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r f ¥ FUNDADOR: PEDRO CORRÊA DA SILVA TELEPHONE N.* 117 Segunda feira 26 de agosto de 1895 Editor responsável J. M.|Baptists de Carvalho AailfBSlnrsi eaa Lftsbos 1 mes... 300 réis Annuncios: linha, 20 rs.; 1.» & meies. 900 » pag., 100 ri.; corpo do jor- Avulso.. 10 » mal cosa travessão, 60 róis. Communicados s outros artigos,. coatractasi-se aa administrado. A FONTE DOS PASSARINHOS EM CINTRA caio entreveiu, porqne desmandos ha que nem mesmo ià> descnlpi- veis quando se volta do Senhor da Serra. das mulheres, coradas por an ex < cessosito de piogoinhs. O dia convidava para esia bam- bochata d'ar livre e vinhaça, por- < }ue # segando asseveram es gran- es amantes de Bacibo, o divino sammo da uva, que d'inverno squece, de verão refresca. Se a intensidade do refresco es- teve na razão d'recta do calor,— am sol de rachar pedras, hon- temf—não seria peqaeno o namo- ro de devotos do Senhor da Serra e de Baocho que gosaram a ame- nidade da noite estiraçados pelos restolhos qae mus â m&o enoon trassem, cosendo o sen vinho qua- si beatificamente e castigando oa seas corpos n'am tal despreso pe- la carne que poderia aloanhar se d'uncçSo de penitentes arrepen didos, se d'aqui a oito dias não provassem indubitavelmente qae o arrependimento não existira e qae, para elles, pouco representa a maceração do corpo, quando o estomago esteja bem replecto e a cabeça se incline para a terra, n'um balancear de espiga madura açoutada pelo vento. Consequentemente, as locandas de fóra de portas estiveram ás moscas, nâo tiveram frequentado res os bsiles campestres, e nas soirées a desanimação foi estu pante. Um dis perdido pars os salsi frés da capital. A' noite, de volts, houve os cos- tamsdos episodios. Ranchos chegavam, de braços entrelaçados, cantando ao desafio, n'uns esganiçsmsntos d'arrepiar. A's portas, a guarda fiscal como que os desnundava com o seu I elhsr de lynce, e qusndo oi fo- Theatros, theatros! Approxima-se o mes em que se costumam reabrir os theatros: se- tembro. Pois nada se sabe ao eerto so bre as futuras companhias! Apenas ama eipirança— a de que a distinctissima actris Lucin- da Simões consiga organisar am gropo de artistas. Do theatro, dito Normal, não sabemos coisa alguma. Quando reabre, com que peças conta, ori- ginaes ou traduzidas, que modifi cações fas no seu pessoal? O que nos disem da Trindade? Vem Sousa Bastos a tempo, é ex piorado por outra empresa, com que cantores e com que cantoras? Tudo interrogações... Pois se até nada podemos dizer do nosso querido e sympatbico Gymnasio! Apenas ouvimos, mas casta-nos a referir o que ouvimos... Ape nas ouvimos que é possivel e até provável que Valle não figure no elenco!! Vai a informação com dois pon tos admirativos apenas, quando podia e devia ir com quantos pos suimos nos caixotins, porque o Valle não se comprehende fóra do Gymnasio, nem o Gymnasio se comprehende sem o Valle. For- mam am todo, completam se. N'este ponto, ergamos os olhos em prece para qae o boato se des- vaneça! Tem o clou d'uma artista de pri meira ordem. Os olhos vivos, os dentes de neve, e o cabdlo aloirado, cahido y quasi tempre, pelos bem torneados nom- bro8 y dão lhe uma graça infinita, tornando-a a mulher predilecta do nosso thtatro. E quando faz timbrar a sua voz meiga e delicada, ou saltar os finos dedos pelas cordas de uma guitarra, acompanhando com versos improvisados chtios de graça, apai- xona todos t que a admiram e ap plaudem, sendo, por isso, immtnsos os seus admiradores. Como mulher, possue bello cara- cter, é caridosa, e se alguém pensa em organisar qualquer recita, a ella se dirige, pois ella lhe sabe dar immensa alegria com as suas engraçadíssimas cançonetas, em que é eximia. Canta o fadinho, seu canto pre- dilecto,, e sabe dar lhe a expressão que carece, a ponto de arrancar os 0pplau808 a todas as platéas. Além d'isso, é uma exp endida actriz, tanto na operetta, como na opera- comtca % Em fim, foi a alegria da Trinda- de na epocha passada. A. S. Está quasi a 11, o cambio do Brazil. Qae suba, ó o que desejamos ar- dentemente! Que subs, para que as formosís- simas brasileiras que por ahi ador- nam o nosso Portugal possam os- tentar oa brilhantes que o solo da sua patria alimenta, as sedas que t&o bem lhe emquadram a palli- dez. Que suba, para que de novo, pelo oceano fóra, se encontrem as as correntes de oiro fecundante, os navios carregados, essas arté- rias da vida, por onde as duas na- ções se correspondiam, abraçan- do-se. Qae suba, para que as carava- nas de brasileiros qae crasavam, animavam e enriqueciam o nosso pais, continuem a vir procurar um sol tão alegre como o seu, ou vindo em voz de colibri o rouxi- nol, e em voz da viração salgada da mais formosa das bahias o mur- murar plangente do mais poético dos rios. Que subs, emfim, e qae se dei- xe fiosr pelss sltaras! Beatriz e Valle A sempre formosa actriz, estrel- la do Gymnasio, e Valle, o grande aotor comicc, aprestam so para em breve irem dar algans cape ctscalos em Cascaes. Que a colonia balnear, anciosa de divertimentos, aguçando o appetite. \Jr' padre da freguesia K' janota, mas caidado, Porque ás vezes o pastor Tambam leva co o cajado. A fonte dos Passarinhos em Cintra O caminho de ferro despoetisoa b bella Cintra d'oatros tempos, •roubando lhe grande parte do seu enoanto. Entrar ali ao romper d'alva,em tipóia, pelo Ramalh&o, depois de se ter feito a paragem do estylo no Cacem, era um deslumbramen- to. Seguir depois até á Fonte dos Passarinhos e beber um copo d'a- quella agua incomparável, sem ninguém nes acotovellar, tranqui- lamente, gosando o fresco da ma nbã á vontade, era uma delicia. Hoje, é raro visitar se Cintra de csrruagem e encontrar-se a Fonte dos Passarinhos deserta. A tercei- ra classe dos comboios despeja ali, a toda a hora, uma turba-malta que espanta os passarinhos, que nos incommods, e que tem conse- guido desenoantar a encantada e velha fonte da nossa gravura. Se fosse possivel voltar aos an- tigos tempos, que bom era! D Clarimunda Emma Anda a faser um poemeto, Que vale mais que um poema, Em que tomou para thema As glorias do Gato Preto. Boa da Victoria 0 dia de bontem Bellas attrabiu bontem toda es parte da população alfacioba que costuma pandegar dominical mente. Logo de manhãsinha, car roças preparadas de vespera, de cavallos enfeitados de fitas e fio res, seguiram por essa cidade ra, campainhando alegremente. Famílias compactas abandona ram os lares, e, de filhos n'um bra- ço e farnel no outro, foram pa- gar o fôro annual ao Senhor da Serra:-patuscada ao ar livre com vinho em abandancia que permittisse reboladellas na relva, por entre as gargalhadas agudas liões passavam emfim, algum mais atrevido voltava-se para os soldados, e dizia-lhe, na intimida- de que é apanagio dos dois grãos na asa: —O' coisa, então eu não psgo nada pelos cinco litros que aqui levo? E batia arrogantemente no es- tomago. Gargalhadas, bravos, vi vas, ovação estrondosa ao gracio so requentado. E o rancho seguia, desfazendo se pouco a pouco:—um que ia pa- ra casa, oatro que não estava pa- ra mais, um outro que tinha de faser. E a policia, a paciente policia que tanto supports, em altimo In peasmeeto p«r dia De Montegasza: —«As ausên- cias premeditadas são boas para conservar o amor». Mas se vae todo o effeito, logo que se descobre a arte da representação. A' roda d* «Pisara» —Que me dizes? perguntava certo actor a um amigo. Querem me escriptarar para faser primei- ros gal&s: ac3eito? —Acceita, é ama experiencia. Assim como assim, para os segui dos ta sabes qae não serves. Pérolas litterarias No desencontro em qae andámos Fugiu o tempo, esvaiu se; Se era destino, faltámos, Se foi um dever, cumpriu-se. O resto é Descer á terrs, Cahir no pó. Fernandes Costa. (Do Poema do Ideal). Abriu provisoriamente em Beja o albergue D. Marianna, com que o sr. visconde da Boa Vista dotou aquella cidade. Q íanto custa a passar a vida, de dôres e maguas desprendida, eicrever em phrase aprimorada, sempre de luva branca calçade, aBiim como ao correr da penna, que a dura critica não condemna. No albnm d'uma dama Rabiscar no livro d'uma dama, é misião assas diffijultosa, Be ella ternus almas inflamma, como nos jardins a branca rosa. Q'importa que seja israelita, embora pequena, mas bonita? com admiradores a seus pés, crente da sabia lei de Moysés. Que ensejo tão afortunado... para o seu servo dedicado! A proposito d'uma penna «—Qu'y-a-til de plus léger qu'une plume? «—La poussière. «—Et de plus léger que la pous sière? «—Ls vent. «—Et de plus léger que le vent? «—La femme. «—Et de plus léger que la femme? «—Rien. Eu não eitou d'accordo. A proposito da infausta morte da lilba do sr. Conde de Fi- calho A minha Nereide, enternecida, lhe fez estes sentidos versos: D'onde vêm estes gemidos. d'8quella serra d'alem; cites ais enternecidos que de p'ra aqui vem? Sinto os eohos dos sinos da poética villa d'alem; da terra são os destinos, que no mar echoam também. Partiu se a alma gentil, definida por Camõas; ob prantos aqui são aos mil, ,.opprimindo os corações. Foi para o oéo, d'onde era, corpo gentil animando, ainda na primavera, ficando nói soluçando!!!... Cascaes, 23-8—96. Adgubto Jobó. Correspondência Bliadamanto-Já que não foi para o limbo; as outras sim, porque tomavsm os assump- tos demasiadamente a serio. Está enganado com os pseudonymos de Manuel Colyteu, Vivalva, Pied de Libure e Eva. Não pertencem á illastre senhora a quem os attri- bue. —3E.—Em termos. —Ciamln—Scientes. —li. li.—Se estiverem em termos, serão publicados, quando lhes chegar a ves. —<1 a-FIu—Apartado para se publicar. —Zé Pimento—Limbo, pa- ra que não chame patetinha a uma nossa gentil collaboradora. Pela letra, é o mesmo que em tempo se dirigia á sr.* Vivalma. —Pied de Uèvre—Fsça favor mande mais Notas Munda- nas, que estavam sendo muito apreciadas. —Eosenie-Por toda a se- mana será publicado o seu artigo na secção—Litter a tura femenina. E quando levanta o vêo? Má, com esse mysttrio para quem tem por divisa esta phrase franceza—Faire sans dire. —«J. S. P.—Desculpe-nos de ainda não termos respondido á sus carta. Procuramos opportunidude, e antes d'isso conversaremos. Em quanto á correspondences, bem ve que é desagradavel para alguém, o que não está no pro- grsmma do jornal. —Edgar—Não, porque Cas- caes não merece os remoques. Es- pere, e verá. -J. O. C.—Ha de soffrer al- gumas modificações. Canta o ciúme! Pois metteu se com boa vibora. F. M. CJ # —Apparecerá bre- vemente. —Barão—Irá, quando lhe chegar o dia. —A. P. St—Ers me- lhor apparecer para conversarmos. Prestarsm juramento para oa Jo- gares de 2 oa aspirantes da alfan- dega os 3 °' aspirantes Edoardo May d'Oliveira e Leopoldo Tava- res Cardoso, classificados com a nota de bom no concurso alli rea- lisado ha tempos. Os 3. 0< aspirantes que tomaram posse, entraram em serviço. REVISTA ALEGRE Logo ao romper da manhã, Carroças, gente, moçoilas, Por entre as rubras papoils», Saltando montes de terra, Pulando em doida alegria. Vão todos em romaria Até ao Senhor da Serra! Eu sou a canninha verde! Eu sou a verde canninhal Salpicadinho de amor, E de amor salpicadinha! A' sombra dos arvorados, Por entre ffritss e danças. Sadiaa, soltas as tranças, Cacncpas, corando a medo, Oavem—qnem é qae resiste! Ao som da guitarra triste, Vozcb cantando em segredo: A perdiz onda no matto Depenicando httxinhos. Também eu depen*cava Da tua bocca beijinhos... Encostados uns sos outros Voltam á noite os romeiros. Vê® atras os piteireiros, Vêm á frente as rspsrigss; E ao longe, pelas chspadss, Escurss e socegadas, Ouvem-se ainda as cantigas: Eu sou a canninha verde! Eu sou a verde canninhat Salpicadinha de amor, E de amor salpicadinha. O'hi ôhai Quem escorrega também cahe.. Mossió. 24.° anno Asslfaatwas mmu frsviaelas 8 meses, pagasscate adiantado.? 1JI&0 A correspondência sobro a administração, a Rodrigo de Mello Carneiro Zagallo. Numero 8:056

