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\ > J K3K1E9 12M£ ASSI^ATt'KA IVAS PBOVI^iCfcA'» 3 mezes, pagamento adiantado. . 1£150 réia A correspondência sobre administração a An- tonio R. Teixeira, T. da Queimada, n.° 35. Terça feira 25 de setembro de 1883 Brigue: Boa Sorte. Hiate: Guilherme. Barca: Mariana 3. a . Escunas: Challenge e Grace ALWmCH SETEMBRO («O ©IAS) D. Zélia de Mello Machado e Castro. D. Paulina Plantier. D. Maria Violante Garcez Pa- lha. E 03 srs : Lucas Castello. Carlos Alberto Pereira Basto. Ernesto Julio de Oliveira Bar- bosa. Manuel Luiz Caldas Cordeiro. Ezequiel de Paula Prego. Josó da Cuuha Freire Pignatelii Falcão da Gama. Dr. Mauuel Joaquim de Quin- tella Emauz. Antonio Augusto Galache. Alfredo de Moraes Pinto. Herculano Augusto de Barros e Vasconcellos. Augusto Xavier Teixeira. —Regressaram de Cascacs oa srs. duques de Palmella. —Parte hoje da praia de Ma- thosinhos para a sua casa de Aguieira o sr. visconde de Aguiei- ra. —Chegou hontem do estrangei- ro o sr. Felix Van-Zeller. —Regressou hontem de Paris o sr. commendador Diogo de Frei- tas Brito. —Chegou de Vichy o sr. dr. Leandro José da Costa. —Regressou hontem do estran- geiro o sr. Strauss. Resa-se amanha ás iO horas na egreja da Encarnação uma missa suffragando a alma da ex. ma sr." D. Maria do Carmo Caldas da Fon- seca. A missa é mandada dizer por seus filhos. I^elraM falsa* O sr. V inzeler, accusado de fal- sificação de letras de cambio, vae hoje, terça feira, para o tribunal. Pouco se tem apurado d'este negocio. O sr. Manuel Nunes, do estanco do Chiado, pede-nos para declarar- mos que nào tem nada com o be- neficio de domingo na praça do Campo de Sant'Auna, que esse be- neficio é de José Maria da Luz Fer- reira, e que é festa dedicada á cor- poração dos caixeiros do commer- cio- Recebemos o almanach Guilher- me de Azevedo, para 1884, dedi- cado á memoria d'este eminente critico e poeta. Agradecemos. Tem estado bastante doente o sr. D. Manuel de Lencastre. E* seu medico assistente o sr. Carlos Tavares. Fallecimenfo Falleceu no dia 21 do corrente, em Tavira, a ex. ma sr." D. Firmi- na Júdice de Vasconcellos, esposa do sr. João de Vasconcellos, aju- dante de campo do sr. general Chelmick. Contava apenas 2o annos a in- feliz senhora; era muito formosa e dotada das mais altas virtudes A sua ex. ml família, e em parti- cular a seu marido, enviamos os nossos sentidos pesames. ESPECTÁCULOS Babbado Domingo Segunda feira 8 h. D. Maria Um drama no fundo do mar. 8 h. Trindade O gaiato de Lisboa—Romão & C. a . 8 h. Gymnasio—A medalha da virgem—Tres dias bem passados. Tiibatro da Rainha (Na feira de Belem) De tarde: O filho da republica A' noite: A mão do fi- nado. Terça feira Escudo gencalogico de Hen- rique de Bourbon, conde de Chambord. Depois letras, e cartas, Falsificadas a esmo, Pra nSo perder o costume F*l6ificcra-8e a si mesmc. Vae entrar no dique, por estes di?«, n cnnracado Vasco da Ga-

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J

K3K1E9 12M£

ASSI^ATt'KA IVAS PBOVI^iCfcA'»

3 mezes, pagamento adiantado. . 1£150 réia

A correspondência sobre administração a An-

tonio R. Teixeira, T. da Queimada, n.° 35. Terça feira 25 de setembro de 1883

Brigue: Boa Sorte.

Hiate: Guilherme.

Barca: Mariana 3.a.

Escunas: Challenge e Grace ALWmCH

SETEMBRO («O ©IAS)

D. Zélia de Mello Machado e Castro.

D. Paulina Plantier.

D. Maria Violante Garcez Pa-

lha.

E 03 srs :

Lucas Castello.

Carlos Alberto Pereira Basto.

Ernesto Julio de Oliveira Bar- bosa.

Manuel Luiz Caldas Cordeiro.

Ezequiel de Paula Sá Prego.

Josó da Cuuha Freire Pignatelii

Falcão da Gama.

Dr. Mauuel Joaquim de Quin-

tella Emauz.

Antonio Augusto Galache.

Alfredo de Moraes Pinto.

Herculano Augusto de Barros e Vasconcellos.

Augusto Xavier Teixeira.

—Regressaram de Cascacs oa

srs. duques de Palmella.

—Parte hoje da praia de Ma-

thosinhos para a sua casa de

Aguieira o sr. visconde de Aguiei-

ra.

—Chegou hontem do estrangei-

ro o sr. Felix Van-Zeller.

—Regressou hontem de Paris o

sr. commendador Diogo de Frei-

tas Brito.

—Chegou de Vichy o sr. dr.

Leandro José da Costa.

—Regressou hontem do estran-

geiro o sr. Strauss.

Resa-se amanha ás iO horas na

egreja da Encarnação uma missa

suffragando a alma da ex.ma sr."

D. Maria do Carmo Caldas da Fon-

seca.

A missa é mandada dizer por

seus filhos.

I^elraM falsa*

O sr. V inzeler, accusado de fal-

sificação de letras de cambio, vae

hoje, terça feira, para o tribunal.

Pouco se tem apurado d'este

negocio.

O sr. Manuel Nunes, do estanco

do Chiado, pede-nos para declarar-

mos que nào tem nada com o be-

neficio de domingo na praça do

Campo de Sant'Auna, que esse be-

neficio é de José Maria da Luz Fer-

reira, e que é festa dedicada á cor-

poração dos caixeiros do commer-

cio-

Recebemos o almanach Guilher-

me de Azevedo, para 1884, dedi-

cado á memoria d'este eminente

critico e poeta.

Agradecemos.

Tem estado bastante doente o

sr. D. Manuel de Lencastre. E*

seu medico assistente o sr. Carlos

Tavares.

