as cosquinhas ou jhapaçõis_paulo vitor grossi (2016)

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Avisa o autor: aquém preconceitos, esta obra trata de abusos. Aqui temos sequelas de um passado ilusório. As pessoas precisam mudar, urge o tempo de uma vida limpa! Alterar-se sem saber é trair a real magnificência da Natureza (e nossa existência) Bruto das “Jhapaçõis” – versão original retirada do manuscrito em caderno. Do esboço de 2010 “Flora de si”, não sei quantos contos rápidos entre Idmid e Iai E o título por si só já um caso, completo. Em seu total, tudo escrito no bairro de Buenafurego (NMB). Inéditos pela nova casa. Toda própria.

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Page 1: As Cosquinhas ou Jhapaçõis_Paulo Vitor Grossi (2016)
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COSQUINHAS

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AS COSQUINHAS OU JHAPAÇÕIS

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Para você, que adquire um destes livros na forma física:O preço (quando não, apreço!) terreno atribuído às obrasdo presente autor apenas se justificam pelos meios deprodução e sua posterior divulgação. A fé em Deus, à Luze ao Bem Comum, é e sempre será o intuito desta vida,por enquanto durarem seus dias.Agradeço a todos a oportunidade, e que nossos errospossam ser perdoados.

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Paulo Vitor Grossi é escritor e músico independente,publicou entre outros títulos o romance “c a c t u s”,além do argumento de “Amor, Ódio, Redenção e Morte” ea novela/roteiro “Casa de Praia”. Participou grupos demúsica ALICE, íO, Instrumental Vox, SAEM e Ummantra.Pela Poesia, lançou a conferência de “Amerê” e aexperiência em diversas línguas, CIRCULAR

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Avisa o autor: aquém preconceitos, esta obra trata deabusos. Aqui temos sequelas de um passado ilusório. Aspessoas precisam mudar, urge o tempo de uma vida limpa!

Alterar-se sem saber é trair a real magnificência daNatureza (e nossa existência)

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Bruto das “Jhapaçõis” – versão original retirada domanuscrito em caderno. Do esboço de 2010

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“Flora de si”, não sei quantos contos rápidos entre Idmide Iai

E o título por si só já um caso, completo. Em seu total,tudo escrito no bairro de Buenafurego (NMB). Inéditos pelanova casa. Toda própria.

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"A verdadeira viagem não está em sair àprocura de novas paisagens, mas em

possuir novos olhos"(Marcel,

aquele... o Proust)

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TORTIN TRISTIN TIN-TIN

Então, em Buenafurego, a 13 de Janeiro do ano de 2010 eos 5 grandes desejos são: 1) NÃO FALIR! 2) SER UMESGRIMOR FAMOSO… E, se tudo der errado: 3) Virarcaminhoneiro, 4) Ou pescador de salmão no Chile, (….....)5) Ficar andarilho. Mas não volto para a casa da minhamãe, arruinado, com dívidas astronômicas; nem termino omelhor livro da Literatura Brasileira dos últimos temposnem escondo nada de vocês 6) Me tornar lenhador noCanadá? Mas aí construo minha cabana; lembro dos filhossem criação pelos caminhos que deixei; morro isolado eesquecido e desconhecido, igualmente na mais completamiséria 7) Ateiam fogo ao meu presunto em via pública eestas cinzas são devolvidas aos familiares (desejo macabro,opa!) 8) Dias depois, amigos e ex-comparsas atiram aovento tudo o que sobrou de matéria no Deserto doAtacama. Aí começa a merda. Minha, ou nossa, foi-se.

Assino,Idmid

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“Era um quintal muito grande e nofinal tinha uma piscina, nas tardessem aula… ensolaradas, delas”

ACQUA VITAE POR..........!

Ah, as semanas de chuva da adolescência. Dias sem banho,os cabelos sebosos, a água tanto fina quanto grossa, meiassujas e leseira. Eu ouvia Rocão e escrevia um romancesobre sonhos.E os heróis jaspioneses lutando contra um vilão melado demagma, aquela lava, nem da louça nos servíamos nós osiniciantes – quem também não foi relaxado uma vez navida com essas louças!? A terra viva, as forças emanavamda infância. E todas as semanas via um pedaço da fita dosTotóixtore que meu tio\padrinho deu no Natal – quantatradição – de sei lá que anos dos antigos antes 2000!!!Agora caio numa casa de estranhos nesse mundo semfamília. Me suportam, pois visito. Ou, sou um agregado.Todos inalam e eu também nessa consequência. Parece quenão ligam muito, e estão bem de comida e refrescos, deveser uma pensão. Assim sou, aqui e ali! Sempre memovendo. Sou o Rei da Passagem!! E tenho companhia,ela é uma boa garota essa a minha, e fluía assim semsabermos.Vivo no mundo da... lua? Minha menina é que compra ajanta. Não sou como os outros homens, só caí dos céus eme sustentam.Trocando a água por qualquer bagulho, mas bebendo unsgorós às vezes, sinto que vou cada vez mais

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acomodando.... E minhas forças me escapam pelas mãosgrudadas, mas poderia tanto.Engordurado, devo largar este livro nos confins damemória, agora, gasta é a voz de Marjuna. São tantas asdores cerebrais desconexas e louca ficou minhaperplexidade.

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FUMAR PELADO! HUUU.... AHH..

É como naquelas cenas de filmes pornôs dos anos setenta,busca aí na Internet! Sempre estiloso e machão e dono daparada. Eu sou o cara. O cigarro é o único adorno. Àsvezes até rola um cordão fininho de ouro, ou uma pulseiragrossa, ou mesmo aqueles anéis de bicheiro – sabe, comuma bolinha de esmeralda no meio. Fumar pelado é umadas maiores sensações de poder que existe: eu e umamulher linda à minha frente, após um ótimo sexo,cabuloso sou o Rei, o que soou. Teu homem! E pai, filhoe esse que te faz MULHER!O apê é meu, pra gente... de volta gastar!Porém a sorte me fez pobre, ou seja, sei que tudo isso étransitório e me lasco por crer na ficção. E um dia irei,é... adentrar um sebo atrás de um balcão ou pelos livrosque já desprezaram, a vida sobe e desce em páginasherméticas. O empoeiradinho mais bonito da cidade, osusados; o sebo de agora, antes livraria. Vai ser bom, tereiacesso a diversos títulos, sempre ligado, desde Astrologiaaté Guerras. Os preços são cômodos, pede, já sei. Todos osdias mais e mais sovinas como eu pedirão descontos nocaixa, mas apenas poderei lamentar e dar só 20%!! Meuouvido é desse penico!? Assim é a vida, cara. Lembro dostempos de glória em que fumava pelado e gozava... Ontemmesmo.Dedico o tempo mais à reflexão. Sim, fumo meuscigarrinos, às vezes de calça, jeans, ora sozinho,acompanhado, o que for, mas nessa classe.Ah, pou, coé. Preciso dessa moral, mesmo, sério, é, e aquiterminar este conto... Voltei. Quero escola. Aqui, olha, poisescrevi o principal e vim retocando, já já tudo vai acabar.

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Reparem as diferentes cores das tintas de caneta!!...Viram, foram feitos durante muuuitas viagens.....

