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Decimo anno
AS««lWAT*J»A 3318 ^I»R©£.
1 inez...
8 mexes.
Avulso.. 10
300 róis. À»:ii-ncio3, linha 20 reia.
900 » Pubh ações no corpo do
» jomi i .linha 40 réii. Terça feira 21 de junho de 1881
JJMICiWATUaA PBWWfCa* ,
; S msace, pigKWUto aditando .. 1*150 riu; N <««t o wri
A correopondanoia nobre ftdomiiatrae&o a K. 11 «Hlvl U
. de M. e Albuquerque. T. da Bca Hora S3,1.' 2
2:911
0 infante B. Joio 111
Nasceu na villa de Santarém a
13 de janeiro de Í400, sendo se-
ptimo fiho, na ordem do nascimen-
to, de el-rei D. João I e da rainha
D. Filippa de Lencastre. Ao tempo
da expugnação de Ceuta contava
ainda pouca edade e por isso não
acompanhou sen pae, ficando com
seu irmão, o infante D. Fernando
entregue aos cuidados do mestre
d'Aviz D. Fernando Rodrigues de
Sequeira, partindo mais tarde,
quando se deu o segundo cerco,
com o infante D. Henrique e nào
chegando a mostrar a sua cora-
gem, porque os mouros á vista da
expedicção amedrontaram se,dan-
do-se por vencidos. Casou aos 2fc
annos d'edade com a infanta D.
Izabel.
Falleceu aos 42 annos d'edade
a 18 de outubro de 1442 e jaz no
mosteiro da Batalha.
Foram tran.-fendos os seguin-
tes escrivães de fazenda: — o de
Ourem para o Gavião, o de Ga-
vião para Benavente, e o de Be-
aaveute para Ourem.
KALENDAKIO ALEGRE
Caricatura»!
XXXIV
Quando na camara alta
Da sua cadeira salta
P'r'o meio da discussão.
Dá gosto vel o pujante
—Um valente, urn sanguíneo!—
Acommettendo arrogante
Os nobres pretorianos.
Como ou'.r'ora no Herminio
Viriato, seu irmão,
Dava cabo dos romanos
Tendo ura cajado na mão.
Nas 9uas faces queimadas
Ha uns traços do Oriente,
£ sente-se um clima quente
Nos olhos, nos tons da pell"...
As suas formas poderosas
São do colosso de Rhodes,
£ os seus immensos bigodes
São... de Yictor Manuel.
Ha, porém, n'esse homem válido,
Na sua physionomia,
Certo ar de bonhemia,
Um certo ar bom e franco,
Que o denuncia abordable,
Biaarro, nobre, beirão,
Comtanto que lhe nào vão
Bulir em Castello Branco.
Se alguém commette o delicto
De pôr mão n'esse districto.
Yd surgir c'esrura furna
Um negro gigante forte.
Que vae crescendo p'r'a urna
Como uma sombra nocturna
Que envolve negra cohorte.
E perguntareis medrosos:
«MeuDeus!quegigantaéaquelle?I»
Da serra os echos fragosos
Dir-vos-hão: «E* ello! ó elle!»
E tremereis.
Mas se acaso
Ho seu lar vos hospedou,
Vós ficareis assombrados,
Porque um príncipe igualou.
Dos seus banquetes fidalgos
Faz no6 o aspecto surpreza,
Qnandopm vez de: Abre te, sésamo!
Elie diz: Tamos p'r'a meza.
Foi concedido à camara muni-
cipal do concelho de Oliveira de
Azemeis, o subsidio de 6745550
réis para eonstrucçào do lanço da
estrada municipal de Oliveira de
Azemeis ã Farrapa de Arouca, si
tuada entre Carregosa e Vacarra.
E' tudo pouco o que se diga em
favor da pharmacia Lisbonense
no largo do Corpo Santo 29 a 30.
N&o ha estabelecimento que mere-
Sa mais as sympathias publicas
o que aquelle, e a razão d'isso
está nos utilíssimos preparados
que ali se vendem, resultado da
grande vontade o intelligencia do
*eu proprietário o sr. dr. Rei. Além
d'aquelles que lemos annuncíado
diversas vezes, apparecoram agora
faais o emplastro para calios, a po-
í
mada contra cancaros, e o unguen-
to santo, de grande eíTeito na ap
plicaçào de feridas recentes ou
chrooicas, seja qual for a sua ori-
gem.
Também o publieo compensa os
esforços do sr. dr. Rei, porque a
pharmacia Lisbonense tem om mo-
vimento realmente pasmoso.
Dizem-nos que recomeçarão
na pr< xima semana as obras de
calcetamento na rua de Campo
d'Ourique.
Estimamos que assim seja, por-
que realu.ente é muito intolerável
o estado d'aquella rua.
Nos cartazes e pro-
grammas das funcções
tauromachicas mui de
raro ceixa de se ler—
Esplendurosa corrida
de nédios e bravíssimos
13 touros, etc.—embo-
ra, chegada a tarde da
festa, em vez de anima-
lejos da especie bovi-
na, vejamos rabiando,
— e nào correndo —
pela arena, verdadeiras
enguias. Pois ao gado
que vae ser corrido no
domiogo ^n beneficio
do sympathico cavai*
leiro Monteiro ó que de-
ve chamar se nédio e
bravo, e sem favor.
Os touros que os srs.
Theodoro & C." esco-
lheram para essa tarde
são formosíssimos: Ne>
diosfiravissimos, enfim,
nas condições precisas
para não desdizerem a
fama do dono.
Alegrem se pois os
amadores, porque a
funcção do proximo do-
mingo nada ficará a
dever à de domingo
passado.
Boa idéa teve José
Bento de Araujo de ar-
rendar a praça d'Al-
mada. E melhor ainda
foi a de alugar ao acre-
ditado lavrador o sr.
Iofante da Camara o
gado que deve ser cor-
rido n'aquella praça no
dia de S. João.
Foi o mesmo que jo-
gar uma cartada e apa-
nhar uma mào cheia de
libras, porque nunca
em tal dia deixou de
se encher aquella pra-
ça, e com muito mais
rasão acontecerá isso
este anno, sendo corri-
dos touros tào afama-
dos e trabalhando ar-
tistas laureados.
Verifica-se no dia 28
a loteria hespanhola.
Tentativa d© anlcldlo
e de liomicldlo
Hontem na roa de S. José che-
gou-se um individuo a um policia
de serviço n'aquella rua e preve-
niu-o de que ura sugeito, que he
indicou, e que caminhava pouco
distante, saíra de casa armado de
um revolver na intenção de se
suicidar.
O policia seguiu logo o homem
que lhe fora apontado, o qual met-
tendo se no beco de S. Luiz, dis-
parou um tiro contra si, mas sem
resultado porque a baila não o of-
fender
I O policia correu logo para evf-
tar que o allucioado conseguisse
afinal realisar o seu intent®.
Querem porém saber qual a sin-
gular maneira porque foi recebido
pelo pretendido suicida, que nos
disseram ser um logista da rua de
S. José ? A tiro I
Parece incrível, roas é verdade;
quando o policia se lhe aproxima-
va, virou se para elle e fez-lhe
fogo por tres vezes com o revol-
ver.
As balas felizmente não acerta-
ram no policia, que não ganhou
para o susto.
Vô-se que o sugeito é doido e
r
Sob o titulo de—O ex-director
da real casa pia de Lisboa, Fran-
cisco Antonio da Silva Neves, e o
actual director—acaba este de pu-
blicar um opusculo em que trata
de justificar-se das apreciações
que pelo primeiro tem sido feitas
sobre os actos 4a sua administra-
ção. ______
Casa em Cintra
Veaòe-se ou aluga-se a bem si-
tuada casa da Penalva ern S. Pe-
dro. Tem bastantes acommoda-
ções, terrenos contíguos e matta,
cocheira e cavallariça.
Para tractar todos os dias das
41 ao meio dia. Largo de Arroyes,
172.
iSocnca* ilm* olho*.—L. da Fonse-
ca, medico ocslista da Real Gasa Pia. Praça de Luiz de Camões, 16,;2Das 2 às 4.
Em Portello de Cambres ura
rapaz que desejava apanhar a va-
ra de um foguete, caiu de um
moro, resultando-lhe da queda a
laceração dos tecidos e ligamen-
tos sitiados em roda da articula-
ção humero cubital e com desar-
ticulação d'ests.
No hospital foi lhe feita a am-
putação de braço pelo tecço infe-
rior.
J
tem má pontaria, o que é uma
fortuna.
Foi preso e conduzido ao go-
verno civil.
Em Vizeu, Antonio José Baltha-
zar, tamanqueiro, tentou pôr ter-
mo á existencia, dando com uma
faca um golpe no pescoço.
Está em tratamento no hospi-
d'aquella cidade.
A camara municipal tem gasto,
aproximadamente, com a abertura
da avenida da Liberdade, réis
152:000^000 em expropriações, e
50:0005000 réis com a avenida
das côrtes.
O sr. Alfredo Tinoco,
na tourada da praça
d'Elvas, na quinta fei-
ra de Corpo de Deus,
f o i estrondosamente
applaudido.