Fallecimenfo

Falleceu no dia 21 do corrente,

em Tavira, a ex.ma sr." D. Firmi-

na Júdice de Vasconcellos, esposa

do sr. João de Vasconcellos, aju-

dante de campo do sr. general

Chelmick.

Contava apenas 2o annos a in-

feliz senhora; era muito formosa

e dotada das mais altas virtudes

A sua ex.ml família, e em parti-

cular a seu marido, enviamos os

nossos sentidos pesames.

ESPECTÁCULOS

Babbado

Domingo

Segunda feira

8 h. — D. Maria — Um drama

no fundo do mar.

8 h. — Trindade — O gaiato de

Lisboa—Romão & C.a.

8 h. — Gymnasio—A medalha da

virgem—Tres dias bem passados.

Tiibatro da Rainha — (Na feira

de Belem) — De tarde: O filho da

republica — A' noite: A mão do fi-

nado.

Terça feira

Escudo gencalogico de Hen-

rique de Bourbon, conde

de Chambord.

Depois d« letras, e cartas,

Falsificadas a esmo,

Pra nSo perder o costume

F*l6ificcra-8e a si mesmc.

Vae entrar no dique, por estes

di?«, n cnnracado Vasco da Ga-

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DIAÍilO ILLt'STRADO

Chronicas da aldeia

O crime de Constança

da« Dorew

(A PR0P0S1T0 d'uma discussão na

LOJA DO BARBEIRO, ENTRE 0 AN-

DADOR DAS ALMAS E 0 MESTRE DA

MUSICA)

A seiencia physiologica é o gran-

de livro do corpo, corno o Evan-

gelho é o grande livro da alma.

Esta phrase, que faria, talvez, a

gloria d'um escriptor do século

XVII, tem para nós, hoje, o valor

d'uma bernardice desculpável, á

luz d'um critério positivo e serio.

A' força de procurar espirito pe-

los labyrinthos do corpo, o phy-

siologista achou sempre o corpo

determinando a acção mysteriosa

do espirito, e como é forçoso ad-

mittir que se um corpo se move

sem que o movam, ó porque tem

em si a força motriz, concluiu-se,

sem grandes suores, que se o cor-

po pensava sem que um hospede

sublime se encarregasse de o fa-

zer, ó porque quem pensava era

elle.

Derivou d'ahi a confusão subli-

me do corpo e da alma, de modo

que a bella phrase eufonica, com

que abri o meu artigo, degenerou,

transformando-se, n'esta outra, não

menos bella por mais simples— a

physiologia é a sciencia da alma.

E ao corpo, ás impressões que

•lie experimenta no meio onde vi-

ve, que é preciso ir buscar, abso-

lutamente, a causa determinante

das nossas acções, as mais bellas

como as mais vis, as mais herói-

cas como as mais cobardes, as

mais sublimes como as mais infa-

mes.

Os amores, as luetas, os marty-

rios, os crimes, os odios, as vin-

ganças, tudo, emfim, provém da

multiplicação dos dois factores—-

o temperamento e o meio.

O livre arbítrio é hoje, perante

a sciencia, uma bella concepção,

honrosa, mas morta.

Na concepção precisa da pala-

lavra, o homem é apenas durante

a sua vida, uma coisa bem sim-

ples e bom triste—um escravo.

Só a educação pôde dulcificar,

um tanto, o peso bruto dos gri-

lhões que a animalidade nos im-

põe, porque nos adapta ao meio

onde havemos de viver.

Quando ella falta, o cerebro

d'um montanhez da Europa não é

superior, em quer que seja, ao do

seu irmão do interior africano. Po-

sitivamente eguaes.

O corpo é, a despeito das scien-

cias psycologieas, a base de todas

as nossas acções: é pois a elle que

devemos referir as faculdades do

velho espirito, que teima em não

apparecer, na teima aliás descul-

pável das coisas que nunca exis-

tiram.

A physiologia, .que é a sciencia

da vida, a sciencia da materia or-

ganisada, a sciencia do corpo, é

pois, claramente, a sciencia da

alma.

Constança das Dores, de 20 an-

nos, solteira, tem, de coito com o

sr. Joaquim da Municipal, uma

creança, que córta aos bocados,

mette n'um barril de lixo, para fa-

zer escapar aos olhos da socieda-

de (notem que não digo da Justiça)

a prova irrecusável dos seus amo-

res ludibriados.

A sociedade horrorisa-se, treme

em convulsões epilépticas de rai-

vas summas, espectora interjei-

ções de pasmos horripilantes, ber-

ra, sua, urra, quer os castigos do

ceu e d\ terra, as pragas do Egy-

pto, os astros velhos, tudo sobre a

cabeça de Constança das Dores —

a desnaturada!

Um joiuai começa assim a noti-

cia do crime:—«Praticc u-se em

Lisboa um dos crimes piais horro-

rosos que. a preversidade hutriaaa

podia produzir!»

Dos outros, eu pude extrahir

esta coilecçâo de adjectivos, que

oflereço á contemplação e relle-

ctido exame das gerações: —vil,

desnaturada, monstro, féra, car-

rasco, dehhumana, feroz, crimino-

sa, etc.

A imprensa inteira fez coro, le-

vou aos ceus as mãos redempto-

ras da moralidade, e esmagou de-

baixo do fogo da sua indignação a

miserável mulher, a mãe bandi-

da!

Nem uma voz se ergueu placida

e calma, aplanando o caminho

d'esta mulher, não se ouviu, ao

menos, um grito de dor, o grito

christão que redime pelo amor,

não! o odio e a raiva, sós abriram

as boccas anathematisantes, na

passagem do Cal vario.

Nem ura Cirvneu: só carras-

cos.

A imprensa tem razão, a justi-

ça é o seu lemma!

No caminho, o povo apinhou-se

para ver passar—a immunda; sol-

tou phrases aggressivas, ditos in-

sultuosos; apunhalou com a lin-

gua, já que não podia fazel-o ao

vivo, horrorisou-se, cuspiu.

O povo tem razão, a moralidade

é o seu forte!

Todavia atra vez de todas estas

indignações ridículas, d'estes fu-

rores burlescos, esta pobre mu-

lher merece-me o dó irrecusável

aos desprotegidos, aos sacrifica-

dos, aos miseráveis.

Perante a minha rasão ella é tão

criminosa, do seu acto, como uma

flecha arremessada do arco,: que

penetra o coração d'um homem.

Esta mulher não teve mãe; não

conheceu portanto a força subli

me, que dulcifica, como diz Camil-

lo Castello Branco, *s caricias da

hyena enroscada aos filhos.

