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Demian Washington Fonseca AS MODALIDADES DO HOME CARE NO SISTEMA SUPLEMENTAR DE SAÚDE Monografia apresentada para obtenção do título de especialista em Auditoria e Gestão em Saúde pela Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Prof. Dra. Ozana de Campos CURITIBA 2010

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Demian Washington Fonseca

AS MODALIDADES DO HOME CARE NO SISTEMA SUPLEMENTAR

DE SAÚDE

Monografia apresentada para obtenção do título de especialista em Auditoria e Gestão em Saúde pela Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Prof. Dra. Ozana de Campos

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Demian Washington Fonseca

AS MODALIDADES DO HOME CARE NO SISTEMA SUPLEMENTAR

DE SAÚDE

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Auditoria e Gestão em Saúde pela Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 16 de JUNHO de 2010. AUDITORIA E GESTÃO EM SAÚDE UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele.

A toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que

eu chegasse até esta etapa de minha vida.

À professora Sra. Ozana de Campos, Coordenadora da Especialização em

Auditoria e Gestão em Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, e a todos os

professores que formaram o corpo docente, pela didática apresentada, competência,

paciência e incentivo, tornando possível a conclusão da especialização e desta

monografia.

.

4

Resumo O objetivo do presente trabalho é demonstrar através da revisão da literatura as modalidades de atuação do Home Care no Sistema Suplementar de Saúde. Para uma melhor compreensão do assunto, foi contextualizado Home Care no Sistema Privado de Saúde e aspectos organizacionais e de logística que fundamentam a Assistência domiciliar. As modalidades descritas neste estudo são: atenção domiciliar, atendimento domiciliar, internação domiciliar e visita domiciliar, explicitando suas especificidades. Com isto, torna-se necessário o conhecimento deste estudo para profissionais da saúde envolvidos diretamente ou indiretamente com home care, assegurando uma melhor qualidade da assistência prestada com atendimento mais humanizado. Palavras-chave: saúde suplementar, home care, assistência à saúde domiciliar, serviços de assistência domiciliar

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SUMÁRIO

1. Introdução................................................................................................................ 6 1.1Justificativa............................................................................................................. 7 1.2 Objetivos................................................................................................................ 8 1.2.1Objetivo Geral..................................................................................................... 8 1.2.2 Objetivos Específico.......................................................................................... 8 2. Processos metodológicos........................................................................................ 8 3. Revisão da Literatura.............................................................................................. 9 3.1. Contextualização à Assistência Domiciliária...................................................... 9 3.1.1. Assistência Domiciliária no contexto internacional......................................... 9 3.1.2. Assistência domiciliária no contexto do Brasil................................................. 11 3.2. Segmentos do sistema suplementar de saúde...................................................... 14 3.3. Aspectos organizacionais do processo de assistência domiciliária...................... 16 3.4. Critérios de ingresso ao programa de assistência domiciliar............................... 17 4. Discussão................................................................................................................ 18 4.1. Modalidades de atuação no Home Care............................................................... 18 4.1.1. Atenção domiciliar............................................................................................ 19 4.1.2. Atendimento domiciliar..................................................................................... 21 4.1.3. Internação domiciliar......................................................................................... 23 4.1.4. Visita domiciliar................................................................................................ 25 4.2. Uma visão global das modalidades...................................................................... 26 5. Considerações finais................................................................................................ 27 6. Referência bibliográficas......................................................................................... 28

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1. INTRODUÇÃO

A atenção domiciliar na saúde suplementar se insere no contexto em que as

operadoras introduzem novas tecnologias de cuidado à saúde, para fazer frente aos

seus altos custos operacionais, decorrentes do modelo tecnoassistencial predominante

na produção de procedimentos, conforme nos informa Malta et al., 2004. A própria

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem buscado pautar a questão da

assistência, quando formulou o Programa de Qualificação da Saúde Suplementar que

se tornou uma política da Agência, dado a sua relevância (ANS, 2005).

Duarte e Diogo (2000) apontam a transição demográfica que demonstra um

envelhecimento populacional cada vez mais acentuado, a mudança no perfil

epidemiológico da população, no qual se evidencia um aumento das doenças crônico

não-transmissíveis, os custos do sistema hospitalar cada vez mais elevado, o

desenvolvimento de equipamentos tecnológicos, que têm possibilitado maior taxa de

sobrevida das pessoas, o aumento da procura por cuidados de saúde, o interesse dos

profissionais de saúde por novas áreas de atuação, a exigência por maior privacidade,

individualização e humanização da assistência à saúde, além da necessidade de maior

integração da equipe profissional com o cliente e sua família.

Este modelo de atenção à saúde tem sido amplamente difundido no mundo e

tem como pontos fundamentais o cliente, a família, o contexto domiciliar, o cuidador e

a equipe multiprofissional.

