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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA PARASITOLOGIA VETERINÁRIA RAILIETIOSE BOVINA RÔMULO CERQUEIRA LEITE Itaguaí, Rio de Janeiro Junho, 1989

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

RAILIETIOSE BOVINA

RÔMULO CERQUEIRA LEITE

Itaguaí, Rio de Janeiro Junho, 1989

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

RAILIETIOSE BOVINA

RÔMULO CEROUEIRA LEITE

Sob a Orientação do Professor Dr. JOÃO LUIZ HORÁCIO FACCINI

Tese submetida à defesacomo requisito parcialpara a obtenção do grau deDoutor em Ciências,Medicina Veter inár la

-Parasitologia Veterinária..

Itaguaí, Rio de Janeiro Junho, 1989

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TÍTULO DA TESE

RAILIETIOSE BOVINA

AUTOR

RÔMULO CERQUEIRA LEITE

APROVADA EM: 30/06/1989

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Dedico este trabalho à minha mulher Suely, pelo incentivo e apoio permanentes, mesmo em detrimento de sua tranquilidade; e a meus filhos, Bóris, Felipe e Luísa, pela compreensão das dificuldades a que os submeti.

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AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao professor João Luiz Horácio Faccini, colega eamigo, que aceitou a tarefa de orientador, cumprindo-a com grande pa-ciência, sabedoria e amizade.

Ao professor Carlos Wilson Gomes Lopes que, com sua amizade, per-mitiu-me compartilhar de sua sabedoria.

A todos os professores e funcionários da UFRRJ que me acolheram epermitiram a conclusão desta etapa.

A todos os colegas de curso, em especial a Zelson, Celina, Arlindoe Ivo, que tornaram o curso mais agradável e menos difícil de ser con- cluído.

A Eunice Faria Lopes, pela assessoria bibliográfica; Henrique Nu-nes de Oliveira e professor Ivan Barbosa Machado Sampaio, pelas análises estatísticas.

À professora Vera Alvarenga Nunes, pela amizade, cessão de parte domaterial deste trabalho e, principalmente, pelas longas conversas ondepudemos discutir o assunto da tese.

Ao professor Ilto José Nunes, pela discussão do assunto e ediçãode texto final da tese.

Aos professores do Departamento de Medicina Veterinária Preventivada UFMG que, ao me liberarem para o curso, assumiram minhas funções.

Aos meus colegas Romário Cerqueira Leite, Vânia Maldini Penna, An-tônio Cândido C. L. Ribeiro, Luiz Eustáquio Pinheiro, José Jesus deAbreu e Antônio Arantes, pela ajuda nas coletas de campo.

Aos proprietários das fazendas: Areias (Nelore), Flores (Guzerá),Curtume (Gir), Máquina (indubrasil), Limeira (Holandesa), Samira (Jer- sey), Experimental de Carmo da Mata (Pardo Suiça) e o do rebanho Caracu,do município de Papagaios, em Minas Gerais.

Ao Programa Institucional de Capacitação Docente (PICD), pela bol- sa de estudos e, em especial, à senhora Djalva, pelo atendimento sempre

amigo. Ao Instituto de Zootecnia da UFRRJ, que me cedeu bovinos para rea-

lização de parte do experimento e a esses animais, que involuntariamente

prestaram-se ao trabalho. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

Finalmente, aos meus onze irmãos que sempre me incentivaram e

apoiaram.

E, a meus pais, pelo exemplo.

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BIOGRAFIA

Rômulo Cerqueira Leite, nascido aos oito dias do mês de abril de1943, no município de Santo Antônio de Pádua, RJ, filho de Byron LeiteRibeiro e Adelzira Cerqueira Leite.

Cursou o primeiro e segundo graus no Colégio Pádua, na mesma cida-

de.

Iniciou o curso de Medicina Veterinária, em 1966, na antiga EscolaNacional de Veterinária da Universidade Rural do Brasil e terminou, em1970, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense.

Matriculou-se nos cursos de Mestrado da Escola de Veterinária daUniversidade Federal de Minas Gerais. Em 1977, concluiu o de MedicinaVeterinária Preventiva e, em 1983, o de Reprodução Animal.

Foi Veterinário Pesquisador do Departamento de Pesquisa e Experi-mentação da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, de 1971 a 1974.Médico Veterinário do Ministério da Agricultura, mediante concurso pú-blico, de 1974 a 1978. Ingressou no magistério superior, mediante con-curso público, no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, daEscola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1978,

onde exerce o cargo de Pofessor Adjunto.