Quando entrou no mundo o lei-

te mercenário da madrasta, foi-lhe

apenas o liquido nutritivo da fe-

mea, travado do sabor da misé-

ria.

Não sentindo nunca o canto

nocturno que adormenta, o seu

somno não teve nunca as visões

radiosas dos doces affectos; erma,

nas suas dores, de lagrimas de

mãe, soffredora na indiferença de

estranhos, quedou-se rija de cora-

ção, ignorante do que fosse o ca-

rioho. o con&olo, a dedicação, o

martyrio.

Tendo de caminhar só, regeita-

da em toda a parte, não cabendo

em logar algum, estigmatisadà por

uma vergonha que lhe não per-

tencia, concentrou-se no despreso

dos homens, embruteceu-se na

instinctiva repugnancia dos aban-

donados.

Mal poude trabalhar, a socieda-

de atirou a ao mundo, como se

atira á margem ura cavallo laza-

rento, disse-lhe: trabalha.

Contra a sua fraqueza nenhum

cuidado, nenhuma barreira, defe-

za alguma: depois de exposta a

primeira vez pela mãe, exposta

segunda vez, pela sociedade, na

grande roda do mundo.

Quem a acautelará? ninguém.

Quem a defenderá dos perigos

onde baqueiam as mais bem edu

cadas? ninguém. Que direitos a

protegem, que regalias a ampa-

ram, que concessões a libertam?

nenhumas.

Quem lhe protegerá a honra?

quem lhe velará as acções? quem

fará d esta coisa uma mulher?

Encontrámos-te no vão d'uma

escada, pobre besta, demos-te lei-

te e rancho, creámos-te o corpo,

agora vae te, trabalha, sua, go-

verna-te como poderes, já não foi

pouco.

Talvez quizessem que te ensi-

nássemos phylosophia ? Farçolas.

Bons dias, adeus, tem juizo.

A engeitada poz ao hombro o

saco piutado da sua bagagem mi-

serável e foi-se pelo mundo.

N'este comenos, um Joaquim da

municipal, um malandro qualquer

encontra a desgraçada. A femea

tem desejos, o macho tem vicios;

a femea é ignorante, o macho é

finório, tem labia, promette a re-

paração: o filho apparece.

No momento preciso, o velhaco

abandona a mulher. A casa on-

de a desgraçada habita não é a

d'ella. Terá um filho; será expul-

sa vergonhosamente; apontal-a-

hào como rameira a barregã do

soldado, a desavergonhada.—Onde

irá com o filho? sim, onde a rece-

berão com o filho? todas as portas

estão fechadas, o hospital regeital a-

ha na convalescença; não pode-

rá servir, não poderá trabalhar.

Pedirá esmola pelas ruas, á por-

ta das egrejas, rota, immunda, en-

vilecida, ludibriada, cuspida, por

todos, cheia de miséria e de fome.

Dar-se ha aos malandros, aos va-

dios, aos ladrões, para ter que co-

mer.

O quadro é bello, meus senho

res!

lia uma sdução natural. Aquel-

la coisa que será a sua vergonha

h a sua miserií, desappaiecerá.

Nada mais natural, nada menos

revelador de preversidade, nada

menos testemunho de malvadez.

Deixemos a laracha da retho-

i ica.

Uma mulher ó mãe quando edu-

cou o filho, o viu nascer, o aqueceu

e amamentou ao peito, o beijou, o

cuidou, o vestiu, o limpou, o ve-

lou nas doenças, o protegeu por

dias ou por mezes—De outro mo-

do, não.

Isso era nos dramas antigos do

Salitre.

A voz do sangue é uma leria.

Daudet põe depois de quinze

annos, um filho em presença do

pue que desejava conhecer.

—Bo us dias, meu pae; sou o fi-

lho de fulana,

—Aí és tu? estás um homem.

Que fazes?

Trabalho n'uma fabrica...

Desceram ao café proximo, to-

maram uns cálices de vinho e des-

pediram-se.

—Adeus, meu pae.

—Adeus, rapas, sé feliz.

E nada mais. Não ha abraços,

nem gritos, nem expansões. Esta

é a summa verdade. Não ha pae,

ali, nem filho, ha o gerador e a

coisa gerada.

Aquilio que a mulher tem no

ventre, não é portanto um filho,

quando o fosse, era mãe não lhe

arrancaria um cabello; e depois,

Constança tem 20 annos!

Pôde amar-se uma esperança;

penhor de longos affectos; odeia-

se, instinctivamente, a coisa ou

pessoa que representa a condein-

nação a largas misérias.

E' do instincto animal, é do

egoismo humano.

Não ha portanto ali uma mãe,

ha uma femea; não ha ali um fi-

lho, ha uma vergonha, a miséria,

a morte moral. E' pouco.

Mas eu poderia dispènsar-me

d'estas considerações, limitar-me

a abrir um tratado de pathologia

e mostrar-vos que a mulher, no

puerpesio, é irresponsável, abso-

lutamente, pelos seus actos.

E* uma doente de cujos actos, o

julgamento, acrítica, pertence aos

medicos e não aos tribunaes.

O puerpesio arrasta atraz de si

a longa corrente das nevroses, da

pequena hysteria, á allucinação, á

loucura.

Sabíeis? pois se o sabíeis, meus

cândidos leitores, mal vos vão as

vossas iras, por reveladoras de

ruins instinctos.

Um cerebro de mulher não está

sujeito, nem phisiologica nem pa-

tologicamente, ás vossas tolas

convenções sociaes. Se fizerdes

entrar a sciencia nos vossos juí-

zos, sereis mais sobrios na offen-

sa. menos charlatães na moral.

Esta mulher pois, não é uma

mulher mãe, é uma femea, igno-

rante, bruta, que gravidou.

Não é mulher, o ser que não

possue o conhecimento dos seus

direitos, dos seus deveres, do seu

fim, na terra, em relação ao sexo

a que pertence; quem não tem a

governai-a, a protegel-a as leis so-

ciaes da boa rasão e da verdadei-

ra justiça.

Como o filho da serva e ainda

a propria mãe, eram coisas nos

tempos médios, o filho da serva

de hoje, não é menos coisa do que

a de sua irmã passada. Coisa al-

guma o liberta da gleba moral,

lei alguma o levanta no nivel de-

mocrático e humanitario de nossos

dias.

Pesa sobre elle a mão bruta da

ignorancia e a escravidão á ter-

ra.