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FUNDADOR: PEDRO CORRÊA DA SILVA

TELEPHONE N.* 117

Segunda feira 26 de agosto de 1895

Editor responsável J. M.|Baptists de Carvalho

AailfBSlnrsi eaa Lftsbos

1 mes... 300 réis Annuncios: linha, 20 rs.; 1.»

& meies. 900 » pag., 100 ri.; corpo do jor-

Avulso.. 10 » mal cosa travessão, 60 róis.

Communicados s outros artigos,. coatractasi-se

aa administrado.

A FONTE DOS PASSARINHOS EM CINTRA

caio entreveiu, porqne desmandos

ha que nem mesmo ià> descnlpi-

veis quando se volta do Senhor

da Serra.

das mulheres, coradas por an ex <

cessosito de piogoinhs.

O dia convidava para esia bam-

bochata d'ar livre e vinhaça, por- <

}ue# segando asseveram es gran-

es amantes de Bacibo, o divino

sammo da uva, que d'inverno

squece, de verão refresca.

Se a intensidade do refresco es-

teve na razão d'recta do calor,—

am sol de rachar pedras, hon-

temf—não seria peqaeno o namo-

ro de devotos do Senhor da Serra

e de Baocho que gosaram a ame-

nidade da noite estiraçados pelos

restolhos qae mus â m&o enoon

trassem, cosendo o sen vinho qua-

si beatificamente e castigando oa

seas corpos n'am tal despreso pe-

la carne que poderia aloanhar se

d'uncçSo de penitentes arrepen

didos, se d'aqui a oito dias não

provassem indubitavelmente qae

o arrependimento não existira e

qae, para elles, pouco representa

a maceração do corpo, quando o

estomago esteja bem replecto e a

cabeça se incline para a terra,

n'um balancear de espiga madura

açoutada pelo vento.

Consequentemente, as locandas

de fóra de portas estiveram ás

moscas, nâo tiveram frequentado

res os bsiles campestres, e nas

soirées a desanimação foi estu

pante.

Um dis perdido pars os salsi

frés da capital.

A' noite, de volts, houve os cos-

tamsdos episodios.

Ranchos chegavam, de braços

entrelaçados, cantando ao desafio,

n'uns esganiçsmsntos d'arrepiar.

A's portas, a guarda fiscal como

que os desnundava com o seu

I elhsr de lynce, e qusndo oi fo-

Theatros, theatros!

Approxima-se o mes em que se

costumam reabrir os theatros: se-

tembro.

Pois nada se sabe ao eerto so

bre as futuras companhias!

Apenas ama eipirança— a de

que a distinctissima actris Lucin-

da Simões consiga organisar am

gropo de artistas.

Do theatro, dito Normal, não

sabemos coisa alguma. Quando

reabre, com que peças conta, ori-

ginaes ou traduzidas, que modifi

cações fas no seu pessoal?

O que nos disem da Trindade?

Vem Sousa Bastos a tempo, é ex

piorado por outra empresa, com

que cantores e com que cantoras?

Tudo interrogações...

Pois se até nada podemos dizer

do nosso querido e sympatbico

Gymnasio!

Apenas ouvimos, mas casta-nos

a referir o que ouvimos... Ape

nas ouvimos que é possivel e até

provável que Valle não figure no

elenco!!

Vai a informação com dois pon

tos admirativos apenas, quando

podia e devia ir com quantos pos

suimos nos caixotins, porque o

Valle não se comprehende fóra do

Gymnasio, nem o Gymnasio se

comprehende sem o Valle. For-

mam am só todo, completam se.

N'este ponto, ergamos os olhos

em prece para qae o boato se des-

vaneça!

Tem o clou d'uma artista de pri

meira ordem.

Os olhos vivos, os dentes de neve,

e o cabdlo aloirado, cahidoy quasi

tempre, pelos bem torneados nom-

bro8y dão lhe uma graça infinita,

tornando-a a mulher predilecta do

nosso thtatro. E quando faz timbrar

a sua voz meiga e delicada, ou saltar

os finos dedos pelas cordas de uma

guitarra, acompanhando com versos

improvisados chtios de graça, apai-

xona todost que a admiram e ap

plaudem, sendo, por isso, immtnsos

os seus admiradores.

Como mulher, possue bello cara-

cter, é caridosa, e se alguém pensa

em organisar qualquer recita, a

ella se dirige, pois só ella lhe sabe

dar immensa alegria com as suas

engraçadíssimas cançonetas, em que

é eximia.

Canta o fadinho, seu canto pre-

dilecto,, e sabe dar lhe a expressão

que carece, a ponto de arrancar os

0pplau808 a todas as platéas. Além

d'isso, é uma exp endida actriz,

tanto na operetta, como na opera-

comtca%

Em fim, foi a alegria da Trinda-

de na epocha passada.

A. S.

Está quasi a 11, o cambio do

Brazil.

Qae suba, ó o que desejamos ar-

dentemente!

Que subs, para que as formosís-

simas brasileiras que por ahi ador-

nam o nosso Portugal possam os-

tentar oa brilhantes que o solo da

sua patria alimenta, as sedas que

t&o bem lhe emquadram a palli-

dez.

Que suba, para que de novo,

pelo oceano fóra, se encontrem as

as correntes de oiro fecundante,

os navios carregados, essas arté-

rias da vida, por onde as duas na-

ções se correspondiam, abraçan-

do-se.

Qae suba, para que as carava-

nas de brasileiros qae crasavam,

animavam e enriqueciam o nosso

pais, continuem a vir procurar

um sol tão alegre como o seu, ou

vindo em voz de colibri o rouxi-

nol, e em voz da viração salgada

da mais formosa das bahias o mur-

murar plangente do mais poético

dos rios.

Que subs, emfim, e qae se dei-

xe fiosr pelss sltaras! Beatriz e Valle

A sempre formosa actriz, estrel-

la do Gymnasio, e Valle, o grande

aotor comicc, aprestam so para

em breve irem dar algans cape

ctscalos em Cascaes.

Que a colonia balnear, anciosa

de divertimentos, vá aguçando o

appetite.

\Jr' padre da freguesia

K' janota, mas caidado,

Porque ás vezes o pastor

Tambam leva co o cajado.

A fonte dos Passarinhos

em Cintra

O caminho de ferro despoetisoa

b bella Cintra d'oatros tempos,

•roubando lhe grande parte do seu

enoanto.

Entrar ali ao romper d'alva,em

tipóia, pelo Ramalh&o, depois de

se ter feito a paragem do estylo

no Cacem, era um deslumbramen-

to.

Seguir depois até á Fonte dos

Passarinhos e beber um copo d'a-

quella agua incomparável, sem

ninguém nes acotovellar, tranqui-

lamente, gosando o fresco da ma

nbã á vontade, era uma delicia.

Hoje, é raro visitar se Cintra de

csrruagem e encontrar-se a Fonte

dos Passarinhos deserta. A tercei-

ra classe dos comboios despeja ali,

a toda a hora, uma turba-malta

que espanta os passarinhos, que

nos incommods, e que tem conse-

guido desenoantar a encantada e

velha fonte da nossa gravura.

Se fosse possivel voltar aos an-

tigos tempos, que bom era!

D Clarimunda Emma

Anda a faser um poemeto,

Que vale mais que um poema,

Em que tomou para thema

As glorias do Gato Preto.

Boa da Victoria

0 dia de bontem

Bellas attrabiu bontem toda es

parte da população alfacioba

que costuma pandegar dominical

mente. Logo de manhãsinha, car

roças preparadas de vespera, de

cavallos enfeitados de fitas e fio

res, seguiram por essa cidade fó

ra, campainhando alegremente.

Famílias compactas abandona

ram os lares, e, de filhos n'um bra-

ço e farnel no outro, lá foram pa-

gar o fôro annual ao Senhor da

Serra:-patuscada ao ar livre

com vinho em abandancia que

permittisse reboladellas na relva,

por entre as gargalhadas agudas

liões passavam emfim, algum

mais atrevido voltava-se para os

soldados, e dizia-lhe, na intimida-

de que é apanagio dos dois grãos

na asa:

—O' coisa, então eu não psgo

nada pelos cinco litros que aqui

levo?

E batia arrogantemente no es-

tomago. Gargalhadas, bravos, vi

vas, ovação estrondosa ao gracio

so requentado.

E o rancho seguia, desfazendo

se pouco a pouco:—um que ia pa-

ra casa, oatro que não estava pa-

ra mais, um outro que tinha de

faser.

E a policia, a paciente policia

que tanto supports, só em altimo

In peasmeeto p«r dia

De Montegasza: —«As ausên-

cias premeditadas são boas para

conservar o amor».

Mas lá se vae todo

o effeito, logo que se

descobre a arte da

representação.

A' roda d* «Pisara»

—Que me dizes? perguntava

certo actor a um amigo. Querem

me escriptarar para faser primei-

ros gal&s: ac3eito?

—Acceita, é ama experiencia.

Assim como assim, para os segui

dos já ta sabes qae não serves.

Pérolas litterarias

No desencontro em qae andámos

Fugiu o tempo, esvaiu se;

Se era destino, faltámos,

Se foi um dever, cumpriu-se.

O resto é só

Descer á terrs,

Cahir no pó.

Fernandes Costa.

(Do Poema do Ideal).

Abriu provisoriamente em Beja

o albergue D. Marianna, com que

o sr. visconde da Boa Vista dotou

aquella cidade.

Q íanto custa a passar a vida,

de dôres e maguas desprendida,

eicrever em phrase aprimorada,

sempre de luva branca calçade,

aBiim como ao correr da penna,

que a dura critica não condemna.