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1. INTRODUÇÃO

2. AVALIAÇÃO DE UMA TÉCNICA IN VIVO PARA MEDIR A INFESTAÇÃO POR RAILLIETIA TROUESSART (ACARI, MESOSTIGAMATA)

3. DISTRIBUIÇÃO E OBSERVAÇÕES CLÍNICAS DE RAILLIETIA TROUES- SART (ACARI, MESOSTIGMATA) POR FAIXA ETÁRIA E POR RAÇA EM BOVINOS DE CORTE E LEITE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS

4. INFESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE BOVINOS POR RAILLIETIA TROUES- SART (ACARI, MESOSTIGMATA)

5. CONCLUSÕES

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SUMÁRIO

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ÍNDICE DAS TABELAS

TABELA 1 - Taxa de recuperação de Raillietia - Primeira coleta

TABELA 2 - Taxa de recuperação de Raillietia - Segunda coleta

TABELA 3 - Distribuição de Raillietia em rebanho Nelore

TABELA 4 - Distribuição de Raillietia em rebanho Guzerá

TABELA 5 - Distribuição de Raillietia em rebanho Indubrasil 10

TABELA 6 - Distribuição de Raillietia em rebanho Gir

TABELA 7 - Distribuição de Raillietia em rebanho Suíço

TABELA 8 - Distribuição de Raillietia em rebanho Caracu

TABELA 9 - Distribuição de Raillietia em rebanho HPB

TABELA 10 - Distribuição de Raillietia em rebanho Jersey

TABELA 11 - Distribuição da intensidade média de Raillietia

em oito raças bovinas

TABELA 12 - Infestação experimental de Raillietia

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ÍNDICE DAS FIGURAS

FIGURA 1 - Aparelho de coleta, desmontado 4

FIGURA 2 - Coleta de Raillietia em animais vivos 5

FIGURA 3 - Localização geográfica dos rebanhos trabalhados 9

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RESUMO

A técnica de lavagem in vivo do ouvido, para colheita de Raillie- tia TROVESSART, revelou-se de fácil execução e elevada eficiência, po- dendo ser utilizada tanto para diagnóstico como para estudos epidemioló-gicos. A distribuição de Raillietia TROVESSART, em Minas Gerais, foi es- tudada em oito raças bovinas. Apresenca do ácaros foi detectada em to-das, sendo a Nelore e a Guzerá as mais infestadas e a Jersey e a Holan- dêsa as que apresentaram menor infestação. A Indubrasil, Gir, Pardo Suí- ça e Caracu apresentaram infestação média. Os animais adultos foram os mais parasitados. Utilizado-se de infecção experimental, constatou-seque apenas os adultos jovens de Rallietia TROVESSART são capazes de instalar a parasitose em bovinos.

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SUMMARY

The technique for in vivo ear flushing, to collecting Raillietia TROVESSART from several cattle breeds, has proved to be efficient and practical. It can used either for diagnosis or for epidemiological stu- dies. The parasites were found in all breeds. Nelore and Guzera were themost infested while Jersey and Holstein were the less susceptible. Indu-brasil, Gir, Swiss and Caracu had presented moderate infestations. Adult

cattle were the most infested one. Using experimental infestation it was found that young adult parasites were the unique stages able to stablish the parasitism in bovines.

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1. INTRODUÇÃO

Na pecuária de corte ou leiteira, os fatores que interferem na produtividade são tantos que se torna difícil enumerá-los numa ordem de importância. Salientam-se os que se fazem mais evidentes, que nem sempre

são os mais importantes.

É frequente tomar-se como meta de pesquisa temas já consagrados,de conhecimento amplo e que causam impacto como, por exemplo, as helmin- toses gastrointestinais, no campo das parasitoses.

A otite bovina é uma afecção pouco conhecida, que não tem desper-tado a atenção da maioria dos pesquisadores. Embora a literatura a res- peito não seja muito vasta, constatou-se, pelos textos encontrados, queas principais afecção do sistema auditivo, no Brasil, são relacionadas com causas bacterianas e parasitárias, sendo as últimas, em alguns ca- sos, predisponentes das primeiras (LEITE et alii, 1987).

Dentre as causas parasitárias, têm merecido considerações, no Bra- sil, aquelas causadas por ácaros do gênero Raillietia TROVESSART 1902 (NUNES et alii, 1972) e por helmintos rabditiformes, nos bovinos das ra- ças zebuínas Gir e Indubrasil (MARTINS Jr., 1974).

Durante os estudos referentes à distribuição de ácaros por raças efaixas etárias e à transmissão experimentai, ficou evidenciada a presen-ça de duas populações morfologicamente distintas de Raillietia. As dife- renças observadas nos machos são de tal magnitude que os mesmos podem ser distinguidos ao microscópio estereoscópico. As diferenças observadasnas fêmeas são menos marcantes: porém, à semelhança das que ocorrem nos machos, são constantes. Nenhuma fase intermediária foi observada até o presente. Esta situação, quando observada em populações simpátricas, su- gere a presença de dois taxa distintos. Estudos mais detalhados, com o

objetivo de elucidar esta situacão, estão em andamento. Os dados aqui coligidos referem-se apenas a ácaros do gênero Raillietia TROVESSART

1902.

Este trabalho tem como objetivo ampliar o estudo da railietiose em

bovinos de oito raças criadas no Estado de Minas Gerais, as quais têmgrande importância na formação do rebanho puro e mestiço do país.