Foi a sociedade que fez, Cons-

tança das Dores, o animal cioso; é

a sociedade que alimenta e prote-

ge os Joaquins da municipal, D.

Juans das esterqueiras de caserna,

fétidos, immundos.

A fraca é a mulher, dil-o a

sciencia pura, a sociedade escravi-

sa-a; forte é o homem, a socieda-

de corrompe o e deixa-ihe a li-

berdade, do abuso, da fraude, do

engano, da trapaça, da infâmia,

Juebrando para elle a realidade

e um contracto, a duo, feito pe-

rante a responsabilidade de um

individuo que nasce. Torpe, sim-

plesmente torpe!

Se esta mulher pudesse exigir

do homem a que se entregou, a

paternidade para seu filho a repa-

ração para si propria, ella teria

sahido de casa de seus amos com

o filho ao collo, sem receio, nem

vergonhas, altiva com o seu fardo,

orgulhosa por ser mãe.

Se o homem soubesse, que para

proteger a mulher que ludibria, a

lei, se levantaria austera e justa,

elle teria por ella o respeito que

lhe deve a civilisação moderna,

que lhe dá jus a supremacia das

suas faculdades affectuosas, o enor-

me thesouro do seu coração dedi-

cado.

Deante das mulheres cresceriam

os homens e diminuiriam—os pu-

lhas.

Que tem pois a sociedade a exi-

gir-

Nada, absolutamente, nada.

A sociedade matou moralmente

a mãe, a mãe a seu turno inata

physicamente o filho.

Da morte moral, á morte physi

ca, prefiro a segunda: esta mulher

é menos criminosa do que os seus

algozes. Esta mulher tem o direi-

to de se libertar d'uma vergonha

a que a condemnararn, como a

sociedade não tem direito de es-

carrar sobre essa vergonha que

fez.

O seductor, não teve uma pala-

vra de censura; o criminoso ver-

dadeiro, se aqui ha um crime, não

será inquietado pela policia, não

sera' visitado na caserna (como

quem vae ver o bicho), não terá

nos jornaes, na triste celebridade

de carrasco, a photographia e a

chronica.

Não foi elle que concebeu. Elle,

apenas enganou, seduziu, ludi-

briou; ella. ella é que teve a pouca

vergonha de ter um filho, sendo

mulher!

Para as crias d'estas mulheres

nem ha já a roda; o patim da es-

cada é o salvaterio do recem-nas-

cido em transportes d'amor pro-

letário; é logico que para os fru-

ctos maldictos o berço seja o

barril do lixo.

Esta bella mocidade, que berra

pela vida da creança morta, d'a

quelle individuo cheio de direitos

á existencia, d'aquelle seu mem-

bro, que imaginam V. Ex." que

lhe fazia?

Suppôr-se-ha que fazia d'elle

uni homem, cuidando-o tratan-

do o, educando-o ?

O' candidez social, como és su-

blime.

Era um engeitado, mais na Mi-

sericórdia.

Sabem V. Ex.", como se chama

aquelle pequeno rapaz que está

na mercearia da esquina, magro,

amarello, esqueletico, trabalhando

como um burro, sovado como

um tambor em festa, cheio de fo-

me e de frio, anemico, escrofulo-

so, miserável ? — o engeitado! Sa-

bem V. Ex."8 que nome téem gran-

de parte das mulheres que po-

voam os bordeis da cidade, iramun-

das, fétidas, cahidas no ultimo de-

gráo da miséria, alcoolicas, tor-

pes?— as engeitadas!

Conhecem V. Ex." o nome de

muitos criminosos deportados, que

enchem os porões dos navios nas

levas para Africa, o de muitos la-

drões que exploram a algibeira do

proximo, o de dezenas de vadios,

heroes da navalha e do fado, o de

muitos auctores de crimes escu-

ros, de tragedias horríveis ? — os

engeitados T

Ora aqui esta porque a socieda-

de baixa:— ella queria mais um

ladrão, ou mais uma prostituta.

A verdade bruta dos factos é esta,

não se discute. Ora é sobre esta

miséria horrível, sobre esta cha-

ga, que a imprensa descarregou o

cautério da sua indignação, o fer-

ro incandescente do seu odio.

Adjectivou, rubra de cólera, a mu-

lher roubada e calou sagazmente o

bandido.

Photographou-a ella para o es-

conder a elle no véu discreto do

silencio. Ora a mim parece-me

que o que a imprensa devia fazer,

pelo menos, para não ferir as suas

castas crenças religiosas, (se ellas

são a lei do seu proceder) pelo

menes, repito, era publicar o re-

trato do Joaquim e por-lhe por

debaixo:—Joaquim de tal, o mise-

vel que abandonou uma rapariga,

Constança das Dores, na occasião

em que esta dava a luz um filho de

ambos, filho que a desgraçada es-

faqueou.

Era mais logico concordai, e

a responsabilidade está mais jus-

tamente assentada.

E' preciso, sobre tudo, ser ge-

neroso com a desgraça, inda que

ella seja criminosa.

Supponde por um instante esta

tragedia no seio da nossa familia.

Tendes uma filha que amais, que

vos quer muito e respeita mui-

tíssimo.

Supponde que a desgraçada, na

reclusão d'uma noite de parto

occulto, se encontra na angustia

de se revellar a vossos olhos de

pai, á vergonha do mundo, ou des-

fazer o fructo do seu amor. Pen-

sai que na doença d'então, na ir-

responsabilidade do seu pensar

d'essa hora, na pathologia do seu

cerebro de purpura, agitado, con-

vulso, ella se decide a assassinar o

filho.

Achais justo que se lhe publi-

que o retracto com o estigma de

íilicida e prostituta?

Ah! concordai que a desgraça-

da merece mais o dó do que o fer-

rete. Haveis de lamentai-a an

tes.

Vel-a heis á luz da vossa pater-

nidade: pois bem a mãi de Cons-

tança das Dores, a mai official, ó

a sociedade.

Que faz esta madrasta egoísta

—exoulsa-a, cuspindo-lhe.

A imprensa tem muito coração,

bem se vé: que bom era se ella

tivesse um pouco mais de estu-

do.

Burguez, tu provavelmente, le-

vaste teu filho ao caminho por on-

de essa mulher passou.

Mostraste-lh'a com o dedo e dis-

seste* lhe:— vêl-a? é uma féra

aquella mulher; os lobos não en•

geitam os filhos, e ficaste senten-

cioso e satisfeito da licção.- Pois

meu amigo, disseste uma tolice:

o que tu devias dizer a teu filho

era:—

Todo o homem honrado é escravo

da s><a palavra; abusar do que é

indefezo, enganar uma mulher, c

vma canalhice a que corresponde

o degredo; sê escravo da tua.