No albnm d'uma dama

Rabiscar no livro d'uma dama,

é misião assas diffijultosa,

Be ella ternus almas inflamma,

como nos jardins a branca rosa.

Q'importa que seja israelita,

embora pequena, mas bonita?

com admiradores a seus pés,

crente da sabia lei de Moysés.

Que ensejo tão afortunado...

para o seu servo dedicado!

A proposito d'uma penna

«—Qu'y-a-til de plus léger

qu'une plume?

«—La poussière.

«—Et de plus léger que la pous

sière?

«—Ls vent.

«—Et de plus léger que le vent?

«—La femme.

«—Et de plus léger que la

femme?

«—Rien.

Eu não eitou d'accordo.

A proposito da infausta morte

da lilba do sr. Conde de Fi-

calho

A minha Nereide, enternecida,

lhe fez estes sentidos versos:

D'onde vêm estes gemidos.

d'8quella serra d'alem;

cites ais enternecidos

que de lá p'ra aqui vem?

Sinto os eohos dos sinos

da poética villa d'alem;

da terra são os destinos,

que no mar echoam também.

Partiu se a alma gentil,

definida por Camõas;

ob prantos aqui são aos mil,

,.opprimindo os corações.

Foi para o oéo, d'onde era,

corpo gentil animando,

ainda na primavera,

ficando nói soluçando!!!...

Cascaes, 23-8—96.

Adgubto Jobó.

Correspondência

Bliadamanto-Já vê que

não foi para o limbo; as outras

sim, porque tomavsm os assump-

tos demasiadamente a serio. Está

enganado com os pseudonymos de

Manuel Colyteu, Vivalva, Pied de

Libure e Eva. Não pertencem á

illastre senhora a quem os attri-

bue.

—3E.—Em termos.

—Ciamln—Scientes.

—li. A» li.—Se estiverem em

termos, serão publicados, quando

lhes chegar a ves.

—<1 a-FIu—Apartado para se

publicar.

—Zé Pimento—Limbo, pa-

ra que não chame patetinha a uma

nossa gentil collaboradora. Pela

letra, é o mesmo que em tempo se

dirigia á sr.* Vivalma.

—Pied de Uèvre—Fsça

favor mande mais Notas Munda-

nas, que estavam sendo muito

apreciadas.

—Eosenie-Por toda a se-

mana será publicado o seu artigo

na secção—Litter a tura femenina.

E quando levanta o vêo?

Má, com esse mysttrio para

quem tem por divisa esta phrase

franceza—Faire sans dire.

—«J. S. P.—Desculpe-nos de

ainda não termos respondido á sus

carta. Procuramos opportunidude,

e antes d'isso conversaremos.

Em quanto á correspondences,

bem ve que é desagradavel para

alguém, o que não está no pro-

grsmma do jornal.

—Edgar—Não, porque Cas-

caes não merece os remoques. Es-

pere, e verá.

-J. O. C.—Ha de soffrer al-

gumas modificações.

Canta o ciúme! Pois metteu se

com boa vibora.

— F. M. CJ#—Apparecerá bre-

vemente.

—Barão—Irá, quando lhe

chegar o dia.

—A. T» C» P. St—Ers me-

lhor apparecer para conversarmos.

Prestarsm juramento para oa Jo-

gares de 2oa aspirantes da alfan-

dega os 3 °' aspirantes Edoardo

May d'Oliveira e Leopoldo Tava-

res Cardoso, classificados com a

nota de bom no concurso alli rea-

lisado ha tempos.

Os 3.0< aspirantes que tomaram

posse, já entraram em serviço.

REVISTA ALEGRE

Logo ao romper da manhã,

Carroças, gente, moçoilas,

Por entre as rubras papoils»,

Saltando montes de terra,

Pulando em doida alegria.

Vão todos em romaria

Até ao Senhor da Serra!

Eu sou a canninha verde!

Eu sou a verde canninhal

Salpicadinho de amor,

E de amor salpicadinha!

A' sombra dos arvorados,

Por entre ffritss e danças.

Sadiaa, soltas as tranças,

Cacncpas, corando a medo,

Oavem—qnem é qae resiste! —

Ao som da guitarra triste,

Vozcb cantando em segredo:

A perdiz onda no matto

Depenicando httxinhos.

Também eu depen*cava

Da tua bocca beijinhos...

Encostados uns sos outros

Voltam á noite os romeiros.

Vê® atras os piteireiros,

Vêm á frente as rspsrigss;

E ao longe, pelas chspadss,

Escurss e socegadas,

Ouvem-se ainda as cantigas:

Eu sou a canninha verde!

Eu sou a verde canninhat

Salpicadinha de amor,

E de amor salpicadinha.

O'hi ôhai

Quem escorrega também cahe..

Mossió.

24.° anno

Asslfaatwas mmu frsviaelas

8 meses, pagasscate adiantado.? 1JI&0

A correspondência sobro a administração, a

Rodrigo de Mello Carneiro Zagallo.

Numero 8:056

Page 2: AailfBSlnrsi eaa Lftsbos - purl.ptpurl.pt/14328/1/j-1244-g_1895-08-26/j-1244-g_1895-08-26_item2/j...das mulheres, coradas por an ex < ... A' noite, de volts, houve os cos- ... que

A1' IO IIi r »

A resistencia

Realisa-am-se hontem os comi-

cio3 da commissão de resistencia

Sue não resiste a cousa alguma;

a commi8s5o eleita pelos repre-

sentantes de 26... das 260 Ca-

maras municipaes do paiz.

Ao que hontem se passou em

meia dúzia de terras da Beira,

Minho e Alemtejo, combinou-se,

convencionou-8e chamar—eccos

da opinião publica. Gomo se lhe

poderia chamar outra qualquer

cousa.

A' excepção de Fornos, que foi

um pouco feroz, tudo se passou

em boa paz Rhetorica comesinha,

que não faz mal a ninguém.

No facto ha porém, a considerar

o direito de representação. Esse é

sagrado, e bom é que os poderes

constituídos ouçam todas as re-

clamações e as attendam no que

fôr de justiça.

Mas se porventura as represen-

tações vierem no estylo da re-

presentação projecto, que aqui

apreciámos nas suas audacias,

nas suas falsidades de historia e

de doutrina, e na sua insuficiên-

cia de graminatica, será bom que

o governo as não deixe chegar ao

chefe do Estado.

As falsidades da doutrina e

historia passam, porque deve'ser

consentida uma certa liberdade á

presumpção; a grammatica tam-

bém nos parece que não é exigi ia

no respeito que se dove á aucto-

ridade; mas em quanto ús auda-

cias e atrevimentos, a essa facili-

dade com que se enviam ao Rei

artigos de fundo, orientados pelos

de certa imprensa—alto lá!

Ahi, diremos ao governo, que

tire toda a força, que lhe resulta,

primeiro da sua hoarada adminis-

tração e depois dos desvarios

contiouados da3 facções e indiví-

duos que o combatem, para aca-

bar de vez com este 8ystema,que

só entre nó3 existe de represen-

tar em tom de descompostura. Se

o fizer, prestará mais um grande

serviço a este paiz, embora a ja-

cobinagem icnbe;il grite para ahi,

enrouquecendo, que se cerceiam

os direitos constitucionaes. Para

o mais simples requerimento ha

uma formula tradiccional de des-

pacho, quando se não pede con-

venientemente: requeira em ter-

mos. Mais se impõe, decerto, es-

ta formula para as representações

dirigidas ao chefe da nação.

Pode-se representar conve-

nientemente: deduzindo argu-

mentos, estabelecendo factos,

apontando razões. ISo caso sujei-

to, muito podem auctorisar a esta-

tística e a geographia. Assim

comprehende-se; mas vir-se, co-

mo se vinha no projecto de re-

presentação, com uma queatão de

politica geral—o que 6 o menos

—mas em fórma audaciosa de

homens bons avariados pela poli-

tiquice em attitudes desrespeito-

sas perante quem tem todo o di-

reito ao respeito máximo, o que

é o mais, não é comprehensivel,

por nossa parte, sempre cohe-

rentes em pedir qae a força da

auctoridade obrigue todos a oc-

cuparem os logares que lhes

pertencem.

387

FOLHETIM

JULES CARDOZE

O SINEIRO

SAINT-MERRY

TERCEIRA PARTE

VII

A ambição

(Lostisiado do aumero 8:055)

Vendo-o entrar, a desditosa se-

nhora, levantoa-se para ir ao en

contro d'elle.

—Então? perguntou ella ancio

sa.

—Entendi-me com a pessoa

qae habita esta casa, para qae

«stejaea sqai em toda a segu-

rança.

—Mas qae soubestes? interro-

gou Magdalene, que acreditava,

como lhe havia sffi mado o aeu

companheiro, que a oondutia pa-

Pela politica

e pela administração

Quer o Commercio de Portugal,

e nói desejamos tambsm o que

elle quer, que os comicios man

dem delegados á Coroa, a dizer-

lhe a verdade e ió a verdade.

Pois venham com esta verdade^

que não pode deixsr de ser eata:

que o paiz applaude um governo

que se\desinteresBa da politica para

fazer administração, e que sente e

manifesta o desprezo mats aviltan-

te pelos que pretendem, com a poli

tic a, impedir que se administre co-

mo as circumstoncias o exigem.

• •

Bom conselho do Economista:

«Os povos comprehendem a con-

veniência que lhes resulta, sem cer-

ceamento de vantagens e commo-

didades, e em geral com augmento d'ellas, de occorrerem com menores

sacrifícios ás despezas da adminis-

tração e da justiça.

•N'estas circumstancias o que era

de bom conselho é que os jornaes

prsgressistas fizessem o mesmo que,

segundo parece, tem feito o seu il-

lustre chefe: reconhecerem que a

remodelação concelhia e comarca

era uma necessidade, que o gover-

no estava prestando um serviço a

todos os partidos realisando-a n'este

momento, e não andarem todos os

dias a expectorar ameaças balofas,

que fazem rir toda a gente e são

uma prova pouco agradavel da nos-

sa maneira insensata de fazer poli-

tica.»

O conselho é excellente, é opti-

mo, maa perde-se n'squelle deser-

to, em que apenas se faiem ouvir

as voses do faccionismo estreme.

Parece terem-se debellado por

completo os receios de revolta na

Gorcngosa, por terem sido presos

os cabeças de motim Cambuemba

e Caetano de Sousa.

—Continuam as reunidas para

o fim da fasão das companhias de

Moçambique e da Zambesia.

—Agora anda fazendo o giro

dos jornaes progressistas da pro-

víncia a noticia de que vamos ter

uma situação presidida pelo sr.

Julio de Vilhena!

-PORTO, 25, á 1 da t.—Ao

Diário Ulustrado.

O comioio hcj 0 presidido pelo

Visconde da Fragozella, approvou

a representação a El Rei, pedindo

revogação do decreto de 1 de se-

tembro de 1894, na parte que tri-

buta o vinho produsido dentro das

barreiras.

a ^ M.

Pelo estrangeiro

Noticias e telegrammas

Um hospede Importuno

Conforme opportunamente no-

ticiámos, chegou ba tres meies a

Inglaterra o Sbabiada, filho se-

gundo do Emir do Afghanistan,

com a misião especial de visitar

a Rainha Victoria em nome de seu

pae, e de solemniaar a alliença

existente entre a Gran Bretanha t

aquelle remoto principado da

Asia.