Este modelo de assistência à saúde se encontra em processo de ascensão nas

práticas de saúde no Brasil, porém, ela ainda não está completamente inserida nos

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sistemas de atendimento à saúde e na formação e/ou capacitação dos profissionais de

saúde. Comporta diferentes modalidades que são importantes para sua realização, para

este texto serão consideradas as seguintes: a atenção, o atendimento, a internação e a

visita domiciliar. Por terem perspectivas e serem atividades diferenciadas e

concomitantemente complementares, estes conceitos devem ser diferenciados pelos

profissionais que os executam, seja para que haja uma melhor união da teoria com a

prática, para a adequação da prática profissional daqueles que já atuam na atenção à

saúde domiciliar, ou para a formação dos novos profissionais de saúde.

Para a compreensão ampliada dos termos e de seus significados, bem como a

sua utilização adequada pelos profissionais da saúde, realizou-se o presente estudo

com objetivo de identificar a bibliografia existente acerca das concepções sobre as

modalidades de atuação no home care, e uma explicitação sobre aspectos

organizacionais e de logística na atividade de Assistência Domiciliar no sistema

privado de saúde.

1.1 JUSTIFICATIVA

A escolha desse tema se justifica pela necessidade do conhecimento sobre

as modalidades do home care no sistema suplementar de Saúde, proporcionando

embasamento teórico para profissionais da saúde, auditores que atuam principalmente

no sistema privado, assegurando uma melhor qualidade no atendimento prestado em

domicílio, beneficiando o paciente, familiares, bem como o próprio Sistema

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Suplementar de Saúde, com a desospitalização de pacientes, proporcionando redução

de custos, o que impulsionou o Home Care em nosso país.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar através da revisão da literatura as Modalidades de atuação do Home

Care no Sistema Suplementar de Saúde.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Contextualizar Home Care e suas Modalidades, analisando aspectos

organizacionais e critérios de inclusão do paciente na assistência domiciliar no sistema

privado.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de pesquisa nas bases

de dados Lilacs (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e

BDENF (Base de Dados de Enfermagem). Para isso, foram selecionados os seguintes

descritores de assunto: cuidados domiciliares de saúde, serviços de assistência

domiciliar e sistema suplementar de saúde. Também foram utilizadas as palavras:

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cuidado domiciliar, visita domiciliária, atenção à saúde, atendimento domiciliar e

assistência domiciliar.

Utilizou-se a biblioteca virtual Bireme, na qual a pesquisa foi delimitada para

artigos publicados a partir do ano de 1994. O período da realização da busca foi

contínuo, e o intervalo considerado para a realização deste trabalho compreendeu de

setembro de 2008 a dezembro de 2009. Foram diversos os achados nesta busca, sendo

mais utilizados os artigos clássicos como tipo de publicações. Por meio dos artigos

encontrados, pôde-se, ainda, buscar outras referências e documentos que neles

constavam.

Outras formas de obtenção de dados também foram utilizadas, como: a

biblioteca da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), a biblioteca da Universidade

Federal do Paraná (UFPR) e as publicações a que obtive acesso por meio da utilização

da internet, em sites oficiais e de outros estudiosos da área.

Assim, foram utilizadas fontes diversas de informação, como artigos

publicados em periódicos, arquivos eletrônicos e livros, com o objetivo de embasar o

conhecimento acerca dos diferentes conceitos utilizados na atenção domiciliar à saúde.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO À ASSISTÊNCIA DOMICILIÁRIA

3.1.1. Assistência domiciliária no contexto internacional

Hierschfeld, Oguisso (2002) e World Health Organization (WHO) (WHO,

1999) definem assistência domiciliar como a provisão de serviços de saúde às pessoas

de qualquer idade em seus lares, com os objetivos: substituir a hospitalização repentina

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por necessidade aguda de cuidado, trocar uma longa internação institucional e manter

os indivíduos em seu próprio domicilio e comunidade.

A assistência domiciliar é, também, uma resposta para atender à demanda de

pacientes portadoras de doenças crônicas, com redução de exposição ao risco de

infecção hospitalar, evitando a perda do convívio familiar e re-internações

hospitalares, além de diminuição dos custos.

Neste sentido, Hierschfel e Oguisso (2002) afirmam a necessidade de se

considerar como pontos básicos para uma análise da situação sobre a saúde do mundo

os aspectos relacionados à irreversibilidade da globalização, as mudanças

demográficas e epidemiológicas nos próximos vinte anos, destacando que o Brasil terá

um aumento de mais de 200% em seu índice de população idosa, a dependência do

paciente e o trabalho de prestação de cuidados, considerando sempre as atividades de

vida diária e o emprego de alta tecnologia, possibilitando que o paciente seja

transferido de uma unidade de tratamento intensivo para seu domicilio.