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2. AVALIAÇÃO DE UMA TÉCNICA IN VIVO PARA MEDIR A INFESTAÇÃO POR RAILLIETIA TROVESSART (ACARI, MESOSTIGMATA)

2.1. REVISÃO DA LITERATURA

Desde a descoberta do ácaro do ouvido de bovino por LEIDY (1872a,b), denominado por TROVESSART (1902a,b,c) Raillietia auris, a maioriados trabalhos a respeito tomava por base achados de necropsia; provavel-mente, a dificuldade do exame dos ouvidos dos animais e a da coleta dos ácaros, tanto em animais vivos quanto nos mortos, tenha sido disto a principal causa.

NUNES & NUNES (1975) propuseram, para a abertura do conduto audi-tivo do bovino, uma técnica de necropsia muito eficiente, porém muito trabalhosa. Em seguida, QUINTERO (1978) utilizou uma zaragatoa para acolheita deste ácaro: no entanto, por este método não se atinge a cavi-dade timpânica, onde permanece o maior número dos parasitos. Por outrolado, HEFFNER & HEFFNER (1983,b) utilizaram o otoscópio para o diagnós-tico, porém, o método não foi eficiente para medir a densidade desta pa- rasitose.

A técnica mais promissora foi proposta por FACCINI et alii (1987)que, mediante lavagem por jato d'água, com seringa, do conduto auditivo externo de animais abatidos, foi capaz de recolher todos os exemplares adultos e larvas em 81% dos ouvidos examinados. No mesmo trabalho, osautores aventaram a hipótese da utilização da técnica em animais vivos,tanto para o diagnóstico como para medir densidade e/ou a intensidade do

parasitismo.

O objetivo deste trabalho foi descrever uma modificação da técnica de FACCINI et alii (1987), que permite diagnosticar e/ou medir a densi-dade de infestação por R. auris, em ouvidos de bovinos.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

A técnica consiste na lavagem do conduto auditivo externo com um jato forte de água, capaz de desprender todo o cerume e outras secre-cões, juntamente com os ácaros existentes; e recolher todo o material emum recipiente - um funil adaptado-, para separação dos ácaros, o que

facilita sua contagem e identificação. Para a consecução da técnica, utilizou-se de uma pera de borracha,

com capacidade para 100 ml, acoplada a uma pipeta de plástico rígido, do

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tipo utilizado para inseminação artificial, cortada com 30 cm de compri-mento, e um funil de metal ou plástico, cuja abertura maior media 30 cmde diâmetro, acoplado a "nipple" de PVC, de 3/4 de polegada, por meio deum tubo plástico transparente, com 5 cm de comprimento. A parte inferiordo "nipple" foi fechada por um bujão de PVC, rosqueado, em cujo centrose fez uma abertura de 1,0 cm de diâmetro. Intermediando o tampão e"nipple", foi colocada uma tela - canvas -, com 48 fios por cm 2 (FIG.

1).

Os bovinos cujos ouvidos foram lavados por esta técnica necessita-ram ter a cabeça imobilizada e, para isto, o melhor recurso foi o bretede madeira, utilizado para gado de corte, que prendeu os animais pelopescoço, flancos e atrás da omoplata. Caso isso não fosse possível, imo-

bilizava-se o animal de maneira que ele não viesse a mexer com a cabeça.

A pipeta foi introduzida no canal auditivo até encontrar resistên-cia, o que se deu ao nível da curva anterior à cavidade timpânica. Neste ponto, a pera de borracha, cheia de solução salina com antibiótico (1),foi pressionada de uma só vez, para que o líquido saísse com força sufi-ciente para permitir a lavagem total. Em seguida, a solução foi recolhi-da para o funil, utilizando-se o próprio pavilhão da orelha como calha (FIG. 2). Esta solução, ao passar através da tela, ficou livre dos áca-ros, pús, cerume e restos epiteliais. A tampa rosqueada foi aberta e,antepondo-se um dedo à abertura da mesma, fez-se uma lavagem na tela comum jato d'água (ou álcool 70º, conforme o destino que se queira dar aos

ácaros, se para estudos biológicos ou diagnóstico).

Para testar a eficiência da técnica descrita acima, comparou-se onúmero relativo de ácaros colhidos ante-morten com o de ácaros obtidospela técnica de lavagem post-morten.

Programaram-se duas coletas de 15 bovinos, cada uma, totalizando60 ouvidos. Os bovinos examinados eram animais azebuados, adultos e des-tinados ao abate para consumo. O exame após o abate pela técnica de la- vagem colhe todos os ácaros de 98% dos animais, de acordo com FACCINI et

alii (1987).

Na primeira coleta, os 15 bovinos (30 ouvidos) foram examinadosantes do abate; entretanto, devido à rapidez do processo de abate, so- mente 23 ouvidos, correspondendo a 12 animais, puderam ser examinados

post-mortem.

(1) Solução salina fisiológica, pH 7,2 Penicilina 1000000 Ul/4,0 litros de solução fisiológica Streptomicina 1,0 g/4,0 litros de solução fisiológica.

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FIGURA 1 - Aparelho de coleta de Raillietia, desmontado para mostrar os

componentes: A - funil; B - tubo plástico transparente; C - 'nipple'

3/4" de PVC; D - tela com 48 fios/cm2; E - tampa rosqueada; F - pipeta

plástica, com aproximadamente 30 cm; G - peta de borracha de 50 ml.