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AS BOLINHAS DE PARACAMBÚ

Imagina uma cidade de tudo o que é melhor e ilegal aindadá tudin certo. Assim é Paracambú. Lá existe? Deveria.Seria melhor mesmo. Se acontecesse, se e quandoidealizar... tudo somente e para nossos desejos. Melhor darum motivo de odiar o que temos, correto? Mas quem nãoconsegue acharia chato. Paracambú devia existir. Ando ézueiro.Eu tô zueiro, sou o Idmid. Preciso das tais bolinhas deParacambú. Só nasce lá. São curativas, fuuuu-, medicinais,mágicas, de manipulação. Sei lá, deve ajudar em algo. Sópra ser o Idmid, Idmid pros amigos, preciso delas, precisoprecisar, -asse, preciso dormir, descansar, descansar epreguiçar. Só isso!(...) olhei o relógio: 5:45. Ainda percebo alguns – círculosda labareda e dos feitos da noite pela minha menina...,tudo nela. Tá cedo, né. Que tal juntar nossas papilasgustativas?? Pus minha mão no seu peito. Recostei-me...Depois apertei forte os seus lados, afaguei, minha mão emformato de pata. Sou seu rei, ou leão. Você a rainha,bora!E que pena ter de esperá-la, pois apaguei o fogo e ela foipegar guaraná e maçã, pra vermos o filme do Nit Chorar.Ela logo começou a dividir seu pensamento comigo. “Vocêsabia que o que deixa a maçã doce é a frutose?” Eu canteique Ai, miss you, guaranáá.... Tobiiiii i ii!!

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AH, E QUERO REALMENTE É SER MACUMBEIRO

Não é pra espantar ninguém. Seria satisfação pessoalmesmo. Digo isso em sério, direto da ânsia de vibração.Desde moleque, ouço, imagino a Macumba solta. Atrás daantiga casa da minha mãe – MOLECAAA! – tinha umCentro de Umbanda. E era ali que rolava a parada. Aosdomingos, quase sempre que podiam, todos os rituais eramda gente. Dali, a mãe de santo com a roupa branca debaiana, o trintão “pegando santo” de criança, o iá-ah-ahhcantado. Era isso na alegria. E eu e meu irmão, pradesespero sorridente de todos, dançávamos. Íamos no ritmonem tum tum pelo chacoalhar dos pandeiros. Era divertido,mágico, e normal. Como comer despachos largados pelasruas, das suas farofas às cachaças grátis, ainda que nãoseja bonito mexer no que é dos outros! As outras criançasnão podiam. Até mesmo em época de Cosme e Damião eratabu comer ou ganhar algo de Centros. Havia exclusão sefosse de Centros. Na rua em que morávamos, por exemplo,as pessoas mais legais eram dali, de Centro, mas a gentenem ligava, muita opinião só embaralha. Nããoo. A palavraCandomblé em mim nada afeta, a depreciação está nodesconhecido, vinda de quem pouco sabe sobre religiões.Eu conheço é macumbeiro. Esses linguajares acadêmicos,ou fictícios, são bobeiras. A gente era junto, o Brasil e omundo. A Dona Tereza e a Bega eram nossas vizinhas deanos, profundas amigas, apenas simpáticas e prestativas...Por que não haver amizade entre pessoas tão maneiras?Por isso gosto da Macumba e dos tambores, foi o queaprendi. Isso eu respeito. Daí, com o tempo da nostalgiaessa, senti uma vontadezinha, depois fascinação e desejo,só a remexer.

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UMA BARRACA DE CAMPING DENTRO DO APÊ

Eu não posso NUNCA dormir sem, AO MENOS, lavar asmãos, mas sou perturbado, então posso reclamar. Têm deestar bem limpas e depois secá-las na boa. Pode-secompletar lavando o resto e deixando secar naturalmente –minha avó disse que é bom pra EVITAR ESPINHAS! –Penso nessas crendices, sorrio e olho pra barraca.Abatido pela perturbação, preciso pegar minhas listas decompras e ligar pra minha mâmi e pedir um arrego. Meusnegócios nem andam falidos....Sabe, uma vez eu vi que existem vários tipos de pessoas.Umas viram estrelas, outras o vento leva, outras estão aquisó pra serem pilares de outras, mas todas têm importância.Mas por qual motivo eu pus uma barraca no meio daporcaria da minha casa?? Fiquei foi esquisito nessa fita?E olha aqui, neste momento, fumando raxas medianos, éque o retrato da minha geração saudosista me abate, comofui pela marolação. O que somos nós, afinal? Rimbaudfumava o melhor, o mais puro raxa, seguramente. Achoque me inspirei feio........... Os gringos são chiques!Quem se importará quando alguém familiar me compra umbeliche depois que eu oferecer ajuda a um irmãoproblemático??? Ter por perto um ente querido é ajudamútua? É que existem muitas casas, todas para usarmos.Poxa, deixei meus dentes apodrecerem e fiquei duro parapoder escrever isto aqui e imprimir e distribuir pra todoviciado em potencial, cara. A barraca é porque vendi tudo,desde o colchão até o beliche rachei pela junta e orgulho.Não me contento apenas em ser um humano e contribuir,quero as estrelas, as supernovas de docinhos, e me perco.

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SENTIR QUE “TEU MOTORZIN TAVA PARANU”

Isso é só papo. Meio clássica história por si só.Eu pedi pra ela até escrever o título com sua letra própria,demonstrando mais uma vez que ela tava é derrubada pelojererê. E daí, virei seu protetor – agora mesmo,emalrconhados, sorrimos – nos deu compreensão edivertimentos incomparáveis, uma ajudazinha.. em quepedimos (e fomos) irresponsáveis.Imagino a palavra emaconhado, cunhada em bandeiras eou camisas como símbolo de um desgaste que queríamos ebem realizamos – como custa dizer isso – que posso alémda piada!?Meu corpo agitava-se. Ouvi como um estádio berrar, meupau nascia. Era festa.Mas ela parava. O corpinho dormia. Logo, acordava,tentava, mas ela tava só paranu. Que nem motorzin – sabecarrinho de fricção!? Era bom. Relex. Divertido.Eis que, de repente, houve uma reviravolta! Eu, flutuandoem luzes e predas preciosas, comecei a coçar o saco. Daípercebi uma cosquinha. Cocei mais e saiu um trocinhobranco. Pensei que fosse um machucado ou xuxeira. Minhamulher desatou a rir e não parava de me zoar: Idmid, vocêarrancou uma verruga!!!!! Rimos pra garao e eu pegueiacetona e algodão e pensei em tarô(!?), era o fatídico. Tádifíçú!!“Amore, fica do meu lado! Não quero arrumar umemprego porque trabalhar limita minha capacidade de estarcontigo; odiamos ter que entregar nossa intelectualidadededicando muito do nosso tempo para eles... capitaliss”