Farpeou dois touros
com mestria e brilhan-
tismo, entbusiasmando
os espectadores.
Além d'outros brin-
des foi-lhe offerecido
pelo sr. Rasquilha um
estojo de prata para
escriptorio, pelo em-
prezario o sr. Pinto,
umas esporas d'onre,
e pelo sr. Lemos e Na-
Íioles uma marcha que
oi executada pela ban-
da de c çadores 8 ao
começar a corrida.
Deve ver brevemen-
te a luz da publicidade
o livro em que os il-
lustres exploradores
portugnezes Brito Ca-
pello e Roberto Ivens
dão conta dos seus ira-
ortantissimos traba-
hos na Africa.
lntitular-se ha essa
tão notável obra—De
Bmguella ás terras de
Iácca. E chamamos lhe
notável porque deve
ella consignar as im-
portantes descobertas
d'aquelles dois presti-
mosos cavalheiros, quo
eom esta sua publica-
ção, que terá de occu-
par logar honroso nas
bibliothecas scientifi-
cas de todas as nações,
prestaram mais um ser-
viço ao seu paiz.
O editor é o sr. Ave-
Iído Fernandes.
0 INFANTE d. je\o M
OURIVESARIA
VIUVA SOARES & FILHO
57, Rua Áurea, 59
■oBlra grande esquina da roa dos Relrozciros
Grande barateza
EXPOSIÇÃO
De novo» objecto* em onro e prata* proprlog
para brindes Norliniesito mais completo, do qne
foft esponto durante a ftcnaana Mania.
O trabalhador Francisco do Son-
sa Faria deu algumas bofetadas
em Salvador de Carvalho, dono do
armazém de viBkos da rua de S.
Joaquim n.° 47, e ameaçou-o com
uma navalha.
Julgando que eram poucas as
diabruras que tinha já feito, in-
dultou a patrulha que lha deu a
voz de preso e empregou grande
resistencia.
Fez para si uma cama, e muito
sefrível.
Ueeaatre
Dizem de Mangualde que na
tarde de segunda feira da semana
passada, um guarda da linha fer-
rea n'aquella localidade teve a in-
felicidade de lhe passar por cima
de um pé um wagon carregado,
deixando lhe tres dedos isruaga-
dos.
R
Chegou já ao termo
da Abrunhosa o assen-
tamento dos rails do
caminho de ferro da
Beira.
O lanço entre Santa
Comba e| Mangualde
pods' dizer-se concluí-
do.
Acha-se enfermo o sr. Teophilo
d'Oliveira. socio da casa de cora-
missões Oliveira * Chaves.
O Correio da Noite dava hon-
tem largas á sua phantasia, ar-
chitectando todas as suas consi-
derações sobre estar próxima uma
recomposição ministerial, em que
as eleições se verificarão em agos
to e que a nova camara se reunirá
em setembro. Já hontem dissemos,
e hoje repetimos, que está resolvi-
do que as eleições se háo de rea-
lisar em outubro; e podemos ago-
ra acrescentar qúe a nova camara
só se reunirá em janeiro.
Pelo que respeita a recoraposi-
o ministerial, nem vale a pena
aliar em tal. Nào passa de um
devaneio opposicionista.
ã
mm - im
Faeem hoje annos aa ex.MI
ai
Estojos para costura,
de prata, de 35240, até
9iS000 réis, ourivesaria
de Pedro Moreira.
RUA AUREA
O actor Valle está escripturando
uma companhia para ir dar algu-
mas recitas nas províncias.
Sabemcs que os artistas esco-
lhidos são dos quí dispõem das
sympathias e applausos públicos.
Alliaodo isto ao nome do actor
faile, é o mesmo qne se dissesse
que são infalliveis os resultados
de tal orapreza.
sr.
D. Clementina Basto dos San-
tOB.
D. Maria Gonzaga d'Almeida
Teixeira.
D. Maria Adelaide Barata de
Lima Tavora.
D. Maria Jacintha do Coração
de Jesus Dias Damasio.
D. Carolina Amelia Monffiar-
dim Coata.
E ob sre.:
Gertrudes Leite.
Luiz Jajme Aldim.
Pedro Luiz Poderoso.
—Partiu para as Caldas da Rai-
nha o sr. Encarnação, coronel de
infanteria n.# 11.
—Está nas Caldas da Rainha o
tr. Tama^nini, «Iteres de cavai-
laria da guarda muuineipal.
—Chegou da ilha Terceira o sr.
vizconde de Sieuve de Menezes.
—Partiu hontem para ilha da
Madeira a ex.®* sr.4 D. Julia da
França Netto. Espera regressar
no fim da estação calmosa.
Pedera-nos a publicação do se-
guinte:
«Aos seis de junho de mil oito-
centos oitenta e um, n'esta villa
de Alcácer do Sal e sala dos pa-
ços do concelho, sendo presedtes
0 presidente e vogaes, Francisco
de Paula Leite, Joaquim Parreira
Salgado, José da Costa Passos e
Manuel dos Santos Crespo, faltan-
do justificadamente os restantes
vogaes, o presidente declarou aber*
ta a sessão, e disse: Que havendo
sido transferido d'esta comarca
para a de Amares o dr. juiz de di-
reito Caetano Pereira do Couto
Brandão, magistrado recto, impar-
cial e digno a todos os respeitos,
desejava que d^s actas das ses-
sões d'esta camara constasse a es-
tada, por tantas razões indelevel,
de 8. ex." n'esta comarca.
Que o interesse que s. ex.a mos-
trou serrpre pelas prosperidades
d'esta terra, que quasi considera-
va sua, não se pódo aquilatar,
pela mesma mão porque se Dão
podem cootar os amigos de s. ex.1,
que são tantos quantos os indiví-
duos que o conhecem.
Propoz, portanto, que na acta
da presente sessão se deixasse
gravado o sentimento pela trans-
ferencia do magistrado conspícuo,
que inoculava no coração de to-
dos os habitantes a mais larga
confiança da soa justiça; e que se
agradecessem a s. ex.* os serviços
que espontaneamente prestou à
municipalidade de quera foi sem-
pre verdadeiro protector e defen-
sor estrenuo.
A camara, associando-se ás pa-
lavras do sr. presidente, votou por
unanimidade e com o maior jubilo
as suas propostas, o deliberou que
da pre8enie seta se enviasse uma
copia ao integerrimo e prestimoso
dr. Caetano Pereira do Couto Bran-
dão.
(Seguem-se outras deliberações).
Não havendo mais sobre que de-
liberar, o presidente encerrou a
sessão, mandando lavrar a pre-
sente acta que vae ser assignada,
depois de lida por mim Joaquim
Correia B »ptista, escrivão inierine,
quo a escrevi —Leite—fia/f7ado—
Passos—Crespo —Joaquim Ga+reia
Baptista.
Está conforme. — Secretaria da
camara municipal d a Alcácer do
Sal, 18 de junho de 1881. — O es-
crivão da camara interino, Joaquim
Correia Baptista.
Fez ha pouces dias acto do t.«
anno ('a faculdade de mathewa-
tica e da cadeira de desenho, qne
! lhe está aunexa, ficando approvado
nemine, o sr. Rodrigues de Gus-
mão Junior, estudante da Uaiver-
1 sidade de Coimbra.
Teem sido diétinctos alguns dos
aspirantes a guardas marinhas de
primeiro anno da escola naval.
Foram approvaàos com distlnc-
ção e lonvor os srs. Pedro Ber-
quó e D. Bernardo da Ccst? (Mee>
| quitella) e Miranda.
T
BOLETIM DO DIA mente, desabrida e por vezes in-
snltante.
Priu.cipiam a reconhecer o errol M<ls foi he.m (Iae se lembrassem
qne pratiçaram publicando o ma- de reproduzir o manifesto regene-
Hifesio. Como, porém, são iropeni- rador para que a opinião desapai-
lentes, se bão de mostrar qa- são wmada passa facilmen e comparar
homens, confessando qne errara®, 0 procedimento do partido regeno-
lentam disfarçar, e ate justificar rador com o do partido progres-
se, allegando precedentes. Vão de sisla para que seja também ad-
nál a peor. O manifesto da oppo- vertida de que os progressistas
sicão regeneradora, dirigido ao teem sido sempre os reus de todas
paiz em 1861, tem tanto de sensa- as culpas que attnbuem aos seus to e de honroso, quanto o da Gran adversários.
ia tem de absurdo e desairoso. .Disseram elles nao ha muito que
Os deputados regeneradores não "ao havia exemplo algum compa-
afrontaram o poder nem aconse- ravel a solução que o gabinete
lharam o povo a que se insurgis actual adoptou, em presença da
se contra o governo, iecusando-se anarchia a que a granja reduziu o
a pagar as contribuições. parlamento; e ao mesmo tempo
Explicaram o seu procedimento "«em a memoria o que os torto-
e nada mais | ricos, seus maiores pelo lado pa-
«A ouposição, diz o manifesto, wrno,_ fizeram em 1861, isto é a i«r<• <\i» n;,hIMpoc on ffAVflmn I violação mais escandalosa do di-
reito constitucional, e a offensa
mais direita ao principio da repre-
sentação nacional 1
QlESTlO DE ALLiANÇAS
VIII
u j O tratado de Lourenço Marques todas as dificuldades a situaçao foj negC(.iado pelo sr
v. Andrade
com a qual se declarou desde lo- Corvo cúmo linha sj(lo 0 lratado
go incompatível. Ora esta dec a da lndja_ 0 sr Acdrade Corvo ne.