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FIGURA 2 - Coleta de ácaros do gênero Raillietia TROUESSART em animaisvivos, mostrando detalhes do aparelho de coleta e do pavilhão auditivoservindo de calha de escoamento.

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Na segunda coleta, conseguiu-se examinar a totalidade dos 15 ani-mais (30 ouvidos), antes e após o abate. As duas coletas totalizaram 27animais e 53 ouvidos.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A técnica proposta neste trabalho foi de fácil execução, não apre-sentando nenhum efeito indesejável nos ouvidos dos animais examinados. Sua operacionalidade tornou possível o estudo de alguns parâmetros epi-demiológicos, como prevalência, incidência, densidade/intensidade para-sitária (MARGOLIS et alii, 1982), de ácaros do gênero Rallietia em ani-mais vivos, o que antes não era viável.

A percentagem total de obtenção dos ácaros adultos variou de 53 a82% e, a de adultos e larvas juntos, de 67 a 82% (TAB. 1 e 2). Estes da-dos equivalem àqueles coligidos por FACCINI et alii (1987), na coleta debovinos abatidos e permitem concluir que a técnica de lavagem do condutoauditivo pode ser utilizada não só no diagnóstico, como em estudos epi-

demiológicos.

Para se obter uma eficiência satisfatória, os animais devem estarbem contidos, pois a introdução de líquido sob pressão, naqueles animaiscom otite, causa dor e consequente reação. Provavelmente, esta foi acausa da diferença observada na percentagem de recuperação nas duas co-letas (TAB. 1, 2). Na primeira coleta, os animais não estavam satisfato-riamente imobilizados.

Além dos ácaros do gênero Raillietia, a técnica permite a coletade outros parasitos, como carrapatos, nematóides rabditiformes e outrosácaros.

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TABELA 1 - Taxa de recuperação de Raillietia TROUESSART antee post-mortem pela técnica de lavagem do conduto auditivo1,de bovinos adultos parasitados: Primeira coleta. Belo Hori-zonte, 1988.

1 Total de 38 condutos auditivos2 Técnica post-mortem3 Técnica in-vivo

TABELA 2 - Taxa de recuperação de Raillietia TROUESSART antee post-mortem pela técnica de lavagem do conduto auditivo1,de bovinos adultos parasitados: Segunda coleta, Belo Hori-zonte, 1988.

1 Total de 30 condutos auditivos2 Técnica post-mortem3 Técnica in vivo

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3. DISTRIBUIÇÃO E OBSERVAÇÕES CLÍNICAS DE RAILLIETIA TROVESSART (ACARI, MESOSTIGMATA) POR FAIXA ETÁRIA E POR RAÇA EM BOVINOS DE CORTE

E LEITE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS

3.1. REVISÃO DA LITERATURA

É fato bastante conhecido que a idade e a raça são dois componen-tes importantes na resistência a determinados tipos de parasitos. Exem-plos típicos têm sido a maior resistência de bezerros à Babesia (STARCO-VICI, 1893), quando comparados com adultos, e a resistência observadanas raças zebuínas ao Boophilus microplus (CANESTRINI, 1887).

No que concerne à railietiose bovina, sabe-se atualmente que o pa-rasitismo tem ampla distribuição geográfica CLEIDY (1872), nos EstadosUnidos da América; TROVESSART (1902a, b, c.) e FREUND (1910), na Europa;RADFORD (1938), na África; ALWAR & LALITHA (1959), na índia; NUNES etalii (1972), no Brasil; RAK & NAGHSHINEH (1973), no Iraquel, podendoatingir níveis de prevalência em torno dos 100% (NUNES et alii, 1975).No entanto, a maioria desses dados foi obtida de achados ocasionais denecropsias (OLSEN & BRACKEN, 1950; MENZIES, 1957; ALWAR & LALITHA, 1959;FERGUSON & LAVOIPIERRE, 1962; SCHLOTTHAVER, 1970; LADDS et alii, 1972;NUNES et alii, 1972; RAK & NAGHSHINEH, 1973; SHASTRI & DESHPANDE, 1983)ou mediante inquéritos epidemiológicos realizados em abatedouros, comanimais adultos (NUNES et alii, 1976; FACCINI et alii, 1976; OLIVEIRA,1978; FONSECA & FONSECA, 1981; SHASTRI & DESHPANDE, 1983; JAVIER etalii, 1983; HEFNER & HEFNER, 1983a; McKEE et alii, 1988).

O objetivo deste trabalho foi o de medir o grau de parasitismo porRaillietia spp. em bovinos de diferentes raças zebuínas e taurinas efaixas etárias diversas, em rebanhos do Estado de Minas Gerais.

3.2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram examinados bovinos pertencentes a oito raças distribuídaspor seis municípios, compreendendo quatro regiões fisiográficas distin- tas de Minas Gerais [Alto São Francisco (Lagoa da Prata e Curvelo); Cam-po das Vertentes (Carmo da Mata); Sul (Lavras); Metalúrgica (Ribeirão

das Neves e Papagaios)] (FIG. 3).