O Shabiada, rapaz de côr mo

rena pronunoiadiísima, nariz rec

tilinio e olhar melancholico, foi

recebido nas palminhas. Em sua

honra houve paradas e recepções

officiaes. Os municípios de Lon-

drea e das demais povoações que

visitou, offoreceram lhe bailes,

j.-ntares o festas principescas. A

aristocracia disputava-o. Toda a

gente desejava que o Príncipe

afgbano voltasse ao seu pais com

a impressão de que a Inglaterra é

o povo mais rico, maia poderosos

a mais hospitaleiro do mundo. O

Shahzada foi, n'uma palavra, o

leão da season, e os jornaes con

sagravam todea os dias moitas

columnss de prosa á narrativa

des seus mininos actos.

Entretanto, notou-se a brevo

trecho que o moreno Principe pa

reoia idiota. A primeira vei que

fallou em publico, respondendo a

um discurso do lord corregedor,

limitou-8e a proferir esta phrase

banal: «Sou o filho segundo do

Emir do Afghanistan, e vim aqui

testemunhar a profanda estima

que meu pae vota a este pais».

Na noite d'aquelle mesmo dia,

respondendo a um brinde que lhe

foi feito, repetiu exactamente as

mesmiisimas palavras. No dia se-

guinte, idem; no immediato, idem;

e desde que está em Inglaterra

não disse ainda outra coisa. Via-

jou pelas províncias, e a todos

quantos por lá lhe dirigiam a pa-

lavra, impingia invariavelmente o

conhecido estribilho: «Soa o filho

segando do Emir do Afghsniitan,

etc »

Os inglezes supportavam-n'o a

principio, julgando que a sua de-

mora em Inglaterra fosse apenas

questão d'alguDB diss. Mas passa-

ram-se semaaas, decorreram me

zes, e o Shabzada não ae vae, de-

vendo notar se que o Thesouro da

índia ó quem paga a viagem do

Principe, e que o alojamento de

S. A. o do seu séquito em Dor-

chester House, e as suas peregri

nações pelas provinciaa importam

n'uma continha calada.

Hoje, ninguém faz caso d'elle

no Reino Unido, e deixuu de ser

o homem da moda. A aristocracia

fechou lhe as portas; 08 jornaes

não fallsm da sua pessoa nem

pouco neoi muito; nos centros of

ficiaes tratam-n'o como a um cão,

e a faooilia Real não lhe dá a me

nor ivportancia.

Apcsar d'isto, porém, 8. A. gos-

ta da Inglaterra, e vae ficando.

No Parlamento houve já doas

ou tres perguntas écerca da cifra

a que montam as despesas feitas

com tão maçador hospede, e so-

bre se este tem ainda alguma coi

sa que fazer em Londres. Entre-

tanto, o Shabzada não se dá por

entendido, e... moita. O governo

não sabe já o que ha de faz;r pa-

ra que elle se aafe, e os inglezes

estão fulos, com rasão.

Aquilio não é um Shahzads: é

uma csrreç*!

Paris, 24, t.

0 sr. Giokourtz, eh fe da casa

bancaria de Rouchild. da rua Laffi-

te, abrindo hoje, depois do meio

dia, ema carta dirigida pessoalmen-

te ao Barão de Rotschild, ella con-

tinha um fulminante collocado en-

tre dois cartões, havendo explosão

do fulminante e ficando o sr. Gio-

kourtz ferido n'um olho e na extre-

midade da mão direita. 0 auctor do

attentado é desconhecido.

ra junto de indivíduos, os únicos,

que podiam esclarecei-a sobre o

logar onde se achava a sua filha.

Sim, proseguiu animando se, con-

senti em vos seguir confiando na

promessa quo me tínheis feito.

—Compril a-hei, senhora, affir-

mou Mordicus.

—Minha filha? perguntou a in

feliz mãe cujo espirito tresvaria-

va agora.

—Por emquanto só posso pro

metter-vos que a encontrareis.

—Se sabeis onde ella está, por-

que tardais em dizer m'o? Náo vê-

des as minhas angustias, não vê

des que a desesperação me inva-

de a alma? Minha filha!... Qaero

a minha filha!

A mulher do chaveiro, a pedido

do gascão, retirara-se para a co

sinba afiro de deixar Mordicus fa-

lar livremente com a joven senho-

ra

O fcescão poude, pois, deixar Ma-

gdalena exhalar a sua dor e le

vsntar a voa no excesso da exal-

tação.

Esperou que tivesse passado o

primeiro acoesso de desesperação

para responder áquella que lhe

fallava com extrema vebemencia.

—Recebi o encargo d'aquelle

que manda, cujo poder e vontade

Sem eira nem beira...

Parte-se noa a alma ao contai c:

Um pobre clarim d'um doa re-

gimentos de cavall«ria de Lisboa,

essou. D'ahi a tempos, não ba

muitas meses, a mulher deu lhe

uma fiibinhB, maa o parto ia cus

tando a vida á deaventurada. So-

breveio uma fabre puerperal. Sem

meios para oscorrer ás despezas

extraordinarias occesionadas n'es

te duro transe, o infeliz militar

Eerdeu a ncção do dever e do

rio, apoderando se d'algnns arti-

gos de vestuário d'um seu cama-

rada, e indo empenhai oa.

Instaurou se o processo. As jus

tiçaa militares, qae são inexora

veis, condemnaram tontem o de-

linquente á pena de trinta mezes

de cárcere. Tanto monta dizer

que a mulher e a filhinha d'aquel-

le desgraçado—uma creança di

poucos me. es—luctarão, durante

esse largo período, com todos os

horrores da fjme e da miséria.

A'quella que em Lieb)a exerce

prodigamente a caridade, insti-

tuindo cróches, estabelecendo asy-

los, e creando cosinhas económi-

cas, á nobilíssima fidalga, que é

a protectora desvelada de todas

as creançis sem pão, vimoa pedir

a esmola d'um abrigo onde se

acoite a miaera creancinha hoje

sem amparo.

A's nossas bondosíssimas assi

gnante8 e leitoras, que nuncam

deixam de ouvir o app 11o aqui

formulado em favor de todos os

infelizes, supplicamos um auxilio

e um balsamo para oa infortúnios

d'aqaella triste aãe

Coama se a infortunada Maria

da Conceição Neves, e mora, ain-

da até hcj a por esmola, na rua

das Freiras, Becco Víçjso, em

Belem.

Da anonyma F. S 200 réis

Senhor da Serra

Pelo caminho de ferro o movi-

mento de bontem para Bellas foi

superior a 12:000 paesageiros, aa-

bidoa pelas estações de Santa Apo-

lonia, Rooio e Alcantara Terra.

Do ramal de Cascaes também

foi muita gente a Bellas com os

bilhetea baratos.

Em Bellas o movimento de com-

boios, entrados e sabidos, foi de

60, e na central do Rocio excedeu

100!

Felizmente tudo correu na me-

lhor ordem, o que nos apraz regis-

trar.

Ladroes sacrílegos

Ultimamente penetraram oi la-

rápios na capella privativa que a

Misericórdia de Braga p uae no

cemiterío publico, roubaBdo d'ali

alguns canos de metal na impor-

tância de ana 18£000 réis.

(iíauai).

Missa campal

Sua Ex.,Rev.B,1o Sr. Arcebispo

Primas, dignou ae conceder licen

ça para ae celebrar missa campal

no alto do Sameiro, por occasião

da peregrinação que hontem ae

realisou áquelle santuario.

Foi celebrante o rev. Antonio

João Fernandea de Miranda, ab-

bade de S. Laaaro.

vós conheceis, recebi o encargo,

repito, de voa proteger... Estaes

aqui em segurança, senhora.

—Mas, replicou Magdalena n'um

grito terrivel, eu devia encontrar

aqui esclarecimentos. Pedistes-

Tos... Quaes são ellea? Vamos,

falai, respondei!

Depois, como se um pensamen-

to sinistro lhe occorresse n'aquel

le momento, começou a tremer,

olhando desvairada para o seu in-

terlocutor.

—Mentistes me! Mentistes me!

exclamou. Ab! é cobarde, é infa-

me!

E chegando progressivamente

ao ultima grau da agitação e da

violência, accrescentou:

—Mas não vedes que o vosso

silencio obstinado me desespera e

me mata? Não vedea que se per-

sistis no vosso mutismo, vou en-

louquecer?

A infeliz levava as duaa mãos á

cabeça e contundia o craneo com

raiva.

Certamente que Mordicus pou-

de accreditar que ella ia recair na

loucnra, e vendo desvanecerem-ae

as suaa esperanças, estremeceu. \

Se Magdalena soffresse de novo

um ataque de alienação mental,'

Joaquim Angnsto da Cisti

FABRICANTE

Vornecedorexclaslva d«

Ministério dos Ne|ai

elos Estrangeiros, flii

eledade de Geogra*

pula» Institulo de Colai ■

bra, etet

Com officina na roa de S

Juliao, 110, 3.°. onde tea

am completo sortimento ■<

sen geuero e para onde devi

ser dirigida toda i corras

pondencia.

iam-se por agua abaixo os proje-

ctos do ambicioso gaicão.

Era necessário a todo o custo

fazer cessar a exaltação n'aquella

mulher que a dor e a cólera po-

diam fulminar immediatamente.

Maa era, como se sabe, um ho

mem de recursos, o antigo tenen

te daa guardaa do defuncto Car-

deal Maxarin.

Seria, seguramente, um excel-

lente deplomata, porque era aua

opinião que em todas ss cousas

se deve usar paciência e não che-

gar nunca aoa meies violentos, se-

não quando fosse absolutamente

indispensável.

Deixou, portanto, passar a bor-

rasca sem lhe oppôr resistencia,

sabendo bem que toda a cólera

cahe por falta de alimento.

Deixou poia explodir a palavra

ardente de Magdalena. Escutou

sem pestanejar todaa aa recrimi-

nações que ella lhe dirigia. Fez-

se surdo ás apreciações que, quer

a verdade que ae diga, eram pou-

co lisongeiras para o seu amor

proprio.

Aguentou, sem parecer mortifi-

cado, as expressões que Msgdale-

na empregára para qualificar o

procedimento d'elle para com ella.

., (Continúa/,

m-LIFE

E' na próxima quarta feira que

Sua Magestade El-Rei regressa das

Caldas da Rainha a Cintra.

Sua Magestade a Rainha, e Sua

Magestade a Rainha D. Maria Pia fo-

ram hontem em pic-mc aos Capn-

chos, nas suas elegantíssimas equi-

pagens de passeio.

Sua Alteza o Senhor Infante D.

Alfonso partiu hontem em comboio

especial das Caldas para Cintra, onde

chegou ás 10 1|2 da manbã.

Fazem amanhã annos as sr.".:

D. Julia de Miranda Duarte.

D. Mathilde Augusta de Caceres

Moraes.

D. Maria Carolina Lima da Cunha

Pimentel.

0 Miria Augusta de Sá e Vascon-

cello* Castro Guedes. D. E-nilia Pires Heitor.

D. Maria Augusta José de Mello.

D. Carolina Augusta d'Azevedo e

Cunha.

D. Elisa Galvão Talone.

D. Cecilia Postch da Costa Carva-

lho Talone.

E os srs.:

Par do Reino José Maria Raposo

do Amaral.

João José de Mello (Sabugosa).

Dr. José dos Passos Vella.

Dr. Alberto de Castro Pereira d'AI-

meida Navarro.

Roberto Talone da Costa e Silva.

Francisco de Mello Cabral.

José Maria Leotte.

Ignacio Carvalho Freitas.