raçao de incompatibilidade e> clue LOCiou-o, ad referendum, na quali-
«om certeza toda a ídéa da sua da(je de pien,p0tencjari0) e nã0
"P°',l,ca espectante.» j . como ministro dos negocios es-
Em 1861, o governo do sr. nui - lraDgeiros, tendo para isso rece-
quez de Loulé pedia a lei de meios bido%lenos poderes do presidente
aquando faltavam ainda nia,sd< dQ C0nse|h0 de ministros. O trata-
s mezes para terminar o anno do foi as8Ignado pelo sr< Corvo Da
economieo», em 1881, o governo veSpera ou ante-vespera de deixar
regenerador pedia a lei de meios Q *oder 0 partid(Ji regenerador)
na \espera de se encerrar a ses porqUe qUatro djas aDles 0 sr.
sao legislativa, e quando faltava JJjorier chegara de Londres, com
apenas meia dúzia de dias ateis auclonsaçao do seu governo para
para principiar o novo exercício. |
aao creou embaraços ao governo
antes adoptou a politica espectan-
te.»
A opposiçâo actual principiou a
provocar quantos escandalos lhe
aprouve, a levantar questões inop-
portunas e inconvenientes, a pe-
dir a reforma da Carta a voei
íerar ameaças, a crear, emtím,
triotas para se lhe associarem com
os seus capitaes, só o banco ul-
tramarino correspondeu ao con-
vite.
A liçào, comquanto severa, não
podia ser mais justa, e parecia
que deveria aproveitar a quem foi
infligida. Mas não succedeu assim.
Exactamente como tinha aconte-
cido com o tratado da India e com
a questão da Zambezia, os pio
gressistas pozeram-se abertamen-
te em campo contra o tratado de
Lourenço Marques, indo, como nos
assumptos anteriores, procurar os
seus principaes auxiliares para
essa inglória campanha, às Gleiras
republicanas.
Cedo, porém, reconheceram o
seu erro. Tendo resolvido acceitar
definitivamente o tratado, a sua
situação tornouse tristemente do
ploravel. Para a cohonestarem,
proclamaram, por meio da sna im-
prensa, que tinham obtido modifi-
cações importantes no tratado, e
que o sr. Braamcamp ganhara uma
assignalada victoria, como não
deu provas de habilidade, nao ti- ] je. Aqnelle docunhiio era curto,
vesse tido a imprudência de acu- nobre e digno; dirigia-se a quem
dir em auxilio dos jornaes portu- se devia dirigir, que era aos elei-
guezes que excitavam o orgulho tores, e não fazia ameaças á co-
nacional contra a Gran-Bretanha. roa; era escripio em estylo eleva
Este zelo da llespanha em defen- do e franco, e não fazia insinua-
der os nossos interesses, que ella ções aos adversários, nem usava
apregoava estarem ameaçados, dos termos villão, aleivoso, torpe e
produziu naturalmente suspeitas, cynismo, que é a giria dos rheto-
mesmo nos espíritos mais since- ricos safados e apop'eticos.»
ros, inclinados por via de regra a ~ ' • „
prestarem credito aos mais ousa-
.los absurdos, com tanto que lhes | ®
sejam declamados e repetidos com
boas formas de dicção acompa-
nhada cte muita rhetorlca, e pro-
feridos com entono pedantesco.
A llespanha, que tem o máximo
empenho em alíastar-nos da In-
glaterra, e em absorver Portugal,
denunciava mais uma vez os seus
ciarem os objectos da exposição
artística porlugueza e hespanhola,
que vae realisar-se, são os srs. D.
Pasqual Gayangos, director da
iostrucção publica, e os marque
zes de Aguilar e de Yalgornera.
Então o ministério «queria evi-
tar a discussão do orçamento,» cue
era obra sua, e a proposito da
qual a camara se propunha a dar
acceitar as modificações que em
conselho de ministros foram feitas
ao tratado e o sr. Corvo appro-
vara.
Estabelecido o mais pleno ac-
lhe batalha; agora, o ministério cordo entre os governos de Portu
ião tinha a evitar cousa nenhuma, gai 6 da Gran-Bretanha, ácerca do
porque o orçamento não era seu, tratado, o negociador portuguez,
e estava até nas boas graças da que era incapaz de praticar uma
maioria, e tanto lhe não mettia deslealdade e uma descortezia pa-
mede esse diploma fazendario, que ra com o representante da Ingla-
vae adoptar para o exercício futu- terra em Lisboa, em quem encon-
ro, como dispõe a lei de meios que irara sempre durante as negocia
acaba de decretar, o do exercicio ções a mais completa lealdade e
corrente, que é quasi o mesmo que meticulosa probidade, assignou o
ficou pendente, tratado. Este acto em nada obri-
Então não havia razão nenhuma gava o governo, qualquer que este
plausivel para preterir o principio fosse, porque o tratado era ad re-
cons-titucional do exame da receita [erendum. O ministério progres-
e despeza do estado», porque havia sista podia ou não acceitaí-o, con-
tempo de sobra para esse exame, forme o considerasse ou não de
mais do que o tempo destinado interesse para o paiz. O que não
para cada sessão legislativa em devia era desauctorisal o no par-
que devem ser t» atados tantos as lamento e por meio da imprensa,
sumptos além do orçamento; ago- para depois o perfilhar carinhosa-
ra havia a razão mais plausível, mente; e foi precisamente o que
porque o exercicio aproximava se. fez. A sanhuda inveja que lhe cau-
e o orçamento ainda estava por sa o partido regenerador, teve mais
descutir na camara dos pares, e na influencia no espirito dos homens
Uma folha da granja insistia
homem em que não sabia onde
intentos, arvorando se espontanea-1 tinham estado os srs. ministros da
mente era defensora dos nossos in- guerra, da marinha e da justiça
teresses que, nem de leve, esta- por occasião do charivari que se
vam ameaçados. Bastantes repu- deu quando a procissão de Corpus
blwanos portuguezes, os mais ca Christi recolhia á sé. Pois é fácil,
racterisados e os mais gárrulos O sr. ministro da guerra pegava
com respeito ao tratado, desaucto- a uma das varas do palio, e os
havia exemplo nos fastos da diplo- Irisaram-se completamente, porque srs. ministros da justiça e da ma-
mada. Uma phrase infeliz attri tiveram pela mesma occasião a rinha conservaram-se ao pé dos
buida ao sr. Morier e dirigida ao franqueza de se declararem parti- seus collegas.
sr. Braamcamp (vous avez gagnè darios da união ibérica. Foi ao sr. O director da folha a que al-
ia partie), e posta em circulação Trigueiros de Martel que o paiz ludimos pensava naturalmente,
pelos aulicos ministeriaes, por oc- deve esse importaute serviço. A quando escrevia a babuseira de
casião de se ultimarem as nego- declaração que este jornalista fez suppor ministros a fugir, no que
ciações, veiu dar a feição do ridi no Século, não foi objecto de re- lhe succedeu quando se dirigia pa
culo ao que até ali não passara clamações nem de protestos; é ca- ra a reunião da maioria progres
de uma espeeul ção. thegonca e do theor seguinte: sista na secretaria do reino, n'a-
Conhecidas as tão apregoadas e quella celebre noite em que o sr.
encarecidas concessões, não dire- «Quem poderá aíllrraar que eu José Luciano gritou ao da guar-
mos que o desengano foi completo, não desejaria que a Hespanha se da, e em que os arruaceiros esta-
e simplesmente porque ninguém confederasse, e que n'esse caso, vam de posse da cidade,
esperava coisa alguma de ulil e depois de desaggregada em diffe É natural que os poltrões pro
pratico de similhantes promessas, rentes estados, Portugal entrasse curem avaliar pela sua bitola to-
Aos fallazes reclamos correspon na Grande Federação Ibérica? das as outras pessoas.
deram os resultados que eram de Quem pôde pois concluir que eu _
prever. Mas o mal aggravara-se, e estou em contradicção com os meus CARTEIRA DOS THEATROS
profundamente. distinctos collegas e correligiona- n n,w7.^
O reviramento que se deu no rios, Magalhães Lima, Alexandre fír*f ™
panido progressista, que, de da Conceição, J. Nunes, Theophilo lí Í;n 1 ?! ifi
atacar rudemente o tratado, pas Braga e Augusto Rocha? \ lh^?a r í v h'!;r 4
sou a defendel-o sem que coisa Estes respeitáveis republicanos I f
alguma podesse justificar essa sua teem manifestado desejos de que a 1 sceDa com 0 Piocopio Baeta. Ou-
nova attitude, produziu effeitos Hespanha se confederasse em dif-
mais perniciosos do que a propa- ferentes estados, autonomos, e que
ganda feita, em sentido hostil, pe- depois, entrássemos nós n'essa con
los republicanos. É certo que a federação»,
grande massa da população do
paiz, a que mais indignada se | Conhecidas as opiniões do sr.
scena com
tra enchente.