De cada rebanho, foram selecionados, ao acaso, 15 vacas, 15 novi-lhos e 15 bezerros; estes, com idade variando de um a seis meses.

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FIGURA 3 - Localização dos rebanhos trabalhados nas regiões fisiográfi-

cas de Minas Gerais.

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TABELA 3 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Nelore, loca-lizado em Ribeirão das Neves, município da Região Metalúrgi-ca do Estado de Minas Gerais, 1988.

TABELA 4 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Guzerá, loca-lizado em Curvelo, município da Região do Alto São Franciscodo Estado de Minas Gerais, 1988.

TABELA 5 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Indubrasil,localizado em Lagoa da Prata, município da Região do AltoSão Francisco do Estado de Minas Gerais, 1988.

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TABELA 6 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Gir, localizadoem Curvelo, município da Região do Alto São Francisco doEstado de Minas Gerais, 1988.

TABELA 7 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias de um rebanho Suíço, localiza-do em Carmo da Mata, município da Região do Campo das Ver-tentes do Estado de Minas Gerais, 1988.

TABELA 8 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio e o sexo, em três grupos de 15 bovinos de diferentesfaixas etárias, de um rebanho Caracu, localizado em Papa-gaios, município da Reião Metalúrgica do Estado de Minas

Gerais, 1988.

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TABELA 9 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Holandês Pretoe Branco, localizado em Lavras, município da Região Sul do

Estado de Minas Gerais, 1988.

TABELA 10 - Distribuição de Raillietia TROUESSART, segundo oestádio de evolução e o sexo, em três grupos de 15 bovinosde diferentes faixas etárias, de um rebanho Jersey, loca-lizado em Lavras, município da Região Sul do Estado de Minas

Gerais, 1988.

TABELA 11 - Distribuição da intensidade média de Raillietia TROUESSART, em três faixas etárias

de oito raças bovinas e média de ácaros por animal infestado, no Estado de Minas Gerais, 1988.

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A técnica de coleta foi a preconizada por FACCINI et alii (1987),adaptada para execução in vivo. A lavagem foi feita com um jato de 50 mlde solução salina no conduto auditivo externo, recolhendo-se o líquidoem funil com filtro, que deixava passar o líquido e retinha os ácaros(FIG. 1). Os ácaros eram recolhidos e colocados em frascos contendo ál-cool 70º e identificados, tampados e levados ao laboratório, para exameao microscópio estereoscópico, de acordo com o descrito nas pág. 2 e 3.

Os dados das contagens foram analisados estatisticamente pelo mé-todo de Sudent-Newman-Keuls (STEEL & TORRIE, 1960).

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Tabelas de 3 a 10 sumarizam os dados das coletas de Raillietianas diversas raças e faixas etárias estudadas. Os ácaros estavam presen-tes em todas as raças. A comparação de médias, feita pelo teste de Stu-dent-Newman-Keuls, demonstrou que as raças estudadas podem ser divididasem dois grandes grupos, com relação à intensidade parasitária. As raçasNelore e Guzerá constituem um grupo e apresentam maior infestação do queas demais raças, que formam o segundo grupo. Diferenças estatísticassignficantes foram constatadas nas infestações intra-grupos.

Considerando-se as faixas etárias, o teste de Student-Newman-Keulsrevelou diferenças estatísticas significantes para a intensidade de in-festação entre as três faixas etárias estudadas. A faixa etária consti-tuída pelas vacas apresentou maior intensidade de infestação, seguidapor novilhas e bezerros.

Os dados coligidos até o presente não permitem uma conclusão defi-nitiva sobre essa diferença - resistência racial e ação de carrapatici-das são duas hipóteses que merecem ser testadas. A primeira é inusitada,pelo fato de ser, talvez, a primeira vez que a se constatar animais aze-buados menos resistentes do que europeus a um determinado parasito. Asegunda pode ser explicada pelo fato de os bovinos das raças européiasserem mais frequentemente tratados com produtos químicos carrapatici-das/inseticidas, os quais, provavelmente, também agem sobre os ácaros.

O fato de o maior grau de infestação haver ocorrido nos adultos enovilhas pode estar ligado ao ciclo biológico do parasito: é sabido queuma das características dos macroparasitos (artrópodos e helmintos) éter o crescimento da população mais lento do que os microparasitos (pro-tozoários, vírus e bactérias). Deste modo, as infestações por macropara-sitos são geralmente crônicas, com os hospedeiros podendo se reinfestarvárias vezes (MAY, 1983). Um fato muito importante, registrado nestetrabalho, é que animais em confinamento total, como bezerros das raçaseuropéias e novilhas da raças Holandesa preto e branco, não apresentaramnenhum caso positivo, o que leva a deduzir que há necessidade do contatocom o campo para a finalização do ciclo. Por outro lado, embora as novi-lhas das outras raças estudadas de Bos taurus tivessem baixo grau de in-festação, esta ocorre quando os animais estão semi-confinados, ao con-

trário do que se observou nos bezerros.