Os atuais sistemas norte-americanos de assistência domiciliar estão

fundamentados em modelos de serviços de enfermagem desenvolvidos no inicio do

século XlX pela Visiting Nursing Association (Dieckmannn,1999).

Atualmente, nos Estados Unidos da América (EUA) existem organizações que

regulamentam a assistência domiciliar, tais como: Council of Home Health Agencies

and Community Health Services from National League for Nursing, National Home

Caring Council from National Home Care Council, National Association of Home

Health Agencies, Assembly of Outpatient and Home Care Institutions of the American

Hospital Association( Dieckmannn,1999).

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3.1.2. Assistência domiciliar no contexto do Brasil

No Brasil, Duarte e Diogo (2000) consideram cinco fatores que justificam o

crescimento da assistência domiciliar: mudanças demográficas, com o crescente

envelhecimento populacional, os custos que, no sistema hospitalar, são cada vez mais

expressivos, o avanço do aparato tecnológico que possibilita a evolução e o

prolongamento do tratamento de pacientes que sobrevivem a múltiplos traumas, além

da simplificação dos equipamentos que permite ao paciente ter continuidade da

assistência em seu domicílio, o interesse e aceitação por parte dos profissionais e

instituições como da indústria farmacêutico e o aumento da demanda por parte de

pacientes e familiares.

Na modalidade do atendimento domiciliário brasileiro, o modelo de

assistência domiciliar está sendo muito difundido e utilizado pelo Programa de Saúde

da Família - PSF, desde 1991(Ministério da Saúde, 2001a).

A partir de 1994, as primeiras equipes de saúde da família, foram compostas

de um médico, uma enfermeira, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de

saúde, podendo incorporar outros profissionais, de acordo com a demanda

populacional existente. As funções dos componentes da equipe multiprofissional são

definidas na implementação de programas de promoção, proteção e recuperação da

saúde dos indivíduos e da família (Ministério da Saúde, 2001b).

A assistência à saúde no domicílio do paciente tem sido uma alternativa cada

vez mais presente no País. O governo brasileiro regulamentou a assistência domiciliar

por meio da Portaria GM/MS n°1892, de 18/12/1997, considerando a internação

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domiciliária, ampliando as condições de atendimento hospitalar e a qualidade da

assistência do Sistema Único de Saúde (SUS).

A lei n°9656, de 03 de junho de 1998, que regulamenta o seguro suplementar

de saúde no Brasil, não inclui em seus benefícios a assistência domiciliar (Brasil,

1998b).

Duarte, Diogo (2000) e Cruz (1994) definem a internação domiciliária como

um modelo de assistência baseado no suporte de cuidados ao paciente, transferindo do

serviço de internação hospitalar para a continuidade do tratamento em casa. Assim,

exige-se um acompanhamento contínuo (diário) e, às vezes, ininterrupto. No entanto,

há casos em que é preciso manter cuidados de enfermagem por 24 horas. Além disso,

o cliente deve contar com uma central de atendimento para solução de emergências,

com médico disponível para orientar e atender as necessidades prementes.

A internação domiciliária é realizada somente pela rede de serviços privada,

segundo os trabalhos de Puschell (2003), Ribeiro (2004), Sportello (2003) e

informações das associações de assistência domiciliária, como a Associação Brasileira

de Empresas de Medicina Domiciliar - NEAD.

O Conselho Federal de Medicina apresentou a resolução CFMn°1668, em 07

de maio de 2003 que dispõe normas técnicas necessárias à assistência domiciliária de

pacientes, definindo as responsabilidades do médico, hospital, empresas públicas e

privadas e a interface multiprofissional, ou seja, as equipes terceirizadas. (CFM, 2003).

A resolução determina que o médico é o coordenador das equipes terceirizadas

e o responsável maior pela eleição dos pacientes a serem contemplados por esse

regime de internação e pela manutenção da condição clínica dos mesmos, como

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também define que, para o funcionamento das empresas públicas e privadas

prestadoras de internação domiciliária, a relação máxima de pacientes internados para

cada médico responsável não exceder 15 pacientes (CFM, 2003).

No Brasil, as associações de assistência domiciliar se esforçam na tentativa de

reconhecimento, fortalecimento e regulamentação da prática da modalidade de

assistência domiciliar. Em julho de 1995, a primeira a ser criada foi a Associação

Brasileira de Home Health Care (ABRAHHCARE), que congrega empresas

prestadoras de serviços de assistência domiciliar e fornecedores de medicamentos, a

ABEMID surgiu em 2003, quando havia 40 empresas associadas (Vilar 2001, 2003).

Em 2003, foi criado o Núcleo Nacional das Empresas de Assistência

Domiciliar (NEAD).