Thealro tios Recreio**.
—E' magnifico o espectáculo que
se annuncia para hoje n'este ale-
gre theatro. Alera das lindíssimas
comedias desempenhadas por ex-
cellentes artistas, executa
dos deputados o da despeza.
Se a Granja, diz que os poucos
dias que restavam do mez de ju
nho eram bastantes para que o
parlamento se desempenhasse
d'essa missão, é que a maioria
estava resolvida a votar sem dis-
cutir. Se votava sem discutir é que
para ella não tem importancia ne-
nhuma este assumpto que está pro
clamendo como o mais momento-
so de quantos são commeltidos à
representação nacional.
Os deputados Regeneradores pro-
cederam briosamente dirigindo o
manifesto ao paiz, porque a força
e a auctoridade moral estavam do
seu lado; quem fugiu não foram
elles, foi o ministério que levou o
seu orçamento, que não quiz dis
culir, lendo para fazel-o mais de
três mezes, os deputados da Granja
procederam deslealmente, porque
querendo que a camara funccio-
nasse para crear difficuldades ao
governo, faltavam á verdade ao
paiz, dizendo lhe que só a queriam
aberta pará discutir o orçamento.
Por isso a linguagem do mani-
festo de 1861 éresppitosa e grave;
a do protesto de 1881 é inconve-
173
FOLHETIM
XAVIER DE HOPiTÉPIfy
CONFISSÃO
DE UM
BOHEMIO
HAMZELLE MÉLIE
(Continuado do n.# 2:902)
—E' innegavel que me agradaria
mais trabalhar com um antigo ca-
marada, mas o sr. procurador ré-
gio não o quiz assim.
—Como?
—Oh! nma idéa infernal! Hon-
tem, voltando a Paris, comecei nas
que estavam á frente dos negocios
públicos, do qae os interesses na-
cionaes que comprometteram ine-
piamente, e do que a dignidade
iuherente a quem exerce o poder,
e que arrastaram pelas ruas da
amargura.
Eaia maneira inqualificável de
proceder a ninguém causou estra-
nhesa. Com a concessão Paiva de
Andrada succedera exactamente
o mesmo. O partido progressista,
que na opposiçâo empregara todos
os meios ao seu alcance para a
despreMigiar, com menoscabo do
partido regenerador e dos homens
que o representavam nos conse-
lhos da coroa, teve depois de pe-
nitenciar-se no poder, ampliando
as vantagens feitas ao concessio-
nário. A concessão que poucos me-
zes antes representava para os
progressistas o acto do mais re-
voltante favoritismo, e o brinde
da melhor joia da coroa portu-
gueza, mereceu lhes depois os
maiores desvelos, para que a em-
preza não se mallograsse á nas-
cença. Tão tentadora ella era que,
apesar de o concessionário convi-
dar e instar com os seus corapa-
pesquizas convenientes; corri to-
dos os Jogares do estylo — o bote-
quim de 1'Epidéy as barreiras, tu-
do emGm. Rossignol, Pas-de-Loup,
Paille-de Fer, Régalias, todos os
bons camaradas, todos aquelles
coui que se podia contar acham-se
de gaiola. Os pobres diabos tinham
tido de se entender com a rua de
Jerusalem. Responder-me-ha que
me restavam outros. E' verdade;
mas devia então confiar similban
te negocio a um d'esses bandidos
sem consciência que não teem du-
vida em lograr quem se tem dado ao
trabalho de engordar a caça, para
irem comel-a em companhia d'ou-
tro?
—Tem razão! apoiou Tourni-
quet.
—Por outro lado, continuou
Carillon, eu conhecia o senhor pe-
la sua reputação, e conhecia-o
bem.
—Devéras!
—Ora essa! o pobre Fii en-Qua-
trt (o losso amigo está á sombra
mostrava por causa do* tratado, I Pi y Margall àcercâ do que seria I c^iePies arustas, executa o co-
nera o conhecia, nem mesmo sabe a federação ibérica, desnecessários
em que parte do mundo fica Lou- se tornara os comraentarios que apparece n esta recita, o trabalho
renço Marques, nem tão pouco poderíamos fazer sobre este as- P|Dl?r nm quadro a oleo em
pode dizer se este nome represen sumpto. O que convém, porém, C1DC0 m,nutjs, que sera sorteado
ia uma porção do territorio por- consignar é que os mais ardentes pelos espectadores que assistirem
tuguez, ou se será, por exemplo, republicanos atacando vehemente- ao espectáculo, fcstreia-se esta
o-nome de um rebelde como o fa- mente o tratado, trabalhavam para uma graciosa actriz quo nos
raoso Bonga. Mas o que não lhe o iberismo. d,zem ler grandes disposições pa-
passou desapercebido, e d'isso ti —— ia a scena. Na recita de hoje teem
rou as illações correspondentes, O manifesto patarata entrada os srs. accionistas e sub-
foi que os progressistas tinham Occupando-se do famoso mani- senptores do novo circo por me-
combatído energicamente o trata- festo progressista, escreve a Cor- ^de dos preçor estabelecidos.
do, para pouco depois, e sem mo- respondentia de Portugal, entre .ga, je a.®s,a °J *ue a
livo legitimo, o encarecerem, e outras coisas o seguinte: excellente tioupe artística do thea-
ainda mais-para o sanccionarem lro dc| P.r,™Pe eal d<>
com os seus votos no parlamento, «O Diário Popular transcreveu com desl,°° ao .theatro dos In-
exactamente quando a guerra en- agora o manifesto que a maioria se5 qA pnmeira r|Pr.esen:
tre a Inglaterra e o Transval dava regeneradora da camara dissolvi la£ao 00 cl!a MÍ>£om a admirável
a esse acto o caracter de inoppor- da em 1861 dirigiu ao paiz, como °Pera cómica o Fompon.
tuno, senão o de uma imposição para auctorisar o manifesto que , • j minguem julgava
por parte do governo britannico. por idêntico motivo agora fez a pue UePO,s aos urago# de Lha
Os republicanos aproveitaram, camara progressista, ultimamente (Iue tao l,ons ,ucros tem dado
para os seus fins, todas estas cir- dissolvida. Não ha a paridade que a emPreza apparecesse peça que
cumstancias, devidas aos ranço- se pretende inculcar, senão no fa- agradasse aos frequentadores do
res partidarios e á inépcia dos cto d'essa maioria negar a lei de sYJJI>íJtn,C0 tneâtnnno.
progressistas. Os meetings succe- meios. Mas n'essa época faltavam 10,s aPPareceu e tao bem talha-
diam-se aos meetings, e a impren- mais de tres mezes para o fim do da que o public* quasi nao deu
sa do partido estimulava o paiz, anno economico, e portanto havia Pe,a substituição,
fallando-lhe erradamente ao pa tempo para discutir o orçamento; A ievista trimestral do sr. Al;
triotismo, cuja fibra lhe procurava esse orçamento era do proprio go cantara unaves tem graça e esta
fazer vibrar, apresentando-nos co verno, e por isso elle não o podia rec»eada de musica de apetite,
recusar, facto que se não dava sendo a,8unf números bisados to-
agora, e além d'isso ainda havia d?s aíJ °[),t.es' principalmente o
tempo para fazer as eleições e a Curo do Qutzomàa que e cantado
nova camara votar, como votou, a Uma e?Prebíiao con,,ca ver-
lei de meios. Isto é, a resolução dade,ramente notável.
da camara de 18G1 não forçava o As enchentes repetem-se todas
governo ou a acceitar um orça- af DOIles> chegando a empreza a
mento com que não concordava, (,a!" e,.n a,8uraas d elias 3 especta-
ou a decretar a lei de meios em' CU,0SI
dictadura,
mo gemendo sob a pressão da po
tente garra do leopardo britanni
co.
Comquanto a propaganda n'es-
te sentido se baseasse na falsida-
de e na deturpação dos factos,
encontrou echo na opinião publica,
essencialmente ignorante, e dis
posta sempre a acceitar como
oráculo quem lhe lisongea as pai-
xões e lhe falia contra os poderes
constituídos. N'este caminhar por
terreno tão resvaladiço e escorre
gadio, não ó fácil calcular onde
se chegaria, se a imprensa hespa-
nhola, que n'estas condições não
desde hontem por causa d'um rou-
bosito), o pobre FU-en-Quatre fal-
lou-me do senhor mais de cem
vezes: — Olha, Carillon, dizia-me
elle, quando necessitares de um
auxiliar seguro, de um bom com-
panheiro, vae procurar o pae
Tourniquet, porque ha de servir-
te bem; respondo por elle. — Foi
assim que consegui saber a sua
morada e o signal convencionado.
Vim, desdobrei o meu guardanapo
— agora veja lá se a proposta lhe
convém.
Se sim, toque e viva a alegria.