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BAJULADO

Eu também mereço ser bajulado. Coé, continuo ou nãosendo filho de Deus, pou!? Mas gostaria de ter écomeçado esta história do seguinte modo: “Sonhei com apreparação de um frango ensopado pela minha vó, usandoprimeiro açúcar derretido na panela, em seguida o frangocru. Refoga, joga sal e curry. Refoga mais. No outro diadava até para usar sobras disso para fazer canja! Ah, canjade vovó! É a imagem saborosa e nutritiva do crescimento”Pulo isso para a lembrança d'eu brincando com bonecos doComandos Ação no quintal lodorento dos fundos da casa,no tanque de lavar roupas cheio de água. Eles tavamsubmersos, eu do lado de fora, como observador. Era comouma ópera... nessa época a criança romantiza o pouco quetem.Sou um cara folgado agora. Me pareço com o gato dela detodas as vidas. Tanto que esse raxa já nem faz mais efeito,só me largou um pouquinho de enxaqueca. Quem me deraum estimulante! Ah, um raio!! Que bom seria agora umamigo, o cara mais engraçado de todos os tempos... e maisfolgas.Preciso dum café, tô que nem sonâmbulo... no meio dasujeira de horas e horas a fio de loucura, se não paro......pode quer que si

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DOBRAR, PINTAR, DESENHAR, COLAR E RECORTAR

Me sinto ótimo escrevendo pela manhã. A cabeça fresca,limpa; as ideias povoam rápido. Tô com as bateriascarregadas. Acendo um cigarro. Tusso, me odeio nesseponto; rio, deixo pra lá. Desta vez tomo café com duascolheres de leite em pó, só para ter umas vitaminazinhas.É bom ter uma casa. Morar só, depender não é mole não.Mas não é pra tudo isso que comecei este conto. Precisofalar do título. Releia o título, porfa. Nunca mais li direito.Nem termino às vezes um livro. É cansativo. Tenhopreferido imagens. As bibliotecas ficaram chatas, livrariassão distantes e na outra rua. Não tenho mais a empolgaçãode um Bandini, prefiro a Hilda Hilst, pois é maisengraçada e real na audácia

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ESPELHO SEM AÇO

Eu sou um matuto! João de Edaí. Agora vou falar do meuferiado, todos temos um. Sou como aquele índio do brejoque chega na cidade, tou deslumbrado e fico idiota porfora.Minhas ações um dia serão lembradas, assim como essecanalha de Feicebuqui sem rosas! E vão fazer bonecos prajudiar na data de malhar o Judas, que será o meu.Não é possível dar mole pros adversários – genéricos dizemfazer parte do jogo –, não posso ter pena.Até que virá a vez que um dente fundamental tropeçará ecairão mais e mais outros em seguida, e teremos, eu edentadura, que nos operarmos mutuamente. Poremosimplantes cibernéticos de última geração. Falei bonito?Provavelmente percebem que os engano.Alguém me dá de presente uma Polaroidi..., é pelo afã derevisitar, quem quer algo novo, né não! Vou tirar retratosdos delírios tremens, dos ácaros no fundo do sapato, daIlha do Doutor Moreau e do birinight com seus seresespalhando rastros de pegadas sob tinta de impressorafresca...Eu sou a margem! Devo confessar que errei. Ou mesmopequei. É simples: estraguei tudo erradamente,enfadonhamente; toscamente falando, dinamitei meu futuroao viver uma vida de aventura, muitos lares, estradas,empregos que não duravam 6 meses! Devia ter meentendido mais, ouvido as opiniões alheias. Deixei deestudar, virei vagabundo e agora ganho uma merreca efumo o resto. Não porque seja burro ou não tenhadiploma, mas sim pois não acompanhei a onda, osestagiários; não puxei o saco do patrão, não almocei com

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gente certa na hora certa. Simplesmente ia e voltava puto.Eu tava vivendo como em livros, sonhando. Então, arecompensa de ter um carro (ou cargo, dá no mesmo) foipra quem se dedicou desde cedo. Nós nem mesmo estamoslendo isso, se a premissa de que o tempo não existe forcomprovada na real....

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MEUS AMIGOS ME JULGAM POR TER UMA NAMORADA

Você é tão transparente, Iai. Açúcar, canela, sucrilhos egranola com passas e Neston. Toda vez que eu passar peloFlamingo, eu digo o bairro, VOU LEMBRAR DE VOCÊ.Atualmente, digo, cê é como a Garota do Fla. Assim comoexiste a de Panema, de outro cara. Meu Deus, tenho tantosvícios de linguagem!! "Quando você olhava as outras pessoas, era um olhar.Quando você me olhava, era show! Beeem distinto. Seuconquistadorzinho de subúrbio." Por essa frase resolvitranscrever um capítulo deste livrinho, e também, já quequem me trazia bagulho, geleia, era tu, “minha foforutcha,valeu por me enganchar." Na Zona Sula as paradas sãodesse jeito, coitados dos nossos cérebros. Tem semprealguém pra te levar para o mau caminho.Iai diz: "Ficar doidão é muito bom, tudo fica estranho aomesmo tempo claro e irado. É bom. É doido." Comcerteza, esse livro será proibido, mas a reabilitação longa.Mas tudo bem, já que fizemos juntos lado a lado. Mesmoassim, escrevo, na esperança de ser publicado em algumacasa editorial, durante uma rebelação, não na minhaputrefação solitária. A solidão é inútil quando nãoprogramada, ansiando dizimar-se, bom é estar juntinho.Frase da Iai, só pentelhando: "Indubitavelmente, eu vou".E caímos.

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FUI AO ELEVADOR E NÃO VOLTEI

Buta cambalhou, tive uma viagem assim... Bumei um depontas. Era do nosso cemitério de pontas, troço pouco...uns 20. Fiz um fininho e tava com a visão no esquema dasnuvens encardidas em névoas da magnificência humana.Pensei numa canção pra ninguém, depois esqueci amelodia. Me deu fome, aquela larica polida. Desci até apadaria. Em Buenafurego, as poucas padarias viraramrestaurantes 24 horas para gringos desavisados. Pedi umacoxinha de galinha, pão de batata, suco de açaí e ummaço de Barlboro vermelho. Voltando, o porteirinhocometeu o deslise de me olhar na cara – sujeitinhopentelho! “Que foi? Eu, heim, se cuida, e cuida do teucuidado.” Chego ao elevador. Apertei 5º andar. Fechou aporta. O carinha continuava desconfiando de mim? Qualfoi?? Bem, aí o elevador não saiu do lugar, apertei unsdois minutos. E achava que havia trocado os excessosviolentos do álcool pela leveza do cânhamenco... Metroquei no escambo e deu ruim, era esse o resultado – deverdade que as drogas são ruins e são seguidas de ruínaemocional!Quando dei por mim, tava olhando pra tela docomputador, vendo um filme israelita. A janela aberta,senti a brisa, pois moro perto da praia e de daqui doconjugado dá até pra ver uma pontinha do Pão deAlmíscar! O ruim da exclusividade é o fracasso. Só querobumar meu trem, DESTRAMBELHAR TUDO!! Esquecer aporcaria toda. Perdi o meu brilho (ao esquecer de trazer olanche dela, era pra isso que saí.) Preciso ouvir o noticiário. Mas devolvi a assinatura daInternet e minha tela só pega o SBP. Tá passando desenho

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bem animado... eles ainda fazem isso, legal. Mas tem unsque são umas bostinhas sem sentido, só efeitos e cores.Bom, que hora passa o Vermelhinho?? Princesa, acho querealmente não voltei do elevador.