A assistência domiciliar brasileira tem dois grupos distintos de empresas ou

instituições. O primeiro grupo compõe-se de empresas que prestam serviços

segmentares, ou seja, só atendimento de enfermagem ou fisioterapia. O segundo

engloba as empresas onde o atendimento é multiprofissional, tratando o doente de

forma integral e holística (Tavolari et al, 2000).

Há uma diferença importante no grau de complexidade do atendimento

prestado por estes dois grupos de empresas, que pode ser de alta, média ou baixa

complexidade. Assim, um doente estável que precisa apenas de um curativo simples

pode ser atendido por uma empresa de serviços segmentares com baixa complexidade.

(Tavolari et al, 2000)

Já um paciente portador de doenças crônicas, com descompensações

potencialmente graves deve, preferencialmente, ser atendido por uma empresa que

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possua assistência multiprofissional integral, sendo este atendimento classificado

como de média ou alta complexidade. (Tavolari et al, 2000).

No Brasil, os grupos mais experientes em assistência domiciliar possuem

programas de cuidados seguros e avançados, como poucos similares no mundo.

Prestam atendimento a doentes muitas vezes graves e instáveis em casa, sem deixar de

lado a excelência técnica, a segurança e a qualidade encontradas nos melhores

hospitais do país. (Tavolari et al, 2000)

3.2. SEGMENTOS DO SISTEMA SUPLEMENTAR DE SAÚDE

A política de saúde no Brasil seguiu, nos anos 80, uma trajetória paradoxal: de

um lado, a concepção universalizante, de outro, obedecendo às tendências estruturais

organizadas pelo projeto neoliberal, concretizaram-se práticas caracterizadas pela

exclusão social e redução de verbas públicas. Em função dos baixos investimentos em

saúde e conseqüente queda da qualidade dos serviços, ocorreu uma progressiva

migração dos setores médios para os planos e seguros privados (Malta, 2001).

A expansão da saúde suplementar nas últimas décadas foi significativa,

estimando-se, segundo os dados da PNAD/98, em 38,7 milhões o número de

brasileiros cobertos por pelo menos um plano de saúde, o que corresponde a 24,5% da

população do País (IBGE, 2000). Esses números expressam as profundas alterações

que a prestação dos serviços de saúde vem sofrendo, colocando na agenda

governamental a necessidade do estabelecimento de um ordenamento jurídico legal

para o setor, que incorpore a regulamentação desse mercado privado e a definição das

suas responsabilidades. Essa regulamentação iniciou-se em 1998, mediante a lei

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9.656/98 e aprofundou-se com a lei 9.661/00, que criou a Agência Nacional de Saúde

Suplementar, mas ainda existe um grande percurso na sua consolidação (Brasil, 1998;

2000a). Convive-se com uma grande heterogeneidade nos padrões de qualidade do

setor, fragmentação e descontinuidade da atenção, que comprometem a efetividade e a

eficiência do sistema como um todo, atingindo as redes de cuidados básicos,

especializados e hospitalares, que atendem a clientela de planos de saúde.

A chamada “assistência médica supletiva” adquire inúmeros formatos na

prestação da assistência e esses numerosos aspectos devem ser melhor conhecidos.

A saúde suplementar é composta pelos segmentos das autogestões, medicinas

de grupo, seguradoras e cooperativas. Denomina-se “autogestão” os planos próprios

patrocinados ou não pelas empresas empregadoras, constituindo o subsegmento não

comercial do mercado de planos e seguros. As autogestões totalizam cerca de 300

empresas e aproximadamente 4,7milhões de beneficiários. O grupo é heterogêneo,

incluindo as grandes indústrias de transformação, entidades sindicais, empresas

públicas, até empresas com pequeno número de associados (Ciefas 2000; Bahia 2001).

O subsegmento comercial compreende as cooperativas de trabalho médico –

Unimed’s e cooperativas odontológicas, as empresas de medicina de grupo (incluindo

as filantrópicas) e as seguradoras. As seguradoras, vinculadas ou não a bancos,

representam a modalidade empresarial mais recente no mercado de assistência médica

suplementar, com 16% do contingente de pessoas cobertas por planos privados de

saúde. As cooperativas de trabalho médico, as Unimed’s, possuem 25% dos clientes de

planos de saúde e se organizaram a partir da iniciativa de médicos, com a

argumentação da ameaça de perda da autonomia da prática médica e da

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mercantilização da medicina. As medicinas de grupo, constituídas inicialmente por

grupos médicos aliados ao empresariado paulista, são, atualmente, responsáveis por

quase 40% dos beneficiários da assistência médica supletiva. Esse segmento se

organizou em torno de proprietários/acionistas de hospitais, criando redes de serviços e

credenciando hospitais e laboratórios, já que existia um comprador de serviços que

lhes garantia um mercado seguro. O surgimento do setor se deu a partir de meados da

década de 1960, com o denominado convênio empresa entre a empresa empregadora e

a empresa médica (medicina de grupo), estimulados pela Previdência Social, que

repassava subsídios per capita pelo serviço prestado, prática essa que foi decisiva no

empresariamento da medicina (Médici, 1992).