Fernando Leite de Talosa Pereira

de Foyos.

João Maria Godair de Lacerda.

Francisco Nicolau de Araujo.

Luiz Maria Calado de Sousa.

Rupert Lazzolo.

Está em Cintra o sr. Conselheiro

Jayme Moniz.

—Partiu effectivamente hontem á

noite para a sua casa em Guimarães

o sr. ministro das Obras Publicas.

—Parte brevemente com sua ex.tta

esposa para o Bussaco o sr. dr. Ja-

cintho Candido da Silva.

—Está em Cintra com sua ex®1 es-

posa o sr. Eduardo da Costa Mo

raes.

—Está em Cascaes o sr. Albino

Pimentel, nosso collega do Diane

de Noticias.

—Está em Cintra o sr. dr. Antonio

Horta (Alte).

—Está em Cintra com sua ex 1

familia o sr. D. Antonio de Lencas-

tre. —Está na sua quinta de Castello

de Paiva o sr. conde do mesmo ti-

tulo.

—Encontra-se em Oeiras o sr.

João Augusto VellezTavares, Inoffi-

cial servindo de secretario geral do districto de Portalegre.

—Está em Cintra o sr. Conselheiro

José Baptista de Andrade.

—Está em sua casa da Estepha-

nia, em Cintra, a sr.» Condessa de

Penalva d'Alva.

—Estão em Cintra as sr." Bon de

Sousa—as formosas irmãs, que são

exemplares da belleza nacional

—Está em Cintra o sr. Conselhei-

ro Peito de Carvalho.

—Parte na próxima quarta feira

para Paix, no Sud-Express, o sr.

Paiva de Andrada.

—Chega hoje do Luso o sr. minis-

tro da Guerra.

—Partiu para o Porto o sr. Joa-

quim Lopes de Barros.

—Partiu para as Caldas de Aregos

o sr. Antonio Gomes Soares.

—Está em Espinho o sr. Henrique

da Cunha Pimentel.

—E' esperado na Figueira da Foz

o sr. Presidente do Conselho.

—Está no Gerez o sr. Visconde da

Torre, governador civil de Braga.

—Estào em Villa do Conde os srs.

Viscondes de Carcavellos.

—Regressou do Bom Jesus o sr.

Alfredo de Mesquita.

—Partiu para Paris o sr. dr. Fer-

reira Lima, secretario geral do go-

verno civil do Porto.

—Estão em Cintra os srs. Condes

de Carnide.

—Está em Bellas o sr. Raul Ser-

gio Ribeiro.

—Está em Lisboa o sr. coronel

Sousa e Silva, governador civil do

Funchal.

—Regressou d'Obidos o sr. dr.

Annibal Bettencourt.

—Está em Cintra o sr. D. João Re-

zende.

—Tem estado em casa do sr. Con-

de de Sobral, em Almeirim, o sr.

Conde de Ficalho.

—Estão nas Caldas da Rainha o

sr. dr. Augusto Dias Ferreira, sua

esposa a sr.* D. Maria Luciana Croft

de Moura Dias Ferreira e seus inte-

ressantes filhinhos.

—Regressou das Caldas da Rainha

a Cascaes o sr. Visconde d'Asseca.

Brevemente se realisa o consorcio

do sr. Carlos Luiz de Sousa com a

sr.* D. Bertha Borges Mendes.

0 noivo é em extremo sympathi-

co e filho do sr. Estevão de Sousa

que toJa Lisboa conhecia. A noiva

uma gentil menina que reúne em

si todos os dotes d'um coração bem

formado.

*

Em Abrantes, foi pedida em casa-

mento pelo sr. Antonio Augusto Cor-

rêa Campos, distincto cirurgião-aju-

dante de caçadores n.° 8, a sr.« D.

Maria Adelaide Guedes, gentil filha

do sr. dr. Ramiro Guedes.

0 enlace matrimonial realisar-se-

ha ali, em breve.

Inaugurou-se hontem em Espinho o novo Club High life. Houve soiree

dançante a que concorreram muitas

das famílias mais distinctas que ali

se encontram a banhos.

• Correu encantadoramente a soirée

de sabbado no Club Estephania, em

Cintra.

Alegrada a já tão alegre sala com

uma ornamentação pittoresca e ele-

gante, de hera e flores, leques e ar-

bustos, tendo ao cimo um C. E. em

hortencias, toda a noite, até ás 5 ho-

ras da madrugada, se dançou com

uma animação desusada, mantendo-

se sempre aquelle tom de familia-

ridadejque é timbre d esse club.

Durante a noite foi servida uma

abundantíssima e variada ceia, em

que a casa Ferrari se esmerou, e

onde as peças montadas e os gela-

dos se succederam quasi sem inter-

rumçào.

Tocava um sextetto que já este

anno fez as delicias das Caldas da

Rainha.

Terminou a deliciosa noite por um

cotillon muito fino, todo de marcas

despretenciosas, dirigido pela sr.4

D. Adelaide d'Oliveira e pelo sr. Ar-

thur Abobot Tavares de Mello.

A sala esteve sempre completa-

mente cheia de senhoras, fazendo

as honras da casa, com a distineção

e a amabilidade mais attrahentes os

actuaes directores do club.

Continúim animadíssimas as sex-

tas feiras da illustre secretaria de

Inglaterra, na sua vivenda em Cin-

tra.

Na ultima, jogaram toda a noite o

tennis os mais distinctos jogadores

que ali se encontram a ares, cor-

rendo animado em extremo o five ó-

clock, em que graciosamente fizeram

as honras os dois sympathicos di-

plomatas.

CINTRA, 25, ás 11 h. da manhã.

A ministra do Brazil continúa na

mesma gravidade.

M.

-CINTRA, 25, á tarde.

0 estado da ministra do Brazil tem

dado lugar a que seu marido rece-

ba muilas provas de sympathia. Ma-

dams Assis Brazil foi accommettida

d'uma febre de mau caracter depois

d'um movito.

M.

Hontem de manhã a illustre en-

ferma melhorára alguma coisa. Es-

tivera junto do seu leito, até ás 5

horas da madrugada, o sr. D. Anto-

nio de Laucastre, que com o sr. dr.

Alfredo Costa, é medico sssistente.

—Está complefamente restabele-

cido sr. Rodrigo Moreira Rato. —Está bastante doente em Cintra

o sr. Jayme de Vasconcellos Thom-

pson.

Pela polieia

Como era natural, o arraial de

Bellas fez com que voltassem para

a cidade algum turbulentos de oc-

casião.

Discua"e^ -imeiro, impreca-

ções depou, bofetões a seguir, e

no fim a policia a intervir, met-

tendo na esquadra os esquentados,

que, passadoa os effeitos de repe-

tidas libsçõís, se arrependerão

dos seus excessos.

Será tarde então, mas tenham

paciência, já que não tiveram

juiao.

Notas mnodanas

cxcv

Resposta a Vivalma.

Creia V. Ex.» que o fim da

minha resposta não é irri-

tai a on querer que se indis-

ponha comigo, porque isso

seria ingratidão, e eu preso-

me ae não ser ingrato; o que

desejo é que se perceba que

quem dá esperanças não pode

tiral-as. V. Ex • o afflrma,

dizendo que «As esperanças

são como os beijos, depois de

dados, ninguém os tira; que

o que se pode é não continuar

a dar esperanças, porqne, co-

mo tudo tem fim,o acabar mais

cedo ou mais tarde não é

crime nem peccado.»

Ora se ellas são como os

beijos que depois de dados

ninguém os tira, como é

pasbivei /ião continuar a dar

* jeranças?

Se os beijos, depois de da-

dos, nem mais cr do nem mais

tarde se tiram, como se pode

pouco a pouco tirar esperan-

ças?

0 que eu entendo é que, lo-

go que se deram, soffra-se o

que se soffrer, padeçs-se o

que se padecer, haja os pre-

juízos que houver, ninguém

deve, ninguém pode, mor-

mente por leviandade, por

uma falta de critério, tornar-

se o algoz de quem se nutriu

d'essas esperanças. Qnando ellas se deram pen-

sou-se\ n'esse caso, ha a cum-

prir um dever imposto pela

pessoa a si propria.

E que esse interno, que es-

tá dentro cm nós. que me con-

teste, se pode.

FnáDÂMANTO.

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ALA DOS NOVOS

(Poeta* © provadores)

•OS HOMENS DA NEGRA CRUZ

AMOU E ODIO

(Trecho d'um romance inédito)

Maldito sejaea! Oi céoi se re-

voltem contra ti, mulher perverta,

■em alma e aem consciência! Que

o futuro se abra em densaa trevas,

onde eagotes a taça do amargo

fel que trasborda nos labioi das

victimai da tua vaidade.

Sim, falsa mulher! Deusé ojuis

supremo do genero humano. E'

elle que, com verdadeira justiça,

deicortina os segredos da alma

para premiar o bem e condemnar

o mal.

Corria branda a noite de sereno

luar; do meio da alameda, da som

bra das ramsgens, uma vos huma-

na, debatida em desespero, assim

echoava.

E quem ousaria perturbar na

solidão o desabafo do triste que

confiava aos murmurios das aguas

d'una pequeno regato os segredos

méis recônditos d'uma alma pun-

gida pela dôr?f Ninguém!...

Ninguém commetteria tão gran-

de sacrilégio. E o mortal que no

ermo se julgava ió, proseguia tris-

temente na linguagem que lhe op-

primia o peito. Era a sincera con-

fissão da alma, que ió os anjos na

mamão dos justos deveriam escu-

tar.

Sim, repetia o eeho.

Era a escrava da raça branca,

d'um pallido cadavérico, que, de-

Íois de ter ouvido o rufar do tam-

or no batalhão de amorosss con-

-quiitas, envolvendo o sen senhor

no mais estreito annel de audacio-

sa seducção, subjugando o capri-

chosamente até aos degráos do al-

tar.

Nasceu na montanha, e, inculta

como a rocha, bem cedo a tenra

creaoça veiu á povoação visinhs;

ó sombra do carvalho na tenda

urgia aprender do rude soldado

paternal de sua irmã.

No seu eipirito de Incides vivas,

mas em tréguas de virtude, desen-

cadeavam se desordenadas pai-

xões, que deixava alimentar em-

quanto outras não surgiam.

Mimosa como a flor de prima-

vera radiante de orgulho e pre-

tenciosa bellesa, eipedaçou com

• requintado escarneo os andrajos

de serva para se adornar no mais

moderno coquettismo, respondendo

• com destemidos sarcasmos aos sor-

risos ironicos das suas eguaes.

E compondo em seus gestos es-

tuisdos attractivos, e em seus lan-

guidos olhares a expressão d'um

sentimento que a alma desconhe

cia, buscava, na concorrência dos

amores, quem satisfisesse as suas

paixões.

A fatalidade collocou-me no seu

oiminho, e quanto mais me assus-

tava o presentimento do abysmo

que a approximsção d'aquella mu

lhar cavava a meus pés, maior era

o seu enthusissmo na senda do

triumpho!

Uma noite, em pleno baile, fe-

rida no seu orgulho pela supposi

ç&o d'uma rival, depôs, entre as

minhas, as suas tremulas e gela-

das mãos, sem que podesse repri

mir o desordenado bater do seu

peito d'encontro ao meu. Compa

decido, meus lábios pronunciavam:

—Porque treme?...

—E não tem dó de ver assim a

mulher que o estremece?! me res-

pondeu.

A vehemencia das suas pala

vras causava-me dolorosa pertur-

bação.