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VERSOS INFLAMADOS

Honestamente, foi até melhor ter acontecido! Sabe o quefoi? Assassínio!!! Uoups. Vem desde o além. Cortarammeus braços e pernas e me atiraram ao mar pros tubarõestraçarem o final do ciclo. Mas agora já está tranquilo,tenho paz, me entrego MORTO!Vejo uma rua enlameada. "Ex-escravos, desempregados,boêmios, artistas de circo, ladrões e prostis." Pode-se dizerque estou tendo algo como alegria. Meu corpo atravessaparedes e ninguém me repara, apenas estranha esse detalhemetafísico, bem, como se algo incomodasse.Meu inferno astral é a moleza, meu saco derretendo e eureclamando por ter perdido o hábito de refletir, terenferrujado e a preguiça oca tomar-me. Cincero, o cantor,meu amigo de loga data, disse que isso acontece, mas écom andar de bicicleta! Dá pra recuperar, porém tem queeliminar a "net" da face da tua vida......Nessas horas, desaparece todo o gás de todos os isqueirosdesta casa... e se não os versos, inflamados de paixãointensa. Assim é a existência escorpiana de astral leonino.

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O SANTO DA PREGUIÇA

Ao telefone:– Forutcha!– Oi, foforutcho!!– Diz.– Nada, minha linda... só pra saber se andabem............

Caraca, êta mulher! Teu santo deve ser bom mermo. TeuSanto da Preguiça é o cara. Você acordou sem nenhumavontade, hahahah, e precisávamos trampar. Lembra disso?Cambiar. Mas podíamos, tínhamos a possibilidade dedivulgarmos meu empreendimento pelas redes sociais,dessocializando nossos corpos dos meios sociais solúveis, enada como soluços esperançosos. “Cala a boca!!!” Daícomeçou a chover! Aquele chuvisco que encobre oRedentor e a Gámea, mas saímos de Portuga, se é que láfomos. E as calçadas dos Voluntários da Inventada Pátriaficam molhadinhas com as redondezas mais charmosinhas enão saímos nem por um decreto. Tudo pra fazer umprograma de namoradinhos e dormir, escorregar pelascobertas do apê repleto de doces.Concluindo: “plenamente”, segundo o Arnaldo – mas foi oBaptista que disse! E eu tô completamente por você, vocêpra lá e pra cá azucrinando, digo, o círculo vicioso, oucircuito. Não consigo sair disso, hunf

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TIO CUCA

Ele é um mártir, só pode, um personagem da tragédiahumana. Bêbado, carrega todo o fardo de ser umvisionário. Estufado. Estufado, e existindo. Que figura dosubmundo, meu tio é o cara mais foda que existe, só fazbesteira!! E, inacreditavelmente, ainda está vivo... aindasendo poético, ao perder todo o "lado material desteplano"Tio Cuca passeia pelas ruas caçando biscates e cachaça, seuouro. Entra na casa dos meus pais. Eu estou lá, de fériastambém, visitando. E ele vem (completamente!) arrasado,destruído pela bebida que tanto idolatra. Ofereço comida –bolo, café, pão, biscoitos, água. Mas ele não dá a mínima.Está cego, nem ouve. Só quer um colchão, ou cobertas ouroupas. As frases não se encaixam, tudo foi-se, nem aprópria mãe o quer de volta mais. Foram tantos ostropeços e brigas, as voltas pro seio familiar sem nadinha.É a imagem da falha e do desespero... de construir e.......Mas para mim, sempre vou recordar do bom homem portrás do vício. O cara divertido e maneiro dos temposválidos, quando ele me salvava do castigo, me puxava pelajanela e só davam conta quando já retornava de brincar nacalçada. Quem sabe pra que bar meu tio se escondiaquando me libertava? Quem sabe das crias dos fajutos!

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TORTA DE BATATAS

Nem quero a receita, senhora. Quero é ir aí comer a sua,como era. Quando não tínhamos preocupações, nãopagávamos tantas contas, só vivíamos de viagens e livros.Estou louco. Penso que sou famoso, mas pra quê? Ai, ai.Só mais uma vez, ter uma data rememorando na tua novaresidência. Quero torta de batatas com carne moída hoje. Ésegunda.É preciso aprender a dizer NÃO. NÃÃÃO! E ter segurança.Fora disso, como ter uma companhia fixa, nem respeitadono meu próprio prédio seria; sem raízes assim, Iai meacharia bobo. Vou jogar baralho errado, como fazia com avovó.Que invenção chata essa de sair da folga. É o retrato ouimpasse da decadência desobediente, como ser umpersonagem em fim de carreira, barrigudão, que se ri ecomeça a peidar frouxo – na verdade, assoprar algo,parece que eu já estaria entupido e chegou justamente ahora da liberação, que nem esvaziar bolão de aniversáriocom alfinete, ou na mão mesmo, produzindo aquelebarulho de pruuuú engraçado pra dedéu! Come é muito.No outro sol, mais ou menos umas 11 e pouca da manhã,acordo, mas logo vem a disenteria certeira e complicada.Meio rolo de papel higiênico seria necessário. A outraparte, ou 25%, eu usei para assoar o nariz, pois umacoriza danada me atacou, sem elegância alguma, medesonrando! Que saudade das vezes das tortas de batatas!!Tudo tá na mente.

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A IMPOSSIBILIDADE DO PAI

Não quero que seja a mesma, mas faz parecido, quandonos impede de tomar atitudes enérgicas nas horas precisas.Apenas fugimos. Ele pior do que eu, já que evoluí nestageração. Antigamente, os homens, os pais, eram omissos.Podemos hoje citar a verdade! Indefectível como umcânone, a mão oscilando e tremendo, rindo de mim, caradoidaço.Não passo de uma nobre tentativa de aperfeiçoar o que elecomeçou. Infelizmente, somos caras meio apagados......Papai pouco consegue conversar conosco, entretanto usa alinguagem dos pequenos gestos, como quando ele preparaseus docinhos e brigadeiros à mão. São os melhores domundo. Posso sentir o cheiro e associar às mãos dele. Aimpossibilidade do meu pai está em falar, mas compensacom sua bravura – muitos homens são assim – vamos nosajudar!Mas sempre que dá, nossa cabeça faz questão de mostrar oquanto nos amamos: sonhei que recebia um telefonema euma “doutora” do outro lado da linha noticiava que elehavia morrido de overdose de barbitúricos. Fiqueiespantado e perguntei: “Mas ele nem toma essas coisas!!Onde ele tá?” Daí, acordei. Sentia a realidade pesar. Eraaqui mesmo um tipo de perda. Te amo, pai. Somos tãoparecidos. Até nos acidentes. Sou tua continuação.Pai, esse é o livro mais sincero, o mais coração aberto detodos... se erramos a culpa foi das tentativas (Risos) Vamosmais, resistimos, mesmo que camuflados, sobre outrossobrenomes ou em qualquer canto. Obrigado.