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A maior irritabilidade observada nos animais das raças Guzerá eNelore, quando comparados com os das raças Gir, Indubrasil e européias,poderia estar relacionada com a intensidade do parasitismo, que é muitoalta na Guzerá e Nelore (TAB. 2 e 4).

O levantamento do parasitismo em bovinos, realizado neste traba-lho, amplia e comprova os achados de NUNES et alii (1975), FACCINI etalii (1976), OLIVEIRA (1978), FONSECA & FONSECA (1981), LARANGEIRA etalii (1982), SHASTRI et alii (1983), JAVIER et alii (1983) e McKEE etalii (1988), que afirmam que a Raillietia não tem sido de ocorrência es-

porádica e sim de disseminação bastante ampla.

Em nenhum dos animais positivos foi encontrado o estádio de nin-fa, o que mais uma vez vem corroborar a hipótese de ausência de ninfanos hospedeiros, em infestações naturais.

Seguem-se alguns comentários sobre a sintomatologia relacionadacom a railietiose bovina.

Na literatura internacional e nacional, encontramos descrição decasos de aflição e mal-estar, traduzidos por batidas da cabeça e esfre-gar das orelhas contra objetos, anorexia, emaciação (OLSEN & BRACKEN,1950; MENZIES, 1957), otorréia com presença de ácaros (ALWAR & LALITHA,1959), paralisia facial, engrossamento da membrana timpânica e bloqueiodo conduto auditivo (FERGUSON & LAVOIPIERRE, 1962), associação com rino-traqueíte infecciosa bovina (SCHLOTTHAVER, 1970), otite média (LADDS et alii, 1972), perda da audição (HEFFNER & HEFFNER, 1983) e, no Brasil,NUNES et alii (1972, 1975) e NUNES (1977) relatam otite, sinusite e com-prometimento da bula timpânica por Raillietia.

Observações clínicas de campo, em bovinos, desde 1971, permitem-nos relatar alguns dados que poderão auxiliar no diagnóstico de otite

parasitária causada por Raillietia:

1. O animal afetado torna-se excitado, reagindo com violênciaquando as orelhas são tocadas, seja pela corda seja pela palpação. Àinspeção, observa-se o conduto auditivo e suas adjacências edemaciados,às vezes com secreção de coloração variando do branco-amarelado ao cas-

tanho-escuro.

2. O canal auditivo, muitas vezes, encontra-se reduzido de diâme-tro, chegando até à oclusão completa e não permitindo a passagem da pi-peta, mesmo forçando a sua penetração. Pode apresentar pequenas hemorra-gias ou sangrar a qualquer esforço. Nestes casos, o animal reage violen-tamente a qualquer tentativa de lavagem do conduto. Quando não existeinfestação parasitária, estas reações são inexistentes. Isto sugere que as lesões causadas pelo ácaro são extremamente doloridas.

3. As otites parasitárias podem ser causadas só por R. auris, poroutros parasitos, como nematóides rabditiformes, ou por ambos e associa-

das a bactérias, fungos e mesmo vírus.

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4. Casos observados a campo:

a) O primeiro foi o de uma novilha da raça Nelore, de aproximada-mente dois anos, que manifestou anorexia e desvio da cabeça para o ladodireito. Em poucos dias o processo se intensificou e o animal apresentouopistótono, ataxia e prostação, morrendo com sinais típicos de encefali-te. À necropsia, constatou-se grande quantidade de secreção de colora-ção amarelada no ouvido direito, rompimento da membrana timpânica eabscedação do ouvido médio e interno. Neste animal foi observada grandequantidade de Raillietia nos dois condutos auditivos externos.

b) No segundo caso, em um rebanho da raça Gir, o aparecimento deotites era frequente, sempre relacionado a presença de nematódeos rabi-ditiformes, responsabilizados pela morte de alguns animais. O reprodu-tor, puro-sangue de alta linhagem, de aproximadamente seis anos, apre-sentou inapetência e ataxia. Com a evolução do processo, o animal passou

a caminhar em círculos e, finalmente, prostrou-se. Foi sacrificado e, ànecropsia, a única lesão encontrada foi rompimento da membrana timpâni-ca, presença de ácaros nos ouvidos externo e médio, com abscesso atin-

gindo o ouvido interno e as meninges. O germe isolado, observado em as-sociação com Raillietia, foi Pseudomonas aeruginosa.

c) O terceiro caso foi de outro rebanho, também Gir, com incidên-cia muito grande de otite entre os animais adultos, em que quatro vacasentraram em processo de emagrecimento progressivo, que culminou com amorte. À necropsia, notou-se que havia envolvimento do ouvido externo,do médio e do interno, com lesões graves, otite média e externa muitointensa e perfuração do tímpano, unilateral em dois e bilateral em umdos animais. Em todos os animais foi encontrada a presença de nematóidesrabditiformes, em associação com Raillietia, sendo que a localizaçãodesta sempre se deu na parte mais profunda do conduto auditivo externo.