Ora, amigo burguez, terias sido

justo e pai.

Quando levantarão afinal, a es-

tatua ao Joaquim ? prova vol mente

no dia em que mandarem Cons-

tança ás galés.

Que immundicies tem ás vezes

a moralidade humana.

Mendo Abbade.

José Maria Saloio

Recordações

Este homem, cujo fallecimento

noticiávamos ante-hontem, foi tal- vez o maior valente da sua gera-

ção em Lisboa. Elle era uma fi-

gura lisboeta, quer dizer, d'aquel-

las que o Chiado conhece e que

conhecem o Chiado. A sua morte

é um acontecimento no alto muu-

do que se move em peregrinações

diarias d'elegancia, desde o Pote

das Almas até ao Loreto.

Ainda á ultima hora, os seus

oitenta e trez annos adornados de

cabellos brancos, erectos na es-

tatura massiça de um athleta, di-

ziam o que tinha sido a sua mo-

cidade, robusta e sã. Elle era um

bello velho, accusando a sua an-

tiga força e a sua bondade,—por-

que este gigante possuía a bon-

dade dos verdadeiramente fortes.

Ouvindo-se a lenda maravilhosa

das suas proezas, em que nunca

faltára a um sentimento profundo de honestidade, podia-se ter a

suggestào d'esse bom colosso S.

Christovão aue se vê nas lytho-

graphias d'E'pinal, manso corno

um cordeiro sob o peso do Meni-

no Jesuz, atravessando um ribei-

ro n'uma pernada das suas im-

mensas pernas.

De José Maria Saloio, o hercu-

les e o terrível jogador de pau,

nao consta que alguma vez tives-

se abusado gratuitamente da for-

ça, n'essas lanfarronadas tão fre-

quentes em que se criam as repu-

tações dos desordeiros. Uma vez,

comtudo, revoltou-se-lhe a cons-

ciência com uma injustiça de que foi victima, e vingou-se por uma

fórma que ficou lendaria apezar

de picaresca.

*

* #

Elle era corista em S. Carlos.

Um dia, um critico musical que

vive ainda, e que n'esses tempos

adivinhava talvez os modernos

processos minuciosos,—pegando

por tudOy como se costuma dizer,

—escreveu no seu jornal, pouco

mais ou menos:

«O que se não pode tolerar,

além do mau desempenho da ope-

ra, é que o corista José Maria fa-

ça um barulho d'ensurdecer com

as suas passadas no palco, etc.,

etc.»

José Maria Saloio, effectiva-

mente, com o seu enorme corpo,

era uma trovoada que passava no

palco de S. Carlos, sempre que

entrava em scena. O edilicio to-

maya-se de tremuras, n'essas oc-

casiòes, sob a mole d'quelle per-

sonagem. Era como se um cyclope

subisse do Etna a dar o seu giro

por entre as dansarinas e as com-

parsas.

Ma8 José Maria Saloio não gos-

tou da coisa, e foi no dia seguin-

te procurar o critico a um café

que havia onde é hoje a livraria

Mattos Moreira. Nào se trocou

nem uma palavra sobre o artigo.

O critico, que enfiara ao ver a

sua victima sentar-se á sua pro-

pria meza, achou no mesmo ter-

ror a coragem necessaria para

lhe offerecer:

—«Toma alguma coisa ? uma

chavena de café ?...»—

—««Nada, muito obrigado.»—E

voltando-se para o moço:—«Um

capillé morno !»—

Veio o capillé. José Maria Sa-

loio chegou-o para deante do cri-

tico:

—«Mas espero que me fará a

honra. -.» —

—«Oh ! decerto ! decerto ! Ain-

que eu já tomei café; é só para

comprazer.» —

—«Outro capiLlé .'—pediu José Maria Saloio ao moço.»—

E chegando-o também para o

critico, que principiava a achar

tanta amabilidade demasiadamen-

te terrível: —«Agora, mais este !»—

—«Nada, nào posso mais.»—

—«Ha de poder; beba sempre.»

E o critico, em suores frios,

bebeu.

—«Rapaz, outro capillé !»—

D'essa vez, o sollicito amphy-

trião só fez um gesto.

—«Mas, senhor, — exclamou o

critico,—é impossível mais, eu

rebento!»—

—«Deixal-o rebentar, — disse

José Maria tranquillamentc. Be-

ba !»—

Depois, voltou-se para o crea

do:

—«Outro capillé !»—

O critico já nào suava nada que

nào fosse capillé morno. Tinha

uma angustia no olhar. Mas be-

beu, sempre pedindo graça, quar-

to, quinto e sexto capillé. No fim, o José Maria Saloio, despedindo-

se, com amaior cortezia, a'aquella

vasilha de capillés que ficava es-

papaçada sobre o seu banco, avi- sou:

—«Para a outra vez, faço-o be-

ber doze; e depois .., depois...

(Procurou no espirito alguma coi-

sa de terrível)... e depois, ponho-

lhe um pé na barriga !»—

Beldemonio.

Na próxima quinta feira, ás 10

horas da manhã, resar-se-ha uma

missa, na egreja da Encarnação

por alma do sr. José Ribeiro da

Cunha, e na quinta feira resar-se-

ha outra na egreja do Campo

Grande, mandada resar pelo con-

selho director do asylo de D. Pe-

dro V.

Novos tacões americanos a BO

réis, o par, durando o triplo dos

ordinários. Collocam-se gratuita-

mente, em menos de 5 minutos, na

rua da Prata, 184, i.* andar

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J/RUA AUREAjd

Consultorio medico-cirurgico de

J. G. Rodrigues.—Reabre no dia

de i outubro

Serviço da guarda municipal

Prisões

Foram presos:

Domingos de Oliveira, oleiro,

que, ás 8 3[4 da noite, na ponte

de Alcantara, aggredíu Maria

Rosa de Jesus: — Francisco da

Costa, catraeiro, que, ás 10 horas

da noite, desobedeceu á sentinel-

la da estação da rua do Quelhas,

que o admoestou por estar profe-

rindo palavras obscenas:— Fran-

cisco Antonio, sapateiro, que, ás

5 1|2 da tarde; proferia palavras

obscenas na travessa do Poço, ô

quando era conduzido para o com-

missario da 2.* divisão, pretendeu

aggredir o soldado que o acompa-

nhava: — Jeronymo de Oliveira

Soares, maritimo, que, ás 10 4i2

noite, no boqueirão dos Ferreiros,

esbofeteou José de Oliveira Ale-

gre, maritimo fazendo-o deitar

sangue pela boca.