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ÁGUA LÍQUIDA

As coisaruim cagaram na minha cabeça! Já disse issooutras vezes, mas agora foi dose. Só me fudi.Eu ia lavando roupas no banheiro e pendurando. Nãotenho máquina, nem sou rico para levar pra lavanderia.Acabei de estender a última peça quando saía para mearrumar e ver minha fofitcha. Uma meia na mão, meesticando em duas paradas ao mesmo tempo, queriaestender, colocar pregadores, e quando fechei a bica, emoutro movimento, saiu uma fagulha d'água no ladinho datorneira. Fiquei meio idiota esperando pra ver qual troçoacontecia. Foi certeiro. Explodiu a bica da pia, levei umjato de água líquida nos peitos! Comédia, mas não pareciafilme, na certa! Caramba, ô diazinho. Ainda tava comresquício de resfriado, pra piorar, nervoso, a barriga vazia.Sem dinheiro. Voou aquela merda pra todo lado. Imundouo banheiro, metade da casa, do corredor – por pouco oelevador não ia nessa. Desci as escadas todo encharcado,com a roupa do corpo, a única que tinha de andar emcasa, mais que rasgadona. No prédio acham que souretardado. Fui falar assim mesmo com um dos porteiros,ou o primeiro que via à frente. Foram as três horasfatídicas do meu existir. A síndica me ameaçou com R$35.000 de multa! Sem se segurar na zoeira.. Pois é,encanamento ia podre e dei uma forcinha ao desastre. OMario Worldi consegue consertar, penso. Ri pra nãocontrariar, essa gente vive na gringa, gastar é ali. Masprecisa de recompensa também, e me cobrou 50 conto epouco pude reclamar. Corri ao banco e meu cartãobloqueou – ou quebrou na máquina. Quem tem 100 pila

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pra emprestar nessas horas?? Peguei chuva sem o meuguarda-chuva, que sumiu para não participar dessa.Vou te explicar, tô lascado. Nenhum amigo por perto,chovendo adoidado, cagaram na minha cabeça pra espantargeral. Vou acender uma vela, e ficar devendo, o encanadorque entenda. A vergonha é nesse esquema, vem igual umasucessão de azares, quem pilha aí? Segunda-feira as orelhasde alguém na imobiliária vão esquentar pacas. Vou tomaraté umas cachaças pra dar mais raiva e ênfase! Sempreque dá um troço errado, vem um caminhão junto, queatirem o corpo ao mar no débito. Na verdade, não vaimelhorar. Meu celular ficou ligado, qualquer parada, é sóchamar.

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SE NADA MAIS DER CERTO

Este título é brabo, como o do filme que o nome eu tomoemprestado. Valeu a pena ter gastado um trocado a mais eir ao cinema. Meia-entrada devia ser pra quem comprovebaixa renda... Enfim, cinema nacional vai benzão!Mas eu preciso é falar desses dias de hoje. Se nada mais, oque faço? Sou gente normal. Tá na hora de largar os víciose refletir? Parar os presentes da mente? Mas ouço ocomentário duma velhinha. Parece ser minha vizinha, ecomenta com uma outra que não sei quem "morreu,acabou", basta! Tanta boa desculpa se detém em um euvou morrer mesmo. Daí fica difícil pensar no futuro,atualmente é mais interessante, já basta!Saio do banheiro com pensamentos caóticos. Os doisparágrafos acima confesso que foram feitos há um tempo...só foram revisados pois a mudança não veio, como descritaanteriormente. Ah, o pensamento era o seguinte: "Comoseria minha onda daqui a 20 anos? Digo, se me tornasseprofissa mesmo, tivesse uma vida normal, casa e filhos econtinuasse mesmo em todas essas ervas? Teria a mesmagraça? Sei que isso é normal pra muita gente, por isso meindago" Te digo que é dose pensar, longo deve ser ocaminho de toda reparação.

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UMA VIDA DE VAGABUNDO

Isso sim é o que tenho levado. E nem foi tão difícil assim.Mas tenho do que reclamar. A falta de uma rotinaesmagadora capitaliss que a gente ao redor vê faz com queeu produza menos, e menos é fazer diferença em qualquerlance. Curioso, não é!? Sabe, fico é muito contemplativo,sacando, deixando passar. O acaso vai tramando sua novafarsa. Sinto que é necessário, AO MENOS UMA VEZ. Daquia uns três séculos, quando os novos habitantes da Terra –e isso inclui meus descendentes!? Que merda.... – leremtais palavras, qual vai ser a graça? Dirão que é umaclássica síndrome, talvez, e que foi nessa época que estivepra começar a estar obtuso.

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EU QUERIA SER UM BÁRBARO E VIAJAR SEM RUMO ATÉENCONTRAR UMA GUERREIRA E SELAR NOSSO PRAZERNUMA CABANA DE PELES COM TEMAS INDIANOS &PERSAS, NOSSO COURO

Reluzente. São os filmes de ontem, dando embaraço aoscorações cotidianos (abrasadores). Amamos tanto ashistórias, nos distraímos, entrando naquele mundo de umahora e pouca. Mas não podemos viver tanto delas; essashoras que perdemos em filmes estão prestando contas àvoga da ficção. A realidade é perversa e cheia de detalhesa preocupar – segue a dor de cabeça, deixa de caçaraspirinas, ei! Que fez? Temos essa vida, e achandodizeres, escrevendo e ditando, quem cria mundos faz peloreconhecimento apenas, com as próprias proposições. Nossoego é tão inflado, só nem tem lugar de cair morto. Massomos imortais e venerados num mundo de desejos!Vejo uma viking pelada e de mãos ensanguentadas. Levantaas mãos pro alto, seduz geral, é carnal.

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CARIOCA É ASSIM

Cariocas são assim, de chinelo pra ir ao restaurante deSushi da Praia de Buenafurego, e ontem nem foi quarta decinzas.Saem de lá e tá um mó mormaço aqui na rua. Antes tinhaum chuvisco e meio frio, agora é a Páscoa! Folheiam estaspáginas de caderno marca Kadjoma da Prefeitura e falamde como as coisas fogem – qualquer lado. Não se sabebem o que dizer, é o mal deste século!!Querem os ser mergulhadores e explorar as águas daGuanibira, os Carioquismos, olhar um novo palco nasareias a cada semana, e tomar sorvete antes de ir porAterrador no domingo, isso, caminhando.Estão enchendo linguiça mas o que queriam (ou deveriam!)é dissertar sobre como os mesmos odeiam acordar cedo,morrinham no trabalho – sabe, deixa a vida menos difícil,pedindo que as sextas voltem logo.Peço sim pela palavra de todos, desculpa aí.

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MONTANHISTA NA CIDADE

Mas no Brasil não tem só morros? Preciso voltar aexplorar.Sonhei uma vez em ser guerrilheiro, ao ver umdocumentário do Che. Mas o que desejo mesmo é estarnuma vegetação seca, quase desértica, ou na neve, tantofaz. Que seja isolada. Quero pensar novamente como pensaquem nunca viu a civilização. Só isso. É a minha ficção,estou aficionado, são as realizações. Filmes e mais filmesme foram as bases. Agora vejo. É a estrada. Logo estareina Patagônya.A Patagônya das minhas birutices. Será que meu cérebro táfalhando e só penso baboseiras? Desse tipo, sou o único?Quem mais no prédio em que vivo quer ser umdesbravador, um sem teto adepto, empoeirado e solitário?Só eu.Então olho e penso apoiado na janela. Vejo metade do Pãode Almíscar daqui. Um prédio me atrapalha a visãocompleta. Há quem diga quem é a mobilidade. Penso emnossos maiores inimigos.Eu digo, é que há mais interação, a conversa flui melhor...Que acham de mudar tudo?? Depois volto ao assunto damontanha........