Não foram observadas outras alterações nestes animais.

d) O quarto caso foi de um novilho Nelore, de 24 meses de idade,que apresentou um quadro típico de rinotraqueíte infecciosa. Após cessa-rem os sintomas destas doenças, o animal continuou se alimentando mal etinha a cabeça sempre virada para o lado esquerdo. Estes sinais foram seacentuando e as condições orgânicas se deteriorando. Observaram-se, ain-da, paralisia da musculatura facial direita, ptose auricular e palpebrale acúmulo de alimento entre as bochechas e os maxilares. Três meses de-pois, o animal apresentou ataxia, vindo a ser sacrificado. Feita a ne-cropsia, não se encontrou alteração, a não ser na região cranial: naabertura do conduto auditivo externo, observou-se estenose quase comple-ta, perfuração do tímpano e um abscesso de aproximadamente cinco centí-metros de diâmetro, atingindo as meninges e com destruição dos ossos ad-jacentes. Encontrou-se Raillietia nos dois ouvidos. De material colhidoda região da glote e condutos nasais, foi isolado o vírus da rinotra-

queite infecciosa bovina (IBR 1).

e) O quinto caso foi observado em uma novilha mestiça Nelore-Parda

Suiça, de 18 meses, com ptose auricular, emagrecimento progressivo edesvio lateral da cabeça. Ao ser examinado o animal, constatou-se grande

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quantidade de Raillietia no ouvido direito e até na parte externa doconduto auditivo; neste, havia estenose parcial do canal. Fez-se lavagemcom álcool 70º, usando-se uma pera de borracha; medicou-se o animal comThiabendazole1, tampando-se o canal com algodão. O animal recuperou-secompletamente.

1FOLDAN, suspensão. Andrômaco, Rio de Janeiro.

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4. INFESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE BOVINOS POR RAILLIETIA TROVESSART (ACARI, MESOSTIGMATA)

4.1. REVISÃO DA LITERATURA

Particularmente no Brasil, o parasitismo por ácaros do gêneroRaillietia, em gado de corte, alcança a prevalência de 85 a 100%, nasregiões estudadas (NUNES et alii, 1975; OLIVEIRA, 1978; LARANGEIRA et

alii, 1982; FONSECA, 1983).

Motilidade e sobrevivência são dois parâmetros importantes natransmissão de artrópodos parasitos. Recentemente, FONSECA & FACCINI(1985) demonstraram, in vitro, que a fase de adulto jovem era a demaior mobilidade e longevidade no ciclo biológico de Raillietia auris.Estes dados, somados às observações de que os estádios ninfas (proto edeutoninfa) estão ausentes no hospedeiro [O encontro de ninfas por al-guns autores, como MENZIES (1957) e NUNES et alii (1975), deve ser toma-do com cautela, pois o adulto jovem pode ser facilmente confundido comninfa.], permitem aventar a hipótese de que as fases de proto e deuto-ninfa passam-se fora do hospedeiro, sendo a fase adulto jovem a respon-sável pela transmissão entre hospedeiros.

O objetivo desta etapa foi testar esta hipótese.

4.2. MATERIAL E MÉTODOS

O termo adulto jovem refere-se àqueles indivíduos que se origina-ram de deutoninfas e que ainda não se alimentaram. Exceto pelo menor ta-manho do idiossoma, não existe nenhuma diferença morfológica entre estafase e a dos adultos já alimentados.

Todos os animais utilizados nestes experimentos eram bezerros dasraças Nelore ou Guzerá, com mais de seis meses de idade e criados nocampo. Todos pertenciam ao Instituto de Zootecnia da UFRRJ, onde foram

realizados os experimentos.

Para testar a hipótese da transmissão pela fase de adulto jovem,

os experimentos foram realizados da forma que se relata a seguir.

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4.2.1. Experimento 1

Cinco animais foram infestados com 20 fêmeas e um macho de Rail-lietia, em cada ouvido. O acompanhamento da infestação foi realizado me-diante lavagem do conduto auditivo de um animal de cada vez, após 12,24, 48 e 60 horas da inoculação. O experimento foi repetido com outroscinco animais e mesma metodologia, mas as colheitas foram realizadas 72,84, 96, 108 e 120 horas após a inoculação (HAI).

4.2.2. Experimento 2

a) Dois animais foram infestados com 12 adultos jovens (machos efêmeas) no alto da cabeça, na região entre os chifres. A colheita dosácaros foi realizada 72 HAI. Três animais, mantidos nas mesmas condiçõesdos infestados, serviram de controle.

b) Dois animais foram infestados com seis adultos jovens (machose fêmeas) em cada pavilhão auricular. A colheita dos ácaros foi reali-zada 120 HAI. Três animais, mantidos nas mesmas condições, serviram decontrole. O experimento foi repetido, utilizando-se três outros animaispara infestação e dois como controle. A coleta dos ácaros foi realizada240 HAI.

4.2.3. Experimento 3

Três animais foram infestados com 12 larvas no alto da cabeça, naregião entre os chifres. Dois animais, mantidos nas mesmas condições,serviram de controle. A colheita dos ácaros foi feita 72 HAI.