Era a luota ante o dever e o

despertar d'um sentimento ador

ene eido pelos vae vens da sorte.

O tempo urgia, e após elle o

desenfreado desejo da mulher mi-

nada pelo ciúme, sem que esper-

diçasse um momento para faser

valer a sua superioridade em bel-

lesa o dedicsção.

E quem poderia resistir ás ten-

tações da sereia em mar t&o agi-

tado?

—Ohf Negue, se é capas, que

aião era ella quem todas as manhãa

e ao pôr do sol, no percurso das

minhas occupsçÕes, vinha de fres-

ta em fresta seguir-me com o

•eu penetrante olhar, traduaindo

em acua aorriaoa a expressão do

•eotimento que não sabia compre-

header. Negue que n&o era ella

quem, nas manhãs de verão, agei-

tando a seu modo ps negocios de

familia, deixava que esta, sem ella,

sahiaae ao banho, para aó em caaa

diser-me, collando a mão ao peito,

que todo o seu amor era ió meu!...

Oh! negue ainda que não foi ella

que n'uma d'essas manhãs, como

penhor do aeu maia ardente amor,

me entregou a trança de aeua ca-

bélica, que por muito tempo guar-

dei junto ao peito!

A illusão vencia finalmente o

receio o dentro em pouco era ella,

DfABKO ILLUSTBÂDO

a meua olhos, a maia virtuoaa de

todaa aa mulherea, a deuaa de

meua sonhos, a guia dos meus pas-

sos, a estrella do meu porvir. Os

seus sorrisos eram o anhelo da

minha alma e o timbre de sua vos

o vislumbre dos meus affactoe! Oh!

por ella daria um mundo, um céo

de goso; e pouco seria o sacrifício

de toda a minha vida em troca do

seu amor!...

Recordo-me ainda, quando de-

pois de tantaa horaa de vigilia,

sutíocando na garganta a respira-

ção e no peito as convulsões d'amor

e receio, esperava, palpitante, o

romper da aurora e o afastar de

paasoa estranhos, para ir mansa

mente surprehendel a no seu leito

com o roçar de meus lábios em

suas faces.

Embalavam-se as doces impres-

côas de tão sublime ideal, quando

uma noite o teatemunho de dois

homens apontavam a janella de

seu antro como tbeatro de nova

oonquiata!

Conti a cuato ob eff sitos de tão

dolorosa m8goa, resolvido a aban-

donar o deteatavel ser que em tão

pouco apreço tinha os seus mais

sacrosantos juramentos. Mas bal

dado empenho!... A cratera que

se abriu no paíto vomitava em

bubb lavas o incandescente mate-

rial que na alma se edificou em

padrão d'amor ou odio!. •.

Falae, arbustos, e disei ás ara-

gens que occultem ao seu ouvido

as vibrações do meu sentir! Que

ignore que sobre a terra existe um

cor8ção que tão loucamente bateu

por ella!

Crescia o desalento, e era n'es-

tas paragena que o meu espirito

encontrava conforto, segregando ás

plantas o que pela sua condição

tinha de negar ao mundo; quando

um dia, a falsa mulher, valendo-se

da fraqueza da sua rival, a quem

pela origem e lealdade devia res

peito, pretende, sem pejo, lançar-

lhe aos olhos de toios a mancha

da deshonra! E se logrou conter

na illuião os imbecis que a cer-

cam, não logrou calar na vos do

povo a exaltação da sua infamia!

Treme, mulher perjura, sem al-

ma e s?m luz! Não vêi no horizon-

te aquella nuvem negra que te an-

nuncia o desencadear da tempes<

tade, cujo relampago de vingança

te ha de redusir & mais triste e

degradante condição?

E quando o mocho agoureiro

pousar sobre o teu beirsdo, olha

em torno de ti, que verás, já defi-

nhada pelo martyrio, a viva sen-

tinella, sombra implacavel da tua

existencia, que em sorrisos d'iro-

nia te apontará o passado como

vingança da tua crueldade!

Fica, miaeravel, que o Eterno te

condemne na angustia que brota

do peito daa tuas victimaa!

O echo calou se, e ao raiar da

aurora a alameda estava deserta.

Ala.

0 grande acontecimento

tanromachico

Sabemos que, além de outros

elementos de primeira ordem e

grande numero de novidadea, to-

marão parte com Badila e outro

picador na extraordinaria e bri-

lhantiaaima festa tauromachica de

8 de setembro, na elegante praça

d'Algét, o maia notável espada da

moderna pleiade, com a sua cua-

drilla.

Todos estes artistas tomarão

parte na corrida á hespanhole,

porque na tourada á portuguesa,

que também se effectua na mesma

tarde, só trabalharão artistas por-

tugueses.

Os bilhetes para esta nunca

vista festa, são já pedidos com o

maior empenho, e cremoa bem que

não chegarão para as encommen-

das. Segundo se dis, a venda co-

meçará ainda na presente se-

mana.

Pelos cálculos, este esplendido

espectáculo importa em cerca de

quatro contos de réis, t',ndo o

grupo de aficionados que o pro-

move de entrar com a quantia de

seis centos mil reis para prefszer

o total das despesas, isto porque

foi resolvido não augmentar os

preços doa logarea na praça, a fim

de que todo o publico possa gosar

a festa tauromachica mais pompo-

sa e completa, que nos últimos an-

nos se tem realisado em Portugal.

N'aquelle dia hrverá do Cães

do Sodré pas a Algés, um comboio

gratuito para toda a gente que

tiver bilhete para o grandioso es-

pectáculo.

Não se pode querer mais!...

Uma fo>ta ri** Nl ordem, sem

augmento pr y— oos logares e

ainda para cumulo, comboio gra-

tuito!

D'est* vez é que ha pancada

por bilhetes de toiros.

Um crntractador já propos á

coin mis ião a compra de todos os

bilhetes de eombra, mas esta não

acceitou, a bem do publico, proce-

dendo assim com toda a correcção.

As Caldas da Felgueira

(Notas d'um impressionista)

(Concluido do n.# 8:055)

Assim também, as mesas da sa

la de jantar estão quasi despo

voadas á hora do chá.

Pelas 10 horas, geralmente, tu

do recolhe aos quartos para, no

dia immediato, poder, sem maior

sacrifício, levantar cedo e conti-

nuar o tratamento das aguas. Naa

immediaçõea do Grande Hotdy aa

aim como noa paaaeios, enxameia

alluvião de mendigoa, andrajoaoa,

aujos, de todas aa edadea e sexo*,

que noa perseguem insiatentemen

te, impertinentemente, com um la

muriento peditorio, de que ae dea

taca a formula maia usual: «faça-

me uma esmolinha, meu senhor!»

E' a turba multa dos desvalidos,

dos miseráveis, d'envolta com os

que fogem ao trabalho, á lucta

honrada pala existencia. Na Beira,

apesar da constante e larga emi

gração, que saogra a sua miséria,

é evidente a ausência de braços e

dinheiro. Os logarejos e pequenos

casaes (quintas) revelam pobreza

extrema. Parece que da emigra-

ção não tem provindo para a Bei-

ra nem a derivação de trabalha-

dores ou colonos d'outros pontos,

nem o dinheiro, que, um ou outro

que volta rico de bens de fortuna,

mss indigente de saúde, costuma

empregar, estendendo grandezas,

naa terraa em que teve o lucro de

pau de larangeira

Estas impressõaa aão completa

e absolutamente pessoaes e pode

rão não traduzir rigorosa e exacta

observação, pois não conhecemos

toda a Beira Alta, nem estudámos

aa auaa condiçõea economicas, mas

cremoa que n&o andam muito ar-

redadas da verdade.

Keata-noa falar de doia medicoa

diatinctoa, cujos nomes andam, de

bocca em b >cca, entre os enfermos

em tratamento na Felgueira, e

que têm sido os mais extrenuos e

ardentes propagandistas d'estas

aguas.

A um d'elles, que exerce entre

os clinicos da escola de Lisboa a

kflaencia prestigiosa que Trous-

seau teve nos seus collegas pari-

sienses—professor erudito, clinico

eminente, homem de lettras dis-

tincto, já as empresas do Estabe-

lecimento thermal e do Grande Ho

tel manifestaram o seu reconheci-

mento, inaugurando-lhe o retrato

—uma soberba photographia am-

pliada de Camacho—nas suas sa

las. E' o dr. Manuel Bento de Sou-

i. Ao outro, o distincto medico

dr. Silva Carvalho, um dos novos,

que ha de ter, em breve, brilhan-

tíssimo futuro clinico, porque, en-

trega, com verdadeiro amor, a sua

intelligencia, o seu estudo, e o seu

trabalho á clinica, deve a empre-

sa das thermss também muita gra-

tidão, pela activa propaganda que

fas das propriedades curativas

d'estas aguas (confessadas por

tantos doentes melhorados e por

tantos outros completamente res-

tabelecidos com o uso d'ellas) e

pelo grande numero de enfermos

que para aqui manda, depois de

ter vindo, expres< amento á Fel-

gueira estudar em si proprio os

tffeitos das aguas, e a maxima do

se, em que convém applical-as.

Mas a quem as duas empresas

n&o devem, nem podem, regatear

louvores, pelo selo, dedicação e

intelligencia, com que dirige, de

facto, os dois estabelecimentos, é

ao dr. João Felicio, um clinico ba

bil, doublé d'um cavalheiro presti-

moso e amavel, que, com seu dili

gente e obsequioso irmão, formam

as duas columnas.que se não sus-

tentam, como as que SansSo aluiu,

os dois estabelecimentos, consoli-

dam—o que não é menos difE jil-

ós seus bons créditos, que muito

augmentarão ainda de futuro,

quando sejam attendidas 8a modi-

ficações e melhoramentos, que, de

leve, deixamos indicados e depois

de executados outros, cuja indis-

pensabilidade as direcções dos

dois estabelecimentos não podem,

de certo, desconhecer.

Julho de 1895.

João Semana.

ças, pelas senhoras da sociedade

e pelas irmãs de Santa Dorothea,

fazem snoualmente a catechese,

denominada: Obra Pia de Santa

Dorothea.

Madame Delphim Pereira ves-

tiu todas as creanças e mandou-

lhes servir o almoço no Hotel

François. Outros prémios e pre-

sentes lhes foram dados.

As mães e as seladoras da Obra

Pia acompanharam as creanças

em todos os actos, que foram so-

lemnes e estiveram muito concor-

ridos de povo.

M.

Campo, praias

thermas

Quelimane

CINTRA, 25, t.

Realisou-se hoje, na freguesia

de S. Pedro, a primeira comma-

nhão d'umaa 50 creanças d'ambos

as sexos, que durante o anno

aprenderam a doutrina, sendo lhes

eDsinados princípios de moral e

boa educação

Houve festa a grande instru-

mental, e sermão, sendo orador o

padre Conceição Vieira.

A' tarde, o Nuncio ministrou o

cbrisma; e 88 creanças, chegadas

á edade da reflexão, renovaram as

promessas do baptismo.

S. Pedro de. Cintra figura no

nomero das freguesias do diatricto

de Lisboa, em que oa parochos,

coadjuvados pelas mães das crean-

2 de julho de 1893.

Está outra vez governando o

districto o distincto capitão-te-

nente Eugénio Soares Andréa.

Official illustrado, e conhecendo

bem as necessidades do diatricto,

ha tado a esperar da sua boa von

tade, austetidade de princípios e

bonestiiade inconcussa.

E' ardua a tarefa, e entre as

questões que ha a resolver sobre-

8abem as do Matipuise eMagania

da Costa.