3.3. ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA

DOMICILIAR

Uma questão preliminar importante é o fato de que a assistência domiciliar na

Saúde Suplementar não é regulamentada pela ANS, ela obedece apenas à

regulamentação da ANVISA para esse tipo de serviço, feita através da Resolução da

Diretoria Colegiada (RDC) Nº. 11/2006.(Brasil, 2006)

Para todas as operadoras os aspectos organizacionais são parecidos, pois

indicam a necessidade de uma estrutura de funcionamento e logística que envolve

fornecimento de materiais, medicamentos (à exceção para os de uso oral), transporte e

equipamentos hospitalares quando os beneficiários são dependentes dos mesmos.

(Franco, et al.; 2007)

Para a questão relacionada aos trabalhadores há uma mescla entre pessoal

próprio e contratos com cooperativas de profissionais ou mesmo profissionais

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autônomos. Há uma razoável oferta de formação na área, que tem o objetivo de melhor

adaptar os trabalhadores aos Programas de Assistência Domiciliar. Da mesma forma

que unanimemente busca-se transferir tecnologias de cuidado aos familiares, no

sentido de autonomizá-los como cuidadores. Isso já é parte da estratégia de um

trabalho que deve levar à alta do beneficiário do Programa, sem que haja conflitos que

usualmente são verificados nessa área específica, pois se tornou comum a família

resistir à alta. (Franco et al.; 2007)

3.4. CRITÉRIOS DE INGRESSO AO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA

DOMICILIAR

Os critérios de elegibilidade para ingresso no programa de cuidados ou

internação domiciliar indicam beneficiários dependentes de internação hospitalar

prolongada, perfil nosológico, que torna possível realizar os cuidados em ambiente

domiciliar, por exemplo, tratamento de feridas, antibioticoterapia, suporte pós-

internação, acompanhamento para beneficiários portadores de doenças crônicas.

Para ingressar no programa é necessário que o beneficiário tenha indicação de

algum médico da operadora. Após essa indicação, ele passa por uma avaliação da

equipe do programa para análise das suas condições socioeconômicas, a ambiência do

domicílio, o desejo da família em ter a pessoa em casa e a garantia de um cuidador. A

prestadora tem uma grande flexibilidade no julgamento da elegibilidade de cada

beneficiário. A equipe de avaliadores é composta por uma enfermeira, uma médica e,

quando necessário, fisioterapeuta, em conjunto com a prestadora e a operadora de

home care.

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Um problema importante enfrentado pelo programa diz respeito à “alta”, pois

os familiares têm uma grande resistência em assumir os cuidados rotineiros após terem

vivenciado o programa de assistência domiciliar. Há casos de ações judiciais para

manutenção do programa de atenção domiciliar, mesmo que nos critérios da equipe e

prestadora não haja indicação técnica para isso. Os profissionais começam a trabalhar

a “alta” desde o ingresso no programa, procurando transferir conhecimentos,

tecnologias de cuidado aos familiares e realizando um trabalho de “desmame”, como é

chamada a alta gradativa, para amenizar o impacto do desligamento do beneficiário do

programa de atendimento domiciliar. (Franco TB; Merthy, 2008).

FIGURA 1: Fluxo de ingresso do beneficiário no Programa de Assistência Domiciliar:

Franco, 2006.

4. DISCUSSÃO

4.1. MODALIDADES DE ATUAÇÃO NO HOME CARE

Considerando que as modalidades relativas à atenção domiciliar à saúde

possuem diferentes percepções e abordagens, buscou-se utilizar distintos autores para

conhecer quais são as concepções existente sobre o tema.

Conforme descrito no estudo, é necessário que os profissionais de saúde

tenham clareza em relação aos termos da atenção domiciliar à saúde, para que possam

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fundamentar suas práticas e para que tenham uma visão unificada, e, assim, obtenha-se

maior êxito na realização de seus objetivos.

A seguir, serão apresentadas definições das quatro modalidades da atenção

domiciliar à saúde: atenção domiciliar, atendimento domiciliar, internação domiciliar e

visita domiciliar. Essa divisão é proposta pelos autores com base nos termos

observados em publicações, sendo concordante com a Resolução RDC nº. 11, de 26 de

janeiro de 2006 da ANVISA e como com o Ministério da Saúde, em documento

preliminar publicado em 2004. Esses dois documentos oficiais dividem a atenção

domiciliar à saúde em: atenção domiciliar, assistência domiciliar e internação

domiciliar, aos quais acrescentamos a modalidades da visita domiciliar (Brasil, 2006;

Brasil, 2004).