Se não, n'esse caso não falte-
mos mais em similhante cousa;
agradecido pela sna ceia, e sepa-
remo-nos como bons amigos. Vol-
tarei para Paris, onde afinal encon-
trarei alguém com melhor vontade.
Vejamos: sim, ou não?
Tourniquet pareceu hesitar por
um momento.
Recorreu á sua conselheira su-
prema; quer dizer, á garrafa de
aguardente.
| como agora succede. ' Celebrou-se no domingo em Al-
E pois completamente fóra de pro- mada, na egreja de S. Tdiago, era
posito a comparação. seguida á festa do Corpo de Deus,
Mas o Diário Popular fez bem ura solemne Te-Deum pelas rae-
era reproduzir agora o manifesto lhoras do sr. Jeronymo Ferreira
de 1861, pelo perfeito contraste das Neves, a quem aquella egreja
que fórma com o manifesto de ho- deve grandes melhoramentos, sen-
do o ultimo um magestoso tbrono
que serviu pela primeira vez n'es-
la festividade.
Assistiram a este acto, promo-
vido pelo reverendo parocho da
freguezia, alem da camara muni-
cipal, junta de parochia e a irman-
dade do Santíssimo, muitas pes-
soas d'aquella villa, era testemu-
nho de gratidão ao sr. Neves pela
sua g nerosidade. » ^ *•*« • f ^ / f* T- • ■ —
Decididamente não encontra ri-
val. Referimo-nos áJuva aromati-
sada do Centro Commercial.
A fabrica importantissima que
o proprietário d'aquelle estabele-
cimento possue no Porto ^.tem por
isso um desenvolvimento já ex-
traordinário, e que deve augraentar
de dia para dia, porque as
encommendas são muitas, tanto
para as nossas províncias como
para o Brazil.
Os feirantes estabelecidos na
praça das Amoreiras requereram á
camara que seja prorogado o
praso que está estabelecido para
a duração d'aquella feira, e que
devia terminar no fim d'este mez.
A camara deferiu o requerimen-
to, sujeitando esta deliberação
a junta geral do tristricto.
Estão quasi concluídos, mais
dois prédios na rua de Ferreira
Borges.
E' pena se não se proceder
quanto antes ao prolongamento
d'aquella rua pela quinta do Dou-
rado até á rua de S. Miguel, e
que todas as obras do novo bairro
não prosigam com a mesma acti-
vidade que se desenvolveu no co-
meço.
A camara municipal expropriou
á ex.ma sr." D, Adelaide Elisa Trin-
dade da Silva, pela quantia de
111*765 rs. 2W370 do terreno
do jardim do seu prédio na rua
do Salitre, n.° 180 cora o fim de
fazer desapparecer de entre os
prédios n.0i 176 e 178 da mesma
rua um recanto, que ali existe; e
expropriou também ao sr. João
Vicente Ribeiro 11,"21780 do jar-
dim do seu prédio n.° 178 na mes-
ma rua pela quantia de S0£300.
É definitiva a nomeação do sr.
marquez de Penafiel para nosso
ministro em Berlim; o sr. conde
de Rilvas que exerce esse cargo
n'aquella cidade passa para Bra-
xellas; e o sr. conde de Thomar
(Antonio) actualmeute n'esta ulti-
ma capital, passa a disponibili-
dade.
Falleceu hontem de madrugada,
depois de ura doloroso soffrimen-
to, o sr. Adolpho Binelli, socio da
firma P. Plantier ills e cavalheiro
dotado dos ratlhores sentimentos
e amabilidade.
O seu funeral realisa-se hoje ás
9 horas da manhã.
Foi concedido á camara muni-
cipal do concelho das Lages, da
ilha de Pico, o subsidio de 576.4700
réis, (moeda forte), para construc-
ção do lanço da estrada munici-
pal do convento de S. Francisco,
na estrada real n.° 19, litoral da
ilha do Pico, ao extremo sul da
villa de Lages, situado ectre o re-
ferido convento e o logar da Ma-
ré.
Hontem foram presos alguns
indivíduos implicados na grande
desordem que houve ha mezes em
Alcantara, e que tentaram desar-
mar os soldados municipaes que
intervieram.
Tinham dado fiança na Boa Ho-
ra, fugindo depois, quando foram
intimados para o julgamento.
Á data das ultimas noticias vin-
das do Brazil, continuava a secca
assolando as plantações da pro-
víncia do Rio Grande do Sul. Ha-
via mez e meio que não chovia.
Encheu e despejou duas vezes
seguidas o copo.
Depois voltou se para o seu vi-
sitante, com a cara risonha, e es-
tendeu-lhe a mão, dizendo:
—Esta dito, dm, vamos a isso.
—Ora até que afinal! exclamou
Carillon; vejo que é um homem
ás direitas, e que Ftl-en Quatre
não foi exagerado a seu respeito.
E apertou cordealmente a mão
de Tourniquet.
Depois acrescentou:
—Agora que estamos associados,
combinemos as cousas.
—Pois combinemos, replicou o
dono da casa accendendo o ca-
chimbo.
VI
A barreira d'Enfer
No dia seguinte ãquelle em que
vimos Tourniquet eCarillon, esses
dois honestos sujeitos, assignarem
um tratado d'alliança, n'esse dia
dizíamos, quasi ao anoitecer, trans-
portar-nos-hemos á grande rua de
Montrouge, onde rogamos ao lei-
tor nos acompanhe.
Uma neve espesso que caía ha-
via duas noras, estendia o seu len-
çol branco sobre o solo, e araon-
toava-8e de uma maneira grotesca
nos chapéus d'oleado dos srs.
guardas da fiscalisação aduaneira.
Os carros rodavam lentamente
produzindo um ruído surdo.
Os cavallos escorregavam.
Os cocheiros praguejavam.
Os empregados da illurainação
publica começavam a aecender os
candieiros, porque o crepuscuio
succedia rapidamente ás debeis
claridades de um dia de inverno.
O immenso nevoeiro que se
estendia por sobre Paris, parecen-
do como que a respiração da
grande cidade, comfundia-se já
com as tintas sombrias do ceu.
N'este momento um rapaz, des-
lisando entre dois carros de car-
ga, com o risco de ser esmagado,
A temperatura hontem ás 9 ho-
ras da manhã era em Lisboa, 18,3
Évora, 18,5; Guarda, 15,0.
saía de Pariz pela barreira d'Eu-
fer.
Caminhava n'um passo desegoal
e sacudido.
Parecia que só a custo se sus-
tinha de pé.
O rosto do novo caminhante era
mais lívido do que pallido.
O soíTrimento alterara-lhe as
feições, e aureolava lhe de bistre
os grandes olhos, em que se via o
brilho da febre.
O seu trajo revelava a miséria
mais profunda e repugnante.
Consistia em um casaco em far-
rapos, conservando no entanto os
vestígios d'um córte elegante.
Uma calça, húmida e lamacenta
até aos joelhos, caia lhe sobre as
botas acalcanhadas, cujas solas
estavam de providas de tacões.
O collete não tinha botões.
Quanto á camisa, preferimos
não fallar d'ella; usava-a, é vei>
dade, mas era que estado!...
(Continua).
\
DIÁRIO ILLUSTRABO
A reforma da Carla
proposta pelo sr. Dias Ferreira
li
Vimos no precedente artigo que
o principal defeito do systema re-
presentam o entre nós, era faltar-
lhe uma base segura, pela inqui-
nação do suíTragio, mas vimos tam-
bém que esse defeito não provi-
nha dos preceitos do nosso codigo
fundamental, e derivava apenas da
falta de educação politica do nosso
povo, da centralisaçào administra-
tiva, dos innumeros ir-eios que ella
põe ao dispor dos governos e cora
que elles actuam sobre os povos,
violentando a vontade popular, e
desnaturando as eleições, base in-
dispensável do regimen parlamen-
tar.
No famoso programma da gran-
ja escreveu isto o partido progres-
sista, e infelizmente quando esteve
no poder apegas apresentou uma
reforma administrativa mais cen-
tralisadora que a de 1878, e prati-
cou as violências nunca vistas de
Castello Branco e outros pontos.
O sr. Dias Ferreira lambera tem
affirmado estas mesmas idéas re-
petidas vezes. nVllas insiste no
brevíssimo relatorio, que precede
a sua proposta de reforma da car-
ta, mas desgraçadamente ninguém
se esqueceu aiuda dos actos prati-
cados por s. ex.a como ministro do
reino da dictadura de 4870. quan-
do s. ex.â suppuoha que faria umas
eleições, nem tào pouco d'uma sua
celebre circular d'aquella época,
dirigida aos governadores civis,
circular a que teremos occasiào de
novamente nos referirmos n'estes
artigos, e que não é das melhores
obras do sr. Dias Ferreira, quer a
consideremos como a aflirmação
politica d'um estadista, quer a
apreciemos como a producção lit-
teraria d'um escriptor. Foi traçada,
com certeza,dans tin mauvais quart
d'heure, como também não foi u'um
momento feliz, que o sr. Vaz Preto,
snb-chefe do partido constituinte,
que é o paladino da liberdade elei-
toral, exigiu do sr. José Luciano,
segundo affirmou o Progiesso, as
tnolencias nunca vistas de Castello
Branco.