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ALMOFADAS PSICODÉLICAS

Decorar um pequeno apê tem sido uma tarefa incansável.Sempre falta algo, por mais que não se queira, umaagonia. Quando criança era tal, depois adolescente, queriatal e tal de maneirão. Isso azucrina. Hoje, preciso dumarmário, televisão, trocar a bica velha da rua por uma comfiltro para água porque acho que já tenho uns vermes... Aslombrigas da sorte e o acaso, tantos mais deveres semsentido que se atraem como ímã. Essa brincadeira já foi deboa???Bom dia! Tá. Chego a um ponto em que não possoretroceder. Volto ao que imaginei primeiramente, devofalar das almofadas, não sei quem deu essa dica: faz umasalmofadas, é uma profissão rara. Almofadas de temaspsicodélicos, na verdade. Sabe aqueles lugares cheios dealmofadas pelo chão? Costurando tudo à mão, com lã finae colorida, mesmo assim, nunca de graça.

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FOUCAULT SE FODEU!

Existem tantas pessoas tão melhores, mais inteligentes esimpáticas, sacadas e bonitas, sabe-se lá como são atiradas(quando não famosas) Será que é sorte? Ou um destino?Ou mesmo que muito convencimento. Por favor, deixe quese apresentem.Vejam o caso do Foucault, ele se fodeu! Digo, esse cara seferrou.... perdão pela má-língua. Fizeram muito melhor queesse Fucou, nossos meninos e meninas entendem hoje emdia muito mais da selvageria dos sexos, claro. Não écontido. Vemos, o sentindo, o poder da atração. Não échato de visualizar.E, ao contrário do que pensam, nunca antes escreveramsob o efeito de nada ativo! Esta parte será a última queuso algo para criar (risos). Todas as outras imagens vieramdo monumental embaralhamento nativo inserido noscérebros alheios. Antes até se valeram.A festa logo vai acabar, e querem estar prontos paraencarar a realidade!! Que seja uma peruca atômica edúvidas na fuça.Tchau, Foucault! Daremos no pé com espaçonaves, é ofuturo que chega. Só não pense que voltarão às naves nemcom mães. Isso se recusa. Vão trabalhar num títulochamado FILOSOFIA, no qual se expõe a teoria de que omundo é o que você imagina, até a morte ou areencarnação. Mas viver é melhóóóóo´

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UMA VIDA IMPRODUTIVA

Voltando ao mesmo assunto, sob outro título. Dá pra ver oquanto isso tem afetado, não? Vamos lá...Devagar, certamente. A gente vai ficando velho para essespagodes e tomando gosto por aquelas lembranças que nãodávamos valor. Ahãm, o assunto que é chato, porque ficoà toa!Humm, tantos troços a fazer lá fora, longe de casa enenhuma vontade. Seria uma fábula se tivesse dado nomeaos burros. Pode que a maior exposição sobre umdesespero oculto, abafado. Consegui tudo o que ansiei eansiaram. Então devo desmontar o quebra-cabeças, dar umchute no castelo de areia da praia adulta. Andando pra láe para aqui dentro do quarto, agoniado. Só perco. É oinferno do marasmo... Vão odiar isso!Se eu fosse o fogo de não sei lá, e esquecesse se parei defumar.... O fogo amarelo, depois azul... Estaria em umisqueiro de figura 3D? Mexo no fundo da pipa com estamesma caneta, porém, será que este papel de bonitão nessanovela terá um fim? Quem porá mais lenha nessafogueira? É estranho, mas Idmid é super-herói?? (….

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AULA DE FRANCÊS

Mas nunca voltei a pegar neste método. Vai apodrecer naestante autodidata. E veja que é bom, comprado numaviagem pela boa biblioteca.Olho e não visualizo nada, só “francês”, na capa. Perde acoragem, Id, já tem tanto de idade; no final do ano fazmais ainda, tudo piorando... sequelando no vacilo. Eprecisa aprender a dizer não. NÃOOO PRA TODA DROGA!Sem fazer como certos ídolos: abrir alguma garrafa dedestilado, acender um bom cigarro de filtro amarelo,vermelho, sei lá... e esperar só explodir.Se, ao menos isso, tivesse estudado francês poderia imigrarpara as colônias francesas nas Guianas, em que nada éenxergado..... Merci, merci, onde é que é????

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YANG

Acho que vi num filme, ou novela da Grobo. Eraexplicativo e tosco – sabe aquela cena final congelada emque brotam os créditos? –, mas por trás havia uma certafilosofia a se considerar. Soube do tal Yang. Escrevi“iangue”, nas notinhas. Titubeei se a grafia ficou correta.Fui na lanrrauze e pesquisei em enciclopédias de lá.Pausa um tempo, já tenho base pra falar... vou pular aparte das forças complementares, equilíbrio e mutação.Yang é masculino. Falam da ação de um rei supremo, nosentindo de claridade.O Rei Yang seria sobrepujado pelo seu próprio Cavaleirodo Espaço, o Andarilho de Teflon. Seu nome é Tritic, oeterno príncipe. Para cada geração deste, de pais parafilhos e filhas; de mães, filho e filha, eram passadascaracterísticas específicas, como um tipo de sobrancelha ounarizes iguais. Era o milagre, a teoria de lá de fora. Asmemórias borbulhando. Tá tudo tão brilhante, mais bonitoe belo e gostoso de sentir, como nuvens. “Vai ser umaepopeia”, fala uma de suas filhas, “chegarmaravilhosamente completa e macia em qualquer canto...”As recordações são como flechadas! Uma vez, soltandopipa nas pradarias de Anta Cruz, nas fazendas sem donoque foram todas chamadas apenas de Bartolo, eu mesmo,Idmid, fui abordado por dois delinquentes. Ele queriam,em troca da minha “liberdade”, que eu escolhesse entreoferendar minha pipa ou um cordão Yin & Yang que haviacomprado numa festa de São Jorge no Largo do Bodegão.Entreguei o cordão

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ELES É QUE TÊM QUE TER MEDO DE MIM

Inflado, “meu nome é Deivi” chega exclamando,consumindo seus bens, ou raro, ou exótico. Não de lugarnenhum. De jeito nenhum; nunca em outro lugar vocêvoltaria a falar dessa forma conhecendo este sanguessugaostensivo e consciente, Deivi sei lá o quê. Queria fama,veio com as melhores intenções de roubar seu melhoremprego. Comentem uns com os outros. É sua vitória.Rouba até as melhores meninas. “Deixei a todosamedrontados”, disse, “eu Deivi”. “E continuo daqui,espetando agulhas nos olhos das moscas de cada hora. Seráque tenho mesmo que parar essa grosseria? Sou grosso?Arrogante, pretensioso, palhaço? Só porque desarmei??”Devo é quitar, acordar dessa hipnose! Quem se afeta, jádifícil de encarar, já se lascou; não me venha comdesculpas ou rodeios ou motivos de embromação, vai até oque dá, o teu fim. Chega de preguiça. Provável quealguém como Deivi esteja te esperando. Desliga a polifoniado celular e vai! Vai buscar teu prejú!Precisamente, passados dias e mais dias de espera, logotem que... ter... que terminar o que começara. Deve-segabar de algo. Fica sóbrio!!