Apresentações nos commissariados

Mandaram-se apresentar aos

commissariados de policia:

Joanna Domingues de Figueire-

do. que, as 3 1|4 da tarde, foi ag-

gredida na rua de Vicente Borga,

por Joanna Maria, que se evadiu,

fazendo-lhe um leve ferimento na

cara:—Carolina Augusta, que, ás

9 1|2 da noite, foi esbofeteada no

beco dos Contrabandistas, por um

individuo, que se evadiu; houve

gritos de soccorro:—Francisco Jo-

sé da Silva, trabalhador, que, ás

10 1|2 da noite, foi eutregue na

estação de Campolide, por João

Roque, cabo de policia da fregue-

zia de S. Sebastião da Pedreira,

que o capturou na rua de S. Se-

bastião da Pedreira.— Narcizo y

Banhez, sapateiro, e Antonio Mar-

ques, creado de servir, que, ás 6

1|2 da tarde, tiveram desordem,

na rua dos Douradores. O segundo

ficou levemente ferido no rosto;

houve gritos de soccorro:—Ismael

Augusto, trabalhador, que, ás ii

3|4 da noite, fazia distúrbios no

armazém de vinhos n.° 45 da rua

das Farinhas; estava embriagado:

—Elvira Rosa de Jesus, que ás 12

1|2 da noite, na rua das Farinhas,

injuriou Gualdino Candido de Bar-

ros, pintor, que se queixou a uma

patrulha:—Um maritimo america-

no, que, ás 7 3(4 da noite, andava

em desordem na rua da Bitesga,

com outros, que se evadiram; o

preso no acto da captura, aggre-

díu o cabo n.° 80 da 2.a divisão de

inf., que fez toques de apito:—

Antonio Joaquim dos Santos, ser-

ralheiro, e Joaquim Alves Pequito,

carroceiro, que, ás 10 1$ da noi-

te, na loja n.° 8 da travessa do

Rozariò, fizeram toques de apito

sem motivo justificado:—Dois ma-

rítimos americanos, que, ás 9 1$

da noite, na rua dos Capellistas,

aggrediram Luiz Francisco, crea-

do de servir, fazendo-lhe um feri-

mento na testa, que foi pensar ao

ho.-pital de S. José; os presos eva-

diram-se, sendo logo recaptura-

dos; houve toques de apito, e o

queixoso estava embriagado.

Auxilio prestado

Prestou-se auxilio:

Antonio Antunes, que estava

doente; foi conduzido em maca ao

hospital de S. José, onde está na

enfermaria de Santo Amaro: —ao

policia n.° 52 da 2.* divisão, para

capturar Francisco Corrêa, sapa-

teiro, accusado de roubo:—ao po-

licia n.° 10 da 2.a divisão, para

conduzir ao governo civil Antonio

Rodrigues, trabalhador, e apenas

se lhe encontraram 2 navalhas de

ponta e mola. ———*

Soldado expulMO

Foi hontem expulso da guarda

municipal um soldado que tinha

enganado uma criada de servir,

promettendo-lhe casamento e apa-

ohando-lhe algum dinheiro.

O sr. general Macedo não só o

expulsou da guarda como o obri-

gou a entregar o dinheiro á cria-

da.

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DIÁRIO ILUSTRADO

inwpecção d'in«*nicçao

primária—O.1 Circums-

cripçiXo Escolar

tfAZ-SE saber que as conferen- 1 cias pedagógicas começara no

dia 3 do proximo outubro pelaa 9

horas da manha, em todas as sé

dos dos círculos da circumscri-

pção.

Os programinas dao-se nas sub-

iii9p"Cço«'8 ás pessoas qu*; por lei

poaera tomar parte nas discus-

sões. Comprehendem o seguinte:

li- gistro do matricula, de fre-

quência, horário para a distribui-

ção do tempo lectivo, program-

mas das disciplinas divididas pe- las classes de alumnos, systema

disciplinar e modelos para regis-

tro de aproveitamento e distri-

buição de bons pontos.

Outro sim se faz saber que,

para a boa ordem, a entrada na

sala é por bilhetes, como manda

o regulamento, e que assim os

podem reclamar nas mesma sub-

mspeçôes todas as pessoas que,

pelo mesmo regulamento, sào ad-

mittidas ás sessões.

Eyora 23 de setembro de 1883.

O inspector,

Brito Quiroga.

Foram também adraittidos a fre-

quência, como ouvintes era algu-

mas cadeiras, mais 344 alumnos.

Os cursos mais frequentados fo-

ram òs de instrucção geral para o

operário, de conductor de obras

publicas, de conductor de minas,

de conductor de machin »s e de

telegraphistas. Os menos seguidos

f>ram os de mestres de obras, di-

rectores de f.»bricas e de tinturei-

ros.

De todos os. distrir.íviS do r^ino

foi o Porto que d«^u maior nume-

ro de alumnos.

A media das id.ides foi de 18 a

9 annos, sendo os limites 12 e 50.

N'este anno nào foram conce-

didos_ os dois prémios chamados

Camões, instituídos pela camara

municipal d'aquella cidade, por

não haver classificações distincta

nos exames dos alumnos matricu-

lados como ordinários.

Foi tal a aííluencia nas cadeiras

1.*, 2." e 8.*, que se torna necessá-

rio o serviço de repetidores para

coadjuvarem os professores.

Os alumnos que foram conside-

rados distinctos pelos valores que

obtiveram nos seus exames, foram

os srs. Adolpho Julio Gonçalves de

Sousa Reis, na 4.» cadeira, cora

18 valores; e na 5.a, com o mesmo

numero de valores; e na 7/ com

16; Antonio Duarte Pereira da

Silva na 5.* com 16; e Francisco

Neves de Castro Junior na 10.*

com 15 valores.

Tiraram carta de capacidade

de cursos d'aquelle instituto os

sr.s Francisco Pinto de Castro de

conductor de obras publicas, e Jo-

sé Antonio Ferreira da Cunha, de

conductor de minas.

Durante o anno fez-se a acqui-

sição de algumas obras para a bi-

bliotheca e modelos de desenho

para a 2.* e 8.a cadeiras; e bem

assim de um grande numero de

apparelhos para o laboratorio chi-

mico; bastantes collecções de mi-

neraes para o gabinete respectivo,

e outros objectos necessários para

o museu technologico, começando-

se a organisar uma importante

collecção de modelos de cinemáti-

ca, systema Reuleaux.