4.1.1. Atenção Domiciliar

A atenção domiciliar é a modalidade de maior amplitude dentre as quatro

citadas. Ela é definida pela Brasil (2006) como um termo genérico, que envolve ações

de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, desenvolvidas

em domicílio.

As ações de saúde são realizadas no domicílio do paciente por uma equipe

multiprofissional, a partir do diagnóstico da realidade em que o paciente está inserido,

visando à promoção, manutenção e/ou restauração da saúde (Duarte; Diogo, 2000),

portanto, é uma atividade que envolve não só os diferentes profissionais da área da

saúde, como também o cliente e sua família, visando ao estabelecimento da saúde

como um todo. Permite que os profissionais desenvolvam atividades de modo que o

cliente perceba que a sua participação no processo saúde doença é de fundamental

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importância, pois é ele (o cliente) que poderá diminuir ou até mesmo eliminar os

fatores que colocam em risco sua saúde, não bastando apenas à informação veiculada

pelos profissionais.

Mazza (2004) considera a atenção domiciliar à saúde como "um dos meios de

se obter do indivíduo, da família e da comunidade sua participação no planejamento,

organização, operação e controle" dos cuidados primários em saúde, fazendo uso dos

recursos locais disponíveis.

Complementa-se que a atenção domiciliar envolve a prática de políticas

econômicas, sociais e de saúde, para reduzir os riscos de os indivíduos adoecerem, a

fiscalização e o planejamento dos programas de saúde, e a execução das atividades

assistenciais, preventivas e educativas. Assim, abrange desde a promoção até a

recuperação dos indivíduos acometidos por um agravo e que estão sediados em seus

respectivos lares.

Essa modalidade abrange todas as outras, isto é, o atendimento, a internação e

a visita domiciliária, que possibilitam a realização e a implementação da atenção

domiciliar, de modo que todas as ações que possam vir a influenciar o processo saúde

doença das pessoas.

Para o modelo americano, a atenção domiciliar à saúde pode ser compreendida

como "home health care", sendo o cuidado à saúde proporcionado às pessoas no

próprio domicílio de forma apropriada e de alta qualidade, com relação ao custo-

benefício compatível com a vida dos indivíduos, que devem manter sua autonomia,

independência e melhor qualidade de vida (Word Health Organization, 1999).

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4.1.2. Atendimento Domiciliar

Este termo é utilizado por alguns autores para designar atividades nomeadas

como assistência domiciliar ou, por outros autores, como cuidado domiciliar. Assim,

considera-se esses três termos sinônimos e representantes de uma mesma modalidade

da atenção domiciliar à saúde. Segundo a ANVISA (Brasil, 2006), assistência

domiciliar (ou atendimento) é um conjunto de atividades de caráter ambulatorial,

programadas e continuadas, desenvolvidas em domicílio.

Podemos compreender essa expressão como "home care" em outros países. No

sistema de saúde canadense é a provisão de uma disposição de serviços de saúde e

sociais designados a dar suporte aos pacientes em suas próprias casas (Wealth Canada,

1997). O objetivo é permitir que indivíduos que necessitem de cuidados para

circunstâncias agudas ou crônicas de saúde recebam o tratamento da alta qualidade no

domicílio ou na comunidade, ou facilidades, a longo prazo, do cuidado, sendo que a

sustentação ou cuidado para os amigos e a família, que fornecem o cuidado para seus

familiares doentes é também importante. Na Coréia o "home care" esta baseado em

uma perspectiva do setor público de saúde e as ações de saúde no domicílio junto à

família e à comunidade se consolidam para pacientes com doenças crônicas e de longo

tratamento, que estejam sem hospitalização (Ryu; Koabyashi, 2004).

O cuidado dos profissionais de saúde para a pessoa em sua própria casa, com o

objetivo final de bem-estar, além de contribuir para a qualidade de vida e para o

funcionamento do estado de saúde, substitui o cuidado hospitalar, esta é uma

compreensão do sistema de saúde sueco. (Thomé, Dykes e Hallberg, 2003).

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O atendimento domiciliar representa uma estratégia de atenção à saúde, que

engloba mais do que o fornecimento de um tratamento padrão. É um método aplicado

ao cliente com o objetivo de enfatizar sua autonomia e realçar suas habilidades em seu

próprio ambiente – o domicílio (Duarte e Diogo, 2000). Ele envolve ações menos

complexas, multiprofissionais ou não, que podem ser comparadas a um "consultório

em casa" (Tavolari et al.,2000). Segundo Paskulin e Dias (2002), o atendimento

domiciliar pode propiciar um contato mais estreito dos profissionais de saúde com o

paciente e seus familiares em seu próprio meio, podendo este momento ser útil para

uma avaliação das condições que o cercam, por vezes, de grande importância para o

sucesso do acompanhamento.