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JÁ COMEU FARELO DE BISCOITO DO FUNDO DO POTE?

Ei, olha só, tenho uma parada pra te mostrar. É uma listade afazeres e trecos de comprar. A ordem não há.Imaginem o porquê!!Pensa bem: 1) Encerrar a conta-corrente 2) Comprarcontrole remoto 3) Um aquário 4) Imprimir aquele pôster5) Comprar mata-baratas 6) Fazer outras tatuagens 7)Arrumar um armário pequeno 8) Aonde colocar a arara deroupas? 9) Aprender a tocar banjo ou qualquer outroinstrumento 10) Gaita? 11) Violão 12) Montar uma guitarracom captadores novos em madeira antiga; limar o braçodessa guitarra montada 13) Comprar filé de merluza, bifes,esfirras, queijo amarelo em sachê, incenso, cinzeiro, leiteem pó, maionese, mel, sabão em pó 14) Ouvir os hinos daUmbanda 15) Uma pulseira de presente para o braço dela16) Jogos Tectoi 17) Discografias. Afinal de contas, precisome divertir! Ah tá, 18) Aquela cortina de miçangas parainstalar no corredor – “Aí aqui fica estiloso”, Iai disse –Só falta mais dinheiro, disposição, ação, verba, essascontas.Desculpa, fiquei sem assunto ultimamente. Me perdi levadopelo marasmo e apanhei do cotidiano. Isso é chato.Pendurando tudo no quadro de avisos. Cortiça mata!

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O JOGO DA EXPERIÊNCIA

Acordada no meio da madrugada, em meio a sonhos epesadelos, nossa Iai com suas dezenas de ideias quepovoam a memória. Estava inquieta. Talvez fosse por terdormido cedo, que nem velha!Agora é de manhã, precisa voltar quando acordar. É muitomelhor. Tudo fica mais bonito, ainda que ao redor lembreum pouco as “Confissões de uma comedora de ópio”. Sórindo, né.“É de tarde. Nada de café, nem almoço tive”, ela pensaconsigo, e mais: “Tanto se passou para voltar a essamiséria? No que perdi a mão, gente? Mas o que maisatormenta é miséria existencial. Eu pertenço a este jogo,ainda que já há muito esteja no time dos reservas”Pôr do sol. Quase noite. Na frente a tela gorda, futurística,incerta, de viagens abaladas e ela no mesmo lugar,quietinha, colaborando.Noite, noite! Reacendi a minha chama, sou eu quem estáviva, cheia de luz e visões. Que mancada estar mepressionando a terminar com o Idinho. Por um acaso tenhoeditor? Poua nenhuma, é um enjoo a cada hora...Com a experiência, é provável, talvez consiga algumtrocado. E vou parar numa cidade submersa novíssima. Umprotótipo. Olhando através do vidro esta experiência –agora uma surpresa

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VINGADORES

Existirá um dia uma camada da sociedade, ou mesmo umpunhado de bravos homens ou mulheres, destinados avingar. Adaptarão essa arte, ah sim. Viverão só para isso.É pra vingança que suas existências são validadas. Precisamdesse tipo de atitude.Passo agora a bola pro caso que me inspirou a escreveristo. Começa com um cara, um funcionário, nada de mais.Tirando o fato de que estava a ficar desequilibrado, eemanava isso em seus atos: punha veneno nas bebidas.Não sei se poderia classificá-lo como vingador, já que foium pioneiro, só depois a coisa tomou forma. Vingadores jáeram uma classe. Mas no tempo deste tal, só tinha ele, naboa. Conforme foi passando, a influenciar, vezes inteirinhaspelos bares puxando assunto e envenenando a gentecarente. Ainda que fosse a princípio só dor de barriga naspessoas, evoluiu para certo tipo de câncer, ao final do qualos clientes morriam horas depois de uma laceradahemorragia interna; furúnculos e pus e fedor saiam de seuscorpos. Nunca se soube como ou porquê disso. É sófantástico, apreciativo. Com certos sentimentos, coisas degente sem princípio ou uma moral estilo cristã, por acaso– mas por que digo isso, eu aqui chateado com o quesinto, perdendo meu amor, poxa

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ODEIO IMIGRANTES

Um cara vai ao pastel do Chinês de Ali. Suas intenções sãoas melhores, sério mesmo. Olha, encara o atendente. O docaixa fala com o atendente... É outra língua. O caixa e ocara pensam, ao mesmo instante: “Aqui as paradas sãodiferentes”. O cara pede um joelho de carne e um refrescode mate. Deu tudo R$ 2,80 bem reais, naquela época.Baratinho. Note, seria o ano de 2010. Se, alguma vez, ascoisas deram errado, por favor, era para, digo, deviam teravisado. Ajudemo-nos uns aos outros a tornar diferenteesse mundo, a ser, dos seres melhores! Ambos (eu,atendente) vamos saber porque o Rio tem a fama que tem.Uma mistura de violência com camaradagem. “Você não táno seu país, eu tento sobreviver no meu”, pensa o cara.Ah, gente boa, a luta é a mesma. Mesmo não odiando osimigrantes, fazem zoações por aí. Quem nunca foi umforasteiro por alguma situação? É o destino queremasteriza os dias das pessoas.Mas aqui na Zona Sula, há tantos hipócritas, e isso deamostrar. Muitas situações o cara viu. É migrante tantasvezes, também pudera, sob outro aspecto, como fumantesda mesma substância, financiam o mesmo movimento, umtráfico! Quem não legaliza acaba por ter que fazer debaixodos panos. Por isso, uns ficam subterrâneos, vivem nummundo de mendigos e disfarces, dentro das próprias caixasde papelão.

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COLOMY

Que faz seus cigarrinhos. Usa papel – ou seda, como for –Colomy e fuma – ou tabaco, talvez! – montanhês –qualidade Wilder Fin-a-mór. E assim começa este conto!Pega o fósforo, porque tem que sentir aquele gostoamadeirado e queimado dos palitos. As cinzas!! Séculos deculto e devoção diária fizeram do hábito imprescindívelcomo o papel para a leitura. Simplesmente uma amostranão é dissociada da outra.Tem estilo. Senta-se com classe. É de erudição. Ou pensaser. Na sua mesa, ou melhor, escrivaninha, aquelecomputador e o cinzeiro roubado do último hotel quefrequentou, e ALTIVEZ. Já que hoje nessa época as pessoassão desengonçadas(?)(!)(A escolher exclamações)A barba roliça detrás da arrogância, este que só temporcaria no estômago, ainda que tanta química só muitoengane. Na cama dorme a amante da vez, e sente falta daanterior. Olha, tenta sorrir pra ela. Sorri. Dormiu, tadinha.É dia de cansaço, nhanharam pra esquecer que existemtarefas.Agora outra cena, desembrulhando a pena branca. Colocapor cima do computador desligado, espalha, junta. Pegaum cartão de crédito e lembra que deve ao banco. Pilabastante até ficar só uma poeirinha. Faz 2 carreirinhas.Fuuuuuu, fuuuuuu um. Fun, Fum, pou, foi tudo? Nametade da última, mais um fuuuuu comedido. Fousse, diz,foi tudo. Então sai pra comprar cachorro-quente. Ela nossaadora. E nos ligamos. Tudo vai melhorar, claro.