Torna-se de absoluta necessida-

de ali a creação de urn curso ele-

mentar de commercio, o que será

de grande vantagem p;ra uma ci-

dade como aquella, essencialmente

commercial e industrial.

A construcçào de urna casa pro-

pria para aquelle estabelecimento

torna-se cada vez mais sensível,

afim de se poder dar maior desen-

volvimento aos diversos gabinetes

de instrucção pratica.

Filiaes no

Bilhetes a 46$000, quintos a 9§200, meiot a 23$000, de

cimos a 4$600 réis. Series e fracções de todos os preços.

Pedidos ao cambista

ANTONIO IGNACIO DA FONSECA

Lisboa, Porto e Braga

Antonio José Paclieco,

Manoel da Cunha Macha-

do, O. Anna da Conceição

Machado, O. Ottilia Cu-

nha Machado, D. llermi-

nia da Cunha Machado,

e D. Julia da Cunha Ma-

chado, participam aoa

«ena» parente* e peNMoan

de Nua* relaçõett, que

foiB»euN «eri idoleiar da

villa premente *ua extre-

mosa empola flllia e ir-

mã I). Elvira da Cunha

Machada Pacheco, que

Ne ha de «epultar hoje*

do corrente, pelaw 11

liorart «Ba manhã, Maindo

<» preMtito de nu a cawa na

rua da Praea da Figuei-

ra, ao, quarto andar, e

esperam lhe» honremes-

ie acto com a sua pre-

sença.

!%'ão »e fazem convites

especiaes iflevido ao es-

tado de consternação em

que se acham.

COMPANHIA ANONYMA DE SEGUROS

IDIB VIDA

c de compras de propriedades livres c de usofructos

Séde em Paris—Rua Le Pelelier, 8

Director em Portugal—A. R. de Macedo, rua Nova d'El-Rei 3d, 2

LISBOA

Capital social 12 milhões de francos—Rs. 2.160:000á000.

Fundos de garantia 38 milhões de fr.—Rs. 6.840:000^000.

Agencias nas principaes cidades de Portugal

areBegrwa&s&p&i?

Paris, 23, t.

Não obstante as aliegaçòes do

Figaro em contrario, o inarquez

Tseng não recebeu ainda nenhu-

ma resposta de Pekim.

O sr. Julio Ferry pediu respos-

ta por escripto ao memorandum

do governo francez.

Vienna, 23, t.

Chegou já a Cettinge o príncipe

George Karogeorgewiteh, que vae

ali celebrar os seus esponsaes

com a princeza do Montenegro.

Nápoles, 23, n.

Sentiram-se hoje em Casamic-

ciola fortes abalos de tremor de

terra.

Berlim. 23. t.

O rei ae Ilespanha foi nomea-

do chefe dos uhlanos do Slesvig-

Holstein, e já hoje assistiu as

corridas vestido com o uniforme

prussiano, cm companhia do rei

da Servia e do príncipe imperial

allemão.

Paris, 23, n.

Na eleição do 1.° arredonda-

mento de Paris triumphou hoje o

candidato radical, em competên-

cia com um conservador.

S. Julião, 24, t.

Entrou um pequeno vapor de

guerra francez.

Paris, 24, t.

O marcjuez Tseng, conversando com um jornalista americano, dis-

se-llxe que não tinha ainda chega-

do nenhuma resposta do Pekim,

mas pela sua parte suppõe que

essa resposta será que tome a

França posse do Annam, que a

China ficará com o Tonkin, offe-

recendo solidas garantias para a

livre navegação do Rio Vermelho

e livre commercio na China me-

ridional.

Ijondres, 24, n.

Iloje na sessão da secção geo-

grapnica da Associação Britanni-

ca das Sciencias o sr. Johnston

leu uma carta de Stanley, datada

de Leopoldville aos 23 de julho,

na qual recommenda com instan-

cia que o governo inglez estabe-

leça o seu protectorado sobre os

chefes indígenas do Congo, para

não os deixar cair em poder dos portuguezes, o que seria o mesmo

que entregal-08 á escravidão.

Tjpographia do "Diário Ulnstrafo'

V, daQueftmada, IS

Qualidades garantidas

Examinem as amostras e pre-

ço antes de comprar n ou-

tra parte, lia depositos de

vinhos linos dos preços se-

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Dias, Elisa Xavier Dias Bastos, Francisco da Silva Bastos, Carlo-

ta Ramay Pinto e Henriqueta

Ramay, muito reconhecidos pelas

provas de estima aue receberam

no doloroso transe do passamento

de seu presado rçae, irmão e cu-

nhado o sr. Francisco Maria Dias,

servem se d'este meio, para fazer

um geral agradecimento a todas

as pessoas que lhes dispensaram

a honra de o acompanhar á sua ultima morada, assim como a to-

dos de quem receberam sentimen-

tos.

Não podem deixar de fazer pu-

blicar a sua eterna gratidão á As-

sociação dos Empregados no Com-

mercio e Industria, e Monte-Pio

Commercial pela maneira honro-

sa como solemnisaram tão respei-

toso acto.

Pedem desculpa de qualquer

falta involuntária nos agradeci-

mentos, ou extravio que houvesse

pelo correio.

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ALUGA-SE um bom 2.® andar

na rua da Prata, 219, trata-

se na rua do Amparo, 12, 1.® Convidamos os fumadores

para que experimentem as se-

guintes qualidades de tabaco

em tio, certos de qne entre

cilas encontrarão algum apro-

priada ao seu paladar:

Regalia fortíssimo.

Regalia forte.

Regalia entrc-forle.

Regalia fraco.

A venda nas principaes

tabacarias.

Cortiça

"IfENDE-SE uma porção que T está tirada e empilhada.

Quem pretender compral-a di-

rija-se a Antonio Pedro Sameiro,

em Montemór-o-Novo.

PUBLICAÇÃO QUINZENAL

VISTAS DE CIDADES, YILLAH E LOCARES MAIS CONHECIDOS DE PORTUGAL

IVÀO me escreveu porque? E' 11 vingança? Se soubesse o mal

que me faz! Que tentação eu hon-

tem tive^de me esquecer de tudo

e de lhe dar muitos beijos. Esta-

va tão perto!