Compreende-se que o atendimento domiciliar envolve a realização de ações

educativas, orientação, demonstração de procedimentos técnicos a serem delegados ao

cliente ou ao seu cuidador, bem como a execução destes procedimentos pela equipe

multiprofissional no domicílio do cliente.

O atendimento domiciliar é, portanto, um conjunto de ações que busca a

prevenção de um agravo à saúde, a sua manutenção por meio de elementos que

fortaleçam os fatores benéficos ao indivíduo e, concomitantemente, a recuperação do

cliente já acometido por uma doença ou seqüela.

Evidencia-se com isso que o atendimento domiciliar compreende todas as

ações, sejam elas educativas ou assistenciais, desenvolvidas pelos profissionais de

saúde no domicílio do cliente, direcionadas a ele próprio e/ou a seus familiares. Desse

modo, abrange tanto atividades simples como as mais complexas, incluindo, assim, as

modalidades visita e internação domiciliar.

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4.1.3.Internação Domiciliar

A internação domiciliar é uma atividade continuada, com oferta de tecnologia

e de recursos humanos, equipamentos, materiais e medicamentos, para pacientes em

estados mais complexos, que demandam assistência semelhante à oferecida em

ambiente hospitalar (Ribeiro, 2004).

Para Lacerda (2000), a internação domiciliar é a prestação de cuidados

sistematizados de forma integral e contínua no domicílio, com supervisão e ação da

equipe de saúde específica, personalizada, centrada na realidade do cliente,

envolvendo a família e, podendo ou não, utilizar equipamentos e materiais. A autora

pontua ainda que, nessa modalidade, o cliente recebe cuidados e orientações sobre

várias ações, pois está com o estado de saúde alterado, precisando de acompanhamento

profissional.

O uso da palavra internação requer cautela, pois pode incorrer em apropriação

da terminologia e da compreensão utilizada em instituições hospitalares, não

considerando a especificidade que o domicílio apresenta (Lacerda, 2000).

A internação domiciliar, segundo Tavolari, Fernandes e Medina (2000),

refere-se ao cuidado intensivo, contínuo e multiprofissional, desenvolvido em casa.

Requer aparato tecnológico semelhante ao existente na estrutura hospitalar, pois o

cuidado é direcionado a doentes com complexidade moderada ou alta, no entanto,

esses recursos tecnológicos são solicitados de acordo com a necessidade do cliente.

Dal Ben (2001) afirma que nesta modalidade o acompanhamento contínuo, ou

seja, diário e até, às vezes, ininterrupto, pode ser de 24, 12, 8 ou 6 horas de assistência

de enfermagem. A autora refere ainda que "é fundamental o suporte contínuo com uma

24

central de atendimento para solução de emergência, durante 24 horas, com médico e

enfermeiro disponíveis para orientar e atender às necessidades do paciente".

A internação domiciliar, portanto, é uma modalidade que tem se revelado uma

opção segura e eficaz, direcionada a pacientes portadores de doenças crônicas ou

agudas (Freitas et al, 2000). Está adquirindo cada vez mais importância nas distintas

organizações sanitárias e sociais, acompanhada por estudos que prevêem um aumento

dos serviços de atendimento domiciliar, assinalando que diferentes setores colocam a

internação domiciliar como alternativa viável e promissora (Lacerda, 1999).

Na França, a internação domiciliar é uma alternativa assistencial do setor de

saúde, que consiste em um modelo organizado capaz de dispensar um conjunto de

cuidados e atenção de médicos, enfermeiras, tanto em qualidade como em quantidade,

para pacientes em seu domicílio, que não precisam da infra-estrutura hospitalar, mas

necessitam de vigilância ativa e assistência completa (Nogueira, et al., 2000).

Para Cotta (2001), é importante salientar que a internação domiciliar deve ter

caráter transitório e que a equipe de saúde que atende o paciente no domicílio esteja

dotada de meios tecnológicos necessários e que visitem regularmente a residência do

paciente para fazer o diagnóstico e prover o tratamento e os cuidados.

Em um documento preliminar do Ministério de Saúde brasileiro sobre as

diretrizes para a atenção domiciliar no sistema único de saúde (Brasil, 2004), há as

seguintes ações que podem ser realizadas pela internação domiciliar: procedimentos

terapêuticos, educação sanitária, cuidados paliativos e visitas de monitoramento,

pautando-se pelo cuidado integral, por ações inter e trans-disciplinares, devendo ser

25

consideradas as condições locais, as questões habitacionais, sociais, culturais, a

formação de equipes, a rede básica e a decisão do gestor local de saúde.