Antes da inoculação, tanto os animais infestados como os controlestiveram os condutos auditivos lavados, conforme a técnica descrita naspáginas 2 e 3, de modo a eliminar ácaros de infestação natural.

Após a inoculação, todos os animais foram soltos no pasto, já queo Instituto de Zootecnia não dispunha de condições de manejo e de insta-lações adequadas para mantê-los estabulados e isolados dos demais indi-

víduos do rebanho.

Os ácaros adultos do Experimento 1 foram obtidos mediante lavagemdo conduto auditivo de bovinos enviados para abatedouro e naturalmenteinfestados. A lavagem foi realizada pela técnica proposta (páginas 2 e3). A inoculação foi realizada cerca de oito horas após a colheita dos

ácaros.

Os adultos jovens e as larvas, dos experimentos 2 e 3, foram obti-dos em câmara climatizada, segundo a têcnica de FONSECA & FACCINI(1985). Os adultos jovens foram obtidos de larvas colhidas de bovinosnaturalmente infestados e mantidas na temperatura de 30º ± 1ºC e umidaderelativa de 95 ± 5%. As larvas foram obtidas de fêmeas colhidas de bovi-nos naturalmente infestados e mantidas na mesma temperatura e umidade

relativa.

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4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos experimentos estão sumarizados na TAB. 12. Ne-nhuma das fases da geração F1 de Raillietia foi encontrada nos animaisinfestados no Experimento 1. Em alguns animais, os ácaros adultos utili-zados na infestação estavam mortos ou ressecados; em outros, tinham de-saparecido. Os animais controle também estavam negativos. Aparentemente,as fêmeas colocadas no pavilhão da orelha não conseguiram migrar paradentro do conduto auditivo e morrerem sem fazer oviposição, sendo algu-

mas eliminadas durante esta fase.

Nos dois animais infestados com adultos jovens (Experimento 2A), alavagem do conduto auditivo deu resultado positivo às 72 HAI. No inte-rior do conduto foram encontrados somente ácaros adultos, sugerindo queos mesmos penetraram no conduto auditivo, porém não se reproduziram. Osácaros colhidos em torno das 72 horas apresentavam coloração branco-ama-relada opaca, semelhante àqueles encontrados nas infestações naturais,contra uma coloração branca, de aspecto transparente, dos adultos jo-vens, antes de se alimentarem.

Dos cinco animais infestados no Experimento 2B, quatro estavam po-sitivos para adultos e larvas, sendo dois às 120 HAI e outros dois às240 HAI. O quinto animal estava positivo somente para fêmeas adultas eovos, às 240 HAI. Os três animais infestados com larvas (Experimento 3)estavam negativos ás 72 HAI. Excetuando-se um único animal do grupocontrole do Experimento 3, todos os outros oito animais usados como con-trole nos experimentos 2 e 3 estavam negativos.

A ausência de ácaros nos condutos auditivos dos bovinos controlesé um forte indício de que, mesmo em contato com outros animais, os áca-ros encontrados nos animais inoculados experimentalmente não resultaramde contaminação acidental.

Os resultados obtidos neste trabalho permitem-nos inferir que, defato, a fase de adulto jovem é a responsável pela transmissão no parasi-tismo por Raillietia, em vez da larva, como sugeriu RADOVSKY (1985). Aslarvas abandonariam os hospedeiros, mudariam para proto e deutoninfas noambiente e retornariam ao novo hospedeiro como adultos jovens. Este com-portamento é compatível com a ausência de ninfas nas infestações natu-

rais.

A ausência de larvas, em um dos animais em que foram obtidas so-mente fêmeas adultas do Experimento 2B, sugere a necessidade do acasala-mento para a fertilização dos ovos. Este fenômeno também foi observadopor ocasião da obtenção dos adultos jovens e larvas em estufa para BOD.Grande parte dos ovos postos, passadas 24 horas após a colheita no aba-tedouro não eclodiram, provavelmente por serem inférteis, já que, mor-

fologicamente, não apresentavam alterações.

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TABELA 12 - Infestação experimental de bovinos com ácaros dogênero Raillietia TROUESSART.

M = macho

F = fêmea

L = larva

O = ovoAJ = adulto jovem

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5. CONCLUSÕES

A técnica proposta neste trabalho apresenta eficácia de 69-82% pa-ra adultos e 82-100% para larvas, em animais vivos, o que lhe asseguraalta eficiência, sendo de fácil execução e aplicável na pesquisa e diag-nóstico, ao nível de campo.

Por esta metodologia, verifica-se que o parasitismo por ácaros dogênero Raillietia está presente tanto nos rebanhos zebuínos como tauri-nos. Em todas as raças estudadas, o parasito foi mais frequente em vacase novilhos do que em bezerros.

As raças Guzerá e Nelore foram as que apresentaram maior grau deinfestação. As raças Gir, Indubrasil e as taurinas apresentaram grau deinfestação semelhante entre si.

A infestação experimental elucidou parcialmente o mecanismo detransmissão deste parasito. Verificou-se que somente a infestação poradulto jovem foi capaz de instalar a parasitose, permitindo completar o

ciclo biológico do parasito.

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