VENDE-SE um luso-anglo de

5 annos, bem ensinado para

sella. Rua da Figueira, 11. Trata-

se na rua do Amparo, 12, 1.° ARTIGOS D E SCRIPT IVO S DE MANUEL PINHEIRO CHAGAS

Com o titulo de Portugal Pittoresco vamos emprefaender uma publicação, que estamoB convencidos, está destinada a obter o

maior êxito.

O Portugal Pittoresco fornecerá uma maguifica collecção de quadres a cores, proprios para sala e g&binete, verdadeira imita-

ção a oleo, representando todas as vistas e monumentos mais nota-veis de Portugal.

A vista ou monumento será acompanhado de quat.ro paginas de texto, impressas a duae côre3, com a sua competente capa, e de um

cartão onde a oleographia poderá ser coitada, poiendo o comprador que não quizer emoldurar oa quadro3 formar assim um esplendido

album.

A nossa publicação terá como se vê, dois fins de grande utilidade — o elegante adorno d'uma sala ou gabinete, ou então—um ma-

gnifico livro para cima de mesa que será sempre aberto com praser.

Damos em seguidi a reiaç^o dos quadres qae o 8r. Casanova pintou até agora e que s?rao dados regularmente de 15 em 15 diae

{Setúbal Braga Thomar Penafiel

Foz do Douro Ponte cia Barca Figueira da Foz Villa Real

Torre de Belem V. I*. de Famalicão Vizeu Valença do Minho

Torre do» Clérigos Barcello* Lamego Calda* de Vizella

Abrantes Castello d'Almorol Povoa de Varzim Caminha

Aveiro Arco* de Val-de Vez GNtremoz Cabeceira* de Basto

Constança Santarém Ponte do Lima Évora

Castello de Palmella Régua V. IV. da Cerveira Faro

Tianna do Castello Villa do Conde Bragança Elvas

Leiria Coimbra Santo Thyrso Lago»

filom Jesus do Monte Guimarães Pombal

Parte d'estes quadro?, já reproduzidos em oleotrraphias, estão «m nosso poder, podendo ser vistos todo? os dias no nosso escriptorio

das 10 ás 5 da tarde, onde cada aseignsnte on comprador poderá avaliar a pe* feição do trabalho, não só do illustre pintor o Sr. Casa

nova, como também e muito particularc-siníe, a excellente execução da cs-íh da Allem^nha, a primeira no seu genero, o que confirma o

seu acabamento.

"TM ecclesiastico, professsor

emerito de litteratura clas-

sica e de linguas modernas com

longa pratica pedagógica, e conhe-

cido por muitas das principaes fa-

mílias de Lisboa, recebe em sua

casa, na ma Nova da Trindade,

7, 3.°, um oudois meninos (irmãos)

de familia nobre, ou civil e abas-

tada, para dar lhes uma educação

completa1 ensinando-lhes, entre

outras coisas, a fallar bem e cor-

rentemente as linguas franceza e

italiana.

^oral-Cere

DE AYER '

L\yers Cherry Pectoral)

Cada numero conterá: — uma oicoj»rapina uieuiiiuu ou pur l\3 ceiuiiiieuos — paginas ue lexio

em portuguez, hespaiiliol, francez e inglez — Um cartão de 40 centímetros por 20—Ima capa

Sairá um numero no dia 15 e outro no dia 30 de cada mez.

Custo dc cada numero çor assignatura 300 réis—\yii\so 400 réis % T

Os assignantes de Lisboa e Porto poderão pagar ao distribuidor no acto da entrega.—03 aisigaantes das províncias e ilhas devem

mandar a importancia de dos ou mais nimeros adiantadameate.—Para as colonias «ortusçuezas regulam o? mesmos preços de 300 réis ca-

da numero (moeda forte), mas bó se i-.cceitam assignaturas, pagando-oe adiantadamente doze números —Nio so enviará numero algum som

que previamente se tenha recebido a sua importancia.—Os dois primeiros numero-», repreaent.ando um d'ellej a Cidade de Setúbal e

o outro a Foz do Douro* então promptoa e serão enviados a quem 03 requisitar.—A empresa dará aos seuo correspondentes e

aoB revendedores. 20 °/0 de emissão, quer sobre oa preços das assinaturas, quer sobre o preço doa cxímpWrea que tomarem avulso.

—O porte do correio, ou a conducção, tanto dos exemplares por assignatura como dos exemplares avulso, é à cuat* da empresa.—O cor-

respondentes deverão enviar a importancia do • ue receberem no fim de cada mes, cuspendeudo-se-lhe a remessa quando não cumprirem

com este dever.

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' que talvez visses no j. Por

isso estive no d. em p. c. Fui e vim pelo c., e não te vi. Agora só

no fim da semana, Quarta e quin-

ta estou no campo. Sempre cnnva

torrencial de contrariedades !

Espera-se de 26 a 28 do corrente,

para sahir depois da indispensá-

vel demora.

Para carga e passageiros trata

se no Caes do bodré, 64, 1.°

Os agentes E. Pinto Basto & C.»

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Assigna-se desde já para esta obra no escriptorio do PORTUGAL PITTORESCO

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Galicia a 2 de outubro. || Aconcagua a 30 de outubro

#Cotopaxi a 47 de outubro. li «Magellan a 44 de novembro.

#0s paquetes Cotopaxl e Magellan |farào escala, por P«r •

nambuco e Bahia para onde só recebem malas e passageiros.

Faz-se abatimento ás famílias que viajarem para os porto* £•;

Brazil e Rio da Prata.

A companhia acaba de reduzir os preçoa de passagens 01» Ht* oIan

se para Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro a 36£000 réis.

Na passagem de 3.* classe por estes magnifico»? vkoow, <*«fé \-a cluido vinho á hora da comida, cama, roupa, etc.

A bordo ha criados, cosinheiros portugueses * saedicot.

Para carga e passagens trata-se com os

Na próxima quinta feira

rifica-se a actual loteria

gueza.

Premio maior gSTE instituto, que acaba de fundar-sc, recebe alumnos internos,

semi-internos e externos, preparando-os para entrar nos lyceus, nas escolas superiores, no commercio, na agricultura, etc. Abertura

geral no dia 1 d'outubro. As matriculas jã estão abertas, e no escri-

ptorio do collegio se dão os estatutos ou quaesquer esclarecimentos.

O director gerente

Francisco Pereira Rebello.

No Porto

Vateo Ferreira Pinto Baste T^rjrn rin fí' Joio Ncvrt. 10.

Em Lisboa

s

OIARIO lJuLOSTKADO