Isto não é serio, francamente.
Não é, já o dissemos no principio
«Testes artigos, cora ura intuito
mesquinhamente partidario que es-
tamos escrevendo estas considera-
ções. Não é como manejo ou in-
triga de corrilho que apontamos
estas contradicções flagrantes dos
nossos homens públicos, que tào
outros parecem qoando chamados
á suprema magistratura de gover-
nar o paiz, comparados com o que
eram quando na opposição busca
▼ara conquistar o poder, captar
adhesões, adquirir popularidade.
A questão da viciação das elei-
ções, que é a questão verdadeira-
mente grave, não se resolve com
as alardeadas reformas politicas.
Não é a carta que impede a ge-
nnidade e a independencia do vo-
to. O que é mister é descentrali-
sar a administração, é dar inde-
pendencia ás localidades, é des-
assoberbar de pressões auctorita-
rias as verdadeiras influencias, é
fazer politica elevada e patriótica
e não uma tacanha politica de cor-
rilhos e de compadres, é educar o
paiz n'uma escola verdadeiramen
te liberal.
Isto não se faz cora uma pen-
nada no gabinete. Faz-se com pra-
ticas salutares, com procediraen
tos cordatos, e com reformas ad
ministrativas.
Não nos parese também que se
consiga alargando o suflragio.
N'este ponto discordamos da lei
eleitoral de 1878, devida ã inicia-
tiva do partido regenerador. O
alargamento do suíTragio n'um
paiz onde a instrneção é escassa,
e a educação politica quasi nulla,
é um erro, e erro grave. Não nos
podem apodar de reaccionários
n'estas idéas. Suart Mill, o grande
publicista inglez, no seu bello li
vro sobre o governo representativo,
lã diz, elle que ninguém póJe con
siderar menos liberal, que quer a
extensão do suíTragio limitada pe-
la extensão da instrucçào, e Her-
bert Spencer, nos seus Ensaios de
Politica, chega a affirmar que a
concessão do direito de voto a um
cidadão que não tem a capacida-
de para o exercer discretamente e
livremente, é um escarneo e uma
bnrla.
Não alarguemos, pois, o suffra-
gio. Limitemol-o por agora, e am-
pliemol-o successivamente ao pas-
so que a instrucçào se for gene-
ralisando. Concentrado o direito
de voto nas classes mais illnstra-
das, desliguemol-as das mil depen-
dencias que ellas hoje teem das
auctoridades, demos uma certa
autonomia às localidades, acabe-
mos com as veniagas do recruta-
mento, não façamos dos empregos
públicos uma rede com que se su-
bornem as consciências dos elei-
: I
tores, estes, por mais illustrados,
sejam menos accessiveis ã compra
dos seus respectivos votos, e depois
então teremos uma representação
nacional que não seja uma lasti-
mosa ficção.
Então sim, então podem as nos-
sas reformas politicas realisar-se
larga e desassombradamenta, am
pliando as franquias populares
porque então temos já uma base
séria e solida, que é a eleição ge-
nuína quanto possivel. Mas em-
quanto as eleições forem o que
hoje São, o systema representa-
tivo entre nós não funcciona nor-
malmente, e querer applicar-lhe*
sem critério positivo, todos o.- prin-
cípios theoricos da sciencia, ou
todas as disposições da legislação
de paizes em circumstancias mui
diversas, ó um erro politico, ó
uma inépcia scientiOca, ó um ca-
pricho pueril e insensato.
Ill
Ahi Oca o que pensamos quanto
á oppurtunidade das reformas po-
liticas, e quanto ao valor e signiG
cação d'esse brado que para ahi
atroa os ares: reformas reformas !
O que era mister era menos bra.
dos na opposição, e mais iniciati-
va no governo: menos program-
mas e mais leis.
Mas demos de barato que era
urgentíssimo reformar a Carla, o
que aliás não consideramos de to-
do desnecessário e inopportuno,
eanalyseraosa proposta do chefe
do grupo constituinte, que tem a
pretençào de formar na vanguarda
dos partidos políticos em Portu-
gal.
O sr. Dias Ferreira declara no
seu relatorio, como ja declarara
no seu discurso era casa do sr.
visconde de Fragezella, no Porto,
que o «eu modelo, como constitui-
ção, ó a de 1838. De modo que s.
ex.* que allega, como um dos mo-
tivos para se reformar a Carla o
eila ter sido outhorgada ha 5o an-
nos, vae buscar para modelo uma
constituição que tem 43 annos. e
que é uma imitação da de 1822
que tem 57 annos. Não diremos
que isto seja o cumulo da cohe-
rencia.
E como prova irrecusável de
que o espirito do sr. Dias Ferrei-
ra caminha sob a inspiração da
constituição de 1838, vemos que
s. ex • não propõe reforma do arti-
go 6 ° da Carta, que corresponde
ao ariigo 3.° da constituição de 38
e ao 25.° da do 22.
Sabemos que o sr. Dias Ferrei-
ra buscou justificar esta omissão
do artigo 6.° entre aquelles que o
seu projecto menciona como ca-
recendo de reforma, porque não o
considerou constitucional. A des-
culpa é hábil, a opinião já foi bri-
lhantemente sustentada por Ale-
xandre Herculano nas suas cele-
bres cartas sobre o casamento ci
vil, mas nào nos parece franca-
mente que seja a mais justa, e já
o demonstraram muitos juriscon-
sultos, sobresahindo entre elles, o
sr. visconde de Seabra.
O artigo 6.° diz: A Religião Ca-
tholica Apostolica Romana conti
nuarã a ser a religião do Reino.»
Ora o artigo i.° da Carta define
Reino: «a associação politica de
todos portuguezes.® Logo se a Re-
ligião Catholica é a do reino, ó a
de todos os cidadãos portuguezes,
e quem a não tiver não é cidadão
portuguez.
Ora parece-nos que isto diz res-
peito a um direito individual, e
que o disposto no § 4.° do artigo
1450 não invalida que perca a
qualidade de cidadão portuguez
aquelle que não tiver a religião ca-
tholica, e este estado de cousas
parece nos que nao garante abso
lutamente a liberdade individual,
porque torna independente da
crença religiosa de cada um o ter
ou não direitos de cidadão portu-
guez. Portanto affigura-se-nos que
d artigo 6.° é constitucional, e que
nos termos do artigo 140.° a sua
reforma devia ser proposto. Alem
d'isso o artigo 6 ° limita e attribue
poderes, como provou o sr. Sea-
bra.
Mas ha mais. O artigo t>.° está
em desaccordo com o § 4 ° do ar-
tigo 145.°, com a liberdade religio-
sa seguida nas colonias, e com as
disposições da lei civil que facul-
tando o casamento civil só aos
que não forem catholicos, vem de
pois consentil o aos cidadàos por-
tuguezes, que pelo referido artigo
6.° não podem ter outra religião
senão a catholica. De resto, é qua
si inútil dizel-o, o artigo 6 sobre-
tudo, está hoje era manifesta op-
posição, com os princípios da
sciencia e com as ideias da época.
N'estas circumstancias cansa es-
tranheza, sobretudo a quem ó novo
como o auctor d'estas linhas, que
um partido que se diz avançado e
que declara irradiavel a reforma
da carta, esqueça completamente
o artigo 6.°
Nào foi um escrúpulo constitu-
cional, o quo motivou este esque-
cimento. Nào havia escrupulo for-
malista que valesse perante o in-
doclinavel dever que tinha um pu-
blicista moderno de propor a re
forma d'um lai artigo desde que
propunha a reforma do codigo po-
litico que o encerra. Nào foram os
modernos principios da sciencia
sociologica, nem o exemplo das
constiluições dos paizes mais cul-
tos e liberaes. Nào foi o espirito
do paiz, que é extremamente tole-
rante.
Então que foi? É triste dizei o.
Chega a maguar profundamente
a quem, como nós, tem vivido mais
com os livros do que cora os ho-
mens, mais com as ideias do que
com os indivíduos, o ver sacrifi-
car por tal fórma os princípios
mais nobres às conveniências mais
mesquinhas.
Expliquemo-nos.
O partido constituinte, ura par-
tido avançado e liberalissimo, e
que não dispensa as reformas po-
liticas, pactuou ha pouco, em casa
do sr. visconde do Fagozella, um
homem rico do Porto, com o sr.
conde de Samodães, presidente da
associação catholica do Porto, re-
dactor do i ornai reaccionário—a
Palavra—e ura dos dos mais insi-
gnes corypheus do jesuitismo em
Portugal.
Nào nos parece que o partido
constituinte ganhasse muito com a
alliança: os principios liberaes ó
que perderam porque a reforma do
artigo 6.° já foi imraolada em ho-
locausto ás exigencias fradescas
do sr. conde de Samodàes.
Nào lucrou o partido constituin-
te, porque nào lucra nunca um
partido liberal quando seallia com
elementos reaccionários provando
ao paiz que para eito pouco valem
os principios que devem ser a nor-
ma da sua couducta politica, em
comparação cora os votos que se
podem alcançar pelas sachristias
e conventicuios clericaes.