—Devido á iniciativa do reve-

rendo conego Couto, parocho da

freguesia de Nossa Senhora do

Livramento, festejou se nos dias

22, 23 e 24 de junho o centenário

de 8mto Antonio.

Houve, por esse motivo, festa

de egreja, illumineções, basar e

fogueiras, reinando sempre boa

ordem durante as noites dos fes-

tejos.

—Por noticias da Zambezia, sa

bemos que depois da chegada do

activo e emprehendedor gerente

da Companhia do Assucar, Mr.

Pitt Harnung, começaram em Ma-

pêa grandes trabalhos agrícolas,

em que têm dado magníficos re-

sultados as charruas a vapor, que

este senhor trouxe da Europa.

A Compinhia do Assucar lucta

com a falta de braços para traba

lho, o que forçou Mr. P. Harnung

a pedir ao inspector geral dos

prazos, o sr. F. I. Gorjão de Mou-

ra, para lhe fornecer 500 traba-

lhadores dos prazos Anguase e

Andone.

O sr. Gorjão de Moura, que é

um funccionario zeloso e iotelli-

gente, comprehendeu os graves

transtornos que resultariam para

a companhia, se não podesse des-

nvolver as suas plantações, e com

tão boa vontade e com tal energia

s j houve, que em menos de 12

dias conseguiu reunir em Queli

m<*ne e embarcar em lanchas os

500 colonos que Mr. Harnung lhe

tinba pedido.

As difficuldades com que o sr.

Gorjão de Moura teve de luctsr,

ió as podem avaliar bem aquelles

que por cá têm estado e conhecem

o amor do preto pela ocioaidade.

—Retiraram para Tete os srs.

Marisnno Machado, governador

da Companhia da Z*mb.zia, e

Jorge Montezuma, seu secretario

Torna-se bastante sensivel em

Quelimane a falta d'estes cava-

lheiros, que eram estimados por

todos que com elles conviviam, e

porque, infelismente, não abun

dam por cá os caracteres, como o

do sr. Machado.

—Parte brevemente para o

praso Madal, da que é arrendata-

rio, o sr. D. Pedro Angeja, rapas

bom conhecido do nosso Turf% e

pertencente a uma das families

maia nobres de Portugal.

N'uma das minhas próximas

cartas lhes darei noticias d'este

bello rapas e do enorme des

envolvimento agrícola e commer-

cial, que elle tem sabido imprimir

ao praso de que ê arrendatario.

15 de julho de 1895.

Por noticias telegrapbicas de

SennB, sabemos que ae subleva-

ram os colonos dos prasos Chem-

ba e Tambara, nos territorios da

Companhia de Moçambique, rea-

lisando se assim as minhas previ-

sões.

—Desde 12 de junho que não

ae reoebem, n'eate porto, noticiaa

da Europa, porque o vapor alie-

mão Peters, que devia aqui entrar

no dia 10, foi para o Chinde, de

onde »ó poderá aahir em 21 do

corrente, por falta d'agua na

barra.

—Os negociantes aqui eatabe-

leoidoa eap ram fdser um contra-

cto com a Companhia das Meaaa-

geries Maritimes, para se livra-

rem da pesada tabella que lhes

impoz a Companhia Allomã de

Navegação.

{Correspondente).

lima feira nova

Eate anno ha mais uma feira

franca no concelho de Castello de

Vide, em Povoa e Meadas. A fei

ra deve realiaar se todos os annos

no quarto domingo de setembro,

por occasião da festa de Santa

Margarida, que ali costuma cffa-

ctusr se eanualmente n'aquelle

dia.

Paço d'Arcos, 25 d'agosto.

Foi esplendida a soirée realiaa-

da hontem no Casino, d'esta praia,

onde, como sempre, reinou a maior

animação.

Eram 9 horas quando começou

o baile, que terminou perto das

três boras da madrugada, com um

lindo cotillon, offereaido pelas se

nhoras solteiras aos rapazes, e

habilmente marcado pela gentil

senhora D. Ermelinda Cordeiro e

pelo nosso amigo sr. Cohen,

que foram de uma distincção

e imparcialidade pouco vulgares^

sendo lhes por isso feitos osmiio-

rei elogios.

As marcas ersm boas e de um

tffeito surprehendente.

Eotre outros pares, tomaram

parte no cotillon os seguintes:

D. Leopoldina Cordeiro e Car

loa Torrie; D. Maria Augusta Co

hen e Carlos Pinto de Figueiredo;

D. Germana Patrício Alvares e

Brottas Cardoso; D. Graça Aze-

vedo Coutinho e Manuel Tarujo

Nunes Corrêa; D. Alice Felix da

Costa e Augusto Cardoso; D. Isa

'bel Cohen e Raul Gonçalves; D.

Maria Patricio Alvares e Silvério

Cardoso; D. Edith Banhos e Lu-

ciano Cordeiro; D. Bertha Botto

e Thomas Marques Moreira; D.

Beat-iz Pedroso e Alberto Mtia;

D. Jalietta Mendonça e Costa e

Eduardo Ferreira Maia; D. Hen

. riqueta Mendonça e A. d'Olivei-

ra; D L*ura Botto e Sabino Cal

das; D Eugenia Passos da Costa

e Teves; etc, etc.

Noticias agrícolas

Escrevem de Aveiro:

E' excellente o estado dos cam-

pos. Em todos os pontos que o

Agueda, o Vouga, o Certema e o

Antuã banham nas suas crescen-

tes, os milhos estão soberbos, não

se tendo jámais visto melhores. E'

um anno bom para os campos o

que vae correndo, mas spasar

a'isso o preço do milho não desce.

Aqui e acolá

Em princípios de setembro pro-

ximo ó esperado de passagem em

Paris o lord corregedor de Lon-

dres, que vae visitar a exposição

de Bordéus.

Preparam-se lhe grandes festas,

algumas daa quaes devem reali-

sar-ee no palacio do Elyaeu.

=Decidiu se já o pleito judicial

entre Zola e a empresa do Gil

Blas. Esta ultima negava-ie a pa-

gar ao celebre romanciata a som-

ma de 50:000 francoa, que por

contracto se promptificára a dar-

lhe pelo direito de publicar em

primeira mão o romance Lourdes,

nos folhetins do jornal. E negava-

ae, allegando não haver exiatido

cal exclusivo, poia Zola concedera

ao mesmo tempo, licença para que

a obra fosse traduzida em todas

as linguas.

Apesar d'esta allegação, o tri

bunal obrigou o Gil Blas a pagar

os 50:000 francos.

«Devia ter sido lançado ante-

hontem ao mar, em Portsmouth, o

novo couraçado ingles Prince-

George.

Levou um anno a construir, e

mede 390 pés de comprimento e

75 de largura.

O seu armamento comprehende-

rá 50 peçaa de diversos calibres.

=A propoaito de navioa:

Vae, também, brevemente, ser

lançado aos mares, o maior navio

de vela do mundo. Chama ae Po-

tosi e eatá sendo construído em

Jecotermund, por conta de uma

casa de Hamburgo.

Este gigante terá 120 metros de

comprimento, 15 de largura, 5

mastros, um gurupés e 11 com-

partimentos estanques. A sua lo-

tação será de 3:955 toneladas.

O Potosi é todo de aço.

=Microbios na pelle:

Um bsctereologo russo, o dr.

Wironga, acaba de aterrar a hu

manidade, disendo lhe que o ho-

mem e a mulher estão cheios de

microbios desde as pontas dos pés

até á raiz dos cabellos.

Assegura elle que, á altura do

peito, cada centimetrc qu Vado

de pelie, alberga 9:000 a 18:000

microbios, e que o dedo indicador

da mão direita chega a alojto-

mais de 23:000.

Este máximo encontra-se nos

operários, e o mínimo, que é de

120, nas pessoas dadas a traba-

lhos intellectuaes.

Estudando as mãos dos enfer-

meiros dos hospitaes, o dr. Wi-

ronga encontrou n'ellas microbios

de febre typhoide, de tuberculose

e de pneumonia.

Estes microbios reproduzam-se

e tranimittem-se d'om modo

scmbroso.

Pequenas noticias

Na Figueira da Foz é esperada em

setembro a companhia do Gymnasio

—Realisou se hontem em Braga a romana a Nossa Senhora do Samèi- ro Houve missa campal.

—Alguns estudantes reuniram em

comício, protestando contra a re-

forma de instrucçãD secundaria.

Aviso aos paes...

—Os jornaes do Porto chegados

bontem a noite, Já Dublicam annun-

cios para as festas de Salamanca.

—Em Rio Maior, foram ha dias

mandadas sellar todas as vasilhas

contendo vinho, sobre que ha sus-

peitas de falsificação, em algumas

casas de venda e depositos, até que

se faça a competente analyse.

- Durante o mex de julho ultimo

foram remettidos para Africa, pela

Sociedade da Cruz Vermelha. 14 vo- lumes com medicamentos e 79 com

i'«wooona importaDCi!l de réis

O* bandido* corsow

Naa proximidadea da aldeia do

Casamacciola foi morto na segnn-

da feira ultima o celebre bandido

João Casanova, por alcunha Cap-

pa. Foram ob gendarmes, que ba

muito o vinham perseguindo, que

se encarregaram de libertar a Cór-

sega do destemido e temivel ban-

doleiro.

Soissa em Lisboa

Durante esta semana se póie

Veí Dn ExP0,i*a° *®P®rial| Ave- nida-Palace, a formosa collecção

de cincoenta vistas da Saissa, con

89U8 magníficos passeios e pitto-

rescsB cidades como Beine, Lu-

cerna, 8. Gothardo, lago dos qua-

tro Cantões, cascata de Giessbacb,

etc., eto.

Por 100 réis cada pessoa se ad-

miram alli estas verdadeiras ma-

ravilhas.

Temos presente o Boletim do es-

tatística sanitaria do Porto, respa-

ctivo ao mes de maio findo.

Houve 448 nascimentos, 82 ca-

samentos e 282 obitos.

Dos nascimentos, 334 eram fi-

lhos legítimos, 111 reconhecidos a

3 de paes incognitos.

O, numero dos emigrados foi de

521, mas respectivos ao distri-

cto.

Abateram-se 1:417 bois, 1:146

vitellas, 344 lanígeros e suínos ao

peio de 44:789,50 kilos.

Te!«ir«Mií f- •>

PORTO, 25, ás 8 h. a» x- Ao

Diário Illustrado.

A festa a 8. Bartholomeu, na

Fos do Douro, esteve muito con-

corri áa. Um corneteiro ébrio pro-

moveu slli grande desordem, Bem

consequências.

—Realisou se de tarde a rega-

ta entre Ribeira e Fontainha.

—No Colyseu diminuta con-

corrência e tourada vulc^ • r bre-

sahindo apenas José tí .ro, Lobi-

to e o amador Carlos Silva. Oa

cartaae8 annunciavam a festa de

José dos Santos, o qual, contra o

costume, esteve infelis, a ponto

de ser coibido, ficando msguado

n'uma perna. Pegas boas.

M,

Secção útil

Nos portos do reino subiu o ba-

rometro entre 2 e 6 millimetros

mais ao N. do que ao 8., com au-

gmento de timperatura, e vento

predominante d'entre NE. e SE

Regi8taram-se trovoadas noa por-

tos do N. ^

Na Irlanda diminuiu a pressão

cerca de 3 millimetros.

Faltam boletins de França e do

Hespanba.