4.1.4.Visita Domiciliar

O conceito de visita domiciliar parece ser o mais difundido no sistema de

saúde brasileiro e nas práticas de saúde na comunidade. Ribeiro (2004) o considera um

contato pontual de profissionais de saúde com as populações de risco, enfermos e seus

familiares para a coleta de informações e/ou orientações. Na visita domiciliar são

desenvolvidas ações de orientação, educação, levantamento de possíveis soluções de

saúde, fornecimento de subsídios educativos, para que os indivíduos atendidos tenham

condições de se tornar independentes (Mazza, 2004).

As orientações realizadas dizem respeito a saneamento básico, cuidados com a

saúde, uso de medicamentos, amamentação, controle de peso, ou qualquer coisa que

diga respeito àquele indivíduo, à família e à comunidade em que vivem (Jacob, 2001).

Segundo Lacerda (1999), a visita é realizada pelos profissionais de saúde e/ou

equipe na residência do cliente, com o objetivo de avaliar as demandas exigidas por

ele e seus familiares, bem como o ambiente onde vivem, visando estabelecer um plano

assistencial, geralmente programado com objetivo definido.

Ela pode ser utilizada, ainda, como atividade de subsidio de intervenção no

processo saúde doença de indivíduos ou o planejamento de ações visando à promoção

da saúde coletiva. Deve compreender ações sistematizadas, que se iniciam antes da

visita e continuam após ela. (Freitas et al, 2000).

Como pode-se observar, a visita domiciliar é uma forma de assistência

domiciliar à saúde, que dá subsídios para a execução dos demais conceitos desse

26

modelo assistencial. É, por intermédio da visita, que os profissionais captam a

realidade dos indivíduos assistidos, reconhecendo seus problemas e suas necessidades

de saúde.

No Japão, as atividades de visita domiciliar são realizadas pelas enfermeiras

que a definem como atividade que orienta o paciente e a família nas atividades da vida

diária e na provisão de um cuidado individual ao paciente, sendo estes cuidados

ofertados a pacientes idosos, a pacientes que necessitam de cuidados especiais e de

tecnologia avançada, a pacientes terminais e a pacientes com doenças mentais

(Murashima et al, 2002).

4.2.Uma Visão Global das Modalidades

Segundo Lacerda et al.;2006, analisando as modalidades em uma visão

global, a internação domiciliar é a mais específica modalidade da atenção domiciliar à

saúde, envolvendo a presença contínua de profissionais no domicílio e o uso de

equipamentos e materiais. Ela é uma forma de operacionalizar o atendimento

domiciliar, assim como utilizar a visita domiciliar como estratégia de realização desta

atividade.

A visita domiciliar possui um caráter mais pontual, de contato com os

profissionais, que observam a realidade do paciente em seu domicílio, isto é, seu

contexto domiciliar, seja de estrutura física e material ou de relações pessoais intra-

familiares, em que também podem realizar orientações( Lacerda, et al, 2006).

O atendimento domiciliar é uma modalidade um pouco mais ampla, que

envolve atividades profissionais realizadas diretamente no domicílio das pessoas,

27

envolvendo o cliente e sua família. Conforme dito anteriormente, pode ser

operacionalizado pela internação ou pela visita domiciliar, mas, ainda pode ser

simplesmente atendimento domiciliar. Isso porque os profissionais podem realizar

atividades e procedimentos no domicílio, sem configurar o tratamento intensivo da

internação domiciliar ou os objetivos de educação e levantamento de dados da visita

domiciliar, constituindo atendimento domiciliar propriamente dito (Lacerda, et al,

2006).

A atenção domiciliar à saúde, além de envolver as atividades profissionais da

internação, da visita ou do atendimento domiciliares, engloba práticas de políticas de

saúde, saneamento, habitação e educação, dentre outras, dependendo de diferentes

esferas de atuação para a saúde dos grupos sociais (Lacerda, et al, 2006).

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pode se observar no estudo existe uma complementariedade entre as

modalidades do home care.

Deste modo, a Atenção Domiciliar é, dentre as modalidades, a mais ampla,

envolvendo a vigilância a saúde dos pacientes, de modo a promover, manter e/ ou

restaurar a saúde do paciente. O atendimento domiciliar é a execução de qualquer

atividade profissional direta a saúde dos indivíduos e a internação domiciliar é a

prática mais intensiva e complexa no domicilio. A visita domiciliar é uma forma de

avaliação dos indivíduos, família e do domicilio, sendo também uma forma de

atendimento domiciliar.

28

Por fim, destaca-se a importância do conhecimento sobre home care, aspectos

organizacionais e logística que envolvem a assistência em domicilio e as modalidades

e suas especificidades que fundamentam a prática, proporcionando uma prática

assistencial planejada e organizada aos beneficiários e um atendimento humanizado e

de melhor qualidade.

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