O sr. conde de Samodães trouxe
talvez ao partido constituinte o
suíTragio de muito ultraraontano,
mas levou-lhe a reforma do artigo
6 o, e levou-lhe muita sympathia e
muita adhesão da parte dos ho-
mens liberaes e sérios.
Ha expedientes d'occasião que
matam os agrupamentos mais am
biciosos que coherentes.
A acquisição feita pelo grupo do
sr. José Dias, da pessoa do sr. Sa-
modães, illustre demonstrador do
milagre de Knock, e celebre frei
Francisco das Chagas do romance
de Urbano Loureiro, pôde trazer-
Ihe toda a virtude mirífica que de-
riva da *gua de Lourdes e d'ou-
tros especificps pios, mas tira-loe
todo o "aspecto sério d'um partido
verdadeiramente liberal.
Continuaremos.
C.
BOLETIM DO ESTRANGEIRO
Os jogador es e os petardos em Ma-
drid.—Transigência do governo.
—A hospitalidade offerecida aos
hebreus e as amabilidades dis-
pensadas a Portugal. — Ultimo
discurso do sr. Gambetta.—Um
discurso do sr. Ferry.—Os as-
sumptos de Tunis.—As impor-
tantes questões com elles associa-
das.—A insurreição árabe na
província de Oran.—Os sérios
distúrbios de Marselha.—Mortos
e feridos.—A situação da Russia.
—Novas tentativas criminosas.
A llespanha pode-se definir por
este simples facto:—Quando o
partido lib rai dynastico subiu ao
poder, o governador civil de Ma
drid, o conde de Xiquena, enten-
deu dever perseguir os jogadores
e acabar com as casas de jogo.
Immediatamente começou por par-
te dos donos de casas de jogo a
guerra com bombas de dynamite,
que rebentavam com frequencia
nos logare3 mais públicos da ci-
dade, causando, por vezes, feri
mentos em pessoas inoffensivas e
prejuízos materiaes.
Aproximavam-se as festas do
centenário de Calderone os petar
dos não deixavam de rebentar a
mjudo. O governo hespanhol re-
conhecia a necessidade de que aca
basse esse escandalo, mas consi-
dera va-se impotente para lhe pôr
termo pelos meios legaes. Por tira
entendeu ser mais conveniente
transigir com os jogadores, per-
mittindo-lhes que espoliassem os
forasteiros que acudiram á villa
coronada para assistirem às festas
do centenário, a troco de que du-
rante esse período os petardos não
se fizessem ouvir! Por este modo,
Madrid apparentou de pacata e
morigerada, o que era precisa-
mente o que desejava o governo.
Terminados os festejos do cen-
tenário, começou de novo, por
parte do governador civil, a caça
aos jogadores, e como consequên-
cia d'esta acertada medida torna-
ram a rebentar as bombas de dy-
namite. Só na noite de ante-hon-
tern para honiem rebentaram qua-
tro bombas, lançadas das janellas
para a via publica. DiíTerentes in-
divíduos foram presos, estando o
governo resolvido a ser inexorá-
vel com os auctores d'estes ver-
dadeiros attentados, que trazem
sobresaltada toda a população da
cidade.
Estas diversões de caracter in-
terno deixam, comtudo, ao go-
verno o tempo preciso para se
occupar de politica externa e das
eleições, que estão próximas, e
cujo resultado será, como até ago-
ra tem succedido, haver uma
maioria ministerial esmagadora.
Pelo que respeita aos assumptos
de politica externa, os que teem
merecido ultimamente a preferen-
cia do governo são os que dizem
respeito a Portugal e aos judeus
perseguidos na Russia e d'ali ex-
pulsos afrontosamente. A estes,
que se contam por desenas de
milhares, foi offerecida muito lou-
vavelmente franca hospitalidade.
Quanto aos negocios mais intima-
mente ligados com os de Portugal,
a llespanha tern-se mostrado nos
últimos tempos, de uma compla-
cência realmente pouco vulgar.
Teve até a amabilidade de resol-
ver era conselho de ministros que
nos assumptos de Marrocos proce-
deria em conformidade com os seus
interesses e çoin os de Portugal!
E' o requinte da galanteria.
Em França, com a aproximação
da campanha eleitoral, começaram
os discursos dos homens impor
tantes na politica. 0 sr. Gambetta,
cuja derrota no senado, na ques-
tão do escrutínio de lista, produ-
ziu, por inesperada, verdadeiro en-
thusiasmo eutre os amigos do sr.
Grevy e nos republicanos mais
avançados, acaba de se fazer ou-
vir eui Saint Mondé. O chefe do
opportunismo não parece ler fica-
do desanimado com o cheque que
lhe foi infligido. Assegurou que o
povo é feliz e livre, e acrescentou:
—«Ha dez annos que fazemos boa
viagem. Temos supportado tem-
pestades; mas não será hoje que
umas questiunculas miseráveis
hào de embaraçar o passo á re-
publica. Quando o trabalho não
produz o que se esperava, reco-
meça-se no dia seguinte com mais
ardor. Faliam da multiplicidade
das minhas candidaturas; um úni-
co circulo conheço (o de Beilevil-
le), que ninguém me poderá dis-
putar seriamente. (Applausos e
vivas á republica).»
Pela sua parte, o presidente do
conselho, o sr. Ferry, acaba tam-
bém de proferir um discurso. Foi
em Epinal que fez uso da palavra,
assegurando, como é de uso em
taes casos, que as eleições, a que
tem de se proceder dentro de pou-
cas semanas, serão livres. Aíllr
mou lambera que a regeiçào do
projecto para ser revista a consti-
tuição demonstra a impotência do
partido radical; e acrescentou que
o actual gabinete representa a
união leal e indissolúvel dos re-
publicanos. Esta affirmativa pare-
ce-nos simplesmente arrojada, por
que tendo-se o sr. Ferry collocado
do lado do presidente Grevy, na
questão do escrutínio de lista, é
natural que o sr. Gambetta pro-
cure derribal-o, logo que se reúna
a nova camara.
O presidente do conselho termi-
nou o seu discurso por fazer o elo-
gio do sr. Grevy, a quem classifi-
cou de prudente entre os pruden
tes, e de quem disse que dirige ha
annos os destinos da republica,
a qual necessita da união de todos
os republicanos, e da firmeza do
chefe do estado. E*tas declara-
ções foram acolhidas com vivas a
Grevy.
A questão de Tunis propria-
mente dita póie-se dizer que esta
regulada. Assim, já começaram a
ser reenviadas para França as
tropas expedicionárias, onde o bey
acaba de mandar uma embaixada
era que figura o primeiro ministro
Mustaphá, embaixada que tem por
fim o reconhecimento solemne da
suzerania da França sobre a Tu-
nisia. Só a Porta se mostra ainda
preoccupada com o tratado do
Bardo, contra o qual protestou de
novo ultimamente, não encontran-
do echo os seus clamores era ne-
nhuma das principaes chancella-
riaS européas. A Italia, embora se
considere egualraente aggravada
com a solução que teve a questão
tunisina, é muito hábil, sob o pon-
to de vista diplomático, para fazer
alarde do seu descontentamento.
Espera ensejo para se desforrar,
e se este se lhe offerecer, o que
por ora é problemático, não o des-
perdiçará por certo.
Mas se os negocios entre a Fran-
fi e a Tunisia estão já regulados,
ifferentes questões, e de caracter
grave, teem surgido, e que teem
com elles connexão. Ao sul da Ar-
gélia, na província de Oran, algu-
mas centenas de arabes, tanto de
cavaHaria como .le infanteria,
apresentaram-se em campo, de-
vastando as propriedades, e assas-
sinando todos os europeus que
lhes caem uas mãos. Entre as vi-
ctimas contara-se bastantes eolo-
nos hespanhoes. As tropas france-
zas perseguem-os activamente,
mas ainda não conseguiram fa-
zel-os dispersar, nem tào pouco
apoderar-se dos cabecilhas que di-
rigem a insurreição.
Marselha está, para assim di-
zer, era estado de sitio, em con-
•equencia dos sérios distúrbios
promovidos enlre italianos e fran-!
cezes, por occasiào do desembar-1
que n'aquelle porto, de uma por-1
çào de tropas expedicionárias. A
provocação partiu dos italianos,
que do club que ali teem apupa-
ram as tropas, quando ellas se
dirigiam aos seus quartéis. A po-
pulação da cidade, in lignada com
similnante procedimento, quiz ar- |
rançar o brasão de armas, da fron-;
taria da associação italiana. O ;
prefeito teve de intervir, e foi
preciso o auxilio de tropa para
dispersar a multidão.
A esta primeira escaramuça
teem se seguido rixas sagrentas
entre francezes e italianos. Ante-
hontem, uns italianos esfaquea-
ram uns poucos de francezes, dos
quaes já morreram alguns. N'ou-
tros pontos da cidade, os italianos
dispararam tiros de revolver. A
multidão enfureceu-se e correu so-
bro os aggressores, deixaudo al-
guns d'elles feridos. As auctorida-
des desenvolvem grande activida
ae para restabelecerem a ordem e
prenderem os criminosos.