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O CORPO EM CHAMAS

Penso no conto do ar-condicionado, a história doafetamento da gripe e da coriza.Estou com febre, acordei amassado, mesmo assim sintofrio, mas o calor me pega. Acabaram-se os remédios, assimmesmo, nada à vista. Puxo o cobertor, a diretriz é básica:cessar sofrimento. 0 e 1. Não há como fugir, pode meentender? Só faça, não questione. Nem nada. Tá?A garganta me explode. Um gole d'água equivale aodesvirginamento dos prazeres sem sentimento, pra variar,descrente como sisos que renasceram hoje mesmo, ou emqualquer vez. Ahhhhh, exclamo acalorado de cinza, nemquero perceber outros tons! Os olhos estão vermelhos,lacrimejando. A cabeça lateja. É, meu corpo em chamas. Omesmo que parece que apanhou dia e noite. Tododolorido, cada movimento uma nova dor.Fisga a barriga, realizo a boca seca, fedida a mau hálito.Aquela gosma matutina, entretanto... sem forças pararastejar até o banheiro e escovar.Por favor, é meio-dia e um tanto. Se alguém já leu esteconto, e me odeia, me mata, no favor... da Arte. Terminalogo com isso... joga fora! Todos os belos sóis são de outraépoca, como mesmo será que entenderiam meus motivos,que compreenderiam essa forma de loucura? Na boa, sófalo do lado ruim, né.Logo perco outra entrevista de emprego. É certo que estiveilhado. Buenafurego com chuva é um nojo. A praia, osVoluntários, tudo como um rio, não reclamamos maisjuntos. As dores do mundo e da prefeitura só sãosolucionadas aos goles de vinho Bouchonné, mas nemtenho. Desejo tá aí

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ID PERDE

O pouco vencer perdeu. Olhei pela janela e esperei a êmezikagarrar, até que o nome meu, este danou-se, e então,como sei se vou pagar as contas? Estou sujo, por que aspessoas envelhecem e morrem... e nos Eus? Quem inventouessa lei escrota e pouco justa???Preciso de um emprego, mesmo falido, ainda em aguardo.Vou confessar: apostei e perdi. Quem me impediria defugir? Quem pode julgar? Estudei tudo errado, os cálculosforam falhos, e já está tarde para pagar outro curso. Prapiorar, me apaixonei pela minha traficante e nem sei comovou dizer que talvez nos separemos. É o que se pode dizerde alguém jururu.Tempos depois, me ligaram, e anotei neste presentecaderno: “Entrevista: C\ Carolina, 31 de março de 2010,quarta, 15:30, Av. Airmilton Senn do Brazl, 2.150, Bl. H,Sala 215, perto do Casa Shops”. Então saí nesta tal quarta,todo arrumadinho de camisa de botão, calça nova e meusapato italiano – herança de uma época longínqua naEuropa como viajante. Almocei, olhei pela janela e estavacaindo um toró. Cheguei à parada de ônibus e levei um banho desse cativodo agouro. Mas essas desambiguações são inventares,apenas não é só o motorista que se caga pros passantes!Todo mundo é quem. Viro rapidamente e levo outrobanho; um carro me encharcou o que faltava das costas emochila. Mesmo assim tento! Subo em minha condução.Tinha uma hora para chegar ao local, mas a sorte fez atrolha do piloto de ônibus levar exatamente 1 hora parachega só até o canal – desde quando!? Fiz um som, igualum huunf de quadrinhos, desci perto do hotel Mar,

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distribuí os currículos pelo vento, parei num bar. Era tudoenganação. Lembrei dos velhos prazeres, não me levei asério. Na minha cabeça tocava algo já extinto. Eu que souo leão....................

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PEIDORREIROS, O SONHO ACABOU!

A festa se foi, nosso “Submarilhou Amarelossistido”naufragou, dormideira escondeu-se, assim como os sonhosde amanhã, neste momento de um mundo pelos SeresHumanos. Se expor os quadros, tocar as músicas, lançarnovos livros de outra revolução... a dos suburbanos, dosmal nascidos. Oeste mais uma vez perde para Sula, nestabatalha carioca; os pobres ficam mais atolados e desejandoa tristeza dos ricos. Nós fracassamos nas Zonas, tivemoscansaço, reclamamos antes mesmo de tentar todo o Rio deGeral, nem fomos pacientes... dormimos até tarde,fumamos os neurônios em desalinho. Cagamos, se mijamose ficamos com as mãos vexatórias. Esse é o fim limitar.Perder não deveria existir.E agora no apês das namoradinhas ocasionais quesustentam, laricando e empanturrado, arrotando fedido.Não tem nada de literário nisso, é demais. Em tomarrastado, chumbado e pesado, aborrecido, logoperderemos nossos lares – que nem gostei tanto, poispouco tinha minha cara ou canto. Ao menos havia um lar,ainda que nas vezes em que nos juntamos. Mas foidivertido, as almas se reveem de tempos em tempos. Umbrinde, já basta. Saúdêêe!!!

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ÍNDIO BRANCO, NEGRA RUIVA

Há essa mescla de tudo, há um perfeiçoamento doHumano, pela saga, a evolução natural, em ser; muitosdesconhecem, ou não percebem. Tem gente que nem se dáao trabalho! Outros se calam e olham passar este novoelemento.Ainda que tivermos que avisar que a pessoa se torna belaquando é vista pelos demais, claro. Eu digo pelado, pelada,desejados. Assim é a Beleza.Sorte nossa que o destino traçou tudo antes, para depoisdestrinchar, a gente que aprenda.Nos tornamos como os ídolos que bastaram, vias, algoaquém e agriões. Desde este ponto, vê-se que fomosproduzidos em lares próprios. Agora o mundo vem. Ambose tantos já não mais decaídos no verão. A melhor espécie.Pensa comigo. Então temos características em comum, pelocaminho, a galera. É bom. Lemos.

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– Você acha legal se drogar, Idmid? – essa é a perguntaque chega.– Eu? Ih, nem sei que sou, quanto mais, é..... qual foi,me deixa só cantar, tenho a Poesia, vou é mandar essepoema pra Iai..... – e declama virando seu corpo para acompanheira, rindo e pouco dando crédito para a questãolevantada:

“ Eu vivo no mundo da... lua? Essa menina compra ajanta. Marlcôzamos, e digo à minha querida que sou umpé-rapado e que tô fadado a ser pobre e charmosovagabundeando estufado. Estufado e existindo; ou papilasdegustativas nas tardes por uma felicidade. Ela sorri poisgosta! A Marlgô me deu (de)compreensão e divertimentosincomparáveis, disse por ela mesma entre risos, essa era aIai naquela época. Eu penso comigo que 'não tenho maiscerteza'. E pus minha mão no seu peito. Recostei-me...depois apertei forte, afaguei ali a mão em formato de pata.Sou seu rei, ou leão. Você a rainha d'ervinia; somos comobombinhas”

Mas a reação da moça assusta Idmid, e vai mudar suasatitudes, seguramente: ela recua.

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