Entre os Açores e a nossa costa

persiste o anticyclone de hontem.

As pressões mais fracas estão na

Irlanda.

Eapeecaeolas

A's 8 3|4—AVENIDA.

Loteria Infernal.

THEATRO D. CARLOS I (feirado

Belem).

Barba Azul e Grand D' i .

THEATRO LISBONKí^iC -^ciem).

Festa da actriz M r .ona.

THEATRO BIJOU (em Belem).

Magníficos espectáculos pela com-

panhia infantil.

A VOLTA DO MUNDO.

Exposição de photographia trans-

parente colorida projectada peia lux

Diammond.

Todos os dias das 4 horas da tar-

de ás 11 da noite.

112, Avenida da Liberdade, !!4.

CAMARA ESCURA -—Todos os dias

desde as 10 horas da manhã ao sol

Sosto. Avenida da Liberdade e Praça

e D. Pedro. ^

Tyg. da T. da Qiiiimada 5»

Cabelleireira

RUA DA MOURARIA, 45, 2.*

DENTEIA por mez, ou avulso, L nos domiciUos.

Page 4: AailfBSlnrsi eaa Lftsbos - purl.ptpurl.pt/14328/1/j-1244-g_1895-08-26/j-1244-g_1895-08-26_item2/j...das mulheres, coradas por an ex < ... A' noite, de volts, houve os cos- ... que

AUER

Consumo de gaz garantido: quatro réis e míio por hora

Cautflla com as contrafacções baratas qnc saem caro

Encommendas: 13, L. do Corpo Santo, Lisboa

Peitoral de Cereja de Ayer

PEITORAL ^ara a prompta cura

Tosses, defluxos e

constipacoes, bron-

chite, catarrh o pul-

mouar, <la tisica pul-

monar no gráo inci-

piente, e par» propor-

cionar allivm ssocego

aos doentes da tysica

ou dos tubérculos

pulmonares, mesmo

110 estado mais adian-

DE AYEK. tado dessa moléstia.

A protecção que proporciona aos que applicão

â tempo este medicamento nas moléstias da

garganta e do peito, torna-o um remedio de

incalculável valor e que todos devem ter á mão.

Seria má economia não o ter cm casa, e quem o

tiver empregado, não deixará mais de servir-se

d'elle.

Por lhes serem conhecidas a sua composição

e effeitos, os medicos empregão muito o Peito*

ral de Cereja entre a sua clientela, e 6 tam-

bém recommendado pelo clero. Os seus effeitos

hygienicos são de uma certeza absoluta, e cu-

rará sempre que este flm desejado estiver dentro

1os limites da possibilidade.

PREPARADO PELO

Com este titulo, e em continuaçfio da Blbllotkeea

■•■ilea, que foi o maior sucoesso de livraria que tea bavidc e»

Portugal, está-ie publicando uma larga »érie de romance#, fahindo

ragul&rmente dois volumes por mea, ao preço de ÍOO réis caia

volume, de SOO paginai, em médlatt!

O que ha de mais imaginario, lensional e interessante na gale

ria romantica antiga e moderna, na litteratura francesa, hespanhola

italiana, inglesa, allemft e runa, tado lerá trasladado para a noifi

tegua; e assim, em breve, por diminutissimo dispêndio, IO© ré ta

y«r qolniena, terá cada familia constituído uma bibliotheoa

que enlrelentia. Instrua « eduque. Será o verdadeira

lliesouro das famílias.

Chamamoa para esta empresa a attenç&o de todoi, tícob e po-

lires, porque a todos utiliia, porque todos teem a ganhar cois s

a^quiiiçílo dos livros que ella se propõe publicar, sendo a sua preoo

iopeçáo constante bem servir o publico pela seleeçi#

Aos romances e pela maxima regularidade

publicação.

G ALICIA

Espera-se de 25 a 26 do corrente.

Para carga e passagens, trata-M

oo Caei da Sodré, 64, 1.*.

Os agentes, .

E. Pinto B asto A (?.■•

CEREJA

LISBON

Espera-se de 25 a 26 do corrente.

Para carga e passagens, trata-M

entes

iasto h G.B

PAQuiBOTB roera frabçaií

LINHA TRANSATLANTIC*

Para Dakar» PeraauH««

co. Bahia, Mie de «ffa*

nelro, Hoalevldeo #

Buenos-Ayres

í Sahirio es se-

jQâR^àZ U fintes pague-

tes: u PL,m> com mandante

HHBHBIHb Bau,e QQe se

pera de "Bordeaux de 7 a 8 de se-

tembro.

BRESIL, commandante Minier que

se espera de Bordeaux em 23 de se-

te mbro.

0 paquete La Plata nio fará ea-

cala por Pernambuco e Bahia.

Para Pernambuco. Ba*

tila. Bio de Janeiro,

Santos. Montevideo a

Lowell, Mass., Est.-Unidos.

A* venda nas principaes pharmaclas e droga-

rias do remo.

Ajrentcji aeracai JAMBA CASOBUI A OA

Mousinho da Silveira. 85.—Porto

Preço em toda a parte 1 £000 rs. o frasco

representa exactamente o ferro contido na economia.Experiraentado pelos principaes medicos do mundo, passa imincdiataracoto no sangue, não occasiona prisio de ventre, nâo cansa o estoraago, Dào ennegrece os dentes.— Tomem-se vinte gottas em cada comida. CxijA-se» TínUdiln Marca. — Teade-se tt to<« tsPkiraulu. por haioh : 40&42,rueSt-Lazare,PARIZ.

Sahirá o paquete:

CHARENTE, commandante Bouis,.

qui st espera de Bordeaux de 5 a

6 de setembro

Para Bordeaux, em [dl«

reitora

Sahirio os seguintes paqnetei:

CONG, commandante Le Gall, que

se espera do Brasil de 12 a 14 de

st tembro. CHILI, commandante Vjquier, que

se espera do Braiil de 22 a 24 de

setembro.

Redacção de preços

(a partir de 17 de Julho)

Preços reduzidos de passagem de

Lisboa a Bordeaux durante a epoch»

da exposição:

1.» classe francos 125

2.» » » 80

Para mais informações trata-se na

escriptorio de Torlades ft C.% anta

se acha estabelecida a agencia, na

Áurea, 12,1.»

Pela Agencia da Compagnie áe Mal-

sageries Mari times

GARRY

Espera-se em l de setembro.

Para carga trata-st no Cae

Sodré, 64, l.#. Os agentes,

E. Pinto Basto A C.

Sociedade de Sfgnros de vida dos Estados Uni-

dos. fundada rui 18^9

8ÉDE EM HOVA YORK

Capital de garantia superior a 169 000:000^000 réis

Os lucros revertem

exclusivamente em favor dos segurados

Excesso sobre a reserva legal réis 32.366:750*330, superior & de

l^3ovos0sfgu^f effectuidos em 18?fi3^20^8^

Total dot seguros em curso em 1893, 932.532:57/$000 réis.

Nos últimos 30 annos, a companhia tem pago seguros superiores a

fualquer outra companhia. As apólices são incontestáveis.

Seguros em caso de morte, em caso de vida, dotaes e sobreviven-

nas, rendas vitalícias,

ADMIMBTBAÇÃO E DIRECÇÃO DA BUCCUR8AL EM PORTUGAL

32.1.°. Rua do Ouro. 32

BARON HUNTLY

Espera-se em 30 do corrente.

Para carga e passagens trata-i

no Caes do Sodré, 64, 1.°. Os agentes

E. Pinto Basto A Ç

^CTOCO MPo^

AgçL , Pan PernMibne», Bahia, Ri* ái Ju«ir»a

Af BonUtideo, Bnenes lyres, T»lparaii« •

x&Mm&i Portos do Pacific#.

SAIRAO OS PAQTTETF^

Orellana a 4 de setembro. I Potosi a 2 de outubro.

•Oropesa a 18 de setembro I •Orcana a 16 de i u wro. ••Os paquetes Oropesa e Orcana *ão utm: at Kio de Janeirti

Os paquetes Orellana e Orcana nâo recebem passageiros 4e I.» cisne}

Fax-se abatimento às famílias que viajarem para as parias da Srail«

C RlSadpaa&agem de S.s classe por estes magnificas taparei, estft iitlmVj

ia vinho i hora da comida, cama, roupa, etc. à bordo ha «nados. e«fi*h»tros Dortnruexei a ■etiaa.

Preços de passagem de Usboa em 1.' classe

Para os portos do Brazil 29SOOO

Pra os portos do Rio da Prata 32£000

Vaccina da §occa.

EMBRANQUECE os DENTES,

FORTIFICA as GENGIVAS,

SANEIA A BOCCA.

0 anico Dentifrício qaesupprime a dôr deDentes

Acba-se em todas as Pharmacias, Perfumarias, etc.

Para a cura tfficat e prompta da*

Moléstias provenientes da impu-

reza do Sangue.

E* uma loucura andar a fazer experkmclaa

com misturas inferiores compostas de drogas

©rdinarias ou de plantas indígenas cuja efflcacia

ftão 6 confirmada pela sciencia, emquanto que a

moléstia cada vez vai ganhando terreno.

Lancem mão, sem demora, de um remedio

garantido cuja efflcacia seja facto assignalado <*

inquestionável

O Extracto Composto Concentrado db Salsaparrii.ii a DE Ayer 6 conhecido e re-

commendado pelos medicos mais intelligentea

dos paizes adiantados, já durante 40 annos.

Centenas de milhares de doentes tem

colhido benefícios do seu emprego e são outras

tantas testemunhas da sua efflcacia positiva o

IncomparaveL

PREPARADO PELO

eau DE sue* 1 ^-1 0.

riu VIKT lMH.0YMC9*UE I

fiuoTioiÉ* ,.1u IMFtCftl k",-

MAUX DE DENTS _ u —wo-x J\ Rnm*ttn-sr> a Brochura explicativa a quem a podir

Snr. SUEZ, 9,Rue de Prony, Pariz.

Para La Pallice (La Rouchelle) Plymonth

e Liverpool

O PAQUETE POTOSI

Ispera-se a 6 de setembro.

k companhia resolveu estabelecer os seguintes preços de passagem

reduxidos de Lisboa para U PALLICE durante s epochs da Exposição

Internacional de Bordeaux até ao flm de outubro proximo futuro.

1.» classe, lb. 4.4.0; 2.» classe, lb. 2.10.0; £• classe, (ida ejTolta)

6|?B. A Tiagerc para Paris por esta nova via, La Fallicc» é mail ra-

pida mais commoda que por Bordéus.

"US pffiKT"w"" "" " LISBOA

KaadaU A C.B | ■•Pfata laioU + fg

o» da ImfaaU D. BernAmt. ^ I Oa«f áa Boáré, M

FABRICA DA TRAFARIA

Dynamite n.» 3, o kilo......- ^ »

Capsulas Duplas, caixas de 100 J4U »

Capsulas Tnplas » »

Capsulas Quintuplas » *

Mecha ou Rastilho preços conforme a qualidade.

AGENTES KM LISBOA—Lima Mayer & Filhos, rua da PraU, 59,1.» an

AOERTKS NO PORTO—José Rodrigues Pinto e Pinho, rua do Alma

da, 109 e 111, 1#.

Lowell, Mass., Est.-Unidos.

A* venda nas principaes pharmaclas e droga-

rias do reiíio. ^ ^ OHr.-uui: jAMJta r.AfiflKlA & Ca., m*

Preço em toda a parte 1£000 o frasco.

Rua de Mousinho da Silveira, 25, Porto.