terra aliada as condições ecológicas destas áreas, associa-

das a densidade populacional e contato estreito da espé-

cie animal com o homem.

Ao contrário da economia de subsistência e situando-

se no outro extremo nas economias empresariais, o animal tor-

na-se mercadoria que realiza acumulação de capital. Assim, quan-

to aos fatores de risco, na questão da esquistossomose bovina,

esta forma de produção pelo alto investimento de capital e tec-

nologia utilizados transformam a paisagem natural dificultan-

do à manutenção do ciclo da enfermidade.

Em relação a maior freqüência de infecção em animais• o

jovens, verificada nesta pesquisa e similares aos resultados

de COELHO et alii (1982) e KAROUM & AMIN (1985), este é um as-

pecto ainda não elucidado na epidemiología da esquistossomose

mansoni bovina.

Duas hipóteses podem ser levantadas para explicar es-

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te aspecto. A primeira diz respeito a resistência inerente aos

animais adultos, demonstrada na infecção experimental, associa-

da a um processo imunitário que por diferentes mecanismos os

protegeriam de reinfecções. Esta resistência natural e possi-

velmente adquirida talvez expliquem o não encontro nesta pes-

quisa de animais adultos positivos, tanto a nível de campo ou

de matadouro. Nos resultados obtidos por BARBOSA et alii

(1962); PIVA & BARROS (1966) e MAYADOUN & POWER (1970) que tra-

balharam com animais adultos, não foram observados ovos viá-

veis nas fezes.

A segunda hipótese refere-se ao maior risco de rein-

fecções nas faixas etárías mais jovens, em função das condi-

ções de manejo, adotado em determinadas formas de exploração,

propiciando um contato mais íntimo e freqüente com coleções

hídricas de uso comum à população humana.

Além da variável faixa etária, o fato de ter-se encon-

trado um, dois, quatro e dois animais eliminando ovos viáveis

e dois apresentando ovos não viáveis, dentro de rebanhos, ain-

da que de tamanho reduzido, leva-nos a pensar, em hipóteses de

predisposição individual de determinados animais, não excluin-

do-se o fator de risco diferenciado. Esta predisposição, asso-

ciada a áreas com condições ideais de transmissão, tornaria a

esquistossomose bovina um evento raro ou mesmo acidental.

A título de considerações finais, gostaríamos de co-

locar que diante da situação atual da esquistossomose mansoni

no país que, seguramente as medidas de melhoria do padrão

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de vida da população seriam capazes por si só de alterar signi-

ficativamente o quadro desta parasitose, a discussão do papel

de outros hospedeiros pode parecer de um absurdo academicismo.

De fato, os fatores econômicos e sociais ligados ao

papel do homem como hospedeiro definitivo do S. mansoni pare-

cem ser de tal forma preponderantes, que poder-se-ia concluir

que a alteração radical desses fatores é condição não só neces-

sária como suficiente para o controle da esquistossomose. Entre-

tanto, as situações epidemiológicas, como de resto as econômi-

cas, políticas e sociais, não são estáticas. Assim, fatores que

num momento podem ter importância secundária, em outro momento

tornam-se fundamentais, em função das diferentes biocenoses es-

tabelecidas nos espaços organizados.

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SEDE DOS CENTROS REGIONAIS DE SAÚDE

MÉTODO; SEDIMENTAÇÃO EXPONTÂNEA

FIGURA 16 - Percentual de Positividade para Schistosoma mansoninas áreas dos Centros Regionais da Saúde - Secretaria do Estado de Saúde- Minas Gerais, 1986.

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86.

Número de ovos viáveis (por grama de tecido) obti-

dos por curetagem de mucosa retal e pelo exame co-

proscógico (por grama de fezes) em bovinos natural-

mente infectados com Schistosoma mansoni.

TABELA 1 7.

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8 7 .

TABELA 18. Número médio mensal de ovos viáveis (por grama de te-

cido) obtido por curetagem de mucosa retal e pelo exa-

me coproscópico (por grama de fezes) em um bezerro da

raça holandesa, naturalmente infectado com Schistosoma mansoni.

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7. CONCLUSÕES

- A espécie bovina é suscetível a infecção experimen-

tal pelo Schistosoma mansoni. Categorizados segundo gradações

de suscetibilidade, os bezerros da raça holandesa são melho-

res hospedeiros do parasito seguido dos bezerros mestiços e

dos bovinos adultos.

- O estudo histológico mostra que as lesões encontra-

das em bovinos infectados experimentalmente, são característi-

cas da esquistossomose e sugere compatibilidade entre o parasi-

to e o hospedeiro.

- A técnica da curetagem de mucosa retal apresentou

sensibilidade superior ao exame parasitológico de fezes. O nú-

mero de falsos negativos, à técnica croposcópica apresenta re-

lação direta com a intensidade da infecção. Recomenda-se a as-

sociação de ambos os métodos no diagnóstico da parasitose.

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- A infecção pelo S. mansoni se transmite em condições

experimentais de campo, através do modelo bovino - Biomphalaria

glabrata - bovino.

- Observou-se, em levantamento epidemiológicos prelimi-

nares no município de Governador Valadares, MG, baixa ocorrên-

cia de bovinos infectados naturalmente. Ao nível de hipótese,

postula-se que a infecção natural, não ultrapassaría o perido-

micílio, sendo determinada pelas formas de organização da produ-

ção pecuária.

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Page 126: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICAr1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R109.pdfvestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre, RS. Em 1972, ingressou no Curso

9. APÊNDICE

Page 127: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICAr1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R109.pdfvestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre, RS. Em 1972, ingressou no Curso

101.

APÊNDICE 1.

Análise de variância para os dados das Tabelas 2, 3, 4 e 5.

Page 128: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICAr1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R109.pdfvestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre, RS. Em 1972, ingressou no Curso
Page 129: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICAr1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R109.pdfvestibular cursou-os no Colégio Padre Reus, em Porto Alegre, RS. Em 1972, ingressou no Curso

% de recuperação de helmintos adultosem grupos de 5 bovinos infectados com

de 20.000 cercárias de S. mamoni.

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Página

5

5

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34 e 44

35

41

41

41

42

43

44 VALADARE

44

44

44

44

E R R A T A

Onde se lê:

2 caracterizam e definiram

4 em meios de definido

a salina

sucutânea

mintos

Dubonoff

envidenciaram

pelas vias transcutanêa...

emio

1974

Pressume-se

schsitosomules

schsitosomula

schsitosomiasis

9 páginas

infretions

sevening

proyhylactic

Recente

adulto

ovoposição

Leia-se :

caracterizaram e definiram

em meio de cultura definido

à salina

subcutânea

minutos

Dubnoff (Precision Scientific Co.)

evidenciaram

pelas vias subcutânea...

meio

1973

Presume-se

schistosomules

schistosomula

schistosomiasis

9 pp.

infections

VA LADARES

screening

prophyl acti c

Recent

adult

oviposição