Na noite do ante hontem para
hontem, houve novas rixas, em
vários pontos da cidade. Entra-
ram no hospital dois mortos e
doze feridos, mas fallava-se era
que tinha havido oito homens mor-
tos e vinte e tres feridos. Fize-
ram-se sessenta e cinco prisões, e
começou ja o processo contra os
desordeiros. Todos estes factos,
pelo que teem de significativos,
dispensam qualquer commentario.
Na Russia, os revolucionários
respondem á oppressào e despo-
tismo do governo com novas ten-
tativas criminosas. Ha poucos dias
o Intransigeant annuuciava que S.
Petersburgo estava toda minada.
Ha n'isto seguramente muita exa-
geração. Entretauto, no dia 18 fo-
ram descobertas duas caixas de
dynamite, com um fio conductor,
debaixo da ponte do canal de San-
ta Catharina. E' um nào acabar de
preparativos de attentados.
Afogado
Afogou-se no rio Douro, no si-
tio do Seminário, o estudanie
Eduardo Gomes d'Amorim, de *2
annos de edade, morador na ire-
guezia de S. Christovào de Mafa-
mude.
Tinha ido tomar banho, e affas-
tando-se imprudentemente para
o largo faltaram-lhe as forças
quando quiz voltar para terra.
O seu cadaver foi tirado para a
praia por meio de uma rede.
Foi honiem preso em Santo
Amaro um pimpão d'Alcantara
por ter entrado era uma taberna e
ameaçade o taberneiro, chegando
a puchar de uma navalha para o
esfaquear.
Este sujeito é o mesmo que era
tempos deu uma facada no cavai-
lo de um do^ dois oíliciaes de ca-
vallaria que pretenderam apartar
uma desordem em que aquelld
criminoso se achava envolvido.
Vê se que o tal pimpão é muito
digno da protecção da justiça.
Furto fiudufttriogo
Hontem um iniivi luó foi a ura
relojoeiro da rua do Ouro e pe-
diu lhe que mandasse as 3 horas
da tarde, a um- hotel da baixa,
dois rèlogios com as competentes
cadeias e alguns medalhões.
A' hora indicada, apresentou se
o caixeiro no hotel. O freguez
pediu-lhe então que lhe désse os
relogios porque queria levai os ao
quarto do pae para elle escolher.
Até á hora em que escrevemos
esta noticia, esperava o caixeiro
pelo freguez e pelos relogios, por-
que o industrioso safara-se par
outra porta, deixando o pobre ra-
paz com a agua na boca.
E' escusado dizer qua o pae
do espertalhão não se achava
hospedado no hotel.
TELEGRAMMAS
AGENCIA TELKGBÀPH1CA
HAVAS REUTER
Serviço continental e submarino
Roma, 19, m.
O tribunal correccional condem-
noa o gerente do periodico «La Riforma» em trea mezes de prisão
e 400 libras de multa, por um ar- tigo offensivo para a politica do
imperador da Russia.
A commissào parlamentar ap- SrovGu a prorogaçào dos tratados
e commercio.
f A'manha reúne o consistorio, a
fim de proclamar santos os bem-
aventurados Rossi e Bento Labre.
Constantinopla, 19, m.
Em ccnsequencia do ultimo tre-
mor de t»irra em Van, desmorona-
ram se 400 casas, parecendo 95
pessoas.
Paris, 19, t.
A. fim de protestar contra a pro-
bibibiçào das procissões, a multi-
dão catholica de Nantes percor-
reu o itenerario habitual aa pro-
cissão, entoando cânticos e paran-
do defronte das egrejas. Os repu-
blicanos responderam cantando a
«Alarseiheza». Resultou tumulto,
e íizeram se diversas prisões.
Bucharest, 19, m.
O ministério está em crise.
S. Petersburgo, 19, m.
Foram descobertas duas caixas
de dynamite com fio conductor,
debaixo da ponte do canal Catha-
rina.
New- York, 19. m.
O «N<\v-York Herald" diz quo
estão virtualmente terminados os
trabalhos da commissào hispano-
americana.
Paris, 20, m.
N'um banquete realisado e»
Saint-Mandé, o sr. Gambetta cer-
tificou que o povo é feliz e livre.
«Ha dez annos que fazemos boa
viagem temos supportado tempes-
tades; mas nào será hoje que
umas questiunculas miseráveis
hào de embaraçar o passo á repu-
blica. Quando o trabalho nào pro-
duz o que se esperava, rfcomeça-
se no dia seguinte com mais ar-
dor. Faliam da multiplicidade das
minhas candidaturas; um único
districto conheço que ninguém
me poderá disputar sériau ente. (Applausos e gritos de viva a Re-
puolic«.)
O sr. Ferry pronunciou um dis-
curso em Epinal. Disse que as
próximas eleições, que hào de
realisar-se d'aqui a algumas se-
manas, serào livres. Os republica-
nos moderados rejeitaram o pro-
jecto pa a ser n vista a constitui-
ção; isso demonstra a impocencia
do partido ra tical e Os reeultados
obtidos pelos moderados. O gabi-
nete representa a uniào leal e in-
dissolúvel dos republicanos. O sr.
Ferry elogiou o sr. Grevy, que é
Srudente entre os prudentes, o
iriee ha aunos os destinos cia
Republica, a qual neessiita da
uniào de todos os republicanos e
da firmesa do sr. Grévy. (Gritos
de viva Grévy).
Em Marselba tem havido rixas
sangrentas entre fraacezes e ita-
lianos. Corre que ha já tres pessoas
mortas e muitos feridos. Andam
constantemente patrulhas pelas
ruas.
Roma, 20, m.
Diz o aDiritto» que o consul
italiano em Tunis, o sr. Maccio,
recebeu já do seu governo a tí-
cença que pedira.
Marselli r, 20, m.
São duas horas da manha e as
rixas continuam em vários pontos
da cidade. Actualmente falla-se
em que foram mortos 8 homens e feridos 23; m«8 no hospital entra-
ram somente 2 mortos e Vò feridos.
Fizeram se 65 prisões, e começou
a in8'rucçào do processo contra
os desurdeiros. Hontem uns italianos esfaquea-
ram vários rapazes francezes, dos
quaes já morreram al^uus. N'ou-
tros pontos os italiauos dispara-
ram tiros de revolwers. A multi-
dão então eufureceu te e correu
sobre os italianos, deixando al-
guns d'elles feridos. As auctori-
dades desenvolvem g.ande actiyi-
dade para prender os criminosos
e evitar novas rixas.
Dublin. 20, m.
Uma pastoral do arcebispo ca-
tholico de Dublin previne as po-
pulações contra as doutrinas des-
truidoraa dos princípios de direito
e de justiça; e accrcscenta que
as pret.ençòe8 exageradas poderão
acarretar ao paiz aiuda maior
miséria.
Madrid, 20, m.
A noite passada foram atiradas
quatro bombas para a via publica.
Não houve ferimentos. Realisa-
ram-8e varias prisões, e o gover-
uo está decidido a punir severa-
mente os auctores d'estes atten-
tados que Bào inspirados pelos ■
donos das casas de jogo fechadas
pela auctoridad^.
O consul de Hespanha em Oran fez um relatorio ácerca do assas-
sínio de muitas famílias hespanho-
las pelos insurgentes nas proximi-
dades de Saida. São horríveis os
pormenores.
Pernambuco, 20, m.
Chegou hoje vindo da Europa o
paquete inglt*z «Aconcagua», <U
Companhia do Pacifico.
CHRONICA DO DIA
Serca feira 21.—S. Luiz Gonzaga
Sem. e. br.
Lausperenne no Mosteiro da R»-
,carnação. •
Principio da aurora, 2 ta. <> 3tr
Nascimento do sol, 4 ta. e 30'
Occaso do sol, 7 h. e 24'
Primeiro preamar, ii ta. e 18' m.
Segundo preamar, 1 h. e 42' t
Primeiro baixaraar, 5 h. e ."MF t
Segundo baixamar, 5 ta. e 54' n\
I
DUCRO
Quartel em Lieboa, 2i de junho Sociedadf .wnjma responsabilidade limitada—Capital 5OQ:OOÕ$fl0O réis de los HPticuloa "que los producto-
5 1881. u mQyA,\i.;<E srtfiuos contra o riBCO de morte nos animaes da res de Portugal deaeen seem co-
... *CT aí I * toaas as especies existentes cm qualquer parte do paiz. f. ] nocidos en Espana. Adriano Travassos Yafte*. ( p7ftat»m-8e todos os esclarecimentos no eseriptono da companhia, ——- , # _ - •
4rjHEGOU e
•» 51 t sahirá quar- Sb£T ta feira 14 do cor-
s»'^5 rente. Para carça trata-se no Cae«
do Sodré, 6*. 1.°
Os agentes
K. Pinto Basto & C.a
alferes
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do MOSTEIRO cio SOTJLAC (Glronde) 3 pHEGOU e v sahirá quin-
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